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Estudante do curso de história (FACIP/UFU); e-mail: [email protected] 2 Professor do curso de história da FACIP/UFU; e-mail: [email protected]
FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA A PARTIR DE INFLUÊNCIAS
DENTRO E FORA DO ESPAÇO ESCOLAR
Franciele Amaral Rodrigues dos Santos¹
José Josberto Montenegro Souza²
Resumo
O presente trabalho aborda situações e procedimentos constitutivos de formas de aprender e
ensinar história no ensino básico. A pesquisa parte de referencial teórico fundamentado na
perspectiva da educação histórica e propõe reflexão acerca das maneiras como jovens e
crianças aprendem história em situações cotidianas, dentro e fora da sala de aula. Buscou-se
conhecer como e a que fatores os estudantes associam as razões para a assimilação de
determinadas concepções apreendidas sobre o passado. Investigar processos de aprendizagem
remete ao questionamento de aspectos que estimulem os próprios jovens a apontarem tópicos
que consideram decisivos para a apreensão do conhecimento histórico, tendo vista a
identificação dos meios ou recursos enunciados como plausíveis à aprendizagem histórica. Ao
responder ou indicar como ocorreu a assimilação de determinadas concepções apreendidas
sobre o passado, crianças e jovens nos fornecem pistas para pensarmos e reformularmos
procedimentos didáticos construídos a partir da interação entre concepções de usos e sentidos
de tempo distintas. O trabalho tem sido realizado entre alunos do ensino básico de escolas
públicas de Ituiutaba-MG, no sentido de identificar os recursos acessados quando realizam
pesquisas escolares demandadas em aulas de história. Em termos de resultados identificamos
inicialmente que os jovens atribuem a aprendizagem a consultas ao livro didático, internet,
jornais e revistas, filmes, dentre outros. Consideramos que a formação de consciência
histórica perpassa um conjunto de práticas vivencias tanto no âmbito escolar, quanto os que
ocorrem fora da escola.
Palavras-chave: Educação, Ensino de História, Didática da História, Consciência Histórica
Introdução
Entender o processo de aprendizagem do ponto de vista teórico e prático de aspectos
da formação da consciência histórica de estudantes, bem como aos responsáveis pela
educação formal pressupõe o conhecimento dos sentidos que a história mantém por meio de
sua função de orientação da vida humana no tempo. Para se aprender história é importante
saber como se processa esse conhecimento, quais são os elementos constitutivos do
aprendizado histórico dentro e fora do espaço escolar. Com base nessa proposta é que
desenvolvemos essa pesquisa em torno da Educação Histórica e formação da consciência
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histórica de jovens estudantes de escolas básicas da rede pública de Ituiutaba-MG. Ao
propormos a reflexão sobre aprendizagem e formação da consciência histórica de jovens,
consideramos fundamental assumir como ponto de partida, identificar aspectos que
influenciam e promovem aquisição de conhecimento em diferentes momentos e situações
cotidianas. Dentre as atividades desenvolvidas e aplicadas pela escola e ainda aquelas
advindas de interações com a realidade sociocultural a qual esses jovens pertencem, assim
como meios de comunicação e leituras em geral. Investigar estes processos de aprendizagem
remete a questionamentos que estimulam os próprios jovens a apontarem os fatores que
consideram decisivos para a apreensão do conhecimento histórico, tendo vista a identificação
dos meios ou recursos enunciados como responsáveis pela aprendizagem histórica.
Educação histórica e aprendizado histórico
Para abordarmos as situações constitutivas de formas de aprender e ensinar história
por crianças e jovens estudantes do ensino básico fundamentamos nossa reflexão em
referencial teórico da educação histórica, para lidarmos com as maneiras como jovens
aprendem história dentro e fora da sala de aula a partir de fatores indicados por eles para a
assimilação de determinadas concepções, que remetem a conteúdos e/ou conceitos históricos.
Dentre estas formas de aprendizado da história há a recorrente busca de informações
demandas na realidade social do aluno. Assim, desde os meios de comunicação, acervos de
bibliotecas, internet, dentre outros, constituem fontes de informação que suprem as buscas de
alunos ao buscarem responder às chamadas “pesquisas escolares”. Ao estudar o passado,
pressupõe-se a busca de respostas para inquietações vividas no presente, portanto, faz-se
necessário que os alunos entendam que o passado não está em um plano isolado e sim
enraizado em nossas vidas hoje, pois tudo o que foi e é vivenciado faz parte das mudanças
que gradualmente acontecem e marcam historicamente as sociedades.
