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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA __ VARA FEDERAL DE CURITIBA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ Essa petição inicial é usada diariamente no meu escritório e foi elaborada pela Dra. Jeniffer Viana, uma advogada apaixonada por direito previdenciário, de excelente qualidade técnica e preocupada com o resultado prático de cada peça. AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO Principais pedidos: Averbação de tempo de serviço rural laborado na condição de segurado especial; Averbação de tempo de serviço especial; e Concessão de aposentadoria por tempo de contribuição em sua forma mais vantajosa ao segurado, sendo inclusive facultado ao mesmo a aplicação do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, devendo ser garantida a implantação do benefício mais vantajoso ao autor e o pagamento das diferenças devidas desde a der originária ou relativizada. Valor da causa: R$ 40.074,36 (quarenta mil, setenta e quatro reais e trinta e seis centavos) Nome completo do autor, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG XXXXXXX -SSP/PR, inscrito no CPF sob n.º XXX.XXX.XXX-XX, e-mail do autor, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO, por sua procuradora ora signatária, devidamente inscrita na OAB/PR sob n.º 26.214, ut anexo instrumento de mandato, com escritório profissional na ENDEREÇO

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Page 1: calculojuridico.com.br · Web viewReconhecido o direito à aposentadoria especial ao segurado do INSS, que vem a falecer no curso do processo, mostra-se viável a conversão do benefício

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA __ VARA FEDERAL DE CURITIBA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Essa petição inicial é usada diariamente no meu escritório e foi elaborada pela Dra. Jeniffer Viana, uma advogada apaixonada por direito previdenciário, de excelente qualidade técnica e preocupada com o resultado prático de cada peça.

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

Principais pedidos:

Averbação de tempo de serviço rural laborado na condição de segurado especial;

Averbação de tempo de serviço especial; e

Concessão de aposentadoria por tempo de contribuição em sua forma mais vantajosa ao segurado, sendo inclusive facultado ao mesmo a aplicação do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, devendo ser garantida a implantação do benefício mais vantajoso ao autor e o pagamento das diferenças devidas desde a der originária ou relativizada.

Valor da causa: R$ 40.074,36 (quarenta mil, setenta e quatro reais e trinta e seis centavos)

Nome completo do autor, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG XXXXXXX -SSP/PR, inscrito no CPF sob n.º XXX.XXX.XXX-XX, e-mail do autor, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO, por sua procuradora ora signatária, devidamente inscrita na OAB/PR sob n.º 26.214, ut anexo instrumento de mandato, com escritório profissional na ENDEREÇO DO SEU ESCRITÓRIO, onde recebe intimações, notificações e citações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

Contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia Federal, Agência da Previdência Social, com endereço para citação na Rua XV de Novembro, n.º 270, Centro, Curitiba - Paraná, pelos motivos de fato e de direito adiante declinados.

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I. DA SÍNTESE FÁTICA

A parte autora requereu a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria junto ao INSS, em 14/06/2015, conforme demonstra a cópia do processo administrativo (NB 42/174.189.777-5) devidamente anexada aos autos.

Entretanto, a autarquia previdenciária indeferiu o pedido administrativo apresentado pelo segurado, sob a fundamentação de que até a DER o mesmo não preenchia o requisito de tempo de contribuição mínimo que autorizasse a concessão do benefício pleiteado, vide decisão de indeferimento que consta em págs. 50 e 51 do P.A que segue anexo.

Ocorre que equivocadamente o INSS não considerou no momento da elaboração da contagem de tempo de contribuição do autor:

O período de 19/05/1974 a 30/09/1984, no qual o autor laborou como Trabalhador Rural, em regime de economia familiar, na condição de segurado especial;

A especialidade, com aplicação do fator 1,4, do período de 01/02/1997 a 30/04/2001, no qual o autor desenvolveu suas atividades laborais junto a empresa Mercearia Tumbajá Ltda., exposto a agentes nocivos insalubres,

A especialidade, com aplicação do fator 1,4, do período de 02/05/2001 a 14/06/2005, no qual o autor desenvolveu suas atividades laborais junto a empresa Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda., exposto a agentes nocivos insalubres, e

A especialidade, com aplicação do fator 1,4, do período de 01/07/2010 a 14/06/2015, no qual o autor desenvolveu suas atividades laborais junto a empresa Empresa de Embalagens S/A., exposto a agentes nocivos insalubres.

De fato, considerando o tempo serviço especial devidamente convertido em comum e a averbação do período rural laborado pelo autor em regime de economia familiar, verifica-se que o autor, no momento da DER, obteve o total de 96,1 pontos, referentes a soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, sendo lhe facultada a incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria por tempo de contribuição, conforme preconiza o art. 29-C da Lei 8.213/91.

