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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e

Inovação Tecnológica de Medicamentos

Mara Rúbia Winter de Vargas

DISPERSÕES SÓLIDAS DE SINVASTATINA: PREPARAÇÃO,

CARACTERIZAÇÃO, NO ESTADO SÓLIDO UTILIZANDO TÉCNICAS

EMERGENTES E ESTUDO DE ESTABILIDADE.

Natal

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Mara Rúbia Winter de Vargas

DISPERSÕES SÓLIDAS DE SINVASTATINA: PREPARAÇÃO,

CARACTERIZAÇÃO, NO ESTADO SÓLIDO UTILIZANDO TÉCNICAS

EMERGENTES E ESTUDO DE ESTABILIDADE.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos.

Orientador: Túlio Flávio Accioly de Lima e

Moura

Natal

2014

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Mara Rúbia Winter de Vargas

DISPERSÕES SÓLIDAS DE SINVASTATINA: preparação, caracterização, no

estado sólido utilizando técnicas emergentes e estudo de estabilidade.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos.

_________________________________________

Túlio Flávio A. de Lima e Moura (orientador) - UFRN

_____________________________________

Andressa de Araújo Porto Vieira - IFPE

_________________________________

Euzébio Guimarães Barbosa - UFRN

__________________________

Irinaldo Diniz Basílio Júnior - UFAL

________________________________

Waldenice de Alencar Moraes – UFRN

Natal, 29 de maio de 2014.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Aos meus pais (in memorian),

pelo amor e pela referência de valores.

Ao Severino, esposo, amigo e colega,

pelo incentivo, ajuda e paciência durante essa caminhada.

Aos meus filhos Taína e Órion, luzes do meu viver,

pela compreensão e vitórias compartilhadas.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

AGRADECIMENTOS

A todos os que possibilitaram a realização desse trabalho, seja com palavras

de apoio, sugestões ou ajuda técnica, em especial:

Ao Prof. Dr. Túlio Moura pela orientação, confiança em minha capacidade e

oportunidade de realização desse sonho. À Prof.ª Drª Fernanda Raffin pela

confiança e sugestões.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pelo suporte financeiro sem o qual não seria possível a realização desse trabalho.

À Indústria BASF pela doação do excipiente Soluplus.

Ao Prof. Dr. Cícero Flávio Soares Aragão, à doutoranda Lílian Solon e à

técnica e mestre Tereza pelos conselhos, sugestões, apoio, amizade e por deixarem

sempre abertas as portas do Laboratório de Controle de Qualidade de

Medicamentos (LCQMED) - UFRN.

À Prof.ª Silvana Zucolotto Langassner (UFRN) pelos ensinamentos, amizade

e apoio no Estágio de Docência.

À Drª Márcia Cristina Breitkreitz, do Laboratório de Quimiometria em Química

Analítica, Instituto de Química (UNICAMP), por ter dado um novo enfoque a esse

trabalho através das análises com espectroscopia de imagem, pelas análises por

MEV, pela parceria, seriedade profissional, ensinamentos, paciência e por me

mostrar que ainda é possível a amizade verdadeira e praticamente virtual nesses

tempos modernos.

À Profª Drª Beate Saegesser Santos, do Departamento de Ciências

Farmacêuticas (UFPE), pela amizade e sugestões na discussão desse trabalho.

Ao Prof. Dr. Sandro Torres do Departamento de Engenharia de Materiais

(UFPB), pelas análises de difratometria de raios x utilizando o software Topas e pela

paciência nos ensinamentos das bases teóricas que contribuíram de forma

inovadora nessa tese.

Ao técnico Wellington (UFPB) pela realização dos espectros de Infravermelho.

Aos colegas do Laboratório de Desenvolvimento de Medicamentos (LDM)

(UFRN), à doutoranda Fátima Duarte e ao prof. Dr. Marco Navarro pelo compartilhar

de conhecimentos e amizade. À doutoranda Daiane dos Santos (Laboratório de

Farmacotécnica) “irmã” da mesma terra, pela amizade, apoio técnico e pousada.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Aos colegas do Laboratório de Sistemas Dispersos (LASID) (UFRN), em

especial à Scheila Daniela, Everton Alencar e Walteçá Silveira pela ajuda na

utilização dos equipamentos; e ao Christian Assunção e Sarah Rafaelly pela ajuda e

amizade.

À Mariza Fernanda, grande amiga da adolescência, que reencontrei no

decorrer desses anos de doutorado, pelas palavras de incentivo e por me mostrar

que amizades verdadeiras existem e que nem o tempo, nem a distância abalam.

À amiga Iara Sales que assistiu e apoiou com palavras de motivação a toda

essa jornada, “recheada” de angústias, tristezas, mas também de grandes vitórias.

Aos amigos Maria José (Zezé) e Sr. Geraldo que ajudaram com suas orações

durante esses anos de estudo e ausências.

A todos que não se encontram aqui citados (e são muitos) minha gratidão,

pois falta espaço nessas linhas, mas não no coração.

Finalmente agradeço a Deus pelo dom da vida e à espiritualidade maior que

me amparou e orientou meus passos nas vezes em que vacilei ao longo dessa

jornada.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor (Johann Wolfgang Von Goethe, Fausto, 1806).

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

RESUMO

Esta tese teve como objetivo avaliar o aumento de solubilidade da sinvastatina

(SINV) através de dispersões sólidas utilizando as técnicas de malaxagem (MA),

evaporação com co- solvente (ES), fusão com carreador (FC) e secagem por “spray

dryer” (SD). Foram utilizados os carreadores Soluplus (SOL), PEG 6000 (PEG), PVP

K-30 (PVP) e lauril sulfato de sódio (LSS). As dispersões sólidas contendo PEG

[PEG-2(SD)], Soluplus [SOL-2(MA)] e lauril sulfato de sódio [LSS-2(ES)]

apresentaram maior aumento de solubilidade (5,02; 5,60 e 5,43 vezes,

respectivamente); a análise por ANOVA entre os três grupos não demonstrou

diferença significativa (p<0,05). No estudo de solubilidade de fases, o cálculo da

energia livre de Gibbs (ΔG) revelou que a espontaneidade de solubilização da SINV

ocorreu na ordem SOL>PEG >PVP 75%>LSS, sempre a 80%. Os diagramas de

fases de PEG e LSS apresentaram estequiometria de solubilização 1:1 (tipo AL). Os

diagramas de PVP e SOL possuem uma tendência a estequiometria 1:2 (tipo AL +

AP). Os valores de coeficiente de estabilidade (Ks) dos diagramas de fases

revelaram que as reações mais estáveis ocorreram com LSS e PVP. As dispersões

sólidas foram caracterizadas através de infravermelho com transformada de Fourier

(FTIR), calorimetria exploratória diferencial (DSC), microscopia eletrônica de

varredura (MEV), distribuição de tamanho de partícula (DTP), espectroscopia de

imagem no infravermelho próximo (NIR-CI) e difratometria de raios X do Pó

utilizando o software Topas (PDRX-TOPAS). A dispersão sólida PEG-2(SD)

apresentou a maior homogeneidade e o menor grau de cristalinidade (18,2%). O

estudo de estabilidade revelou que as dispersões sólidas são menos estáveis que

SINV, sendo PEG-2(SD) a de menor estabilidade, confirmada por FTIR e DSC. As

análises por PDRX-TOPAS revelaram a cristalinidade das dispersões e o

mecanismo de aumento de solubilidade.

Palavras-chave: Sinvastatina. Dispersões sólidas. Solubilidade. Espectroscopia de

imagem. Quimiometria. Refinamento Rietveld.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

ABSTRACT

This thesis aimed to assess the increase in solubility of simvastatin (SINV) with solid

dispersions using techniques such as kneading (MA), co-solvent evaporation (ES),

melting carrier (FC) and spray dryer (SD). Soluplus (SOL), PEG 6000 (PEG), PVP K-

30 (PVP) e sodium lauryl sulphate (LSS) were used as carriers. The solid dispersions

containing PEG [PEG-2(SD)], Soluplus [SOL-2(MA)] and sodium lauryl sulphate

[LSS-2(ES)] were presented with a greater increase in solubility (5.02, 5.60 and 5.43

times respectively); analyses by ANOVA between the three groups did not present

significant difference (p<0.05). In the phase solubility study, the calculation of the

Gibbs free energy (ΔG) revealed that the spontaneity of solubilisation of SINV

occurred in the order SOL>PEG >PVP 75%>LSS, always 80%. The phase diagrams

of PEG and LSS presented solubilization stoichiometry of type 1:1 (type AL). The

diagrams with PVP and SOL tend to 1:2 stoichiometry (type AL + AP). The stability

coefficients (Ks) of the phase diagrams revealed that the most stable reactions

occurred with LSS and PVP. The solid dispersions were characterized by Fourier

transform infrared (FTIR), differential scanning calorimetry (DSC), scanning electron

microscopy (SEM), particle size distribution (PSD), near-infrared spectroscopy

imaging (NIR-CI) and X-ray diffraction of the powder using the Topas software

(PDRX-TOPAS). The solid dispersion PEG-2(SD) presented the greatest

homogeneity and the lowest degree of crystallinity (18.2%). The accelerated stability

study revealed that the solid dispersions are less stable than SINV, with PEG-2(SD)

being the least stable, confirmed by FTIR and DSC. The analyses by PDRX-TOPAS

revealed the amorphous character of the dispersions and the mechanism of

increasing solubility.

Keywords: Simvastatin. Solid dispersions. Solubility. Imaging spectroscopy.

Chemometric. Rietveld refinement.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Visão geral da tese......................................................................... 20

Figura 2 – Conversão da pró-lactona inativa SINV a sua forma ativa β-

hidroxiácido..................................................................................

23

Figura 3 – Estruturas químicas das estatinas naturais e sinvastatina............ 24

Figura 4 – Estatinas Sintéticas........................................................................ 25

Figura 5 – Formação de Pontes de Hidrogênio Intermoleculares na SINV..... 27

Figura 6 - Gráfico de barras da distribuição percentual das diversas

técnicas utilizadas para melhoria da solubilidade da SINV ...........

30

Figura 7 – Fórmula Estrutural de Soluplus...................................................... 35

Figura 8 – Molécula de Soluplus aprisionando o fármaco............................... 36

Figura 9 – Fórmula Estrutural do Lauril Sulfato de Sódio................................ 36

Figura 10 – Fórmula Estrutural da Copovidona............................................... 37

Figura 11 – Fórmula Estrutural do PEG 6000................................................. 38

Figura 12 – Cubo de dados gerado em espectroscopia de imagem

(hipercubo espectral)....................................................................

39

Figura 13: Procedimentos para a aquisição do hipercubo espectral............... 41

Figura 14: Esquema geral para a geração de imagens químicas utilizando

métodos quimiométricos...............................................................

42

Figura 15 - Arranjo Geométrico de Bragg-Brentano.................................... 46

Figura 16 – Esquema de decisão do melhor refinamento............................... 47

Figura 17 – Diagrama de solubilidade de fases de SINV na presença de

concentrações crescentes de carreadores (n=3)

62

Figura 18 – Avaliação das interações físico-químicas em PEG-2(SD) 69

Figura 19 – Avaliação das interações físico-químicas em LSS-2(ES) 71

Figura 20 – Avaliação das interações físico-químicas em SOL-2(MA) 73

Figura 21 – Espectros infravermelho de SINV, PEG, PEG-2(MA), PEG-

2(ES) e PEG-2(SD)......................................................................

76

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Figura 22 – Padrões de difração de SINV, PEG-2(SD), PEG-2(MA) e

PEG-2(ES)...................................................................................

77

Figura 23 – Curvas DSC de SINV, SOL-2(MF), SOL e SOL-2(MA)................ 78

Figura 24– Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

1(MA)............................................................................................

80

Figura 25 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

1(MF)............................................................................................

81

Figura 26 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

2(MA)............................................................................................

82

Figura 27 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

2(MF)............................................................................................

83

Figura 28 – Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

1(ES)............................................................................................

84

Figura 29 – Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

1(MF)............................................................................................

85

Figura 30 – Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

2(ES)............................................................................................

86

Figura 31 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

2(MF)............................................................................................

87

Figura 32 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

1(SD)............................................................................................

88

Figura 33 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG

1(MF)..........................................................................................

89

Figura 34 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

2(SD)............................................................................................

90

Figura 35 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

2(MF)............................................................................................

91

Figura 36 - Gradiente de homogeneidade das dispersões sólidas por

NIRCI............................................................................................

91

Figura 37 - Fotomicrografias de SINV e dispersões sólidas obtidas por

MEV..............................................................................................

93

Figura 38 - Histograma com Distribuição do Tamanho de Partícula de SINV

(A), PEG-2(SD)(B), LSS-2(ES)(C) e SOL-2(MA)(D)....................

95

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Figura 39 – Teor de SINV e dispersões sólidas durante o estudo de

estabilidade.....................................................................................

100

Figura 40 – Análise por PDRX-TOPAS de SINV 180 dias.............................. 102

Figura 41 - Análise por PDRX-TOPAS de PEG-2(SD) 180 dias..................... 102

Figura 42 – Análise por PDRX TOPAS de SOL-2(MA) 180 dias.................... 103

Figura 43 - Curvas DSC de SINV durante Estudo de Estabilidade................. 105

Figura 44 - Curvas DSC de PEG-2(SD) durante Estudo de

Estabilidade...............................................................................

105

Figura 45 – Curvas DSC de SOL-2(MA) durante Estudo de

Estabilidade.............................................................................

106

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Métodos utilizados para aumentar a solubilidade aquosa de

fármacos.....................................................................................

32

Quadro 2 Relação de medicamentos no mercado utilizando a tecnologia

de dispersões sólidas...................................................................

34

Quadro 3 Síntese dos Resultados da Caracterização das Dispersões

Sólidas Selecionadas...................................................................

99

Tabela 1 Resultados do ensaio de solubilidade de dispersões sólidas...... 60

Tabela 2 Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo

PEG..............................................................................................

61

Tabela 3 Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo PVP 62

Tabela 4 Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo LSS 62

Tabela 5 Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo SOL 62

Tabela 6 Dados DSC de SINV, PEG-2(SD), PEG-2(MF) e PEG................ 69

Tabela 8 Dados DSC de SINV e SOL-2(MF)............................................... 74

Tabela 9 Dados DSC de SINV, PEG, dispersões sólidas e mistura física

com PEG ......................................................................................

78

Tabela 10 Dados do cálculo do grau de cristalinidade por PDRX TOPAS

em 180 dias do estudo de estabilidade........................................

105

Tabela 11 Dados obtidos a partir das curvas DSC para SINV....................... 107

Tabela 12 Dados obtidos a partir das curvas DSC para PEG-2 (SD)............ 108

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

LISTA DE SIGLAS

AER Aerosil 200

CMC Carboximetilcelulose

CD Ciclodextrinas

CLS Regressão em Mínimos Quadrados Clássicos (“Classical Least

Squares”)

CIVIV Correlação In Vivo-In Vitro

DRX Difratometria de raios x

DSC Calorimetria Diferencial Exploratória

DTA Análise Térmica Diferencial

DTP Distribuição do Tamanho de Partícula

ES Técnica de produção de dispersões sólidas por secagem em

evaporador rotatório

FC Técnica de produção de dispersões sólidas por fusão com carreador

FDA Food and Drug Administration (órgão de fiscalização de alimentos e

medicamentos nos Estados Unidos)

FTIR Infravermelho por Transformada de Fourier

FP Função Parâmetro Fundamental

FPA arranjo de plano focal (“Focal Plane Array”)

HMG-CoA

redutase

3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A redutase

HPMC hidroxipropilmetilcelulose

IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada

LSS lauril sulfato de sódio

LSS-1(ES) dispersão sólida SINV:LSS (1:0,25) preparada por secagem no

evaporador rotatório.

LSS-2(ES) dispersão sólida SINV:LSS (1:1) preparada por secagem no

evaporador rotatório.

MA Técnica de produção de dispersões sólidas por malaxagem

MCR resolução multivariada de curvas (“Multivariate Curve Resolution”)

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

MET Microscopia Eletrônica de Transmissão

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

MF misturas físicas

MSC correção de espalhamento multiplicativo (Multiplicative Scattering

Correction)

NIR Infravermelho Próximo

NIR-CI Espectroscopia de imagem no infravermelho próximo utilizando

técnica quimiométrica de calibração multivariada

PA pró-análise (grau analítico)

PAMAN poli amidoamina

PCA Análise de Componentes Principais (“Principal Component Analysis”)

PDRX Padrão de difração de raios x do pó

PDRX -

TOPAS

análise de dados obtidos por difratometria de raios x do pó através

do software Topas para obtenção do grau de cristalinidade

PEG PEG 6000 (polietilenoglicol)

PEGs polietilenoglicóis

PEG-1(SD) dispersão sólida SINV:PEG:AER(1:0,25:1) preparada por técnica de

secagem por “spray dryer”)

PEG-2(SD) dispersão sólida SINV:PEG:AER(1:1:1) preparada por técnica de

secagem por “spray dryer”)

PLS Regressão em Mínimos Quadrados Parciais (“Partial Least Squares”)

PVP polivinilpirrolidona (PVP K-30)

RENAME Relação Nacional de Medicamentos

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SCB Sistema de Classificação Biofarmacêutica

SD Técnica de produção de dispersões sólidas por secagem por “spray

dryer”

SINV Sinvastatina

SOL Soluplus

SOL-1(MA) dispersão sólida SINV: SOL (1:0,25) preparada por técnica de

malaxagem.

SOL-2(MA) dispersão sólida SINV: SOL(1:1) preparada por técnica de

malaxagem.

URA umidade relativa do ar

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

SUMÁRIO

PARTE 1 INTRODUÇÃO................................................................................ 19 1.1 Justificativa.................................................................................... 20 1.2 Objetivos........................................................................................ 20 1.2.1 Objetivo Geral................................................................................ 20 1.2.2 Objetivos Específicos................................................................... 20 1.3 Referencial Teórico....................................................................... 21 1.3.1 As estatinas e sua utilização na hiperlipidemia ........................ 21 1.3.2 A sinvastatina e suas características físico químicas.............. 26 1.3.3 A questão do aumento de solubilidade dos fármacos –

estratégias utilizadas e as dispersões sólidas........................... 27

1.3.4 Estratégias utilizadas para o aumento da solubilidade da SINV................................................................................................

