01 josé vergolino - pernambuco 2000-2013

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    Este volume faz parte da coleo Estados Brasileiros, estudo proposto pela Fundao Perseu Abramo para ampliar

    o conhecimento sobre as questes regionais do Brasil.Traz um conjunto atualizado de informaes, dados e anlises sobre a socioeconomia entre

    os anos 2000 e 2010, no estado de Pernambuco.Neste contexto, pretende: a) realizar um balano

    da situao socioeconmica estadual, sua evoluo e mudanas estruturais; e b) vislumbrar os principais resultados de polticas governamentais federais e

    estaduais no estado, visando atingir objetivos econmicos e sociais, de alterao de patamares

    de nvel de renda e de nvel de bem-estar.

    Aristides Monteiro netoJos rAiMundo de oliveirA vergolino

    ORGS.

    Pernambuco

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    Pernambuco

  • 2014

    2000-2013Pernambuco

  • Fundao Perseu abramoInstituda pelo Diretrio Nacional do Partido dos Trabalhadores em maio de 1996.

    diretoriaPresidente: Marcio PochmannVice-presidenta: Iole IladaDiretoras: Ftima Cleide e Luciana MandelliDiretores: Kjeld Jakobsen e Joaquim Soriano

    Coordenao da coleo Projetos para o BrasilFtima Cleide

    ColaboraoKjeld Jakobsen

    editora Fundao Perseu abramoCoordenao editorial: Rogrio ChavesAssistente editorial: Raquel Maria da CostaPreparao e reviso: Jorge Pereira

    Coordenao e organizao: Aristides Monteiro Neto, Jos Raimundo O. Vergolino

    Projeto grfico e diagramao: Caco Bisol Produo Grfica Ltda. Ilustrao de capa: Vicente Mendona

    Direitos reservados Fundao Perseu AbramoRua Francisco Cruz, 234 04117-091 So Paulo - SPTelefone: (11) 5571-4299 Fax: (11) 5573-3338

    Visite a pgina eletrnica da Fundao Perseu Abramo: www.fpabramo.org.br Visite a loja virtual da Editora Fundao Perseu Abramo: www.efpa.com.br

    P452 Pernambuco 2000-2013 : sociedade, economia e governo / Aristides Monteiro Neto, Jos Raimundo de Oliveira Vergolino, orgs. So Paulo : Editora Fundao Perseu Abramo, 2014. 191 p. : il. ; 23 cm (Estudos Estados Brasileiros)

    Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7643-219-7

    1. Pernambuco - Poltica. 2. Pernambuco - Economia. 3. Pernambuco - Demografia. 4. Pernambuco - Aspectos sociais. 5. Pernambuco - Administrao pblica. I. Monteiro Neto, Aristides. II. Vergolino, Jos Raimundo de Oliveira. III. Srie.

    CDU 32(813.4)

    CDD 320.981

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    (Bibliotecria responsvel: Sabrina Leal Araujo CRB 10/1507)

  • 5 ApresentAo 9 Introduo 10 Objetivos e aspectos terico-metodolgicos

    prImeIrA pArtedemogrAfIA e socIedAde: A dImenso socIAl do desenvolvImento 17 Situao demogrfica: caractersticas da populao 25 Situao social 35 Educao: evoluo de indicadores e os esforos da poltica pblica 47 Sade: evoluo de indicadores e a poltica pblica 55 Bem-estar e qualidade de vida: outras medidas e indicadores 59 Assistncia social e transferncia de renda s famlias 63 Segurana pblica 71 Conflitos agrrios 73 Mercado de trabalho: caractersticas e evoluo 83 Cincia e tecnologia: instituies e recursos 93 Meio ambiente: estrutura institucional 97 Quadro poltico e partidrio: algumas notas

    segundA pArtedImenso econmIcA do desenvolvImento 105 Estrutura e dinmica evolutiva da economia: 1990/2010 131 Investimentos e projetos do PAC no Estado 137 Comrcio exterior: perfil e dinmica

    terceIrA pArtecApAcIdAdes fIscAIs e InstItucIonAIs do governo estAduAl 159 Administrao pblica estadual: finanas e capacidades governativas

    QuArtA pArteproposIes de poltIcA pblIcA: os AvAnos necessrIos 179 Principais concluses e referncias para mobilizao de recursos

    189 referncIAs bIblIogrfIcAs

    Sumrio

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    ApreSentAo

    Uma das caractersticas dos governos neoliberais que assolaram o Brasil durante a dcada de 1990 foi a privatizao do estado e a centralizao da po-ltica, bem como das diretrizes da gesto pblica em mos do governo federal em contradio com o federalismo previsto na Constituio da Repblica. Desta forma, transformaram nossos entes federativos, estados e municpios, em meros executores das diretrizes emanadas do poder executivo sediado em Braslia.

    As consequncias dessas medidas foram graves no tocante perda de recursos e de instrumentos de planejamento e promoo do desenvolvimen-to regional e estadual. Alm disso, dezenas de empresas pblicas do setor financeiro, energia, comunicaes, transportes e sade locais foram priva-tizadas com visveis prejuzos aos direitos dos cidados dos 26 estados e do Distrito Federal de receber atendimento por meio de servios pblicos acessveis e de qualidade.

    O Projeto Estados, promovido pela Fundao Perseu Abramo, visa en-frentar estes desdobramentos do perodo neoliberal ao reunir e interpretar uma srie de dados de cada um dos estados brasileiros e do Distrito Federal para levantar os principais problemas, potencialidades e desafios na metade da segunda dcada do sculo XXI, bem como embasar os programas de governo dos candidatos e das candidatas do Partido dos Trabalhadores ou das coliga-es que o PT eventualmente venha a participar na disputa das eleies para governador/a em 2014.

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    O contedo dos estudos incluem indicadores gerais e anlise de cada es-tado e de suas dimenses sub-regionais, bem como propostas de solues dos problemas identificados, alm de apontar para um modelo de desenvolvimen-to e agenda decorrente. Desta forma, os indicadores de cada estado incluem demografia; situao social; balano das polticas sociais; economia, infraes-trutura e estrutura produtiva do estado; condicionantes ambientais; anlise da capacidade de gesto pblica local; impactos do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) e o quadro poltico local. Estas informaes tambm ali-mentaro um banco de dados que dever ser atualizado periodicamente para permitir o acompanhamento e aprofundar a analise da evoluo dos desenvol-vimentos estaduais e da eficcia das respostas implementadas para solucionar os problemas detectados.

    Percebemos por meio destes estudos como um primeiro elemento que h uma evoluo positiva na situao social e econmica nos estados brasilei-ros devido s polticas implementadas pelos governos Lula e Dilma. Entretan-to, verificamos tambm que naqueles estados onde o PT e aliados governam proporcionando sinergia entre as iniciativas federais e estaduais houve avano maior e mais acelerado do que naqueles governados pela direita.

    Este trabalho foi coordenado em cada um dos estados por especialistas que atuam no meio acadmico ou em instituies de pesquisa locais e que na maioria dos estados puderam contar com a colaborao de vrios companhei-ros e companheiras mencionados em cada um dos estudos publicados.

    Nossos profundos agradecimentos aos coordenadores e colaboradores desta coletnea de dados e anlises e esperamos que sejam teis para a ao de nossos militantes que pretendem enfrentar o desafio de promover as trans-formaes necessrias em direo ao desenvolvimento sustentvel e justia social em cada um dos rinces do Brasil.

    Boa leitura!

    A DiretoriaFundao Perseu Abramo

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    Pernambuco2000-2013

    Sociedade, economia e governo

    Aristides Monteiro netoJos rAiMundo de oliveirA vergolino

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    Este estudo sobre Pernambuco parte integrante do projeto de pesquisa Situao dos Estados da Federao, coordenado nacionalmente pela Fundao Perseu Abramo (FPA), o qual tem como objetivo uma avaliao e compreenso da situao sociopoltica-econmica atual das unidades da federao. Este texto foi apresentado pela primeira vez para discusso no Frum

    Ideias para o Brasil, promovido pela FPA de 29/11 a 01/12 em So Paulo, SP.

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    introduo1

    introduoEste documento rene um conjunto atualizado de informaes, dados e

    anlises sobre a socioeconomia pernambucana nesta ltima dcada de 2000-2010. Ele foi estruturado de maneira a contribuir para uma reflexo sobre as transforma-es em curso, bem como sobre algumas estratgias de polticas pblicas.

    O texto se inicia1, em sua parte I, Demografia e sociedade: a dimenso social do desenvolvimento, com uma avaliao ampla de sua demografia; si-tuao social relacionada com a evoluo de indicadores de populao, educa-o, sade, saneamento, segurana pblica, conflitos agrrios, meio ambiente, e cincia e tecnologia; caractersticas e evoluo do mercado de trabalho; e algumas notas sobre o quadro poltico-partidrio.

    Em seguida, na parte II, Dimenso econmica do desenvolvimento, as transformaes econmicas em curso em Pernambuco so evidenciadas e analisadas. A economia estadual vem passando por forte dinamismo indus-trial com a implantao de projetos de envergadura, como os da refinaria da Petrobras, o estaleiro naval e uma fbrica de automveis, entre outros. Tal transformao j traz evidncias de rebatimentos sobre o mercado de trabalho, sobre a reconcentrao espacial da atividade produtiva no estado e presso por

    1. Este trabalho contou com a contribuio inestimvel do colega economista Valdeci Monteiro dos Santos, da Ceplan Consultores e professor da Universidade Catlica de Pernambuco (Unicap), em Recife-PE. Seus dados e comentrios so-bre investimentos privados no estado foram muito importantes para o presente estudo. Agradecemos sua colaborao e registramos que as interpretaes e afirmaes remanescentes so, entretanto, de inteira responsabilidade dos autores.

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    servios pblicos de infraestrutura urbana. Adicionalmente, uma contextuali-zao dos projetos e investimentos do Programa de Acelerao do Crescimen-to (PAC e PAC2) apresentada. Seu objetivo caracterizar o papel relevante dos vultosos investimentos do governo federal na transformao da estrutura produtiva estadual.

    Na terceira parte, Capacidades fiscais e institucionais do governo es-tadual, as finanas do governo estadual so investigadas com o intuito de dimensionar se ele tem sido capaz de orientar recursos pblicos para questes estratgicas do estado. Em um momento da vida nacional em que um esforo de superao da misria e pobreza absolutas est em curso, de que maneira e com que recursos as aes estaduais so determinadas a este objetivo? Al-ternativamente, pergunta-se: o governo estadual tem se orientado para criar alternativas de longo prazo de desenvolvimento? Enfim, o que se quer avaliar como a ao do governo estadual tem operado alguma orientao estratgica politicamente prefigurada.

    Por fim, na parte IV do documento, Proposies de poltica pblica: os avanos necessrios, so apresentados e discutidos os principais resulta-dos do estudo.

    objetivoS e ASpectoS terico-metodolgicoSObjetivos. Finda a dcada de 2000 e disponibilizados os dados dos cen-

    sos demogrfico e econmico do pas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), um campo de pesquisa promissor se abre para o entendi-mento de processos, estruturas e conjunturas que se definiram no pas, em suas realidades regionais, estaduais e locais.

