1) constituição – conceito material e forma e tipologia · web viewhá um acórdão do stj...
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
CONCEITO
O controle de constitucionalidade é a verificação
da relação imediata de compatibilidade vertical entre a norma legal
e a norma constitucional que é o fundamento da validade da primeira
– conceito de Marcelo Neves, autor pernambucano.
CONSTITUIÇÃO
LEI
DECRETO
PORTARIA
ORDEM DE SERVIÇO
Uma coisa é controle de constitucionalidade e outra
é o controle de legalidade. São conceitos distintos que também são
estudados em ramos diferentes do direito. A legalidade é estudada
no direito administrativo, enquanto a constitucionalidade no direito
constitucional.
Só é possível dizer que há controle de
constitucionalidade entre a lei e a Constituição, pois a lei é o
primeiro grau abaixo da Constituição. Da lei para baixo, o
controle é de legalidade e não de constitucionalidade.
A aplicação prática dessa distinção reside no fato
de que quando a hipótese é de controle de constitucionalidade, há
instrumentos próprios para tanto. O controle de constitucionalidade
tem ações específicas.
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Mas o controle de legalidade não tem instrumentos
próprios para o seu exercício, o que faz com que alguns autores
sustentem que no controle de legalidade há uma relação simbiótica,
pois irá ser utilizado um instituto próprio de outro ramo de direito
para seu exercício - quase sempre será utilizado o Mandado de
Segurança, que não é a ação própria para tanto. (ex. não é possível
o ajuizamento de ADIN para questionar uma portaria).
Há, entretanto, uma ressalva. O Supremo Tribunal
Federal admite o cabimento de ADIN para a hipótese de Decreto
Autônomo, pois o fundamento desse ato normativo é a própria
Constituição.
ELEMENTOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O controle apresenta dois elementos básicos. A
normas constitucional, a que se dá o nome de PARÂMETRO e a norma legal que é o OBJETO.
PARÂMETRO é, assim, a norma em relação a qual o controle é feito – norma constitucional, enquanto OBJETO é a norma sobre a qual o controle é feito – norma legal.
Questões que podem ser argüidas em concurso:
Há a possibilidade do exercício do controle de constitucionalidade sobre norma constitucional revogada?
Resposta: É possível somente em uma única hipótese, que é na via de exceção, porque o controle é suscitado
na 1a instância através de uma argüição de
inconstitucionalidade que pode ter se iniciado antes da
vigência da Constituição Nova. Assim, mesmo com o
novo ordenamento constitucional, se ainda estiver em
trâmite ação proposta anteriormente à vigência da
CR’88, onde se discute a constitucionalidade de
determinada norma em face da constituição então
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vigente, ou seja, anterior à CR’88, o Tribunal deverá
julgar a questão à luz do ordenamento constitucional
anterior, que será o parâmetro para o controle da
constitucionalidade.
Diferença entre LEI e ATO NORMATIVO. Vários artigos da CR’88 se referem à lei ou ato normativo. A pergunta é: para efeitos de controle de constitucionalidade, quais são as diferenças entre lei e ato normativo?
Resposta: Quando a CR’88 fala em LEI, ela se reporta ao ATO FORMALMENTE NORMATIVO, ou LEI EM SENTIDO FORMAL.
É o ato produzido pelo Poder Legislativo. ATO NORMATIVO é o ATO MATERIALMENTE NORMATIVO. É a LEI EM SENTIDO MATERIAL. É o ato produzido pelo Poder
Executivo ou Poder Judiciário (ex. Medida Provisória
– poder executivo e Regimento Interno do Tribuno –
poder judiciário).
OBSERVAÇÃO: Para efeitos de controle de constitucionalidade, o Decreto não pode ser utilizado como exemplo de ato normativo, pois se trata de
conceito do direito administrativo. Não cabe controle de
constitucionalidade do decreto e sim controle de legalidade.
CLASSIFICAÇÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE
A primeira classificação, que é a mais importante,
é a que estabelece a diferença entre inconstitucionalidade MATERIAL e inconstitucionalidade FORMAL.
Toda a norma jurídica pode ser identificada por
três elementos próprios: procedimento (forma), órgão competente e
conteúdo (declaração prescritiva). Ex.: norma jurídica produzida
pelo CN (órgão competente), nas hipóteses taxativas previstas na
CR’88 (conteúdo), por maioria absoluta (procedimento) – LEI
COMPLEMENTAR.
Quando o vício da norma residir no procedimento ou
no órgão competente a hipótese será de INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL.
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A inconstitucionalidade formal decorre de vício de procedimento ou
de vício de órgão competente. (ex. uma Lei Complementar aprovada por
maioria simples – vício de procedimento)
Quando o vício da norma residir em seu conteúdo a
hipótese será de INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. A
inconstitucionalidade material ocorre quando há vício no conteúdo da
norma (ex. Lei que declara que homens e mulheres não são iguais
perante a lei).
Exemplos mais complicados das duas hipóteses:
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL : Inconstitucionalidade por usurpação de iniciativa reservada. Ocorre quando há invasão na iniciativa reservada ao outro poder para a edição de uma lei.
Questões sobre o tema:
Um membro do CN inicia a tramitação de um projeto de lei cuja a iniciativa é privativa do Presidente da República. Esse projeto é aprovado e sancionado pelo próprio Presidente, dando origem à lei. Pergunta-se: a sanção presidencial afasta a inconstitucionalidade por usurpação da iniciativa reservada? A sanção tem efeito convalidatório ou não?
Resposta: A sanção não tem efeito convalidatório e a inconstitucionalidade continua existente, porque todo o
ato inconstitucional tem natureza de ato nulo e não
anulável. Logo, a sanção não tem o condão de
convalidar o ato já nulo. Não se aplica, mais, a Súmula
05 do STF que previa que a sanção do Presidente
convalidava o vício de iniciativa, pois já cancelada
pelo STF.
Pode ser proposta, pelo próprio Presidente da República, ADIN contra lei por ele mesmo sancionada, questionando eventual vício de iniciativa por usurpação da iniciativa privativa do Chefe do Executivo? Tem ele interesse processual?
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Resposta: A ADIN pode ser proposta por qualquer um dos legitimados, contudo, há divergência quanto à
existência do interesse processual do Presidente da
República nessa hipótese. Há duas correntes sobre o
tema. A primeira, defendida por Gilmar Ferreira
Mendes, sustenta que a ADIN pode ser proposta inclusive
pelo Presidente da República porque a questão é de
ordem pública, não cabendo alegar eventual falta
interesse do Presidente. A segunda corrente,
sustentada por Rodrigo Lopes Lourenço, defende que a
hipótese seria de preclusão lógica, por isso não
poderia ser ajuizada a ADIN pelo Presidente da
República.
O STF, a princípio, tem se filiado à segunda corrente
porque em uma ADIN, o Tribunal negou o pedido de
Presidente da República de ingresso, na qualidade de
litisconsorte ativo superveniente, no polo ativo da
ADIN onde se discutia a constitucionalidade de norma
sancionada pelo próprio presidente.
INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL : Inconstitucionalidade por violação ao princípio da razoabilidade. A doutrina da
razoabilidade vem sendo estudada por três autores principais:
Alexy, Canotilho e Gilmar Ferreira Mendes. Segundo essa
doutrina, o princípio da razoabilidade é subdivido em 3 espécies:
adequação, necessidade e proporcionalidade. O meio deve ser adequado e necessário para o fim visado e deve haver proporção entre os meios e os fins.
ADEQUAÇÃO. Uma lei que proíba a venda de bebidas alcóolicas no Carnaval, sob o fundamento de que o consumo do
álcool aumenta o contágio de doenças venéreas. Essa lei, muito
embora não viole qualquer preceito constitucional, ela é inválida,
inconstitucional porque inadequada. Não há adequado entre o meio
escolhido e o fim visado, pois o contágio de doenças venéreas não
se dá por causa do consumo de álcool. O conteúdo da lei é
inválido, inconstitucional por ferir o princípio da razoabilidade.
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NECESSIDADE. Uma fábrica polui um rio, entretanto, bastaria a colocação de filtros no sistema de esgota da fábrica
para cessar a poluição. Ocorre que uma lei, ao invés de dispor
sobre a obrigatoriedade de instalação de tais filtros, determina o
fechamento da fábrica. Essa lei é inconstitucional porque
desnecessária. Não é necessário para que se atinja o fim –
término da poluição – o meio encontrado – fechamento da fábrica.
PROPORCIONALIDADE. Uma lei dispõe que todos os
monumentos públicos da cidade devem ser cercados com cercas
elétricas, com descarga com potencial de matar eventual cidadão
que queira violar a cerca para pichar o monumento. A lei é
inconstitucional porque é DESPROPORCIONAL. Não há proporção entre
o meio (sacrifício da vida) e o fim (preservação do patrimônio
público).
O STF tem se utilizado do princípio da
razoabilidade para declarar a inconstitucionalidade de leis.
Esse princípio tem importante aplicação no direito administrativo,
especialmente em relação à máxima de que não há controle judicial
do mérito do ato administrativo.
Em direito público, se defende hoje a possibilidade
do controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário, desde
que esse controle seja indireto, ou seja, incida sobre os limites
do mérito, levando-se em conta a razoabilidade que é o limite a
que está sujeito o ato discricionário.
