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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet Curitiba, 04 de fevereiro a 08 de março de 2006 - n.º 233 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ....................................................................................... ................ 01-81 Superior Tribunal de Justiça ..................................................... ............................................... 82-174 Últimas Notícias Terça-feira, 07 de Março de 2006 20:30 - Condenado por crimes sexuais contra menores obtém progressão de regime 19:29 - Primeira Turma decide que pedidos de progressão de regime poderão ser julgados monocraticamente 16:51 - Negado habeas corpus a ex-policial condenado por homicídio e tráfico de drogas Segunda-feira, 06 de Março de 2006 19:30 - Suspenso seqüestro de verbas públicas do governo do Acre 12:17 - Íntegra da decisão que manteve convênio da Geap para servidores federais Sexta-feira, 03 de Março de 2006 19:44 - Negada liminar que pedia acumulação de vantagens a inativos da Previdência Social 15:50 - Negada liminar a ex-deputada que queria recondução ao cargo Quinta-feira, 02 de Março de 2006 18:15 - Ação que questiona efeitos da MP 242/05 é arquivada 15:40 - Íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto sobre progressão de regime de pena para crimes hediondos Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006 19:22 - Suspensa garantia dada pela União ao DF para empréstimo junto ao BIRD 16:18 - Investigados pela Operação Curupira responderão a processo em liberdade Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2006

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁSELEÇÕES DA BIBLIOTECA

Notícias & JurisprudênciaInformativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet Curitiba, 04 de fevereiro a 08 de março de 2006 - n.º 233

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal ....................................................................................................... 01-81Superior Tribunal de Justiça .................................................................................................... 82-174

Últimas Notícias

Terça-feira, 07 de Março de 200620:30 - Condenado por crimes sexuais contra menores obtém progressão de regime    19:29 - Primeira Turma decide que pedidos de progressão de regime poderão ser julgados monocraticamente   16:51 - Negado habeas corpus a ex-policial condenado por homicídio e tráfico de drogas   Segunda-feira, 06 de Março de 200619:30 - Suspenso seqüestro de verbas públicas do governo do Acre   12:17 - Íntegra da decisão que manteve convênio da Geap para servidores federais    Sexta-feira, 03 de Março de 200619:44 - Negada liminar que pedia acumulação de vantagens a inativos da Previdência Social    15:50 - Negada liminar a ex-deputada que queria recondução ao cargo   Quinta-feira, 02 de Março de 200618:15 - Ação que questiona efeitos da MP 242/05 é arquivada   15:40 - Íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto sobre progressão de regime de pena para crimes

hediondos     Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 200619:22 - Suspensa garantia dada pela União ao DF para empréstimo junto ao BIRD    16:18 - Investigados pela Operação Curupira responderão a processo em liberdade   Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 200619:33 - Extinta a punibilidade de políticos mineiros por crime eleitoral   19:10 - Confirmada liminar que impede juíza de depor na CPI dos Bingos   19:05 - Supremo afasta a proibição de progressão de regime nos crimes hediondos   Terça-feira, 21 de Fevereiro de 200619:16 - União deve garantir empréstimo do Banco Mundial ao Distrito Federal    17:05 - Publicada a Ata da sessão de julgamento da ADC sobre nepotismo    Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 200619:30 - Nova página de pesquisa na internet facilita acesso à informação judiciária    19:23 - Decisão mantém CPI dos Bingos impedida de quebrar sigilos de Okamotto   19:03 - Nepotismo conflita com democracia, diz ministro Marco Aurélio    

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16:58 - Decisão do Supremo sobre nepotismo foi histórica para o CNJ, afirma Jobim   Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 200621:13 - Íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto na ADC 12    18:54 - Resolução que proíbe contratação de parentes no Judiciário é constitucional, decide Supremo   17:03 - ANPR contesta decisão que suprime auxílio-moradia em caso de promoção de membros do MPU    Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 200620:09 - Arquivada ação da Anoreg contra ato do TJ/SE sobre pagamento de taxas de cartórios    19:48 - Plenário mantém proibição da utilização de simulador de urna eletrônica em propaganda eleitoral    19:40 - Manutenção de crédito fiscal em Santa Catarina é declarada constitucional pelo Supremo    19:10 - Arquivada ADPF contra nomeações no TJ/TO   19:06 - Lei distrital sobre edificação e comercialização de imóveis é considerada constitucional    19:02 - Arquivado mandado de segurança impetrado pelo ex-deputado Roberto Jefferson   18:58 - Mantida lei de Santa Catarina sobre registro eletrônico de reclamações    18:22 - Lei catarinense sobre ecossistemas é declarada inconstitucional pelo Supremo    17:55 - Lei que confere meia entrada para doadores de sangue é constitucional    17:49 - Supremo mantém quebra de sigilo de corretora investigada pela CPMI dos Correios   17:34 - Reajuste salarial de servidores gaúchos é declarado inconstitucional   16:57 - Supremo autoriza exame de sanidade mental em extraditando   15:12 - Segunda Turma determina novo julgamento no TJ/GO    15:07 - Mantido acórdão do TCU que reconhece aos servidores federais o direito à incorporação de quintos    Terça-feira, 14 de Fevereiro de 200619:24 - Ex-diretor de Furnas obtém salvo-conduto para depor na CPMI dos Correios   17:44 - Liminar garante direito a não auto-incriminação em depoimento de corretor na CPMI dos Correios   17:25 - Arquivado mandado de segurança em decisão contra nepotismo no Judiciário   16:26 - Afastada proibição da progressão de regime a condenados por crime hediondo e tráfico de drogas   Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 200620:01 - Mantida quebra de sigilo de investigado pela CPMI dos Correios    19:13 - Sombra tem HC negado no Supremo    15:27 - Delegado condenado por prática de tortura questiona poder de investigação do MP   Quinta-feira, 09 de Fevereiro de 200619:42 - Íntegra do voto ministro Carlos Ayres Britto no MS 25116    19:09 - Plenário mantém decisão do TCU que julgou ilegal aposentadoria de juiz classista   19:05 - Mantida condenação de réu por estupro de menor de 14 anos   Quarta-feira, 08 de Fevereiro de 200620:05 - Ex-diretor da Prece obtém habeas corpus para depor na CPMI dos Correios    19:10 - Bem de família de fiador pode ser penhorado, entende o plenário   18:57 - Supremo suspende emenda estadual (PR) sobre indenização por ato de exceção   18:43 - Íntegra de voto do ministro Marco Aurélio no julgamento sobre Cofins    16:48 - Suspenso dispositivo de lei de Minas Gerais sobre concurso para cartórios   Terça-feira, 07 de Fevereiro de 200620:30 - Gravação clandestina com fins de defesa não constitui prova ilícita, diz Supremo    19:32 - Mantida ação penal contra segurança denunciado pela morte de jovem em carnaval fora de época   19:25 - Supremo determina o retorno de juízes ao TRF do Rio e arquiva ação penal   16:52 - Governador do Paraná contesta norma que reduziu carga tributária no Rio   Segunda-feira, 06 de Fevereiro de 200619:03 - Empresário obtém salvo-conduto para depor na CPI dos Bingos   17:45 - Celso de Mello arquiva ADI sobre união estável entre homossexuais, mas ressalta relevância do tema   17:30 - Supremo suspende quebra de sigilos de Francisco Lunardi   

07/03/2006 - 20:30 - Condenado por crimes sexuais contra menores obtém progressão de regime

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Condenado à pena de 20 anos e 10 meses de reclusão por atentado violento ao pudor e crimes contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Leonardo Chaim obteve, de ofício, progressão de regime penal durante o julgamento do Habeas Corpus (HC) 87495. A decisão unânime da Primeira Turma do Supremo acompanhou o voto do relator, ministro Eros Grau.

De acordo com o relatório apresentado, o condenado foi preso no início de 1999, em Atibaia (SP), por ter abusado sexualmente de crianças com idade entre 10 a 14 anos, valendo-se da condição de monitor em acampamento de sua responsabilidade nas temporadas de férias relativas a julho de 1996 e aos meses de janeiro e julho de 1998. Após o abuso, enviava imagens (fotografias e filmes) com cenas das crianças enquanto se vestiam, tomavam banho ou encontravam-se em situações de intimidade no dormitório do acampamento.

A defesa buscava modificar a aplicação da pena e o reconhecimento do caráter relativo da presunção de violência, aduzindo que ela não é absoluta. Também sustentava que em pelo menos dois dos três fatos criminosos não deveria ser aplicada a referida presunção, em razão de haver evidência de que os menores possuíam maturidade suficiente para a prática de atos libidinosos. Nesses pontos, o HC foi indeferido por unanimidade.

07/03/2006 - 19:29 - Primeira Turma decide que pedidos de progressão de regime poderão ser julgados monocraticamente

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal resolveu questão de ordem suscitada pelo ministro Cezar Peluso e decidiu que todos os habeas corpus com pedidos de progressão de regime podem ser julgados individualmente pelo relator. A decisão foi tomada durante o julgamento do Habeas Corpus (HC) 86224 e fundamentada pela decisão tomada pelo Plenário, no último dia 23 de fevereiro, afastando a proibição da progressão de regime de cumprimento de pena  para condenados por crime hediondo. A proposta de Peluso foi aprovada por unanimidade.

O objetivo é facilitar o julgamento de inúmeras ações que tramitam no Supremo sobre a mesma matéria. Quanto ao pedido de progressão de regime no HC 86224, os ministros deferiram o habeas para fixar o regime inicialmente fechado para o cumprimento da pena do condenado por crime hediondo. O relator, ministro Carlos Ayres Britto, ressaltou que a efetividade da progressão dependerá da análise, por parte do juiz da execução penal, de requisitos objetivos e subjetivos do preso.

07/03/2006 - 16:51 - Negado habeas corpus a ex-policial condenado por homicídio e tráfico de drogas

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal negou novo pedido de Habeas Corpus (HC 87156) impetrado em favor do ex-policial Plácido Gomes Esperança Filho. Ele foi condenado à pena de 27 anos de reclusão pela prática de homicídio triplamente qualificado, associação para fins de tráfico internacional de entorpecentes e formação de quadrilha. O réu participou da morte do marítimo e ex-traficante Carlos Antônio Ruff, em 1998, no Rio.

A defesa pedia para que o ex-policial respondesse ao processo em liberdade, afastando a prisão processual. O ministro-relator, Marco Aurélio, indeferiu o habeas sob o argumento de que o réu representa perigo para a sociedade e que a prisão deve ser mantida. Ele relatou que a prisão do ex-policial havia sido relaxada em 1999. Mas em seguida foi aditada a denúncia em razão da morte do ex-traficante Carlos Antônio Ruff, que se dispôs a colaborar com as investigações.

O ministro ressaltou, ainda, que o paciente permaneceu preso até o julgamento e que, após a condenação, não haveria razão para a revogação da prisão. “O princípio da não-culpabilidade não se sobrepõe aos parâmetros que ditaram a prisão, não tendo alcance que os afaste e viabilize a soltura do paciente quando já existente o decreto condenatório a envolver pena substancial ante a gravidade dos crimes”, disse o relator.

Por fim, o ministro disse que não se trata no caso de exigência de recolhimento para ter-se como admitida a apelação, mas de manter fora da sociedade cidadão de alta periculosidade.

06/03/2006 - 19:30 - Suspenso seqüestro de verbas públicas do governo do AcreO Estado do Acre obteve liminar na Reclamação (RCL) 4177 que lhe garante a devolução de

quantias seqüestradas do Fundo de Participação dos Estados (FPE) no valor de R$ 396 mil. As verbas haviam sido bloqueadas por decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 14ª Região para pagamento de precatórios.

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Segundo a Procuradoria-Geral do Estado, o tribunal trabalhista determinou sucessivos seqüestros de verbas públicas sem demonstrar a existência de quebra de ordem cronológica no pagamento de precatórios, o que afrontaria decisão do Supremo na ADI 1662.

Ao julgar o pedido de liminar, o ministro Gilmar Mendes ressaltou que a Corte realmente fixou entendimento (na ADI 1662) no sentido de que a única modalidade de seqüestro prevista na Constituição ocorre quando há preterição na ordem de pagamento dos precatórios. Disse, ainda, que o Supremo explicitou, nesse julgamento, que não se concebe o seqüestro de verbas públicas sem possibilitar minimamente o exercício do contraditório.

Segundo o ministro, as sucessivas decisões proferidas pela autoridade reclamada acarretam, à primeira vista, potencial violação ao entendimento do Supremo. “Daí a necessidade de se reconhecerem os riscos decorrentes da possibilidade de ocorrência de danos de difícil reparação ao Erário do Estado do Acre”, afirmou.

Assim, concedeu a liminar para determinar a suspensão das ordens de bloqueio e a imediata devolução ao Estado das quantias seqüestradas até o julgamento final da ação.

06/03/2006 - 12:17 - Íntegra da decisão que manteve convênio da Geap para servidores federais

Veja a íntegra da decisão liminar (3 páginas) do ministro Carlos Ayres Britto no Mandado de Segurança 25855, impetrado pela Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Fenasps). Com a decisão, proferida no dia 3 de março, fica mantido o convênio de adesão da Fundação de Seguridade Social (Geap) a servidores da Saúde, da Previdência Social e do Trabalho.

03/03/2006 - 19:44 - Negada liminar que pedia acumulação de vantagens a inativos da Previdência Social

O ministro Marco Aurélio indeferiu liminar no Mandado de Segurança (MS) 25551, impetrado pela Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social (ANASPS) no Supremo. Com a decisão, foi mantido o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) de ausência ao direito de percepção cumulativa da Gratificação de Atividade pelo Desempenho de Função – GADF com décimos ou quintos, suspendendo os pagamentos para os servidores inativos e pensionistas da Previdência Social.

De acordo com Marco Aurélio, a decisão do TCU ficou restrita a situações concretas de cumulatividade da vantagem pecuniária individual com os décimos ou quintos.

A Associação sustentou no MS que a Lei Delegada nº 13/92, ao prever o cálculo de quintos, considerada a gratificação, demonstra não se tratar da mesma vantagem, afastando a possível duplicidade de ganhos. Alegou, ainda, a existência de lesão ao devido processo legal, pois os beneficiários da parcela não teriam sido cientificados para, querendo, participarem do processo então em curso no Tribunal de Contas da União.

O TCU determinou o cumprimento de decisão relacionada ao caso (Acórdão nº 814/2005), com a observância obrigatória de entendimento de que a gratificação envolvida na espécie não é cumulável com os quintos e os décimos.

O ministro entendeu que o enfoque do TCU, preliminarmente, estaria correto. Marco Aurélio argumentou que a gratificação questionada serve ao cálculo de quintos e décimos, onde já se encontra incluído o valor respectivo. “Logo, auferindo o servidor aposentado ou o pensionista benefício mensal que já é composto de quintos ou décimos, calculados mediante a integração da gratificação de atividade por desempenho de função, descabe, sob pena de se incidir em sobreposição, em duplicidade contrária à ordem jurídica, cogitar do pagamento em separado da parcela”, afirmou o relator.

03/03/2006 - 15:50 - Negada liminar a ex-deputada que queria recondução ao cargoO ministro Carlos Ayres Britto indeferiu liminar em Mandado de Segurança (MS 25817) em que

Janete Capiberibe pedia a recondução ao cargo de deputada federal. O pedido foi impetrado contra o Ato nº 74 da Mesa da Câmara dos Deputados, que declarou a perda do mandato.

A ex-deputada sustentou, na ação, que o ato da Mesa da Câmara feriu seu direito à ampla defesa. Alegou que não houve a instauração de processo pelo qual a Mesa pudesse declarar a perda do mandato.

Janete Capiberibe sustentou ainda, em outra linha de argumentação, que teve seus direitos constitucionais de ampla defesa e devido processo violados pela Mesa da Câmara.

Ao decidir, o ministro Carlos Ayres Britto afirmou que, de acordo com informações prestadas pela Câmara dos Deputados, a ex-deputada apresentou defesa no processo de perda de mandato e que a

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Constituição Federal (art. 121, 4º, IV) prevê o cabimento de recurso contra as decisões dos tribunais regionais eleitorais que anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos.

Assim, segundo o ministro, “trata-se de hipótese constitucional em que o decreto de anulação do diploma pela Justiça Eleitoral enseja, sim, a perda do mandato”.

02/03/2006 - 18:15 - Ação que questiona efeitos da MP 242/05 é arquivadaO ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal  (STF), negou seguimento (arquivou) à

Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 84, ajuizada pelo Partido da Frente Liberal (PFL) contra a Medida Provisória (MP) 242/05. A MP alterou dispositivos da lei sobre planos de benefícios da Previdência Social (Lei nº 8.213/91), modificando os cálculos da aposentadoria por invalidez, do auxílio-doença e do auxílio-acidente.  Na ação, o partido alegava que, embora a MP já tivesse sido rejeitada, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da norma foram mantidas, já que o Congresso não editou, no prazo fixado pela Constituição Federal, o decreto legislativo para dizer como ficaram essas relações.

O PFL pedia, então, que o Supremo reconhecesse a inconstitucionalidade da MP e desfizesse os efeitos decorrentes de sua vigência.

Ao analisar o caso, o ministro Sepúlveda Pertence afastou a alegação de que não haveria outro meio, a não ser a ADPF, para uma solução eficaz da controvérsia, já que a MP havia sido revogada. No despacho, o ministro  informou que a norma já foi questionada em ação direta de inconstitucionalidade (ADI).

Com relação ao exame dos efeitos das relações jurídicas concretas ocorridas durante a vigência da medida provisória, Pertence disse que “é pretensão de caráter eminentemente subjetivo, que se encontra fora do universo de controle objetivo de normas – no qual se encontra a ADPF, a ADIn e a ADC”. O ministro concluiu que o questionamento poderia ser feito por cada jurisdicionado que provocasse – pelas vias próprias – o Poder Judiciário, “a fim de sanar a alegada lesividade”.

02/03/2006 - 15:40 - Íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto sobre progressão de regime de pena para crimes hediondos

Veja a íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto no julgamento do Habeas Corpus (HC) 82959, que discutiu a possibilidade de progressão de regime de cumprimento de pena no caso de crimes hediondos.

01/03/2006 - 15:04 - Supremo recebe ação da AMB contra ato do TJ/RJA Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), substituta processual de desembargadores

fluminenses, impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) Mandado de Segurança contra ato do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ) que impediu os magistrados de exercerem suas competências como integrantes do pleno do TJ. A ação foi autuada no Supremo como Ação Originária (AO) 1391.

O MS questiona a legalidade do ato do órgão especial do Tribunal de Justiça fluminense em que se decidiu não ser auto-aplicável o artigo 93, XI, da Constituição Federal. O dispositivo prevê que nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, sendo que a metade das vagas deve ser provida por eleição. A possibilidade de eleição para o órgão especial foi a novidade trazida pela Reforma do Judiciário.

A associação relata no MS que 122 desembargadores, entre os 160 existentes no TJ/RJ, propuseram ao presidente do tribunal projeto de Resolução a ser apreciado pelo pleno do TJ. A proposta modificaria a composição do órgão especial, de modo a aplicar o artigo 93, inciso XI da CF, em que 50% dos integrantes devem ser eleitos. Entretanto, prossegue a entidade, o presidente do TJ submeteu o projeto ao órgão especial, que decidiu não enviar a proposta para apreciação do pleno, resultando no ato impugnado.  

A AMB sustenta que a decisão do órgão especial em não enviar a proposta para ser apreciada pelo pleno do tribunal impôs restrição à competência deste. “No caso sob exame não está presente sequer a hipótese de conflito de competência entre o Tribunal Pleno e o Órgão Especial, mas sim de uma imposição teratológica deste último, que deve ser suspensa para evitar a perpetuação da lesão à ordem administrativa e, no caso, a grave lesão ao direito líquido e certo dos impetrantes [desembargadores] de exercerem suas competências como integrantes do Tribunal Pleno”, afirma a entidade.

A Associação pede liminar para suspender o ato do órgão especial do TJ/RJ de forma a permitir que o presidente submeta o projeto ao pleno do tribunal, para que os 122 desembargadores possam

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exercer a competência no âmbito do pleno do Tribunal  e para que, ao final, seja cumprida a Constituição e realizada a eleição de metade dos integrantes do órgão especial. No mérito, pede a confirmação da cautelar.

24/02/2006 - 19:22 - Suspensa garantia dada pela União ao DF para empréstimo junto ao BIRD

O ministro Cezar Peluso deferiu liminar no Mandado de Segurança (MS) 25853 para a União, suspendendo a prestação de garantia para o Distrito Federal em empréstimo negociado com o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). A União impetrou o MS contra liminar concedida no MS 25846, pelo ministro Marco Aurélio, que obrigou a União a garantir o Distrito Federal em empréstimo obtido junto ao BIRD.

A União alegou que a recusa em conceder a garantia ao DF seria pela situação de irregularidade deste nos cadastros de controle financeiro mantidos pelos órgãos federais. O DF, de acordo com a União, teria deixado de prestar contas relativas a convênios anteriores no modo e tempo devidos. Estas contas seriam requisitos indispensáveis para a prestação da garantia contratual na operação de crédito, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sustentou, ainda, a incompetência do ministro Marco Aurélio para proferir a decisão, por entender que o MS 25846 deveria ter sido distribuído por prevenção ao relator da Ação Cível Originária (ACO) 840, ministro Celso de Mello.

O ministro Cezar Peluso, relator do caso, entendeu que a legalidade de concessão de garantia, por parte da União, à operação de crédito pactuada pelo DF com BIRD estava condicionada à regular prestação de contas relativas a convênios anteriormente firmados por ambos os entes federativos.

O relator observou, ao manusear os autos da ACO 840, que a União,  obedecendo aos termos da liminar aí deferida, valeu-se dos dados obtidos no Cadastro de Convênios do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (CONCOV/SIAFI).

Peluso verificou também que o ministro Celso de Mello indeferiu, nos autos da ACO 840, pedido de autorização para garantia ao empréstimo do DF com BIRD, permitindo à União utilizar, para além do CAUC, outros sistemas operacionais que viabilizassem o controle de convênios e a aferição de adimplemento das prestações assumidas pelos Estados e Distrito Federal.

“A regularidade das prestações de contas do ente beneficiário [Distrito Federal] constitui, sim, como visto, condição legal indispensável para a prestação da garantia. E é o que bastaria, aqui, para deferimento da liminar”, afirmou o ministro.

Cezar Peluso observou ainda que o MS impetrado pelo Distrito Federal não poderia ser conhecido pelo Tribunal. “Afinal, a decisão prolatada pelo Min. Celso de Mello, na ACO nº 840, comportava impugnação por via de agravo regimental”, salientou o relator, concluindo que a jurisprudência do Tribunal é no sentido de ser inadmissível mandado de segurança contra pronunciamento de jurídico proveniente do Pleno, de uma das Turmas, ou um dos ministros do Supremo, quando tais decisões puderem ser reformadas por meio dos recursos ou de ação rescisória, no caso de mérito.

24/02/2006 - 16:18 - Investigados pela Operação Curupira responderão a processo em liberdade

Seis investigados pela Operação Curupira da Polícia Federal responderão a processo criminal em liberdade. Eles foram denunciados por formação de quadrilha e crimes ambientais no Estado de Mato Grosso. O ministro Gilmar Mendes deferiu pedido de extensão de liminar ao servidor público federal M.P.G. no Habeas Corpus (HC) 87577. Em relação aos outros cinco réus, o ministro concedeu liminar para revogar a prisão preventiva. Todos os seis investigados estavam presos há mais de oito meses por determinação do juiz da Primeira Vara Criminal Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso.

A Operação Curupira foi deflagrada para apurar a prática de extração e transporte irregular de madeira em Mato Grosso e contou com a atuação do Ministério Público Federal (MPF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O ministro Gilmar Mendes relatou que em 19 de dezembro de 2005 deferiu liminar a um dos co-réus do processo, J.V.S., servidor público federal vinculado ao Ibama. Ele foi denunciado por formação de quadrilha (artigo 288 do Código Penal, CP) e corrupção passiva (artigo 317 do CP). Na ocasião, o ministro argumentou que, sendo imputadas ao réu condutas que estariam direta e necessariamente vinculadas a sua suposta impropriedade funcional, e tendo sido afastado das atividades que até então desempenhava no Ibama/MT, não faria mais sentido a manutenção da prisão preventiva sob o argumento de que o denunciado pudesse continuar a praticar novos crimes.

Assim, deferiu também o pedido de extensão da liminar ao co-réu M.P.G.. “Tenho que o único requerente cuja situação se identifica com aquela do paciente originário é M.P.G., chefe da fiscalização do Ibama/MT à época dos fatos”, disse o ministro.

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Diante da decisão do ministro, os outros cinco denunciados pediram extensão da liminar. Um deles, W.A.R., teve o pedido indeferido pela ministra Ellen Gracie durante o recesso forense e apresentou pedido de reconsideração. Gilmar Mendes entendeu não lhes ser cabível a simples extensão da medida liminar pelo fato de os crimes serem diversos e por não serem eles servidores públicos. Por outro lado, decidiu deferir liminar para todos os réus determinando a revogação das prisões preventivas.

O ministro afirmou que a fundamentação do decreto de prisão não aponta de forma concreta e minimamente individualizada o risco que os requerentes trariam à instrução criminal, “nem tampouco se identifica, na atualidade, potencial lesivo à ordem pública que não se confunda com antecipação de julgamento meritório”, concluiu Gilmar Mendes.

23/02/2006 - 19:33 - Extinta a punibilidade de políticos mineiros por crime eleitoralO senador Eduardo Azeredo e o governador Aécio Neves, ambos de Minas Gerais, o prefeito José

Serra, de São Paulo, e mais dois acusados não responderão por crime eleitoral supostamente praticado no município de Santa Luzia (MG), em agosto de 2002. Assim entendeu o ministro Celso de Mello na Petição (PET) 3576, ao julgar extinto o inquérito contra os políticos.

Os políticos estavam sendo investigados por suposta supressão de material de propaganda eleitoral regular de candidatos de outros partidos na cidade de Santa Luzia. O inquérito foi encaminhado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas ao Supremo em razão da prerrogativa de foro do senador Eduardo Azeredo.

O ministro observou que a pena máxima prevista para o delito é de seis meses de detenção, e o Código Penal prevê o prazo de dois anos para a atuação do Estado para punir o agente criminoso nos casos em que a pena privativa de liberdade for inferior a um ano. O ministro ponderou que os fatos ocorreram em agosto de 2002 e a prescrição da pretensão punitiva do Estado ocorreu em agosto de 2004.

“É importante registrar, ainda, por necessário, que a prescrição penal ora reconhecida já se achava consumada quando os presentes autos – remetidos, em 29/09/2005, pelo E. TRE/MG - chegaram ao Supremo Tribunal Federal”, observou o ministro em sua decisão. Por fim, julgou extinto o inquérito.

23/02/2006 - 19:10 - Confirmada liminar que impede juíza de depor na CPI dos BingosO Plenário do Supremo confirmou, em julgamento de mérito, a liminar concedida à juíza da 17ª Vara

Federal do Distrito Federal,  Maisa Costa Giudice, para que ela não seja obrigada a prestar depoimento à CPI dos Bingos, no Senado, sobre processos movidos pela empresa Gtech contra a Caixa Econômica Federal. Os processos têm como objeto as licitações para as loterias da Caixa.

A CPI queria que a juíza explicasse as decisões judiciais proferidas por ela em ações ajuizadas pela empresa Gtech. A juíza recorreu ao Supremo por meio do Habeas Corpus (HC) 86581, alegando que a decisão da CPI de convocá-la seria uma ofensa ao princípio constitucional da separação dos poderes (artigo 2º da Constituição Federal).

Sustentou, ainda, que a convocação seria uma afronta ao artigo 146, inciso II do Regimento Interno do Senado, que não admite CPI para investigar matéria pertinente às atribuições do Poder Judiciário.

A relatora da matéria, ministra Ellen Gracie, concedeu liminar em setembro do ano passado para suspender a convocação da juíza. A ministra Ellen entendeu  que “a fiscalização da atuação jurisdicional é incumbência do próprio Poder Judiciário”. Em setembro último, uma liminar em Mandado de Segurança (MS) 25510 impediu a CPI de ter acesso aos dados sigilosos relativos às ligações telefônicas, movimentação financeira e declaração fiscal da juíza.

23/02/2006 - 19:05 - Supremo afasta a proibição de progressão de regime nos crimes hediondos

Por seis votos a cinco, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8.072/90 que proibia a progressão de regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos. O assunto foi analisado no Habeas Corpus (HC) 82959 impetrado por Oséas de Campos, condenado a 12 anos e três meses de reclusão por molestar três crianças entre 6 e 8 anos de idade (atentado violento ao pudor).

Na prática, a decisão do Supremo, que deferiu o HC, se resume a afastar a proibição da progressão do regime de cumprimento da pena aos réus condenados pela prática de crimes hediondos. Caberá ao juiz da execução penal, segundo o Plenário, analisar os pedidos de progressão considerando o comportamento de cada apenado – o que caracteriza a individualização da pena.

Como a decisão se deu no controle difuso de constitucionalidade (análise dos efeitos da lei no caso concreto), a decisão do Supremo terá que ser comunicada ao Senado para que o parlamento providencie a suspensão da eficácia do dispositivo declarado inconstitucional. O Plenário ressaltou,

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ainda, que a declaração de inconstitucionalidade não gerará conseqüências jurídicas com relação a penas já extintas.

Voto-vistaO julgamento do caso foi retomado hoje (23/2) com a leitura do voto-vista da ministra Ellen Gracie.

Ela decidiu acompanhar a divergência levantada pelo ministro Carlos Velloso e indeferiu o habeas. Para Ellen Gracie, ao vedar a progressão de regime nos crimes hediondos, o legislador nada mais fez do que seguir a trilha do constituinte que discriminou determinados delitos,  privando seus autores de alguns benefícios penais.

“O instituto da individualização da pena não fica comprometido apenas porque o legislador não permitiu ao juiz uma dada opção”, ressaltou a ministra, e acrescentou que a escolha do juiz em matéria de pena está submetida ao princípio da legalidade.

Ellen Gracie concluiu que a restrição não apresenta afronta à norma constitucional que preconiza o princípio da individualização da pena representando apenas opção de política criminal. “É difícil admitir desse grande complexo de normas que constitui o arcabouço do instituto da individualização da pena e da sua execução, que a restrição na aplicação de uma única dessas normas, por opção de política criminal, possa afetar todo o instituto”, declarou.

Votos favoráveisO ministro Eros Grau, que votou em seguida, acompanhou o voto do relator, ministro Marco Aurélio,

deferindo o HC. Eros Grau ressaltou que a proibição da progressão de regime afronta o princípio da individualização da pena. Sustentou que o legislador não pode impor regra fixa que impeça o julgador de individualizar caso a caso a pena do condenado. “O cumprimento da pena em regime integral, por ser cruel e desumano importa violação a esses preceitos constitucionais”, disse.

Por fim, Grau afirmou que a declaração de inconstitucionalidade da proibição da progressão de regime não configurará, de modo algum, a abertura de portas dos presídios já que a decisão final caberá ao juiz da execução penal.

O ministro Sepúlveda Pertence também votou pela inconstitucionalidade da norma. “De nada vale individualizar a pena no momento da aplicação, se a execução, em razão da natureza do crime, fará que penas idênticas, segundo os critérios da individualização, signifiquem coisas absolutamente diversas quanto a sua efetiva execução”.

De acordo com Pertence, “ninguém tem dúvidas de que a mesma pena de três anos de reclusão imposta a alguém que cometeu crime por peculato e ao “vapozeiro” (popular avião) do fornecedor de maconha na favela são coisas diferentes, se uma pode ser cumprida com os mais liberais substitutivos e a outra terá de ser cumprida pelo encarceramento em regime fechado durante toda a sua duração”.

Ainda segundo Pertence, “esse movimento de exacerbação de penas como solução ou como arma bastante ao combate à criminalidade só tem servido a finalidades retóricas e simbólicas”.

Também já haviam reconhecido a inconstitucionalidade da proibição da progressão de regime, votando com o relator, os ministros Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.

Voto do relatorO ministro Marco Aurélio entendeu que a garantia de individualização da pena inserida no rol dos

direitos assegurados pelo artigo 5º da Constituição Federal, inclui a fase de execução da pena aplicada e, por isso, não seria viável afastar a possibilidade de progressão do respectivo regime de cumprimento da pena.

Para o ministro-relator, a edição da lei de tortura (9.455/97), que permite a progressão, indica a necessidade de igual tratamento para os outros delitos rotulados hediondos e corresponde a uma derrogação implícita da norma do parágrafo 1º do artigo 2º do mencionado texto legal.

O ministro ainda sustentou, em entrevista coletiva à imprensa, que a pena deve ser fixada considerando a figura do preso em si, do seu comportamento na própria prisão e que a progressão só será dada àqueles que a merecerem. Ressalvou que as penas dos crimes hediondos continuam as mesmas e que a decisão do Supremo não incentiva a prática de novos delitos uma vez que o reincidente deve ser punido com a regressão de regime.

Contra a progressão de regimeO ministro Celso de Mello acompanhou a divergência aberta por Carlos Velloso. Disse entender que

o artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei 8072/90 não mantém qualquer relação contrária do que prescreve a Constituição Federal.

Celso de Mello sustentou que a fixação da pena e a estipulação dos limites, que oscilam entre o mínimo e o máximo, decorrem de uma opção legitimamente exercida pelo Congresso Nacional. “A norma legal em questão, no ponto em que foi impugnada, ajusta-se ao ordenamento constitucional”, afirmou.

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O ministro Nelson Jobim acompanhou a divergência, por entender que o que instruiu a elaboração da Lei 8.072/90 foi a circunstância de que todos os apenados em crimes hediondos, com longa duração de pena que não têm nenhuma perspectiva de liberação, não têm nenhum constrangimento de praticar crimes dentro do presídio.

21/02/2006 - 19:16 - União deve garantir empréstimo do Banco Mundial ao Distrito Federal

Por decisão do ministro Marco Aurélio, a União deverá retirar o Distrito Federal de seus cadastros de inadimplentes e dar a garantia necessária para viabilizar a obtenção de crédito externo. Argumenta o governo do DF que os recursos são para a realização de obras públicas de saneamento básico e urbanização. 

A decisão foi tomada em caráter liminar, no Mandado de Segurança (MS) 25846 impetrado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) contra o Ministério da Fazenda, a Secretaria do Tesouro Nacional e a Coordenação-Geral de Responsabilidades Financeiras e Haveres Mobiliários (Coref).

Na ação, o GDF informou que o governador estava com viagem agendada para a data de hoje (21/2), a fim de obter empréstimo junto ao Banco Mundial, por intermédio do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Informa, ainda, que a celebração do contrato de empréstimo junto às instituições financeiras internacionais foi autorizado pelo Senado.

Segundo o GDF alegou  no mandado de segurança, as pendências apontadas pela União e que originaram a inscrição do Distrito Federal nos cadastros de inadimplência impediram a concessão da contrapartida da União para avalizar o empréstimo. Desta forma, o GDF pediu a concessão de liminar para também obter a garantia para a efetivação do empréstimo.

O Ministério da Fazenda informou que tal garantia só poderia ser dada mediante quitação dos débitos do Distrito Federal com a União, relativos a convênios para o repasse de recursos federais.

Ao analisar o pedido, o ministro Marco Aurélio observou que a União deverá prestar garantia à unidade da Federação em operações de crédito junto a bancos internacionais, quando forem atendidas as normas previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000).

Na avaliação do ministro, o parágrafo 1º do artigo 40 da lei condiciona a garantia pretendida ao oferecimento de contragarantias. “Esse dado por si só respalda o deferimento da liminar requerida, projetando-se para o julgamento final da impetração a problemática do contraditório”, afirmou Marco Aurélio. 

Ao citar a questão do contraditório, o ministro se referiu ao pedido do GDF para que a liminar fosse deferida antes mesmo da manifestação da União sobre a matéria, por causa da proximidade da data para a assinatura do contrato com o Banco Mundial.

21/02/2006 - 17:05 - Publicada a Ata da sessão de julgamento da ADC sobre nepotismoO Diário da Justiça publicou nesta terça-feira (21/2) a Ata do julgamento da Ação Declaratória de

Constitucionalidade (ADC) nº 12. A ação proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) pedia que o Supremo ratificasse a Resolução nº 7/2005 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que proibe a prática de nepotismo no âmbito do Poder Judiciário.

O Tribunal, por maioria, concedeu liminar para suspender, com efeito vinculante e retroativo, até o exame de mérito, o julgamento de todas as ações no país que questionam a resolução do CNJ, bem como as decisões já proferidas contra a norma do Conselho.

17/02/2006 - 19:30 - Nova página de pesquisa na internet facilita acesso à informação judiciária

A criação de uma página comum para a pesquisa de decisões dos 91 Tribunais da Justiça brasileira foi debatida nesta sexta-feira durante o Encontro sobre a Padronização da Pesquisa de Jurisprudência na Internet, realizado hoje (17/2) na sala de Sessões da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal.

A abertura do encontro foi feita pelo presidente da Corte, ministro Nelson Jobim, que enfatizou a importância do encontro: “o objetivo é simples, mas grandioso em termos de socialização da informação, e dará mais simplicidade, eficiência, rapidez e transparência aos tribunais”, observou Jobim. 

Segundo o presidente do Supremo, “a reunião é exatamente para criar uma forma de pesquisa uniformizada para que o usuário do sistema de informação do Judiciário possa abrir qualquer site, de qualquer tribunal, e ter o mesmo modelo de pesquisa em vez de 91 modelos distintos que inviabilizam o acesso ”.

Durante o encontro, foi apresentada a nova página de pesquisa que a partir de segunda-feira está presente no site de sete tribunais brasileiros: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Superior Tribunal Militar

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(STM), Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Os demais tribunais do país foram convidados a adotar a nova página em seus sítios na Internet.

A vice-presidente do Supremo, ministra Ellen Gracie, também participou da abertura do encontro e afirmou que a padronização na pesquisa de Jurisprudência na Internet “é uma mudança fundamental de paradigma de acesso e compartilhamento à informação”.

O encontro lotou a sala de julgamentos da 1ª Turma do Supremo, com mais de cem inscritos. O funcionamento do novo modelo de pesquisa na Internet foi demonstrado detalhadamente durante as palestras proferidas no encontro.  A nova página de pesquisa de jurisprudência já está disponível no endereço:

http://www.stf.gov.br/jurisprudencia/pesquisa/

17/02/2006 - 19:23 - Decisão mantém CPI dos Bingos impedida de quebrar sigilos de Okamotto

O ministro Cezar Peluso manteve a suspensão da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Paulo Okamotto, presidente do Sebrae. A decisão foi proferida no Mandado de Segurança (MS) 25812, após a análise do pedido de reconsideração feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. A comissão pedia ao relator do caso nova análise da liminar concedida no caso pelo ministro Nelson Jobim, durante as férias forenses.

Após analisar as informações prestadas pela comissão, o relator, ministro Cezar Peluso, apontou que o objeto da quebra dos sigilos seria a existência de concessão de empréstimos a dirigentes do Partido dos Trabalhadores, entre eles o presidente da República. Os recursos seriam provenientes do Fundo Partidário e, como tal, ilícitos, porque se trataria de dinheiro público.

Peluso ressaltou ainda, conforme consta dos autos, que o empréstimo  feito ao presidente da República teria sido quitado por Okamotto, mas sob suspeita de ser com dinheiro alheio. “Daí se vê logo, com não menor clareza, que se cuida, em substância, de dois fatos determinados, que teriam ocorrido em épocas certas e próximas”, afirmou o relator.

De acordo com a decisão, Paulo Okamotto não teria apresentado, por vontade própria, nenhum extrato bancário capaz de confirmar a origem dos saques  que teriam viabilizado o pagamento do emprestimo. Tal fato, para o ministro Cezar Peluso, afastaria, em parte, a suspeita de que tais valores tivessem sido recolhidos para a terceiros, “quiçá ligados, em cadeia, ao crime de lavagem, para custear gastos de campanha”.

Por outro lado, Peluso ressaltou que a CPI poderia, antes de recorrer à quebra dos sigilos, ter concedido prazo ao presidente do Sebrae para que ele fizesse prova da origem lícita dos recursos financeiros. “Não consta que [a comissão] o concedeu”, afirmou o ministro.

A terceira observação feita por Peluso é de que, por se tratar de acusação de fatos determinados e com datas certas, a comissão poderia ter fixado período de tempo dos dados cujo sigilo deveria ser levantado ou transferido. “É que sem tal delimitação temporal a quebra abrangeria toda a vida bancária e fiscal – e, até, telefônica, cuja pertinência com o objeto da investigação não parece muito nítida -, transformando-se numa devassa ampla, inútil, impertinente e inconcebível!”, asseverou o ministro.

Assim, o ministro-relator entendeu que as alegações do impetrante sobre a falta de fixação do período em que se deve ocorrer as transferências de sigilo seriam suficientes para manter a liminar concedida por Nelson Jobim, presidente do Supremo.

17/02/2006 - 19:03 - Nepotismo conflita com democracia, diz ministro Marco AurélioEm entrevista coletiva a jornalistas, na tarde de hoje, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal

Federal, reafirmou que é contra o nepotismo. O ministro falou aos jornalistas sobre o voto proferido na sessão plenária de quinta-feira, quando, por questões técnico-processuais, indeferiu a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC 12) requerida pela Associação dos Magistrados Brasileiros. Na ação, a AMB pleiteava o reconhecimento da constitucionalidade da Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça, que determina a exoneração de parentes de juízes, desembargadores e ministros contratados para cargos de confiança. A liminar foi concedida por 9 votos a um.

Ao falar da posição contrária ao nepotismo, o ministro fez questão de ressaltar que esse entendimento é unânime no  STF. “O Supremo fala a uma só voz que o nepotismo é algo que conflita com ares democráticos e republicanos, considerada a Constituição Federal”, afirmou o ministro.

O ministro explicou que votou pelo indeferimento da liminar por considerar que o ato (a Resolução) do Conselho Nacional de Justiça tem caráter administrativo. “Se o ato do Conselho Nacional de Justiça é administrativo, aquele processo era inadequado, porque a Ação Declaratória de Constitucionalidade pressupõe um ato normativo ou uma lei, no sentido abstrato, autônomo”, afirmou.

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No entendimento do ministro, se a Resolução nº 7 do CNJ, abordada na ação, pudesse ser tomada como ato normativo, caberia ao Congresso Nacional legislar sobre o tema. Ele ressaltou, no entanto, que, na essência, a resolução está “em harmonia com a Constituição Federal, com os novos ares democráticos, ou seja, não ao nepotismo”.

O ministro lembrou voto que elaborou em 1997, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1521, em que manifestou seu posicionamento contrário ao nepotismo, e que será anexado ao voto de ontem, sobre a ADC.

Leia a íntegra do voto do ministro Marco Aurélio na ADI 1521, julgada pelo Supremo em 1997.

17/02/2006 - 16:58 - Decisão do Supremo sobre nepotismo foi histórica para o CNJ, afirma Jobim

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, afirmou hoje que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obteve uma vitória histórica com a declaração de constitucionalidade, em caráter liminar, da Resolução nº 7/05 que proibiu a prática de nepotismo no âmbito do Poder Judiciário.  A afirmação de Jobim foi feita à imprensa, durante o intervalo do Encontro sobre a Padronização de Pesquisa de Jurisprudência na Internet, promovido pelo STF.

Segundo o ministro Jobim, houve dentro do Conselho Nacional de Justiça a discussão sobre o problema da existência ou não do poder de regulamentar. “Eu sustentei sempre a existência de poder normativo, de regulamentar do conselho, mas havia alguns setores que não aceitavam, inclusive os tribunais de Justiça. A decisão de ontem estabeleceu definitivamente algo muito importante”, afirmou o presidente do Supremo e também do CNJ.

Nova resoluçãoO ministro Nelson Jobim anunciou para março a discussão de uma nova resolução do Conselho que

será relativa à questão do subsídio e do teto no Judiciário. “Ou seja, a aplicação do teto nacionalmente, quer para os tribunais de Justiça que já adotaram o subsídio, quer para os que não o adotaram, porque é bom ter presente que ter ou não ter subsídio é relevante com relação ao teto”, afirmou.

Disse ainda o ministro que há alguns pontos com relação ao nepotismo que ainda serão discutidos no CNJ. Segundo Jobim, são questões pontuais, casos isolados, mas que poderão servir de instrução para todos os tribunais, por meio de uma norma interpretativa do CNJ.

O presidente do Supremo também ressaltou a importância da discussão sobre o nepotismo no país. Considerou salutar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 358/05 que tramita na Câmara para impedir o nepotismo nos Poderes Executivo e Legislativo e situações cruzadas em alguns estados, como uma troca entre parlamentares e juízes. “Essas coisas todas poderiam ser tratadas amplamente numa PEC dessa natureza, porque a limitação da nossa resolução é estritamente dentro do sistema do Judiciário”, concluiu Jobim.

16/02/2006 - 21:13 - Íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto na ADC 12Por nove votos a um, o Plenário do Supremo deferiu liminar na Ação Declaratória de

Constitucionalidade (ADC) 12 confirmando a validade da Resolução nº 07/2005 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A norma proíbe a prática do nepotismo no Poder Judiciário. O ministro-relator da ação, Carlos Ayres Britto, concedeu a cautelar para suspender todas as decisões proferidas contra a Resolução e foi acompanhado pela maioria do Plenário. Veja a íntegra do voto.

Relatório e voto. (35 páginas)

16/02/2006 - 18:54 - Resolução que proíbe contratação de parentes no Judiciário é constitucional, decide Supremo

O Plenário do Supremo Tribunal Federal manteve, por maioria (9 x 1), a validade da Resolução nº 7/2005 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que vedou a contratação de parentes de magistrados, até o terceiro grau, para cargos de chefia, direção e assessoramento no Poder Judiciário.

Com a liminar, proferida com efeito retroativo, vinculante e com eficácia para todos (erga omnes), perdem a eficácia todas as decisões concedidas pela Justiça que garantiam aos parentes a permanência no cargo. A questão foi definida no julgamento da medida cautelar na Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 12, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros.

A AMB pediu ao Supremo que confirmasse a constitucionalidade da norma do CNJ, para pacificar entendimentos divergentes em tribunais de todo o país que concederam liminares favoráveis à permanência dos parentes em cargos de confiança, contrariando a determinação do Conselho. 

Voto do relatorO ministro Carlos Ayres Britto iniciou seu voto ressaltando a competência conferida ao CNJ pela

Emenda Constitucional nº45/04 para fiscalizar os atos do Poder Judiciário. Segundo o ministro, a

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emenda constitucional da Reforma do Judiciário “deixa claro extrema relevância do Conselho Nacional de Justiça como órgão central de controle administrativo e financeiro do Judiciário”.

Ayres Britto, ao iniciar seu voto, considerou importante o tema tratado na ação, devido à controvérsia judicial que tem gerado diversas liminares contra a aplicabilidade da resolução do CNJ.

Na avaliação do ministro Carlos Ayres Britto, o CNJ “não invadiu seara reservada ao Poder Legislativo, mas limitou-se a exercer as competências constitucionais que lhe foram reservadas”. O ministro fez uma comparação com as medidas provisórias, ao lembrar que elas também têm força de lei, com aplicação imediata, e destacou que, em respeito aos princípios da moralidade, da eficiência, da impessoalidade e da igualdade “deve-se tomar posse nos cargos, e não dos cargos”.

O relator considerou assim que o CNJ cumpre o papel previsto no artigo 103-b da Constituição Federal. Salientou ainda que a resolução do conselho está em conformidade com o disposto no artigo 37 Constituição Federal.

Nesse sentido, o ministro votou pela concessão da liminar na Ação Declaratória de Constitucionalidade para considerar válida a resolução do CNJ e suspender, com efeito retroativo (ex tunc), os efeitos das liminares concedidas, que permitiam aos parentes de magistrados a permanência no cargo.

Pelo voto do ministro Ayres Britto, as ações relativas ao questionamento da norma contra o nepotismo ficam suspensas e os juízes também ficam impedidos de conceder novas liminares contra a Resolução nº 7 do CNJ, até o julgamento final da Ação Declaratória de Constitucionalidade.

Acompanharam o voto do relator os ministros Eros Grau, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Celso de Mello, Sepúlveda Pertence e Nelson Jobim. Ficou vencido o ministro Marco Aurélio, que divergia do relator.

Maioria acompanha relatorO ministro Eros Grau seguiu o voto do relator. Disse que o rompimento das relações de trabalho

dos nomeados para cargos de confiança no Poder Judiciário, dentro das regras estabelecidas na resolução do CNJ, atenderá às imposições da moralidade e da impessoalidade administrativas.

Segundo o ministro, a própria Constituição Federal atribui ao CNJ o exercício da função normativa regulamentar (art. 103, 4º, I).  “Já é tempo de afastarmos as concepções que os liberais do século XIX nutriam a respeito dos regulamentos, dos quais alguns dos nossos publicistas ainda fazem praça. A classificação das funções estatais, segundo o critério material – função normativa, jurisdicional, administrativa – ainda não chegou aos ouvidos desses doutrinadores, o que nos faz crer que não há ninguém mais conservador do que um liberal”, afirmou Grau.

O ministro Joaquim Barbosa também votou a favor da constitucionalidade da Resolução do CNJ. Afirmou que cabe ao conselho a função de assegurar a observância dos princípios constitucionais regentes da ação administrativa do Judiciário. Assim, “é curial que se entenda lícita a imposição, por ato próprio, de obrigações neste específico sentido”.

De acordo com Barbosa, a legitimidade da resolução é inquestionável, pois estabelece regras que buscam dar efetividade aos princípios da moralidade e da impessoalidade administrativas.

“Não é legítimo classificar como persecutória a resolução por discriminar parentes, já que a Resolução excepciona aqueles ocupantes de cargos de provimento efetivo nas carreiras judiciárias, admitidos por concurso público”, afirmou Barbosa.

Segundo o ministro, a resolução obedece plenamente os princípios da igualdade e da moralidade. Ele salientou que vê na ADC proposta uma das funções de uma Corte constitucional, “a quem cabe o papel de estreitar, eliminar o fosso que às vezes existe entre a sociedade e o microcosmo jurídico, que todos nós sabemos forja as suas próprias realidades, suas hipocrisias, porque não sua moralidade, às vezes manca, como cotidianamente temos a oportunidade de assistir”, acentuou.

Cezar Peluso alegou, ao também votar pela constitucionalidade da resolução, que cabe ao conselho não apenas remediar os danos causados pela prática do nepotismo, “mas prevenir os riscos de que esse dano venha a se atualizar, o que pode apenas ser feito mediante a edição de um diploma de caráter normativo e de sentido geral”.

Peluso classificou o nepotismo como uma prática perniciosa ao interesse público. Ele salientou que a questão deve ser tratada sob o princípio constitucional da impessoalidade. Esse princípio, segundo o ministro “está ligado à idéia da eficiência da administração pública e atua, sobretudo, como uma limitação ao exercício do poder discricionário de nomear funcionários em cargos em confiança”.

O ministro Gilmar Mendes, que também votou favoravelmente à Resolução, disse que o CNJ não extrapolou sua competência determinada pela Constituição Federal. Ele salientou não  haver ofensa ao princípio da legalidade pois a Carta Magna confere ao Conselho poderes de fiscalização da atividade administrativa do Judiciário. “Se é da competência do Conselho zelar pelo cumprimento dos princípios da moralidade e da impessoalidade na fiscalização dos atos administrativos do Poder

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Judiciário não há dúvida, a meu ver, de que os atos que impliquem a prática do nepotismo ofendem diretamente os princípios da moralidade e da impessoalidade”, afirmou Gilmar Mendes.

Em seu voto pela concessão da liminar, a ministra Ellen Gracie afirmou que é indiscutível a força interventiva do CNJ no âmbito do Poder Judiciário, podendo o Conselho expedir atos regulamentares. “O Tribunal dá, com a decisão, mais uma importante contribuição na direção da construção de um Estado Democrático de Direito verdadeiro ao afastar uma prática de natureza aristocrática cujas origens podem ser encontradas em nossas raízes coloniais”, sustentou.

O ministro Celso de Mello, por sua vez, esclareceu que o CNJ definiu, ao editar a Resolução, normas destinadas a impedir a formação de grupos familiares visando à patrimonialização do poder governamental. Ele acrescentou que a Resolução justifica-se plenamente em função da necessidade fundamentada na essencial distribuição que se impõe entre o espaço público e o privado.  “Vale dizer, a ilegítima apropriação da res (coisa) pública por núcleos familiares, alternando-se em verdadeiras sucessões dinásticas, constitui situação de inquestionável anomalia a que esta Corte Suprema não pode permanecer indiferente”, disse Celso de Mello, que finalizou reafirmando voto proferido na ADI 1521, ao comentar que “quem tem o Poder e a força do estado em suas mãos não tem o direito de exercer, em seu próprio benefício, a autoridade que lhe é deferida”.

O ministro Sepúlveda Pertence acompanhou integralmente o voto do relator, Carlos Ayres Britto. O ministro também considerou que é da competência do Conselho Nacional de Justiça “rever ação administrativa dos órgãos judiciários a ele submetidos”.  Pertence ressaltou que não há direito fundamental em discussão quando se trata da validade da resolução, nem violação aos princípios da impessoalidade e da isonomia, previstos no artigo 37 da Constituição.

O presidente da Corte, ministro Nelson Jobim, anunciou no início da sessão que não estaria impedido de manifestar seu voto. O ministro explicou que, embora seja presidente também do Conselho Nacional de Justiça, ele não vota nas sessões do CNJ, salvo quando há necessidade de desempate. Assim, ao votar, Jobim acompanhou integralmente o voto do relator da ação e registrou que durante duas décadas (80 e 90) tentou-se implantar no país uma norma de proibição ao nepotismo.

Voto dissidenteO ministro Marco Aurélio votou pelo indeferimento da liminar na ADC 12. Segundo o ministro, o

Conselho Nacional de Justiça não tem poder normativo e não poderia substituir-se ao Congresso Nacional. “O CNJ, ao editar a Resolução, o fez totalmente à margem das atribuições previstas na Constituição Federal, e não vejo possibilidade de se deferir uma liminar que acaba potencializando a Resolução do próprio Conselho”, justificou.

16/02/2006 - 17:03 - ANPR contesta decisão que suprime auxílio-moradia em caso de promoção de membros do MPU

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) impetrou Mandado de Segurança (MS 25838) no Supremo, com pedido de liminar, contra decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que considerou ilegal a concessão de auxílio-moradia a membros do Ministério Público da União (MPU) em caso de promoção com deslocamento. O ministro Carlos Ayres Britto é o relator da ação.

Em atendimento à decisão do TCU, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, editou a Portaria nº 8/06, segundo a qual o auxílio-moradia previsto em lei complementar (LC nº 75/93) se restringe aos “membros do Ministério Público da União lotados nas localidades cujas condições de moradia são consideradas particularmente difíceis ou onerosas”. A norma anterior (Portaria nº 495/95) previa o pagamento do auxílio também em casos de promoção com mudança de cidade, durante os quatro primeiros anos. Com a nova portaria, editada em janeiro, 41 membros do MPU deixaram de receber o benefício.

Assim, a ANPR requer a concessão de medida liminar que suspenda os efeitos da decisão do TCU e da Portaria nº 8/06 da Procuradoria Geral da República. No mérito, pede a suspensão definitiva da decisão e da portaria impugnadas, bem como o restabelecimento do auxílio-moradia em caso de promoção com deslocamento.

15/02/2006 - 20:09 - Arquivada ação da Anoreg contra ato do TJ/SE sobre pagamento de taxas de cartórios

Por maioria de votos, o plenário do Supremo Tribunal Federal arquivou (não conheceu) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3132, ajuizada pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) contra ato do presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe.

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A norma questionada pela Anoreg (Portaria nº 0001 do presidente do TJ/SE) determinava que o pagamento das taxas relativas aos serviços de cartórios fosse feito por meio de boleto bancário, retirado do sistema informatizado do próprio Tribunal, para ser pago no Banco do Estado de Sergipe.

Na ação,  a Anoreg alegou ofensa ao princípio constitucional da proporcionalidade. Sustentou ainda que a matéria deveria ser fruto de lei federal (art. 236, § 2º, da CF). Ao julgar o caso, o ministro relator, Sepúlveda Pertence, entendeu que não houve conflito de constitucionalidade que justificasse o julgamento da ação pelo Supremo. Já o ministro Marco Aurélio apontou conflito entre a Portaria do TJ/SE com o artigo 236 da Constituição e, por esta razão, votou pelo conhecimento da ação, mas foi voto vencido.

15/02/2006 - 19:48 - Plenário mantém proibição da utilização de simulador de urna eletrônica em propaganda eleitoral

O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 2283, 2269 e 2278), propostas pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS), que questionavam resoluções da Justiça Eleitoral. As normas proíbem a utilização de simulador de urna eletrônica em propaganda eleitoral.

Na ADI 2283, o partido questionava a Resolução nº 518/2000, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os ministros, por maioria, declararam a procedência parcial da ação, para julgar inconstitucional a expressão “ficando o infrator sujeito ao disposto no artigo 347 do Código Eleitoral”, contida no artigo 3º da norma. O Plenário entendeu não haver razão para aplicação de penalidade prevista no Código Eleitoral.

Os ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso votaram pela procedência total da ADI por entenderem inconstitucional a resolução. O ministro Marco Aurélio explicou que não há como se convalidar uma norma que proíba instruir-se o eleitor quanto à utilização da urna eletrônica. Já o relator, ministro Eros Grau, julgou o pedido integralmente improcedente.

Na ADI 2269, ajuizada contra a Resolução nº 01/2000 do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio Grande do Norte, o Plenário julgou improcedente o pedido. Vencidos, no caso, os ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso.

No julgamento da ADI 2278, desta vez contra a Resolução nº 06/2000 do TRE de Pernambuco, o Tribunal declarou a parcial procedência da ação. Considerou inconstitucional a expressão “ficando o infrator sujeito ao disposto no artigo 347 do Código Eleitoral” prevista no artigo 2º da Resolução. Vencidos o ministro-relator, Eros Grau, que julgava totalmente improcedente o pedido e os ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso, pela procedência total da ADI.

15/02/2006 - 19:40 - Manutenção de crédito fiscal em Santa Catarina é declarada constitucional pelo Supremo

A lei catarinense nº 11.362/00, que permite a manutenção de crédito fiscal relativo à entrada de produtos vendidos com isenção ou redução de base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), foi declarada constitucional pelo plenário do Supremo durante o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2320. A decisão, unânime, acompanhou o voto do relator, ministro Eros Grau.

O julgamento da ADI foi retomado hoje com a apresentação de voto vista do ministro Cezar Peluso. O ministro entendeu que o Estado de Santa Catarina, ao autorizar a manutenção integral dos créditos relativos às operações isentas ou sujeitas à redução da base de cálculo, por meio da lei questionada - que estava apoiada no Convênio ICMS nº36/92 e no Convênio ICMS 89/92 -, abriu exceção à regra geral de estorno do crédito, de acordo com o disposto no artigo 155, parágrafo 2º da Constituição Federal.

Assim, Peluso julgou a ADI improcedente para declarar a constitucionalidade da lei catarinense nº 11.632/00. O relator do caso, ministro Eros Grau, que no julgamento anterior havia julgado a ADI parcialmente procedente, adotou hoje o entendimento do ministro Cezar Peluso, e reformulou seu voto para julgar a ação improcedente e declarar a lei constitucional.

15/02/2006 - 19:10 - Arquivada ADPF contra nomeações no TJ/TOO ministro Gilmar Mendes determinou o arquivamento da Argüição de Descumprimento de Preceito

Fundamental (ADPF) 76, ajuizada pelo Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A OAB queria que o Supremo determinasse o cumprimento do artigo 94 da Constituição Federal. Esse artigo dispõe sobre a reserva de um quinto das vagas nos tribunais estaduais para representantes dos advogados ou membros do Ministério Público.

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Segundo a OAB, o Tribunal de Justiça de Tocantins teria violado a previsão do “quinto constitucional” na nomeação de dois desembargadores. Na ação, pedia a suspensão dos atos de nomeação e que o Supremo permitisse que a instituição elaborasse uma lista sêxtupla.

Ao determinar o arquivamento, o ministro Gilmar Mendes, relator da ADPF, sustentou que, de acordo com a jurisprudência do Supremo, a OAB poderia impetrar um mandado de segurança ou outro meio judicial cabível. Segundo o ministro, a ADPF “não pode ser utilizada para suprir inércia ou omissão de eventual interessado”.

Afirma ainda Gilmar Mendes que seria possível admitir, em tese, que a ADPF fosse proposta contra ato do poder Público, “nas hipóteses em que, em razão da relevância da matéria, a adoção da via ordinária acarrete danos de difícil reparação à ordem jurídica”. No caso, diz o relator, é evidente a falta de relevância jurídica para a instauração da ADPF.

15/02/2006 - 19:06 - Lei distrital sobre edificação e comercialização de imóveis é considerada constitucional

É obrigatória a inclusão dos nomes dos responsáveis técnicos nas propagandas de edificação ou comercialização de imóveis no Distrito Federal. Este é o teor da Lei Distrital nº 3.569/05 declarada constitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). A norma prevê, ainda, que o órgão de defesa do consumidor (Procon/DF) encarregue-se de fiscalizar o cumprimento da obrigação e aplicar as sanções cabíveis.

Os ministros julgaram improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3590 proposta pelo governador do Distrito Federal contra a norma, vencidos o relator, Eros Grau, e o ministro Joaquim Barbosa, que consideravam a matéria de competência legislativa da União.

O ministro Marco Aurélio abriu a divergência e afirmou não ver inconstitucionalidade na lei atacada. Argumentou que a medida imposta pela norma visa à proteção ao consumidor.

15/02/2006 - 19:02 - Arquivado mandado de segurança impetrado pelo ex-deputado Roberto Jefferson

O ministro Cezar Peluso homologou o pedido de desistência do Mandado de Segurança (MS) 25742, impetrado pela defesa do ex-deputado Roberto Jefferson pedindo a suspensão do processo que culminou na perda do mandato parlamentar e o imediato retorno dele ao cargo. Segundo o ministro, o ex-parlamentar, por três vezes, declarou expressamente que desistia do processo, caso não fosse desde logo deferida a liminar.

O relator afirmou que a jurisprudência do Supremo confirma a possibilidade de desistência, a qualquer tempo, de mandado de segurança, independentemente da aquiescência da parte contrária, e determinou o arquivamento dos autos.

15/02/2006 - 18:58 - Mantida lei de Santa Catarina sobre registro eletrônico de reclamações

O plenário do Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2638, ajuizada pelo governador do Estado de Santa Catarina contra a Lei Estadual 12.137/02, promulgada pela Assembléia Legislativa estadual.

A lei cria novos procedimentos administrativos ao obrigar o Estado a registrar em documento eletrônico quaisquer pedidos de providências ou de informações solicitados à Administração Pública. O governo do Estado alegou que houve invasão da competência privativa do chefe do Poder Executivo na criação da lei. Alegou ainda prejuízos para o Estado para a protocolização digital de informações.

Ao julgar a ação, o ministro relator, Eros Grau, entendeu não haver violação à Constituição Federal. Segundo o ministro, a lei estadual não versa sobre organização administrativa do Estado e também não usurpa competência do chefe do Poder Executivo.

Quanto à alegação de criação de gastos aos cofres públicos, o ministro entendeu que a lei não cria despesas imediatas e que em seu artigo 4º, a própria lei condiciona a implantação do sistema à autorização do governador do Estado. Nesse sentido, o ministro Eros Grau votou pela improcedência da ação e foi acompanhado pelos demais ministros da Corte, mantendo assim a constitucionalidade da lei estadual atacada.

15/02/2006 - 18:22 - Lei catarinense sobre ecossistemas é declarada inconstitucional pelo Supremo

O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dos artigos 3º, 4º, 5º e 6º da Lei Estadual nº 11.222/99 que regula a política de preservação, recuperação e utilização sustentável dos ecossistemas do Complexo Lagunar Sul em Santa Catarina. A votação unânime, acompanhando o

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voto do ministro-relator, Joaquim Barbosa, ocorreu hoje (15/2) no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2707.

O governador de Santa Catarina questionou a constitucionalidade dos artigos 3º, 4º, 5º e 6º da  norma, que criaram, estruturaram e atribuíram a criação de uma comissão ao Poder Executivo. O procurador do Estado alegou que esses dispositivos ofenderiam os artigos 2º, 61 e 169 da Constituição Federal, pois somente projeto de lei de iniciativa do governador poderia versar sobre a matéria.

O ministro Joaquim Barbosa, ao votar, entendeu que os dispositivos constitucionais questionados estabelecem deveres ou interferem na estrutura do Executivo estadual. Para o relator, a Assembléia Legislativa de Santa Catarina legislou de maneira a interferir de maneira significativa na estrutura do Poder Executivo, violando o princípio constitucional dos poderes. Por fim, Barbosa declarou a inconstitucionalidade dos artigos contestados.

15/02/2006 - 17:55 - Lei que confere meia entrada para doadores de sangue é constitucional

Os doadores regulares de sangue no Estado do Espírito Santo têm direito a meia entrada em todos os locais públicos de cultura, esporte e lazer mantidos pelas entidades e órgãos da administração direta e indireta. A Lei estadual nº 7.735/04, que institui o benefício, foi julgada constitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por maioria, os ministros concluíram pela improcedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3512 proposta pelo governador do Estado contra a norma editada pela Assembléia Legislativa. No julgamento ficou vencido o ministro Marco Aurélio.

Em seu voto, o ministro-relator, Eros Grau, disse que a lei atacada é apenas uma tentativa de incentivar as pessoas a doar sangue e considerou constitucionais todos os seus dispositivos. Ele afastou o argumento apresentado pelo governador de que a concessão de meia entrada seria uma remuneração ao doador de sangue, o que é proibido pela Constituição Federal.

ADI 2302O Tribunal também julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2302 proposta pelo

governador do Estado do Rio Grande do Sul contra a Lei Estadual nº 11.456/00 que cria o Museu do Gaúcho. Por unanimidade, foi considerada procedente a ação já que a lei trata de matéria de iniciativa privativa do Poder Executivo.

15/02/2006 - 17:49 - Supremo mantém quebra de sigilo de corretora investigada pela CPMI dos Correios

O ministro Celso de Mello indeferiu o pedido de reconsideração feito pela empresa São Paulo Corretora de Valores Ltda. no Mandado de Segurança (MS) 25832. O ministro entendeu que a interdição de uso, pelos integrantes da CPMI dos Correios, dos dados sigilosos pertinentes à corretora, tornaria inócua a quebra de sigilo, legitimamente determinada pela comissão, além de configurar em indevida restrição ao poder investigatório desse órgão parlamentar.

A corretora pediu liminar, com o objetivo de ser determinado aos membros da CPMI dos Correios, quando da inquirição de Jorge Ribeiro dos Santos, que não revelem os dados sigilosos a que tiveram acesso.

Em pedido alternativo, a empresa requereu a emissão de ordem para que a CPMI realize sessão reservada durante o depoimento de Jorge Santos, com acesso vedado à imprensa, limitando-se o fluxo de pessoas na sessão à presença dos integrantes da CPMI, do depoente e de seu defensor, de forma a assegurar o sigilo dos dados e informações da empresa.

Sobre esse pedido, o relator, ministro Celso de Mello entendeu que não competiria ao Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da separação de poderes, substituir a CPMI dos Correios para restringir a publicidade da sessão.

“Na realidade, a postulação em causa, se admitida, representaria claro (e inaceitável) ato de censura judicial à publicidade e divulgação das sessões dos órgãos legislativos em geral, inclusive das Comissões Parlamentares de Inquérito”, afirmou Celso de Mello.

O ministro ressalvou em sua decisão que o direito de acesso às informações de interesse coletivo ou geral, a que fazem jus os cidadãos e, também, os meios de comunicação social, qualifica-se como instrumento viabilizador do exercício da fiscalização social a que estão sujeitos os atos do poder público.

15/02/2006 - 17:34 - Reajuste salarial de servidores gaúchos é declarado inconstitucional

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Dispositivos da Lei nº 11.678/01, do Rio Grande do Sul, que dispõem sobre o realinhamento dos vencimentos básicos dos cargos de provimento efetivo, classificados nos níveis elementar e médio da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações de Direito Público estadual, foram declarados inconstitucionais pelo plenário do Supremo.

A decisão unânime, acompanhando o voto do ministro-relator, Eros Grau, foi tomada hoje (15/2) no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 2619)  proposta pelo governador do Estado do Rio Grande do Sul.

O ministro Eros Grau entendeu, ao votar, que os dispositivos questionados na ADI disciplinaram a possibilidade de realinhamento dos vencimentos básicos de cargos de provimento efetivo. Tal matéria, observou o relator, tem iniciativa de lei reservada ao chefe do Poder Executivo, de acordo com o artigo 61, parágrafo 1º, inciso II, alínea  “a”, da Constituição Federal.

Para o ministro, a flagrante violação ao artigo 61 da Constituição Federal seria suficiente para declarar a inconstitucionalidade formal da norma questionada. Por fim, Eros Grau julgou procedente o pedido da ADI, e declarou a inconstitucionalidade  dos artigos 3º, 4º, 5º, 6º e o parágrafo único do artigo 2º  da lei estadual.

15/02/2006 - 16:57 - Supremo autoriza exame de sanidade mental em extraditandoO Plenário decidiu hoje (15/2), por maioria, que o extraditando Corso Domenico Pantaleo  será

submetido a exames de sanidade mental. Os ministros deram provimento a um agravo regimental na Extradição (EXT) 932 solicitada pelo governo da Itália. Pantaleo foi condenado naquele país pelos crimes de tráfico de drogas, extorsão e porte ilegal de armas.

No Brasil, o italiano está preso no presídio Ary Franco, no Rio de Janeiro, condenado por tráfico de drogas. A defesa alegou incidente de insanidade mental no pedido de extradição, negado pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, o que ocasionou o agravo regimental.

No voto, Barbosa afirmou que o pedido de apreciação de eventual insanidade mental de Pantaleo deveria ser apreciado pelo governo italiano. Disse ainda que a imputabilidade do condenado, no caso de insanidade, “não retira do fato o caráter de crime e a nossa lei só impede que haja extradição quando o fato não for tido como crime no Brasil ou no Estado requerente”.

O ministro Marco Aurélio divergiu e foi seguido pelos demais ministros. Segundo ele, pelo Código de Processo Penal brasileiro, quando a doença mental for constatada e verificado que a doença ocorreu após a prática delituosa o processo penal é suspenso.

Marco Aurélio disse que em caso de extradição as normas processuais devem ser observadas. De acordo com o ministro Marco Aurélio, levando-se em conta que no Brasil o extraditando fica sujeito à prisão em regime fechado, “deve-se verificar se realmente ele está acometido da doença mental para ter-se a internação”.

15/02/2006 - 15:12 - Segunda Turma determina novo julgamento no TJ/GOA Segunda Turma decidiu, por unanimidade, que o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ/GO) realize novo

julgamento de uma Ação Cautelar em que Homero Sabino de Freitas atuou como advogado de uma das partes. Ao mesmo tempo, ele encontrava-se no desempenho do cargo de diretor-geral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Estado.

A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 464963 nesta terça-feira. A defesa alegou ofensa ao artigo 28 da Lei 8.906/94, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia. Esse dispositivo proíbe o exercício da advocacia, ainda que em causa própria, dos membros do poder Judiciário.

Sustentou também violação ao artigo 37 da Constituição Federal, que dispõe sobre a violação ao princípio da moralidade, e também ao devido processo legal, além de afronta ao artigo 93, inciso IX da CF, no que diz respeito à litigância de má fé.

Segundo o relator, ministro Gilmar Mendes, não há dúvida quanto ao impedimento do diretor-geral. Disse que a Segunda Turma do Supremo já entendeu ser suficiente a alegação de violação ao artigo 37 da CF em casos semelhantes, pois a incompatibilidade assenta-se na ética, na moralidade administrativa.

De acordo com o ministro, o caso não se trata apenas da aplicação do artigo 37 da CF, mas de sua conjugação com a cláusula do devido processo legal, “o que leva a produzir um julgamento contaminado por um quadro de forte irregularidade”.

15/02/2006 - 15:07 - Mantido acórdão do TCU que reconhece aos servidores federais o direito à incorporação de quintos

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O ministro Eros Grau do Supremo Tribunal Federal (STF) negou seguimento (arquivou) ao Mandado de Segurança (MS) 25763 impetrado pela União contra acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU). O TCU havia reconhecido a legalidade da incorporação aos vencimentos dos servidores federais de quintos e décimos no período entre abril de 1998 e setembro de 2001 o que foi questionado pelo governo federal.

Na ação, a Advocacia Geral da União pedia, liminarmente, a suspensão dos efeitos do acórdão TCU nº 2.248/2005 a fim de que não fosse concedido o benefício.

Em sua decisão, o ministro Eros Grau sustentou que a incorporação de qualquer parcela aos vencimentos dos servidores federais só poderia ser procedida pela Administração, a quem é facultado acolher ou não o entendimento firmado pela Corte de Contas.” Vê-se para logo que o ato impugnado carece de efeitos concretos que permitam a apreciação pelo Supremo na via do mandado de segurança”, disse. O ministro acrescentou que a eventual concessão do ms não teria o efeito de anular ou inibir as incorporações determinadas pela Administração e que há falta de interesse de agir da União.

Eros Grau disse, ainda, que o TCU proferiu o acórdão impugnado no quadro da competência a ele constitucionalmente estabelecida. Segundo o ministro, a via mandamental “não consubstancia nova oportunidade de recurso, com o fito de substituir decisões administrativas definitivas, porém instrumento de controle da legalidade dos atos administrativos”.

14/02/2006 - 19:24 - Ex-diretor de Furnas obtém salvo-conduto para depor na CPMI dos Correios

O ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas,   Dimas Toledo,  obteve salvo-conduto no Supremo Tribunal Federal que lhe garante o direito de se manter em silêncio em depoimento marcado para amanhã (15/2) na CPMI dos Correios. A liminar foi concedida pelo ministro Joaquim Barbosa no Habeas Corpus (HC) 88020, impetrado preventivamente pela defesa do ex-diretor de Furnas.

Dimas Toledo é investigado em inquérito policial que tramita na Superintendência Regional de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro e deverá comparecer à comissão para prestar esclarecimentos sobre a existência ou não da ‘Lista de Furnas’, que traria nomes de políticos que supostamente teriam recebido da empresa recursos para campanhas eleitorais.

Em seu despacho, o ministro Joaquim Barbosa verificou que o pedido de liminar está acompanhado de toda a documentação relativa ao inquérito criminal na PF do Rio de Janeiro, pelo qual se apura suposto esquema de arrecadação ilícita de recursos em Furnas.

Como Dimas Toledo comparecerá à CPMI na condição de pessoa investigada pela Polícia Federal, o ministro determinou que lhe seja assegurado o direito constitucional  de  ficar calado para não produzir provas contra si próprio. “Nessa medida, entendo que o paciente poderá invocar a garantia contra a auto-incriminação para não prejudicar sua defesa em eventual ação penal resultante do inquérito mencionado”, afirmou o ministro Barbosa.

O ministro ressaltou que o entendimento do Tribunal é tomado “na exata medida para não permitir que, sob a proteção de ordem concedida preventivamente, testemunhas convocadas para prestar depoimentos em CPI se eximam de seu dever legal”.  Desta forma o ministro concedeu a liminar, com a ressalva de que a decisão não isenta o ex-diretor de Furnas de comparecer à comissão para prestar depoimento.

Leia a íntegra da decisão do ministro Joaquim Barbosa no HC 88020.

14/02/2006 - 17:44 - Liminar garante direito a não auto-incriminação em depoimento de corretor na CPMI dos Correios

O representante da Corretora São Paulo, Jorge Ribeiro dos Santos, deverá comparecer ao Congresso Nacional nesta quarta-feira para prestar depoimento à CPI Mista dos Correios. Amparado por uma liminar do Supremo Tribunal Federal, ele está desobrigado de assinar o termo de compromisso com a verdade e poderá ter a assistência de seu advogado durante todo o depoimento.

O pedido de liminar feito pela defesa de Jorge Ribeiro dos Santos foi deferido pelo ministro Celso de Mello no Habeas Corpus (HC) 88015. A liminar assegura ao depoente “o direito de permanecer em silêncio e de não produzir provas contra si próprio, se e quando inquirido sobre fatos cujo esclarecimento possa importar em sua auto-incriminação”, afirmou o ministro Celso de Mello em seu despacho.

Relator da ação, Celso de Mello destacou a jurisprudência do Supremo em reconhecer o direito ao silêncio como uma prerrogativa individual que não pode ser desconsiderada por qualquer dos Poderes da República. O ministro enfatizou ainda que as comissões parlamentares de inquérito possuem os mesmos poderes de investigação que as autoridades judiciais e que, por esta razão, estão igualmente

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sujeitas “tanto quanto os juízes [observou] às mesmas restrições e limitações impostas pelas normas legais e constitucionais”.

Celso de Mello salientou também que a atuação do Poder Judiciário não se configura como intervenção ilegítima dos juízes e tribunais na esfera de atuação do Poder Legislativo. Segundo o ministro, “eventuais divergências na interpretação do ordenamento positivo não traduzem nem configuram situação de conflito institucional, especialmente porque, acima de qualquer dissídio, situa-se a autoridade da Constituição e das leis da República”.

Veja a íntegra da decisão do ministro Celso de Mello no HC 88015.

14/02/2006 - 17:25 - Arquivado mandado de segurança em decisão contra nepotismo no Judiciário

O ministro Gilmar Mendes arquivou Mandado de Segurança (MS 25683) impetrado por Clésio Monteiro Alves contra a Resolução nº 7/05 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tomou medidas contra o nepotismo no Judiciário.

Técnico judiciário, o servidor exerce cargo em comissão de assessor jurídico do pai, o desembargador José Alves Neto, membro do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Ele sustenta que a Resolução do CNJ violou princípios constitucionais ao disciplinar sobre as práticas que caracterizam “nepotismo” e determinar que os presidentes dos Tribunais promovam a exoneração dos atuais ocupantes de cargos em comissão e de funções gratificadas, aparentados com seus superiores imediatos.

A defesa do servidor sustenta afronta aos princípios da legalidade (art. 5º, II, da CF), da separação de poderes (art. 2º da CF), do concurso público (art. 37, II da CF), do devido processo legal e da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV da CF).

Ao decidir, o ministro Gilmar afirmou que em relação à resolução do CNJ incide a vedação prevista na Súmula nº 226 do STF, no sentido de que não cabe mandado de segurança contra lei em tese. O ministro sustenta que, apesar de a questão ainda não ter sido apreciada pelo Supremo, na Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 12, de relatoria do ministro Carlos Ayres Britto, a resolução tem caráter normativo autônomo, defendido pelo próprio autor do Mandado de Segurança ao afirmar que o Conselho “usurpou a função de legislador ordinário, inovando no mundo jurídico através de resolução travestida de lei ordinária”.

14/02/2006 - 16:26 - Afastada proibição da progressão de regime a condenados por crime hediondo e tráfico de drogas

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, afastar a proibição da progressão de regime ao julgar questão de ordem em dois habeas corpus (HCs 87623 e 87452). Os ministros reconsideraram decisões liminares anteriores que indeferiam o pedido,  e concederam o benefício a um condenado pelo crime de extorsão mediante seqüestro (artigo 159, parágrafo 1º, do Código Penal), e a um réu que praticou tráfico ilícito de entorpecentes (artigo 12 c/c art. 18, III da Lei 6368/76).   A defesa dos réus alegava que a proibição de progressão de regime prevista na Lei dos Crimes Hediondos (artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei 8.072/90) e equiparados contraria o direito à individualização da pena.O relator dos processos, ministro Marco Aurélio, ressaltou que a constitucionalidade do dispositivo da norma que proíbe a progressão encontra-se em discussão no Plenário do Supremo no HC 82959. Na avaliação dos ministros da Primeira Turma, enquanto o Supremo não discute a matéria em definitivo deve ser afastada a proibição da progressão de regime.

A questão está em saber se é inconstitucional o parágrafo 1º do artigo 2º da Lei nº 8.072/90 – que prevê regime integralmente fechado de cumprimento da pena para condenados pela prática de crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo – em confronto com a Lei n  9.455/97 (Lei dos Crimes de Tortura). O parágrafo 7º, do artigo 1º dessa lei menciona que o réu iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

10/02/2006 - 20:01 - Mantida quebra de sigilo de investigado pela CPMI dos CorreiosDecisão do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo, manteve a quebra de sigilo bancário, fiscal e

telefônico do empresário Lúcio Bolonha Funaro, investigado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios por suposto envolvimento nos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, em operações ligadas ao repasse de recursos públicos a partidos políticos e parlamentares. A decisão refere-se ao Mandado de Segurança (MS) 25718, que teve pedido de liminar negado pelo ministro.

No MS, a defesa de Lúcio Funaro pedia a suspensão da quebra de sigilos requerida pela CPMI, alegando desvio de finalidade por parte da comissão. De acordo com o ministro, as informações

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prestadas pela comissão no curso do MS reforçam a tese de que “os episódios supostamente protagonizados pelo autor guardam estreito vínculo com os fatos principais que servem de objeto à investigação da CPMI/Correios”.

Ao negar a liminar, o relator entendeu não haver no caso, em juízo sumário, “nem a ilegalidade nem a abusividade do ato adversado” (requerimento 1477/05 da CPMI). Carlos Ayres Britto afirmou que o requerimento contém suficiente fundamentação e está vinculado aos fatos investigados. “O histórico dos precedentes apontam para uma ambiência negocial envolta em suspeições de dissimulação de origens de capitais e da prática dos crimes de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas, de permeio com suspeita de participação no usufruto de recursos oriundos do esquema de financiamento irregular de partidos políticos operado pelo Sr. Marcos Valério Fernandes de Souza”, concluiu o ministro.

10/02/2006 - 19:13 - Sombra tem HC negado no SupremoO ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal,  negou o pedido de liminar feito pela defesa

do empresário Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra". Os advogados impetraram Habeas Corpus (HC 87909) em que pediam ao Supremo a concessão de liminar para afastar os promotores que atuaram na fase de investigação do assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel.

Alegou a defesa que os promotores atuaram na investigação e na peça de acusação, o que tornaria nula a ação na qual Sombra foi denunciado pelo Ministério Público, sob a acusação de ter encomendado a morte do prefeito de Santo André.

Ao rejeitar o pedido da defesa, o ministro Marco Aurélio observou que está pendente de decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal uma ação que discute o poder de investigação do Ministério Público (Inquérito 1968). A segunda razão pela qual o ministro negou a liminar no habeas corpus é “a ausência de risco imediato em se manter tramitando o processo envolvido neste habeas – de nº 101/02, da Primeira Vara Judicial de Itapecerica da Serra”, afirmou Marco Aurélio em seu despacho. Desta forma, o ministro não acolheu o pedido da defesa de suspender também as audiências para oitiva de testemunhas marcadas para o próximo mês.

10/02/2006 - 15:27 - Delegado condenado por prática de tortura questiona poder de investigação do MP

O delegado de polícia Juarez Francisco Mendonça, condenado a 5 anos e sete meses pelo crime de tortura, em Iraí (RS), impetrou Habeas Corpus (HC 87979) no Supremo. Ele pede a nulidade do processo, a partir do recebimento da denúncia, ou a suspensão da ação penal até que o Supremo decida se o Ministério Público (MP) tem ou não poder de investigação. O réu também requer liminar para que possa responder ao processo em liberdade. O mesmo pedido foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Consta da denúncia que o delegado e mais dois agentes da Polícia Civil  submeteram a tortura três presos suspeitos de roubo e receptação de veículos. O crime ocorreu na madrugada de 4 de junho de 1998, na delegacia de Iraí (RS). No habeas corpus, o delegado, que atua em causa própria, questiona a legalidade da investigação feita pelo Ministério Público. “A produção de qualquer prova fora da instrução processual criminal regular importa na inobservância do devido processo legal, da garantia ao exercício da ampla defesa e do contraditório”, ressalta. O ministro Celso de Mello é o relator do habeas.

DebateO poder de investigação do Ministério Público está em discussão no Supremo no Inquérito (INQ)

1968, contra o deputado federal Remi Trinta (PL/MA). O julgamento do processo foi suspenso com o pedido de vista do ministro Cezar Peluso. O relator, ministro Marco Aurélio, votou pela rejeição da denúncia. Disse que o inquérito foi formalizado no âmbito do MP, que chegou a realizar diligências investigatórias no caso. Já os ministros Joaquim Barbosa, Eros Grau e Carlos Ayres Britto entenderam que o Ministério Público não pode presidir inquéritos policiais mas tem poder constitucional de realizar investigações criminais.

09/02/2006 - 19:42 - Íntegra do voto ministro Carlos Ayres Britto no MS 25116Veja a íntegra do voto do ministro Carlos Ayres Britto no Mandado de Segurança (MS) 25116

impetrado contra acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que julgou ilegal aposentadoria de funcionário temporário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em seu voto, o ministro afirmou que a revogação da aposentadoria se deu somente após cinco anos e oito meses do gozo do benefício, o que fere o princípio da segurança jurídica. Segundo o ministro, a manifestação do TCU há de se formalizar em tempo razoável, sob risco de séria instabilidade das relações interpessoais ou coletivas. Ayres Britto sustentou ser direito líquido e certo do servidor de

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integrar a relação jurídica para garantia do contraditório e da ampla defesa, sempre que a administração pública deixar de apreciar a legalidade dentro do prazo de cinco anos.

O julgamento do MS foi suspenso com pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.Íntegra do voto - revisado (24 páginas)

09/02/2006 - 19:09 - Plenário mantém decisão do TCU que julgou ilegal aposentadoria de juiz classista

Por unanimidade, o plenário do Supremo negou Mandado de Segurança (MS 25064) a juiz classista do TRT da 2ª Região que pedia o restabelecimento dos proventos de sua aposentadoria. O magistrado temporário impetrou o MS contra acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que julgou ilegal e negou registro ao ato concessivo de sua aposentadoria.

O relator da ação, ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que o TCU não admitiu a contagem de tempo fictício para a concessão da aposentadoria ao juiz classista em relação a período trabalhado em atividade insalubre. Sem essa contagem, o juiz contaria apenas com 25 anos e oito dias de serviços prestados o que impediria a aposentadoria voluntária com proventos proporcionais.

No relatório, Ayres Britto afirmou que a aposentadoria do juiz classista se deu em 1995 e, sendo assim, a Lei 6.903/81 se aplicaria integralmente ao caso. Essa norma, segundo o relator, proíbe a contagem de tempo de serviço em dobro ou em outras condições especiais. Assim, nesse sistema legal (modificado posteriormente pela Lei 9.528/97 – que determinou a filiação obrigatória dos juízes classistas ao Regime Geral de Previdência Social) os juízes temporários tinham direito à aposentadoria estatutária somente com o preenchimento dos requisitos para tanto.

Ayres Britto negou o MS e foi acompanhado pelos ministros Eros Grau, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence.

09/02/2006 - 19:05 - Mantida condenação de réu por estupro de menor de 14 anosO Supremo Tribunal Federal negou, por maioria, a extinção da punibilidade a J.A.F.M., condenado a

sete anos de reclusão pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ/MT), sob a acusação de estupro contra menor.

Na sessão de hoje, o ministro Gilmar Mendes apresentou seu voto-vista, acompanhando a divergência aberta pelo ministro Joaquim Barbosa. Anteriormente, o ministro Marco Aurélio, relator da matéria, havia votado pelo provimento do Recurso Extraordinário (RE 418376), declarando a extinção da punibilidade do réu.

De acordo com os autos, o réu estuprou uma sobrinha aos nove anos de idade e com ela manteve relações sexuais até os doze anos, quando a engravidou. A partir daí, os dois passaram a viver maritalmente e a defesa de J.A.F.M. alega que ficou configurada a chamada união estável.

A defesa argumentou que o TJ/MT contrariou o parágrafo 3º do artigo 226 da Constituição Federal, uma vez que a decisão recorrida deixou de reconhecer a união estável entre homem e mulher, como entidade familiar para os efeitos da aplicação da cláusula de extinção de punibilidade prevista no artigo 107, VII, do Código Penal.

Ao votar, o ministro Gilmar Mendes disse não haver razão para se extinguir a punibilidade do condenado, tendo em vista a gravidade da conduta de prática de estupro, com violência presumida contra sua sobrinha, menor de 14 anos, inclusive engravidando-a, bem como ausência de amparo legal.

Gilmar Mendes colocou como questão jurídica central a equiparação do instituto da união estável ao casamento para os efeitos da extinção da punibilidade. Questionou se a união estável pode ser considerada para os fins do artigo 3º do artigo 226 da Constituição Federal: “Qual o bem da vida que juridicamente é protegido pela norma constitucional?”.

O artigo 226 ressalta que a família é a base da sociedade e tem a especial proteção do Estado. O parágrafo 3º destaca que, para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

Gilmar Mendes salientou que a própria Constituição enfatiza no parágrafo 8º do artigo 226 que o Estado assegura assistência à família, criando mecanismo para coibir a violência no âmbito de suas relações.

Segundo Mendes, se é dever do Estado proteger a família, também é dever do Estado, conforme o artigo 227 da CF, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação, à dignidade e à convivência familiar, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência e violência.

Ainda de acordo com o ministro, a união estável, que se equipara ao casamento, é uma relação de convivência e afetividade que homem e mulher de forma adulta e consciente mantêm com o intuito

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de constituir família. “Não se pode comparar a situação dos autos a uma união estável, nem muito menos se reconhecer um casamento para os fins da incidência do Código Penal”, afirmou.

De outro modo, salientou, haveria a blindagem de uma situação por meio de uma norma penal benéfica, caracterizando hipótese de proteção deficiente por parte do Estado, em plano mais geral, e do Judiciário, em plano mais específico.

O ministro Marco Aurélio reafirmou seu voto, apesar de salientar que “ninguém encampa a idéia de que se possa abusar de uma criança de oito a nove anos”. Explicou que seu voto não leva o fato em consideração. Considera a circunstância de o condenado manter uma união estável com a menor, após tê-la engravidado. “Temos uma realidade. A vítima, hoje, compõe o que se pode denominar como uma família. Ou seja, o agente provê a subsistência não só da vítima como também do filho nascido, como mantém a união estável”.

Votaram com Marco Aurélio os ministros Celso de Mello e Sepúlveda Pertence. Acompanharam a dissidência aberta por Joaquim Barbosa os ministros Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Eros Grau, Gilmar Mendes e Ellen Gracie.

08/02/2006 - 20:05 - Ex-diretor da Prece obtém habeas corpus para depor na CPMI dos Correios

O engenheiro Renato Guerra Marques, ex-diretor da Prece Previdência Complementar, obteve Habeas Corpus preventivo (HC 87975) no Supremo que lhe garante o direito à não auto-incriminação em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Ele foi convocado para depor nesta quinta-feira, às 10 horas, na Câmara dos Deputados. A CPMI investiga supostas irregularidades em transações financeiras realizadas pelo fundo de pensão dos funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro.

Ao deferir a liminar, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a orientação do Supremo é no sentido de assegurar o direito de o investigado não se incriminar perante as CPIs, o que tem sido, segundo o ministro, objeto de críticas da sociedade e dos meios de comunicação pois se confere ao depoente o direito de não fornecer informações imprescindíveis às investigações.

No entanto, Gilmar Mendes, ressalta a importância dada pela Constituição Federal aos direitos fundamentais. “A idéia de que os direitos individuais devem ter eficácia imediata ressalta, portanto, a vinculação direta dos órgãos estatais a esses direitos e o seu dever de guardar-lhes estrita observância”, comenta o ministro.

Mendes acrescenta que o direito ao silêncio, que assegura a não produção de prova contra si mesmo, constitui pedra angular do sistema de proteção dos direitos individuais e materializa uma das expressões do princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, afirma que esse princípio proíbe a utilização ou transformação do homem em objeto dos processos e ações estatais. “O Estado está vinculado ao dever de respeito e proteção do indivíduo contra exposição a ofensas ou humilhações”, assinala o ministro.

Por fim, o ministro assegura o direito ao silêncio ao ex-diretor da Prece mas ressalva que ele terá a obrigação de prestar informações com relação aos fatos que não impliquem auto-incriminação.

08/02/2006 - 19:10 - Bem de família de fiador pode ser penhorado, entende o plenárioO único imóvel (bem de família) de uma pessoa que assume a condição de fiador em contrato de

aluguel pode ser penhorado, em caso de inadimplência do locatário. A decisão foi tomada por maioria pelo plenário do Supremo Tribunal Federal que rejeitou um Recurso Extraordinário (RE 407688), no qual a questão era discutida.

No recurso, o fiador M.J.P. contestou decisão do Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, que havia determinado a penhora de seu único imóvel para o pagamento de dívidas decorrentes de contrato de locação. O tribunal paulista entendeu que a Lei 8.009/90 protege o bem de família, mas faz uma ressalva, no entanto, para os casos em que o imóvel é dado como garantia pelo fiador, em contrato de aluguel (artigo 3º, inciso VII). 

A questão chegou ao Supremo porque o fiador, inconformado com a decisão do tribunal paulista, recorreu alegando que o dispositivo da Lei 8.009/90 ofende o artigo 6º da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional 26/2000, que incluiu a moradia no rol dos direitos sociais amparados pelo texto constitucional.

O julgamentoDurante o julgamento pelo plenário do STF, os ministros debateram  duas questões: se deve

prevalecer a liberdade individual e constitucional de alguém ser ou não fiador, e arcar com essa respectiva responsabilidade, ou se o direito social à moradia, previsto na Constituição, deve ter prevalência.

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Isso implicaria dizer se o artigo 3º, inciso VII da Lei 8.009/90 estaria ou não em confronto com o texto constitucional, ao permitir a penhora do bem de família do fiador, para o pagamento de dívidas decorrentes de aluguel.

O relator da matéria, ministro Cezar Peluso, entendeu que a Lei 8.009/90 é clara ao tratar como exceção à impenhorabilidade o bem de família de fiador. Segundo o ministro Peluso, o cidadão tem a liberdade de escolher se deve ou não avalizar um contrato de aluguel e, nessa situação, o de arcar com os riscos que a condição de fiador implica.

O  ministro Peluso não vê incompatibilidade entre o dispositivo da lei e a Emenda Constitucional 26/2000 que trata do direito social à moradia, ao alterar o artigo 6º da Constituição Federal. O voto do ministro Peluso foi acompanhado pelos ministros Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Marco Aurélio, Sepúlveda Pertence e Nelson Jobim.

A divergênciaO ministro Eros Grau divergiu do relator, no sentido de afastar a possibilidade de penhora do bem de

família do fiador. O ministro citou como precedentes dois Recursos Extraordinários (RE 352940 e 449657) relatados pelo ministro Carlos Velloso (aposentado) e decididos no sentido de impedir a penhora do único imóvel do fiador. Nesses dois recursos entendeu que o dispositivo da lei ao excluir o fiador da proteção contra a penhora de seu imóvel feriu o princípio constitucional da isonomia.

Esse entendimento também foi citado pelos ministros Carlos Ayres Britto e Celso de Mello, que acompanharam a divergência aberta pelo ministro Eros Grau. Os três votos divergentes no julgamento foram no sentido de que a Constituição ampara a família e a sua moradia e que essa proteção consta do artigo 6º da Carta Magna, de forma que o direito à moradia seria um direito fundamental de 2ª geração, que tornaria indisponível o bem de família para a penhora.

