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Direito Constitucional para PRF
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AULA 00 - DIREITO CONSTITUCIONAL (GRATUITA)
TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
1- Introdução ...................................................................................................................1
2- Constituição da República Federativa do Brasil .....................................................3
2.1 - Conceito .......................................................................................................
2.2 - Classificação ................................................................................................ 5
2.3 - A Pirâmide de Kelsen – Hierarquia entre as normas ..................................10
3 - Aplicabilidade das normas constitucionais .........................................................14
3.1- Normas de Eficácia Plena ........................................................................... 15
3.2 - Normas de Eficácia Contida ....................................................................... 15
3.3 - Normas de Eficácia Limitada ...................................................................... 17
3.4 - Normas Programáticas ................................................................................19
4 - Preâmbulo e Princípios Fundamentais (art. 1° ao 4° da CRFB) ……………...... 21
4.1 - Fundamentos da Constituição Federal (art. 1°) ......................................... 22
4.2 - Tripartição Funcional do Poder (art. 2°) ..................................................... 27
4.3 - Objetivos Fundamentais da Constituição Federal (art. 3°) ........................ 28
4.4 - Princípios que regem as relações internacionais (art. 4°) ......................... 29
4.5 - Objetivo do Brasil no plano internacional (art. 4°, parágrafo único) .......... 29
5 - LISTA DE EXERCÍCIOS ......................................................................................... 30
6 - GABARITO COMENTADO ..................................................................................... 37
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INTRODUÇÃO
Olá futuros policiais rodoviários federais, é com imenso prazer que apresento a vocês
essa aula GRATUITA de DIREITO CONSTITUCIONAL, voltada para o concurso de
agente da Polícia Rodoviária Federal, dando enfoque para a banca CESPE - UNB,
que foi a banca escolhida para os últimos concursos da PRF, para vocês conhecerem
um pouco do meu trabalho.
Primeiramente, gostaria de me apresentar: Meu nome é Gabriel Andrade da Silva, sou
policial rodoviário federal, aprovado no concurso de 2009. Sou bacharel em Direito,
pela Universidade Estácio de Sá e especialista em Direito Penal e Processual Penal,
pela Universidade Cândido Mendes. Tenho grande experiência em concursos públicos,
sendo aprovado nos seguintes concursos: Sargento da Aeronáutica (2002), TRT/RJ
(2008) e Polícia Rodoviária Federal (2009).
Para a confecção desta apostila, serão adotadas definições teóricas de doutrinas
majoritárias mais cobradas em concursos públicos. Além disso, serão apresentados
todos os artigos da Constituição (cobrados no último edital) e, ainda, decisões
jurisprudenciais (decisões dos tribunais superiores) que costumam cair em prova. Mas
não se preocupem, irei usar uma linguagem clara e acessível, sendo de fácil
compreensão a todos, mesmo àqueles que nunca tenham estudado Direito.
Como metodologia de aprendizagem, farei uma exposição teórica do conteúdo cobrado
no último edital. Sempre que possível, apresentarei esquemas mentais para facilitar a
memorização e revisão da matéria e, por fim, demonstrarei o que a CESPE costuma
cobrar em seus concursos sobre os temas explicados, através de resolução de
exercícios com comentários sobre o gabarito oficial.
Os módulos estão baseados no último edital para agente da polícia rodoviária federal,
mas, pela gama de informações, o curso abrange outros concursos que cobram Direito
Constitucional, sendo importante ferramenta no objetivo maior de vocês: serem
servidores públicos.
Posso garantir que, em relação aos temas que estão dispostos nesse curso, não há a
necessidade de buscar material de Direito Constitucional em outro lugar. Se lerem
os módulos, fizerem os exercícios e assistirem os vídeos com dicas que serão
disponibilizados futuramente, podem ter a certeza que estarão mais do que preparados
para fazerem uma boa prova!
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Agora, futuro colega de trabalho, vou listar alguns motivos para lhe incentivar a se dedicar
aos estudos e realizar uma boa prova:
➢ Através da Lei 13.371/16, o salário inicial para o cargo de agente da Polícia
Rodoviária Federal, desde de janeiro deste ano, foi reajustado para R$ 9.473,57;
➢ A PRF já solicitou ao Ministério do Planejamento (MPOG), a abertura de um
novo concurso público e já foi elaborado um cronograma de atividades, com
possível edital para o segundo semestre deste ano;
➢ O serviço de policial rodoviário federal é extremamente gratificante e dinâmico:
todo plantão é único;
➢ A satisfação de, através do seu trabalho, estar contribuindo em prol de uma
sociedade melhor;
➢ A grande variedade de atividades que podem ser exercidas dentro da Polícia
Rodoviária Federal, como fiscalizações de trânsito, combate ao crime, controle de
distúrbios, atendimento médico, patrulhamento aéreo, trabalhos sociais, dentre
outros;
➢ A carreira atrativa do cargo de policial rodoviário federal, com promoções
anuais e, como consequência, aumento salarial.
Por fim, gostaria de dar algumas dicas de como tornar seu estudo mais efetivo e, com
isso, aumentar a probabilidade de realizar uma boa prova:
➢ A banca examinadora para o concurso da PRF possivelmente será a CESPE
que, como regra, adota o estilo de certo ou errado para cada questão formulada.
Como devem saber, para cada questão que o candidato erra, anula-se uma que
tenha acertado. Dessa forma, ao fazer uma bateria de exercícios, procure realizá-
los nos moldes da CESPE e não sinta receio em deixar alguma questão em
branco, caso não saiba a resposta. Lembre-se, essa questão que deixou de
responder não irá anular uma questão certa!
➢ Procure olhar sempre o gabarito comentado das questões, mesmo as que
tenha acertado. Às vezes acertamos uma questão tendo por base um raciocínio
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que não é o correto. Além disso, o gabarito comentado pode trazer informações
valiosas que irão aumentar seu conhecimento sobre a matéria;
➢ Sempre refaça os exercícios propostos. Vocês irão perceber que, por vezes,
a banca CESPE acaba repetindo questões, mudando somente algumas palavras.
Além disso, a repetição é um dos métodos de memorização mais eficazes;
➢ Após realizar uma bateria de exercícios, calcule sua porcentagem de acertos
(itens certos e errados, no padrão CESPE). Tenha como meta 80% a 90% de
acerto. Lembre-se: acertar todas as questões formuladas será ótimo, mas não
busque os 100%. Você precisa passar na prova da PRF, e não ser um especialista
em Direito Constitucional! Esse método será importante para saber a efetividade
de seu estudo e também para ter um parâmetro de auto-avaliação.
Bom, futuros PRFs, após essas considerações iniciais, mostrarei o cronograma das
aulas do nosso curso, baseado no último edital do concurso da Polícia Rodoviária
Federal. DEDIQUEM-SE E BONS ESTUDOS!!!
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CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
Todos nós, pelo menos alguma vez, já ouvimos algo sobre a nossa Constituição.
Sabemos que ela traz uma série de direitos, como o de se expressar livremente (Ex:
manifestações populares recentes), mas também traz uma gama de deveres que devem
ser cumpridos, como a proibição de ficar no anonimato durante a manifestação do
pensamento (Ex: black blocs).
Para efeito didático e, uma vez que já foi cobrada em concursos anteriores da CESPE,
trazemos a definição de Alexandre de Moraes de Constituição que é lei fundamental
e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. Tem por objetivo a
organização político-jurídica do Estado, a formação dos poderes públicos, forma de
governo, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres do cidadão. Além
disso, impõe limitações ao poder do Estado, através dos direitos e garantias
fundamentais.1
Outro tema bastante cobrado é a concepção de constituição ideal, defendida pelo
célebre escritor português J. J. Canotilho. Tratam-se de postulados político-liberais
que possuem os seguintes elementos:2
→ Deve consagrar um sistema de garantias de liberdades (direitos e garantias
fundamentais);
→ Deve conter o princípio da divisão de poderes, de modo a evitar os abusos
estatais;
→ A Constituição deve ser escrita (documento escrito) e adotar um sistema
democrático formal.
Esses postulados surgiram no início do século XIX, a partir do triunfo do movimento
constitucional, e tem como objetivo a limitação do poder coercitivo do Estado. De fato,
como veremos posteriormente, conforme nossa Constituição, todo poder emana do
1 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, 32ª Ed. São Paulo. Editora Atlas: 2016, p. 1. 2 CANOTILHO, J. J. Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador. Coimbra. Coimbra
Editora:1994, p. 151.
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povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, através do voto,
plebiscito, referendo e lei de iniciativa popular.
voto: É a manifestação da vontade popular de forma a viabilizar
a concretização da democracia representativa ou indireta.
plebiscito: consulta PRÉVIA do Governo aos cidadãos antes de
decidir uma questão (Ex: divisão do estado do Pará - 2005).
referendo: consulta POSTERIOR da população de atos normativos
(leis ou emendas) do Governo, visando obter sua ratificação ou não
(Ex: Lei do Estatuto do Desarmamento)
iniciativa popular: projetos de lei que podem ser elaborados
pelos cidadãos ao Poder Legislativo. Suas condições estão
dispostas no artigo 61 § 2° da CF/88. (Ex: Lei da Ficha Limpa).