Há um acórdão do STJ que admite o questionamento do
limite do mérito do ato administrativo, proferido em um Mandado de
Segurança impugnando concurso público porque a banca havia
divulgado os parâmetros para a atribuição da notas e um candidato
que tinha seguido o padrão, não tinha logrado obter a nota mínima
divulgada pela banca.
A segunda classificação da inconstitucionalidade é
formada pela INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO e INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO.
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A inconstitucionalidade por ação decorre de um
comportamento positivo do Estado no campo legislativo. É editada,
pelo Estado, uma norma contrária à Constituição.
A inconstitucionalidade por omissão decorre de um comportamento negativo do Estado no campo do processo legislativo.
Não há uma norma contrária à Constituição. Na realidade, a
inexistência de uma norma é que gera a inconstitucionalidade (ex.
art. 134, parágrafo único, que dispõe que todos os Estados deveriam
criar a Defensoria Pública, o que não foi ainda feito no Estado de
São Paulo – tal conduta importa em inconstitucionalidade por
omissão).
Toda a inconstitucionalidade por omissão fica
sujeita a um pressuposto genérico e a dois requisitos especiais.
O pressuposto da inconstitucionalidade por omissão é a EXISTÊNCIA DE UMA NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA LIMITADA. Só
há inconstitucionalidade por omissão se a norma constitucional for
de eficácia limitada. Isto porque a única norma da Constituição
que impõe um dever de produção legal é a norma constitucional de
eficácia limitada.
OBSERVAÇÃO: A norma constitucional de eficácia plena não necessita de uma lei – desnecessidade de legislar. Na norma constitucional de eficácia contida pode existir uma lei que poderá conter seu conteúdo – faculdade de legislar. Contudo, na norma constitucional de eficácia limitada há um dever de legislar. A lei é imprescindível.
Há 2 requisitos da inconstitucionalidade por
omissão: (i) inércia de qualquer poder do Estado; (ii) durante intervalo de tempo razoável. Ou seja, sendo a norma de eficácia
limitada, deve-se verificar a existência da inércia legislativa em
um intervalo de tempo razoável.
Questão sobre o tema:
É possível existir a inconstitucionalidade por omissão através de ação?
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Resposta: Pode, mas somente no caso de
inconstitucionalidade por omissão relativa, que ocorre em todas as hipóteses em que é exigível que seja
concedido um benefício a uma categoria de pessoas e
esse benefício somente é concedido para uma parcela
dessa categoria. Há ação por causa da lei, mas há
omissão inconstitucional porque a lei não contemplou
toda a classe que deveria ser beneficiada.
A inconstitucionalidade por omissão não pode ser
confundida com lacuna da lei. Isto porque entre estes conceitos há duas diferenças básicas: A lacuna é automática, ela não precisa
aguardar intervalo de tempo para existir. De outro lado, a
inconstitucionalidade por omissão só existe depois de decorrido
espaço de tempo razoável para a edição da norma exigida. Além
disso, a lacuna é preenchida pelo intérprete quase sempre através da
integração, ou seja, através da analogia, costume e princípios
gerais do direito. A inconstitucionalidade por omissão, por sua
vez, somente é preenchida por decisão judicial proferida em Ação
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão ou em Mandado de
Injunção, que são as ações próprias para tanto.
A terceira classificação de inconstitucionalidade é
a Inconstitucionalidade das Normas Constitucionais.
A norma constitucional pode ser inconstitucional
nas hipóteses de: (1) norma constitucional federal que viole as
limitações materiais ao poder de reforma à Constituição, que são
veiculas por Emenda ou Revisão (ex. Emenda à Constituição que prevê
a pena de morte); (2) norma constitucional estadual, originária ou não, que viole norma constitucional federal de repetição obrigatória
(ex. norma constitucional estadual que disponha que homens e
mulheres são desiguais perante a lei).
SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Os sistemas de controle podem ser classificados de
duas formas diferentes: (i) no que tange à natureza do órgão que
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efetua o controle (ii) no que tange ao momento em que o controle é exercido no caso concreto. No que se refere à natureza do órgão, o
controle pode ser político ou judicial. No que tange ao momento, o controle pode ser preventivo ou repressivo.
Natureza do Órgão : O controle político é aquele controle
efetuado por órgão não integrante do Poder Judiciário, por isso
político. Na França, o controle de constitucionalidade é feito
pelo Conselho de Estado, que é órgão político. Por sua vez, o
controle judicial é aquele feito por um órgão integrante do Poder Judiciário.
Momento do Exercício do Controle : O controle preventivo é o
controle efetuado antes da eficácia da norma jurídica. É o
controle feito sobre a proposta de emenda à constituição ou sobre
o projeto de lei. O controle repressivo é o efetuado durante a eficácia da norma. O controle será efetuado sobre a própria lei
ou emenda à constituição.
O sistema brasileiro é MISTO, ou seja, admite tanto o controle político, que deve ser, em regra, preventivo, e o
controle judicial que, em regra, é repressivo.
O controle político preventivo tem sua principal
expressão no art. 66, §1º, da CR’88, que prevê o controle de
constitucionalidade feito pelo Presidente da República sobre o
projeto de lei.
O controle judicial repressivo está previsto no
art. 102, I, alínea “a”, que dispõe sobre a competência do STF para
julgar a ADIN sobre lei ou ato normativo. O controle é realizado
pelo Supremo Tribunal Federal – órgão judicial - posteriormente ao
surgimento da lei, daí porque é repressivo.
Contudo, há exceção à regra geral. Há uma hipótese
raríssima de controle de constitucionalidade político repressivo e
uma hipótese de controle judicial preventivo.
Controle Político Repressivo - Art. 49, V, CR’88 – confere ao Congresso Nacional a possibilidade de sustar os atos normativos
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do Poder Executivo que exorbitarem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa. Essa delegação legislativa
está prevista no art. 68, §2º, da CR’88 e, se o Presidente da
República, exceder os limites da delegação na lei delegada,
poderá ser realizado, pelo Congresso Nacional, o controle
político repressivo do ato normativo.
Controle Judicial Preventivo - Mandado de segurança impetrado por membro do Congresso Nacional, no STF, contra proposta de
emenda à constituição que viole cláusula pétrea, ao argumento de
que o impetrante dispõe do direito líquido e certo a não
participar de processo legislativo inconstitucional. Se estiver
tramitando no Congresso Nacional proposta de emenda tendente a
abolir cláusula pétrea, o parlamentar poderá impetrar Mandado de
Segurança visando a resguardar o seu direito de não participar da
deliberação da matéria. O impetrante deve ser membro do
Congresso Nacional (deputado federal ou senador da república) e o
objeto somente pode ser referente à proposta de emenda à
constituição e não projeto de lei. Essa é a única possibilidade
de se trancar processo legislativo através da via judicial.
MÉTODOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O Sistema Brasileiro de Controle de
Constitucionalidade é misto, ou seja, em regra, político-preventivo
e judicial-repressivo.
Métodos de controle de constitucionalidade são
especificações do controle judicial-repressivo. São dois os
critérios para os métodos de controle de constitucionalidade: (i) número de órgãos judiciais e; (ii) modo de exercício do controle judicial.
No que se refere ao número de órgãos, o controle
pode ser DIFUSO ou CONCENTRADO. No que tange ao modo, o controle pode ser pela VIA DE EXCEÇÃO ou pela VIA DE AÇÃO DIRETA.
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Número de órgãos: O controle difuso é aquele exercido por
qualquer órgão judicial. É também chamado MÉTODO AMERICANO.
O controle concentrado será exercido por um
único órgão ou por um número certo de órgãos judiciais. É também
chamado MÉTODO AUSTRÍACO.
Modo: Na via de exceção a inconstitucionalidade é argüida
como causa de pedir. Ex. Uma lei tributária institui um tributo de forma inconstitucional. O contribuinte pretende receber o que pagou
indevidamente. A ação cabível será a ação de repetição de indébito.
O pedido será o de repetir o indébito, mas a causa de pedir será a
inconstitucionalidade da lei tributária.
Na via de ação direta, a inconstitucionalidade é
argüida como pedido. Na ADIN, o pedido será o de declarar a
inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo.
O controle de constitucionalidade difuso é sempre instrumentalizado pela via de exceção. O controle da constitucionalidade concentrado é sempre exercido através da via de ação direta.
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE PELA VIA DE EXCEÇÃO
Características : O controle de constitucionalidade pela via de exceção tem 4 características básicas: (1) a
inconstitucionalidade é argüida como causa de pedir; (2) a
inconstitucionalidade figura, no processo, como questão prejudicial ao mérito; (3) decisão a respeito da
inconstitucionalidade figurará como fundamentação da sentença e não como sua parte dispositiva; (4) a declaração da
inconstitucionalidade não fará coisa julgada material.
Questão sobre o tema:
É cabível no controle de constitucionalidade por via de exceção a ação declaratória incidental?
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Resposta: A ação declaratória incidental é uma ação que tem por fim converter questão prejudicial em
mérito. É uma ação cujo mérito corresponde à questão
prejudicial da ação sobre a qual ela é incidentemente
proposta para que se forme a coisa julgada sobre ela.