    Nesta ltima dcada, o pas apresentou trajetria de dinamismo econ-mico, social e poltico expressivos e, em certo sentido, diferentes de outros momentos da vida nacional. Retomou-se o crescimento econmico depois de dcadas de desarranjos fiscais e macroeconmicos (1980) e de estabilizao macro e reformas com baixo crescimento (1990). Mas no somente a expanso econmica foi retomada, ela o foi juntamente com a realizao, pela primeira vez, por parte da democracia brasileira, de bases para a reduo da pobreza e misria e da desigualdade de renda.

    Resolvidas questes macroeconmicas e institucionais relevantes, as quais permitiram a construo de capacidades governativas para uma atuao mais ativa das administraes federal e subnacionais visando ao desenvol-vimento, o pas pde se dedicar mais afirmativamente a perseguir metas de crescimento econmico e reduo de seus dficits sociais, em particular, os da misria de grandes contingentes de sua populao. A poltica social passou a

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    ser uma prioridade da agenda de governo e os gastos sociais de modo amplo adquiriram relevncia no conjunto do gasto total do governo (Arretche, 2012; Castro et al., 2012).

    Ao perseguir, via poltica social, a reduo da pobreza generalizada, a ao governamental teve impactos sobre regies de menor desenvolvimento de maneira muito intensa. Em particular, na regio do Nordeste brasileiro, tra-dicional espao de reproduo de pobreza e baixo rendimento, contando com os maiores contingentes de pobres do pas, o gasto social e os mecanismos de transferncia de renda a famlias operaram uma reduo da pobreza e da desi-gualdade sem precedentes. (Hoffmann, 2013; Silveira Neto & Azzoni, 2013).

    Investigar como realidades estaduais se comportaram frente a estes no-vos processos econmicos e sociais durante a dcada de 2010 se torna cada vez mais importante para a avaliao de erros e acertos de polticas pblicas, bem como para se pensar em novos caminhos e novos problemas (demandas sociais) que a atuao governamental precisar tomar em funo dos xitos e fracassos porventura experimentados.

    Realidades estaduais, dadas as suas especificidades, reagem diferente-mente a desenhos institucionais e de polticas pblicas de matriz federal. A depender da matriz de capacidades institucionais e dos recursos existentes, as formas com que se defrontam governos estaduais para reagir, influir e/ou adaptar-se a modelos de poltica pblica desenhados e coordenados pelo go-verno central levam a resultados bastante dissimilares entre regies e estados. Da a necessidade de investigar e aprender com tais experincias e realidades sociais prprias, no sentido de poder refinar, reavaliar e reorientar trajetrias de polticas pblicas no federalismo brasileiro.

    O estudo sobre o estado de Pernambuco se coloca neste contexto de: a) realizar um balano da situao socioeconmica estadual, sua evoluo e mudanas estruturais; e b) vislumbrar os principais resultados de polticas governamentais federais e estaduais no estado, visando a objetivos de al-terao de patamares de nvel de renda (objetivos econmicos) e de nvel de bem-estar (objetivos sociais).

    So objetivos especficos: Apontar e mensurar mudanas em variveis sociais e econmicas no

    estado, com nfase na dcada de 2000-2010, contextualizando-as ora frente situao passada, ora frente s dimenses regional e nacional;

    Avaliar em que dimenso da poltica pblica (social, econmica etc) se consegue perceber ineditismo ou protagonismo das experincias estaduais frente sua trajetria histrica pretrita;

    Capturar as escolhas de polticas pblicas (seus resultados e suas ma-

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    nifestaes) feitas pelos governos estaduais e suas conexes com as polticas (e recursos) coordenadas pelo governo federal;

    Sugerir, com base na investigao, possibilidades de orientao de po-lticas para o enfrentamento das questes consideradas estratgicas e promo-toras do desenvolvimento social e econmico sustentado.

    Contexto analtico. Analisar uma realidade socioeconmica de um es-tado da federao no Brasil contemporneo se imps a esta equipe como um desafio neste ensaio de desenvolvimento regional, ainda mais quando este estado se localiza numa regio de retraso relativo de desenvolvimento, como o caso do Nordeste brasileiro.

    Algumas premissas so adotadas aqui para orientar o percurso analtico que ser empreendido. Elas esto relacionadas com:

    A compreenso de um novo padro de relaes intergovernamentais que se estabeleceu no Estado brasileiro, em particular, desde a promulgao da Constituio de 1988, o qual tem rebatimentos relevantes sobre os gover-nos estaduais e municipais.

    A centralidade assumida pela agenda social dentro das polticas pbli-cas nacionais.

    Resultam destas premissas que o desenvolvimento de uma socioecono-mia estadual como a de Pernambuco, para ser mais bem prefigurado, deve en-tender que o federalismo brasileiro das ltimas duas dcadas vem assumindo um aspecto mais centralizador de recursos fiscais e de coordenao de polti-cas pblicas por parte da Unio. Neste diapaso, as administraes estaduais, para levar adiante suas eventuais estratgias de ao sobre o desenvolvimento local, tornaram-se mais dependentes do governo federal.

    As transferncias, obrigatrias e negociadas ou voluntrias, de recursos da Unio para um dado governo estadual se tornaram, pois, cada vez mais im-portantes para a investigao das possibilidades de mudanas estruturais que porventura estejam sendo encaminhadas numa unidade da federao, seja por conta de sua magnitude (quantidade) vis--vis ao Produto Interno Bruto (PIB) estadual e receitas tributrias prprias, seja por conta da orientao estratgica (qualidade) que vir a assumir dentro das opes de gasto pblico se em in-vestimento ou em custeio, se na poltica social ou na infraestrutura (Vergolino, 2013; Ismael, 2013).

    Entender, portanto, uma dada realidade estadual implica necessaria-mente ter que incorporar na anlise o quadro das relaes intergovernamen-tais prevalecentes no pas. O retrato a ser obtido da realidade socioecon-mica pernambucana durante a ltima dcada (ou qualquer dcada) fruto

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    no somente das capacidades e orientaes dos seus governos estaduais, mas tambm resultado da atuao do conjunto de capacidades governamentais possibilitadas pelo arranjo federativo em curso e que beneficiam a unidade da federao relevante.

    A experincia brasileira ps-Constituio de 1988, no que tange ao seu ambiente de relaes federativas, prefigurou um sistema de partilha de recur-sos fiscais o qual vem disponibilizando montantes cada vez mais relevantes para as unidades da federao de menor nvel de desenvolvimento socioeco-nmico e o faz, em grande parte, como parte de uma estratgia nacional de atendimento universalizado de servios pblicos essenciais como educao, sade e assistncia social, bem como da reduo da pobreza. Para governos es-taduais que se situam em regies menos desenvolvidas do pas, como o caso de Pernambuco, o federalismo brasileiro tem contribudo para a superao de dficits e gargalos sociais que, contando somente com recursos estaduais prprios, no poderia ser levada adiante em tempo razovel.

    Estratgia analtica. Para realizar a investigao da trajetria do desen-volvimento em Pernambuco nesta ltima dcada (anos 2000 a 2010), a anlise assumir as seguintes premissas:

    a dimenso relevante do desenvolvimento. Em face da prioridade que a agenda social assumiu nas polticas pblicas nacionais e dos efeitos dinmi-cos que ela vem promovendo sobre as economias estaduais, principalmente, as dos estados de renda mdia e baixa, a dimenso social do desenvolvimento ser considerada o vetor estruturante do estudo, no sentido de que se entende que os resultados obtidos nesta rea devem continuar a ser estratgicos para orientar a poltica pblica futura;

    Considerando-se que a dimenso social o vetor estruturante, deve--se reconhecer que a dimenso econmica do desenvolvimento estadual, no atual contexto federativo brasileiro, deve ser investigada no sentido de que seu fortalecimento e expanso estrutural devem ser orientados para garantir, no apenas, mas majoritariamente, a elevao do bem-estar e da igualdade de renda e oportunidades. Se poderia pensar que, sendo tomada como dimenso subsidiria, em termos das premissas aqui assumidas, a economia conside-rada desimportante para uma estratgia de desenvolvimento. No o caso. O que se entende que, para atender critrios de ampliao do nvel de bem--estar e garantir sua sustentabilidade intertemporal, a dimenso econmica estadual precisar ser requalificada para atingir estes objetivos mais amplos e duradouros. Neste contexto, os recursos de partilha federativa precisariam ser repensados para operar outra estratgia tanto quanto sua magnitude, como quanto sua orientao final;

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    o governo e sua capacidade de governana. Considera-se o papel es-tratgico da atuao governamental para gerar trajetrias de desenvolvimento em regies de baixo nvel de desenvolvimento. Tais capacidades governati-vas so entendidas aqui como o conjunto de instrumentos disposio de um dado governo, neste caso, estadual, que o permite imprimir orientaes estratgicas sobre o desenvolvimento local. So dadas, de um lado, pelas ca-pacidades econmico-fiscais relacionadas com os instrumentos e recursos econmicos e tributrios para a realizao do gasto corrente e do gasto em investimento; e, de outro lado, pelas capacidades poltico-institucionais ins-tituies e instrumentos de planejamento e de gesto; quantidade e qualidade do funcionalismo pblico estadual presentes em um dado momento na rea-lidade social objeto da investigao (Monteiro Neto, 2013).

  • primeirA pArte

    demografia e sociedade

    a dimenso social do desenvolvimento

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    No ltimo meio sculo, desde 1950, a populao residente pernambuca-na mais que duplicou seu tamanho, passando de 3,4 milhes para 8,8 milhes em 2010. Neste percurso, seu grau de urbanizao foi enormemente acelerado como parte das vicissitudes do modelo de industrializao e modernizao da sociedade brasileira no perodo. Em Pernambuco somente 34,4% da populao residiam em reas urbanas estaduais em 1950. Em 2010, a populao concentra--se majoritariamente em localidades urbanas, sendo 80,1% do total. Foi somente na dcada de 1970 que se confirmou a transio de uma sociedade rural para urbana em Pernambuco: no censo demogrfico de 1970, sua populao urbana tornou-se superior rural: 2,8 milhes contra 2,3 milhes, respectivamente.

    No conjunto da regio Nordeste, as caractersticas da populao se asse-melhavam s verificadas em Pernambuco. Ampla maioria de residentes no meio rural no incio dos anos 1950, 17,9 milhes de habitantes (72,9% do total), e somente 27% (quase um tero) em aglomerados urbanos. Em 2010, o quadro tornou-se radicalmente diferente, com uma populao total de 53 milhes de habitantes, sendo 73,1% na rea urbana e somente 26,8% (quase um tero) na rea rural (Tabela 1).