Mas prevaleceu o entendimento do relator. Por 7 votos a 3, o plenário acompanhou o voto do ministro Cezar Peluso e negou provimento ao Recurso Extraordinário, mantendo, desta forma, a decisão proferida pelo Tribunal de Alçada de São Paulo, que determinou a penhora do bem de família do fiador.

08/02/2006 - 18:57 - Supremo suspende emenda estadual (PR) sobre indenização por ato de exceção

O plenário do Supremo Tribunal Federal declarou hoje (8/2) a inconstitucionalidade da Emenda 14/01 da Constituição do Paraná, que prevê indenização por prejuízos decorrentes de ato de exceção ocorrido no período revolucionário. A decisão foi tomada por unanimidade no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2639, de relatoria do ministro Nelson Jobim.

A emenda, promulgada pela Assembléia Legislativa do Paraná, e questionada pelo então governador Jaime Lerner, determinava o pagamento administrativo da indenização aos atingidos por atos de exceção durante o período da ditadura militar. O pagamento poderia ser feito, também, mediante compensação tributária.

O ministro Nelson Jobim lembrou, ao votar, que o constituinte federal, ao tentar reparar o dano causado pelos atos de exceção, elaborou o disposto nos artigos 8º e 9º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Esses artigos tratam da anistia em favor dos que foram vítimas de atos de exceção institucionais ou complementares e que de alguma forma sofreram prejuízo em suas atividades profissionais, em seus direitos ou por motivos políticos.

De acordo com Jobim, a norma estadual “estabelece uma nova forma de anistia, mais ampla e abrangente do que aquela prevista na Constituição Federal”. A emenda, disse o ministro, cria obrigação ao Estado do Paraná a indenizar por ato que teria sido praticado pela União.

Jobim esclareceu ainda que não há nenhuma previsão indenizatória na Constituição Federal àqueles que sofreram perda ou cessação de renda em razão do ato de exceção. “A hipótese da emenda 14 do Estado do Paraná amplia o disposto na Constituição Federal”.

08/02/2006 - 18:43 - Íntegra de voto do ministro Marco Aurélio no julgamento sobre Cofins

O ministro Marco Aurélio divulgou a íntegra dos votos que elaborou no julgamento dos Recursos Extraordinários (REs 357950, 390840, 358273 e 346084) que tratavam da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Os REs foram julgados pelo plenário do Supremo em novembro de 2005, quando os ministros declararam, por maioria, a inconstitucionalidade de dispositivo da Lei nº 9.718/98, que instituiu nova base de cálculo para a incidência de PIS (Programa de Integração Social) e Cofins.

Veja a íntegra dos votos do ministro:RE 346084 (6 páginas)RE 357950 (11 páginas)

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RE 358273 (11 páginas)RE 390840 (13 páginas)

08/02/2006 - 16:48 - Suspenso dispositivo de lei de Minas Gerais sobre concurso para cartórios

O plenário do Supremo Tribunal Federal suspendeu liminarmente dispositivos da Lei 12.919/98, de Minas Gerais, que estabelecem títulos a serem considerados em concurso para cartórios no Estado. A decisão foi tomada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3580, proposta pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.

A ação contestou o  inciso I do artigo 17 da lei , e a expressão “e apresentação de temas em congressos relacionados com serviços notariais e registrais”, prevista no inciso II do mesmo artigo. Os incisos impugnados previam que  candidatos que desempenhassem  atividades em cartórios extrajudiciais ou apresentassem trabalhos em congressos relacionados aos serviços notariais de registro teriam  uma melhor classificação no concurso. Para o procurador-geral, a lei mineira desiguala os candidatos e concede privilégios injustificáveis com as normas constitucionais.

Na análise liminar, o relator da ADI, ministro Gilmar Mendes, entendeu haver violação ao princípio constitucional da isonomia, e deferiu o pedido, sendo acompanhado pelos demais ministros.

07/02/2006 - 20:30 - Gravação clandestina com fins de defesa não constitui prova ilícita, diz Supremo

Por decisão unânime da Primeira Turma do Supremo (HC 87341), o servidor municipal de Londrina (PR) G.C. responderá pelo crime de falsidade ideológica. Ele exercia o cargo de secretário da Junta de Serviço Militar da cidade e foi acusado de ter exigido a quantia de R$ 200 em troca de emissão de certificado de dispensa de incorporação. O servidor teria alegado, falsamente, excesso de contingente como justificativa para a dispensa. O flagrante foi exibido por uma emissora de televisão para todo o país com a utilização de uma microcâmera por um alistando. 

A defesa impetrou habeas corpus no Superior Tribunal Militar que negou pedido de trancamento de ação penal. No STF, o réu alegou a ilicitude da prova obtida com a gravação clandestina. Sustentou,  ainda, que o crime configuraria, em tese, corrupção passiva, o que sustentaria a falta de justa causa para a ação.

No entendimento do relator, ministro Eros Grau, a gravação com o objetivo de defesa não constitui prova ilícita, segundo jurisprudência do Supremo. Além disso, o ministro afirma que novas provas foram obtidas durante a investigação – interrogatório e oitiva de testemunhas, que fundamentam a ação penal.  Segundo Eros Grau, a fita foi incluída nos autos somente após a produção das outras provas.

07/02/2006 - 19:32 - Mantida ação penal contra segurança denunciado pela morte de jovem em carnaval fora de época

A Primeira Turma do Supremo negou o pedido de trancamento de ação penal que tramita na Justiça de Pernambuco contra I.M.O. e outros denunciados pela morte de um jovem durante a Garanheta – o carnaval fora de época de Garanhuns (PE).

A Turma negou o pedido de liminar em Habeas Corpus (HC 87293) ajuizado pela defesa de I.M.O. Ele trabalhava como segurança de um bloco carnavalesco durante a festa. Segundo os autos, ele teria participado das agressões contra Ricardo Alexandre Dantas, de 18 anos, e teria disparado um tiro que culminou na morte do rapaz.

A defesa alegou inépcia da denúncia, por falta de justa causa. Argumentou que na peça acusatória há apenas os nomes e qualificações dos denunciados, sem que haja na descrição do crime os respectivos nomes das pessoas acusadas para que pudessem exercer a ampla defesa.

O relator da ação, ministro Eros Grau, acolheu o parecer do Ministério Público, segundo o qual a denúncia preenche as condições do artigo 41 do Código de Processo Penal – descreve o fato e suas circunstâncias, qualifica os acusados, classifica o crime e apresenta o rol de testemunhas. Os demais ministros acompanharam o relator para indeferir o HC. A decisão foi unânime.

07/02/2006 - 19:25 - Supremo determina o retorno de juízes ao TRF do Rio e arquiva ação penal

O juiz federal José Ricardo de Siqueira Regueira e o desembargador federal Antônio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo), obtiveram Habeas Corpus (HCs 84468 e 84488) no Supremo que lhes garante o retorno aos cargos. Os dois magistrados foram afastados de suas funções porque respondiam a processo criminal no Superior Tribunal de Justiça

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(STJ) por crime de falsidade ideológica (artigo 299 do Código Penal). Eles foram denunciados por suposta fraude na distribuição de processos visando ao favorecimento de empresas.

A decisão, unânime, da Primeira Turma do Supremo, foi pelo trancamento da ação penal e a conseqüente cassação da ordem que teria determinado o afastamento dos juízes. Os ministros acompanharam o voto do relator, Cezar Peluso, que considerou inepta a denúncia contra os magistrados.

Para Peluso, os fatos imputados aos juízes não encontram adequação ao tipo da falsidade ideológica. “Não há na denúncia nenhuma base para se cogitar do crime pois esta não descreve condutas que praticadas pelo paciente [juiz] poderiam consubstanciar participação em falsidade ideológica cometida pelos advogados que elaboraram os recursos”, ressalta o ministro.

O relator acrescenta que quanto às alusões à comunhão de desígnios de propósitos e à associação dos denunciados em esquema de favorecimento “são fórmulas vazias que não precisam como se teria dado tal comunhão, qual a suposta contribuição de cada um, nem quais os elementos que corroborariam na unidade de desígnios”.

Segundo Peluso, a denúncia também não apresenta indícios de que os magistrados teriam participado de um suposto esquema fraudulento tendente a reformar suas próprias decisões.

A acusação contra os juízes do TRF é de que eles teriam participado do esquema de advogados do Espírito Santo que se valiam de expedientes como a propositura de inúmeros recursos idênticos até que um deles caísse em juiz que melhor agradasse a parte. De acordo com o ministro Sepúlveda Pertence, “essas chincanas já eram de estar superadas”. Ressaltou, no entanto, que não há como deixar de considerar atípicas as acusações.

07/02/2006 - 16:52 - Governador do Paraná contesta norma que reduziu carga tributária no Rio

O governador do Estado do Paraná, Roberto Requião, ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3664), com pedido de liminar, contra norma do Estado do Rio de Janeiro que teria concedido benefício fiscal aos contribuintes que exerçam, com exclusividade, a atividade industrial de refino de sal para alimentação. O relator da ação é o ministro Cezar Peluso.

O objeto da ADI são dispositivos (artigo 36, parágrafo único e artigo 40) do Regulamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (RICMS), modificado pelo Decreto nº 28.104/01. Com a alteração, o Estado do Rio teria concedido benefício fiscal - crédito presumido - para os contribuintes que refinem sal para alimentação, determinando que o valor do ICMS devido seja calculado por meio da aplicação direta do percentual de 2% sobre a receita bruta mensal.

Requião alega que uma das conseqüências disso é a redução da carga tributária da operação de saída do sal refinado, inclusive em operações interestaduais destinadas ao Paraná. “Ficam os Estados destinatários das mercadorias sujeitos a arcar com o crédito do imposto não recolhido no estado de origem”, argumenta. Afirma, ainda, que o benefício fiscal só poderia ter ser concedido por meio de convênio entre as unidades da Federação e que, no caso, houve desrespeito ao pacto federativo, entre outros princípios constitucionais, e estímulo à guerra fiscal entre os estados.

06/02/2006 - 19:03 - Empresário obtém salvo-conduto para depor na CPI dos BingosO empresário do setor de locação de veículos Roberto Carlos da Silva Kurzweil obteve salvo-conduto

no Supremo Tribunal Federal para prestar depoimento na condição de investigado na CPI dos Bingos e se abster de responder a qualquer questão que implique em auto-incriminação. O depoimento está marcado para esta terça-feira (7/2) na CPI dos Bingos no Senado Federal.

A liminar foi concedida no Habeas Corpus (HC) 87920 pela ministra Ellen Gracie. A decisão garante a Kurzweil o direito de não assinar o termo de compromisso com a verdade, bem como o de não ser preso. O  empresário poderá silenciar diante de perguntas que possam incriminá-lo.

Em sua decisão, a ministra Ellen observou que o empresário deve ser ouvido na condição de investigado. Ressaltou que contra ele “já foram aprovados pela mesma CPI dois requerimentos ‘de quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico’, ambos suspensos por esta Corte”, afirmou.

Salientou ainda que o entendimento do Supremo é de que as comissões parlamentares de inquérito “detêm o poder instrutório das autoridades judiciais – e não maior que o destas”. Ao deferir a liminar e determinar o salvo-conduto ao empresário, a ministra Ellen considerou a garantia constitucional da não-auto-incriminação.

06/02/2006 - 17:45 - Celso de Mello arquiva ADI sobre união estável entre homossexuais, mas ressalta relevância do tema

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A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3300) que discutia no Supremo o reconhecimento, como entidade familiar, das uniões estáveis  entre homossexuais  foi arquivada pelo ministro Celso de Mello. Segundo o ministro, a ação proposta por duas entidades paulistas – a Associação da Parada do Orgulho dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo e a Associação de Incentivo à Educação e Saúde de São Paulo – contestava norma legal que já não estava mais em vigor, sendo extinta, portanto, por razões técnicas.

Na decisão, no entanto, o relator afirmou tratar-se de relevante questão constitucional, e entendeu caber ao Supremo discutir e julgar a legitimidade constitucional do tema, em novo processo, como a argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).

As duas associações pediam a declaração de inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 9.278/96 que, ao regular dispositivo da Constituição Federal (parágrafo 3º do artigo 226), reconheceu como entidade familiar, unicamente, “a união estável entre o homem e a mulher”. Alegaram que tal artigo era discriminatório e excluía, da proteção que a Constituição dispensa às famílias, as uniões afetivas entre pessoas do mesmo sexo.

Ao analisar o pedido, Celso de Mello lembrou que o novo Código Civil, de 2002, revogou a lei impugnada. O artigo 1.723 do código reproduziu o artigo 1º da Lei nº 9.278/96, reconhecendo que a família é formada pela união estável entre homem e mulher. Como o dispositivo impugnado já não estava em vigor quando a ação foi ajuizada, esta tornou-se inviável e, por isso, teve de ser arquivada, conforme a jurisprudência do Supremo.

Superada a questão técnica que determinou o arquivamento da ADI,  o ministro  passou a discorrer sobre a “extrema importância jurídico-social da matéria”. Registrou que a doutrina, com base em princípios fundamentais como os da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da autodeterminação, da igualdade, do pluralismo, da intimidade e da não-discriminação, “tem revelado admirável percepção do alto significado de que se revestem tanto o reconhecimento do direito personalíssimo à orientação sexual, de um lado, quanto a proclamação da legitimidade ético-jurídica da união homoafetiva como entidade familiar, de outro, em ordem a permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais, relevantes conseqüências no plano do Direito e na esfera das relações sociais.”

“Essa visão do tema, que tem a virtude de superar, neste início de terceiro milênio, incompreensíveis resistências sociais e institucionais fundadas em fórmulas preconceituosas inadmissíveis, vem sendo externada, como anteriormente enfatizado, por eminentes autores, cuja análise de tão significativas questões tem colocado em evidência, com absoluta correção, a necessidade de se atribuir verdadeiro estatuto de cidadania às uniões estáveis homoafetivas”, afirmou Celso de Mello. Assim, o ministro declarou extinta a ADI, pela “ocorrência de insuperável razão de ordem formal”, deixando claro que a questão pode ser discutida por “meio processual adequado”.

06/02/2006 - 17:30 - Supremo suspende quebra de sigilos de Francisco LunardiA ministra Ellen Gracie deferiu liminar em Mandado de Segurança (MS 25677) para que a Comissão

Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios não quebre os sigilos telefônico, fiscal e bancário de Francisco José Rodriguez Lunardi. Ele sustentou, no pedido, que não há nenhum argumento ou motivação legal que justifique a violação de seu direito constitucional à intimidade.

Lunardi alega que a justificativa da CPMI para solicitar a quebra dos sigilos baseia-se em notícias veiculadas na imprensa, dando conta de que ele é um dos suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro proveniente de fundos de pensão ligados a empresas estatais.

A ministra Ellen Gracie, ao deferir a liminar, argumentou que, de fato, pela leitura do requerimento da CPMI que solicitou a quebra dos sigilos, sua justificativa tem suporte apenas em notícias de jornal. “O Plenário desta corte decidiu, em inúmeras ocasiões, que é vedada a quebra de sigilos bancário e fiscal com base, exclusivamente, em matéria jornalística”, afirmou.

A ministra decidiu ainda que, caso as informações já tenham sido enviadas à CPMI, que elas permaneçam lacradas, sob a custódia da Comissão, impossibilitado seu uso, sem prejuízo de posterior reapreciação do mandado de segurança.

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Informativo STFBrasília, 20 de fevereiro a 3 de marçode 2006 - Nº 417.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIOPlenárioADI e Princípio da Não-Cumulatividade - 2Aplicação do CDC aos Bancos - 2Aplicação do CDC aos Bancos - 3Composição de Membros de Tribunal de Justiça: Fixação de Teto e IniciativaSursis Processual e Concurso de Crimes - 2Lei 8.072/90: Art. 2º, § 1º - 4CPI: Ato Jurisdicional e Princípio da Separação dos PoderesProtocolo Descentralizado e Instância ExtraordináriaRemuneração de Servidores e Princípio da Reserva de Lei1ª TurmaAuditoria Militar e Cumulação de CompetênciasPromoção: Não-Extensão a InativosAfastamento de Cargo e Devolução de Remuneração2ª TurmaAlegações Finais: Inversão e Direito de DefesaNovação de Título Prisional: Prejudicialidade e Vários FundamentosAplicação de Multa e Juízo de AdmissibilidadeClipping do DJTranscriçõesImunidade Parlamentar e Enunciado da Súmula 3 do STF (RE 456679/DF)ADPF e Princípio da Subsidiariedade (ADPF 76/TO)

PLENÁRIOADI e Princípio da Não-Cumulatividade - 2

Em conclusão de julgamento, o Tribunal julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Estado de Santa Catarina contra a Lei estadual 11.362/2000, de iniciativa parlamentar, que determina que a concessão de redução de base de cálculo ou de isenção, facultada pelo Convênio ICMS 36/92, às operações internas com os insumos agropecuários nele especificados, implica a manutenção integral do crédito fiscal relativo à entrada dos respectivos produtos — v. Informativo 382. Entendeu-se que a lei impugnada excepcionou, com autorização dos Convênios ICMS 36/92 e 89/92, e em consonância com o § 2º do art. 155 da CF, a

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regra geral de estorno do crédito (CF, art. 155, § 2º: “II – a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: ... b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;”).ADI 2320/SC, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-2320)

Aplicação do CDC aos Bancos - 2Retomado julgamento de ação direta ajuizada pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro -

CONSIF contra a expressão constante do § 2º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor - Lei 8.078/90 que inclui, no conceito de serviço abrangido pelas relações de consumo, as atividades de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária (“§ 2º: Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”). Sustenta-se que a expressão atacada ofende o princípio do devido processo legal e invade a reserva de lei complementar, prevista no art. 192, II e IV, da CF (redação original), para regular o sistema financeiro — v. Informativo 264. Inicialmente, o Tribunal indeferiu, tendo em conta o voto já proferido pelo Min. Carlos Velloso, relator, o requerimento do IDEC-Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor de suspensão do julgamento até a investidura de novo ministro em substituição àquele, aposentado. Também afastou, por maioria, a preliminar de prejudicialidade da ADI, em face da alteração do art. 192 pela EC 40/2003, já que a nova redação do referido dispositivo conservou a competência legislativa da lei complementar para tratar do Sistema Financeiro Nacional - SFN, remanescendo, dessa forma, a impugnação da lei quanto à questão da reserva de lei complementar, bem como porque a ação direta tem causa de pedir aberta. Vencidos, no ponto, os Ministros Sepúlveda Pertence, Eros Grau e Carlos Britto que davam pelo prejuízo da ação por considerar que a modificação sofrida pelo art. 192 alterou substancialmente o parâmetro da ADI.ADI 2591/DF, rel. Min. Carlos Velloso, 22.2.2006. (ADI-2591)

Aplicação do CDC aos Bancos - 3Quanto ao mérito, o Min. Nelson Jobim, presidente, em voto-vista, acompanhou o voto do Min. Carlos

Velloso, relator, no sentido de julgar procedente em parte o pedido, para emprestar à norma inscrita no § 2º do art. 3º da Lei 8.078/90 interpretação conforme à Constituição, para afastar a exegese que nela inclua as operações bancárias. Depois de apontar distinções entre as figuras do consumidor, do poupador e do mutuário — estes integrantes do processo econômico e aquele de relação que diz respeito a uma posição subjetiva individual ou individualizável —, bem como a existência de regimes jurídicos específicos para o tratamento de cada um deles — sendo que o do consumidor visa à equiparação de relação fática desigual e o do poupador e do mutuário está associado à proteção da política monetária realizada pelo Banco Central do Brasil - BACEN e pelo Conselho Monetário Nacional - CMN —, entendeu não haver ligação entre as operações bancárias e a idéia de consumo. Com base nisso, demonstrou, em seguida, que a taxa de juros praticada pelo governo, referencial básico da taxa de juros cobrada pelo banco do mutuário e paga ao depositário, constitui um dos instrumentos de política monetária utilizados para o controle da inflação. Afirmou que essa ferramenta, dependente de uma série de variáveis, não pode ter seus limites dissociados de referida política. Ressaltou, nesse ponto, que a aplicação do CDC a operações bancárias — típicas do sistema financeiro, que consistem em transferência de moeda ou de crédito, com relevante impacto na política monetária — e a possível limitação da taxa de juros por agentes desvinculados dessa política, comprometeria a atividade dos bancos e o próprio desenvolvimento da economia do país. Não obstante, reconheceu que a restrição da aplicação do CDC se limita às operações típicas do Sistema Financeiro Nacional. Assim, diferenciando as operações bancárias dos serviços bancários, concluiu que, no caso destes — serviços prestados pelos bancos a clientes e usuários que não configuram relações financeiras relativas a investimentos e depósitos e pelos quais as instituições financeiras são remuneradas —, haver-se-á de aplicar o CDC. Após, o julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Min. Eros Grau.ADI 2591/DF, rel. Min. Carlos Velloso, 22.2.2006. (ADI-2591)

Composição de Membros de Tribunal de Justiça: Fixação de Teto e IniciativaO Tribunal iniciou julgamento de ação direta ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros -

AMB, em que se pretende a declaração da inconstitucionalidade da expressão “no máximo, trinta e cinco”, contida no caput do art. 122 da Constituição do Estado da Bahia, que fixa o número máximo de Desembargadores a compor o tribunal de justiça local. O Min. Sepúlveda Pertence, relator, acompanhado pelos Ministros Nelson Jobim, presidente, e Joaquim Barbosa, julgou improcedente o pedido. Reafirmando os fundamentos de seu voto na ADI 274/PE (DJU de 5.5.95), entendeu não haver inconstitucionalidade na norma atacada, já que a Constituição baiana não criou nem extinguiu cargos de Desembargador, cuja matéria seria de iniciativa legislativa do Tribunal de Justiça (CF, art. 96, II, b),

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mas apenas fixou um limite aos aumentos futuros por lei ordinária. Em divergência, o Min. Marco Aurélio, acompanhado pelo Min. Carlos Britto, julgou o pleito procedente por considerar, tendo em conta o princípio da simetria, que, ante a existência de um piso quanto ao número de magistrados a compor o STJ (CF, art. 104), seria inadmissível a fixação de um teto pela Carta estadual. Após, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Eros Grau. ADI 3362/BA, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 22.2.2006. (ADI-3362)

Sursis Processual e Concurso de Crimes - 2O Tribunal retomou julgamento de habeas corpus em que se discute o cabimento ou não da

suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95, art. 89) na hipótese de crimes cometidos em concurso formal, concurso material ou em continuidade delitiva — v. Informativo 317. O Min. Nelson Jobim, presidente, em voto-vista, abriu divergência para indeferir a ordem, mantendo a orientação fixada pela Corte no julgamento do HC 77242/SP (DJU de 25.5.2001), de que, para concessão do benefício, há de haver a soma das penas mínimas dos delitos em concurso ou continuados, cujo valor deve ser inferior a um ano. Foi acompanhado pelos Ministros Joaquim Barbosa e Carlos Britto. Inicialmente, ressaltou que “a suspensão condicional do processo é instrumento que, diante da valoração do legislador, se presta a evitar os ‘efeitos estigmatizantes’ do processo”, e tem por objetivo alcançar os crimes de menor gravidade. Com base nisso, e tendo em conta a forma como o direito penal trata e entende as figuras de concurso de crimes — quanto ao cumprimento de pena, tem-se a ficção de que no concurso material há um crime com pena que equivale à soma das penas cominadas aos demais crimes (CP, art. 69), e no concurso formal e na continuidade delitiva há o crime mais grave com pena aumentada de 1/6 (CP, artigos 70 e 71) —, concluiu que qualquer interpretação que altere essa configuração original conduz à subversão das opções feitas pelo legislador. Asseverou que a Lei 9.099/95, quando dispôs sobre a matéria, tomando por base o instituto da suspensão condicional da pena (CP, art. 77), indiretamente valorou esse quadro ao impor como critério objetivo de incidência da norma a pena mínima do crime em um ano e que, no caso de concurso de crimes, haver-se-ia de considerar tais parâmetros. O Min. Eros Grau acompanhou o voto do relator no sentido de conceder parcialmente a ordem. Após, o julgamento foi adiado em face do pedido de vista do Min. Cezar Peluso.HC 83163/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 23.2.2006. (HC-83163)

Lei 8.072/90: Art. 2º, § 1º - 4Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, deferiu pedido de habeas corpus e declarou,

incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90, que veda a possibilidade de progressão do regime de cumprimento da pena nos crimes hediondos definidos no art. 1º do mesmo diploma legal — v. Informativos 315, 334 e 372. Inicialmente, o Tribunal resolveu restringir a análise da matéria à progressão de regime, tendo em conta o pedido formulado. Quanto a esse ponto, entendeu-se que a vedação de progressão de regime prevista na norma impugnada afronta o direito à individualização da pena (CF, art. 5º, LXVI), já que, ao não permitir que se considerem as particularidades de cada pessoa, a sua capacidade de reintegração social e os esforços aplicados com vistas à ressocialização, acaba tornando inócua a garantia constitucional. Ressaltou-se, também, que o dispositivo impugnado apresenta incoerência, porquanto impede a progressividade, mas admite o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena (Lei 8.072/90, art. 5º). Considerou-se, ademais, ter havido derrogação tácita do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90 pela Lei 9.455/97, que dispõe sobre os crimes de tortura, haja vista ser norma mais benéfica, já que permite, pelo § 7º do seu art. 1º, a progressividade do regime de cumprimento da pena. Vencidos os Ministros Carlos Velloso, Joaquim Barbosa, Ellen Gracie, Celso de Mello e Nelson Jobim, que indeferiam a ordem, mantendo a orientação até então fixada pela Corte no sentido da constitucionalidade da norma atacada. O Tribunal, por unanimidade, explicitou que a declaração incidental de inconstitucionalidade do preceito legal em questão não gerará conseqüências jurídicas com relação às penas já extintas nesta data, já que a decisão plenária envolve, unicamente, o afastamento do óbice representado pela norma ora declarada inconstitucional, sem prejuízo da apreciação, caso a caso, pelo magistrado competente, dos demais requisitos pertinentes ao reconhecimento da possibilidade de progressão.HC 82959/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 23.02.2006. (HC-82959)

CPI: Ato Jurisdicional e Princípio da Separação dos PoderesOfende o princípio constitucional da separação e independência dos poderes (CF, art. 2º) a

intimação de magistrado para prestar esclarecimentos perante comissão parlamentar de inquérito sobre ato jurisdicional praticado. Com base nesse entendimento, o Tribunal deferiu habeas corpus impetrado contra o requerimento de convocação de magistrada federal para prestar depoimento perante a CPI dos Bingos instaurada pelo Senado Federal, a fim de esclarecer as razões pelas quais

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concedera liminares em favor de determinada empresa, as quais teriam acarretado prejuízos consideráveis à Caixa Econômica Federal - CEF. Precedente citado: HC 80089/RJ (DJU de 29.9.2000).HC 86581/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 23.2.2006. (HC-86581)

Protocolo Descentralizado e Instância ExtraordináriaÉ aplicável, na instância extraordinária, o sistema de protocolo descentralizado. Com base nesse

entendimento, o Tribunal proveu dois agravos regimentais em agravos de instrumento, cujo seguimento fora negado por intempestividade dos respectivos recursos extraordinários, protocolizados, no último dia do prazo legal, perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em setor em que, segundo informação do próprio tribunal, toda a protocolização de recursos é feita. Embora reconhecendo que , no caso, a protocolização se dera no próprio TJSP, entendeu-se oportuno rediscutir-se a questão dos protocolos descentralizados. Considerou-se que a Lei 10.352/2001, introduzindo o parágrafo único do art. 547 do CPC, veio a afastar o óbice da regra anteriormente contida no art. 542 do referido diploma legal (“Recebida a petição pela secretaria do tribunal e aí protocolada, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contra-razões.”), que inviabilizava, quanto aos recursos especial e extraordinário, a instituição de protocolos descentralizados (CPC: “Art. 547. ... Parágrafo único. Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.”).AI 476260 AgR/SP e AI 507874 AgR/SP, rel. Min. Carlos Britto, 23.2.2006. (ADI-476260)

Remuneração de Servidores e Princípio da Reserva de LeiPor vislumbrar aparente ofensa aos artigos 37, X; 51, IV e 52, XIII, da CF, de observância obrigatória,

que prevêem, respectivamente, que a remuneração de servidores públicos somente pode ser fixada ou alterada por meio de lei específica, e de que compete à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal dispor sobre a fixação da remuneração de seus servidores, o Tribunal, por maioria, deferiu pedido de liminar formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República, para suspender, com eficácia ex tunc, até decisão final da ação, a Resolução 197/2003, o parágrafo único do art. 2º da Resolução 201/2003, os artigos 9º, 10, 13, 14 15, a parte final dos artigos 46, 47, 48, 49 e 50, da Resolução 02/2003, e a parte final do art. 1º da Resolução 204/2003, todos da Câmara Legislativa do DF, que tratam da remuneração de seus servidores. Vencido o Min. Marco Aurélio, que, inicialmente, não conhecia da ação e que, vencido na preliminar, deferia-a com efeitos ex nunc.ADI 3306 MC/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 23.3.2006. (ADI-3306)

PRIMEIRA TURMAAuditoria Militar e Cumulação de Competências

A Lei de Organização Judiciária do Estado de Rondônia não viola o art. 124 da CF/88 ao atribuir a juiz de direito, investido excepcionalmente no cargo de juiz auditor, a competência para processar e julgar feitos criminais genéricos (CF: “Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.”). Com base nesse entendimento, a Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus, em que se pretendia a declaração da incompetência de Vara da Auditoria Militar do Estado de Rondônia para processar acusado pelo crime de estupro. Tendo em conta as peculiaridades da organização judiciária daquele Estado, que instituiu uma espécie de ambivalência funcional, considerou-se que a Justiça Militar Especializada, no caso, não deixa de existir, quando o juiz auditor atua como juiz de direito de uma determinada vara, já que, enquanto órgão, ela permanece com a exclusiva competência de processar e julgar feitos militares. O juiz é que passa a conhecer uma outra função, emparelhada com aquela que desempenha no âmbito da Justiça Militar. Precedentes citados: RHC 84944/RO (DJU de 6.5.2005) e RHC 85025/RO (acórdão pendente de publicação).RHC 86805/RO, rel. Min. Carlos Britto, 21.2.2006. (RHC-86805)

Promoção: Não-Extensão a InativosPor ausência de direito líquido e certo, a Turma negou provimento a recurso ordinário em mandado

de segurança em que militares inativos do quadro de taifeiros do Ministério da Aeronáutica pretendiam sua inclusão nos quadros de suboficiais e sargentos, Grupamento de Supervisor de Taifa, para ressarcimento de preterição, em igualdade de condições com o pessoal da Armada, com base no art. 1º da Lei 3.953/61 e no art. 44 do Regulamento do Corpo do Pessoal Graduado da Aeronáutica, aprovado pelo Decreto 3.690/2000. Entendeu-se ser impossível a pretensão, já que o referido regulamento só veio a ser editado quando os recorrentes já estavam aposentados, havendo, ademais, previsão expressa, no art. 43, III, do Regulamento de Promoções de Graduados, este aprovado pelo Decreto 881/93, no sentido de estar excluído de qualquer quadro de acesso o graduado que passar à inatividade. Considerou-se, ainda, que a ascensão funcional pleiteada dependeria de diversos

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requisitos previstos naqueles regulamentos, cuja satisfação não fora demonstrada nos autos, sendo o preenchimento dessas condições absolutamente incompatível com a situação dos recorrentes.RMS 24835/DF, rel. Min. Eros Grau, 21.2.2006. (RMS-24835)

Afastamento de Cargo e Devolução de RemuneraçãoA Turma deu parcial provimento a recurso ordinário em mandado de segurança para tornar

inexigível ordem prolatada pelo Tribunal Superior do Trabalho que, ao dar provimento a recurso administrativo, determinara a devolução de valores recebidos pelo recorrente a título de remuneração pelo período em que exercera o cargo de juiz classista. O acórdão do TST, afastando definitivamente o recorrente do cargo, entendera que ele desrespeitara o art. 661, b, da CLT ao falsamente declarar que teriam sido observadas todas as formalidades previstas na legislação e no estatuto da entidade sindical quanto ao processamento da escolha da lista tríplice de candidatos ao cargo de juiz classista. Reconhecendo-se o fato de que o recorrente efetivamente exercera a função de juiz classista até a data de seu afastamento e considerando-se que o trabalho consiste em valor social tutelado pela Constituição Federal, que sobreleva o direito do recorrente a perceber remuneração pelos serviços prestados até o seu afastamento liminar, por força de decisão monocrática proferida pelo relator do recurso administrativo no TST, entendeu-se que a ordem de devolução dos valores implicaria enriquecimento ilícito pela Administração, a qual estaria revestida, inclusive, de caráter extra petita, haja vista que o recurso interposto tinha por objeto apenas a invalidade do ato de nomeação do juiz classista.RMS 25104/DF, rel. Min. Eros Grau, 21.2.2006. (RMS-25104)

SEGUNDA TURMAAlegações Finais: Inversão e Direito de Defesa

A Turma deferiu habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ que, rejeitando o alegado constrangimento ilegal, denegara o writ ao fundamento de que o equívoco na inversão de apresentação das alegações finais, posteriormente corrigido pelo magistrado, não acarreta nulidade do julgado, principalmente quando inexiste prejuízo para a defesa. No caso concreto, o escrivão de cartório constatara que a juntada das alegações finais aos autos se dera de forma inversa, em virtude de o juiz ter aberto vista primeiramente à defesa e, após, ao assistente de acusação. Em face disso, determinara-se novo prazo para as alegações finais da defesa, que, entretanto, não foram apresentadas. Por conseguinte, intimara-se o defensor constituído para que ratificasse as alegações já expostas e oferecesse alegações finais também para o co-réu, sob pena de ser-lhe nomeado defensor dativo. Diante da inércia do causídico, a autoridade judiciária nomeara defensor dativo, omitindo-se, todavia, quanto à ratificação ou aditamento daquelas alegações já apresentadas. O defensor dativo, por sua vez, apresentara alegações finais somente para o co-réu, não se manifestando sobre as já constantes dos autos. Preliminarmente, acolheu-se questão de ordem suscitada pelo Min. Gilmar Mendes, relator, no sentido de se invalidar o julgamento realizado em 14.2.2006, porquanto suprimida a possibilidade de realização de sustentação oral por parte da impetrante, devendo, em conseqüência, renovar-se esse mesmo julgamento. Prosseguindo, salientou-se que o direito de defesa constitui pedra angular do sistema de proteção dos direitos individuais e materializa uma das expressões do princípio da dignidade da pessoa humana e, havendo justo receio de serem tais direitos infringidos, eles devem assumir máxima efetividade na ordem constitucional. Destarte, considerando a constatação da inversão na ordem de apresentação das alegações finais, bem como a inércia dos defensores constituídos, entendeu-se, diante das peculiaridades do caso, ser inadmissível submeter o direito de defesa da paciente aos efeitos da ausência de apresentação de efetiva defesa técnica.HC 87111/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 21.2.2006. (HC-87111)

Novação de Título Prisional: Prejudicialidade e Vários FundamentosA Turma deferiu, em parte, habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ

que, tendo em conta a superveniência de sentença penal condenatória recorrível, entendera inteiramente prejudicada igual ação constitucional em virtude da novação do título legitimador da prisão do paciente. No caso, o writ impetrado perante o Tribunal a quo apresentava vários fundamentos, tais como a ilegalidade da prisão cautelar e a suposta ocorrência de flagrante preparado, argumentos esses não examinados. Entendeu-se que a análise da alegada ocorrência do delito de ensaio não estaria superada com a mera prolação da sentença penal condenatória, asseverando-se que eventual constatação do flagrante preparado, ensejará a própria invalidação da

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persecutio criminis, a teor do disposto no Enunciado da Súmula 145 do STF (“Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.”). HC parcialmente concedido para que a autoridade judiciária ora apontada como coatora prossiga no exame do fundamento pertinente à alegada ocorrência de flagrante preparado, decidindo o writ como entender de direito.HC 84723/SP, rel. Min. Celso de Mello, 21.2.2006. (HC-84723)

Aplicação de Multa e Juízo de AdmissibilidadeA Turma recebeu embargos de declaração em agravo regimental em agravo de instrumento para

excluir multa por litigância de má-fé (CPC, art. 17) aplicada pelo Presidente do STJ que, em juízo primeiro de admissibilidade, denegara subida de recurso extraordinário por considerá-lo manifestamente protelatório. Entendeu-se que a imposição da multa invade a competência constitucional atribuída ao STF, porquanto a referida sanção deve ser aplicada por aquele que detém o juízo definitivo de admissibilidade do recurso. Asseverou-se, ainda, que o exame de admissibilidade efetuado pelos tribunais inferiores tem natureza provisória e deve limitar-se à analise dos pressupostos genéricos e específicos de recorribilidade do extraordinário.AI 414648 ED-AgR/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 21.2.2006. (AI-414648)

C L I P P I N G   D O   D J - 24 de fevereiro de 2006

ADI N. 1.007-PERELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 10.989/93 DO ESTADO DE PERNAMBUCO. EDUCAÇÃO: SERVIÇO PÚBLICO NÃO PRIVATIVO. MENSALIDADES ESCOLARES. FIXAÇÃO DA DATA DE VENCIMENTO. MATÉRIA DE DIREITO CONTRATUAL. VÍCIO DE INICIATIVA.1. Os serviços de educação, seja os prestados pelo Estado, seja os prestados por particulares, configuram serviço público não privativo, podendo ser desenvolvidos pelo setor privado independentemente de concessão, permissão ou autorização.2. Nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição do Brasil, compete à União legislar sobre direito civil.3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente.* noticiado no Informativo 409

ADI N. 2.751-RJRELATOR: MIN. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS. LEI 3.756, DE 2002, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.I. - Lei 3.756/2002, do Estado do Rio de Janeiro, que autoriza o Poder Executivo a apreender e desemplacar veículos de transporte coletivo de passageiros encontrados em situação irregular: constitucionalidade, porque a norma legal insere-se no poder de polícia do Estado.II. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.* noticiado no Informativo 367

ADI N. 2816-SCRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 11.373/00 DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ENVIO SIMULTÂNEO, AOS INFRATORES, DE MULTA E FOTO DO MOMENTO DA INFRAÇÃO. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO.1. Os Estados-membros detêm competência para a edição de leis sobre procedimentos administrativos.2. É inconstitucional a interpretação que obriga a instalação do sistema fotossensor em todo o território estadual.3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado parcialmente procedente.* noticiado no Informativo 379

ADI N. 3.259-PARELATOR: MIN. EROS GRAU

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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 6.570/03 DO ESTADO DO PARÁ. SERVIÇOS DE LOTERIAS. REGRAS DE EXPLORAÇÃO. SISTEMAS DE CONSÓRCIOS E SORTEIOS E DIREITO PENAL. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE A MATÉRIA. INCONSTITUCIONALIDADE.1. Ao mencionar “sorteios” o texto da Constituição do Brasil está aludir ao conceito de loteria. Precedente.2. Lei estadual que disponha sobre espécies de sorteios usurpa competência exclusiva da União.3. Flagrante incompatibilidade entre a lei paraense e o preceito veiculado pelo artigo 22, inciso X, da CB/88.4. A exploração de loterias constitui ilícito penal. A isenção à regra que define a ilicitude penal da exploração da atividade vinculada às loterias também consubstancia matéria de Direito Penal. Compete privativamente à União legislar sobre Direito Penal — artigo 22, inciso I, CB/88.5. Pedido de declaração de inconstitucionalidade procedente.* noticiado no Informativo 413

MED. CAUT. EM ADI N. 3.578-DFRELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCEEMENTA: I. Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade: caso de excepcional urgência, que autoriza a decisão liminar sem audiência dos partícipes da edição das normas questionadas (LADIn, art. 10, § 3º), dada a iminência do leilão de privatização do controle de instituição financeira, cujo resultado poderia vir a ser comprometido com a concessão posterior da medida cautelar.II. Desestatização de empresas públicas e sociedades de economia mista: alegação de exigência constitucional de autorização legislativa específica, que - contra o voto do relator - o Supremo Tribunal tem rejeitado; caso concreto, ademais, no qual a transferência do controle da instituição financeira, do Estado-membro para a União, foi autorizada por lei estadual (conforme exigência do art. 4º, I, a, da MPr 2.192-70/01 - PROES) e a subseqüente privatização pela União constitui a finalidade legal específica de toda a operação; indeferimento da medida cautelar com relação ao art. 3º, I, da MPr 2.192-70/01, e ao art. 2º, I, II e IV, da L. 9.491/97.III. Desestatização: manutenção na instituição financeira privatizada das disponibilidades de caixa da administração pública do Estado que detinha o seu controle acionário (MPr 2.192-70/01, art. 4º, § 1º), assim como dos depósitos judiciais (MPr 2.192-70/01, art. 29): autorização genérica, cuja constitucionalidade - não obstante emanada de diploma legislativo federal - é objeto de questionamento de densa plausibilidade, à vista do princípio da moralidade - como aventado em precedentes do Tribunal (ADIn 2.600-MC e ADIn 2.661-MC) - e do próprio art. 164, § 3º, da Constituição - que não permitiria à lei, ainda que federal, abrir exceção tão ampla à regra geral, que é a de depósitos da disponibilidade de caixa da Administração Pública em instituições financeiras oficiais; aparente violação, por fim, da exigência constitucional de licitação (CF, art. 37, XXI); ocorrência do periculum in mora: deferimento da medida cautelar para suspender ex nunc a eficácia dos arts. 4º, § 1º, e 29 e parágrafo único do ato normativo questionado (MPr 2.192/70/01).* noticiado no Informativo 401

MED. CAUT. EM AR N. 1.734-DFRELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: LIMINAR EM AÇÃO RESCISÓRIA.Ação rescisória fundada no art. 485, V e IX, do Código de Processo Civil, contra acórdão prolatado no julgamento do RMS 23.657 (concurso para fiscal do Trabalho de 1994 - cadastro de reserva).Possibilidade de concessão de liminar em ação rescisória para assegurar o resultado útil da ação. Precedentes.Referendo, por maioria, de decisão monocrática que deferira o pedido de medida liminar para sustar os efeitos da decisão rescindenda.

HC N. 85.144-SCRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. QUESITOS FORMULADOS EM SÉRIES DISTINTAS. CRIMES DIVERSOS. RESPOSTAS CONTRADITÓRIAS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. EXECUÇÃO DA PENA CONDICIONADA AO TRÂNSITO EM JULGADO. RECURSO DE APELAÇÃO EXCLUSIVO DA DEFESA. REFORMATIO IN PEJUS.1. Crime de homicídio duplamente qualificado. Quesitos de séries distintas, cujas respostas negaram, de um lado, a tese de legítima defesa putativa, sustentada com esteio no depoimento da única testemunha presencial e, de outro, o crime de falso testemunho atribuído a ela em razão de seus

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depoimentos discrepantes.2. O único quesito da segunda série, relativo ao crime de falso testemunho, não tem relação com os quesitos da primeira série, especificamente o que afastou a tese de legítima defesa putativa. Não há, assim, que se falar em nulidade decorrente de respostas contraditórias.3. Constando da sentença que a execução está condicionada ao trânsito em julgado, fica vedada a expedição do mandado de prisão em decorrência do não-provimento do recurso de apelação exclusivo da defesa.Ordem concedida, parcialmente.

RE N. 262.673-MGRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIORECURSO EXTRAORDINÁRIO - PREQUESTIONAMENTO - CONFIGURAÇÃO - RAZÃO DE SER. O prequestionamento não resulta da circunstância de a matéria haver sido argüida pela parte recorrente. A configuração do instituto pressupõe debate e decisão prévios pelo Colegiado, ou seja, emissão de juízo sobre o tema. O procedimento tem como escopo o cotejo indispensável a que se diga do enquadramento do recurso extraordinário no permissivo constitucional. Se o Tribunal de origem não adotou entendimento explícito a respeito do fato jurígeno veiculado nas razões recursais, inviabilizada fica a conclusão sobre a violência ao preceito evocado pelo recorrente.PROVENTOS - REDUÇÃO - CONTRIBUIÇÃO - TRIBUTOS. A incidência de tributos não implica a redução dos proventos da aposentadoria, ficando afastada a possibilidade de se concluir pela violência ao princípio da irredutibilidade.

RE N. 441.318-DFRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOPOLÍTICA JUDICIÁRIA - MACROPROCESSO - ESTÍMULO. Tanto quanto possível, considerado o direito posto, deve ser estimulado o surgimento de macroprocesso, evitando-se a proliferação de causas decorrentes da atuação individual.LEGITIMIDADE - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MINISTÉRIO PÚBLICO - CARTÕES DE CRÉDITO - PROTEÇÃO ADICIONAL - DISPOSIÇÃO CONTRATUAL. O Ministério Público é parte legítima na propositura de ação civil pública para questionar relação de consumo resultante de ajuste a envolver cartão de crédito.* noticiado no Informativo 407

RHC N. 84.308-MARELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCEEMENTA: I. Habeas corpus: crime de latrocínio praticado por índio: competência da Justiça estadual: precedente: HC 80.496, 1ª T., 12.12.2000, Moreira, DJ 06.04.2001.II. Instrução processual e cerceamento de defesa: infração penal praticada por indígena: não realização de perícias antropológica e biológica: sentença baseada em dados de fato inválidos: nulidade absoluta não coberta pela preclusão.1. A falta de determinação da perícia, quando exigível à vista das circunstâncias do caso concreto, constitui nulidade da instrução criminal, não coberta pela preclusão, se a ausência de requerimento para sua realização somente pode ser atribuída ao Ministério Público, a quem cabia o ônus de demonstrar a legitimidade ad causam dos pacientes.2. A validade dos outros elementos de fato invocados pelas instâncias de mérito para concluírem que os pacientes eram maiores de idade ao tempo do crime e estavam absolutamente integrados é questão passível de exame na via do habeas corpus.3. A invocação de dados de fato inválidos à demonstração da maioridade e do grau de integração dos pacientes, constitui nulidade absoluta, que acarreta a anulação do processo a partir da decisão que julgou encerrada a instrução, permitindo-se a realização das perícias necessárias.III. Prisão preventiva: anulada a condenação, restabelece-se o decreto da prisão preventiva antecedente, cuja validade não é objeto dos recursos.* noticiado no Informativo 413

RHC N. 86.681-DFRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PORTE DE ARMA. VACATIO LEGIS TEMPORÁRIA. ABOLITIO CRIMINIS. INOCORRÊNCIA.1. Os artigos 30 e 32 do Estatuto do Desarmamento referem-se a possuidores e proprietários de armas de fogo. O artigo 29 e seu parágrafo único dispõem sobre a autorização para o porte de arma de fogo. Aos possuidores e proprietários a lei faculta, no artigo 30, a regularização, mediante

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comprovação da aquisição lícita, no prazo assinalado. O artigo 32 obriga, aos que não puderem demonstrar a aquisição lícita, a entrega da arma à Polícia Federal, no prazo que estipula.2. O artigo 29 e seu parágrafo único, da Lei n. 10.826/2003, dizem respeito às pessoas autorizadas a portar armas de fogo. Dispõem sobre o término das autorizações já concedidas (caput) e a propósito da renovação (parágrafo único), desde que atendidas as condições estipuladas nos seus artigos 4º, 6º e 10.3. O prazo legal estipulado para regularização das autorizações concedidas não configura vacatio legis, do que decorreria a abolitio criminis temporária, no que tange ao crime de porte de arma de fogo por pessoa não autorizada.4. A vingarem as razões recursais, chegar-se-ia ao absurdo de admitir, no prazo fixado para regularização das autorizações, o porte de arma de fogo por pessoas e entidades não arroladas nos incisos I a IX do artigo 6º da Lei n. 10.826/2003.Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento.* noticiado no Informativo 412

RE N. 313.060-SPRELATORA: MIN. ELLEN GRACIELEIS 10.927/91 E 11.262 DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. SEGURO OBRIGATÓRIO CONTRA FURTO E ROUBO DE AUTOMÓVEIS. SHOPPING CENTERS, LOJAS DE DEPARTAMENTO, SUPERMERCADOS E EMPRESAS COM ESTACIONAMENTO PARA MAIS DE CINQÜENTA VEÍCULOS. INCONSTITUCIONALIDADE.1. O Município de São Paulo, ao editar as Leis l0.927/91 e 11.362/93, que instituíram a obrigatoriedade, no âmbito daquele Município, de cobertura de seguro contra furto e roubo de automóveis, para as empresas que operam área ou local destinados a estacionamentos, com número de vagas superior a cinqüenta veículos, ou que deles disponham, invadiu a competência para legislar sobre seguros, que é privativa da União, como dispõe o art. 22, VII, da Constituição Federal.2. A competência constitucional dos Municípios de legislar sobre interesse local não tem o alcance de estabelecer normas que a própria Constituição, na repartição das competências, atribui à União ou aos Estados. O legislador constituinte, em matéria de legislação sobre seguros, sequer conferiu competência comum ou concorrente aos Estados ou aos Municípios.3. Recurso provido.* noticiado no Informativo 411

RE N. 361.829-RJRELATOR: MIN. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISS. LEI COMPLEMENTAR: LISTA DE SERVIÇOS: CARÁTER TAXATIVO. LEI COMPLEMENTAR 56, DE 1987: SERVIÇOS EXECUTADOS POR INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A FUNCIONAR PELO BANCO CENTRAL: EXCLUSÃO.I. - É taxativa, ou limitativa, e não simplesmente exemplificativa, a lista de serviços anexa à lei complementar, embora comportem interpretação ampla os seus tópicos. Cuida-se, no caso, da lista anexa à Lei Complementar 56/87.II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal.III. - Ilegitimidade da exigência do ISS sobre serviços expressamente excluídos da lista anexa à Lei Complementar 56/87.IV. - RE conhecido e provido.* noticiado no Informativo 413

C L I P P I N G   D O   D J - 3 de março de 2006

HC N. 83.545-SPRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: SENTENÇA PENAL. Capítulo decisório. Condenação. Pena privativa de liberdade. Reclusão. Fixação. Soma dos fatores considerados na dosimetria. Erro de cálculo. Estipulação final de pena inferior à devida. Trânsito em julgado para o Ministério Público. Recurso de apelação da defesa. Improvimento. Acórdão que, no entanto, aumenta de ofício a pena, a título de correção de erro material. Inadmissibilidade. Ofensa à proibição da reformatio in peius. HC concedido para restabelecer o teor da sentença de primeiro grau. Não é lícito ao tribunal, na cognição de recurso da

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defesa, agravar a pena do réu, sob fundamento de corrigir ex officio erro material da sentença na somatória dos fatores considerados no processo de individualização.* noticiado no Informativo 411

RE N. 392.559-RSRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Recurso Extraordinário. 2. Serviço prestado antes do advento da Lei no 9.032, de 1995. Caracterização como especial. Atividade insalubre prevista nos Decretos nos 53.831, de 1964 e 83.080, de 1979. Desnecessidade do laudo exigido pela citada lei. 3. Recurso extraordinário a que se nega provimento.* noticiado no Informativo 415

T R A N S C R I Ç Õ E S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Imunidade Parlamentar e Enunciado da Súmula 3 do STF (Transcrições) (v. Informativo 413)RE 456679/DF*

RELATOR: MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCERelatório: O recorrido, Deputado Distrital [...]**, foi preso em flagrante delito, sob a acusação da

prática de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, parcelamento irregular do solo urbano e lavagem de dinheiro.Posteriormente, o TRF/1ª Região decretou sua prisão preventiva e confirmou o auto de prisão em flagrante que, no entanto, foi posteriormente relaxado, por decisão da Câmara Distrital, conforme a Resolução n. 196/03.Impetrou-se então habeas corpus ao STJ, alegando que o auto de prisão em flagrante e o decreto da prisão preventiva são nulos, pois infringem os preceitos inscritos nos arts. 53, § 2º; 27, § 1º; e 32, § 3º, todos da Constituição.Quanto ao flagrante, sustentou-se que, além de não estarem preenchidos os pressupostos do art. 5º, LXI, da Constituição, os supostos crimes atribuídos ao Deputado eram afiançáveis.Alegou-se ainda a impossibilidade de decretar-se a prisão preventiva do Deputado, bem como a ausência de motivação cautelar idônea.O Superior Tribunal de Justiça deferiu a ordem, considerando que a questão concernente ao flagrante estaria superada pelo superveniente deliberação da Câmara Distrital, que relaxou a prisão.Após invocar o Inq 510, Pleno, Celso de Mello, DJ 19.4.91, decidiu o STJ que a prisão preventiva, no caso, não possui amparo constitucional e, por isso, a revogou.Donde o RE, do Ministério Público Federal (f. 16/22).As contra-razões, da lavra do Il. Advogado Nabor Bulhões, expõem o caso e aduzem (f. 324-9):“(...)Para o recorrente, o acórdão recorrido teria violado “as normas contidas nos dispositivos constitucionais apontados, na medida que considerou como irrestrita a imunidade formal conferida aos parlamentares estaduais, quando, na verdade, tal instituto restringe-se ao âmbito de atuação de seu mandato, ou seja, a crimes que atinjam bens ou interesses estaduais ou distritais, já que essa garantia constitucional qualifica-se como condição e instrumento de independência do Poder Legislativo local”.Prossegue dizendo que “O constituinte originário, ao inserir a norma do art. 27, § 1º, na Constituição Federal não pretendeu que essa imunidade fosse ampla, podendo ser invocada em face de crimes cometidos por parlamentar estadual que atinjam bens ou interesses da União, mas que tenham limite no âmbito de sua representação política!”.Acresce que esse entendimento teria sido, inclusive, sumulado pela Suprema Corte, “dando origem à Súmula n. 3, que, embora em desuso, não foi cancelada”, sendo esse o seu teor: “A imunidade concedida a Deputados Estaduais é restrita à Justiça do Estado”.(...)Concessa vênia, não assiste qualquer razão ao Ministério Público Federal, porquanto a matéria questionada encontra-se resolvida por texto constitucional expresso, como destacado, aliás, pelo v. acórdão injustamente impugnado.Como ressabido, dentre as prerrogativas de caráter político-institucional irrenunciáveis que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu em defesa da independência do Poder Legislativo e dos que

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o integram, seja no âmbito federal, seja no âmbito estadual ou distrital, destaca-se o instituto da imunidade parlamentar, que se projeta em duas dimensões de induvidoso relevo jurídico, com a seguinte configuração após a edição da Emenda Constitucional nº 35/2001:- A primeira, de natureza material (imunidade parlamentar material), a consagrar a inviolabilidade dos membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas Estaduais e da Câmara Legislativa do Distrito Federal, por suas opiniões, palavras e votos (art. 53, caput, c/c os arts. 27, § 1º, e 32, § 3º, todos da Constituição Federal); e- A segunda, de caráter formal (imunidade parlamentar formal), a gerar o estado de relativa incoercibilidade pessoal dos membros do Poder Legislativo Federal, Estadual e Distrital (freedom from arrest), pelo que só poderão eles sofrer prisão provisória ou cautelar numa única e singular hipótese: situação de flagrância em crime inafiançável (art. 53, § 2º, c/c os arts. 27, § 1º, e 32, § 3º, todos da Constituição Federal).Esse, aliás, é o entendimento desde sempre proclamado pelo Supremo Tribunal Federal – Corte incumbida de dizer de forma terminante o direito constitucional (art. 102, I, a e III, a, b e c e § 1º da CF) -, como se vê do julgamento de questão incidente do Inquérito nº 510-DF, de que foi relator perante o Plenário o eminente Ministro CELSO DE MELLO.Assim, ao proferir o voto condutor do aresto unânime da Suprema Corte naquela questão incidental, destacou o em. relator, em comentário ao art. 53 da Constituição Federal, que as “prerrogativas de caráter político-institucional que inerem ao Poder Legislativo e aos que o integram” são irrenunciáveis e consubstanciam tradição consolidada “ao longo da evolução de nossa história constitucional republicana (CF de 1891, arts. 19/20; CF de 1934, arts. 31/32; CF de 1937, arts. 42/43; CF de 1946, arts. 44/45; CF de 1967, art. 34; CF de 1969, art. 32; CF de 1988, art. 53)” – RTJ 135/509-515.É certo que, na vigência da Constituição Federal de 1946 (arts. 44 e 45), sob cuja vigência o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula nº 3, essas prerrogativas de caráter político-institucional só alcançavam o Poder Legislativo Federal, vale dizer, os Deputados Federais e os Senadores da República. Daí porque as Constituições estaduais cuidaram de estabelecer, em prol dos Deputados Estaduais, prerrogativas idênticas às instituídas pela Constituição Federal em prol dos Parlamentares Federais.De conseqüência, enquanto vigeu esse modelo, a Suprema Corte sempre entendeu que as prerrogativas político-institucionais instituídas pelas Constituições estaduais em favor dos Deputados às Assembléias Legislativas Estaduais se limitavam ao âmbito dos próprios Estados, como adverte ROBERTO ROSAS em seu consagrado Direito Sumular(...)Não é o que ocorre com o advento da Constituição Federal de 1988 que, em seus arts. 27, § 1º, e 32, § 3º, determinou expressamente que se aplicam aos Deputados Estaduais e aos Deputados Distritais “as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos ...”, revogando com isto a Súmula nº 3 do Supremo Tribunal Federal, editada à época em que as inviolabilidades e imunidades daqueles agentes políticos decorriam das Constituições estaduais.Bem por isso, e com absoluta razão, a eg. Quinta Turma do STJ invocou como aplicável à espécie o aresto unânime com que o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou a questão incidente no Inquérito nº 510-DF, de que foi relator o em. Ministro CELSO DE MELLO, tendo por objeto as prerrogativas político-institucionais asseguradas aos parlamentares pela Constituição Federal (art. 53, § 2º). Não poderia ser diferente, já que a própria Constituição Federal manda aplicar essas prerrogativas aos Deputados Estaduais e aos Deputados Distritais (arts. 27, § 1º e 32, § 3º).Essa também é a conclusão de ROBERTO ROSAS, ao concluir seus comentários sobre a Súmula nº 3 do STF: “A Constituição de 1988 manda aplicar as suas regras sobre imunidade aos deputados estaduais (art. 27, § 1º); logo, ampliou as imunidades, além dos limites da Súmula” (ob. cit., pág. 13).”É o relatório.Voto: A questão impõe algumas considerações, que trouxe ao Plenário no Inq 316, Néri, 11.12.91, DJ 28.9.01, cujo julgamento, contudo, não se concluiu, dado que, antes de seu término, cessara a competência do Tribunal.IExtrato do voto que então proferi, que se referia a Deputado Estadual:Certo, ao tempo do fato, e cuidando-se de um Deputado Estadual — além de a Constituição do Paraná ainda excluir, então, do âmbito da inviolabilidade, os crimes contra a honra (art. 12) — as imunidades parlamentares, segundo se assentou na Súmula 3, não eram oponíveis à jurisdição federal, incluída, a da Justiça Eleitoral.Todavia, estou em que a situação se inverteu, sob ambos os prismas, com o advento da Constituição

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de 1988 (art. 27, § 1º) que, ela própria, tornou aplicáveis, sem restrições aos das Assembléias Legislativas dos Estados, as normas sobre imunidades parlamentares dos integrantes do Congresso Nacional.Convenci-me de que a tese da Súmula 3 ficou efetivamente superada com a inovação constitucional, que não tem precedentes no texto das anteriores Constituições da República.É sabido, aliás, que, no Brasil, curiosamente, no tema das imunidades parlamentares, a Federação, com a autonomia dos Estados-membros, acabara — segundo a jurisprudência vitoriosa da Corte —, por situar os deputados estaduais em situação mais precária que a dos membros das Assembléias Provinciais do Império unitário.A esses últimos, com efeito, o Ato Adicional de 1834 fizera “invioláveis pelas opiniões que emitirem no exercício de suas funções” (art. 21): e a imunidade sobreviveu à sístole centralizadora da Lei de Interpretação de 1840.Deu-se que, na República, na linha do modelo norte-americano, a Constituição de 1891 calou sobre as imunidades dos deputados estaduais: silêncio que, até 1988, os sucessivos documentos constitucionais mantiveram.A omissão das Constituições Federais alimentou polêmica revivida sob cada uma delas (cf. para a resenha das questões suscitadas a propósito, v.g., Barbosa Lima Sobrinho, As Imunidades dos Deputados Estaduais, ed. Rev. Br. Est. Políticos, BH, 1966, 79 ss.; Raul Machado Horta, Imunidades Parlamentares, Rev. Inf. Legislativa, 16/41,57; J. Flósculo da Nóbrega, “As imunidades Parlamentares e as Constituições Estaduais, Rev. Forense, 115/32; Antônio E. Caccuri, “Imunidades Parlamentares”, Rev. Inf. Legislativa, 75/45,65).Poucos, é certo, são os que extraíram, da mudez constitucional a respeito, a inadmissibilidade da concessão de quaisquer imunidades aos parlamentares estaduais (v.g., Flósculo da Nóbrega, ob. loc. cits.,; Antônio E. Caccuri, ob. loc. cits.).No extremo oposto, vozes autorizadíssimas defenderam que as imunidades, porque inerentes ao livre exercício do mandato legislativo, e, pois, essencial à independência do Poder, constituiam princípio constitucional de observância compulsória no regime de poderes do Estado-membro (v.g., Ruy Barbosa, apud Leitão de Abreu, RTJ 95/107; Carlos Maximiliano, “Comentários à Constituição Brasileira, 1928, p. 301; Castro Nunes, As Constituições Estaduais no Brasil, 1922, p. 27).No início da República, essa doutrina prevaleceu na jurisprudência da Corte, como testemunhado por Pires e Albuquerque, ainda Juiz Federal, em despacho publicado na RFor. XXV/124:“Em uma longa série de acórdãos, entre os quaes o que foi proferido nesta própria causa e se encontra a fls. dos autos, o Egrégio Supremo Tribunal tem firmado o princípio de que são obrigatórias para a Justiça Federal, quando haja de processar e julgar os representantes dos poderes políticos estadoaes, as normas estabelecidas nas respectivas constituições para regular a matéria das immunidades.Tem-se entendido mesmo que estas immunidades, constituindo um systema destinado a assegurar a independência recíproca dos três órgãos da soberania, interessam de tal sorte a essencia do regimen que não é lícito aos Estados, em face do art. 63, omittil-as nas suas organizações”Confiram-se alguns julgados dessa primeira fase (HC 3.513, 4.4.14, M Murtinho, RFor. XXII/304; HC 4.522, 11.5.18, Coelho e Campos, RFor. XXXII/189; HC 16.246, 18.9.25, Viveiros de Castro, RFor. XLVIII/408, estes, já concedido, com a soma de outros fundamentos, dada a dispersão dos votos majoritários).Posteriormente, contudo, ainda antes de 1930, a orientação da Casa mudou de rumo, para reputar não automática a extensão aos parlamentares estaduais do modelo federal, ainda que legítima a decisão autonômica do constituinte local, que o imitasse total ou parcialmente.Não obstante a tese da compreensão extensiva aos Estados do regime federal de imunidades parlamentares continuasse a ter, na Casa, votos do maior peso — assim Hermenegildo de Barros (Arch. Jud., II/414; Viveiros de Castro, RFor XLVIII/409; Castro Nunes, RFor., 120/213, 216; Anibal Freire, RFor. 120/213, 224; RDA 17/215,224) e sobretudo Hahnemann Guimarães (RFor. 120/213, 214ss.; RDA 17/215, 221) — o certo é que a tese intermediária referida — que começa a afirmar-se com voto vencido de Pedro dos Santos, no HC 16.246 (RFor. XLVIII/409) — subsistiu incólume, desde a virada da jurisprudência — situada por Raul Machado Horta (ob. loc. cits., p. 79) no RCr 552, de 9.7.26, Heitor de Souza (Arch. Jud., II/414) — até o regime constitucional decaído de 69 (v.g., HC 29.866, 27/8/47, Ribeiro da Costa, RDA 17/215 e Arch Jud., LXXV/481). Já quase ao final dele — embora contra quatro votos, que se punham na linha de Hahnemann — Décio Miranda, Cunha Peixoto, Xavier de Albuquerque e Leitão de Abreu, o último, com voto sem favor antológico (RTJ 95/96, 104) —, o Tribunal a reafirmou - HC 57.173, 24.10.79, Cordeiro Guerra, RTJ 95/96: à base de que a “imunidade dos deputados federais não é automaticamente deferida aos deputados estaduais”, a maioria negou que devesse aproveitar, a membros de Assembléia Legislativa, a EC 11/78, que

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cancelara, do art. 32 da Carta de então, a cláusula que excluía os crimes contra a honra do âmbito da imunidade material dos congressistas.Ora — aqui o ponto fundamental no caso presente —, estreita é a conexão entre essa premissa central e o assentado na Súmula 3, a teor da qual “a imunidade concedida a deputados estaduais é restrita à Justiça do Estado”.Certo, jurista de grande e merecida autoridade, Raul Machado Horta (ob. loc. cits.) dissocia os dois problemas: malgrado entender que “Os dispositivos sobre imunidades, nas Constituições Estaduais, dispõem da natureza de normas autônomas em relação às quais “não ocorre vinculação obrigatória entre Constituição Federal e Constituição Estadual” (Rev. cit., 16/58)- até aí, pois, conforme à jurisprudência do STF —, dela dissente o renomado mestre de Minas para sustentar que, uma vez asseguradas nas Constituições locais, “As imunidades dos Deputados Estaduais, decorrendo do exercício de competência constitucional do Estado-membro, sem afronta aos princípios da Constituição Federal, são, portanto, oponíveis às autoridades federais”(Rev. cit., 16/63).Sob a ótica da jurisprudência da Corte, entretanto, a inoponibilidade à jurisdição da União das imunidades do deputado estadual, depois consagrada na Súmula 3, sempre esteve, histórica e logicamente, vinculada à premissa de não constituírem elas decorrência da Constituição Federal, mas, sim, de decisão autônoma do constituinte local, por isso, sem força bastante para criar embaraço ao exercício da competência constitucional dos poderes centrais.Assim, é clara a associação entre a doutrina da sua fonte local e o alcance limitado das imunidades dos deputados estaduais na interpelação de Pires e Albuquerque, à época em que se firmava a mudança do entendimento do Tribunal (apud Barbosa Lima Sobrinho, ob. cit., p. 92):“Admitis que uma Lei ordinária, que uma Constituição ou uma Lei local tenha poder de subtrair da jurisdição do Poder Judiciário Federal, nos casos de sua competência constitucional, outras pessoas, além daquelas que a Própria Constituição excetuou? Admitis que uma Lei ordinária, uma Constituição ou Lei estadual possa subordinar o exercício da função jurisdicional do Poder Judiciário Federal ao cometimento de uma autoridade federal ou local?”.Também em Muniz Barreto fica clara a conexão entre os dois problemas, na passagem do RecCr 427, também citada por Barbosa Lima Sobrinho (ob. cit., p. 92), quando se reafirmava que, tratando-se “de crime sujeito constitucionalmente à jurisdição do Judiciário Federal e qualquer que seja o lugar em que a infração haja ocorrido esse órgão da soberania nacional não pode ter a lhe estorvar a função julgadora dispositivo de lei estadual, ainda que emanada de autoridade constituinte ...”.Tempos depois, no HC 30.256, de 20.4.48, o voto de Orozimbo Nonato demonstrava como o seu dissenso com Hahnemann, quanto à premissa da fonte da imunidade dos legisladores locais, é que levava à conseqüência de negar-lhes eficácia em relação à Justiça Federal (RFor. 120/213, 223):“... a imunidade parlamentar, - encontra entre os publicistas calorosos elogistas e pindarizadores (...).Não o tenho a esse privilégio, como conseqüência necessária do princípio da harmonia e independência dos poderes, embora ele se explique e justifique amplamente.Estou plenamente convencido de que se trata de um princípio natural ao regime sem alçar-se, porém, logicamente, a categoria de necessário, virtual ou implícito.Deve constar, pois, como no art. 45 da Constituição, do texto legal e expresso. Sem a sua tradução em texto de lei, não existiria por derivação necessária do sistema constitucional. O eminente Sr. Ministro HAHNEMANN GUIMARÃES, cujo luminoso voto suscitou a elevada réplica do preclaro Sr. Ministro CASTRO NUNES, coloca o problema em outros termos. Entende S. Excia, que essa imunidade é, por assim dizer, adesa ao exercício do mandato legislativo e em todos os seus ramos, em todas as suas manifestações, assim na vida federal, como na vida estadual e até na vida municipal.Guardo, nesse particular, pesarosamente, divergência “ex diametro”, quando S. Excia. entende que se trata de privilégio que resulta necessariamente do regime.Ora, o art. 45 só atribuiu, especificamente, ao Congresso Nacional essa imunidade, conferindo-a desde a expedição do diploma, até a inauguração, da legislatura seguinte. Não ampliou, entretanto, o privilégio aos deputados estaduais, sequer, e muito menos ainda aos vereadores, que fazem obra de legislação através de dispositivos de âmbito simplesmente municipal.Já se admitiu que as Constituições estaduais, possam também outorgar a imunidade aos deputados estaduais. Mas, este colégio judiciário já decidiu, aliás com brilhantes votos divergentes, que essa imunidade não se alteia até a órbita dos poderes federais, não assoberba a atividade dos órgãos federais. Contra os votos de eminentes colegas, foi assim, deliberado e, a meu ver, e, “data venia”, dos que votaram de modo contrário, com acerto, em face dos motivos enunciados”.No pólo oposto, também os votos de Hahnemann Guimarães deixam explícito que a extensão que empresta às imunidades a todas as órbitas da Federação parte do pressuposto de que elas são corolário essencial do regime, como estruturado pela própria Constituição Federal. Recorde-se, no HC 29.866 - em que a questão era exatamente a oponibilidade das imunidades de um Deputado Estadual

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à Justiça Militar da União, negada pela maioria - essa passagem de meridiana clareza do seu voto vencido (Arch. Jud. LXXXV/481, 487):“Trata-se é de verificar se a disposição do art. 45 deve ou não ser estendida aos representantes estaduais. Trata-se de uma interpretação extensiva.Ainda não existisse a disposição do art. 17 da Constituição Mineira, a mim se afigura que era indiscutivelmente devida aos deputados a garantia estabelecida no art. 45 para os membros das Casas do Congresso Nacional. Trata-se de uma interpretação extensiva apenas. A garantia que o art. 45 outorga é uma garantia para o exercício da função legislativa. Esta, quer exercida na Câmara dos Deputados, quer no Senado, quer na Assembléia Legislativa, é a mesma. Exerce-se o mesmo poder. O poder é o mesmo, essencialmente. Não há diferença qualificativa quanto à função legislativa exercida nas Casas do Congresso Nacional e a função legislativa exercida nas Assembléias estaduais. A função é a mesma, essencialmente. Quantitativamente, pode ser diversa.Ora, se a Constituição confere à função legislativa a imunidade contra a prisão, contra o processo, nos termos do art. 45; se esta imunidade é a garantia do exercício do próprio Poder Legislativo, porque não se há de conceder este privilégio aos membros do Poder Legislativo estadual por uma interpretação extensiva, que se impõe até de acordo com a tradição do nosso Direito, que vem desde os primeiros ímpetos da descentralização, já sentida durante o próprio Império?”De tudo isso, creio lícito afirmar que a doutrina da Súm. 3 tem por suporte necessário que o reconhecimento aos deputados estaduais das imunidades dos congressistas, desde o primeiro sistema republicano, não derivava necessariamente da Constituição Federal, mas decorreria de decisão autônoma do constituinte local.Se, ao contrário, na Constituição de 1988, por mandamento explícito do art. 27, § 1º, aos deputados estaduais se aplicam as regras, nela contidas, sobre imunidades dos membros do Congresso Nacional, a conseqüência é inelutável: a Súmula 3, que era um corolário, há de cair por força do desaparecimento da premissa constitucional de que derivava.Um apelo ao direito comparado reforça a conclusão. Uma única constituição federal precedeu a brasileira vigente na declarada extensão das imunidades ao Legislativo dos Estados-membros, a Constituição de Weimar (arts. 36 a 38). Esse dispositivo - testemunha Alcino Pinto Falcão (“Da Imunidade Parlamentar”, p. 61, apud Barbosa Lima Sobrinho, ob. cit., p. 84) - “vinculava as autoridades federais e as dos outros Estados, todas devendo aos deputados do Estado particular um tratamento correspondente ao dos deputados federais. Ambas as Constituições em vigor, hoje, na dividida Alemanha, silenciam sobre os deputados estaduais. Daí as respectivas Constituições dos diversos Laender consignarem, em termos particulares e nem sempre iguais, imunidades para os respectivos deputados. A validade dessas imunidades é reconhecida” - conclui, “mas o seu âmbito de eficácia e contra quem eficazes é que dá margem à dúvida”.A evolução brasileira tomou o caminho inverso. Na Alemanha, o silêncio da Lei Fundamental de Bonn tornou problemática a solução que o texto expresso de Weimar fazia indiscutível; aqui, ao contrário, a mesma controvérsia gerada pela omissão das cartas anteriores - e resolvida, na jurisprudência, pela Súmula 3 -, ficou superada com a norma de extensão aos estaduais das imunidades dos parlamentares federais, que induz agora à resposta contrária à daquela orientação jurisprudencial.IIFinalmente, não tenho dúvida de que a inovação constitucional traduz lei penal mais favorável ao acusado, de conseqüente eficácia retroativa, de modo a cobrir o fato anterior com o manto da imunidade material.Certo, ainda não se entenderam os penalistas quanto à natureza jurídica da inviolabilidade parlamentar. O Prof. Antônio Edwing Caccuri, da Universidade de Londrina, dá resenha precisa da divergência doutrinária (ob. cit., Rev. Inf. Leg., 73/54):“Controverte-se bastante sobre a natureza jurídica da imunidade material. PONTES DE MIRANDA, NELSON HUNGRIA e JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO entendem-na como uma causa excludente de crime e, semelhantemente, BASILEU GARCIA, como causa que se opõe à formação do crime; HELENO CLÁUDIO FRAGOSO considera-a causa pessoal de exclusão de pena; DAMÁSIO DE JESUS, causa funcional de exclusão ou isenção de pena; ANÍBAL BRUNO, causa pessoal e funcional de isenção de pena; VICENTE SABINO JÚNIOR, causa de exclusão de criminalidade; MAGALHÃES NORONHA, causa de irresponsabilidade; JOSÉ FREDERICO MARQUES, causa de incapacidade penal por razões políticas”.

Não importa aqui tomar posição na polêmica: seja qual for a natureza da inviolabilidade - excludente da própria criminalidade do fato, da responsabilidade do agente ou da simples punibilidade do crime -, o certo é que, na medida em que incide sobre as conseqüências penais de um fato típico, para excluí-las, em relação ao denunciado: cuida-se, pois, de norma penal nova e mais favorável, o que leva à extinção da punibilidade, tomada a abolitio criminis, no art. 107, III, C. Penal, com o sentido

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lato que o art. 5º, XL, da Constituição Federal impõe.(...).”IIIPelos mesmos fundamentos, Sr. Presidente, considerando superada a Súmula 3, e com base no art. 53, § 2º c/c os arts. 27, § 1º, e 32, § 3º, da Constituição, nego provimento ao recurso: é o meu voto.* acórdão pendente de publicação**nome suprimido pelo Informativo

ADPF e Princípio da Subsidiariedade (Transcrições)ADPF 76/TO*

RELATOR: MINISTRO GILMAR MENDESDECISÃO: Trata-se do pedido de Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental no 76-TO,

ajuizado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. A ADPF funda-se em suposta violação, pelo Tribunal de Justiça do Estado de Tocantins (TJTO), da previsão do “quinto constitucional” constante do art. 94 e parágrafo único, da Constituição Federal, e do art. 47, inciso II, da Constituição tocantinense. A inicial (fls. 2-21) narra que: “2.1.1 Quando o Tribunal de Justiça do Tocantins se instalou, contava com (07) Desembargadores, dentre os quais, segundo os critérios de provimento então adotados, abrigava dois integrantes do quinto Constitucional, no caso, os Desembargadores Antonio Felix Gonçalves e Amado Cilton Rosa, representantes dos Advogados e do Ministério Público, respectivamente.2.1.2 Outrossim com o advento da Lei Complementar n. 16, de 13 de novembro de 1998, foram criadas quatro (04) vagas, as quais foram destinadas somente a integrantes da magistratura, passando, contudo, de sete (07) Desembargadores para onze (11) a composição do Tribunal de Justiça do Tocantins, sendo o Desembargador Luiz Aparecido Gadotti, o décimo primeiro nomeado, o qual exercia a função de Juiz de Direito na comarca de Colinas do Tocantins.2.1.3. A nomeação do Desembargador Luiz Aparecido Gadotti foi respaldada no parágrafo único do artigo 75, da Lei Orgânica da Magistratura Tocantinense (Lei Complementar n. 10/1.996), a qual permitia que o Juiz de Direito que figurasse dentro do quinto das vagas existentes na 3ª. Entrância pudesse concorrer ao Tribunal. Antes, poderiam figurar na lista apenas os que estivessem no quinto das vagas ocupadas, e não das existentes.2.1.4 Embora o Magistrado Luiz Aparecido Gadotti estivesse fora do quinto convencional (ou seja, entre os 20% dos juízes de 3ª Entrância em atividade) foi contemplado nesse chamado ‘quinto fictício’. Essa situação, levou a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) a ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.970/99, questionando a constitucionalidade do parágrafo único do art. 75, da Lei Orgânica da Magistratura Tocantinense (Lei Complementar n. 10, de 11 de janeiro de 1996).2.1.5. O Relator da multicidada Ação Direta de Inconstitucionalidade - Ministro Nelson Jobim -, após ouvir a Assembléia Legislativa e o Governador do Estado do Tocantins, levou o assunto ao Plenário, e o Supremo Tribunal Federal, em 1º de julho de 1999, por unanimidade, deferiu o pedido de liminar, para suspender, até decisão final da ação direta, a eficácia do parágrafo único do art. 75, da Lei Complementar n. 10, de 11/1/1996, com a redação dada pelo art. 1º, da Lei Complementar n. 16, de 13/11/1998.(...)2.1.7 ... . Neste meio tempo, foi revogada a Lei que acrescentara o parágrafo único ao art. 75 da Lei Complementar n. 10, e o Presidente da Assembléia Legislativa comunicou o fato ao Supremo Tribunal Federal, requerendo que não fosse julgado o mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade, requerimento esse acatado pelo Ministro Relator, pois o pedido estava prejudicado por perda de objeto (a Lei questionada não existia mais).” (fls. 6/9)(...)[E continua, a argüente:]2.3.1 Até a vigência da Lei Complementar Estadual nº 34/2002, o quadro do egrégio Tribunal de Justiça do Tocantins manteve-se com onze (11) Desembargadores. Com o advento da referida Lei Complementar foi criada nova vaga, desaguando no provimento da 3ª vaga pelo quinto constitucional.(...)

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2.3.3 O Tribunal de Justiça do Tocantins, por ato arbitrário e informal da sua Presidência (anexo IV) em 11/11/02, ‘deu’ ao MPE a 12ª vaga da Lei Complementar nº 34, com a qual alcançou doze (12) integrantes. Também informalmente, isto é, sem convocação e sem candidaturas, conforme registro da ata própria, em 12.11.02, portanto em um dia, o MP fez a lista sêxtupla que resultou na nomeação da Procuradora Geral da Justiça, Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa, em 14/11/02, por ato do Governador do Estado do Tocantins, este aqui também questionado.” (fls. 10-11).Em primeiro lugar, cabe esclarecer que a nomeação do Desembargador LUIZ APARECIDO GADOTTI foi realizada com base no parágrafo único, do art. 75, da Lei Orgânica da Magistratura Tocantinense (Lei Complementar Estadual no 10-TO, de 11 de janeiro de 1996, com a redação dada pelo art. 1o, da Lei Complementar Estadual no 16-TO, de 13 de novembro de 1998).Relativamente à referida Lei Orgânica, em 18 de março 1999, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade no 1.970-TO, Rel. Min. Nelson Jobim. Na espécie questionava-se a constitucionalidade do parágrafo único, do art. 75, na redação conferida pela Lei Complementar no 16/1998-TO, sob o fundamento de que o dispositivo violaria o art. 93, II, b, da CF (“a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;”)O Plenário deste Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, em sessão de 1o de julho 1999, deferiu o pedido de liminar para suspender, até decisão final da ação direta, a vigência do parágrafo único, do art. 75, da Lei Complementar no 10/1996-TO, com a redação dada pelo art. 1o, da Lei Complementar no 16/1998-TO. Eis o teor da ementa: “EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MAGISTRATURA. PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. CARACTERIZADA A PERTINÊNCIA TEMÁTICA DA REQUERENTE. CRITÉRIO ESTABELECIDO NA LEI QUE VIOLA O ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RISCO NA DEMORA. LIMINAR DEFERIDA.” (ADI nO 1.970-TO, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 18.02.2000) Na ocasião do deferimento da liminar, manifestou-se o Eminente Min. Relator, Min. Nelson Jobim, no seguinte sentido: “Leio, na inicial a determinação de considerar-se o número total dos cargos para cálculo de primeira quinta parte da lista de antigüidade, vai de encontro ao que dispõe o artigo 93, II, b, da Constituição da República (aplicável aos casos de acesso aos tribunais de segundo grau, por força do inciso III do mesmo artigo), que apenas se refere a lista de antigüidade dos juizes que integram a entrância:... a Constituição ... não se refere ao total de cargos na entrância, mas apenas a lista de antigüidade, que ... é composta ... pelos Magistrados com exercício na entrância e não pelos cargos, ocupados ou vagos, que ela possa comportar.‘Lista de antigüidade, por significar relação de pessoas (Aurélio, Novo Dicionário), não pode relacionar-se ao número de cargos, mas sim ao número de Magistrados na entrância. Em verdade, o vocábulo lista, no caso, ‘é empregado na terminologia jurídica para exprimir toda relação, rol ou catálogo de coisas ou de pessoas, que aí se anotam ou se inscrevem para a satisfação de uma regra ou exigência legal’ (Vocabulário Jurídico, De Plácido e Silva, p. 99). Tem-se, portanto, que em hipótese nenhuma lista de antigüidade pode confundir-se com número de cargos” (fls. 3/4)O precedente referido nas informações (Adin 189) não tratou da questão.Reconheceu-se, por maioria, a inconstitucionalidade de regra de Resolução do Tribunal Carioca relativa à ‘utilização do critério de ordem temporal (antigüidade na entrância) como fator de desempate nas promoções por merecimento’.Concede-se liminar havendo robusta plausibilidade do direito alegado.É o caso.O risco pela mora é evidente.Poderá haver promoções com base na regra atacada.Concedo a liminar.Suspendo a eficácia do parágrafo único do artigo 75 da Lei Complementar n° 10, de 11/01/96, com a redação da LC n° 16, de 13/11/98, do Estado do Tocantins.” Posteriormente, a Lei Complementar no 16/1998-TO foi revogada pela Lei Complementar Estadual no 26/2000-TO, de 20 de dezembro de 2000. Diante dessa revogação, o Ministro Relator, Min. Nelson Jobim, declarou o prejuízo do pedido da ADI no 1.970-TO por perda superveniente de objeto, em decisão monocrática de 04.03.2001 (DJ de 27.04.2001). Eis o teor do referido ato decisório: “1. Os Fatos. A Associação dos Magistrados Brasileiros propôs a presente ação para que fosse declarada a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 75 da LC 10/96, com a redação dada pelo art. 1º da LC 16/98, ambas do Estado do Tocantins. Transcrevo: ‘Art. 75. .............................. Parágrafo único. Na promoção pelo critério de merecimento, para a fixação da primeira quinta parte da lista de antigüidade, considerar-se-á o número total de cargos da entrância.’ Em sessão plenária

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de 01 de julho de 1999, este Tribunal: ‘... por unanimidade, deferiu o pedido de medida liminar, para suspender, até a decisão final da ação direta, a eficácia do parágrafo único do art. 75 da Lei Complementar nº 10, de 11/01/1996, com a redação dada pelo art. 1º da LC nº 16, de 13/11/1998, ambas do Estado de Tocantins...’ (fls. 187). O acórdão foi publicado em 18 de fevereiro de 2000. A Requerida, Assembléia Legislativa do Estado do Tocantins, traz aos autos Diário Oficial daquele Estado, de 20 de dezembro de 2000. Nele foi publicada a Lei Complementar nº 26/2000. ‘Art. 3º. Revoga-se o parágrafo único do artigo 75 da Lei Complementar 10, de 11 de janeiro de 1996’ (fls. 208). Em face disso, requer que seja julgada prejudicada a presente ação. 2. Decido. A revogação ao texto questionado na presente ADIN foi expressa. Este Tribunal já se manifestou em casos semelhantes: ‘... ocorrendo a revogação superveniente da norma atacada em ação direta, esta perde o seu objeto, independentemente de a referida norma ter, ou não, produzido efeitos concretos.’ (ADI 2097, MOREIRA ALVES). ‘REVOGAÇÃO DA LEI ARGÜIDA DE INCONSTITUCIONAL. Prejudicialidade da ação por perda do objeto. A revogação ulterior da lei questionada realiza, em si, a função jurídica constitucional reservada à ação direta de expungir do sistema jurídico a norma inquinada de inconstitucionalidade. EFEITOS concretos da lei revogada, durante sua vigência. Matéria que, por não constituir objeto da ação direta, deve ser remetida às vias ordinárias. A declaração em tese de lei que não mais existe, transformaria a ação direta em instrumento processual de proteção de situações jurídicas pessoais e concretas. Ação direta que, tendo por objeto a Lei 9.048/89 do Estado do Paraná, revogada no curso da ação, se julga prejudicada.’ (ADIMC 709, PAULO BROSSARD - GRIFO NOSSO). Ainda: ADI’s 648 e 818, NERI DA SILVEIRA. Em face do exposto, julgo prejudicada a ação, por perda do objeto (RISTF, art. 21, §1º). Arquive-se. Uma vez esclarecida a situação legislativa relativa ao ato concreto de nomeação do Desembargador LUIZ APARECIDO GADOTTI, é necessário tecer outras considerações quanto à nomeação da Desembargadora JAQUELINE ADORNO DE LA CRUZ BARBOSA.Com a edição da Lei Complementar Estadual no 34-TO, de 5 de novembro de 2002, foi criada nova vaga no TJTO.Em princípio, a 3ª vaga deveria ser preenchida pelo quinto constitucional.Assim, tendo em vista a possibilidade da nomeação tanto de um representante da advocacia, como de representante do Ministério Público, o TJTO, por ato de sua Presidência, indicou para o Governador do Estado que a nomeação deveria ser realizada em favor do Parquet. Como resultado, o Governador nomeou a então Procuradora-Geral de Justiça e atual Desembargadora JAQUELINE ADORNO DE LA CRUZ BARBOSA.Com relação à impugnação judicial desse ato, a partir das informações e dados constantes da inicial, observo que não houve o ajuizamento de qualquer ação apta a discutir a legalidade desse segundo ato concreto de nomeação por parte da Ordem dos Advogados do Brasil ou de qualquer outra entidade legitimada para tanto.Configurada a situação concreta sob análise, passo à análise da admissibilidade do presente pedido.De acordo com os arts. 2o, I, da Lei no 9.882/1999, e 2o, VII, da Lei no 9.868/1999, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil é legitimado para propor a presente argüição de descumprimento de preceito fundamental. A presente ação impugna a regularidade da nomeação de dois desembargadores que, atualmente, compõem o TJTO: i) a do Desembargador LUIZ APARECIDO GADOTTI; e ii) a da Desembargadora JACQUELINE ADORNO DE LA CRUZ BARBOSA, pelo Governador do Estado de Tocantins. Considerada essa premissa, urge tecer algumas considerações sobre o cabimento da argüição de descumprimento de preceito fundamental.Tal como a Lei no 9.868/1999, a Lei no 9.882/1999 estabelece que a petição inicial deve conter: a) a indicação do preceito fundamental que se considera violado; b) a indicação do ato questionado; c) a prova da violação do preceito fundamental; d) o pedido com suas especificações e, se for o caso; e) a demonstração da controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental questionado.O alegado preceito fundamental supostamente violado (item “a”) é o disposto no art. 94 e parágrafo único, da Constituição Federal.O ato questionado, em síntese (item “b”), é a nomeação de dois desembargadores que, atualmente, compõem o Tribunal de Justiça de Tocantins: Desembargador Luiz Aparecido Gadotti e Desembargadora Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa.Conforme já afirmado, o preceito fundamental alegadamente violado (item “c”) é o art. 94 e parágrafo único, da Constituição Federal. Trata-se de alegado desrespeito ao princípio do “quinto constitucional” na nomeação dos dois citados desembargadores para o TJTO.Todavia, para a comprovação de tal violação, não será suficiente a simples indicação de uma possível afronta à Constituição, devendo caracterizar-se, fundamentadamente, a violação de um princípio ou

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elemento básico.Cabe aqui questionar se o dispositivo contido no art. 94 e parágrafo único da Constituição Federal, o “quinto constitucional”, trata-se de elemento ou princípio básico da Constituição.Um juízo mais ou menos seguro sobre a lesão de preceito fundamental consistente no “quinto constitucional” exige, preliminarmente, a identificação da conformação dessa categoria na ordem constitucional e, especialmente, das suas relações de interdependência.Também se faz indispensável fundamentar o pedido em relação a cada uma das impugnações (item “d”), quais sejam (fls. 19/20): “a) que seja LIMINARMENTE suspensa a eficácia dos atos questionados, representados estes pelo ato de nomeação do Des. Luiz Aparecido Gadotti e da Des. Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa, bem como do ofício do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins à Procuradoria Geral de Justiça, pela lista tríplice e pelo Ato n. 899 - NM, do Governador do mesmo estado, determinando a imediata disponibilidade do desembargador LUIZ APARECIDO GADOTTI, o qual na qualidade de Magistrado fora nomeado na décima-primeira (11ª) vaga destinada ao quinto constitucional pertencente a membro da Advocacia, e por conseguinte,seja colocada em disponibilidade, também, a Desembargadora Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa, a qual fora nomeada na décima-segunda (12ª) vaga pertencente a integrante da Magistratura, sendo, portanto, suas nomeações eivadas de inconstitucionalidade;b) Requer, ainda, seja julgada procedente a presente ação de Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, com a concessão de medida liminar, no sentido de determinar que a OAB/Tocantins elabore a lista sêxtupla;c) Finalmente, no mérito, requer seja julgada procedente a ação de Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, no sentido de anular o ATO DE NOMEAÇÃO do Dês. LUIZ APARECIDO GADOTTI, ou seja, tornar sem efeito o Decreto Judiciário n. 261/98, publicado no Diário de Justiça n. 652, em 18/11/1998, bem ainda o Ato n. 899 - NM do Governador do Estado do Tocantins, publicado no Diário Oficial do Estado do Tocantins n. 1.316, em 14/11/2002 que nomeou a Procuradora de Justiça do Tocantins, Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa para o cargo de Desembargador criado pela lei Complementar n. 34/002.” (fls. 19/20) Com relação ao aspecto da demonstração da controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental questionado (item “e”), a argüente suscita, tão-somente, a inexistência de outro meio eficaz.Nesse particular, o desenvolvimento do princípio da subsidiariedade, ou da idéia da inexistência de outro meio eficaz, dependerá da interpretação que o STF venha a dar à lei. A esse respeito, destaque-se que a Lei no 9.882/1999 impõe que a argüição de descumprimento de preceito fundamental somente será admitida se não houver outro meio eficaz de sanar a lesividade (art. 4o, § 1o).À primeira vista, poderia parecer que somente na hipótese de absoluta inexistência de qualquer outro meio eficaz para afastar a eventual lesão poder-se-ia manejar, de forma útil, a argüição de descumprimento de preceito fundamental.É fácil ver que uma leitura excessivamente literal dessa disposição, que tenta introduzir entre nós o princípio da subsidiariedade vigente no direito alemão (recurso constitucional) e no direito espanhol (recurso de amparo), acabaria por retirar desse instituto qualquer significado prático.De uma perspectiva estritamente subjetiva, a ação somente poderia ser proposta se já se tivesse verificado a exaustão de todos os meios eficazes de afastar a lesão no âmbito judicial.Uma leitura mais cuidadosa há de revelar, porém, que na análise sobre a eficácia da proteção de preceito fundamental nesse processo deve predominar um enfoque objetivo ou de proteção da ordem constitucional objetiva. Em outros termos, o princípio da subsidiariedade - inexistência de outro meio eficaz de sanar a lesão -, contido no § 1o do art. 4o da Lei no 9.882/1999, há de ser compreendido no contexto da ordem constitucional global.Nesse sentido, caso se considere o caráter enfaticamente objetivo do instituto (o que resulta, inclusive, da legitimação ativa), meio eficaz de sanar a lesão parece ser aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. No direito alemão, a Verfassungsbeschwerde (recurso constitucional) está submetida ao dever de exaurimento das instâncias ordinárias. Todavia, a Corte Constitucional pode decidir de imediato um recurso constitucional, caso se demonstre que a questão é de interesse geral ou se demonstrado que o requerente poderia sofrer grave lesão caso recorresse à via ordinária (Lei Orgânica do Tribunal, § 90, II).Como se vê, a ressalva constante da parte final do § 90, II, da Lei Orgânica da Corte Constitucional alemã confere ampla discricionariedade tanto para conhecer das questões fundadas no interesse geral (allgemeine Bedeutung), quanto daquelas controvérsias baseadas no perigo iminente de grave

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lesão (schwerer Nachteil).Assim, tem o Tribunal Constitucional admitido o recurso constitucional, na forma antecipada, em matéria tributária, tendo em vista o reflexo direto da decisão sobre inúmeras situações homogêneas (BVerfGE 19/268 (273); BVerfGE 62/338 (342); v. também Schlaich, Klaus. Das Bundesverfassungsgericht, 4a ed., 1997, p. 162). A Corte considerou igualmente relevante a apreciação de controvérsia sobre publicidade oficial, tendo em vista o seu significado para todos os partícipes, ativos e passivos, do processo eleitoral (BVerfGE 62/230 (232); BVerfGE 62/117 (144); Schlaich, cit., p. 162). No que concerne ao controle de constitucionalidade de normas, a posição da Corte tem-se revelado enfática: “apresenta-se, regularmente, como de interesse geral a verificação sobre se uma norma legal relevante para uma decisão judicial é inconstitucional” (BVerfGE 91/93 (106)). No direito espanhol, explicita-se que cabe o recurso de amparo contra ato judicial desde que “se hayan agotado todos los recursos utilizables dentro de la vía recursal” (Lei Orgânica do Tribunal Constitucional, art. 44, I). Não obstante, a jurisprudência e a doutrina têm entendido que, para os fins da exaustão das instâncias ordinárias, “não é necessária a interposição de todos os recursos possíveis, senão de todos os recursos razoavelmente úteis” (Almagro, José. Justicia Constitucional, Comentarios a la Ley Orgánica del Tribunal Constitucional, 2a ed., Valência, 1989, p. 324.).Nessa linha de entendimento, anotou o Tribunal Constitucional Espanhol: “Al haberse manifestado en este caso la voluntad del órgano jurisdicional sobre el mismo fondo de la cuestión planteada, há de entenderse que la finalidad del requisito exigido en el art. 44, 1, ‘a’, de la LOTC se há cumplido, pues el recurso hubiera sido en cualquier caso ineficaz para reparar la supuesta vulneración del derecho constitucional conocido” (auto de 11.2.1981, n. 19 [Almagro, José. Justicia Constitucional, Comentarios a la Ley Orgánica del Tribunal Constitucional, 2a ed., Valência, 1989, p.325]). Vê-se, assim, que também no direito espanhol tem-se atenuado o significado literal do princípio da subsidiariedade ou do exaurimento das instâncias ordinárias, até porque, em muitos casos, o prosseguimento nas vias ordinárias não teria efeitos úteis para afastar a lesão a direitos fundamentais.Observe-se, ainda, que a legitimação outorgada ao Ministério Público e ao Defensor do Povo para manejar o recurso de amparo reforça, no sistema espanhol, o caráter objetivo desse processo.Tendo em vista o direito alemão, Schlaich transcreve observação de antigo Ministro da Justiça da Prússia segundo a qual “o recurso de nulidade era proposto pelas partes, porém com objetivo de evitar o surgimento ou a aplicação de princípios jurídicos incorretos” (Schlaich, Klaus. Das Bundesverfassungsgericht, 4a ed., 1997, p. 184). Em relação ao recurso constitucional moderno, movido contra decisões judiciais, anota Schlaich: “essa deve ser também a tarefa principal da Corte Constitucional com referência aos direitos fundamentais, tendo em vista os numerosos e relevantes recursos constitucionais propostos contra decisões judiciais: contribuir para que outros tribunais logrem uma realização ótima dos direitos fundamentais” (Schlaich, Klaus. Das Bundesverfassungsgericht, 4a ed., 1997, p. 184).Em verdade, o princípio da subsidiariedade, ou do exaurimento das instâncias, atua também nos sistemas que conferem ao indivíduo afetado o direito de impugnar a decisão judicial, como um pressuposto de admissibilidade de índole objetiva, destinado, fundamentalmente, a impedir a banalização da atividade de jurisdição constitucional (Rüdiger, Zuck. Das Recht der Verfassungsbeschwerde, 2.ed. Munique,1988, pp. 13 e ss).Conforme tenho sustentado no âmbito dogmático, no caso brasileiro o pleito a ser formulado pelos órgãos ou entes legitimados dificilmente versará - pelo menos de forma direta - sobre a proteção judicial efetiva de posições específicas por eles defendidas. A exceção mais expressiva reside talvez na possibilidade de o Procurador-Geral da República, como previsto expressamente no texto legal, ou qualquer outro ente legitimado, propor a argüição de descumprimento a pedido de terceiro interessado, tendo em vista a proteção de situação específica.Ainda assim, o ajuizamento da ação e a sua admissão estarão vinculados, muito provavelmente, ao significado da solução da controvérsia para o ordenamento constitucional objetivo, e não à proteção judicial efetiva de situações singulares.Nesse cenário, tendo em vista o caráter acentuadamente objetivo da argüição de descumprimento, o juízo de subsidiariedade há de ter em vista, especialmente, os demais processos objetivos já consolidados no sistema constitucional. Destarte, assumida a plausibilidade da alegada violação ao preceito constitucional, cabível a ação direta de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade, não será admissível a argüição de descumprimento. Em sentido contrário, em princípio, não sendo admitida a utilização de ações diretas de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade - isto é, não se verificando a existência de meio apto para solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata -, há de se entender possível a utilização da argüição de descumprimento de

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preceito fundamental.É o que ocorre, fundamentalmente, nos casos relativos ao controle de legitimidade do direito pré-constitucional, do direito municipal em face da Constituição Federal e nas controvérsias sobre direito pós-constitucional já revogado ou cujos efeitos já se exauriram. Nesses casos, em face do não-cabimento da ação direta de inconstitucionalidade, não há como deixar de reconhecer, em princípio, a admissibilidade da argüição de descumprimento.Não se pode admitir que a existência de processos ordinários e recursos extraordinários deva excluir, a priori, a utilização da argüição de descumprimento de preceito fundamental. Até porque o instituto assume, entre nós, feição marcadamente objetiva.Nessas hipóteses, ante a inexistência de processo de índole objetiva, apto a solver, de uma vez por todas, a controvérsia constitucional, afigurar-se-ia integralmente aplicável a argüição de descumprimento de preceito fundamental. É que as ações originárias e o próprio recurso extraordinário não parecem, as mais das vezes, capazes de resolver a controvérsia constitucional de forma geral, definitiva e imediata. A necessidade de interposição de um sem número de recursos extraordinários idênticos poderá, em verdade, constituir-se em ameaça ao livre funcionamento do STF e das próprias Cortes ordinárias.A propósito, assinalou Sepúlveda Pertence, na ADC no 1 (ADC 1/DF, Rel. Min. Moreira Alves, j. 1.12.93, DJU 16.6.95), que a convivência entre o sistema difuso e o sistema concentrado “não se faz sem uma permanente tensão dialética na qual, a meu ver, a experiência tem demonstrado que será inevitável o reforço do sistema concentrado, sobretudo nos processos de massa; na multiplicidade de processos a que inevitavelmente, a cada ano, na dinâmica da legislação, sobretudo da legislação tributária e matérias próximas, levará se não se criam mecanismos eficazes de decisão relativamente rápida e uniforme; ao estrangulamento da máquina judiciária, acima de qualquer possibilidade de sua ampliação e, progressivamente, ao maior descrédito da Justiça, pela sua total incapacidade de responder à demanda de centenas de milhares de processos rigorosamente idênticos, porque reduzidos a uma só questão de direito”.A possibilidade de incongruências hermenêuticas e confusões jurisprudenciais decorrentes dos pronunciamentos de múltiplos órgãos pode configurar uma ameaça a preceito fundamental (pelo menos, ao da segurança jurídica), o que também está a recomendar uma leitura compreensiva da exigência aposta à lei da argüição, de modo a admitir a propositura da ação especial toda vez que uma definição imediata da controvérsia mostrar-se necessária para afastar aplicações erráticas, tumultuárias ou incongruentes, que comprometam gravemente o princípio da segurança jurídica e a própria idéia de prestação judicial efetiva.Ademais, a ausência de definição da controvérsia ou a própria decisão prolatada pelas instâncias judiciais poderá ser a concretização da lesão a preceito fundamental. Em um sistema dotado de órgão de cúpula, que tem a missão de guarda da Constituição, a multiplicidade ou a diversidade de soluções pode constituir-se, por si só, em uma ameaça ao princípio constitucional da segurança jurídica e, por conseguinte, em uma autêntica lesão a preceito fundamental.Assim, tendo em vista o perfil objetivo da argüição de descumprimento, com legitimação diversa, dificilmente poder-se-á vislumbrar uma autêntica relação de subsidiariedade entre o novel instituto e as formas ordinárias ou convencionais de controle de constitucionalidade do sistema difuso, expressas, fundamentalmente, no uso do recurso extraordinário.Como se vê, ainda que aparentemente pudesse ser o recurso extraordinário o meio eficaz de superar eventual lesão a preceito fundamental nessas situações, na prática, especialmente nos processos de massa, a utilização desse instituto do sistema difuso de controle de constitucionalidade não se revela plenamente eficaz, em razão do limitado efeito do julgado nele proferido (decisão com efeito entre as partes).Desse modo, é possível concluir que a simples existência de ações ou de outros recursos processuais - vias processuais ordinárias - não poderá servir de óbice à formulação da argüição de descumprimento. Ao contrário, tal como explicitado, a multiplicação de processos e decisões sobre um dado tema constitucional reclama, as mais das vezes, a utilização de um instrumento de feição concentrada, que permita a solução definitiva e abrangente da controvérsia.É outro, porém, o caso dos autos!Conforme pode se observar na espécie, a argüente não utilizou qualquer instrumento processual ou ação de impugnação autônoma do ato imputado como manifestamente inconstitucional.Poder-se-ia cogitar, portanto, até mesmo da tempestiva impetração de mandado de segurança (CF, art. 5o, LXIX) contra os atos de nomeação realizados pelo Governador do Estado de Tocantins.Na verdade, almeja-se reparar lesão a direito supostamente reconhecido com relação a situações singulares, a saber: a nomeação de dois desembargadores estaduais em suposta violação à disposição constitucional do “quinto constitucional” (CF, art. 94 e parágrafo único).

