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8|Out/Dez 2008|JJ O Direito à Alegria Texto Ana Luisa Rodrigues Em Novembro de 1983, precisamente há 25 anos, nascia o Clube de Jornalistas. Para dar espaço à cultura, ao lazer e ao convívio entre jornalistas – o direito à alegria para além das redacções. De jogos nacionais e ibéricos a bailes de revéillon, passando pelos incontornáveis Prémios Gazeta, as iniciativas têm sido variadas. Hoje, apesar dos cerca de 700 sócios, os sinais dos tempos contrariam o espírito do associativismo. Mas apesar das dificuldades, a vontade de dinamizar continua viva. 25 anos

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8|Out/Dez 2008|JJ

O Direito à

Alegria

Texto Ana Luisa Rodrigues

Em Novembro de 1983, precisamente há 25 anos, nascia o Clube deJornalistas. Para dar espaço à cultura, ao lazer e ao convívio entrejornalistas – o direito à alegria para além das redacções. De jogosnacionais e ibéricos a bailes de revéillon, passando pelosincontornáveis Prémios Gazeta, as iniciativas têm sido variadas. Hoje, apesar dos cerca de 700 sócios, os sinais dos tempos contrariamo espírito do associativismo. Mas apesar das dificuldades, a vontadede dinamizar continua viva.

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Exactamente nove meses depois do primeiro con-gresso de jornalistas portugueses - o tempo deuma gravidez - nascia o Clube de Jornalistas.“Havia um grupo de pessoas que quis fazer uma

lista para o Sindicato que reflectisse o espírito de uniãomuito patente no 1º Congresso de Jornalistas”, recordaEugénio Alves, um dos fundadores e longos anos dirigen-te e presidente do Clube de Jornalistas. No entanto, apolarização politica ainda marcada não permitiu que alista unitária fosse avante, e uma das saídas foi “criar umespaço independente que conseguisse reunir a classe numespaço lúdico e de cultura.”

Mais do que uma profissão, vivia-se o jornalismo comoforma de vida, que estravazava os metros quadrados dasredacções. Nas palavras de Pedro Oliveira, membro devárias direcções do clube, “era uma fase de grande juven-tude da classe, que viveu todo aquele período efervescen-te do PREC, das primeiras eleições e todos os anos seguin-tes. Um tempo em que a “velha guarda” de hoje era anova guarda.” E o espaço do Clube de Jornalistas (CJ),defende, era “uma espécie de reivindicação da nossacapacidade lúdica, que passa pelo prazer de conversar,contar estórias, falar de politica ou jogar às cartas, porexemplo.”

Depois do ambiente cerceado do Estado Novo e dacrispação política típica do PREC, passava a haver espaçopara redescobrir o humor, o lado lúdico. E apesar de asdivisões não desaparecerem, podiam ser deixadas paraoutros territórios. Se ao sindicato cabia defender e reivin-dicar questões laborais e eminentemente profissionais dosjornalistas, ao clube representava um território mais neu-tro e menos crispado – segundo Pedro Oliveira, “o nossodireito à alegria”.

“As tréguas e a camaradagem entre jornalistas, paraalém da rivalidade e da competição entre os jornais, quetambém sempre houve. Para mim é a ideia mais bonita doclube que hoje continua, embora as caracteristicas da pro-fissão tenham mudado”, continua o jornalista.

Apesar de reivindicar um espaço próprio de actuação,fisicamente o Clube de Jornalistas começou ligado aoSindicato – foi numa salinha dos fundos da sede sindicalque o CJ funcionou até ter casa própria.

A primeira direcção foi presidida por Manuel da SilvaCosta, antigo presidente do sindicato dos jornalistas efigura muito respeitada da classe. Aproveitava-se o espíri-to associativo e de agremiação frequente em Lisboa eoutras cidades europeias. E também a tradição dos clubesde imprensa que se espalham mundo fora. “O Silva Costa,primeiro presidente do Clube, imaginou o clube de jorna-listas na tradição inglesa dos press clubs londrinos. E issoainda hoje se nota na decoração da sede do clube”, notaPedro Oliveira.

E quase como quem casa quer casa, associação que sepreze tem que ter uma sede. Assim, o objectivo principaldas primeiras direcções foi conseguir um espaço. ACâmara propôs ao Clube instalar-se num prédio pombali-no na Lapa. O número 127 da inclinada Rua das Trinas,era a proposta da autarquia liderada por Krus Abecasis,que incluía um andar com um espaço ao ar livre nas tra-seiras. No entanto, a degradação do andar era uma preo-cupação: “estava uma miséria. Alguns associados até dis-cordavam que recebessemos aquilo, porque pôr aqueleespaço em ordem iria exigir muito dinheiro”, recordaFialho de Oliveira, hoje jornalista reformado da RTP.

Foi durante o mandato dirigido por Fialho de Oliveiraque foi recuperada a sede do Clube de Jornalistas. “Sucedi

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ao Silva Costa – foi ele que assinou o protocolo de ceden-cia da futura sede, último acto dele como presidente.”Aceite o espaço, o grande objectivo da segunda direcçãodo Clube de Jornalistas foi recuperá-lo. O que se traduzia,na prática em angariar dinheiro: “Percorremos uma sériede gabinetes ministeriais e não ministeriais. Cada almoçoa que ia tinha que trazer pelo menos 500 contos, se nãonão valia a pena”, relembra com humor Fialho deOliveira, acrescentando que “o Arquitecto Sérgio Infantefez o projecto sem levar um tostão”.

“Todo o piso e os tectos tiveram que ser reconstruídos,estava tudo podre. Os azulejos lindíssimos, também tive-ram que ser recuperados. As obras duraram dois anos por-que nem sempre tinhamos dinheiro. Comprometi-me nomeu mandato a dar uma sede ao clube – e a minha últimaacção foi entregar a sede.”

A reabilitação comoveu até Krus Abecasis, surpreendi-do com a cuidadosa manutenção da traça antiga, agorarenascida.

BAILES EM LISBOA E JOGOS NA IBÉRIAA sede de uma sede, não esgota a energia, que rendia osuficiente para outras iniciativas.

Logo em 1984 começou a mais emblemática e duradou-

ra - até hoje nunca interrompida - iniciativa do clube dejornalistas: a atribuição dos Prémios Gazeta de Jorna -lismo. Entre 1984 e 2008, as 25 edições distinguiram jádezenas de jornais e jornalistas portugueses e estrangei-ros (ver texto).

Também em 1984 começaram a realizar-se os jogosanuais. Ainda sem sede, os campeonatos eram uma formade agregar os sócios do clube num mesmo tempo e lugar,e hoje continuam a motivar inúmeras recordações.

O sucesso da iniciativa foi tal que os jogos do anoseguinte incluíram também profissionais do país vizinho.Muitos referem como essa iniciativa permitiu conhecernuma base informal a realidade dos jornalistas espanhóis,também a viver, como os portugueses, a primeira décadade liberdade de imprensa.

Foi Tróia o lugar escolhido para albergar a primeira edi-ção dos jogos ibéricos: “Tivemos duas torres de Tróia pornossa conta!”, a imagem é de Pedro Oliveira e serve paramostrar o nível de participação, que incluiu um colóquiosobre as relações luso-espanholas, com intervenções,entre outros, de Fernando Assis Pacheco e do empresárioBelmiro de Azevedo, hoje com avultados investimentosna península sadina.

No ano seguinte foi a vez dos portugueses rumarem a

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Eugénio Alves e João Soares na assinatura de protocolo entre o Clube de Jornalistas e a Câmara

Municipal de Lisboa, para cedência das instalações da sede

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Puerto de Santa Maria, perto de Cádiz: 150 participantes,transportados por 4 autocarros e 6 motoristas. Do Portoseguiu também um grupo de jornalistas, que chegou des-feito ao sul andaluz, depois de horas e horas num descon-fortável autocarro cedido pelo Boavista Futebol Clube.

A iniciativa era abrilhantada por eventos culturais, comdireito a música e conferências. Fialho de Oliveira relem-bra que nessa 2ª edição “levámos o grupo do JanitaSalomé para actuar numa das noites.” E havia conferen-cistas convidados: se os portugueses levaram JoaquimLetria, os espanhóis convidaram o poeta Rafael Alberti.

Além dos encontros Portugal /Espanha, em 1986 e 1987realizaram-se também torneios entre jornalistas de Lisboae Porto.

Desde sempre dado à prática desportiva, EugénioAlves era o seleccionador e treinador da equipa de futebolfeminina do Clube de Jornalistas. “Era uma equipa quetinha mulheres como a Mauritana Diniz, mulher grande aguarda-redes, a Fernanda Bueno, do Correio da Manhã, aAlexandra Campos, hoje no Público, a Cândida Pinto e aJudite de Sousa.”

As modalidades eram variadas: “havia futebol parahomens, futebol para mulheres, futebol de salão, ténis...havia tudo. Os atletas é que participavam nos jogos um

pouco debilitados”, ironiza Fialho de Oliveira.Os resultados dos jogos não motivam muitas recorda-

ções. Não só porque os anos vão longe, mas porque nes-tes campeonatos a vitória era coisa de somenos importân-cia - a prática desportiva era (sobretudo) um pretexto parao convívio.

A boémia da noite era uma forte adversária dos jogosde dia. Palmira Oliveira, secretária de direcção do Clube,descreve o ambiente nocturno: “jogavam às cartas,bebiam, fumavam. No bar do hotel era uma nuvem defumo que quase se caía para o lado! (risos) E eu pensava,‘como é que vão jogar amanhã?’”. “Aquilo era um gozoconnosco próprios”, atira Pedro Oliveira, entre sorrisos.“Um dos divertimentos era gozar com as equipas de fute-bol, com a prestação e as ressacas dos jogadores.”

A preocupação com a imagem ou com o estatuto esta-va muitos furos abaixo do princípio da irreverência – e asubmissão era um pecado mortal. “Não é ser mal compor-tado, é ter personalidade”, afirma Pedro Oliveira, puxan-do de um cigarro apesar de a entrevista se passar num baronde é proibido fumar.

A vontade de divertimento era também visível na ade-são aos bailes de fim de ano organizados pelo Clube. Ospainéis que retratam a saga da Expansão portuguesa, pin-

Jogos Ibéricos, na Figueira da Foz, em 1987

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tados por Almada Negreiros nos anos 40 foram as teste-munhas do primeiro baile. Quase 1500 pessoas, jornalistase não só, acorreram à Gare Marítima de Alcântara para sedespedir de 85 e entrar em 86. “Foi um imenso êxito e aadesão também foi uma surpresa. E muitos dos partici-pantes não eram jornalistas”, recorda Eugénio Alves.

A segunda edição, realizada no Instituto Superior deAgronomia, na Ajuda, com Bonga como cabeça de cartaz,repetiu o sucesso, com gente a querer entrar e a nãopoder. A iniciativa continuou em 87 e 89, na FaculdadeLetras e em Benfica, mas sem os êxitos anteriores.

Em 1992 a sede do CJ permaneceu fechada por mais deum ano, depois de ter sido danificada por um incêndio noedifício – especialmente pela água usada para o combater.