    Em cotejo com os contextos regional e nacional, a populao de Pernambu-co vem perdendo participao relativa. Ela perfazia 18,8% do total regional e 6,5% do total nacional em 1950, passando em 2010 a 16,6% do total regional e 4,6% do nacional. Este comportamento se deve basicamente ao ritmo menos intenso de crescimento populacional estadual ao longo do perodo, o qual foi de 1,6% ao

    SituAo demogrficAcArActerSticAS dA populAo

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    ano durante os sessenta anos em relevo (1950 a 2010), ao mesmo tempo em que no Nordeste esta taxa foi de 1,82% ao ano e, no Brasil, de 2,22% ao ano.

    O crescimento da populao em Pernambuco vem se dando a taxas su-cessivamente decrescentes desde a dcada de 1970 do sculo passado. Se-guiu passo a passo o movimento que se observou no restante do Nordeste e tambm do Brasil. Entretanto, as taxas em Pernambuco estiveram sempre em patamar inferior s destas duas regies.

    O crescimento populacional de qualquer regio ou localidade pode ser explicado, de um lado, pela intensidade de expanso do diferencial das taxas de fecundidade (dos nascimentos) sobre a taxa de mortalida-de e, de outro lado, pelos processos de migrao (entrada e sada) de pes-soas da regio. No caso dos estados nordestinos, incluindo-se aqui Per-nambuco, a dinmica populacional desde os anos 1950 com intensi-dades variadas vem consistindo de reduo da fecundidade (menor nmero de filhos por mulher) e, simultaneamente, de diminuio das ta-xas de mortalidade e saldos emigratrios positivos (sadas de populao).

    A perda de populao ocorreu mais intensamente entre os anos de 1960 e 1980, com a forte expanso da industrializao no Sul-Sudeste do pas

    Tabela 1Pernambuco, Nordeste e Brasil Populao residente, total, urbana e rural 1950, 1970, 2000 e 2010

    1950 1970 Total Urbana Rural Total Urbana Rural PE 3.395.766 1.169.786 2.225.980 5.161.866 2.811.656 2.350.210 34,4% 65,6% 54,5% 45,5%NE 17.973.413 4.856.197 13.117.216 28.111.551 11.756.451 16.355.100 27,0% 73,0% 41,8% 58,2%BR 51.944.398 18.124.119 33.820.279 93.134.846 52.097.260 41.037.586 34,9% 65,1% 55,9% 44,1%

    2000 2010 Total Urbana Rural Total Urbana Rural PE 7.911.937 6.052.930 1.859.007 8.796.448 7.052.210 1.744.238 76,5% 23,5% 80,2% 19,8%NE 47.693.253 32.929.318 14.763.935 53.081.950 38.821.246 14.260.704 69,0% 31,0% 73,1% 26,9%BR 169.590.693 137.755.550 31.835.143 190.755.799 160.925.792 29.830.007 81,2% 18,8% 84,4% 15,6%Fonte: IBGE. Sinopse do Censo Demogrfico 2010.

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    tendo a cidade de So Paulo sido o elemento atrator de mais alta intensidade. Um fator interno para a expulso de populao tem sido o advento recorrente do fenmeno das secas no Nordeste, tendo sido a do incio da dcada de 1980 uma das mais violentas quanto aos seus impactos sobre as condies gerais de vida do nordestino no perodo recente. Sendo fortemente impactado como se ver mais adiante nas sees sobre a economia estadual nos anos 1980 e 1990 pela crise fiscal do Estado brasileiro e pelo novo ambiente de abertura comercial e produtiva para o exterior, o estado de Pernambuco viu sua econo-mia perder dinamismo e instrumentos para a reestruturao produtiva. Passou a experimentar um longo perodo de baixas taxas de crescimento econmico, somente voltando a mostrar vitalidade a partir de meados da dcada de 2000. Neste longo perodo, sua economia foi caracterizada pela perda de parte de seu substrato industrial e pelo baixo nvel do investimento produtivo e do in-vestimento em empreendimentos e em infraestrutura para o desenvolvimento.

    Com perda de dinamismo econmico em Pernambuco entre 1980 e 2000, seguiu-se tambm uma trajetria de baixa atrao de populao para seu territrio, conjugada com expulso de populao motivada pela busca de oportunidade de trabalho em regies mais dinmicas do pas e pelo fenmeno da seca na dcada de 1980.

    Situao demogrfica

    Tabela 2Pernambuco, Nordeste e Brasil Populao residente, total 1950 a 2010

    1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 Valores absolutos PE 3.395.766 4.081.947 5.161.866 6.143.503 7.127.855 7.918.344 8.796.448

    NE 17.973.413 22.157.070 28.111.551 34.815.439 42.497.540 47.741.711 53.081.950

    BR 51.044.398 70.324.103 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.799.170 190.755.799

    Composio (%) regionalPE/NE 18,89% 18,42% 18,36% 17,65% 16,77% 16,59% 16,57%PE/BR 6,65% 5,80% 5,54% 5,16% 4,85% 4,66% 4,61%NE/BR 35,21% 31,51% 30,18% 29,25% 28,94% 28,12% 27,83% Taxas anuais de crescimento 2010/1950 1960/50 1970/60 1980/70 1991/80 2000/1991 2010/2000PE 1,60% 1,86% 2,38% 1,76% 1,36% 1,18% 1,06%NE 1,82% 2,11% 2,41% 2,16% 1,83% 1,30% 1,07%BR 2,22% 3,26% 2,85% 2,48% 1,93% 1,63% 1,17%Fonte: IBGE. Sinopse do Censo Demogrfico 2010.

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    A investigao da ocupao da populao no territrio mostra os se-guintes aspectos em Pernambuco: a populao, segundo o Censo 2010, est fortemente concentrada na regio metropolitana e, em particular, na capital do estado, Recife. A Regio Metropolitana do Recife (RMR), formada por 14 municpios, passou a contar, em 2010, com 3,7 milhes de habitantes, e o municpio do Recife, por sua vez, contou com 1,5 milho.

    No interior do estado, um conjunto de importantes municpios formam aglomerados de populao em cidades de porte mdio, com importncia para a fixao de populao no territrio de modo mais desconcentrado: so eles os municpios de Caruaru, Garanhuns, Gravat e Bezerros, no Agreste; Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada, Araripina e Arcoverde, no Serto; e Vitria de Santo Anto, na Zona da Mata; so municpios que abrigam, em conjunto, 1,3 mi-lho de habitantes em 2010.

    A populao vem, aos poucos, atingindo taxas de envelhecimento mais altas no estado, o que ter, como veremos em captulos posteriores, conse-quncias importantes para o perfil da poltica pblica a ser implementada em futuro no muito distante. Segundo o Censo de 2010, 2,2 milhes de pernambucanos (24,7% do total) esto na faixa de idade entre zero e 14 anos (crianas); 2,3 milhes (26%) esto na faixa de 15 a 29 anos (jovens), 3,7 milhes (41,2%) tm entre 30 e 65 anos (adultos) e 0,7 milho (7,98%) so idosos com mais de 65 anos. , portanto, o grupo de indivduos na idade adulta aquele com maior participao no conjunto da populao estadual em 2010.

    Na RMR, o envelhecimento da populao atinge maiores propores: so 795 mil pessoas (21,1%) na faixa de 0 a 14 anos, so 941 mil (25,0%) na faixa de 15 a 29 anos; 1,7 milho de pessoas (45,8%) tm entre 30 e 65 anos e, finalmente, so 305 mil (8,1%) acima de 65 anos.

    A chamada razo de dependncia pode ser calculada com os dados co-letados. Essa razo dada pela proporo de pessoas no grupo criana+idoso sobre o grupo jovens+adultos e representa a razo entre a parcela da popula-o que teoricamente no trabalha sobre a parcela em idade economicamente ativa. Seu clculo feito da seguinte forma1:

    RD = [P(0-14) + P(65 e +)] P(15 a 64)

    Em Pernambuco esta razo de 48,6%, isto , o grupo de populao em idade no ativa representa quase 50% da populao em idade ativa. Na RMR, esta razo menos significativa, chegando a 41,2% em 2011. Sendo, na ver-

    2. A definio do IBGE para Razo de Dependncia : peso da populao considerada inativa (0 a 14 anos e 65 anos e mais de idade) sobre a populao potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade).

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    dade, uma localidade de grande potencial econmico dentro do estado, a RMR tende a atrair contingentes mais expressivos de populao em idade ativa de outras regies do estado, da resultar sua populao ser mais jovem.

    Grfico 1Brasil, Nordeste, Pernambuco e RMR Populacao residente, por grupos de idade (1.000 habitantes) 2011

    70 anos ou mais65 a 69 anos60 a 64 anos50 a 59 anos30 a 49 anos25 a 29 anos20 a 24 anos18 e 19 anos15 a 17 anos10 a 14 anos

    7 a 9 anos5 e 6 anos1 a 4 anos

    Menos de 1 ano

    476241

    328855

    766743

    316516

    828458

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    500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000

    Grfico 2RMR Populacao residente, por grupos de idade (1.000 habitantes) 2011

    70 anos ou mais65 a 69 anos60 a 64 anos50 a 59 anos30 a 49 anos25 a 29 anos20 a 24 anos18 e 19 anos15 a 17 anos10 a 14 anos

    7 a 9 anos5 e 6 anos1 a 4 anos

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    Vista a partir de classes de rendimento mensal familiar, a populao residente em domiclios particulares no ano de 2011 se distribui de manei-ra muito concentrada nos estratos inferiores de rendimento. Na verdade, o montante de 82,8% das pessoas percebe rendimentos de, no mximo, dois (2) salrios-mnimos em Pernambuco. Na Regio Metropolitana do Recife, a situ-ao um pouco melhor, com 74% das pessoas residindo em domiclios com renda de at dois salrios-mnimos. Para o Nordeste e Brasil, respectivamente, este porcentual de 86,4% e 77,4%.

    O grupo de populao com padres de renda mais significativos, acima de trs salrios-mnimos, representando os estratos de classe mdia baixa a alta, de 3,3% (i.e. 296,4 mil pessoas) da populao total em Pernambuco, e 5,7% (214,6 mil) na RMR. No Nordeste, por sua vez, esta parcela de mais alto rendimento mensal corresponde a 3,8% (2 milhes) e, no Brasil, de 8,3% (16,2 milhes) dos habitantes.

    A populao pernambucana majoritariamente ainda de baixo rendi-mento mensal, mesmo comparada a padres regionais, e o contingente de ren-da superior acima de trs salrios-mnimos reside, de forma concentrada, na Regio Metropolitana do Recife, principal centro urbano produtivo: apenas 82 mil pessoas, em toda a populao do estado, no estrato de renda superior, residem em outras localidades que no a RMR.

    Tabela 3Brasil, Nordeste, Pernambuco e Regio Metropolitana de Recife (RMR)Populao residente (%) em domiclios particulares, por classes de rendimento mensal familiar per capita1950 a 2010

    Nmero de salrios-mnimos Populao

    At 1/4 Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de

    Mais de 5 Sem Sem

    absoluta 1/4 a 1/2 1/2 a 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 rendimento declarao

    Brasil 195.243 9,3 17,3 27,3 23,5 7,3 4,7 3,6 1,6 5,2Nordeste 54.226 20,2 26,0 27,2 13,0 3,3 2,1 1,7 2,0 4,6Pernambuco 8.984 17,2 25,2 27,1 13,3 3,3 1,6 1,7 2,2 8,4RMRecife 3.766 9,7 21,3 26,5 16,5 4,8 2,9 2,8 2,8 12,7Nota: Sintese de Indicadores Sociais, IBGE.