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No caso concreto, porém, conforme alertara o próprio relator, Min. Nelson Jobim, quando do arquivamento dos autos da ADI no 1.970-TO, a situação singular poderia ser sido ampla e eficazmente discutida na via ordinária. Reitero que, na ocasião da declaração do prejuízo do pedido da ADI no 1.970-TO, em decisão monocrática de 04.03.2001 (DJ de 27.04.2001), o relator asseverou que:“Este Tribunal já se manifestou em casos semelhantes: ‘... ocorrendo a revogação superveniente da norma atacada em ação direta, esta perde o seu objeto, independentemente de a referida norma ter, ou não, produzido efeitos concretos.’ (ADI 2097, MOREIRA ALVES). ‘REVOGAÇÃO DA LEI ARGÜIDA DE INCONSTITUCIONAL. Prejudicialidade da ação por perda do objeto. A revogação ulterior da lei questionada realiza, em si, a função jurídica constitucional reservada à ação direta de expungir do sistema jurídico a norma inquinada de inconstitucionalidade. EFEITOS concretos da lei revogada, durante sua vigência. Matéria que, por não constituir objeto da ação direta, deve ser remetida às vias ordinárias. A declaração em tese de lei que não mais existe, transformaria a ação direta em instrumento processual de proteção de situações jurídicas pessoais e concretas. Ação direta que, tendo por objeto a Lei 9.048/89 do Estado do Paraná, revogada no curso da ação, se julga prejudicada.’ (ADIMC 709, PAULO BROSSARD). Ainda: ADI’s 648 e 818, NERI DA SILVEIRA. Em face do exposto, julgo prejudicada a ação, por perda do objeto (RISTF, art. 21, §1º). Arquive-se.” (ADI no 1.970-TO, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 27.04.2001)Frise-se, ademais, que, da decretação de prejudicada da ADIn, passaram-se quase 5 (cinco) anos.Tal hipótese pode ser constatada no presente caso. Na espécie, impugnam-se não as Leis Complementares Estaduais no 16/1998 e no 34/2002, mas os atos concretos do Governador do Estado do Tocantins delas resultantes, quais sejam: as nomeações dos Desembargadores LUIZ APARECIDO GADOTTI E JACQUELINE ADORNO DE LA CRUZ BARBOSA.De acordo com jurisprudência firmada por este Tribunal, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil seria legitimado, inclusive, para impetrar eventual mandado de segurança ou para ajuizar outro meio judicial cabível.Isso não significa, porém, que se possa perder a dimensão de que a ADPF é destinada, basicamente, a resguardar a integridade da ordem jurídico-constitucional.Destarte, não tendo havido qualquer impugnação dos atos singulares ordinários, que, reitere-se, in casu, seria apta para solver a controvérsia de forma plena, não há como justificar, na espécie, a utilização da ADPF em face do disposto no art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99. Parece evidente que referido instituto, cuja nobreza é dispensável destacar, não pode ser utilizado para suprir inércia ou omissão de eventual interessado.Como o instituto da ADPF assume feição eminentemente objetiva, o juízo de relevância deve ser interpretado como requisito implícito de admissibilidade do pedido.Seria possível admitir, em tese, a propositura de ADPF diretamente contra ato do Poder Público, nas hipóteses em que, em razão da relevância da matéria, a adoção da via ordinária acarrete danos de difícil reparação à ordem jurídica. O caso em apreço, contudo, revela que as medidas ordinárias à disposição da ora requerente - e, não utilizadas - poderiam ter plena eficácia. Ressalte-se que a fórmula da relevância do interesse público, para justificar a admissão da argüição de descumprimento (explícita no modelo alemão), está implícita no sistema criado pelo legislador brasileiro.No presente caso, afigura-se de solar evidência a falta de relevância jurídica para a instauração da ADPF.Assim, tendo em vista a existência, pelo menos em tese, de outras medidas processuais cabíveis e efetivas para questionar os atos em apreço, entendo que o conhecimento do presente pedido de ADPF não é compatível com uma interpretação adequada do princípio da subsidiariedade.Nestes termos, indefiro, liminarmente, a petição inicial (Lei no 9.868/1999, art. 4o). Conseqüentemente, nego seguimento ao presente pedido de argüição de descumprimento de preceito fundamental por entender que a postulação é manifestamente incabível, nos termos e do art. 21, § 1o do RISTF. Por conseguinte, declaro o prejuízo do pedido de medida liminar postulado.Publique-se.Arquive-se.Brasília, 13 de fevereiro de 2006.  Ministro GILMAR MENDES Relator*decisão publicada no DJU de 13.2.2006

Assessora responsável pelo Informativo - Anna Daniela de A. M. dos Santos e Silva - [email protected]

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Informativo STFBrasília, 13 a 17 de fevereiro de 2006 - Nº 416.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.SUMÁRIO

PlenárioExtradição e InimputabilidadeMeia Entrada e Doadores de SangueVício de Iniciativa e Administração Pública - 1Vício de Iniciativa e Administração Pública - 2Identificação de Responsáveis por Obras e Proteção do ConsumidorVício de Iniciativa e Servidor PúblicoSimulador de Urna Eletrônica e Proibição - 1Simulador de Urna Eletrônica e Proibição - 2Serviços Notariais e de Registro e Cobrança de EmolumentosProtocolo Digital de InformaçõesServidor Público: Acordos e Convenções de Trabalho - 1Servidor Público: Acordos e Convenções de Trabalho - 2ADC e Vedação ao Nepotismo - 1ADC e Vedação ao Nepotismo - 21ª TurmaArt. 37, § 1º da CF e Promoção Pessoal - 2RMS e Art. 515, § 3º, do CPC - 1RMS e Art. 515, § 3º, do CPC - 2Súmula 283 do STF e Desnecessidade de CargoPensão Especial Vitalícia e Direito AdquiridoSúmula 699 e Agravo de Instrumento em RE CriminalPetição por Meio de Cópia de Assinatura - 2Imunidade de Advogado e Relações Contratuais com ClienteProfessor e Aposentadoria Proporcional EspecialEstabilidade Provisória de Dirigente SindicalTráfico de Entorpecentes e CompetênciaRE e Momento de Comprovação da Tempestividade2ª TurmaAssistente de Acusação e Intervenção em HCCargo em Comissão e Aposentadoria - 4IPTU e Terras da UniãoExercício da Advocacia e Devido Processo LegalPIS e COFINS: Conceito de Faturamento e EDRE e Causa Petendi AbertaInconstitucionalidade de Lei e Segurança JurídicaEC 20/98 e Acumulação de Cargos - 1EC 20/98 e Acumulação de Cargos - 2TranscriçõesCPI - Inquirição em Sessão reservada - Pretensão do impetrante - Censura judicial - Inadmissibilidade (MS 25832 MC/DF)CPI - Garantias constitucionais que lhe são oponíveis - Presença de advogado (HC 88015 MC/DF)Fiador em Contrato de Locação e Penhorabilidade de Bem de Família (RE 407688/SP) PLENÁRIO

Extradição e InimputabilidadeO Tribunal, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto contra decisão que, nos

autos de extradição, requerida pelo Governo da Itália, de nacional italiano condenado naquele país pelos crimes de formação de quadrilha finalizada ao tráfico de substâncias entorpecentes, concurso em extorsão e concurso em lesões graves, indeferira pedido de instauração de incidente de insanidade mental do extraditando. Salientando-se o fato de que a insanidade fora reconhecida na sentença condenatória proferida pelo Tribunal de Roma, que lhe aplicara medida de segurança, entendeu-se necessária a suspensão do processo, a fim de se aferir a persistência da inimputabilidade do extraditando, na forma do previsto no art. 149 do CPP. Vencido o Min. Joaquim Barbosa que negava provimento ao recurso ao fundamento de que o incidente de insanidade mental não se aplica aos processos de extradição, visto que a imputabilidade do agente, por ser matéria afeta à culpabilidade, não influencia na tipicidade do delito, devendo, ademais, a questão da insanidade ser apreciada pelo Estado requerente. Agravo provido para que o processo baixe em diligência para a instauração do incidente de insanidade mental.Ext 932 AgR/Governo da Itália, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, 15.2.2006. (Ext-932)

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Meia Entrada e Doadores de SangueO Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de

inconstitucionalidade ajuizada pelo Governador do Espírito Santo contra a Lei estadual 7.735/2004, promulgada pela Assembléia Legislativa, que institui a meia entrada para doadores regulares de sangue em todos os locais públicos de cultura, esporte e lazer mantidos pelas entidades e pelos órgãos das Administrações Direta e Indireta do Estado. Entendeu-se que se trata, no caso, de norma de intervenção do Estado por indução, que visa tão-só ao incentivo à doação de sangue, conferindo um benefício àquele que adira às suas prescrições. Vencido o Min. Marco Aurélio que julgava o pleito procedente por considerar que a norma impugnada consiste em uma forma de remunerar a doação de sangue.ADI 3512/ES, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-3512)

Vício de Iniciativa e Administração Pública - 1Por entender caracterizada a ofensa ao art. 61, § 1º, II, e, da CF, que confere ao Chefe do Poder

Executivo a iniciativa privativa das leis que disponham sobre a criação, estruturação e atribuições de órgãos da administração pública, o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul, para declarar a inconstitucionalidade da Lei estadual 11.456/2000, de iniciativa parlamentar, que cria o Museu do Gaúcho do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências.ADI 2302/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.2.2006. (ADI-2302)

Vício de Iniciativa e Administração Pública - 2Também por entender caracterizada a ofensa ao art. 61, § 1º, II, e, da CF, o Tribunal julgou

procedente pedido formulado em ação direta proposta pelo Governador do Estado de Santa Catarina para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 3º, 4º, 5º e 6º da Lei estadual 11.222/99, que impõe ao Poder Executivo a criação de Comissão Executiva da política de preservação, recuperação e utilização sustentável dos ecossistemas do Complexo Lagunar Sul, bem como fixa a composição e as atribuições da referida comissão.ADI 2707/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.2.2006. (ADI-2707)

Identificação de Responsáveis por Obras e Proteção do ConsumidorO Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de

inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Distrito Federal contra a Lei distrital 3.569/2005, que torna obrigatória a inclusão dos nomes e registros dos autores e responsáveis técnicos nas propagandas pertinentes à edificação e à comercialização de imóveis, realizados ou a realizar, no âmbito do Distrito Federal. Entendeu-se que a norma em questão está voltada ao resguardo dos direitos dos consumidores, matéria de competência concorrente (CF, art. 24, VIII). Vencidos os Ministros Eros Grau, relator, e Joaquim Barbosa que davam pela procedência do pedido, por vislumbrar ofensa à competência privativa da União para legislar sobre condições para o exercício de profissões e propaganda comercial (CF, art. 22, XVI e XXIX).ADI 3590/DF, rel. orig. Min. Eros Grau, rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, 15.2.2006. (ADI- 3590)

Vício de Iniciativa e Servidor PúblicoPor entender caracterizada a ofensa ao art. 61, § 1º, II, a e c, que estabelecem ser da competência

privativa do Chefe do Poder Executivo a iniciativa de leis que disponham sobre servidor público e aumento de sua remuneração, o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 3º, 4º, 5º e 6º e seu parágrafo único, da Lei estadual 11.678/2001, que, resultantes de emenda parlamentar, dispõem sobre o realinhamento dos vencimentos básicos dos cargos de provimento efetivo classificados nos níveis elementar e médio da administração direta, das autarquias e das fundações de direito público.ADI 2619/RS, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-2619)

Simulador de Urna Eletrônica e Proibição - 1O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, pedidos formulados em duas ações diretas

ajuizadas pelo Partido Humanista da Solidariedade - PHS para declarar a inconstitucionalidade da expressão “ficando o infrator sujeito ao disposto no art. 347 do Código Eleitoral”, constante do art. 3º da Resolução 518/2000, do TRE do Estado do Rio de Janeiro, e do art 2º da Resolução 6/2000, do TRE do Estado de Pernambuco, que proíbem a utilização de simuladores de urnas eletrônicas como veículo

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de propaganda eleitoral. Reportando-se ao que decidido no julgamento da ADI 2267/AM (DJU de 13.9.2002), considerou-se que, ante a possibilidade de indução fraudulenta de eleitores, seria legítima a atuação da Justiça especializada, de molde a garantir a higidez do processo eleitoral, assegurando a observância dos princípios da isonomia e da liberdade do voto. Por outro lado, entendeu-se que a norma impugnada, ao prever cominação penal ao infrator da mencionada proibição, violou a competência privativa da União para legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I). Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso que julgavam os pedidos integralmente procedentes, ao fundamento de ser incabível a vedação por mera conjectura de fraude, e o Min. Eros Grau que os julgava integralmente improcedentes, por considerar constitucional inclusive a previsão da sanção penal.ADI 2283/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes e ADI 2278/PE, rel. orig. Min. Eros Grau, rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa, 15.2.2006. (ADI-2283)

Simulador de Urna Eletrônica e Proibição - 2Na linha do que decidido nas ações diretas acima mencionadas quanto à legalidade da vedação do

uso de simulador de urna eletrônica como veículo de propaganda, por constituir meio de preservação da higidez do processo eleitoral, o Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Partido Humanista da Solidariedade - PHS contra o art. 3º da Resolução 1/2000, do TRE do Estado do Rio Grande do Norte. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso que julgavam o pedido integralmente procedente, mantendo o entendimento exposto nas referidas ações.ADI 2269/RN, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-2269)

Serviços Notariais e de Registro e Cobrança de EmolumentosO Tribunal, por maioria, não conheceu de ação direta de inconstitucionalidade proposta pela

Associação dos Notários e Registradores do Brasil - ANOREG/BR contra a Portaria 001-GP1/2004, do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, que impõe que o recolhimento dos emolumentos integrais dos serviços notariais e de registro seja feito, no Banco do Estado de Sergipe, por meio de boleto bancário emitido pelo sistema informatizado daquele Tribunal. Entendeu-se que a Portaria impugnada não retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição Federal, e sim dos dispositivos das leis federais e estadual pertinentes (Lei 8.935/94; Lei 10.169/2000; Lei 4.485/2001). Ademais, salientou-se que, não obstante os serviços notariais e de registro sejam exercidos em caráter privado, em razão de serem substancialmente públicos, se submetem à fiscalização pelo Poder Judiciário (CF, art. 236, § 1º). Vencido o Min. Marco Aurélio que conhecia da ação por considerar não haver necessidade de confrontar o ato questionado com a legislação regulamentadora do art. 236 da CF, mas com o princípio contido no caput desse artigo no que se refere à natureza privada dos serviços prestados pelos cartórios extrajudiciais.ADI 3132/SE, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 15.2.2006. (ADI-3132)

Protocolo Digital de InformaçõesO Tribunal julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta

pelo Governador do Estado de Santa Catarina contra a Lei estadual 12.137/2002, que dispõe sobre protocolo digital de informações no âmbito da Administração Pública estadual e dá outras providências. Entendeu-se que a lei impugnada apenas materializa, em arquivo eletrônico, informações concernentes aos pedidos de providência ou procedimento feitos pelo cidadão junto aos órgãos da Administração, bem como não produz despesas imediatas, tendo em conta a dependência de sua regulamentação pelo Poder Executivo.ADI 2638/SC, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-2638)

Servidor Público: Acordos e Convenções de Trabalho - 1A celebração de convenções e acordos coletivos de trabalho consubstancia direito destinado

exclusivamente aos trabalhadores da iniciativa privada, sujeitos ao regime celetista (CF, art. 7º, XXVI). Com base nesse entendimento, o Tribunal julgou procedente, em parte, pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Mato Grosso para declarar a inconstitucionalidade da expressão “em acordos coletivos ou em convenções de trabalho que venham a ser celebrados”, constante do art. 57 da Lei Complementar estadual 4/90, que define remuneração como vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias previstas nas Constituições Federal e Estadual e em acordos ou convenções coletivas de trabalho, bem como fixa, em seu art. 69, §§ 1º e 2º, data para o pagamento da remuneração dos servidores e a correção monetária em caso de atraso. Ressaltou-se que a Administração Pública, por estar vinculada ao princípio da legalidade, não pode

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conceder, nem por convenção, nem por acordo coletivo, vantagens aos servidores públicos, já que essa concessão depende de projeto de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, § 1º, II, a e c) e de prévia dotação orçamentária (CF, art. 169, § 1º, I e II). Por outro lado, entendeu-se que as previsões quanto à fixação de data e à correção monetária não afrontam a Constituição, porquanto apenas garantem, sem implicar aumento de remuneração ou concessão de vantagem, a manutenção do poder aquisitivo da moeda.ADI 559/MT, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-559)

Servidor Público: Acordos e Convenções de Trabalho - 2Com base na mesma fundamentação acima exposta, o Tribunal julgou procedente pedido formulado

em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Mato Grosso para declarar a inconstitucionalidade do § 2º do art. 272 da Lei Complementar estadual 4/90, que assegura aos servidores estaduais o direito de celebrarem acordos ou convenções coletivas de trabalho.ADI 554/MT, rel. Min. Eros Grau, 15.2.2006. (ADI-554)

ADC e Vedação ao Nepotismo - 1O Tribunal, por maioria, concedeu pedido de liminar formulado em ação declaratória de

constitucionalidade proposta pela Associação dos Magistrados do Brasil - AMB, para, com efeito vinculante e erga omnes, suspender, até o exame de mérito da ação, o julgamento dos processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resolução 7/2005, do Conselho Nacional de Justiça; impedir que juízes e tribunais venham a proferir decisões que impeçam ou afastem a aplicabilidade da mesma resolução; e suspender, com eficácia ex tunc, os efeitos das decisões já proferidas, no sentido de afastar ou impedir a sobredita aplicação. Inicialmente, não se conheceu da ação quanto ao art. 3º da aludida resolução, tendo em vista a alteração de redação introduzida pela Resolução 9/2005. ADC 12 MC/DF, rel. Min. Carlos Britto, 16.2.2006. (ADC-12)

ADC e Vedação ao Nepotismo - 2Em seguida, asseverou-se que o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, como órgão central de controle

da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, detém competência para dispor, primariamente, sobre as matérias de que trata o inciso II do § 4º do art. 103-B da CF, já que “a competência para zelar pela observância do art. 37 da CF e de baixar os atos de sanação de condutas eventualmente contrárias à legalidade é poder que traz consigo a dimensão da normatividade em abstrato.”. Ressaltou-se que a Resolução 7/2005 está em sintonia com os princípios constantes do art. 37, em especial os da impessoalidade, da eficiência e da igualdade, não havendo que se falar em ofensa à liberdade de nomeação e exoneração dos cargos em comissão e funções de confiança, visto que as restrições por ela impostas são as mesmas previstas na CF, as quais, extraídas dos citados princípios, vedam a prática do nepotismo. Afirmou-se, também, não estar a resolução examinada a violar nem o princípio da separação dos Poderes, nem o princípio federativo, porquanto o CNJ, não usurpou o campo de atuação do Poder Legislativo, limitando-se a exercer as competências que lhe foram constitucionalmente reservadas. Vencido o Min. Marco Aurélio, que indeferia a liminar, ao fundamento de que o CNJ, por não possuir poder normativo, extrapolou as competências constitucionais que lhe foram outorgadas ao editar a resolução impugnada.ADC 12 MC/DF, rel. Min. Carlos Britto, 16.2.2006. (ADC-12)

PRIMEIRA TURMAArt. 37, § 1º da CF e Promoção Pessoal - 2

A Turma, concluindo julgamento de agravo regimental em recurso extraordinário, manteve decisão monocrática do Min. Marco Aurélio, relator, que negara seguimento ao recurso, ao fundamento de pretender-se o reexame de elementos probatórios. No caso concreto, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em embargos infringentes, julgara procedente pedido formulado em ação popular ajuizada contra prefeito, por afronta aos princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF, art. 37, § 1º), em razão de publicações com caráter de promoção pessoal — v. Informativo 407. Ressaltou-se o que assentado no acórdão impugnado, no sentido de tratar-se de publicidade com promoção pessoal. Vencido o Min. Eros Grau que dava provimento ao regimental para dar seguimento ao recurso extraordinário, por entender que se debatia, na espécie, o enquadramento normativo dos fatos e não a reapreciação de provas.RE 366983 AgR/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 14.2.2006. (RE-366983)

RMS e Art. 515, § 3º, do CPC - 1A Turma retomou julgamento de medida cautelar em ação cautelar na qual se pretende a concessão

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de efeito suspensivo a recurso extraordinário interposto contra decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios que, por ilegitimidade ad causam, extinguira, sem julgamento de mérito, mandado de segurança impetrado pela ora requerida. No caso concreto, fora interposto recurso ordinário em mandado de segurança perante o STJ, que reconhecera a legitimidade da impetrante e, com fundamento no art. 515, § 3º, do CPC [“Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento”], apreciara desde logo o mérito da causa, concedendo a segurança. Contra essa decisão, os autores interpuseram recurso extraordinário, não admitido pelo Tribunal a quo, resultando na apresentação de agravo de instrumento, que, apesar de protocolizado na origem, não chegara ao Supremo até o ajuizamento da presente cautelar. Alega-se, na espécie, com base em precedentes do STF, a inaplicabilidade do disposto no aludido art. 515, § 3º, do CPC ao recurso ordinário. O Min. Marco Aurélio, relator, ad referendum da Turma, deferiu a liminar para suspender os efeitos do acórdão proferido pelo STJ. Entendeu que o § 3º do art. 515 do CPC, acrescentado pela Lei 10.352/2001, não se aplica em recurso ordinário constitucional referente a mandado de segurança denegado na origem, porquanto tal artigo refere-se às hipóteses de competência originária do juízo e não de Tribunal Superior.AC 813 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 14.2.2006. (AC-813)

RMS e Art. 515, § 3º, do CPC - 2Na sessão de 9.8.2005, o Min. Cezar Peluso, em voto-vista, indeferiu a liminar. Aplicando os

Enunciados das Súmulas 634 e 635 do STF, asseverou que esta Corte não tem competência para apreciar a ação cautelar, porquanto o recurso extraordinário não fora admitido pelo presidente do STJ e o agravo de instrumento de tal decisão também não fora provido ante a falta dos autos, que não subiram ao STF. Aludiu, ainda, à existência de medida cautelar idêntica ajuizada, perante o STJ, a ensejar litispendência. Por fim, considerou ausente a plausibilidade jurídica do direito invocado pelos recorrentes, tanto pela parte processual — uma vez que os artigos 33 e 34 da Lei 8.038/90 determinam expressamente a aplicação do CPC ao recurso ordinário de competência do STJ contra decisões denegatórias em mandado de segurança, questão infraconstitucional — quanto pelo do mérito do writ — superveniência da Lei 6.750/79, que revoga o acúmulo de função de tabelião com a de oficial de protesto de título —, afastando, portanto, a alegação de grave lesão à ordem pública. Em seguida, o Min. Eros Grau acompanhou o voto do Min. Marco Aurélio. Afirmou não mais subsistirem os dois primeiros óbices mencionados pelo Min. Peluso, eis que o agravo de instrumento chegara ao STF em 4.11.2005 e a medida cautelar ajuizada perdera o objeto. Ademais, salientou tratar-se de cenário contraditório para a aplicação do art. 515, § 3º, do CPC, uma vez existindo, de um lado, precedentes da Turma pela inaplicabilidade do mencionado dispositivo e, de outro, preceitos infraconstitucionais determinando a sua aplicação ao recurso ordinário em mandado de segurança de competência do STJ. Reconheceu, assim, a plausibilidade do recurso ordinário, aduzindo que, no mínimo, cabe ao STF analisar a constitucionalidade do art. 34 da Lei 8.038/90. Após, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Sepúlveda Pertence.AC 813 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 14.2.2006. (AC-813)

Súmula 283 do STF e Desnecessidade de CargoA Turma não conheceu de recurso extraordinário interposto, com base no art. 102, III, a e c, da CF,

pelo Município de Taubaté/SP, em que se sustentava ofensa aos artigos 2º e 41, § 3º, da CF, sob a alegação de que a declaração de desnecessidade de cargo, pela sua natureza meramente administrativa, poderia ser efetuada por decreto do Poder Executivo e que o servidor, em estágio probatório, não teria direito à disponibilidade remunerada. Pleiteava-se, ainda, a incidência do Enunciado da Súmula 22 do STF (“o estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.”). No caso concreto, o recorrido, servidor público concursado, fora exonerado em decorrência da declaração de desnecessidade do cargo que ocupava, ato esse emanado do Poder Executivo, por meio do Decreto 7.261/93. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinara a reintegração do servidor, ao fundamento de que o Decreto e a Portaria editados pelo Executivo seriam inconstitucionais. Ressaltou-se o entendimento firmado pelo Supremo no sentido de ser constitucional a extinção de cargo ou a declaração de sua desnecessidade sem a edição de lei ordinária que as discipline, haja vista cuidar-se de juízos de oportunidade e conveniência da Administração Pública. Embora afirmando que o acórdão recorrido contrariara essa orientação jurisprudencial, levou-se em conta a particularidade de que, na espécie, a legislação municipal exige prévia autorização legislativa para a mencionada exoneração. No ponto, considerou-se que esse fundamento adicional seria suficiente para sustentar o acórdão impugnado, não sendo necessária, por conseguinte, a revisão do entendimento firmado pelo STF. Asseverou-se que o recurso não atacara esse motivo bastante do

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julgado — tendo em conta, inclusive, que o recurso extraordinário não é via adequada para argüir originariamente inconstitucionalidade de lei local —, a incidir, portanto, o óbice do Enunciado da Súmula 283 (“É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles”). Precedentes citados: RMS 21255/DF (RTJ 173/794); MS 21227/RS (RTJ 149/796); RE 141571/PR (DJU de 30.6.95); RE 240377 AgR/MG (DJU de 16.5.2003).RE 197885/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2006. (RE-197885)

Pensão Especial Vitalícia e Direito AdquiridoA Turma negou provimento a recurso extraordinário interposto por filha solteira de juiz de direito,

falecido em 1983, que pretendia a percepção da integralidade dos proventos do magistrado. No caso concreto, a recorrente recebia, assim como sua mãe, 25% do valor dos vencimentos do de cujus e, após o óbito de sua genitora, 50% do total, teto este previsto na Lei local 4.468/82. Sustentava, na espécie, ofensa ao art. 5º, XXXVI, da CF, sob a alegação de que a partir da vigência da CF/88, por força do disposto no seu art. 40, § 5º (redação original: “O benefício da pensão por morte corresponderá à totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido, até o limite estabelecido em lei, observado o disposto no parágrafo anterior.”), faria jus ao pleiteado montante e que o limite a ser observado não seria o fixado pela mencionada lei local, mas sim o previsto no art. 37, XI, da CF, que, em sua redação original, estipulava os limites máximos de remuneração dos Três Poderes. Aduzindo que em relação às parcelas previdenciárias os cálculos regulam-se pelo critério atuarial, entendeu-se que os parâmetros consolidados em 1983 não se modificariam pelo fato de a atual Constituição dispor sobre o direito à pensão pela totalidade dos vencimentos de servidor falecido. No ponto, salientou-se que o mesmo enfoque prevaleceria caso a Constituição previsse a redução da percentagem. Asseverou-se, ainda, que se o falecimento tivesse ocorrido em data posterior ao novo texto constitucional seria possível, temperando-se o princípio atuarial, cogitar-se do recebimento da pensão no percentual integral, dada a supremacia da Constituição.RE 273570/MA, rel. Min. Marco Aurélio, 14.2.2006. (RE-273570)

Súmula 699 e Agravo de Instrumento em RE CriminalAplicando a orientação firmada no Enunciado da Súmula 699 do STF (“O prazo para interposição de

agravo, em processo penal, é de cinco dias, de acordo com a Lei 8.038/1990, não se aplicando o disposto a respeito nas alterações da Lei 8.950/1994 ao Código de Processo Civil.”), a Turma manteve decisão monocrática do Min. Marco Aurélio, relator, que não conhecera de agravo de instrumento para subida de recurso extraordinário em matéria criminal, por intempestividade. Alegava-se que, na espécie, o prazo para a interposição do agravo de instrumento nos feitos criminais seria de 10 (dez) dias. Precedente citado: AI 197032/SP (DJU de 5.12.97).AI 505744 AgR/MG, rel.Min. Marco Aurélio, 14.2.2006. (AI-505744)

Petição por Meio de Cópia de Assinatura - 2A Turma concluiu julgamento de agravo de instrumento em que se pretendia a reforma de decisão

que inadmitira recurso extraordinário interposto, pela União, contra acórdão de Turma Recursal de Juizado Especial Federal, ao fundamento de que a peça recursal não teria validade reconhecida por se apresentar por cópia, da mesma forma como a assinatura nela firmada pelo procurador. Alegava-se, na espécie, que a interposição de recurso extraordinário por cópia é autorizada pelo art. 24 da Lei 10.522/2002 (“As pessoas jurídicas de direito público são dispensadas de autenticar as cópias reprográficas de quaisquer documentos que apresentem em juízo”) e que, apesar disso, não se trataria de cópia, mas, de recurso interposto com a assinatura digitalizada do advogado, em virtude da grande quantidade de processos que tramitam nos Juizados Especiais Federais — v. Informativo 409. Negou-se provimento ao recurso por se entender que a utilização de recursos tecnológicos, tal como a assinatura digitalizada, precisa ser normatizada antes de ser posta em prática. Asseverou-se, no caso, cuidar-se de mera chancela eletrônica utilizada sem qualquer regulamentação, cujo atestado de originalidade dependeria de perícia técnica. Salientou-se que a necessidade de regulamentação para a utilização da assinatura digitalizada não é mero formalismo processual, mas exigência razoável que visa impedir a prática de atos cuja responsabilização não seria possível. Vencido o Min. Marco Aurélio que, acolhendo a argumentação de grande volume de processos enfrentados pela União, dava provimento ao recurso, considerando o fato de ter havido flexibilizações processuais, inclusive por parte do Supremo.AI 564765/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2006. (AI-564765)

Imunidade de Advogado e Relações Contratuais com Cliente

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A imunidade jurídica do advogado prevista no art. 133 da CF não alcança as relações do profissional com o seu próprio cliente. Com base nesse entendimento, a Turma manteve decisão do Juizado Especial Cível e Criminal do Estado do Acre que, afastando a citada imunidade, entendera configurado dano moral praticado por causídico consistente em carta ofensiva relativa à cobrança de honorários advocatícios.RE 387945/AC, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2006. (RE-387945)

Professor e Aposentadoria Proporcional EspecialA Turma reformou acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que, mantendo sentença

denegatória de mandado de segurança impetrado por professor com 29 anos de efetivo exercício em função de magistério, entendera que a aposentadoria do ora recorrente deveria ser concedida na proporção de 29/35. Aplicou-se a orientação firmada no RE 214852/SP (DJU de 26.5.2000) no sentido de que, em se tratando de aposentadoria por idade com proventos proporcionais ao tempo de serviço de professor que tenha exercido função de magistério, o cálculo da sua aposentadoria deve ser feito com base no tempo de serviço exigido para a aposentadoria com proventos integrais — 30 anos para professor e 25 anos para professora (CF, art. 40, III, na redação original). RE provido (CPC, art. 557, § 1º-A) para conceder a segurança.RE 459188/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2006. (RE-459188)

Estabilidade Provisória de Dirigente SindicalA Turma negou provimento a recurso extraordinário interposto pelo Município de Imaruí/SC em que

se alegava: a) a contrariedade ao art. 8º, I, da CF, pois o Sindicato dos Servidores Municipais não obtivera o registro no órgão competente; b) a afronta ao disposto no art. 37, II, da CF, ao se assegurar à recorrida a permanência em cargo de provimento efetivo sem que a admissão fosse precedida de concurso público; c) a violação ao art. 19 do ADCT, porque a recorrida, servidora celetista não concursada, não contava, ao tempo da promulgação da CF, com cinco anos de exercício; d) o não reconhecimento, pelo acórdão recorrido, da legalidade do ato que exonerara a servidora. Entendeu-se que a estabilidade provisória de dirigentes sindicais (CF, art. 8º, VIII) não está condicionada ao registro do sindicato respectivo no Ministério do Trabalho. Com relação aos argumentos de ofensa aos artigos 37, II, da CF e 19, do ADCT, asseverou-se que, na espécie, o fundamento da estabilidade provisória cingir-se-ia ao fato de ser o servidor dirigente sindical. Salientou-se, ademais, que o registro no citado Ministério do Trabalho seria fato posterior à existência da entidade, a qual necessita de dirigentes. Afastou-se, por fim, o precedente invocado pela Procuradoria-Geral da República (RE 183884/SP, DJU de 13.8.99), porquanto, naquele caso, concluíra-se que servidor público ocupante de cargo em comissão não teria direito à aludida estabilidade sindical. Precedentes citados: RE 227635 AgR/SC (DJU de 2.4.2004) e RE 205107/MG (DJU de 25.9.98).RE 234431/SC, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2006. (RE-234431)

Tráfico de Entorpecentes e CompetênciaA Turma iniciou julgamento de recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público Federal

contra acórdão do TRF da 1ª Região que mantivera decisão de juiz federal que, por entender tratar-se de tráfico doméstico, declinara da competência para a justiça comum de feito relativo a tráfico de substância entorpecente. No caso concreto, as recorridas foram denunciadas pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 12 c/c 18, III, ambos da Lei 6.368/76, em decorrência do transporte de cocaína de Cuiabá/ MT para São Paulo. Em razão de problemas nos vôos, as recorridas foram obrigadas a desembarcar em Brasília antes de seguirem viagem para o destino final, sendo presas em flagrante no aeroporto. Alega-se, na espécie, ofensa ao art. 109, IX, da CF (“Art. 109: Aos juízes federais compete processar e julgar: ... IX - os crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;”). O Min. Sepúlveda Pertence, relator, acompanhado pelo Min. Eros Grau, deu provimento ao recurso para firmar a competência da justiça federal. Aduzindo que o citado dispositivo constitucional não fora alcançado pela regra do art. 27 da Lei 6.368/76 e que o fato delituoso ocorrera a bordo de aeronave, considerou, na linha de precedentes da Corte (HC 85050/MS, DJU de 4.3.2005 e HC 80730/MS, DJU de 22.3.2002), que, para o fim de determinação de competência, a incidência do art. 109, IX, da CF, independe do tipo de crime cometido “a bordo de navios ou aeronaves”, cuja persecução, só por isso, incumbe, por força da norma constitucional, à justiça federal. Em divergência, o Min. Marco Aurélio, deu interpretação restritiva ao aludido dispositivo constitucional para negar provimento ao recurso extraordinário. Salientando que o flagrante ocorrera quando as denunciadas estavam em terra, asseverou que o transporte, que antecedera a prisão, não seria suficiente para deslocar a competência para a justiça federal. Após, o julgamento foi adiado em face do pedido de vista do Min. Cezar Peluso.

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RE 463500/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2006. (RE-463500)

RE e Momento de Comprovação da TempestividadeA Turma iniciou julgamento de agravo regimental no recurso extraordinário cujo seguimento fora

negado, ante a sua extemporaneidade, em decisão monocrática do Min. Eros Grau, relator. Alega-se, na espécie, a tempestividade do recurso extraordinário, anexando-se documentos que comprovam que, em razão do feriado de carnaval, não houvera expediente no tribunal de origem. Os Ministros Eros Grau e Sepúlveda Pertence, salientando que o documento probante da tempestividade do recurso é peça essencial que deve instruí-lo no momento de sua formação, negaram provimento ao agravo por entender que o momento processual adequado para a comprovação da tempestividade seria na interposição do RE. Assim, estaria caracterizada a preclusão, já que ineficaz a complementação posterior ao decurso do prazo legal. Em divergência, os Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso davam provimento ao regimental, visto que restara comprovado que o recurso fora protocolizado no prazo legal. Ressaltaram, ainda, que, nesses casos, os advogados interpõem os recursos sem a comprovação da sua tempestividade na suposição de que o Tribunal a quo sabe que naquela data o expediente estaria suspenso. Após, o julgamento foi adiado a fim de se aguardar o voto de desempate do Ministro Carlos Britto.RE 452780 AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 14.8.2006. (RE-452780)

SEGUNDA TURMAAssistente de Acusação e Intervenção em HC

O servidor público ofendido propter officium e regularmente admitido como assistente da acusação em ação penal pública condicionada tem legitimidade para recorrer da decisão que defere habeas corpus. Com base nesse entendimento, a Turma, rejeitando embargos de declaração opostos de decisão que deferira habeas corpus impetrado por denunciado pela suposta prática de crime de difamação, reconheceu a legitimidade da embargante, magistrada supostamente ofendida, que atuara como assistente da acusação nos autos da ação penal pública condicionada. Atentou-se para uma peculiaridade do caso, qual seja, a de que a juíza, sentindo-se difamada em razão do exercício do cargo, preferira representar ao Ministério Público, tendo-se, assim, deflagrado a ação penal pública condicionada. No entanto, se tivesse optado pela ação penal privada, e esta tivesse sido trancada por via do HC, não se poderia obstar a intervenção da suposta ofendida no writ impetrado pelo querelado, já que avultaria, na hipótese, o interesse daquela pelo prosseguimento da ação penal. Concluiu-se, dessa forma, que a opção feita pela suposta ofendida não poderia prejudicá-la. Precedente citado: RE 387974/DF (DJU de 26.3.2004).HC 85629 ED/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 14.2.2006. (HC-85629)

Cargo em Comissão e Aposentadoria - 4A Turma concluiu julgamento de recurso ordinário em mandado de segurança interposto contra

decisão do TST que indeferira pedido de aposentadoria do ora recorrente no cargo comissionado que ocupava, ao fundamento de que, não obstante haver completado o tempo de serviço necessário antes do advento da Lei 8.647/93, não preenchera os requisitos exigidos pelo art. 193 da Lei 8.112/90 — v. Informativos 399 e 406. Negou-se provimento ao recurso por considerar-se que o recorrente não faz jus à aposentação pleiteada. Entendeu-se que atentaria contra o princípio isonômico deferir-se aposentadoria voluntária a servidor que prestara, no cargo em comissão, um mês e treze dias de serviço. Asseverou-se, no caso, a necessidade de precedência do período mínimo de dois anos no cargo no qual requerera a aposentadoria voluntária, bem como a exigência de que este intervalo fosse integralmente anterior à alteração legislativa.RMS 25039/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 14.2.2006. (RMS-25039)

IPTU e Terras da UniãoA Turma iniciou julgamento de recurso extraordinário interposto, pelo Município do Rio de Janeiro,

contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que entendera, consoante o disposto no art. 150, VI, a, da CF (“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;”), ser indevida a cobrança do IPTU de empresa detentora de concessão de uso de imóvel situado em aeroporto de propriedade da União. Alega o recorrente violação ao art. 150, VI, a, e § 3º, da CF (“§ 3º - As vedações do inciso VI, ‘a’, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração

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de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.”). O Min. Gilmar Mendes, relator, negou provimento ao recurso. Considerou, inicialmente, que o cerne da controvérsia não está em saber se há ou não imunidade recíproca quando o imóvel da União for destinado à exploração comercial, mas se a recorrida pode figurar no pólo passivo da obrigação tributária do IPTU. Em razão disso, entendeu que a empresa em questão não preenche nenhum dos requisitos para ser contribuinte do imposto, pois é detentora de posse precária e desdobrada, decorrente de contrato de concessão de uso. Após, pediu vista o Min. Joaquim Barbosa.RE 451152/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 14.2.2006. (RE-451152)

Exercício da Advocacia e Devido Processo LegalA Turma deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça

do Estado de Goiás que entendera preclusa a argüição de impedimento do advogado do recorrido, e de sua filha, serventuária da justiça, já que somente aventada em embargos de declaração em apelação. Afirmara, ainda, que o ingresso do patrono não causara prejuízo, uma vez que a sua participação se restringira à sustentação oral. No caso, o acórdão recorrido provera a apelação para reformar sentença e julgar procedentes os embargos de terceiro apresentados pelos ora recorrentes. Contra essa decisão foram opostos os embargos de declaração, nos quais se alegara a nulidade absoluta do julgado pelo fato de a sustentação oral ter sido feita pelo referido advogado, exercente do cargo de diretor-geral do TRE daquele Estado-membro. Apontara-se, também, o impedimento da filha do causídico para a prática de atos processuais como 1ª secretária da Câmara Cível, onde tramitara o feito. Considerou-se que a questão da nulidade fora suscitada no primeiro momento em que poderia ser argüida. No ponto, asseverou-se que, em face do sistema legal existente, a posse no cargo de diretor-geral acarretara incompatibilidade com o exercício da advocacia, sendo suficiente o argumento de violação ao princípio da moralidade (CF, art. 37, caput). Ademais, entendeu-se que o citado princípio constitucional deveria ser conjugado com a cláusula do devido processo legal, para reprimir-se julgamento contaminado por forte irregularidade ou suspeição. RE provido para anular o julgamento e determinar que outro seja realizado na Corte de origem. Precedente citado: RE 199088/CE (DJU de 16.4.99).RE 464963/GO, rel. Min. Gilmar Mendes, 14.2.2006. (RE-464963)

PIS e COFINS: Conceito de Faturamento e EDA Turma acolheu embargos de declaração opostos pela União na ação cautelar a qual, em sessão de

30.11.2004, fora concedido efeito suspensivo a recurso extraordinário interposto contra acórdão do TRF da 4ª Região, em que se discutia a constitucionalidade da Lei 9.718/98 — que alterou a base de cálculo do PIS e da COFINS, limitou a compensação de alíquotas da COFINS com a CSLL e definiu o conceito de faturamento. À época, o tema encontrava-se sob apreciação do Plenário no RE 346084/PR (v. Informativos 294, 342, 388 e 408, acórdão pendente de publicação). Tratava-se de embargos de declaração em que noticiado que o deferimento da eficácia suspensiva referia-se à totalidade do recurso extraordinário, cujo objeto seria mais amplo que o veiculado naquele leading case, por incluir, também, a argüição de inconstitucionalidade do art. 8º da referida Lei. ED recebidos tão-somente para aclarar que a decisão referendada limita-se à suspensão da aplicação à requerente do art. 3º da Lei 9.718/98.AC 505 ED/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 14.2.2006. (AC-505)

RE e Causa Petendi AbertaA Turma deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão que decidira pela

constitucionalidade da Lei 9.718/98, que alterou a base de cálculo do PIS. Alegava a recorrente a violação aos artigos 59 e 239 da CF, sustentando que o recolhimento do PIS deveria ser feito na forma da Lei Complementar 7/70 e não por lei ordinária. Considerando a possibilidade de a Corte analisar a matéria com base em fundamento diverso do que sustentado, entendeu-se — afastando-se a violação ao art 239 da CF, tendo em conta o pronunciamento do STF quanto à constitucionalidade de alterações do PIS por legislação infraconstitucional, após a promulgação da CF/88 — que o acórdão recorrido divergira da orientação firmada no julgamento do RE 357950/RS (acórdão pendente de publicação), no qual se assentara a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. RE provido para afastar a aplicação do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Precedente citado: ADI 1414/DF (DJU de 23.3.2001).RE 388830/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 14.2.2006. (RE-388830)

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Inconstitucionalidade de Lei e Segurança JurídicaA Turma manteve acórdão do TRF da 2ª Região que, julgando improcedente ação rescisória ajuizada

pela União, reconhecera a servidor público o direito à transposição à carreira de Orçamento, na forma do art. 2º do Decreto-lei 2.347/87, porquanto o direito ao mencionado provimento fora adquirido sob a égide da Constituição anterior, consolidando-se, assim, em situação perfeita e acabada. No caso concreto, o recorrido optara pela transposição do cargo e, considerado habilitado antes da promulgação da CF/88, tivera o procedimento homologado em 1989. Alegava-se, na espécie, ofensa aos artigos 5º, LIV e LV e 37, II, ambos da CF/88. Tendo em conta o princípio da segurança jurídica — elevado a subprincípio do Estado de Direito pelo STF e consagrado pela Lei 9.784/99, tanto no seu art. 2º quanto no seu art. 54 —, bem como o fato de a Administração pretender anular ato praticado há mais de 14 anos, entendeu-se que o ato administrativo que homologara a transposição deveria ser mantido. Ressaltou-se que, a despeito de a ordem jurídica brasileira não possuir preceitos semelhantes aos da alemã, no sentido da intangibilidade dos atos não mais suscetíveis de impugnação, não se deveria supor que a declaração de nulidade afetasse todos os atos praticados com fundamento em lei inconstitucional. Nesse sentido, haver-se-ia de conceder proteção ao ato singular, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, procedendo-se à diferenciação entre o efeito da decisão no plano normativo e no plano das fórmulas de preclusão. Concluiu-se, dessa forma, que os atos praticados com base na lei inconstitucional, que não mais se afigurem passíveis de revisão, não são atingidos pela declaração de inconstitucionalidade. Precedentes citados: RMS 17976/SP (DJU de 24.9.69); MS 24268/MG (DJU de 17.9.2004); MS 22357/DF (DJU de 5.11.2004), RE 442683/RS (acórdão pendente de publicação).RE 466546/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 14.2.2006. (RE-466546)

EC 20/98 e Acumulação de Cargos - 1A Constituição da República de 1988 somente permite a acumulação de proventos e de vencimentos

quando se tratar de cargos acumuláveis na atividade. Com base nesse entendimento, a Turma manteve acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais que denegara mandado de segurança em que se pretendia a percepção concomitante dos proventos de aposentadoria de inspetor escolar com a remuneração do cargo de supervisor pedagógico que atualmente ocupado pelas recorrentes. No caso concreto, as recorrentes, durante o exercício do cargo efetivo de inspetor escolar, foram nomeadas para o cargo de supervisor pedagógico, em decorrência da aprovação em novo concurso público. Ante a impossibilidade de acumulação remunerada dos dois cargos técnicos, licenciaram-se, sem vencimentos, do cargo de supervisor. Posteriormente, aposentaram-se no cargo de inspetor e, em seguida, reassumiram as funções do cargo de supervisor, acumulando proventos e vencimentos. A Administração Pública concluíra pela ilegalidade das acumulações. Alegava-se, na espécie, que a situação das recorrentes estaria amparada pela exceção prevista no art. 11 da EC 20/98, porquanto anterior ao advento da citada Emenda. Inicialmente, ressaltou-se que o disposto no referido artigo deve ser interpretado restritivamente, haja vista cuidar-se de exceção à regra que veda o recebimento simultâneo de proventos e vencimentos. Entendeu-se que não ocorrera novo ingresso no serviço público, mas ilegítima acumulação de cargos na ativa, uma vez que a licença para tratar de interesse particular não descaracteriza o vínculo jurídico do servidor com a Administração. Precedentes citados: RE 163204/SP (DJU de 31.3.95) e RE 300220/CE (DJU de 22.3.2002).RE 382389/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 14.2.2006. (RE-382389)

EC 20/98 e Acumulação de Cargos - 2Na linha da fundamentação acima exposta, a Turma manteve acórdão do Tribunal de Justiça do

Estado do Rio Grande do Sul que indeferira o pedido da recorrente em continuar a receber os proventos de dois cargos de jornalista. Sustentava-se, na espécie, ofensa ao art. 11 da EC 20/98, sob a alegação de que a situação da recorrente estaria resguardada por tal dispositivo, uma vez que a aposentação do segundo cargo ocorrera antes do advento da citada Emenda. Ressaltando que a acumulação pleiteada sempre fora proibida pela CF, entendeu-se que a pretensão da recorrente encontra vedação expressa na EC 20/98. Precedente citado: RE 163204/SP (DJU de 31.3.95).RE 463028/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 14.2.2006. (RE-463028)

T R A N S C R I Ç Õ E SCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do

Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

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CPI - Inquirição em Sessão reservada - Pretensão do impetrante - Censura judicial – Inadmissibilidade (Transcrições)MS 25832 MC/DF*

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLOEMENTA: PRETENDIDA INTERDIÇÃO DE USO, POR MEMBROS DE CPI, DE DADOS SIGILOSOS A QUE

TIVERAM ACESSO. INVIABILIDADE. POSTULAÇÃO QUE TAMBÉM OBJETIVA VEDAR O ACESSO DA IMPRENSA E DE PESSOAS ESTRANHAS À CPI À INQUIRIÇÃO DO IMPETRANTE. INADMISSIBILIDADE. INACEITÁVEL ATO DE CENSURA JUDICIAL. A ESSENCIALIDADE DA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO, ESPECIALMENTE QUANDO EM DEBATE O INTERESSE PÚBLICO. A PUBLICIDADE DAS SESSÕES DOS ÓRGÃOS DO PODER LEGISLATIVO, INCLUSIVE DAS CPIs, COMO CONCRETIZAÇÃO DESSA VALIOSA FRANQUIA CONSTITUCIONAL. NECESSIDADE DE DESSACRALIZAR O SEGREDO. PRECEDENTES (STF). PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO INDEFERIDO.DECISÃO: Trata-se de pedido de reconsideração (fls. 40/41) que objetiva, alternativamente, (a) seja determinado, aos membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, quando da inquirição do Senhor Jorge Ribeiro dos Santos, que não revelem os dados sigilosos a que os congressistas tiveram acesso, ou, então, (b) seja ordenada, a essa mesma CPMI, a realização de sessão reservada, para a tomada de depoimento do mencionado impetrante, “(...) com acesso vedado à imprensa, limitando-se o fluxo de pessoas na sessão à presença dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, do depoente e de seu defensor, justamente para se assegurar o sigilo dos dados e informações da SÃO PAULO CORRETORA (...)” (fls. 41 - grifei).Indefiro o pedido de reconsideração, eis que o eventual acolhimento do pleito – objetivando a interdição de uso, pelos integrantes da CPMI em questão, dos dados sigilosos pertinentes à São Paulo Corretora de Valores Ltda. -, além de tornar inócua a quebra de sigilo (que teria sido legitimamente determinada pela referida CPMI), importaria em clara (e indevida) restrição ao poder investigatório desse órgão parlamentar.Por sua vez, e no que concerne ao outro pedido formulado por um dos impetrantes, também entendo não competir, ao Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao postulado da separação de poderes, substituir-se, indevidamente, à CPMI/Correios na formulação de um juízo - que pertence, exclusivamente, à própria Comissão Parlamentar de Inquérito - consistente em restringir a publicidade da sessão a ser por ela realizada, em ordem a vedar o acesso, a tal sessão, de pessoas estranhas à mencionada CPMI, estendendo-se essa mesma proibição a jornalistas, inclusive.Na realidade, a postulação em causa, se admitida, representaria claro (e inaceitável) ato de censura judicial à publicidade e divulgação das sessões dos órgãos legislativos em geral, inclusive das Comissões Parlamentares de Inquérito.Não cabe, ao Supremo Tribunal Federal, interditar o acesso dos cidadãos às sessões dos órgãos que compõem o Poder Legislativo, muito menos privá-los do conhecimento dos atos do Congresso Nacional e de suas Comissões de Inquérito, pois, nesse domínio, há de preponderar um valor maior, representado pela exposição, ao escrutínio público, dos processos decisórios e investigatórios em curso no Parlamento.Não foi por outra razão que o Plenário do Supremo Tribunal Federal – apoiando-se em valioso precedente histórico firmado, por esta Corte, em 05/06/1914, no julgamento do HC 3.536, Rel. Min. OLIVEIRA RIBEIRO (Revista Forense, vol. 22/301-304) – não referendou, em data mais recente (18/03/2004), decisão liminar, que, proferida no MS 24.832-MC/DF, havia impedido o acesso de câmeras de televisão e de particulares em geral a uma determinada sessão de CPI, em que tal órgão parlamentar procederia à inquirição de certa pessoa, por entender que a liberdade de informação (que compreende tanto a prerrogativa do cidadão de receber informação quanto o direito do profissional de imprensa de buscar e de transmitir essa mesma informação) deveria preponderar no contexto então em exame.Não custa rememorar, neste ponto, tal como decidi no MS 24.725-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO (Informativo/STF nº 331), que os estatutos do poder, numa República fundada em bases democráticas, não podem privilegiar o mistério.Na realidade, a Carta Federal, ao proclamar os direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º), enunciou preceitos básicos, cuja compreensão é essencial à caracterização da ordem democrática como um regime do poder visível, ou, na lição expressiva de BOBBIO (“O Futuro da Democracia”, p. 86, 1986, Paz e Terra), como “um modelo ideal do governo público em público”.A Assembléia Nacional Constituinte, em momento de feliz inspiração, repudiou o compromisso do Estado com o mistério e com o sigilo, que fora tão fortemente realçado sob a égide autoritária do regime político anterior (1964-1985), quando no desempenho de sua prática governamental.Ao dessacralizar o segredo, a Assembléia Constituinte restaurou velho dogma republicano e expôs o Estado, em plenitude, ao princípio democrático da publicidade, convertido, em sua expressão

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concreta, em fator de legitimação das decisões e dos atos governamentais.É preciso não perder de perspectiva que a Constituição da República não privilegia o sigilo, nem permite que este se transforme em “praxis” governamental, sob pena de grave ofensa ao princípio democrático, pois, consoante adverte NORBERTO BOBBIO, em lição magistral sobre o tema (“O Futuro da Democracia”, 1986, Paz e Terra), não há, nos modelos políticos que consagram a democracia, espaço possível reservado ao mistério.Tenho por inquestionável, por isso mesmo, que a exigência de publicidade dos atos que se formam no âmbito do aparelho de Estado traduz conseqüência que resulta de um princípio essencial a que a nova ordem jurídico-constitucional vigente em nosso País não permaneceu indiferente.O novo estatuto político brasileiro - que rejeita o poder que oculta e que não tolera o poder que se oculta - consagrou a publicidade dos atos e das atividades estatais como expressivo valor constitucional, incluindo-o, tal a magnitude desse postulado, no rol dos direitos, das garantias e das liberdades fundamentais, como o reconheceu, em julgamento plenário, o Supremo Tribunal Federal (RTJ 139/712-713, Rel. Min. CELSO DE MELLO).Impende assinalar, ainda, que o direito de acesso às informações de interesse coletivo ou geral – a que fazem jus os cidadãos e, também, os meios de comunicação social – qualifica-se como instrumento viabilizador do exercício da fiscalização social a que estão sujeitos os atos do poder público.Ao examinar pretensão idêntica à ora deduzida nesta sede mandamental, quando do julgamento plenário do MS 23.639/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO (RTJ 177/229-240), tive o ensejo de destacar, a propósito do tema, o que se segue:“Não vejo, contudo, como determinar à CPI/Narcotráfico que se abstenha de divulgar dados ou registros sigilosos, pois não posso presumir que um órgão estatal vá transgredir as leis da República, notadamente em face da circunstância de que a atividade estatal reveste-se da presunção ‘juris tantum’ de legitimidade e de fidelidade ao ordenamento positivo.Situações anômalas, inferidas de suposta infringência das normas legais, não podem ser imputadas, por simples presunção, a uma Comissão Parlamentar de Inquérito constituída no âmbito das Casas do Congresso Nacional, especialmente se o impetrante - sem qualquer suporte probatório idôneo - não é capaz de demonstrar que o órgão ora apontado como coator vá divulgar, sem justa causa, o conteúdo das informações sigilosas a que legitimamente teve acesso.”

Em suma: são estas as razões que me levam a indeferir o pedido de reconsideração de fls. 40/41.Transmita-se, à Presidência da CPMI dos Correios, cópia da presente decisão, em complementação ao Ofício de fls. 37.Publique-se.Brasília, 14 de fevereiro de 2006 (23:45h).Ministro CELSO DE MELLO – Relator - * decisão pendente de publicação

CPI - Garantias constitucionais que lhe são oponíveis - Presença de advogado (Transcrições)HC 88015 MC/DF*

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLOEMENTA: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI). PRIVILÉGIO CONSTITUCIONAL CONTRA A

AUTO-INCRIMINAÇÃO: GARANTIA BÁSICA QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. A PESSOA SOB INVESTIGAÇÃO (PARLAMENTAR, POLICIAL OU JUDICIAL) NÃO SE DESPOJA DOS DIREITOS E GARANTIAS ASSEGURADOS PELA CONSTITUIÇÃO E PELAS LEIS DA REPÚBLICA. DIREITO À ASSISTÊNCIA EFETIVA E PERMANENTE POR ADVOGADO: UMA PROJEÇÃO CONCRETIZADORA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DO “DUE PROCESS OF LAW”. A PRIMAZIA DA “RULE OF LAW”. A PARTICIPAÇÃO DOS ADVOGADOS PERANTE AS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO E O NECESSÁRIO RESPEITO ÀS PRERROGATIVAS PROFISSIONAIS DESSES OPERADORES DO DIREITO (MS 25.617/DF, REL. MIN. CELSO DE MELLO, DJU 03/11/2005, V.G.). O POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES E A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE, PELO JUDICIÁRIO, DAS FUNÇÕES INVESTIGATÓRIAS DAS CPIs, SE E QUANDO EXERCIDAS DE MODO ABUSIVO. DOUTRINA. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus” preventivo, que, impetrado contra a “CPMI dos Correios”, objetiva preservar o “status libertatis” do ora paciente, por ela convocado a depor em sessão a ser realizada no próximo dia 15 de fevereiro.Busca-se, com a presente ação de “habeas corpus”, a obtenção de provimento jurisdicional que

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assegure, cautelarmente, ao ora paciente, (a) o direito de ser assistido por seu Advogado e de com este comunicar-se durante o curso de seu depoimento perante a referida Comissão Parlamentar de Inquérito e (b) o direito de exercer o privilégio constitucional contra a auto-incriminação, sem que se possa adotar, contra o ora paciente, como conseqüência do regular exercício dessa especial prerrogativa jurídica, qualquer medida restritiva de direitos ou privativa de liberdade, não podendo, ainda, esse mesmo paciente, ser obrigado “a assinar Termo de Compromisso na condição de testemunha” (fls. 11).Passo a apreciar o pedido de medida liminar formulado nesta sede processual.E, ao fazê-lo, defiro a postulação em causa, nos termos referidos no parágrafo anterior (“a” e “b”), notadamente para o fim de assegurar, ao ora paciente, além do direito de ser assistido e de comunicar-se com o seu advogado, também o direito de permanecer em silêncio e de não produzir provas contra si próprio, se e quando inquirido sobre fatos cujo esclarecimento possa importar em sua auto-incriminação, sem dispensá-lo, contudo, da obrigação de comparecer perante o órgão parlamentar ora apontado como coator.CPI E O PRIVILÉGIO CONSTITUCIONAL CONTRA A AUTO-INCRIMINAÇÃO.Tenho enfatizado, em decisões proferidas no Supremo Tribunal Federal, a propósito da prerrogativa constitucional contra a auto-incriminação (RTJ 176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO), e com apoio na jurisprudência prevalecente no âmbito desta Corte, que assiste, a qualquer pessoa, regularmente convocada para depor perante Comissão Parlamentar de Inquérito, o direito de se manter em silêncio, sem se expor - em virtude do exercício legítimo dessa faculdade - a qualquer restrição em sua esfera jurídica, desde que as suas respostas, às indagações que lhe venham a ser feitas, possam acarretar-lhe grave dano (“Nemo tenetur se detegere”).É que indiciados ou testemunhas dispõem, em nosso ordenamento jurídico, da prerrogativa contra a auto-incriminação, consoante tem proclamado a jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal (RTJ 172/929-930, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RDA 196/197, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 78.814/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).Cabe acentuar que o privilégio contra a auto-incriminação - que é plenamente invocável perante as Comissões Parlamentares de Inquérito (OVÍDIO ROCHA BARROS SANDOVAL, “CPI ao Pé da Letra”, p. 64/68, itens ns. 58/59, 2001, Millennium; UADI LAMMÊGO BULOS, “Comissão Parlamentar de Inquérito”, p. 290/294, item n. 1, 2001, Saraiva; NELSON DE SOUZA SAMPAIO, “Do Inquérito Parlamentar”, p. 47/48 e 58/59, 1964, Fundação Getúlio Vargas; JOSÉ LUIZ MÔNACO DA SILVA, “Comissões Parlamentares de Inquérito”, p. 65 e 73, 1999, Ícone Editora; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 3, p. 126-127, 1992, Saraiva, v.g.) - traduz direito público subjetivo, de estatura constitucional, assegurado a qualquer pessoa pelo art. 5º, inciso LXIII, da nossa Carta Política.Convém assinalar, neste ponto, que, “Embora aludindo ao preso, a interpretação da regra constitucional deve ser no sentido de que a garantia abrange toda e qualquer pessoa, pois, diante da presunção de inocência, que também constitui garantia fundamental do cidadão (...), a prova da culpabilidade incumbe exclusivamente à acusação” (ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO, “Direito à Prova no Processo Penal”, p. 113, item n. 7, 1997, RT - grifei).É por essa razão que o Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu esse direito também em favor de quem presta depoimento na condição de testemunha, advertindo, então, que “Não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como testemunha, ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la” (RTJ 163/626, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - grifei).Com o explícito reconhecimento dessa prerrogativa, constitucionalizou-se, em nosso sistema jurídico, uma das mais expressivas conseqüências derivadas da cláusula do “due process of law”.Qualquer pessoa que sofra investigações penais, policiais ou parlamentares, ostentando, ou não, a condição formal de indiciado – ainda que convocada como testemunha (RTJ 163/626 – RTJ 176/805-806) -, possui, dentre as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o direito de permanecer em silêncio e de não produzir provas contra si própria, consoante reconhece a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RTJ 141/512, Rel. Min. CELSO DE MELLO).Esse direito, na realidade, é plenamente oponível ao Estado, a qualquer de seus Poderes e aos seus respectivos agentes e órgãos. Atua, nesse sentido, como poderoso fator de limitação das próprias atividades de investigação e de persecução desenvolvidas pelo Poder Público (Polícia Judiciária, Ministério Público, Juízes, Tribunais e Comissões Parlamentares de Inquérito, p. ex.).Cabe registrar que a cláusula legitimadora do direito ao silêncio, ao explicitar, agora em sede constitucional, o postulado segundo o qual “Nemo tenetur se detegere”, nada mais fez senão consagrar, desta vez no âmbito do sistema normativo instaurado pela Carta da República de 1988, diretriz fundamental proclamada, desde 1791, pela Quinta Emenda que compõe o “Bill of Rights”

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norte-americano.Na realidade, ninguém pode ser constrangido a confessar a prática de um ilícito penal (HC 80.530-MC/PA, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Trata-se de prerrogativa, que, no autorizado magistério de ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO (“Direito à Prova no Processo Penal”, p. 111, item n. 7, 1997, RT), “constitui uma decorrência natural do próprio modelo processual paritário, no qual seria inconcebível que uma das partes pudesse compelir o adversário a apresentar provas decisivas em seu próprio prejuízo...”.O direito de o indiciado/acusado (ou testemunha) permanecer em silêncio - consoante proclamou a Suprema Corte dos Estados Unidos da América, em Escobedo v. Illinois (1964) e, de maneira mais incisiva, em Miranda v. Arizona (1966) - insere-se no alcance concreto da cláusula constitucional do devido processo legal.A importância de tal entendimento firmado em Miranda v. Arizona (1966) assumiu tamanha significação na prática das liberdades constitucionais nos Estados Unidos da América, que a Suprema Corte desse país, em julgamento mais recente (2000), voltou a reafirmar essa “landmark decision”, assinalando que as diretrizes nela fixadas (“Miranda warnings”) – dentre as quais se encontra a prévia cientificação de que ninguém é obrigado a confessar ou a responder a qualquer interrogatório – exprimem interpretação do próprio “corpus” constitucional, como advertiu o então “Chief Justice” William H. Rehnquist, autor de tal decisão, proferida, por 07 (sete) votos a 02 (dois), no caso Dickerson v. United States (530 U.S. 428, 2000), daí resultando, como necessária conseqüência, a intangibilidade desse precedente, insuscetível de ser derrogado por legislação meramente ordinária emanada do Congresso americano (“... Congress may not legislatively supersede our decisions interpreting and applying the Constitution ...”).Cumpre rememorar, bem por isso, que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC 68.742/DF, Rel. p/ o acórdão Min. ILMAR GALVÃO (DJU de 02/04/93), também reconheceu que o réu não pode, em virtude do princípio constitucional que protege qualquer acusado ou indiciado contra a auto-incriminação, sofrer, em função do legítimo exercício desse direito, restrições que afetem o seu “status poenalis”.Esta Suprema Corte, fiel aos postulados constitucionais que expressivamente delimitam o círculo de atuação das instituições estatais, enfatizou que qualquer indivíduo submetido a procedimentos investigatórios ou a processos judiciais de natureza penal “tem, dentre as várias prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o direito de permanecer calado. ‘Nemo tenetur se detegere’. Ninguém pode ser constrangido a confessar a prática de um ilícito penal” (RTJ 141/512, Rel. Min. CELSO DE MELLO).Em suma: o direito ao silêncio – e de não produzir provas contra si próprio - constitui prerrogativa individual que não pode ser desconsiderada por qualquer dos Poderes da República.Cabe enfatizar, por necessário - e como natural decorrência dessa insuprimível prerrogativa constitucional - que nenhuma conclusão desfavorável ou qualquer restrição de ordem jurídica à situação individual da pessoa que invoca essa cláusula de tutela pode ser extraída de sua válida e legítima opção pelo silêncio. Daí a grave - e corretíssima - advertência de ROGÉRIO LAURIA TUCCI (“Direitos e Garantias Individuais no Processo Penal Brasileiro”, p. 370, item n. 16.3, 2ª ed., 2004, RT), para quem o direito de permanecer calado “não pode importar em desfavorecimento do imputado, até porque consistiria inominado absurdo entender-se que o exercício de um direito, expresso na Lei das Leis como fundamental do indivíduo, possa acarretar-lhe qualquer desvantagem”.Esse mesmo entendimento é perfilhado por ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO (“Direito à Prova no Processo Penal”, p. 113, item n. 7, nota de rodapé n. 67, 1997, RT), que repele, por incompatíveis com o novo sistema constitucional, quaisquer disposições legais, prescrições regimentais ou práticas estatais que autorizem inferir, do exercício do direito ao silêncio, inaceitáveis conseqüências prejudiciais à defesa, aos direitos e aos interesses do réu, do indiciado ou da pessoa meramente investigada, tal como já o havia proclamado este Supremo Tribunal Federal, antes da edição da Lei nº 10.792/2003, que, dentre outras modificações, alterou o art. 186 do CPP:“Interrogatório - Acusado - Silêncio. A parte final do artigo 186 do Código de Processo Penal, no sentido de o silêncio do acusado poder se mostrar contrário aos respectivos interesses, não foi recepcionada pela Carta de 1988, que, mediante o preceito do inciso LVIII do artigo 5º, dispõe sobre o direito de os acusados, em geral, permanecerem calados (...).”(RTJ 180/1125, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - grifei)No sistema jurídico brasileiro, estruturado sob a égide do regime democrático, não existe qualquer possibilidade de o Poder Público (uma Comissão Parlamentar de Inquérito, p. ex.), por simples presunção ou com fundamento em meras suspeitas, reconhecer, sem prévia decisão judicial condenatória irrecorrível, a culpa de alguém.Na realidade, os princípios democráticos que informam o modelo constitucional consagrado na Carta

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Política de 1988 repelem qualquer comportamento estatal que transgrida o dogma de que não haverá culpa penal por presunção, nem responsabilidade criminal por mera suspeita (RT 690/390 - RT 698/452-454).É por essa razão que “Não podem repercutir contra o réu situações jurídico-processuais ainda não definidas por decisão irrecorrível do Poder Judiciário, especialmente naquelas hipóteses de inexistência de título penal condenatório definitivamente constituído” (RTJ 139/885, Rel. Min. CELSO DE MELLO).Não constitui demasia enfatizar, neste ponto, que o princípio constitucional da não-culpabilidade também consagra, em nosso sistema jurídico, uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado, ao réu ou a qualquer pessoa, como se estes já houvessem sido condenados definitivamente por sentença do Poder Judiciário.Em suma: cabe ter presente, no exame da matéria ora em análise, a jurisprudência constitucional que tem prevalecido, sem maiores disceptações, no âmbito do Supremo Tribunal Federal:“- O privilégio contra a auto-incriminação - que é plenamente invocável perante as Comissões Parlamentares de Inquérito - traduz direito público subjetivo assegurado a qualquer pessoa, que, na condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva prestar depoimento perante órgãos do Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário.- O exercício do direito de permanecer em silêncio não autoriza os órgãos estatais a dispensar qualquer tratamento que implique restrição à esfera jurídica daquele que regularmente invocou essa prerrogativa fundamental. Precedentes.O direito ao silêncio - enquanto poder jurídico reconhecido a qualquer pessoa relativamente a perguntas cujas respostas possam incriminá-la (nemo tenetur se detegere) - impede, quando concretamente exercido, que aquele que o invocou venha, por tal específica razão, a ser preso, ou ameaçado de prisão, pelos agentes ou pelas autoridades do Estado.- Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado.O princípio constitucional da não-culpabilidade, em nosso sistema jurídico, consagra uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido condenados definitivamente por sentença do Poder Judiciário. Precedentes.”(RTJ 176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)A PARTICIPAÇÃO DO ADVOGADO PERANTE A COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.Impende assinalar, de outro lado, tendo em vista o pleito deduzido em favor do ora paciente - no sentido de que se lhe assegure o direito de ser assistido por seu Advogado e de com este comunicar-se durante o curso de seu depoimento perante a “CPMI dos Correios” –, que cabe, ao Advogado, a prerrogativa, que lhe é dada por força e autoridade da lei, de velar pela intangibilidade dos direitos daquele que o constituiu como patrono de sua defesa técnica, competindo-lhe, por isso mesmo, para o fiel desempenho do “munus” de que se acha incumbido, o exercício dos meios legais vocacionados à plena realização de seu legítimo mandato profissional.Na realidade, mesmo o indiciado, quando submetido a procedimento inquisitivo, de caráter unilateral (perante a Polícia Judiciária ou uma CPI, p. ex.), não se despoja de sua condição de sujeito de determinados direitos e de garantias indisponíveis, cujo desrespeito põe em evidência a censurável face arbitrária do Estado cujos poderes, necessariamente, devem conformar-se ao que impõe o ordenamento positivo da República, notadamente no que se refere à efetiva e permanente assistência técnica por Advogado.Esse entendimento - que reflete a própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, construída sob a égide da vigente Constituição (MS 23.576/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU 07/12/99 e DJU 03/02/2000 – MS 23.684/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJU 10/05/2000 - MS 25.617-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU 03/11/2005, v.g.) - encontra apoio na lição de autores eminentes, que, não desconhecendo que o exercício do poder não autoriza a prática do arbítrio, ainda que se cuide de mera investigação conduzida sem a garantia do contraditório, enfatizam que, em tal procedimento inquisitivo, há direitos titularizados pelo indiciado que não podem ser ignorados pelo Estado.Cabe referir, nesse sentido, dentre outras lições inteiramente aplicáveis às Comissões Parlamentares de Inquérito, o autorizado magistério de FAUZI HASSAN CHOUKE (“Garantias Constitucionais na Investigação Criminal”, p. 74, item n. 4.2, 1995, RT), de ADA PELLEGRINI GRINOVER (“A Polícia Civil e as Garantias Constitucionais de Liberdade”, “in” “A Polícia à Luz do Direito”, p. 17, 1991, RT), de ROGÉRIO LAURIA TUCCI (“Direitos e Garantias Individuais no Processo Penal Brasileiro”, p. 383, 1993,

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Saraiva), de ROBERTO MAURÍCIO GENOFRE (“O Indiciado: de Objeto de Investigações a Sujeito de Direitos”, “in” “Justiça e Democracia”, vol. 1/181, item n. 4, 1996, RT), de PAULO FERNANDO SILVEIRA (“Devido Processo Legal - Due Process of Law”, p. 101, 1996, Del Rey), de ROMEU DE ALMEIDA SALLES JUNIOR (“Inquérito Policial e Ação Penal”, p. 60/61, item n. 48, 7ª ed., 1998, Saraiva) e de LUIZ CARLOS ROCHA (“Investigação Policial - Teoria e Prática”, p. 109, item n. 2, 1998, Saraiva).Assume inquestionável valor, bem por isso, presente o contexto ora em análise (direitos do indiciado e prerrogativas profissionais do Advogado perante a CPI), a lição de ODACIR KLEIN (“Comissões Parlamentares de Inquérito - A Sociedade e o Cidadão”, p. 48/49, item n. 4, 1999, Sergio Antonio Fabris Editor), que tanta expressão deu, quando membro do Congresso Nacional, à atividade legislativa:“O texto constitucional consagra o princípio de que ninguém é obrigado a se auto-incriminar.Dessa forma, estará agindo no mínimo autoritariamente quem, participando de uma CPI, negar o direito ao silêncio à pessoa que possa ser responsabilizada ao final da investigação.Em seu interrogatório, o indiciado terá que ser tratado sem agressividade, truculência ou deboche, por quem o interroga diante da imprensa e sob holofotes, já que a exorbitância da função de interrogar está coibida pelo art. 5º, III, da Constituição Federal, que prevê que ‘ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante’.Aquele que, numa CPI, ao ser interrogado, for injustamente atingido em sua honra ou imagem, poderá pleitear judicialmente indenização por danos morais ou materiais, neste último caso, se tiver sofrido prejuízo financeiro em decorrência de sua exposição pública, tudo com suporte no disposto na Constituição Federal, em seu art. 5º, X........................................................Na condição de indiciado, terá direito à assistência de advogado, garantindo-se ao profissional, com suporte no art. 7º da Lei 8.906/94 - Estatuto da Advocacia e da OAB - comparecer às reuniões da CPI (VI, d), nelas podendo reclamar, verbalmente ou por escrito, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento (XI).” (grifei)Extremamente oportunas, sob tal aspecto, as observações feitas pelo ilustre Advogado paulista e ex-Secretário da Justiça do Estado de São Paulo, Dr. MANUEL ALCEU AFFONSO FERREIRA (“As CPIs e a Advocacia”, “in” “O Estado de S. Paulo”, edição de 05/12/99, p. A22):“Nem se diga, no lastimável argumento repugnante à inteligência e comprometedor do bom senso, que a presença ativa dos advogados nas sessões das CPIs frustraria os seus propósitos investigatórios. Fosse assim, tampouco chegariam a termo as averiguações policiais; ou os inquéritos civis conduzidos pelo Ministério Público; ou, ainda, as inquirições probatórias administradas pelo Judiciário. Com plena razão, magistrados, promotores e delegados jamais alegaram a Advocacia como obstáculo, bem ao contrário, nela enxergando meio útil à descoberta da verdade e à administração da Justiça.” (grifei)Registre-se, ainda, por necessário, que, se é certo que a Constituição atribuiu às CPIs “os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais” (CF, art. 58, § 3º), não é menos exato que os órgãos de investigação parlamentar estão igualmente sujeitos, tanto quanto os juízes, às mesmas restrições e limitações impostas pelas normas legais e constitucionais que regem o “due process of law”, mesmo que se cuide de procedimento instaurado em sede administrativa ou político-administrativa, de tal modo que se aplica às CPIs, em suas relações com os Advogados, o mesmo dever de respeito – cuja observância também se impõe aos Magistrados (e a este Supremo Tribunal Federal, inclusive) – às prerrogativas profissionais previstas no art. 7º da Lei nº 8.906/94, que instituiu o “Estatuto da Advocacia”.O Advogado - ao cumprir o dever de prestar assistência técnica àquele que o constituiu, dispensando-lhe orientação jurídica perante qualquer órgão do Estado - converte, a sua atividade profissional, quando exercida com independência e sem indevidas restrições, em prática inestimável de liberdade. Qualquer que seja o espaço institucional de sua atuação (Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judiciário), ao Advogado incumbe neutralizar os abusos, fazer cessar o arbítrio, exigir respeito ao ordenamento jurídico e velar pela integridade das garantias jurídicas - legais ou constitucionais - outorgadas àquele que lhe confiou a proteção de sua liberdade e de seus direitos, dentre os quais avultam, por sua inquestionável importância, a prerrogativa contra a auto-incriminação e o direito de não ser tratado, pelas autoridades públicas, como se culpado fosse, observando-se, desse modo, as diretrizes, previamente referidas, consagradas na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.Se, não obstante essa realidade normativa que emerge do sistema jurídico brasileiro, a Comissão Parlamentar de Inquérito - ou qualquer outro órgão posicionado na estrutura institucional do Estado - desrespeitar tais direitos que assistem à generalidade das pessoas, justificar-se-á, em tal específica situação, a intervenção, sempre legítima, do Advogado, para fazer cessar o ato arbitrário ou, então, para impedir que aquele que o constituiu culmine por auto-incriminar-se.

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O exercício do poder de fiscalizar eventuais abusos cometidos por Comissão Parlamentar de Inquérito contra aquele que por ela foi convocado para depor traduz prerrogativa indisponível do Advogado no desempenho de sua atividade profissional, não podendo, por isso mesmo, ser cerceado, injustamente, na prática legítima de atos que visem a neutralizar situações configuradoras de arbítrio estatal ou de desrespeito aos direitos daquele que lhe outorgou o pertinente mandato.A função de investigar não pode resumir-se a uma sucessão de abusos nem deve reduzir-se a atos que importem em violação de direitos ou que impliquem desrespeito a garantias estabelecidas na Constituição e nas leis. O inquérito parlamentar, por isso mesmo, não pode transformar-se em instrumento de prepotência nem converter-se em meio de transgressão ao regime da lei.Os fins não justificam os meios. Há parâmetros ético-jurídicos que não podem e não devem ser transpostos pelos órgãos, pelos agentes ou pelas instituições do Estado. Os órgãos do Poder Público, quando investigam, processam ou julgam, não estão exonerados do dever de respeitar os estritos limites da lei e da Constituição, por mais graves que sejam os fatos cuja prática motivou a instauração do procedimento estatal.CONTROLE JURISDICIONAL E SEPARAÇÃO DE PODERES.Nem se diga, de outro lado, na perspectiva do caso em exame, que a atuação do Poder Judiciário, nas hipóteses de lesão, atual ou iminente, a direitos subjetivos amparados pelo ordenamento jurídico do Estado, configuraria intervenção ilegítima dos juízes e Tribunais na esfera de atuação do Poder Legislativo.Eventuais divergências na interpretação do ordenamento positivo não traduzem nem configuram situação de conflito institucional, especialmente porque, acima de qualquer dissídio, situa-se a autoridade da Constituição e das leis da República.Isso significa, na fórmula política do regime democrático, que nenhum dos Poderes da República está acima da Constituição e das leis. Nenhum órgão do Estado - situe-se ele no Poder Judiciário, ou no Poder Executivo, ou no Poder Legislativo - é imune à força da Constituição e ao império das leis.Uma decisão judicial - que restaura a integridade da ordem jurídica e que torna efetivos os direitos assegurados pelas leis - não pode ser considerada um ato de interferência na esfera do Poder Legislativo, consoante já proclamou o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em unânime decisão:“O CONTROLE JURISDICIONAL DE ABUSOS PRATICADOS POR COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES.- A essência do postulado da divisão funcional do poder, além de derivar da necessidade de conter os excessos dos órgãos que compõem o aparelho de Estado, representa o princípio conservador das liberdades do cidadão e constitui o meio mais adequado para tornar efetivos e reais os direitos e garantias proclamados pela Constituição.Esse princípio, que tem assento no art. 2º da Carta Política, não pode constituir nem qualificar-se como um inaceitável manto protetor de comportamentos abusivos e arbitrários, por parte de qualquer agente do Poder Público ou de qualquer instituição estatal.- O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República.O regular exercício da função jurisdicional, por isso mesmo, desde que pautado pelo respeito à Constituição, não transgride o princípio da separação de poderes.”Desse modo, não se revela lícito afirmar, na hipótese de desvios jurídico-constitucionais nas quais incida uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que o exercício da atividade de controle jurisdicional possa traduzir situação de ilegítima interferência na esfera de outro Poder da República.”(RTJ 173/805-810, 806, Rel. Min. CELSO DE MELLO)A exigência de respeito aos princípios consagrados em nosso sistema constitucional não frustra nem impede o exercício pleno, por qualquer CPI, dos poderes investigatórios de que se acha investida.A observância dos direitos e garantias constitui fator de legitimação da atividade estatal. Esse dever de obediência ao regime da lei se impõe a todos - magistrados, administradores e legisladores.O poder não se exerce de forma ilimitada. No Estado democrático de Direito, não há lugar para o poder absoluto.Ainda que em seu próprio domínio institucional, portanto, nenhum órgão estatal pode, legitimamente, pretender-se superior ou supor-se fora do alcance da autoridade suprema da Constituição Federal e das leis da República.O respeito efetivo pelos direitos individuais e pelas garantias fundamentais outorgadas pela ordem jurídica aos cidadãos em geral representa, no contexto de nossa experiência institucional, o sinal mais expressivo e o indício mais veemente de que se consolida, em nosso País, de maneira real, o quadro democrático delineado na Constituição da República.A separação de poderes - consideradas as circunstâncias históricas que justificaram a sua concepção

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no plano da teoria constitucional - não pode ser jamais invocada como princípio destinado a frustrar a resistência jurídica a qualquer ensaio de opressão estatal ou a inviabilizar a oposição a qualquer tentativa de comprometer, sem justa causa, o exercício, pela pessoa que sofre a investigação, do seu direito de requerer a tutela jurisdicional contra abusos que possam ser cometidos pelas instituições do Estado, não importando se vinculadas à estrutura do Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário.A investigação parlamentar, judicial ou administrativa de qualquer fato determinado, por mais grave que ele possa ser, não prescinde do respeito incondicional e necessário, por parte do órgão público dela incumbido, das normas, que, instituídas pelo ordenamento jurídico, visam a equacionar, no contexto do sistema constitucional, a situação de contínua tensão dialética que deriva do antagonismo histórico entre o poder do Estado (que jamais deverá revestir-se de caráter ilimitado) e os direitos da pessoa (que não poderão impor-se de forma absoluta).É, portanto, na Constituição e nas leis - e não na busca pragmática de resultados, independentemente da adequação dos meios à disciplina imposta pela ordem jurídica - que se deverá promover a solução do justo equilíbrio entre as relações de tensão que emergem do estado de permanente conflito entre o princípio da autoridade e o valor da liberdade.O que simplesmente se revela intolerável, e não tem sentido, por divorciar-se dos padrões ordinários de submissão à “rule of law”, é a sugestão - que seria paradoxal, contraditória e inaceitável - de que o respeito pela autoridade da Constituição e das leis possa traduzir fator ou elemento de frustração da eficácia da investigação estatal.Sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, e sem dispensar o ora paciente da obrigação de comparecer perante a “CPMI dos Correios”, defiro o pedido de medida liminar, nos precisos termos expostos nesta decisão, em ordem a assegurar, cautelarmente, a esse mesmo paciente, (a) o direito de ser assistido por seu Advogado e de com este comunicar-se durante o curso de seu depoimento perante a referida Comissão Parlamentar de Inquérito e (b) o direito de exercer o privilégio constitucional contra a auto-incriminação, sem que se possa adotar, contra o paciente em questão, como conseqüência do regular exercício dessa especial prerrogativa jurídica, qualquer medida restritiva de direitos ou privativa de liberdade, não podendo, ainda, tal paciente, ser obrigado “a assinar Termo de Compromisso na condição de testemunha” (fls. 11).Comunique-se, com urgência, o teor deste ato decisório, ao eminente Senhor Presidente da “CPMI dos Correios”.2. Requisitem-se informações ao órgão ora apontado como coator, encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão.Publique-se.Brasília, 14 de fevereiro de 2006.Ministro CELSO DE MELLO - Relator*decisão pendente de publicação

Fiador em Contrato de Locação e Penhorabilidade de Bem de Família (Transcrições)RE 407.688/SP*(v. Informativo 415)

RELATOR: MIN. CEZAR PELUSORELATÓRIO: Trata-se de recurso extraordinário contra acórdão do antigo Segundo Tribunal de

Alçada Civil do Estado de São Paulo, que negou provimento a agravo de instrumento interposto pelo ora recorrente. À base do agravo está decisão em que o juiz da causa indeferiu pedido de liberação do bem de família do recorrente, objeto de constrição em processo executivo com fundamento na exceção legal à regra da impenhorabilidade de tais bens, nos termos do art. 3º, inc. VII, da Lei nº 8.009, de 29.03.1990, pois o devedor executado ostenta a condição incontroversa de fiador em contrato de locação (fls. 117-130).O acórdão está assim ementado:“Locação – Despejo – Execução – fiador – Responsabilidade solidária pelos débitos do afiançado – Constrição do seu imóvel residencial – Admissibilidade – Previsão da atual lei inquilinária – direito de moradia – norma do art. 6º da CF, ampliada pela Emenda nº 26/2000 – Regulamentação – Ausência – Recurso desprovido” (fls. 110).Inconformado, o fiador interpôs recurso extraordinário. Como apontado na decisão que o admitiu na origem, “cinge-se a controvérsia em saber se a penhorabilidade do bem de família do fiador de contrato de locação persiste, ou não, com o advento da Emenda Constitucional nº 26, de 14 de fevereiro de 2000, que ampliou a disposição do artigo 6º da Constituição Federal, incluindo a moradia entre os direitos sociais” (fls. 203).É o relatório.

