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Direito Urbanístico e Direito Administrativo Ambiental
Prof. Me. Orci Paulino Bretanha Teixeira
07 de abril de 2005
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DIREITO URBANÍSTICO
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1. Introdução
Na aula anterior foi discutida uma proposta de sistematização e de conceituação do Direito Administrativo ambiental – composto pelo Direito Administrativo e pelo Direito Ambiental, produto da evolução da legislação brasileira.
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O ponto principal da proposta é o Estado Democrático fundamental ao Estado de Bem-Estar Social para atingir o Estado de Direito Ambiental com todos os seus contornos.
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Também o Direito Urbano brasileiro é essencial ao Estado de Direito
Ambiental.
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2. O Direito Urbano Ambiental, também ramo do Direito Público, nasceu no bojo do Direito Administrativo. Para Toshio Mukai uma especialização deste. Disse o autor;
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“Poder-se-á, assim, no Brasil, por enquanto, vê-lo sob o enfoque de um desenvolvimento técnico-especializado do direito administrativo, tendo em vista que ele faz uso preponderante de instrumentos típicos deste ramo dodireito, com finalidades práticas, sendo como é, no qual, esse novo direito, (...)
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(...) um conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados em torno da busca de uma melhor funcionalidade e adequação do comportamento humano aos espaços habitáveis.” MUKAI, Toshio. Direito Urbano-Ambiental Brasileiro. 2ª Edição. São Paulo: Dialética, 2002, p. 24.
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3. O Direito Urbanístico e a Competência Constitucional para o seu Exercício
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A Constituição de 1988 tratou expressamente do Direito Urbanístico; estabeleceu competências expressas sobre o meio ambiente das cidades. No art. 182 concedeu primazia aoMunicípio para a elaboração eexecução da política dedesenvolvimento urbano.
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Para José Afonso da Silva o Direito Urbanístico é uma nova disciplina jurídica em evolução. SILVA, José Afonso. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros, p. 15.
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José Afonso da Silva, ao falar da natureza do Direito Urbanístico Brasileiro sustentou:
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“A atividade urbanística, como se viu, consiste, em síntese, na intervenção do poder público com o objetivo de ordenar os espaços habitáveis. (...)
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(...) Trata-se de uma atividade dirigida à realização do triplo objetivo de humanização, ordenação e harmonização dos ambientes em que vive o Homem: o urbano e o rural.” SILVA, José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 28.
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O Direito Urbanísticotem por função oferecerinstrumentos normativosao Poder Público para que ele, com limite no princípio da legalidade, atue no meio social e no domínio privado, para atender ao interesse da coletividade.” SILVA, José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 30.
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Sustenta o autor referido:
“São, pois, normas deDireito Urbanístico todasas que tenham por objeto disciplinar o planejamento urbano, o uso e ocupação do solo urbano, as áreas de interesse especial (como a execução das urbanizações, o disciplinamento dosbens urbanísticos naturais e culturais), (...)
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(...) a ordenação urbanística da atividade edilícia e a utilização dos instrumentos de intervenção urbanística.” SILVA, José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 32.
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O Direito Urbanístico, em sua origem uma das especializações do Direito Administrativo, em sua evolução, atraiu normas de Direito Ambiental, distanciando-se de ambos.
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Reconhece José Afonso da Silva:
“Em verdade, o Direito Urbanístico, especialmente no Brasil, forma-se de um conjunto de normas que ainda pertencem a várias instituições jurídicas, parecendo mais adequado considerá-lo, em seu estágio atual,(...)
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(...) como uma disciplina de síntese, ou ramo multidisciplinar do Direito que, aos poucos, vai configurando suas próprias instituições.” SILVA, José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 37.
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Conclui o autor:
“É certo que as normas que ele sintetiza, visando regular a atuação do poder público na ordenação do território ou dos espaços habitáveis, inserem-se no campo do direito público, qualquer que seja o critério que se considere: (...)
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(...) as relações que estabelecem têm sempre como titular uma pessoa de direito público; protegem interesse coletivo; e são compulsórias.” SILVA, José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 2ª Edição. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 37.
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Sustenta Ioberto Tatsch Banunas:
“Vê-se, portanto, que o emergente Estado Ambiental está baseado em experiências pluricausais, devendo-se implementar em sua complexidade o promissor princípio da solidariedade econômica social, visando ao desenvolvimento sustentável, (...)
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(...) no qual a igualdade entre os homens e o justo uso do patrimônio natural alicercem a via para o bem-estar social ambiental das futuras gerações.” PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL e o MUNICÍPIO. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 33.
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Quanto à competência municipal, Ioberto Tatsch Banunas sustentou:
“Essa competência estendida aos Municípios significou o maior marco para imediatas ações visando ao Estado de Bem-Estar Ambiental. (...)
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(...) A promoção deprogramas e políticaspúblicas para a proteçãodo meio ambiente ecombate à poluição emqualquer de suas formas, bem como a promoção de programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico, artigo 23, incisos IV e IX da Constituição Brasileira de 1988, vão representar não só a conquista dos movimentos sociais, mas o Equilíbrio com o Estado. (...)