Segundo o Prof. Humberto Dalla (que compõe a banca do
MP-RJ), não cabe ação declaratória incidental para
argüir a inconstitucionalidade pela via de exceção
primeiro porque, no que se refere ao órgão competente,
a inconstitucionalidade somente pode ser apreciada pelo
STF ou pelo Tribunal local como questão de mérito, por
isso se fosse admitida a ação declaratória incidental
haveria uma supressão de instância, na medida em que se
atribuiria ao juiz singular a análise da questão a
título de mérito. Em segundo lugar, haveria uma
supressão no que tange à própria legitimação ativa,
pois somente podem suscitar a inconstitucionalidade
como mérito os legitimados previstos no texto
constitucional.
Denominação atribuível ao controle pela via de exceção : O termo exceção é tecnicamente incorreto, da mesma forma que é equivocada
a denominação de controle incidental. O título mais adequado a
ser utilizado é CONTROLE CONCRETO, em contrapartida ao controle
ABSTRATO.
Legitimação : A inconstitucionalidade na via de exceção pode ser argüída por: (1) demandante (qualquer pessoa que ocupe o pólo
ativo); (2) demandado; (3) terceiro interveniente; (4) Ministério Público, tanto como órgão interveniente (“custos
legis”) e órgão agente (parte).
Questões sobre o tema:
É admissível a declaração de inconstitucionalidade “ex officio”? Pode o Juiz decretar a inconstitucionalidade sem que qualquer legitimado tenha suscitado tal questão nos autos do processo?
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Resposta: É possível porque se trata de matéria de
ordem pública, podendo ser conhecida de ofício pelo
juízo.
Pode se falar em preclusão lógica ou temporal no que se refere à questão da inconstitucionalidade? A inconstitucionalidade pode ser argüída a qualquer momento, inclusive em 2a instância?
Resposta: Sim, é possível porque se trata de questão de ordem pública, podendo inclusive o Tribunal conhecê-
la de ofício. Não há preclusão temporal no caso, nem
lógica. Se a questão somente for suscitada na hora do
julgamento, a Câmara terá que converter o julgamento em
diligência, a fim de que seja dado conhecimento da
alegação pela outra parte.
Cabimento : O controle de constitucionalidade concreto é
cabível em qualquer tipo processo (conhecimento, cautelar,
execução, remédio constitucional, etc.).
A controvérsia sobre o tema reside no cabimento desse controle de
constitucionalidade na ação civil pública, pois esta não tem cunho individual, mas sim coletivo. Há duas correntes sobre o
tema: A primeira corrente, que tem 4 principais autores – Gilmar F. Mendes, José dos Santos Carvalho Filho, Arnold Wald e Arruda
Alvim – defende que é inadmissível o controle de
constitucionalidade pela via exceção na ação civil pública porque,
primeiro, há um impedimento no que toca à legitimação ativa, pois
a ação civil pública estaria sendo utilizada como substituta de
uma ação direta de inconstitucionalidade por quem não detém
legitimidade para tanto e, em segundo lugar, porque haveria uma
confusão no que se refere aos efeitos da decisão, pois na ação
civil pública os efeitos da sentença são, em geral, “erga omnes”
idênticos ao controle abstrato da constitucionalidade. Não é
adequado que se suscite essa posição em provas para o Ministério
Público.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
A segunda corrente – Luiz Roberto Barroso, Alexandre Freitas Câmara, Clemerson Cléve, Hugo Nigro Mazzille – sustenta a
admissibilidade do controle de constitucionalidade concreto na
ação civil pública, seja porque é impossível que a ação civil
pública seja substituta de uma ADIN, pois ambas têm
características próprias que não se confundem. Na ação civil
pública, a questão constitucional será argüída como causa de
pedir, sendo questão prejudicial de mérito, devendo ser abordada
na fundamentação da sentença, sobre a qual não haverá coisa
julgada. Na ADIN, a questão constitucional é argüída como pedido,
sendo questão de mérito da ação e, consequentemente, formando
coisa julgada pois será decidida na parte dispositiva do acórdão.
Com relação aos efeitos, a decisão que na ação civil pública
tratar da constitucionalidade não terá efeitos “erga omnes”, pois
sobre ela não recairá a coisa julgada. A eficácia “erga omnes”
deve ser entendida como sendo a eficácia contra todos da coisa
julgada material formada.
Além disso, o art. 103 do Código de Defesa do Consumidor, que
versa sobre coisa julgada nas ações coletivas, dispõe que a coisa
julgada terá efeitos “erga omnes” na hipótese de interesse difuso
(inciso I); na hipótese de interesse coletivo (inciso II), a coisa
julgada não será “erga omnes”, mas sim “ultra partes”, ou seja,
para pessoas que constituam certo grupo e, na hipótese de
interesse individual homogêneo (inciso III), o efeito será “erga
vitima”, ou seja, para todas as vítimas do evento. Dessa forma,
nos casos de interesses coletivo e individual homogêneo a coisa
julgada não será, de qualquer forma, “erga omnes”.
O Supremo Tribunal Federal alterou, recentemente, a sua posição
anterior, pacificando o entendimento de que é cabível o controle
da constitucionalidade pela via de exceção na ação civil pública.
TEMAS CONTROVERTIDOS SOBRE O CONTROLE PELA VIA DE EXCEÇÃO
Princípio da Reserva de Plenário: CR’88, art. 97 e CPC, arts. 480 a 482;
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Suspensão de execução da lei declarada inconstitucional: CR’88, art. 52.
ART. 97, CR’88 - PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO
O art.97 da CR’88 dispõe que a
inconstitucionalidade só pode ser declarada, em Tribunal, por órgão
composto pela maioria absoluta de seus membros, ou seja, Plenário ou
Órgão Especial – nunca pode ser declarada por Câmara porque esta não
tem a maioria absoluta dos membros do Tribunal. Tal disposição
significa o PRINCÍPIO DE RESERVA DE PLENÁRIO.
Na prática, há 4 hipóteses admitidas:
a) causa tramitando em 1a instância, sendo que o juiz entende que a
norma argüída como inconstitucional é constitucional. Pergunta-
se: aplica-se ao caso o princípio da reserva de plenário? Não
porque a hipótese não é de Tribunal e sim de Juízo e também não é
de inconstitucionalidade. A decisão será proferida normalmente
pelo Juiz que, na sentença, declarará a norma constitucional na
fundamentação, apreciando posteriormente o mérito da questão.
b) causa tramitando em 1a instância, sendo que o juiz entende que a
norma argüída como inconstitucional é realmente inconstitucional.
Pergunta-se: aplica-se ao caso o princípio da reserva de
plenário? Não porque a hipótese não é de Tribunal, mas sim de
Juízo. A decisão será proferida normalmente pelo Juiz que, na
sentença, declarará a norma inconstitucional na fundamentação,
apreciando posteriormente o mérito da questão.
c) Recurso tramitando em 2a instância, sendo que a Câmara entende
que a norma argüída como inconstitucional é constitucional.
Pergunta-se: aplica-se ao caso o princípio da reserva de
plenário? Não porque a hipótese, apesar de ser de Tribunal, não
é caso de inconstitucionalidade. A Câmara proferirá o acórdão,
constando na fundamentação deste que a norma é constitucional e
julgando o mérito com base na norma constitucional.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
d) Recurso tramitando em 2a instância, sendo que a Câmara entende
que a norma argüída como inconstitucional é realmente
inconstitucional. Pergunta-se: aplica-se ao caso o princípio da
reserva de plenário? Sim, porque se trata de hipótese de Tribunal
e que é de inconstitucionalidade. O art. 97 da CR’88 e os art.
480 a 482 do CPC nessa hipótese. A Câmara irá lavrar o acórdão
onde constará seu entendimento acerca da inconstitucionalidade da
lei impugnada no processo. O julgamento será suspenso e os autos
serão remetidos ao Plenário ou, se existir, ao Órgão Especial,
que decidirá sobre a inconstitucionalidade, ficando a Câmara
vinculada ao entendimento consolidado pelo Plenário. Após o
julgamento da declaração de inconstitucionalidade, os autos
retornarão à Câmara para prosseguimento do julgamento do mérito
do recurso.
O acórdão da Câmara terá natureza de decisão judicial de caráter
complexo, pois produzida por 2 órgãos distintos do Tribunal.
Questão sobre o tema:
Qual o nome técnico ao fenômeno de remessa, pela Câmara ao Plenário, do recurso para análise da questão tida como inconstitucional?
Resposta: Cisão Funcional de Competência no Plano
Horizontal. A Câmara terá sua competência para
julgamento cindida para aplicação do princípio da
Reserva de Plenário. É horizontal porque o órgão que
também apreciará a questão tem a mesma competência do
que a da Câmara.
OBSERVAÇÃO: A argüição de descumprimento de preceito fundamental pode se dar de forma direta ou incidental, sendo que nela pode ocorrer, também,
esse fenômeno. Contudo, a cisão será no plano vertical, porque se dará
entre o STJ e o STJ, ou seja, há uma Cisão Funcional de Competência no Plano Vertical porque o STF é considerado hierarquicamente superior ao STJ. Tem semelhança com a AVOCAÇÃO, mas não é idêntica, pois nesta o
fenômeno é inconstitucional por violar o princípio do Juiz Natural e
também não haverá cisão de competência, mas sim remessa integral de toda
a questão para apreciação pelo órgão superior.
