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À Deus!

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AÇÃO PENAL

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SUMÁRIO

AÇÃO PENAL

1. Conceito......................................................................................................09 2. Características............................................................................................10 2.1. Autonomia.................................................................................10 2.2. Abstrato.....................................................................................10 2.3. Subjetivo....................................................................................10 2.4. Público.......................................................................................11 3. Condições da ação......................................................................................11 3.1. Modalidades..............................................................................12 3.1.1. Possibilidade jurídica do pedido..............................12 3.1.2. Legitimidade “ad causam”.......................................12 3.1.3. Interesse de agir.......................................................13 3.1.3.1. Interesse-necessidade..............................13 3.1.3.2. Interesse-adequação................................13 3.1.3.3. Interesse-utilidade...................................14 3.1.4. Justa causa................................................................17 3.2. Carência da ação........................................................................17 4. Modalidades de ação penal.........................................................................20 4.1. Ação penal pública....................................................................20 4.1.1. Princípios da ação penal pública..............................21 4.1.1.1. Princípio da obrigatoriedade (ou compulsoriedade)...........................................................................................21 4.1.1.2. Princípio da indisponibilidade................22 4.1.1.3. Princípio da indivisibilidade...................23 4.1.1.4. Princípio da intranscendência.................25 4.1.1.5. Princípio da oficialidade.........................25 4.1.1.6. Princípio da autoritariedade....................25 4.1.1.7. Princípio da oficiosidade.........................26 4.2. Ação penal pública incondicionada...........................................26 4.3. Ação penal pública condicionada..............................................26 4.3.1. Representação da vítima ou de seu representante legal................................................................................................................27 4.3.1.1. Natureza jurídica.....................................27 4.3.1.2. Destinatários...........................................28 4.3.1.3. Legitimidade ativa..................................28

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4.3.1.4. Prazo.......................................................29 4.3.1.5. Retratação da representação....................31 4.3.1.6. Ausência de rigor formal........................33 4.3.1.7. Eficácia objetiva......................................33 4.3.1.8. Não-vinculação.......................................34 4.3.2. Requisição do Ministro da Justiça...........................35 4.3.2.1. Natureza jurídica.....................................35 4.3.2.2. Destinatário.............................................36 4.3.2.3. Legitimidade ativa..................................36 4.3.2.4. Prazo.......................................................36 4.3.2.5. Retratação da requisição.........................36 4.3.2.6. Eficácia objetiva......................................38 4.3.2.7. Não-vinculação.......................................38 4.3.3. Crimes sexuais (Lei 12.015/2009)...........................38 4.4. Ação penal de iniciativa privada...............................................39 4.4.1. Conceito...................................................................40 4.4.2. Princípios.................................................................40 4.4.2.1. Princípio da oportunidade ou conveniência...................................................................................................40 4.4.2.2. Princípio da disponibilidade...................43 4.4.2.3. Princípio da indivisibilidade...................46 4.4.2.4. Princípio da intranscendência.................48 4.4.3. Modalidades de ação penal privada.........................48 4.4.3.1. Ação penal privada exclusiva ou propriamente dita............................................................................................49 4.4.3.2. Ação penal privada personalíssima.........49 4.4.3.3. Ação penal privada subsidiária da pública............................................................................................................50 5. Questões especiais......................................................................................54 5.1. Ação penal pública subsidiária da pública................................54 5.2. Ação penal secundária...............................................................55 5.3. Ação penal adesiva....................................................................55 5.4. Legitimidade concorrente (concurso de ações).........................56 5.5. Ação de prevenção penal...........................................................56

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AÇÃO PENAL

1. Conceito

Em verdade, a palavra ação pode ser analisada sob vários

prismas. Tradicionalmente, ação é tida como um direito, direito

à prestação jurisdicional, enfim, ação como o direito

constitucional de ação. Porém, sob outro enfoque, ação pode ser

considerada um ato, o ato de provocar a jurisdição. Esse ato, no

processo penal, é a denúncia do promotor ou a queixa da vítima,

visando à punição do suposto autor do delito, concretizando o

“jus puniendi”.

Nesse passo, vale transcrever as palavras do ilustre

professor e doutrinador Nestor Távora, que assevera sobre o

conceito de ação penal, “in verbis”:

“É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto”. 1

Assim, pode-se dizer que a ação penal é um direito.

1 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 117.

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2. Características

As principais características do direito de ação são:

2.1. Autonomia

O direito de ação é um direito autônomo, é dizer,

autonomia em relação ao direito material. A ação não depende

do direito material.

2.2. Abstrato

A ação não depende do direito material, nem do

resultado do processo, ela é exercida independentemente da

procedência ou improcedência do pedido. Independe do

resultado do processo.

2.3. Subjetivo

É um direito subjetivo porque o titular da ação pode

exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional.

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2.4. Público

A atividade jurisdicional que se pretende provocar é de

natureza pública.

3. Condições da ação

As condições da ação traduzem uma série de requisitos

legais para o exercício regular do direito de ação, enfim, são

requisitos para o exercício válido da ação, sob pena de

configurar a chamada carência de ação. Carência de ação é a

ausência de uma condição da ação.

Nesse rumo, cabe mencionar o entendimento do douto

Nestor Távora, que aduz sobre as condições da ação, “ipsis

litteris”:

“São requisitos necessários e condicionantes ao exercício regular do direito de ação”. 2

Sendo assim, as condições da ação, nada mais são, do

que requisitos condicionantes de validade da ação penal.

2 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 118.

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3.1. Modalidades

São quatro as condições da ação:

a) Possibilidade jurídica do pedido;

b) Legitimidade “ad causam”;

c) Interesse de agir;

d) Justa causa.

3.1.1. Possibilidade jurídica do pedido

Pedido juridicamente possível é aquele previsto em lei,

em outras palavras, no processo penal, para que pedir a

condenação do acusado, o fato deve ser típico (formal e

material). Por exemplo, é juridicamente impossível pedir a

condenação de alguém por crime de adultério, pois esse fato é

atípico no Brasil.

3.1.2. Legitimidade “ad causam”

A legitimidade “ad causam” traduz a pertinência

subjetiva da ação. No processo penal, o pólo ativo é do titular da

ação penal, ou seja, o Ministério Público na ação penal pública e

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o querelante na ação penal de iniciativa privada. De outro lado,

temos o réu, o acusado, o querelado, o suposto autor do delito,

figurando no pólo passivo.

3.1.3. Interesse de agir

O interesse de agir se subdivide em interesse-

necessidade, interesse-adequação e interesse-utilidade.

A ação deve ser necessária. A ação deve ser o meio

adequado. A ação deve obter um resultado útil.

3.1.3.1. Interesse-necessidade

O interesse-necessidade no processo penal é presumido.

Haja vista ser impossível a aplicação de uma sanção penal sem o

devido processo legal criminal.

3.1.3.2. Interesse-adequação

A ação deve ser o meio adequado. Por exemplo, não

cabe “habeas corpus” se não existe risco à liberdade de

locomoção. Por isso que se diz que não cabe HC quando a pena

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é de multa, que não cabe HC quando a ré for pessoa jurídica,

pois nesses casos não existe risco à liberdade de locomoção.

Assim, a impetração do “habeas” nesses casos se mostra

inadequado.

Nessa trilha, impende registrar os verbetes 693, 694 e

695, da súmula do Supremo Tribunal Federal, “verbis”:

Súm. 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. Súm. 694 do STF: “Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública”. Súm. 695 do STF: “Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade”.

Desse modo, temos que a ação deve ser instrumento

adequado na tutela de um interesse.

3.1.3.3. Interesse-utilidade

O provimento jurisdicional dever ser útil. No processo

penal essa utilidade se manifesta na possível aplicação de uma

sanção penal ao infrator. Se não for possível a aplicação de pena

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ao suposto criminoso, a deflagração do processo se mostra

inútil.

Questão interessante e controvertida na doutrina e na

jurisprudência atine à chamada prescrição virtual, antecipada,

em prognóse ou em perspectiva.

Em verdade, a prescrição virtual não é modalidade de

prescrição, mas de ausência de condição da ação,

especificamente na vertente falta de interesse-utilidade.

É o clássico exemplo do furtador primário e com bons

antecedentes: Imaginemos um crime de furto simples (art. 155,

“caput”, do CPP), e mais, que o agente é primário e com bons

antecedentes, e ainda, que o crime ocorreu dia 02/01/2002 e os

autos do inquérito policial chegam ao promotor no dia

02/01/2009, por fim, que o indiciado é menor de 21 anos

(prescrição pela metade). Nesse caso, em função da

primariedade do agente, o julgador, provavelmente, irá aplicar a

pena em seu mínimo legal de 01 ano. O membro do Ministério

Público ao analisar o caso, percebe, de plano, uma prescrição

retroativa, pois entre a data do fato e a do recebimento da

denúncia já transcorreram mais de 07 anos. Assim, em

perspectiva, o promotor pode requerer o arquivamento, sob o

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fundamento de que falta interesse-utilidade, enfim, vislumbra

uma carência da ação, porquanto ser o processo inútil.

Nessa toada, é mister colacionar o entendimento do

eminente Nestor Távora, que leciona sobre a prescrição virtual,

“ad litteram”:

“Poderíamos imaginar a hipótese do membro do Ministério Público deixar de promover a ação penal, requerendo o arquivamento, pautando sua fundamentação na inutilidade da demanda, pois, em face da possível pena que será aplicada na sentença final, provavelmente operar-se-á a prescrição retroativa. É fenômeno que tem ganhado força, inclusive no seio da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, e que tem a denominação de prescrição virtual, antecipada ou em perspectiva. Em trabalho específico sobre o tema, Igor Teles Fonseca de Macedo chancela que ‘a prescrição em perspectiva é o reconhecimento da carência de ação (falta de interesse-utilidade), por conta da constatação de que eventual pena que venha a ser aplicada, numa condenação hipotética, inevitavelmente será abarcada pela prescrição retroativa, tornando inútil a instauração da ação penal, ou, se for o caso, a continuação da ação já iniciada’”. 3

3 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 119.

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Por último, registre-se que os nossos tribunais superiores

(STF e STJ) não acatam a tese da prescrição virtual.

3.1.4. Justa causa

Posto que tenha divergência, prevalece o entendimento,

no processo penal, de que a justa causa é uma condição da ação.

A justa causa consiste em um lastro probatório mínimo

para o exercício da ação penal, são indícios de autoria e indícios

da materialidade.