29

1.3.4.1 Utilização de dispersões sólidas como estratégia de aumento de solubilidade de fármacos........................................

31

1.3.4.2 Dispersões sólidas comercializadas como medicamentos...... 33 1.3.4.2.1 Carreadores utilizados – características e aplicação...................... 34 1.3.4.2.1.1 Soluplus(SOL)................................................................................. 34 1.3.4.2.1.2 Lauril sulfato de sódio (LSS)........................................................... 36 1.3.4.2.1.3 Polivinil pirrolidona (PVP)................................................................ 37 1.3.4.2.1.4 Polietilenoglicol (PEG)..................................................................... 37 1.3.5 Caracterização físico-química no desenvolvimento de

medicamentos – principais técnicas utilizadas........................ 38

1.3.5.1 A utilização de Espectroscopia de Imagem no Infravermelho Próximo (NIR-CI) com Calibração Multivariada como técnica analítica de caracterização ..........................................................

38

1.3.5.1.1 Obtenção das imagens multiespectrais........................................... 39 1.3.5.1.2 Análise dos dados por quimiometria............................................... 42 1.3.5.1.3 Regressão em Mínimos Quadrados Clássicos (“Classical Least

Squares” CLS) 43

1.3.5.2 Utilização do software Topas no tratamento de dados

obtidos por Difratometria de Raios X do Pó (PDRX-

TOPAS)...........................................................................................

44

PARTE 2 PREPARAÇÃO DAS DISPERSÕES SÓLIDAS DE

SINVASTATINA.............................................................................. 53

2.1 Procedimento Experimental......................................................... 53 2.1.1 Preparo das Dispersões Sólidas.................................................. 53 2.1.1.1 Materiais......................................................................................... 53 2.1.1.2 Métodos.......................................................................................... 55 2.1.2 Teor de Fármaco nas Dispersões Sólidas ................................. 55 2.1.2.1 Método............................................................................................ 56 2.1.2.1.1 Varredura no Espectrofotômetro..................................................... 56 2.1.2.1.2 Preparação das Amostras para Doseamento................................. 56 2.1.3 Ensaio de Solubilidade................................................................. 56 2.1.3.1 Materiais......................................................................................... 56 2.1.3.2 Método............................................................................................ 57

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

2.1.4 Estudo de Solubilidade de Fases................................................ 57 2.1.4.1 Materiais......................................................................................... 57 2.1.4.2 Metodologia................................................................................... 58 2.2 Resultados e discussão................................................................ 59 PARTE 3 CARACTERIZAÇÃO DAS DISPERSÕES SÓLIDAS

SELECIONADAS............................................................................ 65

3.1 Procedimento Experimental......................................................... 66 3.1.1 Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)................. 66 3.1.2 Difratometria de Raios X do Pó utilizando o software Topas

(PDRX-TOPAS)............................................................................... 66

3.1.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)............................... 66 3.1.4 Espectroscopia de Imagem no Infravermelho Próximo (NIR-

CI).................................................................................................... 67

3.1.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)............................... 68 3.1.6 Análise e Distribuição do Tamanho de Partícula (DTP)............. 68 3.1.7 Comparação das dispersões sólidas produzidas com PEG.. 68 3.2 Resultados e Discussão .............................................................. 68 3.2.1 Interações Físico-Químicas.......................................................... 68 3.2.2 Comparação de PEG-2(ES), PEG-2(MA) e PEG-2(SD)................ 75 3.2.3 Espectroscopia de Imagem de Infravermelho Próximo (NIR-

CI).................................................................................................... 79

3.2.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)............................... 95 3.2.5 Distribuição do Tamanho de Partículas (DTP)........................... 97 3.2.6 Síntese da caracterização das dispersões sólidas

selecionadas.................................................................................. 98

PARTE 4 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SINVASTATINA E

DISPERSÕES SÓLIDAS SELECIONADAS.................................. 101

4.1 Procedimento Experimental ........................................................ 101 4.1.1. Materiais......................................................................................... 101 4.1.2 Métodos.......................................................................................... 101 4.2 Resultados e Discussão............................................................... 101 PARTE 5 CONCLUSÃO................................................................................. 111 REFERÊNCIAS............................................................................... 112 PERSPECTIVAS PARA PESQUISAS FUTURAS......................... 123 PRODUÇÃO RESULTANTE DO PROJETO DE TESE................. 126

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

Parte 1

INTRODUÇÃO

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

19

PARTE 1 INTRODUÇÃO

Essa tese está dividida de forma geral em três partes, sendo a primeira a

Preparação das Dispersões Sólidas de Sinvastatina com as técnicas de

malaxagem (MA), evaporação com co-solvente (ES), fusão com carreador (FC)

e secagem por “spray dryer” (SD) e os carreadores Soluplus (SOL), PEG 6000

(PEG), PVP K-30 (PVP) e lauril sulfato de sódio (LSS). Foi ainda feito o estudo

de solubilidade de fases de fármacos e excipientes para verificar a cinética de

solubilização e o ensaio de solubilidade para selecionar de forma racional as

dispersões sólidas.

Na segunda parte foi feita a Caracterização das Dispersões Sólidas

selecionadas no ensaio de solubilidade. Foram utilizadas técnicas usuais como

Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Calorimetria Exploratória

Diferencial (DSC), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Distribuição de

Tamanho de Partícula (DTP), e duas técnicas analíticas emergentes: a

espectroscopia de imagem no infravermelho próximo utilizando técnica

quimiométrica de calibração multivariada (NIR-CI) e a quantificação da

cristalinidade através do software Topas na análise de dados obtidos por

difratometria de raios x do pó (PDRX-TOPAS).

Na terceira parte foi feito um Estudo de Estabilidade (seis meses) em

câmara climatizada com as dispersões sólidas selecionadas. Em cada etapa do

estudo foi feito a análise de teor, análise térmica e análise da cristalinidade das

amostras.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

20

Resumidamente a tese está organizada conforme a Figura 1.

Figura 1 – Visão geral da tese

1.1 Justificativa

A motivação dessa tese foi a de preencher lacunas no estudo das

dispersões sólidas de sinvastatina através da compreensão das interações

físico-químicas e do estudo da estabilidade, de forma a propor teorias que

expliquem o aumento da solubilidade do fármaco.

1.2 Objetivos

1.2.1Objetivo Geral

Compreender os mecanismos físico-químicos envolvidos no aumento da

solubilidade da sinvastatina e suas implicações na estabilidade da mesma.

1.2.2 Objetivos Específicos

I. Preparar dispersões sólidas de sinvastatina com diferentes carreadores

e técnicas.

II. Avaliar o aumento de solubilidade aquosa da sinvastatina nas

dispersões sólidas produzidas.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

21

III. Caracterizar as dispersões sólidas selecionadas através de técnicas

convencionais, bem como de técnicas emergentes na área farmacêutica.

IV. Propor teorias para o aumento de solubilidade das dispersões sólidas

selecionadas.

V. Avaliar a contribuição das técnicas emergentes na caracterização das

dispersões sólidas.

VI. Avaliar a estabilidade físico-química das dispersões sólidas

1.3 Referencial Teórico

1.3.1 As estatinas e sua utilização na hiperlipidemia

A hiperlipidemia é a taxa aumentada de lipídios no sangue, chamada

também de dislipidemia. Associados aos lipídios ou gorduras existem três tipos

de substâncias em nosso organismo: o colesterol, os triglicerídios e os

fosfolipídios. Do ponto de vista clínico o colesterol é o mais importante por ser

responsável pela obstrução das artérias quando em nível elevado

(aterosclerose), sendo seguido pelos triglicerídios, responsável por pancreatites

e por processos degenerativos dos vasos (KATZUNG, 2006) (SILVA, 2006).

A hiperlipidemia é um problema de saúde cada vez mais recorrente no

mundo moderno, onde o ritmo de vida intenso, o excesso de

responsabilidades, sedentarismo, alimentação inadequada, obesidade e stress

são uma constante no ano.

Existem também causas genéticas, a chamada hiperlipidemia familiar onde,

apesar dos cuidados, o indivíduo apresenta taxas elevadas (RANG et al ,

2004).

A doença começa de forma silenciosa, porém é um dos principais

fatores de risco para as doenças cardiovasculares, incluindo aterosclerose,

angina e infarto. É de ocorrência comum na clínica médica; segundo dados da

Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), nos Estados Unidos mais de um

milhão de pessoas morrem por ano de infarto agudo do miocárdio e no Brasil,

estima-se que as doenças cardiovasculares matam de 300 a 400 mil pessoas

atualmente, sendo a primeira causa de mortalidade no país. Ainda, segundo a

SBC, cerca de 40% da população brasileira apresenta taxa elevada de

colesterol (JORNAL SBC, 2012).

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22

No tratamento da hiperlipidemia, além de alimentação adequada e

exercícios, são prescritos medicamentos como estatinas, fibratos, resinas

sequestradoras de ácidos biliares, etc. Na classe das estatinas inclui-se a

sinvastatina (SINV), foco dessa tese, sendo classificada como “hipolipemiante

simples” na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (BRASIL, 2013),

sendo seu único representante e distribuído na forma de comprimido nas

dosagens de 10, 20 e 40 mg. A RENAME contempla a lista de medicamentos e

insumos distribuídos pelo SUS a toda a rede pública no país.

A SINV é um fármaco pertencente à classe química das estatinas, sendo

prescrita no tratamento da dislipidemia com o objetivo de reduzir os níveis de

colesterol e lipídios no sangue.

Após a ingestão oral, SINV, que é uma lactona inativa (Figura 1), é

hidrolisada no trato gastrointestinal ao seu correspondente ß-hidroxiácido. Essa

hidrólise ocorre em valores de pH entre 4,5 e 6,8 sendo um processo reversível

onde normalmente coexistem em equilíbrio no organismo as formas lactona e

hidroxiácido (UNGARO et al, 2011 apud ALVAREZ-LUEGE et al, 2005).

A forma hidrolisada de SINV (hidroxiácido) é o metabólito inibidor da 3-

hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A redutase (HMG-CoA redutase), que age por

um processo de mimetismo, o qual bloqueia a conversão do substrato HMG-

CoA em ácido mevalônico, inibindo os primeiros passos da biossíntese de

colesterol. Sua biodisponibilidade é baixa, ou seja, apenas 5% da dose oral

possui exposição sistêmica, sendo que 95% do fármaco se ligam às proteínas

plasmáticas (RANG et al, 2004). O mecanismo de transporte de membrana de

SINV ocorre por difusão passiva, estando então diretamente relacionada à

concentração (SANTIAGO, 2011).

Apresenta como principais efeitos colaterais problemas hepáticos e

dores musculares (miotoxicidade). É um composto sintético derivado da

lovastatina, a qual é o produto da fermentação do fungo Aspergillus terreus

(PEREIRA et al, 2003).

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23

Figura 2 – Conversão da pró-lactona inativa SINV a sua

forma ativa β-hidroxiácido

Fonte: adaptado de HUNGARO, 2011.

As estatinas são os fármacos mais utilizados no tratamento das

hiperlipidemias. Existem várias estatinas sendo utilizadas clinicamente,

algumas naturais como a lovastatina (Mevacor) e a pravastatina (Pravachol), a

sinvastatina (Zocor), que é semi-sintética. A fluvastatina (Lescol) é uma forma

racêmica sintética, cujos enantiômeros puros são atorvastatina (Lipitor) e

rosuvastina (Crestor), que estão representadas na Figura 3 e 4. Esses

fármacos diferem em termos de potência, perfil farmacocinético, interação

farmacológica e efeito indesejado relacionado à miotoxicidade (KATZUNG,

2006).

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24

Figura 3 – Estruturas químicas das estatinas naturais e sinvastatina

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25

Figura 4 – Estatinas Sintéticas

Fonte:FLUVASTATINA, 2014

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26

1.3.2 A sinvastatina e suas características físico-químicas

A SINV apresenta fórmula molecular C25H38O5; na nomenclatura IUPAC

(União Internacional de Química Pura e Aplicada) é o 1S,3R,7S,8S,8aR)-8-[2-

[(2R,4R)-4-hydroxy-6-oxotetrahydro-2H-pyran-2-yl]ethyl]-3,7-dimethyl-

1,2,3,7,8,8a-hexahydro naphthalen-1-yl 2,2-dimethylbutanoate.

Apresenta-se como um pó cristalino branco com coeficiente octanol/água =

4,68; funde entre 135 e 138 ºC e apresenta absorção na região do ultravioleta

em λ = 231, 238 e 247 nm. O fármaco é facilmente solúvel em clorofórmio (610

mg/mL), dimetilsulfóxido (540 mg/mL), metanol (200 mg/mL), e etanol (160

mg/mL); muito pouco solúvel em hexano (0,15 mg/mL); insolúvel em água (0,03

mg/mL) e em ácido clorídrico 0,1 M (0,06 mg/mL) ( MOFFAT; OSSELTON;

WIDDOP, 2004) (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2009).

Possui pKa=4,18, estando a molécula quase completamente dissociada em

pH 6,8 (YOSHINARI et al, 2007).

Possui baixa solubilidade em meio aquoso e alta permeabilidade intestinal,

sendo no sistema de classificação biofarmacêutica (SCB) um fármaco de

Classe II. (AMIDON, 1995).Para essa classe de fármacos a dissolução é o

passo limitante da velocidade de absorção e uma correlação in vivo-in vitro

(CIVIV) pode ser esperada. (KASIM et al, 2004).

Sofre processo de oxidação quando exposta ao ar e/ou altas temperaturas,

devendo ser conservada em recipientes bem fechados em temperaturas entre

15°C e 30°C (SILVA et al, 2009).

Em solução aquosa forma pontes de hidrogênio intermoleculares entre a

hidroxila do oxigênio 3 de uma molécula com o oxigênio 5 do éster de outra

molécula, tornando a hidroxila comprometida e com isso o fármaco apresenta-

se insolúvel em água (Figura 5) (CEJKA et al, 2003).

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27

Figura 5 – Formação de Pontes de Hidrogênio Intermoleculares na SINV

Fonte: adaptado de CEJKA et al, 2003.

1.3.3 A questão do aumento de solubilidade dos fármacos – estratégias

utilizadas e as dispersões sólidas

Solubilidade pode ser definida em termos quantitativos como a

concentração de soluto em uma solução saturada, a uma determinada

temperatura. Embora a definição de solubilidade possa parecer simples e

direta, existem muitas variáveis envolvidas. A solubilidade é determinada por

princípios cinéticos e termodinâmicos, como o tempo e grau de saturação da

solução (SINKO, 2008).

Em geral, a solubilidade é melhorada com a diminuição do tamanho das

partículas, com o aumento da temperatura no meio, com mudança de pH do

meio (por exemplo, fármacos, com um pKa na faixa ácida são mais solúveis em

meio alcalino), a formação de misturas eutéticas, de co-cristais e sais, bem

como a utilização de certos excipientes (ALSENZ ; KANSY, 2007) ( ALMEIDA,

2009).

Existe uma estreita relação entre o conceito de “solubilidade” e

“dissolução”. A velocidade de dissolução de fármacos pode ser definida como a

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28

quantidade de fármaco no estado sólido ou de uma forma de dosagem sólida

que fica em solução em certo período de tempo. No teste de dissolução, a

solubilidade do fármaco é o principal parâmetro que afeta a velocidade de

dissolução ( BANAKAR , 1992) .

Portanto, o teste de dissolução é o principal instrumento utilizado para

determinar a solubilidade aquosa do fármaco. Os meios de dissolução são

escolhidos com a finalidade de simular as condições in vivo no qual a absorção

do fármaco é provável que ocorra. Os tampões são geralmente usados para

simular os valores do pH do estômago ou do intestino delgado e enzimas

específicas também pode ser usadas. Além disso, são necessários agitação e

aquecimento adequados. A fim de avaliar a quantidade de fármaco que foi

dissolvido no meio, alíquotas são retiradas da solução em intervalos fixos de

tempo e analisadas para determinar a concentração do fármaco (STORPIRTIS

et al, 2009 )

Os testes de dissolução estão descritos nas farmacopéias e os métodos

variam de acordo com a forma de dosagem.

A solubilidade de fármacos tem sido amplamente discutida por

pesquisadores na indústria e no meio acadêmico nos últimos tempos. Isso

ocorre porque a cada dia está se tornando mais difícil descobrir moléculas com

atividade farmacológica e com boa solubilidade aquosa; estima-se que em

torno de 40% dos fármacos recentemente descobertos apresentem baixa

solubilidade aquosa, por isso as atenções estão se voltando para moléculas

que já são consagradas como fármacos, mas que sofrem de alguma restrição,

entre as quais aquelas com baixa solubilidade em água podem ser destacadas

(KARAVAS et al, 2007).

Esse fato implica em baixa biodisponibilidade, ou seja, o fármaco chega

ao local de ação em quantidades inadequadas (LIPINSKI, 2002). Para que haja

uma boa biodisponibilidade é preciso que o fármaco sofra liberação de sua

forma farmacêutica, atravessando em seguida as membranas celulares,

atingindo assim a circulação sistêmica. No caso de medicamentos que utilizam

a via oral, a velocidade de absorção está diretamente relacionada com a

solubilidade aquosa e a permeabilidade intestinal do fármaco (AMIDON, 1995;

WENLOCK et al, 2003).

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29

Um fármaco é considerado de alta solubilidade quando sua dose mais

alta for completamente solúvel em 250 mL de meio aquoso, na faixa de pH

entre 1,0-7,5 à 37ºC; e de alta permeabilidade quando a extensão de sua

absorção em humanos for ≥ 90% da dose administrada, comparando‑se com

uma dose referência pela via endovenosa (LACERDA; LIONZO, 2011).

