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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
JULIANA SANTOS DE MATOS
“APRENDER TRANSCENDE AS PAREDES DE UMA SALA DE AULA”: A
APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA EM MUSEUS CURITIBANOS.
CURITIBA
2017
JULIANA SANTOS DE MATOS
“APRENDER TRANSCENDE AS PAREDES DE UMA SALA DE AULA”: A
APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA EM MUSEUS CURITIBANOS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentando como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel e Licenciado em História no curso de História do Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Profª Dra. Ana Claudia Urban
CURITIBA
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
JULIANA SANTOS DE MATOS
“APRENDER TRANSCENDE AS PAREDES DE UMA SALA DE AULA”: A
APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA EM MUSEUS CURITIBANOS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de História da Universidade Federal do Paraná como requisito à obtenção do título de obtenção do grau de Bacharel e Licenciado em História, pela seguinte banca examinadora:
____________________________________
Profª Drª Martha Daisson Hameister
Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal, UFPR.
_______________________________
Prof. Dr. Rafael Faraco Benthien
Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal, UFPR
___________________________________
Doutoranda Patrícia Govaski
Departamento de Ciências Humanas, UFPR
Curitiba, 11 de dezembro de 2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer a minha família pelo apoio incondicional
que me foi dado durante todos esses anos de esforço e luta que a graduação me
proporcionou. Sem Ani, Paulo e Thiago, não sei se chegaria onde cheguei. Para além de
todo meu esforço, copos de café e noites mal dormidas, é com o amor que eles me
oferecem que eu posso chegar mais longe.
Agradeço também a Ana Claudia Urban, professora que orientou essa pesquisa.
Sem sua enorme paciência e seu vastíssimo conhecimento, eu não poderia ter
desenvolvido essa monografia. Urban me acolheu em um momento em que eu tinha
dúvidas sobre o que pesquisar e me fez beber do conhecimento da educação, me
fazendo tomar gosto por essa área por vezes renegada por historiadores.
Igualmente, escrevo aqui meus votos de agradecimento aos meus queridos
amigos que estiveram ao meu lado durante a graduação e partilharam comigo não
somente copos de cerveja e risadas, mas que também se mantiveram unidos quando
precisávamos fazer uma última revisão em véspera de prova, quando não tínhamos
certeza se continuar na graduação era o caminho certo a ser seguido, quando as doenças
e os transtornos mentais tomaram conta de nossos corpos e quando tudo parecia difícil
demais. Muitos se foram, outros ficaram. Obrigada Andréia, David, Luccas, Augusto e
Carol por terem ficado. Obrigada Mateus por ter chegado de última hora e mesmo assim
ter sido tão companheiro.
Alguns se foram porque a vida realmente faz com que as pessoas se afastem,
porém gostaria de expressar com todas as minhas forças, que sentiremos falta daqueles
que se foram para sempre, que eles descansem em paz.
Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio.
Eric Hobsbawm
RESUMO
O presente trabalho monográfico contempla a educação histórica de jovens estudantes de Ensino Médio a partir de visitas em museus da cidade de Curitiba. Utilizo de documentos oficiais sobre a educação no Brasil, bem como autores especialistas na área de ensino de História, como Maria Auxiliadora Schmidt, Alamir Compagnoni, Magda Cervantes, Helena Pinto e Ricardo Oriá, dentre outros, para embasar a teoria de que museus tem importante papel na formação histórica de alunos do Ensino Médio, bem como na formação da população em geral.
Em seguida cito quatro experiências reais de trabalhos com educação patrimonial. O caso do Estágio em Educação Patrimonial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o trabalho desenvolvido através das ações educativas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná, a experiência desenvolvida no Memorial da Universidade Federal Rural de Pernambuco e por fim, a pesquisa desenvolvida por Helena Pinto sobre educação, escola e patrimônio na cidade de Guimarães em Portugal.
Por fim, apresento os resultados da pesquisa empírica, na qual investigo o que alunos e professores de História do Instituto Federal do Paraná Campus Curitiba pensam sobre visitas à museus. As respostas analisadas corroboram com a ideia de que esses espaços são positivos para a formação de uma consciência histórica e patrimonial nesses adolescentes. Por outro lado, a pesquisa revela ainda existirem problemas a serem combatidos quando o assunto é patrimônio na cidade de Curitiba.
Palavras-chave: ensino de história, museus, ensino médio, educação.
ABSTRACT
The present monographic work contemplates the historical education of young students of High School from visits to the museums of the city of Curitiba. I used official documents on education in Brazil, as well as specialists in education, such as Maria Auxiliadora Schmidt, Alamir Compagnoni, Magda Cervantes, Helena Pinto and Ricardo Oriá, among others, to support the theory that museums play an important role in education. historical formation of high school students, as well as in the formation of the population in general.I then cite four actual experiences of heritage education work. The case of the Internship in Patrimonial Education of the Federal University of Rio Grande do Sul, the work developed through the educational actions of the Museum of Archeology and Ethnology of the Federal University of Paraná, the experience developed in the Memorial of the Federal Rural University of Pernambuco and finally, the research developed by Helena Pinto on education, school and heritage in the city of Guimarães in Portugal.Finally, I bring the results of my own empirical research, in which I investigate what students and teachers of History of the Federal Institute of Paraná Campus Curitiba think about museum visits. The responses analyzed corroborate the idea that these spaces are positive for the formation of a historical and patrimonial consciousness in these adolescents. On the other hand, the research reveals there are still problems to be addressed when the subject is patrimony in the city of Curitiba.
Key words: history teaching, museums, high school, education.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – IDADE DOS ALUNOS..........................................................................33
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – TERMOS CITADOS PELOS ALUNOS..................................................34
TABELA 2 – MUSEUS VISITADOS PELOS ALUNOS.............................................36
TABELA 3 – QUANTIDADE DE ALUNOS QUE VISITARAM MUSEUS
ATRAVÉS DA
ESCOLA...................................................................................................................37
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................10
2. ENSINO DE HISTÓRIA E MUSEUS...............................................................13
3. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: POSSIBILIDADE DE AÇÕES
EDUCATIVAS....................................................................................................23
3.1. Estágio III na universidade federal do rio grande do
sul...................................................................................................................23
3.2. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do
Paraná............................................................................................................25
3.3. O Memorial da Universidade Federal Rural de
Pernambuco..........................27
3.4. Educação histórica e patrimonial em
Portugal...............................................29
4. PESQUISA EMPÍRICA E ANÁLISE DE
DADOS.............................................32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................45
REFERÊNCIAS........................................................................................................48
APÊNDICE
1.............................................................................................................50
APÊNDICE
2.............................................................................................................53
10
1. INTRODUÇÃO
Essa pesquisa tem como objetivo compreender como espaços de memória, mais
especificamente museus, podem ser importantes na formação histórica e cidadã de
alunos do Ensino Médio em Curitiba. Em 2016, diversas mudanças ocorrem no cenário
político do Brasil, esses eventos têm impacto também na educação. De acordo com o
novo currículo do Ensino Médio, norteado pela Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), diferentemente de Língua Portuguesa e Matemática, História passa a ser uma
disciplina não obrigatória.
As disciplinas obrigatórias nos 3 anos de ensino médio serão língua portuguesa e matemática. O restante do tempo será dedicado ao aprofundamento acadêmico nas áreas eletivas ou a cursos técnicos, a seguir: I – linguagens e suas tecnologias; II – matemática e suas tecnologias; III – ciências da natureza e suas tecnologias; IV – ciências humanas e sociais aplicadas; V – formação técnica e profissional.1
Essa situação gera preocupação entre profissionais e estudantes da área de
História, como é possível uma formação cidadã sem que esses jovens conheçam sua
própria e outras histórias? Se atualmente, com a disciplina integrando obrigatoriamente
o currículo do Ensino Médio já encontramos uma situação precária na formação dos
jovens da rede pública de ensino, podem ser enormes os problemas gerados pela retirada
da disciplina da grade de estudos.
Essas mudanças, juntamente com minha experiência no estágio de prática em
ensino de História, realizado no ano de 2016 no Instituto Federal do Paraná em turmas
do Ensino Médio, acabaram por me motivar a procurar entender como é possível
aprender História fora da sala de aula. Talvez essa pergunta passe a ser cada vez mais
importante a partir do momento em que a disciplina não seja mais ofertada de maneira
obrigatória para todos os alunos como ocorria até então. Obviamente, não deixaremos
de lutar para que a situação seja revertida, no entanto, reforçar a atuação de outros
espaços em que se pode aprender História é fundamental para a construção de uma
sociedade consciente de sua própria História. Nos preocupando com o ensino fora das
escolas, podemos alcançar o público em idade não-escolar e até mesmo pessoas que não
frequentaram o ensino formal. Minha experiência durante o ano de 2015, como
estagiária na Reserva Técnica do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade
1 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361#nem_01 Acesso em: 29 de maio de 2017.
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Federal do Paraná, me permitiu ter contato com a rotina de um museu e, por
consequência, compreender a importância das ações desenvolvidas nesse tipo de espaço.
A partir de tudo isso, elaborei os seguintes questionamentos: De que forma
museus podem ter significado na formação histórica de jovens estudantes do Ensino
Médio; Os Museus podem ajudar na formação cidadã daqueles que os frequentam?;
Qual espaço esses locais ocupam na sociedade?; Visitas à museus são uma opção
quando esses jovens buscam conhecimento histórico fora de sala de aula?
Esse trabalho está dividido em três partes, primeiramente, pesquisando a
produção de autores especialistas na área de educação histórica, sistematizei um
referencial teórico sobre o papel dos museus na educação desses jovens, são várias as
discussões trazidas sobre esses espaços de memória. Em seguida, optei por inserir
alguns exemplos de trabalhos relacionados com a educação patrimonial, dentro e fora
do Brasil. Foram analisadas quatro experiências que, apesar de não representarem as
únicas formas de se trabalhar patrimônio, com certeza são inspiradoras. Por fim, no
terceiro capitulo, mostro os resultados obtidos a partir de um instrumento aplicado para
jovens estudantes e professores de História do Instituto Federal do Paraná Campus
Curitiba. As respostas contidas nos questionários aplicados corroboram com as ideias
apresentadas nos capítulos anteriores e abrem discussão para novas hipóteses de
trabalho.
Minha pesquisa está inserida dentro do estudo da educação histórica. Nos
últimos anos, principalmente com o processo de redemocratização na década de 1980, o
Brasil tem tido uma ascensão no que diz respeito à pesquisa em educação de história
(GERMINARI, 2011) É importante lembrar, entretanto que esse é um tema pesquisado
à nível mundial, tendo países como Inglaterra e Portugal como referenciais, a exemplo
do trabalho realizado por Helena Pinto na cidade de Guimarães. Infelizmente, nem
sempre esse campo tem sido valorizado dentro da academia. Como Schmidt explica:
Durante o processo de ‘cientifização’ da História o ensino passou a ser visto como atividade de menor valor, secundária, de mera reprodução do saber acadêmico, com objetivo de cumprir as finalidades pressupostas nos processos e formas de escolarização de cada sociedade. (SCHMIDT, 2014, P.36)
Por vezes, é visto como historiador apenas aquele que pesquisa a história e
produz material acadêmico, no entanto, qual seria o sentido de pesquisar a História se
não pudermos passar esse conhecimento adiante? A transmissão é tão importante quanto
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as descobertas. Somente quando nos preocuparmos com a formação de qualidade de
jovens em idade escolar e até mesmo da população em idade adulta é que poderemos
falar em cidadania plena. Uma sociedade que não estuda sua própria história se apaga
no espaço-tempo. Vive sem saber de onde veio e pra onde pode ir.
