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Quando você chama a atenção da criança e ela finge que não escuta O que você deve fazer em casos como esse? Redação Crescer Sabe quando a gente chama e ele não responde? Fique atento, pois pode ser uma reação. Crianças que não se sentem ouvidas podem agir com indiferença. “Precisamos ter umcanal de comunicação aberto com os filhos , dar espaço para que se expressem. Quando a criança se sente respeitada, costuma responder do mesmo modo”, afirma a psicóloga Patricia Bader, do Hospital São Luiz (SP). Filhos de pais muito tagarelas também podem desenvolver a capacidade de se “desligar”, mesmo se o assunto é importante. Com a gente ocorre o mesmo. Ao conversarmos com alguém que fala muito, às vezes não prestamos atenção a tudo, não é? Por fim, observe aconcentração da criança. Os distraídos têm mais dificuldade para perceber o que está à sua volta. Crianças sentem-se solitárias ao assistir televisão Pesquisa feita com mais de 25 mil crianças mostrou que 62,8% delas assistem à TV sozinhas e que 50% prefeririam estar acompanhadas de um adulto Bruna Menegueço

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Quando você chama a atenção da criança e ela finge que não escutaO que você deve fazer em casos como esse?

Redação Crescer

Sabe quando a gente chama e ele não responde? Fique atento, pois pode ser uma reação. Crianças que não se sentem ouvidas podem agir com indiferença. “Precisamos ter umcanal de comunicação aberto com os filhos, dar espaço para que se expressem. Quando a criança se sente respeitada, costuma responder do mesmo modo”, afirma a psicóloga Patricia Bader, do Hospital São Luiz (SP). Filhos de pais muito tagarelas também podem desenvolver a capacidade de se “desligar”, mesmo se o assunto é importante. Com a gente ocorre o mesmo. Ao conversarmos com alguém que fala muito, às vezes não prestamos atenção a tudo, não é? Por fim, observe aconcentração da criança. Os distraídos têm mais dificuldade para perceber o que está à sua volta.

Crianças sentem-se solitárias ao assistir televisãoPesquisa feita com mais de 25 mil crianças mostrou que 62,8% delas assistem à TV sozinhas e que 50% prefeririam estar acompanhadas de um adulto

Bruna Menegueço

Televisão é companhia de criança e, ao contrário do que pensa, ela gostaria, sim, de ter um adulto por perto. Nesta segunda (3), a Fundação Telefônica divulgou os dados de uma grande pesquisa sobre o uso seguro das tecnologias feita com mais de 25 mil estudantes entre 6 e 18 anos do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela em parceria com a Universidade de Navarra, na Espanha. 

Um dos números mais surpreendentes foi a declaração de 50% das crianças entre 6 e 18 anos de que se sentem

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sozinhas ao assistir televisão, e dizem mais: elas sacrificariam o seu programa de TV preferido pela companhia de um parente ou amigo. Ou seja, trocariam um desenho por uma novela, caso esta fosse a condição para estar ao lado da mãe. "A televisão assume o papel de companhia. Por isso, as crianças passam a realizar todas as tarefas em frente ao aparelho: fazem refeições, estudam, dormem, leem e até navegam na internet", afirma Chacro Sábado, professora da Faculdade de Comunicação de Navarra. 

Mesmo com o avanço da tecnologia, a televisão ainda é a maior fonte de informação presente na vida dos brasileiros. Cerca de 98,2% dos lares possuem, no mínimo, um aparelho em casa. A facilidade de acesso acaba acomodando os pais que realizam outras tarefas enquanto os filhos estão entretidos com a mídia. "Os responsáveis precisam entender que a televisão deve ser apenas uma fonte de aprendizagem e entretenimento entre tantas outras possíveis", diz o psicólogo Duarte de Oliveira, de São Paulo, que acompanhou uma das escolas que participou da pesquisa. Simples atividades, como fazer um piquenique ao ar livre, dar uma volta de bicicleta, jogar dominó e até mesmo colocar o papo em dia estão perdendo o valor atualmente. Na medida certa, a TV traz muitos benefícios à educação da criança. Mas esse aprendizado deve ser acompanhado por um adulto para estimular, explicar e limitar o bom e o ruim entre tantos programas disponíveis. 

A pesquisa abordou outras tecnologias nas mãos de criança e mostrou dados curiosos. Quando o assunto era internet, revelou, por exemplo, que as meninas se interessam mais pelos sites de relacionamentos enquanto os meninos, preferem os games online.

Quando o bebê começa a morderMorder é uma forma de expressão, uma fase passageira. Mas exige, desde a primeira vez, a ação dos pais.

Redação Crescer

Quando você menos espera, nhac! Seu anjinho ainda está mamando e já ataca seu peito sem piedade, com uma mordida daquelas, experimentando o uso e a força dos primeiros dentinhos. Você pode não ter se dado conta, mas os dentes são o primeiro recurso que a criança ganha e que pode ser usado para intervir no ambiente, para mostrar aos outros que ela tem presença ativa. As mordidas podem começar assim.

Depois, seu filho morde os brinquedos, como uma forma de exploração. Mais crescido, porém, pode usar a mordida para expressar descontentamento, fazendo vítimas entre os amiguinhos, os avós ou até mesmo a babá e a professora. “Por não articular bem as palavras, a criança dessa idade exprime-se por meio do corpo e dos gestos. Para ela, morder é uma forma natural de mostrar ao outro que está com raiva”, afirma a psiquiatra Lidia Strauss, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

O que fazerAs mordidas são uma fase passageira. No entanto, mesmo que pareçam de brincadeira e não machuquem ninguém, não devem, jamais, ganhar aprovação. Caso contrário, a criança pode pensar que o que fez é bom. Palavras como “dói” e “não pode” são a melhor reação para orientar a criança a não morder. Segundo a psiquiatra Lidia, alongar as explicações não adianta, porque o filho dessa idade não entende. “Aos poucos, ele aprende a reconhecer os sinais dos pais que indicam o que não deve fazer.” 