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VOTO: Tenho por inconsistente o recurso.Não me parece sólida a alegação de que a penhora do bem de família do recorrente violaria o disposto no art. 6° da Constituição da República, que, por força da redação introduzida pela EC nº 26, de 15 de fevereiro de 2000, não teria recebido a norma do art. 3º, inc. VII, da Lei nº 8.009, de 29.03.1990, a qual abriu exceção à impenhorabilidade do bem de família.A regra constitucional enuncia direito social, que, não obstante suscetível de qualificar-se como direito subjetivo, enquanto compõe o espaço existencial da pessoa humana, “independentemente da sua justiciabilidade e exeqüibilidade imediatas”, sua dimensão objetiva supõe provisão legal de prestações aos cidadãos, donde entrar na classe dos chamados “direitos a prestações, dependentes da actividade mediadora dos poderes públicos”.Isto significa que, em teoria, são várias, se não ilimitadas, as modalidades ou formas pelas quais o Estado pode, definindo-lhe o objeto ou o conteúdo das prestações possíveis, concretizar condições materiais de exercício do direito social à moradia. Ao propósito dos direitos sociais dessa estirpe, nota a doutrina:“A multiplicidade de opções que se registra no âmbito da atividade prestacional social do Estado tende a ser, em tese, ilimitada e constitui, por si só, instigante tema para uma reflexão mais aprofundada. Mesmo assim foram efetuadas diversas tentativas de sistematizar as prestações sociais estatais relevantes para a problemática dos direitos sociais, dentre as quais destacamos - pela sua plasticidade e abrangência – a proposta formulada pelo publicista germânico Dieter Murswiek, que dividiu as prestações estatais (que podem, em princípio, constituir em objeto dos direitos sociais) em quatro grupos: a) prestações sociais em sentido estrito, tais como a assistência social, aposentadoria, saúde, fomento da educação e do ensino, etc; b) subvenções materiais em geral, não previstas no item anterior; c) prestações de cunho existencial no âmbito da providência social (Daseinsvorsorge), como a utilização de bens públicos e instituições, além do fornecimento de gás, luz, água, etc.; d) participação em bens comunitários que não se enquadram no item anterior, como, por exemplo, a participação (no sentido de quota-parte), em recursos naturais de domínio público.O que se percebe, com base na sistematização proposta, é que os diversos direitos sociais prestacionais podem apresentar um vínculo diferenciado em relação às categorias de prestações estatais referidas (direito ao trabalho, assistência social, aposentadoria, educação, saúde, moradia, etc.). Quais das diferentes espécies de prestações efetivamente irão constituir o objeto dos direitos sociais dependerá de seu reconhecimento e previsão em cada ordem constitucional, bem como de sua concretização pelo legislador, mesmo onde o Constituinte renunciar à positivação dos direitos sociais prestacionais. Importante é a constatação de que as diversas modalidades de prestações referidas não constituem um catálogo hermético e insuscetível de expansão, servindo, além disso, para ressaltar uma das diferenças essenciais entre os direitos de defesa e os direitos sociais (a prestações), já que estes, em regra, reclamam uma atuação positiva do legislador e do Executivo, no sentido de implementar a prestação que constitui o objeto do direito fundamental.”Daí se vê logo que não repugna à ordem constitucional que o direito social de moradia — o qual, é bom observar, se não confunde, necessariamente, com direito à propriedade imobiliária ou direito de ser proprietário de imóvel — pode, sem prejuízo doutras alternativas conformadoras, reputar-se, em certo sentido, implementado por norma jurídica que estimule ou favoreça o incremento da oferta de imóveis para fins de locação habitacional, mediante previsão de reforço das garantias contratuais dos locadores.A vigente Constituição portuguesa é, aliás, ilustrativa ao propósito, ao dispor, no nº 2 do art. 65º:“2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado:(...)c) Estimular a construção privada, com subordinação ao interesse geral, e o acesso à habitação própria ou arrendada” (Grifei)A respeito, não precisaria advertir que um dos fatores mais agudos de retração e de dificuldades de acesso do mercado de locação predial está, por parte dos candidatos a locatários, na falta absoluta, na insuficiência ou na onerosidade de garantias contratuais licitamente exigíveis pelos proprietários ou possuidores de imóveis de aluguel. Nem, tampouco, que acudir a essa distorção, facilitando celebração dos contratos e com isso realizando, num dos seus múltiplos modos de positivação e de realização histórica, o direito social de moradia, é a própria ratio legis da exceção prevista no art. 3º, inc. VII, da Lei nº 8.009, de 1990. São coisas óbvias e intuitivas.Daí, só poder conceber-se acertada, em certo limite, a postura de quem vê, na penhorabilidade de imóvel do fiador, regra hostil ao art. 6º da Constituição da República, em “havendo outros meios de assegurar o pagamento do débito”, porque essa constitui a única hipótese em que, perdendo, diante de particular circunstância do caso, a função prática de servir à prestação de garantia exclusiva das obrigações do locatário e, como tal, de condição necessária da locação, a aplicação da regra

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contradiria o propósito e o alcance normativo. Aí, não incidiria, não porque, na sua generalidade e eficácia, seja desconforme com a Constituição, senão porque o fato (fattispecie concreta) é que se lhe não afeiçoaria ao modelo normativo (fattispecie abstrata).Ou, noutros termos, a norma deveras comporta redução teleológica que, para a acomodar à tutela constitucional do direito social de moradia, na dupla face de resguardo simultâneo a direito subjetivo do fiador ao bem de família e, por viés, a análogo direito do locatário à habitação, exclua do seu programa normativo, sem mudança alguma do texto legal, certa hipótese de aplicação, qualificada pela existência de outro ou outros meios capazes de assegurar o pagamento forçado de todo o crédito do locador. A essa construção, no plano dogmático, corresponde o conceito puro de declaração de nulidade, sem redução de texto. Mas não deixa de expressar também o caráter negativo da eficácia do direito social do fiador, visto como poder de defesa contra agressão a posição jurídica redutível ao seu âmbito de proteção.Mas não é caso dessa redução, porque aqui não se alega nem consta estejam disponíveis outras garantias ao crédito exeqüendo.Nem parece, por fim, curial invocar-se de ofício o princípio isonômico, assim porque se patenteia diversidade de situações factuais e de vocações normativas — a expropriabilidade do bem do fiador tende, posto que por via oblíqua, também a proteger o direito social de moradia, protegendo direito inerente à condição de locador, não um qualquer direito de crédito —, como porque, como bem observou JOSÉ EDUARDO FARIA, “os direitos sociais não configuram um direito de igualdade, baseado em regras de julgamento que implicam um tratamento uniforme; são, isto sim, um direito das preferências e das desigualdades, ou seja, um direito discriminatório com propósitos compensatórios”.Não admira, portanto, que, no registro e na modelação concreta do mesmo direito social, se preordene a norma subalterna a tutelar, mediante estímulo do acesso à habitação arrendada – para usar os termos da Constituição lusitana -, o direito de moradia de uma classe ampla de pessoas (interessadas na locação), em dano de outra de menor espectro (a dos fiadores proprietários de um só imóvel, enquanto bem de família, os quais não são obrigados a prestar fiança). Castrar essa técnica legislativa, que não pré-exclui ações estatais concorrentes doutra ordem, romperia equilíbrio do mercado, despertando exigência sistemática de garantias mais custosas para as locações residenciais, com conseqüente desfalque do campo de abrangência do próprio direito constitucional à moradia.Do exposto, nego provimento ao recurso extraordinário.* acórdão pendente de publicação

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos e Silva

[email protected]

Informativo STFBrasília, 6 a 10 de fevereiro de 2006 - Nº 415.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.SUMÁRIO

PlenárioICMS e Transporte Rodoviário de PassageirosServiços Notariais e de Registro: Concurso Público e Princípio da IsonomiaFiador em Contrato de Locação e Penhorabilidade de Bem de FamíliaAnistia e Vício MaterialExtinção de Punibilidade: Estupro de Vítima Menor de 14 Anos e União Estável - 2Desapropriação: Laudo de Vistoria e Termo Inicial para ImpugnaçãoPrazo para Registro de Aposentadoria e Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa1ª TurmaPrincípio do Promotor Natural e Delegação pelo PGRFalsidade Ideológica e Inépcia da DenúnciaPedido de Extensão e Órgãos Judiciários Distintos2ª TurmaPrescrição da Pretensão Punitiva AntecipadaDireito Adquirido e Aposentadoria Especial

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Clipping do DJTranscriçõesProcessamento de RE Retido (Pet 3598 MC/RJ)Dirigente Sindical e estabilidade provisória (AI 454064/PA)

PLENÁRIOICMS e Transporte Rodoviário de Passageiros

O Tribunal iniciou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Confederação Nacional do Transporte - CNT contra os artigos 4º; 11, II, a e c; 12, V e XIII, da Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir) que, respectivamente, elenca os contribuintes do ICMS, estabelece o local da operação ou da prestação de serviço de transporte, para os efeitos da cobrança do imposto e definição do estabelecimento responsável, bem como fixa o momento de ocorrência da hipótese de incidência do tributo. Preliminarmente, o Tribunal assentou a legitimidade da requerente, nos termos do que consignado no julgamento da ADI 1912/RJ (DJU de 21.5.99). Quanto ao mérito, o Min. Nelson Jobim, relator, entendeu que a norma impugnada apresenta insuficiência de identificação dos elementos fundamentais da relação tributária, o que impede a aplicação dos princípios constitucionais relativos ao ICMS. Em face disso, e na linha do que decidido no julgamento da ADI 1600/DF (DJU de 20.6.2003), deu pela procedência do pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade, com eficácia ex nunc, da instituição do ICMS sobre a prestação de serviços de transporte terrestre de passageiros. Após o voto do Min. Sepúlveda Pertence, que acompanhava o do relator, pediu vista dos autos o Min. Gilmar Mendes.ADI 2669/DF, rel. Min. Nelson Jobim, 8.2.2006. (ADI-2669)

Serviços Notariais e de Registro: Concurso Público e Princípio da IsonomiaPor vislumbrar aparente ofensa ao princípio da isonomia (CF, art. 5º, caput), o Tribunal deferiu

medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República, para suspender a eficácia do inciso I do art. 17 e da expressão “e apresentação de temas em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais”, contida no inciso II do referido artigo, da Lei 12.919/98, do Estado de Minas Gerais — que dispõe sobre os concursos de ingresso e remoção nos serviços notarias e de registro do Estado de Minas Gerais —, os quais consideram título o tempo de serviço prestado como titular em serviço notarial ou de registro e os trabalhos jurídicos publicados, de autoria única, e apresentação de temas em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais.ADI 3580 MC/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.2.2006. (ADI-3580)

Fiador em Contrato de Locação e Penhorabilidade de Bem de FamíliaContinua a ser passível de penhora o bem de família pertencente a fiador em contrato de locação.

Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do 2º Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo que desprovera agravo de instrumento do recorrente no qual impugnava decisão que, com base no art. 3º, VII, da Lei 8.009/90, indeferira a liberação de seu imóvel residencial, objeto de constrição em processo executivo. Entendeu-se que a penhora do bem de família do recorrente não viola o disposto no art. 6º da CF, com a redação dada pela EC 26/2000 (“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”), mas com ele se coaduna, já que é modalidade de viabilização do direito à moradia — o qual não deve ser traduzido, necessariamente, como o direito à propriedade imobiliária ou o direito de ser proprietário de imóvel — porquanto, atendendo à própria ratio legis da exceção prevista no art. 3º, VII, da Lei 8.009/90, facilita e estimula o acesso à habitação arrendada, constituindo reforço das garantias contratuais dos locadores, e afastando, por conseguinte, a necessidade de garantias mais onerosas, tais como a fiança bancária. Vencidos os Ministros Eros Grau, Carlos Brito e Celso de Mello, que davam provimento ao recurso ao fundamento de que a exceção à regra da impenhorabilidade do bem de família não teria sido recepcionada pela CF. O Min. Marco Aurélio fez consignar que entendia necessária a audiência da Procuradoria-Geral da República, tendo em vista a questão constitucional.RE 407688/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 8.2.2006. (RE-407688)

Anistia e Vício MaterialPor entender caracterizada a ofensa aos artigos 8º e 9º do ADCT, que prevêem os casos em que

será concedida a anistia, com efeitos financeiros, o Tribunal julgou procedente pedido formulado em

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ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Emenda Constitucional 14/2001, do Estado do Paraná, que assegura aos terceiros de boa-fé indenização por prejuízos materiais, inclusive perda ou cessação de renda, advindos de ato de exceção ocorridos no período revolucionário, estabelecendo que a verificação do direito e do valor desses prejuízos serão realizados em pleitos administrativos, mediante requerimento do interessado, e que o Poder Executivo poderá pagar o débito por meio de compensação com seus créditos fiscais, inscritos ou não em dívida ativa. Considerou-se que a emenda constitucional impugnada institui nova forma de anistia que amplia as hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal. Precedentes citados: AOE 16/RJ (DJU de 16.12.2005) e RE 275480/PR (DJU de 7.2.2003).ADI 2639/PR, rel. Min. Nelson Jobim, 8.2.2006. (ADI-2639)

Extinção de Punibilidade: Estupro de Vítima Menor de 14 Anos e União Estável - 2Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em

que se discutia a possibilidade de se aplicar a regra prevista no inciso VII do art. 107 do CP em favor de condenado por estupro, que passou a viver em união estável com a vítima, menor de quatorze anos, e o filho, fruto da relação (CP: “Art. 107. Extingue-se a punibilidade:... VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes...”). Entendeu-se que somente o casamento teria o condão de extinguir a punibilidade, e que a união estável sequer poderia ser considerada no caso, haja vista a menor ser incapaz de consentir. Ressaltaram-se, também, as circunstâncias terríveis em que ocorrido o crime, quais sejam, o de ter sido cometido pelo tutor da menor, e quando esta tinha nove anos de idade. Asseverou-se, por fim, o advento da Lei 11.106/2005, que revogou os incisos VII e VIII do art. 107 do CP. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, relator, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence que davam provimento ao recurso para declarar a extinção da punibilidade, reconhecendo a união estável, e aplicando, por analogia, em face do art. 226, § 3º da CF, o inciso VII do art. 107 do CP, tendo em vista o princípio da ultratividade da lei mais benéfica. RE 418376/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa, 9.2.2006. (RE-418376)

Desapropriação: Laudo de Vistoria e Termo Inicial para ImpugnaçãoO prazo para a impugnação do laudo de vistoria realizado pelo INCRA em processo administrativo de

desapropriação conta-se da data consignada no aviso de recebimento - AR e não da de sua juntada aos autos. Com base nesse entendimento, o Tribunal, em conclusão de julgamento, denegou mandado de segurança impetrado contra decreto expropriatório de imóvel rural dos impetrantes, em que se pretendia a nulidade da decisão proferida no processo administrativo que determinara a desapropriação, haja vista não ter o INCRA apreciado, sob o fundamento de intempestividade, a impugnação ao laudo de vistoria. Considerou-se não ser possível utilizar, em razão das peculiaridades do procedimento administrativo, a regra geral para contagem de prazos do CPC, haja vista que o laudo de vistoria é encaminhado com a notificação, permitindo que o eventual recorrente disponha, desde a ciência do laudo, dos elementos necessários à elaboração de seu recurso. Da mesma forma, foram rejeitadas as demais causas de pedir. Vencido o Min. Marco Aurélio, relator, que deferia a ordem por entender, com base no art. 241 do CPC, que a contestação ao laudo fora apresentada de forma tempestiva, porquanto o termo inicial de quinze dias deveria ser contado a partir da data de juntada, ao processo, do aviso de recebimento.MS 24484/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ acórdão Min. Eros Grau, 9.2.2006. (MS- 24484)

Prazo para Registro de Aposentadoria e Princípios do Contraditório e da Ampla DefesaO Tribunal iniciou julgamento de mandado de segurança impetrado contra decisão do TCU que

negara registro ao ato de aposentadoria especial de professor concedida ao impetrante por considerar indevido o cômputo de serviço prestado sem contrato formal e sem o recolhimento das contribuições previdenciárias. O Min. Carlos Britto, relator, deferiu a segurança para anular o acórdão do TCU no que se refere ao impetrante. Muito embora admitindo o fato de que a relação jurídica estabelecida no caso se dá entre o TCU e a Administração Pública, o que, a princípio, não reclamaria a audição da parte diretamente interessada, entendeu, tendo em conta o longo decurso de tempo da percepção da aposentadoria até a negativa do registro (cinco anos e oito meses), haver direito líquido e certo do impetrante de exercitar as garantias do contraditório e da ampla defesa. Considerou o relator, invocando os princípios da segurança jurídica e da lealdade, ser imperioso reconhecer determinadas situações jurídicas subjetivas em face do Poder Público e, salientando a necessidade de se fixar um tempo médio razoável a ser aplicado aos processos de contas cujo objeto seja o exame da legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões, afirmou poder se extrair, dos prazos existentes no ordenamento jurídico brasileiro, o referencial de cinco anos. Com base nisso,

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assentou que, transcorrido in albis o prazo qüinqüenal, haver-se-ia de convocar o particular para fazer parte do processo de seu interesse. Após o voto do Min. Cezar Peluso, acompanhando o do relator, pediu vista dos autos o Min. Gilmar Mendes. MS 25116/DF, rel. Min. Carlos Britto, 9.2.2006. (MS-25116)

PRIMEIRA TURMAPrincípio do Promotor Natural e Delegação pelo PGR

A Turma deferiu dois habeas corpus impetrados, respectivamente, em favor de juiz e de desembargador federais do TRF da 2a Região, denunciados pela suposta prática do crime de falsidade ideológica (CP, art. 299, na forma do art. 69 c/c o art. 29) consistente em indevida aceitação de prevenção para o julgamento de processos em curso naquele Tribunal e, quanto ao segundo paciente, na determinação de desentranhamento e arquivamento de agravos devolvidos à origem em virtude de pedidos de desistência. No caso concreto, o Órgão Especial do STJ recebera as denúncias e afastara os pacientes do exercício de suas funções. Impugnava-se, na espécie, sob alegação de ofensa ao princípio do promotor natural, a validade da portaria do Procurador-Geral que, com base no art. 48, II e parágrafo único, da LC 75/93, designara o Subprocurador-Geral signatário das denúncias para oficiar nos inquéritos em que se fundaram as peças acusatórias. Sustentava-se, ainda, falta de justa causa para a ação penal, uma vez que a denúncia descrevera fato atípico, presumindo concurso de agentes e dolo. Inicialmente, por maioria, na linha do que decidido no julgamento do HC 84630/RJ (v. Informativo 413, acórdão pendente de publicação), rejeitou-se a citada alegação de ofensa ao princípio do promotor natural, por considerar que a ação penal fora apresentada pelo órgão incumbido de propô-la, qual seja, o Procurador-Geral da República, por seu delegado nomeado na forma da lei. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio.HC 84468/ES e HC 84488/ES, rel. Min. Cezar Peluso, 7.2.2006. (HC-84468) (HC-84488)

Falsidade Ideológica e Inépcia da DenúnciaNo tocante à ausência de justa causa, entendeu-se que os fatos atribuídos aos pacientes não

encontram adequação ao tipo da falsidade ideológica. Em relação ao juiz federal, asseverou-se que quando ele anunciara a sua competência para conhecer e julgar determinado feito, a prevenção realmente existia ou era assim considerada. Afirmou-se, no ponto, que os autos foram distribuídos ao paciente por indicarem, com erronia, número referente à ação originária por ele relatada, sendo que, posteriormente à aceitação da prevenção, foram realizadas retificações, revelando que os processos se referiam a ações originárias diversas. Com relação ao desembargador federal, asseverou-se que a sua conduta estaria em conformidade com o regimento interno do Tribunal de origem, o qual determina a baixa do feito à instância inferior, para arquivamento, após o julgamento do agravo. Ademais, assentou-se que as insinuações difusas constantes das denúncias não autorizariam nova classificação típica e que não existiriam elementos sequer para substanciar a participação dos pacientes em falsidade ideológica cometida por advogados que elaboraram as iniciais dos processos distribuídos no TRF da 2ª Região. Aduziu-se, também, não haver descrição necessária sobre o concurso de agentes, bem como sobre a comunhão de desígnios. HC deferido para julgar ineptas as denúncias oferecidas e trancar os processos penais instaurados contra os pacientes. Por fim, explicitou-se que o trancamento dos processos penais torna sem efeito o afastamento dos pacientes de suas funções judicantes.HC 84468/ES e HC 84488/ES, rel. Min. Cezar Peluso, 7.2.2006. (HC-84468) (HC-84488)

Pedido de Extensão e Órgãos Judiciários DistintosA Turma iniciou julgamento de recurso ordinário em habeas corpus em que se pretende a extensão

aos recorrentes, condenados pela justiça militar, dos efeitos de sentença absolutória proferida, pela justiça comum, em favor de um dos co-réus. Alega-se, na espécie, ofensa ao princípio da razoabilidade em face da negativa de aplicação do art. 580 do CPP, ao fundamento de que a incidência do aludido dispositivo independe do reexame de provas, uma vez que os motivos da absolvição têm caráter objetivo. O Min. Carlos Britto, relator, negou provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos Ministros Eros Grau e Cezar Peluso. Inicialmente, ressaltou que o juízo absolutório do co-réu baseara-se na insuficiência de provas, ao passo que a condenação dos recorrentes fundara-se na palavra da vítima, subsidiada por outros elementos de convicção. No ponto, afirmou que ambos os julgados apoiaram-se nas provas dos autos para chegar a contrapostas conclusões. Nesse sentido, afastou o precedente invocado pela defesa (RHC 82473/RS, DJU de 13.2.2004), porquanto, naquela hipótese, o mesmo Tribunal do Júri se contradissera, diametralmente, sobre juízo de inexistência da materialidade do crime. No caso concreto, aduziu que se trata de decisões proferidas por órgãos

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judiciários distintos e que ambas as sentenças se lastrearam nos elementos probatórios disponíveis para motivar devidamente as conclusões. Por conseguinte, entendeu que se pleiteia a reapreciação de provas, inviável tanto em HC quanto em seu recurso. Após, o julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Min. Marco Aurélio.RHC 86674/RJ, rel. Min. Carlos Britto, 7.2.2006. (RHC-86674)

SEGUNDA TURMAPrescrição da Pretensão Punitiva Antecipada

O STF, diante da falta de previsão legal, tem repelido o instituto da prescrição antecipada ou em perspectiva, consistente no reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado, com fundamento na pena presumida, antes mesmo do término da ação penal, na hipótese em que o exercício do ius puniendi se revela, de antemão, inviável. Com base nesse entendimento, a Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus em que se alegava a ocorrência da prescrição antecipada e a supressão de instância decorrente de decisão do TRF da 1ª Região que, ao dar provimento a recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público Federal, recebera denúncia apresentada contra o paciente, reformando, assim, decisão de juiz federal que, em razão do reconhecimento da prescrição antecipada, declarara extinta a punibilidade do réu. Entendeu-se precoce reconhecer-se a prescrição da pretensão punitiva com suporte na presunção de futura e incerta pena, uma vez que no curso da instrução criminal poderiam ser provadas circunstâncias judiciais desfavoráveis ao paciente. Aplicou-se, ademais, o entendimento firmado no Enunciado da Súmula 709 da Corte (“Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.”), para rejeitar-se a alegação de supressão de instância. Precedentes citados: RHC 76153/SP (DJU de 27.3.98); HC 82155/SP (DJU de 7.3.2003); HC 83458/BA (DJU de 6.2.2004).RHC 86950/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 7.2.2006. (RHC-86950)

Direito Adquirido e Aposentadoria EspecialComprovado o exercício de atividade considerada insalubre, perigosa ou penosa, pela legislação à

época aplicável, o trabalhador possui o direito à contagem especial deste tempo de serviço. Seguindo essa orientação, a Turma negou provimento a recurso extraordinário interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em que se alegava ofensa ao art. 5º, XXXVI, da CF, ao argumento de inexistência de direito adquirido à conversão do tempo de serviço especial para comum, em face do exercício de atividade insalubre elencada nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79. Entendeu-se que o tempo de serviço deveria ser contado de acordo com o art. 57, § 3º, da Lei 8.213/91 (“O tempo de serviço exercido alternadamente em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão, seguindo critérios de equivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer beneficio.”), vigente à época da prestação dos serviços, e não pela Lei 9.032/95 que, alterando o citado parágrafo, exigiu, expressamente, a comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos através de laudo técnico. Precedentes citados: RE 367314/SC (DJU de 14.5.2004) e RE 352322/SC (DJU de 19.9.2003).RE 392559/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.2.2006. (RE-392559)

C L I P P I N G   D O   D J - 10 de fevereiro de 2006

ADI N. 687-PARELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - AUTONOMIA DO ESTADO-MEMBRO - A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO-MEMBRO COMO EXPRESSÃO DE UMA ORDEM NORMATIVA AUTÔNOMA - LIMITAÇÕES AO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE - IMPOSIÇÃO, AO PREFEITO MUNICIPAL E RESPECTIVOS AUXILIARES, DO DEVER DE COMPARECIMENTO, PERANTE A CÂMARA DE VEREADORES, SOB PENA DE CONFIGURAÇÃO DE CRIME DE RESPONSABILIDADE - PRESCRIÇÃO NORMATIVA EMANADA DO LEGISLADOR CONSTITUINTE ESTADUAL - FALTA DE COMPETÊNCIA DO ESTADO-MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE CRIMES DE RESPONSABILIDADE - OFENSA À AUTONOMIA MUNICIPAL - TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES - COMPETÊNCIA DA CÂMARA MUNICIPAL PARA PROCESSAR E JULGAR O PREFEITO NOS ILÍCITOS POLÍTICO-ADMINISTRATIVOS - ORGANIZAÇÃO MUNICIPAL - ESFERA MÍNIMA DE INGERÊNCIA NORMATIVA DO ESTADO-MEMBRO AUTORIZADA PELA

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - EXIGÊNCIA DE OS TRIBUNAIS DE CONTAS ENCAMINHAREM RELATÓRIOS TRIMESTRAIS DE SUAS ATIVIDADES AO PODER LEGISLATIVO - PLENA ADEQUAÇÃO AO MODELO FEDERAL CONSAGRADO NO ART. 71, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E AUTONOMIA DO MUNICÍPIO.- A Constituição estadual não pode impor, ao Prefeito Municipal, o dever de comparecimento perante a Câmara de Vereadores, pois semelhante prescrição normativa - além de provocar estado de submissão institucional do Chefe do Executivo ao Poder Legislativo municipal (sem qualquer correspondência com o modelo positivado na Constituição da República), transgredindo, desse modo, o postulado da separação de poderes - também ofende a autonomia municipal, que se qualifica como pedra angular da organização político-jurídica da Federação brasileira. Precedentes.INFRAÇÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS: INCOMPETÊNCIA LEGISLATIVA DO ESTADO-MEMBRO.- O Estado-membro não dispõe de competência para instituir, mesmo em sua própria Constituição, cláusulas tipificadoras de ilícitos político-administrativos, ainda mais se as normas estaduais definidoras de tais infrações tiverem por finalidade viabilizar a responsabilização política de agentes e autoridades municipais. Precedentes.COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DE PREFEITO MUNICIPAL: INFRAÇÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS E ILÍCITOS PENAIS.- Compete, exclusivamente, à Câmara de Vereadores, processar e julgar o Prefeito Municipal nas infrações político-administrativas, assim definidas em legislação emanada da União Federal, podendo impor, ao Chefe do Executivo local, observada a garantia constitucional do “due process of law”, a sanção de cassação de seu mandato eletivo. Precedentes.- O Tribunal de Justiça do Estado, ressalvadas as hipóteses que se incluem na esfera de atribuições jurisdicionais da Justiça Federal comum, da Justiça Militar da União e da Justiça Eleitoral, dispõe de competência originária para processar e julgar os Prefeitos Municipais nas infrações penais comuns.LEGITIMIDADE DA COMPETÊNCIA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PARA JULGAR AS CONTAS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO.- Reveste-se de plena legitimidade constitucional a norma inscrita na Carta Política do Estado-membro que atribui, à Assembléia Legislativa, competência para efetuar, em sede de fiscalização financeira, orçamentária, contábil, operacional e patrimonial, o controle externo das contas do respectivo Tribunal de Contas. Doutrina. Precedentes.- O Tribunal de Contas está obrigado, por expressa determinação constitucional (CF, art. 71, § 4º), aplicável ao plano local (CF, art. 75), a encaminhar, ao Poder Legislativo a que se acha institucionalmente vinculado, tanto relatórios trimestrais quanto anuais de suas próprias atividades, pois tais relatórios, além de permitirem o exame parlamentar do desempenho, pela Corte de Contas, de suas atribuições fiscalizadoras, também se destinam a expor, ao Legislativo, a situação das finanças públicas administradas pelos órgãos e entidades governamentais, em ordem a conferir um grau de maior eficácia ao exercício, pela instituição parlamentar, do seu poder de controle externo. Precedente.MUNICÍPIOS E TRIBUNAIS DE CONTAS.- A Constituição da República impede que os Municípios criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os Estados-membros, mediante autônoma deliberação, instituam órgão estadual denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI - ADI 445/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA), incumbido de auxiliar as Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 31, § 1º).- Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios - embora qualificados como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) - atuam, onde tenham sido instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das Câmaras de Vereadores.- A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos Municípios, que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, por isso mesmo, perante o Tribunal de Contas do próprio Estado, e não perante a Assembléia Legislativa do Estado-membro. Prevalência, na espécie, da competência genérica do Tribunal de Contas do Estado (CF, art. 71, II, c/c o art. 75).SUCESSÃO E SUBSTITUIÇÃO DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO DO MUNICÍPIO.- Não cabe, ao Estado-membro, sob pena de frontal transgressão à autonomia constitucional do Município, disciplinar, ainda que no âmbito da própria Carta Política estadual, a ordem de vocação das autoridades municipais, quando configuradas situações de vacância ou de impedimento cuja ocorrência justifique a sucessão ou a substituição nos cargos de Prefeito e/ou de Vice-Prefeito do Município.A matéria pertinente à sucessão e à substituição do Prefeito e do Vice-Prefeito inclui-se, por efeito de

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sua natureza mesma, no domínio normativo da Lei Orgânica promulgada pelo próprio Município.- Não se reveste de validade jurídico-constitucional, por ofensiva aos postulados da autonomia do Município (CF, arts. 29 e 30) e da separação de poderes (CF, art. 2º c/c o art. 95, parágrafo único, I), a norma, que, embora inscrita na Constituição do Estado-membro, atribui, indevidamente, ao Juiz de Direito da comarca, que é autoridade estadual, a condição de substituto eventual do Prefeito Municipal.* noticiado no Informativo 362

MS N. 25.460-DFRELATOR: MIN. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. VANTAGEM DEFERIDA POR SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. TRIBUNAL DE CONTAS: DETERMINAÇÃO NO SENTIDO DA EXCLUSÃO DA VANTAGEM. COISA JULGADA: OFENSA. CF, ART. 5º, XXXVI.I. - Vantagem pecuniária incorporada aos proventos de aposentadoria de servidor público, por força de decisão judicial transitada em julgado: não pode o Tribunal de Contas, em caso assim, determinar a supressão de tal vantagem, por isso que a situação jurídica coberta pela coisa julgada somente pode ser modificada pela via da ação rescisória.II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal.III. - Mandado de segurança deferido.

QO EM Pet N. 2.562-REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMENHARELATOR: MIN. NELSON JOBIMEMENTA: EXTRADIÇÃO. QUESTÃO DE ORDEM QUE SE RESOLVE NO SENTIDO DE RECEBER A PETIÇÃO COMO REEXTRADIÇÃO E NÃO COMO PEDIDO DE EXTENSÃO DA EXTRADIÇÃO. CONSENTIMENTO DO BRASIL E A INTERVENÇÃO DO STF. A deliberação de consentir com a reextradição a outro Estado que a reclame sujeita-se ao controle judicial deste Tribunal (Lei 6.815/80, art. 91, inc. IV). PROCEDIMENTO. Na verdade, a reextradição é uma nova extradição. Por isso, tem incidência o procedimento ordinário, no que lhe for aplicável.* noticiado no Informativo 263

Rcl N. 2.224-SPRELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCEEMENTA: Reclamação: procedência: usurpação da competência do STF (CF, art. 102, I, a).Ação civil pública em que a declaração de inconstitucionalidade com efeitos erga omnes não é posta como causa de pedir, mas, sim, como o próprio objeto do pedido, configurando hipótese reservada à ação direta de inconstitucionalidade de leis federais, da privativa competência originária do Supremo Tribunal.Rcl N. 2.636-RJRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Reclamação. 2. Alegação de descumprimento da decisão proferida no HC 81769. 3. Pena. Dupla valoração. Internacionalidade do delito considerado no cálculo da pena base e como causa especial de aumento. 4. Correção levada a efeito pelo juiz sentenciante, que excluiu da fundamentação da pena base a internacionalidade, contudo, manteve o mesmo quantum. 5. Reclamação improcedente. 6. Concessão de habeas corpus de ofício para que se proceda à nova dosimetria da pena-base, ante a impossibilidade desta ser igual à inicialmente glosada.* noticiado no Informativo 400

HC N. 86.565-SPRELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCEEMENTA: I. Habeas Corpus: incompetência do Supremo Tribunal.Não cabe ao Supremo Tribunal conhecer originariamente de questões suscitadas pelo impetrante - majoração da pena-base e aumento decorrente de qualificadoras - que não foram antes submetidas ao Superior Tribunal de Justiça.II. Sentença condenatória: fixação do regime inicial de cumprimento de pena com base em circunstâncias judiciais desfavoráveis: fundamentação idônea.1. Malgrado invocada a gravidade abstrata do delito, ainda que, equivocadamente, a título de “uma maior fundamentação”, não é dado dissociar o tópico atinente à fixação do regime daquele que, precedentemente, justificara a fixação da pena acima do mínimo legal e ao qual se remete a sentença.2. Não é o habeas corpus a via própria para aferir, in concreto, da ponderação dessas circunstâncias

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pelas instâncias de mérito.

HC N. 86.751-CERELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Habeas Corpus. 2. Homicídio qualificado. 3. Alegação de ausência dos requisitos para decretação da prisão preventiva. 4. Ordem devidamente fundamentada. A revelia nos processos do Tribunal do Júri justifica a decretação da prisão cautelar para garantia da instrução criminal (CPP, art. 312). 5. Primariedade e bons antecedentes não afastam a prisão cautelar. Precedentes. 6. Indeferimento da ordem.* noticiado no Informativo 412

RE N. 411.998-SERELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Recurso extraordinário. 2. Adicional de etapa alimentar. Extensão aos militares inativos. Impossibilidade. Verba de natureza indenizatória. Inexistência de caráter genérico. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido.* noticiado no Informativo 403

T R A N S C R I Ç Õ E SCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do

Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Processamento de RE Retido (Transcrições)Pet 3598 MC/RJ*

RELATOR: MIN. CEZAR PELUSODECISÃO: 1. Trata-se de pedido cautelar, autuado como petição pela Secretaria do Tribunal, contra

decisão proferida pelo desembargador 3º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que reteve o processamento de recurso extraordinário interposto pelo autor, com base no art. 542, § 3º, do CPC, fundado no fato de que o provimento jurisdicional atacado na origem tinha natureza interlocutória (fls. 09/10).Segundo afirma o autor, a retenção determinada não seria cabível in casu, uma vez que o recurso tem à base controvérsia sobre qual o órgão dotado de competência absoluta para o julgamento do processo.2. Cumpre desde logo reconhecer a admissibilidade da via eleita. Ao propósito, a Corte ainda não firmou posição definitiva, oscilando entre considerar adequada ora a reclamação, ora medida cautelar, ou até o agravo de instrumento, para que a parte prejudicada com a retenção de recurso extraordinário, na forma do art. 542, § 3º, do Código de Processo Civil, lhe obtenha processamento imediato (PET nº 2.460, rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de 11.10.2001; AC nº 410, rel. Min. CARLOS BRITTO, DJ de 10.09.2004; RCL nº 2.510, rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 21.05.2004; AI nº 498.260, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, DJ de 13.10.2004; AI nº 406.983, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, DJ de 09.05.2003; AI nº 455.842, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJ de 19.03.2004).Nos termos dos dois primeiros precedentes, que consideraram admissíveis tanto reclamação quanto medida cautelar incidental, tenho por curial qualquer das três vias. Em primeiro lugar, porque, diante da incerteza da jurisprudência do Tribunal, não seria lícito prejudicar a parte com o eventual não conhecimento do remédio que, dentre aqueles, se entenda impróprio. Em segundo lugar, porque a pretensão de que se cuida - o desbloqueio de recurso extraordinário retido, cujo julgamento compete à Corte - parece quadrar no âmbito de admissibilidade das três medidas processuais, que, para esse efeito, devem ter-se por fungíveis.3. E é caso de liminar.Conforme a dicção do art. 542, § 3°, do CPC, “o recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões”.O manifesto propósito desse dispositivo, ao subverter a regra geral de imediato processamento dos recursos especial e extraordinário, determinando que em alguns casos permaneçam retidos nos autos até eventual reiteração, foi o de contribuir para a desobstrução dos tribunais superiores, inibindo a subida de recursos que, não tendo sido reiterados pela parte interessada no prazo legal, seriam pouco úteis ou sérios.

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Essa norma, no entanto, deve interpretada e aplicada cum grano salis (PET nº 2.260, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de 28.06.2001; AI nº 345.244-AgR, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJ de 02.06.2003). Afinal, há casos em que sua incidência levaria a situações absurdas, causadoras de grave dano à parte ou à função jurisdicional, o que se lhe não ajusta à ratio iuris.Esse é exatamente o caso dos autos. O recurso cuja retenção se determinou tem à origem decisão interlocutória que determinou a remessa dos autos do processo à Justiça do Trabalho, por reputar esta, e não a Justiça Comum, o órgão competente para o julgamento da causa. A controvérsia, portanto, diz respeito à competência de jurisdição, determinada rationae materiae e, portanto, absoluta. Eventual reconhecimento, ao final, de que a Justiça Trabalhista não detinha competência para o exame da causa, importará a nulidade de todos os atos decisórios proferidos até então (CPC, art. 113, § 2º), em evidente desperdício da atividade jurisdicional, que terá sido desempenhada inutilmente até ali.A esse específico caso refere-se a doutrina:“Há situações em que a retenção do extraordinário e/ou do especial, nos termos do § 3º, trará mais prejuízo que benefício. Certos pontos duvidosos precisam ser enfrentados e esclarecidos quanto antes, sob pena de, se os deixarmos para mais tarde, nascer o risco de dano irreparável, ou de inoportuno desperdício da atividade processual. Assim, por exemplo, suscitando-se dúvida sobre competência, o melhor é resolver desde logo a questão, para evitar a eventual invalidação de atos praticados por órgão que depois venha a ser declarado absolutamente incompetente. Em casos tais, aconselha o bom senso que se julgue o recurso o mais depressa possível”.A norma do art. 542, § 3º, do CPC, acode a hipóteses diferentes, em que o julgamento ulterior do recurso permanecerá apto a produzir efeitos úteis à parte, ou seja, não exporá esta nem a função jurisdicional a prejuízo irremediável. Tal se dá, por exemplo, nos casos de decisões sobre admissibilidade de meio de prova, preliminares, incidentes processuais, etc., onde, após o desenvolvimento do processo e ratificação do recurso, subsistirá sempre interesse jurídico no julgamento deste e sua retenção não se terá mostrado um mal maior que seu processamento imediato.4. No tocante à competência desta Corte para apreciar pedidos cautelares voltados ao desbloqueio de recurso extraordinário retido, inúmeros são os precedentes da Casa (PET nº 2.905, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de 05.06.03; PET nº 2.651, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de 09.04.02; PET nº 2.260, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ de 28.06.01; PET nº 2.222, Informativo STF 333; PET nº 1.647, Rel. Min. MOREIRA ALVES, DJ de 23.04.99).5. Do exposto, defiro a liminar, para determinar que o Tribunal a quo dê regular e imediato processamento ao recurso extraordinário cuja retenção foi efetuada, procedendo a seu juízo de admissibilidade. Cite-se o réu, com prazo de 5 (cinco) dias, para responder aos termos da ação (art. 802 do CPC).Publique-se. Int..Brasília, 3 de fevereiro de 2006.Ministro CEZAR PELUSORelator* decisão publicada no DJU de 10.2.2006

Dirigente Sindical e estabilidade provisória (Transcrições)AI 454064/PA*

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLOEMENTA: DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GARANTIA CONSTITUCIONAL (CF, ART.

8º, VIII). EXTINÇÃO DA EMPRESA OU FECHAMENTO DE SEU ESTABELECIMENTO. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. OCORRÊNCIA DE FATORES DE ORDEM TÉCNICA, ECONÔMICA E/OU FINANCEIRA. NECESSIDADE DE SUA DEMONSTRAÇÃO PELA EMPRESA INTERESSADA, A QUEM INCUMBE O ÔNUS DA PROVA. RECURSO IMPROVIDO.DECISÃO: O recurso extraordinário - a que se refere o presente agravo de instrumento - insurge-se contra decisão, que, emanada do E. Tribunal Superior do Trabalho, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado (fls. 412):“AÇÃO RESCISÓRIA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO DA EMPRESA.

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Decisão rescindenda em que se deferiu ao Reclamante o pagamento dos salários do período de estabilidade, em função do exercício de cargo de direção sindical, entendendo-se que a extinção do estabelecimento do empregador, sem comprovação de motivação de ordem técnica, econômica ou financeira, não o libera do pagamento de uma indenização compensatória. Inexistência de afronta à literalidade dos arts. 8º, VIII, da Constituição Federal e 543, § 3°, da CLT.” (grifei)O acórdão em questão, ao pronunciar-se sobre o alcance do inciso VIII do art. 8° da Constituição da República, deu-lhe correta interpretação, revelando-se fiel, na compreensão desse preceito normativo, aos propósitos visados pelo legislador constituinte, quando instituiu, em favor do dirigente sindical, a garantia da estabilidade provisória.Essa estabilidade provisória, outorgada em favor do empregado sindicalizado - desde o registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação sindical, estendendo-se até 1 (um) ano após o final do respectivo mandato, mesmo na condição de suplente -, foi reconhecida, de início, em sede meramente legislativa (CLT, art. 543, § 3º), vindo, em momento subseqüente, a qualificar-se como direito subjetivo, de índole social, impregnado de estatura constitucional, cuja base normativa repousa no art. 8º, inciso VIII, da Constituição, que assim dispõe:“Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:......................................................VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.” (grifei)Resulta claro, pois, do preceito normativo em questão, que a garantia constitucional da estabilidade provisória, considerada a situação do dirigente sindical, reveste-se de evidente função tutelar, eis que objetiva proteger o empregado sindicalizado - registrado como candidato ou já investido no mandato sindical - contra a injusta ruptura do contrato individual de trabalho, em ordem a ampará-lo, presente tal contexto, contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, assim considerada – tal como decidiu o Supremo Tribunal Federal (RTJ 186/83, Rel. Min. ILMAR GALVÃO) – “toda despedida que não se fundar em falta grave ou em motivos técnicos ou de ordem econômico-financeira, a teor do disposto nos arts. 482 e 165 da CLT” (grifei).Vê-se, desse modo, que a estabilidade provisória do dirigente sindical rege-se por norma constitucional cuja teleologia, enfatizada pela vocação protetiva da cláusula em questão, justifica a própria razão de ser da norma inscrita no art. 8º, inciso VIII, da Constituição da República.Impende observar, no entanto, que a garantia constitucional em questão é relativa, a significar que essa especial proteção de ordem jurídico-social deixará de incidir numa única e só hipótese, prevista, de modo expresso, pela própria Constituição da República: quando ocorrer a prática, pelo empregado/dirigente sindical, de falta grave (CF, art. 8º, VIII, “in fine”).É certo que o magistério da doutrina (ARNALDO SÜSSEKIND, DÉLIO MARANHÃO, SEGADAS VIANNA e LIMA TEIXEIRA, “Instituições de Direito do Trabalho”, vol. 1/725, 25ª ed., 2005, LTr; LUIZ CARLOS AMORIM ROBORTELLA, “Estabilidade do Dirigente Sindical. Liberdade Sindical. Limites Legais e Constitucionais”, in “A Transição do Direito do Trabalho no Brasil”, p. 112/137, 132/133, item n. 10, 1999, LTr; SERGIO PINTO MARTINS, “Direito do Trabalho”, p. 377, item n. 6.1, 16ª ed., 2002, Atlas, v.g.) assinala que, em regra, tanto a extinção da empresa quanto o encerramento de suas atividades no âmbito da base territorial do sindicato afastam a incidência da norma de proteção inscrita no inciso VIII do art. 8º da Constituição, precisamente porque reconhece que a estabilidade do dirigente sindical – porque instituída para viabilizar o exercício independente da atividade de representação sindical – traduz prerrogativa da categoria profissional, não se qualificando, por isso mesmo, consoante já decidiu esta Corte (RE 222.334/BA, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), como garantia de caráter meramente pessoal do empregado-dirigente.Cabe advertir, no entanto, que, tratando-se de cessação das atividades empresariais - seja pelo fechamento do estabelecimento patronal, seja pela extinção da empresa -, nem sempre tal evento autorizará a supressão da garantia constitucional da estabilidade provisória do dirigente sindical.

É que, para que não subsista a proteção deferida pelo art. 8º, VIII, da Constituição, torna-se necessário que o empregador comprove a ocorrência de situação configuradora de força maior, apta a afastar a possibilidade de incidência da mencionada garantia constitucional.Tal, porém, não sucedeu na espécie, como resulta claro dos acórdãos emanados tanto do E. TRT/8ª Região (fls. 172) quanto do E. Tribunal Superior do Trabalho (fls. 412), cabendo destacar, no ponto, a decisão proferida pelo órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, quando, ao examinar a controvérsia ora em análise, pôs em evidência a circunstância – extremamente relevante – de que a mera extinção do estabelecimento do empregador, “sem comprovação de motivação de ordem técnica, econômica ou financeira” (fls. 412), não basta para liberar a empresa “do pagamento de uma indenização

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compensatória” (fls. 412).Não cabe, agora, ao Supremo Tribunal Federal, em sede recursal extraordinária, reexaminar questão de fato - soberanamente decidida pelo Tribunal ora recorrido (RTJ 147/330, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RTJ 153/1019, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – AI 278.646-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.) -, para, em função dessa análise, que supõe discussão sobre matéria de caráter eminentemente probatório (inadmissível no âmbito do apelo extremo), reconhecer demonstrada a ocorrência de fatores de ordem técnica, econômica e/ou financeira que o E. Tribunal Superior do Trabalho reputou não comprovados (fls. 412).Sendo assim, e pelas razões expostas, nego provimento ao presente agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso extraordinário a que ele se refere.Publique-se.Brasília, 19 de dezembro de 2005.Ministro CELSO DE MELLORelator*decisão publicada no DJU de 10.2.2006

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos e Silva

[email protected]

Informativo STFBrasília, 1º a 3 de fevereiro de 2006 - Nº 414.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.SUMÁRIO

PlenárioReclamação e Recurso Extraordinário RetidoReclamação: Deferimento de Liminar em ADI e Efeito Vinculante - 1Reclamação: Deferimento de Liminar em ADI e Efeito Vinculante - 21ª Turma2ª TurmaClipping do DJTranscriçõesDireito à vida e à saúde - Pessoa carente - Fornecimento gratuito de medicamentos - Dever constitucional do Poder Público (RE 393175/RS)Homoafetividade - União entre pessoas do mesmo sexo - Qualificação como entidade familiar (ADI 3300 MC/DF)

PLENÁRIOReclamação e Recurso Extraordinário Retido

O Tribunal, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto contra decisão que negara seguimento a reclamação ajuizada contra acórdão do TRF da 4ª Região que, admitindo recurso extraordinário, determinara sua retenção com base no art. 542, § 3º, do CPC (“Art. 542. ... § 3o O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões.”). Pretendia o reclamante o afastamento da aplicação da regra do aludido dispositivo com a outorga de efeito suspensivo até o julgamento do recurso extraordinário interposto contra acórdão proferido em agravo de instrumento que mantivera decisão denegatória de pedido de tutela antecipada em ação ordinária de anulação de lançamento de créditos fiscais. Salientando-se que a reclamação não serve para corrigir decisões eventualmente contrárias à jurisprudência genérica da Corte e que, no caso, o reclamante não especificara em que sentido restara configurada a usurpação da competência do Supremo, nem apontara nenhuma decisão desatendida pelo Tribunal a quo, entendeu-se não observados os pressupostos de admissibilidade da reclamação (CF: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: ... l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;”). Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence

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que, por considerar usurpada a competência do Supremo para apreciar a matéria versada no extraordinário, davam provimento ao regimental.Rcl 3800 AgR/PR, rel. Min. Ellen Gracie, 2.2.2006. (Rcl-3800)

Reclamação: Deferimento de Liminar em ADI e Efeito Vinculante - 1O Tribunal iniciou julgamento de agravo regimental interposto contra decisão proferida em outro

agravo regimental que negara seguimento a reclamação ajuizada pela Fundação Universidade de Brasília - FUB, na qual se alega ofensa à autoridade da decisão do Supremo de indeferimento da liminar na ADI 1104 MC/DF (DJU de 12.5.95). Discute-se, na ação direta, a constitucionalidade da Lei distrital 464/93, que isentou as entidades assistenciais e beneficentes, declaradas de utilidade pública, das taxas e tarifas referentes ao fornecimento de água e energia elétrica. Na espécie, a reclamante impugna decisões proferidas por juiz da 9ª Vara Federal da Seção Judiciária do DF que julgara improcedentes ação declaratória de isenção tributária e ação cautelar inominada por ela propostas contra a CEB, e procedente ação de cobrança movida em seu desfavor, tendo em conta o pronunciamento do TJDF, nos autos de mandado de segurança, no qual declarada a inconstitucionalidade da referida lei, bem como em razão de o Supremo ainda não ter apreciado o mérito da aludida ADI.Rcl 2121 AgR-AgR/DF, rel. Min. Eros Grau, 2.2.2005. (Rcl-2121)

Reclamação: Deferimento de Liminar em ADI e Efeito Vinculante - 2

O Min. Eros Grau, relator, não conheceu do regimental em face da ausência de impugnação ao fundamento central da decisão agravada, qual seja, a de que o efeito vinculante é conferido pela Lei 9.868/99 somente às decisões concessivas de medida liminar. Ressaltou, ainda, que o pedido da reclamação volta-se contra a sentença proferida pelo juízo federal e não contra o acórdão do TJDF, que transitara em julgado em data anterior ao ajuizamento da reclamatória, havendo de incidir, no caso, o Enunciado da Súmula 734 da Corte (“Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.”). Em divergência, o Min. Nelson Jobim, deu provimento ao agravo para restaurar a decisão pela qual deferira a liminar na reclamação para suspender a eficácia das decisões proferidas pelo juízo federal, ao fundamento de que, com o indeferimento da liminar na ADI, há a presunção da constitucionalidade da lei impugnada, considerado o reconhecimento da implausibilidade do pedido formulado. O julgamento foi suspenso com o pedido de vista do Min. Gilmar Mendes.Rcl 2121 AgR-AgR/DF, rel. Min. Eros Grau, 2.2.2005. (Rcl-2121)

PRIMEIRA TURMANão houve sessão ordinária da Primeira Turma.

SEGUNDA TURMA

Não houve sessão ordinária da Segunda Turma.

C L I P P I N G   D O   D J - 3 de fevereiro de 2006ADI N. 2.733-ESRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.304/02 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. EXCLUSÃO DAS MOTOCICLETAS DA RELAÇÃO DE VEÍCULOS SUJEITOS AO PAGAMENTO DE PEDÁGIO. CONCESSÃO DE DESCONTO, AOS ESTUDANTES, DE CINQUENTA POR CENTO SOBRE O VALOR DO PEDÁGIO. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DOS CONTRATROS CELEBRADOS PELA ADMINISTRAÇÃO. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA HARMONIA ENTRE OS PODERES. AFRONTA.1. A lei estadual afeta o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de obra pública, celebrado pela Administração capixaba, ao conceder descontos e isenções sem qualquer forma de compensação.2. Afronta evidente ao princípio da harmonia entre os poderes, harmonia e não separação, na medida em que o Poder Legislativo pretende substituir o Executivo na gestão dos contratos administrativos celebrados.

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3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente.* noticiado no Informativo 407

ADI N. 3.055-PRRELATOR: MIN. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. TRÂNSITO. VEÍCULOS: LEI 11.766/97 DO ESTADO DO PARANÁ: INCONSTITUCIONALIDADE. CF, ART. 22, XI.I. - Legislação sobre trânsito: competência privativa federal: CF, art. 22, XI.II. - Lei 11.766, de 1997, do Estado do Paraná, que torna obrigatório a qualquer veículo automotor transitar permanentemente com os faróis acesos nas rodovias do Estado do Paraná, impondo a pena de multa aos que descumprirem o preceito legal: inconstitucionalidade, porque a questão diz respeito ao trânsito.III. - ADI julgada procedente.* noticiado no Informativo 410

ADI N. 3.289-DF E ADI N. 3.290-DFRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória nº 207, de 13 de agosto de 2004 (convertida na Lei nº 11.036/2004), que alterou disposições das Leis nº 10.683/03 e Lei nº 9.650/98, para equiparar o cargo de natureza especial de Presidente do Banco Central ao cargo de Ministro de Estado. 2. Prerrogativa de foro para o Presidente do Banco Central. 3. Ofensa aos arts. 2º, 52, III, “d”, 62, §1º, I, “b”, 69, §9º, e 192, todos da Constituição Federal. 4. Natureza política da função de Presidente do Banco Central que autoriza a transferência de competência. 5. Sistemas republicanos comparados possuem regulamentação equivalente para preservar garantias de independência e imparcialidade. 6. Inexistência, no texto constitucional de 1988, de argumento normativo contrário à regulamentação infraconstitucional impugnada. 7. Não caracterização de modelo linear ou simétrico de competências por prerrogativa de foro e ausência de proibição de sua extensão a Presidente e ex-Presidentes de Banco Central. 8. Sistemas singulares criados com o objetivo de garantir independência para cargos importantes da República: Advogado-Geral da União; Comandantes das Forças Armadas; Chefes de Missões Diplomáticas. 9. Não-violação do princípio da separação de poderes, inclusive por causa da participação do Senado Federal na aprovação dos indicados ao cargo de Presidente e Diretores do Banco Central (art. 52, III, “d”, da CF/88). 10. Prerrogativa de foro como reforço à independência das funções de poder na República adotada por razões de política constitucional. 11. Situação em que se justifica a diferenciação de tratamento entre agentes políticos em virtude do interesse público evidente. 12. Garantia da prerrogativa de foro que se coaduna com a sociedade hipercomplexa e pluralista, a qual não admite um código unitarizante dos vários sistemas sociais. 13. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.* noticiado no Informativo 386

Inq N. 1.326-RORELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTAS: 1. PRESCRIÇÃO CRIMINAL. Prazo. Pretensão punitiva. Denúncia contra deputado federal. Oferecimento durante a vigência da redação original do art. 53 da Constituição da República. Solicitação de licença à Câmara dos Deputados e sobrestamento do feito. Despacho do Ministro Relator. Suspensão do curso da prescrição. Demora na apreciação do pedido por falta de cópias do inquérito. Irrelevância. Licença indeferida. Impedimento jurídico ao curso do processo penal. Suficiência. Superveniência da Emenda Constitucional nº 35/2001. Retomada do fluxo do prazo. Prescrição não consumada da ação penal. Preliminar repelida. Até o advento da Emenda Constitucional nº 35/2001, reputava-se suspenso o curso da prescrição da pretensão punitiva desde a data do despacho do Ministro Relator que solicitava licença para instauração de ação penal contra membro do Congresso Nacional.2. AÇÃO PENAL. Propositura contra Deputado Federal. Crime de corrupção ativa, em concurso de pessoas. Materialidade comprovada. Indícios suficientes de autoria. Art. 333, cc. art. 29, ambos do CP. Descrição do fato correspondente ao tipo penal. Denúncia apta. Elemento subjetivo do tipo. Impossibilidade de análise prévia. Matéria por apreciar no curso da instrução. Denúncia recebida. Aplicação do art. 41 do CPP. Se a denúncia, alicerçada em elementos do inquérito, contém a descrição clara e objetiva do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias e a classificação do delito, possibilitando a ampla defesa do réu, deve ser recebida, sem prejuízo da apuração do elemento subjetivo do tipo no curso da ação penal.* noticiado no Informativo 407

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MS N. 24.785-DFRELATOR P/ O ACÓRDÃO: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. DETERMINAÇÃO DE RENOVAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE LICITAÇÃO. PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE VIGÊNCIA DO CONTRATO. DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. SEGURANÇA DENEGADA.Ato do Tribunal de Contas da União que determinou à Administração Pública a realização de nova licitação. Prorrogação do vigente contrato por prazo suficiente para que fosse realizada nova licitação. A escolha do período a ser prorrogado, realizada de acordo com o disposto no contrato celebrado, insere-se no âmbito de discricionariedade da Administração. Segurança denegada.

* noticiado no Informativo 360MS N. 25.112-DFRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOMANDADO DE SEGURANÇA - AUTORIDADE COATORA - TRIBUNAL - RETIFICAÇÃO. O fato de se substituir a referência a presidente de órgão fracionado do tribunal, mencionando-se o presidente da Corte, não implica alteração substancial relativamente à autoridade apontada como coatora.APOSENTADORIA - PROVENTOS - PERCEPÇÃO - GLOSA. À luz do princípio da legalidade, não subsistem os pagamentos precários e efêmeros ocorridos em virtude de aposentadoria que veio a ser glosada pelo Tribunal de Contas da União, incumbindo ao servidor devolver as importâncias recebidas. Verbete de Súmula do Tribunal de Contas da União a ser observado com reserva, no que revela a manutenção das parcelas percebidas com boa-fé.* noticiado no Informativo 395

HC N. 84.560-PRRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: HABEAS CORPUS. JÚRI. QUESITOS. REDAÇÃO DEFICIENTE E INVERSÃO: INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROTESTO EM ATA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL: IMPROCEDÊNCIA.1. Apesar de impertinente a indagação, no primeiro quesito, de que o paciente promoveu asfixia por estrangulamento de sua esposa, fazendo uso de objeto semelhante a uma corda, não é correta a afirmação de que os quesitos das circunstâncias agravantes antecederam aos das circunstâncias atenuantes, até porque, além de a potencialidade lesiva do objeto, nas circunstâncias, ser a de causar asfixia, os jurados responderam negativamente ao quesito genérico das atenuantes.2. Tendo o juiz explicitado aos jurados o significado da adjetivação penal “motivo torpe” e indagado se necessitavam de mais esclarecimentos, sem que nenhum deles tenha se manifestado, é de concluir-se que o Conselho de Sentença não foi levado a erro ou perplexidade. Matéria, ademais, preclusa por falta de protesto em ata.3. O acórdão proferido na apelação não foi omisso quanto às teses deduzidas nas razões recursais, vez que foram efetivamente examinadas tanto nele quanto nos respectivos embargos de declaração.Ordem denegada. * noticiado no Informativo 401

HC N. 85.200-RJRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO. PACIENTE PRESA EM SÃO PAULO, RESPONDENDO À AÇÃO PENAL NO RIO DE JANEIRO. CONDENAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA: AUSÊNCIA DA RÉ NOS ATOS PROCESSUAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ENTREVISTAR-SE COM A DEFENSORA NOMEADA EM OUTRA UNIDADE DA FEDERAÇÃO.1. Paciente condenada por crime de extorsão mediante seqüestro. Ação penal em curso no Rio de Janeiro. Paciente presa em São Paulo. Ausência de contato com o processo em que figurou como ré. Impossibilidade de indicar testemunhas e de entrevistar-se com a Defensora Pública designada no Rio de Janeiro. Cerceamento de defesa.2. A falta de recursos materiais a inviabilizar as garantias constitucionais dos acusados em processo penal é inadmissível, na medida em que implica disparidade dos meios de manifestação entre a acusação e a defesa, com graves reflexos em um dos bens mais valiosos da vida, a liberdade.3. A circunstância de que a paciente poderia contatar a Defensora Pública por telefone e cartas, aventada no ato impugnado, não tem a virtude de sanar a nulidade alegada, senão o intuito de contorná-la, resultando franco prejuízo à defesa, sabido que a comunicação entre presos e pessoas

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alheias ao sistema prisional é restrita ou proibida.Ordem concedida.* noticiado no Informativo 408HC N. 86.102-SPRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE IMPRENSA. INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. COMPETÊNCIA TERRITORIAL: DEFINIÇÃO.1. O artigo 61 da Lei n. 9.099/95 é categórico ao dispor que não compete aos Juizados Especiais o julgamento dos casos em que a lei preveja procedimento especial. É a hipótese dos crimes tipificados na Lei n. 5.250/67.2. A competência territorial é definida em razão do local onde é realizada a impressão do jornal ou periódico (Lei de Imprensa, artigo 42).Ordem concedida.* noticiado no Informativo 403

HC N. 87.027-RJRELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCEEMENTA: Defesa: prova testemunhal produzida mediante carta precatória.1. É da jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal que, à luz do art. 222, do C.Pr.Penal, para a produção da prova testemunhal em comarca diversa, basta seja a defesa intimada da expedição da carta precatória, incumbindo-lhe o ônus de informar-se, no juízo deprecado, da data designada para o ato. Precedentes.2. Se não encontrada a testemunha, é imprescindível que a defesa tenha ciência inequívoca do retorno da carta precatória, não cabendo reclamar prova do prejuízo, que se materializa com a condenação advinda. Precedente (HC 76.062, 2ª T., Jobim, RTJ 179/297).* noticiado no Informativo 413

T R A N S C R I Ç Õ E SCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do

Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Direito à vida e à saúde - Pessoa carente - Fornecimento gratuito de medicamentos - Dever constitucional do Poder Público

RE 393175/RS*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

EMENTA: PACIENTES COM ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE E DOENÇA MANÍACO-DEPRESSIVA CRÔNICA, COM EPISÓDIOS DE TENTATIVA DE SUICÍDIO. PESSOAS DESTITUÍDAS DE RECURSOS FINANCEIROS. DIREITO À VIDA E À SAÚDE. NECESSIDADE IMPERIOSA DE SE PRESERVAR, POR RAZÕES DE CARÁTER ÉTICO-JURÍDICO, A INTEGRIDADE DESSE DIREITO ESSENCIAL. FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS INDISPENSÁVEIS EM FAVOR DE PESSOAS CARENTES. DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO (CF, ARTS. 5º, “CAPUT”, E 196). PRECEDENTES (STF). RECONHECIDO E PROVIDO.DECISÃO: O presente recurso extraordinário busca reformar decisão proferida pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, consubstanciada em acórdão assim ementado (fls. 94):“CONSTITUCIONAL. DIREITO À VIDA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. FALTA DE PROVA IDÔNEA QUANTO AO RISCO DE VIDA. IMPOSSIBILIDADE.1. É desnecessário, para acudir à via jurisdicional, esgotar ou pleitear na instância administrativa. O fornecimento gratuito de medicamentos, pelo Estado, exige que o remédio seja excepcional e indispensável à vida do paciente.2. APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA REFORMADA.” (grifei)Entendo assistir plena razão aos recorrentes, que são irmãos, pois o desacolhimento de sua pretensão recursal poderá gerar resultado inaceitável sob a perspectiva constitucional do direito à vida e à saúde. É que - considerada a irreversibilidade, no momento presente, dos efeitos danosos provocados pelas patologias que afetam os recorrentes (que são portadores de esquizofrenia paranóide e de doença maníaco-depressiva crônica) - a ausência de capacidade financeira que os aflige impede-lhes, injustamente, o acesso ao tratamento inadiável e ao fornecimento dos medicamentos a que têm direito e que se revelam essenciais à preservação da integridade do seu estado de higidez mental e

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de sua própria vida, porque os seus antecedentes pessoais registram episódios de tentativa de suicídio.Na realidade, o cumprimento do dever político-constitucional consagrado no art. 196 da Lei Fundamental do Estado, consistente na obrigação de assegurar, a todos, a proteção à saúde, representa fator, que, associado a um imperativo de solidariedade social, impõe-se ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucional em que atue no plano de nossa organização federativa.A impostergabilidade da efetivação desse dever constitucional autoriza o acolhimento do pleito recursal ora deduzido na presente causa.Tal como pude enfatizar em decisão por mim proferida no exercício da Presidência do Supremo Tribunal Federal, em contexto assemelhado ao da presente causa (Pet 1.246/SC), entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, que se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado a todos pela própria Constituição da República (art. 5º, “caput” e art. 196), ou fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendo - uma vez configurado esse dilema - que razões de ordem ético-jurídica impõem ao julgador uma só e possível opção: aquela que privilegia o respeito indeclinável à vida e à saúde humanas.Cumpre não perder de perspectiva que o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República. Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e econômicas que visem a garantir, aos cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência médico-hospitalar.O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro (JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Comentários à Constituição de 1988”, vol. VIII/4332-4334, item n. 181, 1993, Forense Universitária) - não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.Nesse contexto, incide, sobre o Poder Público, a gravíssima obrigação de tornar efetivas as prestações de saúde, incumbindo-lhe promover, em favor das pessoas e das comunidades, medidas - preventivas e de recuperação -, que, fundadas em políticas públicas idôneas, tenham por finalidade viabilizar e dar concreção ao que prescreve, em seu art. 196, a Constituição da República.O sentido de fundamentalidade do direito à saúde - que representa, no contexto da evolução histórica dos direitos básicos da pessoa humana, uma das expressões mais relevantes das liberdades reais ou concretas - impõe ao Poder Público um dever de prestação positiva que somente se terá por cumprido, pelas instâncias governamentais, quando estas adotarem providências destinadas a promover, em plenitude, a satisfação efetiva da determinação ordenada pelo texto constitucional.Vê-se, desse modo, que, mais do que a simples positivação dos direitos sociais - que traduz estágio necessário ao processo de sua afirmação constitucional e que atua como pressuposto indispensável à sua eficácia jurídica (JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Poder Constituinte e Poder Popular”, p. 199, itens ns. 20/21, 2000, Malheiros) -, recai, sobre o Estado, inafastável vínculo institucional consistente em conferir real efetividade a tais prerrogativas básicas, em ordem a permitir, às pessoas, nos casos de injustificável inadimplemento da obrigação estatal, que tenham elas acesso a um sistema organizado de garantias instrumentalmente vinculadas à realização, por parte das entidades governamentais, da tarefa que lhes impôs a própria Constituição.Não basta, portanto, que o Estado meramente proclame o reconhecimento formal de um direito. Torna-se essencial que, para além da simples declaração constitucional desse direito, seja ele integralmente respeitado e plenamente garantido, especialmente naqueles casos em que o direito - como o direito à saúde - se qualifica como prerrogativa jurídica de que decorre o poder do cidadão de exigir, do Estado, a implementação de prestações positivas impostas pelo próprio ordenamento constitucional.Cumpre assinalar, finalmente, que a essencialidade do direito à saúde fez com que o legislador constituinte qualificasse, como prestações de relevância pública, as ações e serviços de saúde (CF, art. 197), em ordem a legitimar a atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário naquelas hipóteses em que os órgãos estatais, anomalamente, deixassem de respeitar o mandamento constitucional, frustrando-lhe, arbitrariamente, a eficácia jurídico-social, seja por intolerável omissão, seja por qualquer outra inaceitável modalidade de comportamento governamental desviante.Todas essas razões levam-me a acolher a pretensão recursal deduzida nos presentes autos, ainda mais se se considerar que o acórdão ora recorrido diverge, frontalmente, da orientação jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou no exame da matéria em causa (RTJ 171/326-

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327, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – AI 462.563/RS, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – AI 486.816-AgR/RJ, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – AI 532.687/MG, Rel. Min. EROS GRAU – AI 537.237/PE, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RE 195.192/RS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RE 198.263/RS, Rel. Min. SYDNEY SANCHES – RE 237.367/RS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RE 242.859/RS, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RE 246.242/RS, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – RE 279.519/RS, Rel. Min. NELSON JOBIM – RE 297.276/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO – RE 342.413/PR, Rel. Min. ELLEN GRACIE – RE 353.336/RS, Rel. Min. CARLOS BRITTO – AI 570.455/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.):“PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA DESTITUÍDA DE RECURSOS FINANCEIROS - DIREITO À VIDA E À SAÚDE - FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS - DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF, ARTS. 5º, CAPUT, E 196) - PRECEDENTES (STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.O DIREITO À SAÚDE REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA.- O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar.- O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa conseqüência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional.A INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE.- O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE MEDICAMENTOS A PESSOAS CARENTES.- O reconhecimento judicial da validade jurídica de programas de distribuição gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive àquelas portadoras do vírus HIV/AIDS, dá efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da República (arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção do seu alcance, um gesto reverente e solidário de apreço à vida e à saúde das pessoas, especialmente daquelas que nada têm e nada possuem, a não ser a consciência de sua própria humanidade e de sua essencial dignidade. Precedentes do STF.”(RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Sendo assim, pelas razões expostas, e acolhendo, ainda, o parecer da douta Procuradoria-Geral da República (fls. 131/132), conheço e dou provimento ao presente recurso extraordinário (CPC, art. 557, § 1º - A), em ordem a julgar procedente a ação ordinária ajuizada pela parte ora recorrente, restabelecendo, desse modo, por inteiro, a r. sentença proferida pelo magistrado estadual de primeira instância (fls. 64/69).Publique-se. Brasília, 1º de fevereiro de 2006.Ministro CELSO DE MELLO - Relator* decisão pendente de publicação

Homoafetividade - União entre pessoas do mesmo sexo - Qualificação como entidade familiarADI 3300 MC/DF*

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLOEMENTA: UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO. ALTA RELEVÂNCIA SOCIAL E JURÍDICO-

CONSTITUCIONAL DA QUESTÃO PERTINENTE ÀS UNIÕES HOMOAFETIVAS. PRETENDIDA QUALIFICAÇÃO DE TAIS UNIÕES COMO ENTIDADES FAMILIARES. DOUTRINA. ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DA LEI Nº 9.278/96. NORMA LEGAL DERROGADA PELA SUPERVENIÊNCIA DO ART. 1.723 DO NOVO CÓDIGO CIVIL (2002), QUE NÃO FOI OBJETO DE IMPUGNAÇÃO NESTA SEDE DE CONTROLE ABSTRATO. INVIABILIDADE, POR TAL RAZÃO, DA AÇÃO DIRETA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA, DE OUTRO LADO, DE SE PROCEDER À FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA DE NORMAS

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CONSTITUCIONAIS ORIGINÁRIAS (CF, ART. 226, § 3º, NO CASO). DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA (STF). NECESSIDADE, CONTUDO, DE SE DISCUTIR O TEMA DAS UNIÕES ESTÁVEIS HOMOAFETIVAS, INCLUSIVE PARA EFEITO DE SUA SUBSUNÇÃO AO CONCEITO DE ENTIDADE FAMILIAR: MATÉRIA A SER VEICULADA EM SEDE DE ADPF?DECISÃO: A Associação da Parada do Orgulho dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo e a Associação de Incentivo à Educação e Saúde de São Paulo - que sustentam, de um lado, o caráter fundamental do direito personalíssimo à orientação sexual e que defendem, de outro, a qualificação jurídica, como entidade familiar, das uniões homoafetivas - buscam a declaração de inconstitucionalidade do art. 1º da Lei n  9.278/96, que, ao regular o § 3º do art. 226 da Constituição, reconheceu, unicamente, como entidade familiar, “a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (grifei).As entidades autoras da presente ação direta apóiam a sua pretensão de inconstitucionalidade na alegação de que a norma ora questionada (Lei nº 9.278/96, art. 1º), em cláusula impregnada de conteúdo discriminatório, excluiu, injustamente, do âmbito de especial proteção que a Lei Fundamental dispensa às comunidades familiares, as uniões entre pessoas do mesmo sexo pautadas por relações homoafetivas.Impõe-se examinar, preliminarmente, se se revela cabível, ou não, no caso, a instauração do processo objetivo de fiscalização normativa abstrata. É que ocorre, na espécie, circunstância juridicamente relevante que não pode deixar de ser considerada, desde logo, pelo Relator da causa.Refiro-me ao fato de que a norma legal em questão, tal como positivada, resultou derrogada em face da superveniência do novo Código Civil, cujo art. 1.723, ao disciplinar o tema da união estável, reproduziu, em seus aspectos essenciais, o mesmo conteúdo normativo inscrito no ora impugnado art. 1º da Lei nº 9.278/96.Uma simples análise comparativa dos dispositivos ora mencionados, considerada a identidade de seu conteúdo material, evidencia que o art. 1.723 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002) efetivamente derrogou o art. 1º da Lei nº 9.278/96:Código Civil (2002) “Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.” Lei nº 9.278/96 “Art. 1º. É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.”Extremamente significativa, a tal respeito, a observação de CARLOS ROBERTO GONÇALVES (“Direito Civil Brasileiro – Direito de Família”, vol. VI/536, item n. 3, 2005, Saraiva):“Restaram revogadas as mencionadas Leis n. 8.971/94 e n. 9.278/96 em face da inclusão da matéria no âmbito do Código Civil de 2002, que fez significativa mudança, inserindo o título referente à união estável no Livro de Família e incorporando, em cinco artigos (1.723 a 1.727), os princípios básicos das aludidas leis, bem como introduzindo disposições esparsas em outros capítulos quanto a certos efeitos, como nos casos de obrigação alimentar (art. 1.694).” (grifei)A ocorrência da derrogação do art. 1º da Lei nº 9.278/96 – também reconhecida por diversos autores (HELDER MARTINEZ DAL COL, “A União Estável perante o Novo Código Civil”, “in” RT 818/11-35, 33, item n. 8; RODRIGO DA CUNHA PEREIRA, “Comentários ao Novo Código Civil”, vol. XX/3-5, 2004, Forense) – torna inviável, na espécie, porque destituído de objeto, o próprio controle abstrato concernente ao preceito normativo em questão. É que a regra legal ora impugnada na presente ação direta já não mais vigorava quando da instauração deste processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade.O reconhecimento da inadmissibilidade do processo de fiscalização normativa abstrata, nos casos em que o ajuizamento da ação direta tenha sido precedido – como sucede na espécie – da própria revogação do ato estatal que se pretende impugnar, tem o beneplácito da jurisprudência desta Corte Suprema (RTJ 105/477, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – RTJ 111/546, Rel. Min. SOARES MUÑOZ – ADI 784/SC, Rel. Min. MOREIRA ALVES):“Constitucional. Representação de inconstitucionalidade. Não tem objeto, se, antes do ajuizamento da argüição, revogada a norma inquinada de inconstitucional.”(RTJ 107/928, Rel. Min. DECIO MIRANDA - grifei)“(...) também não pode ser a presente ação conhecida (...), tendo em vista que a jurisprudência desta Corte já firmou o princípio (...) de que não é admissível a apreciação, em juízo abstrato, da constitucionalidade ou da inconstitucionalidade de norma jurídica revogada antes da instauração do processo de controle (...).”(RTJ 145/136, Rel. Min. MOREIRA ALVES - grifei)Cabe indagar, neste ponto, embora esse pleito não tenha sido deduzido pelas entidades autoras, se

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se mostraria possível, na espécie, o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade proposta com o objetivo de questionar a validade jurídica do próprio § 3º do art. 226 da Constituição da República.A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de não admitir, em sede de fiscalização normativa abstrata, o exame de constitucionalidade de uma norma constitucional originária, como o é aquela inscrita no § 3º do art. 226 da Constituição:“- A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face de outras é incompossível com o sistema de Constituição rígida.- Na atual Carta Magna, ‘compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição’ (artigo 102, ‘caput’), o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da mesma Constituição.- Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação às outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida, por impossibilidade jurídica do pedido.” (RTJ 163/872-873, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Pleno - grifei)Vale assinalar, ainda, a propósito do tema, que esse entendimento – impossibilidade jurídica de controle abstrato de constitucionalidade de normas constitucionais originárias – reflete-se, por igual, no magistério da doutrina (GILMAR FERREIRA MENDES, “Jurisdição Constitucional”, p. 178, item n. 2, 4ª ed., 2004, Saraiva; ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 2.333/2.334, item n. 1.8, 2ª ed., 2003, Atlas; OLAVO ALVES FERREIRA, “Controle de Constitucionalidade e seus Efeitos”, p. 42, item n. 1.3.2.1, 2003, Editora Método; GUILHERME PEÑA DE MORAES, “Direito Constitucional – Teoria da Constituição”, p. 192, item n. 3.1, 2003, Lumen Juris; PAULO BONAVIDES, “Inconstitucionalidade de Preceito Constitucional”, “in” “Revista Trimestral de Direito Público”, vol. 7/58-81, Malheiros; JORGE MIRANDA, “Manual de Direito Constitucional”, tomo II/287-288 e 290-291, item n. 72, 2ª ed., 1988, Coimbra Editora).Não obstante as razões de ordem estritamente formal, que tornam insuscetível de conhecimento a presente ação direta, mas considerando a extrema importância jurídico-social da matéria – cuja apreciação talvez pudesse viabilizar-se em sede de argüição de descumprimento de preceito fundamental -, cumpre registrar, quanto à tese sustentada pelas entidades autoras, que o magistério da doutrina, apoiando-se em valiosa hermenêutica construtiva, utilizando-se da analogia e invocando princípios fundamentais (como os da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da autodeterminação, da igualdade, do pluralismo, da intimidade, da não-discriminação e da busca da felicidade), tem revelado admirável percepção do alto significado de que se revestem tanto o reconhecimento do direito personalíssimo à orientação sexual, de um lado, quanto a proclamação da legitimidade ético-jurídica da união homoafetiva como entidade familiar, de outro, em ordem a permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais, relevantes conseqüências no plano do Direito e na esfera das relações sociais.Essa visão do tema, que tem a virtude de superar, neste início de terceiro milênio, incompreensíveis resistências sociais e institucionais fundadas em fórmulas preconceituosas inadmissíveis, vem sendo externada, como anteriormente enfatizado, por eminentes autores, cuja análise de tão significativas questões tem colocado em evidência, com absoluta correção, a necessidade de se atribuir verdadeiro estatuto de cidadania às uniões estáveis homoafetivas (LUIZ EDSON FACHIN, “Direito de Família –Elementos críticos à luz do novo Código Civil brasileiro”, p. 119/127, item n. 4, 2003, Renovar; LUIZ SALEM VARELLA/IRENE INNWINKL SALEM VARELLA, “Homoerotismo no Direito Brasileiro e Universal – Parceria Civil entre Pessoas do mesmo Sexo”, 2000, Agá Juris Editora, ROGER RAUPP RIOS, “A Homossexualidade no Direito”, p. 97/128, item n. 4, 2001, Livraria do Advogado Editora – ESMAFE/RS; ANA CARLA HARMATIUK MATOS, “União entre Pessoas do mesmo Sexo: aspectos jurídicos e sociais”, p. 161/162, Del Rey, 2004; VIVIANE GIRARDI, “Famílias Contemporâneas, Filiação e Afeto: a possibilidade jurídica da Adoção por Homossexuais”, Livraria do Advogado Editora, 2005; TAÍSA RIBEIRO FERNANDES, “Uniões Homossexuais: efeitos jurídicos”, Editora Método, São Paulo; JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, “A Natureza Jurídica da Relação Homoerótica”, “in” “Revista da AJURIS” nº 88, tomo I, p. 224/252, dez/2002, v.g.).Cumpre referir, neste ponto, a notável lição ministrada pela eminente Desembargadora MARIA

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BERENICE DIAS (“União Homossexual: O Preconceito & a Justiça”, p. 71/83 e p. 85/99, 97, 3ª ed., 2006, Livraria do Advogado Editora), cujas reflexões sobre o tema merecem especial destaque:“A Constituição outorgou especial proteção à família, independentemente da celebração do casamento, bem como às famílias monoparentais. Mas a família não se define exclusivamente em razão do vínculo entre um homem e uma mulher ou da convivência dos ascendentes com seus descendentes. Também o convívio de pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes, ligadas por laços afetivos, sem conotação sexual, cabe ser reconhecido como entidade familiar. A prole ou a capacidade procriativa não são essenciais para que a convivência de duas pessoas mereça a proteção legal, descabendo deixar fora do conceito de família as relações homoafetivas. Presentes os requisitos de vida em comum, coabitação, mútua assistência, é de se concederem os mesmos direitos e se imporem iguais obrigações a todos os vínculos de afeto que tenham idênticas características.Enquanto a lei não acompanha a evolução da sociedade, a mudança de mentalidade, a evolução do conceito de moralidade, ninguém, muito menos os juízes, pode fechar os olhos a essas novas realidades. Posturas preconceituosas ou discriminatórias geram grandes injustiças. Descabe confundir questões jurídicas com questões de caráter moral ou de conteúdo meramente religioso.Essa responsabilidade de ver o novo assumiu a Justiça ao emprestar juridicidade às uniões extraconjugais. Deve, agora, mostrar igual independência e coragem quanto às uniões de pessoas do mesmo sexo. Ambas são relações afetivas, vínculos em que há comprometimento amoroso. Assim, impositivo reconhecer a existência de um gênero de união estável que comporta mais de uma espécie: união estável heteroafetiva e união estável homoafetiva. Ambas merecem ser reconhecidas como entidade familiar. Havendo convivência duradoura, pública e contínua entre duas pessoas, estabelecida com o objetivo de constituição de família, mister reconhecer a existência de uma união estável. Independente do sexo dos parceiros, fazem jus à mesma proteção.Ao menos até que o legislador regulamente as uniões homoafetivas - como já fez a maioria dos países do mundo civilizado -, incumbe ao Judiciário emprestar-lhes visibilidade e assegurar-lhes os mesmos direitos que merecem as demais relações afetivas. Essa é a missão fundamental da jurisprudência, que necessita desempenhar seu papel de agente transformador dos estagnados conceitos da sociedade. (...).” (grifei)Vale rememorar, finalmente, ante o caráter seminal de que se acham impregnados, notáveis julgamentos, que, emanados do E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, acham-se consubstanciados em acórdãos assim ementados:“Relação homoerótica – União estável – Aplicação dos princípios constitucionais da dignidade humana e da igualdade – Analogia – Princípios gerais do direito – Visão abrangente das entidades familiares – Regras de inclusão (...) – Inteligência dos arts. 1.723, 1.725 e 1.658 do Código Civil de 2002 – Precedentes jurisprudenciais. Constitui união estável a relação fática entre duas mulheres, configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir verdadeira família, observados os deveres de lealdade, respeito e mútua assistência. Superados os preconceitos que afetam ditas realidades, aplicam-se, os princípios constitucionais da dignidade da pessoa, da igualdade, além da analogia e dos princípios gerais do direito, além da contemporânea modelagem das entidades familiares em sistema aberto argamassado em regras de inclusão. Assim, definida a natureza do convívio, opera-se a partilha dos bens segundo o regime da comunhão parcial. Apelações desprovidas.”(Apelação Cível 70005488812, Rel. Des. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, 7ª Câmara Civil - grifei)“(...) 6. A exclusão dos benefícios previdenciários, em razão da orientação sexual, além de discriminatória, retira da proteção estatal pessoas que, por imperativo constitucional, deveriam encontrar-se por ela abrangidas. 7. Ventilar-se a possibilidade de desrespeito ou prejuízo a alguém, em função de sua orientação sexual, seria dispensar tratamento indigno ao ser humano. Não se pode, simplesmente, ignorar a condição pessoal do indivíduo, legitimamente constitutiva de sua identidade pessoal (na qual, sem sombra de dúvida, se inclui a orientação sexual), como se tal aspecto não tivesse relação com a dignidade humana. 8. As noções de casamento e amor vêm mudando ao longo da história ocidental, assumindo contornos e formas de manifestação e institucionalização plurívocos e multifacetados, que num movimento de transformação permanente colocam homens e mulheres em face de distintas possibilidades de materialização das trocas afetivas e sexuais. 9. A aceitação das uniões homossexuais é um fenômeno mundial – em alguns países de forma mais implícita – com o alargamento da compreensão do conceito de família dentro das regras já existentes; em outros de maneira explícita, com a modificação do ordenamento jurídico feita de modo a abarcar legalmente a união afetiva entre pessoas do mesmo sexo. 10. O Poder Judiciário não pode se fechar às transformações sociais, que, pela sua própria dinâmica, muitas vezes se antecipam às modificações legislativas. 11. Uma vez reconhecida, numa interpretação dos princípios norteadores da constituição pátria, a união entre homossexuais como possível de ser abarcada dentro do conceito de entidade

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familiar e afastados quaisquer impedimentos de natureza atuarial, deve a relação da Previdência para com os casais de mesmo sexo dar-se nos mesmos moldes das uniões estáveis entre heterossexuais, devendo ser exigido dos primeiros o mesmo que se exige dos segundos para fins de comprovação do vínculo afetivo e dependência econômica presumida entre os casais (...), quando do processamento dos pedidos de pensão por morte e auxílio-reclusão.”(Revista do TRF/4ª Região, vol. 57/309-348, 310, Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira - grifei)Concluo a minha decisão. E, ao fazê-lo, não posso deixar de considerar que a ocorrência de insuperável razão de ordem formal (esta ADIN impugna norma legal já revogada) torna inviável a presente ação direta, o que me leva a declarar extinto este processo (RTJ 139/53 – RTJ 168/174-175), ainda que se trate, como na espécie, de processo de fiscalização normativa abstrata (RTJ 139/67), sem prejuízo, no entanto, da utilização de meio processual adequado à discussão, “in abstracto” – considerado o que dispõe o art. 1.723 do Código Civil –, da relevantíssima tese pertinente ao reconhecimento, como entidade familiar, das uniões estáveis homoafetivas.Arquivem-se os presentes autos.Publique-se. Brasília, 03 de fevereiro de 2006.Ministro CELSO DE MELLO - Relator* decisão pendente de publicação

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos e Silva

[email protected]

Notícias do Superior Tribunal de Justiça

Quinta-feira, 9 de março de 2006 09:13

Se inexistir regra própria para definir prescrição administrativa, prevalece prazo geral

08:41

Negado habeas-corpus a suposto neonazista acusado de matar em boate paulista

08:03

Compete à Justiça comum julgar execução fiscal quando inexiste vara federal na localidade

07:10

Bacen é responsável por pagamento de correção monetária de importâncias bloqueadas

06:02 Com mais de cinco anos após citação da empresa dá-se a prescrição intercorrente inclusive para sócios

Quarta-feira, 8 de março de 2006 19:50

Presidente do STJ defende aumento de idade para aposentadoria do servidor público

19:15

Reconhecido direito ao crédito-prêmio do IPI para o período entre 1983 e 1990

07:16 Filha não consegue reverter pensão por morte do pai cancelada em 1962 07:00

Deve-se desvincular diminuição da capacidade de trabalho do que o empregado passou a receber após acidente

06:48

Prazo para cobrança de honorários advocatícios é de cinco anos

06:09 Bens dados em garantia não esgotam possibilidade de execução de outros para pagar dívida Terça-feira, 7 de março de

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2006 07:03 Fazenda Nacional não tem obrigação de arcar com custas de postagens de cartas citatórias 06:42

Corte Especial mantém denúncia contra ex-governador de Minas Gerais

06:09 Processos em que a Fazenda Nacional é parte devem ser julgados Segunda-feira, 6 de março de 2006 07:08 Mantida decisão que beneficia estagiário a obter inscrição na OAB 06:47

Falta de definir medicamentos não invalida condenação do Estado em arcar com tratamento

06:24

Libbs já pode fabricar e comercializar o anticoncepcional Elani

06:04 Cobrança de remuneração de serviços deve ser processada e julgada pela Justiça comum Sexta-feira, 3 de março de 2006 18:18

Ministro do STJ esclarece julgamento sobre juros e encargos bancários

06:58 Dono e guardião de veículo não podem ser culpados por atropelamento causado por ladrão 06:37

STJ discute estipulação de valor de acordo de separação judicial em moeda estrangeira

06:06 Desnecessária carta registrada para convocar assembléia condominial em prédio já ocupado Quinta-feira, 2 de março de 2006 07:09 Segunda Seção confirma: não se presume paternidade por recusa de avós em fazer exame de DNA 06:39

Doação de imóveis não pode ser anulada por desapego afetivo e atitudes desrespeitosas

06:22

Sem termo regular de ocupação de imóvel funcional, não há direito de aquisição

06:01 Confissão de dívida acompanhada de seu pagamento integral configura denúncia espontânea Quarta-feira, 1 de março de 2006 07:28 Investigador de polícia tem prisão preventiva revogada 07:16

Revogada garantia da família de controlador de Banco Santos continuar no imóvel

06:42

Afastada abusividade de taxa acima de 12%

06:40

Prova escrita é suficiente para embasamento de ação monitória

Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006 18:38 Suspensos os prazos dos processos em que Fazenda Pública Nacional é parte 16:16

Primeira Seção uniformiza entendimento sobre incidência e isenção de imposto de renda

07:10 Continua preso bombeiro acusado de matar adolescente por causa de teste de DNA 06:59

Anulação de registro só poderá ser feita se comprovado erro ou falsidade

06:34

STJ envia processo ao TJRJ para acertar cômputo de juros moratórios em ação contra Santander

06:09 Quebra do sigilo de conversa em sala de bate-papo da internet não é considerada interceptação ilícita

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006 08:32 Horas extras (IHT) são isentas de imposto de renda 07:18

STJ determina retorno de autos de processo sobre pedido de falência da Transpetro

06:56

Edital de concurso para carreira militar não pode cobrar limite de altura não previsto em lei

06:35

Acusada de matar o marido com a ajuda de seus dois amantes permanecerá presa

06:13 Não incide imposto de renda em verbas objeto de acordo firmado entre a CEF e a ADVOCEF Quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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07:15

"Choque emocional" causado por recall não é relevante juridicamente para ser indenizado

06:59

Continua ação penal contra mulher acusada de mandar matar marido no Ceará

06:31

Reconhecida a impossibilidade de portador de HIV pagar pensão alimentícia

06:10 Ex-associada da Copersucar não consegue participação na compra da Companhia União Terça-feira, 21 de fevereiro de 2006 19:43

Servidor só tem direito à incorporação de função comissionada em aposentadoria até 1997

09:34 Sócios de empresa acusados de sonegar milhões de reais continuam presos 07:01

Reconhecimento concomitante de duas uniões estáveis não é possível

06:49

STJ mantém sentença que condena TAM a indenizar filhos de vítima de acidente aéreo

06:01 Utilização de energia elétrica para produção não é isenta do pagamento do IPI Segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006 07:18 Lei 7.713/1988: Tributação pelo IR deve ser afastada dos benefícios da previdência privada 06:59

Abrabin não consegue autorização coletiva para funcionamento de bingos em São Paulo

06:36

Proibida venda de imóveis administrados pelas Forças Armadas e ocupados por militares

06:15 É vedada cobrança por uso de espaço aéreo por concessionária de energia elétrica Sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006 15:10

Companhia das Letras terá de indenizar herdeiras de Garrincha por biografia

12:57

Presidente Vidigal cassa liminar que impedia investigações de desvio de R$ 100 mi em MT

07:08

Negado habeas-corpus a advogado investigado por fraudes no INSS

06:47

Recurso da Rodovia das Cataratas pode ser reapreciado pela Turma

06:25

Continua inquérito contra advogado que alegou doença para adiar audiência, mas sustentou em outro processo

06:02 Suspensa provisoriamente implantação de "seções" em linhas de transportes interestaduais Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006 19:08

Advogado Oliveira Neves tem habeas-corpus concedido

07:16 Corte Especial nega majoração de indenização a advogado que sofreu dano moral 06:55

Ato libidinoso com intenção lasciva não é constrangimento ilegal, mas atentado violento ao pudor

06:33

Capitão da Polícia Militar pode aguardar em liberdade análise de recurso pelo STJ

06:02 Negado recurso contra indicação de desembargador de Alagoas Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006 14:14 Ministro do STF confirma decisão do TCU quanto aos quintos de servidores federais 07:40

CEF terá de indenizar mutuário por publicar seu nome como devedor em jornal

07:09

Copasa é impedida de cortar fornecimento de água de município inadimplente

06:58

Banco terá de pagar custas de ação visando à penhora de terreno com prédio já construído

06:36

Negada liminar a jornalista de São Paulo que é réu em mais de 170 processos

06:08 Justiça comum vai decidir sobre investigação da origem de dinheiro de ex-funcionário do GDF Terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

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16:55 Decisão sobre reajustes da Coelce tem efeito a partir de sua comunicação à origem 15:39

Turma Nacional anula processo previdenciário julgado em juizado especial estadual

09:39 União tem liminar deferida pelo STJ 07:10

Sexta Turma discute se prisão por novo crime interrompe curso de livramento condicional

06:41

Falha tentativa de empresa sul-mato-grossense de reverter cancelamento de licitação

06:28

Rádio do interior gaúcho não consegue recorrer contra cobrança do Ecad

06:03 Assegurada às cooperativas isenção tributária de PIS/Pasep e Cofins Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006 20:12

Presidente do STJ defere pedido para afastar Cagepa dos serviços de água e esgoto de Sousa (PB)

06:43 Juiz que nega apresentação a Júri de quesito técnico da defesa não comete irregularidade 06:29

Acusado de não devolver bem penhorado tem prisão civil mantida pela Quarta Turma

06:11 Perícia em serviço de cartão de crédito, ainda que contábil, deve ser feita com conhecimento técnico

Sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006 15:01 CJF indefere pedido para regulamentar expedição de mandados de busca e apreensão 07:09 Vítimas atingidas por acidente de avião que prestava serviço são equiparadas a consumidores 06:48

Publicitário de Marília (SP) condenado por abuso sexual consegue liberdade

06:29

Permanecerá preso advogado acusado de participar de seqüestros comandados por policiais

06:15 STJ examina ação do Banco Volvo contra indenização de mais de meio milhão de reais Quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006 07:07 STJ discute se academia é obrigada a se inscrever no Conselho Regional de Educação Física 06:52

Integrante de quadrilha acusada de praticar extorsão contra empresários continuará presa

06:27

Réu pede libertação por deficiência em sua defesa

06:16 Restabelecida eficácia retroativa de decisão sobre inconstitucionalidade de IPTU fluminense Quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006 16:35 TV Globo continua obrigada a pagar indenização milionária a filhas de Garrincha 07:05 CEF terá de pagar prêmio de sena posterior a um apostador que perdeu o bilhete premiado 06:54

Telemar mantém direito a certidões negativas de débito contestado pelo Espírito Santo

06:33

Advogado acusado de cárcere privado tem liminar indeferida

06:12 Ex-diretores da Editora Scipione continuam a responder a inquérito que investiga sonegação Terça-feira, 7 de fevereiro de 2006 06:52 Preso em flagrante por invadir casa pede relaxamento de prisão, mas tem liminar negada 06:08 OTN é índice de atualização a ser adotado para demonstrativos financeiros de 1989 Segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006 19:10

A partir de hoje, todos os recursos extraordinários serão processados na Corte Especial

15:39

Portaria que regulamenta retirada e cópia de processos já foi publicada no DJ

07:09 Portador de doença maligna controlada mantém direito à isenção de imposto de renda 06:51

Mantida prisão de empresário acusado de homicídio em Boa Viagem (PE)

06:37

Mantida ação penal contra administradores de colégio acusados de apropriação indébita

06:0 Estudante acusada de auxiliar fuga de presos permanece presa

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quinta-feira, 9 de março de 200609:13 - Se inexistir regra própria para definir prescrição administrativa, prevalece prazo geralInexistindo regra própria para definir a prescrição da ação punitiva da administração pública, objetivando apurar infração funcional, deve ser considerado o prazo geral para a prescrição administrativa, que é de cinco anos. Com esse entendimento, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso interposto pelo Banco Central do Brasil – Bacen contra decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1ª). No caso, o TRF-1ª entendeu que a punição administrativa imposta a Geraldo Gurgel de Mesquita durante sua gestão como diretor financeiro do Banco Amazônia havia prescrito em face da aplicação analógica do artigo 28 da Lei n. 8.884/94, segundo o qual "prescrevem em cinco anos as infrações da ordem econômica, contados da data da prática do ilícito ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado".Inconformado, o Bacen recorreu. Para isso, sustentou que, não havendo norma específica para solucionar a questão da prescrição, deveria ser aplicada a norma geral, ou seja, o artigo 177 do Código Civil revogado, que diz que "as ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em 20 anos, (...), contados da data em que poderiam ter sido propostas".O Banco Central alegou, ainda, ter havido violação do artigo 28 da Lei n. 8.884/94 devido à falta de sua aplicação ao caso concreto. Por fim, afirmou que o acórdão recorrido entra em confronto com a jurisprudência do TRF da 4ª Região.Em sua decisão, o relator, ministro Francisco Falcão, destacou parecer do Ministério Público Federal que sustentou ser evidente "a ocorrência da prescrição da falta funcional a obstar a aplicação da sanção ao recorrido, embora se reconheça a ilicitude do ato reprovado pela administração". Para o ministro, o Bacen não explicita de que forma teria havido o malferimento, limitando-se a afirmar que o dispositivo criou regra de transição para a prescrição discutida.