O aprendizado histórico não ocorre somente por via das aulas que o professor
ministra e repassa aos alunos o que aconteceu no passado, vai muito além da exposição da
história substantiva. A produção do conhecimento histórico torna-se possível quando o
professor consegue promover articulações de sentido ao que a disciplina de história, por meu
de seus conteúdos, mantém com a vida prática dos alunos. É recorrente que se escute jovens
estudantes dizendo coisas do tipo "para que estudar o que já passou quem gosta de passado é
museu", ou "é muito chato estudar história, a gente tem que ficar decorando tudo". Para tornar
viável o trabalho em sala de aula, primeiramente é necessário desconstruir este tipo de
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concepção, muitas vezes deturpada dos alunos e apresentar objetivos concernentes à
inquietações dos próprios estudantes. Holien Gonçalves Bezerra aponta uma das funções do
conhecimento histórico.
O objetivo primeiro do conhecimento histórico é a compreensão dos processos e dos
sujeitos históricos, o desvendamento das relações que estabelecem entre os grupos
humanos em diferentes tempos e espaços. Os historiadores estão atentos às
diferentes e múltiplas possibilidades e alternativas apresentadas nas sociedades,
tanto nas de hoje quanto nas do passado, que emergiram da ação consciente ou
inconsciente dos homens; procuram apontar os desdobramentos que se impuseram
com o desenrolar das ações desses sujeitos. (BEZERRA, p.42.)
É ofício de todo profissional da educação histórica apresentar para os alunos a função
do aprendizado histórico na vida prática de cada um. Para isso é necessário que o professor
saiba que não se trabalha história ensinando apenas o que está no livro didático, nem tão
pouco pautar-se apenas na maneira que considera ser a melhor. Os programas curriculares são
concebidos tendo em vista uma série de fatores, dentre estes os documentos oficiais, a
exemplo dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs. Nestes estão sistematizados
conteúdos e proposições quanto à abordagem. Cabe, no entanto, ao professor atuar como
mediador. Investigar a realidade da escola, dos estudantes e consequentemente, desenvolver
percursos para consecução de seu trabalho em constante sintonia com perguntas e questões
pertinentes as demandas de crianças e jovens com os quais interage no processo de
aprendizagem. Não existe uma receita pronta para isso, de acordo com Marcos Silva é
necessário um compromisso por parte do professor em relação à responsabilidade de se
ensinar a melhor história possível.
Defendo um ensino de história comprometido com conteúdos: não ensinamos
"qualquer coisa", ensinamos história; trabalhamos com conhecimento histórico,
campo de saber dotado de métodos, com tradições acumuladas e criticáveis, aberto à
produção de novas interpretações; nossa presença no ensino fundamental e no
ensino médio diz respeito exatamente à garantia de que esse conhecimento alcance
crianças, jovens e adultos em geral. (SILVA, 2013. p. 15)
Lecionar História no ensino fundamental e médio, conforme dissemos, cumpre
prerrogativas tanto do currículo oficial, quanto das condições próprias a realidade dos grupos
sociais a que se destina. A abordagem a ser adotada no que diz respeito aos conteúdos da
disciplina deve contemplar reflexão sobre o conjunto de registros acerca das experiências
temporais das sociedades humanas. Assim, o aprendizado histórico é um processo que
permite ao aluno refletir sobre a experiência temporal que a o conhecimento histórico
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pressupõe, atribuindo sentido e orientação à vida prática e compreensão da identidade
histórica e cultural dos indivíduos. O estudo do passado pode oferecer algumas respostas para
as inquietações vividas no presente. Para tanto, faz-se necessário que os alunos entendam que
o passado não está em um plano isolado e sim enraizado em nossas vidas hoje, pois tudo o
que foi e é vivenciado faz parte das mudanças que gradualmente vem acontecendo no mundo.