Mordidas demais

Com o tempo, também, a criança aprende outras formas de se expressar e deixa as mordidas de lado. Se isso não acontecer a partir dos 3 ou 4 anos, e seu filho continuar a usar a mordida para aliviar tensões, é melhor ficar atenta. “Toda criança pode se alterar momentaneamente, por exemplo, numa brincadeira. Mas mordidas demais sinalizam agressividade sem controle”, diz Lidia. Se a ação se repetir com freqüência, a médica aconselha a procurar a ajuda de um profissional. Seu filho morde porque...está insatisfeito e quer mostrar isso; quer demonstrar força e ver a reação que provoca; não tem vocabulário suficiente para se expressar. Você deve conter tal comportamento sempre, impedindo que ele morda; dizer a ele que isso pode machucar as pessoas; procurar orientação se as mordidas se tornarem rotina.  

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Agressor e agredido Os pais dos mordedores costumam ser mais relaxados do que aqueles que enxergam no corpo do filho dentadas alheias, segundo a pediatra Sandra. Se você está entre o grupo dos filhos mordidos, também relaxe. Quando a criança começa a viver em grupo, acaba descobrindo como se defender e se impor entre os coleguinhas. E uma hora ela vai avisar ao amigo mordedor que não gostou e não quer ser mordida de novo. Nunca incentive seu filho a revidar. "Os pais jamais devem estimular a agressão", ensina Sandra.

Subir em móveis é diversão para bebês de 1 a 2 anosMóveis, escadas e janelas são um atrativo à parte para quem começou a andar há pouco

Redação Crescer

Seu filho adora escada ou vive escalando móveis e objetos? Segundo a pediatra Sandra de Oliveira Campos, isso faz parte do desenvolvimento da criança. "Tão logo ela aprenda a se locomover, seja engatinhando ou andando, dará sempre um jeitinho de subir em móveis, escadas e janelas. Isso significa que a criança necessitará da supervisão de um responsável o tempo inteiro." 

Obstáculos seguros A fim de evitar acidentes, além de olhos atentos 24 horas por dia, a pediatra recomenda alguns ajustes dentro de casa. Para ela, supervisão e bloqueio são os únicos métodos realmente eficientes. "Nessa faixa etária, não adianta proibir a criança de subir na janela ou descer a escada. Ela ainda não possui raciocínio lógico para entender que corre perigo. Se não houver uma barreira impedindo-a, pode ter certeza de que ela vai escalar o que encontrar pela frente."Lembre-se de que, movido pela típica curiosidade infantil, quando você menos esperar seu filho estará arrastando cadeiras e chegando a lugares antes inatingíveis. Não se deixe surpreender. Previna-se! 

Todo cuidado é pouco - Use proteção e cercadinhos em berços e camas. Os vãos das grades do berço não podem ser muito largos, para que o bebê não passe por eles.- Retire do berço travesseiros, acolchoados e brinquedos que possam facilitar a "escalada".      

- Em janelas e varandas, coloque grades e telas próprias. 

-  Evite colocar móveis perto das janelas. 

-  Retire vasos de planta do caminho. 

- Pontas de toalhas de mesa e fios de eletrodomésticos pendurados chamam a atenção da criança, que logo vai querer puxá-los. Esconda-os. 

- Bloqueie o acesso às escadas com grades ou portões.                                                       - Mantenha a tampa da privada abaixada. 

- Use travas nas gavetas. 

- Deixe os brinquedos preferidos ao alcance da criança. Ela não vai pensar duas vezes para buscá-los em prateleiras e armários.  

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Criança adora ficar sem roupaVocê o deixa vestido, todo bonitinho. Ele não quer nem saber: tira tudo

Redação Crescer

Você veste seu filho e, em minutos, ele tira toda a roupa? Existem várias razões para isso acontecer. Pode ser calor, pois às vezes os pais agasalham demais a criança, o tecido da roupa está arranhando a pele ou dificultando o movimento da criança. "O motivo mais comum é a criança querer conhecer o próprio corpo e exercer poder sobre ele", explica o pediatra Eric Yehuda Schussel, da Sociedade Brasileira de Pediatria. A partir de 1 ano, a criança começa a ter consciência de que é um indivíduo independente. "Uma das formas de ela manifestar essa percepção é mostrar que pode fazer coisas sozinha. Como as roupas estão à mão, sobra para elas", acrescenta Luciana Altenfelder, coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital da Criança, em São Paulo. Por isso, não estranhe a carinha de provocação que pode acompanhar o strip-tease. "Esse é um dos primeiros impulsos de independência explícita", explica Luciana. Tem hora e lugar

Apesar do trabalho que dá recolocar as roupas no seu filho, tenha paciência e, sempre que possível, deixe que ele se manifeste. No entanto, ele precisa saber que não dá para tirar a roupa em qualquer hora e lugar. "Os pais devem passar essa mensagem com cuidado, para que a criança não faça associações erradas: ficar sem roupa não é algo vergonhoso, pode ser apenas impróprio, dependendo da ocasião", esclarece o pediatra Eric. Segundo ele, essa fase passa assim que a criança descobre outros interesses e estímulos. 

Valorize a habilidade

Segundo a psicóloga Luciana, o ato de tirar a roupa também é prazeroso para a criança porque ela se sente dominando ações que antes não conseguia realizar, já que suas habilidades motoras estão se desenvolvendo. Como o movimento de puxar e tirar as meias, desgrudar velcros ou desencaixar os sapatos dos pés. "Para incentivar ainda mais o desenvolvimento do seu filho, compre brinquedos que tenham funções semelhantes", sugere Luciana.