1.3.4 Estratégias utilizadas para o aumento da solubilidade da SINV

Muitas pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de aumentar a

solubilidade aquosa de SINV, principalmente por seu uso continuado no

tratamento de pacientes com taxas elevadas de colesterol e triglicerídeos.

As estratégias utilizadas envolvem a formação de dispersões sólidas,

microemulsões, nanopartículas, secagem por fluido supercrítico, formação de

complexos de inclusão com ciclodextrinas (CD) e formação de dendrímeros

(VARGAS; RAFFIN; MOURA, 2012). No entanto, muitos destes métodos

apresentam restrições como, por exemplo, a diminuição do tamanho de

partículas pode causar aglomerados, ocasionando um fluxo pobre dos pós; em

muitas dispersões sólidas são utilizadas grandes proporções de polímeros, o

que dificulta a transposição para a escala industrial (MURTAZA, 2012).

De acordo com Cunha – Filho e Sá - Barreto (2007) as técnicas para a

preparação de complexos de inclusão com CD tem uma ampla gama de

aplicação e pode ser produzido em escala industrial, por liofilização e secagem

por “spray dryer” de uma forma muito eficaz, sendo que já existem cerca de 30

medicamentos produzidos dessa forma no mercado mundial.

Foi realizada uma revisão sistemática de todas as estratégias utilizadas

para aumentar a solubilidade de SINV em um período de 12 anos (janeiro de

2000 a abril de 2012 com um total de 27 artigos), onde as técnicas foram

comparadas (VARGAS; RAFFIN; MOURA, 2012).

Analisando os artigos relacionados, os autores inferiram que a técnica

utilizada mais frequentemente para melhoria da solubilidade do fármaco é a

formação de dispersões sólidas seguido da formação de nanopartículas e após

complexos de inclusão com CD. A representação gráfica pode ser vista na

Figura 6.

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30

Figura 6 - Gráfico de barras da distribuição percentual das diversas

técnicas utilizadas para melhoria da solubilidade da SINV

DS – dispersão sólida, ME – microencapsulação, NP – nanopartículas, FS – fluido supercrítico, CD – ciclodextrinas

Fonte: adaptado de VARGAS; RAFFIN; MOURA, 2012.

O maior resultado relatado foi produzido pela formação de

microemulsões com um aumento de 50 vezes (MARGULIS - GOSHEN;

MAGDASSI, 2009). Um aspecto a destacar é que esse artigo se enquadra em

mais de uma categoria, pois utilizou a técnica de microemulsões tendo

produzido nanopartículas. A técnica de nanopartículas produziu um aumento

de 25,7 vezes (PANDYA; PATEL; PATEL, 2010).

É importante notar que o mecanismo responsável pelo aumento da

solubilidade aquosa de SINV apresentou resultados variados nos diferentes

métodos. De acordo com Margulis – Goshen e Magdassi (2009), a produção de

nanopartículas por liofilização a partir de microemulsão ocasionou uma

diminuição da cristalinidade de SINV, sendo essa a causa do aumento da

solubilidade aquosa.

Por outro lado, Kulhari e outros (2011) relataram o uso de complexos de

SINV - dendrímero, como uma forma eficiente para aumentar a solubilidade

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

31

aquosa do fármaco. No entanto, os autores não apresentaram uma hipótese

para o aumento da solubilidade aquosa.

Pandya e colaboradores (2010) relataram terem produzido uma

nanossuspensão, com PVP K-30 como estabilizante para preparar as

partículas com diâmetros compreendidos entre 100 e 1000 nm.

A formação de complexos de inclusão com CD também levou a um bom

aumento na solubilidade no estudo de Vyas, Saraf e Saraf (2011), formando

partículas de tamanho nanométrico. Ungaro e colaboradores (2011) usaram

hidroxipropil-β-CD e SINV, utilizando secagem por “spray dryer”.

1.3.4.1 Utilização de dispersões sólidas como estratégia de aumento de

solubilidade de fármacos

O termo dispersão sólida refere-se à dispersão de um ou mais fármacos

em uma matriz ou carreador (geralmente um polímero) (PATEL; PATEL, 2008).

É uma mistura fármaco-polímero onde as interações físico-químicas resultam

normalmente na perda de cristalinidade do fármaco e consequente aumento na

solubilidade. As dispersões sólidas são classificadas como modificações físicas

de um fármaco através de um carreador (LEUNER; DRESSMAN, 2000).

Algumas explicações para o aumento de solubilidade por meio de

dispersões sólidas envolvem o tamanho de partícula reduzido, o aumento da

área de superfície, maior a molhabilidade pela presença de suportes hidrófilos,

a elevada porosidade das partículas, a redução ou ausência de aglomeração e

agregação e a possível presença do fármaco na sua forma amorfa (PATEL;

PATEL, 2008) (VASCONCELOS; SARMENTO; COSTA, 2007).

De acordo com Storpirtis e colaboradores (2009), alguns métodos

podem ser utilizados para aumentar a solubilidade do fármaco sem alterar a

sua estrutura química (Quadro 1).

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Quadro 1 – Métodos utilizados para aumentar a solubilidade aquosa

de fármacos

MÉTODO DESCRIÇÃO

Micronização Redução do tamanho de partícula a menos que 10 µm.

Dispersão Sólida de Primeira Geração

Formação de misturas eutéticas utilizando carreadores solúveis em água como uréia e manitol.

Dispersão Sólida de Segunda Geração

Diminuição da cristalinidade de fármacos através da utilização de carreadores como PEG, PVP e derivados da celulose podendo ser formadas soluções sólidas, suspensões sólidas ou simples misturas físicas.

Dispersão Sólida de Terceira Geração

Mistura com surfactantes (ex. Gelucire 14/44, polissorbatos, etc,) que promovem o aumento da solubilidade através da diminuição da tensão interfacial.

As dispersões sólidas podem ser produzidas também através da técnica

de fusão, onde o fármaco é fundido no interior do carreador, o sistema é

resfriado e depois micronizado. O processo de fusão tem a finalidade de

dissolver ou dispersar o fármaco no carreador, e o processo de resfriamento é

responsável pela solidificação da mistura, o que facilita a micronização. No

entanto, esta técnica não é adequada para os medicamentos termolábeis.

Outra técnica de produção de dispersões sólidas envolve evaporação do

solvente, onde o fármaco é dissolvido num solvente adequado e disperso na

solução contendo o carreador, sendo então secado em evaporador rotatório,

em forno, na secagem por “spray dryer” ou por fluido supercrítico (VARGAS;

RAFFIN; MOURA, 2012).

Outra forma de produzir dispersões sólidas envolve a malaxagem, feita

em gral. Como exemplo dessa técnica tem a dispersão sólida produzida por

Modi e Tayade (2006), onde foi produzida uma dispersão sólida de valdecoxib

com PVP K-30 que resultou no aumento do perfil de dissolução do fármaco.

Na técnica de fusão, seguida de resfriamento, por exemplo, pode ocorrer

a formação de misturas eutéticas, onde a matriz, que é mais solúvel, envolve o

fármaco em solução solubilizando-o e formando cristais mais finamente

divididos (com maior área de contato), aumentando a solubilidade do fármaco e

possivelmente sua biodisponibilidade. No entanto, a fusão, seguida de

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

33

resfriamento tem algumas limitações como, por exemplo , quando não existe

uma boa miscibilidade entre o fármaco e o carreador poderá não ocorrer a

dispersão , além disso, a temperatura elevada para fundir o polímero

(carreador) pode degradar o fármaco (SEKIGUCHI; OBI, 1961) ( GOLDBERG;

GIBALDI; KANIG, 1966).

Quando polímeros tais como polivinilpirrolidona (PVP), polietilenoglicóis

(PEGs) ou polímeros de celulose são usados, é comum serem formadas

soluções sólidas, em que o polímero está frequentemente presente como uma

rede amorfa, no qual o fármaco é aprisionado. As moléculas do soluto podem

também plastificar o polímero, resultando numa redução da sua temperatura de

transição vítrea (LEUNER; DRESSMAN, 2000).

Em relação às dispersões sólidas com PVP, a cristalização do fármaco

pode ser inibida, resultando em formas amorfas que são menos estáveis

termodinamicamente e liberam o fármaco mais rapidamente. A inibição pode

ser devido a ligação de hidrogênio entre PVP e o fármaco ou pela incorporação

das moléculas de fármaco dentro da matriz de polímero (FORD, 1986)

(MATSUMOTO; ZOGRAFI, 1999).

No caso de polímeros hidrofílicos, tais como derivados de celulose

(HPMC - hidroxipropilmetilcelulose, carboximetilcelulose - CMC, etc.),

polímeros semi-sintéticos (alginatos, goma xantana, quitosana, etc) e os

polímeros acrílicos (carbômeros) (LOPES; LOBO; COSTA, 2005), quando em

contato com a água, atuam como um plastificante, que causam uma mudança

no estado vítreo (configuração polímero altamente enredada) para um estado

maleável, que está associado a um processo de expansão / relaxamento

(COLOMBO et al, 2000).

1.3.4.2 Dispersões sólidas comercializadas como medicamentos

Existem no mercado alguns medicamentos que utilizam a estratégia de

dispersões sólidas como pode ser visto no Quadro 2.

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34

Quadro 2 - Relação de medicamentos no mercado utilizando a tecnologia

de dispersões sólidas

Medicamento Fármaco Carreador Tecnologia Indústria Ano de Aprovação

GrisPEG griseofulvina PEG 400 e 8000, PVP

Fusão a quente

Pedinol Pharm Inc.

1975

Cesamet nabilona PVP Desconhecida Meda Pharmaceuticals

1985

Sporanox itraconazol PEG Spray Drying Jansen 1996

Kaletra lopinavir/

ritonavir

PEG, PVP Extrusão à quente

Abbott 2005

Fonte: Adaptado de New Jersey Centre for Biomaterials.

O GrisPEG é um antifúngico; o Cesamet é um antiemético potente, um

derivado canabinóide usado em neuropatias e em pacientes em

quimioterapia.O Sporonax é um antifúngico e o Kaletra é usado na terapia

antirretroviral (HIV).

É importante salientar que em todos os medicamentos foi utilizado PEG

e PVP em suas formulações. As tecnologias predominantes foram a secagem

por “spray dryer” e extrusão a quente.

1.3.4.2.1 Carreadores utilizados – características e aplicação

Nessa tese foi utilizado o Soluplus, um excipiente inovador, lançado pela

Basf em 2009 que foi comparado com excipientes já consagrados como

carreadores em dispersões sólidas – PEG 6000 e PVP K-30, além de um

surfactante conhecido - lauril sulfato de sódio.

1.3.4.2.1.1 Soluplus (SOL)

O SOL é um surfactante co-polimérico que apresenta uma cadeia

principal hidrofílica (composta de polietilenoglicol) e cadeias laterais lipofílicas

(compostas por polivinil caprolactama e polivinil acetato), sendo considerado

como pertencente à quarta geração de carreadores para o preparo de

dispersões sólidas (HARDUNG; DJURIC; ALI, 2010). Foi desenvolvido com o

objetivo de melhorar a solubilidade e a biodisponibilidade de fármacos de baixa

solubilidade aquosa através da extrusão à quente (SOLUPLUS, THE SOLID

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35

SOLUTION – OPENING NEW DOORS IN SOLUBILIZATION, 2010). Possui

massa molecular em torno de 118.000 g/mol. Apresenta-se como grânulos

brancos ou amarelados, amorfos, com fluxo livre, solúvel em água e alguns

solventes orgânicos como acetona, metanol, etanol, etc.

Figura 7 – Fórmula Estrutural de Soluplus

NO

O

O

O

OH

O

O

OH

Quando formada uma dispersão sólida ou solução sólida o fármaco liga-

se ao SOL conforme ilustrado na Figura 8.

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36

Figura 8 – Molécula de Soluplus aprisionando o fármaco

Fonte: Adaptado de ALI e KOLTER, 2012.

1.3.4.2.1.2 Lauril Sulfato de Sódio (LSS)

Também chamado de dodecil sulfato de sódio. Possui fórmula mínima

C12H25NaSO4, massa molar 288,38 g/mol e ponto de fusão 204-207ºC. Sua

fórmula estrutural está demonstrada na Figura 9.

Figura 9 – Fórmula Estrutural do Lauril Sulfato de Sódio

É considerado um surfactante ou tensoativo aniônico, ou seja, com

propriedades anfifílicas, possuindo uma porção polar (hidrofílica) e uma apolar

(hidrofóbica) da molécula (ROWE et al, 2011). Tem sido utilizado no

desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas para aumentar a solubilidade

de fármacos por um mecanismo de formação de micelas com diminuição da

tensão superficial quando em solução (RAO et al, 2006).

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37

1.3.4.2.1.3 Polivinil pirrolidona (PVP)

Também chamado de povidona, copovidona, com fórmula mínima

(C6H9NO)n, com PM ≈ 45.000 e PF – 140ºC. Sua fórmula estrutural pode ser

vista na Figura 10.

Figura 10 – Fórmula Estrutural da Copovidona

Na indústria farmacêutica tem aplicação como formador de filme e

também como ligante na fabricação de comprimidos. É usualmente utilizada

em formulações para melhorar a dissolução de fármacos pouco solúveis, na

produção de dispersões sólidas (SOTTHIVIRAT et al, 2013).

O PVP é solúvel numa grande variedade de solventes orgânicos, por

essa razão é adequado à produção de dispersões sólidas produzidas por

evaporação do solvente (ALVES et al, 2012).

1.3.4.2.1.4 Polietilenoglicol (PEG)

O número que acompanha o PEG corresponde ao peso molecular médio

do polímero, no caso PM ≈ 60.000 g/mol. Nesse trabalho foi utilizado o PEG

6000 (PEG) (Figura 11).

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38

Figura 11 – Fórmula Estrutural do PEG 6000

1.3.5 Caracterização físico-química no desenvolvimento de medicamentos

– Principais técnicas utilizadas

Muitas modificações podem ocorrer ao se aumentar a solubilidade de

um fármaco, dependendo da técnica e da natureza das matrizes utilizadas.

Tais misturas podem sofrer interações completamente diferentes do objetivo

inicial da pesquisa. Portanto é necessário um monitoramento dessas interações

através de técnicas de caracterização que se complementem nas informações

fornecidas, de modo que se tenha um conhecimento mais completo das

interações ocorridas e se faça as alterações necessárias na formulação ou na

técnica. Esses dados podem fornecer o estado exato das misturas formadas.

As análises mais comumente utilizadas na caracterização são: Análise Térmica

(Calorimetria Exploratória Diferencial [DSC], Termogravimetria [Tg], Análise

Térmica Diferencial [DTA]) Difração de Raios X do pó (PDRX), Infravermelho

com Transformada de Fourier (FTIR) e Microscopia Eletrônica de Varredura

(MEV), Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET), dentre outras.

1.3.5.1 A utilização de Espectroscopia de Imagem no Infravermelho

Próximo (NIR-CI) com Calibração Multivariada como técnica

analítica de caracterização

A espectroscopia de imagem é uma técnica emergente dentro da área

química e farmacêutica, sendo atualmente de grande interesse esse tipo de

análise no meio científico. O Conselho para Pesquisa Química, no seu relatório

“Technology Vision 2020: The US Chemical Industry” reconhece que a

espectroscopia de imagem é uma tecnologia importante e essencial no

desenvolvimento de produtos, processos e controle de produção. No relatório a

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39

espectroscopia de imagem é citada como uma tecnologia com potencial

impacto para o futuro (VISION 2020, 2000).

No Brasil são poucos ainda os grupos de pesquisa que trabalham com

espectroscopia de imagem.

A espectroscopia de imagem no NIR (NIR-CI), com efeito, é um "passo a

frente" da espectroscopia NIR tradicional. De forma geral pode-se dizer que ao

invés de obter o espectro em um único ponto, é feito o mapeamento de uma

área da amostra, tirando espectros a cada 50 ou 100 µm. Assim, é possível

localizar através dos espectros cada composto na amostra, permitindo obter

informações sobre a distribuição espacial de seus constituintes sendo, porém,

necessário um tratamento quimiométrico.

1.3.5.1.1 Obtenção das imagens multiespectrais

A espectroscopia de imagem compreende a medida de um espectro

completo por unidade da superfície da amostra (pixel). O resultado pode ser

visualizado como um cubo, denominado hipercubo espectral onde as três

dimensões são as coordenadas x e y do pixel e a terceira é a dimensão dos

comprimentos de onda (Figura 12).

Figura 12 – Cubo de dados gerado em espectroscopia de imagem

(hipercubo espectral)

Fonte: POPPI, 2013.

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40

A espectroscopia de imagem ocorre na literatura com os termos

sinônimos “hyperspectral imaging” ou hyperspectral image”. Esse fato tem

origem nas primeiras aplicações de imagens hiperespectrais em sensoriamento

remoto, nos anos 70. Nesta época, as imagens eram geradas por um conjunto

de bandas ao invés de um espectro contínuo e a técnica era denominada

“multispectral imaging”. A partir de 1980, a utilização de espectros contínuos

para o monitoramento deu origem ao termo “hyperspectral imaging” (GELADI;

BURGER; LESTANDER, 2004).

De acordo com a maneira como o cubo de dados é gerado, o

procedimento de geração do hipercubo espectral pode ser classificado como

“mapping” ou “imaging”. Quando uma plataforma móvel é utilizada para

movimentar a amostra, o procedimento é denominado “mapping”, e ainda pode

ser subdividido em “point mapping” (varredura feita pixel a pixel) ou “line-

mapping” (varredura simultânea de uma linha de pixels). O procedimento

“mapping” em geral, representa a adaptação da microespectroscopia (técnica

na qual o microscópio é utilizado apenas como dispositivo de visualização da

amostra) pela adição de uma plataforma móvel. Por outro lado, quando toda a

área da amostra é refletida sobre um detector multi-elementar (formado por

centenas ou milhares de elementos em uma matriz) do tipo “focal plane array”

(arranjo de plano focal) (FPA), o procedimento passa a ser denominado

“imaging”. Estes detectores permitem que os espectros sejam adquiridos de

forma simultânea para uma determinada área da amostra, em um dado

comprimento de onda.