No processo de aprendizagem histórica podemos perceber como se torna mais viável a
assimilação de conteúdos, como crianças e jovens se orientam no tempo a partir do
conhecimento do passado e como trazem esse aprendizado para a vida prática, constituindo
assim uma consciência histórica. Para Rüsen, o aprendizado histórico contribui para a
orientação no tempo e ampliação da consciência histórica.
Através do aprendizado histórico, deve ser aqui aberta para a orientação temporal da
própria vida prática sobre a experiência histórica e ser mantida aberta para um
incremento da experiência histórica. Competência de experiência é, parcialmente,
objetivo essencial do aprendizado histórico e possui uma forte dimensão estética. O
aprendizado histórico é sempre (também) um processo, no qual se abrem os olhos
para a história, para a presença perceptiva do passado. (RÜSEN, 2010, p.48.)
Refletindo sobre as proposições apontadas por Rüsen sobre o aprendizado histórico,
nota-se que é fundamental o conhecimento histórico para a formação da consciência histórica
do individuo. Tanto o ambiente escolar quanto o espaço fora dele são primordiais nesse
processo de aprendizado. E cabe ao professor mediar e incentivar a busca por esse
conhecimento que permite alargar o pensamento histórico e promover respostas satisfatórias à
inquietações da vida prática do aluno.
Materiais e métodos
Para Jörn Rüsen, o aprendizado histórico é uma das dimensões e manifestações da
consciência histórica, isso nos leva a pensar que a forma como se constrói esse aprendizado é
importante e definidora para a consciência histórica dos jovens estudantes. A partir dos
conceitos teóricos relacionados ao ensino de História, foi sistematizada uma atividade
investigativa realizada em escolas públicas municipais e estaduais de Ituiutuba-MG, com
alunos do 6º e7º ano do Ensino Fundamental, 1º e 2º do Ensino Médio. O instrumento para
obtenção de resposta dos estudantes foi formulado sob a forma de enquête discursiva
direcionada às formas de aprendizagem histórica relacionada às “pesquisas escolares”
demandadas por professores de história. Rodas de conversa também foram fundamentais para
que os alunos colocassem abertamente suas opiniões em relação ao ensino de história.
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Imagens impressas de personagens e momentos históricos também foram utilizadas para a
realização do projeto. Nesse sentido, almejamos identificar materiais, recursos, fontes que
auxiliam na realização das chamadas “pesquisas escolares” e a maneira como interferem ou
influenciam na formação da consciência histórica de jovens. Alguns recursos, por oferecer
informações rápidas e em grande número como, por exemplo, a internet e a televisão pode
gerar também uma falsa sensação de estar aprendendo tudo, mas a realidade é outra, acumular
informações não significa acumular aprendizado. Barca aborda esse assunto em sua pesquisa
em relação à educação histórica.
Sentimos cada vez mais dificuldades em reter a informação que nos chega pela
televisão, rádio, jornais, Internet. Existe hoje a possibilidade de contacto instantâneo
com todo o mundo, e a nova forma de comunicar tem provocado rápidas alterações -
e turbulência - nos hábitos, gostos e mentalidades. Esta abertura dá-nos a sensação
de que o mundo está desnudado, tudo se conhece, tudo se sabe. (BARCA, 2011,
p.38).
Essa sensação de que tudo se conhece, tudo se sabe gera um aprendizado quantitativo
em que o jovem acredita estar aprendendo, mas, o que questionamos é como esse jovem traz
esse falso aprendizado para a vida prática. Na verdade não traz. Apenas o que realmente foi
absorvido de forma concreta pelo aluno é passível de ser compreendido e aplicado na vida
prática. Percebemos isso na análise feita com a turma do 2º Ano do Ensino Médio. Na turma
composta por 29 alunos, a maioria demonstrou afinidade com a disciplina de História e
capazes de pensar a história como orientadora para a vida prática nos dias atuais. Para
desenvolver a pesquisa recorremos à enquete por considerarmos que esta atenderia à
perspectiva de construir uma primeira aproximação diagnóstica, além de corroborar com
pressupostos da investigação qualitativa a ser realizada posteriormente. A enquete composta
por nove itens foi aplicada durante aula do professor de história, com questões abordando
diferentes temas do processo de ensino-aprendizagem.
A primeira questão formulada na enquete foi direcionada a realização das atividades
fora da sala de aula com o intuito de descobrir se o ensino de história fica limitado apenas nas
aulas ou se os alunos buscam aprender com outros recursos: "O seu professor de história
costuma passar atividades para fazer fora da sala de aula"? Especifique que tipo de trabalho.