Criança estranha tudo o que é novidade para elaE ela pode ter aflição e reagir

Redação Crescer

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Curiosa, a criança de 1 a 2 anos explora o mundo com as mãos. E reage a temperaturas, texturas, consistências e formas de tudo que toca. Se a descoberta causa mais desconforto do que prazer, ela costuma retirar a mão, levantar o pé ou cuspira comida. Não é uma reação de nojo, repugnância. É um estranhamento. “Ela ainda não acumulou experiência nem memória para classificar algo como nojento”, explica Mauro Toporovski, professor do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. A criança faz esse tipo de definição por volta dos 4 anos. 

Tinta campeãA experiência da psicóloga Sandra Regina Aziz Miriani diz que as tintas estão entre as campeãs de incômodo. Quando ela pinta as mãozinhas dos alunos, algumas crianças não deixam, outras choram e há aquelas que lutam contra a tinta. “Depois todas ficam felizes com o resultado, que é a impressão colorida dos dedos e da palma da mão no papel”, conta. A psicanalista infantil Marília Macedo Klotz, de Brasília, diz que o estranhamento é sinal de saúde. “Experimentando e reagindo, pouco ou muito, a criança seleciona o que gosta e diferencia as texturas”, justifica. Quanto mais os pais permitirem pisar na grama, mexer na areia, na comida, pintar a mão ou o pé, sem dizer que tudo é meleca, melhor. 

Aversão ao carinho

Rejeitar o contato de pessoas também é comum nessa idade. Se uma vizinha,amigos ou parentes pouco próximos aparecem e querem logo beijar, fazer carinho ou pegar seu filho no colo, correm o risco de receber, em retribuição, berros e choro. A reação é normal, principalmente se a criança não está acostumada a ter contato com muitas pessoas ou passa o dia em companhia só da mãe.“ Ela se sente insegura, porque ainda não desenvolveu a sua sociabilidade”, explica o pediatra Mauro Toporovski. Adotar uma postura encorajadora é o melhor jeito para sair da saia-justa do chororô. Dizer, por exemplo, que a vizinha gosta de seu filho e contar com a ajuda dela para demonstrar reações positivas que reforcem a mensagem — um sorriso, uma voz alegre ou uma expressão terna no rosto.

Brincando de sombra: seu filho gosta de imitar você?Imitar os adultos, capacidade inata da criança, é fundamental na conquista da autonomia

Redação Crescer

Seu filho imita seus gestos? Isso é absolutamente normal. "Os bebês imitam os adultos desde o primeiro dia", acredita o pediatra Antonio Marcio Junqueira Lisbôa, autor do livro Seu filho no dia a dia(Editora Record). Primeiro, são as expressões faciais, depois vêm os gestos corporais e, enfim, as palavras. "A imitação, capacidade inata do ser humano, é uma das formas mais eficientes de aprender novas ações", afirma Lisbôa. É a partir de um ano que a imitação fica mais evidente. Não se espante se, ao se ajoelhar para regar uma planta, seu filho fizer o mesmo. 

Nessa fase, a partir de 1 ano, as crianças ficam obcecadas pelas coisas de gente grande, como telefones, panelas, chaves e eletrodomésticos. Quando seu filho finge estar conversando no telefone do pai ou sai andando pela casa com a bolsa da mãe a tiracolo, está desenvolvendo suas habilidades motoras e cognitivas. "O gesto é fundamental

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para a conquista da autonomia, e por isso deve ser incentivado", afirma a psicóloga Ana Cássia Maturano. Mas, caso você esteja preocupada com a segurança da criança ou a conservação dos objetos, opte pelas imitações de brinquedo: telefones de plástico, minicozinha ou vassourinhas também estimulam o faz-de-conta. 

Siga o líder No jogo da imitação, os pais são os primeiros a ser copiados. Em seguida estão os demais adultos, como a babá e familiares e, por volta dos 18 meses, eles também copiam outras crianças. "Imitando os adultos, elas querem se igualar. Por isso, fazem questão de usar as mesmas coisas", diz a psicóloga Ana Cássia. Para ela, os pais têm de se policiar, uma vez que são os principais "modelos" de identificação. "Além de gestos simples, como pentear o cabelo, a criança também imita a maneira como os pais falam. Se eles gritam ou dizem palavrões, é provável que a criança também o faça." 

Tudo eu Na conquista da autonomia, depois de algumas tentativas, as crianças acham que já sabem fazer tudo sozinhas – e batem o pé se alguém tentar ajudar. Querem escovar os dentes, pentear o cabelo e comer como os adultos, mesmo que ainda não estejam totalmente habilitadas. "Deixar a criança agir por si só é uma maneira de demonstrar que se acredita na capacidade dela", diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Para dar uma ajudazinha, basta providenciar objetos mais simples, como talheres infantis, copos e escovas de cabelo menores ou mesmo um banquinho para o filho alcançar a pia ao escovar os dentes. "E, é claro, não custa dar uma fiscalizada depois que ela terminar", diz o pediatra Antonio Marcio Junqueira Lisbôa.  

Mãozinhas perigosas: crianças mexem em tudoOs pais precisam usar o bom senso para definir limites e redobrar a atenção na fase em que eles mexem em tudo

Redação Crescer

Sim, eles querem tocar, pegar, mexer em tudo. Quando começa a andar, a criança descobre o ambiente que a cerca e fica muito curiosa. Isso é saudável e ela deve ter liberdade para se movimentar e exercitar seu desenvolvimento motor. Mas esse é também um momento que exige dose extra de atenção dos pais para evitar acidentes. E, com carinho, chegou a hora de definir limites. Tudo deve ser feito, claro, com bom senso. Para a psicóloga paulista Rosário Benvenga Chede, os pais devem ter em mente que entre 1 e 2 anos o filho imita comportamentos. Por isso, se sente ainda mais atraído pelos objetos que as pessoas da casa usam com freqüência. E essa fase da imitação é muito importante, pois significa aprendizado para a criança. "Mais tarde, a imitação é substituída por um jeito próprio e criativo de resolver as coisas e, dessa ótica, as proibições excessivas dos pais podem limitar as experiências da criança", observa Rosário. Uma saída que facilita todo o processo, segundo ela, é tirar os objetos mais perigosos e valiosos do alcance das mãos da criança. "E, é claro, oferecer a ela muita atividade ao ar livre", completa a psicóloga. 