A seleção de um ou outro procedimento de aquisição de dados depende

da aplicação. O procedimento “imaging” é ideal para aplicações que

necessitem de respostas rápidas, nas quais constituintes majoritários são

analisados. No procedimento “mapping”, os espectros são obtidos variando-se

a posição da amostra em relação à fonte incidente, pode-se pensar no cubo de

dados como contendo informações espectrais espacialmente resolvidas, uma

vez que um espectro completo é disponível por pixel da superfície da amostra.

Considerando que o procedimento “imaging” não envolve movimento da

amostra uma vez que a fonte ilumina toda a superfície da amostra de uma

única vez e os comprimentos de onda são posteriormente separados, pode-se

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

41

pensar no cubo de dados como contendo informações espaciais

espectralmente resolvidas, pois se tem uma imagem por comprimento de onda.

Tanto o procedimento “mapping” quanto o procedimento “imaging” geram

imagens químicas, ou seja, imagens cujos contrastes são gerados por

diferenças espectrais (AMIGO, 2010).

Os modos de obtenção dos espectros estão ilustrados na Figura 13.

Figura 13 - Procedimentos para a aquisição do hipercubo espectral.

C)

A)

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 80000.8

1

1.2

1.4

1.6

Número de onda (1/cm)

log

(1

/R)

B)

4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 80000.8

1

1.2

1.4

1.6

Número de onda (1/cm)

log

(1

/R)

Imagem univariada:

A) “point-mapping” - geração de um único espectro; B) “line-mapping” - geração de uma linha de espectros e C) “imaging” - geração de uma imagem baseada na intensidade em um único comprimento de onda.

Fonte: Adaptado de AMIGO, 2010.

Métodos univariados e multivariados podem ser utilizados para a

geração de imagens químicas. O método univariado consiste basicamente em

selecionar um comprimento de onda do hipercubo espectral; a imagem é

gerada pelos valores de intensidade de absorbância em todos os pixels do

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

42

comprimento de onda. Este método pode ser utilizado para obter uma

avaliação qualitativa da distribuição dos constituintes. O método multivariado

faz uso de várias medidas espectrais de forma simultânea, fornecendo uma

avaliação mais quantitativa.

1.3.5.1.2 Análise dos dados por quimiometria

A análise de dados é uma parte essencial em todo experimento. Há

muito tempo a estatística univariada vem sendo aplicada a problemas

químicos, mas a sua utilização tornou-se limitada. Nas últimas décadas, a

análise multivariada foi introduzida no tratamento de dados químicos,

ganhando rapidamente popularidade e dando origem a uma nova ciência

analítica, a Quimiometria, que correlaciona muitas variáveis simultaneamente,

permitindo um maior número de informações (SENA et al, 2000).

A Figura 14 mostra um esquema de geração de uma imagem

empregando métodos quimiométricos.

Figura 14 - Esquema geral para a geração de imagens químicas utilizando

métodos quimiométricos.

Num primeiro momento ocorre o desdobramento do cubo de dados em

uma matriz de duas dimensões (amostras nas linhas e as variáveis nas

colunas). Após o desdobramento, podem ser realizados pré-processamentos

nesta matriz com o objetivo de remover ruído e artefatos não relacionados à

composição física e química da amostra. O tipo de pré-processamento

depende da técnica que foi empregada para obter os espectros; os espectros

NIR de amostras sólidas normalmente requerem a eliminação de flutuações de

linha base, o que pode ser feito pelo método de correção de espalhamento

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

43

multiplicativo (Multiplicative Scattering Correction, MSC) ou pelo uso de

derivadas.

Após o pré-processamento, segue-se a etapa de extração de

informações dos mapas, sendo os compostos químicos localizados nesta

etapa. Muitas são as ferramentas quimiométricas que podem ser utilizadas,

sendo as principais: Análise de Componentes Principais (“Principal Component

Analysis” - PCA), Regressão em Mínimos Quadrados Clássicos (“Classical

Least Squares” - CLS), Resolução Multivariada de Curvas (“Multivariate Curve

Resolution” - MCR), Regressão em Mínimos Quadrados Parciais (“Partial Least

Squares” - PLS). A aplicação destas ferramentas fornece como resultado

vetores (ou matrizes) contendo as propriedades de interesse (concentrações,

scores) as quais são redobradas, de acordo com a distribuição espacial

original, dando origem aos mapas de distribuição (de scores ou concentrações)

também chamadas de imagens químicas (GENDRIN; ROGGO; COLLET,

2008).

1.3.5.1.3 Regressão em Mínimos Quadrados Clássicos (“Classical Least

Squares” CLS)

O método CLS é um método quantitativo baseado na Lei de Beer, que

assume que cada medida é a soma de sinais linearmente independentes, ou

seja, que o espectro em cada pixel é a soma de todos os espectros dos

componentes puros ponderadas pelas suas concentrações . O CLS é um

método quimicamente intuitivo, sendo suas principais vantagens a facilidade de

execução e principalmente de compreensão.

A matriz de espectros X desdobrada é considerada como sendo o

produto da matriz de concentrações (C) e da matriz contendo os espectros (S)

dos constituintes puro, conforme mostrado na equação 1.

X =CST + E (Eq.1)

Se um conjunto de amostras de concentrações conhecidas estiver

disponível, o CLS também pode ser utilizado para estimar os espectros puros.

Isolando-se S na equação 1, obtém-se:

S = (CTC)-1CTX (Eq.2)

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

44

Caso os espectros dos componentes da amostra estejam disponíveis é

possível estimar as concentrações de cada componente em uma amostra

desconhecida, isolando-se C na equação 1, conforme mostrado na equação 3:

C = (SST)-1SXT (Eq.3)

A equação 3 indica que os espectros puros devem ser linearmente

independentes (não colineares), pois caso exista colinearidade, a matriz (SST)

não poderá ser invertida. Na prática, quando as respostas apresentam apenas

pequena colinearidade, esta matriz ainda poderá ser calculada, mas será

instável e os valores previstos de concentração podem não ser exatos.

Considerando que no método CLS um dado espectro é considerado

como sendo a soma ponderada dos espectros puros pelas suas

correspondentes concentrações, interações físico-químicas entre os

constituintes da amostra (as quais geram deslocamentos no sentido dos

números de onda) e não-linearidades no sinal analítico com relação à

concentração, podendo levar à falta de exatidão do método (GENDRIN;

ROGGO, COLLET, 2008).

1.3.5.2 Utilização do software Topas no tratamento de dados obtidos por

Difratometria de Raios X do Pó (PDRX-TOPAS)

A difração de raios X é uma das técnicas mais aplicadas para o estudo

da cristalinidade dos materiais na área farmacêutica nos últimos tempos. Isso

ocorre devido à natureza dos fenômenos de difração, que leva em conta que

apenas as fases cristalinas contribuem para a intensidade do pico em um

padrão de difração. A contribuição total de raios X também vem do ruído de

fundo inerente, assim como a partir de fases amorfas, cujos perfis não geram

picos típicos.

A cristalinidade define muitos parâmetros físico-químicos que refletem

em última análise na estabilidade e biodisponibilidade de um medicamento.

Sem dúvida é uma técnica de grande utilidade, rápida, que utiliza pouca

quantidade de amostra e tem muito a ser explorada.

Para produzir raios X por difração em um difratômetro, é necessário

aplicar uma diferença de potencial da ordem de 35 kV entre um cátodo e um

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

45

alvo metálico que funcionam como ânodo, mantidos no vácuo. Quando o

filamento de tungstênio do cátodo é aquecido, liberam-se elétrons, por efeito

termo iônico, que são acelerados através do vácuo pela diferença de potencial

entre o cátodo e o ânodo, ganhando, assim, energia cinética. Quando os

elétrons se chocam com o alvo metálico (por exemplo, de molibdênio), liberam-

se raios X. Contudo, a maior parte da energia cinética (em torno de 98%) é

convertida em calor, razão pela qual o alvo metálico deve ser resfriado

externamente (CALLISTER, 2008). O difratômetro é constituído basicamente

por um tubo de raios X, um porta-amostra onde incide a radiação e um detector

móvel, geralmente de cintilação.

Os raios X são uma forma de radiação eletromagnética que possui

elevada energia e curto comprimento de onda (comprimentos de onda da

ordem de magnitude dos espaçamentos atômicos nos sólidos). Quando um

feixe de raios X incide sobre um material sólido, uma fração deste feixe se

dispersa, ou se espalha, em todas as direções pelos elétrons associados a

cada átomo ou íon que se encontra na trajetória do feixe.

Considerando-se dois ou mais planos de uma estrutura cristalina, as

condições para que ocorra a difração de raios X vão depender da diferença de

caminho percorrida pelos raios X e o comprimento de onda da radiação

incidente.

Esta condição é expressa pela lei de Bragg que é representada na

equação 4 a seguir.

n = 2 d sen θ, (Eq.4)

onde

- comprimento de onda da radiação incidente,

“n” - número inteiro (ordem de difração),

“d” - distância interplanar para o conjunto de planos “h k l” (índice de Miller) da

estrutura cristalina e

θ - ângulo de incidência dos raios X medido entre o feixe incidente e os planos

cristalinos (CALLISTER, 2008).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

46

No difratômetro a captação do feixe difratado é feita por meio de um

detector de acordo com um arranjo geométrico denominado de geometria

Bragg-Brentano (Figura 15).

Figura 15 – Arranjo Geométrico de Bragg-Brentano

Fonte: GEOMETRIA DE BRAGG-BRENTANO [2014?]

Com essa geometria um feixe de radiação monocromática incide em

uma amostra na forma de pó, rotacionada de um ângulo θ, enquanto os dados

são coletados por um detector que se move de 2θ. A intensidade do feixe

difratado, variável em função do ângulo 2 θ é normalmente expressa através de

picos que se destacam da linha de base (“background” ou ruído de fundo)

registrados num espectro de intensidade pelo ângulo 2 θ ou da distância

interatômica , constituindo o padrão de difração .

Desta forma, o padrão de difração representa uma coleção de picos,

cada qual com sua altura, área integrada, posição angular, largura e caudas

que decaem gradualmente à medida que se distanciam da posição de altura

máxima do pico.

Cada composto cristalino apresenta um difratograma característico,

permitindo sua identificação através da comparação com padrão difratométrico

existentes em bases de dados específicas.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

47

Quando utilizada a difração de raios x do pó (PDRX) nas análises

farmacêuticas, a cristalinidade dos fármacos ou formulações são avaliadas de

uma maneira geral, qualitativa, através da observação dos padrões de difração

e dessa forma pequenas alterações podem não ser observadas. Uma

alternativa para a quantificação é a aplicação da técnica computacional

chamada de método Rietvield, que é um ajuste matemático de um padrão

experimental com o modelo (teórico ou padrão) através do método de mínimos

quadrados.

O método de Rietveld envolve o refinamento de um difratograma a partir

do ajuste do padrão difratométrico de uma amostra através de uma

representação matemática. O método faz um ajuste empírico a partir da forma

do pico. No ajuste empírico, o método utiliza para modelar a forma do pico

funções tais como de Gauss, Lorentziana, Voigt, Pseudo-Voigt e Pearson VII.

Para aplicação da função adequada é preciso observar se o pico de difração

assemelha-se a uma curva gaussiana ou não e dessa forma escolher o melhor

modelo (Figura 16).

Figura 16 – Esquema de decisão do melhor refinamento

Fonte: Elaborada pelo autor

Como uma estrutura cristalina se apresenta por múltiplos picos em um

difratograma; o “refinamento” é, portanto, a identificação das características do

pico como posição (2θ), intensidade (I),largura a meia altura (FWHM) que mais

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

48

se aproxima do pico real obtido no experimento.Com isso tem-se a geração de

um padrão de difração de alta qualidade. (YOUNG, 2000).

No cálculo da cristalinidade a intensidade de fundo (IBCK) pode ser

encontrada por meio de uma função polinomial de várias ordens até a quinta

ordem, de acordo com a equação 5:

1

1

)2( z

z

z

Bck aI ; z =[1,6] (Eq.5)

A contribuição da fase amorfa (IAM) pode ser avaliada por um perfil

apropriado de pico simples de grande largura, em que várias funções de pico

podem ser empregadas como função Gaussiana.

A contribuição de fase cristalina (ICr) pode ser avaliada por várias

abordagens sendo a intensidade do pico integrado o mais comumente utilizado

(ZEVIN; KIMEL, 1995).

O grau de cristalinidade (DC) é, portanto, a intensidade de todos os picos

cristalinos relacionados com a contribuição total de raios X, de acordo com a

equação 6, em que a intensidade de fundo é retirada.

),1(;

1

1 ni

II

I

DC

Am

i

Cr

i

Cr

(Eq. 6)

Onde “n” é o número de picos da fase cristalina “i”.

As intensidades dos picos integrados podem ser frequentemente

calculadas usando funções matemáticas de pico, com grande grau de precisão

(Gaussian, Lorenzian, Voight, Pseudo-Voight, Pearson VII, etc ), como já citado

anteriormente (YOUNG, 2000). Pode também ser usada a Função Parâmetro

Fundamental (FP), a qual oferece algumas vantagens, uma vez que leva em

conta vários parâmetros importantes, tais como física, óptica do difratômetro,

estrutura cristalina e fração de volume da fase cristalina. Em ambos os casos, a

qualidade do processo de ajuste é avaliado de acordo com o critério do método

dos mínimos quadrados. Uma ampla descrição do significado físico e técnico

destes parâmetros pode ser encontrada em livros didáticos de DRX

(CULLITY;STOCK, 2001).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

49

Quando utilizando função FP para um difratômetro com Geometria de

Bragg-Brentano com uma seção transversal constante, a intensidade difratada

por um espécime ideal pode ser descrito pela equação 7 (ZEVIN;KIMEL, 1995).

2

..

cos

2cos1.

32 2

2

2

23

0

2

jij

ii

iCe

ij

VMijDijF

senR

BHIrI ; (Eq. 7)

Onde:

j- Fase cristalina j;

er - Raio do elétron;

I0 – Feixe de raios x de intensidade primária;

B – Seção transversal do feixe primário na superfície da amostra;

Hc – Altura da fenda receptora;

- Comprimento de onda do raios X do alvo;

R-Raio do Goniomêtro;

i – Ângulo “i” do Goniômetro;

ijF - Fator estrutural da fase cristalina Structural;

Dij - Fator de temperatura de Deby-Waller;

Mij - Fator de multiplicidade;

- Volume da célula;

jV - Volume de fração da fase cristalina;

µ - Coeficiente de absorção linear Linear.

Esta função pode ser dividida em três grupos:

1. Constantes Físicas e Instrumentais relacionadas:

ii

iCe

ijsenR

BHIrK

cos

2cos1

32 2

23

0

2

2. Constantes Estruturais do Cristal:

2

2

..

MijDijFS

ij

ij

3. Volume de fração de uma fase j:

2

j

j

VV ;

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

50

Considerando que as mesmas configurações do instrumento e a mesma

fração de volume da fase cristalina foram mantidas constantes para todos os

experimentos, os grupos 1 e 3 pode, ser reduzidos a uma constante ( ) e

qualquer variação da contribuição cristalina pode ser atribuída a alterações na

sua estrutura cristal, de acordo com a equação 8.

2

2

..

MijDijFI

ij

ijij ; (Eq. 8)

É importante destacar o conceito de amorfo segundo as bases teóricas

da difratometria de raios x, onde amorfo se relaciona com simétrico, ou seja,

em uma rede cristalina, os padrões dos cristais devem se repetir com mesmas

ângulos.Quando se tem cristais com ângulos variados tem-se um matéria

amorfo.

Em contrapartida é possível ocorrer de duas amostras de mesma

natureza, com mesma geometria cristalina, porém com distribuição diferente

dos elementos químicos dentro dos cristais, o que pode se refletir em

propriedades físico-químicas diversas (CULLITY; STOCK, 2001).

O programa computacional TOPAS® 4.2(Brucker), utilizado nessa tese,

tem como base o método Rietvield com uma linguagem simbólica C++, uma

ferramenta poderosa que permite grandes mudanças funcionais de forma

simples em tempo de execução relativamente pequeno. TOPAS faz inúmeras

análises envolvendo a cristalinidade de materiais, de forma rápida com menor

margem de erro, podendo identificar a natureza e posição dos átomos na rede

cristalina, propor a conformação do cristal, dentre outros. Na presente tese

somente o percentual de cristalinidade foi calculado (COELHO et al, 2011).

Topas utiliza para o cálculo de cristalinidade os mesmos sistemas de

equações já descritos anteriormente. Esses cálculos podem feitos também por

outros programas computacionais como, por exemplo, GSAS e PANalytical

X'Pert HighScore, porém esses programas são mais lentos, apresentam uma

maior margem de erro e executam um menor número de tarefas, quando

comparados ao Topas, que já se encontra em sua quarta versão, não tendo

similar no mercado até o momento.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

51

Existem poucos artigos publicados na área de farmácia utilizando o

programa computacional TOPAS, sendo esse mais conhecido na área de

engenharia de materiais.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

52

Parte 2

PREPARAÇÃO DAS

DISPERSÕES SÓLIDAS

DE SINVASTATINA

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

53

PARTE 2 PREPARAÇÃO DAS DISPERSÕES SÓLIDAS DE

SINVASTATINA

As dispersões sólidas foram produzidas tendo como foco o carreador

Soluplus (SOL) e a técnica de secagem por “spray dryer” Foi feita uma análise

prévia das condições de nebulização de SOL, sendo utilizadas várias

velocidades de fluxo e proporções de carreador. Foi conduzido então um

estudo de solubilidade de fases a fim de avaliar os parâmetros cinéticos

envolvidos em diversas proporções fármaco:carreador quando em solução

aquosa. Foi ainda feito o doseamento das amostras e utilizado o ensaio de

solubilidade como critério de seleção das amostras a serem caracterizadas.