Além disso, na DER, o autor já somava 43 anos, 00 meses e 11 dias como tempo de contribuição, tendo, portanto, o direito a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição.

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Deste modo, equivocou-se o INSS ao proferir a decisão de indeferimento, razão pela qual o autor propõe a presente demanda, com o objetivo de ver seu lídimo direito reconhecido em sede judicial.

Grifa-se que a parte autora requer que lhe seja garantida a implantação do benefício previdenciário em sua forma mais vantajosa, devendo o INSS proceder o pagamento das parcelas vencidas desde a DER (originária ou relativizada), com a incidência dos consectários legais: correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês.

II. DO TEMPO DE SERVIÇO CONTROVERTIDO

1. Do tempo de serviço rural laborado em regime de economia familiar

Durante o período de 19/05/1974 a 30/09/1984, o autor e seus familiares exerceram atividade rural em regime de economia familiar nas terras que eram de propriedade do pai do autor, o Sr. Nome do Pai, localizadas em Cidade, estado do Paraná.

Posto isto, cabe colocar que as principais atividades exercidas pelo autor e por seus familiares consistiam no cultivo de feijão, milho, arroz e mandioca, sendo que a colheita se destinava a suprir as necessidades básicas do grupo familiar, e em razão disso resta caracterizado o labor rural em regime de economia familiar desenvolvido pelo segurado no período de 19/05/1974 a 30/09/1984.

Neste sentido, aponta toda a documentação anexada ao processo administrativo do autor e ora apresentada perante a justiça, cuja sinopse de conteúdo apresenta-se no quadro abaixo, em ordem cronológica:

DOCUMENTO: PÁGINA DO P.A ANOCertidão de nascimento do irmão do autor, NOME, na qual consta que os pais do autor exerciam a profissão de lavrador. Certidão lavrada no município de Tibagi/PR.

n. º11 1952

Certidão de nascimento do irmão do autor, NOME, na qual consta que os pais do autor exerciam a profissão de lavrador. Certidão lavrada na comarca de Tibagi/PR.

n. º12 1958

Certidão de nascimento da irmã do autor, NOME, na qual consta que os pais do autor exerciam a profissão de lavrador. Certidão lavrada no município de Tibagi/PR.

n. º13 1966

Certidão de nascimento da irmã do autor, NOME, na qual consta que os pais do autor exerciam a profissão de lavrador. Certidão lavrada no município de Tibagi/PR

n. º14 1969

Histórico escolar do autor, no qual consta que o mesmo estudou na Escola Rural Municipal de

n. º15 1972 a 1975

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NOME DA CIDADE, localizada no município de CIDADE/PR.Declaração de exercício de atividade rural do autor, Sr. NOME, emitida pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tibagi/PR.

n. º08 e 09 Referente aos anos de 1974 a 1984

Matrícula de imóvel rural localizado em CIDADE/PR, em nome do pai do autor, Sr. NOME.

n. º10 1978

Título eleitoral do autor, no qual consta que o mesmo desenvolvia a profissão de lavrador.

n. º16 1777

Em sede administrativa o período rural pleiteado pelo autor sequer foi analisado pela autarquia previdenciária, o que implica em flagrante desrespeito ao princípio da eficiência e ao dever do INSS em conceder ao segurado o benefício previdenciário ao qual faz jus em sua forma mais vantajosa.

Ante o exposto, verifica-se que a decisão administrativa que sequer analisou o período de labor rural desempenhado pelo segurado no período de 19/05/1974 a 30/09/1984, na qualidade de segurado especial, não merece prosperar, pois o segurado reuniu documentos suficientes para caracterizar início de prova material para comprovar o período rural pleiteado.

Com efeito, vale lembrar o teor da Súmula 73 do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região: “Admite-se como início de prova material do efetivo exercício da atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental.”.

Outrossim, cabe destacar que a oitiva de testemunhas permite a corroboração das provas documentais, bem como, permite a extensão da eficácia probatória das mesmas, neste sentido é a jurisprudência do STJ: AgRg no AREsp : 434922 PR 2013/0383261-9, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 25/02/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/03/2014 - REsp 1348633/SP , Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 05/12/2014.

Desta forma, a parte autora requer que seja designada audiência de instrução e julgamento para colheita do depoimento pessoal do autor e de suas testemunhas, devendo a parte autora ser intimada no momento oportuno para arrolar as testemunhas, com o fito de que seja reconhecido e averbado na contagem de tempo de serviço do autor o período rural de 19/05/1974 a 30/09/1984, independentemente do recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias, como resta expressamente autorizado e previsto pelo art.° 55, § 2.º, da Lei n.º 8.213/91, e pelo art.° 127, inc. V, do Decreto n.º 3.048/99.