    A distribuio da populao no territrio configurou-se historicamente pela ocupao partindo do litoral em direo ao serto, passando por sua por-o intermdia no agreste.

    As taxas de reproduo desta populao tm variado aceleradamente entre 1950 e 2010. Cresceu a taxas elevadas at o incio da dcada de 1980 e depois comeou a se expandir a taxas decrescentes, de tal sorte que, compa-

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    rativamente ao que ocorre na regio Nordeste e no Brasil, Pernambuco encon-tra-se em posio muito favorvel.

    Do ponto de vista da distribuio etria da populao, a mudana que se nota neste percurso expressiva e vem assumindo contornos similares ao que se observa para o pas como um todo.

    O perfil, as caractersticas e a evoluo atual deste contingente popula-cional assumem carter determinante sobre a trajetria de conduo das pol-ticas pblicas no estado, quer sejam elas federais, quer sejam as propriamente estaduais. Abre-se agora uma janela de oportunidade, com o atingimento do pico de populao jovem no total da populao, para o enfrentamento e solu-o dos principais problemas do subdesenvolvimento do estado.

    Com uma populao que tende a estabilizar sua taxa de expanso, os principais desafios de universalizao e cobertura de servios essenciais como sade e educao podero ser mais rapidamente superados, permitindo, adi-cionalmente, que recursos tambm possam ser canalizados para a construo de maior dotao de infraestrutura fsica voltada para o desenvolvimento e bem-estar da populao.

    Quanto ao perfil de gnero e de cor/raa, a populao pernambucana se caracteriza nesta ltima dcada pela predominncia de mulheres (51,9% do total) e de pessoas que se declaram no brancas (63,3%). Se a proporo de mulheres no total da populao muito similar em Pernambuco ao Nordeste (51,2%) e ao Brasil (51%) como um todo, no tocante cor/raa os pernambu-canos se declaram ser mais no brancos que os brasileiros (52,3%) em geral, e um pouco menos no brancos que os nordestinos (70,6%).

    Em suma, esta introduo panormica do trabalho procurou revelar o per-fil e caractersticas evolutivas atuais da populao pernambucana, apontando

    Tabela 4Brasil, Nordeste e Pernambuco Populao residente, por sexo, cor ou raa2010

    Sexo Cor/raa Total Homens Mulheres Branca No branca* Pernambuco 8.796.448 4.230.681 4.565.767 3.225.294 5.571.096 48,1% 51,9% 36,7% 63,3%Nordeste 53.081.950 25.909.046 27.172.904 15.627.710 37.454.240 48,8% 51,2% 29,4% 70,6%Brasil 190.755.799 93.406.990 97.348.809 91.051.646 99.704.153 49,0% 51,0% 47,7% 52,3%Fonte: IBGE. Sinopse do Censo Demogrfico 2010. * Nota: Inclui, conforme o IBGE, os grupos de cor/raa preta, parda, amarela e indgena.

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    para um quadro de referncia no qual esta se v, em 2010, como predominan-temente urbana, adulta (pessoas no grupo de idade de 30-60 anos), pobre (tem rendimento mensal inferior a trs salrios-mnimos), feminina e no branca.

    Quadro 1Pernambuco Perfil predominante da populao2010

    Populao total 8,8 milhesUrbana 7 milhes (80,2%)Adulta (30 a 60 anos) 6 milhes (68,7%)Pobre (< 3 SM) 7,7 milhes (86,1%)Feminina 4,5 milhes (51,9%)No branca 5,5 milhes (63,3%)Fonte: IBGE. Sinopse do Censo Demogrfico 2010. * Nota: Inclui, conforme o IBGE, os grupos de cor/raa preta, parda, amarela e indgena.

    As implicaes destas caractersticas atuais, verificadas no conjunto da populao, para orientaes de polticas governamentais sero mais bem deta-lhadas e explicadas ao longo do documento, entretanto, cabe adiantar alguns de seus contornos mais evidentes.

    Um deles que, em sociedades predominantemente urbanas, as exign-cias e necessidades por dotaes de infraestrutura urbana (transporte, sanea-mento, telecomunicaes e acesso de qualidade educao e sade) se tornam mais prementes, demandando, constantemente, volumes considerveis de in-vestimento pblico. Outro ponto relevante o relacionado com a constatao de uma situao de pobreza generalizada, a qual demandar esforos governa-mentais para ser superada.

    Ademais, com a populao se tornando mais feminina e no branca, os elementos de polticas precisaro ser orientados para o atendimentos das especificidades de grupos de populao j majoritrios, que apresentam rei-vindicaes democrticas (relacionadas a gnero, raa, cor, diversidade sexual, idosos, juventude etc.) bem mais amplas do que as que ocorriam no passado.

    Por fim, deve ser destacado que, se de um lado o envelhecimento gradual da populao cria demandas de polticas pblicas diferenciadas a sade e o mer-cado de trabalho, por exemplo, precisaro se readequar aos grupos de idade mais longevos e s suas necessidades especficas , de outro lado, tende a reduzir a pres-so por educao bsica e mesmo por sade da criana e da gestante, entre outros.

    Cada vez mais, a poltica pblica, em contexto de maturidade demo-crtica da cidadania, dever ser solicitada a se diversificar tematicamente para atender pluralidade de necessidades sociais e econmicas da populao.

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    pobrezA e deSiguAldAdeComecemos a avaliao da situao social do estado de Pernambuco

    com os resultados mais recentes do trabalho do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) e Fundao Joo Pinheiro (MG) sobre o relatrio do Atlas do Desen-volvimento Humano no Brasil (2013). Este documento traa um perfil recente e geral dos avanos na qualidade de vida das populaes municipais e dos es-tados brasileiros, o qual serve como um guia para balizar detalhamentos mais apurados da situao social.

    Os esforos do Brasil para reduzir a misria e a pobreza bem como di-minuir seus padres de desigualdades tm sido notveis e tm resultado em melhorias mundialmente reconhecidas. Afirma o relatrio: Em 2010, quase 70% dos municpios brasileiros tinham ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) maior que a mdia brasileira de 2000 e menos de 1% ainda estava abaixo de 1991 (PNUD, 2013, p.22).

    O avano das polticas sociais e dos mecanismos de transferncia de renda s famlias mais pobres produziu, e ainda est a produzir, melhorias significativas no ambiente social do pas. Tradicionalmente visto como um pas de alta desigualdade e pobreza generalizada, o Brasil vem construindo um aparato de polticas pblicas para reverter tal quadro negativo.

    As melhorias constatadas nas diversas regies e unidades da federao espelham estes esforos nacionais. O ndice de Desenvolvimento Humano

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    (IDH) rene algumas propriedades muito importantes para a considerao de avanos em dadas localidades. Sua nfase est nos atributos para expanso das liberdades e capacidades das pessoas e por isso ele considera os seguintes requisitos: a) longevidade, relacionada com a ideia de vida longa e saudvel; b) educao, o acesso ao conhecimento; e c) renda, relacionada com o padro de vida que um indivduo pode usufruir.

    O IDH uma medida do nvel de desenvolvimento que varia de 0 a 1 e, quanto mais prxima de 1, maior o desenvolvimento humano de um munic-pio, de um estado ou pas. Segundo o relatrio do Atlas 2013, os municpios (ou estados) devem ser classificados com base neste indicador em: muito bai-xo, para valores entre 0 e 0,499; baixo, para valores entre 0,500 e 0,599; m-dio, para valores entre 0,600 e 0,699; alto, para valores entre 0,700 e 0,799; e muito alto, para valores acima de 0,800.

    O estado de Pernambuco, com base no IDHM, pode ser classificado na seguinte trajetria de desenvolvimento: em 1991, com IDHM de 0,440, tinha nvel de desenvolvimento muito baixo, sendo que neste mesmo ano o Brasil apa-recia com IDHM de 0,493, tambm muito baixo. Entre os estados da federao, Pernambuco figurava em 14 lugar no ranking de nvel de desenvolvimento e apresentava a melhor posio entre os estados da regio Nordeste. O ndice em Pernambuco era equivalente a 89,2% do mesmo no Brasil neste ano.

    Em 2000, seu valor do IDHM atingiu 0,544 e o estado subiu na classi-ficao de desenvolvimento de muito baixo para baixo. O Brasil, por sua vez, atingiu valor 0,612 e avanou para a posio de nvel mdio de desenvolvi-mento. O ndice em Pernambuco foi equivalente a 88,9% do mesmo no Bra-sil neste ano. Melhoraram simultaneamente o Brasil e Pernambuco, embora tenha havido suave queda na proporo PE/BR, de modo que o estado conti-nuou em retraso relativo.

    A posio geral do estado no ano de 2000 no ranking sofreu uma queda para 15 lugar na classificao. No cenrio regional, Pernambuco perdeu posi-o para o Rio Grande do Norte, que se tornou o estado nordestino de maior IDHM neste ano.

    Passada mais uma dcada, em 2010 novos avanos so produzidos. O IDHM em Pernambuco chegou a 0,673, ou seja, o desenvolvimento estadual chegou ao nvel mdio na escala geral. O Brasil, por sua vez, chegou a 0,727, sendo considerado de alto nvel de desenvolvimento.

    Do ponto de vista absoluto dos valores de IDH, est claro que Pernambuco avanou na dcada, e at mesmo sua proporo com relao ao total nacional aumentou para 92,6%. Contudo, sua posio relativa no contexto nacional no tem se consolidado. Em 2010, o estado cai para 19 na classificao geral, sendo ultrapassado, no Nordeste, pelos estados do Rio Grande do Norte e Cear.

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    Grande parte das dificuldades do estado de Pernambuco em fazer avan-ar seu nvel de desenvolvimento est no seu patamar inicial muito baixo, o que exige que o esforo de superao de suas deficincias e do seu gap em relao ao resto do pas tenha quer ser muito intenso. Na verdade, as taxas de crescimento observadas nas fontes de explicao do IDHM (renda, longevida-de e educao) verificadas no estado, em geral, superam as mesmas observa-das para o pas como um todo, em todos os subperodos perodos analisados, entretanto, se mostraram insuficientes para a reduo das distncias.

    As excees esto nas seguintes situaes. Primeiro, o estado de Per-nambuco cresce em intensidade menor que o Brasil no IDHM Longevidade, na dcada de 2000-10 (1,13% de PE contra 1,16% ao ano de Brasil) e segun-do, Pernambuco cresce menos que o Brasil no IDH Educao para o conjunto do perodo 1991-2010 (4,44% contra 4,65% ao ano respectivamente). Deste modo, em dois dos atributos componentes do ndice, o estado de Pernambuco ficou retrasado com relao ao ritmo de melhorias do resto do pas em cada uma das duas dcadas analisadas (Tabela 4).