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2. ENSINO DE HISTÓRIA E MUSEUS
O ensino de história está presente em diversos espaços. Geralmente associa-se
ele à sala de aula - seja na educação básica ou no ensino superior -, porém há muitos
locais, físicos ou abstratos, em que podemos reter conhecimento histórico. Cinemas,
internet, jogos, arquivos públicos, praças, memoriais e museus são alguns exemplos
desses espaços, no entanto poderia enumerar diversos outros.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais é ressaltada a necessidade de trabalhar
com o patrimônio cultural afim de compreender a importância da memória. O citado
documento, em uma parte específica sobre Estudos do Meio, explica:
É gratificante e significativo, para o professor e para os seus alunos, trabalhos que envolvam saídas da sala de aula ou mesmo da escola: visitar uma exposição em um museu, visitar um fábrica, fazer uma pesquisa no bairro, conhecer cidades históricas, etc. Essas situações são geralmente lúdicas e representam oportunidades especiais para todos se colocarem diante de situações didáticas diferentes, que envolvam trabalhos especiais de acesso a outros tipos de informações e outros tratamentos metodológicos de pesquisa. (BRASIL, 1997, p. 61)
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio a discussão
também está presente: “Retirar os alunos da sala de aula e proporcionar-lhes o contato
ativo e crítico com as ruas, praças, edifícios públicos e monumentos constitui excelente
oportunidade para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa.” (BRASIL,
2002, p.27) É importante ressaltar que esses Parâmetros são documentos oficiais, que
guiam as práticas de professores e a formação de currículos nas escolas do Brasil,
portanto está oficialmente colocada a necessidade de trabalhar com propostas de ensino
exteriores à sala de aula. Igualmente, a questão está posta na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996), na qual podemos
destacar que se preza pro uma educação voltada para a formação de cidadãos. Como por
exemplo está explicito no artigo 35.
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
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II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (LEI DE DIRETRIZES E BASE nº9394, de 20 de dezembro de 1996)
Ou seja, para aliar a teoria com a prática no ensino de História, é necessário
levar os alunos à museus, arquivos e outros espaços em que possam entrar em contato
com fontes materiais.
Para cada local, encontramos uma linguagem e um ritmo próprio de ensino e
aprendizagem. Nesse capítulo, busco entender como o ensino de história se relaciona
com o espaço de museus. Em primeiro lugar, como tenho a intenção de entender de que
forma os museus complementam a formação histórica de estudantes do ensino médio, é
importante analisar quais as especificidades desses locais.
Durante as aulas de histórias lecionadas para turmas de ensino médio, salvo
exceções temos a presença do professor, guiando as discussões e propondo temáticas
para serem trabalhadas em aula; material didático – geralmente livros ou apostilas – que
possuem caráter muito mais bibliográfico que de fonte histórica e avaliações teóricas
que nem sempre contemplam o conhecimento prévio e adquirido dos alunos. Nos
museus, por outro lado, pode ser que a visita ocorra em grupo e dessa forma que se
tenha diversas opiniões sobre os mesmos materiais expostos, pode haver a presença de
um guia ou não. Há o trabalho direto de análise de fonte, sendo que por vezes a
curiosidade do observador extrapola a ‘plaquinha’ de explicação da obra de arte/ objeto
exposto. A própria ida ao museu pode caracterizar-se enquanto um momento lúdico seja
para criança ou adulto que o frequenta.
Para Almeida e Vasconcellos (1997), professores levam alunos para os museus
para complementar os conteúdos vistos em sala de aula. A partir da cultura material, os
museus teriam um papel complementador na educação desses jovens. Ou seja, o que
gostaria de ressaltar é que o museu poderia se apresentar como uma alternativa para o
ensino tradicional de história trabalhado dentro das escolas. A ida ao museu pode
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ensinar história enquanto entretém o público. Como Compagnoni (2009) destaca, nem
sempre os alunos se sentem contemplados pela história que é ensinada através dos livros
didáticos. Nesse sentido, em sua dissertação de mestrado, o autor pesquisa sobre as
aulas-visita em museus e como ela combatem um ensino tradicional de história, usando
como base o trabalho feito com alunos de escolas de Araucária. No artigo Los museus
espacios de cultura, espacios de aprendizaje, Cervantes fala da evolução dos museus,
para a autora eles são “Espacios de cultura donde muchas veces se há realizado uma
verdadeira revolutión didéctica mucho más potente que la llevada a cabo dentro de las
aulas” (CERVANTES, 2014, p. 55). Para a autora, a relação museu/escola tem sofrido
mudanças positivas. Os museus, assim como outros espaços de memória têm
contribuído para a educação formal, principalmente quando se preocupam com serviços
educativos, de maneira que possam suprir as deficiências da escola.
Não farei aqui a proposta de se substituir as escolas por museus, intenciono
analisar como o museu contribui com o ensino transmitido no colégio.
De acordo com as ideias de Barca em seu texto Museus e Identidades, museus
trabalham justamente na perspectiva de criar uma memória coletiva local nos jovens que
por vezes é dificultada devido à intensa transmissão de informações midiáticas. Como
ela destaca:
É nestes vários sentidos que a Educação pelo e para o Patrimonio favorece a construção de uma identidade multifacetada, numa perspectiva crítica e atuante. E é nesse sentido que se assume como uma forma de educação para a cidadania participativa. (BARCA, 2003, p.103).
Sendo assim, o diálogo entre patrimônio e ensino de história deve estar presente
se quisermos oferecer uma formação cidadã de qualidade.
Os alunos, tendo a oportunidade de visitar espaços como museus, podem ver em
objetos materiais o que estudam nos livros didáticos e podem também entender um
pouco mais sobre a sociedade na qual estão inseridos. Como Pinto destaca:
Para além do seu papel como guardião do patrimônio, o Museu pode constituir um ambiente de aprendizagem de enorme potencial, permitindo o uso dos objetos como fontes históricas e a sua interpretação como evidencias do passado. (PINTO, 2009, p.277)
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Isso é o que a autora chama de educação não-formal, que se contrapõe ao ensino
regulamentado e sistemático. O papel educativo do museu é principal em sua relação
com a comunidade. A autora destaca que no museu há a possibilidade de “enxergar” o
que apenas se reproduz em sala de aula. Além disso, é importante o processo
metodológico pelo qual os alunos passam ao lidar com fontes, diferente do que acontece
no colégio.
Diferentemente do que se tinha nos séculos anteriores, quando surgiram os
primeiros museus, há programas de monitoria que os próprios museus oferecem afim de
orientar o público em um sentido histórico, principalmente o público escolar, atendendo
ao mesmo tempo a demanda de aprendizagem e lazer, por outro lado, é importante que
os alunos tenham a noção de que não são apenas observadores desse passado contido
nos objetos do museu, e sim que há uma forte relação entre o que se tem ali e a vida
presente (COMPAGNONI, 2009).
As maneiras de se pensar um museu foram evoluindo ao longo dos tempos, saindo daquele ‘ambiente fúnebre’ que guardava “tudo que era velho”, para um ambiente formador, que tem seu espaço pensado, suas práticas planejadas, e que procuram cada vez mais entreter, aguçar a curiosidade, estimular interesses diversos, senso de observação, a criatividade, colaborando para o desenvolvimento do indivíduos, e principalmente das crianças e jovens como um todo. (MACHADO, 2014, p.44)
Segundo Machado (2014), foi apenas em 1989 que o conceito universal de
museu apareceu. Com a 16ª Assembleia Geral do Conselho Internacional de Museus
(ICOM) na Holanda. Sempre atualizando-se, em 2007 ele define o museu como
instituição sem fins lucrativos, que deve estar a serviço da sociedade, expondo
patrimônio material e imaterial. De acordo com essa definição, os fins do museu seriam
educacionais e de deleite. Praticamente a mesma definição está colocada no Estatuto de
Museus (Lei nº11.904, de 14 de janeiro de 2009) e no site do Instituto Brasileiro de
Museus – IBRAM.
A intenção é justamente romper com a maneira passiva de aprender história,
amarrando a teoria vista em sala de aula com a vivência experimentada nos museus, de
forma que se crie uma ponte para a aprendizagem. Por outro lado, como Almeida e
Vasconcellos (1997) ressaltam, não é suficiente para que se ocorra um processo
educativo, que apenas se visite uma exposição, “é preciso compreender as mensagens
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propostas pela exposição e construir novas significações a partir delas” (ALMEIDA;
VASCONCELLOS, 1997, p. 105)
É importante procurar entender de que forma essas experiências podem
colaborar com o pensamento histórico desses jovens.
A partir da década de 1970 e 1980, com a redemocratização no Brasil, a
pesquisa sobre ensino de história passa a ter destaque. Passamos a notar que há na
história uma fundação científica própria. (GERMINARI, 2011). “Portanto, a análise da
cognição histórica requer um enquadramento teórico especifico circunscrito à natureza
do conhecimento histórico, ancorado na epistemologia da História.” (GERMINARI,
2011, P. 56). Nesse sentido, passa-se a ter uma preocupação com o impacto que o
estudo da história teria na vida cotidiana dos alunos.
Como Germinari (2011) aponta, a categoria de “consciência histórica” foi
referenciada principalmente pelo alemão Jörn Rüssen.
Para este autor, a consciência histórica é a consciência da relação estrutural entre passado, presente e futuro. A formação dessa consciência não se produz unicamente na escola, mas também em outros espaços da sociedade. Nessa perspectiva, a Didática da História como área específica de reflexão e intervenção sobre o ensino-aprendizagem expandiu-se para novos lugares, como os museus, arquivos, mídias (literatura, televisão, cinema), viagens, meio familiar, âmbitos tradicionalmente negligenciados como elementos didáticos. (GERMINARI, 2011, p. 62)
É justamente essa a questão, o Museu, enquanto espaço alternativo à escola,
também pode contribuir na formação de uma consciência histórica em diferentes
formas2 nos jovens que o frequentam. Nesses espaços, alunos podem perceber mais
claramente uma relação entre o presente que vivem, com os vários passados retratados
nas exposições e o futuro que depende em parte da sua atuação na sociedade. Essa
consciência histórica também trabalha no sentido de criar uma identidade histórica
nesses jovens. “Tal como o património, a consciência histórica é uma construção
simbólica e, do mesmo modo que a identidade, comporta um processo de apropriação
simbólica do real” (PINTO, 2011, p.28)
2 Segundo Rüsen (2011) existem quatro formas de aprendizado histórico que se manifestam por meio das narrativas históricas. O autor pontua algumas reflexões no sentido de consciência histórica tradicional, exemplar, crítica e genética. Sendo que cada uma delas possui uma especificidade.