Impende registrar que a ação penal pode ser iniciada sem

o exame de corpo de delito. A perícia dos vestígios do delito não

é condição necessária para o recebimento da denúncia ou

queixa, essa prova deve ser analisada, fundamentalmente, no

momento do julgamento. Todavia, no crime de tráfico e no

crime contra a propriedade imaterial que deixa vestígio, a

denúncia só será recebida se conter o laudo do exame de corpo

delito (condição de procedibilidade).

Posto isso, a justa causa é um lastro probatório mínimo

para o exercício da ação penal.

3.2. Carência da ação

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Conforme mencionado anteriormente, carência da ação

traduz a ausência de uma condição da ação. Se configurada a

carência da ação a denúncia ou a queixa deve ser rejeitada, nos

termos do inciso II do art. 395 do CPP, “verbis”:

“Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (...) II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal”. (Grifo nosso).

Aliás, há doutrina no sentido de que durante a fase

processual, se verificada ausente uma condição da ação, é

possível a extinção do processo sem julgamento do mérito,

consoante o disposto no art. 267 do Código de Processo Civil.

Condição da ação é matéria de ordem pública, e,

conforme doutrina tradicional, pode ser analisada a qualquer

tempo e em qualquer grau de jurisdição.

Contudo, modernamente, defende-se, na aferição da

condição da ação, a denominada teoria da asserção.

A teoria da asserção consiste em aferir, no início da ação,

se estão presentes as condições da ação, isto é, o magistrado, ao

receber a inicial, se questiona se estão presentes as condições da

ação, se naquele momento embrionário as condições da ação

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estão presentes, superada essa fase inicial, o que era condição da

ação vira matéria de mérito, devendo o julgador absolver ou

condenar o acusado e não extinguir o processo sem julgamento

do mérito.

Nessa trilha, vale mencionar o entendimento do douto

defensor público Nestor Távora, que assevera sobre a teoria da

asserção, “in verbis”:

“(...) as condições da ação devem ser aferidas de acordo com a narrativa constante na inicial acusatória. Apresentada a inicial ao magistrado, este analisaria a presença ou não das condições da ação de acordo com aquilo que foi narrado pelo autor da demanda. Constatando a ausência de uma ou algumas das condições da ação, deve rejeitar a inicial (art. 395, II e III, CPP). Contudo, concluindo que estão atendidas as condições da ação por esta análise prelibatória, meramente superficial, deve receber a inicial dando início ao processo. No transcorrer deste, aquilo que anteriormente tratamos como condição da ação deve ser reputado matéria de mérito, cabendo ao juiz absolver ou condenar o réu.”. 4

4 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 123.

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Posto isso, tem-se que as condições da ação devem ser

verificadas no início do processo (teoria da asserção), superada

essa fase, o juiz deve julgar o mérito.

4. Modalidades de ação penal

Classificação quanto ao titular da ação penal

(classificação subjetiva): Ação penal pública e ação penal

privada.

4.1. Ação penal pública

Consoante o disposto no art. 129, I, da CF/88 e do art.

257 do CPP, o titular privativo da ação penal pública é o

Ministério Público, seja ela incondicionada ou condicionada. A

ação penal pública é a pedra fundamental do sistema acusatório.

Nesse passo, indaga-se: Admite-se o processo

judicialiforme no Brasil? A resposta é negativa. O processo

judicialiforme era aquele no qual o próprio magistrado, ou até

mesmo o delegado, iniciava, deflagrava a ação penal de ofício,

sem provocação. O juiz ou delegado, diante de uma

contravenção penal podia “ex officio” iniciar a ação penal.

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Contudo, à luz de uma interpretação sistemática e

constitucional, art. 129, I, da CF/88, cabe, privativamente, ao

Ministério Público a promoção da ação penal, assim, o processo

judicialiforme (art. 26 do CPP) não foi recepcionado pela Carta

Maior.

4.1.1. Princípios da ação penal pública

4.1.1.1. Princípio da obrigatoriedade (ou compulsoriedade)

A mola-mestra dos princípios da ação penal pública é o

princípio da obrigatoriedade.

Dispõe o art. 24 do CPP, verbis:

“Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público (...)”.

Diante da ocorrência de um crime o membro do

Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. É dever

funcional do promotor. Ao “parquet” não é dado juízo de

conveniência e oportunidade. O oferecimento da denúncia é

dever do promotor.

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Contudo, nas infrações de menor potencial ofensivo,

previstas na lei dos juizados especiais (Lei 9.099/95), em

conformidade com o art. 76, o promotor ao invés do

oferecimento da denúncia pode ofertar a transação penal. Essa

exceção recebe a denominação de princípio da obrigatoriedade

mitigada ou discricionariedade regrada.

Desse modo, tem-se que o promotor é obrigado a

oferecer denúncia, se presentes os pressupostos legais.

4.1.1.2. Princípio da indisponibilidade

Diante da ocorrência de um crime o promotor deve

ajuizar a ação penal, e mais, deve denunciar e não pode desistir

da ação. O membro do Ministério Público não pode desistir da

ação, esse é o chamado princípio da indisponibilidade. O

“parquet” não pode dispor da ação penal. Com efeito, tal

princípio gera reflexos na etapa recursal, pois o promotor não

pode desistir da ação penal e não pode desistir do recurso

interposto. O promotor não é obrigado a recorrer, mas se

recorrer não pode desistir do recurso. Desse modo, não só o

titular da ação penal não pode desistir da ação ajuizada, mas

também não pode desistir do recurso interposto.

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Da mesma forma que o princípio da obrigatoriedade

encontra exceção na transação penal, o princípio da

indisponibilidade também encontra exceção na lei dos juizados

especiais, porém no instituto da suspensão condicional do

processo (art. 89 da Lei 9.099/95).

O promotor, nas infrações de menor potencial ofensivo,

cuja pena mínima seja igual ou inferior a 01 ano, pode ofertar a

suspensão condicional do processo, o que de certa forma veio a

mitigar o princípio da indisponibilidade. O titular da ação penal

não pode desistir da ação penal, mas, se o crime for do JECRIM

e com pena mínima de até 01 ano, pode ofertar a suspensão

condicional do processo.

Frise-se que a pena mínima deve ser igual ou inferior a

01 ano para comportar a suspensão condicional do processo.

Isso posto, tem-se que o promotor não pode desistir da

ação penal intentada.

4.1.1.3. Princípio da indivisibilidade

O promotor, diante de um crime, deve denunciar todos

os envolvidos no delito, ou seja, não pode escolher quem vai

denunciar. Por exemplo, o promotor não pode deixar para aditar

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futuramente. Se A, B e C, praticam o crime de furto, A, B e C,

devem estar incluídos na denúncia.

O princípio da indivisibilidade é majoritário na doutrina,

contudo, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de

Justiça se filiam ao entendimento de que o princípio aplicável à

ação penal pública é o da divisibilidade. Com efeito, o promotor

pode fracionar e aditar, posteriormente, para incluir novos

coautores.

Nessa toada, cabe citar o eminente doutrinador e

professor Nestor Távora, que ensina, sobre o princípio da

indivisibilidade, “ipsis litteris”:

“A ação penal deve estender-se a todos aqueles que praticaram a infração criminal. Assim, o parquet tem o dever de ofertar a denúncia em face de todos os envolvidos. Neste sentido, a doutrina majoritária, nos ensinamentos de José Antônio Paganella Boschi, Luiz Flávio Gomes, Tourinho Filho, dentre outros. Há, entretanto, posição contrária a aqui esboçada, filiando-se ao princípio da divisibilidade, ao argumento de que, optando o Ministério Publico por angariar maiores elementos para posteriormente processar os demais envolvidos, o processo poderá ser desmembrado, utilizando-se o promotor do aditamento da denúncia para posteriormente

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lançá-los aos autos. Neste sentido, o magistério de Mirabete (...)”. 5

Em face de tudo quanto foi exposto, entende-se que o

princípio da indivisibilidade é aceito pela doutrina, mas na

jurisprudência dos nossos tribunais superiores (STF e STJ) o

que prevalece é o oposto: Princípio da divisibilidade da ação

penal pública.

4.1.1.4. Princípio da intranscendência (ou pessoalidade)

Os efeitos da ação penal não podem atingir terceiros,

apenas a pessoa do réu.

4.1.1.5. Princípio da oficialidade

O Ministério Público é um órgão oficial do Estado.

4.1.1.6. Princípio da autoritariedade

5 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 125.

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O promotor, enfim, os membros do Ministério Público

são autoridades públicas.

4.1.1.7. Princípio da oficiosidade

A ação penal pública incondicionada é promovida de

ofício pelo membro do Ministério Público. O promotor não

depende de ninguém para oferecer denúncia.

4.2. Ação penal pública incondicionada

A ação penal pública incondicionada é aquela na qual o

titular da ação penal (Ministério Público) não depende de

ninguém para oferecer a denúncia, enfim, não depende da

aquiescência de terceiros, nem da vítima, age por vontade

própria.

4.3. Ação penal pública condicionada

Inversamente, a ação penal pública condicionada é

aquela na qual o titular da ação penal depende da aquiescência

de terceiros para deflagrar a denúncia.

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27

4.3.1. Representação da vítima ou de seu representante legal

Nos crimes de ação penal pública condicionada à

representação, o titular privativo da ação penal é o Ministério

Público, mas a ação penal só pode ajuizada se a vítima ou seu

representante legal pedir e autorizar, assim, a representação é, ao

mesmo tempo, um pedido e uma autorização para o

oferecimento da denúncia.

4.3.1.1. Natureza jurídica da representação

A natureza jurídica da representação é de condição da

ação. É uma condição de procedibilidade, ou seja, uma condição

da ação especial.

Nesse passo, indaga-se: Posso instaurar inquérito policial

sem a representação da vítima? Posso ajuizar a ação penal sem a

representação da vítima? Posso lavrar um auto de prisão em

flagrante (APF) sem a representação da vítima? Por exemplo,

um crime de lesão corporal leve (ação penal pública

condicionada), se a vítima não representar: Posso prender o

infrator? A resposta é não! O delegado não pode instaurar o

inquérito sem a representação da vítima. O promotor não pode

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oferecer denúncia sem a representação da vítima. A autoridade

policial não pode lavrar o APF sem a representação da vítima.

Porém, é possível a captura e condução, visando à cessação da

conduta.

Desse modo, temos que a natureza jurídica da

representação, nos crimes de ação penal pública condicionada, é

de condição de procedibilidade, uma especial condição da ação.

4.3.1.2. Destinatários

A representação pode ser ofertada ao delegado, ao

promotor ou ao próprio magistrado.

4.3.1.3. Legitimidade ativa

Em regra, é a vítima quem representa, mas, se o ofendido

for menor ou incapaz, cabe ao representante legal fazer a

representação.