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Tema que a CESPE vem dando grande importância em seus concursos mais recentes.
Dessa forma, trarei a vocês a classificação das Constituições, que são mais
comumente cobradas em prova e ao final, será apresentado um esquema para
memorização do conteúdo.
1) Quanto ao conteúdo:
a) Materiais (substanciais): Conjunto de regras materialmente
constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento. Normas
materialmente constitucionais são aquelas que regulam os aspectos
fundamentais da vida do Estado (sua estrutura, organização do poder e direitos
fundamentais, por exemplo).
b) Formais: São aquelas elaboradas na forma escrita, por meio de um
documento solene estabelecido pelo poder constituinte. Possui como
pressuposto uma Constituição rígida (sua alteração é mais dificultosa do que
uma lei ordinária).
Destacamos que as normas formalmente constitucionais são aquelas que
compõem o texto de uma Constituição escrita e rígida, independente do
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conteúdo. O que deve ser observado é o processo de elaboração. Depreende-
se, portanto, que em nossa Constituição, todas as normas são formais, mas
nem todas são normas materiais, como vimos anteriormente.
2) Quanto à forma:
a) Escritas (instrumentais): é o conjunto de regras codificado e sistematizado
em documentos solenes, elaborados por um órgão constituinte
especialmente encarregado para essa tarefa, para fixar-se a organização
fundamental do Estado.3 Canotilho denomina-a de Constituição instrumental,
apontando seu efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de
calculabilidade e publicidade.4
As Constituições escritas subdividem-se em:
➢ codificadas (unitárias): quando suas normas se encontram em um
único texto (Ex. CF/88).
➢ legais (variadas ou pluritextuais): quando suas normas se encontram
em diversos documentos solenes.
b) Não escritas (costumeiras ou consuetudinárias): é o conjunto de regras não
aglutinado em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes,
jurisprudência, acordos e convenções. (Ex: Constituição Inglesa).
ATENÇÃO!!!! As Constituições não escritas, embora pareça um pouco ortodoxo,
também possuem normas escritas (Ex: leis e convenções). Muito cobrado pela
banca CESPE!!!
3) Quanto ao modo de elaboração:
a) Dogmáticas (sistemáticas): são escritas e sistematizadas por um órgão
constituinte, a partir de dogmas e valores então vigentes. Subdividem-se em:
➢ ortodoxas: refletem uma só ideologia.
➢ heterodoxas (ecléticas): quando suas normas se originam de
ideologias distintas. A CF/88 é uma norma dogmática e eclética, uma
3 MORAES, Alexandre de. Op. cit. p. 10. 4 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Almedina, p. 87.
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vez que adotou, como fundamento do Estado, o pluralismo político (artigo
1°, inciso V).
b) Históricas: são frutos de lenta contínua síntese da História e tradições de
um determinado povo (Ex: Constituição Inglesa).
4) Quanto à origem:
a) Promulgadas (democráticas, populares ou votadas): derivam do trabalho
de uma Assembleia Constituinte de representantes do povo, através de um
processo democrático, eleitos com a finalidade de sua elaboração (Ex:
Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988).
b) Outorgadas (impostas, ditatoriais, autocráticas): são elaboradas e
estabelecidas sem a participação popular, através da imposição do poder da
época (Ex: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC n° 01/69).
c) Cesaristas (bonapartistas): são aquelas que nascem sem participação
popular (outorgadas), porém dependem de ratificação (através de referendo) do
povo.
d) Dualistas (pactuadas): são resultados do acordo entre uma monarquia
enfraquecida e uma burguesia em ascensão. Essas constituições limitam o poder
monárquico, formando as chamadas monarquias constitucionais. Pouco cobrada
em provas.
5) Quanto à estabilidade:
a) Imutáveis (graníticas, intocáveis ou permanentes): Constituições onde se
veda qualquer alteração, constituindo-se em verdadeiras relíquias históricas.
b) Super-rígidas: classificação defendida apenas por Alexandre de Moraes, que
considera a CF/88 como super-rígida porque, como regra, pode ser alterada por
um processo legislativo diferenciado (emendas constitucionais), mas,
excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF/88 art. 60, § 4° - cláusulas
pétreas).5 Classificação pouco cobrada em provas de concurso.
5 MORAES, Alexandre de. Op. cit. p. 13.
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Cláusulas Pétreas:
Explícitas (Art. 60 § 4° da CF/88)
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
I - a forma federativa do Estado;
II - o voto direto secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e as garantias individuais
Implícitas (não previstas no Art. 60 § 4° da CF/88)
Segundo a melhor doutrina:
- Forma republicana de governo;
- Direitos Sociais (art. 6° ao 11 da CF/88);
- Princípio da anterioridade tributária (artigo 50, inciso
III, alínea b da CF/88);
- Princípio da anterioridade eleitoral (artigo 16 da CF/88);
- Titularidade do Poder Constituinte Originário;
- Titularidade do Poder Constituinte Derivado;
- Procedimentos de reforma constitucional.
Esse tema será melhor explicado em aulas futuras
c) Rígidas: são as constituições escritas que poderão ser alteradas por um
processo legislativo mais solene e dificultoso que o existente para as demais
espécies normativas. A CF/88 é rígida, uma vez que exige um procedimento mais
dificultoso para ser modificada (Artigo 60 da CF/88 - emendas constitucionais).
ATENÇÃO!!! (Questão elaborada pelo professor) A Constituição de 1988 tem
como característica a rigidez, por ser modificada apenas por um processo mais
dificultoso do que as leis ordinárias, garantindo, pois, sua estabilidade.
Questão incorreta. A CF/88 é rígida, porém a mesma não é estável, pois já foi
modificada por diversas emendas constitucionais. A estabilidade de uma
Constituição se relaciona com o amadurecimento da sociedade e de suas
instituições estatais.
d) Semirrígidas (semiflexíveis): Algumas regras podem ser alteradas pelo
processo legislativo ordinário e outras somente por um processo mais dificultoso.
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e) Flexíveis: Em regra não escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser
alteradas pelo processo legislativo ordinário.
6) Quanto à sua extensão e finalidade:
a) Sintéticas (negativas, garantias, concisas, sumárias ou curtas): preveem
somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-
o e limitando seu poder, por meio de estipulação de direitos e garantias
fundamentais (Ex: Constituição Norte Americana, que possui apenas sete
artigos). O detalhamento dos direitos fica a cargo das leis ordinárias. Conforme
José Afonso da Silva, essas constituições são consideradas constituições
negativas, porque construtoras apenas de liberdade-negativa ou liberdade-
impedimento, oposta à autoridade, também chamadas de constituições
garantias.6
b) Analíticas (dirigentes, prolixas, extensas ou longas): examinam e
regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à formação e
funcionamento do Estado (Ex: CF/88). Segundo José Afonso da Silva, nossa
Constituição assumiu a característica de constituição-dirigente, enquanto
define fins e programas de ação futura.7
A partir das definições apresentadas, podemos classificar nossa Constituição como:
promulgada, escrita (legal), dogmática (heterodoxa), rígida, analítica e formal. Para
facilitar o aprendizado, usamos o mnemônico PEDRA Formal.
Promulgada
Escrita
Dogmática
Rígida
Analítica
Formal
As classificações de constituições apresentadas são as mais mencionadas pela doutrina
majoritária e também as mais cobradas pela CESPE. Nesse sentido, não colocarei todas
as classificações existentes, pois a apostila ficará demasiada extensa, fugindo do
objetivo do curso.
6 SILVA, José Alfonso. Curso de direito constitucional positivo. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 1992. Prefácio, p.8. 7 SILVA, José Alfonso. Op. cit., p.8.
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Segue abaixo nosso Esquema Mental para melhor assimilação e memorização do
conteúdo abordado sobre o assunto.
A PIRÂMIDE DE KELSEN - HIERARQUIA ENTRE AS NORMAS
Neopositivista austríaco, Hans Kelsen ao lançar sua obra “Teoria Pura do Direito”, em
1934, inovou, e trouxe uma nova explicação à Ciência do Direito, onde, em síntese,
considerou o Direito uma ciência pura, sem interferências de outras áreas de
conhecimento, como política, ética e juízos de valor.
Em sua análise do Direito como ciência positivista, Kelsen estabeleceu uma hierarquia
entre as normas vigentes. Para o autor, a ordem jurídica não é um sistema de normas
jurídicas ordenadas no mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma
construção escalonada de diferentes camadas ou níveis de normas jurídicas.8
A “Pirâmide de Kelsen”, como é chamada por grande parte da doutrina, tem como
fundamento o seguinte postulado: normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram
seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes).
8 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Martins Fontes. São Paulo, 1987, p. 240.
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Com base nessa verticalização da “Pirâmide de Kelsen” é que temos, em nosso
ordenamento jurídico, a Constituição situada no vértice (topo) da pirâmide, pelo fato de
ser fundamento de validade de todas as outras normas do nosso ordenamento. É o que
a doutrina denomina como Lei Suprema, sendo as outras normas consideradas
infraconstitucionais.