Regras claras O desacordo dos pais pode deixar a criança confusa. "Ela fica sem saber a quem atender e, principalmente, o que significam sim e não. É importante que se defina um critério", explica a psicóloga Maristela Nunes Pinheiro, da Universidade Católica de Goiás. Ela lembra que as regras não são imutáveis. "À medida que a criança cresce, podem ser mudadas, mas colocadas sempre com clareza. E é prudente, sim, que os pais digam não ao bebê, pois ele pode se machucar ou estragar certos objetos por desconhecer o uso", diz Maristela. 

O limite deve ser dado com carinho. Se seu filho quer brincar com o controle da TV, diga que não pode e mostre a ele o brinquedo com o qual pode mexer, indicado para sua idade. "É com essa ajuda que a criança aprende aos poucos a respeitar os limites dos outros para conviver bem socialmente", observa Maristela. 

Segurança total Para criar um ambiente seguro para a criança, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda atenção aos seguintes itens: 

- Proteger as janelas com telas e grades. As piscinas devem ser cercadas ou cobertas com redes apropriadas e as

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escadas e lajes terem acesso restrito. 

- Fechar as tomadas com protetores próprios e não deixar a fiação elétrica da casa exposta em local de circulação da criança. 

- Remédios, produtos de limpeza, material inflamável precisam estar fora do alcance das crianças e nunca guardados em recipientes de refrigerantes ou similares. 

- Manter a criança afastada de água ou alimentos muito quentes, e de qualquer situação em que exista o risco de fogo.  

Crianças que gostam de se exibirMandar beijinhos, fazer caretas e até dançar são maneiras de a criança chamar a atenção dos pais. Quer se sentir amada

Redação Crescer

É irresistível olhar para os trejeitos de uma criança e não rir ou ter vontade de apertá-la. E, felizmente, essas atitudes só fazem bem a ela. “Até cerca de 8 meses, o bebê não consegue perceber a diferença entre ele e a mãe. Quando descobre que é uma pessoa separada, quer ser o centro do universo, participar do mundo”, explica a pediatra Isabel Rey Madeira, da Universidade Esta dual do Rio de Janeiro. É exatamente essa sensação de ser a estrela da casa que dará a segurança do amor de sua família. E os pais não devem ter medo de mimar o filho dando atenção ou rindo de suas gracinhas. “Nessa fase a criança precisa ser mimada mesmo para construir bem a auto-estima. Ela necessita do olhar de admiração, principalmente dos pais, para se sentir segura e amada”, diz a psicóloga Sônia Brólio, do Hospital da Criança, em São Paulo. Segundo ela, quando a criança pequena não tem essa atenção, sendo ignorada de forma repetitiva, corre o risco de desenvolver problemas de auto-estima no futuro. 

Sem exagero 

Existem apenas três aspectos que de vem ser observados. O primeiro é: nada de exagero, como passar o dia inteiro pedindo para o bebê mandar beijinhos —ele tem outras coisas para aprender. Certifique-se de que seu filho não usa o charme para outros fins, além de chamar a atenção. Como, por exemplo, piscar os olhinhos justamente quando é surpreendido fazendo uma arte. “É raro, mas isso pode acontecer. Nesse caso, os pais devem colocar os limites necessários e deixar claro que a gracinha naquele momento não será aplaudida”, orienta a pediatra Isabel. Depois dos 2 anos, verifique se esse comportamento está mudando.“ Após essa fase, a criança deve aprender outras habilidades sociais para se relacionar com o mundo, como o diálogo”, diz a psicóloga Sônia. 

Mico de circo 

Admirar as gracinhas do seu filho, tudo bem. O que não pode é transformar esse charme em chamariz de festas, por exemplo, o que resulta muitas vezes em crianças imitando dançarinas de axé no meio de um grupo de adultos. “A criança se sentirá forçada a ser o centro das atenções e isso pode prejudicar seu desenvolvimento”, alerta a pediatra Isabel Madeira. Segundo ela, o comportamento exibicionista é normal, mas deve ocorrer naturalmente, ser espontâneo, sem a interferência de um adulto  

Bebês pensam da mesma forma que adultosEstudo revela que as crianças são capazes de memorizar alguns dados como os pais

Marina Sarlo

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A "memória de curta duração dos bebês" funciona de forma similar à dos adultos. É o que mostra um estudo publicado recentemente pela Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. A pesquisa, liderada pelos psicólogos norte-americanos Lisa Feigenson e Justin Halberda, reforça a idéia de que os bebês podem lembrar de mais coisas quando agrupam os objetos em conjunto. São os mesmos mecanismos que os adultos utilizam quando quebram informações em partes para, depois, lembrar mais naturalmente delas. Um exemplo? Quando dividimos números de telefone, de documentos de identidade ou, até mesmo, listas de supermercado. 

Durante os testes, a dupla observou que crianças de 14 meses de idade poderiam sentir mais facilmente a falta de brinquedos escondidos, e lembrar de um maior número deles, se os tais objetos fossem divididos em grupos. De acordo com Lisa Feigenson, essa capacidade dos bebês mostra um desenvolvimento muito precoce da memória. 