    Os resultados dos indicadores de qualidade de vida em Pernambuco, quando comparados com a sua realidade mais prxima no entorno regional, entretanto, requerem uma ateno mais firme para sua compreenso. Os da-

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    dos do IDHM apontam para uma perda de posio relativa no cenrio regio-nal, com os estados do Rio Grande do Norte e Cear sobrepujando o IDHM de Pernambuco em 2010. O que ocorreu que estes dois estados avanaram mais celeremente seus indicadores na dcada. Para ambos, as taxas anuais de crescimento da dcada so superiores s de Pernambuco no IDHM Total. As taxas anuais no perodo 2000-2010 foram, respectivamente, para Pernambu-co, Rio Grande do Norte e Cear: 2,15%, 2,17% e 2,34%.

    Quando se olha por elemento da composio do indicador, Pernambuco fica atrs no crescimento do IDHM Renda relativamente aos dois outros esta-dos nesta ltima dcada. No critrio de longevidade, cresce mais que o Cear e menos que o Rio Grande do Norte. No critrio de educao, por sua vez, cresce mais que o Rio Grande do Norte e menos que o Cear.

    Nesta dcada de 2000, o esforo por melhorias nos indicadores sociais no deve ser desmerecido e, com vimos, sua evoluo tem sido mais rpida que a observada no pas como um todo. Porm, partindo de um nvel inicial mais baixo que a mdia nacional, sua evoluo no foi capaz de produzir uma trajetria de aproximao relativa do pas.

    Ademais, mesmo em estados da federao cujos indicadores de desen-volvimento tradicionalmente apareciam em nvel inferior ao de Pernambuco, a evoluo na ltima dcada foi muito mais intensa, permitindo que no caso do Rio Grande do Norte e do Cear viessem a se colocar acima do nvel de desenvolvimento em Pernambuco.

    Esta ltima constatao sobre performances diferentes (e superiores) de alguns estados da regio deve servir para refletir sobre as estratgias que cada

    Tabela 4Pernambuco e Brasil Evoluo do ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)1991, 2000 e 2010

    Valores absolutos IDHM Renda IDHM Longevidade IDHM Educao 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010PE 0,569 0,615 0,673 0,617 0,705 0,789 0,242 0,372 0,574BR 0,647 0,692 0,739 0,662 0,727 0,816 0,279 0,456 0,637

    Taxas anuais de crescimento (%) 2000/1991 2010/2000 2010/1991 2000/1991 2010/2000 2010/1991 2000/1991 2010/2000 2010/1991PE 0,87 0,91 0,89 1,49 1,13 1,3 4,89 4,43 4,44BR 0,75 0,66 0,7 1,05 1,16 1,11 5,61 3,4 4,65Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2013. PNUD/IPEA/FJP.

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    estado da federao pe em prtica para atingir seus objetivos. No Rio Grande do Norte e no Cear, estados que historicamente tiveram economias mais frgeis (semiridas) e menos diversificadas que as de Pernambuco, e no contam pelo menos at recentemente com infraestruturas de desenvolvimento urbano to sofisticadas como as que se constituram historicamente neste estado, a evoluo recente no IDHM foi bem mais relevante para promover uma real aproximao com o nvel mdio nacional.

    Quadro 2Brasil e Pernambuco IDHM por faixas do desenvolvimento1991, 2000 e 2010

    Nvel de desenvolvimento Anos pesquisados Pernambuco BrasilMuito baixo (0 a 0,499) 1991 Muito Baixo (0,440) Muito Baixo (0,493)Baixo (0,500 a 0,599) 2000 Baixo (0,544) Mdio (0,600 a 0,699) Mdio (0,612)Mdio (0,600 a 0,699) 2010 Mdio (0,673) Alto (0,700 a 0,799) Alto (0,727) Muito alto (0,800 a 1) Fonte: Dados brutos: PNUD/IPEA/FJP. Elaborao dos autores.

    A poltica pblica em Pernambuco, para acelerar a expanso de seu IDHM, pode estar perdendo foco e/ou at mesmo sendo negligenciada em favor de outras questes consideradas mais relevantes no mix de polticas que cada administrao estadual resolve priorizar.

    Quer seja na varivel renda, quer seja na de longevidade da populao e dos nveis de educao atingidos, estados nordestinos com menores recursos e capacidades de interveno experimentaram resultados mais benficos para suas populaes que Pernambuco nesta ltima dcada, mesmo em face da trajetria de elevado crescimento econmico, da renda e da ocupao na segunda metade dos anos 2000.

    De maneira sinttica, a situao atual do estado com relao ao seu nvel de desenvolvimento, comparado ao do resto do pas, mostra-se da seguinte maneira:

    Desde 1991, ano inicial para o qual se tem o clculo do IDHM, at o ano de 2010, a situao de Pernambuco em relao ao pas de retraso relativo e absoluto.

    A ampliao do ndice geral de desenvolvimento humano se faz, em mdia, mais forte e robusta em vrios outros estados da federao, principal-mente nos das regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que em Pernambuco.

    Tem sido uma verdade que, nas regies Norte e Nordeste do pas, o IDHM tem se mantido em nvel inferior relativamente ao das demais regies,

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    lembrando-nos da associao da pobreza com a questo regional brasileira, fortemente atrelada ao Nordeste. Entretanto, mesmo entre os estados da regio Nordeste, h aqueles que apresentaram melhorias no IDHM em ritmo supe-rior ao de Pernambuco.

    Neste quesito do nvel de desenvolvimento humano, o estado de Pernambuco tem observado um distanciamento relativo do IDHM tanto em termos mdios nacionais quanto regionais, configurando um movimento de melhorias absolutas no nvel de seu IDHM com perda de ritmo da evoluo.

    Da que o IDHM em Pernambuco, que se colocava na 14a posio no ranking nacional em 1991, caiu para a 15a posio em 2000 e, por fim, chegou em 2010 na 19a posio entre os estados brasileiros.

    Tabela 6PE, RN e CE Evoluo do ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)2000 a 2010

    Taxas anuais de crescimento (%) IDHM Total IDHM Renda IDHM Longevidade IDHM EducaoPernambuco 2,15 0,91 1,13 4,43Rio Grande do Norte 2,17 1,1 1,24 4,19Cear 2,34 1,02 1,07 5,02Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2013. PNUD/IPEA/FJP

    Situao Social

    Os resultados pouco animadores do desenvolvimento social e humano em Pernambuco so confirmados por avaliao adicional da performance no indicador de analfabetismo para duas faixas etrias selecionadas (ver Tabela 7). Comparando-se Pernambuco com os estados nordestinos do Cear e da Bahia, a taxa de analfabetismo na faixa de 11 a 14 anos de idade era a menor entre os trs em 1991. Nos anos seguintes, de 2000 a 2010, os demais estados melhoraram sua posio e conseguiram atingir taxas de analfabetismo infe-riores s de Pernambuco. Comportamento similar ocorre para a faixa de 15 anos ou mais, quando somente em 1991 o estado de Pernambuco tinha taxas menores que as dos demais estados comparados. No ano de 2000, nesta faixa de idade, o estado da Bahia teve a menor taxa de analfabetismo entre os trs. Em 2010, novamente a Bahia mantm-se com taxas menores neste indicador.

    Portanto, o esforo da poltica de educao neste estado no est ren-dendo os resultados necessrios. Em estados como Cear e Bahia, os ndices de alfabetizao na faixa etria de 11 a 14 foram mais expressivos que os de Pernambuco em 2000 e 2010.

    A situao mdia prevalecente para o Brasil como um todo algo ainda distante de ser alcanado em Pernambuco e nos demais estados nordestinos.

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    Estes se mantm, regra geral, com indicadores de analfabetismo prximos a duas vezes a mdia nacional, alertando para a insuficincia de aes de polti-ca pblica nesta rea educacional.

    A situao de pobreza segue, entre 1991 e 2010, sendo reduzida pela ao da poltica pblica, e Pernambuco, que, neste particular, tinha uma posio re-lativa mais confortvel, comparativamente do Cear e da Bahia, manteve sua posio. Sem, entretanto, conseguir se aproximar mais fortemente do patamar mdio nacional. Os avanos verificados foram muito significativos na reduo da pobreza. Na dcada de 1991, o percentual de pobres no conjunto da populao situou-se em 58% em Pernambuco e prximo de 66% nos outros dois estados.

    Em 2000, para todos os trs estados nordestinos a pobreza alterou-se para menos de 50% do total, sendo que em Pernambuco ela esteve em 45% e permaneceu caindo at atingir 27% em 2010.

    A situao geral, portanto, de expressiva melhoria. No espao de duas dcadas, a pobreza que grassava por volta de 60% da populao em estados do Nordeste foi substancialmente reduzida para cerca de 30% em 2010 (Tabela 8).

    Contriburam fortemente para a reduo do percentual de pobres no conjunto da populao em estados brasileiros a poltica social federal e a ex-panso do mercado de trabalho, com mais formalizaes e com a melhoria no poder real de compra do salrio-mnimo.

    Se em 2000, 64% da populao maior de 18 anos recebia at 1 salrio--mnimo em Pernambuco e 44%, no Brasil, em 2010, o mesmo percentual baixou em Pernambuco para 36% e, no Brasil, para 22% (ver Tabela 8).

    A melhoria na situao da pobreza foi acompanhada pela reduo da de-sigualdade de renda. Entretanto, dois movimentos so perceptveis: primeiro, na dcada de 1991-2000, a desigualdade aumenta em Pernambuco, no Cear

    Tabela 7PE, CE, BA e Brasil Taxa de analfabetismo em faixas etrias selecionadas1991, 2000 e 2010

    Anos selecionados Faixas etrias PE CE BA BR

    Taxa de analfabetismo1991 11 a 14 anos 27,06 29,67 29,51 14,62 15 anos ou mais 32,90 36,07 34,53 19,402000 11 a 14 anos 11,16 9,25 8,52 5,03 15 anos ou mais 23,06 24,97 22,09 12,942010 11 a 14 anos 5,66 4,65 5,01 3,24 15 anos ou mais 18,00 18,74 16,58 9,61Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2013. PNUD/IPEA/FJP.

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    Tabela 8PE, CE, BA e Brasil Indicadores de pobreza (%) 1991, 2000 e 2010

    Anos PE CE BA BR1991 Extremamente pobres 31,60 39,76 38,96 18,64 Pobres 57,99 66,36 65,26 38,16 Ocupados com rendimento de at 1 SM (18 anos ou mais) 2000 Extremamente pobres 22,30 28,11 25,68 12,48 Pobres 45,27 51,75 49,72 27,90 Ocupados com rendimento de at 1 SM (18 anos ou mais) 64,43 69,97 68,13 43,922010 Extremamente pobres 12,32 14,69 13,79 6,62 Pobres 27,17 30,32 28,72 15,20 Ocupados com rendimento de at 1 SM (18 anos ou mais) 36,00 41,46 40,92 21,91Fonte: Atlas do Desenvolvimento, 2013. PNUD/IPEA/FJP.