2. DO TEMPO DE SERVIÇO LABORADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS

Data vênia, não deve prosperar a analise realizada pelo INSS, na via administrativa, que deixou de reconhecer, sem qualquer fundamento, a especialidade dos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001, 02/05/2001 a 14/06/2005 e de 01/07/2010 a 14/06/2015 pelas razões de fato e de direito que seguem expostas:

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2.1. Da especialidade dos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005

Nos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005, o autor trabalhou exercendo a função de Motorista Toco, respectivamente, junto às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, de acordo com os registros realizados nas CTPS do segurado, vide págs. 25 a 39 do P.A.

De início é importante esclarecer que as empresas citadas pertencem ao mesmo grupo empresarial, tendo inclusive o mesmo logradouro: ENDEREÇO COMPLETO DA EMPRESA, conforme faz prova comprovante de inscrição e de situação cadastral de ambas as empresas que seguem anexos.

Ademais, os formulários PPPs referentes aos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005, anexados em págs. 20 a 23 do P.A do autor, atestam que o Sr. Iranei de Pedro Morais é o representante legal de ambas as empresas.

As empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda forneceram ao autor formulários PPPs referentes a função que o segurado desempenhou junto às mesmas.

O formulário PPP fornecido pela Mercearia Tumbajá Ltda, anexado em págs. 20 e 21 do P.A, afirma que no período de 01/02/1997 a 30/04/2001 o autor laborou como “Motorista no transporte de mercadorias municipal e intermunicipal, carga e descarga” e que no exercício de suas atividades laborais esteve exposto ao agente nocivo físico Ruído em intensidade de 90 decibéis e ao agente químico Poeira.

No mesmo sentido aponta o formulário PPP fornecido pela empresa Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, anexado em págs. 22 e 23 do P.A, o qual indica que no período de 02/05/2001 a 14/06/2005 o autor laborou como “Motorista no transporte de mercadorias municipal e intermunicipal, carga e descarga” e que no exercício de suas atividades laborais esteve exposto ao agente nocivo físico Ruído em intensidade de 90 decibéis e ao agente químico Poeira.

Contudo, os PPP’s anexados no P.A em págs. 20 a 23 não consistem em prova apta para comprovar a natureza das atividades desempenhadas pelo segurado nos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005, tendo em vista que os referidos documentos não foram elaborados com embasamento em laudo técnico pericial.

De fato, ambos os PPP’S indicam no campo observações que: “A empresa não possui laudos técnicos da época.”.

Desta feita, para comprovar a natureza especial das atividades desempenhadas pelo autor nos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005, mostra-se necessária a expedição de ofício às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, para que as mesmas apresentem ao feito laudo técnico referente a função de Motorista Toco, ainda que extemporâneo ao período no qual o autor laborou junto às mesmas.

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Ademais, a parte autora requer que as empresas apresentem junto com o LTCAT documentos que comprovem quais veículos foram dirigidos pelo autor nos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005.

De forma sucessiva, a parte autora requer que seja designada prova pericial para comprovar a insalubridade a qual o segurado esteve exposto nos períodos que trabalhou junto às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, devendo a parte autora ser intimada da data, horário e local da realização da perícia, bem como, para apresentar quesitos e nomear assistente técnico

Destaca-se que o STJ e o TRF4 entendem que em casos nos quais as questões acerca da natureza das condições laborais vivenciadas pelo segurado não possam ser esclarecidas de forma satisfatória através de prova documental é necessária a realização de perícia técnica, conforme deflui-se das ementas abaixo colacionadas:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. SÚMULA 284/STF. CÔMPUTO DE TEMPO ESPECIAL. PROVA TÉCNICA. PERÍCIA POR SIMILARIDADE. CABIMENTO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE E NESSA PARTE PROVIDO. 1. Em preliminar, cumpre rejeitar a alegada violação do art. 535 do CPC, porque desprovida de fundamentação. O recorrente apenas alega que o Tribunal a quo não cuidou de atender o prequestionamento, sem, contudo, apontar o vício em que incorreu. Recai, ao ponto, portanto, a Súmula 284/STF. 2. A tese central do recurso especial gira em torno do cabimento da produção de prova técnica por similaridade, nos termos do art. 429 do CPC e do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/1991. 3. A PROVA PERICIAL É O MEIO ADEQUADO E NECESSÁRIO PARA ATESTAR A SUJEIÇÃO DO TRABALHADOR A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE PARA SEU ENQUADRAMENTO LEGAL EM ATIVIDADE ESPECIAL. Diante do caráter social da previdência, o trabalhador segurado não pode sofrer prejuízos decorrentes da impossibilidade de produção da prova técnica. 4. Quanto ao tema, a Segunda Turma já teve a oportunidade de se manifestar, reconhecendo nos autos do Recurso Especial 1.397.415/RS, de Relatoria do Ministro Humberto Martins, a possibilidade de o trabalhador se utilizar de perícia produzida de modo indireto, em empresa similar àquela em que trabalhou, quando não houver meio de reconstituir as condições físicas do local onde efetivamente prestou seus serviços. 5. É exatamente na busca da verdade real/material que deve ser admitida a prova técnica por similaridade. A aferição indireta das circunstâncias de labor, quando impossível a realização de perícia no próprio ambiente de trabalho do segurado é medida que se impõe. 6. A perícia indireta ou por similaridade é um critério jurídico de aferição que se vale do argumento da primazia da realidade, em que o julgador faz uma opção entre os aspectos formais e fáticos da relação jurídica sub judice, para os fins da jurisdição. 7. O processo no Estado