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Schmidt (2014) explica que os estudos da consciência histórica são objeto e
objetivo da didática da história, o foco está na aprendizagem histórica.
a consciência histórica passa a ser uma categoria que serve para a autoexplicação da História como disciplina escolar, para a sua identificação como uma matéria específica e com uma metodologia própria, ou seja, a consciência histórica pode ser descrita como uma realidade elementar e geral da explicação humana do mundo e de si mesmo, de significado inquestionavelmente prático para a vida. (SCHMIDT, 2014, p.32)
Martins (2011) apresenta a dicotomia entre um ensino de história induzido, que
seria justamente esse da disciplina escolar e o espontâneo que ocorreria em outros
espaços de forma natural. Sendo assim, podemos entender que essa explicação do
mundo e de si, pode ocorrer em espaços extraescolares, pois a cultura histórica
compreende também esses espaços. Dessa forma, entendemos que existem processos de
aprendizagem histórica em museus.
Com certeza a ida a museus, quando bem direcionada, ajuda os alunos na
formação e melhoramento de narrativas históricas.
A narrativa é a face material da consciência histórica. Nesse contexto, a narrativa é entendida como a forma usual da produção historiográfica, que pode emanar de escolas diversas. Pela análise de uma narrativa histórica ganha-se acesso ao modo como o seu autor concebe o passado e utiliza as suas fontes, bem como aos tipos de significância e sentidos de mudança que atribui à história. (SCHMIDT; BARCA; GARCIA, 2011, p.12)
É por esses motivos que acredito que seja de extrema importância conhecermos
e investigarmos sobre os museus e espaços de memória presentes no local em que
trabalhamos. Devemos questionar como eles são utilizados, onde eles se encontram,
qual público eles atingem e de que maneira atingem. Os museus podem ser grandes
aliados dos educadores, uma vez que combinando o ensino dentro de sala de aula com a
aprendizagem ocorrida no meio externo ao colégio, podemos oferecer uma formação
cidadã significativa para crianças e adolescentes. Além disso, como é apontado nos
PCNs (1997), esse contato pode sensibilizar os alunos para o trabalho com fontes
históricas, ou seja, o material com o qual os especialistas da área de história trabalham.
Dessa maneira há uma aproximação entre o aluno e o historiador, sendo que o estudante
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compreende que a interpretação dos objetos/fontes trabalhadas dependem das perguntas
e das relações feitas pelo pesquisador.
a escola pode ir ao museu e desenvolver atividades que orientem "certo olhar questionador" aos objetos. Assim, a criança/aluno poderá ver os objetos não apenas como guardiões da memória, mas como provocadores da história e formadores da consciência histórica, criando sentidos de orientação no tempo, experienciação do passado e interpretação histórica, numa verdadeira aventura cognitiva (COMPAGNONI, 2009, p. 23-24)
Embora meu recorte nessa pesquisa seja refletir como esses espaços afetam
estudantes, não podemos deixar de considerar que esses locais também causam impacto
e ensinam pessoas já formadas ou até mesmo que não chegaram a frequentar o ensino
formal. Como Cervantes (2014) destaca, lidando com um público amplo, o museu deve
trabalhar no sentido de fazer seu patrimônio compreensível para esses visitantes
diversos. “Os objetos devem estar reunidos para produzirem um discurso museográfico
inteligível para os leigos, através dos documentos materiais ali apresentados.”
(ALMEIDA; VASCONCELLOS, 1997, p.107)
Com certeza, ainda temos uma longa caminhada até que se atinjam políticas
educacionais que valorizem mais os espaços de memória. Há muito para ser feito, são
diversas as possibilidades de trabalho quando o assunto é educação histórica. Se
contássemos com mais parcerias entre museus e escolas e mais investimentos públicos
para que jovens pudessem fazer excursões, com certeza já teríamos chegado a muitas
melhorias na formação de consciência histórica da população brasileira. Não podemos
esquecer que o acesso à esses espaços não é democratizado atualmente, por vezes
pessoas da periferia não tem condições de se deslocar e até mesmo de arcar com os
custos de uma visita a um museu.
Outro ponto importante é problematizar qual o tipo de história que está sendo
legitimada nos espaços em que levamos os alunos. Levantar o debate sobre o que é
lembrado e o que é esquecido – e quais pessoas detém esse poder de decisão – é
decisivo na hora de trabalhar espaços de memória com os alunos. Assim como nos
livros didáticos, a história mostrada em museus também pode caracterizar-se enquanto
uma construção a fim de mostrar um determinado lado da história. “Quando visitamos
um museus, temos, em geral, contato com a exposição. Esta é constituída por objetos do
acervo museológico dispostos de maneira a constituir um discurso” (ALMEIDA;
20
VASCONCELLOS, 1997, p.104). Por isso, é extremamente necessário que professores
estejam altamente qualificados para dar aulas envolvendo essas visitas. Além de
conhecer muito bem o espaço, o profissional deve saber o que será dito antes, durante e
o que será trabalhado após a visita. Esta é uma discussão que está colocada já nos PCNs,
onde há a sugestão que “o professor deve visitar o local com antecedência, para que
possa ser também um informante e um guia ao longo dos trabalhos” (BRASIL, 1997, p.
63), Além disso também há a proposição de que os alunos pesquisem previamente sobre
o local que irão visitar e que tenham um roteiro de pesquisa. A conversa com um
especialista sobre o tema a ser aprendido também aparece como algo importante.
Quando os museus oferecem programas de monitoria, essas questões também
devem estar bem situadas. Como veremos no capítulo seguinte, essa é uma preocupação
que está colocada, no entanto ainda há o que melhorar. Cervantes (2014) propõe a
existência de um “mediador didáctico en patrimônio” que poderia mediar a relação
escola-museu facilitando o trabalho para ambos. Enquanto não há a existência de
profissionais desse tipo, devemos contar com a qualificação de professores e
profissionais de museus para a instrução dos alunos.
Almeida e Vasconcellos (1997) atentam para a importância da ação educativa
em museus. Segundo as autoras “Muitos museus brasileiros contam com departamento
de educação ou ação cultural permanente, formados por educadores e especialistas que
atuam junto ao público.” (ALMEIDA; VASCONCELLOS, 1997, p.108). Assim como
Cervantes, elas ressaltam o papel mediador do educador de museu. Eles ainda sugerem
o seguinte roteiro para os professores que desejam trabalhar com patrimônio com seus
alunos:
A partir de nossa experiência como educadores de museus, gostaríamos de apresentar alguns pontos fundamentais que devem ser levados em conta no planejamento de uma visita:
- Definir os objetos da visita;
-Selecionar o museu mais apropriado para o tema a ser trabalhado; ou uma das exposições apresentadas, ou parte de uma exposição, ou ainda um conjunto de museus;
- Visitar a instituição antecipadamente até alcançar uma familiaridade com o espaço a ser trabalhado;
- Verificar as atividades educativas oferecidas pelo museu e se elas se adequam aos objetivos propostos e, neste caso, adaptá-las aos próprios interesses;
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- Preparar os alunos para a visita através de exercícios de observação, estudo de conteúdos e conceitos;
- Coordenar a visita de acordo com os objetivos propostos ou participar de visita monitorada, coordenada por educadores do museu;
- Elaborar formas de dar continuidade à visita quando voltar à sala de aula;
- Avaliar o processo educativo que envolveu a atividade, a fim de aperfeiçoar o planejamento das novas visitas, em seus objetivos e escolhas. (ALMEIDA; VASCONCELLOS, 1997, p.114)
Em seu trabalho, Helena Pinto fala da importância de uma educação patrimonial:
Ao nível da Educação Patrimonial, é necessário desenvolver nos jovens, através de um contacto direto e constante com fontes patrimoniais, nomeadamente no âmbito local, sentimentos de responsabilidade em relação ao património histórico, e de pertença a comunidades portadoras de memórias necessárias à compreensão do presente e à reflexão crítica e construtiva sobre o futuro. Simultaneamente, é indispensável envolver as escolas, e os professores de História em particular, no processo histórico que tem marcado as identidades das comunidades onde estão inseridos. (PINTO, 2011, p.1)
Dessa forma, podemos ainda destacar que o contato com as exposições em
museus poderia criar nos estudantes uma consciência sobre a necessidade de preservar o
patrimônio e dar a ele seu devido valor. Essa ação pode ajudar com que os alunos
valorizem sua própria história.
Ao ser reconhecida como narrativa legítima do passado de um grupo social, a memória coletiva atua como elemento constituinte de uma identidade social. Nesse momento, a memória para além de lembranças de um passado que já se foi aponta para as potencialidades de um futuro que se deseja construir. Foi justamente em razão desse elemento identitário que os Estados nacionais, os grupos étnicos e diferentes instituições passaram a desenvolver políticas de registro e difusão de sua memória coletiva. (PACHECO, 2010, p.145)
Segundo Oriá (1997), se anteriormente o patrimônio cultural era tratado de
maneira restrita e elitista, atualmente, com a Constituição de 1988, há a preocupação
com uma história plural, que abrange vários tipos de patrimônio. Se antes a categoria
“patrimônio” estava restrita a bens imóveis, agora ela compreende bens materiais e
imateriais. O que o autor explica é que cada vez mais a história positivista de grandes
22
heróis de origem europeia tem desaparecido em detrimento de grupos anteriormente
esquecidos. Legalmente, passamos a ter uma preocupação com a preservação das
culturas negra e indígena.
Em paralelo, temos igualmente a mudança da compreensão sobre quais fontes
históricas podem e devem ser utilizadas. “Hoje os documentos chegam a abranger a
palavra, o gesto. Constituem-se arquivos orais; são coletados etnotextos. Enfim, o
próprio processo de arquivar os documentos foi revolucionado pelo computador.” (LE
GOFF, 2003, p.10). Essa ampliação de fontes utilizadas pelos historiadores se dá em
grande parte pelas inovações trazidas pela Escola de Annalles no início do século XX.
Oriá ressalta que existe o direito à memória histórica. Sem isso nos tornamos
estrangeiros em nosso próprio local de nascimento e existência.
Ademais, por admitirmos o papel fundamental da instituição escolar no exercício e formação da cidadania de nossas crianças, jovens e adolescentes, é que defendemos a necessidade de que a temática do patrimônio histórico seja apropriada como objeto de estudo no processo ensino-aprendizagem” (ORIÁ, 1997, p. 140)
Ou seja, analisando o conteúdo dos PCNs, da LDB e também a proposta trazida
na Constituição brasileira de 1988, está oficialmente colocado: É importante perpetuar
uma memória plural e é necessário dar acesso à essa memória aos estudantes, bem como
aos demais cidadãos.