2.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

2.1.1 Preparo das Dispersões Sólidas

2.1.1.1 Materiais

A sinvastatina (SINV), adquirida da Galena (China) (99,6%). Os

carreadores utilizados PEG 6000 (PEG) (Sigma-Aldrich - Alemanha), PVP K-

30(PVP) (BASF - Alemanha), lauril sulfato de sódio (LSS) (VETEC - Brasil) e

Soluplus (SOL) (BASF - Brasil), Aerosil 200 (AER).Os solventes utilizados

foram etanol (VETEC - Brasil) PA e água destilada.

2.1.1.2 Métodos

As dispersões sólidas de SINV foram preparadas por diferentes métodos

(Secagem por “Spray Dryer”, Secagem de solvente por Evaporador Rotatório,

Fusão com Carreador e Malaxagem) utilizando os mesmos carreadores (PEG,

PVP, SOL e LSS) e proporções de massa (1:0,25 e 1:1

fármaco:carreador).Todas as técnicas mantiveram fixas a massa do fármaco,

sendo alterados apenas os carreadores.

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54

Secagem por “Spray Dryer” (SD)

Técnica adaptada de Pandya e colaboradores (2008). Foi utilizado um

“spray dryer” de escala laboratorial marca Lab-Plant SD-05 (Labplant, UK) com

os seguintes parâmetros: agulha – 0,5 mm, temperatura de entrada – 110ºC,

temperatura de saída – 60ºC, fluxo – 8 mL/min

O primeiro excipiente testado foi SOL tendo sido dado especial atenção a

esse, pois foi desenvolvido industrialmente com o objetivo de aumentar a

solubilidade de fármacos pouco solúveis. Sendo assim foram testadas 8

proporções diferentes de SINV e SOL, utilizando etanol a 70% e água. Foi

também testada a secagem com e sem Aerosil. Os demais excipientes (PEG,

PVP e LSS) foram ajustados nas mesmas proporções do SOL para fins de

comparação. Foram utilizados 3 g de SINV em todas as proporções de massa.

Fusão com Carreador (FC)

Técnica adaptada de Bley, Fusnegger e Bodmeier (2010),

fármaco:excipiente 1:0,25 e 1:1, tendo sido utilizado 3 g de SINV. Foram

utilizados todos os excipientes do método anterior.

O excipiente foi mantido em cápsulas de porcelana até a fusão, em

chapa aquecedora. Adicionou-se então rapidamente SINV, misturando para

homogeneizar. Resfriou-se em banho de gelo com NaCl por 10 min. Deixou-se

em repouso por 24 h. Após, as dispersões sólidas foram trituradas em gral com

pistilo, homogeneizadas em tamis de 42 mesh e colocadas em dessecador à

vácuo por 24 h.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

55

Evaporação com Co-Solvente (ES)

Técnica adaptada de Pandya e colaboradores (2008). Foram

adicionados em balão de vidro de fundo redondo 3 g de SINV e 150 mL de

etanol. Em outro balão de vidro de fundo redondo foi adicionado o excipiente e

60 mL de água destilada. As duas preparações foram misturadas, secas em

evaporador rotatório, colocadas em dessecador por 24 h, trituradas em gral,

tamisadas (42 mesh) e acondicionadas.

Malaxagem (MA)

Adaptada de Maulvi e outros (2011). Colocou-se o excipiente (0,75 e 3

g) em gral e adicionou-se 5 mL de água destilada, homogeneizou-se.

Adicionou-se então 3 g de SINV ao gral e triturou-se por 30 min, formando uma

pasta, sendo essa secada em estufa a 60ºC por 24 h. Após isso a mistura foi

passada por tamis de 42 mesh e acondicionada.

Misturas Físicas (MF)

Foram preparadas misturas físicas nas mesmas proporções das

dispersões sólidas através de simples mistura, seguida de tamisação.

2.1.2 Teor de Fármaco nas Dispersões Sólidas

Para quantificar o teor de SINV nas dispersões sólidas foi escolhido o

método espectrofotométrico por ser mais acessível, rápido e econômico (SILVA

et al, 2010).

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

56

2.1.2.1 Método

2.1.2.1.1 – Varredura no Espectrofotômetro

Para verificar qual o comprimento de onda adequado a fim de avaliar o

teor de fármaco e as concentrações a serem utilizadas na curva de calibração

foi feita uma varredura exploratória no espectrofotômetro na faixa de 200 a 400

nm utilizando concentrações na faixa de 2 a 50 µg/mL partindo de uma solução

estoque de 100 µg/mL em metanol.

2.1.2.1.2 Preparação das Amostras para Doseamento

As amostras foram diluídas em metanol, filtradas em filtro de seringa de

0,22 µm e feita a leitura espectrofotométrica (238 nm) em triplicata. Os valores

das leituras foram convertidos em concentração através da utilização de uma

curva de calibração.Foi utilizado metanol como branco.

O teor de fármaco nas dispersões sólidas foi avaliado considerando a

concentração teórica de SINV, bem como as quantidades de excipientes nas

pesagens das amostras, todas em triplicata.

2.1.3 Ensaio de Solubilidade

2.1.3.1 Materiais

Água destilada

Lauril Sulfato de Sódio - Marca VETEC (Brasil)

Tubos Falcon 15 mL

Pipetador Automático volume variável

Balões Volumétricos 25 e 50 mL

Filtros de seringa 0,45 µm (nylon) (Simplepure) (USA)

Incubadora de bancada com agitação orbital (Shaker) – modelo TE 420

marca TECNAL

Espectrofotômetro UV/VIS – marca Biochrom Libra S21 / S22

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

57

2.1.3.2 Método

Para o Ensaio de Solubilidade foram utilizados os seguintes parâmetros:

Temperatura - 37 ± 1ºC

Agitação - 150 rpm

Tempo – 24 h

As amostras foram selecionadas e pesadas considerando os resultados do

doseamento e a proporção fármaco: carreador nas dispersões sólidas, sendo

colocado o equivalente a 25 mg de sinvastatina em tubos Falcon com 12,5 mL

de água destilada (2 mg/mL), ou seja, uma solução saturada, visto que a

solubilidade da sinvastatina em água é de 0,03 mg/mL; por essa razão a água

foi o solvente escolhido. Todas as amostras foram feitas em triplicata. Os

parâmetros foram pré-definidos anteriormente.

Ao final do experimento as amostras foram diluídas, retirando 70 µL do tubo

Falcon, colocadas em balão volumétrico de 25 mL e completado com água. A

concentração final teórica foi de 5,6 µg/mL. As amostras foram filtradas e lidas

em espectrofotômetro (238 nm), sendo usada uma curva de calibração, sendo

o fármaco diluído em LSS 0,3%.

2.1.4 Estudo de Solubilidade de Fases

O estudo de solubilidade de fases foi feito com o objetivo de avaliar a

solubilidade da sinvastatina frente a proporções variáveis de carreadores,

tendo como base o parâmetro termodinâmico Energia Livre de Gibbs (ΔG);

com a elaboração dos diagramas de fases foi possível compreender as

interações moleculares que promoveram o aumento de solubilidade. A

metodologia foi adaptada de Higushi e Connors (1965), Arias, Moyano, Ginés

(1998), Biswall e colaboradores (2008).

2.1.4.1 Materiais:

Sinvastatina

Excipientes PEG, PVP, LSS, Soluplus

Incubadora de Bancada com Agitação Orbital (Shaker) – modelo TE 420

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

58

Espectrofotômetro UV/VIS – marca Biochrom Libra S21 / S22

Tubos Falcon 50 mL

Pipetador automático volume variável 100-1000 µL.

Balão volumétrico 25 mL

Filtro de seringa 0,45 µm (nylon)

Seringa descartável 10 mL

2.1.4.2 Metodologia

Um excesso de fármaco foi colocado em tubos Falcon contendo 25 mL

de água destilada com proporções variáveis de carreador, sendo mantidos a

37±1ºC, com 150 rpm de agitação, por 24 h (todas as amostras em triplicata).

As proporções fármaco:carreador usadas foram 1:0,25, 1:0,5, 1:1, 1:2,

1:3 e 1:4 e os carreadores utilizados foram PEG, PVP, LSS e SOL. As

amostras foram lidas em espectrofotômetro (238 nm) após diluição das

amostras, onde foi retirada uma alíquota de 150 µL e elevado a 25 mL em

balão volumétrico, filtradas e lidas em espectrofotômetro, sendo utilizada água

como branco e solução de SINV como referência. Todas as amostras foram

feitas em triplicata.Os valores de absorvância encontrados foram plotados

numa curva de calibração de sinvastatina em água utilizando uma solução de

LSS como co-solvente (0,3%), sendo utilizada uma equação de reta e pontos

variáveis. Os valores de Energia Livre de Gibbs (ΔG) foram obtidos utilizando a

Equação (9)

ΔG = -2,303.RT.logSs/S0……………………………………………………………(9)

Onde R é a constante universal dos gases (8,313 J/mol K), T a

temperatura (em Kelvin), Ss é a solubilidade molar do fármaco na presença do

carreador. e S0 a solubilidade molar do fármaco sem o carreador

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

59

2.2 Resultados e discussão

As dispersões sólidas, após serem produzidas, foram submetidas à

avaliação do teor de fármaco por espectrofotometria no UV e apresentaram

valores entre 97,8 e 107,3% da concentração teórica (curva de calibração

y=0,0536x+0,0434, R2 = 0,9998). A varredura exploratória no

espectrofotômetro demonstrou que a banda de maior absorção foi em 238 nm.

As dispersões sólidas PVP-2 (SD) e LSS-2 (SD) apresentaram resultados

inferiores a 90% e foram descartadas, pois de acordo com a monografia oficial

é aceitável um teor de sinvastatina em comprimidos na faixa de 90-110% (USP

30). Somente PEG produziu dispersões sólidas com a técnica FC.

As amostras foram então submetidas com as respectivas misturas

físicas ao ensaio de solubilidade, tendo sido os resultados representados na

Tab.1.

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60

Tabela 1– Resultados do ensaio de solubilidade de dispersões sólidas

AMOSTRA SOLUBILIDADE DE

SATURAÇÃO (µg/mL)a AUMENTO DE SOLUBILIDADE

(VEZES)

PEG-1(FC) 0,90±0,02 1,96 PEG-2(FC) 0,83±0,02 1,80

PEG-1(SD) 0,62±0,01 1,35 PEG-2(SD) 2,31±0,04 5,02 SOL-1(SD) 0,47±0,01 - SOL-2(SD) 0,40±0,09 -

PEG-1(MA) 0,65±0,06 1,41 PEG-2(MA) 1,04±0,02 2,26 PVP-1(MA) 0,69±0,02 1,5 PVP-2(MA) 0,85±0,08 1,85 LSS-1(MA) 0,92±0,05 2,0 LSS-2(MA) 1,33±0,07 2,90 SOL-1(MA) 0,62±0,03 1,35 SOL-2(MA) 2,56±0,17 5,60

PEG-1(ES) 0,70±0,03 1,52 PEG-2(ES) 1,41±0,02 3,06 PVP-1(ES) 0,66±0,02 1,43 PVP-2(ES) 1,67±0,09 3,63 LSS-1(ES) 0,64±0,03 1,39 LSS-2(ES) 2,50±0,03 5,43 SOL-1(ES) 1,02±0,03 2,22 SOL-2(ES) 0,57±0,01 1,23 Dados de solubilidade de saturação da SINV – 0,46 µg/ml ±0.02

a

a – desvio padrão (n=3) Curva de calibração y = 0,0772x + 0,0146 (R

2 = 0,9997)

PEG-polietilenoglicol, PVP – polivinilpirrolidona, LSS – lauril sulfato de sódio, SOL - Soluplus SD – Spray Dryer, MA – malaxagem, ES – evaporação com solvente, FC – fusão com carreador 1 – proporção 1:0,25 fármaco:carreador, 2 – proporção 1:1 fármaco:carreador Aumento da Solubilidade (vezes) = solubilidade de saturação dispersão sólida/ solubilidade de saturação SINV

Em todas as dispersões sólidas houve aumento da solubilidade do

fármaco, exceto em SOL-2(SD) e nas misturas físicas. De forma geral houve

maior aumento de solubilidade nas proporções 1:1, o que não ocorreu com

SOL-2 (ES) onde a solubilidade foi menor que seu correspondente em menor

proporção [SOL-1(ES)].

Pelos resultados da Tabela 1, verificou-se a influência da técnica no

aumento de solubilidade, como no caso do carreador PEG, onde ocorreu

aumento em todas as técnicas, porém na ordem SD>ES>MA>FC. Os demais

carreadores (proporção 1:1) produziram aumento de solubilidade somente com

as técnicas ES e MA; em ambas as técnicas uma temperatura de 60°C foi

utilizada, mas em MA houve o processo de moagem, além de aquecimento

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

61

mais prolongado do que em ES; é possível que esses fatores tenham

contribuído para um melhor resultado.

As dispersões sólidas selecionadas para caracterização foram SOL-2

(MA), LSS-2 (ES) e PEG-2 (SD) com aumento de solubilidade de 5,60, 5,43 e

5,02 vezes, respectivamente. Comparando os valores por ANOVA (Fator

Único) não houve diferença significativa entre as médias (p<0,05), nas

condições testadas.

Com os dados de solubilidade de saturação da sinvastatina foi calculado

a Energia Livre de Gibbs (ΔG) conforme as Tabelas 2-5.

As concentrações foram convertidas em percentual do carreador para

melhor avaliação dos resultados. Foi utilizada a curva de calibração com

equação de reta ( y = 0,0622x – 0,0227, R2 = 0,9963) e os pontos 0,04; 0,28;

1,0; 3,0; 6,0; 9,0;12,0 µg/mL.

Tabela 2 – Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo PEG

Conc. PEG (% p/p) Conc. SINV µg/mL a 37ºC

(n = 3 ±DP*)

Energia Livre de Gibbs

( J/Mol)

0 0,40±0,02 -

20 0,47±0,01 -397,3

33 0,57±0,02 -903,4

50 0,58±0,07 -948,4

67 0,63±0,02 -1162,3

75 1,69±0,02 -3705,9

80 2,64±0,06 -4855,7

DP* - Desvio Padrão

Tabela 3 – Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo PVP

Conc. PVP (% p/p) Conc. SINV µg/mL a 37ºC (n = 3 ±DP*)

Energia Livre de Gibbs

( J/Mol)

0 0,40±0,02

20 0,38±0,04 +140,7

33 0,39±0,01 +73,5

50 0,50±0,01 -575,5

67 0,51±0,02 -617,7

75 1,36±0,15 -3145,6

80 2,60±0,03 -4816,3

DP* - Desvio Padrão

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

62

Tabela 4 - Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo LSS

Conc.LSS (% p/p) Conc. SINV µg/mL a 37ºC (n = 3±DP*)

Energia Livre de Gibbs

( J/Mol)

0 0,40±0,02

20 0,41±0,02 -53,1

33 0,48±0,02 -460,9

50 0,69±0,09 -1397,0

67 1,04±0,05 -2454,5

75 3,26±0,17 -5399,4

80 2,34±0,06 -4544,7

DP* - Desvio Padrão

Tabela 5 – Cálculo da Energia Livre de Gibbs nas amostras contendo SOL

Conc. SOL (% p/p) Conc. SINV µg/mL a 37ºC (n = 3 ±DP*)

Energia Livre de Gibbs

( J/Mol)

0 0,40±0,02 -

20 0,40±0,02 -

33 0,42±0,02 -118,7

50 0,44±0,01 -238,3

67 0,47±0,02 -406,5

75 11,60±0,03 -8670,9

80 11,70±0,02 -8693,0

DP* - Desvio Padrão

Avaliando a solubilidade de saturação do fármaco nos diversos

carreadores, observou-se que o melhor resultado foi obtido com SOL a 80%

(11,70 µg/mL), o que está de acordo com o afirmado pelo fabricante de que a

simples mistura com fármaco aumenta a solubilidade aquosa, provavelmente

devido a propriedade anfifílica do carreador.O mesmo ocorreu com os demais

carreadores.

Com relação ao parâmetro termodinâmico Energia Livre de Gibbs (ΔG),

compreende-se que valores negativos significam um processo de solubilização

espontânea do fármaco, com um maior grau de entropia e, portanto, mais

estável, sendo que quanto mais negativos os valores mais espontaneamente

ocorre a solubilização do fármaco no sistema (SINKO, 2008). Foram

elaborados diagramas de fases, tendo sido calculadas as constantes de

estabilidade (Ks) com os dados de solubilidade de saturação (Figura 17) para

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

63

melhor visualizar o comportamento do fármaco frente aos diversos carreadores

quanto ao aumento de solubilidade.

Figura 17- Diagrama de solubilidade de fases de SINV na presença de

concentrações crescentes de carreadores (n=3)

Os diagramas de fase apresentaram perfil do tipo A (HIGUCHI;

CONNORS, 1965), ou seja, ocorreu um aumento da solubilidade da SINV com

o aumento da concentração de todos os carreadores. Os diagramas de PEG e

PVP apresentaram estequiometria de solubilização do tipo 1:1, com produtos

formados sendo de primeira ordem em relação ao fármaco e ao carreador, com

desvio de linearidade positiva com diagramas tipo AL. Porém os diagramas com

LSS e SOL possuem uma tendência a estequiometria 1:2 a partir da segunda

metade da curva, onde o produto formado é de primeira ordem tanto com

relação ao fármaco, mas de segunda ordem em relação ao carreador

(diagramas tipo AL + AP).

Com relação a constante de estabilidade dos produtos formados (KS), a

maior estabilidade foi observada em LSS e em SOL a menor. Esses resultados

estão de acordo com os resultados de Energia Livre de Gibbs, demonstrando

que reações que ocorrem de forma mais espontâneas fornecem produtos mais

estáveis.