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contemporâneo tem de ser estruturado não apenas consoante as necessidades do direito material, mas também dando ao juiz e à parte a oportunidade de se ajustarem às particularidades do caso concreto. 8. Recurso especial conhecido em parte e nessa parte provido. (REsp 1370229/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 11/03/2014)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. Caracteriza-se cerceamento de defesa a não produção de perícia quando esta se traduz no único meio hábil a comprovar a pretensão deduzida pela parte autora, qual seja o reconhecimento de atividade urbana desenvolvida em condições especiais. Anulada a sentença com o retorno dos autos à vara de origem para restabelecimento da dilação probatória e novo julgamento do mérito da lide. (TRF4, APELREEX 5013878-73.2011.404.7112, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Rogerio Favreto, juntado aos autos em 20/03/2014)

Assim, em se tratando de elemento probatório imprescindível ao reconhecimento da especialidade da atividade laboral exercida pelo segurado, o indeferimento da realização da prova pericial, consistiria em atentado ao direito de ampla defesa. Afinal, o autor não deve ser penalizado pelas divergências constantes nos documentos fornecidos pelas empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda.

Cabe inclusive salientar que os documentos foram preenchidos e fornecidos pelas ex-empregadoras do autor, de forma que o mesmo não possui outros meios para a comprovação de seu direito, senão a realização de perícia técnica.

2.2. Da especialidade do período de 01/07/2010 a 14/06/2015 :

No período de 01/07/2010 a 14/06/2015, o autor trabalhou junto a empresa Empresa de Embalagens S/A, desempenhado a função de Ajudante de Produção, conforme faz prova o formulário PPP anexado em págs. 24 e 25 do P.A, no exercício da qual era responsável por desempenhar as seguintes atividades:

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De acordo com o formulário PPP no exercício de suas atividades laborais o segurado esteve exposto ao agente nocivo físico Ruído em intensidade de 92,3 decibéis.

É importante observar que o PPP fornecido pela empresa Empresa de Embalagens S/A supre a necessidade de apresentação de laudo técnico para comprovar a insalubridade a qual o segurado esteve exposto, tendo em vista que o referido documento informa que foi elaborado com embasamento em LTCAT:

Porquanto, resta demonstrado que a especialidade do período de 01/07/2010 a 14/06/2015, com aplicação do fator 1,4, deve ser reconhecida.

Ante o exposto, a parte autora requer que a documentação anexada aos autos, fornecida pela ex-empregadora do autor e anexada ao P.A e aos presentes autos eletrônicos, seja analisada da forma mais vantajosa ao segurado, para que desta forma seja reconhecida a especialidade dos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001, 02/05/2001 a 14/06/2005 e de 01/07/2010 a 14/06/2015, com aplicação do fator 1,4.

Enquadramento legal para o reconhecimento da insalubridade em razão da exposição ao agente nocivo Ruído: códigos 1.1.6 do quadro anexo do decreto n.º 53.831/64 e 1.1.5 do anexo i do decreto 83.080/79 (ruído acima de 80 decibéis) para o período anterior a 06/03/1997; código 2.0.1 do anexo IV do decreto n.º 3.048/99, com a redação original (ruído em nível superior a 90 decibéis) para o período de 06/03/1997 a 18/11/2003 e mesmo dispositivo com a alteração introduzida pelo decreto n.º 4.882/2003 (ruído acima de 85 decibéis) para o período posterior a 18/11/2003.

Enquadramento legal para o reconhecimento da insalubridade em razão da exposição ao agente nocivo Outras Substâncias Químicas: Código 1.0.19 do quadro anexo do Decreto 3.038/99.