Em nossa Constituição, encontramos normas constitucionais originárias (concebidas
pelo Poder Constituinte Originário, em Assembleia Constituinte) e normas
constitucionais derivadas (resultantes do Poder Constituinte Derivado, através das
chamadas emendas constitucionais9), ambas situadas no vértice da pirâmide.
Com a promulgação da Emenda Constitucional n° 45/04, surgiu no ordenamento
jurídico brasileiro uma nova possibilidade: os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos. Esses, após aprovação em cada Casa do Congresso Nacional
(Câmara dos Deputados e Congresso Nacional), em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, passaram a ter “status” de emendas constitucionais.10
Dessa forma, também se situam no topo da pirâmide de Kelsen.
Após aprovado por esse rito especial, os tratados e convenções internacionais
ingressam o chamado “bloco de constitucionalidade”. Por tratar de direitos
humanos, e serem aprovadas após o rito disposto no artigo 5° §3° da CF/88, são
gravados por cláusula pétrea, não podendo ser modificado pelo Poder Derivado
(emenda constitucional) e, ainda, são imunes à denúncia.11
Importante destacar que os demais tratados internacionais sobre direitos humanos,
aprovados pelo rito ordinário (comum), tem “status” supralegal, segundo o STF12, ou
seja, estão logo abaixo da Constituição e acima das demais normas do nosso
ordenamento jurídico.
Outro ponto que já foi cobrado em concursos públicos pela banca CESPE se refere ao
controle de convencionalidade das leis, doutrina inovadora trazida pelo Doutor Valério
de Oliveira Mazzuoli. Para esse autor, após a EC 45/04, as normas infraconstitucionais
estão sujeitas ao duplo processo de controle (compatibilização) vertical, vez que
devem seguir o que determina a Constituição (Lei Suprema) e, ainda, o que dispõe os
9 Artigo 60 da CF/88. 10 Artigo 5° §3° da CF/88. 11 Denúncia é o ato unilateral por meio do qual um Estado se desvincula de um tratado internacional. 12 STF. ADI 5240, Relator Ministro Luiz Fux - Tribunal Pleno - decisão em 20.8.2015. Diário de Justiça de 01.02.2016.
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tratados internacionais sobre direitos humanos incorporados ao sistema jurídico
brasileiro.13
As normas que estão imediatamente abaixo da Constituição e dos tratados internacionais
sobre direitos humanos (normas infraconstitucionais) são as leis (complementares,
ordinárias e delegadas), as medidas provisórias, os decretos legislativos, as
resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral (não versam sobre
direitos humanos) e os decretos autônomos, que são consideradas normas primárias,
definidoras de direitos e obrigações.
Por ora, não precisam se preocupar em saber o que são cada uma dessas normas, pois
serão tratadas com mais detalhes em aula futura. O que é importante é que saibam que
entre elas não há hierarquia, conforme entendimento da doutrina majoritária.
Abaixo das leis estão as normas (atos) infralegais. São consideradas normas
secundárias, não podendo se contrapor às normas primárias e nem criar direitos ou
obrigações, sob pena de serem invalidadas (Ex: decretos regulamentares, resoluções,
portarias, instruções normativas, dentre outros)
Por fim, trago a vocês alguns entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, que já
foram bastante cobrados em concursos elaborados pela CESPE.
1) Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias. Nessa
ótica, os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)14 possuem o
mesmo “status” hierárquico de qualquer outra norma constitucional.
2) Não há hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas
constitucionais derivadas (emendas). Entretanto há uma diferença entre elas:
As normas constitucionais originárias não podem ser declaradas
inconstitucionais, ou seja, não estão sujeitas ao controle de constitucionalidade.
Já as normas constitucionais derivadas (emendas) estão sujeitas ao
controle constitucional, podendo ser declaradas inconstitucionais.
13 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no Direito Brasileiro. In: Controle de Convencionalidade: um panorama latino-americano. Gazeta Jurídica. Brasília: 2013. 14 ADCT: contém regras para assegurar a harmonia da transição do regime constitucional anterior (1969) para o novo regime (1988), além de estabelecer regras de caráter meramente transitório, relacionadas com essa mudança, cuja eficácia jurídica é exaurida assim que ocorre a situação prevista. Tem natureza constitutional.
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3) Não há hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais. Caso haja
conflito de leis, o Poder Judiciário irá decidir através do critério da competência
constitucional, ou seja, a quem compete o objeto das leis em conflito (União,
Estado ou Municípios) e não por critério hierárquico. Nesse sentido, é plenamente
possível que, em um caso concreto, uma lei municipal se prevaleça diante de uma
lei federal.
4) Há hierarquia entre a Constituição Federal e as Constituições Estaduais e
as Leis Orgânicas dos Municípios. A Constituição Federal é suprema, ou seja,
está em um patamar superior às outras Constituições Estaduais. Essas, por sua
vez, têm um grau hierárquico superior às Leis Orgânicas dos Municípios.
5) Não há hierarquia entre leis complementares e leis ordinárias. Cabe
destacar que uma lei complementar possui um processo mais dificultoso para
sua aprovação no Congresso nacional (maioria absoluta) do que a lei ordinária.
Outro ponto de destaque, a lei complementar pode tratar de temas reservados às
leis ordinárias, porém, nesse caso, podem ser revogadas ou modificadas por outra
lei ordinária posterior. Em contrapartida, uma lei ordinária não pode tratar de
matéria atinente às leis complementares (inconstitucionalidade formal).
6) Os regimentos dos Tribunais do Poder Judiciário e das Casas Legislativas
possuem a mesma hierarquia das leis ordinárias, pois são consideradas
normas primárias. Esse entendimento também é aplicado para as Resoluções
do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ).
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A seguir nosso Esquema Mental sobre a Pirâmide de Kelsen:
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Tema de Direito Constitucional cobrado em 9 de cada 10 concursos elaborados pela
CESPE, a aplicabilidade das normas constitucionais nos permitirá entender o
alcance e a realizabilidade de diversos dispositivos da Constituição Federal. Importante
destacar, desde já, que todas as normas constitucionais possuem efeitos jurídicos,
o que irá variar entre elas é a sua eficácia.
A classificação das normas constitucionais quanto à sua aplicabilidade mais tradicional
é dada por José Afonso da Silva15, onde são divididas em normas de eficácia plena,
contida e limitada.16
1) Normas de eficácia plena: “são aquelas que, desde a entrada em vigor da
Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos
essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o
15 SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1982. p.89-91. 16 Sobre a aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais, conferir FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Interpretação e estudos da Constituição de 1988. São Paulo: Atlas, 1990. p. 11-20.
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legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular” (Ex: remédios
constitucionais).17
As normas de eficácia plena têm como características:
a) São autoaplicáveis, ou seja, independem de qualquer tipo de regulamentação
para produzirem seus efeitos;
b) São não-restringíveis, uma vez que uma lei posterior não pode limitar sua
aplicação;
c) Possuem aplicabilidade imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos
desde a promulgação da Constituição de 1988), direta (não dependem de norma
regulamentadora para produzir seus efeitos) e integral (não podem sofrer
limitações ou restrições em sua aplicação).
2) Normas de eficácia contida (prospectiva): são aquelas em que “o legislador
constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada
matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência
discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos
de conceitos gerais nelas enunciados.”
Um exemplo clássico bastante cobrado em concursos públicos é o do artigo 5°,
inciso XIII da CF/88: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Como exemplo, para exercer a função de advocacia, é necessário que o bacharel
em Direito seja aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
As normas de eficácia contida têm como características:
a) São autoaplicáveis. Como vimos, enquanto não existir lei regulamentadora
restringindo seu alcance ou sentido, ela estará apta a produzir todos os seus
efeitos;
b) São restringíveis, uma vez que estão sujeitas a restrições ou limitações
impostas por:
17 Remédios constitucionais: tema será abordado em aula futura.
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18
→ uma lei. O direito de greve dos trabalhadores do regime celetista, desde a
promulgação da Constituição de 1988, pode ser exercido de maneira plena.
Porém, uma lei poderá restringi-lo, ao definir os “serviços ou atividade essenciais”
e dispor sobre “o atendimento dos serviços inadiáveis da sociedade”, conforme
podemos observar na leitura do texto constitucional:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir
sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
→ outra norma constitucional. Na vigência do estado de sítio, o Estado pode
tomar determinadas medidas restritivas de direitos e garantias fundamentais,
como podemos observar na leitura do artigo 139 da CF/88:
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137,
I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes
comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das
comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa,
radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
→ conceitos éticos jurídicos indeterminados. Um bom exemplo que, por
vezes é cobrado, é o artigo 5°, inciso XXV da CF/88, que diz que o Estado, em
caso de “iminente perigo público”, poderá requisitar propriedade particular. Nesse
caso, o direito à propriedade, art. 5°, inciso XXII, estaria restrito.
art 5° (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar
de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano;
c) Possuem aplicabilidade imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos
desde a promulgação da Constituição de 1988), direta (não dependem de norma
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19
regulamentadora para produzir seus efeitos) e possivelmente não integral (pois
estão sujeitas a restrições ou limitações).
3) Normas de eficácia limitada: são aquelas que apresentam “aplicabilidade
indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses
interesses após uma normatividade ulterior que lhe desenvolva a aplicabilidade”.