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64

PARTE 3

CARACTERIZAÇÃO DAS

DISPERSÕES SÓLIDAS

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65

PARTE 3 CARACTERIZAÇÃO DAS DISPERSÕES SÓLIDAS

As dispersões sólidas PEG-2(SD), LSS-2(ES) e SOL-2(MA) foram

selecionadas para caracterização através do ensaio de solubilidade. A

utilização de estratégias para aumentar a solubilidade de fármacos fracamente

solúveis, tais como modificação da cristalinidade, uso de solventes, formação

de complexos entre outros, pode conduzir a alterações de ordem física ou

química. Desse modo a caracterização torna-se de extrema importância, pois

quanto maior o número de informações sobre o produto obtido, tais como

propriedades físico-químicas, propriedades termodinâmicas, interações

fármaco-excipiente, características das partículas, cristalinidade, melhor será a

compreensão dos mecanismos envolvidos no aumento de solubilidade e na

estabilidade do produto formado e maiores as possibilidades de propor

modificações nas técnicas de desenvolvimento.

Com essa visão foram utilizadas nesse estudo técnicas já consagradas

na caracterização do estado sólido como análise no infravermelho com

transformada de Fourier (FTIR), calorimetria diferencial de varredura (DSC),

difração de raios X do pó (PDRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e

análise e distribuição do tamanho de partícula (DTP), além de duas outras

técnicas muito úteis e pouco utilizadas até o momento. A primeira consiste na

análise de dados de PDRX pelo software 4.2 TOPAS (BRUKER), que permite

verificar a cristalinidade das amostras de forma quantitativa e dessa forma

verificar o percentual de contribuição amorfa, ainda pouco utilizado na indústria

farmacêutica, onde os dados de PDRX são normalmente analisados pela

observação do padrão de difração (análise qualitativa) (FERG; SIMPSON,

2013).

Outra técnica utilizada foi a espectroscopia de imagem por infravermelho

próximo, que é uma tecnologia emergente a qual gera imagens com diferenças

espectrais através de contrastes em pixels, fornecendo a superfície de

distribuição de componentes químicos numa amostra e que são analisados

através de métodos quimiométricos, determinando desse modo o grau de

homogeneidade da amostra (RAVN; SKIBSTED; BRO, 2008).

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66

3.1 Procedimento Experimental

3.1.1 Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)

Cerca de 1,0 mg de cada dispersão sólida foi misturado a 30,0 mg de

brometo de potássio utilizando um almofariz de ágata. Em seguida as pastilhas

foram obtidas em prensa hidráulica. As análises foram realizadas em

espectrômetro de infravermelho por transformada de Fourier (Prestige 21,

Shimadzu, Japão), sendo os espectros adquiridos na faixa de 4000 cm-1 a 400

cm-1

3.1.2 Difratometria de Raios X do Pó utilizando o software Topas (PDRX-

TOPAS)

Para análise por difração de raios x do pó foi utilizado um difratômetro

Bruker AXS modelo D5000 (Siemens), tubo emissor de cobre (1,54060 Ǻ),

geometria θ-2θ, tensão aplicada de 40 KV, corrente de 30 mA, θi = 5º, θf = 45º,

tamanho de passo de 0,02, velocidade de 20º/min.

O grau de cristalinidade foi calculado através do software DIFFRAC

SUITE TOPAS 4.2 (Bruker), da última geração de softwares que utiliza os

princípios do método de Rietveld. A área integrada de cada pico cristalino foi

calculada com uma função de pico Parâmetro Fundamental, numa faixa de

ângulo de 5 a 40º 2θ. A área de contribuição do ruído de fundo foi estimada

usando um polinômio de quinta ordem.

Os picos cristalinos nas dispersões sólidas foram selecionados

baseados no padrão de difração de SINV fornecidos na literatura (DIXIT;

NAGARSENKER, 2010) (PATEL; PATEL, 2008). A contribuição amorfa foi

calculada com dados de região do difratograma em forma de halo, tendo a

intensidade integrada.

3.1.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

As análises foram feitas utilizando um calorímetro diferencial exploratório

de marca DSC 60 – Shimadzu (Japão) e calibrado com Índio/Zinco. As

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67

amostras foram hermeticamente fechadas em cadinhos de alumínio com 4,0

mg ±0,4 (exceto amostras contendo SOL onde foram utilizados cadinhos

parcialmente fechados para melhor visualização do evento de fusão de SINV) e

aquecidas na razão de 10ºC/min na temperatura de 26 à 400ºC, sob atmosfera

inerte de nitrogênio com razão de 50 mL/min.

3.1.4 Espectroscopia de Imagem no Infravermelho Próximo (NIR-CI)

A distribuição dos componentes nas dispersões sólidas e as suas

misturas físicas foram avaliadas pela técnica NIR-CI. O pó foi prensado a fim

de se obter comprimidos com a superfície plana, adequados para análise de

imagem NIR. As imagens (Mapas de Distribuição) foram obtidas utilizando um

equipamento NIR Imaging System (Spotlight 400N FT-NIR Imaging,

PerkinElmer), em uma área de 4000 x 4000μm, usando as seguintes condições

espectrais: pixel de 50 mm, 32 varreduras / pixel, resolução espectral de 4 cm-1

e gama espectral de 7800 - 4000 cm-1. Foi utilizada uma superfície de ouro

polida como referência para cálculo da reflectância relativa (Rrelativa =

Ramostra/Rreferência).

A análise dos dados foi realizada pelo método quimiométrico de

regressão dos Mínimos Quadrados Clássicos (CLS), já que todos os

compostos puros presentes na amostra eram conhecidos antecipadamente. Os

cálculos CLS foram realizados em ambiente Matlab 7.8, com PLS Toolbox

versão 6.7. Um pré-tratamento foi realizado por Correção de Espalhamento

Multiplicativo (Multiplicative Scattering Correction, MSC) para remover

influências de espalhamento devido a diferenças no tamanho das partículas,

sendo obtidos histogramas de concentração (valores previstos em pixels), os

quais permitem compreender as características de homogeneidade das

imagens.

Para análise dos Mapas de Distribuição deve-se observar que os pixels

que tendem ao vermelho no mapa de distribuição do lado esquerdo serão

sempre relativos à SINV e terão suas correspondências em pixels que tendem

ao azul no mapa do lado direito.

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68

3.1.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As amostras foram pré-tratadas com deposição de uma camada de ouro

sobre a superfície e as medições foram realizadas com um Microscópio

Eletrônico de Varredura (MEV) JEOL JMS 6360-LV com microssonda de

Raios-X, sendo aplicada uma voltagem de 20 kV.

3.1.6 Análise e Distribuição do Tamanho de Partícula (DTP)

As amostras foram colocadas sobre uma lâmina de vidro e as medições

do tamanho de partículas foram realizadas com lentes objetiva de 40 x,

utilizando o parâmetro do diâmetro de Feret, sendo contadas 500 partículas.

Com os valores obtidos foi calculada a distribuição de tamanho de partícula

para cada amostra. Para as análises foi utilizado um microscópio óptico LEICA

DM-500 (Leica Application Suite - LAS Sistema de Análise de Imagem).

3.1.7 Comparação das dispersões sólidas produzidas com PEG

A fim de avaliar a contribuição do método no aumento de solubilidade

foram escolhidas as amostras PEG-2(MA) e PEG- 2 (ES) para serem

analisadas por FTIR, PDRX e DSC, já descritos nos itens 3.1.1, 3.1.2 (porém

não foi feita a análise por Topas) e 3.1.3, respectivamente e assim verificar se

ocorreram modificações físico-químicas. Os resultados foram comparados com

os de PEG-2(SD). As amostras com PEG foram escolhidas por ter sido o

carreador onde foi possível produzir dispersões sólidas em todos os métodos.

3.2 Resultados e Discussão

3.2.1 Interações Físico-Químicas

As interações físico-químicas nas dispersões sólidas selecionadas foram

avaliadas por FTIR, DSC e PDRX-TOPAS e encontram-se na Figura 18 – 20.

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69

Figura 18 – Avaliação das interações físico-químicas em PEG-2(SD)

Tabela 6 - Dados DSC de SINV, PEG-2(SD), PEG-2(MF) e PEG

SINV PEG PEG-2(MF) PEG-2(SD)

Pico de Fusão (ºC)

140,10 68,73 70,47 57,38

Onset(ºC) 138,63 63,66 64,91 51,85

Endset(ºC) 142,20 72,65 74,12 62,33

Os dados das amostras PEG-2(SD) e PEG-2(MF) referem-se somente ao carreador

No espectro FTIR de SINV os picos característicos são observados em

3.548 cm-1 (estiramento vibracional de OH de álcool), 3011 cm-1 (estiramento

vibracional de C-H olefínico), 2952 e 2872 cm-1(estiramento vibracional

simétrico e assimétrico de C-H de metila e metileno), 1712 e 1698 cm-1

(associado com estiramento C=O de lactona e C=O de éster), 1465 e 1390 cm-

1 (associado com balanço vibracional de grupos metila e metileno), 1269, 1228

e 1073 cm-1 (relacionado com balanço vibracional C-O-C de grupos lactona e

éster), 1055 cm-1 (estiramento vibracional C-O de álcool secundário) e 870 cm-1

(vibração C-H de olefina trissubstituída) (PATEL; PATEL, 2008) (MOHAMMADI

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et al, 2010) (PANDYA et al, 2008) (AMBIKE; MAHADIK; PARADKAR, 2005)

(JUN et al, 2007) (RAO et al, 2010).

No espectro de PEG-2(SD) (Figura 18) ocorreu um intenso alargamento

com diminuição da intensidade do pico em 3553 cm-1 (estiramento vibracional

de OH de álcool), bem como em 2955 e 2841 cm-1(estiramento C=O de lactona

em1710 cm-1 e C=O de éster em1690 cm-1). Além disso, ocorreu a supressão

dos picos em 1710 e 1690 cm-1 (estiramento C=O de lactona e éster). Esse

perfil deixa evidente a interação química ocorrida em PEG-2(SD).

A análise do difratograma de PEG-2(SD) por Topas revelou uma

cristalinidade do fármaco de 18,2%, ou seja, com 81,8% de amorfização. Um

sólido amorfo é mais solúvel por ter um arranjo molecular com ligações mais

fracas que um arranjo cristalino e, portanto, maior instabilidade química, ou

seja, existe a tendência ao retorno da forma cristalina (SINKO, 2008).

É importante destacar o conceito de amorfo segundo as bases teóricas

da difratometria de raios x. Para isso é preciso compreender o que é um

material cristalino, no qual os átomos estão situados em um arranjo com

ângulos com mesmos valores e que se repetem, ou seja, tem ordem de longo

alcance, simetria. O material amorfo não possui esse padrão (CALLISTER

JUNIOR, 2008).

É possível ocorrer duas amostras de mesma natureza, com mesma

geometria cristalina, porém com distribuição diferente dos elementos químicos

dentro dos cristais, o que pode se refletir em propriedades físico-químicas

diversas (CULLITY; STOCK, 2001).

Esses dados associados com a diminuição ou supressão de bandas

ocorridas em FTIR são indicativos de uma possível formação de complexo

entre PEG e SINV, no qual a porção não complexada é responsável pela

presença de bandas inalteradas no espectro FTIR. A formação deste tipo de

complexo, em que moléculas maiores envolvem menores pode ocorrer através

da formação de ligações não covalentes, como pontes de hidrogênio, ligações

iônicas, Van der Waals, etc (YANG et al, 2008) (WOJNAROWSKA et al, 2010)

(FREEMAN, 1984). Existem relatos na literatura sobre a formação de ligações

de hidrogênio intermoleculares na SINV (CEJKA et al, 2003); nesse caso existe

a possibilidade da SINV formar pontes de hidrogênio intermoleculares com

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71

PEG, deixando hidroxilas da SINV livres e capazes de formar também pontes

de hidrogênio com a água.

A curva de DSC de PEG-2(SD) (Figura 18) mostrou uma supressão do

pico de fusão da SINV, sugerindo a possibilidade de formação de complexos,

reforçada pela diminuição e mesmo supressão das bandas no espectro de

FTIR, o que caracteriza uma modificação química e física (PATEL; PATEL,

2008) (JUN et al, 2007) ( DIXIT; NAGARSENKER, 2010) (TAKAHASHI, 2009) .

Outra possibilidade é a solubilização do fármaco havendo a diminuição ou

desaparecimento do pico deste e só aparecendo o pico de fusão do carreador,

fenômeno que pode ocorrer quando utilizados carreadores de baixo ponto de

fusão (caso do PEG) durante a análise por DSC, sendo então um processo

físico (OLIVEIRA; YOSHIDA; GOMES, 2011). É possível que o fenômeno tenha

ocorrido com PEG-2(MF).

Figura 19 - Avaliação das interações físico-químicas em LSS-2(ES)

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72

Tabela 7 – Dados DSC de SINV, LSS-2(MF)

SINV LSS-2(MF)

Pico de Fusão (ºC) 140,10 144,03

Onset(ºC) 138,67 140,22

Endset(ºC) 142,16 146,78

ΔT (ºC) 1,43 3,81

ΔT = Onset – Pico de Fusão Pico de Fusão de LSS – 201,4ºC Evento Exotérmico em LSS-2(MF) – 174,08ºC Evento Exotérmico em LSS-2(ES) – 163,72ºC Todos os dados da tabela são relativos ao fármaco. Os dados de LSS-2(ES) não foram avaliados por não apresentar evento de fusão

No espectro de LSS-2(ES) (Figura 19) observou-se que os picos

característicos de SINV se mantêm, tanto na mistura física quanto na dispersão

sólida, com o pico relativo ao estiramento vibracional de OH de álcool

ocorrendo em 3553 cm-1, o estiramento vibracional simétrico e assimétrico de

C-H de metila e metileno ocorrendo em 2955 e 2841 cm-1, respectivamente, e o

estiramento C=O de lactona (1710 cm-1) e C=O de éster (1690 cm-1). Esses

resultados demonstram que provavelmente não ocorreu modificação química

no fármaco ao produzir a dispersão sólida com LSS.

Com relação à LSS-2(ES) os dados de PDRX-TOPAS revelaram não ter

havido perda de cristalinidade do fármaco. Na análise por DSC (Figura 19)

houve mudança significativa na curva de LSS-2(MF), com desaparecimento do

pico de fusão do carreador (201,4ºC), aparecimento de evento exotérmico em

174,08ºC e com pico de fusão da SINV em 144,03ºC. Porém em LSS-2(ES) o

pico do fármaco é suprimido, ocorrendo novamente o evento exotérmico,

porém em temperatura menor (168,17ºC). Alguns autores sugerem como uma

explicação para as transições exotérmicas uma gama de fenômenos físicos

(transição cristalina, adsorção) e químicos (decomposição, degradação por

oxidação, etc) (BERNAL et al, 2002), porém o espectro FTIR não revelou uma

modificação química nem em LSS-2(MF), nem em LSS-2(ES), restando então

a possibilidade de um fenômeno de ordem física. Ionashiro (2005) também se

referiu a eventos exotérmicos ocorridos em curvas DSC como fenômenos de

transição cristalina. A supressão do pico de fusão da SINV na curva de LSS-

2(ES) sugere uma interação fármaco-carreador, visto não ter ocorrido em LSS-

2 (MF), porém não de ordem química, por não terem ocorrido modificação ou

supressão de picos no FTIR. O evento exotérmico ocorre com a presença de

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73

SINV, portanto fica clara a interação, não estando, porém, relacionada a

aumento de solubilidade do fármaco, pois nenhuma mistura física apresentou

aumento de solubilidade (Tabela 1).

Uma possível explicação para o mecanismo de aumento da solubilidade

de LSS - 2 (ES) é a formação de micelas em solução devido às propriedades

surfactante de LSS (YAGUI; PESSOA; TAVARES, 2005) A concentração

micelar crítica (CMC) do LSS em água a 25ºC é de 0,0082 M (BALES et al,

1998).O ensaio de solubilidade (item 2.1.3) foi feito em água a 37ºC com

concentração de LSS na amostra de 0,5667 M. De acordo com Sinko (2008),

substâncias anfifílicas com concentração acima da CMC quando em solução

apresentam uma maior tendência de formação de micelas laminares, em

contrapartida quando a concentração se encontra próxima à CMC formam-se

micelas esféricas, porém ambas coexistem em equilíbrio no meio. Portanto

pelas condições do experimento é possível ter ocorrido a formação de micelas.

Figura 20 - Avaliação das interações físico-químicas em SOL-2(MA)

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74

Tabela 8 - Dados DSC de SINV e SOL-2(MF)

SINV SOL-2(MF)

Pico de Fusão (ºC) 142,40 141,40

Onset (ºC) 140,75 138,51

Endset (ºC) 145,67 143,77

ΔT(ºC) 1,65 2,89

ΔT = Onset – Pico de Fusão Todos os dados da tabela são relativos ao fármaco. Os dados de SOL-2(MA) não foram avaliados por não apresentar evento de fusão.

No espectro FTIR de SOL-2(MA) (Figura 20) ocorreu o mesmo que em

LSS-2(ES), ou seja, a presença de picos característicos do fármaco, com a

sobreposição de picos de SOL em 3560 cm-1. Em 1730 e 1628 cm-1 ocorrem

dois picos característicos de SOL, que se sobrepõem a 1723 e 1615 cm-1 de

SINV. Os espectros de SOL-2(MA) e SOL-2(MF) têm perfis semelhantes, com

exceção de um pico mais intenso em SOL-2(MA) em 1628 cm-1, que pode estar

relacionado a grupamento amida de SOL, sugerindo interação, visto não ter

ocorrido o mesmo em SOL-2(MF). Como SOL possui PEG em sua composição

(Figura 7 do item 1.3.4.2.1.2) é possível ter ocorrido o mesmo mecanismo de

formação de Pontes de Hidrogênio.