Dentre as respostas apresentadas para a turma de 6° ano do ensino fundamental, composta por
trinta e um alunos, responderam positivamente à questão, o professor sempre pede para que
façam trabalhos de pesquisa, porém apenas doze alunos responderam que são comprometidos
com as atividades. Percebemos que a falta de interesse por parte da turma gera um déficit em
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relação aos conteúdos estudados, pois se não participam das atividades não serão capazes de
produzir conhecimento histórico, e tão pouco desenvolver a capacidade de se orientar no
tempo e interpretar a história como disciplina necessária para a formação de cada um como
cidadão apto a construir sua própria opinião e senso crítico perante a sociedade que está
inserido. No 7° ano do ensino fundamental o índice de participação das atividades extraclasse
é melhor. Dos trinta e três alunos que responderam à enquete dezesseis se comprometem com
os trabalhos. Os jovens estudantes são influenciados pelo professor a participar dos trabalhos
fora da escola e eles gostam da ideia de serem pequenos historiadores, como são chamados
pelo professor. Ao realizarem os trabalhos, os alunos percebem o quanto a aula se torna mais
produtiva e agradável, já que pesquisaram antes o que seria discutido percebem que fica mais
fácil à participação nas discussões. Ao especificarem o tipo de atividade solicitada, seis desses
alunos participativos destacam que o professor, após tratar determinadas temáticas, indica
filmes. Outros cinco fizeram referência ao uso da internet para responder às solicitações das
tarefas do professor de história. Na turma do 1°ano do ensino médio, composta por vinte e
dois estudantes, somente dezoito afirmaram que o professor solicita tarefas a serem realizadas
em casa. Neste caso, ao especificarem, remeteram aos temas ou assuntos abordados. Dentre as
repostas, há algumas que se destacam por fazerem alusão a estas tarefas que, segundo os
alunos, favorecerem a aprendizagem. No que diz respeito ao ensino de história, é importante
nos atentarmos para a nossa responsabilidade, enquanto professores, em relação ao
aprendizado desses jovens. A forma como eles buscam e aprendem história fora do espaço
escolar é fundamental para que haja uma boa dinâmica em sala de aula em relação ao ensino
de história. Enquanto ao 2° ano do ensino médio, vinte e nove alunos, a porcentagem de
alunos que realmente fazem os trabalhos é bem alta. Eles justificam que além de aprender
mais, ainda ficam sabendo algumas curiosidades do passado que nunca tinham ouvido falar.
Com relação ao outro item da enquete, foi direcionada uma questão acerca dos
“materiais ou fontes de informação que utilizam para responder às atividades solicitadas pelo
professor de história”, no qual foram apresentados: I – Livro didático; II - Biblioteca; III –
Internet; IV – Museu; e V – Jornais, revistas, com opção para especificar. As respostas do 6°
ano indicaram que noventa por cento da turma utilizam o livro didático para a realização das
pesquisas e costumam na própria casa. No sétimo ano, vinte e seis alunos disseram utilizar o
livro didático, nove recorrem à internet, doze usam jornais e revistas e somente um a
biblioteca. Os jovens do 1° ano do ensino médio não ficam presos somente ao livro didático,
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vinte buscam respostas para seus trabalhos na internet, onze livro didático e costumam
recorrer à biblioteca. Percebemos que conforme aumenta a idade aumenta o uso de outros
recursos para a pesquisa de trabalhos. Em seguida, pediu-se que “explicassem como utilizam
os materiais acessados”, a maioria das respostas mencionam a palavra pesquisa, com
indicativos de certa preocupação em interpretar o conteúdo acessado, com expressões como:
"Leio o texto e depois começo a copiar ou responder a analisar as questões (estudante 7ª
ano)". Ou ainda, "Eu leio e depois escrevo o que eu entendi com as minhas próprias palavras
(estudante 1º ano)". No 6° ano alguns alunos colocaram que apenas copiavam o que
encontravam, outros preferiam ler e tentar entender o que estava estudando. Já os alunos do 2°
procuram ler e interpretar. "Leio e analiso, sou curiosa, assim procuro ler e aprender
(estudante 2°)".