Para Lucilia Santana Faria, pediatra e coordenadora da UTI Pediátrica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a pesquisa acerta ao sugerir que a memória e o conhecimento estão presentes nos seres humanos desde que nascem. Portanto, algo inerente ao homem. “Já sabemos que algumas características presentes nos bebês são geneticamente adquiridas, e não dependem somente de um aprendizado relacionado às questões sociais e comportamentais. Portanto, isso se deve também à rapidez com que o cérebro do bebê se desenvolve durante o período pós-natal mostrado no estudo.”

Experiência: os cientistas mostraram aos bebês seis bolas cor de laranja idênticas e, em seguida, as colocaram em uma caixa, escondendo secretamente alguma delas. Quando os cientistas separavam as bolas em três grupos de duas antes de escondê-las, os bebês foram capazes de lembrar dos seis ítens.

Dilema do não: é preciso dar limites para as criançasSer estraga-prazeres do filho é uma missão ingrata, mas não há outro jeito de educá-lo

Redação Crescer

A função é ingrata mesmo, mas fundamental. Quase sempre o não é um desprazer para a criança, mas o que os pais devem saber é que o excesso de prazer para um filho dessa idade também pode se tornar assustador, pois ele ainda não conhece os próprios limites. O objetivo do não, entre outras coisas, é garantir o bem-estar da criança e, nesse aspecto, os pais não precisam se sentir uns carrascos ao dar limites, pois, mesmo com choro ou cara feia,

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o filho assimila as negativas como proteção e, principalmente, entende que quem o protege com certeza gosta dele. "Os pais não podem se eximir do seu papel de educadores que, nessa fase, começa a ser mais desgastante. É só o início de uma longa história de delimitação de espaços para que a criança aprenda a viver em sociedade", ressalta a pediatra paulistana Gelsomina Colarusso Bosco. 

Cesta básica 

Quando o bebê passa do colo ao chão, explica a especialista, quer manipular e explorar o ambiente. "Tudo é atraente e novo, mas ele não tem noção de riscos ou do que pode ou não ser mexido. Precisa aprender com os pais." A médica defende um jeito claro de ensinar: "Os pais podem colocar na sala e até em todos os cômodos da casa pequenos cestos com dois ou três brinquedos e dizer ao filho: ‘Não brinque com o telefone, pois seus brinquedos estão ali, meu querido’". Mas convém variar os objetos da cesta, ela frisa, para manter em alta o interesse de seu filho. 

Na mesma língua 

Limites para uma criança de 1 a 2 anos também envolvem horários para acordar, dormir, brincar, tomar banho e fazer as refeições. "Nessa rotina, pais e mães precisam falar a mesma língua, isto é, seguir as mesmas regras", diz a pediatra Gelsomina. O risco de desencontros nos limites é a criança ficar insegura ou não obedecer a nenhum dos pais. É o mesmo que acontece com os animais de estimação: uma ordem precisa ser dada com firmeza e homogeneidade de tom. Caso contrário, haverá demarcação de território mesmo contra a sua vontade.  

Jogar as coisas no chão: seu filho faz isso?A criança joga fora tudo o que tem na mão? Faz isso porque deseja e se diverte. Ainda não é birra

Redação Crescer

Será que falta de brinquedo adequado para a idade do seu filho para ele parar de jogar tudo no chão? A resposta (para tantas mães surpreendidas com os arremessos diários) é não. Muito pelo contrário. Os objetos são brinquedos e divertem seu filho. "Nessa fase, o bebê alcançou um desenvolvimento psicológico e motor que favorece explorar o mundo sozinho e à maneira dele", diz a psicóloga e psicoterapeuta Salete Natalina Trigo. A exploração, logo, não representa uma birra. A criança não tem a clara intenção de jogar o garfo no chão porque quer irritar a mamãe. "Deu vontade, ela faz. É mais instintivo e menos racional", afirma Sandra de Oliveira Campos, pediatra e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Simples assim. Quando quer jogar, joga. Age ao sabor do impulso porque ainda desconhece seus limites.

"Repetir as cantilenas ‘não faça’, ‘não jogue’, ‘coloque no lugar’, ‘tire a mão’ é desgastante", concorda a pediatra. "Parece que tudo entra por um ouvido e sai pelo outro. A palavra tem muito pouco significado nessa idade", diz Sandra. Ainda assim, as reprimendas são necessárias para iniciar os bebês no inevitável mundo do limite. O jeito é definir os nãos e evitar dar muita importância para o que não oferece risco à criança. Ignore por algumas horas, por exemplo, a roupa que foi arrancada da gaveta. Mas, e as mães devem deixar a casa bagunçada? Não. Apenas evite se desgastar. "Quando for guardar as peças, convide a criança para ajudar como se fosse uma brincadeira", orienta a psicóloga. Mas se algo pode machucar a criança, como a escalada na estante, impeça. "Os bloqueios as deixam irritadas", avisa Sandra. Firmeza e paciência porque os objetos só vão ficar no lugar quando seu filho descobrir algo tão divertido quanto jogar chupeta para fora do berço. 

A provocação 

Por volta dos 8 meses, os bebês também gostam de jogar tudo no chão, esperando que o adulto pegue de volta. Com isso, reforçam a idéia de que os objetos e as pessoas que saem de sua visão não deixam de existir e aprendem que as ações têm conseqüências (cai no chão e faz barulho). Entre 1 e 2 anos, o comportamento é motivado pelo prazer de explorar o objeto e a criança nem entende a reprovação dos pais, pois está apenas brincando. Essa percepção fica mais clara a partir dos 3 anos e, um ano depois, se seu filho jogar algo no chão durante uma discussão, estará de fato provocando-a.  

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Como lidar com a birra e a teimosia do seu filhoLembra quando você via crianças dando escândalos em supermercados? Agora que chegou sua vez parece ser bem difícil contornar a situação, não é? Calma. Preparamos dicas para cada caso

Thais Lazzeri

Supermercado 

Você precisa fazer as compras do mês e seu filho vai junto. Além de não parar de pedir brinquedos, doces e salgadinhos, ele decide provar e até escalar prateleiras. 