Processo:  Resp 758386Marcela Rosa - (61) 3319-8595

08:41 - Negado habeas-corpus a suposto neonazista acusado de matar em boate paulistaO Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas-corpus a Leandro Inácio da Silva, acusado de homicídio ocorrido em uma casa noturna de São Paulo (SP), no ano de 2002. Ele pertenceria ao grupo neonazista denominado White Power, que prega valores racistas e exalta a raça branca. A Sexta Turma manteve a ordem de prisão, seguindo o voto do relator, ministro Paulo Medina. De acordo com informações do processo, Leandro está foragido. A denúncia do Ministério Público (MP) narra que, em 23 de junho de 2002, ele teria golpeado, diversas vezes, Rodrigo César dos Santos Prandini pelas costas, com um objeto cortante, que não foi apreendido. Eles teriam se desentendido, segundo a acusação, "por um comentário feito pela vítima em relação à roupa que Leandro estava usando, ou por questões envolvendo a acompanhante do acusado". A pedido do MP, foi decretada a prisão de Leandro. Sua defesa ingressou com pedido de habeas-corpus, mas ele foi negado tanto pelo juiz de primeiro grau como pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A defesa pretendia a desqualificação do crime para lesão corporal seguida de morte, o que livraria o acusado de um julgamento no Tribunal do Júri. O TJ/SP decidiu que não cabe essa análise em um processo de habeas-corpus, pois seria como apreciar provas do processo.No STJ, a defesa alegou que a denúncia do MP é inepta (não cumpre exigências do Código de Processo Penal), sugerindo a retirada das qualificadoras do crime (motivo torpe, crueldade e meio que dificultou a defesa da vítima). De acordo com a defesa de Leandro, não estaria demonstrada a "intenção dele ou de qualquer outra pessoa de matar a vítima", além de ser o decreto de prisão baseado em "teorias e presunção".Ao analisar o habeas-corpus, o ministro Paulo Medina discordou da alegação de inépcia da denúncia, porque ela descreve o crime de forma objetiva. O ministro ressaltou que o réu deve se defender dos fatos, não da classificação indicada pelo MP. No caso, não cabe, na apreciação de um habeas-corpus, avaliar as circunstâncias qualificadoras do crime, já que para isso é preciso o exame das provas do processo.O ministro relator acrescentou que, ainda que a gravidade do crime e a possível periculosidade do

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acusado não sirvam de motivo para o decreto de prisão, a fuga de Leandro demonstra sua intenção de não se submeter à aplicação da lei penal e impedir o andamento da instrução criminal.A decisão da Sexta Turma foi por maioria. O ministro Nilson Naves, que votou para que a ordem de prisão fosse revogada, entende ser ilegal o decreto que se pauta somente na gravidade do crime e na suposta periculosidade do acusado. Para o ministro Naves, ao fugir, a intenção de Leandro era não ser preso preventivamente, e não escapar da aplicação da lei.

Processo:  HC 41469Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quinta-feira, 9 de março de 200608:03 - Compete à Justiça comum julgar execução fiscal quando inexiste vara federal na localidadeTratando-se de execução fiscal ajuizada pela União, entidade autárquica ou empresa pública federal no domicílio do devedor, localidade desprovida de vara federal, compete à Justiça estadual processar e julgar a ação. O entendimento é do ministro João Otávio de Noronha ao julgar o conflito de competência suscitado pelo juízo de Direito de Gramado (RS) sob a alegação de que existe vara da Justiça Federal na cidade de Caxias do Sul (RS).No caso, o conflito foi instaurado pelo juízo de Direito de Gramado (RS) em face do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (RS), nos autos da execução fiscal proposta pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) perante o juízo suscitante contra Ponto do Pão Padaria e Confeitaria Ltda.Baseado em disposições da Lei nº 5.010/66, o juízo da Vara de Gramado, declinando de sua competência, fundamentou-se no argumento de que o "artigo 15, porém, trata da competência delegada aos Juízes Estaduais das Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal. A sede da Vara Federal pode ser diretamente ligada ao âmbito de sua atuação ou não".Dessa forma, o juízo suscitante alegou que deve ser negada a competência delegada à jurisdição comum porque a Justiça Federal tem vara situada em Caxias do Sul, e a área de sua atuação abrange território maior, incluindo os territórios dos municípios de Alto Feliz, André da Rocha, Antônio Prado, Canela, Caxias do Sul, Gramado, Nova Petrópolis, Picada Café, São Francisco de Paula, Vale Real, Veranópolis.Ao decidir, o ministro João Otávio de Noronha destacou que, no caso, deve-se aplicar a regra prevista no artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição vigente, que delega à Justiça estadual, consoante excepcionais prescrições de lei, a competência para processar e julgar as causas submetidas à jurisdição da Justiça Federal.Segundo o ministro, na hipótese dos autos, tem inteira aplicação a Súmula 40 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR), segundo a qual a execução fiscal será proposta perante o juiz de direito da comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara da Justiça Federal.Assim, o ministro declarou competente o juízo de Direito da Comarca de Gramado (RS), o suscitante.

Processo:  CC 48455Cristine Genú - (61) 3319-8592

quinta-feira, 9 de março de 200608:03 - Compete à Justiça comum julgar execução fiscal quando inexiste vara federal na localidadeTratando-se de execução fiscal ajuizada pela União, entidade autárquica ou empresa pública federal no domicílio do devedor, localidade desprovida de vara federal, compete à Justiça estadual processar e julgar a ação. O entendimento é do ministro João Otávio de Noronha ao julgar o conflito de competência suscitado pelo juízo de Direito de Gramado (RS) sob a alegação de que existe vara da Justiça Federal na cidade de Caxias do Sul (RS).No caso, o conflito foi instaurado pelo juízo de Direito de Gramado (RS) em face do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (RS), nos autos da execução fiscal proposta pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) perante o juízo suscitante contra Ponto do Pão Padaria e Confeitaria Ltda.Baseado em disposições da Lei nº 5.010/66, o juízo da Vara de Gramado, declinando de sua competência, fundamentou-se no argumento de que o "artigo 15, porém, trata da competência delegada aos Juízes Estaduais das Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal. A sede da Vara Federal pode ser diretamente ligada ao âmbito de sua atuação ou não".Dessa forma, o juízo suscitante alegou que deve ser negada a competência delegada à jurisdição comum porque a Justiça Federal tem vara situada em Caxias do Sul, e a área de sua atuação

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abrange território maior, incluindo os territórios dos municípios de Alto Feliz, André da Rocha, Antônio Prado, Canela, Caxias do Sul, Gramado, Nova Petrópolis, Picada Café, São Francisco de Paula, Vale Real, Veranópolis.Ao decidir, o ministro João Otávio de Noronha destacou que, no caso, deve-se aplicar a regra prevista no artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição vigente, que delega à Justiça estadual, consoante excepcionais prescrições de lei, a competência para processar e julgar as causas submetidas à jurisdição da Justiça Federal.Segundo o ministro, na hipótese dos autos, tem inteira aplicação a Súmula 40 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR), segundo a qual a execução fiscal será proposta perante o juiz de direito da comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara da Justiça Federal.Assim, o ministro declarou competente o juízo de Direito da Comarca de Gramado (RS), o suscitante.

Processo:  CC 48455Cristine Genú - (61) 3319-8592

quinta-feira, 9 de março de 200606:02 - Com mais de cinco anos após citação da empresa dá-se a prescrição intercorrente inclusive para sóciosO transcurso de mais de cinco anos entre a citação da empresa devedora e a do sócio co-responsável na execução fiscal acarreta a prescrição da pretensão de cobrança de débito tributário nos termos do artigo 174 do Código Tributário Nacional (CTN). Com esse entendimento, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao recurso da Indústria Metalúrgica Legname Ltda e outros para reconhecer a prescrição intercorrente, determinando o retorno dos autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região para a apreciação da apelação.No caso, a indústria e outros recorreram de decisão do TRF-4ª que, em embargos à execução fiscal, deu provimento à apelação do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e julgou prejudicada a apelação dos executados considerando que, nos termos do artigo 125, inciso III, do CTN, a interrupção da prescrição em relação à pessoa jurídica também aproveita aos sócios-gerentes. "Havendo a citação da pessoa jurídica e permanecendo o fisco perseguindo o valor em cobrança, não sendo a demora no redirecionamento do feito aos sócios por ele provocada, não há falar em prescrição intercorrente", decidiu.Assim, no STJ, os recorrentes apontaram ofensa ao inciso I do artigo 174 do CTN ao argumento de que, para que ocorra a interrupção da prescrição, é necessária a citação pessoal do devedor e de que a citação da pessoa jurídica não tem o condão de interromper a prescrição em relação ao sócio-gerente. Também apontaram ofensa ao artigo 125, III, do CTN, pois aplicável somente na hipótese de responsabilidade pelo crédito tributário através da solidariedade, e não na hipótese dos autos, de responsabilidade por excesso de poderes ou infração contratual.Ao decidir, o relator, ministro Teori Albino Zavascki, destacou que a pretensão dos recorrentes mostra-se compatível com a recente jurisprudência do STJ. "Na hipótese dos autos, a citação da empresa ocorreu em 31/8/1994, e o co-responsável só foi citado em 19/10/2000, razão pela qual deve ser reconhecida a prescrição do crédito tributário em relação a esse, merecendo reforma o aresto recorrido. Assim, deve ser analisada a apelação apresentada pelos executados, já que afastado o óbice determinado pelo Tribunal a quo para sua apreciação", afirmou.

Processo:  RESP 640811Cristine Genú - (61) 3319-8592

quarta-feira, 8 de março de 200619:50 - Presidente do STJ defende aumento de idade para aposentadoria do servidor públicoO presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, disse hoje (8), na Comissão Especial, que tem por finalidade dar parecer à proposta de emenda à Constituição Federal sobre o aumento da idade para a aposentadoria do servidor público, que a medida deveria ser estendida a todos os três Poderes. Segundo o ministro, tal solução irá "responder aos desafios".O ministro Vidigal participou hoje da reunião da comissão, oportunidade em que enfatizou manter a mesma posição defendida no ano passado, quando esteve na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Lamentou que a sua posição chegou a ser alvo de "condenações", inclusive com artigos publicados em jornais no país. Conforme avaliou, os contrários são aquelas pessoas que irão "esperar na fila" um prazo maior para chegar ao topo da carreira.

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"Quando estive na CCJ, recebi aplausos e condenações. Os aplausos são daqueles que estão próximo de sair e as condenações são daqueles que, estando na fila, terão de esperar o momento para chegar lá. São opiniões que considero, mas isso não me incomoda. Os meus queridos amigos do primeiro grau, por exemplo, que me têm dado apoio, são contrários à emenda", disse.E prosseguiu: "Porém, temos que pensar e agir no interesse público da maioria do povo brasileiro. A mim mesmo, quando apresentei essa posição, saíram artigos me condenando. As pessoas no Brasil ainda padecem dessa doutrina política em que os pontos de vistas são confundidos com interesses pessoais. Eu estou muito à vontade; quanto a mim, já disse que não vou ficar lá até os 70 anos de idade", afirmou o ministro Vidigal.A audiência na comissão contou também com participação do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Ubiratan Aguiar, que defendeu a mesma posição do presidente do STJ. Durante sua exposição, o presidente do STJ apresentou uma relação de juristas que passaram pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que foram aposentados ao completar 70 anos de idade. A emenda constitucional que tramita nessa comissão tem por finalidade alterar dispositivo constitucional e, como conseqüência, aumentar o limite de aposentadoria de 70 para 75 anos de idade. O deputado João Castelo (PSDB-MA), relator da matéria na comissão especial, foi instado pelo ministro Vidigal a apresentar relatório substitutivo aprovando a emenda.A reunião da comissão especial ficou sob o comando do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Antes do encerramento da audiência, Barbalho abriu espaço para a intervenção do líder do PV na Câmara, Sarney Filho. (MA)."Eu me inscrevi para registrar a minha enorme satisfação em poder participar dessa reunião com o ministro Ubiratan Aguiar e com o ministro Vidigal, colega de turma da UNB e da militância política. Uma pessoa que, quando chegou, democratizou as ações do Judiciário, colocou o tribunal para trabalhar em dois turnos. Levou a questão da Justiça para ser discutida, democratizou e deu transparência ao Judiciário. Ele é um dos grandes responsáveis por essa inflexão", disse o deputado Sarney Filho.E prosseguiu: "Gerar benefícios para a população, que é objeto das decisões da Justiça, e também para a democracia, que depende de uma Justiça que vai ao encontro dos anseios da sociedade. Parabenizar também o relator João Castelo. É agora relator de uma matéria importante. Devemos estender a todos essa possibilidade de se aposentar aos 75 anos de idade."Ao término da reunião, o presidente da comissão disse que, na próxima audiência pública, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, irá comparecer para fazer uma explanação sobre o tema.

Roberto Cordeiro - (61)3319 8268

quarta-feira, 8 de março de 200619:15 - Reconhecido direito ao crédito-prêmio do IPI para o período entre 1983 e 1990A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) voltou a reconhecer o direito ao crédito-prêmio do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para exportadores entre o período de 1983 e 1990. A decisão muda o posicionamento estabelecido pelo órgão em novembro de 2005, restabelecendo a jurisprudência anterior do Tribunal sobre o tema.O ministro Teori Zavascki, relator dos embargos de divergência interpostos pela Fazenda Nacional, manteve seu entendimento anterior, no sentido de que o direito ao benefício teria sido extinto em 1983, conforme dispunha o Decreto-Lei 1.658/79. O julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), declarando inconstitucional a delegação de poderes ao ministro da Fazenda para definição desses tributos, não atingiria o cronograma de extinção do benefício previsto no mesmo ato legal.O ministro Castro Meira, divergindo do relator, reafirmou seu voto, vencido quando a Seção mudou sua jurisprudência em novembro passado. Naquela ocasião, o ministro esclareceu que, quando no Tribunal Regional Federal, entendia ter sido o crédito-prêmio extinto a partir de 1983. No entanto, alinhando-se à jurisprudência então predominante no próprio STJ, passou a decidir pela manutenção do direito."Costuma-se dizer, em expressão cunhada pela Ministra Eliana Calmon, que o Superior Tribunal de Justiça é uma corte de precedentes. Sua missão, segundo os regramentos constitucionais, é a de zelar pela integridade da ordem jurídica federal infraconstitucional. (...) Por meio de decisões paradigmáticas, os Tribunais Superiores pacificam a jurisprudência e conferem certeza, confiança e previsibilidade à ordem jurídica. A orientação pretoriana cria, nos jurisdicionados, legítima expectativa em torno de direitos e deveres, o que os impulsiona a bater às portas do Judiciário,

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mesmo diante da possibilidade de eventual sucumbência", afirmou o ministro em seu voto de novembro."No caso, não se está diante de simples jurisprudência pacificada, mas de orientação mansa, tranqüila e serena há mais de 15 anos. Não houve, neste Tribunal Superior, em nenhum momento ao longo de sua história, entendimento divergente ou vacilante. Pelo contrário, todos os processos que aqui aportaram tiveram um mesmo e único desfecho: o reconhecimento do direito ao benefício fiscal", completou.Os ministros Denise Arruda, Peçanha Martins e Luiz Fux acompanharam o relator, dando provimento aos embargos da Fazenda. Em sentido contrário votaram, além do ministro Castro Meira, os ministros José Delgado, João Otávio Noronha e Eliana Calmon. Com o empate, o ministro Francisco Falcão, presidente da Seção, desempatou acompanhando a divergência, tendo alterado seu entendimento em relação ao posicionamento de novembro de 2005.A resolução 71/2005 do Senado Federal não interferiu de modo determinante no resultado ou na fundamentação dos votos condutores, tanto a favor quanto contra o provimento dos embargos de divergência em recurso especial.

Processo:  EREsp 396836Murilo Pinto - (61) 3319-8589

quarta-feira, 8 de março de 200607:16 - Filha não consegue reverter pensão por morte do pai cancelada em 1962 A filha de um funcionário do Banco do Brasil (BB) não conseguiu reverter o cancelamento de uma pensão que foi feito, em 1962, pela Caixa de Previdência dos Funcionários do banco (Previ). As ações originárias foram ajuizadas 32 anos após o ato que cancelou o pagamento da pensão que ela recebia pela morte do pai, o que levou a primeira instância a julgar prescrito o direito de ação. O Tribunal de Justiça gaúcho manteve a decisão, e a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também confirmou a prescrição.A autora alegava que, por ter recebido o benefício por 41 anos antes de ser cancelada, possuía direito adquirido, que não poderia ter sido alterado da maneira como foi. Para a autora, a prescrição incidiria somente sobre as parcelas anteriores ao ajuizamento da ação, e o caso não trataria de direito patrimonial em vista do caráter alimentar da pensão. No STJ, a autora pretendia o reconhecimento da nulidade da decisão do TJ-RS por falta de fundamentação e contrariedade a leis federais. Segundo a decisão do TJ-RS, o benefício foi cancelado após ser pago por 41 anos, em razão da modificação do estatuto da Previ. A nova cláusula estabeleceu que a filha solteira somente manteria o direito à pensão se não exercesse atividade remunerada. Como a filha já era funcionária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a pensão foi cancelada.O TJ reiterou a decisão de primeira instância, que afirmou que, passados mais de 30 anos do fato recorrido, teria havido renúncia tácita ao direito. "O direito adquirido decorrente do patrimônio não adere à pessoa como direito personalíssimo, por isso é passível de renúncia pelo não exercício", afirmou a juíza da causa.O ministro Aldir Passarinho Junior considerou que a decisão do TJ está suficientemente embasada. O relator destacou que a filha não recorreu alegando omissão, mas somente desfundamentação na decisão, defeitos específicos e inconfundíveis. Quanto à prescrição, o ministro afirmou que o ato da administração de cancelar o benefício atingiu o próprio direito de fundo gerador da pensão, e não somente as parcelas mensais, que são apenas conseqüências daquele. "A prescrição, desse modo, alcança o todo, o direito ao benefício, que não subsiste pela inação da autora ao longo de trinta e dois anos, até o ajuizamento da ação", completou. O ministro também considerou que a prescrição, ainda que fosse vintenária, teria se aperfeiçoado irremediavelmente. "Todavia há o agravante de o lapso ser qüinqüenal e tanto atinge as prestações como o fundo do direito, consoante entendimento da 2a Seção do STJ", acrescentou o ministro Aldir Passarinho Junior.

Processo:  REsp 184238Murilo Pinto - (61) 3319-8589

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quarta-feira, 8 de março de 200607:00 - Deve-se desvincular diminuição da capacidade de trabalho do que o empregado passou a receber após acidenteAinda que o empregado acidentado, que perdeu 30% de sua capacidade laboral, tenha continuado a trabalhar na mesma empresa, com salário superior ao recebido anteriormente, é obrigatório o pagamento de indenização. O entendimento é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o recurso especial apresentado por Expedito Copeli contra decisão da Justiça gaúcha que afastou da condenação da empresa Gazola S/A Indústria Metalúrgica o ressarcimento pelos danos patrimoniais.Copeli entrou com ação de indenização contra a empresa objetivando ser ressarcido por danos materiais e morais devido a acidente de trabalho. O empregado, em maio de 1999, sofreu perda total dos dedos indicador, médio e anular quando teve a mão esquerda atingida pela máquina em que trabalhava habitualmente. Faltava, segundo afirma, a chaveta, peça essencial à segurança do trabalhador. Em primeira instância, a empresa foi condenada a pagar mensalmente, a título vitalício, 30% de Cr$ 2.640,00, corrigidos, devido à incapacidade para o trabalho, e R$ 4.080,00 por danos morais e estéticos, tudo isso acrescido de correção monetária e juros de mora. No julgamento de embargos de declaração, o juiz determinou que a pensão deveria ser paga considerando-se a data do acidente.Ambas as partes apelaram. O Tribunal de Justiça gaúcho aumentou o valor da indenização por danos morais e estético de R$ 4.080,00 para R$ 12 mil, mas afastou a condenação da empresa em danos patrimoniais. O entendimento dos desembargadores foi que, como após o acidente Copeli manteve o vínculo empregatício, não houve dano patrimonial, tendo o empregado até mesmo recebido aumento salarial.A decisão levou o empregado a recorrer ao STJ, alegando que, conforme comprovado em lado pericial e admitido pelo acórdão, as lesões causadas pelo acidente são graves e irreversíveis, não sendo possível negar a diminuição da capacidade para o trabalho. Para a defesa de Copeli, além de o retorno ao trabalho ser irrelevante, não se presta ao afastamento da indenização pelos danos materiais, uma vez que o "profissional debilitado fisicamente empreenderá, para obtenção dos mesmos resultados, uma carga de esforço, físico e mental, infinitamente superior àquela utilizada pelo trabalhador que goza de perfeitas condições físicas". Com esses argumentos, pediu pensão mensal e vitalícia de 30% sobre o salário que recebia à época do acidente, com termo inicial na data do acidente ou a partir do rompimento do contrato de trabalho mantido com a empresa.Decisão do STJAo apreciar o recurso, o relator, ministro Raphael de Barros Monteiro, discordou do entendimento do Tribunal estadual de que, pelo fato de ter retornado ao trabalho na mesma empresa em que sofre o acidente, com remuneração maior, não haveria o prejuízo. Para o relator, na verdade, o empregado sofreu evidente depreciação de sua aptidão laborativa, em nada importando o retorno posterior à sua atividade profissional de prenseiro."O que deve se ter na mira, nesse particular, é a diminuição da potencialidade produtiva, pois, cuidando-se de lesões irreversíveis, o seu aproveitamento resultará prejudicado, afetando diretamente a sua colocação no mercado de trabalho e, ainda, um maior esforço físico e mental no exercício de suas tarefas habituais", afirmou o ministro. Ele destaca, ainda, que a jurisprudência do STJ já se fixou no sentido de que não se pode vincular a diminuição da capacidade de trabalho ao salário que o empregado passou a receber após o acidente. Assim, o relator restabeleceu a sentença que fixou o pagamento de pensão em 30% do que recebia antes do acidente, corrigido monetariamente desde da data do acidente, e descartou a hipótese de devolver o processo ao TJ, para que se decida se há necessidade de a empresa constituir capital para a garantia do pagamento das prestações a vencer. A decisão foi unânime. O ministro Jorge Scartezzini, no entanto, ressalvou seu posicionamento pessoal. Ele classifica os danos em: 1) material ou patrimonial (que afeta somente o patrimônio do ofendido, ainda que mediante repercussão, passível de avaliação em dinheiro), o qual se subdivide em: a) positivo ou emergente, quando caracterizada, objetivamente, subtração ou diminuição patrimonial; b) negativo ou "lucro cessante", referente à lesão patrimonial geralmente futura, mas altamente provável, aferida razoavelmente com base nos ganhos atuais do lesado; 2) moral ou extrapatrimonial (consistindo na lesão de interesses não materiais, de bens que integram os direitos da personalidade, tais como honra, intimidade, bom nome, integridade física, e que acarreta ao lesado

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dor, sofrimento, humilhação, vexame, aborrecimento). O ministro Scartezzini classificou, ainda, os danos estéticos como uma terceira categoria de lesão, ao lado dos danos materiais e morais, passível, dessa forma, de indenização autônoma, ressaltando que, majoritariamente, a doutrina pátria não considera o dano estético indenizável por si próprio, porquanto consistente ora num dano patrimonial, ora num dano moral. O STJ, contudo – explica o ministro –, admite a indenização cumulada dos danos morais e estéticos oriundos do mesmo fato, se inconfundíveis suas causas e passíveis de apuração separada, o que permitiria concluir, à primeira vista, pela autonomia do dano estético. Todavia, como nem sempre restam plenamente dissociados, em tais julgados, o dano estético e o material, ainda permanece válida a orientação quanto à subsunção do dano estético, se não mais ao dano moral, ao patrimonial.O entendimento do ministro descartou a legitimidade da indenização em caso de a perda anatômica implicar inabilitação ao exercício de ofício ou profissão habitual ou em redução do valor de tal trabalho, desde que tivessem tais conseqüências, como autênticos danos materiais emergentes, sido efetivamente comprovadas. No caso em discussão, ao contrário, concluiu pela inadmissibilidade da indenização de tais danos a título de lucros cessantes, porque da perda dos dedos do operário não se pode deduzir, como efeito inevitável dos acontecimentos, a certeza da perda de trabalho e da redução salarial, as quais, aliás, não se verificaram concretamente. Em resumo, o ministro entendeu que ou se comprovam efetivamente os danos patrimoniais ou econômicos advindos da ofensa à integridade corporal, e aí cabível a indenização haja vista a configuração de dano material emergente indireto, ou não há que se ressarcir a redução eventual da capacidade laborativa quer, pretensamente, a título de lucros cessantes, quer, na realidade, a título de dano hipotético: a lesão física, em si mesma considerada, constitui dano estético, de alta gravidade, e como tal deve ser reparada. Para o ministro Jorge Scartezzini, não é injusta a solução encontrada pela turma, desde que, em casos assim, passem a ser devidamente sopesados todos os danos e as correlatas indenizações.

Processo:  Resp 536140Regina Célia Amaral - (61) 3319-8593

quarta-feira, 8 de março de 200606:48 - Prazo para cobrança de honorários advocatícios é de cinco anosUm advogado do Estado de São Paulo conseguiu manter, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), decisão da segunda instância que afastou a prescrição da ação de cobrança de honorários que ele move contra o espólio de um cliente falecido. Ao analisar o recurso especial pelo qual a esposa e o filho do cliente pretendiam o reconhecimento do prazo de prescrição de um ano, a Quarta Turma entendeu que o prazo era de cinco anos para a cobrança de honorários advocatícios.Ocorre prescrição quando termina o prazo para que a pessoa reclame determinado direito à Justiça. A decisão foi conduzida pelo voto do relator do recurso, ministro Aldir Passarinho Junior. O relator confirmou que, à época dos fatos, estava vigente o artigo 100 da Lei n. 4.215/63, o qual foi mantido no atual Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), artigo 25 da Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994. Em outubro de 1994, o advogado Luiz Gonzaga Coimbra ingressou com ação de cobrança de honorários advocatícios contra o espólio de Joubran Rizk, em função do seu falecimento e da negativa dos herdeiros em acertarem os valores que ele afirmava serem devidos por serviços prestados, como confecção de minutas contratuais, notificações extrajudiciais, defesas em inquéritos e processos criminais e defesas técnicas em processos cíveis. Em julho de 1996, a 1ª Vara Cível da Comarca de Campinas (SP) julgou procedente a ação e definiu em R$ 9.200 o valor dos honorários a serem pagos pelo espólio ao advogado, mais atualização monetária desde a sentença. O espólio apelou contra a decisão ao Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, argumentando que deveria ser aplicado o artigo 178, inciso X, do Código Civil brasileiro, pelo qual seria de um ano a prescrição de ação de advogado para pagamento de seus honorários, "contado o prazo do vencimento do contrato, da decisão final do processo ou da revogação do mandato". Por isso, pediu a extinção do processo.O Tribunal deu razão ao espólio e reconheceu em parte a prescrição, condenando o advogado ao pagamento de dois terços das custas processuais, determinando ainda que cada parte arcaria com os custos de seus advogados. A decisão afirmou que a prescrição de todo o serviço prestado antes do advento do novo Estatuto da OAB regula-se pelo Código Civil, sendo a prescrição, portanto, de um ano.

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Sustentando haver erro na decisão, o advogado apresentou contestação ao Tribunal, chamada embargos de declaração, que foram aceitos para modificar o entendimento, aplicando novamente a Lei n. 4.215/63, vigente à época dos fatos. Dessa forma, são devidos honorários pelos serviços prestados da data da citação da ação de cobrança, 25 de novembro de 1994, até cinco anos antes, 24 de novembro de 1989. Prejudicado pela mudança, o espólio recorreu ao STJ, mas acabou não sendo atendido.

Processo:  REsp 167 568Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quarta-feira, 8 de março de 200606:09 - Bens dados em garantia não esgotam possibilidade de execução de outros para pagar dívidaNão há limitação em penhora apenas sobre os bens que constam da garantia contratual, mas preferência destes na execução do débito. Com base em voto do ministro Aldir Passarinho Junior, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que interpretar o contrário, como pretendia a empresa Disema – Agroindustrial, autora de um recurso especial julgado pelo órgão, seria privilegiar o calote ao Banco Boavista de Investimentos, credor na penhora.O ministro Aldir Passarinho Junior, relator do processo, não identificou qualquer nulidade na decisão de segunda instância que se pretendia reformar. De acordo com o ministro, há saldo não quitado, o que justifica o prosseguimento da execução. Uma vez dado esse seguimento, foi pedido o reforço da penhora tanto sobre os bens que ainda constavam do rol e ainda não haviam sido penhorados, como sobre outros imóveis de propriedade da empresa.O ministro ressaltou que avaliar se os bens seriam suficientes seria reexaminar provas, o que é vedado aos ministros por súmulas do STJ. E mais: no caso em análise, sequer os bens dados em garantia do contrato foram encontrados, o que reforça as razões para se buscarem outros fora do rol, para reforçar a penhora e pagar a dívida. A decisão da Quarta Turma foi unânime.Segunda instânciaO Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) já havia entendido ser juridicamente possível a realização da penhora de outros bens desde que o valor atribuído ao objeto de contrato de penhor fosse insuficiente para garantir o adimplemento da obrigação indicada na execução, considerando ainda que, no procedimento de concordata da empresa, o Banco Boavista foi excluído do saldo dos credores com preferênciaO crédito do banco foi considerado especial, com privilégio sobre determinados bens em razão de ser originário de contrato de penhor mercantil. Só que o depósito já tinha sido feito e o banco levantou as parcelas depositadas pela empresa. O banco executou o crédito, penhorando vários bens imóveis, uns constantes do contrato e outros não.A empresa contestou a execução da cobrança, e foram excluídos os bens que não constituíam garantia do contrato. O desembargador relator no TJDTF teria expressado, em seu voto, que, se houvesse necessidade de ampliação da penhora, deveria apenas incidir sobre os bens previstos no contrato de penhor, mas ainda não alcançados por este.Ocorre que, em outro processo, o TJDFT decidiu que, ultrapassado o limite da concordata, a ação poderia prosseguir contra os devedores solidários. Assim, o juiz de primeiro grau, para reforço da penhora pedida pelo banco a fim de completar o valor principal do débito, determinou a penhora de todos os bens imóveis da concordatária, segundo a empresa, antes mesmo de se penhorar o restante dos bens constantes do contrato de penhor mercantil.Daí o recurso especial apresentado ao STJ. A empresa alegava que o crédito do Banco Boavista teria privilégio especial sobre determinados bens e que, após executados os bens dados em penhor, havendo saldo, este deveria ser sujeito aos "efeitos da concordata". Por sua vez, o banco sustentou que o crédito à execução seria anterior à concordata da empresa, que data de 8 de junho de 1987.

Processo:  REsp 182696Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

terça-feira, 7 de março de 200607:03 - Fazenda Nacional não tem obrigação de arcar com custas de postagens de cartas citatórias O valor das postagens de cartas citatórias está abrangido nas custas processuais e não se confunde com despesas processuais, as quais se referem ao custeio de atos não abrangidos pela atividade

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cartorial, como é o caso dos honorários de perito e diligências promovidas por oficial de justiça. Dessa forma, a Fazenda Nacional não está obrigada ao pagamento das custas equivalentes à postagem de carta citatória. Esse foi o entendimento firmado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que aceitou os embargos de divergência de autoria da Fazenda Nacional. No caso a Fazenda Nacional apresentou os embargos com relação à decisão proferida pela Segunda Turma do STJ em sede de recurso especial; o entendimento dessa Turma foi de que não há como dispensar a Fazenda do pagamento de despesas com cartas de citação, atividade efetuada por terceiros desvinculados da atividade estatal, como, no caso, empresa pública (empresa de correios e telégrafos). O pedido foi para que prevalecesse o posicionamento firmado pela Primeira Turma, segundo a qual o valor da citação postal está abrangido nas custas processuais e, como a Fazenda Pública não está obrigada ao pagamento destas, não há que ser exigido o prévio adimplemento do valor equivalente à postagem de carta citatória. O deslinde do caso reside, portanto, na definição sobre ser a Fazenda Pública obrigada ou não ao pagamento da postagem das cartas de citação. O posicionamento do ministro José Delgado, relator do processo, é que a citação constitui ato processual cujo valor está abrangido nas custas processuais, as quais se referem ao custeio de atos não abrangidos pela atividade cartorial. Assim, a Seção decidiu dar provimento para que prevaleça o entendimento esposado pelo paradigma da Primeira Turma, reconhecendo-se a não-obrigatoriedade de a Fazenda pública arcar com os valores relativos à postagem de cartas citatórias.

Processo:  Eresp 459 935Kena Kelly - (61) 3319-8595

terça-feira, 7 de março de 200606:42 - Corte Especial mantém denúncia contra ex-governador de Minas GeraisA Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, acusado de utilizar convênios com a Federação das Associações de Bairro e Comunidades Rurais de Divinópolis (Fanbacord) para beneficiar candidatos ao cargo de prefeito. A defesa do ex-governador propôs, em questão de ordem apresentada à Corte Especial, que fosse considerado nulo o acórdão (decisão) que recebeu a denúncia em 5 de maio de 2004. A argumentação da defesa baseou-se na inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do artigo 84 do Código de Processo Penal (CPP). Nesse artigo, estavam estabelecidas as competências especiais do STJ para processar e julgar determinados agentes públicos, por prerrogativa de função. O trecho do CPP revogado mantinha a competência mesmo para inquéritos e ações judiciais iniciados após a cessação do exercício da função pública.A defesa do ex-governador alegou que, uma vez considerados inconstitucionais os parágrafos que tratavam da competência, houve deslocamento para julgamento na Justiça em Minas Gerais, assim, o próprio recebimento da denúncia deveria ser considerado nulo.O relator da ação penal, ministro Barros Monteiro, entendeu que não se trata de caso para renovação ou ratificação da denúncia. De acordo com o voto do relator, é preciso verificar a vigência do trecho do CPP àquela época. Na ocasião do recebimento da acusação proposta pelo Ministério Público Federal, o STJ era competente, sendo válida a decisão. Segundo denúncia do MP, candidatos de São Sebastião do Oeste, Nova Serrana, Divinópolis e Pedra do Indaiá teriam se beneficiado com dinheiro liberado pelo então governador. Já para a defesa do ex-governador, a denúncia é uma criação mental da acusação e não existiriam vestígios suficientes para levar a ação adiante. No entanto o ministro Barros Monteiro encontrou indícios fortes para receber a acusação. O governador seria a pessoa que autorizava a liberação de verbas solicitadas por entidades. A intermediação seria feita pelo Secretário de Esporte Tancredo Antônio Naves e pelo presidente da Casa Civil Fernando Diniz.

Processo:  APN 297Sheila Messerschmidt, com reportagem de Catarina França - (61) 3319-8588

terça-feira, 7 de março de 200606:09 - Processos em que a Fazenda Nacional é parte devem ser julgados Os processos da Fazenda Nacional devem ser julgados normalmente. A decisão é da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, por maioria, suspendeu o decidido no ato n° 33 decretado pelo presidente do STJ ministro Edson Vidigal no dia 22 de fevereiro.

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O ministro Vidigal havia suspendido a contagem dos prazos processuais nos feitos em que a Fazenda Nacional era parte. O respectivo ato foi decretado nos termos do artigo 265, inciso V, do Código de Processo Civil e do artigo 106, parágrafo 2º, do Regimento Interno do STJ.A providência foi tomada considerando a declaração de greve por tempo indeterminado dos procuradores da Fazenda Nacional, movimento iniciado no dia 13 de fevereiro, bem como a necessidade de preservar o interesse público que se encontra ameaçado em face da possibilidade de a paralisação resultar em prejuízos à defesa dos entes públicos perante os órgãos jurisdicionais.Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), o movimento grevista reivindica recomposição salarial, investimento na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e o "descontingenciamento" do Fundaf.Com a greve, foram interrompidos os serviços de atendimento ao público e fornecimento de certidões, protocolo de petições em fóruns e tribunais, recebimento e devolução de processos, excetuando-se casos de urgência e para atender a interesses inadiáveis da coletividade. Um regime de plantão foi montado em várias unidades da PGFN de todo o país.

Marcela Rosa - (61) 3319-8595

segunda-feira, 6 de março de 200607:08 - Mantida decisão que beneficia estagiário a obter inscrição na OABO fato de o estágio especial ter sido realizado sem que o interessado estivesse inscrito no quadro de estagiários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não impede a obtenção da inscrição definitiva sem a realização do Exame de Ordem. O entendimento da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se deu durante a análise de um recurso interposto pela OAB, Seção do Rio Grande do Sul (OAB/RS) contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Alex Poitevin Teixeira concluiu o curso de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em agosto de 1996. Para fins de registro na OAB, submeteu-se a estágio profissional na mesma instituição de ensino, obtendo a aprovação nas 300 horas de atividades exigidas pela Lei n. 5.842 e pela Resolução nº 15/73 do Conselho Federal de Educação.O pedido de inscrição foi indeferido pelo Conselho Seccional da OAB. O Conselho argumentou que Alex não estava inscrito no quadro de estagiários da OAB/RS. Com isso, ele impetrou mandado de segurança contra ato do presidente da OAB/RS, pedindo a inscrição do nome dele no quadro de advogados. A liminar foi negada. Posteriormente, a sentença concedeu a segurança mantendo, assim, a concessão da ordem.A OAB/RS apelou da decisão. O TRF-4 negou o apelo sustentando que é desnecessária a inscrição no quadro de estagiários da OAB para a dispensa do exame da Ordem. Inconformada, a Ordem dos Advogados recorreu no STJ.Para tanto, alegou que o Tribunal não estabeleceu como requisito para a isenção do exame a prévia inscrição no quadro de estagiários e que deu, ainda, interpretação equivocada ao artigo 84 da Lei n. 8.906, pois, para buscar o enquadramento legal, deveria Alex provar que estava inscrito no quadro de estagiários quando da promulgação do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Em sua decisão, a Turma destacou que o curso de Direito foi concluído há dez anos, o que configura situação fática consolidada pelo decurso do tempo que deve ser respeitada, sob pena de causar prejuízos severos a Alex.Para o ministro João Otávio de Noronha, relator do caso, "a despeito da existência da demonstração da divergência jurisprudencial e do prequestionamento do dispositivo infraconstitucional apontado como violado, entendo que o acórdão recorrido não merece reforma".

Processo:  Resp 380401Marcela Rosa - 61) 3319-8595

segunda-feira, 6 de março de 200606:47 - Falta de definir medicamentos não invalida condenação do Estado em arcar com tratamentoA sentença que condenou o Estado do Rio de Janeiro a custear medicamentos a um doente renal crônico sem definir quais remédios serão utilizados não é incerta. Baseada em voto do ministro João Otávio de Noronha, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendeu em parte a recurso especial pelo qual o Estado pretendia o reconhecimento de que o pedido feito pelo paciente era genérico, o que contrariaria o Código de Processo Civil. De acordo com o relator do recurso, a

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falta da discriminação dos medicamentos necessários ao longo do tratamento não caracteriza incerteza da condenação. O ministro João Otávio de Noronha destacou que, ainda que a sentença não tenha definido os remédios, estes podem ser "plenamente determináveis". A decisão que o Estado do Rio de Janeiro contestava ordenou o fornecimento dos medicamentos pedidos e dos que se façam necessários, segundo prescrição médica expressa, para o combate à insuficiência renal. A Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ/RJ) havia reconhecido a responsabilidade solidária entre o estado e o município para arcarem com a condenação, já que têm o dever de contribuir para a preservação da saúde dos cidadãos e não podem se recusar a fornecer os remédios necessários à sobrevivência dos hipossuficientes que não têm condições de adquiri-los. A decisão também condenou o Estado ao pagamento dos honorários dos advogados da parte vencedora/autora (o doente) que, no caso, foi representado pela Defensoria Pública do estado. Quanto a isso, o Estado do Rio de Janeiro também recorreu ao STJ e, neste ponto, foi atendido. O ministro João Otávio de Noronha destacou que o Estado não paga honorários advocatícios nas ações em que a parte contrária for representada pela Defensoria Pública, já que é um órgão do estado e não tem personalidade jurídica própria. A situação caracteriza o "instituto da confusão" (artigo 318 do Código Civil atual), pelo qual se extingue a obrigação na hipótese em que se confundam, na mesma pessoa, a qualidade de credor e devedor.

Processo:  Resp 798094Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

segunda-feira, 6 de março de 200606:24 - Libbs já pode fabricar e comercializar o anticoncepcional ElaniA Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acompanhando entendimento do ministro Cesar Asfor Rocha, extingue ação cautelar aforada no STJ com a qual a Schering do Brasil Química e Farmacêutica Ltda e a Schering Aktiengesellschaft, sociedade norte-americana, as quais detêm a patente do medicamento anticoncepcional Elani, buscavam impedir que o Libbs fabricasse e comercializasse o produto. Assim, a liminar concedida anteriormente fica sem efeito, o que derruba a proibição. O Libbs disputa com o laboratório Schering do Brasil Química e Farmacêutica o direito de patente sobre a pílula, que a Schering comercializa sob o nome de Yasmin, mas o outro laboratório afirma que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, quando do patenteamento, não averiguou que o medicamento utiliza tecnologia descrita em outra patente registrada na Alemanha em 1980, o que a tornaria de domínio público.A questão foi discutida em uma medida cautelar apresentada pela Schering contra o Libbs, na qual pedia que fossem suspensos os efeitos da decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o qual reformou a determinação de primeira instância, proferida em antecipação de tutela, para cessar a fabricação e comercialização do medicamento Elani, sob pena de multa diária no valor de R$ 20.000,00.O relator do caso no STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, havia concedido liminar à Schering, suspendendo a permissão até o julgamento do mérito do recurso especial, que cuida apenas da antecipação de tutela. Com isso, o Libbs permaneceu proibido de comercializar o Elani. O Libbs recorreu da decisão por meio de um agravo regimental (tipo de recurso interno com o objetivo de ver reconsiderada a decisão ou que a questão seja submetida aos demais ministros do colegiado). O laboratório sustentou a urgência em examinar o pedido, tendo em vista que já estaria em curso o prazo para a retirada do medicamento Elani do mercado, o que causaria "reais e irreparáveis danos" à empresa.O ministro Cesar Rocha levou o recurso à apreciação da Quarta Turma, que, por unanimidade, concluiu por negar seguimento à medida cautelar, cassando, como conseqüência, a liminar anteriormente concedida. Com isso, a Schering perdeu a garantia que havia conseguido para impedir o cumprimento da determinação da Justiça paulista de segunda instância que permitia a comercialização do Elani pelo Libbs, enquanto tem curso a ação em primeira instância.HistóricoNa ação, a Schering relata ter tomado conhecimento do lançamento do anticoncepcional Elani por parte do laboratório Libbs, que já teria obtido o registro do Elani na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a Schering, o produto infringe a patente do Yasmin, de sua propriedade. Narra a Schering que, em 2 de julho de 2004, enviou uma notificação extrajudicial ao Libbs, informando sobre a infração da patente a fim de impedir a comercialização do Elani. No entanto, no

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mês seguinte, o Libbs ingressou com ação de nulidade contra a Schering para que fosse anulada a patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), autarquia do governo federal responsável pelo registro de marcas e patentes.A 38ª Vara Federal do Rio de Janeiro negou a liminar pedida pelo Libbs, com a qual pretendia garantir o lançamento do produto no mercado brasileiro. Decisão mantida pelo TRT. Entre os argumentos do Libbs, estava a falta da "atividade inventiva", um dos requisitos de validade de patente.No Brasil, o INPI validou a patente registrada pela Schering AG no país de origem (Estados Unidos). O Libbs afirma que o órgão deixou de verificar que o medicamento utiliza tecnologia descrita em outra patente registrada na Alemanha em 1980, portanto já de domínio público.O Libbs ingressou com nova ação em 14 de junho de 2005, dessa vez na 30ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Capital do Estado de São Paulo. Insistindo em sua argumentação, buscava uma autorização para comercialização do Elani. O pedido também foi negado em primeira e segunda instâncias.No dia 2 de setembro de 2005, o Elani foi lançado no mercado brasileiro. Dez dias depois, a Schering ingressou com ação de infração de patente e obteve liminar na 30ª Vara Cível, determinando ao Libbs que não fabricasse e comercializasse mais o anticoncepcional Elani, sob pena de multa diária no valor de R$ 20 mil.O Libbs apelou da decisão por meio de um agravo de instrumento, argumentando ser nula a patente da Schering. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) determinou a suspensão dos efeitos da liminar até que o recurso fosse julgado, sendo sorteado para tal um desembargador da Sexta Câmara de Direito Privado do TJ-SP. Inconformado, o laboratório Schering apresentou a medida cautelar ao STJ, pedindo que fossem suspensos os efeitos da decisão do TJ-SP que cassou a liminar de primeira instância. Sustenta, na medida cautelar, que não foi observada a prevenção da Segunda Câmara de Direito Privado do TJ e do desembargador Ariovaldo Santini Teodoro, em função dos dois recursos apresentados anteriormente. A prevenção é o critério de distribuição de processos que mantém a competência de um magistrado em relação a determinada causa pelo fato de ter tomado conhecimento dela antes dos demais.A Schering afirma também que está demonstrada a infração de patente, pelas informações contidas no rótulo do produto do Libbs, pela carta patente apresentada, pelos pareceres técnicos e pela confissão do Libbs. Concluiu argumentando que o Elani será comercializado em todo o país e em grandes quantidades e que o valor que o Libbs poderá ter de pagar em caso de sentença favorável à Schering por indenização pela violação da patente seria "gigantesco".

Processo:  MC 10941Regina Célia Amaral, com reportagem de Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8593

segunda-feira, 6 de março de 200606:04 - Cobrança de remuneração de serviços deve ser processada e julgada pela Justiça comumO juízo de Direito da 3ª Vara Cível do Foro Regional de Penha de França (SP) é competente para processar e julgar ação de indenização por danos morais e materiais ajuizada por Jacinto do Vale contra o Centro Espírita Unidos da Fé. O entendimento é da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar o conflito de competência suscitado pelo juízo da 61ª Vara do Trabalho de São Paulo (SP) sob a alegação de que inexiste relação de emprego sem remuneração.Jacinto ajuizou a ação na 3ª Vara Cível do Foro Regional de Penha de França (SP) visando ao recebimento de indenização por serviços prestados por ter trabalhado como zelador para o Centro Espírita durante 43 anos, sem receber salário.O juízo da 3ª Vara Cível declinou de sua competência. Enviados os autos ao juízo da 61ª Vara do Trabalho de São Paulo (SP), foi suscitado o conflito ao fundamento de que "inexiste relação de emprego sem remuneração, fato este noticiado na inicial. Observe-se que, em nenhum momento, o autor diz na sua peça que é empregado da ré, mas sim que lhe prestou serviços, tão-somente".Ao decidir, o relator, ministro Ari Pargendler, destacou que do pedido e da causa de pedir não se pode concluir que havia relação de trabalho entre as partes. "O autor, a título de danos materiais, requereu indenização pelos serviços prestados, valores pagos em contas de água e luz e em reformas na casa; não houve qualquer referência a contrato de trabalho, salário, férias ou 13º salário", disse o ministro.

Processo:  CC 57685

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Cristine Genú - (61) 3319-8592 sexta-feira, 3 de março de 200618:18 - Ministro do STJ esclarece julgamento sobre juros e encargos bancáriosTendo em vista a grande repercussão do julgamento do Recurso Especial nº 788.045/RS, o Ministro Castro Filho, que nele atuou como relator, esclareceu que a Terceira Turma do STJ não inovou em nada. Todas as questões decididas no recurso já estão pacificadas no Superior Tribunal de Justiça, há alguns anos, principalmente no que diz respeito à taxa de juro, que pode ser contratada em percentual superior a 12% ao ano, uma vez inexiste lei dispondo em contrário.Vencida a obrigação, porém, caso inadimplente o devedor, se a instituição financeira optar pela chamada comissão de permanência, esta deverá ter seu percentual calculado com base na taxa média de mercado, estabelecida pelo Banco Central, desde que não seja superior àquela avençada no contrato. E, nesse caso, não se poderá cobrar nada mais, seja a título de juros moratórios, multa ou correção monetária.Quanto à capitalização de juros, também, lembra o Ministro Castro Filho ser antiga a jurisprudência do Tribunal. É ela permitida, na periodicidade mensal, desde que contratada e nos casos autorizados por lei, como nas cédulas de crédito rural, comercial e industrial. E, agora, nos demais casos, por força da Medida Provisória 1963-17, de 2000.Por fim, esclareceu o ministro ser igualmente antiga a posição do STJ no que se refere ao lançamento do nome do devedor inadimplente nos cadastros de proteção ao crédito: a instituição credora só não poderá fazê-lo se, oportunamente, o devedor, ao ajuizar pedido de revisão de cláusulas do contrato por ele entendidas como abusivas, concomitantemente, requerer e obtiver autorização judicial para depositar o valor incontroverso, isto é, que entenda seja o legalmente devido.

sexta-feira, 3 de março de 200606:58 - Dono e guardião de veículo não podem ser culpados por atropelamento causado por ladrãoA Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, afastar a culpa do dono e do guardião de veículo que, ao ser furtado, atropelou uma pessoa. A vítima do acidente de trânsito havia conseguido que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) julgasse procedente ação de indenização contra os dois réus, ao considerar culpa in vigilando do guardião do automóvel, por não ter tomado os cuidados necessários para evitar o furto – o qual foi praticado pelo marido de uma empregada recém-admitida em sua própria casa – e culpa in eligendo do dono do carro, ante a má escolha do responsável pela guarda do bem. Segundo consta do processo, Hércules de Brito Leite, por motivo de viagem, confiou a guarda de seu veículo a Juracy Lopes de Barros, que deixou o automóvel na garagem de sua casa, depositando as chaves no lugar de costume. José Edmilson da Costa, marido de uma empregada recém-admitida de Juracy, furtou o veículo e terminou atropelando Marilene Paranhos. Diante do resultado, os dois acusados recorreram ao STJ, alegando não haver responsabilidade civil por culpa in vigilando ou in eligendo, quando tomadas todas as precauções razoavelmente exigíveis para evitar o furto que deu origem ao evento danoso. Inicialmente, o relator do processo, ministro Humberto Gomes de Barros, negou seguimento ao recurso, acreditando ser impossível afastar a aplicação da Súmula 7 ao caso. O ministro destacou, contudo, que "não é necessário alterar as premissas de fato soberanamente estabelecidas na instância precedente. Basta que delas se extraia a conseqüência jurídica, ou seja, que se verifique, naqueles fatos delineados no acórdão, se há ou não culpa in eligendo (culpa pela escolha de seus prepostos) e in vigilando" (culpa em vigiar a execução de que outra pessoa ficou encarregada).O ministro Gomes de Barros reconsiderou sua decisão, explicando que, em questões de responsabilidade civil subjetiva, a verificação da responsabilidade pelos danos deve sempre partir de um parâmetro aceitável e previsível de comportamento. Por isso, é de ser responsabilizado aquele que não age com a cautela que se esperaria razoavelmente de uma outra pessoa qualquer.Para o relator, aquele que se cerca de mais cuidados tem menor possibilidade de causar danos a outrem. Já o indivíduo que ignora os padrões mínimos de cautela está mais suscetível a causar

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danos. Ele afirmou existir uma linha divisora – que separa a falta de cuidados do excesso de cuidados – que pode, razoavelmente, ser exigida de alguém acusado de causar danos a outro. Assim, ressaltou que "não é de se esperar que aquele que recebe um veículo para guardar uns dias, verdadeiramente prestando um favor a um amigo, nele instale um sistema de alarme, ou reforce a segurança de sua casa, tudo para evitar uma possibilidade, ainda que mínima, de furto". De acordo com o ministro Gomes de Barros, a presunção mais lógica e coerente é a de que todo furto é um fato imprevisível e que ninguém, em sã consciência, que imaginasse a mínima possibilidade de seu automóvel poder ser furtado, deixaria de tomar as providências necessárias para evitar o fato. "Somente diante dessa previsibilidade e da omissão em evitar ou minorar as chances de ocorrência do furto, é que responderia o proprietário ou guardião do veículo", atestou.O ministro esclareceu que nenhum dos fatos delineados no acórdão recorrido aponta previsibilidade do furto, ao contrário, tudo o que foi dito reforça a convicção de que Juracy, responsável pela guarda do veículo, agiu dentro do padrão médio e razoável de comportamento. Ou seja, guardou o bem em sua casa – na mesma garagem onde mantinha o próprio automóvel – e não deixou as chaves na ignição, depositando-as em local apropriado no interior de sua residência."A instalação de qualquer mecanismo de segurança em automóvel ou residência visa, unicamente, resguardar a integridade física e patrimonial do proprietário. Se não há uma previsibilidade razoável de furto, ninguém pode ser acusado de omissão pela falta de tais equipamentos. Caso contrário, a responsabilidade pela delinqüência urbana fica invertida: deixa de ser do Estado, incapaz de oferecer segurança adequada à sociedade, e passa a ser dos próprios cidadãos que, por opção ou falta de condições financeiras, deixam de instalar os modernos dispositivos de segurança", destacou o ministro.Ao final, o relator do processo entendeu que "dizer que não está seguro o veículo guardado em garagem com as respectivas chaves depositadas em outro cômodo da casa é agredir a realidade" e afastou a culpa in vigilando. Afastou também a culpa in eligendo ante a evidente relação de dependência existente no caso. O ministro, portanto, deu provimento ao recurso especial para julgar improcedente a ação de indenização.

Processo:  Resp 445896 Andréia Castro - (61) 3319-8256

sexta-feira, 3 de março de 200606:37 - STJ discute estipulação de valor de acordo de separação judicial em moeda estrangeiraEstá em julgamento na Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) recurso especial que discute a possibilidade de ser estipulado, em acordo homologado de separação judicial, valor em moeda estrangeira. A apreciação foi interrompida pelo pedido de vista do ministro Castro Filho. A relatora é a ministra Nancy Andrighi.O recurso foi interposto por P.C.S. contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP). Em sua decisão, o tribunal condenou P. ao pagamento de U$ 15.000,00 a sua ex-mulher, R.D. da S.O caso começou quando P. ajuizou embargos do devedor à execução de acordo homologado em separação judicial contra R. Para isso, sustentou a nulidade do acordo celebrado entre as partes, pois estipulado recebimento de importância em moeda estrangeira, sem a devida conversão em moeda nacional.Citou, ainda, a avença firmada com a ex-mulher. De acordo com ele, ela cedeu o exercício de usufruto, a título oneroso, da parte que lhe coube em imóveis rurais, com valor estabelecido em 24 parcelas de U$ 3.333,33.Noticiou a celebração de contrato com a empresa Sucocítrico Cutrale Ltda. no qual a produção de laranjas dos mencionados imóveis seria vendida por U$ 2,80/caixa. Contudo a Sucocítrico não colheu a totalidade da produção das propriedades, havendo, dessa maneira, recebimento menor dos valores avençados. Com isso, R. teria o direito de receber, apenas, o valor proporcional às laranjas colhidas e pagas pela empresa.Segundo P., do total de U$ 40,000.00, somente seriam devidos U$ 25,000.00, valor esse já pago. Por isso, P. pediu o reconhecimento da inexistência do débito cobrado no valor de U$ 15,000.00. O pedido foi julgado improcedente. A apelação interposta por ele também foi negada. Com isso, P. foi condenado ao pagamento do débito em moeda estrangeira. Os embargos de declaração foram rejeitados.

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Inconformado com a decisão, P. recorreu ao STJ. Para isso, interpôs recurso especial sustentando que o acórdão recorrido deixou de apreciar a questão relativa ao ônus oriundo do custo de produção, colheita e entrega do produto objeto do acordo judicial. Além disso, não poderia ter sido estipulado o pagamento em moeda estrangeira.A ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, manteve a decisão do TJ/SP ao não conhecer do recurso. A ministra destacou que a contratação em moeda estrangeira é válida, devendo apenas o pagamento realizar-se por meio da conversão em moeda nacional. Para melhor analisar a questão, o ministro Castro Filho pediu vista.

Processo:  Resp 647672Marcela Rosa - (61) 3319-8595

sexta-feira, 3 de março de 200606:06 - Desnecessária carta registrada para convocar assembléia condominial em prédio já ocupadoConvocação para assembléia condominial não exige uso de correspondência registrada, se os moradores já ocupam o local. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não conheceu do recurso movido por um morador do edifício Cândido Portinari, que pedia a nulidade da assembléia.I.A.C., o morador, sustentava que a decisão da Justiça paulista teria violado o artigo 49, inciso 2º, da Lei n. 4.591/64, destacando que o comunicado da realização da assembléia foi feito por meio de carta simples, sendo que o dispositivo exigiria correspondência registrada, com aviso de recebimento. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) observou que o artigo 49, citado por I., só se aplica aos imóveis em construção e que, por isso, não há motivo para anular a assembléia. De acordo com o TJ, a substituição do projeto original das garagens do edifício – motivo da assembléia –, se ocasionou prejuízo pela redução do imóvel, deve ser objeto de ação indenizatória. O Tribunal afirmou que o autor demorou quase dois anos para insurgir-se contra a substituição, não se justificando, passados dez anos de situação consolidada, promover alteração que pode prejudicar toda a coletividade. Para o ministro Castro Filho, relator do recurso no STJ, o conteúdo do artigo 49, inciso 2º, da Lei n. 4.591/64, é explícito no sentido de sua aplicação à convocação das assembléias condominiais, quando o edifício ainda se encontrar em construção. Se já habitado o prédio, o ministro explica que a convocação ocorre na forma prevista na convenção do condomínio, nos termos do artigo 24 da mesma lei, que diz: "haverá, anualmente, uma assembléia geral ordinária dos condôminos, convocada pelo síndico na forma prevista na convenção, à qual compete, além das demais matérias inscritas na ordem do dia, aprovar, por maioria dos presentes, as verbas para as despesas de condomínio, compreendendo as de conservação da edificação ou conjunto de edificações, manutenção de seus serviços e correlatas". O ministro ressaltou, ao decidir, que "seria irrazoável exigir correspondência registrada para a convocação de assembléia condominial, se os moradores já se encontram no local, porquanto, além do excesso de formalismo, haveria um custo desnecessário, a ser suportado pelos próprios condôminos".

Processo:  Resp 801295Andréia Castro - (61) 3319-8256

quinta-feira, 2 de março de 200607:09 - Segunda Seção confirma: não se presume paternidade por recusa de avós em fazer exame de DNA Em decisão unânime, a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão que anulou o acórdão o qual reconheceu a paternidade e determinou o pagamento de pensão alimentícia a menor por considerar indício veemente a infundada e reiterada recusa dos pais do investigado, falecido em acidente aéreo, em se submeterem ao exame de DNA.O relator, ministro Humberto Gomes de Barros, não conheceu do recurso considerando que a decisão da qual se apresentaram os embargos de divergência – da Quarta Turma – é absolutamente expressa em dizer que se se tratasse de pai, estaria condizente com a jurisprudência do STJ, mas, sendo a parte avô e levando-se em consideração, ainda, a circunstância de que havia esterilização voluntária do pai, afirma ser preciso um exame maior, determinando, simplesmente, o retorno do processo ao grau de apelação para que seja examinado esse aspecto também.

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No caso, B.N.A., representada por sua mãe, M.N.N.A., entrou com ação de investigação de paternidade associada com petição de herança contra os pais do suposto genitor pedindo alimentos provisionais e provisórios, provisão para o litígio, arrolamento de bens e nulidade da partilha. Segundo alega a mãe da menor, ela e o alegado pai mantiveram um relacionamento amoroso desde 1983, tendo viajado juntos em companhia de amigos em comum e tendo-se hospedado em hotéis e pernoitado tanto na residência do investigado como em sua casa de veraneio. Desse relacionamento, ela teria engravidado em 1988, ocasião em que, inteirado da situação, J. teria se afastado durante o restante da gestação. No entanto alega que teriam reatado a antiga relação posteriormente, ocasião em que ele teria se disposto à paternidade. Isso não chegou a se concretizar em razão de seu falecimento em acidente aeronáutico em 1989, levando-a a buscar o Judiciário para o reconhecimento.Em favor de suas alegações, especificou provas testemunhal e pericial, consistente no exame de DNA e na realização de perícia técnica, através de método comparativo de traços fisionômicos e outros dados antropológicos; requerendo, ainda, que fossem pedidas informações aos hotéis que indicou sobre hospedagens e despesas efetuadas entre 1983 e 88.Os pais de J., contudo, contestaram o pedido, negando que tivesse existido relacionamento amoroso entre ambos com o caráter de exclusividade alegado. Afirmaram que a mãe de B.N.A. era garota de programa e freqüentava o leito de outros homens; logo, sem elementos probatórios suficientes para demonstrar os fatos alegados, inclusive sobre o eventual relacionamento entre ambos à época da concepção da criança, o que afastaria a possibilidade da paternidade a ele atribuída. Em primeiro grau, a juíza julgou improcedente a ação, entendendo que, em virtude de não ter sido feito o exame, a paternidade não foi provada. Segundo a sentença, a mãe da criança não conseguiu evidenciar a coincidência entre a concepção e as relações sexuais havidas, além disso há afirmação no processo de que foi feita vasectomia no suposto pai, o que afastaria a possibilidade da paternidade, entendendo que o espermograma "deve ter sido realizado". Dessa decisão houve apelação ao Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), e o desembargador adotou a tese de confissão ficta (assume-se como verdadeira) diante da recusa dos avós em realizar o exame. O relator no TJ considerou a irrelevância do relacionamento com outros homens em outras épocas e a falta de provas da realização da vasectomia. Assim, determinou que os alimentos fossem devidos a partir da decisão.Recurso no STJAmbas as partes recorreram ao STJ. B. e a mãe afirmaram que o reconhecimento da paternidade atrai a procedência dos pedidos cumulativos de petição de herança e decretação da nulidade da partilha realizada sem a presença do herdeiro. Por outro lado, os alegados avós destacam que, primeiramente, não são os investigados, mas sim o seu falecido filho e que a decisão foi reformada em segundo grau sem o exame das provas e das circunstâncias da causa, notadamente em relação ao atestado de vasectomia realizada em 1987 e à prova do concubinato entre a mãe da criança e outro homem. Sustentam, ainda, que, como avós, a sua recusa ao exame de DNA não pode servir de prova positiva ao pedido de reconhecimento, o que somente acontece em relação ao próprio investigado, o pai.A Quarta Turma do STJ, ao julgar o recurso especial, destacou que o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que o reconhecimento pode ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer distinção. Sendo assim, viável e legítima a postulação contra os avós. À recusa, no entanto, é que não pode ser dado o mesmo efeito que se atribui ao próprio investigado.Assim, entendeu que, se anulado o acórdão pura e simplesmente, não há a garantia de que o exame será realizado. Dessa forma, deu a oportunidade de o Tribunal de Justiça analisar a questão e, se for o caso, baixar em diligência para a realização de perícia.

Cristine Genú, com reportagem de Regina Célia Amaral - (61) 3319-8592/8593

quinta-feira, 2 de março de 200606:39 - Doação de imóveis não pode ser anulada por desapego afetivo e atitudes desrespeitosas Desapego afetivo e atitudes desrespeitosas não resultam em deserdamento. É necessária a demonstração de uma das hipóteses previstas pelo Código Civil de 1916 para que seja possível a anulação de doação de imóveis. A conclusão é da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar processo de casal de São Paulo que pretendia anular a doação de vários imóveis à filha, alegando que ela "nunca mais teve notícias de seus pais, não lhes dirigindo a palavra, ou mesmo telefonando para saber se estão passando bem, tendo, inclusive, após séria doença que

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acometeu o seu pai (...), deixado de comparecer ao hospital para visitá-lo (até mesmo depois desta operação), em total ignorância aos seus genitores". Os pais queixaram-se de ofensa ao artigo 1.183 do Código antigo, afirmando que os frutos e os rendimentos dos imóveis em questão cessaram, sendo-lhes negadas indiretamente fontes de alimento. Além de demonstração de abandono material e moral, devido à falta de visitação, carinho, respeito e atenção, ferindo, com isso, seus "mais frágeis sentimentos de filiação". Pleiteavam a revogação das doações feitas, restabelecendo os imóveis na propriedade dos doadores. Com o seguimento negado na origem, o casal entrou no STJ. O relator do processo, ministro Humberto Gomes de Barros, esclareceu que a doação, conforme dispõe o artigo 1.181 do Código Civil de 1916, pode ser revogada por três modos: pelos casos comuns a todos os contratos (vícios do negócio jurídico, incapacidade absoluta, ilicitude ou impossibilidade do objeto), por ingratidão do donatário e por inexecução do encargo, no caso de doação onerosa.De acordo com o relator, apesar de se tratar de um negócio jurídico proveniente da liberalidade do doador, a lei, principalmente em respeito à segurança jurídica, limita o arbítrio do doador em desfazer tal liberalidade. Assim, o ministro reconheceu a taxatividade das hipóteses previstas no artigo 1.183 do Código Civil de 1916 (Código Beviláqua), segundo o qual só se podem revogar por ingratidão nas seguintes situações: se o donatário atentou contra a vida do doador, se cometeu contra ele ofensa física, se o injuriou gravemente, ou o caluniou, ou se, podendo ministrar-lhos, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. "Não é, portanto, qualquer ingratidão suficiente para autorizar a revogação da doação. No caso dos autos, ainda que se considere desrespeitoso ou injusto o desapego afetivo da ora recorrida, não há como enquadrar sua conduta nas estreitas hipóteses previstas pelo Código Beviláqua", observou o ministro Gomes de Barros, ao negar conhecimento ao recurso.

Processo:  Resp 791154Andréia Castro - (61) 3319-8256

quinta-feira, 2 de março de 200606:22 - Sem termo regular de ocupação de imóvel funcional, não há direito de aquisiçãoO termo regular de ocupação do imóvel funcional é requisito essencial para que se possa tentar sua aquisição. Com base em voto do ministro Peçanha Martins, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não atendeu a pedido de um servidor aposentado que pretendia ter reconhecido o direito à preferência na aquisição de um apartamento funcional que ocupa na Asa Norte, em Brasília. O servidor mora indevidamente no apartamento há mais de dez anos. Logo na apreciação do pedido de liminar, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, decidiu que o mandado de segurança contestava decisão transitada em julgado e, por isso, negou a liminar. O relator do processo, ministro Peçanha Martins, não reconsiderou essa decisão, porque contrariaria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (nº286/STF), pela qual não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.Ao analisar o mérito, o ministro Peçanha Martins ressaltou que não haveria direito líquido e certo, já que documentação do processo comprova ser a ocupação do imóvel funcional irregular desde 1989. Na ação de reintegração de posse consta que o servidor recebeu o apartamento "sub judice", mediante termo de utilização a título precário, obrigando-se a devolvê-lo no prazo de dez dias, a contar da notificação da decisão judicial pendente. O servidor foi notificado três vezes, para o cumprimento do prazo, mas não agiu. O termo de ocupação foi rescindido em 21 de fevereiro de 1989.Daí a conclusão de que o servidor não é legítimo ocupante na época da edição da Lei n. 8.025/90 nem titular de regular termo de ocupação, fato que já está reconhecido em decisão transitada em julgado (cujos prazos para recurso já se esgotaram).O mandado de segurança era dirigido contra ato do secretário de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que não encaminhou o processo administrativo à Caixa Econômica Federal pelo qual o servidor aposentado pretendia adquirir o imóvel funcional.O aposentado alegava que as Leis 8.025/90 e 8.068/90 lhe asseguraram o direito de preferência à aquisição do imóvel. De acordo com o servidor, antes da edição dessas leis, a União moveu ação possessória contra ele, visando à reintegração do imóvel, sendo que esta ação estaria em fase de execução de sentença.Ele encaminhou ao secretário de Patrimônio da União requerimento para a abertura do

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procedimento administrativo para compra do imóvel funcional. A solicitação não foi atendida, sendo informado a ele que deveria dirigir a argumentação à ação possessória em trâmite na Justiça Federal. O servidor insistiu, pedindo a remessa do processo administrativo para a CEF com vistas ao início do procedimento de venda do imóvel, sem, contudo, obter resposta. Por isso, o aposentado ingressou com mandado de segurança no STJ.

Processo:  MS 10787Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quinta-feira, 2 de março de 200606:01 - Confissão de dívida acompanhada de seu pagamento integral configura denúncia espontânea A confissão da dívida acompanhada de seu pagamento integral, anteriormente a qualquer ação do fisco ou processo administrativo, configura denúncia espontânea, mesmo em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação. Essa decisão foi da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional impetrado contra decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região. Segundo consta do processo, a empresa Maurano e Maurano Ltda. reconheceu e pagou a dívida de tributos; com esse pagamento, fica caracterizada a realização da denúncia espontânea. De acordo com o disposto no artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN), a denúncia espontânea somente exime o contribuinte do pagamento da multa moratória desde que seja efetuado o recolhimento do principal, corrigido monetariamente e acrescido de juros de mora e antes de qualquer procedimento fiscal.A Fazenda Nacional apontou, além de divergência jurisprudencial, ofensa ao artigo 138 do CTN, alegando, em síntese, que a denúncia espontânea exclui a multa punitiva, mas não a multa moratória. Disse ainda que o STJ tem tido entendimento de que não resta caracterizada a denúncia espontânea, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação.A denúncia espontânea é instituto de direito tributário, previsto no artigo 138 do CTN, que opera como causa de exclusão das responsabilidades decorrente de infração à legislação tributária. Para sua configuração é necessária a recomposição, por iniciativa do infrator e anteriormente a qualquer procedimento administrativo ou medida fiscalizatória, dos prejuízos advindos da infração, seja pelo pagamento imediato e integral do tributo devido e dos juros de mora, seja pelo depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, nos casos em que a ela competir a apuração de tal valor. A denúncia espontânea atende à finalidade pública, minimizando, com o estímulo ao adimplemento espontâneo daqueles débitos ignorados pelo Fisco, os prejuízos decorrentes da impossibilidade real de que todas as situações de irregularidade sejam alcançadas pela fiscalização tributária.Para o ministro Teori Albino Zavaski, relator do processo, isso não significa dizer, todavia, que a denúncia espontânea está afastada em qualquer circunstância ante a pura e simples razão de se tratar de tributo sujeito a lançamento por homologação. Não é isso. O que a jurisprudência afirma é a não-configuração de denúncia espontânea quando o tributo foi previamente declarado pelo contribuinte, já que, nessa hipótese, o crédito tributário se achava devidamente constituído no momento em que ocorreu o pagamento, explica o ministro. Em sentido contrário, pode-se afirmar que, não havendo prévia declaração do tributo, mesmo o sujeito a lançamento por homologação, é possível a configuração de sua denúncia espontânea, uma vez concorrendo os demais requisitos estabelecidos no artigo 138 do CTN.

No caso concreto, conforme acentuou o Tribunal de origem, a Fazenda Nacional recolheu "o valor do tributo em atraso, acrescido de juros de mora e correção monetária, antes de qualquer procedimento fiscal". Ademais, não há qualquer referência no sentido de ter sido realizada prévia declaração dos débitos. Desse modo, é de ser confirmada a decisão que reconheceu a denúncia espontânea.

Processo:  Resp 737328Kena Kelly - (61) 3319-8595

arta-feira, 1 de março de 200607:28 - Investigador de polícia tem prisão preventiva revogadaA Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu em parte, por maioria de votos,

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habeas-corpus ao investigador de polícia André Amaral Cecílio para revogar a sua prisão preventiva. Cecílio e mais seis policiais civis de São José dos Campos foram denunciados por seqüestro, tortura, formação de quadrilha, tráfico de drogas e corrupção.O relator, ministro Nilson Naves, considerou que faltou fundamentação suficiente ao decreto da preventiva. O ministro destacou que, no primeiro momento, quando da prisão temporária, a suspeita do magistrado, "de colocar em risco a integridade física de várias testemunhas e vítimas", talvez pudesse justificar a prisão, pois disse que seria imprescindível para as investigações do inquérito policial. Mas, em um segundo momento, da prisão preventiva, o magistrado se apóia em outra suspeita, a do risco à integridade física. "A colocação, tal como ali feita, não justificava a constrição (...)", entendeu."O risco à integridade física trata-se, a meu juízo, de simples suspeita, isso porque não há, na decisão de que estamos cuidando, indicação de elementos concretos de convicção. Os que nela foram apresentados são insuficientes, portanto, para fundamentar a medida cautelar restritiva", afirmou o relator.No caso, a defesa de Cecílio recorreu de decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que negou o habeas-corpus considerando que ficou superado o cerceamento de defesa alegado pelo fato de os defensores não terem tido acesso aos autos em decorrência da decretação do sigilo das investigações. "A autoridade coatora, em suas informações, afirmou que o defensor dos pacientes teve acesso aos autos em cartório. A alegação de nulidade, em razão de impedimento de acesso aos autos pelo defensor, ficou prejudicada e a impetração, quanto a esse fato, perdeu seu objeto", afirmou o acórdão. No STJ, a defesa do investigador voltou a alegar cerceamento de defesa.

Processo:  HC 47704Cristine Genú - (61) 3319-8592

quarta-feira, 1 de março de 200607:16 - Revogada garantia da família de controlador de Banco Santos continuar no imóvelDeferimento de pedido feito pelo Ministério Público Federal revoga liminar concedida a Márcia de Maria Costa Cid Ferreira, mulher de Edemar Cid Ferreira, controlador do Banco Santos, a qual garantia à família continuar em imóvel. O ministro Hélio Quaglia Barbosa concordou com o argumento de que a esposa de Ferreira não possuía legitimidade para propor a ação.A liminar havia sido concedida pelo presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, durante o recesso do Judiciário, em uma medida cautelar impetrada por Márcia Ferreira. Na cautelar, ela requereu que fosse sustada a eficácia da decisão que destituiu seu marido do encargo de depositário do imóvel e dos bens que lá se encontram, ou que fosse ela própria nomeada depositária da casa e das peças que a guarnecem, impedindo-se, assim, o despejo dela e de sua família.Ao decidir, o ministro Vidigal afirmou estar suficientemente comprovado, diante da documentação juntada, que o imóvel pertence às empresas familiares, controladas por Márcia Cid Ferreira, que não responde à ação penal e que lá reside desde 1987 com sua família, antes, portanto, da criação do Banco Santos. A par de ser casada com Edemar Cid Ferreira em regime de separação total de bens, conforme pacto antenupcial realizado em setembro de 1978.Contra essa decisão, o MPF apresentou pedido de reconsideração da decisão que deu a um agravo regimental interposto e em curso no Tribunal Regional Federal da 3ª Região o efeito de manter a decisão que determina o seqüestro do imóvel em que reside com sua família e de todas as obras de arte nele encontradas, além das que estavam guardadas em depósito, em procedimento criminal contra o controlador apurando crime contra o sistema financeiro (e gestão fraudulenta do Banco Santos S/A, do qual era controlador). A família teria 40 dias para desocupar o imóvel, após o que o bem seria entregue à Secretaria de Cultura paulista para ser transformada em museu estadual. A Justiça entendeu estar a casa inserida no contexto da Convenção de Palermo das Nações Unidas sobre o Crime Organizado Transnacional, de 15.11.2000, afirmando que o bem teria sido adquirido por outras empresas – Atlanta Participações e Propriedades S/A e Hyles Participações e Empreendimentos Ltda. –, "para dissimular a origem dos valores nela investidos e que, em princípio, teriam sido desviados do Banco Santos S/A, do qual era Edemar diretor-presidente" (fl. 584). Assim, destituiu Edemar do encargo de fiel depositário dos bens seqüestrados, afirmando seu descaso com o acervo que estava sob sua responsabilidade. A decisão foi mantida pelo TRF.No recurso, o MPF alega que a esposa de Ferreira não tem legitimidade para recorrer por meio de agravo regimental, já que não foi parte no mandado de segurança impetrado na instância anterior

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e há ação própria específica – no caso embargos de terceiros – da qual pode se valer para buscar o que julga ser seu direito no caso. Sustenta, também, ausência de prejuízo sofrido, já que a liminar no mandado de segurança foi parcialmente deferida.Segundo o Ministério Público, a decisão que destituiu o marido da requerente do encargo de depositário é legal e há profunda diferenciação entre seqüestro e hipoteca legal, pois somente a este último instituto seriam aplicáveis as disposições do Código de Processo Civil. Entende, ainda, não se aplicar ao caso o benefício do bem de família definido na Lei nº 8.009/90, na medida em que, a par da origem ilícita do imóvel, o dispositivo legal excluiria de sua proteção as obras de arte e adornos suntuosos. E informa, por fim, que a esposa Márcia Ferreira teria declarado, em sede policial, que apenas "emprestava" seu nome ao marido para figurar como dona das empresas, sendo apenas destinatária dos bens auferidos.Ao apreciar os argumentos apresentados pelo MPF, o relator entendeu, entre outras ponderações, merecer ser reconsiderada a decisão. O ministro Quaglia Barbosa destaca que o STJ não tem competência para apreciar a medida cautelar. "Com efeito, deferida parcialmente a liminar em mandado de segurança, a ora requerente interpôs agravo regimental e, antes do seu julgamento pelo órgão colegiado, requereu medida cautelar perante esta Corte, com o fito de atribuir efeito suspensivo a eventual recurso, a ser interposto em face do acórdão que julgar o agravo." Observa-se, assim, que a competência para apreciar medida cautelar é do juiz da causa, afirma o ministro. "Na hipótese dos autos, pendendo o agravo regimental de julgamento, compete ao relator do mandado de segurança no Tribunal a quo o exame da medida cautelar." Para o relator, ainda que superado o óbice acima apontado – e aqui me estendo somente para efeitos de argumentação – reputo ausente condição essencial para apreciação do pedido, consubstanciado na inexistência da plausibilidade jurídica do direito tido por violado. Entendo, primeiramente, que o gravame imposto à recorrente decorre, como exaustivamente detalhado na própria inicial, da medida decretada pelo magistrado de primeiro grau. Assim, impõe-se sejam manejados os recursos próprios daquela instância, como, por exemplo, os embargos de terceiros previstos no artigo 129 do Código de Processo Penal.Assim, diante da incompetência do Superior Tribunal de Justiça para apreciar a presente medida cautelar, revogou a liminar anteriormente deferida e extinguiu o processo sem julgamento do mérito.

Processo:  MC 11068Regina Célia Amaral, com reportagem de Cristine Genú - (61) 3319 8592

quarta-feira, 1 de março de 200606:42 - Afastada abusividade de taxa acima de 12% A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) afasta limitação de 12% ao ano da taxa de juros remuneratórios em contratos bancários. A decisão, tomada em um recurso do Banco Itaú S/A contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJ/RS), permite a capitalização mensal, mas veda a inscrição do nome do devedor em cadastros de inadimplentesA Turma destacou que a taxa será a média do mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, desde que limitada ao percentual do contrato, não se permitindo cumulação com juros remuneratórios ou moratórios, correção monetária ou multa contratual, em consonância com os precedentes do STJ sobre a matéria.No caso, o Itaú ingressou com uma ação revisional de contrato bancário contra Loni Guedes dos Santos para discutir os encargos pactuados. O TJ/RS desproveu o pedido sustentando ser nula a taxa de juros remuneratórios em percentual superior a 12% ao ano porque acarreta excessiva onerosidade ao devedor em desproporção à vantagem obtida pela instituição credora, por aplicação do artigo 51, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor. O Tribunal salientou ainda que a capitalização dos juros é vedada em contratos em espécie, por ausência de permissão legal, ainda que expressamente convencionado. Como os embargos de declaração não foram acolhidos, o Itaú recorreu da decisão no STJ. Para tanto defendeu a não-limitação dos juros remuneratórios, bem como sua capitalização em periodicidade mensal, a legalidade da cobrança da comissão de permanência, a manutenção da taxa de 1% ao mês a título de juros de mora e a validade da cláusula-mandato. Além disso, sustentou a possibilidade da inscrição do nome de Loni nos cadastros restritivos de crédito, a impossibilidade da compensação com restituição simples do indébito, bem como a caracterização da mora do devedor. Por fim, pediu a vedação do depósito de valores em juízo, por serem inferiores ao contratado.

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Em sua decisão, a Terceira Turma destacou que o fato das taxas de juros excederem o limite de 12% ao ano, por si só, não implica abusividade. Impõe-se sua redução, tão-somente, quando comprovadas discrepâncias em relação à taxa de mercado, após vencida a obrigação.A Turma sustentou, ainda, que, para pedir o cancelamento ou a abstenção da inscrição do nome do inadimplente nos cadastros de proteção ao crédito, é indispensável que o devedor demonstre a existência de prova inequívoca do seu direito.O ministro Castro Filho, relator do caso, salientou que "a capitalização dos juros é possível quando pactuada e desde que haja legislação específica que a autorize. Assim, permite-se sua cobrança na periodicidade mensal nas cédulas de crédito rural, comercial e industrial, bem como nas demais operações realizadas pelas instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional, desde que celebradas a partir da publicação da Medida Provisória 1.963-17".

Processo:  Resp 788045Marcela Rosa - (61) 3319-8595

quarta-feira, 1 de março de 200606:40 - Prova escrita é suficiente para embasamento de ação monitóriaA Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em votação unânime, afastou a carência da ação monitória impetrada pela Líder Administradora Ltda., após o decote de determinadas parcelas da dívida de Neimar Hoppen, prosseguindo-se na lide. No caso, a Líder recorreu de decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que excluiu e reduziu algumas das verbas, daí concluindo o acórdão que, em face disso, o título perdia a liquidez e decretou a carência da monitória.Para isso, a empresa disse que a decisão violou o artigo 1.102, alínea "a", do Código de Processo Civil, visto que suficiente a prova escrita, acompanhada dos extratos de evolução da dívida, para o ajuizamento da ação monitória, o que afasta a carência, pois a via escolhida é a própria. A se exigir a liquidez, ter-se-ia um título executivo.Para o relator do recurso, ministro Aldir Passarinho Junior, é suficiente ao embasamento da ação monitória a cópia do contrato de consórcio de veículo, o qual se acha acompanhado de extrato de conta-corrente historiando os pagamentos devidos, as datas, os valores pagos, percentuais de amortização e a posição financeira das parcelas atrasadas."A circunstância de que a taxa de administração foi reduzida a 10%, os juros de mora a 1% ao ano e a multa moratória a 2%, tal absolutamente não importa em carência da ação monitória, como de resto também ocorre com a execução. O decote das verbas é aplicado, porém sem a desconstituição do título, no caso da execução. Assim, com mais razão ainda no caso da monitória, em que, sendo um processo de fase cognitiva mais ampla, possível a dedução dos valores expurgados e a determinação do pagamento do restante como resultado parcial dos embargos", afirmou o ministro.

Processo:  RESP 646829Cristine Genú - (61) 3319-8592

sexta-feira, 24 de fevereiro de 200618:38 - Suspensos os prazos dos processos em que Fazenda Pública Nacional é parteO ministro Edson Vidigal, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), suspendeu a contagem dos prazos processuais nos feitos em que a Fazenda Pública Nacional seja parte. O respectivo ato foi decretado nos termos do artigo 21, inciso V, do Código de Processo Civil e do artigo 106, parágrafo 2º, do Regimento Interno do STJ e entrou em vigor no dia 22 deste mês. O ato terá eficácia até o término do movimento grevista da categoria.A providência foi tomada considerando a declaração de greve, por tempo indeterminado, dos procuradores da Fazenda Pública Nacional, movimento iniciado no dia 13 de fevereiro, e a necessidade de preservar o interesse público que se encontra ameaçado em face da possibilidade de a paralisação resultar em prejuízos à defesa dos entes públicos perante os órgãos jurisdicionais.Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), o movimento grevista reivindica recomposição salarial, investimento na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e o "descontingenciamento" do Fundaf.Com a greve, foram interrompidos os serviços de atendimento ao público e fornecimento de

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certidões, protocolo de petições em fóruns e tribunais, recebimento e devolução de processos, excetuando-se casos de urgência e para atender a interesses inadiáveis da coletividade. Um regime de plantão foi montado em várias unidades da PGFN de todo o país.

Marcela Rosa - (61) 3319-8595

sexta-feira, 24 de fevereiro de 200616:16 - Primeira Seção uniformiza entendimento sobre incidência e isenção de imposto de rendaDecisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determina: incide imposto de renda sobre hora extra, sobre o adicional de 1/3 sobre férias gozadas, sobre o adicional noturno, sobre a complementação temporária de proventos, sobre o décimo terceiro salário, sobre a gratificação de produtividade e sobre a gratificação por liberalidade da empresa, paga por ocasião da extinção do contrato de trabalho. A incidência se dá em face da natureza salarial dessas verbas. Esse é o resultado do julgamento de um recurso apresentado pelo fisco nacional e orienta as duas turmas especializadas em Direito Público sobre o tema. No mesmo julgamento, os ministros confirmaram o entendimento das suas duas turmas afastando a incidência do Imposto de Renda sobre o abono de parcela de férias não-gozadas, férias não-gozadas indenizadas na vigência do contrato de trabalho, bem como licenças-prêmio convertidas em pecúnia, independentemente se ocorreram ou não por necessidade do serviço. Também não são tributadas as férias não-gozadas e licenças-prêmio convertidas em pecúnia, irrelevante se decorreram ou não por necessidade do serviço, férias proporcionais, respectivos adicionais de 1/3 sobre as férias, gratificação de plano de demissão voluntária (PDV), todos percebidos por ocasião da extinção do contrato de trabalho. O tema foi motivo de discussão na Seção em virtude de a Fazenda Nacional ter recorrido de decisão do ministro Franciulli Netto, da Segunda Turma. Durante aquele julgamento, chegou-se à conclusão de que todas as verbas indenizatórias recebidas pelo empregado, incluídas as rescisórias decorrentes de dispensa incentivada, são isentas do imposto de renda, porquanto a indenização não é produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos. Entre essas verbas isentas, entendeu a Turma, estão incluídas as quantias recebidas a título de décimo terceiro salário. A decisão levou o fisco a recorrer ao próprio STJ demonstrando que a outra Turma de Direito Público tem entendimento em sentido contrário, determinando a incidência de IR sobre o décimo terceiro, ainda que recebidas juntamente com a indenização pela adesão ao plano de aposentadoria incentivada. Para a Fazenda Nacional, deve prevalecer o entendimento de que o 13º salário, ainda que pago quando da rescisão contratual decorrente de dispensa voluntária, deve ser considerado renda ou proventos, já que resulta em acréscimo patrimonial, devendo, dessa forma, ser tributado.Ao apreciar o recurso, o relator, ministro Luiz Fux, destacou que a Primeira Seção vem concluindo que esses valores recebidos a título de décimo terceiro salário, ainda que em virtude da adesão a programa de demissão incentivada, têm natureza remuneratória, enquadrando-se no conceito de renda previsto no artigo 43 do Código Tributário Nacional, por configurarem fato gerador do imposto. O recurso discutia especificamente esse ponto, mas, na ementa de seu voto, o ministro relacionou todos os casos de isenção e incidência do imposto de renda já definidos pelo STJ.Em recente decisão da Segunda Turma, o ministro Castro Meira esclareceu que as verbas pagas pela Petrobrás a título de "indenização por horas trabalhadas" por força de convenção coletiva de trabalho correspondem à indenização das folgas não gozadas, e não ao pagamento de horas extras, de modo que não constituem acréscimo patrimonial a ensejar a incidência do tributo nos termos. Essas verbas, sim, são isentas de IR.

Processo:  Eresp 515148Regina Célia Amaral - (61) 3319-8593

sexta-feira, 24 de fevereiro de 200607:10 - Continua preso bombeiro acusado de matar adolescente por causa de teste de DNAPor decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), continuará preso major do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco acusado de matar a ex-namorada e de abandonar à beira de uma estrada a filha dela, um bebê de seis meses. O assassinato teria ocorrido porque a adolescente S.M.S. exigia do bombeiro major a realização de teste de paternidade (exame de DNA), a fim de comprovar que ele era o pai de sua filha.O relator do habeas-corpus, ministro Arnaldo Esteves Lima, entendeu que há indícios de autoria apontando para o major e que as exigências para manutenção da prisão estão cumpridas. Para o

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ministro relator, a prática de crime por policial militar, por si, configura grave ameaça à ordem pública, porque é uma corrupção em potencial da "estrutura social formal, que deveria estar voltada ao combate à criminalidade", e não estar a ela ligada. O ministro Arnaldo Esteves Lima ainda justificou que a alegada demora para o julgamento se justifica pela engenhosidade dos crimes atribuídos ao major.Segundo a denúncia do Ministério Público estadual, em 21 de outubro de 2003, acobertado pela desculpa de dar-lhe uma carona, o major executou a adolescente com três tiros na cabeça, ocultando o corpo num local ermo conhecido como "mata ronca", na cidade de Paulista (PE).Em seguida, o major teria raptado o bebê, supostamente sua filha e, na tentativa de matá-la, levou a criança até a divisa dos estados de Pernambuco e Paraíba. Ali, numa vala a 50 metros da BR-101, o bebê foi abandonado, longe de qualquer iluminação e sob o risco de ataque de animais selvagens e peçonhentos. Esta era a primeira vez que o militar via a suposta filha. A criança sobreviveu porque foi encontrada por um casal que caminhava à margem da estrada e ouviu seu choro.A história de amor que existiu entre o bombeiro e a adolescente teve início em 2001. No ano seguinte, a jovem teria com ele sua primeira experiência sexual, aos 16 anos, conforme narra a denúncia do MP. O major ainda colecionava vários envolvimentos amorosos com mulheres do mesmo centro de dança em que conheceu a adolescente assassinada, fazendo fama de namorador.A denúncia ainda conta que o bombeiro teria sugerido um aborto quando soube da gravidez da jovem, o que não foi aceito. Quando a menina nasceu, o major não registrou a criança em seu nome. Com a rejeição da paternidade, a adolescente ingressou na Justiça com uma ação de investigação de paternidade, que ainda está tramitando. As acusações contra o major são de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, homicídio qualificado tentado e seqüestro qualificado.O major foi preso em 29 de março de 2005. Alegando excesso de prazo para o fim da instrução criminal e ausência de fundamentação para manter o major preso, sua defesa ingressou com habeas-corpus para que fosse revogada a prisão preventiva. A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco não atendeu ao pedido, o que fez a defesa recorrer ao STJ, onde a pretensão foi novamente negada.

Processo:  HC 47372Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

sexta-feira, 24 de fevereiro de 200606:59 - Anulação de registro só poderá ser feita se comprovado erro ou falsidadeÉ irrevogável o reconhecimento de paternidade, salvo por erro, dolo, coação, simulação ou fraude, vícios afastados. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ/MG). O Tribunal negou provimento ao recurso interposto por J. de P. dos S., que pedia a anulação de paternidade em relação a J.H.S.S. J.P. dos S. viveu em concubinato com a mãe de J.H.S.S., quando este já tinha cinco anos de idade. Como o menor era registrado somente em nome da mãe, resolveu, por imposição dela (coação emocional), registrá-lo como seu filho. Após o registro, a convivência em comum durou menos de um mês. Tais fatos não foram contestados.Com o término do relacionamento, J. casou-se com outra mulher, que passou e exigir a anulação do indevido registro sob a alegação de que seus bens, agora adquiridos no casamento, passariam a integrar sua herança e iriam, indevidamente, beneficiar J.H. Com esses argumentos, J. ajuizou ação anulatória de registro civil combinada com a negatória de paternidade em relação a J.H. Em primeira instância, o pedido foi julgado improcedente. J. recorreu da sentença.O TJ/MG negou provimento ao recurso sustentando que é irretratável o reconhecimento espontâneo da paternidade, feito nos termos do artigo 1º da Lei nº 8.560/92. Além disso, caso não exista prova do vício de consentimento, improcedente a ação de nulidade de registro.Inconformado com a decisão, J. recorreu no STJ. Para tanto, alegou violação do artigo 1.604 do Código Civil. De acordo com o artigo, "ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro". Por fim, sustentou ter sido comprovado, por meio de exame de DNA, não ser o pai biológico do menor e ter sido a declaração de paternidade feita por meio de coação. Para o ministro Castro Filho, relator do caso, "que além de um fato biológico, o reconhecimento da paternidade gera uma relação jurídica: relação jurídica de paternidade, que, também pode ser formada por outros meios, como adoção e a perfilhação".

Marcela Rosa - (61) 3319-8595

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 200606:34 - STJ envia processo ao TJRJ para acertar cômputo de juros moratórios em ação contra SantanderA Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, decidiu anular acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que impôs o cômputo de juros moratórios a partir da notificação do Banco Santander Meridional S/A, em ação de indenização proposta contra ele. A Turma determinou, também, a volta dos autos ao Tribunal estadual para que seja devidamente apreciada a questão.No caso, trata-se de ação de indenização por danos morais e materiais movida por correntistas que tiveram recursos transferidos por terceiros de suas contas-correntes, via internet, sem o seu conhecimento. A sentença, mantida pelo Tribunal estadual, condenou o banco a devolver a quantia atualizada e condenou-o ao pagamento de verba preparatória pelo dano moral no valor de R$ 9.600,00 para a primeira correntista e de R$ 8.000,00 para a segunda. Além disso, impôs o cômputo dos juros desde a notificação do Santander.No STJ, o Banco alegou que houve contrariedade ao artigo 1.536, parágrafo 2º, do Código Civil (CC) anterior, porque foram arbitrados juros moratórios legais em excesso, tomado como base, incorretamente, o momento da notificação do Santander, quando deveria ser o termo a quo o da citação. Sustentou, ainda, violação do artigo 333 do CC, pois as correntistas não provaram a transferência dos valores da sua conta, apenas apresentaram extratos bancários, o que constituía ônus probatório seu.Quanto à questão do ônus da prova, o ministro Aldir Passarinho Junior, relator, destacou que a matéria se acha implicitamente apreciada pelo exame da prova, visto que, em face da minudência do banco de dados bancários, seria possível ao réu demonstrar o fornecimento da senha eletrônica às correntistas, aliás, em verdade, protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor, que favorece a sua defesa.Todavia, no tocante aos juros moratórios, o ministro considerou que, de fato, a decisão do Tribunal estadual foi omissa. "O aresto quedou-se silente a respeito e o acórdão dos aclaratórios é inteiramente omisso e desfundamentado, violado o artigo 535, II, do CPC".

Processo:  RESP 656421Cristine Genú - (61) 3319-8592

sexta-feira, 24 de fevereiro de 200606:09 - Quebra do sigilo de conversa em sala de bate-papo da internet não é considerada interceptação ilícitaConversas realizadas em salas de bate-papo da internet não estão amparadas pelo sigilo das comunicações, tendo em vista que o ambiente virtual é de acesso irrestrito e destinado a conversas informais. Com esse entendimento, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso em habeas-corpus interposto por P. R. de A. Acusado por crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 241), P. R. de A. requeria o trancamento do inquérito policial sob o fundamento de que estaria viciada a prova que deu origem à investigação.Consta dos autos que a Interpol interceptou uma conversa de P. R. de A. em sala de bate-papo na internet no momento em que foi noticiada a transmissão de imagens pornográficas envolvendo crianças e adolescentes. Tal conduta funcionou como elemento condutor da instauração do referido inquérito policial. A investigação, no entanto, não conseguiu obter provas quanto à autoria do crime.O Ministério Público pediu novas investigações no material apreendido e, em julho de 2003, os computadores de P. R. de A. foram enviados à perícia. Diante disso, a defesa entrou no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, alegando violação do sigilo das comunicações, constrangimento ilegal e abuso na realização da busca e apreensão. O TRF da 3ª Região negou o pedido de P. R. de A., afirmando que a Justiça Federal é competente para processar e julgar o delito de divulgação de imagens pornográficas de crianças e adolescentes pela internet, nos casos em que, iniciada sua execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente, nos termos do artigo 109, inciso V, da Constituição da República. O Tribunal afirmou que a alegação da atipicidade dos fatos imputados a P. R. de A. não ficou comprovada nos autos. De acordo com o TRF da 3ª Região, a quebra do sigilo dos dados cadastrais do acusado junto à provedora de acesso à internet não configura constrangimento ilegal, uma vez que determinada por autoridade judicial com base na necessidade de apuração da autoria dos fatos investigados em

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inquérito policial.P. R. de A. interpôs, então, recurso no STJ. Ao julgar o caso, o relator do processo, ministro Hélio Quaglia Barbosa, argumentou que o trancamento do inquérito policial em sede de recurso em habeas-corpus é medida excepcional, somente admitida quando constatada a atipicidade da conduta ou a negativa da autoria. Além de concordar com a decisão do TRF da 3ª Região e negar o pedido do acusado, o ministro recomendou a realização imediata da perícia requerida pelo Ministério Público ao Juízo da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo, sob pena de trancamento da ação penal.