23
3. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: POSSIBILIDADE DE AÇÕES
EDUCATIVAS
Vista a importância dos museus na formação de conhecimento histórico dos
jovens de ensino médio a partir do ponto de vista teórico, conforme apresentado no
primeiro capítulo dessa pesquisa, gostaria de, nesse segundo momento, apresentar
algumas experiências da vida real que se mostram interessantes para exemplificar o
trabalho com educação patrimonial. Por “exemplificar”, não quero pregar que há um
modelo correto a ser seguido nessas propostas; reconheço que são vastas as
possibilidades de trabalho nesse viés, no entanto, em meu recorte para esse capítulo,
optei por focar em quatro experiências que tem resultados positivos.
O primeiro exemplo é o Estágio III do curso de licenciatura em História da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em seguida abordo as propostas
desenvolvidas pelas ações educativas do Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade Federal do Paraná.
As duas últimas experiências que escolhi mencionar são: o trabalho
desenvolvido no memorial da Universidade Federal Rural de Pernambuco e os
resultados da pesquisa desenvolvida por Helena Pinto em Portugal para sua tese de
doutorado em educação patrimonial.
A partir dessas experiências, podemos formar uma ideia de como é possível
trabalhar a educação patrimonial em diversos âmbitos da sociedade: Na escola, nas
universidades e nos próprios museus.
3.1 Estágio III na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
O estágio que os acadêmicos do curso de graduação de História praticam na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul prova que é possível que as universidades
abram diálogo com a educação patrimonial, formando seus alunos de graduação para
que estejam aptos a levar esse tipo de discussão para as salas de aula. Isso está bem
colocado na obra Patrimonio Cultural e Ensino de História, organizado por Carmem
Zeli de Vargas Gil e Rhuan Targino Zaleski Trindade e publicado em 2014. Esse livro é
24
uma coletânea de relatos de profissionais que trabalharam a relação
patrimônio/educação no Rio Grande do Sul.
Para minha pesquisa, o que mais se destaca nesses artigos são os relatos sobre o
Estágio em Educação Patrimonial que compõe a grade curricular do curso de
licenciatura em História da UFRGS.
De acordo com Gil (2014), na UFRGS, há uma disciplina específica para se
trabalhar Educação Patrimonial no curso de licenciatura em História. Essa disciplina é o
terceiro estágio que os alunos devem realizar (após terem a experiência prática com
turma de Ensino Fundamental e Ensino Médio).
A disciplina de Estágio III possibilita que o licenciando em História acompanhe as atividades cotidianas das instituições culturais, observe suas ações educativas, proponha atividades com o acervo, acompanhe o mediador em visitas guiadas e participe de reuniões de estudos organizadas pela instituição. Algumas instituições têm reservado uma parte da carga horária do estágio para a formação dos estagiários e promovem debates, leituras e estudos das ações educativas da instituição que, em alguns casos, se encontram sistematizadas e publicadas. (GIL, 2014, p.42)
Isso faz com que, segundo a autora, não se questione apenas como se aprende
história, mas também em quais locais essa aprendizagem se dá.
Sem dúvida, esse é um modelo muito inspirador, no que tange a formação de
profissionais capacitados para trazer a discussão do patrimônio para as escolas. Tendo
contato com esses espaços durante a graduação, certamente o profissional estará mais
apto durante uma visita guiada com seus alunos.
Gil explica que esse estágio possibilita uma quebra na mera transmissão de
conhecimentos e conteúdos, pois através da experiência gera-se reflexão. A autora
ressalta que necessitamos de uma educação que insira as diferentes formas de
patrimônio dentro do âmbito da cultura nacional.
Silva (2014), que também relata sua atuação na disciplina de Estágio III na
UFRGS, explica que utilizou de fotografias para abordar a questão do patrimônio com
os estudantes. Ela trabalhou na Escola Técnica Estadual Irmão Pedro em 2012, ano em
que ocorria o cinquentenário da escola.
25
Silva optou por trabalhar com imagens atuais e antigas da escola, utilizando-se
de textos como referencial teórico para explicar o papel da fotografia como fonte.
Essa experiência é interessante porque demonstra que, para trabalhar patrimônio
e espaços de memória, não necessariamente se deva sair do complexo escolar, uma vez
que possivelmente a própria escola pode se apresentar como um espaço de memória.
Dessa forma, podemos mostrar aos jovens que o patrimônio pode estar mais próximo
deles e mais presentes no seu dia a dia do que eles imaginam.
Em seguida, ela convidou os alunos para que eles tirassem fotografias da escola.
Essa é uma maneira muito positiva de fazer com que os estudantes se relacionem
diretamente com o patrimônio e sintam-se parte da produção de memória, provando que
todos os indivíduos de nossa sociedade fazem parte do “fazer história”.
Depois de observados os registros fotográficos, foi retomada a discussão anterior, pois as imagens feitas pelos alunos reforçam o argumento de que o Irmão Pedro é um patrimônio cultural, já que a instituição se apresenta como um local de memórias, trajetórias, identidades e histórias. Após essa experiência, os alunos manifestam compreender que eles se inserem, a partir desse ano, em uma história que contou e conta com distintos autores, demandas e conflitos, tornando-se novos agentes históricos dentro de um contexto em permanente mudança. (SILVA, 2014, p.67)
3.2 Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná
Inaugurado em 1963, o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade
Federal do Paraná conta com três espaços; o espaço do museu – localizado em
Paranaguá, no prédio do antigo Colégio dos Jesuítas, fundado em 1755 -; a Reserva
Técnica e a Sala Didático Expositivas, ambas localizadas em Curitiba.
O acervo do museu é composto por artefatos coletados em pesquisas arqueológicas e etnográficas, principalmente no Paraná, daí sua grande importância para a compreensão da história do Estado. Atualmente possui um acervo de aproximadamente 80.000 peças, divididas em quatro grandes coleções: Arqueologia, Cultura Popular, Etnologia e Documentação Sonora, Visual e Textual.3
Atualmente o Museu é dirigido por Márcia Cristina Rosato e Laura Pérez Gil,
doutoras em antropologia.
3 Disponível em : http://www.proec.ufpr.br/links/mae.html Acesso em: 21/11/2017.
26
O que é significativo para meu estudo é o trabalho desenvolvido pela unidade de
museologia e difusão cultural, uma vez que é através dela que se dão as ações
educativas e a elaboração de material didático, ou seja, o “canal de comunicação efetivo
entre o museu e o seu público”4
O programa de Ações educativas do MAE conta com os seguintes projetos
vinculados: Museu para todos – ações educativas e inclusivas no Museu de Arqueologia
da UFPR; Ações Educativas do MAE em Paranaguá; Sunguilar: contação de histórias
africanas e afro-brasileiras em escolas de Ensino Fundamental.
Em seu trabalhado de conclusão de curso de licenciatura em pedagogia,
intitulado Práticas educativas em museus: MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia
da UFPR, Karina Pereira Machado (2014) investiga as ações educativas realizadas pelo
MAE, sendo que seu enfoque foi o trabalho desenvolvido na Sala Didático-Expositiva,
localizada no Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, inaugurada em 2009.
A Sala Didático-Expositiva é “uma unidade destinada à pratica das ações educativas do
MAE, nela está montada uma exposição didática sobre os temas de referência do
museus.” (MACHADO, 2014, p.21).
É no setor educativo em que são desenvolvidos materiais didáticos (como jogos
e atividades lúdicas), de forma que se estabelece uma ponte com o público alvo (em sua
maioria estudantes).
Além disso, a autora aponta para a elaboração das chamadas Caixas Didáticas do
MAE; que são emprestadas de forma gratuita, sendo que o colégio pode ficar com uma
caixa durante o período de uma semana. Elas são “caixas temáticas contendo peças do
acervo, textos de apoio e atividades para serem aplicadas em sala de aula por
professores, educadores, como ferramenta de apoio para apresentação de conteúdos do
currículo escolar.” (MACHADO, 2014, p.22)
Essa proposta, que já rendeu premiação para o museus, se mostra muito positiva
para a educação patrimonial. Se por vezes os colégios não possuem meios de ir até o
museus, o museu vai até a sala de aula.
Outros materiais também são desenvolvidos, como CDs e livros, de contos
indígenas e africanos. Os jogos desenvolvidos pela equipe do museu também possuem
4 Disponível em : http://www.proec.ufpr.br/links/mae.html Acesso em: 21/11/2017.
27
importante papel na ligação entre os jovens e o museus. Para que as crianças possam
compreender melhor o trabalho do arqueólogo, foi desenvolvido o “Arqueojogo”. Além
dele, o “Jaguareté – o encontro”, é um “jogo de RPG ambientado na época do
“descobrimento” e que tem por objetivo situar o contato com os conquistadores brancos
desde a perspectiva dos indígenas.” (MACHADO, 2014, p. 26)
A Sala Didático-Expositiva está aberta para a visitação do público em geral, mas seu espaço foi pensado para receber principalmente o público escolar que não tem “condições” de visitar a sede do Museu em Paranaguá. Neste espaço, os interessados podem realizar visitas guiadas (pré-agendadas) com auxílio de monitoria que apresenta o conteúdo expositivo. Além disso, há uma sala anexa, que é exclusiva para a realização das oficinas lúdicopedagógicas, com temas que procuram dialogar e aproximar a exposição dos visitantes. As atividades que são desenvolvidas pela equipe da Sala Didática, durante as visitas agendadas das escolas são divididas em duas etapas: a visita guiada e uma oficina temática. O tema das oficinas depende de alguns fatores como: idade dos alunos, tema escolhido previamente pelos professores ou característica específica do grupo (por exemplo, grupo de pessoas com deficiência visual).(MACHADO, 2014, P. 28-29)
A ação educativa conta com a participação de bolsistas de diferentes cursos da
UFPR. Dessa forma, além de levar educação patrimonial para o público escolar, o
museu ajuda na formação de profissionais capacitados para lidar com a educação em
museus.
3.3. O Memorial da Universidade Federal Rural de Pernambuco
Outro “exemplo” que selecionei para essa discussão sobre as possibilidades de
trabalho com a educação patrimonial é o caso do Memorial da Universidade Federa
Rural de Pernambuco, apresentado por Ricardo de Aguiar Pacheco no artigo Educaçã,,
memória e patrimônio: ações educativas em museu e o ensino de história. Publicado em
2010 na Revista Brasileira de História.
O Memorial da UFRPE é uma unidade administrativa da universidade que tem como função guardar, pesquisar e divulgar a história dessa universidade, contribuindo, assim para a formação da identidade de sua comunidade interna – docentes, discentes e técnicos administrativos -, mas também das comunidades que estão no seu entorno. (PACHECO, 2010, p. 147)
Ele surge da necessidade de não deixar cair no esquecimento a trajetória da
UFRPE.
28
Pacheco (2010) explica que ele foi instituído em 2006 na Casa Ivan Tavares.
Apesar de seus espaços terem caído em desuso, em 2009 foi elaborado projeto para sua
reabertura, de forma que além de trabalhar o material já existente no memorial, foram
procuradas novas parcerias. A intenção era “fazer desse espaço de memória um espaço
educativo” (PACHECO, 2010, p.147)
O projeto contou com a participação de professores e bolsistas (responsáveis
pelo acervo e pelas ações educativas). O projeto foi então dividido em três etapas:
1º) pesquisa inicial: os pesquisadores da equipe se utilizaram das referências teóricas e metodológicas de diferentes áreas do conhecimento (História, Sociologia, Antropologia e Educação) para construir subprojetos utilizando os objetos do acervo do Memorial da UFRPE para abordar as relações entre educação, memória e patrimônio.