Em outras palavras, dependem de regulamentação futura para produzirem
todos os seus efeitos.
Um bom exemplo é o artigo 37, inciso VII da CF/88, que diz: “art. 37 (...) VII - o
direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica;”. Da leitura do dispositivo constitucional, observamos que o servidor
público terá direito de greve, DESDE QUE tenha lei que regule sobre a greve
dessa categoria, o que não ocorreu até o momento.
A título de curiosidade, está tramitando no Senado Federal o Projeto de Lei (PL)
710/11, de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que irá
disciplinar o exercício do direito de greve dos servidores públicos, previsto no
inciso VII do art. 37 da Constituição Federal”.
Outro ponto que devemos observar é que o Supremo Tribunal Federal (STF) em
julgamento, em Plenário, do Recurso Extraordinário (RE 693456), com
repercussão geral reconhecida, que discutia a constitucionalidade do desconto
dos dias paradas em razão de greve de servidor, por 6 votos a 4, decidiu que
a administração pública deve fazer o corte do ponto dos grevistas, mas admitiu a
possibilidade de compensação dos dias parados mediante acordo. Também foi
decidido que o desconto não poderá ser feito caso o movimento grevista tenha
sido motivado por conduta ilícita do próprio Poder Público.18
As normas de eficácia limitada têm como características:
a) São não autoaplicáveis, pois dependem de regulamentação ulterior para
que possam produzir todos os seus efeitos;
b) Possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma regulamentadora para
produzir seus efeitos) mediata (a promulgação do texto constitucional não é
18 STF. RE 693.456. Relator: Ministro Dias Toffoli. Brasília. Decisão em 27.10.16.
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20
suficiente para que possam produzir todos os seus efeitos) e reduzida (possuem
um grau de eficácia restrito quando da promulgação da Constituição).
Normas de eficácia limitada POSSUEM EFICÁCIA
JURÍDICA, embora tenham aplicabilidade reduzida e não
produzam todos os seus efeitos desde a promulgação da
Constituição de 1988.
Alguns doutrinadores dizem que elas têm eficácia mínima e
que produzem dois efeitos desde sua promulgação: negativo
(revogação de disposições anteriores e proibição de leis
posteriores que se opuserem a seus comandos) e
vinculativo (obrigação de que o legislador ordinário edite leis
regulamentadoras, sob pena de omissão constitucional).
As normas de eficácia limitada, segundo José Afonso da Silva, subdividem-se
em dois grupos:
→ Normas de princípios institutivos ou organizativos: são aquelas que
dependem de lei para estruturar e organizar as atribuições de instituições,
pessoas e órgãos previstos na Constituição.
As normas definidoras de princípios institutivos ou organizativos podem ser
impositivas (quando impõem ao legislador uma obrigação de elaborar a lei
regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem mera faculdade ao
legislador).
→ Normas programáticas: Conforme salienta Jorge Miranda “são de aplicação
diferida, explicitam comandos-valores, conferem elasticidade ao ordenamento
constitucional; têm como destinatário primacial - embora não único - o legislador,
(...); aparecem, muitas vezes, acompanhadas de conceitos indeterminados ou
parcialmente indeterminados.”19
Maria Helena Diniz cita os artigos 21, inciso IX, 23, 170, 205, 211, 215, 218, 226,
§ 2°, da Constituição Federal de 1988 como exemplos de normas programáticas,
por limitarem-se a traçar alguns preceitos a serem cumpridos pelo Poder
Público.20
19 MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. 4. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 1990. p.218. t.1. 20 DINIZ, Maria Helena. Norma constitucional e seus efeitos. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 1992. p.98-103.
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21
Maria Helena Diniz propõe uma nova espécie de classificação das normas
constitucionais, tendo por critério a intangibilidade e a produção dos efeitos
concretos.21
1) Normas de eficácia absoluta: são aquelas que se diferenciam das normas de
eficácia plena por serem intangíveis, ou seja, não podem ser suprimidas por
emendas constitucionais (Ex: Cláusulas Pétreas - artigo 60, §4° da CF/88).
2) Normas com eficácia plena: correspondem à mesma classificação dada por
José Afonso da Silva.
3) Normas com eficácia relativa restringível (redutível): correspondem às
normas de eficácia contida, de José Afonso da Silva, que podem ser passíveis
de restrição.
4) Normas com eficácia relativa complementável ou dependente de
complementação: correspondem às normas de eficácia limitada de José Afonso
da Silva.
21 DINIZ, Maria Helena. Op. cit. p.104.
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22
Agora, vamos para nosso Esquema Mental:
PREÂMBULO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CF/88
Após discorremos sobre a teoria geral da Constituição, trazendo conceitos e definições
de doutrinadores constitucionalistas e decisões de nossa Suprema Corte, daremos início,
agora, sobre o que efetivamente está escrito em nossa Carta Magna, fazendo a análise
do preâmbulo e dos princípios fundamentais (artigo 1° ao 4° da CF/88).
PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
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23
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Alexandre de Moraes define o preâmbulo de uma Constituição como documento de
intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo
texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento
constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado.22
O STF, em julgamento de Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADI 2.076/AC)
decidiu que o preâmbulo não faz parte do texto constitucional propriamente dito,
porém, o mesmo não é juridicamente irrelevante, já que deve ser observado como
elemento de interpretação e integração dos diversos artigos que lhe seguem.23 Dessa
forma, não há a obrigatoriedade de o preâmbulo ser replicado em Constituições
Estaduais ou Leis Orgânicas dos Municípios.
O preâmbulo, portanto, segundo Canotilho, por não ser norma constitucional, não
poderá prevalecer contra texto expresso da Constituição Federal, nem ser
paradigma comparativo para declaração de inconstitucionalidade uma lei.24
Por fim, a evocação à “proteção de Deus” no preâmbulo da Constituição Federal não
a torna confessional, mas sim reforça a laicidade do Estado, afastando qualquer
ingerência estatal arbitrária ou abusiva nas diversas religiões praticadas no Brasil.25
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (artigos 1° ao 4° da CF/88):
São os valores que orientam o Poder Constituinte Originário na elaboração das
normas constitucionais. Na Constituição de 1988 estão dispostos no Título I, através
de quatro artigos (1° ao 4°) conforme se segue:
22 MORAES, Alexandre de. Op. cit. p. 22. 23 STF - Pleno - ADI n° 2.076/AC - Rel. Ministro Carlos Velloso, decisão: 15-08-2002. Informativo STF n° 277. 24 CANOTILHO. J. J. Gomes. Op. Cit. p. 142 25 STF - Pleno - ADPF 54/DF, Rel. Min, Marco Aurélio, decisão: 11 e 12-04-2012, Informativo STF n° 661.
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24
FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como FUndamentos:
I - a SOberania;
II - a CIdadania;
III - a DIgnidade da pessoa humana;
IV - os VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o PLUralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Como podemos perceber, para melhor memorização dos fundamentos da CF/88,
usamos o mnemônico SO-CI-FU / DI-VA-PLU, onde a sílaba FU corresponde aos
FUndamentos. Passamos agora a análise do artigo mencionado.
Da leitura do “caput” do artigo, podemos definir a Forma de Estado (Federação), a
Forma de Governo (República), o Sistema de Governo (Presidencialismo) e o
Regime de Governo (Democracia) adotados pelo Brasil.
→ Forma de Estado - Federação: o modo de distribuição geográfica do poder
político se dá com a formação de entidades autônomas (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios - artigo 18 da CF/88). Essa autonomia se
manifesta através de quatro formas:
➢ Autogoverno: capacidade de os entes escolherem seus governantes sem
interferência de outros entes;
➢ Auto-organização: capacidade de instituírem suas próprias Constituições (no
caso dos estados) ou Leis Orgânicas (nos casos dos municípios e do Distrito
Federal);
➢ Auto legislação: capacidade de elaborarem suas próprias leis através de um
processo legislativo próprios, embora devam seguir as diretrizes do processo em
âmbito federal;
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25
➢ Autoadministração: capacidade de se administrarem de forma independente,
tomando suas próprias decisões executivas e legislativas.
Outra característica da Federação é a “união indissolúvel dos Estados e Municípios
e Distrito Federal”, ou seja, os entes não têm o direito de secessão, de se separarem
da Federação, pois os mesmos não possuem soberania.
→ Forma de Governo - República: o modo de distribuição do poder na
sociedade ocorre com esse nas mãos de todo o povo, daí a palavra república -
res publica (coisa pública). A adoção da forma de governo republicana traz
consigo algumas características como temporariedade do mandato dos
governantes, prestação de contas do Governo e necessidade de eleição periódica
para a definição dos representantes do povo.
→ Sistema de Governo - Presidencialismo: nesse sistema, há a
preponderância do Poder Executivo sobre o Legislativo, no que tange ao
direcionamento das políticas públicas, no inverso, teríamos o sistema
parlamentarista. As competências privativas do Presidente da República estão
dispostas no artigo 84 da CF/88.
Artigo 2° do ADCT: “No dia 7 de setembro de 1993 o
eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma
(república ou monarquia constitucional) e o sistema de
governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que
devem vigorar no país”.