Processo:  RHC 18116Andréia Castro - (61) 3319-8256

quinta-feira, 23 de fevereiro de 200608:32 - Horas extras (IHT) são isentas de imposto de renda As verbas relativas ao pagamento de horas extras relativas aos petroleiros são isentas de imposto de renda. O entendimento da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é o de que o imposto sobre a renda tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda (produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) e de proventos de qualquer natureza. E os valores relativos às horas extras não são renda nem proventos. A decisão diz respeito a esse caso específico.Para os ministros, a indenização especial, o 13º salário, as férias, o abono pecuniário, quando não gozados, assim como a indenização de horas trabalhadas (IHT), conhecidas como hora extra (específica para os petroleiros), não configuram acréscimo patrimonial de qualquer natureza ou renda, não sendo, dessa forma, sujeitas à incidência do imposto, conforme disposto no artigo 43 do Código Tributário Nacional. A questão foi definida em um recurso apresentado por um contribuinte contra o Fisco Nacional, tentando reverter decisão da Justiça Federal que havia concluído pela incidência do impostos em tais casos. Inicialmente a questão foi enfrentada individualmente pelo relator, ministro José Delgado. Mas a Fazenda Nacional recorreu, alegando que, ao contrário do que o ministro concluiu, as horas-extras são pagas quando o empregado trabalha além da jornada normal e, como tal, têm natureza salarial e não indenizatória, sendo assim inegável a incidência do IR, apresentando decisões anteriores do STJ nesse sentido. Para o fisco, já é consolidado na doutrina e na jurisprudência que o pagamento de horas-extras excedentes à jornada de trabalho integram a remuneração, como contraprestação pelo trabalho desenvolvido, não sendo, portanto, conceituada como verba indenizatória. O entendimento é o de que, para eventual modificação da natureza jurídica da referida verba, é necessária a existência de acordo coletivo.A discussão chegou ao colegiado, onde os ministros acompanharam o entendimento do ministro José Delgado. Para ele, não há razão para o inconformismo da Fazenda Nacional, que não traz nenhuma novidade a permitir a mudança na conclusão do julgamento. Entende o ministro Delgado que ficou demonstrado que o imposto sobre a renda tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda e de proventos de qualquer natureza; que a indenização especial, as férias, o abono pecuniário não gozados, assim como a indenização de horas trabalhadas (IHT), não configuram acréscimo patrimonial de qualquer natureza ou renda e, portanto, não são fatos imponíveis à hipótese de incidência do imposto de renda, tipificada pelo artigo 43 do CTN. Essa indenização não é renda nem proventos, razão pela qual não se encaixa nessas regras. "Este é o entendimento pacífico desta Corte", afirma o ministro. Cita várias decisões, sendo que uma delas afirma que é correto o entendimento de que a hora-extra, de regra, possui natureza salarial, pois se trata de complementação vencimental, mas não menos correta é a conclusão de que, quando o pagamento, embora feito a título de hora-extra, consagra verba indenizatória, não sofre a incidência de imposto de renda.

Processo:  Resp 670716Regina Célia Amaral - (61) 3319-8593

quinta-feira, 23 de fevereiro de 200607:18 - STJ determina retorno de autos de processo sobre pedido de falência da TranspetroA Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em votação unânime, determinou que os autos do processo movido pela empresa Arabian Shipping do Brasil S/A contra a Petrobrás

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Transportes S/A – Transpetro voltem ao primeiro grau para que prossiga o feito como de direito. No caso, a empresa ajuizou um pedido de falência da Transpetro alegando que foi vencedora em licitação para operar navios de propriedade da Petrobrás sendo o valor dos contratos em moeda estrangeira convertido em moeda nacional na taxa do dia imediatamente anterior ao do efetivo pagamento. Alegou que os contratos foram prorrogados, sendo os navios entregues nas datas marcadas. Sustentou, ainda, que, ao efetuar as planilhas, a Transpetro não respeitou o sistema de conversão acordado, o que resultou em prejuízo da empresa no valor total de R$ 672.046,35, além de R$ 300.000,00 relativos à remuneração extra equivalente a um mês para cada navio. Como não foi feito pagamento da quantia devida, apesar dos esforços empreendidos pela Arabian, foi efetuado o protesto de diversos títulos, daí o pedido de falência.O juízo de primeiro grau acolheu a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido, "com base no artigo 242 da Lei 6.404/76, que se aplica no caso vertente, face ao princípio da irretroatividade das leis", e julgou extinto o processo sem julgamento do mérito com base no artigo 267, VI, do CPC.O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro proveu a apelação, apreciando o mérito e entendendo que a subsidiária integral criada por sociedade de economia mista "não detém o mesmo status desta, salvo também se a sua criação ocorrer com prévia autorização legal, o que não é a hipótese". Ademais, prosseguiu o acórdão, a "autorização legislativa para criar determinada Sociedade de Economia Mista não pode ser confundida com a Lei 9.478/1997, que autorizou a Petrobrás a criar subsidiárias, porque esta não é específica para a finalidade e sim foi deitada para dispor sobre a política energética nacional, a atividade relativa ao monopólio do petróleo e instituir o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional de Petróleo". Em conclusão, julgou procedente o pedido, ordenando a expedição de mandado para o levantamento da quantia depositada pelo saldo que houver, em favor da empresa Arabian.No STJ, a Transpetro apontou violação do artigo 242 da Lei nº 6.404/1976, vigente ao tempo em que foi ajuizado o pedido de falência, porquanto dava imunidade às sociedades de economia mista. Afirmou, também, violação do artigo 515, parágrafo 3º, do CPC, porque o exame do mérito "exigia uma comprovação da justa causa da emissão dos títulos, posto que, como ato cambiário unilateral da sacadora das cártulas, se entremostrava temerária a cobrança. A esse mister, a Transpetro havia requerido em sua defesa a produção de prova pericial contábil para desmontar a emissão criminosa dos títulos".Para a Turma, não merece prestígio a impugnação sobre a natureza da Transpetro como subsidiária integral da Petrobrás constituída nos termos do artigo 65 da Lei nº 9.478/1997. Isso porque a sua criação não foi por lei, mas, sim, mediante os atos formais para criação de uma sociedade anônima.Quanto à questão relativa ao artigo 515 do CPC, a Turma entendeu que com razão a Transpetro, destacando que a sua contestação concluiu expressamente que os títulos são "frios, cujos saques tipificam, em tese, o crime previsto no artigo 172 do Código Penal, razão pela qual V. Exa. deverá, em sentença, mandar extrair peças para a devida apuração pelo Ministério Público", pedindo que sejam produzidas provas, incluindo a pericial.Segundo a Terceira Turma, essas questões não se satisfazem com o simples reconhecimento de que as duplicatas de prestação de serviços são títulos hábeis para instruir o pedido de falência. Os títulos, portanto, demandam o exame de prova sobre a validade dos títulos, o que não supre os pressupostos do artigo 515 do CPC.

Processo:  RESP 729779Cristine Genú - (61) 3319-8592

quinta-feira, 23 de fevereiro de 200606:56 - Edital de concurso para carreira militar não pode cobrar limite de altura não previsto em leiAs exigências de idade, sexo ou altura em edital de concurso público só terão validade legal se estiverem expressamente previstas em lei. Com esse entendimento a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), à unanimidade, garantiu a Thatiane do Nascimento Machado o direito de ingressar, efetivamente, na carreira da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, mesmo com altura mínima inferior à exigida pelo edital do concurso. A questão chegou ao STJ em um recurso ordinário em mandado de segurança no qual a requerente sustenta que o requisito de altura mínima de 1,60m (um metro e sessenta centímetros), previsto no edital do concurso público para o cargo de sargento da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, é inconstitucional por violar o Princípio da Igualdade, previsto na Constituição Federal. Em contrapartida, o Estado de Santa Catarina alegou que as normas regentes dos concursos

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públicos para o ingresso na carreira militar obedecem às peculiaridades inerentes à própria carreira. Assim sendo, sustenta que a exigência de altura mínima para o ingresso no posto de 3º Sargento é razoável diante da natureza das atribuições inerentes ao cargo. Outra questão suscitada pelo Estado de Santa Catarina é a decadência do direito de recorrer. O argumento é que o prazo para o ajuizamento de mandado de segurança contra critérios previstos em editais é contado a partir da publicação do edital, em 10 de novembro de 2003.Ao analisar o processo, a ministra relatora, Laurita Vaz, entendeu que o objetivo da requerente é evitar a exclusão do concurso na fase de avaliação física. "Nesse contexto, é de ser afastada a alegação de ocorrência de decadência, nos termos do art. 18 da Lei nº 1533/51", argumenta. Quanto à questão da altura mínima, a ministra Laurita Vaz segue precedentes do próprio STJ e do Supremo Tribunal Federal, segundo os quais é imprescindível que o critério esteja expressamente previsto na lei reguladora da carreira. "Não havendo qualquer limitação de estatura prevista em lei ordinária, não pode o edital arbitrar uma altura mínima abaixo da qual se vedaria o ingresso na carreira de polícia militar", garante a ministra.Ainda sobre esse assunto, diz a ministra Laurita Vaz em seu voto: "é de ser reconhecida a ilegalidade da exigência de altura mínima para o ingresso na carreira da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, em razão da evidente falta de respaldo legal, uma vez que o art. 11 da Lei Estadual nº 6.218/83 – Estatuto da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina – se refere apenas à exigência genérica de ‘capacidade física’, o que é insuficiente para viabilizar a adoção do mencionado critério discriminatório".

Processo:  RMS 20637Ana Gleice Queiroz - (61) 3319-8256

quinta-feira, 23 de fevereiro de 200606:35 - Acusada de matar o marido com a ajuda de seus dois amantes permanecerá presaA Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, por maioria de votos, habeas-corpus à estudante T.M.S.N, acusada de ter participado do assassinato do próprio marido, em Siriri (Sergipe). A Turma estendeu, ainda, a ordem aos co-réus E.M.S.R. e J.C.R.S., ambos amantes da acusada.Consta dos autos que T. obteve empréstimo de R$ 5 mil de um dos amantes para pagar um matador, além de ter comprado a arma do crime e também a gasolina usada para queimar o corpo da vítima. A denúncia afirma que a estudante, denunciada por homicídio qualificado e destruição de cadáver, "arquitetou a morte de seu esposo", a fim de que ela e os outros dois denunciados "pudessem desfrutar livremente o romance existente entre eles, sem a interferência da vítima". Com isso, a custódia cautelar dos indiciados foi decretada sob o fundamento da garantia da ordem pública, em razão da gravidade do delito, bem como do acentuado clamor público causado pela prática da citada infração penal.O Juízo de Poço Redondo (SE) recebeu os autos do inquérito, mas declarou sua incompetência relativa para processar o feito, após o Ministério Público ter destacado o fato de que o homicídio ocorrera em Siriri. Os autos foram, então, remetidos à Comarca de Nossa Senhora das Dores, que ratificou a custódia preventiva e permanece ouvindo as 38 testemunhas de acusação, que, ademais, não residem na comarca indicada. Em sua defesa, a estudante, cuja prisão foi noticiada nos principais periódicos do estado de Sergipe, alega excesso de prazo na formação da culpa, assim como não-preenchimento dos requisitos da prisão preventiva e ilegal ratificação de atos decisórios. Para o relator do processo, ministro Nilson Naves, gravidade e repercussão, por si sós, são insuficientes, para determinar prisão preventiva, que, portanto, carece de real fundamentação. Assim, o relator concedeu a ordem para revogar a prisão, determinando, entretanto, que T. compareça a todos os atos do processo sob pena de nova decretação de prisão pelo juiz. O ministro Hamilton Carvalhido, no entanto, divergiu. Para ele, não seria possível conceder a liberdade à acusada diante da dificuldade de produzir provas e da própria fundamentação do pedido de prisão preventiva. Esse foi o entendimento que prevaleceu na sessão. Acompanharam o ministro Carvalhido os ministros Paulo Gallotti e Hélio Quaglia Barbosa. A Turma determinou, ainda, recomendação à Justiça de origem para que seja dada a necessária agilidade ao processo.

Processo:  HC 43493Andréia Castro - (61) 3319-8256

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 200606:13 - Não incide imposto de renda em verbas objeto de acordo firmado entre a CEF e a ADVOCEFA natureza das verbas objeto de acordo firmado entre a Caixa Econômica Federal e Associação Nacional dos Advogados da CEF é indenizatória, não incidindo, dessa forma, o imposto de renda. Com esse entendimento, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, deu provimento ao recurso de alguns associados. No caso, Francisco José Novais Júnior e outros recorreram de decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região na qual se considerou que o valor recebido por força de alteração contratual tem natureza remuneratória, independentemente da denominação que lhe foi atribuída, estando sujeito à incidência do imposto de renda.Para isso, alegaram que o acordo firmado entre a CEF e a Associação dos Advogados da CEF restringiu direitos, especialmente quanto à jornada de trabalho, que passou de quatro horas diárias e 20 semanais para oito horas diárias e 40 semanais. Esse fato, segundo eles, em nenhum momento, foi infirmado pela Fazenda Nacional, que se limitou a alegar que o pagamento decorrente do acordo não objetivava indenizar os recorrentes pela perda de direitos e alteração do contrato de trabalho, mas remunerá-los pela prestação de horas extraordinárias eventualmente trabalhadas.Assim, defenderam ter a verba recebida natureza indenizatória, o que afasta a incidência do imposto sobre a renda. Argumentaram que todos os advogados receberam o mesmo valor, não havendo a comutatividade necessária para atribuir-lhe natureza salarial. Por fim, sustentam estar a indenização condicionada à adesão ao termo de alteração do contrato de trabalho, o que implicou renúncia a inúmeros direitos, sobretudo da jornada de trabalho de quatro horas diárias e 20 horas semanais, que passou a ser de oito horas diárias e 40 semanais.A Turma considerou que o valor pactuado tinha por objetivo primeiro indenizar os advogados pela majoração da jornada de trabalho, já que todos a ele fizeram jus independentemente das horas extraordinárias trabalhadas. Por outro lado, aproveitando-se do fato de tratar-se de indenização de valor elevado e temendo o ajuizamento de futuras demandas judiciais, a CEF fez incluir, no termo de alteração contratual, a quitação irretratável pelas horas extraordinárias "eventualmente" realizadas, sem apurar se houve prestação efetiva e, em caso afirmativo, sem quantificá-las.Assim, afirmou a maioria dos ministros da Turma, além de não haver comutatividade entre o valor recebido e as horas extras eventualmente realizadas, condição necessária para que se atribua ao pagamento feição remuneratória, é certo que o termo de alteração contratual jamais teria sido firmado se não houvesse uma compensação financeira pela perda do direito à jornada reduzida.

Processo:  REsp 708339Cristine Genú - (61) 3319-8592

quarta-feira, 22 de fevereiro de 200607:15 - "Choque emocional" causado por recall não é relevante juridicamente para ser indenizado"Não existe relevância jurídica a ponto de merecer qualquer indenização, uma vez ser descabida a tese de ter sofrido ‘choque emocional’. Na verdade, o contrário desse entendimento contribuiria para o enriquecimento ilícito." Com base nesse argumento, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu negar provimento ao pedido feito por G. P. G. ao dizer que seu veículo não oferecia a segurança que dele legitimamente se deveria esperar.G. G. sustenta ter ocorrido o dano moral no momento em que a empresa convocou os usuários que possuíam carro semelhante ao seu para corrigir defeito de fabricação em cinto de segurança. Mas o entendimento da corte estadual foi de que o defeito não se apresentou de forma concreta, pois a autora não deixou de utilizar o veículo em momento algum. Por isso teve sua apelação desprovida.O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) alegou que o simples chamamento de montadora de veículo para corrigir defeito de fabricação em cinto de segurança não constitui, por si só, ato ofensivo à vida, à honra, à segurança, à saúde ou mesmo à tranqüilidade capaz de gerar indenização por dano moral. O único transtorno sofrido pelo proprietário, ao tomar conhecimento da convocação, foi dirigir-se à concessionária, onde o defeito foi reparado. O entendimento foi de que a proprietária do veículo não sofreu qualquer choque emocional que pudesse autorizar a incidência de dano moral.Inconformada, tentou sustentar que, quando o produto foi colocado para uso no mercado, era

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inapropriado, não oferecendo a segurança que dele legitimamente se poderia esperar e, ainda, que houve ocultação de informações sobre o defeito no dispositivo obrigatório de segurança, colocando em risco os bens jurídicos mencionados no Código de Defesa do Consumidor. Pediu, então, que a decisão da corte estadual não fosse admitida.No STJ, o ministro Aldir Passarinho Junior, relator do processo, disse que a decisão atacada não merece reparo algum. E, usando do argumento do TJ-PR, disse não haver dúvidas de que o defeito alegado nem sequer apresentou de forma concreta no veículo da autora e, se é que existia, foi corrigido com reforço realizado no "recall" (prática favorável ao consumidor).

Processo:  Ag 675453Kena Kelly - (61) 3319-8256

quarta-feira, 22 de fevereiro de 200606:59 - Continua ação penal contra mulher acusada de mandar matar marido no CearáAcusada de ser a responsável pela execução do marido, Ilnah Filgueiras Teles Radun continuará a responder à ação penal que poderá levá-la à condenação por homicídio qualificado. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não atendeu o pedido da defesa que contestava a validade da denúncia oferecida pelo Ministério Público e acolhida pela Justiça. A relatora do habeas-corpus, ministra Laurita Vaz, não reconheceu a alegação de que o promotor que atuou no processo não teria competência para o caso (promotor natural). O crime aconteceu em 2000, em Barbalha, município a 500 quilômetros de Fortaleza, capital do Ceará. O engenheiro Kenneth Dinarte Radun foi morto com dois tiros na cabeça. A investigação policial apontou um crime passional, por motivo de ciúmes, cuja mandante seria a mulher de Kenneth. Informações divulgadas na imprensa à época relataram que o engenheiro estaria em processo de separação e que foi executado antes de uma audiência judicial para tratar do assunto. Primeiramente, Ilnah já havia sido denunciada com seus irmãos e sua mãe pelo assassinato do marido. Contra a decisão que recebeu a denúncia, a defesa de Ilnah apresentou ao Tribunal de Justiça do Ceará habeas-corpus para que a ação penal fosse trancada. O TJ/CE aceitou o pedido, determinando o trancamento do processo criminal ao argumento de que a denúncia não trazia indícios de autoria nem descrevia as condutas dos acusados, conforme estabelece o Código de Processo Penal (inépcia).Foi então que a Promotoria de Justiça pediu a "extinção da punibilidade dos réus e arquivamento dos autos". Cinco dias depois, a mesma Promotoria requereu o sobrestamento (um estado de espera) do pedido anterior para que a Procuradoria-Geral de Justiça/CE se manifestasse sobre a possibilidade de se recorrer da decisão do TJ/CE que havia trancado a ação.A 1ª Vara Criminal de Barbalha remeteu os autos para o procurador-geral de Justiça/CE, que, por sua vez, designou a 4ª Promotoria de Justiça de Juazeiro do Norte (CE) para oferecer nova denúncia em desfavor de Ilnah. Esta segunda denúncia foi acolhida, imputando à mulher do engenheiro o crime de homicídio qualificado.Daí o novo habeas-corpus para que a ação penal fosse trancada. O TJ/CE negou o pedido. Não acolheu o argumento da defesa, que contestava a designação do novo membro do MP para oferecer denúncia. No STJ, a ministra Laurita Vaz destacou, em seu voto, que, quando o promotor pede o arquivamento dos autos, como ocorreu de fato, esgotam-se suas atribuições. A relatora entendeu que a nova denúncia descreveu e individualizou a participação de Ilnah no crime, baseada em indícios de autoria confirmados pelo conjunto de provas do inquérito policial.

Processo:  HC 40332Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quarta-feira, 22 de fevereiro de 200606:31 - Reconhecida a impossibilidade de portador de HIV pagar pensão alimentíciaCom base em voto do ministro Cesar Asfor Rocha, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça concedeu habeas-corpus preventivo a professor aposentado portador do vírus HIV, garantindo que não seja preso pela falta de pagamento de pensão a seu pai. Os ministros entenderam,

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considerando as peculiaridades do caso, não ter ele condições de arcar com a verba alimentícia, e, assim sendo, não é caso para prisão civil.Ficou comprovado, por exames médicos e laboratoriais, que o doente é portador de HIV em níveis elevados desde 1990, precisando submeter-se mensalmente a tratamento ambulatorial. O relator do habeas-corpus, ministro Cesar Asfor Rocha, destacou que a documentação constante do processo demonstrou não ter o professor sequer como quitar o débito dos meses da pensão em atraso.Também fazem parte dos autos recibos de gastos com medicamentos e contracheques do professor, confirmando que seu ganho mal é suficiente para arcar com o tratamento e para fazer frente a suas necessidades básicas. Para o ministro, devido à singularidade da situação, não se fez necessária uma investigação mais detalhada, já que estão configurados os fatos que impedem o pagamento da pensão alimentícia pelo doente.O caso teve início em 2004, quando o pai do professor ingressou com uma ação de alimentos para que seus dois filhos pagassem a ele uma pensão, argumentando que não teria condições de prover seu sustento. A 5ª Vara de Família e Sucessões do Foro Central da Comarca de São Paulo (SP) determinou, provisoriamente, sem a análise do mérito da ação, que os filhos pagassem R$ 2 mil, mensalmente, como auxílio ao pai. Nos autos, o filho doente argumentou que, além de não ter condições de arcar com a pensão, seu pai não precisaria da quantia, já que estaria morando em uma casa avaliada em R$ 250 mil. Por não ter recebido a parte correspondente ao filho que está doente, o pai ajuizou ação de execução do débito, a fim de cobrar a pensão em atraso. Em função do não-pagamento, o pai pediu, então, a prisão civil do filho.A prisão por 30 dias foi decretada pelo juiz de primeira instância, que entendeu não ter o professor conseguido comprovar a alegada impossibilidade de arcar com a pensão. A defesa do filho doente ingressou com habeas-corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo, para que a ordem de prisão cassada, mas o pedido foi extinto sem julgamento, mantendo aquela ordem. Por isso, o caso chegou ao STJ. O Ministério Público Federal destacou que o outro filho, irmão do professor, é "financeiramente abastado" e poderia arcar com a pensão. A decisão da Quarta Turma foi unânime.

Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quarta-feira, 22 de fevereiro de 200606:10 - Ex-associada da Copersucar não consegue participação na compra da Companhia União A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não atendeu a recurso da Usina Carapebus S/A contra a Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar). A usina alegava que a aquisição da Companhia União de Refinadores – Açúcar e Café pela Copersucar teria sido irregular. Por isso, buscava a apuração de bens em relação à sua participação proporcional no patrimônio da Copersucar, na qualidade de associada, no que diz respeito às ações da Companhia União. O relator do recurso, ministro Aldir Passarinho Junior, ressaltou que o assunto em questão já chegou por diversas vezes ao STJ, por meio de ações movidas por usinas açucareiras que se desligaram da Copersucar. O ministro rejeitou o pedido de nulidade do acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), porque considerou a decisão suficientemente fundamentada em suas conclusões.Conforme ressaltou o ministro Aldir Passarinho Junior, a assembléia-geral que decidiu a compra é de 30 de julho de 1974 e ação foi proposta em 1993, muito após o prazo quadrienal. Além disso, o pedido se baseia em suposta irregularidade na aquisição da Companhia União. E, admitindo-se a tese da não-prescrição, haveria a situação em que a operação poderia ser sempre questionada após o período prescricional, havendo a retirada de uma associada. Para o relator, um fato que surge depois, de natureza diversa, não pode trazer de volta prescrição já acontecida.O ministro considerou que, somente com a apreciação dos fatos da causa, poderia entender-se se determinada prova era ou não imprescindível à instrução, conforme alegava a usina, sendo que a Súmula 7 é impedimento para essa revisão no STJ. Os demais ministros da Quarta Turma do STJ seguiram o voto do ministro Aldir Passarinho Junior.Em primeira e segunda instâncias, o pedido já havia sido rejeitado. No juízo de primeiro grau, o processo foi considerado extinto com julgamento de mérito. A sentença destacou que o estatuto da Copersucar assegurou à usina somente o crédito equivalente ao valor nominal de sua participação na cooperativa. O acórdão afirmou ser impossível atribuir fins lucrativos quando se trata de cooperativa.Segue narrando que, quando a usina entrou na Copersucar, a intenção de adquirir a Companhia

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União já existia, e a Usina Carapebus aderiu aos seus estatutos e decisões anteriores. Além do mais, continuou o acórdão, o recebimento do valor das quotas sociais quando da sua retirada da cooperativa equivaleriam a uma quitação.

Processo:  REsp 198125Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

terça-feira, 21 de fevereiro de 200619:43 - Servidor só tem direito à incorporação de função comissionada em aposentadoria até 1997A incorporação de valor referente à função comissionada na aposentadoria, denominada "opção", só é devida a servidores que implementaram as condições para a inativação até 10 de novembro de 1997 e que, até aquela data, satisfaziam as condições fixadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A questão foi decidida pelo Conselho de Administração do Superior Tribunal de Justiça (STJ).Uma servidora do Tribunal que requereu a aposentadoria em 2004 com proventos proporcionais pretendia que neles fosse incluída a parcela referente à função comissionada. Trata-se de uma vantagem denominada "opção", que consiste na remuneração do cargo efetivo mais 70% do valor base do nível da função comissionada a ela devida. A "opção" é feita pelo servidor entre a remuneração relativa ao cargo em comissão ou a remuneração do seu cargo efetivo mais 70% do valor base do cargo em comissão exercido.Inicialmente, a pretensão da incorporação foi negada, sendo a aposentadoria da servidora concedida no dia 1º de dezembro de 2004. O argumento foi de que a servidora não teria o direito porque, quando completou tempo para aposentar-se, não recebia mais "quintos" e sim VPNI (Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada). Ocorre que, antes da publicação do ato de sua aposentadoria, em 17 de setembro daquele ano, a servidora pediu que o caso fosse levado ao Conselho de Administração do STJ.A servidora sustentou que, para ter somada à aposentadoria a vantagem "opção", bastaria que tivesse incorporado o valor à sua remuneração durante a atividade. Para a servidora, o TCU não poderia ter fixado requisitos para extensão da "opção" aos proventos de aposentadoria, fosse antes ou depois da revogação do artigo 193 da Lei nº 8.112/90 (Regime Jurídico Único dos Servidores Civis da União). Este artigo foi revogado em 1997 e estabelecia que o servidor que tivesse exercido função de direção, chefia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por período de cinco anos consecutivos ou de dez anos interpolados, poderia aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um período mínimo de dois anos.A servidora disse ainda que a vantagem do artigo 193 teria ficado assegurada aos servidores que satisfizeram as condições de aposentadoria até a data de sua extinção, o que seria o seu caso, e não para servidores que haviam satisfeito os requisitos estabelecidos no artigo revogado. O relator do processo administrativo foi o ministro Barros Monteiro, vice-presidente do STJ. Ele afirmou que a servidora não possui direito adquirido à inclusão da vantagem "opção". Para o ministro, vale o disposto no artigo 7º da Lei nº 9.624/98, que assegurou "o direito à vantagem de que trata o artigo 193 da Lei 8.112/90 aos servidores que, até 19 de janeiro de 1995 tenham completado todos os requisitos para a obtenção da aposentadoria dentro das normas vigentes".O ministro relator destacou que a servidora somente implementou as condições para a aposentadoria voluntária em 7 de janeiro de 2003. Segundo o ministro Barros Monteiro, o que foi facultado à servidora foi apenas optar pela remuneração de seu cargo efetivo mais os 70% do valor base da FC durante o exercício do cargo em comissão. Não era dado à servidora o direito de incorporar o valor à remuneração e levá-lo para cálculo de aposentadoria, já que estava revogado o artigo 193 da Lei nº 8.112/90.O Conselho de Administração é um órgão do STJ que trata exclusivamente de matérias administrativas, não possuindo competência jurisdicional (não trata de julgamentos de processos). É composto por 15 ministros – o presidente, o vice-presidente, o coordenador-geral da Justiça Federal e os dois ministros mais antigos de cada Turma.

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terça-feira, 21 de fevereiro de 200609:34 - Sócios de empresa acusados de sonegar milhões de reais continuam presosAcusados pelo Ministério Público Federal de ter montado uma estrutura gigantesca de sonegação fiscal, os irmãos Aurélio Rocha e Nilton Fernando Rocha, assim como o pai deles, Nilton Rocha Filho, continuarão presos. Eles são os sócios-proprietários da empresa Campina Verde Armazéns Gerais, com sede em Dourados (MS), que, nos últimos anos, teria se valido de empresas de fachada para comercializar grãos com vistas à sonegação de tributos estaduais e federais. O prejuízo ao erário pode chegar a R$ 400 milhões. O relator do habeas-corpus, ministro Paulo Medina, não admitiu o pedido para que as prisões preventivas dos Rocha fossem revogadas. Inicialmente, a defesa da família havia ingressado com habeas-corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Em decisão individual, o pedido de liminar foi negado. A liminar é uma apreciação provisória, antes da análise do mérito da causa. A defesa, então, ingressou com novo pedido de liberdade, dessa vez ao STJ. Mas o ministro Paulo Medina ressaltou que não caberia ao Tribunal julgar um habeas-corpus cujo mérito ainda será visto pela Quinta Turma do TRF, sob pena de supressão de instância. Considerando que apenas a liminar foi negada na segunda instância, é lá, no TRF, que deve ser apreciado o pedido de liberdade.A denúnciaOs Rocha foram presos em janeiro deste ano a partir de uma investigação que começou em 2004. A prisão preventiva foi determinada porque estariam ocorrendo "manipulações de elementos que serviriam de provas". O juiz entendeu que essa prática se estenderia aos irmãos Rocha e a seus colaboradores mais diretos, como alguns contadores, se permanecessem em liberdade. A decisão também levou em conta a magnitude dos prejuízos causados aos cofres públicos. Ao todo, o MPF denunciou 19 pessoas. Os proprietários da empresa Campina Verde teriam criado um grupo de empresas periféricas e satélites em diversos estados, em nomes de laranjas e até de fantasmas, constituídas para acobertar transações de venda de grãos de soja e milho.A denúncia do MPF segue narrando que as empresas satélites, 38 no total, conseguiam benefício do regime especial de recolhimento de ICMS, com prazo maior para pagamento de imposto, a partir de ligações estreitas no Governo do Estado. Ocorre que essas empresas, com pequeno capital social, em pouco tempo eram descartadas, fechando as portas sem o recolhimento dos tributos devidos.O percentual relativo aos impostos era descrito nas notas fiscais, mas os grãos eram adquiridos de produtores sem que fosse feito o repasse dos tributos estaduais e federais ao fisco. Uma vez desativada a empresa satélite para dar lugar a outra, aquela que "desaparecia" bem como seus sócios não deixavam qualquer patrimônio que pudesse garantir o que havia sido sonegado.O MPF acredita que o dinheiro dessas empresas era lavado pelos irmãos Rocha na compra de imóveis rurais, objetos de dissimulação, quase todos registrados em nome do pai, Nilton Rocha Filho, que seria o administrador de todos os bens e recursos sonegados pelo grupo. A ação penal tramita na 3ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Campo Grande, criada no ano passado em Campo Grande para cuidar exclusivamente das ações por lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e outros crimes contra o sistema financeiro nacional. Os denunciados são acusados de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, uso de documento falso, falsificação de documentos públicos, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Investigação da Polícia Federal aponta para sonegação de pelo menos R$ 100 milhões nos últimos cinco anos. O valor da sonegação, no entanto, pode chegar a R$ 400 milhões, segundo tem noticiado a imprensa.

Processo:  HC 53661Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

terça-feira, 21 de fevereiro de 200607:01 - Reconhecimento concomitante de duas uniões estáveis não é possívelEm decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que, mantendo o autor da herança união estável com uma mulher, o posterior relacionamento com outra, sem que ele haja se desvinculado da primeira, com quem continuou a viver como se fossem marido e mulher, não configura união estável concomitante, incabível, pois, a equiparação ao casamento putativo.Dessa forma, a Turma deu provimento ao recurso interposto pelo espólio de J. para restabelecer a sentença que julgou improcedente a ação declaratória de união estável ajuizada por M. e procedente a ação de reconhecimento de união estável movida por L.

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No caso, M. ajuizou a ação alegando que foi companheira do autor da herança por 24 anos, vivendo como se casados fossem. L. também pleiteou o reconhecimento da união sustentando que ela era companheira do falecido em período anterior. O juízo de primeiro grau considerou que o falecido "mantinha relacionamento amoroso com M., sem coabitação e intenção de constituir família, o que descaracteriza a união estável", reconhecendo, com apoio na prova dos autos, que a autora da segunda ação era a companheira de L. pelo período apontado.Inconformada, M. apelou e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro reconheceu a união estável de J. com L. e M. concomitantemente. Segundo o acórdão, admite-se a união estável putativa "em que a companheira posterior desconheça a existência de outra união anterior". Além disso, "o finado, embora sem se desvincular da primeira companheira, mantinha relacionamento antigo, duradouro e estável com a segunda, ora apelante, daí que se pode considerar e admitir tal relacionamento como união estável putativa. É o que mostra a prova dos autos", decidiu.No STJ, o espólio de J. alega que "não se discute a prova da união estável, mas, sim, que em já tendo sido judicialmente reconhecida a existência de uma união estável ininterrupta entre L. e o falecido, de 1956 até a sua morte, em virtude do preceituado no artigo 1º da Lei 9278/1996 e no artigo 1º da Lei 8971/1994, impossível existir outra união estável concomitante e iniciada posteriormente, já que tal leva à inexistência do requisito legal da vontade de constituir família por parte do falecido com M.".Os ministros não consideraram possível admitir a prova de múltipla convivência com a mesma natureza de união estável, isto é, "convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida como o objetivo de constituição de família". Para a Turma, o objetivo do reconhecimento da união estável e o reconhecimento de que essa união é entidade familiar não autoriza que se identifiquem várias uniões estáveis sob a capa de que haveria também uma união estável putativa."Seria, na verdade, reconhecer o impossível, ou seja, a existência de várias convivências com o objetivo de constituir família. Isso levaria, necessariamente, à possibilidade absurda de se reconhecerem entidades familiares múltiplas e concomitantes", afirmaram.

Cristine Genú- (61) 3319-8592

terça-feira, 21 de fevereiro de 200606:49 - STJ mantém sentença que condena TAM a indenizar filhos de vítima de acidente aéreoA TAM Transportes Aéreos Regionais terá de indenizar, por danos materiais, duas crianças que perderam o pai em acidente aéreo ocorrido no campo de Araçatuba (SP). A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), à unanimidade, não aceitou o recurso especial interposto pela companhia aérea na tentativa de anular a condenação imposta pela Justiça paulista. No acidente, com o avião modelo Bandeirante, também morreram os pilotos e mais seis passageiros. Com base no Decreto-Lei nº 32/66, a defesa da TAM alegou, em seu recurso especial ao STJ, que, "em se tratando de acidente decorrente de transporte aéreo, somente o dolo (intenção) conduz à responsabilidade ilimitada da transportadora". Nesse sentido, a hipótese de culpa, ainda que grave, não poderia ser equiparada a dolo.Para descartar esse argumento, o ministro relator do processo, Castro Filho, baseou-se no relatório do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos do Estado Maior do Ministério da Aeronáutica (SIPAER), que avaliou a conduta dos pilotos da seguinte maneira: "o acidente ocorreu em decorrência das más condições meteorológicas que envolviam a pista de pouso, tornando inviável a aterrissagem segura. Além disso, a tripulação encontrava-se em fase final de missão, cinco dias ausentes de suas casas, o que os levou a correr o risco do pouso, movidos pela ansiedade de querer pousar, acabando por precipitar o desastre". O Tribunal de Justiça de São Paulo considerou gravíssima, "equiparável ao dolo", a postura adotada pelos pilotos da aeronave que assumiram um risco para quem deles dependia e que nada podiam fazer senão confiar na perícia, habilidade e prudência dos tripulantes. Com base nas provas apresentadas no processo, os desembargadores que julgaram o recurso negaram o pedido da TAM e enquadraram o caso na legislação comum (o Código Civil) e não na legislação especial, representada pelo Código Brasileiro do Ar, como pretendia a empresa aérea.O relator, ministro Castro Filho, ratificou a posição do Tribunal em classificar o caso de acordo com as disposições do Código Civil e reconheceu o direito dos herdeiros à indenização. "Esse entendimento, aliás, não destoa da jurisprudência da Segunda Seção desta Corte", destacou o ministro.

Processo:  Resp 23875Ana Gleice Queiroz - (61) 3319-8256

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terça-feira, 21 de fevereiro de 200606:01 - Utilização de energia elétrica para produção não é isenta do pagamento do IPIA energia elétrica não pode ser considerada como insumo para fins de aproveitamento de crédito gerado pela sua aquisição, a ser descontado no montante devido na operação de saída do produto industrializado. Com esse entendimento, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça negou o recurso da empresa Forjas Taurus S/A. A empresa pedia a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a energia elétrica utilizada na produção de suas mercadorias.A empresa ajuizou ação contra a União pedindo que lhe fosse reconhecido o direito de compensar créditos de IPI provenientes da aquisição de insumos, matéria-prima e energia elétrica, isentos, não tributados ou sujeito à alíquota zero, empregados na fabricação de produtos industrializados. A empresa também pretendia o abatimento integral dos créditos gerados dos produtos industrializados, e não mais à razão de 50%. Para isso, alegou que o não-aproveitamento dos créditos dos referidos insumos na etapa posterior do processo de produção implica o desfazimento do benefício fiscal dos mesmos concedidos na fase anterior.O juiz de primeiro grau julgou improcedente o pedido condenando a Forjas Taurus ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios. Inconformada, a empresa apelou da decisão sustentando os mesmos fundamentos expostos na inicial. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) proveu, em parte, o apelo destacando que "a proibição tornaria o IPI um autêntico imposto direto quanto ao industrial". Alegando a existência de omissão no julgado no que se refere à fixação da alíquota aplicável para os créditos de IPI provenientes das aquisições de insumos isentos, não tributados e tributados à alíquota zero, a Forjas Taurus opôs embargos de declaração. Os embargos foram acolhidos parcialmente.Com a decisão, a empresa recorreu ao STJ alegando que o artigo 170-A do Código Tributário Nacional (CTN) não se aplica à compensação pelo princípio da não-cumulatividade, já que o comando do artigo se destina à compensação de eventual tributo indevidamente recolhido com tributos a serem recolhidos pelo contribuinte, enquanto a compensação pela não-cumulatividade é própria do IPI no âmbito da relação tributária advinda da apuração deste imposto. Além disso, sustentou que o tribunal afrontou a norma inserta no artigo 49 do CNT ao negar-lhe o direito de escriturar valores oriundos da aquisição de energia elétrica utilizada na industrialização de produtos tributados pelo IPI.Em sua decisão, a Turma sustentou ser inaceitável que a eletricidade faça parte do sistema de crédito escritural derivado de insumos desonerados, pois o produto industrializado é aquele que passa por um processo de transformação, modificação, composição, agregação ou agrupamento de componentes, resultando, com isso, diverso dos produtos inicialmente empregados neste processo.Para o ministro Luiz Fux, relator do caso, "a energia elétrica não se equipara a insumo ou matéria-prima propriamente dita, porquanto não se incorpora no processo de transformação do qual resulta a mercadoria industrializada".

Processo:  Resp 702730Marcela Rosa - (61) 3319-8595

segunda-feira, 20 de fevereiro de 200607:18 - Lei 7.713/1988: Tributação pelo IR deve ser afastada dos benefícios da previdência privada A incidência do imposto de renda não é devida sobre os benefícios de previdência privada obtidos pelos participantes, mesmo após a vigência da Lei nº 9.250/1995, em janeiro de 1996, até o limite do que fora recolhido por ele a esse título, sob o manto da Lei nº 7.713/1988. Com esse entendimento, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu parcial provimento ao recurso de Maria Célia Neves e outros.No caso, o recurso foi interposto contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região na qual se afirma que o pagamento de complementação de aposentadoria não se confunde com o resgate de contribuições de previdência privada e/ou fundo de pensão a que alude o artigo 8º da Medida Provisória 1459/1996.No STJ, Maria Célia e os outros recorrentes sustentaram ter sido contrariado o artigo 43 do Código Tributário Nacional. Argumentaram que "as contribuições por eles efetuadas à CAPAF com o

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objetivo de complementação de aposentadoria, nos moldes de uma poupança, não representa a ocorrência de fato gerador a ensejar a tributação irregularmente procedida pela Fazenda Nacional". Alegaram, também, que os valores descontados das contribuições para a previdência suplementar para pagamento de imposto de renda teria sido ilegal e deveriam ser devolvidos.A Fazenda contestou, sustentando que os recorrentes não têm direito à isenção do imposto de renda incidente sobre sua complementação de aposentadoria, por falta de previsão legal.Ao decidir, o relator, ministro Castro Meira, destacou que ambas as Turmas de Direito Público haviam assentado a tese segundo a qual, nas aposentadorias ocorridas após a vigência da Lei nº 9.250/1995, deveria ser mantida a isenção quanto ao montante vertido pelo beneficiado para os cofres da entidade de previdência privada, em face do reconhecimento de que tal montante já sofrera anteriormente a tributação na fonte.Segundo o ministro, essa interpretação vinha sendo acolhida, ainda que muito questionada pela Fazenda Nacional. No entanto, disse o relator, a ministra Eliana Calmon, em um voto, estabelecendo a precisa distinção entre os institutos do resgate, rateio e da complementação de aposentadoria, demonstrou que esta última não poderia estar eximida da tributação, à míngua de sucedâneo legal."Posteriormente, a matéria foi objeto de exame pela Primeira Seção que, por expressiva maioria, entendeu afastar a tributação pelo IRPF até o limite do imposto recolhido sobre as contribuições por ele custeadas no período em que vigorou a Lei 7.713/1988, ao fundamento de que a complementação da aposentadoria paga pelas entidades de previdência privada é constituída, em parte, pelas contribuições efetuadas pelo beneficiário", disse o ministro Castro Meira.

Processo:  RESP 738120Cristine Genú - (61) 3319-8592

segunda-feira, 20 de fevereiro de 200606:59 - Abrabin não consegue autorização coletiva para funcionamento de bingos em São Paulo Os bingos paulistas estão proibidos de exercer suas funções sob pena de serem obrigados ao fechamento dos estabelecimentos e estarem sujeitos à apreensão das máquinas. A decisão é da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou o recurso interposto pela Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), com o qual pretendia obter permissão de funcionamento de todos os bingos a ela associados. A decisão não atinge os bingos que obtiveram liminares que lhes garantem permanecerem abertos, até porque não estão em discussão neste processo.Segundo o processo, a Abrabin impetrou mandado de segurança coletivo contra ato de juiz federal que, em uma medida cautelar, deferiu liminar dando à apelação interposta pela Caixa Econômica o poder de manter em suspenso sentença de primeiro grau a qual permitiu às associadas da Abrabin sediadas no Estado de São Paulo continuar o exercício das atividades de exploração de bingos. Além disso, o juiz federal vetou a prática de qualquer ato que implicasse lacrar ou fechar estabelecimentos, apreender ou distribuir equipamentos ou atos assemelhados.A Associação interpôs agravo regimental que foi desprovido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). Na decisão, o Tribunal sustentou o não-cabimento do mandado de segurança por falta de interesse processual. Para o TRF-3, o órgão especial não é revisor das decisões de turmas, sejam elas singulares ou proferidas em colegiado.Inconformada, a Abrabin recorreu ao STJ. Para tanto, sustentou que o caso contrariou a principal natureza do mandado: a auto-executoriedade. Desse modo, as associadas a ela estão sujeitas ao cumprimento de determinação administrativa manifestamente ilegal e inconstitucional e, também, que lhes causa lesão de difícil reparação, na medida em que terão de recolher contribuição indevida, não obstante terem sido beneficiadas pela concessão de segurança em primeiro grau. Alegou, ainda, a existência de jurisprudência que admite a impetração de mandado de segurança com a finalidade de conferir efeito suspensivo a qualquer recurso desprovido desse efeito.Por fim, sustentou a inadequação da medida cautelar ajuizada pela Caixa, que deveria ter interposto agravo de instrumento da decisão que recebeu a apelação no efeito meramente devolutivo. Para a Abrabin, "não bastasse isso, poderia ser pedida a suspensão da segurança, na forma prevista na Lei 4.348/94".O relator no STJ, ministro Luiz Fux, entendeu não caber recurso em mandado de segurança ao caso, tendo em vista que o recurso cabível contra decisão individual de magistrado de segundo grau é o agravo regimental, recurso interno que não pode ser substituído por mandado de segurança. Para o

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ministro, a esse mandado de segurança é legal dar o efeito de deixar a questão suspensa, conforme dispõe a Súmula 267 do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual "não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição".

Marcela Rosa - (61) 3319-8595

segunda-feira, 20 de fevereiro de 200606:36 - Proibida venda de imóveis administrados pelas Forças Armadas e ocupados por militaresA Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça acatou pedido da União Federal no sentido de impedir a venda de apartamentos funcionais administrados pelas Forças Armadas e entregues à ocupação de militares. O relator do processo, ministro Teori Albino Zavascki, determinou a nulidade de acórdão proferido pela Terceira Seção do STJ em 1994 que permitia a alienação dos imóveis. Entre as leis citadas pelo relator do processo, ministro Teori Zavascki, em seu voto, destacam-se a Lei nº 8.025/90 e o Decreto nº 99.266/90. De acordo com esses regulamentos, "os imóveis administrados pelas Forças Armadas e entregues à ocupação de militares não podem ser alienados pelo Poder Executivo. O fato de os ocupantes de imóveis passarem para a reserva remunerada e ingressarem no serviço público civil não lhes assegura o direito de adquirir as unidades residenciais que ocupavam. Pelo contrário, torna irregular a ocupação, já que cessada a causa que a legitimava".HistóricoA questão chegou ao STJ em 1992, quando ex-militares impetraram mandado de segurança alegando direito líquido e certo à aquisição dos imóveis funcionais que estavam ocupando. Dizendo-se servidores públicos civis, entendiam que os referidos apartamentos poderiam ser alienados, pois o Decreto nº 99.266/90, ao regulamentar a Lei nº 8.025/90 (que dispôs sobre a alienação de bens imóveis residenciais de propriedade da União), incluiu entre as unidades residenciais a serem vendidas as administradas pelas Forças Armadas ocupadas por servidores civis.A Terceira Seção, em 1993, atendeu ao pedido. No entanto, quando os autos foram movimentados, o relator do acórdão, ministro Adhemar Maciel, verificou que o mandado de segurança não deveria ter sido provido, pois os autores da ação, que se intitulavam servidores civis, somente ocuparam os imóveis em razão de serem militares à época. Diante disso, a Terceira Seção decidiu, por maioria, que "todos os impetrantes, embora hoje civis, firmaram os termos de ocupação na qualidade de militares, pelo que não têm direito ao vindicado".Inconformados, os impetrantes recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF), que acolheu o pedido. Invocando o Código de Processo Civil, aquele Tribunal alegou que, após a proclamação do resultado do julgamento e a comunicação da decisão às partes envolvidas, o STJ não poderia alterar a decisão. Ficou, então, valendo a primeira decisão da Terceira Seção, que concedia o mandado de segurança.A União, por sua vez, buscou modificar a questão por meio de ação rescisória impetrada nesta Corte sob a alegação de que a primeira decisão somente prevaleceu devido ao erro procedimental, pois ao julgar o caso a Terceira Seção afirmou expressamente a inexistência do direito líquido e certo dos impetrantes.Ao aceitar a ação rescisória, o STJ negou o pedido de mandado de segurança aos ex-militares. A fundamentação é que os réus objetivavam eximir-se de multas devidas em razão da ocupação irregular de imóveis funcionais. Ainda, que se recusavam a devolver os apartamentos de propriedade da União, reservados à ocupação de militares da ativa. "Deixa-se claro nestes processos que os impetrantes são militares reformados, que ocuparam os imóveis quando estavam na ativa e, ao permanecerem nos apartamentos, praticam verdadeiro esbulho", concluiu o relator do processo, ministro Teori Albino Zavascki.

Processo:  AR 513Ana Gleice Queiroz - (61) 3319-8256

segunda-feira, 20 de fevereiro de 200606:15 - É vedada cobrança por uso de espaço aéreo por concessionária de energia elétrica É vedada a cobrança de valores quando da utilização dos bens de domínio público pelas concessionárias de serviço público de energia elétrica. Dessa forma, a Segunda Turma deu

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provimento ao recurso da Rio Grande Energia S/A – RGE para afastar a cobrança de "retribuição pecuniária" instituída pelo município de Parobé (RS).De acordo com os autos do processo, a RGE impetrou um mandado de segurança para afastar a cobrança da Lei Municipal nº 1912/2002 que instituiu a cobrança da retribuição pecuniária em virtude da utilização pela concessionária de serviço público da passagem de cabos e fios.O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul considerou legítima a cobrança de remuneração pelo uso de bem público, ainda que de uso comum, do povo, quando há utilização privativa de porção, como é o caso da que realiza concessionária de distribuição de energia elétrica. "Autorizada a cobrança por lei, sequer a resistência quanto à forma e competência se faz presente", decidiu.No STJ, a RGE argumentou que é vedada a cobrança de quaisquer valores dos concessionários de serviços públicos de energia elétrica para a utilização das faixas de domínio de rodovias e de terrenos de domínio público por linhas de transmissão, subtransmissão e distribuição de energia elétrica.Para o ministro Castro Meira, relator, a nominada "remuneração pecuniária" não se encaixa no conceito de taxa ou preço, pois não há serviço prestado pelo município ou exercício de poder de polícia. Também, destacou o ministro, ao "ceder" o espaço aéreo e o solo para a instalação de postes e passagens de cabos transmissores de energia elétrica, não desenvolve atividade empresarial, seja de natureza comercial ou industrial.

Processo:  RESP 694684Cristine Genú - (61) 3319-8592

sexta-feira, 17 de fevereiro de 200615:10 - Companhia das Letras terá de indenizar herdeiras de Garrincha por biografiaA Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu que as filhas do jogador de futebol Manoel dos Santos, o Garrincha, têm direito ao recebimento de compensação por danos morais e materiais devido à publicação da biografia "Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha", sem prévia autorização das herdeiras. O livro foi publicado pela Editora Schwarcz em 1999.O julgamento havia sido interrompido em 2003, por um pedido de vista do ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira. O resultado parcial do julgamento contava com três votos favoráveis às herdeiras. Nesta semana, em função da aposentadoria do ministro Sálvio de Figueiredo e do afastamento do ministro Barros Monteiro da Quarta Turma – que ainda não haviam se manifestado sobre a questão –, o julgamento foi dado por encerrado. Os ministros da Quarta Turma consideraram suficientes os três votos já manifestados porque configuram a maioria. Cada Turma conta com cinco ministrosO livro que motivou a ação foi escrito por Ruy Castro e, no ano passado, chegou aos cinemas pela adaptação intitulada "A estrela solitária – Garrincha". Dois recursos especiais das filhas de Garrincha e um da editora Schwarcz, que usa como nome fantasia Companhia das Letras, foram apreciados em conjunto.O relator, ministro Cesar Asfor Rocha, determinou à editora o pagamento de indenizações de cem salários mínimos para cada herdeira de Garrincha a título de danos morais, com juros de seis por cento ao ano desde a data do lançamento do livro. E, por danos materiais, o relator estipulou uma indenização de cinco por cento sobre o total do preço do livro, com juros de seis por cento ao ano contados a partir da citação das partes do processo.Votaram com o relator os ministros Fernando Gonçalves e Aldir Passarinho Junior. O relator ressaltou o fato de serem intransmissíveis os direitos de personalidade. No entanto, segundo o ministro Cesar Rocha, "nem por isso, deixa de merecer proteção a imagem e a honra de quem falece, como se fossem coisas de ninguém, porque elas permanecem perenemente lembradas nas memórias, como bens imortais".Por esse motivo, para o relator, "não se pode subtrair dos filhos o direito de defender a imagem e a honra de seu falecido pai, pois eles, em linha de normalidade, são os que mais se desvanecem com a exaltação feita à sua memória, como são os que mais se abatem e se deprimem por qualquer agressão que lhe possa trazer mácula".Cesar Rocha ressaltou ainda que "a imagem de pessoa famosa projeta efeitos econômicos para além de sua morte, pelo que seus sucessores passam a ter, por direito próprio, legitimidade para postularem indenização em juízo, seja por dano moral, seja por dano material".O relator negou o recurso da editora contra as indenizações. Cesar Rocha destacou trecho do voto do desembargador Sérgio Cavalieri Filho, do TJ-RJ, no processo, reconhecendo o direito das

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herdeiras à indenização pela falta de autorização prévia para a publicação. Em seu voto, o desembargador concluiu que "não se limitou o autor da obra a relatar o futebol de Garrincha, a habilidade que o tornou um mito mundial, suas proezas nos gramados e vitórias nos campeonatos; infelizmente foi muito além, invadindo a intimidade do cidadão Manoel dos Santos e apequenando a sua imagem... Nem mesmo a intimidade de sua vida familiar foi poupada".Direito de imagemA discussão judicial teve início com a ação movida pelas herdeiras de Garrincha. No processo, as filhas do craque exigiram da editora indenização por danos morais e materiais por violação do direito de imagem, do nome, da intimidade, da vida privada e da honra paterna. As herdeiras, como sucessoras do craque, afirmaram ter direito às indenizações por danos morais e materiais. Segundo as filhas de Garrincha, a publicação do livro Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha "agride com tamanha violência a intimidade do ídolo mundial". No processo, elas destacam ainda que a obra "de modo chulo" traz a público as particularidades físicas da genitália de Garrincha, tudo isso com o objetivo de tornar atraente o livro e alcançar o lucro objetivado pela ré (editora) e seus sócios nessa lamentável empreitada".O Juízo de primeiro grau acolheu parte do pedido das filhas de Garrincha reconhecendo apenas o direito à indenização por danos morais. A sentença determinou à Companhia das Letras o pagamento de mil salários mínimos às herdeiras, com juros de 6% ao ano desde a citação, e honorários advocatícios em 10% sobre a condenação.As herdeiras e a editora apelaram. As filhas de Garrincha pediram o aumento da indenização por danos morais e o reconhecimento dos danos materiais desde o lançamento do livro. Já a editora alegou a nulidade da sentença por falta de apreciação adequada da prova e solicitou a rejeição dos pedidos de indenização.O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) modificou a sentença. O TJ-RJ negou a existência de danos morais, mas admitiu o direito das herdeiras ao recebimento dos danos materiais. A decisão determinou à Companhia das Letras o pagamento às herdeiras de cinco por cento sobre o total do preço do livro como danos materiais. As partes apelaram novamente ao TJ-RJ, sem sucesso.Diante da decisão de segundo grau, herdeiras e editora recorreram ao STJ. As filhas de Garrincha encaminharam dois recursos especiais ao Superior Tribunal. Elas reiteraram o pedido de danos morais de dez mil salários mínimos, com juros. Elas ainda afirmaram que o julgamento do TJ-RJ teria contrariado os artigos 159 e 1.553 do Código Civil de 1916.A Companhia das Letras, por sua vez, afirmou ser personalíssimo o direito de imagem, fato que impediria a transmissão desse direito às herdeiras. Por esse motivo, segundo a editora, as filhas de Garrincha não teriam legitimidade para a ação. Dessa forma, a decisão do TJ-RJ que reconheceu o direito aos danos materiais teria contrariado os artigos 6º e 126 do Código de Processo Civil, o 4º da Lei de Introdução ao Código Civil e o 160, inciso I, e 1.526 do Código Civil de 1916.

Processo:  REsp 521697Sheila Messerschmidt, com reportagem de Elaine Rocha - (61) 3319-8588

sexta-feira, 17 de fevereiro de 200612:57 - Presidente Vidigal cassa liminar que impedia investigações de desvio de R$ 100 mi em MTO presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, cassou as liminares concedidas pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJ-MT) Manoel Ornellas de Almeida, as quais sustavam as investigações de 140 inquéritos civis com o objetivo de apurar desvio de dinheiro público, estimado em R$ 100 milhões. As liminares concedidas pelo magistrado atenderam ao pedido do deputado Humberto Bosaipo (PFL). O parlamentar é um dos investigados pelo Ministério Público daquele estado."Diante de tal contexto, a liminar reclamada efetivamente destrata o interesse social de que todo agente público deve prestar contas de suas ações e afronta o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, uma vez que inviabiliza a apuração dos fatos pela sociedade, em detrimento do povo e do erário", diz o ministro Vidigal na decisão.E prosseguiu: "Destarte, tenho por demonstrado, à saciedade, grave lesão ao interesse público e à ordem administrativa na manutenção da liminar concedida, na medida em que impossibilita o Ministério Público do Estado do Mato Grosso de efetivar sua função institucional relacionada à defesa do patrimônio público e social.""Assim, considerando presentes os pressupostos necessários à concessão da medida extrema, defiro o pedido para suspender as decisões liminares proferidas pelo desembargador relator Manoel Ornellas de Almeida nos autos do Mandado de Segurança n.º 41.217/2005", decidiu o presidente do

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STJ.InvestigaçõesO procurador-geral de Justiça do Estado de Mato Grosso, Paulo Roberto Jorge do Prado, e outros dois procuradores daquele estado estiveram ontem (16) no Gabinete da Presidência do STJ, onde relataram os fatos. Eles haviam protocolado recurso para sustar os efeitos de uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça que impedia os procedimentos em 140 inquéritos civis. Esses inquéritos, que se desenrolam há três anos, têm por objetivo a apuração de desvio de dinheiro público de cerca de R$ 100 milhões na Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso."Nas investigações constatamos empresas fantasmas que teriam recebido recursos públicos para prestarem serviços à Assembléia Legislativa. Ao verificarmos os endereços dessas empresas, descobrimos que são terrenos baldios, casas humildes cujos cidadãos sequer são proprietários das tais empresas. Com isso, milhões e milhões de reais foram desviados dos cofres públicos e nós queremos saber no bolso de quem esse dinheiro foi parar", disse o procurador Paulo Prado.O procurador disse que as investigações apontam para o primeiro secretário da AL-MT, deputado José Riva (PP), e para o deputado Humberto Bosaipo (PFL). As investigações estão sendo desenvolvidas há três anos e, segundo Paulo Prado, existe o envolvimento de mais 13 pessoas. O grupo de procuradores manifestou estranheza com a liminar manuscrita concedida no dia 19/12/2005 por desembargador do TJ-MT que "tranca" todas as investigações.Queda de braçosDe acordo com a petição protocolada pelos procuradores estaduais, os inquéritos civis tiveram início a partir da mega-operação "Arca de Noé", deflagrada pela Polícia Federal juntamente com o Ministério Público Federal e Ministério Público estadual. Naquela ocasião foram apreendidas centenas de cheques da AL-MT em estabelecimentos de ‘factoring’ de propriedade de João Arcanjo Ribeiro, o "comendador" Arcanjo.Ainda segundo a petição, os cheques foram emitidos "em nome de empresas de fachada", como, por exemplo, a Cosmo Publicidade e Eventos Ltda., O S Ribeiro Serviços (Dedetizadora Mundial), ALC Silva Serviços e Papelaria Malboro. Os promotores informaram que há casos de empresas inexistentes e outras que estão irregulares. Por isso os inquéritos civis foram iniciados para "comprovar se estas empresas realmente prestaram serviços ou forneceram bens à Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso ou se simplesmente foram utilizadas para o desvio de dinheiro público", diz a petição.E prosseguiram: "À toda evidência, o impetrante conduziu o ilustrado relator a equívoco, quando, ao reivindicar a extensão dos efeitos da liminar concedida no Mandado de Segurança nº 41217/2005, aos demais inquéritos civis contra si manejados, afirmou que os fatos apurados nos inúmeros procedimentos investigatórios eram os mesmos". Com isso, o deputado Bosaipo tentou mostrar que os vários inquéritos civis são idênticos, mas os procuradores afirmam que cada procedimento tem por objetivo a investigação de determinada irregularidade."Cada um dos inúmeros inquéritos civis instaurados em desfavor do impetrante corresponde a uma investigação autônoma, independente, sendo que cada inquérito investiga uma empresa fornecedora diversa, que recebeu cheques em condições suspeitas da Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso", disse o procurador Paulo Prado.Durante a audiência, o ministro Vidigal ouviu atentamente o relatório apresentado pelo grupo de procuradores. Ao término da reunião, eles reclamaram que as denúncias não têm chegado às páginas dos jornais locais nem têm sido levadas ao ar pelas emissoras de televisão regionais. De acordo com Paulo Prado, os jornais de grande circulação, como ‘O Estado de S. Paulo" e "Folha de S. Paulo", quando publicam alguma reportagem sobre os fatos, sequer chegam às bancas."Os exemplares são comprados. Isso tem impedido a população de tomar conhecimento dos desmandos que ocorrem e agora estão chegando ao conhecimento das autoridades de Brasília, como é o caso do presidente do STJ, ministro Edson Vidigal", disse o procurador.

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 1.592 - MT (2006/0032031-2)Roberto Cordeiro - (61) 3319 8268

sexta-feira, 17 de fevereiro de 200607:08 - Negado habeas-corpus a advogado investigado por fraudes no INSSO advogado R.P. de S., investigado por envolvimento com quadrilha que fraudava benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), teve negado habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Quinta Turma não atendeu ao pedido para que fosse trancada a ação penal que tramita na 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

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O relator do processo, ministro Gilson Dipp, também negou a anulação de provas colhidas em decorrência de uma ação cautelar que foi, posteriormente, considerada nula pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região. O ministro Dipp destacou que a decisão de segunda instância revela a existência de outros elementos válidos capazes de sustentar a investigação do advogado pela suposta prática de crimes contra o INSS.O ministro Dipp ressaltou ainda que o TRF entendeu não existir subordinação das provas à ação considerada nula. Para concluir, o relator afirmou que, por meio de um habeas-corpus, não é possível se analisar a "contaminação de provas". A chamada teoria dos frutos da árvore envenenada, invocada pela defesa de R.P. de S., sustenta que todas as provas produzidas a partir de uma ação nula são ilegais. Ademais, continuou o ministro Dipp, o próprio Supremo Tribunal Federal considera que, tratando-se de inquérito policial, é prematura a aplicação dessa teoria.As fraudesMissão da auditoria extraordinária do Ministério da Previdência detectou a ocorrência de graves fraudes no Posto do Seguro Social Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), nos anos de 1997 e 1998. As fraudes consistiram na concessão de mais de 1.500 benefícios previdenciários irregulares, "ocasionando o desvio de milhões de reais do erário".Quatro inquéritos policiais, procedimentos investigatórios paralelos e uma ação penal foram instaurados, sendo esta última contra servidores do Posto Tijuca, uma advogada e um despachante. A partir daí, verificou-se que as fraudes estariam sendo cometidas por quadrilhas organizadas, com a participação de diversos segurados, servidores públicos, advogados, despachantes e agentes políticos.O esquema consistia no aliciamento dos segurados pelos despachantes para obtenção dos benefícios junto ao INSS em conluio com servidores do posto. Concedido o benefício e verificada a fraude, o pagamento era suspenso, razão pela qual o segurado procurava o despachante em busca de explicações. Este, por sua vez, indicava escritório de advocacia para o ingresso de medida judicial. Nesse contexto é que foram instauradas as investigações contra R.P. de S..O advogado ingressou na Justiça, em dezembro do ano 2000, em nome de uma segurada, cujo pagamento da aposentadoria havia sido suspenso. Um mês depois, atendendo pedido do Ministério Público, o juiz da 8ª Vara Federal/RJ quebrou os sigilos bancário, fiscal e telefônico de R.P. de S. e determinou busca e apreensão de documentos de clientes em seu escritório, por meio de uma ação cautelar.Foi então que a defesa do advogado ingressou com habeas-corpus no TRF, ao argumento de que a participação de R.P. de S. não teria ficado demonstrada. Protestou também contra buscas e apreensões que foram feitas na residência do advogado e na de sua irmã. Para a defesa, o procedimento foi uma demonstração de "abuso de poder e falta de justa causa". Por isso, pediu o trancamento dos inquéritos.O TRF concedeu parcialmente o habeas-corpus, apenas no sentido de anular a ação cautelar de busca e apreensão, originária da 8ª Vara Criminal Federal /RJ, sem, no entanto, desconsiderar provas ou trancar o inquérito policial. Inconformada, a defesa de R.P. de S. ingressou no STJ com recurso para anular todos os atos decorrentes da ação cautelar e trancar o inquérito contra o advogado.O ministro Gilson Dipp ressaltou, ainda, que permanecem válidos todos os procedimentos da investigação que corre na 7ª Vara Criminal/RJ. A decisão da Quinta Turma foi unânime.

Processo:  RHC 17379Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

sexta-feira, 17 de fevereiro de 200606:47 - Recurso da Rodovia das Cataratas pode ser reapreciado pela TurmaA Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve reapreciar decisão proferida pelo ministro José Delgado, que não conheceu do recurso da empresa Rodovia das Cataratas S/A, do Estado do Paraná e da União. Como o ministro, em decisão individual, não admitiu o recurso, houve recurso buscando a análise da questão pelos demais ministros que integram a Turma. No caso, a Rodovia das Cataratas, o Estado do Paraná e a União interpuseram recurso especial no STJ, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que reconheceu ilegal a cobrança do pedágio e determinou a devolução dos valores recebidos. Segundo o TRF-4, é da essência dos contratos de concessão de construção e conservação de obras rodoviárias o oferecimento de possibilidade de acesso à alternativa para o usuário. Cada um sustentou o seu ponto de vista. A Rodovia das Cataratas alegou que o Ministério Público não teria legitimidade para

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propor ação civil pública originária e que a questão já teria sido discutida em outras ações, requerendo o conhecimento da litispendência. Além disso, não é exigível a existência de serviço público alternativo gratuito para a cobrança de pedágio, sendo inaplicáveis as disposições do Código de Defesa do Consumidor ao caso em exame. O mesmo foi argumentado pelo Estado do Paraná. Já a União fundamentou seu pleito na nulidade da decisão atacada, por deixar de examinar todas as questões ventiladas no recurso, não obstante a oposição de embargos de declaração. Destacou também que não é exigível a existência de serviço público alternativo gratuito para a cobrança de pedágio em discussão. Em sua decisão, o ministro Delgado sustentou que, no caso em exame, em razão de a decisão proferida em sede de apelação ter reformado a sentença de mérito, era cabível a interposição de embargos infringentes, pelas partes vencidas, para o órgão coletivo competente, a fim de fazer prevalecer o voto dissidente. Além disso, a omissão das partes vencidas, atrai a aplicação da Súmula 207 do STJ, segundo a qual "é inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra acórdão proferido no tribunal de origem".

Processo:  Resp 617002Marcela Rosa - (61) 3319-8595

sexta-feira, 17 de fevereiro de 200606:25 - Continua inquérito contra advogado que alegou doença para adiar audiência, mas sustentou em outro processoDois advogados que alegaram crise aguda de amigdalite de um deles para pedir adiamento de audiência, sendo que este mesmo sustentou oralmente em outra situação processual no dia seguinte, teve negada a liminar que visava à suspensão do inquérito policial instaurado para apurar o suposto crime de falsidade ideológica, de atestado médico e de uso de documento falso. A decisão é da ministra Laurita Vaz, da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não verificou a existência de ilegalidade clara contra os advogados. Para a ministra, o pedido liminar também se confunde com o de mérito, cuja análise cabe exclusivamente à Turma.Consta nos autos que, "em decorrência da crise aguda de amigdalite, o advogado C., por meio da colega de escritório [...], postulou junto à Vara Federal Criminal de Florianópolis o adiamento da audiência na qual seria tomado o interrogatório de [...], cliente seu denunciado por tráfico de entorpecentes, e a oitiva das 07 testemunhas arroladas pelas partes. Tendo em vista o atestado médico apresentado, deferiu o juízo a quo o pedido dos pacientes. Sucede que, no dia seguinte, C. deslocou-se até Brasília para fazer sustentação oral em habeas-corpus impetrado em favor do referido cliente, obtendo, inclusive, êxito no julgamento. Em razão desses fatos, postulou a autoridade dita coatora a instauração de inquérito policial". A defesa sustenta que o advogado realmente estava combalido pela doença, mas não seria razoável pedir o adiamento do julgamento do habeas-corpus, esperado então há mais de dois meses. Alega que a "combatividade do advogado que não cumpre a recomendação do médico e viaja ao STJ para sustentar habeas-corpus de réu preso não pode ser configuradora da falsidade do atestado utilizado". A veracidade do atestado, afirma, não teria sido questionada. O pedido de mérito, que será analisado pela Quinta Turma, é para trancar o inquérito da Polícia Federal contra os dois advogados, investigados pela suposta prática dos crimes tipificados nos artigos 299 ["Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante"], 302 ["Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso"] e 304 ["Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os artigos 297 a 302"] do Código Penal.

Processo:  HC 53439Murilo Pinto - (61) 3319-8589

sexta-feira, 17 de fevereiro de 200606:02 - Suspensa provisoriamente implantação de "seções" em linhas de transportes interestaduaisEstá suspensa a implantação das "seções" em linhas de transportes interestaduais até que a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprecie confirme ou não a liminar concedida à empresa Gontijo de Transportes Ltda., no Distrito Federal, pelo presidente do tribunal, ministro Edson Vidigal. A decisão permite à empresa adotar as medidas cabíveis em defesa de seus direitos.

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A medida cautelar foi apresentada pela Gontijo contra a Eucatur Empresa União Cascavel de Transportes e Turismo Ltda., a qual obteve sentença favorável em ação ordinária visando à anulação de decisões administrativas proferidas pelo ministro dos Transportes que tornaram sem efeito decisões anteriormente proferidas pelo diretor do Departamento de Transportes Rodoviários, que havia deferido à Gontijo a criação de dezenas de "seções" em linhas de transportes interestaduais de passageiros.Inconformada, a Gontijo apelou da decisão. Mas não obteve sucesso, pois o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) entendeu não ter sido observado pela Administração Pública o devido processo legal quando da elaboração do ato administrativo, uma vez que não houve prévia notificação da requerida acerca da revogação das autoridades de implantação das "seções", a fim de que ela pudesse adotar as medidas cabíveis em defesa de seus direitos. A empresa recorreu, então, ao STJ, apresentando também medida cautelar com o objetivo de dar ao recurso o poder de deixar em suspenso a decisão até que apreciado definitivamente.Para tanto, garantiu que o acórdão atacado afrontou os artigos 128 e 460 do Código de Processo Civil, haja vista haver adotado em sua fundamentação causa de pedir não suscitada pela autora da ação na sua petição inicial (violação do devido processo legal), o que resultou, em última análise, em julgamento pelo tribunal de uma ação que não havia sido proposta. Alegou, ainda, que o risco concreto e real de instalar-se a execução do julgado, com as mais graves e sérias conseqüências no sistema de transporte interestadual de passageiros. Em sua decisão, o ministro Vidigal apontou que o desembargador relator da apelação reconheceu que, apesar de a questão não ter sido suscitada na rubrica, poderia ser conhecida de ofício devido à estrutura lógico-sistemática do memorial e das contra-razões apresentados pela Gontijo."Entendo, todavia, que tal procedimento não se coaduna com o princípio do devido processo legal judicial, na medida em que, se o julgador decide a ação à base de causa diversa daquela articulada na inicial, tem-se como decidida outra demanda", afirmou o ministro.

Processo:  MC 11116Marcela Rosa - (61) 3319-8595

quinta-feira, 16 de fevereiro de 200619:08 - Advogado Oliveira Neves tem habeas-corpus concedidoA Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acaba de conceder habeas-corpus ao advogado tributarista Newton José de Oliveira Neves. Ele foi preso em 30 de junho, durante a Operação Monte Éden, da Polícia Federal, que investigou um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Prevaleceu no julgamento o entendimento do ministro Arnaldo Esteves Lima. Para ele, "não há uma só linha na decisão que demonstre qualquer ameaça à instrução criminal ou risco para a aplicação da lei penal, não sendo suficiente, como se sabe, a simples alusão aos termos expressos na norma legal sem a existência de fatos concretos que se encaixem nos pressupostos que autorizam a custódia preventiva".O voto do ministro diverge do da relatora, ministra Laurita Vaz, presidente do colegiado, que votou pela manutenção da prisão do advogado. O entendimento da ministra é o de que a denúncia é precisa e traz a descrição das atividades criminosas, como crimes contra o sistema financeiro, contra a ordem tributária, de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e tráfico de influência. Para ela, o decreto está bem fundamentado e há a necessidade de ser respeitado o princípio da confiança no Juízo de primeiro grau, este sim capaz de entrar na análise mais detalhada do exame fático-probatório.A relatora, em sua análise, ateve-se à contestação quanto à falta de fundamentação do decreto, não se pautando na irresignação quanto à qualidade das instalações, já que o acórdão contestado do TRF não se prendeu a esse ponto. A ministra também é relatora de outros quatro habeas-corpus do advogado Oliveira Neves, ainda pendentes de julgamento. A ministra já havia negado uma vez o pedido de liberdade em favor do advogado, nos autos do HC 46635O ministro Arnaldo Esteves Lima manifestou-se pela concessão do habeas-corpus. Para ele, a ordem pública ou a instrução criminal não estariam ameaçadas, já que faltaria apenas a tomada de depoimento de uma testemunha. "No caso, não há no decreto prisional a demonstração da necessidade da custódia preventiva do paciente como forma de beneficiar a atividade estatal desenvolvida no referido processo penal", afirma. Além do mais, o paciente é radicado em São Paulo, com escritório de advocacia estabelecido, família constituída e, ao que consta, primário.O julgamento havia sido interrompido pelo pedido de vista do ministro Felix Fischer. Hoje a matéria foi retomada com a renovação do julgamento. O entendimento do ministro Felix Fischer coincidiu

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com o da relatora, a qual acompanhou. Para o ministro Fischer, a gravidade dos atos imputados ao advogado justifica a prisão.Votando em seguida, o ministro Gilson Dipp acompanhou o voto do ministro Arnaldo Esteves Lima. Segundo entende, todas as questões que foram levantadas já foram apuradas no decurso da investigação, inclusive o fato de o acusado ser o mentor intelectual da organização criminosa. O ministro não vê como o réu solto poderia alterar os resultados dessa investigação.Quanto à preocupação relativa aos bens no exterior, o ministro Dipp entende que, em nenhum momento, foi dito que esses bens não poderiam ser resgatados pelo advogado. "Mesmo reconhecendo a gravidade do crime, essas considerações não são suficientes para manter o decreto de prisão preventiva", conclui.O voto do ministro Dipp levou ao empate no julgamento, o que, pela lei penal, beneficia o réu em casos de habeas-corpus.O casoA acusação que pesa contra Oliveira Neves é que seu escritório atuaria na constituição e manutenção de sociedades anônimas no Uruguai, em nome de laranjas, para "blindar" os patrimônios dos clientes, em conluio com eles. O intuito seria o de dissimular a real situação patrimonial dessas empresas. Uma delas seria a Rede Chebabe, suspeita de adulteração de combustíveis. Segundo o Ministério Público, há indícios de que a associação criminosa seria capitaneada pelo advogado. A prisão preventiva de Oliveira Neves foi pedida pela Polícia Federal e decretada pelo Juízo Federal da 5ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. Sua defesa alega que se trata de custódia ilegal, porque o decreto seria evasivo, configurando um injusto e antecipado cumprimento de pena. A defesa também contestou a qualidade das instalações em que o advogado se encontra preso (a carceragem da Polinter, no Rio de Janeiro, conhecida como Ponto Zero), que não seriam condizentes com o tratamento devido a Oliveira Neves.O Tribunal Regional Federal da 2ª Região negou o pedido de liberdade, o que provocou o habeas-corpus apresentado ao STJ.

Regina Célia Amaral, com reportagem de Sheila Messerschimidt - (61) 3319-8593

07:16 - Corte Especial nega majoração de indenização a advogado que sofreu dano moralA Gráfica Escolar, editora do jornal O Estado do Maranhão, terá de pagar R$ 5 mil a um advogado que sofreu dano moral em razão de matérias veiculadas no periódico. Pedro Leonel Pinto de Carvalho, ex-procurador-geral do Maranhão, não conseguiu comprovar à Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a diferença entre julgamentos de órgãos do Tribunal, o que poderia resultar na majoração da indenização reduzida em recurso apreciado na Terceira Turma do STJ. O advogado teve seu nome relacionado a uma "indústria de indenizações milionárias" em matérias injuriosas e difamatórias publicadas no O Estado do Maranhão. Ele ingressou com ação de reparação de danos morais e materiais, pedindo 10.800 salários mínimos e R$ 100 mil, respectivamente. Em primeira instância, o advogado teve reconhecido somente direito ao dano moral, fixado em dois mil salários mínimos. Na apelação, o Tribunal de Justiça do Maranhão reduziu o valor da indenização para 1.500 salários mínimos. O caso chegou ao STJ e, em junho do ano passado, ao julgarem o recurso apresentado pela Gráfica Escolar, os ministros da Terceira Turma entenderam que era excessiva a importância de 1.500 salários mínimos para a reparação dos danos morais, reduzindo-a para R$ 5 mil. O advogado não se conformou e apresentou um recurso à Corte Especial chamado de embargos de divergência. Trata-se de um processo pelo qual se pretende comprovar que órgãos do STJ (Turmas, Seções e a própria Corte Especial) têm decisões em sentido contrário daquela que se quer ver reformada.Ele afirmou que a Primeira, a Segunda e a Quarta Turma, bem como a Primeira Seção do STJ, teriam entendimento diferente daquele demonstrado na análise do recurso que reduziu a indenização a ele devida. Para o advogado, o valor indenizatório seria "irrisório, fora dos parâmetros comumente adotados pelo STJ". Para o relator do processo, ministro José Delgado, os embargos não são cabíveis para se discutir o valor fixado a título de danos morais em razão da peculiaridade de cada situação fática trazida a juízo. O ministro relator ressaltou que é preciso haver perfeita correspondência entre as situações apreciadas – aquela que caracteriza o caso e aquelas dos casos trazidos para comparação (chamados de paradigmas). No caso, a semelhança não é suficiente para caracterizar a divergência. A decisão da Corte Especial foi unânime.

Processo:  EREsp 472790

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Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588quinta-feira, 16 de fevereiro de 200606:55 - Ato libidinoso com intenção lasciva não é constrangimento ilegal, mas atentado violento ao pudorO Superior Tribunal de Justiça (STJ) descartou a configuração do crime de constrangimento ilegal e reconheceu como crime de atentado violento ao pudor os atos praticados por D.P. contra uma criança de oito anos de idade. A Quinta Turma deu provimento a recurso do Ministério Público de Minas Gerais, que se manifestou contra a desclassificação do crime – decisão do Tribunal de Justiça mineiro que fez com que a pena diminuísse de seis anos de reclusão, em regime fechado, para apenas um ano. Consta dos autos que a 2ª Vara da Comarca de Pitangui condenou D. por apalpar os órgãos genitais e beijar a boca da vítima. Inconformada, a defesa interpôs recurso de apelação pedindo absolvição por falta de provas e, alternativamente, concessão do regime semi-aberto para o início do cumprimento da pena. Após analisar o processo, o TJ desclassificou, por voto médio, o delito para constrangimento ilegal. Segundo o Tribunal, "não é qualquer lesão à liberdade sexual que configura o atentado violento ao pudor, mas tão-somente aquelas lesões que, por sua gravidade, equiparam-se à conjunção vaginal (...)". Para a relatora do recurso, ministra Laurita Vaz, que atendeu ao recurso do MP/MG, "o acórdão recorrido não poderia entender que, no presente caso, estivesse configurado o crime de constrangimento ilegal, porquanto foi claro em reconhecer a ofensa à liberdade sexual da menor, vítima dos instintos libidinosos do recorrido". A ministra destacou que, ao contrário do que afirma o acórdão, é desnecessária, para a configuração do atentado violento ao pudor, que os atos sejam nitidamente atentatórios à liberdade sexual da vítima, restringindo-se às hipóteses de contato com as partes íntimas despidas. Segundo a relatora, a lei exige apenas a invasão da individualidade física do ofendido para que seja considerado atentado. Considerando atentado violento ao pudor todo ato libidinoso diverso da conjunção carnal com propósito lascivo que, mediante violência ou grave ameaça, ofenda a liberdade sexual da vítima, a ministra Laurita Vaz entendeu que a menor foi "constrangida com toque em sua genitália e beijo na boca, com nítida intenção lasciva, o que afasta de modo inconteste a configuração do crime de constrangimento ilegal". Baseada nisso, a ministra deu provimento ao recurso do MP para anular o acórdão recorrido e restabelecer a sentença condenatória de primeiro grau.

Processo:  Resp 736346Andréia Castro - (61) 3319-8586

quinta-feira, 16 de fevereiro de 200606:33 - Capitão da Polícia Militar pode aguardar em liberdade análise de recurso pelo STJPolicial militar condenado a 11 anos e oito meses, pelo crime de tortura (alínea a, inciso I, artigo 1º da Lei nº 9.445, de 1997), tem decreto de prisão suspenso até que a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprecie o recurso com o qual contesta decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O presidente do Tribunal, ministro Edson Vidigal, concedeu parcialmente liminar a César Alberto Cabral e Castro, capitão da Polícia Militar de Minas Gerais. O recurso especial apresentado pela defesa do capitão pede a nulidade de sua condenação.O ministro Vidigal considerou que o militar demonstrou em seu pedido – feito em uma medida cautelar – o fumus boni iuris (aparência do bom direito) e o periculum in mora (perigo na demora). O ministro observou, entretanto, que ao julgador, no caso o próprio ministro, cabe apenas averiguar se os requisitos da medida a autorizam. "O exame do mérito da demanda cabe ao colegiado para tanto competente", apontou. Com a decisão do ministro, o capitão da PM poderá aguardar o fim de seu processo em liberdade. Em março de 1988, uma pistola automática do pai do capitão teria desaparecido do carro enquanto este estava em um lava-jato de Belo Horizonte. Mais tarde, o militar teria ido ao lava-jato e ameaçado os funcionários. Chegou a dizer que a "P2" (policiais a paisana) iria atrás deles. Dois dos funcionários foram seqüestrados, levados para um lugar ermo e espancados, sendo que um faleceu dias depois. A defesa do capitão sustenta faltar uma formalidade essencial do processo, a defesa preliminar prevista no artigo 514 do Código do Processo Penal. Destacou que originalmente o réu havia sido absolvido no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por haver dúvida intransponível acerca da autoria do delito, já que as supostas vítimas não teriam reconhecido o capitão. Também havia incoerências nos depoimentos. O Ministério Público recorreu dessa sentença e o tribunal mineiro cassou a sentença e expediu mandado de prisão, devidamente cumprido. Em sua decisão, o ministro Vidigal ressaltou que o STJ admite que a medida cautelar seja agregada ao recurso especial para pedir efeito suspensivo. Entretanto o exame da medida seria de natureza residual, sendo um recurso último da parte de um processo para evitar que o direito prescreva. Além disso, deve haver uma demonstração nítida de que o direito invocado seja plausível e haja risco para a parte no caso da demora de sua concessão. Na sua decisão, o ministro determinou que esta seja comunicada com urgência ao Tribunal de Justiça de Minas

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Gerais e que, após isso, os autos sigam para o Ministério Público para sua manifestação. Processo:  MC 11098

Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090 quinta-feira, 16 de fevereiro de 200606:02 - Negado recurso contra indicação de desembargador de AlagoasA Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a indicação do ex-promotor de Justiça Washington Luiz Damasceno Freitas como desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas (TJ/AL). Os ministros negaram um recurso apresentado por outro promotor, igualmente candidato, que questionava a legalidade do critério de desempate adotado por aquele Tribunal para a formação da lista com os três nomes (lista tríplice) enviada ao governador do estado para escolha. Atualmente, o desembargador Damasceno Freitas é o corregedor-geral de Justiça do TJ/AL. Sua nomeação ocorreu em dezembro de 1998. O promotor Artran Pereira Monte, que recorreu ao STJ, figurou entre os três indicados para o cargo.A relatora do recurso, ministra Laurita Vaz, não vislumbrou presença de interesse de agir na hipótese. Como o promotor integrou a lista de indicados enviada ao governador de Alagoas para a escolha do candidato a ocupar a vaga de desembargador, ele não teria interesse processual, uma vez que os critérios adotados para a elaboração da lista não havia lhe causado qualquer prejuízo. Ademais, disse a ministra, diante da omissão legislativa não cabe ao STJ julgar a suposta ilegalidade do critério de desempate utilizado pelo TJ/AL. A decisão da Quinta Turma foi unânime.À época da escolha, o Ministério Público enviou ao TJ/AL lista com seis candidatos (chamada de sêxtupla) para o preenchimento da vaga de desembargador relativa ao quinto constitucional que lhe é reservado. A Constituição prevê que um quinto das vagas para os tribunais estaduais seja reservado a membros do MP e advogados (artigo 94/CF).Em uma primeira apuração, ficaram empatados quatro candidatos. Sendo realizada nova votação, o resultado permaneceu inalterado. Diante do novo empate, o TJ decidiu adotar como critério para a escolha da lista tríplice a melhor colocação que obtiveram quando da formação da lista sêxtupla pelo MP.O promotor Artran Pereira Monte contestou o critério adotado pelo TJ/AL, argumentando que faltaria respaldo legal para sua adoção. Ele defendeu que fosse aplicada a analogia para a escolha de "meios mais razoáveis e adequados", como, por exemplo, aqueles utilizados nos concursos públicos ou na promoção de magistrados, ou ainda os critérios relativos à idade ou à antiguidade.Sustentou que só deveria ter sido criada nova norma quando fracassassem todos os meios legalmente previstos de preenchimento de lacunas legais. O promotor argumentou que poderia ter sido adotada norma do Regimento Interno do STJ, que, em seu artigo 27, regula a elaboração de lista tríplice para provimento da vaga de ministro reservada ao MP e a advogados. A partir disso, ele entendeu ser o critério mais adequado aquele relativo à idade.

Processo:  RMS 18110Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quarta-feira, 15 de fevereiro de 200614:14 - Ministro do STF confirma decisão do TCU quanto aos quintos de servidores federaisO ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento ao mandado de segurança impetrado pela União contra decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que reconheceu a legalidade da incorporação aos vencimentos dos servidores federais de parcelas denominadas "quintos" e "décimos", no período compreendido entre 9/4/1998 e 4/9/2001.A União pedia, liminarmente, a suspensão dos efeitos do acórdão do TCU, concedendo-se a ordem para determinar à Corte de Contas que acolhesse a representação formulada pelo Ministério Público, a fim de que não fossem concedidas aos servidores federais novas parcelas de "quintos" ou "décimos" referentes a período posterior a 11/11/1997 ou a 8/4/1998.O TCU manifestou-se pelo descabimento do pedido, reafirmando a legalidade da incorporação até 2001, entendimento que conta com pronunciamentos judiciais favoráveis em diversos pleitos de servidores públicos interessados. Não se trata, segundo o Tribunal, de decisão isolada ou desprovida de fundamentação.

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O ministro considerou o pedido juridicamente impossível, pois o TCU proferiu a decisão no quadro da competência a ele constitucionalmente estabelecida. Destacou, ainda, que a via mandamental não consolida nova oportunidade de recurso com o objetivo de substituir decisões administrativas definitivas, porém instrumento de controle da legalidade dos atos administrativos."O ato impugnado, que consolida entendimento a respeito da matéria de remuneração dos servidores, é expressivo do exercício, pelo Tribunal de Contas da União, da função fiscalizadora que lhe incumbe, ampliada de forma significativa pela Constituição de 1988. O avanço promovido pela ordem constitucional vigente, legitimando a Corte de Contas para o exercício do controle externo dos atos da Administração, não pode ser esvaziado mediante o acolhimento da pretensão deduzida pela União", afirmou o ministro do STF.Os efeitos dos quintos no STJ e no CJFUm levantamento concluído pela Secretaria de Recursos Humanos do Superior Tribunal de Justiça (STJ) informou que terá impacto de 3,31% na folha de pagamento mensal a incorporação dos quintos (gratificação) ao salário de 632 servidores do Tribunal que exerceram cargos em comissão ou funções comissionadas entre 1998 e 2001. Isso representa uma despesa de R$ 995 mil a cada mês.Já o Conselho da Justiça Federal (CJF) terá a folha de pagamento acrescida em 7,36% referente à mesma gratificação incorporada aos vencimentos de 102 servidores. Na prática, a incorporação determinada por lei resultará num aumento de R$ 80.963,02 mensais. Por determinação da legislação, outros servidores que faziam jus a esse benefício já tinham o dinheiro repassado para os contracheques. Esses valores e percentuais foram repassados ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, em seqüência à diretriz adotada pela administração de dar absoluta transparência às decisões tomadas no âmbito do STJ e do CJF. A decisão para o pagamento dessas gratificações e incorporações foi tomada na reunião do Conselho de Administração do STJ ocorrida no dia 14 de dezembro de 2004. O processo administrativo foi relatado pela ministra Eliana Calmon, que, no relatório e voto apresentados, julgou favoravelmente ao pagamento das gratificações. Por sete votos a favor, três contra e uma abstenção, o Conselho decidiu pela procedência dos quintos. O presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, que esteve à frente da reunião do Conselho de Administração, não votou. Seu voto somente seria proferido caso houvesse empate no resultado do julgamento. Por tratar-se de uma decisão administrativa e restrita ao quadro de servidores deste Tribunal, a Assessoria de Comunicação Social publicou na intranet matéria correspondente ao assunto.Por determinação do ministro Vidigal, as próximas reuniões do Conselho de Administração serão abertas, permitindo que as pessoas interessadas possam acompanhar os julgamentos. Na prática, o presidente do STJ passa a adotar modelo semelhante ao das reuniões do Conselho da Justiça Federal (CJF), que transcorrem até mesmo com a participação de representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).Para enfrentar a despesa, o STJ obteve recurso em caixa por meio de uma medida bem simples: a decisão de dividir o funcionamento do Tribunal em dois turnos resultou numa economia das horas extras que eram pagas aos servidores. As estimativas apontam para uma redução anual da ordem de R$ 2,5 milhões apenas no STJ. Além disso, foi posta em prática a renegociação de contratos em que, em alguns casos, os índices de reajustes previstos deixaram de existir. O pagamento dos quintos era uma das bandeiras do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal (Sindjus-DF). Essa reivindicação – caso não fosse atendida – entraria na pauta da categoria e poderia resultar numa deflagração de nova greve. A última paralisação dos servidores do Judiciário teve como principal motivo a Gratificação de Atividade Judiciária (GAJ). A equação desse problema somente foi possível em função do empenho do presidente do STJ junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional. Na prática, a equação desse "esqueleto" permitiu que a dívida não fosse transferida para futuras administrações do STJ e do CJF, que, mais adiante, seriam obrigadas a saldar as incorporações corrigidas monetariamente pela taxa Selic. Sem contar também o custo que uma eventual greve traria à população. Um exemplo foi o movimento grevista ocorrido no Judiciário do Estado de São Paulo no ano passado. Embora a pauta de reivindicação seja bastante diferente daquela apresentada pelo Sindjus, os 91 dias de paralisação da Justiça estadual trouxeram transtornos que, na certa, afetaram a vida dos cidadãos.Como contrapartida, a administração do STJ e do CJF decidiu que os inativos – magistrados e servidores – da Justiça Federal terão descontada em seus contracheques a contribuição

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previdenciária. Isso é resultado do julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) no Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou constitucional tal cobrança.Incorporação dos quintosNa reunião do Conselho de Administração do STJ que aprovou a incorporação das gratificações, ocorrida no dia 14 de dezembro de 2004, foi julgado o processo STJ 2389/2001. Um parecer jurídico serviu de suporte para que os ministros pudessem julgar o caso. De acordo com o histórico sobre o assunto, "as parcelas de incorporação de cargos/funções comissionadas são oriundas do artigo 62, § 1º, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, com a regulamentação dos arts. 3º e 10 da Lei 8.911, de 11 de julho de 1994".Diz ainda que "tais dispositivos sofreram inúmeras alterações por força de edição de inúmeras e sucessivas medidas provisórias, sendo essa a cronologia daquelas que modificaram a estrutura da vantagem em apreço". Com base no amparo da legislação, servidores que se enquadravam nas diretrizes recorreram à Justiça e obtiveram liminares que determinavam adotar o procedimento legal.O parecer jurídico sobre o assunto cita pelo menos cinco decisões judiciais. Ou seja, servidores obtiveram na Justiça liminares mandando cumprir as determinações da lei que tratou da incorporação dos quintos. As decisões foram tomadas em processos nos Tribunais Regionais Eleitorais de Roraima e Distrito Federal e pelos juízes da 17ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, da 8ª Vara da Seção Judiciária de Porto Alegre e da 6ª Vara da Seção Judiciária do Recife.Tão logo foi aprovada a incorporação dos quintos no âmbito do STJ, o CJF e os cincos Tribunais Regionais Federais (TRFs) tomaram as mesmas providências ad referendum. Isso tem amparo legal, pois as instâncias inferiores e o Conselho, que é subordinado ao STJ, seguem orientações superiores. Tal medida não se aplicaria, por exemplo, se um tribunal decidisse o assunto e o STJ adotasse a mesma diretriz.O impacto da incorporação dos quintos nas folhas de pagamento da Justiça Federal de primeiro e segundo graus deve ser avaliado em cada tribunal. Ou seja, o STJ e o CJF não têm poder de ingerência sobre os TRFs, que são órgãos autônomos do Poder Judiciário e se reportam diretamente ao Tribunal de Contas da União (TCU). HistóricoPara melhor entender o caso, a Assessoria de Comunicação Social do STJ apresenta, a seguir, o histórico preparado pela assessoria jurídica da Diretoria-Geral Tribunal.As parcelas de incorporação de cargos/funções comissionadas são oriundas do artigo 62, § 1º, da Lei nº 8.112 (de 11 de dezembro de 1990), com a regulamentação dos artigos 3º e 10 da Lei nº 8.911 (de 11 de julho de 1994). Tais dispositivos sofreram inúmeras alterações por força da edição de inúmeras e sucessivas medidas provisórias, sendo esta a cronologia daquelas que modificaram a estrutura da vantagem em apreço.De acordo com o artigo 62, § 1º, da Lei nº 8.112/90 e artigos 3º e 10 da Lei nº 8.911/94, a cada doze meses de exercício de cargo em comissão ou função comissionada, o servidor fazia jus à incorporação de um quinto da respectiva retribuição. Em 18/1/95, foi editada a Medida Provisória (MP) nº 831, extinguindo tal vantagem. Tal medida foi exaustivamente reeditada até a MP 1.160, de 26 de outubro de 1995, que a restabeleceu, porém sob a forma de décimos. Esta também foi sendo reeditada com algumas alterações, até sua conversão na Lei nº 9.624 (de 8 de abril de 1998).Paralelamente, nesse período, surgiu a Medida Provisória nº 1.595-14, de 10 de novembro de 1997, que extinguiu novamente a incorporação e a transformou em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI). Tal MP foi convertida na Lei nº 9.527 (de 11 de dezembro de 1997).A conversão em lei dessas duas medidas provisórias deu-se em períodos invertidos, pois a extinção definitiva da vantagem ocorreu antes de sua transformação em décimos, o que estendeu o direito à sua incorporação até 8 de abril de 1998.Em 4 de setembro de 2001, surge no cenário jurídico a MP 2.225, a qual acresceu à Lei nº 8.112/90 o artigo 62-A, transformando em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada a incorporação da retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de natureza especial a que se referiam os artigos 3º e 10 da Lei nº 8.911/94 e o artigo 3º da Lei nº 9.624 (de 2 de abril de 1998), os quais se referiram textualmente às parcelas quíntuplas/décimas.Evidenciam-se ainda precedentes administrativos no Tribunal Regional Eleitoral do DF e Tribunal Superior do Trabalho e Senado Federal, bem como pareceres do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, todos pelo cabimento do direito pleiteado. Na esfera judicial, há decisões favoráveis dos Tribunais Regionais Eleitorais de Roraima e do Distrito Federal, assim como as

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decisões prolatadas pelos juízes federais da 17ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal (MS 2003.34.00.036853-0 e MS 2003.34.00.037151-1), da 8ª Vara da Seção Judiciária de Porto Alegre/RS (Ação Ordinária nº 2003.71.00.057296-7) e da 6ª Vara da Seção Judiciária de Recife (Ação Ordinária nº 2002.83.00.0114403-1) e, mais recentemente, o MS 2003.34.00.036848-6, da 20ª Vara Federal da Seção Judiciária do DF, favorecendo os servidores do Conselho da Justiça Federal e do TRF da 1ª Região.A Lei nº 9.527/97, que, em seu artigo 15, extinguiu as parcelas de quintos a partir de 11 de novembro de 1997 originou-se da Medida Provisória nº 1.595-14, posterior à MP nº 1.160/95, que advinha da MP nº 831/95 e que converteu quintos em décimos. Fosse essa a cronologia utilizada pelo Legislativo para a edição das leis sob exame, o assunto estaria resolvido em 11 de dezembro de 1997 (data da publicação da Lei nº 9.527/97). Porém essa não foi a realidade. A MP nº 1.160/95 só foi convertida em lei em 8 de abril de 1998 (publicação da Lei nº 9.624/98), expressando que as parcelas acerca das quais dispunha que tinham, anteriormente, sido extintas poderiam ser incorporadas até sua publicação, ou seja, ela acabou por reinserir ao mundo jurídico a vantagem quando transformou os quintos incorporados até então em décimos e, ao mesmo tempo, permitiu nova incorporação até 8/4/98 e, ainda, a contagem de tempo residual para novo décimo, dispondo de forma diversa do artigo 15 da Lei nº 9.527/97, portanto revogando-o e tanto o fez que os servidores públicos que detinham o tempo suficiente puderam incorporar quintos/décimos por força dessa lei.Essa confusão temporal acabou deixando um vácuo acerca da situação dos servidores efetivos comissionados, que ficou pendente, pois, se por um lado prosperavam os quintos/décimos, por outro formou-se lacuna acerca de critérios para a percepção.A Medida Provisória nº 2.225-45/2001 veio com o objetivo de resolver a questão, quando cuidou de transformar os quintos da Lei nº 8.911/94 em vantagem pessoal nominalmente identificada, tendo como parâmetro o dia 4 de setembro de 2001, trazendo novamente os critérios de incorporação daquele regime jurídico. Tal MP, além de tratar da Lei nº 9.624/98, textualmente acresceu à Lei nº 8.112/90 o artigo 62-A, transformando em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada a incorporação da retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de natureza especial a que se referiam os artigos 3º e 10 da Lei nº 8.911, de 11 de julho de 1994 e o artigo 3º da Lei nº 9.624, de 2 de abril de 1998. Primeiramente porque a lei não utiliza termos inúteis. Ao fazer tal menção, corroborou o entendimento de que os artigos da Lei nº 8.911/94 realmente estariam em pleno vigor. Do contrário, seria desnecessário reportar-se a eles. Ainda, cuidou de transformar a referida vantagem em VPNI, o que não poderia ter outra interpretação a não ser a de que a vontade legislativa, ao utilizar a expressão "fica transformada..." foi desconsiderar a expressão "fica extinta..." que participava do artigo 15 da Lei nº 9.527/97, revelando que não era para ser mantida a extinção dos quintos até a edição da MP em comento. Toda essa seqüência lógica de idéias conduz à conclusão de que o acréscimo do artigo 62-A na Lei nº 8.112/90 pela MP nº 2.225/2001 veio gerar, recriar do direito anteriormente extinto a incorporação de quintos/décimos, para então transformá-la em vantagem pessoal nominalmente identificada, assegurando o seu alcance aos servidores que, até sua edição, em 4 de setembro de 2001, detinham interregno suficiente para a obtenção do direito, conforme parecer da Assessoria Jurídica do Superior Tribunal de Justiça e nas decisões administrativas e judiciais, bem como no parecer do Ministério Público junto ao TCU, que concluiu sobre o cabimento da incorporação de parcelas quíntuplas/décimas até 4/9/2001, posicionamento que vem sendo admitido majoritariamente em sede judicial.