Durante os anos 90 surgiram outras iniciativas como a“Figura do Mês”, em que eram eleitas personalidades dasociedade portuguesa que se tinham destacado nas maisdiversas áreas, ou as “Sextas-Feiras da Lapa” com a actua-ção de músicos como Jorge Palma, Pedro Caldeira Cabral,Mafalda Veiga, entre outros, na esplanada-jardim do CJ,ou ainda a publicação do livro “Quem é quem noJornalismo português” e exposições de pintura e escultu-ra. Havia também lugar para debater problemas da classe.José Carlos Vasconcelos, presidente entre 92 e 96, destaca“esse vector importante”: “quando foi, por exemplo, dadiscussão sobre se deveria ou não haver Ordem deJornalistas, foram promovidos no CJ dois ou três debatessobre o tema.”

Até 1999 continuaram também os jogos do CJ. Uma dasrazões mais apontadas para o fim da emblemática iniciati-va foi a falta de resposta da classe jornalística. “Os últimosjogos já foram um bocado difíceis de organizar”, lamentaPalmira Oliveira, que considera que “a resposta da classeera muito mais pronta às iniciativas do que agora. Agoravive-se o clube de maneira mais ligeira. Antes as pessoasparavam mais por cá… É certo que também havia maisactividades. Mas às vezes as pessoas também se pergun-tam se vale a pena organizar coisas para depois não apa-recer ninguém.”

NOVOS TEMPOS, OUTRAS “ARMAS”DE COMUNICAÇÃOAs razões para o distanciamento da classe relativamenteàs actividades do Clube são um tema incontornável deconversa. Para Mário Zambujal, presidente desde 2007,“há uma crise geral da vida associativa, por um lado, e poroutro as pessoas têm muito mais ofertas e mais solicitaçõ-es – e o tempo é o mesmo, 24 horas por dia.”

Também Eugénio Alves, presidente em vários manda-tos e considerado por muitos jornalistas “o rosto” doClube, observa o fim de várias actividades como um sinaldos tempos. “A maior competitividade que se estabeleceuno seio da classe, a proliferação dos cursos e de licenciadosem jornalismo num mercado limitado, incapaz de os

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Jogos Ibéricos de Cádiz.

Pacheco Miranda na entrega das

taças. Ao fundo, o grande poeta

espanhol Rafael Alberti.

Em baixo, imagem do jogo Portugal-

Espanha de futebol feminino que ter-

minou empatado (1-1).

Amália Rodrigues no CJ

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absorver, resultou numa maior indisponibilidade para aspessoas colaborarem. Numa classe profissional assim pre-carizada ou enfraquecida, diminuem o espírito associativoe o trabalho voluntário. As pessoas investem sobretudoem segurar o posto de trabalho.” E assume que “o clubesofreu com o desfasamento geracional causado pelo afas-tamento dos jornalistas mais velhos das Redacções.”

“No fundo, o clube vive aquilo que hoje é uma tendên-cia geral na nossa sociedade, a falta de disponibilidadeque as pessoas têm para lutar por causas comuns, traba -lharem voluntariamente”, afirma Patrícia Fonseca, 35anos. Há vários anos que é membro das direcções do CJ eestá habituada a ser sempre a mais nova – mas um dosmotivos porque continua é justamente o convívio entregerações.

Apesar das dificuldades, Eugénio Alves expressa umsentimento de felicidade “por se comemorarem 25 anoscom rara vitalidade. Temos os Prémios Gazeta que valori-zam e estimulam a qualidade do nosso jornalismo.Lançamos, há oito anos, a revista “JJ – Jornalismo eJornalistas” e, temos, desde 2004, um Site e um programana RTP2, que são espaços únicos de informação, debate ereflexão sobre a profissão.”

A “JJ”, o programa quinzenal na RTP2 e o Sítio na inter-

net foram formas de dar a volta e fazer face aos temposdificeis de associativismo. No fundo, a direcção do clubejoga com as mesmas armas usadas diariamente pelos jor-nalistas. A comunicação com a classe continua, emboramais à distância.

A aposta nos veículos informativos alarga o debatesobre o jornalismo a outros círculos, sejam as escolas decomunicação ou a sociedade em geral. Talvez por isso,quando se sugere eleger os anos mais dinâmicos da asso-ciação, Eugénio Alves considere que “foram os primeirosseis anos... e talvez os últimos dez, estes em que procurá-mos dar a volta. E paradoxalmente temos uma maior visi-bilidade na sociedade portuguesa, apesar do contexto e dadiminuição das actividades de lazer.”

Mas defende que “recuperar essa vertente de lazerdevia ser um objectivo, até para unir mais os jornalistas.”

Patrícia Fonseca considera que “o sítio na Internet temajudado as pessoas a criar um laço com o Clube”. Quantoa revitalizar as iniciativas de lazer, sugere que ajudaria“eventualmente ter um bar e não só um restaurante nanossa sede, para permitir o encontro mais informal, sópara tomar um copo ou conversar.” Mas admite que asede na Lapa, com as redacções cada vez mais afastadasdo centro de Lisboa, dificulta a mobilização. José Carlos

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“À Descoberta de...”, visita aos terrenos da Expo no início da construção

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Vasconcelos, por seu lado, sugere a organização de pro-gramas culturais. E na impossibilidade de voltar a organi-zar os jogos de jornalistas, “reverter o que era os jogosnuma espécie de passeios lúdico – culturais, visitar umdeterminado concelho ou zona.”

Mais do que celebrar a profissão, o espirito do clube dejornalistas pretende consagrar uma forma de olhar omundo. Uma visão assumidamente romântica do jornalis-mo. “O CJ é no fundo a materialização de uma aura, umacerta ideia de vocação, de forma de viver. E acho que esse“cimento original” do clube merece hoje mais atenção,para transmitir essa cultura jornalística”, defende tambémPedro Oliveira. Perante as redacções tecnocratizadas oclube e o seu espírito continuam a fazer falta e “manter-mo-nos fiéis à ideia continua a funcionar.” Porque afinalde contas, argumenta, “perante tantos grémios portugue-ses e lisboetas nós ainda somos jovens.”

Um dos desejos expressos por Mário Zambujal é relati-vo à sede: “gostaríamos de ter o piso de cima, que é tam-bém pertença camarária. Se o tivéssemos destiná-lo-iamosà Associação de Imprensa Estrangeira, com quem temosmuito boas relações.” A relação próxima é inclusivamenteconcretizada no facto de a associação de ImprensaEstrangeira, que agrega os correspondentes estrangeiros

que trabalham em Portugal, ter sempre um membro nadirecção do Clube de Jornalistas.

Mário Zambujal não tem dúvidas que existirá Clube deJornalistas a festejar 50 anos. E para continuar o caminhopara outros 25, é preciso mais gente jovem: “ainda nãoconseguimos fazer o essencial. E o essencial não é as novasacções. O que faz mais falta é gente nova, a parte maisjovem da classe.” Pretende assim que este aniversário doClube de Jornalistas seja “uma comemoração do passado,do que já se conseguiu em duas décadas e meia, mas tam-bém arrancar para outro ciclo, de rejuvenescimento.”

No jogo das diferenças, são muitas mais do que sete asque se podem encontrar entre 1983 e 2008. Mais do quepela contagem do calendário, a distância mede-se pelosretratos distintos que cada ano traça. De Portugal e do jor-nalismo. Nestes 25 anos, apareceram e desapareceram(prematuramente) muitos jornalistas e muitos jornais,extinguiram-se os vespertinos, legalizaram-se rádios pira-tas, encheram-se de mulheres as redacções, apareceramcanais privados de televisão, a televisão por cabo, projec-tos jornalísticos na Internet.

Visitar a história do Clube de Jornalistas permite viajarao passado-presente e às mudanças marcantes da históriado jornalismo português.

Afonso Serra, nos Jogos de Jornalistas em Lamego, 1999

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Mário Soares sobre o CJ

“Uma importante e notóriaactividade cívica”

“Sempre acompanhei a vida do Clube deJornalistas e acho que tem tido uma importante enotória actividade cívica”, declarou, por sua vez, MárioSoares no depoimento sobre os 25 anos do CJ.

Os espaços de debate e reflexão proporcionadospelo CJ foram particularmente destacados pelo antigoChefe de Estado que se manifestou apreensivo pelasquestões de ordem deontológica e pelas dificuldadescriadas à estabilidade profissional dos jornalistas devi-do à crescente concentração verificada nos media.

“Eu conheço a vossa actividade e algumas vezesestive convosco, especialmente na cerimónia dosPrémios Gazeta que se tornaram prémios importantespara os jornalistas e para estímulo do jornalismo dequalidade. Também já estive no vosso agradávelespaço, onde há um restaurante e onde conversei, avosso convite, sobre questões do jornalismo.

Os jornalistas têm um papel muito importante nademocracia, que deve privilegiar o pluralismo nosmedia e contribuir para que a profissão seja maisrespeitada. Hoje, muitos dos grandes jornalistas por-tugueses estão mais ou menos na prateleira e isso émuito desagradável. Muitos têm que fazer outrascoisas, ter outras profissões, são tradutores, escrevemlivros, fazem tudo menos aquilo que é a sua verdadeiraprofissão. Às empresas interessa mais o jovem jorna -lista, que é mais barato e que faz exactamente aquiloque lhe impõem, desde as perguntas mais idiotas paracriarem polémica e quezílias para vender maispapel…O Clube de Jornalistas procura, na sua inter-venção, que se faça melhor jornalismo e só vos possoencorajar e felicitar por isso.”

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Jorge Sampaio e o CJ

“Um país mais informadoé um país melhor”

Num depoimento transmitido no pro-grama comemorativo dos 25 anos do CJ, o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, lembrou aspresenças sucessivas nas cerimónias dos PrémiosGazeta para sublinhar o carinho com que foi semprerecebido, num “ambiente sério responsável sobretudocom os dirigentes com quem mais privava nestassessões” e a “impressão sólida” que reteve das “pre-ocupações fundamentais que os agentes dos mediadevem ter”.

Sampaio assinalou ainda a importância dos Gazetacomo “promoção e estímulo” da qualidade e criativi-dade do “verdadeiro jornalismo”, nomeadamente opraticado pelos profissionais mais jovens e o desen-volvido na Imprensa regional e, tal como sempredefendeu nas cerimónias a que presidiu, elogiou opapel dos patrocinadores do CJ que – disse – “mesmoem tempos de maior dificuldade financeira não podemesquecer que o Clube de Jornalistas é no fundo, indi-rectamente, o criador de um certo estilo que os podebeneficiar do ponto de vista da seriedade e da honesti-dade com que as coisas têm que ser feitas”. O antigoPR apelou, a finalizar, à continuidade do apoio às ini-ciativas do CJ porque “a sociedade civil precisa clara-mente delas e um país mais informado é um país me -lhor, é um país mais responsável. O Clube deJornalistas desempenhou, desempenha e, espero quecontinue a desempenhar, um papel muito significativona sociedade portuguesa”.