A curva DSC de SOL-2(MA) não apresentou o pico de fusão do fármaco,

possivelmente por ter sido completamente envolvido pelo carreador, visto que a

proporção molar do fármaco é muito menor que SOL, o qual possui uma massa

molecular em torno de 90.000 – 140.000 g/mol enquanto que a SINV tem

massa molecular de 418,54 g/mol, ou seja, SOL tem uma massa molecular em

torno de 275 vezes maior que SINV (SOLUPLUS – TECHNICAL

INFORMATION - BASF, 2010). Portanto o perfil da curva DSC de SOL-2(MA)

demonstrou interação, corroborado por seu correspondente espectro FTIR

(Figura 20), onde ocorreu aumento da intensidade do pico em 1628 cm-1, já

discutido no presente item como possivelmente relacionado a grupamento

amida de SOL.

A análise de SOL-2(MA) por PDRX-TOPAS demonstrou um grau de

cristalinidade de 59,3% (40,7% do material amorfo). O carreador SOL também

possui um caráter amorfo e existem relatos na literatura de outros fármacos

que ao serem misturados com SOL em diferentes técnicas se tornaram

também amorfos (BERNAL et al, 2002) (NAGY et al, 2012). Embora o aumento

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75

de solubilidade de SOL-2(MA) tenha sido semelhante a PEG-2(SD) somente

40,7% da amostra encontra-se em estado amorfo enquanto em PEG-2(SD) o

percentual de material amorfo é bem maior. Provavelmente a natureza anfifílica

de SOL, com uma CMC de aproximadamente 7,6 ppm formando micelas em

solução possa ter também contribuído para o aumento de solubilidade em

SOL-2(MA). Novamente tem-se uma hipótese multifatorial para o aumento de

solubilidade de SOL-2(MA), com influências da formação de micelas em

solução, de material amorfo e de Pontes de Hidrogênio.

3.2.2 Comparação de PEG-2(ES), PEG-2(MA) e PEG-2(SD)

As dispersões sólidas utilizando PEG foram analisadas por FTIR, DSC e

PDRX para avaliar a contribuição da técnica nos resultados do ensaio de

solubilidade e os resultados das análises encontram-se nas Figuras 21 – 30 e

Tabela 11.

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76

Figura 21 - Espectros infravermelho de SINV, PEG, PEG-2(MA), PEG-2(ES)

e PEG-2(SD)

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77

Figura 22 – Padrões de difração de SINV, PEG-2(SD), PEG-2(MA) e PEG-

2(ES)

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78

Figura 23 – Curvas DSC de SINV, PEG, PEG-2(SD), PEG – 2 (ES),

PEG-2(MA) e mistura física

Tabela 9 - Dados DSC de SINV, PEG, dispersões sólidas e

mistura física com PEG

SINV PEG PEG-2(MF) PEG-2(MA) PEG-2(ES) PEG-2(SD)

Pico de Fusão (ºC)

143,02 68,73 69,97 64,41 63,55 57,38

Onset (ºC) 140,17 63,46 64,84 59,35 57,59 52,70

Endset (ºC) 146,16 72,62 73,21 69,26 68,58 62,17

Os dados das amostras contendo PEG referem-se somente ao carreador

Há relatos na literatura em que foi usada a mesma proporção SINV e

PEG, mas com técnicas diferentes em que o aumento dos valores de

solubilidade foi menor do que o encontrado nesse estudo para PEG-2(SD).

(SHINDE et al, 2012) (SILVA et al, 2010). Os dados de DSC, FTIR e DRX

também foram diferentes; essas informações demonstram que o método

utilizado influenciou nos resultados em nosso trabalho.

Os espectros FTIR de PEG-2(ES) e PEG-2(MA) apresentaram perfis

semelhantes à SINV, sugerindo não ter havido modificação química. Nas

análises por PDRX observou-se amorfização em PEG-2(MA) e PEG-2(ES),

menos evidentes que em PEG-2(SD), mas que podem explicar o aumento de

solubilidade. Nas curvas DSC houve desaparecimento do pico do fármaco

ocorrendo somente o pico de fusão do carreador; é possível que tenha ocorrido

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79

um fenômeno de solubilização do fármaco, como já discutido acima para PEG-

2(MF).

Em PEG-2(ES) e PEG-2(SD) foi utilizado etanol como co-solvente;

existem relatos na literatura demonstrando o papel do co-solvente no aumento

de solubilidade de fármacos, produzido pela quebra das ligações hidrofóbicas

na interface fármaco/água (FIESE, HAGEN,1986, p.188).

3.2.3 Espectroscopia de Imagem de Infravermelho Próximo (NIR-CI)

As dispersões sólidas foram caracterizadas pela técnica de NIR-CI

quanto à homogeneidade de concentração dos componentes, bem como suas

análogas com proporção menor de carreador (1: 0,25) e as misturas físicas

correspondentes a cada proporção. Os resultados das proporções foram

comparados para avaliar se existe correspondência quanto à homogeneidade.

Os resultados dessas análises podem ser observados nas Figuras 24-35

e resumidos na Figura 36.

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80

Figura 24 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas

de SOL-1(MA)

Porcentagem teórica de SINV (80 % ) - Porcentagem teórica de SOL (20 %) Porcentagem média de SINV (80,0 %* ) - Porcentagem média de SOL(20,1 %*) *Desvio Padrão = 4,4

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81

Figura 25 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

1(MF)

Porcentagem teórica de SINV (80 % ); Porcentagem teórica de SOL (20 %) Porcentagem média de SINV (75,4 % ); Porcentagem média de SOL(24,6 %)

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82

Figura 26 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

2(MA)

Porcentagem teórica de SINV (50 % ); Porcentagem teórica de SOL (50 %) Porcentagem média de SINV (52,5 % *); Porcentagem média de SOL(48,5%*) *Desvio Padrão = 7,0

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83

Figura 27- Mapas de distribuição da concentração e histogramas de SOL-

2(MF)

Porcentagem teórica de SINV (50 % ); Porcentagem teórica de SOL (50 %)

Amostra muito heterogênea, com valores médios de concentração

distantes dos valores teóricos, porém as imagens são perfeitamente

complementares mostrando que os resultados das concentrações estão

corretos (Figura 34).

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84

Figura 28 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

1(ES)

Porcentagem teórica de SINV (80 % ); Porcentagem teórica de LSS (20 %) Porcentagem média de SINV (79,6 % *); Porcentagem média de LSS(20,1%*) *Desvio Padrão = 2,6

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

85

Figura 29- Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

1(MF)

Porcentagem teórica de SINV (80 % ); Porcentagem teórica de LSS (20 %) Porcentagem média de SINV (79,98 % *); Porcentagem média de LSS(19,99%*) *Desvio Padrão = 5,6

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

86

Figura 30 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

2(ES)

Porcentagem teórica de SINV (50 % ); Porcentagem teórica de LSS (50 %) Porcentagem média de SINV (49,7 % *); Porcentagem média de LSS(50,2%*) *Desvio Padrão = 6,7

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

87

Figura 31 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de LSS-

2(MF)

Porcentagem teórica de SINV (50 % ); Porcentagem teórica de LSS (50 %) Porcentagem média de SINV (49,9 % *); Porcentagem média de LSS(49,9%*) *Desvio Padrão = 8,4

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

88

Figura 32 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

1(SD)

Porcentagem teórica de SINV (44,4%); Porcentagem teórica de PEG (11,1 %); Porcentagem teórica de AER (44,4%) Porcentagem média de SINV (43,3 % *); Porcentagem média de PEG (10,7%*)

*Desvio Padrão = 3,5

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89

Figura 33 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

1(MF)

Porcentagem teórica de SINV (80%); Porcentagem teórica de PEG (20 %)

Amostra muito heterogênea, com valores médios de concentração

distantes dos valores teóricos, porém as imagens são perfeitamente

complementares confirmando os resultados das concentrações (Figura 33).

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

90

Figura 34 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

2(SD)

Porcentagem teórica de SINV (33,3%); Porcentagem teórica de PEG (33,3 %); Porcentagem teórica de AER (33.3%) Porcentagem média de SINV (34,1 % *); Porcentagem média de PEG (34,5%*) *Desvio Padrão = 1,4

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

91

Figura 35 - Mapas de distribuição da concentração e histogramas de PEG-

2(MF)

Porcentagem teórica de SINV (50%); Porcentagem teórica de PEG (50 %)

Amostra muito heterogênea, com valores médios de concentração

distantes dos valores teóricos, porém as imagens são perfeitamente

complementares, confirmando os resultados das concentrações (Figura 35).

Não foi possível fazer a calibração multivariada com os resultados das

amostras SOL-2(MF) (Figura 27), PEG-1(MF) (Figura 33) e PEG-2(MF) (Figura

35) por serem muito heterogêneas.

Figura 36 – Gradiente de homogeneidade das dispersões sólidas por

NIR-CI

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

92

Com exceção de PEG-2(SD), nas demais amostras proporções menores

de carreador foram vantajosas para obtenção de uma maior homogeneidade.

Esse resultado demonstra que houve influência da técnica de obtenção em

PEG-2(SD).

Em amostras muito homogêneas como LSS-1(ES) (Figura 28) e PEG-

2(SD) (Figura 34) não foi possível distinguir pixels relativos ao fármaco ou ao

carreador, ficando os pixels todos misturados.

A utilização de calibração multivariada nos resultados das amostras foi

um grande diferencial para avaliar com clareza a homogeneidade das

amostras, principalmente ao observar os desvios padrão que estão diretamente

relacionados com perfil agudo do histograma, demonstrando valores próximos;

numa análise somente dos mapas de distribuição não seria possível esse grau

de refinamento.

Os resultados dos histogramas estão resumidos na Figura 36, revelando

que PEG-2(SD) apresentou a amostra mais homogênea (menor desvio

padrão). Nas amostras preparadas por malaxagem (MA) e evaporação com co-

solvente (ES) a menor proporção (1:0,25 – fármaco: carreador) apresentou

maior homogeneidade, com exceção de secagem por spray dryer (SD).

O tratamento quimiométrico aplicado nos dados dos mapas de

distribuição foram fundamentais para avaliar a homogeneidade das amostras,

haja vista que cada amostra pode gerar cerca de 10 mil espectros e esse

método pode trabalhar com uma quantidade de dados dessa magnitude,

fornecendo dados de forma inequívoca (CARNEIRO; POPPI, 2012).

Avaliando os resultados de NIR-CI quanto a homogeneidade de teor do

fármaco destaca-se PEG-2(SD), pois apresentou o menor desvio padrão com

histograma agudo. Esse resultado é importante, pois uma amostra com

componentes distribuidos homogeneamente auxilia no processo de

solubilização do fármaco, quando esse encontra-se em solução.

O método NIR-CI pode ser usado na pesquisa de transição polimórfica e

na detecção de impurezas presentes em concentração muito pequenas de

forma eficiente. Além disso é um método não destrutivo que utiliza a chamada

“química verde”, livre de solventes (GENDRIN; ROGGO; COLLET, 2008).

Pode ser também aplicado na indústria farmacêutica como um

substituinte do teste de uniformidade de conteúdo e na validação de processos

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

93

de misturas com menor margem de erro, tornando com isso o processo final

mais rápido.

3.2.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As fotomicrografias obtidas por MEV (Figuras 37) permitiram visualizar a

topografia de SINV e das dispersões sólidas selecionadas.

Figura 37 – Fotomicrografias de SINV e dispersões sólidas

obtidas por MEV

A – SINV / B – LSS-2(ES) / C – SOL-2(MA) / D – PEG-2(SD)

A análise por MEV revelou que as técnicas para produzir as dispersões

sólidas resultaram em uma morfologia diferente de SINV (Figura 37 - A), sendo

essa composta de cristais retangulares achatados. As amostras LSS-2(ES)

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

94

(Figura 37 - B) e SOL-2(MA) (Figura 37 - C) apresentaram dimensões variadas.

Porém PEG-2(SD) apresentou morfologia bastante diferente com partículas

tendendo à esfericidade, porosas, com dimensões mais homogêneas (Figura

37 - D), sendo essas características próprias de material obtido na secagem

por “spray dryer”, já descritas por Oliveira e Petrovick (2010). Segundo Sinko

(2008), partículas porosas podem adsorver gases e vapor d’água em seus

interstícios promovendo o aumento da dissolução de seus componentes, o que

seria um diferencial para as partículas de PEG-2(SD). Paudel e colaboradores

(2013) ressaltaram também que a secagem por “spray dryer”, por ser uma

técnica com rápida evaporação do solvente, facilita a formação de dispersões

sólidas amorfas.

3.2.5 Distribuição do Tamanho de Partículas (DTP)

O tamanho e distribuição das partículas do fármaco e das dispersões

sólidas foram tabulados e organizados na forma de histogramas, conforme

podem ser vistos na Figura 38.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

95

Figura 38 – Histograma do Tamanho de Partícula de SINV (A), PEG-2(SD)

(B), LSS-2(ES) (C) e SOL-2(MA) (D).

Os histogramas de SINV (Figura 38 - A) e PEG-2(SD) (Figura 38 - B)

revelaram assimetria positiva, ou seja, com uma maior concentração de

partículas em menores dimensões. A amostra SINV apresentou 45,4% das

partículas com diâmetro entre 5-8 µm; a amostra PEG-2(SD) apresentou uma

distribuição de frequência de 96,4% no intervalo de 1-6 µm, sendo que 67,6%

desse percentual apresentou tamanho entre 2-3 µm.

As amostras LSS-2(ES) (Figura 38 – C) e SOL-2(MA) (Figura 38 – D)

apresentaram histogramas com frequência de distribuição normal, ou seja, com

maior número de partículas em tamanhos medianos. A amostra LSS-2(ES)

apresentou a distribuição mais variada de todas com os maiores percentuais

nos intervalos de 11-20 µm (35,6%) e 21-30 µm (37,4%); a amostra SOL-2(MA)

apresentou maior percentual no intervalo de 11-20 µm (61,1%). Ambas as

dispersões sólidas apresentaram tamanhos de partícula maiores que o fármaco

isoladamente, de forma que a técnica utilizada não contribuiu para a diminuição

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

96

do tamanho de partícula, ou seja, não foi um fator que tenha contribuído para o

aumento da solubilidade e sim a provável formação de micelas em LSS-2(ES)

e SOL-2(MA) e a amorfização em SOL-2(MA).

3.2.6 Síntese da caracterização das dispersões sólidas selecionadas

Os resultados encontrados na caracterização de PEG-2(SD), LSS-2(ES)

e SOL-2(MA) estão resumidos no Quadro 3 abaixo.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

97

Quadro 3 – Síntese dos Resultados da Caracterização das Dispersões Sólidas Selecionadas

FTIR DSC PDRX-TOPAS

NIR-CI MEV DTP

PEG-2(SD) Intensa modificação do espectro original da SINV.

Supressão do pico de fusão do fármaco.

Intensa amorfização.

Material muito homogêneo quanto à concentração.

Partículas porosas e tendendo á esfericidade.

Distribuição de frequência de 96,4% no intervalo de 1-6 µm, sendo que 67,6% desse percentual com tamanho entre 2-3 µm.

LSS-2(ES) Sem modificação do espectro original da SINV.

Formação de pico exotérmico e desaparecimento do pico de fusão do fármaco.

Sem amorfização.

Material pouco homogêneo quanto à concentração.

Placas achatadas com dimensões variadas.

Distribuição de frequência de 35,6% no intervalo de 11-20 µm e 37,4% no intervalo de 21-30 µm.

SOL-2(MA) Discreta modificação do espectro original da SINV.

Supressão do pico de fusão do fármaco.

Discreta amorfização.

Material pouco homogêneo quanto à concentração. .

Placas achatadas com dimensões variadas.

Distribuição de frequência de 61,1% no intervalo de 11-20 µm .

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

98

PARTE 4

ESTUDO DA ESTABILIDADE DA

SINVASTATINA E

DISPERSÕES SÓLIDAS SELECIONADAS

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

99

PARTE 4 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SINVASTATINA E DISPERSÕES

SÓLIDAS SELECIONADAS

O estudo teve como foco avaliar a estabilidade físico-química de SINV, SOL-

2(MA) e PEG-2(SD) baseado na Resolução nº 1, de 29 de julho de 2005, da ANVISA

(MS) (BRASIL. 2005) (estudo de estabilidade acelerada) através do teor de fármaco

por espectrofotometria, difratometria de raios x do pó com análise por Topas (PDRX-

TOPAS) e calorimetria diferencial exploratória (DSC).

4.1 Procedimento Experimental

4.1.1 Materiais

Para o estudo foram utilizadas amostras de SINV, PEG-2(SD) e SOL-2(MA),

tubos eppendorf (1,5 mL transparentes) e metanol grau analítico.

4.1.2 Métodos

As amostras foram acondicionadas em tubos eppendorf (triplicata) e

colocadas em câmara climatizada marca Solab, modelo SL206/600 nas condições

de 40ºC(±1) e 75% (±5) umidade relativa do ar (URA), sendo estudadas nos tempos

inicial (T0), 90 (T90) e 180 dias (T180) (BRASIL, 2005) através da análise de teor de

fármaco e DSC e nos tempos inicial (T0) e 180 dias (T180) por PDRX-TOPAS.

A metodologia para o teor de fármaco foi feita do mesmo modo que em 2.1.2;

as análises por PDRX-TOPAS e DSC foram feitas como em 3.1.2 e 3.1.3,

respectivamente.

4.2 Resultados e Discussão

Os resultados do estudo de estabilidade através da análise do teor de

fármaco nas amostras encontram-se na Figura 39.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

100

Figura 39– Teor de SINV e dispersões sólidas durante o estudo de estabilidade.

0 30 60 90 120 150 180

8

9

10

11

12

100,38%

114,66%

103,31%

67,04%68,70%

84,96%

91,87%

91,92%

95,42%

[SINV](µg/mL)

Tempo(dias)

SINV

PEG-2(SD)

SOL-2(MA)

Desvio padrão SINV T0 - 0,04; SINV T90 – 0,04; SINV T180 – 0,07; PEG-2(SD) T0 – 0,10; PEG-2(SD) T90 – 0,02; PEG-2(SD) T180- 0,02; SOL-2(MA) T0 – 0,03; SOL-2(MA) T90-0,06; SOL-2(MA) T180 – 0,01; n=3)

Estabilidade físico-química é a capacidade de um produto se manter com as

mesmas propriedades e características que possuía no momento de sua fabricação

durante o período de estocagem A estabilidade de produtos farmacêuticos depende

de fatores ambientais como temperatura, umidade e luz, e outros relacionados ao

próprio produto como as propriedades físicas e químicas do fármaco e excipientes, a

forma farmacêutica, o processo de fabricação, etc (BRASIL, 2005).