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É constitucional ou não o art. 481, parágrafo único, do CPC?
Resposta: Somente dois autores se manifestam sobre o tema – Nagib Slaibi Filho e Alexandre Freitas Câmara.
Para o Des. Nagib, a norma é constitucional, pois a aplicação do parágrafo único do art. 481 somente deve
se dar nas hipóteses novas, não se aplicando às
questões já decididas pelo Tribunal, anteriormente à
vigência da lei que introduziu tal disposição no CPC.
O STF também admite a constitucionalidade desse
dispositivo.
Alexandre Câmara entende que a norma é inconstitucional porque viola o princípio da Reserva de Plenário e o
princípio da Ampla Defesa, pois haverá uma extensão dos
efeitos de uma decisão, proferida em outro processo, à
hipótese em exame pela Câmara, sem que a parte, neste,
tenha tido a oportunidade de contestar a decisão
proferida no processo anterior.
O Princípio da Reserva de Plenário se aplica às Turmas Recursais de JEC?
Resposta: Há diferença entre instância e grau. Instância é um termo ligado ao órgão judicial (órgão de 1a instância – Juízo; órgão de 2a instância – Tribunal).
Grau é ligado, não ao órgão judicial, mas sim à
atividade judicial (atividade em 1º grau – causa;
atividade em 2º grau – recurso).
Em regra, a instância corresponde ao grau – o órgão de
1a instância atua em 1º grau (o juízo atua na causa),
enquanto o órgão de 2a instância atua em 2º grau (o
Tribunal atua no recurso).
Contudo, excepcionalmente essa regra não é obedecida.
Há a possibilidade de um órgão de 1a instância atuando
em 2º grau (juízes de 1a instância atuando em recurso
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nas Turmas Recursais), como também é possível que órgão
de 2a instância atue em 1º grau (competência originária
dos Tribunais).
Como o art. 97 somente se refere a Tribunal, ou seja,
órgão de 2a instância, não é possível a aplicação do
Princípio da Reserva de Plenário para as Turmas
Recursais, que são órgãos de 1a instância. Se a Turma
entender que a norma é inconstitucional, ela deve atuar
como qualquer juiz, ou seja, se entender que a norma é
inconstitucional, ela deve declarar o vício no seu
julgamento.
É com base inclusive nesse entendimento que se afirma
que não é possível a interposição de recurso especial
contra as decisões proferidas pelas Turmas Recursais,
pois o art. 105, III, dispõe, expressamente, que o
recurso especial somente é cabível contra decisões
proferidas pelos TRIBUNAIS.
De outro lado, porque o art. 102, III, da CR’88 não se
refere, em seu texto, a Tribunais, entende-se cabível a
interposição de recurso extraordinário contra as
decisões das Turmas Recursais. Excepcionalmente, só
será cabível o recurso especial contra acórdão da Turma
Recursal quando esta extrapole de sua competência (ao
contrário senso da antiga redação da Súmula 203 do STJ)
ARTIGO 52, X, CR’88 – SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA LEI
A CR’88, no art. 52, X, dispõe que compete ao
Senado suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
A SUSPENSÃO DE EXECUÇÃO nada mais é do que um
INSTITUTO DE CONVERSÃO DE EFICÁCIA INTER-PARTES EM EFICÁCIA “ERGA
OMNES”. Ou seja, a decisão do STF que declara a
inconstitucionalidade da lei surte efeito apenas entre as partes do
18
DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
processo. A partir do momento em que há a suspensão da execução
pelo Senado dessa lei, a eficácia da decisão passa a ser “erga
omnes”.
São características da suspensão:
1) Só há suspensão em última instância, ou seja, não se pode falar
em suspensão da execução se a decisão não for de última
instância, ou seja, proferida pelo STF, devidamente transitada em
julgado, no caso de lei federal. Pelo princípio da simetria, no
âmbito estadual, deverá haver o trânsito em julgado da última
decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado para que a
Assembléia possa suspender a lei declarada inconstitucional em
face da Constituição Estadual.
2) Só pode haver suspensão na via do controle de constitucionalidade
por exceção. Essa suspensão não pode se dar na via da ação
direta, pois nesse caso já há eficácia “erga omnes”.
3) A lei passível de suspensão pode ter qualquer origem. O Senado
pode suspender a lei federal/estadual/municipal quando a
inconstitucionalidade for declarada em face da Constituição da
República.
O fundamento lógico de se conferir ao Senado o
poder de suspender a execução da lei declarada inconstitucional
reside, primeiramente, na defesa do interesse público
consubstanciado na necessidade de se dar eficácia à decisão, para
todas as pessoas, de que determinada lei é inconstitucional.
De outro lado, porque a coisa julgada somente tem
eficácia inter partes não é possível ao próprio Poder Judiciário
atribuir a eficácia “erga omnes” à decisão, sob pena de se violar os
limites da coisa julgada, daí porque foi atribuído a um órgão
externo, no caso o Senado Federal, que é um órgão político, a
possibilidade de ampliar os limites da decisão.
Note-se que o Senado não analisará o mérito da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, apenas lhe
atribuirá uma eficácia maior.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
Assim, a suspensão da execução prevista no art. 52,
X, da CR’88 é um instrumento de conversão da eficácia inter-partes
em eficácia erga omnes, só ocorrendo quando há decisões transitadas
em julgado em última instância, exclusivamente na via de exceção,
independendo da origem da norma. Seu fundamento reside na
necessidade de se conferir eficácia erga-omnes à decisão, sem se
violar os limites subjetivos da coisa julgada.
Questões importantes sobre o tema:
O Senado é obrigado a suspender a execução da lei?
Resposta: Há 3 correntes sobre o tema:
A primeira corrente é a da OBRIGATORIEDADE, defendida por Lúcio Bittencourt. Essa corrente entende que é
obrigatória a suspensão da lei pelo Senado porque todo
o sistema de suspensão da execução configura ATO
COMPLEXO, porque o ato só vai existir se houver a
manifestação da vontade obrigatória dos 2 órgãos –
Supremo Tribunal Federal e Senado Federal.
OBSERVAÇÃO: Diferença entre ato complexo, ato composto e procedimento
ATO COMPLEXO: Há um ato só que está sujeito à vontade de dois órgãos distintos (ex. lei – aprovada pelo Legislativo e promulgada pelo
Executivo). Ele representa uma fusão de vontades. Nele, dois órgãos
distintos manifestam vontades, gerando um ato só.
ATO COMPOSTO: Na hipótese de ato composto, em rigor, não há um ato só. São dois atos – um ato principal e um ato acessório, sendo que
este último tem por função conferir eficácia ao primeiro, ou seja,
ao ato principal. Ex. Visto do Procurador Geral em parecer do
procurador do Estado sujeito à aprovação.
PROCEDIMENTO: São três ou mais atos encadeados destinados a
produção de um ato final.
Não se pode confundir procedimento com processo. Procedimento nada mais é do que a exteriorização do processo.
A segunda corrente é a da OBRIGATORIEDADE MITIGADA. Ela é defendida por Alfredo Buzaid e está fundamentada
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
na existência dos requisitos formais. Assim, para essa
corrente, o Senado está obrigado a suspender a lei
quando a decisão do Supremo Tribunal Federal preencher,
integralmente, todos os requisitos formais para sua
validade. A falta de qualquer requisito formal (não há
necessidade que essa ausência importe em nulidade, pode
ser uma mera irregularidade) não obriga o Senado a
suspender a lei.
A terceira corrente é a da FACULTATIVIDADE. Ela é
sustentada pelo Min. Celso Mello do STF, e é pacífica
nesse Tribunal. Segundo essa corrente, fica a critério
discricionário do Senado a suspensão da lei, pois se
trata de ATO DISCRICIONÁRIO.
Qual a eficácia temporal da suspensão da execução – EX TUNC ou EX NUNC?
Resposta: Predomina a corrente que defende que a
suspensão da lei terá eficácia “ex tunc” retroativa à
data da decisão do Supremo Tribunal Federal e não desde
a sua edição (posição do Gilmar Ferreira Mendes).
Contudo, o Des. Nagib Slaibi Filho defende que a suspensão da lei terá eficácia “ex nunc” a partir da data da suspensão pelo Senado (Livro – Anotações à Constituição).
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE PELA VIA DIRETA
A grande diferença entre o controle de
constitucionalidade entre a via de exceção e a via da ação direta é
que, na primeira, o controle ou a questão é argüida como causa do
pedido, enquanto na segunda, a inconstitucionalidade é o próprio
pedido.
O controle de constitucionalidade pela via direta
tem quatro características:
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
1) A questão constitucional é argüida como pedido da ação;
2) A questão constitucional é o mérito da ação;
3) A declaração da inconstitucionalidade deve figurar na parte
dispositiva da ação;
4) A declaração de inconstitucionalidade faz coisa julgada material.