Como sabemos, o plebiscito aconteceu e definiu, através do
voto popular, que o Brasil seria uma república
presidencialista.
→ Regime de Governo/Regime Político - Democracia: O Brasil é definido como
um “Estado Democrático de Direito”, ou seja, um Estado sujeito às leis e que
adota como regime político a democracia. Dessa forma, quem é responsável pela
regência da política brasileira é o povo, pois “Todo o poder emana do povo, que
o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.”
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Da leitura do parágrafo único da CF/88, depreende-se que o Brasil possui como regime
a democracia mista, semidireta ou participativa, pois a mesma se manifesta de forma
indireta (voto - eleição de representantes) e direta (plebiscito, referendo e iniciativa
popular - art. 14, incisos I, II e II da CF/88).
Passamos agora análise dos cinco incisos do artigo 1° da CF/88.
I - Soberania: Conforme nos ensina Alexandre de Moraes, é a capacidade de o
Estado editar suas próprias normas, sua própria ordem jurídica (Constituição).26
A soberania é considerada um poder supremo e independente: supremo porque
não está limitado a nenhum outro poder na ordem interna; independente porque,
no plano internacional, não se subordina à vontade de outros Estados.27
II - Cidadania: representa um “status” e apresenta-se, simultaneamente, como
objeto e um direito fundamental das pessoas, assegurando-se o direito dessas de
participação política do Estado.
Com base no princípio da cidadania, o STF decidiu que ninguém é obrigado a
cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade
judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal, caso contrário,
nega-se o Estado de Direito.28
III - Dignidade da pessoa humana: Conforme menciona nossa Suprema Corte,
a dignidade da pessoa humana é princípio supremo, significativo vetor
interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento
constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos
fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática
consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo.29
Em razão da importância desse princípio, uma vez que possui elevada
densidade normativa, trago a vocês algumas decisões importantes de nossa
Suprema Corte, tendo como principal fundamento a dignidade da pessoa humana:
→ Em julgamento de Recurso Extraordinário (RE 580252), o plenário do STF
decidiu, em 16/02/17, que o preso submetido a situação degradante e a
26 MORAES, Alexandre de. Op. Cit. p.74 27 CAETANO, Marcelo. Direito Constitucional, 2ª edição. Rio de Janeiro, Forense, 1987, vol. 1, pag. 169. 28 STF. HC 73.454. Rel.Min Maurício Corrêa, decisão: 22-04-1996, 2ª Turma. Diária de Justiça de 07-06-1996. 29 STF. HC 85.237. Rel. Min. Celso de Mello, decisão: 17-03-05. Diário de Justiça de 29-04-05.
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27
superlotação na prisão tem direito à indenização do Estado por danos
morais. No caso, o STF fixou uma indenização de R$ 2 mil para um
condenado, com reconhecimento de repercussão geral, ou seja, deve ser
observada pelos tribunais inferiores. Decisão polêmica de nossa Suprema Corte,
uma vez que abriu um precedente para futuras ações tendo como fundamento o
mesmo objeto.30
→ Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso
ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado - Súmula Vinculante n° 11.31
→ Reconhecimento e qualificação da união homoafetiva como entidade
familiar.32
→ O direito ao nome insere-se no conceito de dignidade da pessoa humana,
princípio alçado a fundamento da República Federativa do Brasil (CF, art. 1º, III).33
Esses são alguns julgados do STF tendo como fundamento principal o da dignidade
da pessoa humana. É importante destacar que, por vezes, a CESPE elabora questões
tendo por base o entendimento atual de nossa Suprema Corte. Conhecendo o estilo da
banca, é de grande valia dedicar seu tempo para avaliar os julgamentos citados, além
de outros, pois esse pode ser um diferencial diante dos demais candidatos do concurso.
Para facilitar, segue o link onde constam esses julgamentos:
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigobd.asp?item=4.
IV - Valores sociais do trabalho e livre iniciativa: é através do trabalho que o
homem garante sua subsistência e o crescimento do país. Como salienta Paolo
Barile, a garantia de proteção ao trabalho não engloba somente o trabalhador
subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador, enquanto
empreendedor do crescimento do país.34
30 STF. RE 580.252. Rel. Gilmar Mendes, decisão: 16-02-2017. Pleno. Notícias STF 16-02-17. 31 STF- Pleno - HC 91952/SP. Rel. Min. Marco Aurélio, Diário de Justiça 241, 18-12-08 32 STF. RE 477.554 AgR. Rel. Min, Celso de Mello, decisão: 16-08-11. Diário de Justiça de 26-08-11. 33 STF. RE 248.869. Rel. Maurício Corrêa, decisão: 07-08-03. Diário de Justiça de 12-03-04. 34 BARILE, Paolo. Diritti dell'uomo e libertá fondamentali. Bolonha: II Molino, 1984. p.105.
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De acordo com o STF, o princípio da livre iniciativa não pode ser invocado para
afastar regras de regulamentação do mercado e de defesa do consumidor.35
V - Pluralismo político: demonstra a preocupação do legislador constituinte em
afirmar-se a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do país,
garantindo a liberdade de convicção filosófica e política e, também, a
possibilidade e participação em partidos políticos.
O STF entende que a crítica jornalística é um direito cujo suporte legitimador é
o pluralismo político; o exercício desse direito deve, assim, ser preservado contra
ensaios autoritários de repressão penal.36
Cabe destacar que o pluralismo político exclui os discursos de ódio, assim
considerada qualquer comunicação que tenha como objetivo inferiorizar uma
pessoa com base em raça, gênero, nacionalidade, religião ou orientação sexual.
No Brasil, considera-se que os discursos de ódio não estão amparados pela
liberdade de manifestação de pensamento.
TRIPARTIÇÃO FUNCIONAL DO PODER
Art. 2° São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
o Executivo e o Judiciário.
Da leitura do artigo 2° de nossa Constituição, depreende-se que os Poderes da União
(Executivo, Legislativo e Judiciário) são independentes mas, ao mesmo tempo,
harmônicos entre si, o que forma o que a doutrina chama de “SISTEMA DE FREIOS E
CONTRAPESOS” (check and balances), onde um Poder vai sempre atuar de forma a
impedir o exercício arbitrário na atuação do outro. Um exemplo recente desse sistema
no Brasil, foi a nomeação de Alexandre de Moraes para o cargo de Ministro do STF
(Poder Judiciário), que é de competência privativa do Presidente da República (Poder
Executivo), após aprovação pelo Senado Federal (Poder Legislativo).
Esse modo de organização é o mesmo desde as lições de Montesquieu em sua obra “O
Espírito das Leis”, onde o autor já previa tal sistema de harmonização e separava os
poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário, diferentemente do que faziam seus
antecessores: Aristóteles (função deliberante - 1° poder; executiva - 2° poder; e judicial -
3° poder) e John Locke (função legislativa, executiva e federativa).
35 STF. RE 349.686. Rel. Min Ellen Gracie, decisão: 14-06-05. Diário de Justiça de 05-08-05. 36 STF. Pet 3486/DF. Rel. Min. Celso de Mello, decisão: 22-08-05. Diário de Justiça de 22-08-05.
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Vale lembrar que esse dispositivo é uma cláusula pétrea (art. 60 §4°, inciso III da CF/88)
que, como vimos, não pode ser alterada por emendas constitucionais. Essa constitui
uma característica essencial do Estado Democrático de Direito, uma vez que evita a
ocorrência de abusos e autoritarismos.
Decorrente do “sistema de freios e contrapesos” tem-se a formação, em cada Poder,
das funções típicas (precípuas de cada Poder: administrar, legislar e julgar) e atípicas
(funções precípuas do outro poder), o que caracteriza a flexibilidade da separação dos
Poderes.
Para melhor entendimento, segue abaixo Esquema Mental com as funções típicas e
atípicas do Poder Executivo, Poder Legislativo e do Poder Judiciário.
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.
Os objetivos são as metas que o Estado Brasileiro deve alcançar. Eles visam possibilitar
iguais oportunidades aos brasileiros, a fim de concretizar a democracia econômica, social
e cultural. Logicamente, o rol de objetivos do art. 3° não é taxativo, tratando-se apenas
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30
da previsão de algumas finalidades primordiais a serem perseguidas pela República
Federativa do Brasil.
Como podemos perceber, todos os 4 incisos do artigo 3° da Constituição começam por
verbos. Ficar atentos para o verbo reduzir as desigualdades sociais e regionais, que
é bastante cobrado pela CESPE e, muitas vezes passa batido, pois não está no início da
frase.
ATENÇÃO!!! A CESPE costuma elaborar questões desse artigo com a troca de
palavras, como por exemplo “solidária” por “igualitária”. Perceba, também que se quer
erradicar apenas a pobreza e a marginalização, e apenas reduzir as desigualdades
sociais e regionais, pois seria uma ilusão querer um país homogêneo, sem nenhuma
forma de disparidade.
PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Questões que são cobradas em relação a este artigo muitas vezes se restringem ao que
está necessariamente escrito na lei. ATENÇÃO!!! Não confundir prevalência dos
direitos humanos (princípios que regem as relações internacionais) com dignidade da
pessoa humana (fundamentos da República Federativa do Brasil).