2º) comunicação museal: as conclusões das pesquisas iniciais foram transformadas em sínteses capazes de serem incorporadas à exposição museológica. Assim, não interessaram extensos relatórios, mas seleções de objetos, cartazes, etiquetas que comunicassem as conclusões para, desse modo, informarem a memória da comunidade acadêmica sobre a importância histórica do objeto exposto.
3º) programa educativo: tanto no momento da pesquisa como no da montagem da exposição, teve-se em mente que o material exposto seria objeto de uma ação educativa. O planejamento e a execução dessa ação visavam potencializar os significados da exposição e potencializar o valor histórico do patrimônio e da memória coletiva. Assim, o planejamento das ações educativas do Memorial da UFRPE foi iniciado juntamente com a montagem da exposição permanente. (PACHECO, 2010, p.148)
A exposição proposta procurava abordar a questão do ensino, pesquisa e
extensão. Após a escolha de objetos e informações para a exposição, “foram pensadas
ações educativas que possibilitassem aos visitantes uma melhor apropriação dos
significados das peças e dados expostos.” (PACHECO, 2010, p. 148)
Segundo o autor, a intenção da exposição perpassava a transmissão de
conhecimento acabado e procurava-se a construção do conhecimento por parte do
público, tendo em vista o conceito freireano de “leitura de mundo”.
Como resultado dessa metodologia, os bolsistas envolvidos na construção da exposição foram orientados na elaboração das ações educativas voltadas ao público do memorial. Foram criados um roteiro de visitação e um conjunto de três jogos didáticos que utilizam as peças e informações da exposição. Para isso seguimos uma metodologia – uma “disciplina” – freiriana com vistas a possibilitar que cada bolsista envolvido no projeto manifestasse sua posição sobre o trabalho
29
desenvolvido e entendesse que ele se tornava não apenas agente do seu ato formativo que se estruturava, mas também do ato educativo que o qualificava para trabalhar com o patrimônio. (PACHECO, 2010, p.150)
Novamente, além de levar conhecimento à população que visita esse tipo de
espaço, projetos como o do Memorial da UFRPE ajudam na formação de profissionais
habilitados na discussão patrimonial. Propostas assim deviam ser recorrentes, pois
trazem benefícios para todas as partes, incrementando a cidadania dos envolvidos e
criando consciência sobre a importância da preservação dos bens pertencentes a cada
sociedade.
3.4. Educação histórica e patrimonial em Portugal
Enfim, resolvi destacar uma experiência internacional; a pesquisa desenvolvida
por Helena Pinto em Portugal. A pesquisadora, que se destaca na área de educação
histórica, desenvolve importante trabalho no que diz respeito à educação patrimonial.
No livro Aprender História: perspectivas da educação histórica organizado por
Schmidt e Barca, está presente o artigo de Pinto de conta justamente um pouco de suas
experiências nessa área. A autora trabalha principalmente a relação entre patrimônio,
museu e escola. Ela explica que apesar do fenômeno da globalização, ainda existe a
procura por história regionais, além disso identidade coletiva e patrimônio são
inseparáveis, ambos podem se tornar campos de batalha. “O que chegou até nós não foi
a totalidade do patrimônio criado pelos povos através dos anos, mas escolhas feitas ao
longo dos séculos pelas sociedades que dele usufruíram.” (PINTO, 2009, p.273)
Segundo ela, foi justamente devido às inúmeras perdas decorridas da
seletividade humana sobre seu patrimônio, que órgãos como a ONU lançam projetos
buscando recuperar nossa herança patrimonial. A luta é pela tomada de consciência
sobre valorização e preservação desses bens. Dessa forma, ações educativas
patrimoniais são importantíssimas, o aluno passa a compreender a sociedade em que
está situado.
Tudo isso permite o envolvimento dos alunos na construção do seu próprio saber, a partir dos seus interesses e motivações, desenvolvendo competências analíticas na abordagem das evidências patrimoniais. Assim, se o Patrimônio exige atenção e respostas adequadas por parte das autoridades responsáveis pela sua defesa e preservação, requer
30
também um tratamento educativo que sensibilize as jovens gerações, facultando-lhes os meios necessários à sua “leitura”. (PINTO, 2009, p.275)
A pesquisadora acredita no potencial do museu enquanto ambiente de
aprendizagem, para além de lugar de preservação do patrimônio. Esse espaço permite
que os alunos lidem mais diretamente com as fontes históricas, quando em contato
direto com essas fontes, os alunos parecem compreender melhor a representação do
tempo histórico. Diferentemente do que se tem na escola, essa aprendizagem em museus
se caracteriza como educação não formal.
Pinto trabalha com a educação patrimonial no Centro Histórico da cidade de
Guimarães em Portugal. Ela realizou uma pesquisa empírica nesse espaço, ela pretendeu
estimular nos jovens participantes a consciência sobre as transformações históricas
sofridas pelo patrimônio local, de forma que eles possam ser agentes defensores desse
patrimônio.
Pretendeu-se, por isso, que este estudo empírico ajudasse a esclarecer as seguintes questões:
- Quais as concepções de crianças e adolescentes sobre o patrimônio integrado no “Centro Histórico” de Guimarães?
- Que níveis conceptuais revelam num contexto de observação directa do patrimônio?
- Que fontes de conhecimento utilizam?
-Quais as possibilidades de Educação Patrimonial suscitadas por uma experiência organizada de contacto com o patrimônio? (PINTO, 2009, p.288)
Para realizar essa pesquisa, ela optou por trabalhar com um grupo restrito de
crianças e adolescentes, um grupo entre 8 e 11 anos e outro entre 12 e 14 anos de idade.
Juntamente com o passeio por Guimarães, Pinto recolheu relatos orais desses jovens e
respostas escritas. Esses jovens contaram com a leitura de um Guia previamente
elaborado sobre o roteiro a ser percorrido.
Após a visita, a pesquisadora realizou a análise de dados. Através de relatos
orais desses jovens, ela pode perceber que muitos deles já possuíam noção prévia sobre
os locais, por vezes, gerada devido a conhecimentos de família ou de seu próprio
universo. Outro ponto importante é que esses jovens debateram sobre a importância da
preservação desses espaços de memória. A autora aponta, que nas respostas, a faixa
31
etária dessas crianças e adolescentes não fez grande diferença na qualidade das
respostas.
Por fim, ela aplicou um questionário para compreender como os jovens
participantes avaliam a atividade propostas. Os resultados apontam que a maioria
considerou satisfatória a experiência, para alguns foi a oportunidade de “aprender
brincando”.
Respondendo as questões que havia proposto, ela pode concluir que:
os jovens podem atingir níveis de conceptuais mais ou menos elaborados em relação ao patrimônio – acerca de acontecimentos e personalidades históricas, mudança e continuidade, reconstrução e preservação – sem uma relação absoluta com a faixa etária. (PINTO, 2009, p.296)
Além disso, ela percebe que “Parece existir uma relação entre os aspectos
históricos-culturais que os sujeitos consideram ser mais significativos e as suas
experiências de aprendizagem, o seu mundo de valores” (PINTO, 2009, p.297)
Enquanto alguns dos participantes apresentam o que a atora chama de “verbalização
partilhada com base na apreensão dos elementos observados e na experiência pessoal” e
“verbalização partilhada com base na observação e na experiência pessoal, apresentando
um contextualização histórica restrita” outros apresentam a “reflexão criativa e
personalizada, num exercício de síntese a acrescentar às características anteriores”, ou
seja, há maior elaboração em termos de opinião pessoal.
Para a autora, desde que haja a utilização de material adequado, crianças e
adolescentes são capazes de desenvolver pensamento histórico. Por esse motivo é
importante investir em elaboração de materiais educativos de qualidade.
Deste modo, a Educação Histórica, na sua relação com o Patrimônio – material ou imaterial, construído ou móvel, integrado em centros urbanos, sítios ou museus – poderá favorecer a construção de uma identidade multifacetada, no contexto de uma sociedade aberta e plural. (PINTO, 2009, p.298)
32
4. PESQUISA EMPÍRICA E ANÁLISE DE DADOS
Após analisar teoricamente a importância dos museus na educação de jovens em
idade escolar e explanar sobre possibilidades práticas da educação patrimonial, optei por
utilizar um instrumento de pesquisa para “ouvir a voz” de alunos e educadores sobre
essa questão. De forma que a pesquisa passa a ter um significado real e prático,
embasado em falas de pessoas que vivem na prática o que está sendo discutido.
Escolhi aplicar o instrumento no Instituto Federal do Paraná Campus Curitiba. Já
possuía familiaridade com o espaço, uma vez que realizei meu estágio obrigatório de
prática em ensino de história nesse mesmo colégio, tendo frequentado durante um ano
letivo inteiro as aulas de história, pelo menos uma vez por semana. O colégio possui
uma estrutura diferenciada, os alunos têm maior autonomia em relação ao sistema
aplicado em outros colégios públicos de Curitiba. Outra coisa que é importante destacar
é que para entrar nos cursos técnicos vinculados ao Ensino Médio, é necessário realizar
prova, o que torna mais seleta a escolha de alunos que ali estudam.
Para realizar essa pesquisa, preparei dois questionários diferentes; um para
alunos do ensino médio e outro para professores do ensino médio. Começarei
analisando o questionário aplicado para os alunos. No total foram respondidos 23
questionários; o instrumento foi aplicado em uma turma de terceiro ano do ensino
médio de um curso técnico. Entreguei as folhas com perguntas no início da aula de
história (procedimento previamente acordado com o professor). Expliquei que não era
necessário se identificar e que a resposta deles era importante para a minha pesquisa.
Após cerca de quinze minutos quase todos os alunos haviam terminado de
preencher o questionário; alguns poucos me entregaram posteriormente. No geral não
33
houve dúvidas sobre como responde-lo. O questionário aplicado para os alunos, bem
como o questionário aplicado para os professores está no apêndice desse trabalho.
A seguir explicarei o porquê de cada pergunta e qual o resultado obtido com
base nas respostas.
As duas primeiras questões, nas quais os alunos deviam informar a idade e o ano
escolar, visavam apresentar o perfil do grupo investigado na pesquisa.
22%
65%
13%
Idade
16 anos17 anos18 anos
Gráfico 1 – Idade dos alunos
Dos 23 alunos que participaram da pesquisa, a maioria (15 alunos) informaram
ter 17 anos, 5 alunos possuem 16 anos e o restante (3 alunos) têm 18 anos.
Com exceção de um aluno que não respondeu à questão, todos informaram estar
cursando o 3º ano do Ensino Médio. O que isso significa? O público que participou da
pesquisa está em ano de vestibular e se encontra no fim do período da adolescência.
Dessa forma, podemos inferir que muitos deles estão preocupados em adquirir
conhecimento para sua futura carreira. Nessa idade, alguns já possuem maior
independência e podem ter acesso aos museus e outros espaços de memória sem
interferência familiar ou escolar.