Cristine Genú, Da Redação - (61) 3319-8592

quarta-feira, 15 de fevereiro de 200607:40 - CEF terá de indenizar mutuário por publicar seu nome como devedor em jornalA Caixa Econômica Federal (CEF) terá de pagar indenização por danos morais de R$ 18 mil ao engenheiro e mutuário Roberto Sérgio Teixeira de Sabóia, de Pernambuco, por causa de publicação indevida da ata de leilão de imóvel e do nome do mutuário como devedor em jornal de grande circulação. A decisão é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que deu parcial provimento ao recurso especial da CEF apenas para reduzir o valor de R$ 50 mil (corrigidos desde setembro de 2000) para R$ 18 mil. Segundo o processo, foi firmado um contrato de mútuo para aquisição de imóvel residencial com a CEF. No decorrer do contrato, houve aumento das prestações. Sentindo-se lesado com a majoração que considerou indevida, o mutuário recorreu ao

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Judiciário. Em liminar, ficou determinado que a CEF deveria abster-se de promover qualquer medida executória contra o mutuário. Este, por seu lado, deveria depositar em juízo as prestações, enquanto se decidia sobre a legalidade do aumento. Apesar de tomar conhecimento da autorização para o depósito, a CEF fez publicar ata de realização de leilão público do imóvel do autor em jornal de grande circulação, causando prejuízos à honra e reputação do engenheiro, que propôs ação de indenização contra a CEF. Em sua defesa, a instituição reconheceu a ilegalidade da publicação, mas justificou o problema, afirmando que não o fez voluntariamente: teria havido um equívoco na informação fornecida por seu sistema operacional informatizado. "Se o erro advém de máquinas ou programas, nada poderá justificar que, por intermédio de tais, se possa causar degredo à honra e imagem, principalmente, porque a responsabilidade recairá sobre aquele que manipula sua própria tecnologia", afirmou o juiz, ao condenar à Caixa ao pagamento de R$ 50 mil de indenização, mais correção monetária e juros de 0,5% ao mês, a partir do evento danoso. A Caixa apelou, mas o Tribunal Regional Federal da 5ª Região negou provimento à apelação e manteve a sentença. "A publicação indevida da ata de leilão do imóvel e do nome de mutuário como devedor em jornal de grande circulação constitui ilegalidade que por si só gera direito à indenização por dano moral, sem a necessidade de prova objetiva do constrangimento ou do abalo à honra e à reputação", considerou o TRF. No recurso para o STJ, a CEF alegou que a decisão afrontou os artigos 186 e 927 do novo Código Civil, pois não foi demonstrado o dano moral pela inclusão do nome do mutuário em cadastros restritivos em face da execução judicial movida contra ele, além de ter sido excessivo o valor arbitrado a título de indenização. A Quarta Turma reconheceu o direito à indenização, mas deu parcial provimento ao recurso, para abaixar o valor para R$ 18 mil. "Se havia a consignação das parcelas, incabível o ajuizamento da ação de execução, e, conseqüentemente, a exposição do nome do mutuário em cartório de distribuição e no jornal, pelo edital do leilão, causa-lhe dano moral que deve ser ressarcido, o que se permite supor com certeza, independentemente da prova objetiva da lesão", considerou o relator, ministro Aldir Passarinho Junior. Para o relator, no entanto, o valor arbitrado, corrigido desde a data da sentença (6/9/2000), foi excessivo. "Em face da orientação jurisprudencial do STJ, que não admite enriquecimento sem causa em hipótese que tais", concluiu o ministro.

Processo:  Resp 639852Rosângela Maria - (61) 3319 8590

quarta-feira, 15 de fevereiro de 200607:09 - Copasa é impedida de cortar fornecimento de água de município inadimplente O pedido de suspensão de segurança da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa –MG) que permitiria à empresa cortar o fornecimento de água de prédios públicos do município mineiro de São Romão foi negado pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal. O município estava inadimplente desde 1999. Na sua decisão, o ministro considerou que a urgência, indispensável para a concessão da suspensão, não se caracterizava, pois a empresa havia demonstrado tolerância por não ter proposto ação de cobrança prévia. Os advogados da impetrante alegaram que o pedido de suspensão é fundado no artigo 4º da Lei nº 4.348, de 1964, havendo uma lesão grave à ordem jurídica, com o risco de legitimar judicialmente a inadimplência. Segundo eles, a Copasa já havia tentado diversos acordos com a prefeitura de São Romão, descumpridos por esta. A empresa, portanto, teria o direito de interromper o serviço conforme diversos outros julgados do STJ. Para a parte, o risco de lesão à saúde, economia e segurança pública viria do fato de que o impedimento de exercer o direito de cortar o fornecimento seria um incentivo à inadimplência de outras cidades. Isso caracterizaria o rompimento do princípio da reciprocidade nas obrigações entre fornecedor e usuário, com enriquecimento ilícito sem causa de uma das partes. Com isso, o princípio de igualdade do tratamento das partes seria quebrado. Os próprios serviços da Copasa seriam ameaçados, pois, sem as condições financeiras suficientes, toda a população de São Romão poderia ser prejudicada. Já a defesa da prefeitura afirmou que havia inércia e tolerância da empresa, já que esta não propôs ação de cobrança judicial ou representação aos órgãos competentes para apurar uma eventual improbidade do administrador. Apenas na mudança da administração, o corte ocorreu. A defesa destaca ainda que o novo prefeito recebeu o edifício sede da prefeitura já sem água, luz e telefone. A administração anterior não deixou previsão orçamentária para o pagamento dessas contas.

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Em sua decisão, o ministro Vidigal ressaltou o entendimento, já firmado no STJ, de que tem legitimidade para requerer suspensão de liminar ou sentença a entidade de direito privado no exercício de atividade delegada pela administração pública indireta. "A extensão dessa interpretação, vale ressaltar, somente é admitida e aceita a utilização da via excepcional da suspensão de liminar ou de segurança por essas pessoas jurídicas, quando no desempenho de serviços públicos por delegação de competência, em que é inafastável o interesse público", apontou. O ministro Vidigal também considerou que admitir a falta de pagamento por período indeterminado e sem a possibilidade de suspender o serviço seria consentir no enriquecimento sem causa e no fomento da inadimplência generalizada.

Processo:  SS 1569Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090

quarta-feira, 15 de fevereiro de 200606:58 - Banco terá de pagar custas de ação visando à penhora de terreno com prédio já construídoNa tentativa de executar uma dívida com uma construtora, o Banco Itaú buscou fazer a penhora de um terreno na cidade de São Paulo no qual já estava erguido um edifício de sete andares, mas acabou sendo condenado ao pagamento dos honorários em uma ação movida pela proprietária de um dos apartamentos. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não admitiu o recurso apresentado pelo banco. Com isso, ficou mantida a decisão de segunda instância que não só determinou a suspensão da penhora, como obrigou banco e construtora ao pagamento das despesas gastas pela proprietária no processo (ônus sucumbenciais). O terreno em que se encontra o edifício Astúrias estaria registrado em nome da empresa Cravestac. Os apartamentos foram comprados por contrato de compra e venda. A obra foi construída pelo regime de administração e entregue em outubro de 1991. Em uma ação de execução do Banco Itaú contra a empresa Cravestac Engenharia e Comércio, foi feita a penhora do terreno do edifício Astúrias, o que atingiu os proprietários dos seus 28 apartamentos. Estes, por sua vez, já estavam com a posse dos imóveis, sendo todos habitados. Verificando a invasão ao patrimônio de pessoas alheias à relação processual, é possível a esses terceiros fazer uso de um instrumento processual denominado embargos de terceiro. Assim, como possuidor do bem apreendido, a proprietária de um dos apartamentos apresentou embargos de terceiro. A Súmula 84 do STJ prevê a possibilidade de interposição desses embargos por parte do possuidor que comprova a posse anterior ao processo de execução. Por isso, a sentença determinou o afastamento da penhora judicial e condenou o banco e a empresa ao pagamento dos ônus da sucumbência (valor pago pela parte que perde a causa, referente ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios). O banco apelou da decisão. Afirmaram que a proprietária não poderia ter entrado com os embargos. Quanto ao pagamento da sucumbência, argumentou "que não poderia ser condenado, por não haver culpa de sua parte, já que o registro da alienação do imóvel não foi feito em cartório competente". Em segunda instância, o apelo do banco não foi atendido. O Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo reconheceu a justa posse da proprietária do imóvel, ratificando que o ônus da sucumbência deve ser atribuído ao banco (e à construtora), ainda que tenha desistido da penhora antes da contestação feita nos embargos de terceiro. O banco recorreu ao STJ, mas os ministros da Quarta Turma não admitiram o recurso especial porque não identificaram nulidade na decisão de segunda instância. O relator, ministro Aldir Passarinho Junior, constatou que, realmente, inexistia o registro do apartamento por parte da proprietária. Porém, afirmou o ministro, nos documentos a que se refere a sentença, já constava, no cartório imobiliário, a incorporação e a construção de um prédio de apartamentos muitos anos antes da penhora. E não é possível o exame de prova documental, conforme a Súmula 7/STJ. A decisão da Quarta Turma foi unânime.

Processo:  REsp 645694Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

quarta-feira, 15 de fevereiro de 200606:36 - Negada liminar a jornalista de São Paulo que é réu em mais de 170 processosAl Capone, Jack, o Estripador, o Chacal, Bin Laden e Fernandinho Beira-Mar. O jornalista Domingos Raimundo da Paz afirmou, no habeas-corpus que impetrou no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que o Tribunal de Justiça de São Paulo quer denegri-lo ao ponto de compará-lo com essas

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personalidades. Em seu pedido, o jornalista solicita que o TJSP seja considerado incompetente para julgá-lo e que os processos contra ele sejam encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, destacou, em sua decisão, que, "em se tratando de liminar, cabe ao julgador, apenas, verificar se presentes, na hipótese, os pressupostos autorizadores da medida urgente, sem adentrar o mérito". No caso em questão, não haveria tais pressupostos, sendo, portanto, inviável o pedido. Domingos Raimundo afirma que o tribunal o persegue por ter denunciado o que chama de "quadrilha de doutores", formada por advogados apadrinhados por desembargadores paulistas, que atuaria junto ao TJSP. Ele é réu em mais de 170 processos, com condenações e prisões que chama de "espúrias e ilegais". O jornalista alega ainda que seria vítima de constrangimento ilegal, em desacordo com os princípios constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório. Entre os crimes cometidos pela suposta quadrilha estaria a venda de terra de maneira irregular para a prefeitura de São Paulo, parcelamento ilegal do solo e estelionato. A análise do habeas-corpus ficará a cargo da Sexta Turma do STJ. O relator é o ministro Paulo Gallotti.

Processo:  HC 52320Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090

quarta-feira, 15 de fevereiro de 200606:08 - Justiça comum vai decidir sobre investigação da origem de dinheiro de ex-funcionário do GDF A Justiça do Distrito Federal é competente para resolver as questões urgentes quanto à investigação sobre a origem de R$ 580 mil roubados da residência de um ex-funcionário do Governo do Distrito Federal (GDF), no ano passado. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, concedeu liminar estabelecendo a competência para a 2ª Vara Criminal de Taguatinga (DF). A decisão se deu no curso de um processo chamado conflito de competência. Inicialmente, as demandas quanto à investigação foram apresentadas pela Polícia Civil do DF ao Juízo de Taguatinga, que afirmou não ser responsável pelo caso, já que a investigação envolve o ex-chefe de gabinete da Administração Regional de Águas Claras, cidade a 15 quilômetros de Brasília.Como a Administração Regional é órgão do GDF, considerou-se que haveria interesse da União na investigação da origem do dinheiro, já que um suposto crime teria sido praticado contra a administração pública do DF. Por determinação constitucional, a União destina recursos ao GDF, especialmente para manutenção dos serviços de educação, saúde e segurança. Assim, os autos foram enviados à Justiça Federal, que tem competência para julgar crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União. No entanto a 10ª Vara Federal do DF também se considerou sem competência, porque entendeu ser apenas uma hipótese a existência de verbas da União dentre as que teriam sido desviadas.A decisão definitiva (de mérito) caberá à Terceira Seção. Mas, na análise do pedido de liminar, o ministro Vidigal entendeu que não haveria razão para justificar o deslocamento de competência para a Justiça Federal, tanto mais porque o crime de roubo vem sendo processado pelo Juízo de Taguatinga, mais próximo dos fatos investigados. A relatora designada para o processo é a ministra Laurita Vaz.O rouboNo dia 13 de setembro de 2005, três homens roubaram uma mala com R$ 580 mil da residência do então chefe de gabinete da Administração Regional de Águas Claras, área habitacional em franca expansão no DF. Eles foram presos e acabou sendo descoberto que agiram em acordo com o enteado e com empregado do ex-funcionário do GDF. O grupo não esperava que o dono do dinheiro fosse informar à polícia sobre o roubo, porque, segundo eles, teria origem ilícita. Ocorre que o ex-chefe de gabinete comunicou o roubo, mas informou que se trataria de R$ 200 mil, menos da metade do valor que guardava em sua residência. Sobre a origem do dinheiro, disse que pertenceria a um empresário de São Paulo, que pretendia abrir filial no DF. O dinheiro seria para a aquisição de salas de montagem de escritório e instalação da empresa. Para a polícia, a explicação não pareceu verdadeira, já que o dinheiro não passou pelo sistema bancário (mais seguro) e não houve apresentação de documentos que provassem a alegada origem. Assim, a Polícia Civil do DF abriu inquérito para investigar a origem do dinheiro. A suspeita é de que possa existir uma quadrilha especializada em fraudar os cofres do Estado que estaria cometendo os crimes previstos na Lei nº 9.613/98 (crimes contra a administração pública e de lavagem de dinheiro).

Processo:  CC 57567Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

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terça-feira, 14 de fevereiro de 200616:55 - Decisão sobre reajustes da Coelce tem efeito a partir de sua comunicação à origemA suspensão de liminar e sentença deferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem efeito a partir de sua comunicação à origem. A explicação é do ministro Edson Vidigal, presidente da Corte, que atendeu a pedido de explicação formulado por Luiz Carlos Andrade Morais e outro. A petição foi formulada em razão de a Coelce (Companhia Energética do Ceará) ter efetuado cobranças de valores referentes ao período retroativo, enquanto vigia a liminar da Justiça Federal que impedia os reajustes."Em atenção ao princípio da segurança jurídica, a decisão suspensiva, com seu nítido caráter de contra-cautela, deve projetar-se para o futuro, com efeitos ‘ex nunc’, suspendendo os efeitos da decisão impugnada até que sobrevenha o julgamento da demanda, ou até o trânsito em julgado da decisão que apreciar o mérito da controvérsia", explicou o ministro. "É que os pressupostos autorizadores da medida anteriormente deferida [a liminar objeto da suspensão] não deixaram de existir, mas apenas foram afastados para dar lugar, no caso específico, à supremacia do interesse público. Enquanto não suspensa, a decisão produziu efeitos no mundo jurídico, os quais não podem ser simplesmente desprezados", acrescentou.O pedido também pretendia que fosse determinado à Coelce que se abstivesse de "realizar qualquer cobrança, principal ou acessória, relativa às diferenças de reajuste tarifário anual e revisão periódica de energia elétrica, referente aos meses de maio a outubro de 2005, período em que estavam em vigor as decisões liminares que garantiam o reajuste à base de 11,53%" e que fossem devolvidos ou compensados os valores já cobrados referentes ao período. Quanto a esse pedido, o presidente do STJ afirmou que a suspensão de liminar e sentença não tem natureza ordenatória, nem pode ser utilizada como substituto de recurso próprio. "Não comporta, portanto, a discussão aqui inaugurada (em franca inovação) pelos requerentes, que deverá ser travada perante as instâncias ordinárias e através da via adequada", completou o ministro Edson Vidigal.

Processo:  SLS 143Murilo Pinto - (61) 3319-8589

terça-feira, 14 de fevereiro de 200615:39 - Turma Nacional anula processo previdenciário julgado em juizado especial estadualA Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, em sessão de julgamento realizada na segunda-feira 13, determinou a anulação de um processo previdenciário que havia sido julgado por um juizado especial estadual. No entendimento da Turma, o juizado estadual não é competente para conhecer de causas previdenciárias, que, por competência delegada, podem ser ajuizadas em comarcas estaduais, mas não com o rito especial. Nesse caso, o interessado tem apenas duas opções: ou entra com a ação na comarca estadual de seu município, mas sob o rito ordinário (não poderá se beneficiar do rito próprio dos juizados especiais), ou se dirige ao juizado especial federal mais próximo para ajuizar sua ação. Segundo esclarece em seu voto o relator do processo na Turma Nacional, juiz federal Hermes Siedler, a Lei n. 9.099/95, que regulamenta os juizados especiais estaduais, em seu art. 8º, estabelece que não podem ser partes em ação processada pelo rito por ela determinado as pessoas jurídicas de direito público. "Assim sendo, o rito a ser observado para o processamento do feito, por força da competência delegada pelo art. 109, parágrafo 3º, da Carta Magna, é o ordinário", afirma o juiz. A sessão de julgamento foi presidida pelo coordenador-geral da Justiça Federal, ministro Fernando Gonçalves.A autora ajuizou sua ação no juizado especial estadual de Minas Gerais, pedindo a concessão de aposentadoria rural por idade. A sentença deferiu o pedido, concedendo o benefício de pensão por morte. Inconformado, o INSS recorreu da sentença, alegando incompetência absoluta do juizado estadual.O recurso do INSS subiu à Primeira Turma Recursal de Minas Gerais, que negou provimento ao recurso da autarquia. De acordo com a Turma Recursal, quando não há juízo federal no domicílio do autor, as ações previdenciárias podem ser propostas nos juízos de direito (comarcas estaduais) ou juizados estaduais, neste último caso observando-se o rito da Lei n. 10.259/2001 (Lei dos Juizados Especiais Federais). Este, contudo, não foi o entendimento da Turma Nacional, que deu provimento ao incidente de uniformização interposto pelo INSS contra o acórdão da Turma mineira. Em seu

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pedido à Turma Nacional, o Instituto aponta divergência entre essa decisão e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (STJ).O STJ já havia decidido nesse sentido, em fevereiro de 2005, em dois processos (Recurso Ordinário em MS n. 18.433-MA e CC n. 46.672-MG). Ambas as decisões afirmaram que o rito sumário próprio dos juizados especiais federais não se aplica às causas previdenciárias que forem movidas nas comarcas estaduais em virtude de competência delegada. No entendimento dos ministros da Terceira Seção e da Quinta Turma, ainda que na Constituição Federal (artigo 109, parágrafo 3º) tenha sido delegada competência à Justiça estadual para julgar causas previdenciárias nas localidades onde não houver vara federal, a Lei n. 10.259/2001 (Lei dos Juizados Especiais Federais) veda expressamente a aplicação do rito sumário dos juizados ao juízo estadual. O relator de ambos os processos, ministro Gilson Dipp, ressaltou na ocasião, em um de seus votos, que, "se o STJ firmar jurisprudência no sentido de que os segurados da Previdência Social podem reivindicar benefícios perante a Justiça Estadual sob o rito dos juizados especiais, ferirá de morte os juizados especiais federais, com prejuízos imensos para os que dele necessitam".

Processo n. 200438007764618Roberta Bastos - [email protected] - (61) 3319-6447

terça-feira, 14 de fevereiro de 200609:39 - União tem liminar deferida pelo STJ O ministro Edson Vidigal, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deferiu pedido de suspensão de liminar e de sentença apresentada pela União. Assim, o Grupo OK Construções e Incorporações S/A não poderá outorgar, em favor de Alcoforado Advogados Associados, a escritura pública definitiva de compra e venda do imóvel em juízo, livre e desembaraçado de quaisquer ônus, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00. A decisão vale até o julgamento final da ação ordinária no TJ/DF.No caso, a 16ª Vara Cível de Brasília indeferiu a antecipação da tutela postulada em ação ordinária por Alcoforado Advogados contra o grupo OK. Nessa ação, o Grupo OK teria que conceder em favor de Alcoforado Advogados, a escritura pública definitiva de compra e venda do imóvel. Veio agravo de instrumento, que foi provido pela Segunda Turma Cível do TJ/DF.Inconformada da decisão, a União recorreu no STJ. Para isso, alegou grave lesão à ordem pública, administrativa e social. Segundo a União, a indisponibilidade de bens pertencentes à construtora fora anteriormente determinada pelo juízo da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo na ação civil pública intentada pelo Ministério Público. Na questão, são apurados fortes indícios de desvio de grandes quantias do orçamento para obras de construção do edifício sede do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, com sede na capital paulista.A União sustentou que a decisão impugnada privilegiou interesses particulares em detrimento do público, caracterizando ofensa à ordem pública administrativa e social. Impediu, também, a recomposição do patrimônio público e o exercício da função administrativa dos poderes do Estado de expugnar "a mácula de corrupção e imoralidade causada pelas ações criminosas praticadas por membros do Poder Judiciário Trabalhista paulista, em conluio com empresas privadas".Por fim, sustentou a urgência da suspensão da decisão, "porque o desiderato da União ultrapassa o interesse primário de que prevaleça a indisponibilidade dos bens do grupo de empresas que se locupletaram ilegalmente às custas do Erário Federal, para alcançar, também, o dever de indenizá-la e ressarci-la pelos prejuízos causados".Em sua decisão, o ministro Vidigal destacou que, sem adentrar o aspecto da sustentada ilegalidade da concessão de antecipação de tutela que esgota o objeto da ação, a medida reflete caráter de irreversibilidade capaz de causar grave lesão ao interesse público, na medida em que pode comprometer a recomposição do patrimônio público vilipendiado, pretendida na ação pública em curso no juízo paulista. "A simples possibilidade de a decisão impugnada servir de precedente para que tais bens voltem a ser passíveis de ato de disposição pelo grupo envolvido, impõe o reconhecimento do potencial lesivo aqui sustentado, eis que eventual recomposição do patrimônio público na ação civil poderia ficar inviabilizado".

Processo:  SLS 237Marcela Rosa - (61) 3319-8595

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terça-feira, 14 de fevereiro de 200607:10 - Sexta Turma discute se prisão por novo crime interrompe curso de livramento condicionalA Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a discutir se a prática de novo crime durante o período de provas de livramento condicional anterior importa na revogação automática do benefício. Para o ministro Hamilton Carvalhido, relator do habeas-corpus em favor de Valério Luiz de Oliveira, havendo sido preso em flagrante e permanecido preso desde então, por certo não há falar em "curso do livramento condicional" a suspender. "Isso porque interrompido já fora pela prisão em razão de novo crime, pelo qual, sem haver sido solto, foi condenado o réu reincidente. A norma que incide, a nosso ver induvidosamente, é a do artigo 89 do Código Penal, título legal da revogação do benefício, que há de ser preservada", disse. O julgamento do processo foi suspenso pelo pedido de vista do ministro Paulo Gallotti. No caso, Oliveira obteve, no cumprimento da pena de três anos de reclusão pela prática do delito tipificado no artigo 12 da Lei nº 6.368/76 (tráfico de drogas), livramento condicional em 23 de junho de 1999, com término previsto para 1º de março de 2000, vindo a praticar, no curso do período de prova, novo delito em 4 de novembro de 1999, pelo qual foi preso em flagrante. Permaneceu preso durante todo o processo em que veio a ser condenado à pena de 4 anos de reclusão pela prática do mesmo delito e, após condenação em causa, até a presente data. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro indeferiu o pedido de habeas-corpus impetrado pela defesa de Oliveira considerando não ser ele a via processual própria para se discutirem benefícios ou direitos na Vara de Execução Penal, máxime quando há recurso próprio. "Outrossim, a prática de novo crime durante o período de provas de livramento condicional anterior, importa na revogação automática do benefício, ainda que só comunicada àquele Juízo Especializado após o transcurso do lapso temporal deste mesmo período de provas", decidiu. No STJ, a defesa alegou impossibilidade da revogação do livramento condicional após o encerramento do período de prova.

Processo:  HC 35076Cristine Genú - (61) 3319-8592

terça-feira, 14 de fevereiro de 200606:41 - Falha tentativa de empresa sul-mato-grossense de reverter cancelamento de licitaçãoO ministro Edson Vidigal, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou seguimento à medida cautelar apresentada pela empresa JC Grande Engenharia e Construção – FI contra decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS). O Tribunal havia cancelado o processo licitatório, no qual a empresa havia ganhado.No caso, a JC Grande Engenharia entrou com um mandado de segurança contra a decisão do TJ. O tribunal sul-mato-grossense confirmou a liminar concedida anteriormente, sustentando ser insubsistente a parte final da sentença, mantendo, todavia, a parte inicial, que suspendeu os efeitos do julgamento licitatório, especialmente a homologação do resultado e o contrato celebrado com a empresa vencedora. Diante disso, sobreveio, então, recurso ordinário, quando foi aberta vista para contra-razões. Buscando dar o efeito suspensivo de manter a decisão em suspenso, a JC Grande Engenharia apresentou medida cautelar no STJ. Para isso, argumentou que, caso os recursos financeiros destinados ao empreendimento oriundo da referida licitação não fossem utilizados até o dia 25 de janeiro, ficaria comprometido todo o seu orçamento e frustraria o projeto de saneamento do município de Paranaíba, para o qual foi contratado. Ao decidir, o presidente do STJ destacou que este pedido é reiteração de outra medida cautelar (de nº 10993), distribuída à ministra Denise Arruda em 19 de dezembro de 2005, que a indeferiu de plano, por entender que o recurso ordinário interposto contra o acórdão proferido pelo TJ/MS não havia ainda sido submetido ao juízo de admissibilidade. O ministro Vidigal sustentou, ainda, que, nesta nova cautelar, a empresa não comprovou que tenha sido o recurso submetido ao exame, tendo a empresa se limitado a juntar ao processo despacho concedendo vista ao recorrido para apresentar contra-razões."De qualquer forma, exige o Superior Tribunal, ainda, para a concessão de efeito suspensivo a recurso ainda não submetido ao juízo de admissibilidade na origem, o caráter de extrema excepcionalidade, sendo certo que, para ser acolhida a cautelar acionada para tal fim, depende da demonstração clara da presença de requisitos especialíssimos, da manifesta ilegalidade ou abusividade da decisão cujo efeito suspensivo se busca, aqui não ocorrida. Aliás, sequer foi noticiada a interposição de medida cautelar no Tribunal de origem", afirmou o presidente.

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Processo:  MC 11082Marcela Rosa - (61) 3319-8595

terça-feira, 14 de fevereiro de 200606:03 - Assegurada às cooperativas isenção tributária de PIS/Pasep e CofinsA Fazenda Nacional não poderá cobrar de cooperativas o PIS/Pasep nem a Cofins. O entendimento é da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, em decisão unânime, determinou em recurso especial a impugnação do acórdão do Tribunal Regional Federal da 1º Região e a sua reformulação. O recurso especial foi impetrado pela Unimed Três Pontas – Cooperativa de Trabalho Médico Ltda., amparada pela Constituição Federal. A cooperativa alega, além de divergência jurisprudencial, violação de artigos da Lei nº 5.764/71, que define a política nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Segundo essa lei, o ato cooperativo não implica operação de mercado nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, porque não há intenção de lucro. Diante disso, tais operações não podem integrar receita ou receita bruta ou ainda faturamento da sociedade cooperativa. Qualquer sobra ou prejuízo é dividido entre os próprios associados. Ao acolher o pedido, a ministra relatora do processo, Denise Arruda, argumentou que a própria natureza das sociedades cooperativas organiza seus membros no sentido de buscar o proveito comum, afastando a possibilidade de cobrança do imposto. "Não se trata, aqui, de imunidade ou isenção, apenas de inexistência de hipótese de incidência da contribuição aludida", assegura. A ministra disse ainda que "o legislador regulou as sociedades cooperativas pelo espírito de solidariedade e ajuda mútua de que se revestem essas sociedades e tratá-las de modo similar ao tratamento que se dá às sociedades comerciais seria desnaturar a sua essência", completa.Ao fundamentar seu voto, a ministra Denise Arruda destacou diversas decisões singulares de ministros do próprio STJ e do Supremo Tribunal Federal (STF) que orientam para a não-incidência do PIS e da Cofins sobre os atos cooperativos típicos praticados por sociedade cooperativa.

Processo:  Resp 612 201Ana Gleice Queiroz - (61) 3319.8256

segunda-feira, 13 de fevereiro de 200620:27 - Presidente Vidigal encaminha ao STF ações sobre bloqueio de FPM de município maranhenseO presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) recursos interpostos pelo município de Santa Luzia do Paruá, no Estado do Maranhão, que têm por objetivo impedir o bloqueio de 30% da conta do Fundo de Participação do Município (FPM). O ministro entendeu que, como se trata de questão constitucional, o caso deve seguir para o STF. "O cerne deste pedido de suspensão diz respeito à alegação de impossibilidade do bloqueio do FPM do Município para pagamento dos vencimentos dos impetrantes, em razão de os meios executivos contra a Fazenda Pública encontrarem-se previstos na Constituição Federal, art. 100, e no Código de Processo Civil, art. 730", diz o ministro na decisão da Suspensão de Segurança nº 1.583. E prosseguiu: "A insurgência aqui deduzida defende, portanto, que a concessão judicial, em sede de cautelar, de prévia reserva do numerário para a execução de sentença transgride o apontado comando constitucional que determina, com ressalvas, que o pagamento dos débitos públicos se opere na ordem cronológica de apresentação dos precatórios." "Diante, pois, da índole eminentemente constitucional que anima a controvérsia, resta evidenciada a incompetência desta Presidência para o exame da suspensão pleiteada. Pelo que nego seguimento ao pedido", decidiu o ministro Vidigal. "Atento aos princípios processuais de economia e celeridade, determino a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal."Fundo de Participação A Prefeitura de Santa Luzia do Paruá recorreu ao STJ com a finalidade de cassar decisão liminar concedida pelo juízo de Direito da Comarca daquele município que mandou bloquear parte dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para fazer frente a indenizações a serem pagas a 20 servidores municipais. Na mesma decisão, o juiz de primeiro grau "declarou a nulidade das portarias baixadas pela Administração que removeram ou demitiram os impetrantes de seus cargos públicos e determinou o retorno de todos aos cargos de origem, sem prejuízo de seus vencimentos". O bloqueio determinado pelo magistrado mereceu recurso no Tribunal de Justiça do

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Estado do Maranhão. Num primeiro instante, o pedido de liminar foi deferido pelo desembargador Milson Coutinho, mas, ao examinar agravo interno interposto pelos servidores, a vice-presidente do TJ-MA, desembargadora Maria Dulce Soares Clementino, reconsiderou a decisão. Diante disso, os advogados do município recorreram ao STJ sob alegações de que "os meios executivos contra a Fazenda Pública encontram-se previstos na Constituição Federal, art. 100, e no Código de Processo Civil, art. 730" e também afirmam ser "inaplicável multa como meio coercitivo para cumprimento de medida judicial, mormente contra a Fazenda Pública, vez que não caracterizada a resistência ao cumprimento da decisão". Alegam ainda que o bloqueio do FPM "implicará sério abalo no crédito do município, por incidir diretamente na verba destinada ao pagamento do funcionalismo público e fornecedores". As decisões proferidas pelo ministro Vidigal, encaminhando o embate ao Supremo, deram-se nas Suspensões de Segurança nº 1.583, 1.585 e 1.587. Existem outras duas tratando do mesmo assunto, que se encontram no aguardo de decisão do presidente do STJ.

Processo:  SS 1583Roberto Cordeiro - (61) 3319 8268

segunda-feira, 13 de fevereiro de 200606:43 - Juiz que nega apresentação a Júri de quesito técnico da defesa não comete irregularidadeNão comete irregularidade o juiz que preside Tribunal do Júri e nega a apresentação de quesito relativo à insuficiência de provas formulado pela defesa. O entendimento é da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou por unanimidade provimento ao recurso especial de dois condenados por tentativa de homicídio e formação de quadrilha. César José Pedroso Pureza e Carlos Andrey Siqueira Vianna foram condenados respectivamente a oito anos e dez meses e oito anos e sete meses de reclusão. No recurso especial, pretendiam a realização de novo Júri, por considerarem que o julgamento estaria viciado em razão da negativa do juiz de apresentar aos jurados quesito formulado pela defesa. A pergunta negada consistia em os jurados afirmarem "se a prova era suficiente para condenação". O juiz indeferiu o pedido da defesa sob o argumento de que não haveria amparo legal no sistema jurídico brasileiro para tal tipo de questionamento. O ministro Hélio Quaglia Barbosa considerou que o recurso dos condenados não poderia ser atendido, porque o ordenamento jurídico nacional não admite a fundamentação das decisões dos juízes leigos do Júri: "Como bem é sabido, aos jurados somente é possível o questionamento dos fatos ocorridos, sem que se adentre nas questões jurídicas, justamente porque não se contempla a fundamentação dos veredictos, votando aqueles por íntima convicção – corolário do primado constitucional de soberania (CF, art. 5o, inciso XXXVII) – inerente aos julgamentos do Tribunal Popular." O Tribunal de Justiça gaúcho também afirmara que a resposta dos jurados aos quesitos sobre o fato principal ou sobre a autoria já abrangeria a suficiência de provas para condenação. Afirmou o ministro relator que, com isso, "afigura-se translúcido que o Tribunal do Júri, ao decidir pela condenação dos réus, esteve implicitamente deliberando acerca da suficiência de provas para a condenação, pois, do contrário, haveria de absolver os acusados".

Processo:  REsp 738590Murilo Pinto - (61) 3319-8589

segunda-feira, 13 de fevereiro de 200606:29 - Acusado de não devolver bem penhorado tem prisão civil mantida pela Quarta Turma"Admissível a prisão civil de depositário judicial que, assumindo a obrigação de restituir os bens entregues à sua guarda, não o faz, apesar de intimado regularmente." Essa foi a decisão da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça ao negar provimento ao pedido feito por Rodrigo Carlos Capobianco com objetivo de fazer cessar a ameaça de prisão civil dada pelo juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de José Bonifácio – SP. O juiz de primeiro grau exigiu a apresentação da máquina registradora sob pena de prisão, já que se encontrava na qualidade de depositário judicial. Rodrigo Capobianco afirma que, por exigência da autoridade fiscal, entregou essa máquina à empresa Regiace Comércio de Registradoras e Assessórios Ltda, para ser "zerada". Diz ele que a empresa, por sua vez, recusou-se a devolvê-la. Acrescentou que a negativa em restituir o objeto foi comprovada, implícita e explicitamente, nos autos da queixa-crime movida contra os representantes legais da empresa na Comarca de São José do Rio Preto. A empresa sustenta, com

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base em prova documental, que a máquina registradora foi devolvida, não tendo permanecido em suas mãos. Alega que fez a entrega no mesmo dia em que requisitada a intervenção pela autoridade fiscal, enquanto Rodrigo Capobianco assevera não ter havido devolução. Além do mais, obtido o direito de promover a substituição do aparelho penhorado por decisão do Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, Rodrigo Capobianco nomeou uma outra máquina registradora que, no entanto, por meio de constatação do oficial de justiça, verificou-se imprestável para esse fim. Foi feita, portanto, a intimação do depositário para que concretizasse a substituição da penhora, o que determinou por não fazer depois de vários meses e, a te alguns anos. Frustrada a garantia do juízo naquela execução, não se vê ilegalidade alguma no ato impugnado que ordenou, após preclusa a oportunidade de substituição, a apresentação da máquina registradora em 48 horas ou o equivalente em dinheiro, sob pena de prisão. Para o ministro Barros Monteiro, relator do processo, a discussão que se trava nos autos da execução procura saber se o referido aparelho foi ou não devolvido pela empresa credora. Se, tal como afirma Rodrigo Capobianco, o equipamento ficou realmente retido por ela, não havia razão para que ele viesse a oferecer um outro bem em substituição. Esse procedimento do depositário judicial afigura-se manifestadamente contraditório, incongruente, razão pela qual a Quarta Turma decidiu negar provimento ao seu pedido, sendo admissível, assim, a sua prisão civil.

Processo:  RHC 18725Kena Kelly - (61) 3319-8256

segunda-feira, 13 de fevereiro de 200606:11 - Perícia em serviço de cartão de crédito, ainda que contábil, deve ser feita com conhecimento técnicoO perito deve possuir idoneidade e conhecimento técnico na matéria sobre a qual irá se pronunciar, sob pena de o laudo se tornar um "esforço inútil". Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendeu ao recurso da empresa Cardsystem UPSI em uma ação movida pelo Banco Prosper S/A. O banco alega que houve deficiência nos serviços prestados e quer a rescisão do contrato, com pagamento de indenização. O juiz de primeiro grau nomeou perito contábil, mas a Cardsystem recorreu, argumentando que o profissional não teria a capacitação técnica necessária para realização do trabalho. A perícia teria como finalidade esclarecer aspectos operacionais de sistemas informatizados de cartão de crédito. A Cardsystem recorreu, mas o Tribunal paulista não atendeu a irresignação por entender que "o profissional portador de título universitário está apto a produzir perícias contábeis e, a partir dos seus resultados, emitir juízo sobre a qualidade dos serviços prestados pelas empresas cujas escriturações periciou". A Cardsystem ingressou, então, com recurso no STJ. Afirmou que não discute a competência e capacitação do perito para a realização de prova pericial contábil. No entanto acredita que ele não possui capacitação técnica para proceder à perícia requerida pelo banco, que abordará aspectos da operacionalização dos sistemas de cartão de crédito, com a finalidade de avaliar a qualidade dos serviços prestados pela Cardsystem. O relator do recurso, ministro Castro Filho, votou favoravelmente a que seja nomeado outro perito com conhecimentos específicos de informática e de operacionalização de sistemas de cartão de crédito, sem prejuízo da nomeação já feita pelo julgador de primeiro grau. O ministro ressaltou que o próprio banco requereu fosse a perícia realizada por técnico "com conhecimentos de informática e relativos à operacionalização dos sistemas de cartão de crédito, uma vez que, além de valores envolvidos, deverá ser examinada a qualidade dos serviços prestados pela parte". O ponto de vista foi seguido por unanimidade pelos demais ministros que participaram do julgamento.

Processo:  REsp 773192Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

sexta-feira, 10 de fevereiro de 200615:01 - CJF indefere pedido para regulamentar expedição de mandados de busca e apreensãoManaus (AM) – O Conselho da Justiça Federal (CJF) indeferiu pedido da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) para que o Conselho regulamentasse, por meio de resolução, procedimentos para expedição de mandados de busca e apreensão na Justiça Federal. O colegiado autorizou, ainda, o presidente do CJF, ministro Edson Vidigal, a participar de audiências públicas sobre o tema na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. A discussão do assunto no âmbito do Poder Legislativo foi sugerida pelo senador Romeu Tuma, presente à sessão a convite do

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ministro Vidigal.No ano passado, alguns episódios envolvendo investigações da Polícia Federal provocaram conflitos entre os advogados e os juízes federais que expediram, a pedido da Polícia, mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia. O mais notório deles foi uma investigação de uma suposta fraude na contabilidade da cervejaria Schincariol, na qual a Justiça Federal concedeu um mandado de busca e apreensão no escritório do advogado da empresa.O relator do pedido no colegiado do Conselho, ministro Fernando Gonçalves, coordenador-geral da Justiça Federal, em seu voto, ressaltou que a Emenda Constitucional n. 45 atribuiu ao CJF poderes correicionais e, por essa razão, o coordenador-geral é competente para conhecer de supostos abusos cometidos por juízes federais. Com isso, o pedido da AASP foi conhecido, porém o ministro votou por seu indeferimento, no que foi seguido à unanimidade pelo colegiado.De acordo com o coordenador-geral, a imposição pelo CJF de regras para a expedição de mandados de busca e apreensão iria ferir a independência decisória dos juízes. "O tema é reservado ao poder de arbítrio dos magistrados federais", ressaltou. Além disso, a matéria já é disciplinada pelo Código de Processo Penal, pelo Estatuto da OAB e por portarias do Ministério da Justiça.Alguns membros do colegiado entenderam que a resolução proposta não é da competência do Conselho, uma vez que trata de matéria judicial.

Roberta Bastos - [email protected] - (61) 9242-2830

sexta-feira, 10 de fevereiro de 200607:09 - Vítimas atingidas por acidente de avião que prestava serviço são equiparadas a consumidoresAs vítimas atingidas em solo por uma aeronave que prestava serviço devem ser consideradas, por equiparação, consumidores. Assim entendeu a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, ao analisar um recurso especial, reformou decisão de segunda instância garantindo aos proprietários da casa sobre a qual o avião caiu a proteção prevista no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90).Para o relator do recurso, ministro Castro Filho, a relação de consumo ficou configurada pelo fato de a aeronave realizar serviço de transporte de malotes para o Banco do Brasil. No caso em questão, o consumidor é a pessoa jurídica (o banco) que utilizou o serviço como destinatário final, devendo alargar-se a abrangência do CDC para aqueles que sofreram os efeitos danosos dos defeitos do serviço.O ministro Castro Filho destacou que a equiparação de todas as vítimas do evento aos consumidores se justifica em função da gravidade do acidente, que causou prejuízos de ordem material aos moradores da casa atingida e mais, segundo alegam, teria resultado em danos emocionais e psíquicos. O voto do relator foi seguido por unanimidade na Turma.O acidente aconteceu no dia 5 de junho de 2001, em São Paulo, com um avião da empresa Oliveira Silva Táxi-Aéreo. A casa atingida ficou parcialmente destruída. Os proprietários ingressaram com uma ação de reparação por danos materiais e morais. Afirmaram que, além de danos físicos, o acidente causou-lhes forte abalo psicológico.Ingressaram, então, com uma ação cautelar para produção antecipada de provas, que consistia em exame pericial, antes da propositura da ação, ou na pendência desta, antes da audiência de instrução, conforme estabelece o Código de Processo Civil.Os proprietários pediram o benefício da inversão do ônus da prova (CDC, artigo 6º, VIII). Argumentaram que a empresa de táxi-aéreo teria mais condições financeiras de arcar com o custo da perícia que examinaria os danos psicológicos causados, bem como a necessidade de terapia individual ou familiar.O pedido não foi atendido em primeira instância. A defesa dos proprietários apelou, mas o Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo (TAC/SP) negou novamente a pretensão. Aplicou o Código Brasileiro de Aeronáutica, porque entendeu que não se verificava equiparação do terceiro (os proprietários da casa) com a figura do consumidor, afastando a possibilidade de inversão do ônus da prova. No entanto, como o TAC/SP reconheceu que a aeronave acidentada transportava malotes para o Banco do Brasil, a defesa dos proprietários da casa atingida recorreu ao STJ sob o mesmo raciocínio. Os proprietários argumentaram que existiria uma relação de consumo entre a empresa e o destinatário final de seus serviços, que é consumidor, o que justificaria a condição dos moradores de consumidores equiparados, conforme estabelece o artigo 17 do CDC.

Processo:  REsp 772248Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 200606:48 - Publicitário de Marília (SP) condenado por abuso sexual consegue liberdadeO publicitário Renato Dal Evedove, condenado em primeira instância por atentado violento ao pudor, obteve no Superior Tribunal de Justiça (STJ) o direito de apelar em liberdade da decisão do primeiro grau. A Sexta Turma do Tribunal concedeu salvo-conduto ao réu, garantindo também alvará de soltura caso já tenha sido preso. O juiz que condenou Evedove garantiu-lhe o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado da decisão. No entanto, ao julgar apelação exclusiva da defesa, o Tribunal de Justiça paulista (TJ-SP), negando-lhe provimento, determinou a prisão do publicitário, ainda que aberto o prazo para recursos, o que resultou, sustentou a defesa, em "reformatio in pejus", ou seja, a piora na condenação do recorrente na ausência de recurso da parte contrária.O relator do habeas-corpus, ministro Hélio Quaglia Barbosa, esclareceu que anteriormente entendia que a sentença não poderia vincular a decisão da instância superior sob pena de resultado absurdo: "Assim, ainda que condicionasse o magistrado singular o início do cumprimento da pena somente após o trânsito em julgado da condenação, em nada limitaria o Tribunal, órgão que lhe é hierarquicamente superior, sendo possível, pois, à Corte de Justiça, após o julgamento do recurso ordinário, determinar a imediata execução da pena, mesmo que pendente recurso dirigido a este Superior Tribunal de Justiça – ou ao Supremo Tribunal Federal –, posto que carente de efeito suspensivo." No entanto, em vista do entendimento majoritário da Sexta Turma, o ministro passou a inadmitir a execução provisória da pena, principalmente quando inexistente recurso da acusação, impedindo o início do cumprimento da pena de prisão imposta na sentença antes do efetivo trânsito em julgado da decisão."Assim, a par de ter permanecido [o beneficiário do habeas-corpus] em liberdade durante toda a instrução criminal, bem como durante a fase recursal ordinária, diante da inexistência de trânsito em julgado da condenação imposta, é de se conferir a ordem pretendida", concluiu o relator, seguido à unanimidade pela Turma.

Processo:  HC 41508 Murilo Pinto - (61) 3319-8589

sexta-feira, 10 de fevereiro de 200606:29 - Permanecerá preso advogado acusado de participar de seqüestros comandados por policiaisO presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, negou pedido de liminar em habeas-corpus ao advogado Juliano Modesto Araújo, acusado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo de associar-se a um grupo armado de policiais civis para a prática dos crimes de extorsão mediante seqüestro, concussão e tortura. O advogado era o interlocutor dos policiais com as vítimas.O pedido visava retificar a decisão do Tribunal de Justiça (SP) que negou habeas-corpus ao preso. Inconformado, o advogado recorreu ao STJ alegando ausência de motivos para a prisão. Argumentou, ainda, que seu cliente teria direito à prisão especial ou, em sua falta, à prisão domiciliar.Em sua decisão, o ministro Edson Vidigal alegou que a competência para julgar casos dessa natureza é do colegiado. O caso terá como relator o ministro Nilson Naves, da Sexta Turma.HistóricoSegundo denúncia do Ministério Público e relatório da Primeira Corregedoria Auxiliar de São José dos Campos (SP), os policiais civis utilizavam-se da estrutura da Polícia Civil (armas de fogo, viaturas, rádios, combustível e o distintivo de policiais) para praticar crimes de seqüestro contra filhos e familiares de presos, ex-condenados e mesmo contra pessoas inocentes. As dependências da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) teriam sido utilizadas para torturar as vítimas e obter dinheiro sob ameaça de falsos enquadramentos por tráfico de drogas. Os policiais teriam usado, inclusive, informações privilegiadas obtidas mediante escutas telefônicas, autorizadas judicialmente ou não. Outra prática adotada pelos denunciados era de seguir os familiares dos presidiários nas ocasiões de visitas. O esquema desabou quando os policiais seqüestraram a esposa de um presidiário juntamente com seus dois filhos, crianças com idades de um mês e de quatro anos. Eles foram seguidos após visita

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à Penitenciária I, em Tremembé. Por meio do advogado Juliano Modesto Araújo, o grupo informou ao detento que exigiria a quantia de R$ 300 mil para liberar os reféns. A negociação também tratava da liberação da mãe de outro detento da mesma penitenciária. O preso que teve a família seqüestrada não aceitou a negociação e comunicou o fato à Corregedoria de Polícia.Tal fato levou o Ministério Público a pedir a prisão temporária dos acusados. O órgão alegou que a liberdade dos investigados inviabilizaria a aquisição de novas provas e poderia, inclusive, significar risco de vida para as vítimas e depoentes.

Processo:  HC 53215Ana Gleice Queiroz - (61) 3319-8256

sexta-feira, 10 de fevereiro de 200606:15 - STJ examina ação do Banco Volvo contra indenização de mais de meio milhão de reais A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve apreciar pedido do Banco Volvo Brasil para que seja suspensa a execução provisória de uma indenização a ser paga pela instituição financeira e o Citibank Leasing. A indenização ultrapassa meio milhão de reais. A medida cautelar apresentada pelo Banco Volvo foi apreciada pelo presidente do Tribunal, ministro Edson Vidigal, o qual entendeu que o pedido não apresentava os pressupostos necessários para a análise imediata, que são exigidos no artigo 21, inciso XIII, do Regimento Interno do STJ. Segundo o artigo 588 do Código de Processo Civil (CPC), é obrigação do exeqüente, ou seja, de quem promove uma execução judicial, reparar eventuais prejuízos sofridos pelo executado. Não seria, portanto, necessária a apreciação do processo durante as férias forenses. Assim, a ação será apreciada pelo ministro Castro Filho, relator da medida cautelar.A ação inicial foi movida por Bezerra e Filhos Transportes pedindo indenização por danos morais e materiais e julgada parcialmente procedente. Ambas as partes apelaram e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte deu provimento ao recurso interposto por Bezerra e Filhos Ltda para majorar o valor da indenização, fixando-o em R$ 516.232,86.A defesa do Banco Volvo alegou que a execução provisória do novo valor da indenização causaria uma lesão grave e de difícil reparação. Os próprios requerentes teriam admitido que sua empresa estava "quebrada". A defesa argumentou ainda que algumas questões discutidas no recurso especial poderiam levar à nulidade da sentença e de diversos atos processuais, destacadamente por contrariar o artigo 165, o inciso II do artigo 458 e os incisos I e II do artigo 535 do CPC. Além disso, os princípios da proporcionalidade e razoabilidade não teriam sido observados. A intenção da instituição é que a decisão da Justiça potiguar fique em suspenso até que o STJ analise um recurso especial também distribuído ao ministro Castro Filho (REsp 806.177).

Processo:  MC 11046Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090

quinta-feira, 9 de fevereiro de 200607:07 - STJ discute se academia é obrigada a se inscrever no Conselho Regional de Educação FísicaAcademia de ginástica deve se inscrever em conselho regional de Educação Física? A questão está sendo discutida na Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial interposto pelo Conselho Regional de Educação Física de Santa Catarina contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região garantindo à academia Sem Limites Artes do Corpo Ltda o direito de não se inscrever na instituição/entidade. A decisão também desobrigou a academia de pagar anuidades e multas cobradas judicialmente pelo Conselho. É a primeira demanda sobre esse tema que sobe ao STJ, tendo sido suspenso o julgamento por pedido de vista do ministro Teori Albino Zavascki.Em seu pedido, o Conselho Regional de Educação Física da Terceira Região (SC) alegou que a empresa estaria desobedecendo ao artigo 1º da Lei nº 6.839/80, que estabelece a obrigatoriedade do registro de empresas, além da anotação dos profissionais legalmente habilitados, nas entidades competentes para a fiscalização do exercício das diversas profissões, em razão da atividade básica ou em relação àquela pela qual prestem serviços.Por sua vez, o advogado da empresa de ginástica alegou que a Lei nº 9.696/98, que criou o Conselho Federal (CREF) e os Conselhos Regionais de Educação Física e regulamentou a referida profissão, não prevê a obrigatoriedade de inscrição de pessoas jurídicas no CREF. O advogado

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destacou a importância da questão por ser a primeira demanda sobre esse assunto a subir ao STJ. Ao analisar o embate, o relator, ministro Francisco Falcão, explicou que a Lei nº 6.839/80 possui conteúdo genérico, tratando sobre o registro de empresas ao respectivo conselho de classe. Diante disso, explicou, "não é possível, com base em tal norma, exigir a inscrição de pessoa jurídica nem a cobrança de anuidades ao órgão profissional".O ministro disse ainda que conduziu seu voto embasado na lei que trata, particularmente, da atividade de educação física. "Esta norma deixa claro que a inscrição, bem como o pagamento de anuidades aos Conselhos Regionais da profissão, é exclusiva de pessoas físicas", concluiu.Não há previsão para que a Turma retome o debate sobre a questão. A Primeira Turma – composta pelos ministros Luiz Fux, que a preside, José Delgado, Francisco Falcão (relator), Teori Zavascki (que pediu vista do processo) e Denise Arruda – reúne-se no próximo dia 14.

Processo:  Resp 797194Ana Gleice Queiroz - (61) 3319-8256

quinta-feira, 9 de fevereiro de 200606:52 - Integrante de quadrilha acusada de praticar extorsão contra empresários continuará presa A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou liminar em habeas-corpus a C. A. S., com a qual a defesa pretendia a cassação do mandado de prisão preventiva. Ela é acusada dos crimes de extorsão, concurso material e formação de quadrilha. Segundo os autos, C. é integrante de uma quadrilha formada para a prática de extorsão contra empresários de São Paulo e outras localidades, por meio de ligações telefônicas. O grupo, que agia desde de dezembro de 2003, exigia das vítimas a entrega de valores em dinheiro ou créditos telefônicos sob ameaça de violência e até de morte. Consta, ainda, que, com o levantamento técnico, descobriu-se que as ligações eram feitas de duas penitenciárias no Estado do Rio de Janeiro e que os presos M. L. S. F, A. L. R. C, A. A. S. B e F. F. V., suposto namorado da acusada, seriam os autores das ameaças. A quadrilha utiliza centrais telefônicas existentes em São Paulo e no Rio de Janeiro e operadas por C. e outras. No momento em que a vítima atendia ao telefone, recebia a exigência de entrega de dinheiro ou créditos telefônicos sob ameaça de morte ou mal grave a ela ou sua família. Os membros se identificavam como integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV). Dessa maneira, atemorizavam ainda mais as vítimas.De acordo com os autos, C. era responsável, juntamente com C. e M. J., pela obtenção de telefones celulares por meio de documentos falsos. Depois, entregava os aparelhos aos outros membros presos da quadrilha. Como o pedido de cassação do mandado de prisão foi indeferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a defesa de C. apresentou novo pedido, dessa vez no STJ. Para tanto, alegou excesso de prazo para o término da instrução criminal, pois ela já está presa há mais de 414 dias. Sustentou, ainda, que a acusada é ré primária e não tem antecedentes criminais. Além disso, antes da instrução criminal, em momento algum, afetou a ordem pública. Por fim, afirmou que a decretação da prisão preventiva tem de estar convenientemente bem fundamentada, motivada, esmiuçada a participação individual de cada um em casos de réus múltiplos, meras conjecturas de que a acusada pode fugir não são suficientes para a decretação da prisão preventiva. Em sua decisão, a Sexta Turma destacou que se trata de crimes gravíssimos, praticados, segundo a acusação, por diversas vezes e de forma organizada, encontrando-se a prisão preventiva devidamente fundamentada, pois foi decretada para a garantia da ordem pública, ante a induvidosa periculosidade dos autores dos graves delitos cometidos, evidenciada pelo modo como eles foram planejados e executados. Segundo o ministro Hamilton Carvalhido, relator do caso, assim, decretada a prisão, é de ser mantida, até porque, estando o magistrado em relação direta com os fatos do processo e suas circunstâncias, há de ser prestigiado no juízo da necessidade da cautelar decretada. "O sucesso dos crimes e o agir da quadrilha, assim, repousava fundamentalmente na atuação da paciente (C.), tanto quanto, como se deve afirmar hoje, a probabilidade de suas renovações, ante a sua periculosidade e a proteção que os muros da prisão asseguram aos agentes condenados que cumprem a pena", afirmou o ministro Carvalhido.

Processo:  HC 43084Marcela Rosa - (61) 3319-8595

quinta-feira, 9 de fevereiro de 200606:27 - Réu pede libertação por deficiência em sua defesa O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, negou o pedido de Silas

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Rodrigues Amaral para ser anulado o processo que o condenou por envolvimento com tráfico de drogas (Lei nº 6.368/76, artigo 12). Para o ministro, é impossível deferir o habeas-corpus já que o pedido estaria intrinsecamente ligado ao próprio mérito da impetração. "Não há como reconhecer o direito reclamado sem perquirir, por via indireta, a própria legalidade do ato impugnado", concluiu. Silas Rodrigues alega que seu julgamento preliminar não teria seguido as formalidades determinadas pela Lei nº 10.409, de 2002. Além disso, sua prisão seria nula, pois foi feita em seu domicílio, no período noturno, sem o respectivo mandado legal e sem testemunha. Aponta que sua defesa teria sido deficiente, pois o advogado que a prestou estava suspenso do exercício de suas atividades profissionais, portanto não teria capacidade postulatória. O advogado teria sido negligente e teria agido com descaso e desídia. Declara também que a droga encontrada não seria sua.O ministro Vidigal considerou que a demanda exigiria o exame de fatos e provas, o que é incompatível, em princípio, com a via do habeas-corpus. O ministro determinou que os autos sigam ao Ministério Público Federal para manifestação deste.

Processo:  HC 53216Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090

quinta-feira, 9 de fevereiro de 200606:16 - Restabelecida eficácia retroativa de decisão sobre inconstitucionalidade de IPTU fluminenseA Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu a sentença de primeiro grau da Justiça fluminense que admitiu a eficácia retroativa da declaração de inconstitucionalidade do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo no Estado do Rio de Janeiro. Com isso, a lei, de 1984, torna-se nula a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, ao contrário da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que determinava a eficácia da decisão de inconstitucionalidade da lei somente a partir da sentença. Para o ministro Teori Zavascki, relator do caso, a eficácia temporal das decisões a respeito de inconstitucionalidade de leis é considerada pela doutrina como "ex-tunc". Ou seja, a lei julgada inconstitucional é considerada nula desde sua origem. Isso porque esse tipo de sentença teria característica declaratória, não constituindo ou desconstituindo nada. O relator citou a obra "Eficácia das sentenças na jurisdição constitucional", que, por sua vez, cita o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Paulo Brossard: "a Corte verifica e anuncia a nulidade como o joalheiro pode afirmar, depois de examiná-lo, que aquilo que se supunha ser um diamante não é diamante, mas um produto sintético. O joalheiro não fez a pasta sintética, apenas verificou que o era. Também a decisão judicial não muda a natureza da lei, como o joalheiro não muda a natureza do diamante. Ela nunca foi lei, ele nunca foi diamante. Aquilo que se supunha diamante e que o perito verificou ser um produto sintético não deixou de ser diamante a partir da verificação do joalheiro, mas ‘ab initio’ não passava de produto sintético. Também a lei inconstitucional. O Judiciário não a fez inconstitucional, apenas verificou e declarou que o era. Por isso seu efeito é ‘ex tunc’."A Lei nº 9.868/99, que permite a declaração pelo STF do efeito da declaração de inconstitucionalidade somente a partir do trânsito em julgado da decisão ou outro evento que seja fixado, não comprometeria tal entendimento doutrinário. Ainda de acordo com a obra citada, "tal dispositivo, na verdade, reafirma a tese, pois deixa implícito que os atos praticados com base em lei inconstitucional são nulos e que somente podem ser mantidos em virtude de fatores extravagantes, ou seja, por ‘razões de segurança pública ou de excepcional interesse social’. Ao mantê-los, pelos fundamentos indicados, o Supremo não está declarando que foram atos válidos, nem está assumindo a função de ‘legislador positivo’, criando uma norma – que só poderia ser de hierarquia constitucional – para validar atos inconstitucionais."Segue a citação: "O que o Supremo faz, ao preservar determinado ‘status quo’ formado irregularmente, é típica função de juiz. [...] Em casos tais, a eficácia retroativa da sentença de nulidade importaria a reversão de um estado de fato consolidado, muitas vezes, sem culpa do interessado, que sofreria prejuízo desmesurado e desproporcional. [...] É justamente esse o quadro suposto [...] [pela lei], o de um manifesto conflito entre valores constitucionais de mesma hierarquia: de um lado, a nulidade do ato; de outro, o sério comprometimento da segurança jurídica ou de excepcional interesse social. Tendo de dirimi-lo, o STJ faz prevalecer o bem jurídico que considera ser mais relevante na situação em causa." O ministro Luiz Fux acrescentou que, apesar de o artigo 27 da Lei nº 9.868/99 ["Ao declarar a

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inconstitucionalidade de lei ou ato normativo e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado"] se referir a decisões em controle concentrado de constitucionalidade, nada impediria sua aplicação justificada em caso de controle incidental, como o efetuado por juiz de primeiro grau. No entanto, no caso da inconstitucionalidade do IPTU e taxas associadas do município do Rio de Janeiro, a jurisprudência do STJ e do STF é assentada no sentido de que a eficácia da declaração é "ex tunc", e não "ex nunc". Ou seja, é retroativa à própria existência da lei, e não somente a partir da decisão judicial. Com esse entendimento, a Primeira Turma deu provimento ao recurso especial para restabelecer as conclusões do primeiro grau.

Processo:  REsp 689040Murilo Pinto - (61) 3319-8589

quarta-feira, 8 de fevereiro de 200616:35 - TV Globo continua obrigada a pagar indenização milionária a filhas de GarrinchaO ministro Barros Monteiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revogou uma liminar dada à TV Globo durante o recesso forense que a desobrigava do imediato depósito de mais de R$ 4 milhões, referentes à indenização devida às filhas do jogador de futebol Garrincha. A TV Globo ainda discute na Justiça o pagamento ao qual foi condenada pelo uso das imagens do atleta na produção "Isto é Pelé". A empresa pretendia que a tramitação de um recurso contra a liquidação da sentença suspendesse os efeitos da execução do pagamento.Como relator da medida cautelar (nome do tipo de ação apresentada pela emissora), o ministro Barros Monteiro examinou o recurso interno (agravo regimental) apresentado pela defesa das herdeiras de Garrincha contra a liminar que barrava o pagamento. Para ele, não se mostraram claros os elementos que poderiam basear a decisão – o risco da demora e a plausibilidade do direito invocado. A alegação da TV Globo de que "está à margem de sofrer enorme prejuízo" em razão da determinação para depósito em dinheiro não convenceu o ministro Barros Monteiro. Ele entendeu que, além de ser mera conjectura da empresa, a afirmação não condiz com a realidade dos fatos, porque a determinação dá a opção para que se faça a nomeação de bens a penhora, sob pena de serem penhorados tantos bens quanto bastem para garantir a execução dos R$ 4.118.270,62.O relator do processo ainda afirmou que não cabe ao STJ exercer o controle sobre os atos praticados pelo juiz que preside a execução. Conforme analisou o ministro Barros Monteiro, a pretensão da TV Globo resultaria na suspensão dos efeitos da decisão que julgou a liquidação de sentença, o que impediria o processamento da execução provisória na primeira instância. "Esse controle deve ser exercido no âmbito das instâncias ordinárias por meio dos recursos e medidas judiciais que forem reputados convenientes e não por esta Corte Superior". Por isso, o ministro negou seguimento ao pedido, extinguindo o processo.IndenizaçãoNo dia 17 de janeiro passado, a TV Globo obteve no STJ a medida liminar para determinar a suspensão do pagamento da indenização alcançada pelas herdeiras de Garrincha na Justiça, cujo valor totalizava R$ 4.796.275. A obra cinematográfica e videográfica produzida em conjunto pela TV Globo, Produções Carlos Niemeyer Netto, Produções cinematográficas L. C. Barreto Ltda e Globovídeo contou com imagens de Garrincha em 1/3 do contexto da produção. Com base nisso, as filhas do jogador entraram com uma ação contra as produtoras.No ano 2000, as filhas do atleta tiveram reconhecido no STJ o direito pelo uso das imagens do pai. Para receber a indenização, elas promoveram a liquidação da sentença e o pedido foi julgado parcialmente procedente. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ) deu provimento parcial à apelação da TV Globo, reduzindo o valor apurado da indenização em 20%, retirando do cálculo as verbas supostamente auferidas no exterior, que não teriam sido comprovadas.Tanto a TV Globo como as herdeiras ainda podem recorrer da decisão do TJ/RJ ao STJ. Ocorre que, nesse prazo, as filhas do atleta apresentaram o pedido de execução provisória, pelo qual pretendem o recebimento imediato do valor definido no acórdão pendente de recurso.

Processo:  MC 11077Sheila Messerschmidt, com reportagem de Murilo Pinto e de Elaine Rocha - (61) 3319-8588

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 200607:05 - CEF terá de pagar prêmio de sena posterior a um apostador que perdeu o bilhete premiado A Caixa Econômica Federal (CEF) terá de pagar prêmio no valor de R$ 314 mil, referente ao sorteio de nº 375 da "sena posterior" do ano de 1995, a L. S. O., da Paraíba, mesmo tendo ele perdido o bilhete da aposta. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça não conheceu do recurso da Caixa, que alegava não ter o apostador comprovado satisfatoriamente ser o titular do recibo premiado, nem ter apresentado o bilhete. A aposta foi feita no teste número 375, de 28 de maio de 1995, nos números 09, 11, 18, 24, 25 e 32. Segundo a defesa, os números sorteados foram inspirados nas datas de nascimento, casamento e outros relacionados à família. Ao ver que havia acertado os números, comunicou à Caixa ser o ganhador, mas ter perdido o bilhete. A CEF informou que ele teria um prazo de três meses para localizar o bilhete. Como o ganhador não conseguiu fazê-lo, a instituição recusou-se a pagar. O apostador entrou na Justiça com uma ação de pedido de pagamento de prêmio. Em primeira instância, o pedido foi julgado procedente. O juiz aceitou como prova as datas que se confirmaram ser importantes para o jogador; o fato de o agente lotérico afirmar que o apostador era cliente da casa lotérica, onde sempre jogava e pagava contas, e de a CEF ter confirmado que o ganhador era precisamente deste estabelecimento e não haver nenhum outro apostador se apresentado à instituição com o recibo comprobatório da aposta. A Caixa recorreu, mas o Tribunal Regional Federal da 5ª Região manteve a decisão, reiterando as razões do juiz. "O prêmio realmente saiu para aposta feita na agência em que o autor afirma que a realizou e da qual era cliente", afirma o acórdão. "A Caixa Econômica, apesar de citada da ação cautelar e da ação de conhecimento e intimada a apresentar cópia do bilhete, não o fez e, mais tarde, alegou a incineração, ocorrida quando em curso tais ações", acrescentou. Segundo o desembargador, as regras comuns da experiência, ante a prova documental produzida, revelam a sinceridade da conduta do demandante e a efetivação da aposta. "A exigência de apresentação do recibo cede, no caso, à constatação da perda", concluiu o acórdão. No recurso para o STJ, a CEF alegou que a decisão violou os artigos 333, inciso I, do Código de Processo Civil ; e 24 e 27 da Portaria nº 130 do Ministério da Fazenda. Sustentou que o autor não comprovou satisfatoriamente que era o titular do recibo premiado e que não há como receber o prêmio sem a apresentação do bilhete da aposta. A Terceira Turma não conheceu do recurso, evocando a súmula 7 do STJ, que impede a reapreciação das provas. "O princípio do livre convencimento motivado do juiz melhor serve ao objetivo do sistema jurisdicional contemporâneo", observou o ministro Castro Filho, relator do recurso. "Pois permite ao magistrado, com base em sua experiência comum e no livre convencimento das demais provas carreadas, afastar a necessidade da prova exclusivamente prevista para tal situação, permitindo uma apreciação eqüitativa, e quiçá, mais justa do caso", acrescentou o ministro.

Processo:  Resp 636175Rosângela Maria - (61) 3319 8590

quarta-feira, 8 de fevereiro de 200606:54 - Telemar mantém direito a certidões negativas de débito contestado pelo Espírito SantoA Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou inviável o recurso especial interposto pelo Estado do Espírito Santo contra a concessão urgente determinada pelas instâncias ordinárias para emissão de certidão negativa com efeito negativo à Telemar, mantendo a validade das decisões anteriores.O Tribunal de Justiça local (TJ-ES) negou provimento ao agravo de instrumento contra a decisão liminar que concedera a emissão de certidões negativas de débito em favor da Telemar, levando o Espírito Santo a recorrer ao STJ alegando a violação do Código Tributário Nacional (CTN).O ministro Teori Albino Zavascki afirmou inicialmente que a concessão de medidas urgentes, em processo civil, está condicionada a requisitos próprios, da relevância do direito ("fumus boni iuris") e do risco do dano ("periculum in mora") previstos fundamentalmente nos artigos 273 ["O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação (...)"] e 804 ["O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os

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efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação"] do Código de Processo Civil (CPC).No entanto, ressalta o relator, o recurso especial do estado questiona a violação de outros dispositivos legais federais, pretendendo adentrar a análise do próprio mérito do direito à emissão de certidões negativas. No caso, explicou o ministro, a questão federal que poderia ser deduzida seria apenas de ofensa aos dispositivos legais que tratam dos requisitos para concessão ou negativa de cautelar, e não dos que regulam o direito material em tela.Com esse entendimento, a Primeira Turma não conheceu do recurso, considerando inviável, neste momento processual, a análise dos pontos levantados pelo Espírito Santo referentes ao mérito da causa.

Processo:  REsp 794005Murilo Pinto - (61) 3319-8589

quarta-feira, 8 de fevereiro de 200606:33 - Advogado acusado de cárcere privado tem liminar indeferidaA Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou liminar em habeas-corpus com a qual o advogado W. R. O. pretendia trancar a ação penal à qual responde por ameaça, cárcere privado, resistência e desacato à autoridade.Segundo apurado, W. apareceu na construção realizada por sua vizinha C. M. L. ameaçando embargar a obra. Tomando conhecimento do fato, C. e seus dois filhos, P. e R., este de apenas três anos, foram até a residência do denunciado, o qual os convidou a entrar, dizendo que não conversaria na rua.No interior da casa, W., que não concordava com a obra, passou a ofender C. Isso causou animosidade entre as partes envolvidas. O acusado ameaçou prender a vizinha e mandar seus filhos para o Juizado de Menores.Mãe e filhos tentaram sair do local, mas foram impedidos pelo denunciado, que se recusou a abrir o portão. Ele manteve os três em cárcere privado por aproximadamente 40 minutos. Desesperados, começaram a gritar. Um dos empregados da obra ouviu e chamou a Polícia Militar.Com a chegada dos policiais, solicitou-se a W. que libertasse as vítimas presas em sua casa. Ele se negou a abrir o portão mediante ameaça de prender e prejudicar a carreira dos militares, em especial a do sargento F. L. F. Isso obrigou os policiais a resgatar a criança por cima das grades, dada a situação de pânico instalada. Com a chegada de reforço policial, W. percebeu que a situação iria piorar e soltou a vizinha e sua filha. Depois passou a desacatar os policiais envolvidos na operação, principalmente F. L. F.Como o pedido de trancamento da ação foi indeferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, a defesa do advogado apresentou novo pedido, dessa vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ).Em sua decisão, a Turma sustentou que, não se podendo afirmar a irrelevância, por inteiro e à evidência, dos fatos imputados, que, além, insulam-se em um contexto de acontecimentos que permite vê-los como uma unanimidade complexa, não há falar em inépcia da denúncia.Segundo o ministro Hamilton Carvalhido, relator do caso, "se a ação penal se mostra viável, em casos tais como o dos autos, não há porque excluir este ou aquele crime que o Ministério Público tenha como caracterizado, na exata razão de que a classificação jurídica dos fatos que oferece na denúncia não vincula o juiz, a que, de resto, cabe decidir a demanda no momento e sede processuais próprios".

Processo:  HC 44393Marcela Rosa - (61) 3319-8595

quarta-feira, 8 de fevereiro de 200606:12 - Ex-diretores da Editora Scipione continuam a responder a inquérito que investiga sonegaçãoO inquérito policial que investiga a acusação de crime de sonegação contra ex-diretores da Editora Scipione, de São Paulo, deve ser mantido. O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Edson Vidigal, negou a liminar que pedia a suspensão do indiciamento contra Marcos Fernandes Dias, Vicente Paz Fernandes, Olga Trapp Monroy, Luiz Esteves Sallum e José Gallafasi Filho. A decisão é válida pelo menos até que a Sexta Turma aprecie o mérito do habeas-corpus.Indiciados pela prática de crime contra a ordem tributária, tipificado pela Lei nº 8.137/90, os ex-

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diretores impetraram habeas-corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo, pedindo a suspensão do inquérito policial. O pedido foi negado, e a defesa recorreu ao STJ, alegando falta de justa causa para a instauração do inquérito. "Estando pendente de decisão em sede administrativa, não há que se falar na existência de crédito tributário, o que exclui a tipicidade de qualquer conduta que poderia vir a configurar crime contra a ordem tributária", alegou a defesa. Em liminar, requereram, então, a suspensão do indiciamento dos pacientes, bem como do trâmite do referido inquérito policial até o julgamento de mérito, no qual pedem o definitivo trancamento. Ao negar a liminar, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, considerou ausentes os requisitos que autorizariam a concessão da medida urgente. "De fato, não há como reconhecer o direito urgente reclamado sem perquirir, por via indireta, a própria legalidade do ato impugnado, matéria cujo exame compete privativamente ao colegiado", acrescentou. Após o envio das informações solicitadas pelo presidente, o processo será encaminhado ao Ministério Público para parecer. Em seguida, retorna às mãos do ministro Paulo Gallotti, que o levará ao julgamento da Sexta Turma.

Processo:  HC 52899Rosângela Maria - (61) 3319 8590

terça-feira, 7 de fevereiro de 200606:52 - Preso em flagrante por invadir casa pede relaxamento de prisão, mas tem liminar negadaO presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, indeferiu pedido liminar de Denir Silva Oliveira, preso em flagrante, juntamente com outro homem, quando tentou invadir uma casa para praticar o crime de estupro. O acusado vem pedir, no STJ, relaxamento de prisão. Para o ministro, compete ao órgão colegiado a análise do mérito da impetração. Denir Oliveira e outro homem invadiram uma casa, constrangendo, sob a ameaça de uma arma, uma mulher à prática de atos libidinosos e tentando praticar um estupro, quando foi preso em flagrante. Entrou com pedido de relaxamento de prisão, mas não obteve sucesso. Providenciou um habeas-corpus no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), mas também não obteve êxito.Alega o advogado de defesa excesso de prazo na formação da culpa, visto que o acusado se encontra preso cautelarmente, há mais de seis meses, sem ter sido julgado. E, por outro lado, invocando o princípio constitucional da presunção de inocência, sustenta a inexistência de motivos que indiquem a necessidade da segregação cautelar do acusado e pugna pela concessão da ordem em caráter liminar, a fim de que Denir seja colocado em liberdade.O ministro Vidigal indeferiu a liminar, entendendo que se confunde o mérito do habeas-corpus. "Salvo na hipótese de ilegalidade manifesta, o que não se verifica no caso, compete ao órgão colegiado, no momento oportuno e após a manifestação do Ministério Público, a análise do mérito da impetração", afirma. O ministro solicitou informações ao Judiciário paulista. Após serem prestadas, o processo segue para o Ministério Público Federal, para a emissão de parecer.O mérito do habeas-corpus será apreciado pelo relator, ministro Hélio Quaglia Barbosa, e pelos demais ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Processo:  HC 53218Kena Kelly - (61) 3319-8256

terça-feira, 7 de fevereiro de 200606:08 - OTN é índice de atualização a ser adotado para demonstrativos financeiros de 1989A Fazenda Nacional obteve provimento no recurso especial em que pretendia revisar ordem do Tribunal Regional Federal da 2a Região (TRF-2) em favor da Biolab Diagnóstico, restaurando o índice de correção monetária para o balanço de 1989 pela Obrigação do Tesouro Nacional (OTN) em vez de pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). A decisão é da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).O TRF-2 havia concedido mandado de segurança para a Biolab, reformando a decisão de primeiro grau que negou a ordem e determinou a dedução monetária do balanço de 1989 com base no IPC de janeiro (42,72%). Para a Fazenda, a decisão, além de divergir da jurisprudência, contrariaria as leis nº 7.730/89 e nº 7.799/89, que prevêem a aplicação da OTN de NCz$ 6,92 para efeito de

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correção monetária das demonstrações financeiras de pessoas jurídicas no período base de 1989. A Biolab contra-argumentou sustentando o caráter constitucional da questão, o que impediria a análise pelo STJ.Para o ministro Teori Albino Zavascki, a matéria é infraconstitucional, já que a decisão recorrida fundamentou-se em precedentes do próprio STJ e restringe-se o recurso à alegação de violação do artigo 30 das leis nº 7.799/89 e nº 7.730/89. Quanto ao direito de se realizarem os cálculos de atualização dos saldos existentes em janeiro de 89 com base na OTN no valor de NCz$ 10,51, que refletiria melhor a desvalorização da moeda, medida em 70,28% pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o relator entendeu ser procedente o pedido da Fazenda.O ministro esclareceu que, antes da implantação do Plano Verão, a correção monetária de balanço para efeito fiscal era disciplinada pelo artigo 19 do Decreto-Lei 2.335/87, que adotava a OTN como parâmetro para medir a inflação. "O valor nominal da OTN era então determinado pela inflação aferida no dia correspondente ao ponto médio do período de mensuração, compreendido entre o dia 16 de um mês e o dia 15 do mês seguinte pela variação do IPC, de forma que o IPC de um mês determinava o valor da OTN do mês seguinte. Ao promover a desindexação da economia, extinguindo a OTN, a Lei 7.730, de 31/01/89, manteve o IPC como indexador residual, nos termos do art. 15, 2o, e 17, e, em seu art. 30, expurgando, todavia, os efeitos inflacionários ocorridos entre a data do último balanço corrigido (dezembro/88) e o início de sua vigência", completou.Após, a Medida Provisória 57/89, convertida na Lei nº 7.777/89, que substituiu a OTN pelo BTN (Bônus do Tesouro Nacional), com variação mensal vinculada ao IPC. Seguiu-se ainda a Lei nº 7.799/89, que reafirmou as determinações da Lei nº 7.730/89 quanto à correção monetária de balanços para efeitos fiscais, aplicando a OTN de NCz$ 6,92.A questão, afirma o ministro, é de ordem pública, inexistindo, portanto, direito adquirido a qualquer índice de correção monetária, "razão pela qual o indexador que deve ser adotado pelas pessoas jurídicas é o vigente no momento de encerramento do exercício social. A situação contábil ou financeira é sempre medida por indexador ‘variável’, ainda que seja insuficiente para valorar a real inflação do período, carecendo de base legal a adoção de qualquer outro índice. Assim, ainda que o valor fixado da OTN em NCz$ 6,92 não seja suficiente para expressar a inflação real ocorrida no mês de janeiro de 1989, é legítima a alteração, pelas Leis 7.730/89 e 7.799/89, de indexador de correção monetária em matéria tributária". O ministro acrescentou que a jurisprudência do STJ reconheceu a possibilidade de o legislador instituir índices de atualização diferenciados para atender a diversidade de situações e de condições reais que caracterizam, em dado momento, a conjuntura financeira do País; afirmou também que não há base legal para pretender-se a utilização de outro índice. O Supremo Tribunal Federal (STF) também entende que não há um conceito de lucro tributável baseado em fato, mas apenas um conceito legal obtido pelo ajuste do resultado do exercício segundo as prescrições taxativas da legislação, e que não há exigência constitucional para que a inflação seja deduzida da apuração de lucro real tributável ou na indexação dos balanços das empresas.Concluiu o relator explicando estar superada a jurisprudência anterior do STJ que adotava o entendimento de que o fator de correção monetária das demonstrações financeiras utilizada na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSSL) deveria adotar o índice que melhor refletisse a efetiva inflação verificada no período-base de 1989, substituindo-se a OTN pelo IPC, tendo a Primeira Seção reconhecido a inexistência do direito do contribuinte a índice determinado de correção monetária, devendo prevalecer o especificado em lei, conforme o entendimento firmado pelo STF.

Processo:  REsp 724663Murilo Pinto - (61) 3319-8589

segunda-feira, 6 de fevereiro de 200619:10 - A partir de hoje, todos os recursos extraordinários serão processados na Corte EspecialA partir de hoje, 6, todos os processos e recursos de competência do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) serão processados na Coordenadoria da Corte Especial. Entre eles estão os recursos extraordinários, os agravos desses recursos (AG/RE) e os recursos ordinários em mandado de segurança e habeas-corpus (RO) e seus agravos (AG/RO). A coordenadora da Corte Especial, Vânia Maria Soares Rocha, aconselha os advogados a checar com muito cuidado no sistema onde os seus processos estão. "Ainda estamos numa fase de transição, e os recursos e processos com prazo em andamento estão nas Turmas e Seções de origem", destaca. Todos os novos processos,

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entretanto, serão processados na Corte Especial. Uma previsão por alto é que isso gere um aumento de trabalho para a Corte Especial de 200 processos por mês. Vânia Rocha explica que, com a Reforma do Judiciário (Emenda Constitucional nº 45), as cartas rogatórias e homologação de sentenças estrangeiras, antes de responsabilidade do STF, passaram para o STJ. "Com a emenda, houve a necessidade de criar uma divisão específica para esses processos. Mas concluiu-se pela criação de uma divisão respónsável pelo processamento de todos os feitos de competência do presidente", explicou. Para Vânia Rocha, concentrar esses processos na Corte Especial facilita o trabalho e contribui para a celeridade processual. "Antes a Presidência tinha que falar como dez coordenadorias para resolver todos as questões processuais, agora terá de lidar com apenas um setor e um único procedimento", opina. Mais informações: 3319-9838, 9846 e 9847.

Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090

segunda-feira, 6 de fevereiro de 200615:39 - Portaria que regulamenta retirada e cópia de processos já foi publicada no DJA portaria que trata da retirada e cópia de processos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi publicada no último dia 1º no Diário da Justiça (Página 183 - Seção 1). Confira abaixo a íntegra da norma.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAPRESIDÊNCIA

PORTARIA Nº 17, DE 30 DE JANEIRO DE 2006Regulamenta procedimentos necessários à obtenção de cópia reprográfica de peças dos autos e à retirada de processos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça.O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ, no uso de suas atribuições legais e regimentais, resolve, nos termos do art. 21, XXI, do Regimento Interno:Art. 1º. A Secretaria Judiciária manterá cadastro, no Sistema Integrado da Atividade Judiciária - SIAJ, com a relação dos nomes dos advogados, estagiários e demais representantes expressamente autorizados pelo advogado representante da parte a obter cópias de peças dos autos e a retirar processos em seu nome, ficando tal documento arquivado naquela unidade.Art. 2º. O cadastro terá validade de seis meses, devendo o interessado renová-lo nos termos do artigo anterior.Art. 3º. Caso não haja renovação dentro do prazo estabelecido, o cadastramento deverá ser automaticamente apagado do SIAJ.Art. 4º. A obtenção de cópia de peças de processos nos quais houver restrição legal de publicidade somente será possível mediante expressa autorização do advogado representante da parte ou despacho do relator.Art. 5º. A retirada de autos por advogado ou estagiário só poderá ocorrer nos termos da legislação processual e do Estatuto da Advocacia.Parágrafo único. Os advogados com procuração em processo que expressamente assumirem a responsabilidade pela integralidade dos autos até sua efetiva restituição às coordenadorias poderão indicar representantes para retirá-los.Art. 6º. Nos processos em que os entes públicos figurarem como partes ou interessados, poderão os autos ser retirados por servidor expressamente designado por ato do procurador-geral do respectivo órgão, no qual constará a responsabilidade da autoridade pela integralidade dos autos até sua efetiva restituição às coordenadorias.Art. 7º. A partir de 2 de janeiro de 2006, proceder-se-á a novo cadastramento mediante inscrição por meio de formulário disponibilizado no portal do STJ, que deverá ser assinado pelo advogado responsável e instruído com cópia dos documentos ali indicados, a ser entregue na Secretaria Judiciária.Art. 8º. A Secretaria de Tecnologia da Informação e das Comunicações adequará o SIAJ e o portal do STJ às necessidades oriundas desta portaria.Art. 9º. Fica revogada a Portaria nº 114, de 14 de dezembro de 2005.

Ministro EDSON CARVALHO VIDIGAL

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 200607:09 - Portador de doença maligna controlada mantém direito à isenção de imposto de rendaA Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu o direito de servidora pública municipal paulistana à isenção do imposto de renda em razão de câncer maligno sob controle há 16 anos. Com a decisão, o município de São Paulo deverá restituir os valores indevidamente retidos na fonte desde 1994. A autora da ação teve um nódulo retirado da mama aos 25 anos de idade. Aos 42, foi identificado carcinoma na mesma mama, levando à retirada total do órgão. A paciente passou por tratamento quimioterápico e radioterápico por um ano e imunológico por outros sete. Na época da suspensão da isenção pela prefeitura, sujeitava-se a exames preventivos e necessitava de acompanhamento médico periódico permanente. O juiz de primeiro grau entendeu que a perícia indicava ser a paciente portadora da doença, ainda que não manifestasse seus sintomas. Em alegação, o município sustentou que a ação deveria ser contra a União – por ser imposto de competência desta – e que a lei beneficiaria somente os contribuintes acometidos das doenças descritas. Como a autora não apresentaria sintoma há 16 anos, estaria curada e não poderia ser abrangida pela isenção. O Tribunal de Justiça paulista reformou a decisão de primeiro grau, atendendo ao pedido da prefeitura de São Paulo, e negou o recurso especial, que só subiu por força de agravo de instrumento.No recurso especial no STJ, a aposentada sustentou que o TJ-SP contrariou as leis federais que tratam do tema, "na medida em que, ao arrepio do princípio geral contido no inciso II do artigo 111 do CTN, impôs, para outorga da isenção prevista nas leis em regência, exigência não prevista em tais textos legais, qual seja, a contemporaneidade da doença apesar de tratar-se de moléstia não enquadrável no parágrafo 1o do art. 30 da Lei 9.250/95". A questão, afirmou, não envolveria re-análise de provas porque tanto a sentença quanto o acórdão afirmavam, de forma incontroversa, ser ela portadora do câncer, ainda que assintomática, e que é de "conhecimento geral que a recidiva possa ocorrer, e que pelo resto da vida estará a recorrente sujeita a percorrer a via-crúcis dos custos com exames e rigoroso acompanhamento médico". A recorrente apresentou decisões do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) em mandado de segurança no mesmo sentido da sua pretensão. Em uma, o TJDFT reconheceu que a razão de ser da lei é exatamente o acompanhamento médico a que os portadores de doença grave são submetidos. Noutra, que o portador de aids faz jus à isenção independentemente de apresentar sintomas da doença.O município contra-argumentou dizendo que o STJ teria entendimento firmado no sentido de ser necessário laudo médico oficial a comprovar a doença para se beneficiar da isenção prevista na Lei federal nº 7.713/88 [artigo 6o, inciso XIV]. E, tratando-se de moléstia reversível, "a isenção só beneficia a pessoa que efetivamente apresentar os sintomas da enfermidade".O TJ-SP afirmou que "não há câncer sem que tais características, ou sintomas, estejam presentes. [...] A inexistência dos sintomas implica a inexistência da doença. Recusa-se o perito [judicial] a admitir que a autora esteja curada e investe, com ironia e maus modos, contra a conclusão a que chegou o corpo técnico do Município. Erra o perito mais uma vez. A cura, em doenças com alto grau de retorno, nunca é total; organismos que apresentam características favoráveis ao desenvolvimento da doença podem sempre contraí-la de novo, mas será eventualmente um novo câncer, não aquele anterior." O ministro Luiz Fux esclareceu que, no caso, deveria ser aplicada análise principiológica do Direito, que implicaria partir do princípio jurídico genérico para chegar ao específico e deste para a legislação infraconstitucional. Desse modo, a solução adotada pelo TJ-SP destoaria do preceito constitucional da defesa da dignidade humana."Deveras, a isenção do imposto de renda, em favor dos inativos portadores de moléstia grave, tem como objetivo diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros relativos ao tratamento médico. Em assim sendo, merece ser restabelecida a sentença de primeiro grau", afirmou o relator.Conforme trecho da sentença citada pelo ministro, "a questão [...] é eminentemente técnica. O perito afirma, sem possibilidade de qualquer dúvida, que a autora é portadora da doença. Assim, para a improcedência, seria preciso que o réu trouxesse elementos técnicos capazes de afastar o laudo e, no entanto, em primeiro lugar – diversamente do que fez o assistente da autora – nada trouxe a confirmar a sua afirmação de que ‘são considerados, pelos critérios médicos atuais... como livres da doença quando atingem dez anos do diagnóstico, sem evidenciar qualquer sinal de progressão da mesma’, e em segundo lugar o afirmado por sua assistente técnica não se sustenta

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já que o que afirma é nada menos do que o seguinte: ‘existem chances de cura, após o período preconizado de acompanhamento e tratamento, caso não surjam recidivas e metástases’ (sic), isto é, o paciente pode ser considerado curado, desde que a doença não volte...".O ministro ainda ressaltou que tal análise não implica o reexame de prova, conforme jurisprudência do STJ: "A revaloração da prova delineada no próprio decisório recorrido, suficiente para a solução do caso, é, ao contrário do reexame, permitida no recurso especial."