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Prémios Gazeta:reconhecimento entre paresO nome evoca o primeiro jornal português, iniciado em 1641. Aolongo de 25 edições, os prémios “Gazeta” do Clube de Jornalistas járeconheceram o trabalho de dezenas de jornalistas e órgãos decomunicação. Dos desempregados da margem sul, a Timor, passandopelos crimes na estrada, pela saga da emigração portuguesa ou pelaChina dos anos 80 – o mundo inteiro cabe nos trabalhos premiados.

“O jornalismo não é mais do que contar o quese passa no coração dos homens.” Passadosquase 25 anos, Armando Batista Bastosainda se emociona quando recorda Maria

Ercília e José Adelino. Recua a um tempo e a um cenárioem que “a fome estava instalada” – o ambiente que cercea-va os dias de um casal de desempregados da margem sul.

Nunca mais há-de esquecer o pormenor das janelas,tradução máxima do desespero. “Maria Ercília e JoséAdelino viviam em frente de uma pastelaria”, BatistaBastos vai desfiando as lembranças com pausas pelo cami -nho. “E por isso a Maria Ercília entaipou as janelas. Para ascrianças não verem a pastelaria que estava em frente.”

Foi com “Um dia na vida de Maria Ercília e José Adelino”,publicado no Diário Popular, que Batista Bastos ganhou oPrémio Gazeta de Reportagem de Imprensa 1985. “Sempreachei e continuo a achar que a obrigação dos jornalistas éfalar destas coisas. E tomar partido se for preciso. Como éque eu posso falar da fome se me distanciar? Não abdico deme emocionar porque senão não consigo transmitiremoção. E não deixei de transmitir o rigor”, defende o jor-nalista. Foi o primeiro Gazeta que recebeu, o segundo foi oGazeta de Mérito 2004, a premiar os seus 50 anos de carreira.

Também Inês Pedrosa foi distinguida nos “Gazeta1985”. E hoje recorda bem o impacto que o PrémioRevelação, atribuído pela primeira vez, teve na sua car-reira. “A minha avenida”, algures entre a reportagem e acrónica, reflectia as vivências de juventude da jornalista:“era sobre a zona de Miraflores e os jovens que moravamem Miraflores, na época uma espécie de terra deninguém, entre o urbano e o suburbano, não era Lisboamas também não era o Estoril”. O reconhecimento deu

maior visibilidade ao trabalho: Inês, que na altura faziaparte da redacção do Jornal de Letras, foi mais frequente-mente chamada a colaborar com O Jornal e a assinar arti-gos, “o que permitia que fossem pagos”.

Licenciada em Comunicação Social pela UniversidadeNova, Inês Pedrosa, defende que o prémio serviu tambémpara atenuar a desconfiança, muito comum nas redacçõesda altura, dos jornalistas “da tarimba” relativamente aos jor-nalistas vindos da universidade: “foi talvez uma espécie deredenção, a prova de que os jornalistas dos cursos de comu-nicação também eram capazes de ser jornalistas e ganharprémios, e que a formação servia para alguma coisa”.

Era a segunda edição dos prémios atribuídos peloClube de jornalistas. O primeiro lote de premiados, comtrabalhos publicados em 1984, incluía jornalistas comoCáceres Monteiro e Rui Cartaxana (ex-aequo nareportagem de imprensa), Carlos Gil (foto-reportagem),Emídio Rangel (rádio) ou Rui Araújo (televisão). A juntar

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Texto Ana Luísa Rodrigues

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aos jornalistas portugueses, um prémio para Maria LuísaAlonso, na categoria de “reportagem sobre Portugal publi-cada no estrangeiro”.

Nos primeiros anos de atribuição, eram várias as cate-gorias dos Gazeta. Em algumas edições houve categoriasespeciais para crónica, cartoon, entrevista ou até para tra-balhos sobre Macau ou Segurança Rodoviária. Em mea -dos dos anos 90, o figurino alterou-se, para o modelo quetem actualmente. Passou a ter 3 categorias – “GrandePrémio Gazeta”, “Revelação”, “Imprensa Regional”, quese juntam a um prémio Gazeta de Mérito, decidido pelojúri.

“O Grande prémio Gazeta pode ser atribuído a qual-quer meio. E já foi atribuído a todos”, recorda EugénioAlves, membro do júri.

A maioria dos trabalhos, cerca de 100 anualmente, éenviada pelos autores. No entanto, “o júri pode conside rartrabalhos não concorrentes”, precisa Eugénio Alves, recor-dando a edição deste ano, em que Joaquim Furtado gan-hou o Grande Prémio com a série “A Guerra” sem ter con-corrido. Acompanhar durante o ano os trabalhos dos jor-nalistas é uma das razões que leva a que, segundoEugénio Alves, o júri se mantenha sensivelmente omesmo desde que se criou o novo formato: “para poderacompanhar durante o ano aquilo que vai saindo.”

Também António Pedro Ferreira, fotojornalista, nãoesperava pelo Grande Prémio que o distinguiu pelo ano

de 96. Não tinha apresentado trabalhos a concurso, masrecorda-se que nesse ano “tinha feito uma grandeexposição sobre os emigrantes portugueses em França noArquivo Municipal de Lisboa, o que é capaz de ter tidoimpacto.” O Clube premiava assim uma extensareportagem que era também um projecto pessoal, desen-volvido por António Pedro Ferreira ao longo de três anos,quando morou em França nos anos 80. “Foi o trabalho queme levou para o Expresso. E só anos depois foi tornadaexposição”, recorda o fotojornalista.

Um prémio “prestigiante e prestigiado”, afirmaAntónio Pedro Ferreira, para mais adiante comentar, bemhumorado, que “o carro com que ainda ando hoje foi emparte comprado com o dinheiro do prémio Gazeta!”

Entre os premiados, há vários nomes repetentes. MariaAugusta Seixas, por exemplo, ganhou em 1989 e em 2001,com duas reportagens exibidas na RTP. A primeira vez foicom “A ria está a morrer”, exibida no programa “A Hora daVerdade”. O tema era polémico: “a reportagem sobre apoluição na Ria de Aveiro punha em causa muitas empre-sas do complexo de Estarreja por falta de tratamento dospoluentes ao arrepio da legislação e com consequênciaspara a saúde das populações e para o meio ambiente”,recorda Maria Augusta Seixas.

O reconhecimento da classe deu-lhe “enorme felici-dade”: “era e continua a ser outorgado por um júri de jor-nalistas que prezam a independência da profissão face ao

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poder económico, político e de outros lobis e que pre-meiam a busca da verdade, no respeito pelas normasdeontológicas que regem a nossa profissão.”

Em 2001 foi “Crimes no Asfalto” que mereceu o grandePrémio Gazeta. Segundo a jornalista galardoaram tam-bém “o sofrimento anónimo de tantas vítimas dos aci-dentes provocados pelo automóvel. Galardoaram a vítimaausente nos tribunais criminais, em que sistematicamentequem cometeu o crime é desculpabilizado, prevalecendoas atenuantes para os criminosos em detrimento dos direi -tos da vítima.”

Uma ideia que Maria Augusta Seixas fez questão deexpressar no discurso de entrega do prémio, bem comochamar a atenção “para o papel do serviço público de tele-visão no aprofundamento de temas, como garante dumasociedade mais informada.”

Percorrer a lista dos premiados ou as suas declaraçõesnas cerimónias de entrega permite também olhar o estadoda profissão. Se através do prémio revelação 2006, JoãoPacheco denunciava as condições de trabalho dos jorna -listas precários, 2005 foi o “pleno” das mulheres.

A gazeta de Mérito foi atribuída a Edite Soeiro, na altura“a jornalista com mais anos de profissão ainda em activi-dade” e o prémio revelação a Inês Almeida com reportagensno DNA. O Grande Prémio Gazeta foi atribuído ex-aequo aCândida Pinto, da SIC, com um trabalho sobre Snu Abecasis,e a Alexandra Lucas Coelho, do Público, com reportagenssobre diversos temas (“O miúdo da Intifada trocou as pedraspela música”; “A mancha de Dom Quixote” e “Marco deCanavezes, a herança de Avelino Ferreira Torres”).

Por diversas vezes os prémios Gazeta ultrapassaram onome individual do jornalista, chamando a atenção paraprojectos ou para o papel do jornalismo: como em 1988,quando o “Gazeta de Rádio” foi atribuído à cooperativaTSF, ou em 1999, quando foi atribuído a HernâniCarvalho, Jorge Araújo, José Vegar e Luciano Alvarez peloseu desempenho profissional na crise pós-referendo emTimor.

O mais colectivo dos prémios é o de ImprensaRegional, que já premiou dezenas de redacções pelo paísfora. Segundo afirma Eugénio Alves, “na imprensa regio -nal a atribuição do prémio é notícia de primeira página. Etodas as regiões do país já foram contempladas.”

“Ao nível do nosso ego foi excelente”, consideraAntónio Sancho, director da Mais Alentejo. “O prémioGazeta é o prémio mais importante na comunicação socialem Portugal”. A revista, sedeada em Beja, mas vendida emtodo o país, foi galardoada em 2006. Um estímulo para aredacção de quatro jornalistas, no exercício da profissãofora dos grandes centros.

E se para uns os prémios ajudam a levantar o ego, ou -tros chamam-lhe mesmo “jangadas”. Na sequência doPrémio Gazeta 2006, por três episódios da série “Ei-los quepartem - História da emigração portuguesa”, nas páginasda JJ Jacinto Godinho partilhava o misto de sensações: osprémios atribuídos pelo Clube de Jornalistas “foram ver-dadeiras tábuas de salvação que permitiram aguentar atormenta de uma carreira confrontada entre o jornalismoideal (o que achamos valer a pena fazer) e aquele paraonde as circunstâncias nos empurram.”

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Lista completados Prémios Gazeta(1984/2007)

1984Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Prémio “ax-aequo” a Carlos

Cáceres Monteiro e Rui Cartaxana.

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Carlos Gil

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – Emídio Rangel, Carlos Júlio e

Carlos de Carvalho.

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Rui Araújo

Prémio “Gazeta” Reportagem sobre

Portugal publicada no estrangeiro –

Maria Luísa Corujo Alonso.

1985Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Baptista Bastos

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Mário Lindolfo e Carlos

Narciso

Prémio “Gazeta” Reportagem sobre

Portugal publicada no estrangeiro –

Guy Ackermann.

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Inês Pedrosa

1986Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Paulo David.

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Rui Ôchoa.

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Joaquim Furtado.

Prémio “Gazeta” Reportagem de Rádio

– António Cartaxo

1987Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Benjamim Formigo e José

Júdice.

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Ribeiro Cardoso

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – Adelino Gomes.

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Corrêa dos Santos

Prémio “Gazeta” Revelação – Rui

Pereira

Prémio “Gazeta” Reportagem sobre

Segurança Rodoviária – Alfredo Natal

Prémio “Gazeta” Reportagem sobre

as Novas Tecnologias – Maria Clara

Simões.

1988Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Joaquim Vieira

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Manuela Figueiredo Martins

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – TSF

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Álvaro Geraldo

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Paula Sanches

Prémio “Gazeta” Reportagem sobre

Segurança Rodoviária – Fernando Soares

1989Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Agostinho Santos

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Maria Augusta Seixas

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – Sidónio Bettencourt

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Manuel Moura

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Helena Mendonça.

1990Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Fernando Dacosta.

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Laurinda Alves e Cândido de

Azevedo.