A terceira pergunta foi como uma introdução à investigação sobre a importância
dos museus na aprendizagem de história do público participante. Partindo do
questionamento “Quando o assunto é aprender história, você utiliza meios que vão além
34
da sala de aula?”, queria investigar quantas vezes o termo “museu” apareceria nas
respostas, além disso, através desse questionamento é possível entender quais são os
meios de aprendizagem que fazem parte do universo desses jovens.
A partir das respostas escritas, tabulei os termos que aparecem. O resultado foi o
seguinte:
Termo Quantidade de
vezes que aparece
Termo Quantidade de
vezes que aparece
Livros 14 Notícias 1Vídeos 9 Artigos 1Documentários 8 Revistas 1Internet 7 Livros didáticos 1Filmes 6 Relato de
historiadores1
Séries 4 Podcasts 1History Channel 3 Museus 1TV 1 Família 1
Tabela 1 - Termos citados pelos alunos. Tabela organizada pela autora.
Conforme esperado, o termo “museu” foi pouco citado, nesse caso ele foi citado
apenas uma única vez.
Acredito que se essa pergunta fosse colocada ao final do questionário, o termo
apareceria mais vezes, pois ao responder perguntas específicas sobre museus, os alunos
poderiam lembrar de seu papel. No entanto, foi justamente por esse motivo que optei
por colocar essa pergunta no início do questionário. Queria saber a princípio, sem
maiores influências, quais os meios favoritos de aprender história desses alunos. O que
a pesquisa indicou que os alunos preferem pesquisar e aprender sem necessariamente ter
que sair de casa ou da escola.
O item mais citado foram os “livros”; a maioria não especifica títulos, apenas
citando livros de maneira geral. Apareceram os títulos “Olga”5 e “Nada de novo no
front”6, obras que o próprio professor de história passa durante o ano para que os alunos
utilizem como material de apoio, sendo que nas provas escritas esses livros são
5 Trata-se do livro Olga escrito por Fernando Moraes, publicado em 1994. O livro trata da trajetória de Olga Benário, jovem alemã de origem judaica que se envolve na militância comunista e que se junta à Luís Carlos Prestes para realizar uma revolução armada no Brasil durante a Era Vargas.6 Trata-se do livro Nada de novo no front do autor alemão Erich Maria Remarque, publicado em 1929. O livro é um romance sobre a Primeira Guerra Mundial.
35
cobrados. Outro livro citado foi “1808”7, que não é propriamente uma obra
historiográfica e acadêmica. Podemos notar dessa forma que obras produzidas por
historiadores não chegam tão facilmente às mãos desses alunos. Por outro lado, a
aparição de termos como “artigos” e “relatos de historiadores”, embora raros, trazem
alguma esperança nesse sentido. O aluno(a) que citou “revistas” não especificou quais
utiliza, mas acredito que dificilmente revistas acadêmicas circulem no meio escolar.
Para além do que é visto na sala de aula, preocupa aos historiadores quais tipos de
informação estão chegando à esses jovens que buscam aprofundar seu conhecimento.
O termo “vídeos” foi o segundo mais citado, o que reforça a tese de que os
alunos preferem não se locomover para aprender. Atualmente o Youtube e outras
plataformas para vídeos são muito utilizadas pelos jovens para diversos fins. Com a
aprendizagem não é diferente. Às vezes o conteúdo exibido, possuiu linguagem fácil de
ser compreendida, sendo mais atrativo que outras formas de estudo e pesquisa.
Novamente, fica o questionamento, o conteúdo que eles estão assistindo online é
produzido com seriedade? Foram citados alguns canais do Youtube, um deles é feito por
um profissional formado em História, o outro canal é feito por uma pessoa não formada
em História.
Juntamente aos vídeos, temos a presença de palavras como “internet”,
“documentários”, “filmes”, “séries” e “podcasts”. Com a popularidade crescente de
aparelhos celulares, tablets e computadores é cada vez mais fácil ter acesso à esses
conteúdos em qualquer lugar. Inclusive durante as aulas, por vezes quando surgem
duvidas que o professor não pode responder, os alunos recorrem à pesquisa na Internet
para descobrir informações. Durante minha experiência nesse colégio, presenciei
inclusive uma atividade na qual os alunos deveriam pesquisar a vida de uma
personalidade histórica utilizando o celular.
A aparição dos termos “TV”, “History Channel” e “Notícias” é preocupante,
pois raramente são produzidos conteúdos de qualidade nesses meios, sendo o
sensacionalismo a principal ordem nessas produções. Obviamente também há espaço
para programas de qualidade, mas será que os alunos conseguem distinguir?
7 Trata-se do livro 1808 de Laurentino Gomes, publicado em 2008. O livro trata da vinda da família real portuguesa ao Brasil.
36
“Livro didático” aparece uma única vez. O método do professor de história dessa
turma não costuma incluir o uso de livros didático durante as aulas. Isso pode
influenciar os alunos a procurarem outros métodos de aprendizagem. Por fim, acho
interessante destacar que o termo “família”, ainda que citado apenas uma vez,
demonstra que existe a tradição da história oral, e que os jovens podem recorrer a ela
para se informar sobre o passado e a sua própria história.
Na quarta questão: “Quais museus de Curitiba você já visitou?”, coloquei cinco
alternativas para os alunos assinalarem. Museu Oscar Niemeyer8, Museu do
Expedicionário9, Museu Egípcio Rosa Cruz10, Museu do Holocausto11 e uma opção para
outros museus. Obviamente, ao dar essas opções de museus, optei por alguns dos mais
conhecidos de Curitiba, no entanto existem vários outros que poderiam ter sido
mencionados, visto que existem muitos espaços de memória desse tipo na cidade.
Dos 23 questionários, a opção pelo museu apareceu na seguinte quantidade:
Museu Quantidade de vezes que foi assinalado
Museu Oscar Niemeyer 19
Museu do Expedicionário 11
Museu Egípcio Rosa Cruz 10
Museu do Holocausto 23
Outros museus 3
Tabela 2 - Museus visitados pelos alunos. Tabela organizada pela autora.
Para investigar melhor, após a opção “outros museus”, adicionei espaço para que
eles pudessem escrever sobre quais outros museus visitaram. Três alunos marcaram essa
opção, como é possível notar através da tabela contida na figura 3. Eles citaram duas
vezes “Museu da praça Oswaldo Cruz”, uma vez “Museu do carro no Parque Barigui”,
8 O Museu Oscar Niemeyer, também conhecido como Museu do Olho, foi inaugurado em 2002. O foco de suas exposições são as artes visuais, o design e a arquitetura, porém o museu já abrigou exposições de diversos tipos. O MON é conhecido internacionalmente devido à sua arquitetura diferenciada, que segue o estilo de outras estruturas projetadas por Oscar Niemeyer. 9 Inaugurado em 1946, o Museu do Expedicionário preserva a história da Segunda Guerra Mundial e a participação do Brasil no conflito. Dentre as diversas fontes históricas expostas no museu estão uniformes de guerra, bandeiras, fotos, medalhas e objetos pertencentes aos combatentes. Dentro do museu há uma biblioteca na qual há bibliografia sobre o evento.10 O Museu Egípcio Rosacruz foi inaugurado em 1990 e conta com cerca de 700 peças em seu acervo, sua exposição mostra réplicas de objetos do Egito antigo, sendo que uma de suas atrações principais é a múmia de Tothmea.11 Inaugurado em 2011, o Museu do Holocausto relembra a história de judeus massacrados pelo regime nazista na Alemanha, tendo um forte papel educativo contra a opressão. Para ter acesso ao museu é necessário agendar a visitação.
37
uma vez “museus em outras cidades e estados” e também uma vez “Museu da Imagem e
do Som”. Como esperado, a maioria tem acesso aos museus mais conhecidos da cidade,
os que optei por colocar na questão de múltipla escolha.
A fim de entender qual o papel da escola no que diz respeito ao acesso desses
alunos aos museus, inclui em seguida o questionamento: “Alguma dessas visitas foi
realizada por meio da escola?”. É importante saber se a ida desses jovens ao museu se
dá através de excursões do colégio, visitas com a família e amigos ou por iniciativa
própria. Os dados das visitas realizadas através do colégio são:
Museu Quantidade de alunos que os visitaram através da escola
Museu Oscar Niemeyer 7Museu do Expedicionário 4Museu Egípcio Rosa Cruz 5Museu do Holocausto 23Museu da Praça Oswaldo Cruz 0Museu do Carro 0Museu da Imagem e do Som 0
Tabela 3 - Quantidade de alunos que visitaram museus através da escola
Os dados indicados na tabela são merecedores de atenção, pois apontam que
grande parte das visitas à museus realizadas por esses jovens foi por meio da escola. A
visita ao Museu do Holocausto, citada por todos os 23 alunos que responderam o
questionário, foi em todos os casos realizada pela escola. Isso é significativo, pois para
alguns alunos, todas as oportunidades de visitar museus ocorreram graças à escola. Para
ser mais específica, em 8 questionários os alunos citam que todas as suas visitas à
museus foram feitas através da do colégio. Ou seja, podemos inferir que talvez sem o
trabalho dos professores, talvez muitos alunos não conheceriam nenhum desses espaços.
Após investigar quais espaços os alunos já haviam visitado e qual o papel da
escola nessas visitas, investi em fazer perguntas de cunho pessoal, para coletar dados
sobre como os alunos se relacionam com os espaços de memória. Para isso, elaborei
quatro questões dissertativas, para que os alunos comentassem o que pensam sobre
museus e como eles tem impacto em sua vida.
A pergunta número 5 do questionário é: “Você acredita que é possível aprender
História em um museu? Conte um pouco sobre suas ideias”. Com exceção de um único
aluno, os demais acreditam ser possível aprender história em um museu. De certa forma,
as respostas contidas nos questionários estão de acordo com a proposta apresentada no
38
primeiro capítulo; para esses jovens, a ida aos museus é uma forma de aprender história
“mais de perto”, saindo da abstração trazida pelos livros didáticos e aulas expositivas,
para mergulhar no trabalho cara a cara com fontes históricas de diferentes naturezas.
Para a maioria, é satisfatório ter contato direto com esses objetos, muitos acreditam que
esses artigos são a real história.
Relato 1 – “Sim, os museus trazem os conhecimentos para mais perto, tornando a
experiência mais real e palpável.”
Relato 2 – “Muito, pois quando se visita um museu você vê mais de perto e se sente
mais próximo dos acontecimentos e das exposições.”
Obviamente, esse senso de “real” deve ser trabalhado com os alunos, afim de
que eles não esqueçam jamais que as exposições museológicas possuem enfoques, ou
seja, não existe “neutralidade”, a versão contada por uma exposição é apenas uma
dentre várias possíveis. No Relato 3 essa questão aparece mais explícita.
Relato 3 – “Sim, pois no museu é possível ver as coisas, não apenas ouvir. Ver que tudo
aquilo que foi dito é verdade.”