Registre-se que, a vítima emancipada civilmente não está

apta para representar nos crimes de ação penal pública

condicionada. A emancipação civil não surte efeitos na esfera

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processual penal. Nesse caso (emancipação) a representação é

feito por um curador especial.

De outro lado, se a vítima falecer, o direito de

representar é transferido aos seus sucessores, trata-se de

sucessão processual. Existe um rol taxativo e preferencial no

que tange a sucessão processual: Se o ofendido morrer, o

primeiro legitimado é o seu cônjuge, na impossibilidade deste, o

segundo legitimado é o seu ascendente, depois descendente, e

por fim, o irmão (CCADI). Questão interessante versa sobre o

companheiro e a companheira, pois diante de uma união estável,

essas figuras estão autorizadas a representar, consoante o

entendimento majoritário e à luz de uma interpretação

constitucional sobre o tema.

Por fim, a pessoa jurídica se faz presente na pessoa

designada em seu estatuto social, e na omissão deste, através de

seus diretores ou de seus sócios administradores.

4.3.1.4. Prazo

A representação tem prazo decadencial de 06 meses.

Assim, a vítima deve fazer a representação dentro desse período,

sob pena de perder o direito de representar.

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A natureza desse prazo é decadencial, por isso ele não se

suspende, não se interrompe e não se prorroga.

O marco inicial na contagem do prazo para representar é

o do momento da ciência da autoria do delito, a partir do

instante em que a vítima souber quem é o criminoso conta-se o

prazo de 06 meses. Ciência da autoria. Além disso, vale destacar

que esse prazo é contado nos termos do art. 10 do CP, é dizer,

inclui o dia do início e exclui o dia do final.

Para fins de fixação da matéria segue um exemplo da

contagem do prazo: Se o crime ocorreu no dia 10/03/2010, e

nesse momento a vítima sabe quem é o autor do delito, o prazo

para oferecer a representação vai até o dia 09/09/2010, pois, na

contagem, inclui o dia do início e exclui o dia do final. Cuidado

para não pensar que o dia do fim é o dia 10/09/2010!

Por último, merece registro que contra o menor de idade

não existe esse prazo decadencial de 06 meses, para ele o prazo

só começa a correr no dia em completar 18 anos, ou seja, no dia

em se tornar maior de idade, portanto, capaz civilmente, aí sim,

conta-se os 06 meses para representar. Essa observação ganha

destaque no caso do representante legal, que diante da

ocorrência de um delito, por exemplo, estupro de menor de 18

anos, não representa o criminoso, desse modo, completando a

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maioridade a vítima poderá representar. Antes disso é possível a

nomeação de um curador especial para o ato.

Isso posto, tem-se que a representação tem prazo

decadencial de 06 meses que não se suspende, não se interrompe

nem se prorroga.

4.3.1.5. Retratação da representação

Cabe retratação da representação. A vítima pode desistir

de representar. Mas o marco para a retratação é até o

OFERECIMENTO da denúncia. Não confundir oferecimento

com recebimento da denúncia, o primeiro é ato do promotor, o

segundo, do juiz.

Questão interessantíssima versa sobre a denominada

retratação da retratação da representação, ou seja, a vítima

representa e retrata, depois retrata a retratação e representa

novamente.

Prevalece na doutrina e na jurisprudência a possibilidade

da retratação da retratação da representação, desde que feita

dentro do prazo decadencial. Esse é posicionamento majoritário.

Porém, na lição do ilustre doutrinador Fernando da Costa

Tourinho Filho, a retratação da representação gera a renúncia,

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logo, não cabe retratação da retração da representação, segundo

o autor.

Nessa senda, cabe transcrever as palavras do eminente

professor Nestor Távora, que ensina sobre a retratação da

representação, “verbis”:

“Para a doutrina majoritária, a vítima pode retratar-se e reapresentar a representação quantas vezes entender conveniente. Tal significa que pode retratar-se da representação e, em se arrependendo, reapresentá-la, respeitando apenas o marco do oferecimento da denúncia e o prazo decadencial dos seis meses, pois, uma vez oferecida a peça acusatória, a representação passa a ser irretratável. Assim, num pequeno jogo de palavras, com a vênia do leitor, concluímos que cabe retratação da retratação da representação, ou seja, a vítima que representa e se retrata, pode novamente representar. Em posição francamente minoritária, encontra-se Tourinho Filho, entendendo que a retratação da representação implicaria em renúncia ao direito de representar (...)”. 6

Por derradeiro, merece registro a Lei 11.340/06, que

disciplina a matéria em tom de excepcionalidade, vejamos: É

possível a retração da representação na Lei Maria da Penha,

6 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 130.

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crimes de violência doméstica e familiar, no entanto em

audiência específica para isso e até o recebimento da denúncia

(não é o oferecimento).

Sendo assim, conclui-se que é possível a retratação da

representação até o oferecimento da denúncia, salvo, nos crimes

de violência doméstica e familiar, até o recebimento da denúncia

em audiência específica.

4.3.1.6. Ausência de rigor formal

É errado dizer que a representação não tem forma. Em

verdade, a representação tem forma, mas forma livre. A

representação pode ser oral ou escrita, ou, até mesmo, por meio

de gestos. O que importar para fins de representação é a vontade

clara e inequívoca de que a vítima deseja representar.

4.3.1.7. Eficácia objetiva

Se a vítima representa dois criminosos e deixa de lado

um terceiro coautor ou partícipe o promotor pode denunciar

todos os envolvidos no delito? A resposta dessa questão passa

pela denominada eficácia objetiva.

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A eficácia objetiva consiste no reconhecimento de que a

representação é uma autorização para a persecução dos fatos,

mas o aspecto subjetivo, de autoria, é o Ministério Público quem

irá apurar, independentemente de quem conste como coautores

do delito na representação.

O ilustre doutrinador Luiz Flávio Gomes defende que se

a vítima não representa contra todos, sabendo quem são os

infratores, isso implica em reconhecimento de renúncia ao

direito. Posição minoritária.

Desse modo, conclui-se que o promotor pode denunciar

todos os envolvidos em um delito, independentemente de quem

conste na representação da vítima.

4.3.1.8. Não-vinculação

O promotor não está vinculado ao entendimento da

vítima, isto é, o “parquet” pode discordar da capitulação feita na

representação ou até mesmo requerer o arquivamento dela. A

representação é um pedido.

Se a vítima representa por um crime de furto, mas o

promotor entende que é um roubo, ele pode denunciar pelo

crime mais grave, pois não há vinculação do Ministério Público,

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assim, o “parquet’ pode fazer o enquadramento legal que julgar

o correto, em homenagem ao princípio da independência

funcional.

4.3.2. Requisição do Ministro da Justiça

Além do crime de ação penal pública condicionado à

representação, existe o delito condicionado à requisição do

Ministro da Justiça. Situações muito semelhantes.

A principal diferença está finalidade política da

requisição pelo Ministro da Justiça. Por exemplo, nos crimes

contra a honra do Presidente da República, cabe ao Ministro da

Justiça fazer a requisição.

A requisição é um pedido, e ao mesmo tempo, uma

autorização para perseguir o crime, da mesma forma que a

representação, condiciona o início do processo.

4.3.2.1. Natureza jurídica da requisição

A natureza jurídica da requisição é de condição de

procedibilidade. É uma condição da ação especial.

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36

4.3.2.2. Destinatário

O destinatário da requisição é o Procurador-Geral. No

âmbito estadual o Procurador-Geral de Justiça, e no federal, o

Procurador-Geral da República.

4.3.2.3. Legitimidade ativa

Somente o Ministro da Justiça.

4.3.2.4. Prazo

Em verdade, não há prazo decadencial de 06 meses. O

Ministro da Justiça pode oferecer a requisição a qualquer tempo,

desde que o crime não esteja prescrito. Assim, em que pese não

haver prazo para a requisição, o Ministro da Justiça deve

respeitar os prazos prescricionais previstos no art. 109 do CP.

4.3.2.5. Retratação da requisição

A lei é omissa nesse assunto. Por isso, principalmente, o

ilustre e eminente doutrinador Fernando da Costa Tourinho

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Filho diz não ser possível a retração da requisição. Posição

minoritária, mas é a cobrada em concurso.

De outro lado, ampla maioria, defende ser possível a

retratação da requisição, em analogia à retratação da

representação.

Nesse caminho, vale destacar o pensamento do douto

Nestor Távora, que aduz sobre a retratação da requisição,

“verbis”:

“(...) a doutrina está longe de pacificar o tema, havendo forte posição no sentido da admissibilidade de retratação da requisição até oferecimento da denúncia, em analogia à representação.”. 7

O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de

Justiça ainda não examinaram a possibilidade ou não de

retratação da requisição. Portanto, só há posicionamento na

doutrina.

Desse modo, pode-se dizer que a doutrina é divergente

no que tange à retratação da requisição, uns admitem, outros

não. 7TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 132.

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4.3.2.6. Eficácia objetiva

A requisição versa sobre fato, o aspecto subjetivo quem

define é o promotor. Assim, se o Ministro da Justiça faz a

requisição, mas deixa de lado algum infrator, o membro do

Ministério Público pode e deve incluí-lo na denúncia. É a

mesma eficácia objetiva da representação.

4.3.2.7. Não-vinculação

Item idêntico à representação. O promotor não está

vinculado à capitulação dada ao crime, nem sobre a tipicidade

ou não do delito. A requisição é um pedido.

O promotor pode denunciar por crime diverso, por

exemplo, de furto para roubo, ou, até mesmo, requerer o

arquivamento da requisição.

4.3.3. Crimes sexuais (Lei 12.015/2009)

A Lei 12.015 de 2009 alterou profundamente a

sistemática processual das ações penais nos crimes contra a

dignidade sexual, antes da referida lei, os crimes sexuais, em

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regra, eram de ação penal de iniciativa privada (o que não existe

mais!).

Hodiernamente, a ação penal, nos crimes contra a

dignidade sexual, é pública condicionada à representação da

vítima.

Contudo, encontra-se duas exceções no ordenamento,

nas quais a ação penal será pública incondicionada:

a) Vítima menor de 18 anos;

b) E os vulneráveis (vítima menor de 14 anos, ou

deficiente mental ou pessoas que não possam resistir

ao ato, a exemplo de alguém desmaiado ou em coma

alcoólico).

Assim, a regra é ação penal pública condicionada, com

as exceções acima mencionadas (incondicionadas).

Por fim, destaca-se que a súmula 608 do Supremo

Tribunal Federal está sem eficácia, uma vez que o crime de

estupro praticado com violência real se enquadra na regra geral,

ou seja, o estupro violento (leve, grave ou morte) é de ação

penal pública condicionada.

4.4. Ação penal de iniciativa privada

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4.4.1. Conceito

A ação penal privada é aquele titularizada pela própria

vítima ou por seu representante legal.