    Tabela 9PE, CE, BA e Brasil Indicadores de desigualdade 1991, 2000 e 2010

    Anos PE CE BA BR1991 ndice de Gini 0,65 0,66 0,67 0,63 10% mais ricos* 55,42 56,39 57,45 51,14 10% mais ricos / 40% mais pobres 31,47 31,37 33,45 30,462000 ndice de Gini 0,66 0,67 0,66 0,64 10% mais ricos* 55,66 56,46 55,10 51,94 10% mais ricos / 40% mais pobres 33,76 36,33 33,24 30,312010 ndice de Gini 0,62 0,61 0,62 0,60 10% mais ricos* 52,57 50,76 51,05 48,93 10% mais ricos / 40% mais pobres 26,63 24,97 25,98 22,78Fonte: Atlas do Desenvolvimento, 2013. PNUD/IPEA/FJP.*Obs.: Proporo da renda apropriada pelos 10% mais ricos.

    Situao Social

    e no Brasil e cai na Bahia; depois, entre 2000 e 2010, o indicador de Gini3 para desigualdade de renda cai em todos os estados selecionados e tambm no Bra-sil como um todo. Contribuiu para este fenmeno a reduo da participao dos 10% mais ricos da populao no conjunto dos rendimentos.

    3. ndice criado pelo estatstico italiano Corrado Gini, em 1912, para aferir a desigualdade social.

    Em suma, o quadro de indicadores sociais em Pernambuco est a indicar melhorias absolutas e muito relevantes na educao fundamental, na reduo da pobreza e na reduo da desigualdades de renda, como, de resto, vem ocor-rendo em vrios outros estados do pas e no Nordeste.

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    Entretanto, no se deve negligenciar que Pernambuco, a despeito de seus esforos, no tem se destacado nesta ltima dcada, relativamente a esta-dos vizinhos da regio, no ritmo de melhorias na educao (no esforo do re-duo do analfabetismo); e nem na queda realizada na concentrao de renda.

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    educAoevoluo de indicAdoreS e oS eSforoS dA polticA pblicA

    A agenda da poltica de educao no Brasil j desde os anos 1990 vem buscando um esforo de universalizao do acesso a todos os cidados. A evoluo tem sido expressiva, entretanto, seguindo o ritmo mais lento do cres-cimento da populao, tambm a expanso das vagas na educao bsica, que envolve prioritariamente crianas e adolescentes, vem sendo reduzida. O conjunto da populao atendida pela educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio, conforme a Tabela 10 a seguir, aponta para este fenmeno. Quer seja para o estado de Pernambuco, quer para o Nordeste e para o Brasil como um todo, o nmero total de pessoas atendidas nos trs nveis de ensino diminuiu entre 2000 e 2012.

    Diferenas ocorrem, entretanto, em cada um dos trs. Na verdade, cons-tata-se reduo em termos absolutos para o ensino fundamental, em todo o pas, caindo de 35,7 milhes de pessoas atendidas em 2000 para 29,7 milhes em 2012. Em Pernambuco, a oferta na educao infantil cresceu de 274,3 mil matrculas em 2000 para 315 mil em 2012 (acrscimo de 40,7 mil alunos atendidos) e no ensino mdio de 353,6 mil em 2000 para 392,4 mil em 2012 (acrscimo de 38,7 mil vagas).

    No ensino fundamental houve reduo no nmero de matrculas realiza-das de 1,79 milho em 2000 para 1,44 milho em 2012, portanto, com reduo de 353,3 mil matrculas no perodo. Vale observar que nos trs nveis de ensino, a situao de Pernambuco avanou ao longo da dcada em relao sua posio no contexto geral da regio Nordeste, mas no no contexto nacional.

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    Tabela 10Pernambuco, Nordeste e Brasil Nmero de matrculas na educao bsica*, por etapas de ensino2000, 2005, 2010 e 2012

    Educao Infantil Ensino Fundamental Ensino Mdio Total PE 274.331 1.798.644 353.634 2.426.6092000 NE 1.979.351 12.509.126 1.923.582 16.412.059 BR 6.012.240 35.717.948 8.192.948 49.923.136 PE 330.774 1.720.714 448.653 2.500.1412005 NE 2.258.043 11.189.835 2.669.335 16.117.213 BR 7.205.013 33.534.561 9.031.302 49.770.876 PE 297.731 1.496.651 429.451 2.223.8332010 NE 2.016.464 9.564.009 2.424.793 14.005.266 BR 6.756.698 31.005.341 8.357.675 46.119.714 PE 315.082 1.445.322 392.384 2.152.7882012 NE 2.092.771 9.076.655 2.354.227 13.523.653 BR 7.295.512 29.702.498 8.376.852 45.374.862

    2000 PE/NE 13,9% 14,4% 18,4% 14,8%

    PE/BR 4,6% 5,0% 4,3% 4,9%

    2005 PE/NE 14,6% 15,4% 16,8% 15,5%

    PE/BR 4,6% 5,1% 5,0% 5,0%

    2010 PE/NE 14,8% 15,6% 17,7% 15,9%

    PE/BR 4,4% 4,8% 5,1% 4,8%

    2012 PE/NE 15,1% 15,9% 16,7% 15,9%

    PE/BR 4,3% 4,9% 4,7% 4,7%Fonte: MEC/Inep. Sinopse Estatstica da Educao Bsica. Vrios anos.*Exceto Educao Profissional, Educao Especial e Educao de Jovens e Adultos.

    Com relao educao infantil, cabe notar que o esforo nacional para a ampliao de recursos para este nvel de ensino foi mais intenso nesta ltima dcada, com aumento do nmero de anos da educao bsica por meio da entrada mais cedo de crianas na educao infantil. Sendo assim, era espera-do que o nmero de matrculas aumentasse mais rapidamente, pelo menos, no final da dcada. No o que os nmeros mostram. Em Pernambuco, em particular, a ampliao da participao relativa ao Nordeste e ao Brasil no se alterou significativamente.

    Um primeiro entendimento que se tem a partir destes dados que a po-ltica de educao no estado segue, em linhas gerais, o esforo emanado pelas condies gerais que prevalecem no pas o que significa que so seguidoras das polticas nacionais de educao , mas no so capazes de ir mais alm e gerar resultados capazes de modificar sua condio de retraso relativo ao restante do pas.

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    educao

    Para avaliar a performance da qualidade da educao bsica foi criado em 2007 o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb), o qual combi-na o fluxo escolar atingido por alunos de uma dada escola com a avaliao do desempenho de alunos em provas de portugus e matemtica. uma avaliao realizada nacionalmente com vistas a gerar indicadores para a melhoria contnua da educao. Trabalha ademais com um sistema de metas a serem perseguidas pelas escolas em cada municpio e unidade da federao brasileira.

    Na Tabela 11, apontam-se os resultados obtidos (valores observados) para Pernambuco vis--vis o Brasil nos anos para os quais os ndices foram construdos, bem como as metas sugeridas para anos frente.

    Tabela 11Pernambuco e Brasil ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb)*2000, 2005, 2010 e 2012

    Valor observado Metas projetadas 4a srie 8a serie 3a serie EM 4a srie 8a serie 3a serie EMPernambuco 2005 3,1 2,4 2,7 2007 3,5 2,5 2,7 3,2 2,4 2,7 2009 3,9 3,0 3,0 3,5 2,6 2,8 2011 4,2 3,3 3,1 3,9 2,8 3 2013 4,2 3,3 3,2

    Brasil 2005 3,8 3,5 3,4 2007 4,2 3,8 3,5 3,9 3,5 3,4 2009 4,6 4 3,6 4,2 3,7 3,5 2011 5 4,1 3,7 4,6 3,9 3,7 2013 4,9 4,4 3,9Fonte: MEC/Inep. Sinopse Estatstica da Educao Bsica. Vrios anos.*Exceto Educao Profissional, Educao Especial e Educao de Jovens e Adultos.

    Em Pernambuco, os valores observados em cada ano, em geral, superam os valores projetados para aquele mesmo ano, evidenciando que a poltica educacional do estado vem conseguindo atingir as metas propostas de me-lhoria da qualidade na educao bsica. Comparado, entretanto, com o qua-dro mais geral do pas, o estado fica em situao desfavorvel. Em cada ano que o ndice foi calculado, o valor observado mostra-se sempre inferior aos observados no mesmo ano para o pas como um todo.

    Em 2011, ltimo ano da srie calculada, o Ideb para as trs sries ava-liadas permaneceram prximos a 80% do valor mdio do Ideb para o pas. Ademais, em Pernambuco os valores absolutos em 2011 ainda se equiparam aos valores mdios do ndice observados no pas em 2005. Os avanos so

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    reconhecveis, mas a situao de retraso ainda to considervel que neste estado a qualidade (medida pelo Ideb), na mdia, est cinco anos em retraso com relao ao atual nvel nacional.

    No quesito relacionado capacidade de regularizar a entrada de crianas e jovens na srie de estudo compatvel com a idade esperada, a situao vem tambm melhorando e contribui assim para o quadro geral da educao no estado. Tanto no ensino fundamental como no ensino mdio, a situao de Pernambuco est me-lhor que a da regio Nordeste como um todo, entretanto, abaixo da mdia do pas.

    Em Pernambuco a distoro idade-srie no ensino fundamental tem se mostrado bastante significativa nesta ltima dcada e, portanto, questo im-portante a ser atacada mais incisivamente pela poltica de educao estadual. A Tabela 12 traz dados relevantes para a compreenso deste problema. Os dados cobrem os anos de 2001, 2005 e 2010 para as oito sries do ensino fundamental.

    Tabela 12Pernambuco, Nordeste e Brasil Taxa de distoro idade-srie*2000, 2005, 2010 e 2012

    Anos Ensino fundamental Ensino mdioPernambuco 2006 39,0 62,4 2010 29,7 49,1 2012 27,1 39,3 Nordeste 2006 41,2 62,3 2010 32,7 46,6 2012 30,3 41,8 Brasil 2006 28,6 44,9 2010 23,6 34,5 2012 22,0 31,1 Fonte: MEC/Inep.* Dados obtidos para a rede total (pblica federal, estadual e municipal e privada).

    Uma caracterstica relevante extrada dos dados que a taxa de distor-o idade-srie, regra geral, aumenta progressivamente com o avanar das sries no ensino fundamental. Esse comportamento significa que, ao longo do perodo de aprendizagem, o aluno acaba entrando em situao quase crnica de repetncia, ficando, ento, cada vez mais defasado com relao srie nor-mal onde ele deveria estar vis--vis a sua idade. Por exemplo, no ano de 2010, a distoro para cada srie vai aumentando desde a primeira srie (15,86%) at a quinta (31,0%), depois desta h um refluxo, o qual, entretanto, se mantm na oitava srie (34,6%) num patamar elevado. O problema da distoro idade-srie que ele tende a operar num efeito de acumulao de prejuzos: quando se perde o rendimento na primeira srie, tende-se a operar o comportamento de perdas,

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    desta vez com mais fora, em anos subsequentes, o que vai agravando o quadro ao longo do ensino fundamental.