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OBJETIVO DO BRASIL NO PLANO INTERNACIONAL
art. 4° (...)
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.
ATENÇÃO!!! A busca da integração deve ser no âmbito da América Latina, e não na
América do Sul ou MERCOSUL, como costumam cobrar os examinadores. Outro ponto
é que a República Federativa do Brasil deverá integrar-se social e culturalmente, e não
apenas político e economicamente.
LISTA DE EXERCÍCIOS
1. (CESPE/PRF/2013) O mecanismo denominado sistema de freios e contrapesos
é aplicado, por exemplo, no caso da nomeação dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF), atribuição do presidente da República e dependente da aprovação
pelo Senado Federal.
2. (CESPE/PRF/2013) A liberdade de exercer qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, é um exemplo de
norma constitucional de eficácia limitada.
3. (CESPE/PRF/2013) Decorre do princípio constitucional fundamental da
independência e harmonia entre os poderes a impossibilidade de que um poder
exerça função típica de outro, não podendo, por exemplo, o Poder Judiciário
exercer a função administrativa.
4. (CESPE/PRF/2013) No que se refere às relações internacionais, a República
Federativa do Brasil rege-se pelos princípios da igualdade entre os Estados, da
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e da concessão de
asilo político, entre outros.
5. (CESPE/PRF/2012) É de eficácia limitada a norma constitucional que estabelece
ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações que a lei estabelecer.
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6. (CESPE/PRF/2012) As normas constitucionais programáticas definem
comandos - valores que o Estado busca cumprir.
7. (CESPE/PRF/2012) A Constituição elaborada por uma Assembleia Constituinte
livremente escolhida pelo povo classifica-se, quanto à origem, como outorgada.
8. (CESPE/PRF/2012) As disposições constitucionais transitórias, assim como os
preâmbulos constitucionais, não comportam valor jurídico relevante.
9. (CESPE/FUB – 2015) O pluralismo político, fundamento da República Federativa
do Brasil, é pautado pela tolerância a ideologias diversas, o que exclui discursos
de ódio, não amparados pela liberdade de manifestação do pensamento.
10. (CESPE/TJ-SE – 2014) A dignidade da pessoa humana, princípio fundamental
da República Federativa do Brasil, promove o direito à vida digna em sociedade,
em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do
direito individual.
11. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária) A garantia do
desenvolvimento nacional consiste em fundamento da República Federativa do
Brasil.
12. (CESPE/ ANVISA – 2016) À luz do princípio da dignidade humana, a CF
estabelece que, após a aprovação por qualquer quórum durante o processo
legislativo, todos os tratados e convenções sobre direitos humanos subscritos
pelo Brasil passam a ter o status de norma constitucional.
13. (CESPE / Instituto Rio Branco – 2016) Sendo as leis estaduais inferiores às leis
federais e, portanto, a elas subordinadas, os conflitos entre ambos os tipos de lei
são resolvidos pelo critério hierárquico.
14. (CESPE / MEC – 2015) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, as normas decorrentes de tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos, regularmente internalizadas no ordenamento jurídico brasileiro,
apresentam status supralegal, ainda que não tenham sido aprovadas segundo o
rito previsto para o processo legislativo das emendas à Constituição.
15. (CESPE/ FUB – 2015) As normas que integram uma constituição escrita
possuem hierarquia entre si, de modo que as normas materialmente
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constitucionais ostentam maior valor hierárquico que as normas apenas
formalmente constitucionais.
16. (CESPE/ TRT 8a Região – 2016) A aplicabilidade das normas de eficácia limitada
é direta, imediata e integral, mas o seu alcance pode ser reduzido.
17. (CESPE/ TRT 8a Região – 2016) Em se tratando de norma constitucional de
eficácia contida, o legislador ordinário integra-lhe a eficácia mediante lei ordinária,
dando-lhe execução mediante a regulamentação da norma constitucional.
18. (CESPE/ TRT 8a Região – 2016) Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(STF), considera-se que as normas constitucionais possuem eficácia absoluta,
imediata e diferida, sendo essa a classificação mais adotada também na doutrina.
19. (CESPE / TRE-GO – 2015) Embora a aplicabilidade do direito à educação seja
direta e imediata, classifica-se a norma que assegura esse direito como norma de
eficácia contida ou prospectiva, uma vez que a incidência de seus efeitos depende
da edição de normas infraconstitucionais, como a de implementação de programa
social que dê concretude a tal direito.
20. (CESPE / Advogado Telebrás – 2015) As normas constitucionais de eficácia
contida têm aplicabilidade indireta e reduzida porque dependem de norma ulterior
para que possam incidir totalmente sobre os interesses relativos a determinada
matéria.
21. (CESPE / MEC – 2015) Em virtude do princípio da aplicabilidade imediata das
normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais, tais normas podem
ser de eficácia plena ou contida, mas não serão de eficácia limitada.
22. (CESPE / TRE-PI – 2016) Em decorrência do pluralismo político, é dever de todo
cidadão tolerar as diferentes ideologias político partidárias, ainda que, na
manifestação dessas ideologias, haja conteúdo de discriminação racial.
23. (CESPE / STJ – 2015) A dimensão substancial da liberdade de expressão
guarda relação íntima com o pluralismo político na medida em que abarca, antes,
a formação da própria opinião como pressuposto para sua posterior manifestação.
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24. (CESPE / DPE-RN – 2015) O Estado brasileiro reconhece que a família tem como
base a união entre o homem e a mulher, fato que exclui a união de pessoas do
mesmo sexo do âmbito da proteção estatal.
25. (CESPE/Câmara dos Deputados – 2014) A República Federativa do Brasil,
constituída como Estado democrático de direito, visa garantir o pleno exercício
dos direitos e garantias fundamentais, incluindo-se, entre seus fundamentos, a
cidadania e a dignidade da pessoa humana.
26. (CESPE/TCDF/TAP – 2014) Ao implementar ações que visem reduzir as
desigualdades sociais e regionais e garantir o desenvolvimento nacional, os
governos põem em prática objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil.
27. (CESPE/TJ CE/ AJAJ – 2014) Os fundamentos da República Federativa do Brasil
incluem, entre outros, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político e a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
28. (CESPE/SUFRAMA – 2014) A CF propugna, de forma específica, a integração
econômica, política, social e cultural do Brasil com os povos da América Latina.
29. (CESPE/ ANTAQ – 2014) A concessão de asilo político é princípio norteador
das relações internacionais brasileiras, conforme expressa disposição do texto
constitucional.
30. (CESPE / TRE-MS – 2013) É princípio fundamental da República Federativa do
Brasil a dissolubilidade do vínculo federativo, dado o direito de secessão dos
estados e municípios.
31. (CESPE / TRT 8ª Região – 2013) São fundamentos da República Federativa do
Brasil a soberania, a cidadania, o pluralismo político e a prevalência dos direitos
humanos.
32. (CESPE/TRT 1ª Região - 2010) Não há hierarquia entre lei complementar e
decreto autônomo, quando este for validamente editado.
33. (CESPE / AUGE-MG-2009) As normas da CF que tratam dos direitos e garantias
fundamentais são hierarquicamente superiores às normas constitucionais que
disciplinam a política urbana e o sistema financeiro nacional.
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34. (CESPE / Hemobrás – Adaptada - 2008) Em 30/3/2000, o Poder Executivo federal
editou a medida provisória n.º 1.963-17/2000, posteriormente editada sob o n.º
2.170-36/2001, cuja vigência, nos moldes do art. 2.º da Emenda Constitucional n.º
32/01, foi prorrogada "até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente
ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional", segundo entendimento
pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento do
recurso especial n.º 629.487/RS, do relator Ministro Fernando Gonçalves (Quarta
Turma, julgado em 22/6/2004, DJ 2/8/2004, p. 412). O art. 5.º da referida medida
provisória dispõe que, "nas operações realizadas pelas instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano." Na hipótese de ser posteriormente editada lei
ordinária genérica que proíba a capitalização de juros em qualquer periodicidade,
o art. 5.º da medida provisória em questão estaria naturalmente revogado, uma vez
que as leis ordinárias são hierarquicamente superiores às medidas provisórias.
35. (CESPE/TRF 1ª Região-2008) Os decretos legislativos são hierarquicamente
inferiores às leis ordinárias.
36. (CESPE / PM-DF - 2010) Se o Congresso Nacional aprovar, em cada uma de
suas casas, em dois turnos, por três quintos dos seus votos dos respectivos
membros, tratado internacional que verse sobre direitos humanos, esse tratado
será equivalente às emendas constitucionais.
37. (CESPE / Delegado PC-AL – 2012) De acordo com a CF, os tratados
internacionais de direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, terão status de norma constitucional. Tais tratados podem fundamentar
tanto o controle de constitucionalidade quanto o controle de convencionalidade.
38. (CESPE / MEC-FUB - 2009) De acordo com a hierarquia das leis, a Constituição
Federal está subordinada às leis complementares, pois elas regulamentam o que
falta na Constituição.
39. (CESPE / MPE-RO - 2010) Os tratados de direitos humanos, ainda que
aprovados apenas no Senado Federal, em dois turnos e por maioria qualificada,
equiparam-se às emendas constitucionais.