Frise-se que o ofendido, nesse caso, atua em nome

próprio, mas na defesa de direito alheio (o direito de punir

estatal), assim, a vítima atua como substituto processual.

Por fim, merece registro que a tendência no Direito

Processual Penal Contemporâneo, no que tange a ação penal

privada, é a sua eliminação, sob o fundamento de que a vítima

não tem o equilíbrio necessário para ajuizar uma ação penal. Os

crimes de ação penal privada passarão a ser de ação penal

pública condicionada, a exemplo do que ocorreu com a Lei

12.015 de 2009, os crimes sexuais deixaram de ser de ação

penal privada para ser de ação penal condicionada.

4.4.2. Princípios

4.4.2.1. Princípio da oportunidade ou conveniência

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A vítima deflagra a ação penal privada se quiser. Dentro

de critérios de conveniência e oportunidade, o ofendido escolhe

entre deflagar ou não a ação penal.

Dois institutos processuais penais estão intimamente

relacionados com o princípio da oportunidade da ação penal

privada: Decadência e a renúncia. Vejamos.

A decadência traduz a perda de um direito, e no caso da

ação penal privada, é a perda do direito de deflagar a ação em

virtude do decurso do tempo. O prazo para o ajuizamento da

ação privada é de 06 meses, contados do conhecimento da

autoria. Esse prazo decadencial de 06 meses não se suspende,

não se interrompe nem se prorroga.

A decadência gera a extinção da punibilidade, à luz do

art. 107 do CP. Frise-se que, a extinção da punibilidade é

matéria de mérito, ou seja, produz coisa julgada material.

Nesse passo, cabe citar o douto Nestor Távora, que

assevera sobre o instituto da decadência, “ipsis litteris”:

“A decadência: pela omissão da vítima em propor a ação privada, quedando-se inerte no transcurso do prazo de seis meses de que dispõe para exercer o seu direito, contados como regra do conhecimento da autoria da infração (art. 38, CPP, c/c o art. 107, IV, CP). Vale destacar,

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sempre por oportuno, que sendo o referido prazo de natureza decadencial, não se prorroga, não se suspende nem se interrompe, contando-se na forma do art. 10 do CP, incluindo-se o primeiro dia e excluindo-se o do vencimento. Portanto, a vítima tem prazo para exercer a ação privada. Se não o fizer, decai do direito, ocasionando a extinção da punibilidade.”. 8

De outro lado, a renúncia traduz a manifestação de

vontade do ofendido no sentido de não querer processar o

deliquente, ela pode ser expressa ou tácita. Por exemplo, há

renúncia tácita quando a vítima convida o criminoso para ser seu

padrinho de casamento.

Da mesma forma que a decadência, a renúncia gera a

extinção da punibilidade, por isso, a renúncia é irretratável.

Operada a extinção da punibilidade não é possível uma eventual

retratação.

Nesse rumo, cabe transcrever a lição do nobre defensor

Nestor Távora, que aduz sobre o instituto da renúncia, “ad

litteram”:

8 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 133.

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“Renúncia: opera-se pela prática de ato incompatível com a vontade de ver processado o infrator, ou através de declaração expressa da vítima neste sentido. Já que a vítima é movida pelo princípio da oportunidade, é possível que ela revele o desejo de não exercer a ação, seja de forma expressa, declarando que não o fará, seja de forma tácita, praticando ato incompatível com a vontade de dar início a ação penal.”. 9

Posto isso, conclui-se que a ação penal de iniciativa

privada é permeada pelo princípio da oportunidade, ou seja, a

vítima oferece a queixa-crime se quiser, além disso, a

decadência e a renúncia são institutos intimamente ligados a

esse princípio.

4.4.2.2. Princípio da disponibilidade

A vítima pode desistir da ação penal privada. Depois de

ajuizada a queixa-crime, o ofendido pode desistir da ação. Note-

se que, ao contrário do princípio da oportunidade, o princípio da

disponibilidade é aplicado na fase processual, depois de

deflagrada a ação penal.

9 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 134.

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Dois institutos processuais penais estão intimamente

relacionados com o princípio da disponibilidade da ação penal

privada: Perdão e perempção. Vejamos.

O perdão é a manifestação de vontade da vítima no

sentido de não querer mais processar o querelado. Ele pode ser

expresso ou tácito (conduta incompatível com a vontade de

processar).

Aliás, registre-se que o perdão é ato bilateral, em outras

palavras, o querelado, para que o perdão produza efeitos, deve

aceitá-lo. A aceitação também pode ser expressa ou tácita. A seu

turno, a aceitação tácita ocorre, por exemplo, quando há perdão

declarado nos autos e o juiz concede o prazo de três dias para o

querelado se manifestar, permanecendo calado este, sem se

manifestar, tem-se como aceito o perdão.

Nessa toada, impende colacionar o pensamento do

ínclito Nestor Távora, que preleciona sobre o perdão da vítima,

“verbis”:

“Perdão da vítima: é uma espécie de benevolência. Qualquer motivo pode levar a vítima a não mais desejar prosseguir com a ação, perdoando o réu. O perdão tem por consequência a extinção da punibilidade (art. 107, V, CP), contudo precisa ser aceito pelo imputado, senão

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não operará efeitos. Uma vez oferecido o perdão mediante declaração nos autos, o demandado será intimado para dizer se concorda, dentro de três dias. Se nada disser, o silencio implica em acatamento.”. 10

De outra banda, temos a perempção. A perempção é uma

sanção processual, em virtude do descaso processual da vítima.

Mais importante do que conhecer as hipóteses de

perempção é entender a ideia do instituto. Na perempção, em

geral, o querelante atua com descaso, com desleixo, com

desídia, enfim, não é cuidadoso na condução da ação penal

privada, o que gera a extinção da punibilidade.

Nessa senda, cabe destacar as palavras do eminente

professor Nestor Távora, que ensina sobre a perempção, “in

verbis”:

“Perempção: esta revela a desídia do querelante que já exerceu o direito de ação, sendo uma sanção processual ocasionada pela inércia na condução da ação privada, desaguando na extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP).”. 11

10TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 135. 11 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 135.

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O art. 60 do CPP prevê as hipóteses mais conhecidas de

perempção, porém esse rol não é taxativo. Dispõe o art. 60 do

CPP, “verbis”:

Art. 60 - Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no Art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

Isso posto, concluí-se que a vítima pode desistir da ação

penal privada, princípio da disponibilidade, além disso, que o

perdão e a perempção são institutos interligados a esse princípio.

4.4.2.3. Princípio da indivisibilidade

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Na ação penal de iniciativa privada aplica-se o princípio

da indivisibilidade, isto é, a vítima deve ajuizar a queixa-crime

em face de todos os envolvidos no delito. O ofendido não pode

escolher quem vai processar.

Contudo, o fiscal da aplicação desse princípio é o

Ministério Público.

Nessa batida, cabe citar o preclaro doutrinador Nestor

Távora, que assevera sobre o princípio da indivisibilidade da

ação penal privada, “verbis”:

“Da indivisibilidade: o art. 48 do CPP reconhece de forma expressa o princípio da indivisibilidade da ação penal privada, devendo o particular, ao optar pelo processamento dos autores da infração, fazê-lo em detrimento de todos os envolvidos. É dizer, ou processa todos, ou não processa ninguém, cabendo ao Ministério Público velar pela indivisibilidade da ação penal privada, afinal, atua como custos legis.”. 12

Diante da omissão voluntária da vítima, no que atine ao

pólo passivo da relação processual criminal, ou seja, se o

ofendido deixar, voluntariamente, de processar um dos

12 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 137.

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coautores, operar-se-á a renúncia em favor de todos (princípio

da estensividade). O mesmo se diga no caso de perdão. É nesse

sentido que deve versar o parecer do promotor.

Se a omissão for involuntária, cabe a vítima aditar a

queixa para incluir novos querelados, mas o promotor também

pode aditá-la com essa finalidade. Essa é a posição prevalente

na doutrina e na jurisprudência.

Desse modo, pode-se dizer que a vítima não pode

escolher quem vai processar, ou processa todos, ou não processa

ninguém.

4.4.2.4. Princípio da intranscendência

Os efeitos da queixa-crime só atingem o querelado. A

ação penal não pode prejudicar terceiros.

4.4.3. Modalidades de ação penal privada

São três os tipos de ação penal privada: Ação penal

privada exclusiva ou propriamente dita, ação penal privada

personalíssima e a ação penal privada subsidiária da pública.

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4.4.3.1. Ação penal privada exclusiva ou propriamente dita

A ação penal privada exclusiva pode ser titularizada pela

vítima ou pelo seu representante legal, e mais, a nota

característica desse tipo de ação é a possibilidade de sucessão

processual no caso de morte ou ausência da vítima.

Se a vítima morre ou é declarada ausente abre-se a

sucessão processual, em ordem preferencial e taxativa. O

primeiro legitimado é o seu cônjuge (companheira), na

impossibilidade deste, o seu ascendente, depois o descendente, e

por fim, o irmão.

4.4.3.2. Ação penal privada personalíssima

Ao contrário do que ocorre na ação penal privada

exclusiva, a personalíssima não admite sucessão processual,

assim, somente a vítima pode exercer o direito de queixa-crime.

Existe apenas um único caso no ordenamento jurídico

brasileiro da ação penal privada personalíssima, consoante o

disposto no art. 236 do CP, crime de induzimento a erro

essencial e ocultação de impedimento ao casamento. Afora esse

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caso, tal modalidade de ação penal privada não tem relevo

algum.

A vítima tem prazo decadencial de 06 meses para ofertar

a queixa, mas a contagem é peculiar, não são 06 meses contados

da ciência de autoria, conta-se 06 meses a partir do trânsito em

julgado da sentença anulatória do casamento na esfera cível.

4.4.3.3. Ação penal privada subsidiária da pública

Essa ação está prevista no rol de direitos e garantias

fundamentais do art. 5º da CF/88, portanto, é uma cláusula

pétrea.

O cabimento da ação penal privada subsidiária da

pública ocorre quando o Ministério Público é inerte, ou seja, se

o promotor não oferece denúncia (ou não toma outra

providência), a vítima pode ajuizar a queixa-crime substitutiva.

Aliás, vale registrar que, se a vítima for a coletividade, como no

crime de tráfico ou no crime contra o meio ambiente, não cabe

ação subsidiária.

Assim, o promotor deve, depois de receber os autos do

inquérito policial: oferecer denúncia, requisitar diligências,

requerer o arquivamento ou declinar do feito. Se o “parquet”

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51

não toma nenhuma dessas atitudes, o ofendido pode oferecer a

queixa substitutiva.