    O Grfico 6 mostra a trajetria assumida na dcada pela taxa de distoro idade-srie. A poltica pblica em educao precisa ser acionada para reduzir o patamar mdio da distoro e, indo alm, precisa conter a fase de expanso (mais forte a partir da terceira srie) do indicador para que ela no atinja um pico to elevado. A partir da, o esforo ser o de reduzir a trajetria subsequente ps-pico.

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    Grfico 6Pernambuco Distoro idade-srie2010

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    Dito de outro modo, a poltica ser mais efetiva quanto mais ela puder ope-rar na primeira fase do ensino fundamental (primeira a quarta sries) de maneira a impedir que, uma vez instalado o problema (a distoro), ela possa acumular-se nos anos posteriores.

    Deve ser observado que os nveis mdios de distoro idade-srie tm sido reduzidos pelo esforo da poltica pblica: houve uma queda para o total do estado de 30,7% no perodo 2005-2010, superior reduo de 18,3% ocorrida no perodo anterior, de 2001-2005.

    Um breve quadro comparativo da situao de Pernambuco com a re-gio Nordeste e o Brasil recoloca o esforo que a poltica educacional precisa ainda realizar. Tanto no ensino fundamental quanto no ensino mdio os indi-cadores de distoro idade-srie so melhores em Pernambuco que no Nor-deste. Entretanto, a situao mdia do Brasil melhor que a de Pernambuco.

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    Os esforos em Pernambuco tm sido positivos, mas o percurso para atingir nveis mais significativos j alcanados em outros estados da federao ainda se mostra longo, requerendo empenho e recursos mais focados em ob-jetivos precisos e predefinidos nos prximos anos (Tabela 13).

    Educao supErior situao atual E pErspEctivasA situao do ensino superior tambm merece ateno especial em Per-

    nambuco. sabido que ao longo da dcada de 2000 um esforo muito rele-vante por parte do governo federal foi realizado no pas para a ampliao do nmero de matrculas no ensino superior. A poltica pblica para realizar tal objetivo utilizou-se de dois mecanismos. Um foi a ampliao de vagas na uni-versidade pblica, por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (Reuni)4, principalmente na rede fede-ral (mas no exclusivamente), e da criao de novos campi de universidades em vrios estados do pas.

    O outro mecanismo foi a criao do Programa Universidade para Todos (Prouni), o qual visa financiar bolsas integrais ou parciais a alunos de baixa renda para a realizao de cursos universitrios, apoiando, portanto, a expanso da ofer-ta privada no ensino superior por meio de crdito subsidiado a alunos carentes.

    Desta poltica pblica resultou uma ampliao geral de 2,7 milhes de matrculas entre 2000 e 2010, passando de 2,7 milhes em 2000 para 5,4 milhes em 2010 no Brasil como um todo5.

    Em Pernambuco o quadro deu-se do seguinte modo: expanso de 106,4 mil vagas na dcada, sendo 29 mil pblicas e 77,3 mil privadas (embora, em muitos casos, financiadas pelo setor pblico). Destaque-se que o incremento da rede pblica estadual de ensino superior foi de apenas 5,3 mil matrculas em Pernambuco.

    As taxas de crescimento das matrculas na dcada foram bastante acele-radas e em Pernambuco estiveram em patamar acima das do Brasil, mas abai-xo, no quadro observado, da regio Nordeste, que se expandiu mais fortemen-te. Resultou desta acelerao que a participao de Pernambuco no nmero de matrculas na graduao total nacional passou de 3,19% em 2000 para no

    4. O programa Reuni foi institudo legalmente em abril de 2007, visando consolidar os esforos de ampliao das univer-sidades federais e institutos federais que se iniciaram em 2003. Entre 2003 e 2011 foram criadas 14 novas universidades no pas e o nmero de municpios atendidos passou de 114 em 2003 para 237 em 2011. (http://reuni.mec.gov.br/). 5. Segundo informaes da pgina do Prouni na internet: Em 2012, o Prouni atingiu a marca de 1 milho de bolsas de estudo concedidas a alunos de baixa renda de todo o Brasil. Para o primeiro semestre de 2013 sero oferecidas 195 mil bolsas de estudos (98.728 delas integrais) em 1.321 instituies de ensino. O programa faz parte do Plano de Desenvol-vimento da Educao (PDE) e deve contribuir entre o perodo de 2011 a 2020 para que pelo menos 33% dos jovens de 18 a 24 anos acessem o ensino superior.

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    mais de 3,53% em 2010, e em relao ao Nordeste sua participao caiu de 20,8% em 2000 para 18,2% em 2010.

    Em 2000 o nmero de matrculas na graduao em Pernambuco corres-pondia a 1,08% de sua populao. Em 2010 esta proporo subiu para 2,18%. Entretanto, no Brasil, esta proporo que era de 1,58% em 2000 chegou a 2,85% em 2010.

    Tabela 13Pernambuco Taxa de distoro no ensino fundamental por dependncia administrativa 2001, 2005 e 2010

    Ano Dependncia Srie administrativa 1a 2a s 3a 4a 1a a 4a 5a 6a 7a 8a 5a a 8a Total2001 PE 33,15 45,07 51,32 52,98 44,56 65,10 62,73 60,74 62,20 63,00 52,48 Estadual 40,33 51,11 56,36 55,64 52,07 68,68 67,70 67,13 69,56 68,28 63,94 Federal 36,57 63,41 59,52 64,21 53,04 10,71 10,27 10,00 18,69 12,42 27,73 Municipal 35,58 50,04 57,60 60,98 48,86 73,33 72,22 70,40 70,31 72,03 54,75 Particular 9,59 10,09 10,93 12,32 10,68 14,27 15,37 16,63 19,08 16,26 13,082005 PE 22,60 32,58 37,83 40,63 32,80 54,58 53,96 51,22 55,10 53,81 42,89 Estadual 20,88 34,71 41,84 45,52 37,09 58,23 59,09 58,18 62,86 59,51 54,06 Federal 7,19 13,54 10,10 11,33 10,71 10,71 Municipal 26,24 38,39 44,74 48,05 38,12 62,45 61,77 58,29 61,64 61,32 45,89 Particular 6,32 6,55 7,27 8,28 7,07 9,57 11,06 11,46 12,94 11,18 8,802010 PE 15,86 28,46 28,83 31,00 23,25 40,43 39,14 33,30 34,65 37,32 29,71 Estadual 20,71 34,57 29,83 37,11 29,95 20,71 34,57 29,83 37,11 41,03 39,18 Federal 10,00 6,60 9,25 8,41 8,54 8,54 Municipal 18,81 33,47 35,16 36,90 27,39 46,98 46,12 39,21 37,83 43,58 32,74 Particular 5,56 6,17 6,25 6,25 5,98 7,08 7,83 8,78 9,12 8,14 6,80 Evoluo da taxa de distoro (%)2005 PE -31,8 -27,7 -26,3 -23,3 -26,4 -16,2 -14,0 -15,7 -11,4 -14,6 -18,3a 2001 Estadual -48,2 -32,1 -25,8 -18,2 -28,8 -15,2 -12,7 -13,3 -9,6 -12,9 -15,5 Federal -32,9 31,9 1,0 -39,4 -13,7 -61,4 Municipal -26,2 -23,3 -22,3 -21,2 -22,0 -14,8 -14,5 -17,2 -12,3 -14,9 -16,2 Particular -34,2 -35,1 -33,5 -32,8 -33,8 -32,9 -28,0 -31,1 -32,2 -31,2 -32,72010 PE -29,8 -12,6 -23,8 -23,7 -29,1 -25,9 -27,5 -35,0 -37,1 -30,6 -30,7a 2005 Estadual -0,8 -0,4 -28,7 -18,5 -19,3 -64,4 -41,5 -48,7 -41,0 -31,0 -27,5 Federal 39,1 -51,3 -8,4 -25,8 -20,3 -20,3 Municipal -28,3 -12,8 -21,4 -23,2 -28,2 -24,8 -25,3 -32,7 -38,6 -28,9 -28,7 Particular -12,0% -5,9 -14,0 -24,5 -15,4 -26,0 -29,2 -23,4 -29,5 -27,2 -22,7 Fonte: Censo Escolar, 2001, 2005 e 2010. Secretaria de Educao, PE. (www.educacao.pe.gov.br/portal/).

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    Tabela 14Pernambuco, Nordeste e Brasil Matrculas em cursos de graduao presenciais*2000, 2005 e 2010

    No de matrculas Taxa crescimento anual (%) 2000 2005 2010 2000-2005 2005-2010 2000-2010Brasil 2.694.245 4.453.156 5.449.120 10,6 4,1 7,3 Pblica 887.026 1.192.189 1.461.696 6,1 4,2 5,1 Federal 482.750 579.587 833.934 3,7 7,5 5,6 Estadual 332.104 477.349 524.698 7,5 1,9 4,7 Municipal 72.172 135.253 103.064 13,4 -5,3 3,6 Privada 1.807.219 3.260.967 3.987.424 12,5 4,1 8,2Nordeste 413.709 738.262 1.052.161 12,3 7,3 9,8 Pblica 271.795 352.757 438.090 5,4 4,4 4,9 Federal 146.147 171.220 260.147 3,2 8,7 5,9 Estadual 113.396 163.914 157.410 7,6 -0,8 3,3 Municipal 12.252 17.623 20.533 7,5 3,1 5,3 Privada 141.914 385.505 614.071 22,1 9,8 15,8Pernambuco 86.011 136.952 192.436 9,7 7,0 8,4 Pblica 51.779 64.045 80.808 4,3 4,8 4,6 Federal 27.088 27.871 42.460 0,6 8,8 4,6 Estadual 12.439 18.551 17.815 8,3 -0,8 3,7 Municipal 12.252 17.623 20.533 7,5 3,1 5,3 Privada 34.232 72.907 111.628 16,3 8,9 12,5Fonte: MEC/INEP. Sinopse Estatstica da Educao Superior. Vrios nmeros.* Universidades; Centros Universitrios; Faculdadades integradas; Faculdades, escolas e institutos; e Centros de Educao Tecnolgica.

    6. Segundo o Censo Demogrfico de 2010 (IBGE), a porcentagem de pessoas com nvel superior na populao do Brasil era de 8,31%. A situao nos estados evidenciou que ao Distrito Federal coube o primeiro lugar com 17,49% de sua po-pulao; em segundo lugar, o estado de So Paulo (11,67%); em terceiro lugar, o Rio de Janeiro (10,91%); e Pernambuco ficou em 19. lugar com apenas 5,67% de sua populao com ensino superior, sendo superado, na regio Nordeste, por Rio Grande do Norte (5,89% da sua populao) e Paraba (5,71% da sua populao).