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – João Almeida, Paulo Bastos e

João Paulo Baltazar.

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Luís Vasconcelos

Prémio “Gazeta” Crónica – Fernando

Brederode Santos

Prémio “Gazeta” Revelação em

jornalismo – Catarina Portas

Prémio “Gazeta” Reportagem Sobre

Segurança rodoviária – João Paulo Velez

PRÉMIO ESPECIAL Prémio Macau – José

Pedro Castanheira e António Pedro

Ramalho Ferreira

1991Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Victor Bandarra

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Rui Araújo

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – David Borges

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Nuno Ferrari

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Luís Pedro Nunes

Menções honrosas Revelação em

Jornalismo a: Cláudia Moura, Paulo

Anunciação e Teresa Margarida Rebelo

Prémio “Gazeta” Crónica – Rui Cardoso

Martins

Prémio “Gazeta” Cartoon – Pedro

Palma

Prémio “Gazeta” Segurança

Rodoviária – António Lage e Nuno

Ferreira

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Semanário “Jornal de Leiria”

PRÉMIO ESPECIAL Prémio Assembleia da

República – Ana Sá Lopes e Angela Silva

1992Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – José António Cerejo

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Jacinto Godinho

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – João Gabriel

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Luís de Carvalho

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Bárbara Reis

Menções honrosas Revelação em

Jornalismo – Ana Lourenço, José Vegar,

João Pedro Fonseca, Mário Cardoso e

Sarah Adamopoulos

Prémio “Gazeta” Crónica – Manuel

António Pina

Prémio “Gazeta” Cartoon – António

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

“Jornal do Fundão”

PRÉMIOS ESPECIAIS Prémio Macau –

Ribeiro Cardoso

Prémio Ambiente – Miguel Sousa

Tavares

1993Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – José Pedro Castanheira

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Diana Andringa

Prémio “Gazeta” Reportagem de Rádio

– João Paulo Guerra

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Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Inácio Ludgero

Prémio “Gazeta” Entrevista – Fernando

Dacosta

Prémio “Gazeta” Crónica – João

Carreira Bom

Prémio “Gazeta” Cartoon - Luís Afonso

Prémio “Gazeta” Revelação em

jornalismo – Luís Vilalobos

Menção honrosa – Revelação em

jornalismo – Mónica Pereira

Prémio “Gazeta Imprensa Regional –

“Jornal “O Ribatejo”

PRÉMIO ESPECIAL Prémio Macau – Carlos

Pinto Santos

1994Prémio “Gazeta” Reportagem de

Imprensa – Maria Augusta Silva

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Televisão – Jorge Campos

Prémio “Gazeta” Reportagem de

Rádio – Emídio Fernando e Alexandrina

Guerreiro

Prémio “Gazeta” Foto-Reportagem –

Orlando Teixeira

Prémio “Gazeta” Entrevista – Mário

Bettencourt Resendes

Prémio “Gazeta” Crónica – Rui Cardoso

Martins

Prémio “Gazeta” Cartoon – António

Maia

Prémio “Gazeta” Jornalismo Regional

– Américo Rodrigues

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Ana Margarida de Carvalho

Menção honrosa Revelação em

Jornalismo – Filipa Melo

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

“Gazeta do Interior”

PRÉMIOS ESPECIAIS Prémio Ambiente –

José Manuel Fernandes

Prémio Macau – Paulo Coutinho

1995Grande Prémio Gazeta – Francisco

Sena Santos

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – António Sampaio

Menção Honrosa – Revelação em

Jornalismo – Jorge Marmelo

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

“Matosinhos “Hoje”

PRÉMIO ESPECIAL Prémio Macau –

Ricardo Pinto

1996 Grande Prémio “Gazeta” – António

Pedro Ferreira

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Catarina Carvalho

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Semanário “Transmontano”

1997Grande Prémio “Gazeta” – Carlos Pinto

Coelho

Prémio “Gazeta” Revelação – Luís Osório

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

“Jornal de Sintra”

Prémios “Gazeta” de Mérito – Mário

Mesquita e jornal o “Expresso”

1998Grande Prémio “Gazeta” – Tolentino de

Nóbrega

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Daniel Oliveira

Menção Honrosa Revelação em

Jornalismo – Sónia Morais Santos

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Jornal “Primeira Linha”

1999Grande Prémio “Gazeta” – Hernâni

Carvalho, Jorge Araújo, José Vegar e

Luciano Alvarez

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Sónia Andrade

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Jornal “Setúbal na Rede”

Prémios “Gazeta” de Mérito – José

Antunes e Rafael Correia

2000 Grande Prémio “Gazeta” – Amélia

Moura Ramos

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Patrícia Paixão

Menção Honrosa Revelação em

Jornalismo – Jaime Cravo

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Jornal “O Interior”

2001 Grande Prémio “Gazeta” – Maria

Augusta Seixas

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Paulo Pena

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Jornal “Diário do Alentejo”

2002Grande Prémio “Gazeta” – José Pedro

Castanheira e Valdemar Cruz

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Marta Curto

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Açoreano Oriental

Prémio “Gazeta” de Mérito – Luís

Afonso

2003Grande Prémio “Gazeta” – Ana Sousa

Dias

Prémio “Gazeta” Revelação em

Jornalismo – Liliana Garcia

Prémio “Gazeta” Imprensa Regional –

Jornal do Centro

Prémio “Gazeta” de Mérito – Carlos

Fino

2004Grande Prémio Gazeta – Anabela de

Saint-Maurice

Prémio Gazeta Revelação – José

Eduardo Fialho Gouveia

Prémio “Gazeta” de Mérito – Armando

Baptista-Bastos

Prémio Gazeta Imprensa Regional –

Diário de Notícias da Madeira

2005Grande Prémio Gazeta “ex-aequo” –

Alexandra Lucas Coelho e Cândida Pinto

Prémio Gazeta Revelação – Inês

Almeida

Prémio Gazeta Imprensa Regional –

Barlavento

2006Grande Prémio Gazeta – Jacinto

Godinho

Prémio Gazeta Revelação – João

Pacheco

Gazeta de Mérito – Manuel António Pina

Prémio Gazeta Imprensa Regional –

revista “Mais Alentejo”,

2007Grande Prémio Gazeta – Joaquim

Furtado

Prémio Gazeta Revelação – João Luz

Gazeta de Mérito – Eduardo Gageiro

Prémio Gazeta Imprensa Regional –

O Mirante

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JJ|Out/Dez 2008|23

Palmira OliveiraA “D.ª Vanda” do CJ

M ais do que um cargoou uma função, Pal -mira Oliveira, secre -tá ria de Direcção do

Clube de Jornalistas é “a Palmira”.Para alguns também é “a miúda”,designação que tem o condão de airritar. Talvez seja pelo facto de aquiter começado quando andava nacasa dos vinte.

O universo das redacções, cheiasde fumo e dominadas por homensnão lhe era desconhecido. “O jornal-ismo, as redacções era um ambienteque me intimidava. Antes de entrarpara o clube estava numa editoraque trabalhava com jornais e àsvezes tinha que ir às redacções, o quenão me agradava muito.”

Nessa altura, tinha já interrompi-do os estudos e deixado para trás o sonho de ser gestora deempresas. Em 1986 surge a oportunidade de trabalhar noClube de jornalistas, que ainda funcionava numa salinhacedida pelo Sindicato.

A primeira iniciativa do clube que Palmira ajudou aorganizar – chegada de fresco – foi um baile de fim doano, o segundo realizado pelo Clube. Bonga era o cabeçade cartaz para um baile que se encheu de gente e seencheu também de inúmeros penduras… Uma dor decabeça para uma compenetrada recém-chegada que ten-tava a todo o custo evitar a entrada dos sem bilhete. Valeuaté o reconhecimento do cantor angolano: “até o Bongareparou e quando acabou a festa sentou-se ao meu lado –eu exausta nas escadas - a louvar a minha capacidade deatenção”, recorda entre risos.

“Uma das coisas que mais me fascina aqui é o conhecerpessoas que nunca pensei conhecer”, conta Palmira, adi-antando uma das razões – além dos laços de afecto – quea tem feito permanecer tantos anos. Só não passou pelomandato de Silva Costa, primeiro presidente. De resto,trabalhou com todas as direcções.

Quando entrou para Clube – outros tempos – traba -lhavam três pessoas. Hoje resta Palmira e a D. Isilda,

empregada de limpeza e vizinha,que, como faz questão de mencionar,“apesar de ser pouco visível é tam-bém muito prestável e de confiança.”Mais do que um emprego ou um tra-balho, sente o Clube como a sua se -gunda casa. Para Palmira Oliveira,trabalhar numa associação é traba -lhar num lugar com característicasespeciais. “Para as associações pro-gredirem é necessário espírito deentreajuda e disponibilidade daspessoas.”

Conhece o piso da Rua das Trinasdesde que ainda era um amontoadode escombros. Da altura guardaimensas memórias, com direito afrases em discurso directo: “Quandoentrei aqui pela primeira vez disse -ram, ‘tenha cuidado, se não vai parar

à cave!”. Ao ver o estado da casa pensei, “Bolas, mais valiaestar na salinha do sindicato! Hoje quem vê a sede tãobonita, não pensa no trabalho que deu – e dá. Porquemanter isto não é fácil”, afirma.

Foram também problemas na sede que a fizeram passaruma das alturas mais difíceis, nos meses seguintes aoincêndio no edifício, em 1992: “foi em Agosto, eu estava deférias. Mas quando voltei nada estava em condições,porque apesar de o incêndio ter sido no andar de cima, osjactos de água dos bombeiros tinham estragado imensomaterial de arquivo.” E apontando para a típica sacadapombalina, recorda que “muitos papéis foram secos ao ar,ali naquela varanda.” Durante mais de um ano a sedeficou fechada, à espera de reparações.

Ajudou a preparar vários projectos, lamenta terem ficadooutros pelo caminho, mas “orgulho-me de ter tido sempregrupos honestos e responsáveis nas direcções, com a preo -cupação de gerir bem e assegurar a existência do Clube.”

Num meio fértil como o do jornalismo em atribuir de -signações, Palmira tem ainda direito a outro epíteto, querecorda uma decana funcionária do Sindicato dosJornalistas. Para muitos, Palmira Oliveira é já “a DonaVanda do Clube.” ALR

Ao longo da história do Clube de Jornalistas, há um nome incontornável, um fio condutorpresente em quase todas as épocas. Palmira Oliveira não tem o jornalismo como profissão,mas o que testemunhou ao longo de mais de duas décadas serviria para escrever muitasreportagens sobre este ofício.

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JJ : uma revista de e paratodos os jornalistasFoi em Janeiro de 2000 que viu a luz do dia o primeiro númerodesta revista. Uma data redonda para a concretização de umsonho antigo, acalentado por gerações de jornalistas e queentão, finalmente, se tornava realidade. Não uma realidadeefémera, como outras vezes no passado, mas que, pelocontrário, logo ganhou raízes e até hoje tem mantido umaregularidade que honra e dignifica o nosso Clube.