Frise-se que, só caberá a ação subsidiária se o promotor

não agir (inércia total). Por exemplo, se o membro do Ministério

Público pedir o arquivamento, a vítima não pode fazer nada.

O promotor, diante de uma queixa-crime substitutiva,

não é mero expectador dos fatos, ele é protagonista, ao lado da

vítima.

Oferecida a queixa-crime substitutiva pela vítima, o juiz,

antes de receber a inicial, deve abrir vista ao promotor, no prazo

de 03 dias. O Ministério Público atua como interveniente

adesivo obrigatório ou assistente litisconsorcial, sob pena de

nulidade do processo.

O promotor tem amplos poderes nesses casos. A lei

privilegia a atuação do Ministério Público. Desse modo, diante

da queixa substitutiva, o “parquet” poderá:

a) propor provas.

b) apresentar recurso.

c) aditar a queixa-crime. Inclusive para lançar novos

réus.

d) retomar a ação penal. Se a vítima não der

continuidade no processo o promotor pode retomar a titularidade

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da ação penal. Por isso, fundamentalmente, na ação penal

privada subsidiária da pública não existe perdão ou perempção.

Os princípios aplicáveis são da ação pública, principalmente, o

princípio da indisponibilidade da ação penal. Vacilando a

vítima, o promotor retoma a titularidade da ação penal.

e) repudiar a queixa. Aqui é preciso um cuidado especial,

porque está como última alternativa, mas em verdade é uma

prerrogativa do promotor quando ele entender que não foi

desidioso ou que a queixa-crime é inepta. O repúdio pelo

promotor, e, por conseguinte, o oferecimento da denúncia é

denominada de denúncia substitutiva.

Nessa pegada, vale registrar o ensinamento do douto

Nestor Távora, que assevera sobre a atuação do promotor na

ação penal privada subsidiária, “verbis”:

“Atuação do Ministério Público: o Parquet, na ação penal privada subsidiária, figura com interveniente adesivo obrigatório, atuando em todos os termos do processo, sob pena de nulidade (art. 564, III, “d”, CPP), tendo amplos poderes. Caberá ao MP dentre outras atribuições (art. 29, CPP): - aditar a queixa, até mesmo para lançar co-réu, afinal, em última análise, trata-se de crime de ação pública; - repudiar a queixa-crime apresentada, se entender que não foi desidioso, oferecendo em

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53

substituição denúncia (denúncia substitutiva). Quando a vítima ingressa com a ação penal privada subsidiária, a petição inicial é a queixa-crime substitutiva da denúncia que não foi apresentada. Por sua vez, quando o MP repudia a queixa, por entender que não houve omissão, a denúncia é substitutiva da queixa repudiada. Entendemos que o MP tem que fundamentar o repúdio, cabendo ao magistrado, concluindo que houve arbítrio do promotor e que a desídia existia, rejeitar o repúdio e a denúncia substitutiva, acatando a queixa-crime; - fornecer elementos de prova; - interpor recurso; - a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. A ação privada subsidiária é indisponível. Se o querelante sinalizar com o perdão ou for desidioso, tentando com isso ocasionar a perempção, será afastado, assumindo o MP dali por diante como parte principal. Restará ao querelante afastado habilitar-se como assistente de acusação.”. 13

No que atine ao prazo para o ajuizamento da queixa-

crime substitutiva, ele é contado a partir do momento em que se

esgota o prazo para o Ministério Público oferecer denúncia, com

efeito, depois do 5º dia, se o réu estiver preso, ou, depois do 15º

dia, se o réu estiver solto. 6º dia e 16º dia, respectivamente.

13 TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar A. R. C. Curso de Direito Processual Penal. 2 ed. Salvador: Juspodivm. 2009. p. 139.

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54

Por fim, destaca-se que a perda do prazo para o

oferecimento da denúncia não gera sanção pecuniária, à luz do

princípio da irredutibilidade de vencimentos.

5. Questões especiais

5.1. Ação penal pública subsidiária da pública

Era a possibilidade do Procurador-Geral da República

oferecer denúncia diante da omissão do Procurador-Geral de

Justiça, nos crimes de responsabilidade dos prefeitos, consoante

o disposto no Decreto-lei 201/67.

Tal instituto não foi recepcionado pela Constituição

Federal, uma vez que não existe hierarquia entre o Ministério

Pública Federal e o Ministério Público Estadual.

A saída, nesse caso, inércia do Procurador-Geral de

Justiça, é o ajuizamento de uma ação penal privada subsidiária

da pública e a provocação administrativa ao colégio de

procuradores para apurar a conduta do Procurador-Geral.

5.2. Ação penal secundária

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É a possibilidade de um mesmo delito ser perseguido por

ação penal pública ou ação penal privada, a depender das

circunstâncias legais de cada caso.

Isso era o que acontecia com os crimes sexuais, que em

regra, eram de ação penal privada, mas de forma excepcional,

dependendo das circunstâncias eram de ação penal pública.

Frise-se que, atualmente, os crimes sexuais são de ação penal

pública somente, não existe crime sexual de ação privada.

O melhor exemplo de ação penal secundária ocorre nos

crimes contra a honra, que em regra (primariamente), são de

ação penal privada, no entanto nos crimes contra a honra de

servidor público em razão de suas funções, secundariamente,

são de ação penal pública condicionada à representação da

vítima.

5.3. Ação penal adesiva

É a possibilidade de litisconsórcio ativo facultativo entre

o Ministério Público e o querelante quando houver conexão

entre um crime de ação penal pública e um crime de ação penal

privada. O querelante adere à ação penal do promotor, por isso,

a ação penal adesiva.

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5.4. Legitimidade concorrente (concurso de ações)

Enuncia o verbete 714 da súmula do Supremo Tribunal

Federal, “verbis”:

Súm. 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.”

Desse modo, pode-se afirmar que o funcionário público

vitimado em sua honra, em razão de suas funções, tem a

possibilidade de escolher entre ajuizar uma queixa-crime ou

oferecer uma representação. Assim, conclui-se que a

legitimidade é concorrente entre o funcionário público e o

Ministério Público.

5.5. Ação de prevenção penal

A ação de prevenção penal, nada mais é, do que a ação

ajuizada com o objetivo de aplicar uma medida de segurança ao

inimputável.

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57

Quadro sinóptico

AÇÃO PENAL

1. Conceito – a ação penal é um direito público subjetivo de pedir ao Estado-

Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto.

2. Características – autonomia, abstrato, subjetivo e público.

3. Condições da ação – são requisitos legais para o exercício regular do

direito de ação.

3.1. Modalidades – possibilidade jurídica do pedido, legitimidade “ad

causam”, interesse de agir e justa causa.

3.1.1. Possibilidade jurídico do pedido – o pedido deve, ao menos em tese,

ser admitido em nossa legislação, enfim, o pedido deve ser típico (formal e

material).

3.1.2. Legitimidade “ad causam” – traduz a pertinência subjetiva da ação.

Autor e réu. MP/querelante e acusado/querelado.

3.1.3. Interesse de agir – interesse-necessidade, interesse-adequação e

interesse-utilidade. A ação deve ser necessária. A ação deve ser o meio

adequado. A ação deve obter um resultado útil. Obs: STF e STJ não acatam a

tese da prescrição virtual.

3.1.4. Justa causa – traduz o lastro probatório mínimo para deflagração da

ação penal.

3.2. Carência da ação – traduz a ausência de uma condição da ação. Art.

395, II e III, do CPP, a carência da ação gera a rejeição de denúncia ou

queixa. Durante a fase processual, a carência da ação pode gerar a extinção

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do processo sem julgamento do mérito, consoante o disposto no art. 267 do

CPC. Obs: não esquecer a teoria da asserção!

4. Modalidades de ação penal – classificação quanto ao titular da ação

penal.

4.1. Ação penal pública – é a pedra fundamental do sistema acusatório: Art.

129, I, da CF/88 c.c. o art. 257 do CPP, a titularidade da ação penal pública

(incondicionada ou condicionada) é do Ministério Público. Por conseguinte,

não existe processo judicialiforme no Brasil (art. 26 do CPP não foi

recepcionado pela CF/88).

4.1.1. Princípios da ação penal pública –

4.1.1.1. Princípio da obrigatoriedade (ou compulsoriedade) – mola-

mestra. Presentes os pressupostos legais o promotor é obrigado a oferecer

denúncia. Exceção: transação penal; infração penal de menor potencial

ofensivo comporta transação penal, no que se chama de princípio da

obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade regrada.

4.1.1.2. Princípio da indisponibilidade – o promotor não só não pode

desistir da ação penal, mas também não pode desistir do recurso interposto.

Exceção: suspensão condicional do processo; infração penal de menor

potencial ofensivo, cuja pena mínima cominada seja igual ou inferior a 01

ano, comporta transação penal.

4.1.1.3. Princípio da indivisibilidade – o promotor deve denunciar todos os

envolvidos no delito, não pode, futuramente, aditar a denúncia para incluir

coréu. Prevalece na doutrina a indivisibilidade, mas no STF e no STJ a

divisibilidade.

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4.1.1.4. Princípio da intranscendência (ou pessoalidade) – os efeitos da

ação penal não pode ultrapassar a pessoa do réu.

4.1.1.5. Princípio da oficialidade – o Ministério Público é órgão oficial do

Estado.

4.1.1.6. Princípio da autoritariedade – o promotor é uma autoridade

pública.

4.1.1.7. Princípio da oficiosidade – a ação penal pública incondicionada é

promovida de ofício pelo promotor.

4.2. Ação penal pública incondicionada – o titular da ação penal

(Ministério Público) não depende de ninguém para oferecer a denúncia.

4.3. Ação penal pública condicionada – inversamente, o titular da ação

penal (Ministério Público) depende da vontade de terceiros para oferecer a

denúncia, em especial, da vítima.

4.3.1. Representação da vítima ou de seu representante legal – nos crimes

de ação penal pública condicionada à representação, a ação não é iniciada

sem a manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal (se a

vítima for menor ou incapaz). A representação é um pedido e uma

autorização.

4.3.1.1. Natureza jurídica da representação – a representação é uma

condição da ação especial, uma condição de procedibilidade. O promotor não

pode oferecer denúncia sem a representação. O delegado não pode prender

em flagrante ou instaurar o inquérito sem a representação. Contudo, a captura

e a condução são possíveis para fazer cessar a conduta.

4.3.1.2. Destinatários – delegado, promotor e o juiz.

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4.3.1.3. Legitimidade ativa – vítima ou seu representante legal. Obs:

emancipado não pode; no caso de morte há sucessão processual para o

CCADI; e, a pessoa jurídica se faz presente na pessoa designada em seu

estatuto social, e na omissão deste, por seus diretores ou seus sócios-

administradores.

