1-os fatos e a indagaÇÃo · miguel reale jÚnior professor titular da facuidade de direito da...

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MKRJEL REALE Jt:JNIOR Prctessor muiar da Facvli:iade de Direito {ia urrverstoace de SãoPaste PARE CE R 1- OS FATOS EA INDAGAÇÃO A CONSTRUTORA MENDES JÚNIOR S/A, por intermédio de seu ilustre advogado, Dr. LUIZ LADEIRA BUENO, relata que a fOl contratada, após vencer concorrência pela COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO-CHESF, ca, para a execução de terraplanagem e estrutura de concreto da usina de ITAPARICA, tendo por longos anos financiado, com recursos prOprios e também obtidos no mercado financeiro, o andamento das obras, em razão de reiterada la da Propôs a Consulente Açào Declaratória contra a CHE,'::;F, '1 s a noo ar) reconhecimento ao direito de ser r essa rci da "'om r-e La ç à o aos custos n ar.ce i ros nos quais Incorreu para dar i\ . \

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Page 1: 1-OS FATOS E A INDAGAÇÃO · MIGUEL REALE JÚNIOR professor Titular da Facuidade de Direito da U;\iversidatle de São Paul" d2S meiiç6es pela COltratante. 1.1 - Decisão transitada

MKRJEL REALE Jt:JNIORPrctessor muiar da Facvli:iade de Direito {ia urrverstoacede SãoPaste

P A R E C E R

1- OS FATOS E A INDAGAÇÃO

A CONSTRUTORA MENDES JÚNIOR S/A, por intermédio de seu

ilustre advogado, Dr. JOS~ LUIZ LADEIRA BUENO, relata que a

e~presa fOl contratada, após vencer concorrência

pela COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO-CHESF,

ca,

para a

execução de terraplanagem e estrutura de concreto da usina de

ITAPARICA, tendo por longos anos financiado, com recursos

prOprios e também obtidos no mercado financeiro, o andamento

das obras, em razão de reiterada la da

contratante~

Propôs a Consulente Açào Declaratória contra a CHE,'::;F,

'1 s a noo ar) reconhecimento ao direito de ser r e s s a rci da "'om

r-e La ç à o aos custos fí nar.ce i r o s nos quais Incorreu para dar

i\. \

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MIGUEL REALE JÚNIORprofessor Titular da Facuidade de Direito da U;\iversidatle de São Paul"

d2S meiiç6es pela COltratante.

1.1 - Decisão transitada em julgado

F. Açào De c La r a tó r i.a obteve

f ele paq amen t

no Tribunal de

Justiça de Pernambuco, sendo declarada a existência de

c r éci.i to da ccn s o Le nt e . o Superior Tribunal de Justiça não

conheceu do Recurso interposto pela CHES? A declsao

do Tribunal de Justiça de Pernambuco, portanto, transitou em

j ganhando, então, o créd to da Consulente em face da

CHESF reconhecimento definitivo, matéria que passa a ter

caráter incontroverso.

No acó r dão destaca-se a circunstância de ter a própria

CHESF reconhecido â existência do crédito da Construtora

Cons u Le nt e . Na verdade, a CHESF em sessão plenária de sua

Diretoria, em 1.987, esclareceu que:

"Embora reconhecendo que a Construtora tenha

sido levada a usar recursos próprios ou de

terceiros para manter o andamento da obra r em

função dos atrasos de pagamentos e que

eventualmente tenha arcado com custos financeiros

super.iores aos da correção financeira acrescido

de juros de mora conforme previsto na SIDE

LITTRER r a CHESF entende que não há de sua parte

qualquer outra natureza que a responsabilize por

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTHularda Facuidadede Direito da Universidadede São Paero

tal ressarcimen to r

empres:.i' . Ccnss e qúets te; >:,n re nac 21'

ccseiveI o e t encuce.vcc ao

Realça-se, também, a man i f e s t a ç ã o da CHESF di

presidente da na qual a CHESF afirma, acerca do

elto da ora Consulente, ser "clelicada uma decisão a

xe spe i t:c , face às conseqüências possíveis e a ausência de

disposição contratual, apesar da possível justiça ff•

Pondera-se, e n t ào , no acórdào, que "Impõe-se, a toda

evidência a obrigação legal da CHESF de ressarcir à empresa

MENDES JÚNIOR, empreiteira, dos prejuízos resultantes de sua

mora, para não se ver acusada de enriquecimento sem causa.

Esse locupletamento indevido tem merecido reprovação de nosso

Direito e é apenado com a restituição do El!:!_!?, i-njustamente

recebido" .

Finaliza c acórdão para declarar, diante desses

fundamentos, a existência de uma relação de crédi to da

Apelante contra a , a a vencedora o completo

ressarcimento com atualização dos valores relativos a juros

do mercado o encargos financeiros em decorrência do

financiamento

Itaparica" . . .

da construção da Usina Hidroelétrica de

Com base, portanto, no reconhecimento de direito de

créditos, na Açao Declaratória acima mencionada e transitada

em julgado, em face da CHESF, a Cc n s u Le n t.e contra a

)

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTitular da Facceeee de Direito da Universidadede SãoPae!o

Re c r e , na que obteve car.nc de caus e . e e nc c a

CHE3F condenada. ao pagamento, titulo de ressarcirnenro, de

cerca de bilhões de reais. Em Segunda Instância o feito foi

anulado a p a r t; r da que se entendeu .rr equ La r e

s realizada por issional nao

especializado, economista e não contador.