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Texto Fernando Correia

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JJ|Out/Dez 2008|25

As profundas transformações que se vinhamoperando na paisagem mediática nacionaldesde os finais da década de 80 – com as repri-vatizações na impensa e a formação dos

grndes grupos económicos nos media, a estabilização doespectro radiofónico, o fim de vários jornais e o nascimen-to de outros, o aparecimento dos canais privados de tele-visão, o nascimento do jornalismo digital, o aumento dacomponente tecnológica na produção da informação... – eas suas consequências nas formas de praticar e conceber ojornalismo e também no perfil social e profissional dos jor-nalistas, tinham criado no sector uma situação muito dife-rente da anterior.

Perante os jornalistas levantavam-se novos condiciona-mentos, surgiam novas condições de trabalho, impu -nham-se novas exigências, nomeadamente de naturezaética. O desafio estava lançado: mais do que em qualqueroutro momento no passado, tornava-se necessário aos jor-nalistas o diálogo e o debate, um esforço de análise da suaprópria condição e das suas responsabilidades num con-texto em constante evolução e marcado por contraditóriose muitas vezes ameaçadores sinais.

Ao Clube pareceu que a publicação de uma revistaque procurasse, modestamente que fosse, contribuirpara dar resposta – ou melhor, as respostas possíveis enecessariamente plurais – a este desafio não podia espe-rar mais. Assim nasceu a JJ – Jornalismo e Jornalistas. Destemodo era dado um importante passo, a que mais tarde seseguiriam o programa na RTP 2 e o sítio na Internet,para a dinamização do Clube e a melhoria da sua inser-

ção e intervenção junto dos profissionais do sector e dasociedade em geral.

Um passo, entretanto, que não teria sido possível con-cretizar sem as muitas dezenas de colaboradores – nome-adamente jornalistas, mas também professores, investiga-dores e mesmo estudantes de jornalismo – que têm mani-festado a sua disponibilidade para escrever, ou serementrevistados, nestas páginas; e também dos patrocinado-res e anunciantes que, alguns desde a primeira hora atéhoje (como no caso da Lisgráfica e do Inatel) nos têm dadoo seu precioso apoio.

QUE OBJECTIVOS E COMO OS ALCANÇAR? Vale a pena recordar os projectos e planos que, noEditorial do primeiro número, prometíamos levar à práti-ca, e que hoje não vemos motivo para rectificar. Eles sãocomo que um guião que nos permite, a todos nós, avaliaro que foi feito e orientar no prosseguimento do caminhoque temos pela frente. O que prometemos em 2000 é omesmo – e por isso mantemos a conjugação no tempofuturo – que então prometíamos.

1. JJ – Jornalismo e Jornalistas terá como grandes objectivos– conforme se lia nesse texto fundador – constituir-se como:

� Estímulo a uma maior preocupação e consciencializa-ção dos jornalistas acerca da prática da profissão e incen-tivo a que o trabalho quotidiano seja acompanhado ecomplementado por uma maior reflexão sobre essa práti-ca e sobre o jornalismo em geral – a sua identidade histo-ricamente construida, a sua natureza, os seus fundamen-

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tos, as suas funções, os seus contextos, os seus efeitos, assuas implicações, o seu lugar na sociedade.

� Contributo para o estudo e a preparação por partedos profissionais perante os novos desafios colocados aojornalismo e aos jornalistas nos dias de hoje e no futuroprevisível, nomeadamente devido ao impacte das novastecnologias, aos novos enquadramentos organizaciocinaise empresariais, às novas exigências éticas e deontológicas.

� Estabelecimento de laços mais íntimos, e mutuamen-te vantajosos, entre o plano da prática profissional e osplanos do ensino, da formação e da investigação, procu-rando diminuir o fosso que, com prejuízo para ambas aspartes, tradicionalmente tem separado o mundo profis-sional e o mundo académico.

� Incentivo ao debate – entre os jornalistas, mas tam-bém no plano da sociedade em geral – sobre o jornalis-mo e as suas problemáticas e repercussões, contribuindoquer para um melhor conhecimento público e dignifica-ção social da profissão e dos profissionais, com base narealidade e não em mitos, quer para o devido reconheci-mento da importância do jornalismo e da informação paraa sociedade e para a democracia.

A vocação de JJ não é a de defender teses própriasnem tomar partido nos debates sobre o jornalismo e avida da classe, mas sim a de proporcionar um espaço ondeseja possível recensear e levantar os problemas, aprofun-dar a reflexão, disponibilizar a informação, facilitar o diá-logo – assim procurando ajudar à melhoria da qualidadedo jornalismo e dos jornalistas.

2. JJ procurará situar-se, tanto no que se refere aos temascomo às formas de abordagem, num registo intermédioentre o tratamento próprio da imprensa diária ou se -manal, e o aprofundamento teórico característico das pub-licações académicas.

Não será uma revista de notícias sobre a actualidade,ainda que tendo a preocupação de abordar temas actuaise mesmo polémicos. Não será uma revista de estudos eensaios, ainda que cada número inclua textos desse tipo.

Análises de maior desenvolvimento e ambição coexisti-rão com géneros jornalísticos mais “leves”, num esforçode complementaridade susceptível de proporcionar leitu-ras diversificadas e um cumprimento adequado e atraen-te dos objectivos referidos.

3. JJ será, naturalmente, uma revista de jornalistas eessencialmente a eles dirigida. De todos esperamos, aliás,críticas, sugestões, participação, sem as quais nãoalcançaremos os fins a que nos propomos.

Simultaneamente, e porque entendemos que o jorna-lismo e os jornalistas não se devem fechar sobre si pró-prios – como se fosse possível ignorar a sua íntima ligaçãoà sociedade, da qual são um reflexo mas sobre a qual exer-cem influência – procuraremos que JJ seja também parti -lhada por outros profissionais da informação, professo-res, investigadores e estudantes, por todos quantos,enfim, motivados ou não por razões de trabalho, se inte-ressam por estas problemáticas e são sensíveis à sua cres-cente importância social.

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JJ

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Aprimeiro nº da JJ, correspondente aJan./Março de 2000, tinha na capa umaexcelente foto de Inácio Ludgero, tiradanuma estrada de Díli, e que remetia para

o “Tema” em destaque: “Timor – Jornalistas na fren-te”, cujo desenvolvimento se iniciava na p. 7 comuma introdução e, na p. seguinte, com um texto deIsabel Lucas baseado em depoimentos de três jorna-listas (José Vegar, Luciano Alvarez e HenriqueBotequilha) que haviam estado naquele país numconturbado ano de 1999, marcado pelo referendode 30 de Agosto, e cujo tratamento pelos mediamerecia debate e reflexão que a JJ procurou estimu-lar. Com o mesmo objectivo, e sobre o mesmo tema,seguia-se uma recolha de textos de Adelino Gomes,José António Cerejo, Baptista-Bastos, José-ManuelNobre-Correia, Oscar Mascarenhas, Diogo PiresAurélio e Carlos Camponez.

A rubrica “Análise” era preenchida com um artigode Mário Mesquita, “Em louvor da Santa Objectivi -dade”, posteriormente muito citado, a que se seguiauma entrevista de Fernando Correia com o professor,investigador e sociólogo da comunicação José ManuelPaquete de Oliveira, e que fechava com umaCronologia, da autoria do entrevistador, sobre “Ensinoe Investigação: elementos para o estudo da sua evolu-ção em Portugal”.

Nas páginas seguintes dava-se notícia da cerimó-nia da entrega dos Prémios Gazeta 1998, a que pre-sidiu o então PR, Jorge Sampaio, de cujas mãos ovencedor desse ano do Grande Prémio, Tolentino daNóbrega, recebeu o galardão.

Na página de “Opinião”, João Isidro abordava “Adescoberta do caminho legítimo para os direitos deautor dos jornalistas” – um tema que, infelizmente,mantém toda a actualidade...

Numa “correspondência” vinda da capital doNorte, Francisco Mangas, dirigente da Associação deJornalistas e Homens de Letras do Porto, afirmavaao repórter Domingos Andrade: “Estamos a criar abase material para a nossa intervenção ser mais efi-caz”, enquanto no espaço seguinte, dedicado àFormação, o director do CENJOR, FernandoCascais, falava da actividade da instituição.

Na secção dedicada aos Livros, Manuel Pintoescrevia sobre A Tirania da Comunicação, de InácioRamonet, seguindo-se recensões a meia dúzia deobras sobre jornalismo publicadas nos últimos meses.

“O associativismo profissional dos jornalistas” erao tema abordado, numa perspectiva histórica, narubrica “Memória”, pelo investigador José CarlosValente, referindo, nomeadamente, um projecto deContrato de Trabalho Jornalístico apresentado em1925 pelo Sindicato dos Profissionais da Imprensade Lisboa.

Meia dúzia de magníficas fotografias do saudosoJosé Antunes são antologiadas em “Imagens doRepórter”, fechando a revista – como ainda hojeacontece – com a “Crónica”, neste número inicialassinada por Luís Proença e intitulada “Uma expe-riência na Bósnia”.

O nº 1 da JJ

JJ

Apresentação do primeiro

número da JJ, na sede do Clube

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Clube de Jornalistasna RTP2 desde 2004

Históriade umaaventurafelizO programa de televisão“Clube de Jornalistas” tem jáquase cinco anos de emissãoininterrupta na RTP2. O que,só por si, é um factoassinalável.

Texto Ribeiro Cardoso

Desde que arrancou a 11 de Janeiro de 2004 –primeiro com uma periodicidade semanal, e apartir de 11 de Outubro de 2006, por decisãoda RTP, de quinze em quinze dias – já teve

mais de 170 emissões, por onde passaram cerca de 500convidados e foram registados mais de 600 depoimentos.

Assumindo-se desde o primeiro minuto como um pro-grama não corporativo, pelos estúdios da RTP2 passaram,para além de numerosos e destacados jornalistas dos prin-cipais órgãos de informação portugueses – bem como cor-respondentes estrangeiros a trabalhar em Portugal –muitos profissionais de outras áreas cuja opinião consi -derámos relevante para os temas em discussão.

Na verdade, o Clube orgulha-se de ter aberto as suasportas à opinião e aos conhecimentos de magistradosjudiciais e do Ministério Público; professores univer-sitários e investigadores dos media; advogados; sociólo-gos, economistas e historiadores; militares; políticos detodos os quadrantes; empresários; directores de empresasde comunicação e imagem; assessores diversos; especialis-tas de publicidade e de marketing; e provedores deleitores, ouvintes e telespectadores.

De referir que, para além do debate, o programa temrecorrido esporadicamente a um outro formato: o daentrevista a personalidades ligadas à comunicação socialou com opinião relevante sobre este sector. Até hoje foramentrevistados Pacheco Pereira, Miguel Sousa Tavares,Emídio Rangel, Francisco Pinto Balsemão, AntónioBarreto, Manuel Vilaverde Cabral, Augusto Santos Silva,Eduardo Prado Coelho e José António Saraiva. E em 2007convidámos Bill Kovacs, nome prestigiado do jornalismoe do ensino nos EUA, que veio propositadamente aPortugal para ser entrevistado no “Clube de Jornalistas”,tendo estado também, por nossa iniciativa, nasUniversidades do Minho e de Coimbra, onde falou paraauditórios cheios de estudantes, jornalistas e professores.