Na hora: os pedidos desenfreados das crianças nos supermercados são absolutamente perdoáveis, afinal, tudo parece muito tentador até para nós, adultos. Se o “eu quero, eu quero, eu quero” durar mais do que você suportaria ouvir, combine que ele pode escolher um item para comprar. “Se tirar algo do lugar, peça que recoloque no local certo”, diz Betina Serson, psicopedagoga. Mas você não pode deixar passar o fato de a criança ter aberto pacotes porque “estava com vontade”. Você só tem uma opção: pegue o que ela abriu, ponha no carrinho e pague no caixa, mostrando para ela que não se pode consumir nada sem pagar. Ah! Ela perde o direito de levar o produto que mais queria, porque não soube se comportar. 

Sempre: combine que a criança será seu ajudante. Assim ela vai cooperar mais e, se cometer algum deslize, você diz aquela boa e velha frase “mas nós já tínhamos combinado...”. Dar um lanche antes evita a “síndrome do estômago vazio”. Se no dia da compra ela estiver de mau humor ou com sono, não leve a criança junto ou, simplesmente, não vá. 

Cinema e exposição 

O filme, para vocês, acaba na metade — tem alguém com sono ou vontade de fazer xixi. Na exposição, ele acha que as esculturas são de massinha e resolve brincar com elas. 

Na hora: quando ele começar a mexer nas peças, diga que não pode. Vá mostrando uma a uma e tente explicar, em uma linguagem simples, o significado. No cinema é mais complicado, porque as atitudes do seu filho realmente vão atrapalhar os outros. Sendo assim, a única opção é sair com a criança da sala. Outra dica: antes, leve-a ao banheiro e pergunte se quer comer pipoca. Duas possíveis saídas você consegue evitar. 

Sempre: explique o que é uma exposição e o que vocês vão ver lá. É bacana adiantar o assunto, mostrar algumas obras do artista para a criança estabelecer uma primeira identificação. “O costume dos pais de visitar exposições vai determinar o comportamento do filho. Se este for um hábito da família, ele vai saber como se comportar”, diz Maria Irene Maluf, psicopedagoga. Se não for, vale o alerta: crianças com menos de 4 anos dificilmente vão parar para observar uma exposição. Elas não agüentam programas tão longos. 

Amigos da família 

Depois de meses tentando agendar um encontro, vocês conseguem marcar na casa de um amigo — mas que não tem filhos. O sofá é transformado em pula-pula. 

Na hora: se seu filho apronta dessas em casa, é provável que repita o mesmo comportamento na sala dos outros. Não adianta brigar na frente dos seus amigos, porque se o objetivo da criança era chamar a atenção, a sua reprovação em público vai confirmar que a idéia deu certo. Ignorar também não ajuda. “Os pais devem criar um código com os filhos, para eles perceberem quando está tudo bem e quando não está”, afirma Mauro Godoy, psicólogo. 

Se você pede uma vez e ele não pára, leve-o até um canto da casa e diga que se ele não se comportar vocês vão embora. Fale em tom sério, sem elevar a voz. Se nada disso adiantar, junte a bolsa e os filhos, peça desculpas aos amigos e vá embora. E em casa, retome o assunto, para que a solução não seja sempre terminar o programa mais cedo. 

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Sempre: explique para a criança como vai ser o passeio, quem são as pessoas que vocês vão visitar e quais as regras daquele ambiente — que não precisam ser as mesmas da sua casa. Mas lembre-se também de levar brinquedos ou promover atividades para entretê-la, porque uma reunião de adultos realmente não será atrativa para uma criança. 

Como lidar com a birra e a teimosia do seu filhoLembra quando você via crianças dando escândalos em supermercados? Agora que chegou sua vez parece ser bem difícil contornar a situação, não é? Calma. Preparamos dicas para cada caso

Thais Lazzeri

Lojas e shopping center 

O passeio no shopping virou corrida de aventura. Eles pulam, tropeçam, bagunçam e, dentro das lojas, se escondem atrás das araras de roupas. 

Na hora: se seu filho sair correndo, não vai ter outro jeito senão correr atrás, porque ele pode se perder ou se machucar. Tente continuar o passeio de mãos dadas ou coloque-o no carrinho. Nas lojas de roupas, é a mesma coisa, você vai precisar encontrá-lo. Avise a segurança da loja que tem uma criança perdida, assim eles podem anunciar o nome dele e dar mais atenção às saídas. Quando ele for encontrado — mesmo você estando desesperado pelo medo de perdê-lo, e com uma vontade louca de dar-lhe uma boa bronca —, respire fundo. Nessas horas, a psicopedagoga Betina aconselha dizer:“brincar de esconde-esconde tem lugar certo. Aqui não é. E eu poderia não ter te encontrado”. Se fizer bagunça, faça-o recolher as roupas do chão e entregar para as vendedoras. Outra saída é levá-lo embora, em vista do mau comportamento, e voltar sem ele. 

Sempre: para ele valorizar a arrumação das lojas, mostre em casa como é importante ter tudo em ordem. E também vale deixar claro o quanto o passeio fica mais gostoso quando ele fica ao seu lado.

 

Transporte Público 

Brincar no corredor do ônibus ou fazer das barras do metrô um balanço. Quem puder que se segure. 

Na hora: tire a criança do corredor e peça que fique sentada. Mostre o quanto é perigoso ficar brincando dentro de um transporte. Ela pode cair e se machucar. No metrô, a dica é a mesma. 

Sempre: conte aonde vão e combine que ela vai escolher onde sentar. Na maioria das vezes, a resposta é: do lado da janela. Dê um OK, mas lembre-a de que não pode ficar nem em pé nem com o braço para fora. 

Restaurante 

Faz tempo que a família toda não faz um programa à noite. Vocês escolhem o restaurante e, para sua “surpresa”, correr entre mesas e garçons é mais divertido que esperar sentado à mesa. 