São cinco tipos de controle de constitucionalidade
pela via da ação direta: ADC, ADIO, ADIN, AI e Argüição de
Descumprimento de Preceito Fundamental
Ação Direta de Constitucionalidade – ADC
Ação Direta de Inconstitucionalidade, que se divide em Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADIO), Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (ADIN), Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (AI)
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
No âmbito estadual, são admitidas a ADIN, que, no caso, é chamada de Representação de Inconstitucionalidade (art. 125,
§2º, da CR’88) e a Ação Interventiva (art. 35, da CR’88). Além
disso, é expressamente excluída da competência do Estado a ação de
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (art. 102, §1º,
da CR’88).
Há dúvida, portanto, quanto ao cabimento, no âmbito
estadual, da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão e da
Ação Direta de Constitucionalidade.
São 2 as correntes que tratam do assunto: uma
corrente admite as duas ações, porque a Constituição não as proíbe
expressamente, e outra corrente que defende que não é possível a
instituição, pelos Estados, dessas ações, como José Afonso da Silva,
pois a Constituição não as admite.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
A Constituição do Estado do Rio de Janeiro, no art.
161, expressamente admite a Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão.
AÇÃO DIRETA EM GERAL
Natureza Jurídica do Processo de Ação Direta: Esse processo tem a natureza jurídica de PROCESSO OBJETIVO.
Características do Processo Objetivo: O processo objetivo se distingue do processo subjetivo (ação penal, ação trabalhista,
etc.) porque:
1. Litígio – no processo objetivo não há lide, a jurisdição é exercida sem caso concreto. Ela é exercida numa
questão hipotética – norma em tese;
2. Partes – no processo objetivo só há uma parte
individualizada – a parte autora. Não há quem ocupe o
pólo passivo da lide – não há parte ré;
OBSERVAÇÃO: No processo subjetivo, há ações em que também não há
individualização de uma das partes – como no usucapião, na desapropriação
e na ação de nunciação de obra nova, quando não se sabe quem é o
proprietário do imóvel, mas são hipóteses raras.
OBSERVAÇÃO: O advogado geral da União, na ação direta, não representa a União Federal.
3. Contraditório - no processo objetivo não há
contraditório, pois não há quem ocupe o pólo passivo da
lide;
OBSERVAÇÃO: Nem todo o processo é contraditório, pois são admitidos
processos administrativos em que não se exige contraditório. Nos
processos administrativos, apenas os processos disciplinares ou naqueles
em que poderá haver um atingimento de direitos de particular serão
contraditórios.
4. Interesse Processual – A demonstração do interesse
processual, em algumas hipóteses, é dispensada. É
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
dispensada a demonstração de interesse pelos legitimados
ativos universais, sendo exigida dos legitimados ativos
especiais.
5. Objeto - No processo objetivo, o objeto é a tutela do direito objetivo, entendido como a ordem jurídica, que é
lesada por uma norma inconstitucional.
6. Modo de exercício – O processo objetivo é instaurado por via de uma ação direta.
Assim, o processo objetivo não tem lide, não há partes individualizadas, não tem contraditório, em alguns casos é dispensável a comprovação do interesse processual, tem por intuito defender um direito objetivo e é instaurado por via de uma ação direta.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN
Seus fundamentos estão, na Constituição da
República, no art. 102, I, alínea “a” – parte inicial. Na
legislação, está prevista na Lei 9868/99.
Há uma grande controvérsia a respeito da aplicação
da Lei 9868/99 no âmbito estadual. Existe apenas uma decisão do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, proferida pelo Des.
Sérgio Cavalieri, admitindo a aplicação da lei 9868/99 quando do
julgamento da Representação da Inconstitucionalidade, naquilo que
for compatível com o Estado, em razão do princípio da simetria.
Legitimação Ativa : Está prevista no art. 103 da CR’88, cuja
enumeração é TAXATIVA. Entretanto, admite-se interpretação
extensiva em dois incisos – IV e V – porque o art. 103 não se
refere ao Distrito Federal, por isso, no inciso IV pode-se
interpretá-lo como sendo Mesa da Câmara Legislativa – DF e no
inciso V como sendo Governador do Distrito Federal.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
O art. 103 estabelece duas categorias de legitimados: UNIVERSAIS e ESPECIAIS. Os legitimados ativos universais são os
estabelecidos nos incisos: I, II, III, VI, VII, VIII. Os
legitimados ativos especiais estão previstos nos incisos IV, V e
IX. A diferença básica entre eles é que, nos universais, não se
exige a comprovação do interesse processual porque a própria
função que eles exercem já pressupõe seu interesse na causa. O
legitimado especial tem que demonstrar seu interesse processual,
comprovando a PERTINÊNCIA TEMÁTICA entre o tema versado na ação e
a função por ele exercida.
A capacidade postulatória somente é exigida para os legitimados previstos nos incisos VIII e XI, que devem estar representados
por advogados.
Os legitimados previstos nos incisos I a VII atuarão em nome
próprio, o que representa uma exceção constitucional à regra da
capacidade postulatória específica do advogado. Outras exceções
a essa regra estão no Habeas Corpus, nos Juizados Especiais
Cíveis e na Justiça Trabalhista.
É admitido o litisconsórcio facultativo ativo, desde que todos os litisconsortes sejam legitimados ativos na forma do art. 103 da
CR’88. Ou seja, desde que os autores tenham condições de
condução autônoma do processo.
A atuação do AGU (Advogado Geral da União) nas ADIN´s, prevista no art. 103, §3º, da CR´88, se limita à condição de CURADOR DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA IMPUGNADA. Contudo, há uma decisão do STF que mitiga a função vinculada (sempre ter que
defender a norma inconstitucional) do Advogado Geral da União,
porque ressalva a possibilidade de o AGU não se pronunciar
defendendo a norma impugnada, no caso de haver decisão anterior
do próprio Supremo Tribunal Federal já reconhecendo a
inconstitucionalidade da norma questionada na ADIN.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
Características Especiais dos Legitimados (art. 103 da CR’88)
INCISO I – Presidente da República: A sanção presidencial não convalida a inconstitucionalidade quanto há usurpação da sua
iniciativa privativa para a lei.
Questão sobre o tema
Qual o principal exemplo do princípio de freios e contra-pesos, onde há controle pelos 3 Poderes na mesma hipótese fática?
Resposta: O projeto de lei aprovado pelas 2 Casas (Câmara e Senado) – Poder Legislativo. Esse projeto é enviado ao
Presidente – Poder Executivo – para sanção. Aí reside o
primeiro controle – do Poder Executivo sobre o Poder
Legislativo (análise, pelo Poder Executivo, do projeto de
lei aprovado pelo Poder Legislativo). Se o Presidente vetar
o projeto, a CR’88 prevê a análise desse veto pelo Poder
Legislativo, estando aí o 2º controle – do Poder Legislativo
pelo Poder Executivo (análise, pelo Poder Legislativo, do
veto presidencial). Com a derrubada do veto, pode o
Presidente da República ajuizar ADIN – 3º controle – do
Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo e Executivo.
Essa é a hipótese de ocorrência de controle, em uma mesma
hipótese fática, pelos 3 Poderes.
INCISOS II e III – Mesa do Senado e Mesa da Câmara: A ação deve ser proposta pela Mesa. Quem tem legitimidade de agir é o órgão
de direção, ou seja, a Mesa da Câmara ou do Senado. Todos os
integrantes desses órgãos devem subscrever a petição inicial.
Questão sobre o tema:
Pode a Mesa atuar em contrariedade ao entendimento do Plenário? Sua atuação é independente?
Resposta: É absolutamente independente e discricionária a atuação da Mesa, por isso ela não está vinculada à posição
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
do Plenário. A Mesa pode propor a ADIN independentemente
de o Plenário entender que a ação não deve ser proposta.
Durante a licença do Presidente do Congresso Nacional, quem assumirá o cargo?
Resposta: Uma coisa é a Mesa da Câmara dos Deputados, outra coisa é Mesa do Senado Federal, como também é outra coisa a
Mesa do Congresso Nacional. Esta é composta, a partir do
Presidente do Senado Federal, por cargos alternativos e
equivalentes. Assim, a 1a Vice-Presidência do CN deve ser
ocupada pelo cargo alternativo (Câmara) e equivalente (1a
Vice-Presidência), ou seja, será ocupada pelo 1º Vice
Presidente da Câmara. O 2º Vice do CN será ocupado pelo 2º
Vice do Senado. Assim, se o Presidente do CN se licencia, o
cargo será ocupado pelo 1º Vice-Presidente da Câmara dos
Deputados, que será o 1º Vice-Presidente do Congresso
Nacional.
OBSERVAÇÃO: Ordem de sucessores do Presidente da República. O Presidente da República somente tem 1 (um) sucessor, que é o Vice-Presidente. Os demais – Presidente da Câmara, Presidente do Senado e Presidente do
Supremo Tribunal Federal – são substitutos do Presidente (art. 80 da
CR’88).
INCISOS IV e V – Governador do Estado ou Mesa da Assembléia Legislativa: O art. 103 da CR’88 contém uma enumeração
taxativa, entretanto, somente neste inciso é admitida uma
interpretação extensiva, para inclusão, no rol dos legitimados, o
Governador do Distrito Federal e a Mesa da Câmara Legislativa do
Distrito Federal. O art. 2º da Lei 9868/99 inclui, na qualidade
de legitimados, o Governador do Distrito Federal e a Câmara
Legislativa.