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De destacar ainda que, em 2005, o Clube de Jornalistasfoi, através do seu programa televisivo, a única entidadeque conseguiu juntar os dois candidatos a Primeiro-Ministro – José Sócrates e Pedro Santana Lopes – numdebate transmitido em directo e em simultâneo pela RTP2e pela SIC, bem como por todas as rádios nacionais.

Já em 2008 reunimos os quatro candidatos a Bastonárioda Ordem dos Advogados para que, no nosso espaço naRTP2, falassem publicamente do que defendiam, no seuprograma de candidatura, na área da liberdade deimprensa.

UM POUCO DE HISTÓRIANo último trimestre de 2003, o CJ, que nesse ano come -morava os seus 20 anos de vida, apresentou uma propos-ta à RTP2 - então crismada de “A2:” e aberta à chamadasociedade civil - para a produção e emissão de um progra-ma absolutamente pioneiro no nosso país, no qual sedebateria única e exclusivamente o jornalismo que se fazpor cá e no estrangeiro.

Manuel Falcão, o então director do Canal, aceitou aproposta e pôs as suas condições: o canal público disponi-bilizaria os meios técnicos para a gravação e emissão doprograma, permitiria a utilização de imagens do seuarquivo e contrataria uma produtora externa para ajudarna produção técnica do programa.

Em contrapartida, o CJ seria o responsável pela esco lhados temas, dos convidados, do(s) moderador(es) e pelaelaboração dos guiões de pequenos documentários queeventualmente fossem necessários para ilustrar o debate.

Por outro lado, e dado que a produtora escolhida pelaRTP não possuía quaisquer meios técnicos, o Clube deJornalistas viu-se obrigado a “descobrir” outro parceiro: aEscola Superior de Comunicação Social de Lisboa que,graças ao empenhamento do seu Conselho Directivo e aointeresse manifestado desde o primeiro momento pelo

prof. Vítor Macieira, disponibilizou meios técnicos ehumanos, com destaque para Miguel Baptista e DiogoJustino, tendo o CJ, naturalmente, que sujeitar-se aoshorários da Escola para a edição de depoimentos, imagense pequenos documentários.

(Esta situação foi alterada recentemente, embora acolaboração daquela Escola Superior, a quem o CJ estámuito grato, continue em moldes diferentes).

Ao mesmo tempo, os responsáveis editoriais, os mem-bros do Conselho Editorial e os moderadores (todos sóciosdo CJ) deitaram entusiaticamente mãos ao trabalho,encarando a situação como uma espécie de serviço cívicoa desenvolver nos tempos livres que vão conseguindomuitas vezes sem saber como...

Ora, é neste contexto amador – no bom e no mau sen-tido - que o programa, que já vai no seu quinto ano deemissão, foi sendo produzido semanalmente durante osprimeiros três anos, passando depois a quinzenal.

OBJECTIVO INALTERADO E CUMPRIDOO nosso objectivo mantém-se inalterado: desde oprimeiro programa que pretendemos debater exclusiva-mente todas as questões relacionadas com o mundo dainformação - escrita, radiofónica, televisiva e on-line -numa perspectiva não corporativa.

Porém, o que pretendemos verdadeiramente, aquiloque entendemos como fundamental, é contribuir paraque um público vasto entenda os mecanismos do jornalis-mo, afinal uma profissão estruturante de uma sociedadeque se quer democrática.

O sinal foi logo dado com o tema escolhido para oprimeiro programa: “O que é ser jornalista hoje?”.Apresentado por Ribeiro Cardoso, teve em estúdio trêsconvidados: o então deputado Augusto Santos Silva(sociólogo e deputado, que nessa época provavelmentenem imaginava vir a ser ministro com responsabilidade

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na área dos media), Estrela Serrano (então Provedora deLeitores do “DN”) e Eduardo Dâmaso (na altura subdirec-tor do “Público” e hoje director-adjunto do “Correio daManhã”).

Por outro lado, contou ainda com depoimentos dosseguintes jornalistas: António Cerejo e Ana Sá Lopes(“Público”), Maria Augusta Santos Silva (“DN”), CecíliaCarmo e Daniela Santiago (“RTP”), Peres Metelo (“TVI”),Manuel Vilaboas e Paulo Guerra (“TSF”), Tiago Fernandes(“Visão”) e José Luís Garcia (sociólogo).

Depois, e para falar apenas de alguns dos temas escolhi-dos, ao longo destes quase cinco anos fomos debatendo “OJornalismo e a Justiça”, “O Jornalismo e o Poder Político”, “OEnsino do Jornalismo”, “A opinião nos media”, “O Jornalismoe o Poder Económico”, “Jornalismo e Cultura”, “Jornalismo eEleições”, “Jornalismo e Terrorismo”, “Assessores eIncompatibilidades”, “Vidas Privadas de Figuras Públicas”, “AFalta de Memória nas Redacções”, “Jornalismo deProximidade”, “Os Jornalistas e as Agências deComunicação”, “ A presença das mulheres no jornalismo”, “Aconcentração da propriedade nos media”, “A tabloidização dojornalismo”, “Os media da Igreja Católica em Portugal”, “Osefeitos do 11 de Setembro no jornalismo”, “Os media e oambiente –uma verdade inconveniente?”, “A liberdade deimprensa no banco dos réus”, “O Serviço Público deTelevisão”, “A Televisão Digital Terrestre” e por aí fora.

A ESCOLHA DOS TEMAS...Perguntar-se-á: quem faz, e como é feita, a selecção dostemas que depois são debatidos em estúdio?

Pois bem: o Clube criou um Conselho Editorial - quetem vindo a sofrer naturais alterações - composto porMário Mesquita , Estrela Serrano, Fernando Correia, CarlaMartins (todos docentes universitários na área da comuni-cação social e que tinham sido jornalistas profissionais),Daniel Ricardo (Visão), António Borga (RTP), Maria Flor

Pedroso (RDP) e Patrícia Fonseca (Visão), incluindo aindaos responsáveis editoriais do projecto: Eugénio Alves eRibeiro Cardoso, então Presidente e vice-presidente do CJ.

Esse Conselho reunia todas as semanas nas instalaçõesdo Clube, discutia a actualidade informativa, analisava aspráticas jornalísticas e no final escolhia os temas, os convi-dados em estúdido, as pessoas a convidar para depoi-mentos e sugeria as linhas fundamentais que, a seu ver, odebate deveria tentar respeitar.

Hoje a composição do Conselho Editorial – que reúnequinzenalmente - é diferente: por motivos diversos masquase sempre relacionados com situações profissionais,foram saindo uns e entrando outros.

Actualmente integram o Conselho Editorial MárioZambujal (entretanto eleito Presidente do Clube), CesárioBorga (RTP), Eugénio Alves (free-lance), Fernando Correia(jornalista e professor universitário), Carla Martins (profes-sora universitária), Daniel Ricardo e Patrícia Fonseca(ambos da Visão), António Borga (RTP), João AlferesGonçalves (free-lance), Elizabete Caramelo (ex-TSF), DinaSoares (Rádio Renascença) e Ribeiro Cardoso (free-lance)que, conjuntamente com o Presidente do Clube, se man-tém como responsável editorial.

... E DOS CONVIDADOS Durante as reuniões do Conselho Editorial são semprelançados vários nomes que, tendo em conta as matérias adebater, podem teoricamente proporcionar um debatevivo e esclarecedor.

Contudo, nem sempre é fácil chegar a uma decisãoconsensual – mas desse método não abrimos mão.

Em relação aos convidados há sempre três característi-cas em cima da mesa: o seu conhecimento das matériasem discussão, a sua notoriedade (isto é: se a sua opiniãoconta) e a sua capacidade de expressão em televisão.

Um princípio que procuramos respeitar – e por norma

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temos conseguido - é que em estúdio nunca estejam ape-nas jornalistas.

Ao mesmo tempo, nas discussões verificadas noConselho Editorial, as preocupações/objectivos estrutu-rantes são, por um lado, a relevância, actualidade e va -riedade dos temas a escolher; e por outro, o rigor, quali-dade e pluralidade de opiniões sobre os temas a debater –quer no que respeita a convidados em estúdio, quer noque toca a depoimentos recolhidos previamente.

Estas são, pois, as estratégias por nós utilizadas, con-vencidos que estamos que o consenso a que semprechegam os membros do Conselho Editorial – na sua diver-sidade de experiências profissionais, capacidades técnicase formação cultural e política – constitui um garantiamuito razoável para que as nossas preocupações sejamrespeitadas e os nossos objectivos conseguidos.

AS AUDIÊNCIASComo é óbvio, sabíamos à partida que o programa – pelatemática e pelo canal – seria destinado a minorias qualifi-cadas.

Acontece, porém, que no início fomos surpreendidospelos resultados: no primeiro ano, quando o programa eraexibido às 19 horas de Domingo, estivemos quase em per-manência entre os dez programas mais vistos do Canal 2,chegando algumas vezes a ser mesmo o programa maisvisto de “A 2:” nesse dia da semana. Por duas vezes ultra-passámos a fasquia dos 200 mil espectadores, mas depoispassaram-nos para a noite de 5ª feira, mais tarde para a desegunda-feira e desde há bastante tempo estacionámos nade quarta-feira – mas sempre a horas tardias, nunca antesdas 23h30m, e muitas vezes mais tarde.

As audiências, como não podia deixar de ser, baixaram esituam-se hoje entre os 40 mil e os 80/90 mil telespectadores.Mas o importante, o objectivo que tem sido conseguido empermanência, é que quem vê o “Clube de Jornalistas” ultra-

passa largamente o universo dos profissionais do mundodos media. Como nós sempre desejámos.

OS MODERADORESJá agora, uma palavra para os moderadores – todos jor-nalistas mas, com a excepção de Paula Moura Pinheiro,sem experiência televisiva, pelo menos na área da apre-sentação.

Para que, ao longo destes quase cinco anos de vida e173 emissões, o programa pudesse estar regularmente noar, o Clube recorreu, para a apresentação do programa, aonze sócios seus: Ribeiro Cardoso, Estrela Serrano, MariaFlor Pedroso, António Borga, Paula Moura Pinheiro, CarlaMartins, João Paulo Meneses, Fernando Esteves, PatríciaFonseca, Dina Soares e João Alferes Gonçalves.

E assim se foi, e vai, fazendo o programa televisivo“Clube de Jornalistas”.

A PARCERIA CJ/RTP2Por fim, uma palavra para a nossa ligação com a RTP2: orelacionamento é bom, o que não quer dizer que seja sem-pre coincidente.

Através da produtora-delegada da estação pública,informamos naturalmente a direcção do Canal quanto aotema escolhido e nunca houve qualquer ingerência. Dequando em vez há encontros formais entre o Director doCanal e os responsáveis do CJ, onde são abordadasquestões relacionadas com o Programa, sempre dentrodos parâmetros de respeito mútuo e no pressuposto deque todos estamos envolvidos e interessados em con-tribuir para um bom desempenho do programa e doCanal.