    De maneira a assegurar mo de obra qualificada para o desenvolvimento que vem ocorrendo na economia do estado, o nmero atual de matrculas no ensino superior se mostra claramente insuficiente. Com uma populao na idade de 18 a 24 anos, em 2010, de 1,059 milho de jovens, a proporo de matrculas corresponde a 18,1% deste subgrupo etrio. Ou seja, menos de um quinto dos jovens em idade de cursar a universidade encontraram realmente vagas disponveis ao final da dcada em Pernambuco.6

    cEnrios para a Educao supEriorImagine-se que a poltica pblica em educao superior se proponha

    a elevar o porcentual de matrculas no ensino superior, para o grupo etrio

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    de 18-24 anos, dos atuais 18,1% para o patamar de 40%, ao longo das duas prximas dcadas, isto , at 2030. Para especular sobre esta hiptese, ser preciso abstrair, por ora, a questo sobre qual ente federativo dever se encar-regar desta tarefa, se o federal ou o estadual. Este esforo significar mais que duplicar a proporo atual de vagas disponveis, contudo, ainda no atingiria os padres mdios j prevalecentes em pases desenvolvidos7.

    Algumas hipteses precisam ser feitas para a construo do cenrio pro-posto. Primeiro, deve-se assumir uma hiptese para o crescimento da popula-o residente no estado. Sabendo-se que a taxa de crescimento anual verificada na ltima dcada foi de 1,056% e que a trajetria da populao de reduo, a cada dcada, da intensidade do crescimento populacional, ser considerado aqui que a taxa a ser observada para o perodo 2010-2030 continuar a se reduzir e corresponder a 85% da observada na ltima dcada (ver Quadro 3 na pgina seguinte).8A segunda hiptese necessria sobre a proporo de jovens de 18 a 24 anos a ser observada no perodo do cenrio desejado (2010-2030). Aqui se sugere a possibilidade de se apoiar em duas outras hipteses: uma primeira (HA) assume que a referida proporo vai permanecer a mesma (isto , 12,03% do total da populao em 2010) ao longo do perodo do cenrio. um cenrio otimista, em que os jovens do grupo etrio mantm sua participao relativa no total da populao. E outra hiptese (HB), desta vez mais pessimista, em que a proporo dos jovens do referido grupo etrio cai de 12,03% para 10% do total da populao em funo de um maior envelhecimento da populao total.

    A adoo de tais hipteses, para efeito de exercitar uma possvel trajetria para o esforo da poltica pblica no estado, resulta nos seguintes resultados. A po-pulao do estado em 2030 atingir o patamar de 9,621 milhes e o grupo etrio de 18-24 anos corresponder, na hiptese HA, a 1,157 milho (= 9,621 milhes vezes 12,03%), sendo que 40% deste nmero resultam em 462,9 mil pessoas.

    Na hiptese B, o grupo etrio chegar em 2030 a 962 mil pessoas (9,621 milhes vezes 10%) e 40% de matrculas necessrias correspondem a 384,8 mil pessoas.

    O nmero atual de matrculas do ensino superior foi de 192,4 mil em 2010 e, portanto, precisar ser acrescido, na Hiptese A, em 270,5 mil vagas at 2030. Na Hiptese B, por sua vez, o montante adicional de matrculas a ser ofertado pela poltica pblica de 202,4 mil at 2030.

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    7. De acordo com os padres internacionais, nos pases desenvolvidos da OCDE, a oferta de matriculas no ensino supe-rior j corresponde, em media, a 60% do nmero de jovens no grupo etrio 18-24 anos em 2006. Para Estados Unidos e Coria do Sul a proporo j atinge em cada um 80% do grupo etrio. 8. A taxa de crescimento da populao do perodo 2000-2010 (1,06% ao ano) corresponde a 89,9% da taxa observada na dcada anterior (1991-2000) de 1,18% ao ano.

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    Quadro 3Pernambuco Cenrio para a educao superior em 2030* Matrculas no grupo etrio 18 a 24 anos2010 Valor Hipteses do Valor Cenrio desejado observado cenrio desejado observado mdio 2010 para 2030 em pases da (resultados) PE PE OCDE - 2006 2030

    Fonte: Dados de Populao: IBGE. Dados de Matrcula no Ensino Superior: INEP/MEC.*Elaborao dos autores.

    (%) matrculas no grupo etrio

    Taxa de crescimento da populao 2030/2010

    Participao do grupo etrio no total da populao

    N0 de matrculas no grupo etrio

    N0 de matrculas novas a serem criadas at 2030

    18,10%

    = 1,06% ao ano no perodo 2010/2000

    12,03%

    192,4 mil

    40,0%

    Hiptese: igual a 85% da taxa observada no perodo 2010/2000, isto , ser = 85% x (1,06) = 0,90% ao ano

    Hiptese A: permanecer igual proporo verificada em 2010, isto , ser de 12,03%Hiptese B: proporo do grupo etrio diminuir para 10% do total da populao do estado

    Hiptese AHiptese B

    Hiptese A

    Hiptese B

    60,0%

    40,0%

    Populao em 2030 = 9,620 milhes

    Populao do grupo etrio em 2030 = 1,157 milhoPopulao do grupo etrio em 2030 = 962 mil

    462,9 mil matrculas384,8 mil matrculas

    270,5 mil (ou 13,5 mil a cada ano)202,4 mil (ou 10,1 mil a cada ano)

    Para atingir uma meta de oferta de matrculas do ensino superior para 40% dos jovens pernambucanos na idade ideal de cursar faculdade (18 a 24 anos), a expanso de matrculas ter que ser feita de maneira persistente e no montante que varia segundo as hipteses assumidas de um mnimo de 10,1 mil at 13,5 mil novas matrculas anualmente at 2030.

    Este no ser um desafio de pequena monta. Na verdade, para enfrent-lo, a coordenao de esforos federais e estaduais ser crucial. O estado sozinho no dispe de recursos financeiros e humanos para a montagem de uma estratgia como esta. Da mesma forma que a expanso atual da educao superior tem sido comandada pelo governo federal como vimos, isso ocorre em duas frentes si-multneas, as quais conjugam, de um lado, o aumento de vagas nas universidades federais e, portanto, expanso do oramento pblico federal para a rea via Reuni,

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    e, de outro lado, a expanso de vagas oferecidas no setor privado (faculdades, uni-versidades, centros universitrios etc) por meio do financiamento de bolsas pelo programa Prouni , na nova estratgia de expanso estes programas precisaro ser acionados em intensidade ainda maior para gerar os resultados desejados.

    Nesta estratgia no deve ser descurada a ateno ao ensino tcnico pro-fissionalizante. A nova orientao da poltica federal j avanou muito nesta rea com a criao de 250 novas unidades dos institutos federais de educao tcnica, em todos os estados do pas, desde 2006. Nem todas estas unidades federais, entretanto, esto completamente implementadas at o presente momento. Mui-tos governos estaduais seguiram tambm nesta linha e tm feito esforo de ampliao de sua rede estadual de educao tcnica e tecnolgica.

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    De maneira a traar um diagnstico mais amplo da problemtica da sade em Pernambuco, sero discutidos dados de dois grupos de indicadores. No pri-meiro, os indicadores representam o acesso mais geral a servios de poltica p-blica que produzem sade e bem-estar populao: so o acesso a abastecimento de gua e o acesso coleta de lixo. Estes so servios fornecidos pela poltica pblica geral de infraestrutura de saneamento e abastecimento.

    No segundo grupo de indicadores so avaliadas as capacidades do sis-tema mdico-hospitalar em atendimento sade, expressas por: nmero de mdicos por habitante e nmero de leitos hospitalares existentes. Estes so servios oferecidos diretamente pela poltica de sade.

    As tabelas 15 e 16 apresentam indicadores do primeiro tipo. No quesito da proporo da populao com acesso a servio de abastecimento de gua, Pernambuco produziu melhoras substanciais entre 1991 e 2010. Seu indi-cador caminhou de 64,3% em 1991 para 69% em 2000 e 74,7% em 2010. Representou, pois, um acrscimo de populao atendida em todo o estado da magnitude de 10 pontos percentuais nas duas dcadas apontadas.

    Porm, visto sob a perspectiva do esforo nacional para melhorar neste indicador, o estado de Pernambuco no foi capaz de modificar sua posio relativa visando uma aproximao mais consequente com os padres nacio-nais. O estado apresenta um padro de manuteno de uma dcada de atraso neste indicador comparativamente ao valor mdio nacional: em 2000, quando o Brasil apresentava proporo de populao atendida de 75,8%, o estado

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    Tabela 15Estados Ranking da proporo da populao servida por rede geral de abastecimento de gua (em %)1991, 2000 e 2010

    1991 2000 2010So Paulo 94,9 So Paulo 93,2 So Paulo 90,4Distrito Federal 94,8 Distrito Federal 88,3 Distrito Federal 88,6Paran 87,6 Paran 82,6 Rio de Janeiro 82,0Rio G. do Norte 85,9 Rio de Janeiro 82,3 Mato G. do Sul 74,7Minas Gerais 85,7 Minas Gerais 82,0 Minas Gerais 72,7Rio G. do Sul 84,9 Esprito Santo 79,3 Rio G. do Sul 71,2Rio de Janeiro 83,7 Rio G. do Sul 78,9 Esprito Santo 71,1Esprito Santo 83,1 Mato G. do Sul 78,3 Paran 70,9Sergipe 82,9 Roraima 77,9 Roraima 70,3Mato G. do Sul 82,8 Rio G. do Norte 77,5 Sergipe 64,4Santa Catarina 80,8 Sergipe 74,4 Pernambuco 64,3Roraima 79,3 Santa Catarina 73,3 Amap 63,8Bahia 79,2 Pernambuco 69,0 Rio G. do Norte 61,8Gois 78,9 Gois 68,8 Amazonas 60,9Tocantins 78,4 Bahia 67,9 Santa Catarina 60,3Cear 76,2 Paraba 67,0 Mato Grosso 57,5Paraba 75,5 Tocantins 65,9 Paraba 56,9Pernambuco 74,7 Mato Grosso 63,6 Gois 55,9Mato Grosso 74,2 Alagoas 61,5 Bahia 50,8Piau 71,3 Piau 59,2 Alagoas 50,7Alagoas 67,5 Cear 59,1 Piau 47,9Maranho 64,6 Amazonas 57,8 Acre 42,2Amazonas 62,8 Maranho 51,9 Cear 41,7Amap 55,5 Amap 51,4 Par 39,4Par 47,0 Par 41,9 Maranho 35,3Acre 45,7 Acre 34,1 Tocantins 33,0Rondnia 37,6 Rondnia 29,6 Rondnia 31,2Brasil 81,5 Total 75,8 Total 68,0 Proporo (%) da mdia nacional Pernambuco 92% 91% 94%Fonte: IBGE/Censos Demogrficos 1991, 2000 e 2010. Elaborao dos autores.

    tinha 69% de populao atendida, o que correspondia ao patamar do Brasil em 1991. Passada nova dcada, em 2010, o Brasil atingiu 81% de cobertura de acesso a abastecimento de gua e Pernambuco atingiu 74,7%, proporo comparvel do Brasil dez anos antes, em 2000 (de 75,8%).

    Os resultados obtidos por outras unidades da federao para avanar no

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