INCISO VI – Procurador Geral da República: O Ministério Público pode ser parte – órgão agente – ou é “custos legis” – órgão
interveniente. Na ADIN, o mesmo membro do Ministério Público
poderá exercer essas duas funções, pois ele poderá propor a ação
na qualidade de autor – órgão agente, como também deverá ser
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
ouvido na ADIN, conforme determinar o art. 103,§1º, da CR’88,
oferecendo parecer, na qualidade de órgão interveniente.
Inclusive, o Procurador Geral poderá se pronunciar contrariamente
à ação, mesmo que a demanda tenha sido por ele proposta. É a
mesma situação da Ação Penal Pública, onde nada impede que o
membro do Ministério Público se pronuncie, posteriormente à
propositura da ação penal, pela absolvição do réu.
OBSERVAÇÃO: Pode ocorrer a hipótese contrária, quando a mesma função por dois membros distintos. Ex. Falência onde se discute interesses de
menor. O Ministério Público atuará, na mesma função, como custos legis
pela falida e pelo menor, função essa que será exercida por membros
diferentes. Dois defensores público poderão atuar em pólos distintos na ação penal privada, quando a vítima do ato e o réu são hipossuficientes
econômicos e na ação penal pública se houver concurso de agentes com
defesas colidentes.
INCISO VII – Conselho Federal da OAB: O único legitimado é o Conselho Federal da OAB. Eventual Conselho Seccional do Estado
não poderá propor a ação, mesmo que a lei impugnada em face da
CR’88 seja estadual, pois a enumeração é taxativa.
INCISO VIII – Partido Político: A posição pacífica do STF é que para configurar a representação do partido político no Congresso
Nacional basta a presença de 1 (um) deputado ou 1 (um) Senador. A perda superveniente da representação do partido político
importa na extinção do processo, por ilegitimidade ativa
superveniente, segundo decisão do STF. VERIFICAR JURISPRUDÊNCIA SOBRE ISSO POIS NÃO PARECE RAZOÁVEL.
INCISO IX – Confederação Sindical ou Entidade de Classe de Âmbito Nacional: A confederação sindical é uma entidade sindical criada à luz do art. 535 CLT, ou seja, é a união de, no mínimo, três
federações sindicais. Não podem ser incluídas figuras
assemelhadas, assim a CUT, CNT e Força Sindical não podem propor
ADIN, porque tais entidades são meras centrais de trabalhadores e
não confederação sindical. A entidade de classe de âmbito nacional não está conceituada em qualquer lei do país. Na falta de lei o STF tem aplicado, analogicamente, o art. 7º, §1º, da Lei
9095/95 que é a Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Para que
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
se tenha uma entidade de classe de âmbito nacional é necessária a
presença de 3 requisitos: (1) a entidade deve congregar membros da mesma categoria econômica ou profissional (só professores, só
bancários, por isso é que a CUT não pode propor a ação a título
de entidade de classe, pois ela congrega diversas classes
profissionais); (2) deve haver filiados em pelo menos 9 estados membros; (3) os 9 estados devem estar dispersos nas 5 regiões do Brasil.
OBSERVAÇÃO: A UNE é parte ilegítima para propositura da ADIN, pois estudante não é classe econômica e nem é profissional.
Objeto da ADIN
O art. 102, I, “a”, dispõe que a ADIN deverá
tratar de lei federal ou estadual ou ato normativo. Mas há algumas
questões controvertidas a respeito do tema.
Primeiro, no que se refere às normas de repetição ou imitação, o controle da constitucionalidade da lei municipal contrária à Constituição Estadual e à Constituição da República se
dará a nível estadual e não federal. Ou seja, a ação proposta
deverá ser a Representação de Inconstitucionalidade perante o
Tribunal de Justiça do Estado, porque a competência para o controle
de constitucionalidade abstrato não é fixada pelo conteúdo da norma,
mas sim pela origem, além do que não cabe ADIN para impugnar a lei
municipal em face da CR’88.
No que tange à constitucionalidade da LEI
DISTRITAL, há a necessidade de se verificar a natureza da norma para
se definir se a lei é decorrente da competência estadual ou
municipal do Distrito Federal, pois este, de acordo com o art. 32,
§1º, da CR’88 acumula as competências legislativas do Município e do
Estado. Se for da competência estadual, é cabível o controle direto
da constitucionalidade, ao contrário, se a lei for decorrente da
competência municipal, não haverá possibilidade do controle
abstrato.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
Questões sobre o tema:
Pode o Tribunal de Contas da União apreciar a constitucionalidade da lei federal?
Resposta: De acordo com o autor português Jorge Miranda, há diferença entre declaração da inconstitucionalidade;
apreciação de inconstitucionalidade e inaplicação por
inconstitucionalidade. A declaração da
inconstitucionalidade somente pode decorrer de órgão
judicial. Apreciação da inconstitucionalidade é função
típica do intérprete constitucional, que pode ser qualquer
pessoa ou qualquer órgão. Assim, o TCU pode apreciar a
inconstitucionalidade, mas não pode declará-la.
Pode o chefe do Poder Executivo deixar de aplicar a norma inconstitucional?
Resposta: O chefe do executivo pode deixar de aplicar a norma inconstitucional, responsabilizando-se, entretanto,
pessoalmente por eventuais danos causados a terceiros.
Trata-se de poder-dever do chefe do Executivo a guarda da
Constituição.
Medida Liminar na ADIN
Tem fundamento na CR’88, art. 102, I, alínea “p” e
na Lei 9868/99, nos arts. 10 a 12.
Tem natureza antecipatória ou satisfativa, ou seja, antecipar os efeitos práticos da sentença, ao contrário da natureza
cautelar das demais liminares em cautelares, que é a de simplesmente
assegurar a eficácia do processo principal.
Efeitos da Liminar
OBTER O FINAL DA FITA
30
DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
TÉCNICA DA DECISÃO
A decisão que declarava a inconstitucionalidade, no
que tange aos seus efeitos quanto ao tempo de acordo com a doutrina
clássica, sempre teve eficácia “ex tunc”, ou seja, seus efeitos
retroagiam à data de produção da norma tida por inconstitucional.
Só que no ponto de vista prático, essa colocação era inconveniente,
pois em determinadas situações era necessário mitigar esse
entendimento, pois até a declaração da inconstitucionalidade que,
poderia levar anos, as normas produziam efeitos.
As TÉCNICAS DE DECISÃO são, assim, algumas
decisões que mitigam essa eficácia retroativa da decisão de
inconstitucionalidade. Trata-se de um gênero criado pelo Min.
Gilmar Ferreira Mendes de técnicas que mitigam a eficácia retroativa
da decisão que declara a inconstitucionalidade de uma norma.
No Brasil, a lei 9868 fez menção expressa a 4
técnicas, sendo que o STF entende cabível, ainda, uma quinta
técnica:
1) Restrição da eficácia temporal da decisão de
inconstitucionalidade – art. 27 da Lei 9868;
2) Afastamento do efeito repristinatório – art. 11, §2º, da Lei
9868;
3) Interpretação conforme a Constituição – art. 28, §único, da
Lei 9868;
4) Declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de
texto – art. 28,§único, da Lei 9868;
5) Processo de inconstitucionalização ou declaração de lei ainda
constitucional ou inconstitucionalidade progressiva – decisão
recente do STF.
31
DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
RESTRIÇÃO DA EFICÁCIA TEMPORAL
O art. 27 da Lei 9868/99 dispõe que o STF poderá
restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou
decidir que tal declaração só venha a ter eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado,
tendo em vista razões de segurança jurídica ou excepcional interesse
social.
Assim, o STF pode fixar um marco temporal qualquer
para o termo inicial da eficácia da decisão declaratória da
inconstitucionalidade, podendo ser “ex nunc”, quando o marco
temporal é fixado para a própria data da decisão ou “ex tunc”
parcial. Este marco pode ser fixado, inclusive, para data
posterior ao dia do julgamento da ação direta.
A presença dos pressupostos de segurança jurídica e
excepcional interesse social deve ser analisada pelo próprio Supremo
Tribunal Federal, pois se tratam de conceitos jurídicos
indeterminados.
AFASTAMENTO DO EFEITO REPRISTINATÓRIO
Está previsto no art. 11, §2º, da Lei 9868/99. O
efeito repristinatório é a retomada de vigência de uma norma
revogada por outra norma tida posteriormente por inconstitucional.
Em certas hipóteses, por expressa determinação
contida na decisão do STF, pode esse efeito ser afastado, evitando-
se a retomada de vigência de lei já revogada, mesmo que por norma
inconstitucional.
INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO e DECLARAÇÃO SEM REDUAÇÃO DE TEXTO
São técnicas típicas de normas constitucionais
plurisignificativas, ou seja, normas que podem suportar mais de um
32
DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
significado. São utilizadas quando o órgão tem a preocupação de
não considerar a norma como inconstitucional totalmente, mas somente
uma interpretação/aplicação a ela atribuída.
Essas técnicas estão previstas no art. 28,
parágrafo único, da Lei 9868/99 e diferenciam-se, apenas, no que
tange à interpretação ou aplicação da norma. Elas operam em campos
distintos, apesar de diversos autores sustentarem que são conceitos
idênticos.