4.1.3.1.4. Prazo – o prazo para apresentar a representação é de 06 meses.

Esse prazo é decadencial. É fatal, pois não se interrompe, não se suspende

nem se prorroga. É contado à luz do art. 10 do CP, ou seja, inclui o dia do

início e exclui o dia do final. Obs: esse prazo não corre contra o menor de 18

anos.

4.3.1.5. Retratação da representação – é possível a retratação da

representação até o oferecimento da denúncia, salvo, na Lei Maria da Penha,

que a retratação da representação é até o recebimento da denúncia, em

audiência específica. Por fim, segundo o posicionamento majoritário na

doutrina e na jurisprudência é possível, inclusive, a retratação da retratação

da representação.

4.3.1.6. Ausência de rigor formal – a representação tem forma livre. Pode

ser oral, escrita ou até mesmo gestual. O importante é obter a vontade clara e

inequívoca da vítima no sentido de representar.

4.3.1.7. Eficácia objetiva – o promotor pode denunciar todos os envolvidos

no delito, independentemente de quem conste na representação. A

representação autoriza a persecução de fatos, no aspecto subjetivo, de autoria,

quem determina é o Ministério Público.

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4.3.1.8. Não-vinculação – a representação é um pedido. O promotor pode

dar enquadramento legal diverso ou requerer o arquivamento da

representação.

4.3.2. Requisição do Ministro da Justiça – é um pedido, e ao mesmo

tempo, uma autorização, semelhante à representação, que condiciona o início

da persecução penal.

4.3.2.1. Natureza jurídica da requisição – condição de procedibilidade, ou

seja, uma especial condição da ação.

4.3.2.2. Destinatário – Procurador-Geral. De justiça (se crime estadual) ou

da República (se crime federal).

4.3.2.3. Legitimidade ativa – somente o Ministro da Justiça.

4.3.2.4. Prazo – não há prazo decadencial, porém deve-se observar os prazos

prescricionais do art. 109 do CP.

4.3.2.5. Retratação da requisição – a lei é omissa! A doutrina é bastante

divergente.

4.3.2.6. Eficácia objetiva – a requisição autoriza a persecução de fatos, o

aspecto subjetivo, de autoria, quem determina é o Ministério Público.

4.3.2.7. Não-vinculação – a requisição do Ministro da Justiça não é

sinônimo de ordem, é um pedido, assim, o promotor pode dar capitulação

legal diversa ou até mesmo requerer o arquivamento da requisição.

4.3.3. Crimes sexuais (Lei 12.015/2009) – Regra:

ação penal pública CONDICIONADA.

Exceção: ação penal pública incondicionada quando a vítima é menor de 18

anos ou se a vítima é vulnerável (menor de 14, deficiente mental ou incapaz

de resistir ao ato, p.ex., coma alcoólico).

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4.4. Ação penal de iniciativa privada – Espécie de ação penal.

4.4.1. Conceito – é aquele titularizada pela vítima ou pelo seu representante

legal. Há substituição processual (legitimidade extraordinária).

4.4.2. Princípios

4.4.2.1. Princípio da oportunidade ou conveniência – a vítima deflagra a

ação penal se quiser. Além disso, a decadência e a renúncia são institutos

intimamente ligados a esse princípio.

4.4.2.2. Princípio da disponibilidade – a vítima pode desistir da ação penal

privada. Além disso, o perdão e a perempção são institutos intimamente

ligados a esse princípio.

4.4.2.3. Princípio da indivisibilidade – a vítima não pode escolher quem vai

processar, ou processa todos, ou não processa ninguém. Omissão voluntária:

renúncia em favor de todos (parecer do MP nesse sentido). Omissão

involuntária: aditamento (pelo querelante ou pelo promotor).

4.4.2.4. Princípio da intranscendência – os efeitos da ação penal só

atingem o querelado.

4.4.3. Modalidades de ação penal privada –

4.4.3.1. Ação penal privada exclusiva ou propriamente dita – é aquela

exercida pela vítima ou por seu representante legal. Há possibilidade de

sucessão processual (CCADI).

4.4.3.2. Ação penal privada personalíssima – é aquela exercida somente

pela vítima. Não há possibilidade de sucessão processual. Obs: apenas um

crime é de ação privada personalíssima, nos termos do art. 236 do CP,

induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento.

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Prazo decadencial contado do trânsito em julgada da sentença cível

anulatória do casamento.

4.4.3.3. Ação penal privada subsidiária da pública – cláusula pétrea. A

inércia total do promotor autoriza o ajuizamento da ação penal privada

subsidiária da pública. A vítima tem que ser determinada. O arquivamento do

inquérito não autoriza essa ação supletiva. O Ministério Público atua como

interveniente adesivo obrigatório, podendo propor provas, apresentar recurso,

aditar a queixa, retomar a ação penal e inclusive repudiar a queixa, se

entender que não foi desidioso ou que a queixa é inepta. O prazo para o

ajuizamento ocorre após o 5º ou 15º dia, conforme réu preso ou solto.

5. Questões especiais –

5.1. Ação penal pública subsidiária da pública – Era a possibilidade do

Procurador-Geral da República oferecer denúncia, diante da omissão do

Procurador-Geral de Justiça, nos crimes de responsabilidade dos prefeitos,

consoante o disposto no Decreto-lei 201/67. Não foi recepcionado pela

CF/88.

5.2. Ação penal secundária – é a possibilidade de um mesmo delito ser

perseguido por ação penal pública ou ação penal privada, a depender das

circunstâncias de cada caso. P.ex, crimes contra a honra (privada) e crimes

contra a honra de funcionário público (privada ou pública condicionada).

5.3. Ação penal adesiva – é a possibilidade de litisconsórcio ativo

facultativa entre o Ministério Público e o querelante quando houver conexão

entre um crime de ação penal pública e um crime de ação penal privada.

5.4. Legitimidade concorrente (concurso de ações) – súm. 714 do STF: É

concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério

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Público, condicionada à representação do ofendido, para ação penal por

crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas

funções.

5.5. Ação de prevenção penal – a ação de prevenção penal, nada mais é, do

que a ação ajuizada com o objetivo de aplicar uma medida de segurança ao

inimputável.

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JURISPRUDÊNCIA

EMENTA: Ministério Público. Legitimação prevista no art. 68 do Código de Processo Penal. Estado de São Paulo. - Esta Primeira Turma, em 19.05.98, ao julgar o RE 147.776, em caso análogo ao presente, em que o recorrente era também o Estado de São Paulo, assim decidiu: "No contexto da Constituição de 1988, a atribuição anteriormente dada ao Ministério Público pelo art. 68 C. Pr. Penal - constituindo modalidade de assistência judiciária - deve reputar-se transferida para a Defensoria Pública: essa, porém, para esse fim, só se pode considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da própria Constituição e da lei complementar por ela ordenada: até que - na União ou em cada Estado considerado -, se implemente essa condição de viabilização da cogitada transferência constitucional de atribuições, o art. 68 C. Pr. Pen. será considerado ainda vigente: é o caso do Estado de São Paulo, como decidiu o plenário no RE 135.328". - Ora, no Estado de São Paulo, como é notório, persiste a mesma situação levada em conta, tanto no RE 135.328 quanto no RE 147.776. Recurso extraordinário não conhecido. (STF, Min. Moreira Alves, RE 213514, 13/03/2001). EMENTA: I. Ação penal: crime contra a honra do servidor público, propter officium: legitimação concorrente do MP, mediante representação do ofendido, ou deste, mediante queixa: se, no entanto, opta o ofendido pela representação ao MP, fica-lhe preclusa a ação penal privada: electa una via... II. Ação penal privada subsidiária: descabimento se, oferecida a representação pelo ofendido, o MP não se mantém inerte, mas requer diligências que reputa necessárias. III. Processo penal de competência originária do STF: irrecusabilidade do pedido de arquivamento formulado pelo Procurador-Geral da República, se fundado na falta de elementos informativos para a denúncia. (STF, Min. Sepúlveda Pertence, Inq 1939, de 03/03/2004). EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA OU PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. REJEIÇÃO. A tese dos autos já foi apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, cuja orientação é no sentido de refutar o instituto ante a falta de previsão legal. Precedentes. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA PELO TRIBUNAL REGIONAL

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FEDERAL. ALEGADA SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. SÚMULA 709 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Inocorrência de supressão de instância, nos termos da Súmula 709 do Supremo Tribunal Federal, que preceitua: "Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela". Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. (STF, Min. Joaquim Barbosa, RHC 86950, de 07/02/2006). EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. HABEAS CORPUS PARA TUTELAR PESSOA JURÍDICA ACUSADA EM AÇÃO PENAL. ADMISSIBILIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA: INOCORRÊNCIA. DENÚNCIA QUE RELATOU a SUPOSTA AÇÃO CRIMINOSA DOS AGENTES, EM VÍNCULO DIRETO COM A PESSOA JURÍDICA CO-ACUSADA. CARACTERÍSTICA INTERESTADUAL DO RIO POLUÍDO QUE NÃO AFASTA DE TODO A COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. EXCEPCIONALIDADE DA ORDEM DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ORDEM DENEGADA. I - Responsabilidade penal da pessoa jurídica, para ser aplicada, exige alargamento de alguns conceitos tradicionalmente empregados na seara criminal, a exemplo da culpabilidade, estendendo-se a elas também as medidas assecuratórias, como o habeas corpus. II - Writ que deve ser havido como instrumento hábil para proteger pessoa jurídica contra ilegalidades ou abuso de poder quando figurar como co-ré em ação penal que apura a prática de delitos ambientais, para os quais é cominada pena privativa de liberdade. III - Em crimes societários, a denúncia deve pormenorizar a ação dos denunciados no quanto possível. Não impede a ampla defesa, entretanto, quando se evidencia o vínculo dos denunciados com a ação da empresa denunciada. IV - Ministério Público Estadual que também é competente para desencadear ação penal por crime ambiental, mesmo no caso de curso d'água transfronteiriços. V - Em crimes ambientais, o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta, com conseqüente extinção de punibilidade, não pode servir de salvo-conduto para que o agente volte a poluir. VI - O trancamento de ação penal, por via de habeas corpus, é medida excepcional, que somente pode ser concretizada quando o fato narrado evidentemente não constituir crime, estiver extinta a punibilidade, for manifesta a ilegitimidade de parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal. VII - Ordem denegada. (STF, Min. Ricardo Lewandowski, HC 92921, de 19/08/2008).