Caso a especialidade dos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001, 02/05/2001 a 14/06/2005, não seja reconhecida de plano, a parte autora requer: A) Expedição de ofício às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, para que as mesmas apresentem ao feito laudo técnico referente a função de MOTORISTA TOCO, ainda que extemporâneo ao período no qual o autor laborou junto às mesmas e documentos que comprovem quais os veículos foram dirigidos pelo autor nos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005; e sucessivamente B) Que seja designada prova pericial para comprovar a insalubridade a qual o segurado esteve exposto nos períodos que trabalhou junto às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, devendo a parte autora ser intimada da data, horário e local da realização da perícia, bem como, para apresentar quesitos e nomear assistente técnico.

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III. DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO

De fato, considerando o tempo serviço especial devidamente convertido em comum e a averbação do período rural laborado pelo autor em regime de economia familiar, verifica-se que o autor, no momento da DER, obteve o total de 96,1 pontos, referentes a soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, sendo lhe facultada a incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria por tempo de contribuição, conforme preconiza o art. 29-C da Lei 8.213/91.

Além disso, na DER, o autor já somava 43 anos, 00 meses e 11 dias como tempo de contribuição, tendo, portanto, o direito a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição.

Deste modo, deverá ser concedido ao segurado o benefício ora pleiteado, da forma mais vantajosa, conforme entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal, em 21/02/2013, no julgado do RE 630.501, que em suma garantiu a possibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que corresponda à maior renda mensal inicial possível.

IV. DA REAFIRMAÇAO/RELATIVIZAÇÃO DA DER – CARÁTER ARGUMENTATIVO PARA FINS DE PEDIDO SUCESSIVO

Excelência, considerando que na data do requerimento administrativo ou, ainda, na data do ajuizamento da presente ação a parte autora permanecia vinculada a empregadora exercendo atividades nitidamente insalubres, mister se faz, com amparo no art.° 690, “caput” c/c parágrafo único da IN 77/2015 – INSSPRES, incluir na presente ação o pedido de REAFIRMAÇÃO DA DER para que o segurado, caso não consiga alcançar tempo suficiente a aposentadoria na DER originária, possa computar a seu favor as contribuições vertidas após essa data.

O pedido ora posto encontra suporte na regra disposta no art.° 690, “caput” c/c parágrafo único da IN77/2015 – INSSPRES que, em seu texto literal assim dispõe:

Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito, mas que os implementou em momento posterior, deverá o servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por escrito.

Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que resultem em benefício mais vantajoso ao interessado.

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A reafirmação da DER trata-se da possibilidade de o segurado que não satisfizer os requisitos para aposentadoria na data em que formular o requerimento administrativo poder alterá-la para o dia no qual implementar todos os requisitos necessários a benesse pretendida, ainda que seja, tão somente, para alcançar o melhor benefício possível.

A regra da concessão do melhor benefício deve, inclusive, ser observada pelo servidor público no momento da análise dos documentos apresentados pelo segurado por força do que dispõe o art.° 687 da IN 77/2015 – INSSPRES, cujo texto segue abaixo, in verbis:

O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido.

Pois bem. Em relação as disposições atinentes a essa matéria, o e. TRF4 já pacificou entendimento favorável a reafirmação da DER para fins de concessão do melhor benefício ao segurado. Vejam-se as ementas que seguem:

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. TRABALHADOR BOIA-FRIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. REAFIRMAÇÃO DA DER. TUTELA ESPECÍFICA.

1. [...]. 3. Esta Corte tem admitido excepcionalmente a contagem de tempo posterior à data do requerimento na via administrativa para completar o tempo de contribuição necessário, desde que devidamente registrado no CNIS a continuidade do vínculo que mantinha na DER, o que possibilita sua reafirmação, caso em que a data de início do benefício será a data do ajuizamento do feito, com o tempo de contribuição contado até esse momento, sendo devida, desse modo, a Aposentadoria por Tempo de Contribuição. 4. [...]. (TRF4, REOAC 0019968-86.2013.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 15/07/2015)

Ademais, a TNU por meio do voto elucidativo proferido pelo Juiz Federal José Antônio Savaris nos autos de nº PEDILEF 0000474-53.2009.404.7195, trouxe à luz a tese da “primazia do acertamento da relação jurídica de proteção social sobre a estrita legalidade”, em cujo voto ficou assim explicitado, in verbis:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR AO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FATO SUPERVENIENTE. ART. 462 DO CPC. RECONHECIMENTO POSTERIOR À SENTENÇA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DO ACERTAMENTO. INTIMAÇÃO DO INSS PARA EVENTUAL IMPUGNAÇÃO DOS DADOS DO CNIS. PARCIAL PROVIMENTO.