As atividades realizadas com os alunos nos obter alguns resultados pertinentes a essa
pesquisa como, por exemplo, saber o que essas crianças e jovens trazem consigo, qual é o
saber histórico que eles adquirem fora do espaço escolar e de que maneira os profissionais da
educação histórica podem mediar esse conhecimento para contribuir com a formação da
consciência histórica desses indivíduos.
Resultados
Na análise de práticas de aprendizagem que orientam as buscas de estudantes quando
da realização de seus trabalhos escolares, constata-se o predomínio de atitudes
recorrentemente reprodutivistas de conteúdos de história, marcada pela recepção quase
mecânica do conhecimento. Porém, as narrativas históricas enunciadas indicam e remetem a
certos fragmentos de conceitos e noções de temporalidade. Diante disto, admitimos algumas
hipóteses:
I – as dificuldades dos estudantes de enunciarem formas mais elaboradas se devem a
limites de uso da linguagem em geral.
II – as repostas dos estudantes indicam posturas e atitudes voltadas à interpretação, e
ao desenvolvimento de formas de aprendizagem mediada pelo conhecimento prévio, seja da
sala de aula, seja de outras orientações.
III - quanto maior a série em que esse jovem estuda maior aumenta seu interesse em
buscar o conhecimento histórico através de outros recursos tal como internet, filmes e outros.
Quanto mais recursos usados, maior a capacidade de se obter mais conhecimento, já que
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nãoficam limitados somente a uma fonte de pesquisa.
Outro aspecto relevante é a pouca participação dos alunos nos trabalhos indicados
pelo professor para serem feitos fora da sala de aula. Como mostrado no gráfico (GRAF.1)
que representa o índice de participação dos alunos de todas as turmas pesquisadas. A falta de
interesse dos alunos é preocupante e conta como um fator negativo para que o jovem busque
conhecimento histórico. A interação entre professor e aluno deve ser harmoniosa e
proporcionar momentos em que o aprendizado histórico se torne prazeroso e instigante para o
jovem estudante.
Gráfico 1 - Número de alunos interessados nas atividades extraclasse
O desempenho dos alunos que participam das atividades fora da sala de aula é
muito maior em relação aos não participantes. Eles são mais participativos nas aulas e detém
o conhecimento histórico adquirido através de pesquisas e convívio social extraclasse. São
capazes de opinar sobre os problemas socioeconômicos e culturais da sociedade bem como
emitir criticas em relação à política do país no qual vivem. Fica claro também que o jovem
que busca mais de um recurso para realizar seus trabalhos abrange mais seus conhecimentos
históricos, pois não se limita somente a uma fonte de informação. Logo a formação da
consciência histórica desses alunos se constitui de forma diferente aos colegas, o caminho do
saber histórico permite a formação da identidade contribuindo para crescimento de cada um
que vai construindo sua própria história no tempo.
0
5
10
15
20
25
30
35
6º ano - ensinofundamental
7º ano - ensinofundamental
1º ano - ensino médio 2º ano - ensino médio
Total Alunos participativos
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Os resultados dessa pesquisa com os alunos nos dá margem para repensar como
funciona a relação professor/aluno, o tipo de aprendizado histórico produzido a partir desta
relação e como é possível relacionar o conhecimento produzido por eles com a vida prática e
a partir disto formularmos proposições à didática da história. Sabemos que é tarefa Didática
da História é investigar o que é, o que pode e o que deveria ser apreendido no Ensino de
história, portanto se preocupa com o que se está ensinando e como se está construindo esse
ensino em história, afinal é de responsabilidade da Didática da História se preocupar com os
efeitos desse ensino e com a formação da consciência histórica produzida por ele.