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40. (CESPE / SEFAZ-ES - 2010) Caso o Congresso Nacional aprove, em cada uma
de suas casas, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, um tratado internacional acerca dos direitos humanos, tal tratado será
equivalente a uma lei complementar.
GABARITO COMENTADO
1. (CESPE/PRF/2013) O mecanismo denominado sistema de freios e contrapesos
é aplicado, por exemplo, no caso da nomeação dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF), atribuição do presidente da República e dependente da aprovação
pelo Senado Federal.
Questão correta. O sistema de freios e contrapesos - check and balances - é adotado
no Brasil para que um Poder possa sempre atuar de forma a impedir o exercício arbitrário
na atuação do outro. Um exemplo recente foi a nomeação de Alexandre de Moraes para
o cargo de Ministro do STF (Poder Judiciário), cuja escolha é de competência privativa
do Presidente da República (Poder Executivo), após aprovação pelo Senado Federal
(Poder Legislativo).
2. (CESPE/PRF/2013) A liberdade de exercer qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, é um exemplo de
norma constitucional de eficácia limitada.
Questão incorreta. A questão traz as características de uma norma de eficácia contida,
que são autoaplicáveis (produzem todos os seus efeitos desde a promulgação da
Constituição de 1988), porém restringíveis (estão sujeitas a restrições ou limitações
impostas por uma lei, por exemplo).
3. (CESPE/PRF/2013) Decorre do princípio constitucional fundamental da
independência e harmonia entre os poderes a impossibilidade de que um poder
exerça função típica de outro, não podendo, por exemplo, o Poder Judiciário
exercer a função administrativa.
Questão incorreta. Os Poderes podem exercer funções atípicas, em decorrência do
sistema de freios e contrapesos - check and balances. O Poder Judiciário pode, por
exemplo, fazer uma licitação para aquisição de material para determinado Tribunal, que
é uma função administrativa típica do Poder Executivo.
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4. (CESPE/PRF/2013) No que se refere às relações internacionais, a República
Federativa do Brasil rege-se pelos princípios da igualdade entre os Estados, da
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e da concessão de
asilo político, entre outros.
Questão correta. A questão traz os princípios que regem as relações internacionais da
República Federativa do Brasil, que estão insculpidos no artigo 4°, incisos V, IX e X da
Constituição Federal.
5. (CESPE/PRF/2012) É de eficácia limitada a norma constitucional que estabelece
ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações que a lei estabelecer.
Questão incorreta. A questão traz um exemplo clássico de norma de eficácia contida,
que são autoaplicáveis (produzem todos seus efeitos desde a promulgação da
Constituição Federal de 1988) porém são restringíveis (podem sofrer restrições ou
limitações por uma lei, por exemplo). Um exemplo de norma de eficácia contida é a
profissão de advocacia: o bacharel em Direito, para a exercer a profissão de advogado,
deve se submeter ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
6. (CESPE/PRF/2012) As normas constitucionais programáticas definem
comandos - valores que o Estado busca cumprir.
Questão correta. As normas programáticas são de aplicação diferida, explicitam
comandos-valores que o Estado busca cumprir.
7. (CESPE/PRF/2012) A Constituição elaborada por uma Assembléia Constituinte
livremente escolhida pelo povo classifica-se, quanto à origem, como outorgada.
Questão errada. Quanto à origem, Constituição Federal classifica-se como promulgada,
que deriva do trabalho de uma Assembléia Constituinte de representantes do povo,
através de um processo democrático, eleitos com a finalidade de sua elaboração.
8. (CESPE/PRF/2012) As disposições constitucionais transitórias, assim como os
preâmbulos constitucionais, não comportam valor jurídico relevante.
Questão incorreta. Embora o STF tenha declarado que o preâmbulo não é norma
constitucional, não comportando valor jurídico relevante, não se pode dizer o mesmo
sobre os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que são dispositivos
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que regulam situações de mudança de uma Constituição para outra, como a
aposentadoria, por exemplo. Dessa forma, possuem valor jurídico relevante.
9. (CESPE/FUB – 2015) O pluralismo político, fundamento da República Federativa
do Brasil, é pautado pela tolerância a ideologias diversas, o que exclui discursos
de ódio, não amparados pela liberdade de manifestação do pensamento.
Questão correta. O pluralismo político não abarca os discursos de ódio, pois estes não
estão amparados pela liberdade de manifestação do pensamento.
10. (CESPE/TJ-SE – 2014) A dignidade da pessoa humana, princípio fundamental
da República Federativa do Brasil, promove o direito à vida digna em sociedade,
em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do
direito individual.
Questão incorreta. A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil de elevada densidade normativa, estando presente em diversas
decisões de nossa Suprema Corte. Esse princípio coloca o indivíduo (o ser humano)
como a preocupação central do Estado. Portanto, o interesse coletivo não deve
prevalecer em detrimento do direito individual.
11. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária) A garantia do
desenvolvimento nacional consiste em fundamento da República Federativa do
Brasil.
Questão incorreta. Segundo a CF/88, São fundamentos da República Federativa do
Brasil: soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e
da livre iniciativa; pluralismo político. A garantia do desenvolvimento nacional constitui
um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
12. (CESPE/ ANVISA – 2016) À luz do princípio da dignidade humana, a CF
estabelece que, após a aprovação por qualquer quórum durante o processo
legislativo, todos os tratados e convenções sobre direitos humanos subscritos
pelo Brasil passam a ter o status de norma constitucional.
Questão incorreta. Conforme leitura do art. 5° §3° da CF/88, os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos serão equivalentes às emendas constitucionais,
desde que sejam aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros.
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13. (CESPE / Instituto Rio Branco – 2016) Sendo as leis estaduais inferiores às leis
federais e, portanto, a elas subordinadas, os conflitos entre ambos os tipos de lei
são resolvidos pelo critério hierárquico.
Questão incorreta. Não há hierarquia entres leis estaduais e leis federais. Caso haja
conflito entre as normas, será resolvido levando em consideração a repartição
constitucional de competências.
14. (CESPE / MEC – 2015) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, as normas decorrentes de tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos, regularmente internalizadas no ordenamento jurídico brasileiro,
apresentam status supralegal, ainda que não tenham sido aprovadas segundo o
rito previsto para o processo legislativo das emendas à Constituição.
Questão correta. Segundo o STF, os tratados e convenções internacionais que foram
aprovados pelo rito ordinário terão status supralegal, ou seja, abaixo das normas
constitucionais e acima das leis ordinárias.
15. (CESPE/ FUB – 2015) As normas que integram uma constituição escrita
possuem hierarquia entre si, de modo que as normas materialmente
constitucionais ostentam maior valor hierárquico que as normas apenas
formalmente constitucionais.
Questão incorreta. Não há hierarquia entre normas formalmente constitucionais e
materialmente constitucionais.
16. (CESPE/ TRT 8a Região – 2016) A aplicabilidade das normas de eficácia limitada
é direta, imediata e integral, mas o seu alcance pode ser reduzido.
Questão incorreta. As normas constitucionais de eficácia limitada têm aplicabilidade
indireta, mediata e reduzida.
17. (CESPE/ TRT 8a Região – 2016) Em se tratando de norma constitucional de
eficácia contida, o legislador ordinário integra-lhe a eficácia mediante lei ordinária,
dando-lhe execução mediante a regulamentação da norma constitucional.
Questão incorreta. As normas constitucionais de eficácia contida possuem
aplicabilidade imediata. A questão traz a característica da norma de eficácia limitada.
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18. (CESPE/ TRT 8a Região – 2016) Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(STF), considera-se que as normas constitucionais possuem eficácia absoluta,
imediata e diferida, sendo essa a classificação mais adotada também na doutrina.
Questão incorreta. A classificação das normas constitucionais mais adotada, tanto pela
doutrina, quanto pela jurisprudência, é a trazida por José Afonso da Silva, que as
classifica de acordo com a sua aplicabilidade em normas de eficácia plena, eficácia
contida e de eficácia limitada.
19. (CESPE / TRE-GO – 2015) Embora a aplicabilidade do direito à educação seja
direta e imediata, classifica-se a norma que assegura esse direito como norma de
eficácia contida ou prospectiva, uma vez que a incidência de seus efeitos depende
da edição de normas infraconstitucionais, como a de implementação de programa
social que dê concretude a tal direito.
Questão incorreta. O direito à educação (art. 205 da CF/88) trata-se de uma norma
programática, que são aquelas que expressam comando-valores a serem cumpridos
pelo Estado, através da implementação de políticas públicas. As normas programáticas
são normas de eficácia limitada, que possuem aplicabilidade indireta e mediata, pois
dependem de regulamentação ulterior para que possam produzir todos os seus efeitos.
20. (CESPE / Advogado Telebrás – 2015) As normas constitucionais de eficácia
contida têm aplicabilidade indireta e reduzida porque dependem de norma ulterior
para que possam incidir totalmente sobre os interesses relativos a determinada
matéria.
Questão incorreta. As normas constitucionais de eficácia contida têm aplicabilidade
direta, restringível e possivelmente não integral. A questão traz as características de uma
norma constitucional de eficácia limitada.