É importante que os alunos entendam essa relação de complemento que existe
entre o conhecimento adquirido no colégio e o conhecimento adquirido em outros
espaços, porém é problemático que o aluno considere “verdadeiro” qualquer um desses
conhecimentos. É necessário problematizar a questão de uma história verdadeira,
mesmo que ela seja tocável e visível, como no caso das exposições.
Alguns relatos ajudam a compreender melhor a relação que os alunos fazem
entre conhecimento adquirido na escola e conhecimento adquirido em museus.
Relato 4 – “Sim, pois é um jeito de ver o que se fala em sala de aula de modo
concreto, podendo ver objetos ou memórias reais sobre determinadas épocas ou
acontecimentos”
Relato 5 – “Sim, é possível ter um maior embasamento sobre como foi a história e em
alguns casos perceber que nossos antepassados/ parentes tiveram o seu nome na
história. No meu caso encontrei meu sobrenome entre os 25.000 sobrenomes que
ajudaram os judeus na 2ª Guerra.”
39
No caso do Relato 5, a experiência ajudou o aluno a conhecer uma história mais
específica de sua família. Como mencionado anteriormente, a ida a museus deve ser
importante para a formação de uma consciência de si mesmo. Esse é um caso concreto
de como isso é possível através dessas experiências.
Relato 6 – “Sim, muitas experiências que temos nos museus não chegamos nem perto
de ter em uma sala de aula. Com o museu é possível se sentir mais próximo da
história que você está estudando.”
Em seguida, gostaria de destacar outros dois relatos que mostram como a visita
ao museu pode mudar a perspectiva dos alunos sobre o passado e sobre sua própria
realidade.
Relato 7 – “Sim, pois cada objeto exposto conta com uma história e juntando cada uma
delas você tem uma visão clara do passado que muitas vezes se aplica ao presente e
ao futuro.”
Aqui temos exatamente o que foi colocado na discussão teórica sobre a
importância dos museus na educação desses jovens; por vezes essas visitas os
influenciam não somente a descobrir um passado, mas compreender como esse passado
moldou o presente e como o futuro pode ser moldado pelo presente, no qual esse
estudante atua diariamente.
Relato 8 – “Sim, o museu traz uma perspectiva diferente como, o museu do Holocausto,
que me fez definitivamente entender a dimensão do mal que Hitler causou às
minorias e aos judeus.”
Nesse caso, a ida ao museu transforma o entendimento do aluno sobre o
conteúdo, humanizando o sofrimento que por vezes fica escondido atrás de números e
estatísticas apontadas pelos livros de história.
Sobre a importância de ter uma mediador na visita ao museu, separei dois relatos
que mostram o ponto de vista dos alunos sobre o assunto.
Relato 9 – “Claro que sim. Principalmente com a ajuda do guia. La tem registros,
coisas, objetos que predem a atenção e nos conectam mais forte à história.”
Relato 10 – “Sim, pois os museus trazem a história para mais próximo por exemplo o
museu do expedicionário, com exposição de fotos, manchetes, mostram como era a
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realidade da época e permitem uma maior emersão. Porém em minha opinião essas
visitas são melhores, quando são guiadas, pois geralmente, o/a guia conta histórias
mais específicas.”
Isso corrobora a ideia de que é importante para o melhor aprendizado desses
jovens a presença de um profissional habilitado; alguém que conheça o espaço em que a
visita ocorre e que possa ao mesmo tempo explicar os conteúdos com linguagem
adequada. O próprio professor pode fazer esse papel, como mencionado anteriormente,
mas a ideia de ter um profissional específico para essa função é bastante válida.
Na pergunta número 6 questiono se “Você gostaria de conhecer mais museus?”.
A intenção aqui é compreender se os alunos pretendem dar continuidade a esse processo
de aprender a partir de fontes, utilizando-se de espaços de memória.
Felizmente, em todos os questionários a resposta foi positiva, ou seja, todos os
alunos gostariam de entrar em contato mais vezes com esse tipo de visita. A resposta de
um aluno, no entanto, nos faz refletir sobre a pouca divulgação desse tipo de espaço na
cidade de Curitiba.
Relato 11 – “Infelizmente não conheço muitos museus próximos para conhecer.”
Alguns alunos demonstraram grande interesse pela visita a museus.
Relato 12 – “Sim, gostaria mais de conhecer toda a história através de obras e fotos.”
Relato 13 – “Sim, acho visitar museus algo fascinante que amplia meu conhecimento
histórico, por meio de histórias vividas e documentos.”
Relato 14 – “Sim, existem muitos museus renomados espalhados pelo país e pelo
mundo e cada um deles traz uma experiência nova.”
Relato 15 – “Sim, pois acho que todo museu possui uma grande quantidade de
conhecimento prontos para serem espalhados.”
Outra resposta chamou a atenção:
Relato 16 – “Sim, mas eu gostaria mesmo de ter um”
Fica o questionamento: o que será que um jovem de 17 anos selecionaria para
colocar em um museu? Possivelmente, seria muito interessante ver história sendo
construída pela óptica de um jovem de ensino médio.
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Adiante, resolvi abordar mais diretamente a função dos museus na educação do
público que participou da pesquisa. A pergunta elaborada foi: “Considera a experiência
de visitar museus importante para a sua formação?”
É curioso como os alunos se perdem e se encontram nas visitas à museus. Se
perdem em histórias distantes das suas, conhecendo culturas e tempos diferentes dos
seus e se encontram em suas origens, em suas próprias histórias, se sentem agentes da
história. É o caso desses dois relatos:
Relato 17 - “Sim, pois no museu dá para conhecer um novo mundo, saindo da minha
realidade.”
Relato 18 – “Considero, porque as vezes esquecemos de quem faz a história. Todas
foram pessoas comuns, com suas famílias e problemas o que me faz sentir muito mais
integrada aos acontecimentos históricos, afinal sou como todos eles foram.”
Através de experiências como a presente no Relato 18, os alunos podem
desconstruir a ideia de uma história de grandes feitos, a história de heróis. Podem
compreender como outros grupos, por vezes ignorados, têm significado na história
humana. Dessa forma eles podem compreender como eles mesmos podem agir para
modificar ou manter as estruturas sociais de seu próprio tempo.
Por outro lado, conhecer outras realidade se mostra igualmente enriquecedor na
formação cidadã dessas pessoas.
Relato 19 – “Muito importante. Essas visitas aos museus são um incentivo a mais para
entender o que aconteceu no passado, e nos ajuda a entender mais como as coisas
funcionam e porque funcionam assim, em outras áreas da nossa vida.”
Relato 20 – “Sim. A visita aos museus faz com que a gente saia da nossa zona de
conforto e encaremos outra realidade, como no museu do Holocausto.”
Relato 21 – “Sim, conhecer detalhes das histórias de outras pessoas com realidades
diferentes da minha é importante para o conhecimento de mundo.”
Em seguida, a fala desse aluno nos traz a reflexão de que o ensino de história,
mesmo que não ligado diretamente à determinadas carreiras que esse alunos possam
eventualmente seguir, tem papel fundamental em sua formação cidadã.
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Relato 22 – “Mais como pessoa, já que minhas futuras áreas de estudo quase não
envolvem história.”
Reforçando a ideia de que a ida ao museu pode ser uma maneira lúdica de
trabalhar o ensino de história, esse/a aluno/a relata:
Relato 23 – “Bastante, pois é possível aprender coisas de uma forma mais didática e
legal.”
Por fim, o próximo relato me chamou muito a atenção, pois demonstra
justamente o que tentei defender nesse trabalho. O ensino de história pode ocorrer em
diversos espaços, não depende exclusivamente das escolas, embora sua função na
formação de história seja imprescindível.
Relato 24 – “Sim, pois aprender transcende as paredes de uma sala de aula.”
Enfim, encerrando o questionário, afim de descobrir se para esse público é fácil
ter acesso à esse tipo de espaço, inseri a seguinte pergunta: “Para você, é fácil ou difícil
ter acesso aos museus? Justifique.”
Dos 29 questionários respondidos, 13 pessoas consideram fácil o acesso aos
museus, seu principal argumento é que a entrada na maioria deles é gratuita, porém esse
é um fator que abre portas para debate. Alguns museus em Curitiba exigem que o
visitante pague entrada e até mesmo cobram estacionamento, como é o caso do Museu
Oscar Niemeyer. Por vezes esses museus oferecem um dia gratuito, mas nem sempre é
possível que a população tenha acesso. Mesmo com a meia entrada estudantil, o
ingresso não cabe na renda do jovem. Alguns escreveram que acham a localização dos
museus satisfatória. Devemos levar em consideração que o Instituto se localiza em uma
área Central, se a mesma pesquisa tivesse sido feita em um colégio periférico, talvez
não obteríamos a mesma resposta.
Cinco pessoas consideram os museus como difíceis de acessar. Isso se dá
principalmente pela distância entre a moradia dos alunos e os museus. Nem sempre é
possível conseguir transporte para visitar os museus, e por vezes a locomoção é cara.
Outro argumento seria a falta de divulgação desses espaços de memória, isso abre a
discussão da importância da valorização do patrimônio histórico. Não são apenas esses
adolescentes que não conhecem as atrações que podem visitar na cidade; a população
como um todo desconhece os museus de sua cidade.
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Outros cinco alunos não conseguiram definir a ida a museus como difícil nem
como fácil. Alguns acreditam que depende do museu. Os alunos de uma escola pública
técnica é variado, isso reflete nos resultados da pesquisa.
Os resultados do questionário aplicado com os quatro professores de História do
IFPR Campus Curitiba, confirmam os aspectos positivos de misturar aprendizado em
sala de aula com atividades externas.
Todos os professores concordaram que a visita à museus é importante para a
formação de seus alunos, um deles afirma: “A experiência da visita aos museu além de
complementar o trabalho realizado em sala de aula permite ao aluno (re)significar o
saber histórico escolar”. Nas palavras de outro professor: “De uma maneira geral as
visitas são de muito enriquecimento cultural bem como, no sentido da construção de
um sentimento de cidadania, de pertencimento, à cidade em que mora valorizando o
espaço arquitetônico e cultural do local onde mora.” Isso está de acordo com a tese de
uma formação cidadã em que o aluno se entende como agente histórico.
Sobre incluir ou não esse tipo de atividade nos planejamentos anuais, apesar de
todos os professores acreditarem ser importante a visita a museus, alguns reclamam da
falta de recursos disponíveis para realizar tais eventos. Um dos professores relata:
“Incluo, sempre que possível. No entanto, no último ano tivemos cortes nos gastos com
transporte o que inviabilizou a saída com os estudantes.”, ainda, “Apesar de considerar
essa atividade importante e significativa para os alunos não incluo essa estratégia de
ensino em meus planejamentos. Um dos motivos que dificultam esse trabalho é a falta
de recursos para deslocamento de uma grande quantidade de alunos.”
Finalmente, perguntei para os professores qual museu da cidade eles gostariam
de levar os alunos para visitar. Todas as respostas incluíram o Museu Paranaense.
Curiosamente, nenhum aluno mencionou ter conhecido esse museu, talvez os
professores não tenham tido a oportunidade de leva-los para conhecer as exposições.