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EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL E JUÍZO FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA, PERTENCENTES À MESMA SEÇÃO JUDICIÁRIA. JULGAMENTO AFETO AO RESPECTIVO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. JULGAMENTO PELO STJ. INADMISSIBILIDADE. RE CONHECIDO E PROVIDO. I. A questão central do presente recurso extraordinário consiste em saber a que órgão jurisdicional cabe dirimir conflitos de competência entre um Juizado Especial e um Juízo de primeiro grau, se ao respectivo Tribunal Regional Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça. II - A competência STJ para julgar conflitos dessa natureza circunscreve-se àqueles em que estão envolvidos tribunais distintos ou juízes vinculados a tribunais diversos (art. 105, I, d, da CF). III - Os juízes de primeira instância, tal como aqueles que integram os Juizados Especiais estão vinculados ao respectivo Tribunal Regional Federal, ao qual cabe dirimir os conflitos de competência que surjam entre eles. IV - Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF, Min. Ricardo Lewandowski, RE 590409, 26/08/2009). EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PERSECUÇÃO PENAL NA JUSTIÇA MILITAR POR FATO JULGADO NO JUIZADO ESPECIAL DE PEQUENAS CAUSAS, COM TRÂNSITO EM JULGADO: IMPOSSIBILIDADE: CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. Configura constrangimento ilegal a continuidade da persecução penal militar por fato já julgado pelo Juizado Especial de Pequenas Causas, com decisão penal definitiva. 2. A decisão que declarou extinta a punibilidade em favor do Paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência de juízo, é susceptível de trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio do ne bis in idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e as garantias individuais previstos pela Constituição da República, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. Precedentes. 3. Habeas corpus concedido. (STF, Min. Cármen Lúcia, HC 86606, de 22/05/2007). EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. HABEAS CORPUS PARA TUTELAR PESSOA JURÍDICA ACUSADA EM AÇÃO PENAL. ADMISSIBILIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA: INOCORRÊNCIA. DENÚNCIA QUE RELATOU a SUPOSTA AÇÃO

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CRIMINOSA DOS AGENTES, EM VÍNCULO DIRETO COM A PESSOA JURÍDICA CO-ACUSADA. CARACTERÍSTICA INTERESTADUAL DO RIO POLUÍDO QUE NÃO AFASTA DE TODO A COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. EXCEPCIONALIDADE DA ORDEM DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ORDEM DENEGADA. I - Responsabilidade penal da pessoa jurídica, para ser aplicada, exige alargamento de alguns conceitos tradicionalmente empregados na seara criminal, a exemplo da culpabilidade, estendendo-se a elas também as medidas assecuratórias, como o habeas corpus. II - Writ que deve ser havido como instrumento hábil para proteger pessoa jurídica contra ilegalidades ou abuso de poder quando figurar como co-ré em ação penal que apura a prática de delitos ambientais, para os quais é cominada pena privativa de liberdade. III - Em crimes societários, a denúncia deve pormenorizar a ação dos denunciados no quanto possível. Não impede a ampla defesa, entretanto, quando se evidencia o vínculo dos denunciados com a ação da empresa denunciada. IV - Ministério Público Estadual que também é competente para desencadear ação penal por crime ambiental, mesmo no caso de curso d'água transfronteiriços. V - Em crimes ambientais, o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta, com conseqüente extinção de punibilidade, não pode servir de salvo-conduto para que o agente volte a poluir. VI - O trancamento de ação penal, por via de habeas corpus, é medida excepcional, que somente pode ser concretizada quando o fato narrado evidentemente não constituir crime, estiver extinta a punibilidade, for manifesta a ilegitimidade de parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal. VII - Ordem denegada. (STF, Min. Ricardo Lewandowski, HC 92921, de 19/08/2008). EMENTA: 1. Habeas corpus. Crimes contra a Ordem Tributária (Lei no 8.137, de 1990). Crime societário. 2. Alegação de denúncia genérica e que estaria respaldada exclusivamente em processo administrativo. Ausência de justa causa para ação penal. Pedido de trancamento. 3. Dispensabilidade do inquérito policial para instauração de ação penal (art. 46, § 1o, CPP). 4. Mudança de orientação jurisprudencial, que, no caso de crimes societários, entendia ser apta a denúncia que não individualizasse as condutas de cada indiciado, bastando a indicação de que os acusados fossem de algum modo responsáveis pela condução da sociedade comercial sob a qual foram supostamente praticados os delitos. Precedentes: HC no 86.294-SP, 2a Turma, por maioria, de minha relatoria, DJ de 03.02.2006; HC no 85.579-

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MA, 2a Turma, unânime, de minha relatoria, DJ de 24.05.2005; HC no 80.812-PA, 2a Turma, por maioria, de minha relatoria p/ o acórdão, DJ de 05.03.2004; HC no 73.903-CE, 2a Turma, unânime, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ de 25.04.1997; e HC no 74.791-RJ, 1a Turma, unânime, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ de 09.05.1997. 5. Necessidade de individualização das respectivas condutas dos indiciados. 6. Observância dos princípios do devido processo legal (CF, art. 5o, LIV), da ampla defesa, contraditório (CF, art. 5o, LV) e da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1o, III). Precedentes: HC no 73.590-SP, 1a Turma, unânime, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 13.12.1996; e HC no 70.763-DF, 1a Turma, unânime, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 23.09.1994. 7. No caso concreto, a denúncia é inepta porque não pormenorizou, de modo adequado e suficiente, a conduta dos pacientes. 8. Habeas corpus deferido. (STF, Min. Gilmar Mendes, HC 85327, de 15/08/2006). EMENTA: I. Ação penal privada: crime de exercício arbitrário das próprias razões (C. Penal, art. 345, parágrafo único): decadência: C.Pr.Penal, art. 44. 1. O defeito da procuração outorgada pelas querelantes ao seu advogado, para requerer abertura de inquérito policial, sem menção do fato criminoso, constitui hipótese de ilegitimidade do representante da parte, que, a teor do art. 568 C.Pr.Pen., "poderá ser a todo o tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais" (RHC 65.879, Célio Borja); 2. Na espécie, a presença das querelantes em audiências realizadas depois de findo o prazo decadencial basta a suprir o defeito da procuração. II. Recurso: supressão de instância. 1. A jurisprudência do Tribunal é no sentido de que, se o juiz, induvidosamente competente, rejeita a denúncia por um dos fundamentos do art. 43 C.Pr.Penal, o provimento do recurso contra a decisão que a rejeita implica o recebimento da denúncia, não representando supressão de instância: precedentes. 2. No caso - apelação (L. 9.099/95, art. 82) dirigida especificamente à decisão que, com fundamento nos arts. 43, III e 44, ambos do C.Pr.Penal, reconhecera a ausência de regular representação da parte -, resulta do provimento da apelação, o mesmo efeito obtido no recurso em sentido estrito, qual seja o recebimento da queixa. 3. Daí, contudo, não se extrai que - dada a devolutividade à Turma Recursal de todas as questões suscitadas -, superada uma delas, não se devessem analisar as demais. (STF, Min. Sepúlveda Pertence, HC 84397, de 21/09/2004).

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LEGISLAÇÃO

Código de processo penal:

TÍTULO III DA AÇÃO PENAL

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. § 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo

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tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. § 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. § 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido. Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24 parágrafo único, e 31.

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Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. § 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. § 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. § 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. § 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito. § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo. Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

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§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito. Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.

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Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.

Código penal:

TÍTULO VII DA AÇÃO PENAL

Ação pública e de iniciativa privada Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a

declara privativa do ofendido. § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo,

quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

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§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

A ação penal no crime complexo Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do

tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.

Irretratabilidade da representação Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a

denúncia. Decadência do direito de queixa ou de representação Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do

direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.

Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado

expressa ou tacitamente. Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática

de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.

Perdão do ofendido Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede

mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos

outros; III - se o querelado o recusa, não produz efeito. § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a

vontade de prosseguir na ação. § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença

condenatória.

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QUESTÕES OBJETIVAS 1) Entre as condições da ação penal, NÃO se inclui (a) a capacidade postulatória. (b) a justa causa. (c) a legitimidade ad causam. (d) o interesse de agir. Resposta: A. 2) Dentre os princípios abaixo apontados, indicar o mais representativo, no que tange à ação penal pública : (a) Princípio da oportunidade. (b) Princípio da intranscendência. (c) Princípio da indivisibilidade. (d) Princípio da obrigatoriedade. Resposta: D. 3) Em tema de ação penal, é correto afirmar que: (a) o princípio da indivisibilidade da ação penal obriga a que esta seja exercida em face de todas as pessoas contra as quais existam indícios de autoria da infração penal; (b) o princípio da obrigatoriedade da ação penal faculta ao Ministério Público eleger em face de quem caberá exercer ação penal; (c) o princípio da indisponibilidade da ação penal impede o Ministério Público de renunciar ao exercício da ação penal, optando pelo arquivamento do inquérito policial; (d) o princípio da oficialidade da ação penal obriga o ofendido a propor ação penal privada; (e) o princípio da oportunidade da ação penal obriga o ofendido a propor ação penal exclusivamente privada no prazo de quinze dias, a contar da data em que vem a saber quem é o autor da infração penal. Resposta: A. 4) Assinale a alternativa correta. (a) O princípio da indivisibilidade da ação penal só vige na ação penal privada. (b) O princípio da indivisibilidade da ação penal só vige na ação penal pública.

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(c) O princípio da indivisibilidade da ação penal vige tanto na ação penal privada como na ação penal pública. (d) Se a ação penal privada não foi proposta contra todos os autores, deve ser decretada a extinção da punibilidade pela decadência. Resposta: C. 5) Em caso de crime de ação penal pública condicionada à representação, (a) se for instaurado inquérito policial sem a representação, o delegado deverá, de ofício, determinar arquivamento do inquérito. (b) apresentada a representação, a instauração do processo ocorrerá mediante posterior queixa do ofendido ou de seu representante legal. (c) a ausência de representação constituirá falta de condição para a instauração do processo. (d) a decadência do direito de representar em relação ao ofendido impede, segundo orientação do Supremo Tribunal Federal, o oferecimento de representação pelo seu representante legal. (e) se a representação for oferecida, poderá haver retratação até o momento da sentença. Resposta: C. 6) Em casos de crime de ação penal pública condicionada à representação, (a) o juiz ou o promotor podem requisitar, de ofício, a instauração de inquérito policial a respeito dos fatos, independentemente da representação. (b) o juiz ou o promotor só podem requisitar a instauração de inquérito policial se o fizerem dentro do semestre legal, contado da data do fato. (c) só o juiz pode requisitar a instauração de inquérito policial, mas não o promotor de justiça. (d) o juiz ou o promotor não podem, sem que haja a representação da vítima ou de seu representante legal, requisitar à autoridade policial a instauração de inquérito. Resposta: D. 7) A representação, nos crimes de ação penal pública condicionada, (a) é irretratável, durante a investigação criminal e durante o processo até a sentença. (b) pode ser oferecida por qualquer pessoa do povo em favor de ofendido órfão. (c) deve ser oferecida até seis meses após o fato, sob pena de decadência.