O facto de o director da RTP 2 ter sido sempre um jor-nalista –actualmente é Jorge Wemans - também tem aju-dado, a nosso ver, para que haja pontos de vista seme -lhantes quanto à importância deste programa. JJ

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Sítio do CJ está mais funcionalA direcção do Clube de Jornalistas resolveu oferecer uma prenda deaniversário ao sítio do Clube e, por efeito directo, a todos osutilizadores — uma nova plataforma, que trouxe novasfuncionalidades e uma melhor organização da informação.

É mais cómodo designar os utilizadores porleitores e é assim que a eles me referirei no restodo artigo. A terminologia será a portuguesa,desde que não contribua para confundir, mais

do que comunicar. Por isso, «site» será sítio, mas «link»continuará a ser «link».

O CJ OnLine nasceu em 2004 em circunstâncias quecondicionaram a organização do sítio e impediram a suaevolução natural. A versão do «software» em que foi cons -truído não permitia actualizações, o que implicou amanutenção, durante os quatro anos de exsitência, damesma estrutura. A consequência mais evidente foi umsítio cada vez mais caótico, devido ao aumento perma-nente de informação.

Apesar disso, o sítio do CJ tornou-se um lugar de con-sulta frequente para um elevado número de utilizadores,onde se incluem jornalistas, estudantes e professores dejornalismo, profissionais que trabalham na área da comu-nicação e público em geral.

Entre os tipos de conteúdos que despertaram a atençãoe curiosidade dos leitores contam-se os dossiês sobreassuntos de actualidade. O CJ OnLine procurou semprereunir a informação essencial sobre o tema do dossiê eteve a preocupação de assegurar a referência a pontos devista contraditórios.

A consulta da revista “JJ” em PDF ou dos documentosde todo o tipo que disponibilizamos têm sido outro moti-vo de visita.

NOVA PLATAFORMAA direcção do CJ sempre teve consciência de que eranecessário mudar de plataforma e redesenhar o site. Só

agora foi possível fazê-lo, porque à vontade da direcçãode assinalar os 25 anos do Clube e o quarto aniversário dosítio se juntou a cooperação de uma empresa amiga do CJ,que aceitou deitar mãos à tarefa em condições excep-cionalmente favoráveis.

Infelizmente, no processo de passagem de umaplataforma para outra, perderam-se «links» e documen-tos, cuja salvaguarda obrigaria a um esforço financeirosuplementar. Uma grande parte do que se conservou já foicarregado na base do novo sítio, mas há outras peças quecontinuarão a ser carregadas.

Ao escolher a nova plataforma do CJ OnLine, optámospor uma solução «amiga do utilizador», com procedimen-tos de navegação simplificados e com um motor de buscaeficaz. Chamo a atenção, também, para a funcionalidadeRSS, que permite receber alertas sobre peças inseridas nosítio.

Outra característica fundamental da nova plataforma éa melhor organização da informação. Reduziu-se a disper-são dos temas (que serão aglutinados através da função depesquisa) e adoptou-se uma organização de menus maisdensa e simplificada.

Também a inserção de imagens, audio e video apresen-ta soluções de maior maleabilidade e eficácia.

A base de utilizadores terá que ser refeita, tanto maisque o sistema de registo da anterior plataforma estavaferido por deficiências que importava corrigir.

Assim, os utilizadores registados na anterior platafor-ma terão que proceder a novo registo, nas condições queserão enunciadas no sítio. O novo sistema de registo iden-tificará rigorosamente os utilizadores, que beneficiarão deacesso a informação específica, receberão informações por

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Texto João Alferes Gonçalves

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e-mail e estarão autorizados a inserir comentários emtempo real.

O desenho actual da página inicial divide a área abaixodos menus de consulta rápida em três colunas. Na colunacentral são inseridas as notícias e os textos de opinião, comindicação da respectiva categoria. A coluna da esquerdaestá reservada para as actividades do Clube de Jornalistas,mas isso não significa que as notícias relativas ao Clubenão possam aparecer noutras zonas da página. Na colunada direita estão o Registo (o comentário de actualidade enão o registo de utilizadores, que irá aparecer, à esquerda,na barra horizontal de menus), o Zoom, a Torre dosTombos e um módulo de Destaques. Estes três módulospodem abrir ou fechar, de acordo com a conveniência doutilizador.

Os restantes módulos são suficientemente esclarece-dores e dispensam explicação.

Uma ideia que é importante reter é a de que o sítio con-tinua em desenvolvimento e que novas funcionalidadesserão acrescentadas, depois de testadas e concluídas. Estánesse caso um módulo de calendário, que em breve seráadicionado (Nota: à data da saída da revista já deveráestar operacional) e onde ficarão inscritos todos os acon-tecimentos de agenda.

Entre os projectos em estudo está o lançamento, em2009, de uma área para difusão de informação não notici-ada em Portugal ou de apoio de «background» ao noti-ciário dos media.

O DESERTOA paisagem jornalística portuguesa é um imenso desertode ideias sobre o presente e o futuro da profissão.

Aqui ou ali emergem, por vezes, comentárioscautelosos, onde as questões essenciais são enunciadas emabstracto e nunca se toca nos nomes e nas situações con -cretas. A crítica e a autocrítica do jornalismo são, emPortugal, territórios onde poucos se aventuram, porque orisco de perder o emprego ou de ficar com a carreiraameaçada é bem real. É um sinal de subdesenvolvimento.Oa patrões dos media tinham a obrigação de perceber quediagnósticos rigorosos pagam dividendos.

Mesmo a crítica «inter pares» é um exercício perigoso,porque a esmagadora maioria dos atingidos toma a críticanão como um contributo para o progresso pessoal, mascomo uma ofensa.

Em Portugal, todos os jornalistas têm ideias salvadoras ediscutem jornalismo (e jornalistas) â mesa do restaurante,nas discotecas ou em casa dos amigos. Mas quase nenhumousa transpor para o papel essas ideias fervilhantes.

Uma variante corrente da discussão sobre a situaçãodos media nacionais é equacionar os problemas com quese defrontam os media de países estrangeiros e importarmetas e soluções. Escusado será dizer que nem por coin-cidência as realidades se ajustam. Em especial porque ostextos inspiradores se referem a sociedades com níveis dedesenvolvimento económico e cultural muito diversosdos da sociedade portuguesa e onde a indústria dosmedia tem tanta afinidade com a nossa como o MiguelSousa Tavares tem com a administração do Porto deLisboa.

O CJ OnLine tem como princípio fundador adinamização dessa reflexão sobre a realidade do jornalis-mo e dos jornalistas e dela fará uma frente de intervençãoprioritária. JJ

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A nossa união europeiaDesde a sua fundação, o Clube de Jornalistas valoriza e procurafomentar os contactos internacionais com outros colegas de profissão.Na direcção, desde a fundação do Clube, há sempre um membro daAssociação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP).

Atradição foi iniciada por Nicole Guardiola,então correspondente do El Pais (1984-88),depois Marta de La Cal, da revista Time (1988-90), Nuno Sepúlveda, da France-Presse (1990-

92), Norma Couri, do Jornal do Brasil (1992-94), RamonFont, da TVE (1995-2000), e é hoje assegurada por EvaHenningsen, da AIEP (desde 2000).

As relações com Clubes espanhóis foram aprofundadasao longo dos anos 80 e 90, nomeadamente através da rea -lização dos Jogos de Jornalistas que, anualmente, jun-tavam jornalistas dos dois países em saudável competiçãodesportiva. O primeiro dos Jogos Ibéricos realizou-se em1985, em Tróia. No ano seguinte os portugueses rumarama Cádiz e, em 1987, foi a vez dos espanhóis viajarem até àFigueira da Foz. Seguiram-se encontros nas Astúrias,Vidago, Málaga, Açoteias, Palência e Almeria.

Em 1992, o Clube de Jornalistas foi também o anfitriãodo I Encontro Desportivo e Cultural de Jornalistas daComunidade Europeia, que se realizou em Albufeira.

A tradição dos Jogos de Jornalistas, quebrada em 1999,foi de alguma forma retomada em 2007 pelo Núcleo deGolfe do Clube, que organizou o 1º Halcon Press ClubGolfe, realizado na ilha de Porto Santo. Foram convidadosmembros dos clubes de Jornalistas de Londres, Barcelonae Paris e Michel Ferné, secretário-geral do clube parisiense,regressou a casa muito satisfeito com o seu 5º lugar…

PRESIDÊNCIA EUROPEIA EM 2009O Clube deu mais um importante passo no seu caminhode abertura ao mundo ao tornar-se membro efectivo daFederação Europeia de Clubes de Jornalistas (FECJ), naAssembleia Geral realizada em Berlim, em 2006.

A FECJ tem sede permanente em Paris e presidênciasrotativas entre os seus clubes-membros. A presidência, em2009, será assegurada por Portugal – e as celebrações dos20 anos da FECJ serão realizadas em Lisboa, durante omês de Junho.

Fundada em 1989, a Federação nasceu para fomentar odiálogo, a cooperação e a troca de experiências entre os

Clubes de Jornalistas europeus, simplificando o uso parti -lhado dos serviços e benefícios oferecidos por cada clube,em cada país. Procura também desenvolver e encorajar atroca de informações com as instituições económicas, soci-ais e culturais e sectores da área da comunicação nos paí -ses da União Europeia e promover a língua e a cultura dosvários Estados-membros da Federação. Procura aindafomentar os contactos com outros Clubes de Jornalistas noresto do mundo, lutando pela defesa da liberdade deimprensa e do livre acesso à informação.

Os sócios do Clube de Jornalistas passaram a beneficiardas vantagens disponíveis para os sócios dos outrosclubes membros da FECJ e, sempre que se desloquem aqualquer um dos países representados, em serviço ou emlazer, podem usufruir dos descontos negociados peloclube desse país, em hotéis e restaurantes, por exemplo.Podem ainda utilizar as instalações desses clubes comoescritório de trabalho, realizando ali reuniões ou entrevis-tas, e solicitar apoio na procura de informações relevantespara o seu trabalho. São membros da Federação os clubesde Frankfurt, Berlim, Viena, Liége, Anvers, Barcelona,Paris, Lyon, Estrasburgo, Montpellier, Londres, Milão,Catania, La Valetta, Genebra e, claro, Lisboa.

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Texto Patrícia Fonseca

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A festa dos Gazeta 2007

O amplo e majestoso hall da sededa Caixa Geral de Depósitos, emLisboa, foi palco da cerimónia deentrega dos Prémios Gazeta 2007,que teve lugar em Setembro último,na presença do Chefe de Estado,Aníbal Cavaco Silva, do ministrodos Assuntos Parlamentares eresponsável pela tutela da pasta daComunicação Social., AugustoSantos Silva, e de Fernando ManuelFaria de Oliveira, Presidente daCaixa Geral de Depósitos,patrocinadora exclusiva dos Gazeta.

Apresentada por Dina Soares, aFesta dos Gazeta 2007, iniciou-secom as palavras de agradecimentode Mário Zambujal a Cavaco Silvapela renovada disponibilidade empresidir à mais antiga e prestigiada

iniciativa do Clube de Jornalistas. OPresidente do CJ teve aindapalavras de gratidão para a CGDpelo seu apoio ao conjunto deiniciativas do Clube, nomeadamenteaos Prémios Gazeta, e destacou osméritos de cada um dosgalardoados em 2007. MárioZambujal assinalou, naoportunidade, a passagem do 25ºaniversário da criação do CJ,evocando alguns dos seusfundadores já desaparecidos e opapel das sucessivas direcções noarranque, desenvolvimento emanutenção das diferentes áreas deintervenção do Clube.