De acordo com Silva e colaboradores (2009) e Ito (2012) a metodologia

utilizada no estudo de estabilidade acelerada de medicamentos é ainda objeto de

discussão no meio científico internacional, não existindo um texto padrão a ser

seguido. No Brasil é utilizada a RE 01, de 2005 (Anvisa) (BRASIL. 2005), onde para

medicamentos sólidos com armazenamento entre 15-30ºC, embalagem semi-

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

101

permeável o estudo de estabilidade acelerada deve ser conduzido em 40ºC/75%

URA, com coletas nos tempos 0, 3 e 6 meses, modelo de estudo no qual o presente

trabalho foi baseado. A resolução não deixa claro quais análises utilizar.

São encontrados na literatura inúmeros artigos com o foco de aumentar a

solubilidade de SINV através de variadas técnicas (VARGAS; RAFFIN; MOURA,

2012), porém poucos abordam a questão da estabilidade, fator primordial, sem o

qual não é possível prosseguir na pesquisa, cujo objetivo final deve ser a obtenção

de um medicamento, com qualidade, segurança e eficácia terapêutica.

Segundo Oliveira e colegas (2010), onde foi avaliada a SINV em condições de

estresse como a exposição à luz ultravioleta, exposição ao calor e oxidação, dentre

essas apenas na ultima condição (oxidação) houve alteração, com formação de

novos picos no cromatograma obtido por HPLC, deixando bem evidente a

degradação da molécula. SINV apresenta grupamentos ésteres alifático e cíclico

(lactona) e grupamento hidroxila ligado ao anel lactônico, que podem sofrer oxidação

(CELESTINO, 2011). Como já visto por Oliveira e colegas (2010), SINV apresentou

estabilidade ao calor, porém não foi testada a influência da umidade. Um fármaco

quando oxidado apresenta diminuição de seu teor, nem sempre fornecendo provas,

visual ou olfativa, de sua ocorrência (VADAS, 2004).

Na Figura 42 observou-se que as dispersões sólidas PEG-2(SD) e SOL-

2(MA) apresentaram um perfil de degradação mais acentuado que o fármaco, sendo

que em PEG-2(SD) houve redução do teor de 45,96%, de 8,51% em SOL-2(MA) e

de 7,89% para a SINV em 90 dias. Ao final do experimento a redução total do teor

em PEG-2(SD) foi de 47,62%, em SOL-2(MA) de 15,42% e de SINV de 11,39%. Os

teores foram comparados entre grupos por ANOVA (fator único) (p<0,05) e

apresentaram diferença significativa para todos os tempos de análise.

Souza e colaboradores (2007) estudaram a cinética de degradação de SINV e

verificaram que possui um modelo cinético de degradação de primeira ordem, onde

a velocidade de reação é diretamente proporcional à concentração dos

componentes da amostra. Pelo aspecto da reta correspondente a degradação de

SOL-2(MA), essa parece se assemelhar a SINV sugerindo um perfil de degradação

semelhante.

Pelos resultados obtidos na análise de teor é possível ter ocorrido oxidação

das dispersões sólidas de forma mais intensa do que no fármaco isolado, sendo

ainda maior em PEG-2(SD).

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro

102

Ao analisar os dados dos difratogramas pelo programa Topas, a discussão

sobre a estabilidade das dispersões sólidas e SINV recebeu novo enfoque, o que

definiu o rumo da discussão, comprovando ter sido a análise PDRX-TOPAS de

fundamental importância na caracterização e acompanhamento da estabilidade

cristalina das amostras.

Nas Figuras 40- 42 e Tabela 12 estão representados os difratogramas obtidos

através do tratamento dos dados de PDRX no programa computacional Topas

(PDRX-TOPAS).

Figura 40 – Análise por PDRX-TOPAS de SINV 180 dias.

444342414039383736353433323130292827262524232221201918171615141312111098765

16,000

14,000

12,000

10,000

8,000

6,000

4,000

2,000

0

-2,000

7.733007

9.17757

10.01879

10.71858

12.56623

14.72385

15.4482

16.39485

17.02896

17.53377

18.0822

18.5896

19.17339

20.20931

21.0213

21.86729

22.33924

23.51396

24.04334

24.8673

25.32391

25.75339

26.19461

27.67599

28.16713

28.95829

29.51678

30.75016

31.52342

31.68813

34.622

34.66307

36.26344

38.88223

Chave de cores: vermelho (linha de refinamento),verde (linha do difratograma), cinza (ruído de fundo), púrpura (contribuição amorfa).

Figura 41 - Análise por PDRX-TOPAS de PEG-2(SD) 180 dias.

444342414039383736353433323130292827262524232221201918171615141312111098765

4,000

3,500

3,000

2,500

2,000

1,500

1,000

500

0

-500

-1,000

-1,500

16.70375

16.8338

16.96385

18.00424

18.19932

18.29685

18.45942

18.687

18.97961

19.14218

22.49095

22.65351

23.07617

23.27125

23.43381

25.64465

25.93726

Chave de cores:vermelho (linha de refinamento),azul (linha do difratograma), cinza (ruído de fundo)

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103

Figura 42 - Análise por PDRX TOPAS de SOL-2(MA) 180 dias.

444342414039383736353433323130292827262524232221201918171615141312111098765

8,000

7,000

6,000

5,000

4,000

3,000

2,000

1,000

0

-1,000

9.119346

9.327403

10.72147

11.75676

13.26116

14.65507

15.40176

16.3203

16.96552

17.44709

18.15653

18.54087

19.11021

20.93856

21.82812

22.29629

23.18237

24.51608

25.84478

27.72368

28.60556

31.1464 34.0858 42.46454

Chave de cores:vermelho (linha de refinamento),preto (linha do difratograma), cinza (ruído de fundo), púrpura (contribuição amorfa).

Tabela 10 – Dados do cálculo do grau de cristalinidade por PDRX TOPAS em

180 dias do estudo de estabilidade

SOL-2(MA)T180 PEG-2(SD)T180 SINV T180

Contribuição Cristalina 72741,59 7909,0 76340

Contribuição Amorfa 35582,97 34035 426,5

Grau de Cristalinidade 67,2% 18,7% 99,4%

Grau de Refinamento 2,08 21,30 3,74

Os cálculos de cristalinidade feitos por Topas (Tabela 12) revelaram que não

houve modificação da cristalinidade da SINV após 180 dias (99,4%). O mesmo

ocorreu com PEG-2(SD) que apresentou uma baixa cristalinidade no tempo inicial

(18,2%), não tendo se alterado após 180 dias (18,7%). Somente em SOL-2(MA)

houve um aumento de cristalinidade de 7,9% (de 59,3 para 67,2%) em relação ao

tempo inicial.

Para o cálculo da cristalinidade de PEG-2(SD) por PDRX TOPAS foi utilizada

a função FP (Parâmetro Fundamental); para o cálculo de SINV e SOL-2(MA) foi

utilizada a função Pearson VII.

As dispersões sólidas mantiveram o percentual de cristalinidade inicial, o que

é uma informação importante, pois outros autores que utilizaram estratégias para

aumentar a solubilidade de SINV com produção de material amorfo relataram o

retorno ao estado cristalino do fármaco, ou seja, as amostras mostraram-se instáveis

quanto à cristalinidade. É o caso de Margulis-Goshen e Magdassi (2009), os quais

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104

verificaram que 14% da SINV amorfa retornou para a forma cristalina em 280 h na

temperatura ambiente. A estabilidade do material amorfo só foi possível quando

mantido a -12 º C, tendo sido estável por até 4 meses. Esse fato foi também

observado por Zhang e colaboradores (2009) que avaliaram a estabilidade de SINV

amorfa produzida por diferentes técnicas e verificaram a instabilidade dessa forma,

havendo um retorno a forma cristalina durante o processo de estocagem, que é

acelerado pelo aumento de temperatura.

Ainda Zhang e colaboradores (2009) verificaram que partículas amorfas de

SINV com tamanho menor que 10 µm apresentaram maior instabilidade física. Na

presente tese as partículas de PEG-2(SD) foram caracterizadas por microscopia

ótica como tendo 50% (já descrito em 3.2.5) das partículas com 1- 6 µm de tamanho.

É provável que o tamanho reduzido de partícula tenha contribuído para uma

degradação mais rápida, pois partículas menores possuem maior superfície de

contato havendo maior interação com oxigênio atmosférico, facilitando a oxidação

(instabilidade química), evidenciados pelas análises de teor.

Graeser e colaboradores (2008) avaliaram a estabilidade da SINV amorfa,

produzidas por duas técnicas diferentes: “crio-milling”, onde é feita uma moagem em

condições criogênicas (nitrogênio líquido) e “quench-cooling”, onde o fármaco foi

fundido (150ºC) e subitamente resfriado em nitrogênio líquido. Os autores colocaram

ambos os materiais em estocagem a 20ºC com 35% URA e observaram que o

produzido por “quench-cooling” não recristalizou, mesmo quando estocado a 40ºC;

já o produzido por “crio-milling” recristalizou completamente em 20 h de estocagem a

20ºC, o que comprova que a técnica para modificação da cristalinidade da SINV

pode comprometer a estabilidade cristalina. Esse resultado foi semelhante ao

encontrado na presente tese, onde também não houve recristalização da SINV

durante a estocagem.

Correlacionando os resultados de teor do fármaco com os dados obtidos por

PDRX-TOPAS (Tabela 10), nesse estudo de estabilidade, observou-se que os dados

de cristalinidade foram mantidos, porém ocorreu degradação química, evidenciados

pela diminuição do teor de fármaco, principalmente de PEG-2(SD), possivelmente

pelo processo de secagem ser feito com ar ou pela diminuição do tamanho de

partículas.

As curvas DSC obtidas nas análises do estudo de estabilidade podem ser

observadas nas Figuras 43-45 e os dados relativos às curvas nas Tabelas 13 e 14.

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Figura 43 - Curvas DSC de SINV durante Estudo de Estabilidade.

Tabela 11 – Dados obtidos a partir das curvas DSC para SINV.

SINV T0 T90 T180

Onset(ºC) 139,92 138,29 139,43

Pico de fusão (ºC) 143,92 141,23 143,07

Entalpia de Fusão(J/g)

59,93 57,35 54,44

Figura 44 - Curvas DSC de PEG-2(SD) durante Estudo de Estabilidade

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Tabela 12 – Dados obtidos a partir das curvas DSC para PEG-2 (SD)

PEG-2(SD) T0 T90 T180

Onset(ºC) 52,34 49,85 45,92

Pico de fusão(ºC) 57,66 55,38 49,26

Entalpia de Fusão(J/g)

34,99 27,08 5,39

Dados referentes a PEG.

Figura 45– Curvas DSC de SOL-2(MA) durante Estudo de Estabilidade

Dados não calculados devido a ausência de eventos de fusão

Os dados de DSC de SINV revelam um aumento do pico de fusão em torno

de 2ºC (Tabela 13), havendo pequena modificação entre 90 e 180 dias, tendo os

valores de entalpia de fusão se mantido próximos. Desse modo não houve

modificação física de SINV nas condições de análise.

Avaliando as curvas DSC de PEG-2(SD) (Figura 44) no período até 180 dias

observou-se que o perfil da curva se manteve, porém o evento de fusão de PEG

sofreu alteração (Tabela 14), tendo o pico de fusão do PEG deslocado para valores

menores demonstrando a formação de produto mais instável, o que é confirmado

pela diminuição da entalpia de fusão (STORPIRTIS et al, 2009). Essas informações

estão de acordo com as obtidas por análise de teor para PEG-2(SD).

As curvas DSC de SOL-2(MA) (Figura 45) apresentaram perfis semelhantes

em todos os tempos de análise, sugerindo não ter ocorrido modificação física.

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107

De forma geral as dispersões sólidas mantiveram a estabilidade quanto ao

percentual de contribuição amorfa, bem como a cristalinidade de SINV. Porém

quanto ao teor da SINV em ambas as dispersões sólidas houve provável

degradação química, com possível oxidação, visto ser um fator de instabilidade do

fármaco. Uma possibilidade de evitar essa degradação seria produzir um

comprimido revestido logo após a preparação da dispersão sólida. Para uma

compreensão mais completa da estabilidade de PEG-2(SD) e SOL-2(MA) é

necessário identificar os produtos de degradação por cromatografia líquida de alta

eficiência (HPLC) e repetir o estudo de estabilidade, porém em atmosfera inerte.

Os achados sobre estabilidade da contribuição amorfa das dispersões sólidas

no presente trabalho deixa clara a importância de estudar a cristalinidade dos

fármacos com recursos como Topas, complementadas com análises que avaliem o

aspecto químico dos mesmos.

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PARTE 5

CONCLUSÃO

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PARTE 5 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados encontrados conclui-se que houve aumento de

solubilidade em todas as dispersões sólidas, com exceção de SOL-2(SD), com

influência da técnica no aumento de solubilidade, como no caso das dispersões

sólidas preparadas com PEG, onde se conclui que os mecanismos de aumento de

solubilidade foram multifatoriais.

Através da caracterização das dispersões sólidas utilizando FTIR, DSC e

PDRX-TOPAS foi possível compreender as interações físico-químicas, bem como

propor teorias para o aumento de solubilidade.

Com o estudo de estabilidade foi possível avaliar o comportamento das

dispersões sólidas ao longo do tempo. Esses aspectos são importantes para o

aperfeiçoamento das técnicas de obtenção das dispersões sólidas de forma racional,

sendo viável aprimorar as técnicas de PEG-2(SD) e SOL-2(MA) visando a

estabilidade físico-química.

O estudo de solubilidade de fases apontou que é possível utilizar proporções

maiores de carreadores do que as utilizadas em nosso estudo, podendo ser restrita

pela técnica de preparação.

O carreador SOL apresentou grande potencial para o aumento da solubilidade

de SINV, porém não através de secagem por “spray dryer” (SD).

As propostas de teorias que explicam o aumento de solubilidade das

dispersões sólidas, bem como o estudo de estabilidade preencheram uma lacuna na

pesquisa para o aumento da solubilidade de SINV, colaborando com futuros

trabalhos.

A técnica PDRX-TOPAS deu um novo enfoque tanto na teoria proposta para o

aumento de solubilidade das dispersões sólidas, quanto para o estudo de

estabilidade, revelando a manutenção do estado amorfo de PEG-2(SD) e SOL-

2(MA).

A técnica NIR-CI contribuiu com a informação sobre a homogeneidade dos

componentes, podendo ser utilizado como uma alternativa mais rápida e eficiente ao

teste de uniformidade de conteúdo e ao controle de qualidade dos processos de

misturas realizados na indústria farmacêutica.

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PERSPECTIVAS PARA

PESQUISAS FUTURAS

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PERSPECTIVAS PARA PESQUISAS FUTURAS

Ao finalizar esse projeto de tese surgem novos questionamentos motivadores

da continuação dessa pesquisa com o foco no desenvolvimento de um medicamento

contendo sinvastatina, com melhores propriedades tecnológicas e biofarmacêuticas.

Dessa forma temos as seguintes propostas futuras:

1. Testar novas dispersões sólidas contendo Soluplus (SOL) com maiores

proporções do carreador, produzidas por malaxagem, por ser um método de fácil

execução e por ter os resultados do ensaio de solubilidade de fases com SINV e

SOL terem demonstrado melhores resultados são em concentrações maiores de

SOL.

2. Realizar ensaio de solubilidade de fases com SINV e SOL + lactose,

maltodextrina ou ciclodextrina em diversas proporções para avaliar o

comportamento termodinâmico, bem como a solubilidade de saturação. Com as

amostras selecionadas, testar por extrusão a quente, por ser um método que o

próprio fabricante (BASF) indica para ser utilizado com SOL; fazer a

caracterização e estudo de estabilidade.

3. Produzir novas dispersões sólidas de SINV e PEG com concentrações maiores

de PEG (pois o estudo de solubilidade de fases revelou resultados promissores

em concentrações maiores de PEG), com otimização do método por spray dryer.

Fazer a caracterização e estudo de estabilidade por termogravimetria das

dispersões obtidas.

4. Com PEG-2(SD) e SOL-2(MA), objeto de estudo da presente tese, produzir

comprimidos revestidos com a função de proteger as dispersões sólidas da

oxidação; fazer novo estudo de estabilidade, comparando com estudo por

termogravimetria (análise térmica). Avaliar o perfil de dissolução comparando

com comprimidos comerciais de sinvastatina. Fazer estudo de permeabilidade

intestinal (in vitro) e se o resultado for satisfatório fazer estudo de

biodisponibilidade (in vivo).

5. Avaliar através de Topas a disposição dos átomos componentes das dispersões

PEG-2(SD) e SOL-2(MA) dentro da rede cristalina e a conformação espacial

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desta para melhor entendimento das características verificadas nas demais

análises executadas.

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PRODUÇÃO RESULTANTE DO

PROJETO DE TESE

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PRODUÇÃO RESULTANTE DO PROJETO DE TESE

Artigo 1 (publicação) - VARGAS, Mara Rúbia Winter; RAFFIN, Fernanda Nervo;

MOURA,Túlio Flávio Accioly de Lima. Strategies used for to improve aqueous

solubility of simvastatin: a systematic review. Revista de Ciências Farmacêuticas

Básica e Aplicada, V.33, n.4, p. 497-507, 2012.

Artigo 2 (submissão) – VARGAS, Mara Rúbia Winter et al. Solid dispersions of

simvastatin: solubility improvement, characterization and evaluation of interactions.

AAPS PharmScitech.