Formação da consciência histórica no processo de ensino-aprendizagem da história
dentro e fora do espaço escolar
Está implicado nessa análise do aprendizado histórico o processo de formação da
consciência histórica desses jovens. Para lidar com as questões apresentadas buscamos
referencias conceituais sobre a formação da consciência histórica e o ensino de história no
pensamento teórico de Jörn Rüsen. Para este autor, a formação da consciência histórica
possibilita pensar a história como disciplina orientadora da vida prática no tempo. Norteados
por este pressuposto, entendemos que a formação da consciência histórica remete a um
conjunto de relações aluno/escola e aluno/sociedade. Para entendermos estas relações é
necessário intervir, promover novas possibilidades de interagir com conhecimento adquirido
pelo aluno em diversos momentos da vida cotidiana, ou seja, em sua realidade dentro e fora
do espaço escolar. Atentar para os conteúdos empíricos ministrados em sala de aula, mas
também para as relações e a forma como estes aparecem no dia a dia dos jovens. Seguindo o
pensamento teórico de Rüsen, o aprendizado histórico pode ser posto em andamento,
portanto, somente a partir de experiências de ações relevantes do presente (RÜSEN, 2010:
44). A aprendizagem da história quando pensada, nos permite levar em consideração que os
jovens além de aprender em sala de aula trazem consigo uma bagagem histórica que
trouxeram das experiências vividas em seu próprio meio social, o que contribui para um
diálogo entre práxis escolar e o conhecimento popular. A historiadora Selva Guimarães
analisa a sala de aula como um espaço de socialização entre professor e aluno, entre aprender
e ensinar história através da teoria e das experiências vividas por cada um.
[...] a sala de aula é, por excelência, um espaço plural, coletivo, o palco no qual
professores e alunos/atores/sujeitos vivem, aprendem, ensinam, relacionam-se uns
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com os outros, com o mundo, com os saberes. Ali eles se expressam se expõem, se
revelam, se colocam por inteiro, na totalidade. Objetividade e subjetividade, corpo e
mente, razão e sensibilidade, o bio/psico/social em ação. Na sala de aula, o professor
re/constrói sua bio/grafia, sua história, sua trajetória, sua experiência pessoal e
profissional. Espaço de aprender e ensinar, logo, um espaço, um campo de relações.
(GUIMARÃES, 2010, p. 391).
Investigar o processo de aprendizagem partindo do questionamento de como o aluno
aprende história, de qual é a melhor forma para a assimilação do conteúdo, poderá tornar
possível aos estudantes, bem como aos responsáveis pela educação formal, desenvolver e
viabilizar uma pesquisa de qualidade com senso crítico e reflexivo, no sentido de contribuir
para a educação histórica articulada com a vida prática. Esse debate em relação ao ensino de
história e consciência histórica é sistematizado pela Didática da História. Ela nos permite
conhecer o pensamento histórico de professores e jovens e não obstante nos permite ainda,
conhecer a forma de como esses jovens apreendem o ensino de história e como eles se
utilizam desse conhecimento na vida prática. Afinal, o aprendizado histórico como objeto da
Didática da História tem a função de nos mostrar que, enquanto profissionais do ensino de
história, devemos aprender como se aprende história, para saber ensinar. A Didática da
História, como disciplina científica, atua sobre os processos com os quais se desenvolve o
aprendizado histórico, através dela é possível compreender as relações entre as atividades
cotidianas dos professores e os sentidos que os alunos atribuem à história. A didática se
preocupa com a fundamentação da disciplina de História no ensino e desenvolve o processo
de formação da consciência histórica que se dá por meio concreto das formas de se apreender
a história seja de forma empírica, por meio social no cotidiano ou mediada pelo professor em
sala de aula. Dessa forma é necessário compreender as tipologias da didática da história que
devem ser consideradas como formas de aprender e ensinar história como parte integrante dos
estudos históricos e, portanto, da formação de professores de história. A preocupação em
relação à formação dos profissionais da história na área da educação vem sendo discutida ao
longo dos anos, para ensinar história é necessário, além do conhecimento histórico, saber
orientar os alunos no tempo e contribuir de forma sistematizada para a formação da
consciência histórica dos mesmos a partir das demandas apresentadas pela sociedade na qual
estamos inseridos. Dessa forma o professor deve estar atento em relação aos jovens estudantes
para saber qual a melhor maneira de ensinar história, ou seja, perceber quais são os elementos
que contribuem para a orientação temporal de seus alunos e para a formação da consciência
histórica.