A interpretação conforme a constituição vai se dar
quando a norma tida por inconstitucional pode ter mais de uma forma
de INTERPRETAÇÕES. A declaração de inconstitucionalidade sem
redução de texto vai ocorrer quando a norma impugnada tem
possibilidade de mais de uma APLICAÇÃO.
Aplicando-se tais técnicas, é afastada a
interpretação ou aplicação inconstitucional da norma. A decisão que
as utiliza deverá declarar a CONSTITUCIONALIDADE da norma objeto da
ADIN, desde que a mesma seja INTERPRETADA ou APLICADA da forma
compatível com a Constituição. Assim, a norma deixará de ser
plurisignificativa, passando a ter, somente, uma possibilidade de
aplicação ou interpretação compatível com a Constituição.
Ex. : Norma que declara que os homossexuais homens terão direito a determinado benefício. Ao invés de declarar a inconstitucionalidade
da norma, o Tribunal considera a norma constitucional desde que a
lei seja interpretada/aplicada como abrangendo casais de homens ou
de mulheres.
PROCESSO DE INCONSTITUCIONALIZAÇÃO ou INCONSTITUCIONALIZAÇÃO PROGRESSIVA
Ocorre quando a norma atualmente constitucional
passará a ser inconstitucional quando editada lei determinada pela
Constituição, modificando a situação de fato então existente. A
norma estará em trânsito para se tornar inconstitucional quando a
situação de fato desaparecer.
33
DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
O Tribunal não poderá declarar a
inconstitucionalidade da norma enquanto permanecer vigente a
situação de fato, ou seja, até que editada a lei prevista no texto
constitucional. No acórdão, tal situação será declarada, contudo,
a posterior promulgação da lei faltante não importará na declaração
automática da inconstitucionalidade da lei anterior, a qual
dependerá de nova ação de inconstitucionalidade.
Ex. (1) O art. 5º, §5º, da Lei 1060/50 (esse artigo teve a redação alterada em 1989) preceitua o prazo em dobro e a intimação pessoal
do defensor público. Foi proposta uma ADIN sob o fundamento de
inconstitucionalidade de tal dispositivo porque violava a isonomia
entre os órgãos análogos (Defensoria Pública e Ministério Público).
O STF entendeu que, enquanto não forem criadas as Defensorias
Públicas em todos os Estados e enquanto ainda haja, nos Estados em
que elas existem, desigualdade de condições entre MP e DP, a norma é
constitucional, advertindo-se, contudo, que quando essa situação de
fato desaparecer, a norma passará a ser inconstitucional.
(2) O art. 68 do CPP que dispõe que a ação civil ex-delicto, quando a vítima for hipossuficiente econômica, deverá ser proposta pelo
Ministério Público. A princípio essa norma é inconstitucional,
contudo, não existe defensoria pública em todos os Estados, por isso
que, enquanto não criada a defensoria pública em todos os Estados da
Federação, a norma é constitucional.
AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE
Fundamento constitucional: art. 102, I, alínea “a” – parte final; art. 102, §2º e art. 103, §4º.
Fundamento legal: Lei 9868/99
Conceito: “É a ação direta de inconstitucionalidade com o sinal trocado” (conceito de Gilmar F. Mendes). Isto quer dizer que,
ressalvadas algumas diferenças processuais, as ações diretas de
constitucionalidade e de inconstitucionalidade configuram uma
única ação com pretensões invertidas. Com a ADIN se objetiva
elidir a presunção relativa de constitucionalidade da norma.
Com a ADC se quer, na realidade, transformar a presunção relativa
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de constitucionalidade em presunção absoluta de
constitucionalidade da norma.
Diferenças Processuais entre ADIN e ADC
1) Legitimação Ativa: está prevista no art. 103, §4º, da CR’88. Podem propor a ação o Presidente da República, Mesa da Câmara dos
Deputados, Mesa do Senado Federal e Procurador Geral da
República. O rol dos legitimados ativos para a propositura da
ADC é menor do que da ADIN.
2) Objeto: A ADC somente pode visar à declaração de
constitucionalidade de LEI ou ATO NORMATIVO FEDERAL, não cabendo quanto à lei ou ato normativo estadual.
3) Atuação do AGU: Na ADIN, o AGU é o CURADOR DA PRESUNÇÃO RELATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA IMPUGNADA. Na ADC, não há
necessidade de sua atuação, pois o que se pretende é, justamente,
confirmar a constitucionalidade absoluta da norma impugnada, pois
na ADC não se coloca em risco a presunção de constitucionalidade
da norma.
Contudo, o STF, com base no art. 24 da Lei 9868/99, vem
considerando necessária a interveniência do AGU na ADC porque se
o pedido for julgado improcedente haverá, consequentemente, a
declaração da inconstitucionalidade da norma objeto da ADC, ou
seja, a decisão terá o mesmo efeito da procedência da ADIN, daí
porque vislumbra-se o risco, até mesmo na ADC, de se elidir a
presunção relativa de constitucionalidade da norma. Trata-se de
uma construção do STF, sem previsão na lei.
4. Liminar: A finalidade da liminar na ADC não é a de antecipar os efeitos da decisão, suspendendo a norma impugnada como ocorre na
ADIN, mas sim de suspender a tramitação de todos os processos em
que se discute a aplicação da norma (art. 21, da Lei 9868/99).
Tem natureza cautelar e não antecipatória como na ADIN.
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Questões Controvertidas sobre ADC
1) Art. 14, III, da lei 9868/99: Tal dispositivo prevê uma condição específica para o regular exercício da ação, qual seja, a
existência de CONTROVÉRSIA JUDICIAL RELEVANTE a justificar o
ajuizamento da ação.
2) Efeito vinculante: É a atribuição a uma decisão do caráter de precedente vinculatório. É a ampliação dos limites objetivo e
subjetivo da coisa julgada, contudo, o limite subjetivo só se
ampliará sobre os órgãos do Poder Judiciário e os do Poder
Executivo, que não são partes do processo, e não sobre o Poder
Legislativo, o que se ocorresse importaria em uma violação ao
princípio da separação dos poderes. O limite objetivo será
ampliado porque a coisa julgada não se formará somente sobre a
parte dispositiva da decisão, mas sim também sobre sua
fundamentação.
OBSERVAÇÃO: Limites objetivos da coisa julgada - A coisa julgada só se formará com relação à parte dispositiva da decisão. Limites subjetivos
da coisa julgada - A coisa julgada só se formará entre as partes do
processo.
Notas importantes:
1. Há um grande questionamento sobre a constitucionalidade do
art. 28, §único, da Lei 9868/99, na medida em que prevê o
efeito vinculante da decisão que declara a
inconstitucionalidade, apesar de a CR’88 apenas se referir ao
efeito vinculante para a ação direta de constitucionalidade.
Houve, assim, uma ampliação legal do efeito vinculante, que
foi estendido à ADIN. Contudo, tal disposição não é
inconstitucional, pois se trata de uma só ação direta,
independentemente de ter por objetivo declarar a
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade.
2. A liminar na Ação Direta não tem efeito vinculante. Esse
efeito só é atribuído à decisão de mérito da Ação Direta.
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3. Os efeitos vinculantes só se produzirão em face do Poder
Judiciário e do Poder Executivo, e não sobre o Legislativo,
pois cabe a este último escolher o momento oportuno de
produção e conteúdo da norma.
4. A súmula vinculante, apesar de não positivado no nosso
ordenamento de forma expressa, está presente no art. 557 do
CPC, que autoriza o relator a negar seguimento em recurso se
contrário à súmula.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO
Fundamento constitucional: art. 103, §2º.
Fundamento legal: Lei 9868/99 – tem aplicação genérica a todas as formas de Ação Direta.
Distinção entre ADIO e Mandado de Injunção
1) Natureza Jurídica: A ação direta de inconstitucionalidade por omissão é uma ação direta de controle da constitucionalidade,
enquanto o Mandado de Injunção é um remédio constitucional,
como o mandado de segurança, o habeas corpus, o habeas data, a
ação popular e a ação civil pública.
2) Legitimação Ativa: Os legitimados para a ADIO estão
taxativamente enumerados no art. 103, incisos I a IX, da CR’88,
enquanto no MI é legitimado qualquer titular do direito
subjetivo constitucional que não possa exercê-lo em decorrência
da ausência da norma legal.
3) Competência: A competência para o julgamento da ADIO é,
somente, do STF, enquanto o MI pode ser julgado por qualquer
juízo ou tribunal, a princípio, cabendo a própria norma de
direito processual dispor sobre essa questão. Contudo, o MI é
o único remédio constitucional que não possui lei específica,
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
aplicando-se a ele por analogia a lei de Mandado de Segurança
no que couber. Ex. não se aplica ao MI a liminar do MS.
4) Objeto: A ADIO tem por objeto a tutela do direito objetivo, enquanto no MI se tutela o direito subjetivo próprio. No MI só
pode haver legitimidade ativa ordinária e não pode haver
substituição processual .
5) Eficácia: A eficácia da decisão no MI é “inter partes” enquanto na ADIO é “erga omnes”.
OBSERVAÇÃO: É possível o ajuizamento de MI coletivo por aplicação analógica do art. 5º, LXX – MI 20, julgado pelo STF.
“EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO - DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - EVOLUÇÃO DESSE DIREITO NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO -
MODELOS NORMATIVOS NO DIREITO COMPARADO – PRERROGATIVA JURÍDICA
ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 37, VII) – IMPOSSIBILIDADE DE SEU
EXERCÍCIO ANTES DA EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR - OMISSÃO LEGISLATIVA -
HIPÓTESE DE SUA CONFIGURAÇÃO - RECONHECIMENTO DO ESTADO DE MORA DO
CONGRESSO NACIONAL - IMPETRAÇÃO POR ENTIDADE DE CLASSE - ADMISSIBILIDADE
– WRIT CONCEDIDO. DIREITO DE GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO: O preceito
constitucional que reconheceu o direito de greve ao servidor público
civil constitui norma de eficácia meramente limitada, desprovida, em
conseqüência, de auto-aplicabilidade, razão pela qual, para atuar
plenamente, depende da edição da lei complementar exigida pelo próprio
texto da Constituição. A mera outorga constitucional do direito de greve
ao servidor público civil não basta - ante a ausência de auto-
aplicabilidade da norma constante do art. 37, VII, da Constituição - para
justificar o seu imediato exercício. O exercício do direito público
subjetivo de greve outorgado aos servidores civis só se revelará possível
depois da edição da lei complementar reclamada pela Carta Política. A lei
complementar referida - que vai definir os termos e os limites do
exercício do direito de greve no serviço público - constitui requisito de
aplicabilidade e de operatividade da norma inscrita no art. 37, VII, do
texto constitucional. Essa situação de lacuna técnica, precisamente por
inviabilizar o exercício do direito de greve, justifica a utilização e o
deferimento do mandado de injunção. A inércia estatal configura-se,
objetivamente, quando o excessivo e irrazoável retardamento na efetivação
da prestação legislativa - não obstante a ausência, na Constituição, de
prazo pré-fixado para a edição da necessária norma regulamentadora - vem
a comprometer e a nulificar a situação subjetiva de vantagem criada pelo
texto constitucional em favor dos seus beneficiários. MANDADO DE INJUNÇÃO
COLETIVO: A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no
sentido de admitir a utilização, pelos organismos sindicais e pelas
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
entidades de classe, do mandado de injunção coletivo, com a finalidade de
viabilizar, em favor dos membros ou associados dessas instituições, o
exercício de direitos assegurados pela Constituição. Precedentes e
doutrina.”
6) Decisão: A decisão, na ADIO, tem seu conteúdo expresso no art. 103, §2º, da CR’88, ou seja, a decisão terá o conteúdo de dar
ciência ao órgão responsável pela edição da norma faltante. Em
nenhum momento, o Poder Judiciário irá produzir a norma, ou
estipulará sanção pelo decurso do prazo para a produção da lei.
No MI predomina o entendimento doutrinário de que a decisão
pode produzir norma jurídica para o caso concreto (Sérgio
Bermudes e José Carlos Barbosa Moreira).
AÇÃO DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
Fundamento constitucional: art. 102, §1º, da CR’88
Fundamento legal: lei 9882/99
OBSERVAÇÃO: O art. 102, §1º, da CR´88 é a única norma constitucional que trata da competência do Supremo Tribunal Federal que tem EFICÁCIA
LIMITADA. Todas as demais normas constitucionais que versam sobre a
competência do STF têm eficácia plena.
OBSERVAÇÃO: A argüição de descumprimento de preceito fundamental tem origem espanhola (recurso de amparo espanhol) e alemã (queixa
constitucional alemã). Essas duas ações são as inspiradas da Argüição de
Descumprimento de Preceito Fundamental.
Há duas espécies distintas de ação de argüição: (1)
Argüição Direta ou Autônoma, que exige um ato do Poder Público que ameaça lesar ou lesa um certo preceito fundamental, por isso é
proposta diretamente no STF; (2) Argüição Indireta ou Incidental, que exige um processo tramitando perante juízo ou Tribunal que versa sobre preceito fundamental, onde já foi suscitado um controle pela
via de exceção, em decorrência disso é proposta incidentemente sobre
esse processo uma Argüição para levar a questão ao STF.
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DIRE ITO CONST ITUC IONALCONTROLE DA CONSTITUC IONAL IDADE
1) Argüição Direta ou Autônoma (art. 1º, “caput”, da Lei 9882/99)
Natureza jurídica: É uma ação direta de controle de
constitucionalidade.
Condições específicas de procedibilidade da ação, para o regular exercício da ação: existência de ato do poder público (podendo ser municipal, estadual ou federal), que ameace ou lese preceito
fundamental.
O ATO pode ser qualquer conduta omissiva ou comissiva, inclusive,
um ato concreto. A argüição de descumprimento é uma das únicas
hipóteses em que se admite o controle de constitucionalidade pela
via direta de ato concreto. O ato pode ser emanado por qualquer
esfera do Poder Público, ou seja, pode ser federal, estadual,
municipal ou distrital.
Quanto ao preceito fundamental, não há qualquer distinção legal
acerca do seu conceito. Segundo Oscar Dias Corrêa, preceito
fundamental engloba as seguintes matérias: (1) princípios fundamentais (arts. 1º e 4º, da CR’88); (2) direitos fundamentais (arts. 5º a 14, além de outros espalhados na CR’88); (3) princípios informativos da Administração Pública (art. 37,
“caput”) e (4) cláusulas pétreas (art. 60, §4º).
Assim, preceito não é princípio, mas compreende os princípios.
2) Argüição Indireta ou Incidental (art. 1º, §único, da Lei 9882/99)
Natureza Jurídica: é um processo incidente, ou seja, tem
natureza jurídica de incidente de inconstitucionalidade.
OBSERVAÇÃO: Diferença entre incidente processual e processo incidente. Se uma questão que surge no curso do processo não dá ensejo a outro
processo e pode ser resolvida por decisão interlocutória, ela será um
INCIDENTE PROCESSUAL. Se uma questão que surge durante o curso do
processo necessita de outro para resolvê-la, com prolação de sentença,
ela será um PROCESSO INCIDENTE.
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OBSERVAÇÃO: Na argüição de descumprimento incidental, há uma CISÃO FUNCIONAL DA COMPETÊNCIA NO PLANO VERTICAL. Ou seja, há uma causa que tramita perante um juízo ou tribunal, a questão objeto da argüição será
levada a julgamento perante o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A diferença
entre a argüição de inconstitucionalidade pela via indireta e esta ação é
que na primeira não há hierarquia entre a Câmara e o Plenário (que será o
responsável pela apreciação da questão constitucional), enquanto na
argüição de descumprimento, haverá hierarquia entre os dois órgãos
competentes para o julgamento da causa (o juízo e o STF). Tal
procedimento não se confunde com a AVOCAÇÃO, pois nesta não há cisão de
competência e viola o princípio do juiz natural.
Questão sobre o tema:
O que é Controle de Constitucionalidade Misto?
Resposta: É o nome dado em Portugal à cisão de competência em plano vertical.
Condições específicas para o regular exercício da ação: é a existência de uma controvérsia constitucional relevante sobre lei
ou ato normativo federal, estadual, municipal ou distrital,
incluindo os anteriores à Constituição (art. 1º, parágrafo único,
da Lei 9882/99). Tem relação com o art. 4º, §1º, pois essa ação
deve ser estudada à luz do princípio da subsidiariedade,
estabelecido neste dispositivo legal. A argüição só cabe, nesta
via, se for o único instrumento possível de ser utilizado, ou
seja, ela só é possível na hipótese de lei ou ato normativo
municipal (pois não cabe ADIN), ou na hipótese de lei ou ato
normativo anterior à CR’88 (onde também não cabe ADIN).
Questão sobre o tema:
1) É cabível o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal em face da CR’88, pela via da ação direta?
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Resposta: Antes da edição da Lei 9882/99 não era cabível, contudo, atualmente, é excepcionalmente possível sua
propositura desde que seja por via de ação de argüição de
descumprimento de preceito fundamental.
2) É cabível o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal em face da CR’88?
Resposta: Sim, é cabível seja pela via direta, de forma excepcional, através da argüição de descumprimento de
preceito fundamental, e também através da via de exceção.
3) É cabível o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal pela via da ação direta?
Resposta: Sim, é cabível pela via direta, através da representação de inconstitucionalidade em face da
Constituição Estadual e através da argüição de
descumprimento de preceito fundamental, em casos
excepcionais, em face da Constituição da República.
4) O art. 1º, parágrafo único, da Lei 9882/99 é constitucional?
Resposta: Há controvérsia a respeito do tema. A primeira corrente, defendida por Alexandre de Moraes, entende que é
inconstitucional porque a CR’88 só permitiu a argüição
direta ou autônoma e esse dispositivo teria ampliado a
competência prevista constitucionalmente. Contudo, André
Ramos Tavares sustenta que é constitucional porque ela
amplia o acesso ao Poder Judiciário. Não houve violação à
competência fixada constitucionalmente, porque a norma do
art. 102, §1º, é de eficácia limitada, por isso poderia ser
ampliada por lei. O STF já iniciou o julgamento de medida
liminar na ADIN 2231 que discute a constitucionalidade de
tal dispositivo, dando a entender que suspenderá a eficácia
do §único, do art. 1º, quando concluído o julgamento.
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