21. (CESPE / MEC – 2015) Em virtude do princípio da aplicabilidade imediata das
normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais, tais normas podem
ser de eficácia plena ou contida, mas não serão de eficácia limitada.
Questão incorreta. Existem direitos e garantias fundamentais que são normas
constitucionais de eficácia limitada, como o direito de greve dos servidores públicos (art.
37, inciso VII da CF/88), que ainda não foi regulamentado por lei. O candidato tem que
ficar atento, pois existem diversos direitos e garantias fundamentais espalhados no texto
constitucional, e não somente aqueles previstos no artigo 5° de nossa Constituição.
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22. (CESPE / TRE-PI – 2016) Em decorrência do pluralismo político, é dever de todo
cidadão tolerar as diferentes ideologias político partidárias, ainda que, na
manifestação dessas ideologias, haja conteúdo de discriminação racial.
Questão incorreta. O pluralismo político não abarca as manifestações de cunho racista.
De fato, o racismo é crime inafiançável e imprescritível, conforme leitura do art. 5°, inciso
XLII da CF/88.
23. (CESPE / STJ – 2015) A dimensão substancial da liberdade de expressão
guarda relação íntima com o pluralismo político na medida em que abarca, antes,
a formação da própria opinião como pressuposto para sua posterior manifestação.
Questão correta. O pluralismo político visa garantir a inclusão dos diferentes grupos
sociais no processo político nacional. Por isso, guarda íntima relação com a liberdade de
expressão, com a possibilidade de que os cidadãos formem sua própria opinião para
posterior manifestação.
24. (CESPE / DPE-RN – 2015) O Estado brasileiro reconhece que a família tem como
base a união entre o homem e a mulher, fato que exclui a união de pessoas do
mesmo sexo do âmbito da proteção estatal.
Questão incorreta. O STF já reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar,
ficando essas também no âmbito da proteção estatal.
25. (CESPE/Câmara dos Deputados – 2014) A República Federativa do Brasil,
constituída como Estado democrático de direito, visa garantir o pleno exercício
dos direitos e garantias fundamentais, incluindo-se, entre seus fundamentos, a
cidadania e a dignidade da pessoa humana.
Questão correta. Conforme leitura do artigo 1° incisos II e III da Constituição Federal.
26. (CESPE/TCDF/TAP – 2014) Ao implementar ações que visem reduzir as
desigualdades sociais e regionais e garantir o desenvolvimento nacional, os
governos põem em prática objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil.
Questão correta. Conforme leitura do artigo 3°, incisos II e III (parte final) da Constituição
Federal.
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27. (CESPE/TJ CE/ AJAJ – 2014) Os fundamentos da República Federativa do Brasil
incluem, entre outros, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político e a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Questão incorreta. De fato, a dignidade da pessoa humana e o pluralismo político são
fundamentos da República Federativa do Brasil, conforme leitura do artigo 1°, incisos III
e V da CF/88. Porém, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária é um objetivo
fundamental da República Federativa do Brasil (art. 3°, inciso I da Constituição Federal).
28. (CESPE/SUFRAMA – 2014) A CF propugna, de forma específica, a integração
econômica, política, social e cultural do Brasil com os povos da América Latina.
Questão correta. Conforme leitura do artigo 4°, parágrafo único da Constituição Federal.
29. (CESPE/ ANTAQ – 2014) A concessão de asilo político é princípio norteador
das relações internacionais brasileiras, conforme expressa disposição do texto
constitucional.
Questão correta. Conforme leitura do artigo 4°, inciso X da Constituição Federal.
30. (CESPE / TRE-MS – 2013) É princípio fundamental da República Federativa do
Brasil a dissolubilidade do vínculo federativo, dado o direito de secessão dos
estados e municípios.
Questão incorreta. Conforme leitura do artigo 1°, caput, da Constituição Federal, a
Forma de Estado adotada pelo Brasil foi a Federação, sendo esta indissolúvel. Dessa
forma, não há que se falar em direito de secessão dos Estados e Municípios.
31. (CESPE / TRT 8ª Região – 2013) São fundamentos da República Federativa do
Brasil a soberania, a cidadania, o pluralismo político e a prevalência dos direitos
humanos.
Questão incorreta. Questão recorrente em provas da CESPE. Notem que a soberania,
a cidadania e o pluralismo político são fundamentos da República Federativa do Brasil
(artigo 1°, incisos I, II e V da CF/88), porém a prevalência dos direitos humanos trata-se
de um dos princípios que regem as relações internacionais da RFB (artigo 4°, inciso II da
CF/88). Percebe-se que examinador tentou confundir o candidato com o fundamento
dignidade da pessoa humana (artigo 1°, inciso III da CF/88).
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32. (CESPE/TRT 1ª Região - 2010) Não há hierarquia entre lei complementar e
decreto autônomo, quando este for validamente editado.
Questão correta. Conforme escalonamento de hierarquia das normas da Pirâmide de
Kelsen, não há hierarquia entre lei complementar e decreto autônomo, ambas são leis
primárias.
33. (CESPE / AUGE-MG-2009) As normas da CF que tratam dos direitos e garantias
fundamentais são hierarquicamente superiores às normas constitucionais que
disciplinam a política urbana e o sistema financeiro nacional.
Questão incorreta. Não há hierarquia entre normas constitucionais originárias; entre
normas constitucionais originárias e derivadas; e, por fim, entre normas constitucionais
materiais e formais.
34. (CESPE / Hemobrás – Adaptada - 2008) Em 30/3/2000, o Poder Executivo federal
editou a medida provisória n.º 1.963-17/2000, posteriormente editada sob o n.º
2.170-36/2001, cuja vigência, nos moldes do art. 2.º da Emenda Constitucional n.º
32/01, foi prorrogada "até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente
ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional", segundo entendimento
pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento do
recurso especial n.º 629.487/RS, do relator Ministro Fernando Gonçalves (Quarta
Turma, julgado em 22/6/2004, DJ 2/8/2004, p. 412). O art. 5.º da referida medida
provisória dispõe que, "nas operações realizadas pelas instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano." Na hipótese de ser posteriormente editada lei
ordinária genérica que proíba a capitalização de juros em qualquer periodicidade,
o art. 5.º da medida provisória em questão estaria naturalmente revogado, uma vez
que as leis ordinárias são hierarquicamente superiores às medidas provisórias.
Questão incorreta. Aqui o examinador tenta fazer com que o candidato perca tempo,
ao elaborar uma questão grande como essa. Bastaria a leitura da última frase para
responder a questão, pois as medidas provisórias têm o mesmo “status” das leis
ordinárias, não havendo hierarquia entre elas.
35. (CESPE/TRF 1ª Região-2008) Os decretos legislativos são hierarquicamente
inferiores às leis ordinárias.
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Questão incorreta. Os decretos legislativos e as leis ordinárias possuem a mesma
hierarquia, conforme Pirâmide de Kelsen.
36. (CESPE / PM-DF - 2010) Se o Congresso Nacional aprovar, em cada uma de
suas casas, em dois turnos, por três quintos dos seus votos dos respectivos
membros, tratado internacional que verse sobre direitos humanos, esse tratado
será equivalente às emendas constitucionais.
Questão correta. Conforme leitura do artigo 5° §3° da Constituição Federal.
37. (CESPE / Delegado PC-AL – 2012) De acordo com a CF, os tratados
internacionais de direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, terão status de norma constitucional. Tais tratados podem fundamentar
tanto o controle de constitucionalidade quanto o controle de convencionalidade.
Questão correta. Os tratados internacionais aprovados pelo rito especial do artigo 5°
§3° da Constituição Federal terão status de norma constitucional. Dessa forma, servem
como paradigma para o controle de constitucionalidade (normas infraconstitucionais
devem seguir o que determina a Constituição) e o controle de convencionalidade
(doutrina trazida pelo Doutor Valério de Oliveira Mazzuoli, onde as normas
infraconstitucionais devem seguir o que determina os tratados internacionais sobre
direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro).
38. (CESPE / MEC-FUB - 2009) De acordo com a hierarquia das leis, a Constituição
Federal está subordinada às leis complementares, pois elas regulamentam o que
falta na Constituição.
Questão incorreta. É exatamente ao contrário, as leis complementares são
hierarquicamente inferiores às normas da Constituição Federal.
39. (CESPE / MPE-RO - 2010) Os tratados de direitos humanos, ainda que
aprovados apenas no Senado Federal, em dois turnos e por maioria qualificada,
equiparam-se às emendas constitucionais.
Questão incorreta. Conforme leitura do artigo 5°, §3° da Constituição Federal, para
serem considerados emendas constitucionais, é preciso que os tratados internacionais
sobre direitos humanos sejam aprovados em cada casa do Congresso Nacional (Câmara
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dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros.
40. (CESPE / SEFAZ-ES - 2010) Caso o Congresso Nacional aprove, em cada uma
de suas casas, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, um tratado internacional acerca dos direitos humanos, tal tratado será
equivalente a uma lei complementar.
Questão incorreta. Caso o tratado internacional acerca dos direitos humanos seja
aprovado pelo rito especial, conforme artigo 5°, §3° da Constituição Federal será
equivalente às emendas constitucionais.