1. O princípio processual previdenciário da primazia do acertamento da relação jurídica de proteção social sobre a estrita legalidade do ato administrativo orienta que a atividade jurisdicional destinasse primordialmente à definição da relação jurídica entre o particular e a Administração Previdenciária e, por tal razão, deve outorgar a

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proteção previdenciária nos termos em que a pessoa a ela faz jus, independentemente de como tenha se desenvolvido o processo administrativo correspondente. Em outras palavras, a análise judicial deve voltarse, com prioridade, para a existência ou não do direito material reivindicado. 2. É possível o cômputo de tempo superveniente ao processo administrativo para a solução judicial. A lógica assumida pela regra do art. 462 do CPC, ao consagrar exceção ao princípio da estabilidade da demanda, tem pertinência também em segundo grau de jurisdição. Precedentes: STJ, EDREsp 1.138.559, 4º Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJ 01.07.2011; STJ, REsp 688.151, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 08.08.2005; STJ, REsp 12.673, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 21.09.1992; TRF4, AC 000063874.2011.404.9999, 6ª Turma, Rel. Celso Kipper, DE 16.06.2011. 3. As informações constantes do CNIS gozam de presunção juris tantum, de modo que, em respeito ao contraditório, o magistrado deve abrir espaço para manifestação das partes sobre tal elemento de prova. 4. Pedido de Uniformização Regional conhecido e parcialmente provido, determinando-se. (IUJEF 0000474-53.2009.404.7195 – Turma Regional de Uniformização da 4ª Região – Rel. p/ Acórdão José Antonio Savaris - D.E. 09.09.2011)

Por essas razões, caso Vossa Excelência entenda que o autor não preencha todos os requisitos necessários para concessão de aposentadoria especial ou por tempo de contribuição na DER, requer-se, desde já, seja esta reafirmada/relativizada para a data na qual o autor implementou todos os requisitos indispensáveis à concessão do benefício de aposentadoria especial ou aposentadoria por tempo de contribuição; ou, ainda, para a data do ajuizamento da ação, da citação do réu, ou da prolação da sentença, inclusive com apreciação das atividades especiais desempenhadas até então, se for o caso, devendo ser-lhe oportunizada a escolha pelo benefício que lhe for mais vantajoso. Atentando-se para que o período reconhecido como especial seja convertido pelo fator 1,4 e o acréscimo resultante dessa conversão deverá ser averbado a contagem final

V. DO CÔMPUTO DAS CONTRIBUIÇÕES POSTERIORES AO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – FATO SUPERVENIENTE E O ART. 493 DO CPC

A inteligência do art. 493 do CPC dispõe que: “Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. ”.

Desta forma, o período de contribuição posterior ao requerimento administrativo e as alterações legislativas supervenientes podem ser utilizadas para o preenchimento dos requisitos legais do benefício ora pleiteado.

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Destaca-se que o reconhecimento do tempo de serviço do autor laborado após a DER e ao ajuizamento da ação deverá ser realizado com base nos vínculos constantes no CNIS do segurado, devido a presunção juris tantum deste documento.

O cômputo das contribuições ou/e aplicação das alterações legislativas supervenientes ao requerimento administrativo, para que sejam preenchidos os requisitos necessários para concessão do benefício previdenciário em favor do segurado, são possíveis através de uma análise do princípio da primazia do acertamento. Segundo este, o que realmente importa na tutela judicial é a definição da relação jurídica de proteção social.

Sob esta perspectiva não é possível admitir o sacrifício da proteção social mediante um controle estrito de legalidade do ato administrativo. Colhe-se trecho da obra do Juiz Federal, José Antonio Savaris:

A conclusão a que se chega a partir da primazia do acertamento é a de que o direito à proteção social, particularmente nas ações concernentes aos direitos prestacionais de conteúdo patrimonial, deve ser concedido na exata expressão a que a pessoa faz jus e com efeitos financeiros retroativos ao preciso momento em que se deu o nascimento do direito.1

É assim o entendimento do TRF4 sobre a possibilidade de considerar contribuições posteriores ao requerimento administrativo e ao início do processo judicial:

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. RECONHECIMENTO. AVERBAÇÃO DO TEMPO RURAL ATÉ 31/10/1991, E APÓS, MEDIANTE INDENIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. APROVEITAMENTO DO TEMPO DE SERVIÇO APÓS A DER. CONCESSÃO. MULTA DIÁRIA. REDUÇÃO. (...) 4. No entanto, é possível considerar determinado tempo de serviço ou contribuição, ou ainda outro fato ocorrido entre o requerimento administrativo do benefício e julgamento, já que ao juízo compete conhecer de fato constitutivo do direito posterior à propositura da ação, nos termos do art. 462 do CPC. 5. Na hipótese, computado o tempo de contribuição, a partir dos registros do CNIS, até 16-05-2013, ocasião em que restaram preenchidos os requisitos legais (tempo de contribuição e carência), é devida a aposentadoria por tempo de contribuição integral, a contar dessa data. (...)