Ao garantir, por sua vez, acontinuação do apoio da CGD àactividade do CJ, Faria de Oliveira

sublinhou a importância que umainformação livre, responsável e dequalidade assume na sociedadeportuguesa, valorizando o papel doClube e o exemplo positivo de cadaum dos jornalistas distinguidos em2007.

O Chefe de Estado encerrou acerimónia com palavras de louvorpara o CJ e para a CGD pelo seupatrocínio ao Clube e saudou aqualidade dos Gazetas 2007. CavacoSilva aludiu, em particular, à longa enotável carreira de Eduardo Gajeiro(Gazeta de Mérito) e ao trabalho deJoaquim Furtado (Grande PrémioGazeta) cujo conjunto dereportagens sobre a guerra colonial“conta-nos – sublinhou - umaverdade que foi esquecida em boa

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parte pela censura que então existia.Era um tempo em que havia umcontrolo muito forte sobre aComunicação Social, um tempo emque aqueles que tinham voz daoposição não tinham nenhumaoportunidade de fazer ouvir a sua asua voz daí a importância destetrabalho do Joaquim Furtado e eufelicito-o pela profundidade dainvestigação que realizou”.

Numa extensa intervenção sobreas condições em que produziu o seutrabalho e com palavras deagradecimento a um vasto conjuntode entidades, figuras e camaradasde trabalho que o ajudaram aconcretizar um projecto há muitosonhado, Joaquim Furtado frisou aimportância da existência deempresas que entendam anecessidade de proporcionar tempoe meios para trabalhos da dimensãode “A Guerra”, iniciado há váriosanos.

Mário Zambujal, o ministro Augusto Santos Silva e o Presidente da Caixa Geral deDepósitos, Faria de Oliveira

O Presidente da República, Cavaco Silva, e esposa, Maria Cavaco Silva, ladeados porMário Zambujal e Faria de Oliveira

Mário Zambujal, presidente do Clube de Jornalistas, no uso da palavra durante acerimónia de entrega dos prémios

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Discurso deEduardo Gageiro

Excelentíssimo Senhor Presidente daRepública e esposa, Sr. Ministro dosAssuntos Parlamentares, Dr. SantosSilva, Sr. Engenheiro Faria deOliveira, Presidente da Caixa Geralde Depósitos, Sr. Presidente doClube de Jornalistas, MárioZambujal, minhas senhoras e meussenhores

Em primeiro lugar, o meu sinceroagradecimento ao Júri por meconceder este prestigiante prémio,que muito me honra.

Depois gostaria muitoresumidamente, de recordar os meusprimeiros passos neste fascinante“mundo” da fotografia. Estávamosem 1957 (já lá vão 51 anos), eu eraempregado de escritório na Fábricade Loiça de Sacavém, mas o querealmente ambicionava era serfotojornalista.E porquê? Porquesentia ser aquele o veículo directoque me permitiria, além da satisfação

estética, denunciar as enormesdesigualdades sociais que todos osdias presenciava à minha volta.

Nesse sentido ( e para satisfazeressa ambição ) consegui entrar parao “Diário Ilustrado”.Mas cedoconstatei, com bastante surpresa enão menor desgosto, que osfotógrafos de imprensa naquelaaltura tinham uma atitudeclaramente corporativa, trocandoentre si fotografias que erampublicadas em jornais concorrentes,boicotando assim a entradaaos”novatos” como eu. Portanto“despacharam-me” para olaboratório, a revelar fotos ( as fotosdeles, claro! ) e só ao fim de um ano,consegui fazer as minhas primeirasfotografias.E aconteceu isso pormero acaso, graças a um redactorque, tendo marcada uma entrevistacom Ferreira de Castro, nãodispunha de nenhum fotógrafo porestarem todos (presumo eu) aoserviço do “Diário da Manhã”, ou noGrémio do bacalhau do AlmiranteTenreiro...

Muito contente com aquelaoportunidade, fotografei como

entendi, à minha maneira e, pelosvistos o trabalho agradou tanto que,daí em diante, (com algum orgulho odigo) foram os próprios redactoresque passaram a exigir a minhacolaboração nas suas reportagens.Depois, com o encerramento do“Diário Ilustrado”, veio odesemprego e, pior ainda, recebiuma carta do presidente doSindicato dos Jornalistas a exigir quedevolvesse a carteira profissional.Eram, naturalmente, os interessesinstalados, que eu começava já asentir na pele!

Passado um ano, finalmente,consegui entrar para o “Século”como colaborador e, mais tarde parao “Século Ilustrado”, onde creio terfeito o que considero as minhasmelhores reportagens.

Só que... grande parte delas foramcortadas pela censura. Felizmente,com a entrada desse grande homemchamado Nelson de Barros, tudomudou e o “Século Ilustrado”tornou-se uma revista de referência.

Mas aquele pequeno“triunfo”começou a causar algunsengulhos aos “velhos fotógrafos” ede tal maneira que uma colega do“Século”, colaboradora einformadora da Pide, me denunciou,dizendo que eu era umperigosíssimo agitador e que sómandava para o estrangeirofotografias a denegrir o regime.

Sob esta acusação, fui preso e teriapassado mais tempo nas celasdaquela sinistra polícia política se,num almoço dos correspondentes deImprensa Estrangeira com o ministrodos Negócios Estrangeiros, aquelesnão lhe tivessem perguntado porqueestava eu preso e intercedido para aminha libertação.

Recordo que, no interrogatório naAntónio Maria Cardoso, o célebreinspector... (não digo o nome porqueainda está vivo) me disse: “ ÓGageiro, porque é que você sófotografa gente humilde,manifestações de estudantes, cargaspolíciais, etc, quando, afinal, temospaisagens tão bonitas...”

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Respondi-lhe ( mentindo, claro )que jamais eu fotografara nem asreferidas manifestações, nem ascargas da polícia.Mas possoconfessar aqui hoje, ( que ninguémnos ouve...) que, de facto erammesmo minhas e tinham sidoenviadas através da AssociatedPress.

Era este o Portugal dos anos 60-um Portugal que muitos queriam vera cores ( com uma dominante cor-de-rosa...) e eu teimava em ver apreto e branco, porque aquilo quevia, sentia e sofria à minha volta era,de facto muito a preto e branco !

Mas chegou, finalmente, agloriosa alvorada do 25 de Abril eem todos nós renasceu a esperançanum país melhor, onde houvessemenos fome, menos injustiça, menosdesigualdades sociais.

O 25 de Abril, “Onde emergimosda noite e do silêncio/ E livreshabitámos a substância do tempo.”Como escreveu Sophia de MeloBreyner.

Mas, se muitas coisas mudaram emudaram para melhor, outras houveem que o caminho ainda é longo apercorrer. Continuam de formamuito marcante (diria mesmo, cadavez mais marcante) as desigualdadessociais, as injustiças, os privilégiospara alguns e o desprezo paraoutros.

Longo ainda o caminho para aEducação, para a Saúde, para aCultura – uma Cultura que não sejarelegada para o último lugar dosOrçamentos de

Estado, que seja mais atenta, maiscélere, onde nos sintamos realmenterepresentados e os nossos interessesenergicamente defendidos. Foi porum Portugal assim, por um Portugalmelhor, que eu sempre fotografei econtinuarei a fotografar enquantotiver forças. Já o disse várias vezes,entre amigos, mas quero repeti-lohoje, aqui, publicamente: a morteque desejo, seria a carregar com uminfinito prazer no disparador deuma máquina fotográfica!...

Muito obrigado.

Faria de Oliveira no uso da palavra

Cavaco Silva e Faria de Oliveira entregam o prémio Gazeta Revelação a João Luz

A mesa de honra

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Intervençãode Joana Emídio,de O Mirante

Os prémios agradecem-se e não sediscutem. Mas também podem serum bom pretexto para nos darmos aconhecer melhor e, até, inclusive,para exercermos alguma auto-crítica.

Não admira que só agora,passados mais de vinte anos danossa primeira edição, tenhamreparado no nosso projecto editoriale empresarial. A verdade é que OMIRANTE já realizou, ao longo dosúltimos anos, aquilo que nenhumoutro jornal regional ou nacionalousou.

Temos mais de 30000 exemplaresde tiragem, que mantemos hámuitos anos, e uma equipa dejornalistas que sempre trabalhou emexclusividade para as nossaspublicações, apesar dos inúmerosconvites dos chamados jornais dereferência para conquistaremcorrespondentes, ou seja, mão-de-obra barata, nas áreas geográficasonde trabalhamos.

Se só agora somos reconhecidos

pelo nosso trabalho, problema nossoque não soubemos dar-nos aconhecer para além da nossa regiãoe dos superiores interesses dosnossos leitores.

Desde há um ano que somosdistribuídos com o jornal O Expressoem toda a nossa área de influência,sem que o investimento tenhabeliscado o nosso poder nas bancas ejunto dos assinantes.

Há muitos anos que os jornalistasde O MIRANTE têm carro daempresa e a sua contratação é feitade acordo com a expansão do jornale a área de residência de cadajornalista.

O nosso jornalismo deproximidade não é fictício. Não épara inglês ver. É o mais caro domundo mas também é, quanto a nós,o mais importante e o que maioresdesafios impõe à nossa profissão.

Porque trabalhamos em concelhosonde dominam as mais variadasforças políticas e associativas, sempresoubemos respeitar o Poder e asoposições. Não estamos colados aum grupo económico. Somos, salvomelhor informação, o único jornalde referência em Portugal que nãopertence a um grande grupo deempresas. Vivemos exclusivamente

da força de nosso trabalho editorial edo investimento das empresas locaise regionais cuja publicidade éconquistada pelas nossas tiragens epela força das nossas vendas.

Apesar do êxito com as nossas trêsedições diferenciadas, Vale do Tejo,Lezíria do Tejo e Médio Tejo, e donosso Diário Online, achamos que opior, no bom sentido, ainda está paravir.

É este desafio que nos faz estarhoje aqui, sem vaidades nemsobranceria, mas também sem falsasmodéstias, agradecidos pelaconquista do prémio mas com umaenorme vontade de deixar umamensagem que não seja apenas umasimples lembrança;

Se há uma redacção de jornalistasprofissionais em Portugal que nãofaz jornalismo de secretária somosnós. Se há uma redacção de umjornal em Portugal que todos os diastem que viver e sobreviver à margemdos interesses instalados, somos nós.

Não somos os únicos. Ainda bemque não somos os únicos. Mas é commuito orgulho que nos incluímos, nopanorama da imprensa regionalportuguesa, num caso de sucessoeditorial e comercial numa dasregiões mais prósperas do país.

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A mesa da imprensa estrangeira e, em baixo, o grupo dos veteranos Adelino Gomes, Daniel Ricardo, Luís Humberto Marcos e Orlando César

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Joaquim Furtado Cavaco Silva

Eduardo Gageiro Faria de Oliveira

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