Processo:  REsp 734541Murilo Pinto - (61) 3319-8589

segunda-feira, 6 de fevereiro de 200606:51 - Mantida prisão de empresário acusado de homicídio em Boa Viagem (PE)O empresário Eudes Teixeira de Carvalho Júnior teve pedido de liberdade negado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é acusado de ser o responsável pela morte do engenheiro Francisco Batista de Souza, baleado pelas costas, na praia de Boa Viagem, em Recife (PE), no dia 15 de agosto de 2004. O presidente do Tribunal, ministro Edson Vidigal, não concedeu liminar em um pedido de habeas-corpus apresentado pela defesa do empresário.Eudes foi pronunciado no dia 5 de setembro de 2005. A pronúncia é o ato do juiz que aceita a denúncia de crime proposta pelo Ministério Público e acata a submissão do réu a júri popular. Sua defesa apresentou recurso contra essa decisão, mas afirma que o juiz da 2ª Vara do Júri da Capital deixou de se manifestar a respeito, mesmo estando obrigado a fazê-lo no prazo de dois dias (artigo 589 do Código de Processo Penal).Por tal razão, apresentou pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça de Pernambuco, que reconheceu como nulo o despacho da primeira instância que deixou de apreciar o recurso. No entanto o TJ negou o habeas-corpus por entender que não havia excesso de prazo na instrução criminal, já que o empresário já estava pronunciado.Foi então que a defesa de Eudes ingressou no STJ, alegando que o juiz de primeira instância estava obrigado a se manifestar sobre o recurso, o que não foi feito. Por isso, pede que o empresário seja colocado em liberdade, até o julgamento do referido recurso. O ministro Vidigal decidiu negar a liminar porque entendeu que o exame se confunde com o próprio mérito do habeas-corpus. Agora, a apreciação do processo caberá à Sexta Turma. O relator será o ministro Hamilton Carvalhido.HistóricoNo dia 28 de outubro de 2004, Eudes foi preso por homicídio qualificado e formação de quadrilha. O empresário teria, conforme denúncia do Ministério Público, contratado pistoleiros para assassinar seu ex-sócio, o empresário Sérgio Miranda. Segundo investigação policial, ele e Eudes foram parceiros numa empresa no Ceará e enfrentaram uma batalha judicial envolvendo R$ 4 milhões, ganhada por Sérgio. Por engano, os matadores executaram o engenheiro Francisco Batista de Souza no calçadão da praia de Boa Viagem.Escutas telefônicas utilizadas pela Polícia Civil, inicialmente com o intuito de investigar o tráfico de drogas em um presídio, conteriam longas conversas entre Eudes e mais dois supostos envolvidos no assassinato do engenheiro. A defesa do empresário afirma que, no dia 26 de novembro de 2004, Eudes teria negado que a voz contida nas escutas fosse dele; no entanto, somente no dia 1º de abril de 2005, o MP teria requerido a perícia para a comparação das vozes.A denúncia do MP narra que as escutas surpreenderam Eudes "fazendo acertos para eliminar" o homem que teria atirado no engenheiro, o que fundamentou a prisão preventiva, pois estaria sendo tratado o plano da morte de um dos réus, pessoa que poderia dar informações sobre o crime, portanto uma testemunha.

Processo:  HC 52793Sheila Messerschmidt - (61) 3319-8588

segunda-feira, 6 de fevereiro de 200606:37 - Mantida ação penal contra administradores de colégio acusados de apropriação indébitaEstá mantida a ação penal que investiga a eventual prática de apropriação indébita de contribuições previdenciárias por dois administradores do Colégio Barão de Mauá S/C Ltda., de São Paulo. O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Edson Vidigal, negou a liminar com a qual se pretendia o trancamento da ação penal contra Abraham e Yvonne Kasinski.

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Denunciados pelo Ministério Público, eles pediram o trancamento da ação, alegando ser inepta e genérica a denúncia. Segundo argumentaram, a acusação estava restrita a fatos ocorridos em período supostamente anterior à gestão dos pacientes. Pediram, em liminar, que fosse sobrestada a ação penal, até que decidida a impetração. Ao negar o pedido, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal¸ considerou que não estavam presentes os requisitos que autorizavam a concessão da medida. "Não me parece possível deferir a pretensão urgente, uma vez que intrinsecamente ligada ao próprio mérito da impetração", considerou. "De fato, não há como reconhecer o direito reclamado sem percorrer, por via indireta, o terreno definitivo da pretensão, cujo exame compete privativamente ao colegiado", acrescentou. Após o envio das informações solicitadas pelo presidente, o processo será encaminhado ao Ministério Público Federal, que vai emitir parecer sobre o caso. Em seguida, o habeas-corpus retorna ao STJ, para as mãos do ministro Hélio Quaglia Barbosa, que levará o mérito ao julgamento da Sexta Turma.

Processo:  HC 53305Rosângela Maria - (61) 3319 8590

segunda-feira, 6 de fevereiro de 200606:06 - Estudante acusada de auxiliar fuga de presos permanece presaA estudante Fabiana Antunes Cordeiro, acusada de participar da tentativa de resgate de um preso, permanecerá presa. O pedido da defesa para que respondesse ao processo em liberdade foi indeferido pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, que não concedeu a liminar solicitada em um habeas-corpus. O entendimento é o de que a liminar se confunde com o próprio mérito da ação. A defesa da estudante Fabiana Antunes Cordeiro entrou no STJ com pedido de habeas-corpus alegando excesso de prazo na formação da culpa. Ela é acusada de participar da tentativa de resgate do assaltante Carlos Alberto Rodrigues, encarcerado, na época, na penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, a P1 de Tremembé, interior de São Paulo, que ocorreu em 2 de novembro de 2003. Carlos Alberto teria pago à organização criminosa PCC para ser regatado. Armas que teriam sido usadas na ação teriam sido encontradas no armário de Fabiana, filha de uma agente penitenciária que trabalha na P1. A ré seria ainda amiga de Fábio Augusto Gonçalves, também acusado de participar da ação. O Tribunal de Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de Fabiana Antunes, que se apresentou espontaneamente à Justiça em novembro de 2003. A defesa dela ressaltou que, devido a fatores externos como greve dos servidores do Judiciário, houve vários atrasos no pronunciamento da ré, o que manifestaria um incontestável constrangimento ilegal. Também destacou que a prisão preventiva é uma exceção só justificada para garantia da ordem pública ou econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, se há prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Ainda segundo a defesa, a prisão preventiva não pode ser usada como punição antecipada.Em sua decisão, o ministro Edson Vidigal afirmou que falta à pretensão o fumus boni iuris (aparência do bom direito), além de o pedido liminar se confundir com o mérito do habeas-corpus, cuja apreciação é da competência do colegiado, no caso a Sexta Turma. "Ainda que assim não fosse, há nos autos a notícia de que a paciente já foi pronunciada. Segundo entendimento sumulado na corte, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução", destacou o ministro. O constrangimento ilegal é um dos elementos essenciais para a concessão de habeas-corpus.O ministro solicitou informações à Justiça paulista e determinou que os autos sigam ao Ministério Público Federal para a manifestação deste, após o que segue para o relator, ministro Paulo Gallotti.

Processo:  HC 53237Fabrício Azevedo - (61) 3319-8090

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Informativo Nº: 0276Período: 6 a 10 de março de 2006.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Primeira SeçãoIPI. CRÉDITO-PRÊMIO. EXTINÇÃO.Trata-se do crédito-prêmio do IPI instituído pelo DL n. 491/1969, que teve sua extinção fixada em 30/6/1983, a teor do art. 1º do DL n. 1.658/1979, modificado, posteriormente, pelo DL n. 1.724/1979. Nesse último e no DL n. 1.894/1981, o STF, em controle difuso, considerou inconstitucionais algumas expressões no sentido de que o ministro da Fazenda, além de outorgar delegação proibida pela CF antecedente, não poderia, por ato normativo secundário, dispor sobre matéria reservada em lei. A rediscussão da matéria foi provocada pela edição da Resolução n. 71 do Senado Federal. A Seção, por maioria, em voto de desempate, negou provimento aos mbargos da Fazenda Nacional, restabelecendo a jurisprudência anterior sobre o tema, ou seja, reconheceu que o direito ao crédito-prêmio para exportadores é válido até outubro de 1990 (o art. 41, § 1º, ADCT diz da necessidade de vir lei posterior à CF/1988 para revalidar aquele incentivo fiscal). Outrossim, houve unanimidade quanto ao fato de que a Resolução n. 71/2005 do Senado Federal, não teria como afetar as decisões proferidas ante a impossibilidade de ser examinada no âmbito do recurso especial, restrito às questões anteriormente decididas nas instâncias ordinárias (CF/1988, art. 105, II). EREsp 396.836-RS, Rel. originário Min. Teori Albino Zavascki, Rel. para acórdão Min. Castro Meira, julgados em 8/3/2006. (ver Informativo n.267.)

Segunda Seção COMPETÊNCIA. SINDICATO. ACORDO JUDICIAL.Um sindicato, na qualidade de substituto processual, ajuizou reclamação trabalhista e firmou acordo judicial. Sucede que o substituído reputa esse acordo prejudicial a seus interesses, o que o levou a impetrar a presente ação de indenização de danos morais e materiais. Dessarte, é evidente não se tratar de relação trabalhista entre as partes no bojo desta ação, mas sim de suposto prejuízo pela indevida atuação do sindicato. Diante disso, a Seção entendeu competente para processar e julgar a

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ação o juízo de Direito e não o trabalhista. CC 53.874-MG, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 8/3/2006.

Terceira SeçãoMS. ANISTIADO. REPARAÇÃO ECONÔMICA. MONTANTE RETROATIVO.Cuida-se de mandado de segurança em que se alega o descumprimento parcial da portaria do ministro da Justiça que declarou o impetrante anistiado político. Malgrado implantada a reparação econômica com a inclusão do anistiado em folha de pagamento, não houve, ainda, o adimplemento dos atrasados, que se tornaram devidos em razão do caráter retroativo atribuído ao ato declaratório. Num primeiro momento, inclinou-se a Seção a interpretar tal pretensão como se cobrança fosse, não se podendo satisfazê-la mediante impetração de madado de segurança. Um dos julgados foi submetido à apreciação do STF e lá se concluiu que se tratava não de simples cobrança de atrasados, mas, sim, da necessidade de ver cumprida, em toda sua extensão, portaria editada por autoridade competente. A questão passou a ser decidida na Seção, sob o novo enfoque. O Min. Relator entendeu que, também no presente caso, está configurada a omissão atribuída ao ministro do Estado da Defesa. Nos termos da Lei n. 10.559/2002, dispunha tal autoridade de sessenta dias para providenciar a inclusão do anistiado em folha de pagamento e realizar a quitação do montante retroativo, o que não foi cumprido, incorrendo em omissão. Trata-se de omissão que se renova continuamente, daí ser despropositada a alegação de se ter operado a decadência do direito à impetração. Também a inexistência dos recursos financeiros necessários ao adimplemento integral da obrigação é questão já superada à vista da existência de crédito específico para o pagamento dos anistiados. Com esse entendimento, a Seção concedeu a segurança a fim de determinar à autoridade coatora que implemente a reparação econômica do montante retroativo. MS 11.238-DF, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 8/3/2006.

EMBARGOS. INDEFERIMENTO LIMINAR.Nos termos do art. 266, § 3º, do RISTJ, sorteado o Min. Relator, este poderá indeferir os embargos de divergência liminarmente, quando forem intempestivos, ou quando contrariarem súmula do Tribunal, ou não se comprovar ou não se configurar a divergência jurisprudencial. Daí que o indeferimento liminar pode, sim, ocorrer por decisão monocrática, quando verificado um dos defeitos acima descritos, tal como se deu no caso dos autos. Outrossim, o acórdão embargado está em consonância com a jurisprudência consolidada neste Superior Tribunal. AgRg nos EREsp 684.412-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 8/3/2006.

MS. SERVIDOR PÚBLICO. ANISTIA.A Seção, ao prosseguir o julgamento, concedeu a segurança, acolhendo a preliminar de decadência da competência administrativa para rever as anistias concedidas aos empregados da EBCT e similares de São Paulo, da Grande São Paulo e da Zona Postal de Sorocaba, a fim de se assegurar que sejam os atos de invalidação das anistias precedidos de processo administrativo que lhes proporcione o contraditório e a ampla defesa. Precedentes citados: MS 9.112-DF, DJ 14/11/2005; REsp 515.225-RS, DJ 20/10/2003, e RMS 10.673-RJ, DJ 26/6/2000. MS 8.627-DF, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 8/3/2006.

Primeira TurmaARREMATAÇÃO. VÍCIO. DESCONSTITUIÇÃO. AÇÃO PRÓPRIA.A Turma entendeu que, considerando a expedição de carta de arrematação com transcrição no registro imobiliário e posterior transferência a terceiro, somente em ação própria cabe a desconstituição da arrematação concluída (CPC, art. 694). Por ser incabível, resta prejudicado o pedido de nulidade do processo executivo na forma de petição nos próprios autos da ação fiscal. Precedentes citados: REsp 426.106-MG, DJ 11/10/2004; AgRg no REsp 165.228-SP, DJ 25/9/2000, e REsp 36.397-CE, DJ 29/11/1993. REsp 577.363-SC, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 7/3/2006.

AÇÃO RESCISÓRIA. VALOR DA CAUSA.Na espécie, ressaltou o Min. Relator existirem decisões deste Superior Tribunal segundo as quais, em se tratando de sentença rescindenda já objeto de liquidação, o valor da causa deve ser equivalente àquele da condenação. Entretanto explicitou o Min. Relator que, devido à vultosa quantia (R$

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116.774.423,12) em que fora condenada a autarquia na ação originária, a fixação em função da condenação inviabilizaria o exercício do direito dela, autarquia autora, buscar a desconstituição da sentença transitada em julgado, na qual supostamente vislumbra os fundamentos de rescindibilidade previstos no art. 485 do CPC, além do conseqüente rejulgamento da causa. Assim, em razão das peculiaridades do caso, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, aplicou a regra já firmada de que o valor da causa em ação rescisória é o da ação originária cuja decisão se pretende rescindir, porém corrigido monetariamente. Precedentes citados: REsp 57.552-MS, DJ 5/4/2002; EDcl AR 1.365-SC, DJ 22/10/2001, e AR 818-AM, DJ 24/9/2001. REsp 744.286-DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/3/2006.

TRANSPORTE COLETIVO INTERMUNICIPAL. EXPLORAÇÃO. SEÇÕES. LINHAS. LICITAÇÃO.Trata-se de ação com objetivo de ver declarado o direito da autora, ora recorrida, de explorar seções de linhas (prolongamento do trecho concedido) nas quais a empresa é permissionária de transporte rodoviário interestadual de passageiros e ainda de ver condenada a ré (União) a expedir os documentos para sua habilitação. A Turma deu provimento ao recurso da União, conhecendo parcialmente do recurso das outras empresas (litisconsortes passivas), dando-lhe provimento para reconhecer a necessidade de licitação para qualquer alteração referente à linha. Outrossim, a demora na apreciação do pedido de autorização para exploração das referidas seções não pode superar a obrigatoriedade da licitação. Ademais, no caso, há ação civil pública impondo essa obrigação. Precedente citado: REsp 617.147-PR, DJ 25/4/2005. REsp 529.102-PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/3/2006.

EXECUÇÃO. FINSOCIAL. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS.Em ação declaratória cumulada com repetição de indébito, a autora (empresa ora embargada) procurou eximir-se do recolhimento do Finsocial, apontando a inconstitucionalidade dessa exação. Foi compelida a efetuar depósito de 2%, mas, no mérito, teve o pedido julgado improcedente. Essa decisão transitou em julgado e os autos baixaram à vara de origem. Então, a Fazenda Nacional requereu a conversão em renda dos depósitos judiciais. Essa foi impugnada pela embargada ao argumento de que, no RE 150.764-PE, o STF declarou a inconstitucionalidade das alíquotas do Finsocial em valor superior a 0,5% e requereu o levantamento das quantias excedentes. O juízo negou o pedido da autora, mas ela foi vitoriosa no Tribunal a quo, em sede de agravo de instrumento – que autorizou a ora embargada a proceder ao levantamento superior a 0,5%, devendo o saldo remanescente ser convertido em renda em favor da Fazenda. Essa se insurge contra aquela decisão no REsp e aponta erro material. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, acolheu os embargos, emprestando-lhes efeitos modificativos, para dar provimento ao REsp da Fazenda Nacional, determinando que os depósitos sejam revertidos em favor da União. Considerou-se que houve erro material, pois a embargante, como empresa exclusivamente prestadora de serviços, está obrigada a recolher a alíquota do Finsocial em sua totalidade, de acordo com o art. 28 da Lei n. 7.738/1989, considerado constitucional pelo STF. Já o Min. Relator entendia que, nos restritos limites dos embargos de declaração (art. 535 do CPC), não caberia atacar o mérito do recurso. EDcl nos EDcl nos EDcl no REsp 331.652-RJ, Rel. originário Min. Luiz Fux, Rel. para acórdão Min. José Delgado, julgados em 9/3/2006.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ADICIONAL DE FÉRIAS.A Turma, ao prosseguir o julgamento, reiterou que sobre o adicional de férias não incide a contribuição previdenciária, visto que não tem caráter retributivo, uma vez que não integra a remuneração a ser percebida quando da aposentadoria. REsp 615.618-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 9/3/2006.

Segunda Turma AG. CÓPIAS NÃO-ASSINADAS. REGULARIZAÇÃO.Trata-se de agravo de instrumento (art. 544, CPC) interposto com o intuito de fazer subir o recurso especial, mas, na formação do instrumento, a cópia da petição de interposição do REsp e o substabelecimento do mandato para tal fim não estavam devidamente assinados pelo causídico. Porém, nos autos do processo principal, as peças originais foram devidamente assinadas. Assim sendo, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que a instrumentalidade das formas não pode sacrificar o direito maior a que serve o processo. A flexibilização na aplicação das normas formais tem o intuito de salvaguardar o direito material, ainda mais quando não houver prejuízo para a parte contrária e o ato alcançar sua finalidade. Logo, deu-se provimento ao agravo e

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determinou-se a subida do REsp. AgRg no Ag 680.480-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 7/3/2006.

MS. DECADÊNCIA. CONTAGEM. PRAZO.A lei municipal que determina limite de tempo para que a instituição financeira preste determinado serviço caracteriza-se como “lei de efeitos concretos”. Por conseguinte, o mandado de segurança que visa atacá-la tem prazo decadencial de 120 dias, contados a partir da data em que a lei passou a viger. Assim, a Turma negou provimento ao recurso, pois ultrapassado o prazo do art. 18 da Lei n. 1.533/1951, com a conseqüente extinção do writ (art. 267, V, CPC). Precedentes citados: REsp 9.103-SP, DJ 26/8/1991; REsp 260.633-SP, DJ 27/8/2001, e RMS 17.286-RN, DJ 17/10/2005. REsp 711.270-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 7/3/2006.

Terceira TurmaCONTRATO. PERMUTA. INCORPORAÇÃO. ART. 920 DO CC/1916.A impugnação em torno do art. 920 do CC/1916 tem força apenas para que seja observado o limite nele previsto. REsp 742.475-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 7/3/2006.

AÇÃO. PRESTAÇÃO DE CONTAS.Trata-se de ação de prestação de contas ajuizada pelos recorrentes ao fundamento de que, no curso do processo e inventário do pai dos litigantes, constatou-se sensível diminuição patrimonial dos bens do falecido referente a valores depositados em contas de poupança que foram abertas por ele em conjunto com os recorridos. Alegam os recorrentes que a ação de prestação de contas era cabível, uma vez que os recorridos eram mandatários do falecido, com poderes de administração dos bens desse e, por isso, podiam movimentar as referidas contas. Diante disso, a Turma não conheceu do recurso ao entendimento de que a obrigação de prestar contas estende-se a todos aqueles que administrem bens ou valores de terceiros, porém, no caso, as contas de poupança foram abertas pelo pai em conjunto com os recorridos, que, posteriormente, mas antes de seu falecimento, tornaram-se únicos titulares, donde se conclui que os valores depositados nas mencionadas contas não integravam o patrimônio deste quando do seu falecimento, mas consistiram verdadeira doação de pai para filhos. Assim, os recorridos não tinham obrigação de prestar contas aos recorrentes. REsp 658.244-CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/3/2006.

CONSÓRCIO. IMÓVEIS. DEVOLUÇÃO. PARCELAS. TAXA. ADMINISTRAÇÃO.No consórcio de bens imóveis, a devolução das parcelas pagas deve obedecer ao que assentado na jurisprudência para o consórcio de automóveis, ou seja, far-se-á até trinta dias após o encerramento do plano, contando-se os juros dessa data e a correção monetária de cada desembolso. Não havendo regra específica que limite os valores da taxa de administração, diversamente do que ocorre no consórcio de automóveis, mas deixada para o contrato, a modificação desse somente caberia em caso de abuso, despropósito ou falta de moderação, o que não ocorre neste feito. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe provimento para determinar que a devolução seja feita até trinta dias após o encerramento do grupo, contando-se os juros dessa data, e para ser respeitada a estipulação contratual sobre a taxa de administração. REsp 612.438-RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 7/3/2006.

EXECUÇÃO. ALIMENTOS. PARCELAS VENCIDAS.Quando se tratar de execução de alimentos, é cabível o pedido de que sejam incluídas as prestações vencidas no curso da execução, mesmo que o rito utilizado seja o da execução por quantia certa (art. 732 do CPC). Assim, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, conheceu do recurso e deu-lhe provimento. Precedentes citados: REsp 505.173-RS, DJ 2/8/2004, e REsp 657.127-RS, DJ 27/6/2005. REsp 706.303-RJ, Rel. originário Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. para acórdão Min. Castro Filho, julgado em 7/3/2006.

Quarta Turma INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL E MORAL. CORRENTISTA.Trata-se de retiradas de dinheiro da conta-corrente sem o conhecimento do correntista (autor), ocasionando a devolução de cheques sem provisão e despesas de tarifas bancárias. Tudo, sem que o banco, ora recorrente, prestasse qualquer esclarecimento ao autor. Só após ele levar o caso ao

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conhecimento do Judiciário é que o banco tardiamente lhe teria ressarcido parcialmente o valor retirado da sua conta-corrente. Conforme ressaltou o Min. Relator, as instâncias ordinárias concluíram pela conduta ilícita do banco e, com base no CDC, reconheceram o direito à indenização por dano moral e material. Isso posto, a Turma, por concordar com esses fundamentos, não conheceu do recurso. REsp 651.086-RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, julgado em 7/3/2006.

RECURSO. DESERÇÃO. PREPARO. FÉRIAS FORENSES.Na espécie, a recorrente interpôs apelação durante as férias forenses, mas só efetuou o preparo no dia seguinte à sua interposição, e o Tribunal de origem julgou o recurso deserto. O Min. Relator aduz correta a decisão a quo, esclarecendo que este Superior Tribunal adota o princípio da preclusão consumativa – não pode haver o pagamento do preparo após a interposição do recurso porque o termo ad quem para o preparo finda no momento em que é protocolizado o recurso. Assim, pouco importa se o prazo para o recurso ainda esteja aberto ou seja período de férias forenses. A única exceção que este Superior Tribunal vinha admitindo era na hipótese de o expediente bancário terminar antes do forense, o que não ocorreu no caso. Precedentes citados: REsp 130.925-MG, DJ 2/3/1998, e REsp 105.669-RS, DJ 3/11/1997. REsp 659.045-ES, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 7/3/2006.

ARRENDAMENTO RURAL. NÃO-PAGAMENTO. ALUGUEL. DESPEJO.No contrato de arrendamento rural, quando o arrendatário não cumpre as obrigações assumidas e não paga as sacas de cereais colhidos na área arrendada, dá ensejo à interposição de ação de despejo e não de reintegração de posse. Ora, o art. 32, parágrafo único, do Dec. n. 59.566/1966, que disciplina a ação de despejo neste caso, autoriza o arrendatário, no caso do item III, caput, requerer, no prazo da contestação, a purgação da mora, impedindo, dessa maneira, a rescisão do contrato. Contudo, na ação reintegratória de posse, não cabe ao arrendatário exercer aquele direito. Assim, a Turma conheceu do recurso e deu-lhe provimento para cassar o acórdão dos embargos declaratórios e restabelecer o aresto da apelação. Precedente citado: AgRg na MC 1.407-SP, DJ 14/6/1999. REsp 399.222-GO, Rel. Min. Jorge Scartezzini, julgado em 9/3/2006.

Quinta Turma LIVRAMENTO CONDICIONAL. MANIFESTAÇÃO. CONSELHO PENITENCIÁRIO.Após a Lei n. 10.792/2003, que deu nova redação ao art. 112 da LEP, a concessão de livramento condicional prescinde de manifestação prévia do conselho penitenciário. Fica ao critério do juízo de execuções dispensá-la ou não. HC 46.426-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/3/2006.

ESTUPRO. VIOLÊNCIA REAL. MAJORANTE.A vítima do estupro, de três anos de idade, sofreu lesões corporais, conforme restou constatado. Logo, o crime, tido por hediondo, foi praticado com efetiva violência real, o que faz incidir a majorante prevista no art. 9º da Lei n. 8.072/1990, diante do fato de a vítima encontrar-se nas hipóteses do art. 224 do CP. Assim, não há que se falar em bis in idem. Precedentes citados: REsp 761.950-RS, DJ 14/11/2005, e HC 38.824-RJ, DJ 22/8/2005. HC 50.398-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/3/2006.

ANULAÇÃO. ENQUADRAMENTO. CONTRADITÓRIO.A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu que o ato administrativo que anulou o enquadramento dos impetrantes (o que lhes resultou a perda dos cargos) deveria ser precedido de contraditório, da instauração de processo administrativo, no qual seriam, ao menos, ouvidos. Isso se deve ao fato de o ato ter repercutido no campo de seus interesses individuais, de eles serem afetados com a revisão. Precedente citado do STF: RE 158.543-9-RS, DJ 6/10/1995; do STJ: MS 9.814-DF, DJ 19/10/2005; MS 10.319-DF, DJ 28/11/2005; MS 7.993-DF, DJ 23/11/2005, e RMS 10.673-RJ, DJ 26/6/2000. RMS 13.561-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 7/3/2006.

Sexta Turma PRISÃO DOMICILIAR. REGIME FECHADO.O paciente, ora com mais de 77 anos de idade, foi condenado a sete anos de reclusão pelo crime de atentado violento ao pudor, pena a ser cumprida em regime integralmente fechado. Recolhido desde 2004, agora pleiteia sua prisão domiciliar em razão de seu estado de saúde: padeceria de sérias

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doenças cardíacas e precisaria de tratamento contínuo impossível de ser ministrado no estabelecimento prisional em que se encontra recolhido, além de necessitar usar fraldas descartáveis. É certo que a jurisprudência deste Superior Tribunal tem admitido, excepcionalmente, a concessão da prisão domiciliar aos condenados em cumprimento de pena em regime fechado, porém quando comprovada plenamente sua necessidade. No caso, o gerente do presídio de fato afirma que, naquele estabelecimento, não há local adequado ao tratamento, mas também deixa claro que o paciente pode ser atendido nas unidades de saúde da região, como já sucedeu, o que afastaria a concessão de tal benesse. Assim, perfilando esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, denegou, por maioria, a ordem. O Min. Nilson Naves, vencido juntamente com Min. Paulo Medina, concedia a ordem, em suma, em razão de que, na hipótese, a pena imposta perdeu seu caráter de reeducacão. Precedentes citados: HC 40.272-MS, DJ 26/9/2005; HC 41.935-MG, DJ 23/5/2005, e HC 33.777-RJ, DJ 8/11/2004. HC 49.627-SC, Rel. Min. Hélio Quáglia Barbosa, julgado em 7/3/2006.

CRIME HEDIONDO. PROGRESSÃO DE REGIME.A Turma, por unanimidade, entendeu ser possível conceder a progressão de regime prisional aos condenados por crimes hediondos (art. 112 da Lei n. 7.210/1984 e art. 33, § 2°, do CP). Precedente citado: HC 34.652-PR, DJ 1°/2/2005. HC 49.740-MS, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 7/3/2006.

ADVOGADO. ACESSO. INQUÉRITO POLICIAL. SIGILO.Apesar de o paciente buscar combater decisão singular de desembargador federal que negou liminar em habeas corpus, o Min. Relator, ao considerar haver ilegalidade flagrante, concedeu a liminar requerida neste habeas corpus para que o defensor constituído pelo ora paciente tivesse vista, em cartório, dos autos de inquérito policial, esse reputado sigiloso para o êxito das investigações (art. 20 do CPP). Após, estendeu a outro os efeitos da liminar concedida. O TRF, por sua vez, julgou prejudicado habeas corpus lá impetrado, decerto em decorrência daquela liminar. Agora, o Min. Relator trouxe à Turma seu voto pela concessão da ordem, ao retomar o fundamento expendido na concessão da liminar de que a aparente incompatibilidade entre as normas que possibilitam o sigilo em prol da sociedade (art. 5º, XXXIII e LX, da CF/1988, e art. 20 do CPP) e as que prestigiam a defesa do réu, tais como o princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/1988) e da inviolabilidade de direitos inerentes à dignidade da pessoa humana (art. 5°, X e LV, do mesmo diploma) deve ser resolvida em favor da liberdade. Aduziu, ainda, que o art. 7º, XIV, da Lei n. 8.906/1994 assegura o perseguido acesso. Porém esse entendimento não foi acolhido pela maioria da Turma, que entendeu julgar prejudicada a ordem e extinta a medida liminar. O Min. Hamilton Carvalhido, vencedor, ponderou que a hipótese não poderia ser atacada pela via do habeas corpus, visto que não há discussão acerca da liberdade de locomoção, que há dificuldades em admitir-se a extensão a terceiro que não foi parte na ação mandamental e, ao final, firmou que a questão não guarda finalidade prática porque se estaria a impugnar uma decisão monocrática incidental em um pleito que foi julgado prejudicado. HC 42.914-RS, Rel. originário Min. Nilson Naves, Rel. para acórdão Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 7/3/2006.

AUXÍLIO-ACIDENTE. APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO. MOLÉSTIA ANTERIOR.A partir da redação dada ao § 2º do art. 86 da Lei n. 8.213/1991 pela Lei n. 9.528/1997, advinda, por sua vez, da MP n. 1.596/1997, ficou vedada a acumulação de auxílio-acidente com qualquer aposentadoria. Estando o segurado aposentado por tempo de serviço desde 13/4/1997 e proposta a ação em 20/4/1999, após a referida medida provisória, não pode cumular os benefícios. Não há menção, no acórdão recorrido, de que houve o reconhecimento da incapacidade na via administrativa, tampouco há referência à eclosão da moléstia em momento anterior à vigência da proibição. Há o reconhecimento da redução da capacidade laboral e do nexo etiológico, todavia apenas a partir do laudo pericial realizado na mencionada ação, quer dizer, após a legislação proibitiva. Se, por um lado, tal circunstância afasta a possibilidade de recebimento concomitante da aposentadoria com o auxílio-acidente, por outro, a adoção do entendimento diverso por este Superior Tribunal não dispensaria a reanálise do quadro fático-probatório. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao agravo. Precedentes citados: EREsp 488.254-SP, DJ 2/3/2005, e AgRg no REsp 631.668-SP, DJ 25/10/2004. AgRg no REsp 676.862-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 9/3/2006.

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ALUNO APRENDIZ. CÔMPUTO. TEMPO DE SERVIÇO.O período trabalhado como aluno aprendiz é computado para fins de aposentadoria em favor do autor. Note-se que o acórdão reconheceu não só o vínculo empregatício, mas também a retribuição pecuniária indireta (Súm. n. 96-TCU) à conta do orçamento da União. Precedente citado: RMS 11.556-RS, DJ 1º/3/2004. AgRg no REsp 777.153-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 9/3/2006.

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Informativo Nº: 0275Período: 20 de fevereiro a 3 de março de 2006.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Primeira SeçãoCOMPENSAÇÃO. LEI N. 10.637/2002.Em retificação à notícia do julgamento do REsp 720.966-ES (ver Informativo n. 271), leia-se: O STJ vem enfrentando o problema da aplicação da Lei n. 10.637/2002 (que afastou a necessidade de os tributos serem de mesma espécie e destinação constitucional para fins de compensação) aos processos em tramitação ajuizados antes do advento daquela lei. Diante disso, a Min. Relatora trouxe à Seção a retificação do resultado do julgamento do REsp proclamado na sessão de 12/12/2005. Após traçar, em minucioso voto, a retrospectiva da legislação referente ao tema, a Min. Relatora aduziu que seria incongruente aceitar a jurisprudência sedimentada de que a lei aplicável à matéria seria aquela vigente na data do encontro de contas e aquela mais recente de que a Lei n. 10.637/2002 só é aplicável às ações ajuizadas após seu advento. Argumentou que não se pode afastar o fato de que as leis então vigentes na propositura da ação não mais vigem, que o encontro de contas deu-se, justamente, na vigência da lei nova, que a pretendida declaração da possibilidade de compensação só se dará após o trânsito em julgado e, por isso, não há que se impedir a aplicação da novel legislação ou mesmo falar em retroatividade de norma, pois, conforme a jurisprudência, as leis que autorizam a compensação se aplicam a recolhimentos anteriores a seu advento. Firmou, também, que, diante da tecnicidade do recurso especial, a melhor solução seria considerar prequestionada a tese da compensação de tributos diversos, apesar de se ter julgado a demanda à luz da Lei n. 8.383/1991 ou n. 9.430/1996, conhecer dos eventuais recursos dos contribuintes e aplicar o direito à espécie (Súm. n. 456-STF), para autorizar a compensação na forma da Lei n. 10.637/2002. Anotou, outrossim, que o CTN, em seu art. 106, garante a retroatividade da lei mais benéfica. Porém, ao final, ressalvou esse seu ponto de vista para acompanhar o consabido entendimento da maioria da Seção e deu provimento ao recurso da Fazenda para restringir, na hipótese, a compensação do Finsocial apenas com débitos da Cofins, no que foi acompanhada à unanimidade. Precedentes citados: EREsp 164.522-SP, DJ 14/2/2000; REsp 704.902-RJ, DJ 4/4/2005; REsp 640.064-PE, DJ 23/8/2004; EDcl no REsp 162.871-SP, DJ 1º/8/2000, EREsp 524.322-BA, DJ 28/3/2005, e REsp 500.477-SC, DJ 9/2/2004. REsp 720.966-ES, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 22/2/2006 (ver Informativo n. 273).

OTN/BTNF. LEI N. 8.200/1991. ANO-BASE. 1989.Por força do entendimento do STF, reconhecendo a constitucionalidade da Lei n. 8.200/1991, nas demonstrações financeiras do ano-base de 1989, a Seção decidiu que o índice de correção monetária aplicável é a OTN/BTNF, descabendo utilizar-se o IPC por se empregar, mormente, no ano-base de 1990. Precedentes citados do STF: RE 201.465-MG, DJ 17/10/2003; do STJ: EDcl no AgRg no REsp 638.749-CE, DJ 5/9/2005; AgRg no Ag 593.647-RJ, DJ 29/8/2005, e REsp 692.241-RJ, DJ 1º/7/2005. EREsp 673.615-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgados em 22/2/2006.

Terceira SeçãoCOMPETÊNCIA. CONFLITO. JUÍZO FEDERAL. JUIZADO ESPECIAL.A Turma, ao prosseguir o julgamento, reafirmou, por maioria, que é deste Superior Tribunal a competência para dirimir o conflito em questão, envolvendo juízo federal e juizado especial federal, ambos sediados no mesmo estado-membro. Anotou que, sob o aspecto jurisdicional, o juizado subordina-se à Turma Recursal e não ao TRF, tal como o juízo federal. Por fim, declarou competente o juizado especial federal, em suma, porque o valor da causa não ultrapassa o limite de sessenta

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salários mínimos (Lei n. 10.259/2001, art. 3º) e também por não se cuidar de impugnação a ato administrativo. CC 47.516-MG, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 22/2/2006.

Primeira TurmaREPETIÇÃO DE INDÉBITO. JUROS MORATÓRIOS.A atual jurisprudência deste Superior Tribunal é no sentido de que, em se tratando de repetição de indébito, devem ser aplicados juros moratórios ao percentual de 1% ao mês. Precedente citado: REsp 714.650-MG, DJ 14/11/2005. AgRg no Ag 718.214-RJ, Rel. Min. José Delgado, julgado em 21/2/2006.

EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. TÍTULO EXTRAJUDICIAL. NOTA DE EMPENHO.A nota de empenho emitida por agente público se constitui em título executivo extrajudicial. Com esse entendimento, a Turma, por maioria, conheceu do recurso e lhe deu provimento. Precedentes citados: REsp 289.421-SP, DJ 8/4/2002; REsp 171.228-SP, DJ 1º/7/1999, e REsp 193.896-RJ, DJ 12/6/2000. REsp 793.969-RJ, Rel. originário Min. Teori Albino Zavascki, Rel. para acórdão Min. José Delgado, julgado em 21/2/2006.

ICMS. BASE. CÁLCULO. VENDA. ENTREGA FUTURA.Discute-se sobre a validade do Dec. estadual n. 34.104/1991 (contestado em face do art. 2º, I, do DL n. 406/1968), que deu nova redação ao art. 116 do RICMS, determinando a atualização da base de cálculo do ICMS incidente sobre vendas à ordem ou para entrega futura, com base no valor vigente da mercadoria na data da efetiva saída do estabelecimento. Há precedente do STF no sentido de que “a consideração do tributo a partir do valor do negócio jurídico, atualizado na data da saída da mercadoria do estabelecimento, além de alimentar a nefasta cultura inflacionária, discrepa da ordem natural das coisas, resultando em indevido acréscimo ao total da operação, porque não querido pelas partes, e em violência ao princípio da não-cumulatividade. O figurino constitucional do tributo impõe, como base de cálculo, o montante da operação relativa à circulação da mercadoria, à quantia recebida pelo vendedor.” Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, deu parcial provimento ao recurso do contribuinte. Precedente citado do STF: RE 210.876-RS, DJ 8/11/2002. REsp 652.504-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/2/2006.

DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFIGURAÇÃO.A recorrente alega que a denúncia espontânea exclui a multa punitiva mas não a multa moratória. Aduz que o STJ consagra o entendimento de que não resta caracterizada a denúncia espontânea, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação. O Min. Relator esclareceu que a jurisprudência deste Superior Tribunal é no sentido de que não se configura a denúncia espontânea quando o sujeito passivo, tendo realizado previamente a declaração do débito, procede ao recolhimento do tributo em atraso. A peculiaridade de tais situações reside no fato de que a declaração do contribuinte, à semelhança do lançamento operado pela autoridade fiscal, tem a eficácia de constituir o crédito tributário, tornando-o, portanto, líquido, certo e exigível, independentemente de qualquer outro procedimento. E, constituído o crédito, já não há como supor possível a configuração de sua denúncia espontânea, como prevista no art. 138 do CTN. Entretanto, não tendo havido prévia declaração do contribuinte, configura denúncia espontânea, mesmo em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, a confissão da dívida acompanhada de seu pagamento integral anterior a qualquer ação fiscalizatória ou processo administrativo. Assim, embora seja lançamento por homologação, o contribuinte não efetuou o lançamento – por essa razão, trata-se de denúncia espontânea –, o que é diferente de ele, mesmo tratando-se de lançamento por homologação, fazer o lançamento e pagar com atraso. Precedente citado: AgRg no Ag 600.847-PR, DJ 5/9/2005. REsp 737.328-SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 21/2/2006.

Segunda Turma INTERVENÇÃO ESTADUAL. RECURSO JUDICIAL.A Turma, ao prosseguir o julgamento, reafirmou que o decreto de intervenção estadual em município por descumprimento de decisão judicial (deixar de pagar precatório correspondente à dívida de alimentos), por ser uma decisão político-administrativa, não é suscetível de impugnação via recurso judicial. Precedentes citados: AgRg no REsp 205.326-SP, DJ 28/4/2003; AgRg no Ag 434.996-SP, DJ 9/9/2002, e REsp 508.361-SP, DJ 27/9/2004. AgRg no Ag 712.657-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/2/2006.

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HABEAS CORPUS. TESTEMUNHA. VEREADOR. MEMBRO. CPI.A Turma concedeu a ordem, entendendo ser cabível a impetração de habeas corpus para afastar o arrolamento de vereador como testemunha. Isso porque não se justifica a convocação do parlamentar como testemunha em razão de sua participação na qualidade de presidente de comissão municipal parlamentar de inquérito, diante da existência de relatório amplo devidamente aprovado pelo órgão colegiado que expressa o entendimento do órgão investigador acerca dos fatos. Outrossim, a desmotivada indicação resultaria em seu impedimento de participar da votação de eventual processo instaurado para cassação do mandato do prefeito, o que iria ferir a garantia da livre atuação parlamentar. HC 50.763-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 21/2/2006.

PENHORA. SUBSTITUIÇÃO. BEM.Em ação de desapropriação, o acórdão recorrido entendeu ser possível, independentemente do consentimento do credor, a substituição do bem penhorado por outro desde que não haja prejuízo a ele. Isso posto, a Turma deu provimento ao recurso para que a substituição da penhora recaia sobre dinheiro (art. 668 do CPC) ou qualquer outro bem que se mostre conveniente ao credor (a jurisprudência deste Superior Tribunal tem admitido), todavia é imprescindível que haja sua manifestação prévia. Precedentes citados: EDcl no REsp 279.513-TO, DJ 28/5/2001; REsp 613.321-RS, DJ 31/5/2004; REsp 208.813-ES, DJ 24/5/2004, e REsp 329.957-DF, DJ 4/3/2002. REsp 700.895-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 21/2/2006.

COMISSÁRIA DE DESPACHO. AGENTE ADUANEIRO. LIMITAÇÃO. EXERCÍCIO PROFISSIONAL.A Turma deu provimento em parte ao recurso, reafirmando que, cumpridos os requisitos legais para o exercício das atribuições de despachante, é vedado à Administração formular outras exigências por intermédio de ato administrativo. Outrossim, as comissárias de despacho que vinham exercendo licitamente o desembaraço aduaneiro por mais de dois anos têm direito à inscrição no Registro de Despachantes Aduaneiros. Precedentes citados: REsp 138.481-SC, DJ 1º/2/1999, e REsp 396.449-RS, DJ 8/4/2002. REsp 392.454-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/2/2006.

INQUÉRITO POLICIAL. ARQUIVAMENTO. INSPEÇÃO. TRIBUNAL DE CONTAS. PRESCRIÇÃO.O arquivamento do inquérito policial não implica o reconhecimento de isenção na esfera administrativa, pois a autonomia das responsabilidades civil e penal está prevista no art. 935 do CC/2002 (art. 1.525 do CC/1916) e no CPP, arts. 66 e 67. Entretanto o prazo para a interposição de ação de improbidade administrativa é qüinqüenal de acordo com o art. 23 da Lei n. 8.492/1992. No caso, do término do mandato do ex-prefeito até a instauração do processo administrativo pelo Tribunal de Contas estadual, decorreram mais de 8 anos. Conseqüentemente, o procedimento administrativo foi alcançado pela prescrição. Precedente citado: RMS 7.232-RO, DJ 18/8/1997. RMS 20.544-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 21/2/2006.

COBRANÇA. TAXA. EXPEDIÇÃO. ALVARÁ. PERMANÊNCIA. MENOR. SHOW NOTURNO.O cerne da questão consiste na interpretação do art. 141, § 2º, do ECA. Segundo a Min. Relatora, a leitura puramente gramatical do § 2º do citado artigo poderá ensejar interpretações diferentes de seu verdadeiro sentido. A isenção prevista nesse dispositivo, explica, não é absoluta, uma vez que mesmo os menores poderão estar sujeitos ao pagamento de custas e emolumentos quando comprovada a litigância de má-fé (ressalva daquele parágrafo). Outro aspecto que deve ser destacado, segundo a Min. Relatora, é que essa isenção de custas somente se destina às crianças e aos adolescentes quando partes, autoras ou rés, perante a Justiça da Infância e da Juventude, não sendo extensível a outras pessoas que, porventura, venham a participar dessas ações. Assim, incabível a isenção em procedimento de jurisdição voluntária em que terceiro (empresa de fins lucrativos – promotora de eventos) pleiteia, em nome próprio e em seu interesse direto, a gratuidade de taxa para expedição de alvará judicial garantidor de permanência de menores, para que possam comparecer desacompanhados dos pais em espetáculo musical destinado ao público infantil. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao recurso em que o MP impugnou a decisão do Tribunal a quo não-concessiva do benefício da gratuidade. REsp 701.969-ES, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 21/2/2006.

IR. VERBAS. INDENIZAÇÃO. RESCISÃO. CONTRATO DE TRABALHO SEM JUSTA CAUSA.Trata-se de ação de repetição de indébito com o objetivo de restituir quantias indevidamente retidas a título de imposto de renda. Explicitou o Min. Relator que as verbas recebidas pelo empregado em razão de rescisão sem justa causa têm caráter indenizatório e não há acréscimo patrimonial a

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justificar a incidência do imposto de renda (art. 43 do CTN). Essas verbas compensam também a perda do vínculo laboral e está coerente com o entendimento firmado na Súm. n. 215-STJ referente à adesão ao programa de demissão voluntária. Quanto à prova de que houve compensação anual de rendimentos da recorrente, por ser fato extintivo, impeditivo ou modificativo do direito reclamado, é ônus da Fazenda Pública e ao autor cabe somente a prova do fato constitutivo do direito. Outrossim, quanto à forma de ressarcimento do imposto de renda recolhido indevidamente aos cofres públicos, a jurisprudência já se firmou no sentido de que é direito do contribuinte optar pela forma como pretende receber esses valores. Sendo assim, consiste em desvirtuamento do pedido a decisão do Tribunal a quo de que a restituição se faça por meio de declaração de rendimentos (retificatória). Precedentes citados: REsp 760.187-PR, DJ 1º/2/2006; REsp 232.729-DF, DJ 18/2/2002; EREsp 502.618-RS, DJ 1º/7/2005; REsp 725.378-SC, DJ 23/5/2005; REsp 650.941-RJ, DJ 14/3/2005, e AgRg no Ag 592.354-SP, DJ 27/6/2005. REsp 804.430-PR, Rel. Min. Peçanha Martins, julgado em 21/2/2006.

FLAGRANTE. MULTA DE TRÂNSITO. DEFESA PRÉVIA.Na espécie, o departamento estadual de estradas de rodagem (recorrente) aduz violação do art. 280 e seguintes do CTB, uma vez que houve a autuação do condutor em flagrante. Sendo assim, sustenta que deveria ser emitida apenas a notificação referente à aplicação da penalidade. O Min. Relator explicou que não se pode confundir autuação em flagrante (art. 280, VI, do CTB) com a imediata aplicação da penalidade sem a concessão de prazo para que haja a defesa prévia, pois é imprescindível o julgamento da consistência do auto de infração pela autoridade de trânsito distinta do agente de trânsito. Outrossim, a jurisprudência deste Superior Tribunal já se firmou (Súm. n. 312-STJ) no sentido de que a Lei n. 9.503/1997 (CTB) prevê duas notificações, uma para apresentação de defesa prévia (art. 280) e a segunda quando da aplicação da penalidade (art. 281). REsp 806.610-RS, Rel. Min. Peçanha Martins, julgado em 21/2/2006.

Terceira TurmaEXIBIÇÃO. DOCUMENTO. EXTRATO BANCÁRIO. Cuida-se de ação de exibição de documentos que busca a apresentação de extratos bancários referentes a conta de poupança. Diante disso, não há como a instituição financeira condicionar a exibição ao pagamento da respectiva tarifa bancária, ao argumento de que já remetera mensalmente esses extratos ao autor. REsp 653.895-PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 21/2/2006.

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE. GUARDA. AUTOMÓVEL.O primeiro recorrente confiou ao segundo a guarda de seu automóvel. Este, por sua vez, manteve-o na garagem de sua residência e depositou as chaves fora da ignição, em lugar de seu costume. Sucede que o esposo da empregada doméstica recém-contratada pela casa subtraiu o veículo e, em acidente, veio a causar os danos reclamados pela recorrida. Diante disso, a Turma entendeu que, firmado pelo acórdão recorrido que o veículo causador do dano foi “furtado” da garagem por terceiro, não há que se falar em culpa in vigilando de seu guardião, o que afasta a culpa in eligendo do proprietário, quanto mais se daquele não se podem exigir mais cuidados do que aqueles que se exigiriam da média das pessoas. REsp 445.896-DF, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgado 21/2/2006.

REVOGAÇÃO. DOAÇÃO. IMÓVEIS. INGRATIDÃO.O elenco de hipóteses enumeradas no art. 1.183 do CC/1916 é taxativo, dele não consta o desapego afetivo aos doadores. REsp 791.154-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgado em 21/2/2006.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. ACIDENTE DO TRABALHO.Em caso de indenização em decorrência de acidente do trabalho, a regra do parágrafo único prevalece sobre a do inciso V, a, do art. 100 do CPC. REsp 648.456-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 21/2/2006.

CONTRATO. PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. ILEGITIMIDADE ATIVA. CESSIONÁRIO.

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A Turma conheceu do recurso e lhe deu parcial provimento ao entendimento de que a transferência foi das ações tituladas e dos acessórios que a elas estavam vinculados, não dos direitos que decorriam diretamente do contrato e que ficaram na titularidade do primitivo subscritor, pois é dele, e não do cessionário, o prejuízo sofrido. A assistência judiciária pode ser deferida em qualquer fase, não havendo diferença de critério quando provocada pela via dos embargos de declaração. Precedente citado: REsp 453.805-RS, DJ 10/2/2003. REsp 710.150-RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 21/2/2006.

AÇÃO. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. DNA. NOVO EXAME.Reconhecido no acórdão que, à época, os técnicos que assinaram o laudo não dispunham de habilitação para tanto, o exame de DNA não pode subsistir, outro devendo ser realizado, pouco relevando que o órgão público seja idôneo e conceituado. Com se sabe, menos pelo método do que pelos defeitos da ação humana, também o exame pelo método DNA está sujeito a resultados controvertidos, com o que se recomenda seja feito por pessoa habilitada. Em matéria de investigação de paternidade, não é possível negar-se o direito do autor de realizar, por todos os meios permitidos, as provas necessárias, sendo cerceamento de defesa a realização de uma só, por mais eficaz que seja o método. Com esse entendimento, a Turma conheceu do recurso e lhe deu provimento. REsp 647.286-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 21/2/2006.

Quarta Turma AÇÃO REVISIONAL. COMPETÊNCIA. FORO DE ELEIÇÃO.O foro competente para processar e julgar ação revisional de benefícios previdenciários contra a Previ é o foro de sua sede no Rio de Janeiro, independentemente de figurar no pólo passivo o Banco do Brasil S/A, com sede na capital federal, uma vez que essa não é o foro de domicílio dos autores, que moram em diversos estados da Federação, nem o lugar de celebração do contrato ou de sua execução (CPC, art. 100, IV, a). É facultado à demandante residente em Sobradinho-DF requerer o desmembramento do feito em momento oportuno. Precedentes citados: REsp 331.783-DF, DJ 17/6/2002, e REsp 707.136-DF, DJ 30/5/2005. REsp 780.342-DF, Rel. Min. Jorge Scartezzini, julgado em 21/2/2006.

Sexta Turma ACESSO. AUTOS. DEFENSOR. PRODUÇÃO. PROVAS.Não caracteriza cerceamento de defesa se o advogado do investigado teve acesso aos autos, conhecendo as provas existentes contra ele. Ademais, o acesso às provas se dá após sua produção e não enquanto elas estão sendo coligidas, pois não pode o defensor interferir nas investigações ou participar delas. Contudo, na decretação da prisão preventiva, não houve suficiente fundamentação. Assim, a Turma concedeu em parte a ordem para revogar a prisão imposta ao paciente. Precedentes citados: HC 29.098-PB, DJ 3/11/2003, e HC 38.361-MT, DJ 3/10/2005. HC 47. 704-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 21/2/2006.

MP. ILEGITIMIDADE.O Ministério Público não tem legitimidade para impetrar mandado de segurança com o objetivo de conferir efeito suspensivo a agravo em execução, uma vez que, em observância ao princípio do devido processo legal, não pode o órgão ministerial restringir o direito do acusado além dos limites conferidos pela legislação. Ademais, o art. 197 da Lei de Execuções Penais estabelece que agravo em execução não possui efeito suspensivo. Precedentes citados: RMS 15.675-SP, DJ 1º/7/2004; RMS 18.516-RS, DJ 18/10/2004, e HC 23.852-SP, DJ 5/4/2004. HC 45.297-SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 21/2/2006.

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Informativo Nº: 0274Período: 13 a 17 de fevereiro de 2006.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

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Corte EspecialQUESTÃO DE ORDEM. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. TRIBUNAL A QUO.Trata-se de REsp lastreado no art. 535 do CPC ao qual a Terceira Turma deu provimento, declarando nulo o julgamento dos embargos de declaração e devolveu os autos ao Tribunal a quo para que repare a omissão apreciando os embargos outra vez. O Tribunal a quo entendeu novamente que não havia omissão e não se pronunciou a respeito. A parte interpôs novo REsp, pois os embargos de declaração foram novamente rejeitados e as omissões reconhecidas pela Terceira Turma não foram sanadas. Então, a Terceira Turma remeteu o novo REsp à Corte Especial para que esta se pronuncie sobre se deve julgar de logo o REsp apreciando o seu mérito, considerando prequestionadas as questões ou devolvem-se, mais uma vez, os embargos ao Tribunal a quo para que este preencha as omissões já apontadas e não dê ensejo a sonegar jurisdição. A Corte Especial, em questão de ordem, por maioria, entendeu que deve o Tribunal a quo pronunciar-se sobre as omissões que esta Corte Superior já havia apontado, ficando vencida a tese de se julgar de logo o mérito deste segundo REsp, superando assim o prequestionamento. Na espécie, os Ministros Antônio de Pádua Ribeiro, Peçanha Martins, Barros Monteiro e Cesar Asfor Rocha entenderam que o Tribunal a quo cumpriu a determinação da Terceira Turma ao se pronunciar sobre as questões tidas como omissas pela Turma. REsp 604.785-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, em 15/2/2006.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NOVO CONCURSO. LEGITIMIDADE. MP.Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo MP em defesa de professores universitários substitutos concursados, que ainda aguardavam a convocação, pois a universidade federal, na validade de concursos anteriores, abriu novo certame. A Corte Especial reconheceu que o MP é parte legítima para ajuizar ação civil pública em defesa dos princípios que devem reger o acesso aos cargos públicos mediante concurso devido ao interesse social relevante. EREsp 547.704-RN, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgados em 15/2/2006.

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. HOMOLOGAÇÃO.A Corte Especial negou deferimento ao pedido de homologação de sentença estrangeira contestada e arbitrou os honorários da parte vencida em 10% sobre o valor da causa. Explicou o Min. Relator que, no caso, consta dos autos que não houve manifestação expressa da requerida quanto à eleição de juízo arbitral, pois não consta sua assinatura nos contratos em que se estabeleceu a cláusula arbitral – a lei exige que a cláusula compromissória seja escrita, o que conseqüentemente impede a via eleita. Outrossim, o STF já enfrentou o mérito do pedido. SEC 967-EX, Rel. Min. José Delgado, julgada em 15/2/2006.

Primeira TurmaCRÉDITO-PRÊMIO. IPI. REMESSA. PRIMEIRA SEÇÃO.A Turma entendeu remeter à Primeira Seção o julgamento do recurso referente a crédito-prêmio de IPI. REsp 652.379-RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, em 16/2/2006.

Segunda Turma JUROS DE MORA. TAXA SELIC.A partir de 1º/1/1996, os juros de mora passaram a ser devidos com base na taxa Selic, consoante dispõe o art. 39, § 4º, da Lei n. 9.250/1995, não mais tendo aplicação o art. 161 c/c o art. 167, parágrafo único, do CTN. A Turma, ao prosseguir o julgamento, negou provimento ao recurso. Precedentes citados: EREsp 291.257-SC, DJ 6/9/2004; EREsp 399.497-SC, DJ 7/3/2005; EREsp 425.709-SP, DJ 7/3/2005; REsp 653.324-MG, DJ 27/9/2004, e REsp 542.164-RS, DJ 3/11/2003. REsp 286.465-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/2/2006.

IR. VERBAS RECEBIDAS. ADVOGADOS. NATUREZA JURÍDICA.A Turma, ao prosseguir o julgamento, deu, por maioria, deu provimento ao recurso. Entendeu que não sofrem a incidência do imposto de renda na fonte as verbas indenizatórias recebidas pelos advogados da CEF, a título de compensação pela renúncia a direitos por força de acordo coletivo. Precedente citado: REsp 345.865-DF, DJ 29/8/2005. REsp 708.339-RJ, Rel. originária Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/2/2006.

IPI. CARVÃO MINERAL.A recorrida propôs ação declaratória objetivando o creditamento de valor pago a título de IPI na modalidade de imposto único na aquisição de carvão mineral. A Turma deu provimento ao recurso ao

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entendimento de que o carvão mineral, por não caracterizar matéria-prima ou produto intermediário no processo de industrialização da celulose, não confere ao contribuinte o direito ao creditamento do IPI (a teor do disposto no art. 82, I e X, do Dec. n. 87.981/1982). REsp 182.131-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/2/2006.

ICMS. ÁLCOOL CARBURANTE.Em se tratando de negócios com álcool carburante, em que o pagamento de ICMS é diferido para ser recolhido por distribuidor em outro município, dispensa-se sua inclusão na declaração DIPAM pela empresa produtora, com vista à conceituação do valor adicionado para cálculo do Fundo de Participação dos Municípios no produto da arrecadação do referido tributo. Precedentes citados: REsp 417.881-SP, DJ 19/5/2003; REsp 402.434-SP, DJ 28/10/2003; REsp 284.023-SP, DJ 30/6/2003, e REsp 336.592-SP, DJ 19/8/2002. REsp 264.618-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/2/2006.

COOPERATIVAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. VIGILÂNCIA E SEGURANÇA PRIVADA.O cerne da questão está em saber se há impedimento legal para o funcionamento de cooperativa de prestação de serviço, mais especificamente na área de vigilância e segurança privada. A Min. Relatora concluiu que foi vulnerado o art. 5º da Lei n. 5.764/1971 e deu provimento ao recurso para reformar o acórdão e conceder a segurança. O Min. João Otávio de Noronha, divergindo da Min. Relatora, considerou que, na hipótese, firmou-se, nas instâncias de origem, que não há verdadeiramente trabalho cooperado, havendo desvirtuamento da figura jurídica de cooperativa. Assim, não crê ser possível a concessão de segurança na qual a impetrante, uma cooperativa de serviços, pretende obter do Poder Público autorização para desempenhar atividade na área de vigilância, até porque tal concessão não se coadunaria com as normas estabelecidas na Lei n. 7.102/1983 a respeito da matéria. No que concerne a essa lei, tem como indubitável que ela exige a relação de emprego para prestação de serviços de vigilantes, visto deixar certo que tais serviços serão prestados por empresa especializada. Ressaltou ainda que, como bem discorreu a Ministra Relatora, tal exigência legal visa evitar a formação de "milícias privadas despreparadas e de atuação descontrolada". Para tanto, ressaltou que a contratação de vigilante sob vínculo de subordinação, observados os requisitos da continuidade e pessoalidade, funciona como fator preventivo. A Turma, ao prosseguir o julgamento, não conheceu do recurso. REsp 506.117-RS, Rel. originária Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/2/2006.

IPTU. NOTIFICAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.A Turma decidiu que, na cobrança de IPTU, em que o lançamento é feito de ofício pelo Fisco municipal e a notificação do débito é enviada pelo correio, cabe ao contribuinte provar que não recebeu o carnê, afastando, assim, a presunção da referida notificação, o que, no caso, não ocorreu. Precedentes citados: REsp 168.035-SP, DJ 24/9/2001; AgRg no Ag 469.086-GO, DJ 8/9/2003, e REsp 86.372-RS, DJ 25/10/2004. REsp 758.439-MG, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 16/2/2006.

INDENIZAÇÃO. DESAPARECIDOS POLÍTICOS. JUROS MORATÓRIOS. TERMO A QUO.Prosseguindo o julgamento, a Turma entendeu que, tratando-se de uma obrigação ilíquida, o termo inicial da contagem de juros moratórios, na indenização devida a familiares de desaparecidos políticos, com base na Lei n. 9.140/1995, em que reconhecida a morte presumida, é a data da citação, tal como decidido pelo Tribunal a quo, sem incorrer em violação da Súm. n. 54-STJ. REsp 734.234-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 16/2/2006.

Terceira TurmaECA. ADOÇÃO PLENA. DESTITUIÇÃO. PÁTRIO PODER.A questão consiste em saber se, em caso de adoção plena, antes se faz necessária a prévia destituição do pátrio poder mediante procedimento próprio. Note-se que, no caso, o pedido de adoção foi feito por quem já detinha a guarda da menor gêmea (o irmão permaneceu com a mãe biológica) e não houve pedido explícito nos autos quanto à desconstituição do pátrio poder. Há também o inconformismo da mãe biológica contra essa adoção, que foi reconhecida no Tribunal a quo, o qual ainda afirmou ser dispensável a destituição prévia porque a adoção automaticamente extingue o pátrio poder. Isso posto, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, considerou que a perda do pátrio poder deve ser decretada em procedimento próprio autônomo como cautela imposta, pela gravidade da medida a ser tomada (perda do vínculo da criança com a família natural), com

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repercussões na sua vida sócio-afetiva, sob pena de serem desrespeitados os princípios do contraditório e do devido processo legal (ECA, arts. 24, 32, 39 a 52, destacando-se o art. 45 e ainda os arts. 155 a 163). Ao final, deu provimento ao recurso para julgar a autora do pedido de adoção carecedora do direito à ação por impossibilidade jurídica processual do pedido, mas ressalvou que a situação da criança não seja alterada e esta permaneça na guarda da autora. REsp 283.092-SC, Rel. originário Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. para acórdão Min. Castro Filho, julgado em 14/2/2006.

AÇÃO CAUTELAR. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. LIMINAR.A questão consiste em saber da possibilidade ou não de se deferir liminar em medida cautelar de exibição de documentos proposta pelo segundo maior acionista de empresa, por não ter recebido dividendos relativos ao exercício de 2001. O Min. Relator, vencido, não conhecia do recurso por entender que não cabe o deferimento de liminar em ação cautelar de exibição de documentos diante do caráter satisfativo, o que esgotaria o próprio conteúdo da ação, que perderia seu objeto, além de que, no caso, o juiz de primeiro grau, apesar de deferir a liminar, destacou que o autor não havia indicado nenhum elemento concreto de prova a justificar suas suspeitas. Note-se que o Tribunal a quo posicionou-se no sentido de não caber o deferimento de liminar. Entretanto a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso. O voto vencedor do Min. Castro Filho ponderou que o Direito Processual Civil tem evoluído, admitindo, inclusive, a antecipação de tutela de mérito. Afirmou que a questão dos autos é de antecipação de tutela cautelar em que a exibição de documentos, quando antecedente à propositura da demanda principal, identifica-se com a antecipação de prova, que, sem a possibilidade de concessão de liminar, poderia significar, ao final, não existir mais a prova ou essa não ser mais aproveitável. Assim, pela sua similitude, a exibição de documentos não deferida in limine poderia não servir mais aos seus propósitos. Outrossim, afirmou ser inegável que essa medida tem natureza satisfativa, mas satisfatividade de natureza cautelar e não de mérito, assim, atendidos os pressupostos específicos, não obsta a concessão da liminar. Alertou, ainda, que, no caso, a exibição dos documentos não trará prejuízo nenhum à recorrida. REsp 513.707-SC, Rel. originário Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Rel. para acórdão Min. Castro Filho, julgado em 14/2/2006.

FURTO. CARTÃO DE CRÉDITO. DESPESAS.Trata-se de saber se são da responsabilidade do titular do cartão de crédito as despesas ocorridas antes da comunicação do furto, extravio, roubo ou falsificação, conforme prevista em cláusula contratual. Note-se que, no caso, em questão de horas, o titular do cartão comunicou o furto e os valores dos gastos questionados também ocorreram no mesmo dia. O juiz de Direito julgou procedente o pedido do recorrido, chegando à conclusão de que o ato criminoso não poderia produzir efeitos nem atribuir responsabilidades à vítima por ser um ato nulo. O Tribunal a quo manteve a sentença, explicitando que, em se tratando de cartão de crédito, seu uso está condicionado à utilização correta da assinatura do titular. Assim, verificada, por menor que seja, a divergência entre as assinaturas, está contaminado o negócio, sendo essa conferência responsabilidade do vendedor que, negligente, passa a ser o único responsável, na pendência de seus vínculos com a empresa de administração de cartões. A Turma, ao prosseguir o julgamento, negou provimento ao recurso, confirmando o acórdão recorrido. REsp 348.343-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgado em 14/2/2006.

CONTRATO. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. PRESCRIÇÃO.A Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA firmou contrato de seguro de vida em grupo sem nenhuma exigência, garantindo para si, na posição de beneficiária, o pagamento de indenização securitária equivalente ao saldo devedor dos mutuários, considerados segurados, com quem firmara contrato de mútuo para aquisição de bem imóvel. Como um mutuário faleceu e restaram frustradas as tentativas para receber o seguro pela via administrativa, propôs a presente ação para receber a indenização securitária. A Rede foi vencedora nas instâncias ordinárias, e a seguradora, ora recorrente, no REsp, afirma a ocorrência de prescrição do direito de ação e má-fé quanto ao estado de saúde do mutuário falecido. A Turma, ao prosseguir o julgamento, após sua renovação por motivo de empate, considerou, por maioria, o fato de que a recorrida, RFFSA, propôs a ação na condição de beneficiária do contrato de seguro em grupo firmado e não na condição de mandatária do segurado falecido, assim não deve ser aplicado a ela o prazo prescricional anual previsto no art. 178, § 6º, II, do CC/1916, mas ao prazo de vinte anos previsto no art. 177 do mesmo diploma legal. Precedente

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citado: REsp 285.852-SP, DJ 28/5/2001. REsp 508.916-DF, Rel. originário Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/2/2006.

UNIÃO ESTÁVEL. CONCOMITÂNCIA. UNIÕES. INCABÍVEL.Não se equipara ao casamento putativo o relacionamento do autor da herança com uma mulher, sem que tenha se desvinculado da anterior união estável, na qual vivia como se fosse marido. Não há como configurar união estável concomitante a outra. REsp 789.293-RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 16/2/2006.

Quarta Turma RESPONSABILIDADE CIVIL. PENSÃO. AMPUTAÇÃO. DEDOS. RETORNO. TRABALHO.O trabalhador, ao manipular uma prensa carente de peça essencial a sua segurança, sofreu a redução de 30% de sua capacidade laborativa em conseqüência da perda de vários dedos da mão. Sucede que retornou ao trabalho ao exercer sua antiga função, com melhor remuneração, em várias empresas, até na mesma em que havia sofrido a lesão irreversível. Esse fato levou o Tribunal a quo, apesar de majorar a verba correspondente aos danos morais e estéticos, a negar seu pleito de indenização (pensionamento) referente ao dano patrimonial (lucros cessantes), ao fundamento, em suma, da falta de prejuízo. Diante desse panorama, ao retomar o julgamento e lastrear-se na jurisprudência do STJ, a Turma firmou que a melhor interpretação a ser dada ao art. 1.539 do CC/1916 não permite a vinculação da redução da capacidade laborativa aos salários percebidos pelo trabalhador após o sinistro. Anotou ser evidente a depreciação de sua aptidão para o trabalho, o que o leva a despender maior esforço físico e mental, maior sacrifício, para execução das tarefas que lhe são habituais, fato que, no futuro, pode acarretar-lhe decesso. Por fim, conheceu do recurso e aplicou o direito à espécie (art. 257 do RISTJ), ao fixar o pensionamento mensal e vitalício da vítima em 30% do salário que recebia à época do infortúnio, acrescidos de juros moratórios de 6% ao ano e correção monetária, além de determinar a constituição de capital para a garantia de pagamento nos termos da recente Súm. n. 313-STJ. O Min. Jorge Scartezzini, em minucioso voto-vista, no qual discorre sobre as classificações dos danos, acompanhou a Turma, porém ressalvou seu posicionamento pessoal de que, no caso, há que se comprovarem, efetivamente, os danos patrimoniais ou econômicos surgidos da ofensa à integridade corporal para que seja cabível a indenização, em razão da configuração de dano material emergente (v.g. perda de emprego, rebaixamento salarial, alijamento da função), pois não se deve ressarcir a redução eventual da capacidade laboral, pretensamente, a título de lucro cessante, já que das amputações não se pode concluir a certeza da perda de trabalho ou redução salarial, ou, em realidade, a título de dano hipotético, diante da suposição de que haverá maior sacrifício no cumprimento dos trabalhos, visto que a lesão física, em si mesma considerada, já constitui dano estético e, como tal, deve ser remunerada. Precedentes citados: REsp 402.833-SP, DJ 7/4/2003; REsp 478.796-RJ, DJ 16/2/2004, e REsp 588.649-RS, DJ 8/11/2004. REsp 536.140-RS, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 14/2/2006.

DANO MORAL. RECALL. AUTOMÓVEL.A recorrente insiste na tese de que houve dano moral em razão da convocação (recall) feita pela montadora de veículos para que comparecesse a uma concessionária da marca para efetuar reparos nos cintos de segurança de seu automóvel, mesmo diante de não restarem dúvidas de que o defeito a ser sanado sequer se apresentou concretamente em seu veículo. Diante disso, apesar de aplicar a Súm. n. 7-STJ à hipótese e reconhecer que o aresto estadual tachou de sem relevância jurídica a tese de a recorrente ter sofrido “choque emocional”, a Turma anotou que não convence a defesa de que o recall teria o condão de causar dano moral à compradora de veículo, pois essa prática é, sim, favorável ao consumidor, não podendo ser aceita como instrumento de oportunismo a alimentar infundados pleitos indenizatórios. AgRg no Ag 675.453-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 14/2/2006.

MULTA. ATRASO. TAXAS CONDOMINIAIS. CONVENÇÃO. CC/2002.Discute-se o percentual da multa devida pelo condômino por atraso no pagamento das cotas correspondentes a sua unidade autônoma, havendo determinado o Tribunal a quo que a referida cominação deveria ser mantida no patamar de 20% estabelecido na convenção, inclusive para as parcelas vencidas após a vigência do novo Código Civil. A Turma conheceu do recurso e deu-lhe provimento para determinar a redução do percentual da multa moratória de 20% para 2% para as parcelas vencidas após a entrada em vigor do novo estatuto civil. No caso, a convenção condominial lastreou-se, para a fixação da multa por atraso no pagamento das cotas no patamar de 20%, o que, à

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evidência, vale para os atrasos ocorridos antes do advento do novo CC. Isso porque o novo código trata, em capítulo específico, de novas regras para os condomínios. Também por tratar-se de obrigação periódica, renovando-se todo o mês, a multa deve ser aplicada em observância à nova situação jurídica constituída sob a égide da lei substantiva atual, prevista em seu art. 1.336, § 1º, porquanto há revogação, nesse particular, por incompatibilidade, do art. 12, § 3º, da Lei n. 4.591/1964. Destarte, a regra convencional, perdendo o respaldo da legislação antiga, sofre, automaticamente, os efeitos da nova, à qual não se pode sobrepor. Precedente citado: REsp 663.285-SP, DJ 14/2/2005. REsp 665.470-SP, Rel. Min. Jorge Scartezzini, julgado em 16/2/2006.

Quinta Turma CONCURSO. POLÍCIA MILITAR. ALTURA MÍNIMA. EXIGÊNCIA. EDITAL.A Turma proveu o recurso reafirmando nos termos do voto da Min. Relatora, que, embora a vedação da exigência de idade, sexo e altura em edital de concurso público não seja absoluta em razão das peculiaridades inerentes à exigência do cargo em disputa, a orientação firmada do STF é no sentido de que o critério discriminatório esteja expressamente previsto em lei regulamentadora da carreira. Outrossim, em se tratando de mandado de segurança preventivo, não tem a decadência com fulcro no disposto no art. 18 da Lei n. 1.533/1951. Precedentes citados do STF: AgRg no Ag 518.863-DF, DJ 11/11/2005, e AI 480.510-DF, DJ 24/6/2004; do STJ: REsp 765.024-SP, DJ 12/12/2005, e AgRg no Ag 554.654-DF, DJ 3/5/2004. RMS 20.637-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/2/2006.

APOSENTADORIA. PARLAMENTAR. LEI NOVA.Na espécie, o Tribunal a quo afastou a possibilidade de o ex-parlamentar (recorrente) se aposentar com os proventos integrais com base na nova Lei n. 9.506/1997, ao fundamento de que a concessão da aposentadoria se dá de acordo com a lei vigente à época (Lei n. 7.087/1982, que não previa aposentadoria integral). Sendo assim, aquele Tribunal entendeu desnecessária a discussão sobre a existência de cardiopatia grave. Observou a Min. Relatora que, na lei nova, não há previsão expressa de sua aplicação retroativa às situações consolidadas na vigência da lei anterior. Outrossim, alertou a Min. Relatora que a lei nova só prevê a aposentadoria integral em caso de acidente, moléstia profissional ou doença grave ocorrida durante o exercício do mandato, acarretando a invalidez permanente. No caso, o recorrente exerceu seu mandato até o término e a existência de cardiopatia grave concomitante ao mandato legislativo foi afastada pela sentença de 1º grau. Isso posto, a Turma, ao prosseguir o julgamento, negou provimento ao recurso. REsp 729.520-SE, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/2/2006.

Sexta Turma INTERNET. SALA DE BATE-PAPO. AUSÊNCIA. SIGILO.Consta dos autos que a Interpol interceptou conversa do acusado em “sala de bate-papo” na internet, no momento em que foi noticiada a transmissão de imagens pornográficas de crianças e adolescentes. Esse fato resultou na instauração de inquérito policial que, ao final da investigação policial, concluiu pela ausência de provas quanto à autoria do recorrente, porém o MP requereu novas diligências no material apreendido do paciente. O voto do Min. Relator ressaltou que a conversa na “sala de bate-papo” da internet não está amparada pelo sigilo das comunicações, pois acontece em ambiente virtual que é de acesso irrestrito e destinado a conversas informais, assim não houve a alegada violação. Isso posto, a Turma negou provimento ao pedido de trancamento do inquérito policial, com a recomendação de que o juízo monocrático determine a imediata realização da perícia requerida nos computadores apreendidos. RHC 18.116-SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 16/2/2006.

PARTICIPAÇÃO. ADVOGADO. FALSO TESTEMUNHO. CRIME DE “MÃO PRÓPRIA”.A Turma denegou a ordem de pedido de trancamento da ação penal em que o advogado foi denunciado por infração ao art. 342, § 1º, c/c com os arts. 29 e 62, I, todos do CP, após a comprovação da falsidade das declarações prestadas pelos co-denunciados – os quais foram arrolados como testemunhas de defesa pelo advogado em outro processo crime. Consta ainda que houve a confissão deles de que mentiram em juízo a pedido do advogado. Precedentes citados do STF: RHC 81.327-SP, DJ 5/4/2002; do STJ: RHC 11.515-SC, DJ 2/8/2004, e REsp 123.440-SP, DJ 27/8/2001. HC 45.733-SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 16/2/2006.

HC. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. PRISÃO ANTERIOR. TRÂNSITO EM JULGADO.

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A Turma denegou a ordem de habeas corpus não obstante seu entendimento de não admitir a execução provisória da pena, antes do efetivo trânsito em julgado da decisão, ainda mais quando, como no caso, não existe recurso de acusação. Ressaltou o Min. Relator que forçoso é reconhecer da decisão a quo a necessidade da prisão preventiva para manutenção da garantia da ordem pública, por se tratar de quadrilha com alto poder de articulação e organização na distribuição de entorpecentes em diversas regiões do país. HC 44.109-MG, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 16/2/2006.

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Informativo Nº: 0273Período: 6 a 10 de fevereiro de 2006.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Primeira SeçãoPIS. COMPENSAÇÃO.Cuida-se de acórdão que admitiu a compensação do PIS tão-somente com parcelas vencidas ou vincendas dessa contribuição social. O Min. Relator proveu o recurso, aplicando à espécie a Lei n. 10.637/2002. O Min. Castro Meira entendeu que, no caso concreto, deve ser observada a legislação vigente à época do ajuizamento da ação (Leis ns. 8.383/1991 e 9.430/1996), não sendo possível o julgamento da causa à luz do direito superveniente, ressalvando-se o direito da parte autora de proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios. Em conseqüência, a lide não pode ser julgada com base na Lei n. 10.637/2002 – que dispensou a necessidade de requerimento perante a Secretaria da Receita Federal – se a ação, com pedido de compensação tributária, foi proposta quando ainda vigente o art. 74 da Lei n. 9.430/1996, em sua redação originária. Com esse entendimento, a Seção, ao prosseguir o julgamento, negou, por maioria, provimento ao recurso. Precedentes citados: EREsp 434.143-BA, e EREsp 488.992-MG, DJ 7/6/2004. REsp 695.301-MG, Rel. originário Min. José Delgado, Rel. para acórdão Min. Castro Meira, julgado em 8/2/2006.

DESAPROPRIAÇÃO. JUROS COMPENSATÓRIOS.Trata-se de recurso remetido da Segunda Turma à Primeira Seção deste Superior Tribunal no qual a recorrente alega violação da MP n. 1.577/1997 e suas sucessivas reedições, deixando de aplicar a incidência dos juros compensatórios no patamar de 6% ao ano. A Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu parcial provimento ao recurso ao entendimento de que, em ação expropriatória, os juros compensatórios devem ser fixados à luz do princípio tempus regit actum, nos termos da jurisprudência predominante do STJ, no sentido de que a taxa de 6% ao ano, prevista na referida MP e suas reedições, é aplicável tão-somente, às situações ocorridas após a sua vigência. Suas reedições permanecem íntegras até a data da publicação do julgamento proferido na medida liminar concedida da ADIN n. 2.332-DF, DJ 13/9/2001, que suspendeu, com efeitos ex nunc, a eficácia da expressão de “até seis por cento ao ano”, constante do art. 15-A, do DL n. 3.365/1941. Ocorrida a imissão na posse do imóvel desapropriado após sua vigência, os juros compensatórios devem ser fixados naquele limite, exclusivamente, no período compreendido entre 21/8/2000 (data da imissão na posse) e 13/9/2001 (publicação do acórdão proferido pelo STF). REsp 437.577-SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 8/2/2006.

MS. PENSÃO. VIÚVA. ANISTIADO POLÍTICO.A pensão percebida por viúva de militar anistiado é isenta, pela Lei n. 10.599/2002, do imposto de renda. Precedentes citados: MS 10.115-DF, DJ 17/10/2005; MS 9.636-DF, DJ 13/12/2004; MS 9.591-DF, DJ 28/2/2005, e MS 9.543-DF, DJ 13/9/2004. MS 10.967-DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/2/2006.

Terceira SeçãoAÇÃO ORDINÁRIA COLETIVA. SINDICATOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FAZENDA PÚBLICA. EXECUÇÃO. SENTENÇA.A Seção, por maioria, rejeitou os embargos ao entendimento de que, nas execuções individuais de sentença genérica contra a Fazenda Pública, embargadas ou não, proferida em ação ordinária coletiva movida por sindicato, são devidos os honorários de advogado, afastada a incidência do art. 1º-D da Lei n. 9.494/1997. Outrossim, independentemente da legitimidade dos sindicatos como substituto processual para promover a execução de tutela coletiva, cada interessado tem legitimidade para a liquidação e execução do valor da indenização que lhe é devida individualmente, pelo que indispensável contratar advogado. Ressalvado o entendimento do Min. Nilson Naves, sustentando posição pelo não-cabimento dos honorários na tutela coletiva, em execução contra a Fazenda Pública, quando não embargada. Precedentes citados: REsp 658.155-SC, DJ 15/9/2005; REsp 700.429-PR, DJ 10/10/2005; Ag 672.244-PR, DJ 29/8/2005; EREsp 475.566-PR, DJ 13/9/2004; REsp 465.573-PR, DJ 22/8/2005, e REsp 672.433-RS, DJ 14/11/2005. EREsp 720.839-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgados em 8/2/2006.

ANISTIA POLÍTICA. MS. CABIMENTO. EFEITOS PATRIMONIAIS RETROATIVOS.

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É cabível o writ sem implicar substituição de ação de cobrança, mormente para garantir ao anistiado político o recebimento de valores patrimoniais pretéritos, prejuízos financeiros decorrentes da omissão da autoridade coatora ministerial em não dar cumprimento à portaria do Ministério da Justiça que reconhecia sua condição de anistiado, nos termos dos arts. 12, § 14, e 18, caput, da Lei n. 10.559/2002. Precedente citado: MS 10.147-DF, DJ 23/11/2005. MS 11.113-DF, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 8/2/2006.

Primeira TurmaIPTU. REPETIÇÃO. INDÉBITO. INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO EX TUNC.Em retificação à notícia do REsp 689.040-RJ (v. Informativo n. 272), leia-se: O provimento jurisdicional de declaração de inconstitucionalidade gera nulidade da norma que, em regra, terá efeito ex tunc. Pelo princípio do art. 27 da Lei n. 9.868/1999, que pode também ser aplicado em controle incidental, há casos em que, em circunstâncias excepcionais e para preservar outros valores constitucionalmente relevantes, o juiz poderá restringir os efeitos do controle de constitucionalidade. Na hipótese, todavia, reconheceu-se a inconstitucionalidade do tributo IPTU do município do Rio de Janeiro (art. 67 da Lei municipal n. 691/1984), devendo tal declaração, segundo a jurisprudência do STJ e do STF, ter eficácia ex tunc e não ex nunc. Precedentes citados do STF: AgRg na AI 440.881-RJ, DJ 5/8/2005; AgRg na AI 501.706-RJ, DJ 6/5/2005; AgRg na AI 449.535-RJ, DJ 13/5/2005; do STJ: AgRg no REsp 725.945-RJ, DJ 17/10/2005. REsp 689.040-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 2/2/2006.

AG. AUSÊNCIA. RELATÓRIO.A Turma manteve a decisão agravada em que o Min. Relator considerou indispensável a cópia do relatório que compõe o acórdão recorrido, tendo em vista que o art. 544, § 1º, do CPC e o art. 253, parágrafo único, do RISTJ determinam sua obrigatoriedade, pois a inexistência de peças inviabiliza o seguimento do agravo de instrumento. Precedente citado: Ag 249.603-RJ, DJ 18/10/1999. AgRg no AgRg no Ag 705.159-RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 7/2/2006.

LICITAÇÃO. ATRASO. ENTREGA. HABILITAÇÃO.Na entrega da documentação relativa à habilitação do licitante, constitui motivo de exclusão do certame licitatório o atraso de dez minutos após o horário previsto no edital marcado para o início da sessão. Ponderou, ainda, o Min. Relator que, na lei não existem palavras inúteis ou destituídas de significação deontológica, verifica-se, assim, que o legislador, no art. 41 da Lei n. 8.666/1993, impôs, com apoio no princípio da legalidade, a interpretação restritiva do preceito, de modo a resguardar a atuação do administrador público, visto que esse atua como gestor da res publica. Daí a necessidade do vocábulo “estritamente” no artigo citado. Com esse entendimento, a Turma proveu o recurso da União, reformando a decisão do Tribunal a quo que aplicou o princípio da razoabilidade para afastar o rigor do horário previsto no edital licitatório. REsp 421.946-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 7/2/2006.

EXECUÇÃO FISCAL. DEPOSITÁRIO INFIEL. BENS PENHORADOS. CHEQUES DE VIAGEM.Trata-se de habeas corpus impetrado contra decisão que indeferiu liminar, mantendo a determinação do juiz de primeiro grau para que o paciente apresentasse os bens penhorados (traveller’s holidays – cheques de viagem ao portador) ou depositasse o equivalente em dinheiro, nos autos de execução fiscal de valores de FGTS. Ressalta o Min. Teori Albino Zavascki, no voto-vista, que, nos casos de depósito necessário de bens arrecadados em razão de penhora em processos de execução, revela-se inadequada a adoção atinente ao depósito voluntário cuja disciplina deve amoldar-se à natureza e à finalidade da penhora, que é seu pressuposto. Outrossim, por se tratar de títulos perfeitamente individualizados e identificados por número de série (como consta do auto de penhora e depósito), é duvidosa a caracterização desses bens como fungíveis, sendo eles títulos ao portador, o que, por si só, bastaria à admissão da possibilidade de prisão do depositário. Alerta, ainda, que o paciente assumiu expressamente a designação de depositário e deixou de atender à ordem de apresentação, restando, assim, autorizado o decreto de prisão como meio coercitivo para o cumprimento do dever de restituir o objeto de depósito. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, denegou a ordem. HC 47.927-SP, Rel. originário Min. José Delgado, Rel. para acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 7/2/2006.

Segunda Turma PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO. PARQUE ECOLÓGICO.

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O Estado entendeu criar o parque ecológico da Serra do Mar, impondo, como consabido, restrições ao uso das propriedades particulares. Assim, por via oblíqua, assumiu o ônus de indenizá-las na mesma proporção das limitações. Isso posto, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que a respectiva ação de desapropriação indireta tem prazo prescricional vintenário. A Min. Eliana Calmon, em seu voto-vista, aduziu que, na hipótese, o Estado, efetivamente, não retirou a posse da área do proprietário e que há que se analisar, caso a caso, se havia potencial econômico para exploração da terra que se tenha por inviabilizada. Entendeu, ainda, que a ação, na hipótese, assemelha-se à ação reivindicatória, de natureza real, daí o prazo prescricional de vinte anos. Precedentes citados do STF: RE 109.853-SP, DJ 19/12/1991; RE 73.683-PR, DJ 26/4/1972, e RE 77.177-SP, DJ 11/12/1978. REsp 193.251-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 7/2/2006.

RECURSO. PRECEDENTE CITADO. VOTO CONDUTOR.As decisões do Tribunal a quo são publicadas na imprensa oficial e estão acessíveis a todos, o que dispensa sua juntada ao acórdão quando referidas como precedentes no voto condutor. Cabe à parte providenciar a juntada do respectivo inteiro teor, se deseja recorrer com base nesses precedentes. Precedentes citados: AgRg no REsp 329.318-RS, DJ 18/3/2002, e REsp 193.689-PR, DJ 3/10/2005. REsp 770.009-MG, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 7/2/2006.

Quarta Turma RESPONSABILIDADE CIVIL. MANUTENÇÃO. NOME. REGISTRO. PROTEÇÃO. CRÉDITO. QUITAÇÃO. DÍVIDA.O banco recorrido responde civilmente por não efetuar, em curto prazo, o pedido de cancelamento do registro negativo do devedor em serviço de cadastro de proteção ao crédito, quando foi efetuada a quitação da dívida. Na espécie, é de duzentos e treze reais o valor do cheque que originou a inscrição e o indevido não-cancelamento. Assim, a Turma conheceu e deu provimento ao recurso e fixou o valor da indenização por danos morais em quinhentos reais. Precedentes citados: REsp 299.456-SE, DJ 2/6/2003; REsp 437.234-PB, DJ 29/9/2003, e REsp 292.045-RJ, DJ 8/10/2001. REsp 777.004-RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, julgado em 7/2/2006.

Quinta Turma MS. MAGISTRADO. ESTÁGIO PROBATÓRIO. PROCESSO. VITALICIAMENTO.O recorrente impetrou mandado de segurança devido à sua exoneração do cargo de magistrado. A Turma negou provimento ao recurso, ao entendimento de que não configura ilegalidade a participação no julgamento do mandamus de integrantes do Órgão Especial que concluiu pela exoneração de magistrado ao analisar o processo de vitaliciamento, pelo motivo de não terem sido os votos desses integrantes decisivos no julgamento do decisum, haja vista a denegação da ordem por ampla maioria. Durante o estágio probatório, o magistrado não está sob o abrigo da garantia constitucional da vitaliciedade, podendo ser exonerado desde que não demonstrados os requisitos próprios para o exercício da função jurisdicional, tais como idoneidade moral, aptidão, disciplina, assiduidade, eficiência e outros, circunstância aferível por processo especial de vitaliciamento, assegurado o direito de defesa prévia. As disposições do art. 27 da Loman são aplicáveis, tão-somente, aos magistrados possuidores da garantia de vitaliciedade. Precedentes citados: RMS 6.675-MG, DJ 1º/9/1997, e RMS 8.249-PE, DJ 22/6/1998. RMS 18.205-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 7/2/2006.

Sexta Turma MENOR. CÔMPUTO. TEMPO. TRABALHO RURAL.Deve ser computado para fins previdenciários o comprovado trabalho rural do menor de 14 anos em regime de economia familiar. A proibição do trabalho de menores não deve ser interpretada de maneira a causar-lhes prejuízo. Apesar de tal categoria não estar inserida no rol de segurados constante do art. 11 da Lei n. 8.213/1991, isso não quer dizer que deva ficar desamparada, negando-se-lhe a contagem do tempo de serviço trabalhado no campo. Ademais, a contagem do respectivo período não implica a declaração da inconstitucionalidade do mencionado dispositivo legal nem sua aplicação retroativa, porquanto o cômputo decorre, simplesmente, da interpretação sistêmica do ordenamento jurídico. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao agravo. Precedente citado: REsp 649.510-SC, DJ 17/12/2004. AgRg no REsp 444.167-RS, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 9/2/2006.

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ECA. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO. ROUBO.O menor praticou ato infracional equiparado a roubo, sendo-lhe aplicada medida sócio-educativa de semiliberdade e, posteriormente, praticou o ato infracional equiparado a furto durante o cumprimento da medida imposta. O Juízo do Departamento de Execuções da Infância e da Juventude determinou, então, a substituição da medida imposta por internação de prazo indeterminado, segundo relatórios que a recomendavam. Diante disso, a Turma entendeu denegar a ordem por ausência de constrangimento ilegal, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu art. 99, que as medidas impostas podem ser substituídas a qualquer tempo, desde que necessárias e adequadas. HC 43.511-SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 9/2/2006.

JÚRI. QUESITO. INSUFICIÊNCIA DE PROVA.O Juízo indeferiu o requerimento da defesa consistente na formulação de quesito relativo à insuficiência de provas, qual seja, "se a prova era insuficiente para condenação", sob argumento de que o pedido formulado não tinha amparo legal em nosso sistema jurídico. O Min. Relator entendeu que a irresignação dos recorrentes não merece guarida, pois, do contrário, seria admitir que nosso ordenamento penal permite a fundamentação das decisões dos juízes leigos do júri. Aos jurados somente é possível o questionamento dos fatos ocorridos, sem que se adentrem as questões jurídicas, justamente porque não se contempla a fundamentação dos veredictos, votando aqueles por íntima convicção – corolário do primado constitucional de soberania (CF, art. 5º, inciso XXXVII) – inerente aos julgamentos do tribunal popular. Ademais, "a tese de suficiência ou não de provas não motiva a elaboração de quesito especial, pois basta que os jurados respondam aos quesitos sobre o fato principal, ou sobre a autoria ou co-autoria, que já a comportam." O Tribunal do Júri, ao decidir pela condenação dos réus, esteve implicitamente deliberando acerca da suficiência de provas para a condenação, pois, do contrário, haveria de absolver os acusados. A Turma, ao prosseguir o julgamento, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento. REsp 738.590-RS, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 7/2/2006.

EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. PARCELAS VINCENDAS. AMEAÇA. PRISÃO. ILEGALIDADE.A Turma, ao renovar o julgamento, conheceu em parte do recurso e deu-lhe provimento ao entendimento de que, na execução contra a Fazenda Pública, apenas as prestações vencidas sujeitam-se à expedição de precatórios, sendo as vincendas transmitidas por meio de simples ofício. O juízo cível é incompetente não só para proferir juízo acerca da adequação típica de eventual conduta penal do presidente do Instituto de Previdência estadual, como também para decretação de sua prisão. REsp 541.174-RS, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 9/2/2006.

PENHORA. CARÁTER RELATIVO. GRADAÇÃO DE BENS.A recorrente requer seja determinado que "a penhora recaia sobre os bens imóveis indicados pelo credor, procedendo-se, conseqüentemente, à substituição da penhora já realizada, com a restituição do numerário aos cofres da recorrente". Não é permitido ao juiz, de ofício, determinar a penhora de dinheiro em desacordo com a vontade expressamente manifestada pelas partes no sentido de nomear bens imóveis, especialmente tendo em vista que a gradação dos bens prevista no art. 655 do CPC é relativa. A doutrina também entende que, violada a ordem preferencial contida no art. 655 mas não se opondo o exeqüente, a nomeação feita pelo réu deve prevalecer. Na hipótese, se a penhora de bens imóveis não satisfizesse os interesses do credor, deveria esse tê-la recusado no momento oportuno, sendo certo que sua aquiescência demonstra que, ainda que a penhora de dinheiro lhe possa ser mais favorável, não lhe acarretará prejuízo a penhora dos imóveis por ele próprio indicados. Com esse entendimento, a Turma deu provimento ao recurso para determinar que a penhora recaia sobre os bens imóveis indicados pelo exeqüente. REsp 621.404-GO, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 7/2/2006.

PEREMPÇÃO. INOCORRÊNCIA. FATO CRIMINOSO.A recorrida ofereceu queixa-crime contra as recorrentes pela prática dos delitos dos arts. 139 e 140 do CP. Diante disso, a Turma negou provimento ao recurso por entender que a perempção somente tem lugar após o recebimento da queixa-crime. Firmou, também, que a menção do fato criminoso no instrumento de mandato, exigida pelo art. 44 do CPP, cumpre-se pela indicação do artigo de lei no qual se baseia a queixa-crime ou pela referência à denominação jurídica do crime. Assim, atende aos requisitos do art. 41 do CPP queixa-crime que atribui a prática de delitos contra a honra dos querelados de maneira conjunta e expõe o fato criminoso e suas circunstâncias, a qualificação dos acusados, a classificação do crime e o rol das testemunhas. Precedentes citados do STF: RHC 32.164-

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PB, DJ 17/1/1955; do STJ: RHC 12.567-MG, DJ 16/6/2004, e RHC 9.379-SP, DJ 28/2/2000. REsp 663.934-SP, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 9/2/2006.

COMPOSIÇÃO CIVIL. TRANSAÇÃO PENAL. NÃO-CUMPRIMENTO. ACORDO.O paciente praticou infração tipificada no art. 303 do CTB, vindo a ser realizada transação penal, buscando o pagamento de multa no valor de três salários mínimos. Porém houve o descumprimento do acordo, o que levou o parquet estadual a denunciar o paciente como incurso nas penas do art. 303, caput, da Lei n. 9.503/1997 (duas vezes) c/c art. 70 do CP. Alega violação dos arts. 72 e 76 da Lei n. 9.099/1995, bem como a inviabilidade do oferecimento da denúncia em face da existência da homologação implícita. A Turma denegou a ordem ao entendimento de que comprovado nos autos que o réu estava acompanhado de advogado durante a audiência preliminar, mantendo-se, ambos inertes quanto à possível composição civil. Não pode ser alegada, a posteriori, possível violação do art. 72 da Lei n. 9.099/1995. Destarte, não tendo havido a homologação da transação penal, é perfeitamente cabível o oferecimento da denúncia em desfavor do autor do fato. Precedente citado: HC 24.624-SP, DJ 9/12/2003. HC 41.032-SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 9/2/2006.

SERVIDOR. DEPENDÊNCIA CRÔNICA. ALCOOLISMO.A Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso por entender que o servidor que sofre de dependência crônica de alcoolismo deve ser licenciado, mesmo compulsoriamente, para tratamento de saúde e, se for o caso, aposentado por invalidez, mas, nunca, demitido, por ser titular de direito subjetivo à saúde e vítima do insucesso das políticas públicas sociais do Estado. RMS 18.017-SP, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 9/2/2006.

MANDADO DE PRISÃO. SENTENÇA. TRÂNSITO EM JULGADO. SÚM. N. 267-STJ.Trata-se de habeas corpus em que o impetrante alega constrangimento ilegal pela decretação de sua prisão, mesmo antes do trânsito em julgado da decisão, sob a alegação de que os recursos interpostos não possuem efeito suspensivo. A Turma, ao vislumbrar a necessidade de alteração da redação da Súm. 267-STJ, havia remetido o julgamento do HC à Terceira Seção. Sucede que essa, em 8/2/2006, diante do atual quadro em que se encontra a jurisprudência do STJ e STF, entendeu não ser oportuno tal julgamento, devolvendo os autos à Turma, que, por sua vez, por maioria, concedeu, em parte, a ordem, assegurando ao paciente, já solto, que em liberdade permaneça até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. HC 45.494-SC, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 9/2/2006 (ver Informativo n. 271).

Responsável pelo “Seleções da Biblioteca” : Jussara de Mello Toledo Ramos MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ – DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO

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