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(d) não vincula o Ministério Público que, assim, pode denunciar pessoa diversa da apontada na representação. Resposta: D. 8) Nos casos de ação penal pública condicionada, a representação é retratável (a) durante o curso da ação penal. (b) até o oferecimento da denúncia. (c) até a sentença do juiz de primeiro grau. (d) até o trânsito em julgado da sentença. Resposta: B. 9) Quando a ação penal pública for condicionada à representação do ofendido, o exercício desta pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo: (a) exclui o direito destes de exercerem a ação penal pública subsidiária. (b) impede o Ministério Público de requisitar diligências à autoridade policial. (c) não torna obrigatório o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público. (d) impede o Ministério Público de requerer o arquivamento do inquérito policial. Resposta: C. 10) Nos crimes em que se procede mediante ação penal pública condicionada a representação, falecendo a vítima, o direito à representação passará: (a) ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (b) ao Representante do Ministério Público, que poderá ajuizar ação penal imediatamente. (c) apenas ao cônjuge e ao ascendente e, na falta de ambos, será nomeado um advogado para exercer a função de curador especial. (d) apenas ao cônjuge, ascendente ou descendente e, na falta deles, será nomeado um advogado para exercer a função de curador especial. Resposta: A. 11) "O direito à representação, na ação penal pública condicionada, na hipótese de morte ou ausência do ofendido, poderá ser exercido pelo seu cônjuge, ascendente ou descendente". Esta afirmativa está: (a) incompleta, pois o direito à representação também poderá ser exercido pelo irmão e pelo filho adotivo do ofendido; (b) completa e correta;

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(c) incorreta e incompleta, pois o direito à representação poderá ser exercido pelo irmão e pelo filho adotivo do ofendido, mas não pelo seu cônjuge; (d) incompleta, pois o direito à representação também poderá ser exercido pelo irmão do ofendido. Resposta: D. 12) Assinale a alternativa correta: (a) O inquérito policial, para apuração de crime de ação penal privada, se inicia através de requerimento. (b) O inquérito policial, para apuração de crime de ação penal pública condicionada, se inicia através de representação. (c) O inquérito policial é peça dispensável para a propositura da Ação Penal Pública. (d) Todas as alternativas estão corretas. Resposta: D. 13) Analisando aspectos referentes à ação penal pública condicionada, podemos afirmar (a) salvo disposição em contrário, o prazo de trinta dias para oferecimento da representação pelo ofendido ou seu representante legal e do oferecimento de requisição pelo Ministro da Justiça será contado, a partir da data em que tomarem ciência sobre a identidade do autor do crime. (b) a representação ofertada pelo ofendido e a requisição do Ministro da Justiça são institutos processuais que condicionam a ação penal. (c) o prazo de três meses, para o oferecimento da representação do ofendido e para a requisição do Ministro da Justiça, será contado, não se computando o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. (d) tanto a representação, oferecida pelo ofendido, quanto a requisição elaborada pelo Ministro da Justiça, são passíveis de retratação, existindo apenas uma diferença: nos casos de representação, caberá retratação, até o oferecimento da denúncia; nos casos de requisição, caberá a retratação a qualquer tempo. Resposta: B. 14) É princípio da ação penal privada: (a) Da indeclinabilidade. (b) Do promotor natural. (c) Da oportunidade. (d) Da indisponibilidade.

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Resposta: C. 15) São características específicas da ação penal privada: (a) prescrição e renúncia (b) renúncia e decadência (c) perempção e preclusão (d) perdão judicial e prescrição. Resposta: B. 16) O perdão, na ação penal privada, (a) é ato unilateral, que independe de aceitação do querelado, podendo ser concedido a qualquer tempo - antes ou depois de iniciado o processo. (b) é ato bilateral, que depende de aceitação do querelado, podendo ser concedido a qualquer tempo - antes ou depois de iniciado o processo. (c) é ato bilateral, que depende de aceitação do querelado, que somente pode ser concedido após iniciado o processo. (d) é ato unilateral, concedido pelo juiz na sentença condenatória que não poderá ser considerada para efeitos de reincidência. Resposta: C. 17) Na ação penal privada subsidiária, oferecida a queixa, (a) o Ministério Público não pode repudiá-la por entendê-la inepta, nem oferecer denúncia substitutiva. (b) a negligência do querelante não causa a perempção, devendo o Ministério Público retomar a ação como parte principal. (c) o Ministério Público não pode produzir prova, nem recorrer da sentença absolutória. (d) é incabível o seu aditamento pelo Ministério Público para acrescentar circunstâncias nela não expressas. Resposta: B. 18) A perempção é uma causa extintiva da punibilidade e é aplicável: (a) tanto na ação penal pública quanto na ação penal privada; (b) exclusivamente na ação penal pública; (c) exclusivamente na ação penal privada; (d) na ação penal privada e na ação penal subsidiária. Resposta: C.

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19) Há uma espécie de ação penal cuja titularidade pertence única e exclusivamente ao ofendido, não podendo, por tal motivo, ser exercida pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Essa espécie de ação penal denomina-se: (a) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública. (b) Ação Penal Pública Incondicionada. (c) Ação Penal Pública Condicionada à Representação. (d) Ação Penal Privada Personalíssima. Resposta: D. 20) Na ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público que funciona como interveniente adesivo (a) obrigatório, está impedido de interpor recursos. (b) facultativo, decaiu do direito de ação. (c) obrigatório, retoma a ação como parte principal em caso de negligência do querelante. (d) facultativo, pode interpor recurso. Resposta: C. 21) Assinale a alternativa correta. (a) O princípio da indivisibilidade da ação penal só vige na ação penal privada. (b) O princípio da indivisibilidade da ação penal só vige na ação penal pública. (c) O princípio da indivisibilidade da ação penal vige tanto na ação penal privada como na ação penal pública. (d) Se a ação penal privada não foi proposta contra todos os autores, deve ser decretada a extinção da punibilidade pela decadência. Resposta: C. 22) Quando, nos crimes de ação penal privada, o querelante deixa de formular o pedido de condenação do réu, em alegações finais, o juiz deverá (a) julgar extinta a punibilidade pela perempção. (b) absolver, desde logo, o réu. (c) intimar o querelado para constituir. (d) decretar a preclusão e abrir vistas à defesa do querelado para manifestação. Resposta: A.

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23) Funcionando como causa extintiva da punibilidade nos crimes de ação penal privada, é incorreto afirmar que: (a) o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar; (b) o perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais; c) o perdão poderá ser extraprocessual expresso; (d) o perdão não poderá ser tácito; Resposta: D. 24) Assinale a alternativa incorreta: (a) O titular da Ação Penal Pública condicionada é o Ministério Público. (b) O titular da Ação Penal privada é a vítima ou quem a represente legalmente. (c) A decadência é instituto ligado a ação penal privada subsidiária da pública. (d) O perdão, se aceito pelo querelado, somente valerá como causa extintiva da punibilidade, na ação penal privada. Resposta: C.

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QUESTÕES SUBJETIVAS Qual o conceito de ação penal? Quais as principais características do direito de ação penal? O que uma condição da ação? Quais são as condições da ação? Explique-as. Cabe HC se a pena cominada é de multa? O que é a prescrição virtual? Ela é admitida em nossos tribunais superiores (STF e STJ)? A justa causa é uma condição da ação? O que prevalece no processo penal? O que é carência da ação? O que é a teoria da asserção? Como é classificada a ação penal? O que é a ação penal pública? Quais os princípios da ação penal pública? O que é o princípio da obrigatoriedade? Exceção? O que é o princípio da indisponibilidade? Exceção? O que é o princípio da indivisibilidade? Qual posição prevalece? Na doutrina? Na jurisprudência do STF e STJ? O que é o princípio da intranscendência? O que é o princípio da oficialidade? O que é o princípio da autoritariedade? O que é o princípio da oficiosidade? O que é a ação penal pública incondicionada? O que é a ação penal pública condicionada? O que é a representação? Qual a natureza jurídica da representação? Quem são os destinatários da representação? Quem tem legitimidade ativa para a representação?

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O que é a sucessão processual? Esse rol é taxativo? Esse rol é preferencial? O companheiro ou a companheira podem oferecer a representação? Quem representa pela pessoa jurídica? Qual o prazo para apresentar a representação? Qual a natureza desse prazo? Como é contado esse prazo? Existe prazo para o menor representar? É possível a retratação da representação? Até quando? E na Lei Maria da Penha? É possível a retratação da retratação da representação? Qual é a forma da representação? O que é a eficácia objetiva? O que é a não-vinculação do MP? O que é requisição do Ministro da Justiça? Qual a natureza jurídica da requisição do Ministro da Justiça? Destinatário? Legitimidade ativa? Qual o prazo para apresentar a requisição? É possível a retratação da requisição? Qual posição adotar em concurso? O que é a eficácia objetiva? O que é a não-vinculação do MP? Qual é a ação penal nos crimes sexuais? Exceção? O que é a ação penal privada? O que é o princípio da oportunidade ou conveniência? Quais são os institutos relacionados com esse princípio? O que é a decadência? O que é a renúncia? Existe renúncia tácita? O que é o princípio da disponibilidade? Quais são os institutos relacionados com esse princípio? O que é o perdão?

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Existe perdão tácito? O que é a perempção? O que é o princípio da indivisibilidade? Esse princípio é aplicado na ação penal pública? Se a omissão for voluntária: o que o promotor deve fazer? Se a omissão for involuntária: o que o promotor deve fazer? O que é o princípio da intranscendência? Quais são as modalidades de ação penal privada? O que é a ação penal privada exclusiva ou propriamente dita? Qual a sua principal característica? O que é a ação penal privada personalíssima? Qual a sua principal característica? Qual o único que crime de ação penal privada personalíssima? Fundamento legal? O que é a ação penal privada subsidiária da pública? Se o promotor pedir o arquivamento do inquérito policial é cabível a ação penal privada subsidiária da pública? Qual o papel do Ministério Público? Quais os fundamentos do repúdio? O que é a denúncia substitutiva? O que é a ação penal pública subsidiária da pública? Ela foi recepcionada pela Constituição Federal? O que é ação penal secundária? Exemplo. O que é ação penal adesiva? O que enuncia a súm. 714 do STF? O que é ação de prevenção penal?

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