(TRF4, APELREEX 0003160-69.2014.404. 9999, Quinta Turma, Relatora Taís Schilling Ferraz, D.E. 25/06/2015)

1 SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário. 5 ed. rev. atual. Curitiba: Alteridade, 2014. p. 123.

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O STJ inclusive já pacificou o entendimento que “...o fato superveniente deve ser considerado no momento do julgamento, conforme reiterados precedentes do STJ, a teor do disposto no art.° 462 do Código de Processo Civil.”2

Insta observar que o teor do art.° 462 do “Antigo Código de Processo Civil” (Lei n. º 5.869/1973), foi inserido no art.° 493 do “Novo Código de Processo Civil”, (Lei n. º 13.105/2015).

Portanto, não se trata de decisão ultra ou extra petita a que computa os períodos posteriores a DER para a concessão do benefício, tampouco, de violação aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL EM PENSÃO POR MORTE. ATO DE CONVERSÃO DEFERIDO NO PROCESSO DE EXECUÇÃO. ÓBITO DO SEGURADO APÓS PROLAÇÃO DA SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. JULGAMENTO EXTRA OU ULTRA PETITA. NÃO CONFIGURAÇÃO. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O STJ tem entendimento consolidado de que, em matéria previdenciária, deve flexibilizar-se a análise do pedido contido na petição inicial, não entendendo como julgamento extra ou ultra petita a concessão de benefício diverso do requerido na inicial, desde que o autor preencha os requisitos legais do benefício deferido. 2. Reconhecido o direito à aposentadoria especial ao segurado do INSS, que vem a falecer no curso do processo, mostra-se viável a conversão do benefício em pensão por morte, a ser paga a dependente do de cujus, na fase de cumprimento de sentença. Assim, não está caracterizada a violação dos artigos 128 e 468 do CPC. 3. Recurso especial conhecido e não provido. (STJ RECURSO ESPECIAL Nº 1.426.034, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 05/06/2014, T2 - SEGUNDA TURMA)

Desta forma, é possível que período de contribuição posterior ao requerimento administrativo e as alterações legislativas supervenientes sejam utilizadas para o preenchimento dos requisitos legais para concessão do benefício previdenciário em favor do autor.

VI. DA SEPARAÇÃO DOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS

O direito a separação dos honorários advocatícios contratuais, previsto no artigo 22 da Lei 8.906/94, determina que estes devem ser pagos diretamente ao advogado constituído,

2 STJ RECURSO ESPECIAL Nº 1.426.034, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 05/06/2014, T2 - SEGUNDA TURMA).

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deduzindo-os do montante a ser recebido pelo seu cliente, desde que apresentado o contrato de honorários com cláusula expressa

Porquanto, é possível a separação do percentual dos honorários contratuais relativo aos valores que a parte autora venha receber, no caso de total ou parcial procedência da presente ação, ou qualquer acordo judicial, extrajudicial ou outra espécie de composição ou de reconhecimento da pretensão ora requerida pelos órgãos estatais.

VII. DOS PREQUESTIONAMENTOS

Pelo princípio da eventualidade, o que se admite apenas para fins de argumentação, caso superado todo o embasamento traçado para firmar o convencimento judicial sobre o direito que assiste à parte autora, impende deixar prequestionadas eventuais violações aos dispositivos constitucionais e às legislações infraconstitucionais acima mencionados, com o fito único de viabilizar o ingresso à via recursal junto aos tribunais superiores, quais sejam o Colendo Superior Tribunal de Justiça e o Egrégio Supremo Tribunal Federal.

VIII. DO PEDIDO

Ante o exposto, a parte autora requer:

a) A citação do INSS, em razão do exposto no art.° 239 e seguintes da Lei 13.105/2015, na pessoa de seu representante legal para, querendo, apresentar defesa e acompanhar a presente ação; sob pena dos efeitos da revelia;

b) A intimação do INSS para que junte aos autos cópia do processo administrativo (42/174.189.777-5) na íntegra, CNIS atualizado do segurado e eventuais documentos de que disponham e que se prestem para o esclarecimento da presente causa; em conformidade com o § 1. ° do art.° 373 da Lei 13.105/2015;

b.1) Caso seja apresentado aos autos documento a qual o autor não teve prévio acesso, por exemplo, contagem de tempo de serviço diferente daquela que consta no processo administrativo, a parte autora requer que lhe seja oportunizada a emenda ou retificação da petição inicial;

c) Que seja designada audiência de instrução e julgamento, nos termos dos artigos 358 e seguintes da Lei 13.105/2015, devendo a parte autora ser intimada no momento oportuno para arrolar as testemunhas que serão ouvidas com fito de comprovar o período rural de 19/05/1974 a 30/09/1984. Razão pela qual a parte autora entende ser desnecessária a designação de audiência de conciliação nos termos do art.° 334 da 13.105, de 16 de março de 2015;

d) Ao final, com ou sem contestação, a parte autora requer que a presente ação seja julgada totalmente procedente homologando a contagem administrativa do INSS e condenando-o:

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d.1) A reconhecer o período rural de 19/05/1974 a 30/09/1984, no qual o autor laborou como segurado especial em regime de economia familiar; independentemente do recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias, como resta expressamente autorizado e previsto pelo art.° 55, § 2.º, da Lei n. º 8.213/91, e pelo art.° 127, inc. V, do Decreto n. º 3.048/99;

d.2) A reconhecer os períodos laborados em atividade especial de 01/02/1997 a 30/04/2001, 02/05/2001 a 14/06/2005 e de 01/07/2010 a 14/06/2015 com aplicação do fator 1,40;

e) d.2.1) De forma sucessiva, caso não seja reconhecida de plano a especialidade dos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005 a parte autora requer: A) Expedição de ofício às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, para que as mesmas apresentem ao feito laudo técnico referente a função de Motorista Toco, ainda que extemporâneo ao período no qual o autor laborou junto às mesmas e documentos que comprovem quais foram os veículos dirigidos pelo autor nos períodos de 01/02/1997 a 30/04/2001 e de 02/05/2001 a 14/06/2005; e sucessivamente B) Que seja designada prova pericial para comprovar a insalubridade a qual o segurado esteve exposto nos períodos que trabalhou junto às empresas Mercearia Tumbajá Ltda e Iranie de Pedro Morais e Cia Ltda, devendo a parte autora ser intimada da data, horário e local da realização da perícia, bem como, para apresentar quesitos e nomear assistente técnico;

e.1) Reconhecer o período laborado após a DER, conforme CNIS que deverá ser apresentado aos autos no momento oportuno pelo INSS, caso haja reafirmação da DER e análise da exposição a agentes insalubres até a data da perícia;

f) Condenar o réu a conceder à parte demandante o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, em sua forma Integral ou proporcional, priorizando-se a forma de cálculo mais vantajosa ao segurado; desde a data do requerimento administrativo referente ao NB 42/174.189.777-5; DER 14/06/2015; ou em outra data mais benéfica ao autor;

f.1) Alternativamente, caso vossa Excelência entenda que o autor não preencha todos os requisitos necessários para concessão de aposentadoria por tempo de contribuição na DER, requer-se, desde já, seja esta reafirmada/relativizada para a data na qual o autor implementou todos os requisitos indispensáveis à concessão do benefício de aposentadoria especial ou aposentadoria por tempo de contribuição; ou, ainda, para a data do ajuizamento da ação, da citação do réu, ou da prolação da sentença, inclusive com apreciação das atividades especiais desempenhadas até então, se for o caso, devendo ser-lhe oportunizada a escolha pelo benefício que lhe for mais vantajoso. Atentando-se para que o período reconhecido como especial seja convertido pelo fator 1,4 e o acréscimo resultante dessa conversão deverá ser averbado a contagem final;

g) Condenar o réu ao pagamento de todas as parcelas vencidas desde a data da DER originária ou relativizada, bem como ao pagamento das parcelas vincendas, devendo todos os valores serem monetariamente corrigidos, inclusive acrescidos dos

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juros moratórios à razão de 1% ao mês a contar da citação, incidentes até a data do efetivo pagamento, a ocorrer por meio de RPV/precatório;

h) Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;

i) Deferir a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial juntada de documentos, produção de prova pericial, depoimento pessoal do autor e oitiva de testemunhas e o que mais o deslinde do feito vier a exigir;

j) Determinar a separação dos honorários contratuais de 30% do montante devido ao autor, conforme contrato de prestação de serviço, ao escritório NOME DO ESCRITÓRIO, CNPJ XXXXXXXXXXXX;

k) Que seja concedida a parte autora os benefícios da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, assegurado pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pelo Novo Código de Processo Civil, nos termos do artigo 98 e seguintes, por se tratar a parte autora de pessoa pobre na mais lídima acepção jurídica do termo, não possuindo meios suficientes para custear eventuais despesas processuais e/ou verbas de sucumbência sem o imediato prejuízo do próprio sustento e de seus familiares, vide declaração firmada pela parte autora que segue em anexo.

Dá-se a causa o valor de R$ 40.074,36 (quarenta mil, setenta e quatro reais e trinta e seis centavos) para fins processuais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.

NOME DO ADVOGADO

OAB