Na hora: segure-o o quanto antes, para que não ocorra colisão entre garçom e criança. Leve-o para dar uma volta, de mãos dadas, na área externa ou no jardim — se existir. Peça também uma entrada leve e rápida, que não vá fazer com que ele perca a fome por completo, mas que o distraia. Se for muito tarde, dê alguma coisa para ele

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comer antes de sair de casa. Leve brinquedos, giz de cera — que não mancha roupas como canetinha — e umas folhas em branco para ele desenhar. Escolher um restaurante que tenha área para crianças é válido, porque aí elas têm espaço para entretenimento garantido. “Pergunte-se: se eu tivesse 4 anos, eu gostaria de ficar neste lugar?”, diz Mauro. 

Sempre: preocupe-se em fazer das refeições em família um momento especial, de reunião.Vai ser mais fácil reproduzir isso em um lugar público. 

Parquinho 

Você arruma um tempo na agenda e leva seu filho à praça mais próxima. No começo, ele se diverte com os próprios brinquedos. Mas, de repente, bate no colega que está ao lado, porque ele queria a bola emprestada. 

Na hora: aparte a briga. Depois, diga para ele pedir desculpas e mostre o que causou na outra criança, para ele entender que machucou alguém. 

Sempre: lembre-se que se você resolve seus problemas batendo no seu filho, por exemplo, ele vai achar que isso é o normal.Trabalhe em casa a importância de dividir e compartilhar. Chame alguns coleguinhas dele, peça para cada um trazer um brinquedo diferente. Na hora da brincadeira, eles têm de trocar. E tudo bem, não significa que a outra criança não vai devolver, apenas que ela, por alguns instantes, queria brincar de outra coisa. 

Atrás de novidade: crianças adoram descobrir novos objetosTudo o que não é brinquedo interessa muito mais

Redação Crescer

Ao completar o primeiro ano, a atividade motora da criança aumenta. O que ela observava antes do berço ou do colo pode agora ser tocado, lançado ao chão, sacudido, colocado na boca. É uma verdadeira revolução. "A curiosidade é extrema, o que faz com que esse período seja marcado por uma intensa exploração", esclarece a psicopedagoga Raquel Caruso, do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento (Cade). Ela recomenda aos pais não investir em brinquedos caros nessa fase, pois logo serão descartados. Qualquer objeto que brilhe ou faça barulho é festejado. Como tudo atrai e pode se transformar em brinquedo, é importante manter a casa segura, aconselha a pediatra Renata Waksman, diretora do Departamento de Segurança da Sociedade Paulista de Pediatria. "A criança enxerga o mundo de baixo para cima", explica. Puxar o fio de um abajur ou mesmo a ponta da toalha da mesa é tão irresistível quanto perigoso. Tomadas e produtos de limpeza, com seus frascos coloridos, são um verdadeiro convite, bem como mexer em plantas que podem ser venenosas ou ter espinhos. Abrir a bolsa da mãe e tirar as coisas de dentro também é diversão na certa, mas tem seus riscos. 

Mostrar limites 

Nessa fase é preciso ensinar ao filho o que ele pode ou não mexer, evitando que objetos perigosos fiquem à mão, orienta a psicopedagoga Raquel. "Mas não se deve falar não a tudo. Às vezes, é melhor permanecer ao lado supervisionando e deixar a criança explorar, pois ela está tentando entender como o mundo funciona." A dica se aplica ao brinquedo que está na mão do amigo, que pode ser motivo de conflitos entre crianças que ainda não sabem compartilhar. "Os pais não devem proibir, em princípio, que o filho mexa nos brinquedos dos amigos", diz Raquel. É saudável deixar as crianças se entenderem e ter jogo de cintura para contornar a situação se os ânimos se acirrarem.Resolvendo Impasses: 

- Caso o amigo não queira emprestar o brinquedo, experimente oferecer um do seu filho a ele e proponha uma troca. - Se mesmo assim o amigo não mudar de idéia, jamais diga ao seu filho que ele também não deve emprestar os dele. 

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- Não proíba seu filho de mexer no brinquedo das outras crianças, pois ele se achará no "direito" de não compartilhar os seus. - Ensine-o, na medida do possível, a pedir antes de pegar.

Seu bebê chama por você o dia todo!Isso é normal e com o tempo tende a diminuir. Dê atenção a ele quando puder.

Redação Crescer

Dói no coração sair de casa e deixar o filho chorando e gritando mamãe! Fica pior ainda se a babá ou a professora da creche lhe conta que o seu pequeno continua chamando por você o dia inteiro. O que fazer? "Sentir falta da mãe é natural e esses chamados tendem a se reduzir à medida em que o bebê compreende melhor a noção de tempo e de rotina. Entretanto, se a criança não come, não dorme, não faz nada e só fica chamando a mãe, a situação demanda um olhar mais atento", diz Mariana Klafke, psicóloga infantil do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento, em São Paulo. Nesses casos é preciso prestar mais atenção à relação entre você e seu filho. "A maioria das mães sofre com o problema da falta de tempo, o que é normal e inevitável. Mas uma boa interação nos momentos em que estão juntos costuma dar a tranqüilidade necessária para que o bebê enfrente os períodos de ausência", afirma a psicóloga. Quando estiver em casa, esqueça os problemas do trabalho; se tiver de dar atenção a mais de um filho, crie formas de fazer atividades com todos juntos e reserve momentos especiais para cada um deles.

Criança tímida: como ajudar?Os pais podem contribuir para que seus filhos aprendam a lidar com a timidez. Veja as dicas da especialista

Graziela Salomão

O comportamento das mães pode ser um antídoto contra a timidez. É o que conclui uma pesquisa da Universidade de Maryland (EUA). De acordo com especialistas, a mãe tem um papel essencial na timidez dos filhos, tanto de forma positiva como negativa. Em entrevista a CRESCER Online, a psicóloga Isabel Gomes, da Universidade de São Paulo, explica o papel materno na personalidade da criança e dá dicas de como as mães (e os pais, também) podem ajudar os filhos. 