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De acordo com Klaus Bergman "a Didática da História se ocupa em estudar a
consciência histórica, pois se preocupa com a formação do indivíduo, com o conteúdo e os
efeitos da consciência histórica num determinado contexto sócio-histórico”, (BERGMAN,
1989: 29). É proposta também por essa disciplina científica da história, uma reflexão sobre
como os processos com os quais os homens produzem uma interpretação do passado humano,
onde se busca orientação para o presente e traz perspectivas para o futuro. Essa interpretação
é uma ruptura da interpretação do passado por ele mesmo na aprendizagem histórica. Neste
sentido, direcionamos o foco desta proposta de investigação às formas de se aprender história
buscadas por estudantes do ensino básico dentro e fora do espaço escolar. Portanto, a proposta
ora apresentada consiste em conhecer os procedimentos adotados nas práticas educativas
realizadas no âmbito escolar e fora dele, atentando para os critérios usados pelos professores
de história, bem como as fontes de pesquisa acessadas por estudantes fora da sala de aula em
suas buscas para elaboração de trabalhos escolares. Dessa forma, podemos perceber qual é a
melhor maneira que esses alunos encontram para desenvolver suas pesquisas e se eles
realmente aprendem história em sala de aula da forma como o professor está ministrando. É
necessário compreender como ocorre o que se entende por educação histórica e
insistentemente como os jovens e crianças apreendem a história. Para Rüsen "os problemas
concernentes ao aprendizado da história remetem às formas como é praticado o ensino desta
disciplina" (RÜSEN, 2010: 23). Para este autor importa atentar para os usos da história na
vida das pessoas. Segundo Rüsen, existem quatro formas de aprendizado histórico:
tradicional, exemplar, crítico e genérico. Ao realizar esse trabalho, percebemos que o modelo
tradicional é o mais usado no ensino de história na escola pública onde desenvolvemos este
trabalho. Nesse modelo de ensino, a forma de aprendizado está voltada para o sentido da
experiência temporal em que as tradições são condutoras das ações e se tornam visíveis e
reconstruídas como orientações estabilizadoras da própria vida prática. É preciso mais do que
seguir as tradições para melhorar a vida prática, por isso se faz necessário um melhor
esclarecimento dos diferentes usos da história para os alunos do ensino básico. O primeiro
princípio da ordem da teoria da Didática da História, de acordo com Rüsen, se refere aos
métodos e atividades de ensino de história, portanto, faz com que professores "busquem
renovar conteúdos e construir problematizações históricas, buscando recuperar a vivência
pessoal e coletiva de alunos e professores como participantes da realidade histórica, a qual
deve ser analisada, retrabalhada e convertida em conhecimento histórico" (SCHIMIT e
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Estudante do curso de história (FACIP/UFU); e-mail: [email protected] 2 Professor do curso de história da FACIP/UFU; e-mail: [email protected]
GARCIA, 2005: 299).
Concluímos que para os jovens estudantes o ensino de histórica contribui para as
mudanças na formação do individuo que está sendo preparado para interceder ativamente no
futuro da sociedade da qual faz parte. O aprendizado histórico pode ser construído tanto
dentro quanto fora do espaço escolar e para dizer mais, os jovens que se comprometem com a
busca do aprendizado fora do espaço escolar demonstra melhor capacidade de acompanhar as
aulas e formular problemas para discussão. Conforme Rüsen, a formação da consciência
história é adquirida, por diferentes processos como a mobilização e articulação de níveis de
cognição em que ele categoriza como tipologias de aquisição de noções de sentido do
passado. Esta constituição tradicional de sentido do passado é apreendida nas relações sociais
vividas por suas formas de interpretar e se situar no tempo; a constituição exemplar de sentido
através da história ensina regras para agir no presente a partir de acontecimentos passados; a
constituição crítica de sentido é caracterizada pelo estabelecimento de posturas que
questionam os acontecimentos históricos vigentes; e a constituição genética de sentido que é
marcada pela capacidade de percepção das mudanças temporais e suas interferências nas
formas de vida. Posto isso, para os jovens e crianças do ensino básico a participação efetiva
na vida prática com as contribuições do pensamento histórico passam a ser mais percebidas
em discussões políticas, sociais, culturais, a partir de pensamentos críticos e reflexivos
produzidos por eles. Bergman nos permite chegar a esse caminho, pois segundo ele "o ensino
de História produz e transmite, finalmente, orientações e atitudes pelas quais um pensamento
histórico racionalmente elaborado, de acordo com a autoidentidade, cria condições reais para
a práxis individual e social" (BERGMAN, 1889: 37).
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