Outros museus foram citados, como o Museu Oscar Niemeyer e o Museu do
Holocausto.
Dentre as propostas dos professores, uma delas chama a atenção, uma vez que há
um roteiro de visitação à diversos espaços de memória da cidade de Curitiba incluindo o
museu. Segue o relato:
44
“Levaria ao Museu Paranaense. Mas não lá diretamente. Pensaria em um
trajeto saindo do IFPR e que envolvesse na discussão os espaços do caminho até lá.
Para dar alguns exemplos passaríamos desde o prédio ‘Rebouças’ da UFPR, o que
possibilitaria tratar da ferrovia, dos irmãos Rebouças. No caminho poderíamos passar
pelo prédio da antiga rodoviária, Prédio Histórico da UFPR, Paço Municipal, Largo
da Ordem” (...) Provavelmente no caminho discutiríamos sobre a história de grupos
que ainda não estão representados no Museu Paranaense. Esse museu permite a partir
de seu acervo e organização uma série de discussões importantes. Tanto de
enunciações que lá são possíveis de identificar, quanto silêncios intencionais ou não. O
próprio museu tem passado por algumas mudanças em suas exposições que não são
fixas. Mas o acervo permanente ainda é uma enunciação que precisa ser
problematizada com os jovens alunos. Assim é possível estabelecer relações entre as
enunciações do presente e semelhanças ou diferenças em relação as do passado. E
indagar o significado desses elementos atualmente.”
45
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos desafios que pesquisadores no campo de educação histórica vêm
enfrentando, essa área deve ganhar forças e trazer debates importantes para a sociedade
brasileira. Através das referências de autores especialistas no tema, podemos notar que
existem diversas propostas de trabalho. Apesar do recorte dessa pesquisa ser sobre
museus, pesquisando bibliografia me deparei com trabalhos de excelente qualidade que
trazem novas perspectivas sobre o ensino inclusive dentro das salas de aula. Utilização
de músicas e literatura como fonte histórica para trazer arte nas aulas de História, por
exemplo, ou ainda o trabalho com HQs, a exemplo da pesquisa desenvolvida por
Marcelo Fronza, que conclui que para jovens estudantes, a leitura de histórias em
quadrinhos como fonte nas aulas de história pode ser uma maneira prazerosa de
aprender (FRONZA,2009).
Para além das diferentes fontes que podem ser utilizadas em sala de aula,
também são positivas as pesquisas sobre a didática em si, devemos revolucionar a
aprendizagem, para que a sociedade estilo “Vigiar e Punir” de Foucault não tenha
espaço. Em vez de corpos dóceis e jovens medicados, formados apenas para serem
estoque de mão de obra para o sistema capitalista, devemos trabalhar em uma formação
completa, em que o indivíduo entenda como pode agir.
Através de minha pesquisa empírica, compreendi que os museus ainda não estão
em uma posição ideal para a aprendizagem de história. Sua localização geralmente é
central, o que não favorece o acesso de alunos que moram em bairros afastados no
centro. Essa situação me faz pensar: “Por que a história está preservada no centro da
cidade?”, são poucas as iniciativas da criação e preservação de espaços de memória na
periferia. Onde estão os monumentos que contam a história da população pobre, da
população negra, da população que habita as favelas? Curitiba tem um histórico
46
higienista, com seu patrimônio não é diferente, assim como essas pessoas são
invisibilizadas no dia a dia, sua história também é apagada. Mesmo com o discurso de
historiadores sobre estudar aqueles que foram calados, pouco esforço é feito na prática
sobre espaços na cidade que contemplem essas pessoas.
Um dos poucos espaços de preservação da memória de periferia é o Museu da
Periferia (MUPE), fundado em 2011 no bairro Sítio Cercado, um bairro de periferia da
cidade de Curitiba. Fundado por Palmira de Oliveira e Marcelo Rocha, líderes da
comunidade, o museu conta com o esforço da população habitante do próprio bairro
para se manter. Uma das exposições contidas no museu, mostra a chegada de sem-tetos
no bairro na década de 1990. A história atual do bairro também é mostrada. Outro
exemplo de espaço de memória periférico é a Praça Zumbi dos Palmares no bairro
Pinheirinho, também na periferia de Curitiba, local onde ocorrem eventos como a
celebração do dia da consciência negra em novembro.
Em segundo lugar, pude compreender que falta ainda divulgação sobre o
patrimônio na cidade de Curitiba. Muitas vezes jovens estudantes e o restante da
população não acessam esses locais não por falta de vontade, mas por pura falta de
conhecimento de sua existência. A prefeitura e o governo do Estado poderiam promover
visitas guiadas pela cidade de forma gratuita em diversos espaços, como já ocorre por
exemplo nas visitas guiadas ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula, através do
projeto de Clarissa Grassi, mestranda em sociologia pela Universidade Federal do
Paraná. Visitas a espaços como o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, o
Largo da Ordem, Paço Municipal dentre outros locais de história, seriam
enriquecedores.
Como apontado através das respostas do questionário, a escola ainda tem grande
papel de mediação entre esses jovens alunos e espaços de memória. Devemos lutar
enquanto cidadãos e educadores para que esse laço seja cada vez mais fortalecido e que
se estabeleçam mais parcerias entre museus e escolas.
Outra questão é o preço do acesso aos museus. Além do aumento abusivo do
preço da passagem de ônibus ocorrido durante os últimos anos em Curitiba, alguns
espaços são pagos. Atualmente, o ingresso do Museu Oscar Niemeyer é 16 reais – a
meia entrada é 8 reais – ou seja, é bastante caro para pessoas de baixa renda. A cultura é
47
muito cara no Brasil; livros, cinema, teatro, dentre outros modos de entretenimento e
aprendizagem, são pouco acessíveis para o público em geral.
Dessa maneira é realmente difícil fazer com que os jovens se desconectem e
vejam fontes históricas pessoalmente. Com isso, não pretendo afirmar que os museus
devam se sobrepor ao conhecimento adquirido na internet, por exemplo. Com certeza,
se bem utilizados, esses recursos podem agregar conhecimento na aprendizagem de
crianças e adolescentes. No entanto, como afirmei no capítulo três, é realmente
importante que se avalie a seriedade dos conteúdos oferecidos. Alguns alunos afirmam
gostar de assistir History Channel para aprender história, recentemente o canal esteve
em uma grande polêmica envolvendo historiadores brasileiros. Foi lançada em 2017
uma série no canal chamada ‘Guia politicamente incorreto’ da História do Brasil,
programa que segundo a crítica apresenta diversos erros na retratação da história do
Brasil, como anacronismos e até mesmo a ideia de evolucionismo cultural. Por mais que
a série possua uma linguagem de fácil acesso para o público, realiza um desserviço ao
propagar ideia há tempos desmistificadas por historiadores. Isso é preocupante, será que
os jovens alunos e até mesmo outros telespectadores desses programas percebem que
estão sendo passadas informações errôneas? Historiadores deveriam se engajar mais na
produção de materiais, seja escritos ou audiovisuais, para o público, que além de possuir
qualidade se mostrem interessantes, pois apenas assim poderemos combater essas
produções feitas sem responsabilidade intelectual.
Está claro, através da pesquisa, que os alunos estão engajados em buscar
alternativas para aprender História fora da escola, adquirindo novos conhecimentos e
complementando aqueles que adquirem durante as aulas de História. Inclusive, eles
apontam a ida ao museu como enriquecedora para suas formações. Falta portanto,
engajamento na construção de materiais de qualidade e políticas de acesso aos espaços
de memória.
Ou seja, tanto os autores selecionados para o referencial teórico dessa pesquisa,
quanto alunos e professores participantes da pesquisa empírica concordam com a
importância da visita a museus para o incremento da aprendizagem histórica de jovens
estudantes. Não devemos com isso, idealizar esse tipo de espaço; como dito
anteriormente muito ainda deve ser feito para que se busquem melhorias. Os alunos
devem compreender construções de discursos feitas também através do patrimônio.
Ressalto que minha pesquisa, por se tratar de uma monografia, tem um recorte bastante
48
específico, com uma amostragem reduzida de pessoas. Gostaria de, com o meu trabalho
aqui apresentado, abrir e dar continuidade a um debate sobre aprendizagem histórica
nos museus da cidade de Curitiba, de forma que outros estudantes e pesquisadores
possam fazer outros levantamentos. Mapeando a situação que temos em nossa cidade
com relação a esse tipo de aprendizagem, podemos fazer reinvindicações pontuais e
pensar políticas de melhor aproveitamento do espaço histórico.
REFERÊNCIAS
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museus. In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo:
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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEB, 1997.
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dezembro de 1996.
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COMPAGNONI, Alamir Muncio. Em cada museu que a gente for carrega um pedaço
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Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação,
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49
FRONZA, Marcelo. Aprendendo História com as histórias em quadrinhos. In:
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GERMINARI, Geyso D. Educação histórica: A constituição de um campo de pesquisa.
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HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos: o breve seculo XX, 1914-1991. São Paulo:
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LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP: Unicamp, 2013.
MACHADO, Karina Pereira. Praticas educativas em museus: MAE-Museu de
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50
SCHMIDT, Maria Auxiliadora M. dos S. Cultura Histórica E Aprendizagem Histórica.
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______; BARCA, I.; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. Significados do pensamento de
Jörn Rüsen para investigações na área da educação histórica. In:____; ____;
MARTINS, E. (Orgs.). Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: Ed. UFPR, 2010. p.
11-21.
APÊNDICE 1
O seguinte questionário é o instrumento que utilizarei em minha monografia do curso
de História da UFPR. Em meu trabalho procuro investigar o papel dos museus na
formação dos alunos de ensino médio no que diz respeito à disciplina de História.
Juliana Santos de Matos
1. Idade: _____________
2. Ano escolar:
3. Quando o assunto é “aprender história”, você utiliza meios que vão além da sala
de aula? Quais?
51
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4. Quais museus de Curitiba você já visitou?
( ) Museu Oscar Niemeyer
( ) Museu do Expedicionário
( ) Museu Egípcio Rosa Cruz
( ) Museu do Holocausto
( ) Outro(s) museu(s)
Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4.1. Alguma destas visitas foi realizada por meio da escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5. Você acredita que é possível aprender História em um museu? Conte um pouco suas ideias:
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
52
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. Você gostaria de conhecer mais museus?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. Considera a experiência de visitar museus importante para a sua formação?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8. Para você, é fácil ou difícil ter acesso aos museus? Justifique
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
53
APÊNDICE 2
O seguinte questionário é o instrumento que utilizarei
em minha monografia do curso de História da UFPR.
Em meu trabalho procuro investigar o papel dos
museus na formação dos alunos de ensino médio no
que diz respeito à disciplina de História.
Juliana Santos de Matos
1. Na sua opinião, qual é a importância da visita à museus para a formação
dos alunos?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
54
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2. Você costuma incluir atividades desse tipo em seus planejamentos? Se não,
justifique.
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___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________
3. Se você pudesse escolher um museu da cidade para levar seus alunos, qual
museu escolheria? Por que?
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