CRESCER Online - Quais são os principais fatores que influenciam na timidez de uma criança? Isabel Gomes - O ambiente familiar é um dos principais fatores porque a criança é muito dependente dele e, conforme ele é composto, pode acentuar uma tendência inata à inibição. Tem também a carga genética que cada um de nós traz, responsável por gerar características de personalidade: alguns são mais tímidos e, outros, mais extrovertidos. 

CRESCER Online - Um estudo da Universidade de Maryland afirma que a mãe pode ajudar seu filho a perder a timidez. Na sua opinião, quais as possibilidades de isso acontecer? Isabel Gomes - Acho que isso pode acontecer, sim. Por exemplo, se você tiver uma criança mais quietinha e tímida que é criada em uma família com pais que desenvolvem o contato social, ela melhora. Em situação oposta, a criança pode ficar mais tímida ainda. A mãe tem que passar confiança à criança, incentivá-la a participar de outros ambientes. Sem dúvida, essas são formas de a mãe estimular o filho a perder a timidez. 

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CRESCER Online - Filhos de pais superprotetores tendem a ser mais tímidos?Isabel Gomes - Filhos de pais superprotetores são crianças mais retraídas, sim. São aquelas mães que não deixam seus filhos ficar com mais ninguém e não estimulam o contato social. 

CRESCER Online - Tem como a mãe não se sentir mais culpada ainda pela timidez de seu filho? Isabel Gomes - Claro que sim. Não adianta dizermos que a mãe é causadora de todos os problemas porque geramos culpa. O que deve ser ressaltado é que a mãe pode estimular muitas coisas na criança: não só a capacidade de socialização, mas a confiança e a segurança. É importante mostrar como os pais podem contribuir e estimular a melhora de seus filhos. 

CRESCER Online - E como pode ser esse estímulo da mãe? Como buscar uma ajuda profissional quando a mãe perceber que a situação foge de suas possibilidades? Isabel Gomes - As dicas que dou em relação ao estímulo das mães é: desde que seu filho é pequeno, coloque-o em contato com outras crianças para estimular todas as formas de contato social, deixe a criança passear na casa de familiares e amiguinhos, leve-a para fazer programas como cinema, teatro. Mas não adianta apenas informar essas coisas. Têm muitas mães que estabelecem uma relação grudada com seus filhos porque são inseguras e não conseguem dividir a criança com o mundo, muitas vezes nem com o pai. Elas precisam também de uma ajuda especializada para entender esses fatores e soltar o filho. Precisam estar prontas para gerar autonomia na criança. O pai também é muito importante por ser o primeiro elo da cadeia que separa a criança da mãe. 

CRESCER Online - E como ele pode atuar nisso? Isabel Gomes - Acho que ele tem de se fazer presente e dividir os cuidados com a mãe. Algumas mães são ambíguas, reclamam e querem a ajuda do marido, mas quando ele vai atuar, elas dizem que ele faz errado. Tem que saber entender os homens também e deixá-los ganhar esse espaço. 

CRESCER Online - Como perceber o limite entre o excesso ou a falta de timidez?Isabel Gomes - No geral, as pessoas sabem reconhecer uma criança que é extrovertida, sociável, mas que sabe respeitar os limites do outro. Quando as crianças têm um desenvolvimento emocional normal, elas gostam de ser o centro das atenções, gostam de contato interpessoal, mas ao mesmo tempo ficam tímidas em uma situação nova. Isso é normal. Chama a atenção aquela que fica em um cantinho e não interage com ninguém, como também aquela que não pára um segundo. São dois extremos facilmente perceptíveis.

ivro ensina boas maneiras às criançasLivro de Whoopi Goldberg traz dicas para ajudar a garotada a se comportar melhor

Por Tamara Foresti e Thais Lazzeri

 

Tira o dedo do nariz! O que pode ser pior do que não pedir desculpa, não bater na porta antes de entrar nem saber se portar no cinema? A atriz e escritora Whoopi Goldberg acredita que há coisas mais graves quando o quesito é a boa educação. E as crianças precisam saber quais são para evitá-las. Para ajudar a garotada a se comportar melhor, ela escreveu O Grande Livro das Boas Maneiras, cheio de textos e ilustrações divertidas. 

 O livro de Whoopi chega ao Brasil neste mês acompanhado de um jogo para os leitores testarem seus conhecimentos (R$ 39 o kit). Lançado pela Melhoramentos, é dirigido a crianças a partir de 4 anos. Na obra, a atriz apresenta as boas maneiras de um jeito leve e engraçado. Mas, na entrevista abaixo, ela mostra que leva o assunto a sério:

 

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CRESCER: Você ensina boas maneiras para adultos em um programa de rádio. Quando pensou em escrever um livro sobre o assunto para crianças? Whoopi: Sempre ouvia pessoas dizendo que as crianças são mal-educadas e decidi checar na fonte. Acabei descobrindo que o problema vem de cima...

CRESCER: Quem ensinou boas maneiras para você? Seus pais ou a vida? Whoopi: Ambos. Quando era criança, não tinha a opção de ser mal-educada.

CRESCER: Devemos educar as crianças ou elas aprendem com a experiência? Whoopi: Crianças não conseguem se auto-educar, mas aprendem boas maneiras com pessoas do convívio delas. Se elas disserem “por favor”, “obrigada”, “com licença”, a criança também dirá. É muito simples. 

CRESCER: Como você ensina boas maneiras para seus netos? Whoopi: A mãe deles ensina. Eu ensinei a ela, minha mãe me ensinou e assim vai...