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(...) Através do podermunicipal, será possívelefetivar e implementaro desenvolvimento sustentável, dentro dos princípios da solidariedade econômico-social e mediante controles jurídicos ao uso racional do patrimônio natural para as futuras gerações.”PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL e o MUNICÍPIO. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 38.
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No âmbito das cidades um dos instrumentos da política municipal é o poder político municipal, produto da evolução da cidadania ambiental. Ioberto Tatsch Banunas, com muita propriedade disserta sobre o poder político municipal:
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“Compreende-se, dentro do poder político municipal, todos os atores locais, como, por exemplo, entre outros, os movimentos sociais, a sociedade civil, cidadãos, Conselhos Comunitários, Câmara de Vereadores, secretarias municipais eo prefeito, (...)
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(...) enfim, todos que, concentrando determinada energia, procuram interferir na coordenação e imposição de decisões, visando à realização de determinados objetivos.” PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL e o MUNICÍPIO. Porto Alegre: Sulina: 2003, p 45.
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O Poder AdministrativoMunicipal representa,no sistema do Direito Urbanístico Municipal, a unidade política do município através de medidas de poder de polícia ambiental, limitando ou restringindo direitos individuais em prol do bem-estar coletivo e da preservação da qualidade ambiental.
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4. Os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à regulamentação e policiamento da União. As matérias de interesse regional sujeitam-se as normas e a polícia estadual. Os assuntos de interesse local ao policiamento administrativo municipal.
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Embora a competência legislativa sobre o meio ambiente seja expressamente da União e dos Estados, o Município pode exercer seu poder de polícia ambiental e editar normas locais.
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Esta competência é decorrente e limitada pelo interesse local.
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PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL DO
MUNICÍPIO
Para o exercício do Poder Municipal Ambiental (Administrativo-Ambiental) cabe ao Poder Público limitar o exercício dos direitos individuais em benefício dointeresse público.
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CONCEITO DE PODER DE
POLÍCIA
Art. 78 do Código Tributário Nacional
“Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a práticade ato ou abstenção de fato, em razãode interesse ou liberdade, (...)
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(...) regula a prática deato ou abstenção de fato,em razão do interessepúblico concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuaisou coletivos.”
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Sobre o tema disserta Ioberto
Tatsch Banuncas:
“O poder de polícia, fundamentado no Estado de Direito pelo princípio da legalidade, também é influenciado por outros princípios do liberalismo, os quais procuravam assegurar aos indivíduossua ampla liberdade; logo, aintervenção do Estado, através do poder de polícia, seria a exceção. (...)
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(...) É neste Estado quese assiste à DeclaraçãoUniversal dos Direitos esua adesão às Constituições de diversas nações, esclarecendo-se que o poder de polícia igualmente era exercido, mas exclusivamente para limitar o exercício dos direitos individuais a fim deassegurar a ordem pública.” PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL e o MUNICÍPIO. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 110.
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Com a evolução doDireito, amplia-se estepoder. Inicialmente limitava o exercício dos direitos individuais, para assegurar a ordem pública e assegurar a intervenção do Poder Público na ordem econômica e social – características do EstadoLiberal. Passou a abranger também a defesa do meio ambienteecologicamente equilibrado.
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Sustentou Ioberto Tatsch Banunas:
“Enfim, assiste-se ao Estado Liberal transformar-se, definitivamente, em um Estado intervencionista, estendendo-se da ordem pública para a ordem econômica e social. Emergem, assim,ao lado da tradicional polícia de segurança pública, as políciasespeciais, (...)
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(...) atuando nos maisvariados setores daatividade, que limitamos interesses individuaisem benefício dos interesses coletivos, como, por exemplo, a polícia do meio ambiente, polícia dos costumes, polícia das águas, polícia sanitária, polícia das florestas e tantas outras, que cobrem todos os setores da vida em sociedade.” PODER de POLíCIA AMBIENTAL e o MUNICÍPIO. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 111.
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5. ESTATUTO DA CIDADE – Lei 10.257/2001
Regulamenta os arts. 182 1 183 da Constituição Federal e estabelece
diretrizes gerais da política urbana.
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Art. 1º, parágrafo único. Ordem pública, interesse social, uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como doequilíbrio ambiental.
Estabelece duas funções: a sociale a ambiental.
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Art. 2º. Diretrizes: cidades sustentáveis.
III – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio natural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico.
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DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA
Art. 4º. III. Planejamento municipal, em especial:
c) zoneamento ambiental;
VI. estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
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§ 3º. Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos e entidadesda sociedade civil.
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DO ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA
Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizaçõesde construção, ampliação ou funcionamento a cargo do PoderPúblico municipal.
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Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e sua proximidades, incluindo a análise,no mínimo, das seguintes questões:
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I. Adensamentopopulacional;
II. equipamentos urbanose comunitários;
III. uso e ocupação do solo;IV.valorização imobiliária;V. geração de tráfego e demanda por
transporte público;VI. ventilação e iluminação;VII. paisagem urbana e patrimônio
natural e cultural.
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Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer interessado.
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Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.
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Direito Urbanístico e Direito Administrativo Ambiental
Prof. Me. Orci Paulino Bretanha Teixeira
07 de abril de 2005