Desta decisão, .i n a Consulente Re c u r s o Especial,

que não foi conhecido. Nesta fase, solici teu a União sua

admissão no feito na qualidade de assistente, assistência que

foi acolhida pelo Tribunal, entendendo-se, corno decorrência,

que o processo deveria ser deslocado para a Just

agora competente, em face do interesse da União.

Federal,

Como assinalou c Professor JOSÉ ALEXANDRE TAVf:,?ES

GUERREIRO, em parecer ofertado em abril de 2.005, "a perda é

certa em sua substância (an debeatur), sendo ainda incertos

os valores (quantum debeatur) e o tempo da liquidação em

dinheiro do crédito já reconhecido como existente por decisão

transitada em julgado ff•

1.2 - Competência Federal

No que tange à admissão da Uni.â o e ao deslocamento ce

competência para a Justiça Federal, a Consulente apresentou

Embargos de Divergência, que após ser apreciado maioria

dos Ninistros, no sentido de seu to, dele se

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessor Tiwlar da Faculcace de Oireiio ria Universidade de São Paulo

desi t u. Esta f 0-

i bun a de

mov

Os autos foram, e n t ã o , r eme t Lcios à .Ju s t.Lç a Federal em

Pernambuco, distribuidos a Vara, para se relnlciar o

processo em

perito contador.

.i n s t ánc i a , com a r e a Li z a ç â o da p e r i.c i a por

Em seu Laudo contábil, o perito JOSÉ ARGEMIRO DA SILVA

respondendo a quesito da CHESF, afirmou "não ser possível a

partir da análise dos registros contábeis da j-rendes Júnior

afirmar ter ela captado, nos períodos que ocorreram atrasos

no pagamento das faturas, recursos no mercado financeiro,

especificamente para o financiamento da obra de Itaparica H•

Com base nessa manifestaçdo, malgrado tenha-se chegado

ao valor indenizatório de 27 bilhões de reais para janeiro àe

1.997, em primeira perícia, atualizado esse valor em 80

bilhões de reais para 2.002, nos balanços apresentados pela

CHESF em 2.005, referente ao exercício de 2.004, em 2.006,

referente ao exercicio de 2.005 e agora em 2.007,

relativamente ao exercicio de 2.006, na Nota Explicativa no

Item referente a Contigências, a CHESF classificou como r~sco

de perda remoto as obrigaçoes existentes em face da

Consulente pelos créditos já reconhecidos judicialmente em

decisão transitada em julgado.

De relevo registrar que, dada a insuficiência do laudo

pelo to JOst ARGSMIRO DA SILVA, cumpria-lhe,

conforme determinação judicial, esclarecer diversos pontos.

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessor Titular da Faculdade de Direi!o da Universidade de São Pavio

ern 23 de gosto de nnr:L_ ~,'-, v, perlto JOst ARGENl

apresente Ea cLa :CF:C .i.men tOS e dOS

c cme n t.á r i.os (' quesitos d a s partes, deixando clara. em suas

respostas às apresentadas efetividade

crédito Od ora Consulente, com a especificação de va ores.

1.3 - Laudo complementar

Nos Esclarecimentos, respondendo aos comentários e

quesitos das partes, o perito JOSÉ ARGEMIRO DA SILVA ao

comentar a seguinte frase do Assistente Técnico: "o Sr.

Feri to em seu laudo afirma que não há prova de obtenção de

recursos para financiamento da obra de Itaparica FF F

esclareceu:

"O perito não afirmou que não há prova de

obtenção de recursos para financiamento da obra

de Itaparica. o que O perito respondeu a um

quesi to da Ré foi: Não é possível a partir da

analise dos registros contábeis da Mendes Júnior

afirmar ter ela captado nos períodos em que

ocorreram atrasos no pagamen to das faturas/

recursos no mercado financeiro suportado

autora eepe c i t i cemetst.e para o financiamento da

obra de ltaparica. Com isto não signi,fica aí z e r

que não exista um crédito da Autora junto à Ré e

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MIGUEL REALE JUNIORProfessor Tiiu!ar tia Facuidade de Direito da \j,!ivsrsidade desão Paulo

quc' ec t:e c réci i L uma '/C-'2

atraso e custo financeiro que poderá ser

determinado dos empréstimos tomados enridade

tomados autora. Além do mais; c dos

contratos de financiamento não mencionarem a obra

de i i.epe x i cs , não significa que +----_ 7La .... obra não

tenha utilizado recursos financeiros, até porque

provado que o capital de

insuficiente para tal"

da Mendes era

Esclarecendo logo em seguida a outro comentário do

Assistente Técnico o perito afirmou:

\lA evidência de que foram aplicados recursos

na barragem de Itaparica é que a obra foi

realizada, faturas foram emitidas e que os

pagamentos foram feitos cem atraso e foram

celebrados inúmeros contratos de financiamento de

capital de giro pela autora pelos quais pagou

juros e encargos financeiros no mercado, pois não

possuía a construtora, época, recursos

necessários. Mesmo que a barragem tivesse sido

feita com recursos próprios o crédito seria

devido

tal N.

valente ao custo de oportunidade do

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTitular da Facotcadede Direito da uruverstdace de SãoPacto

acerca

r-es.pc noe r

noe ele

em .3i

foi revisac:o. Após a rcvi s sc o valor cc s r i q i ác Ui' abr cu:

2.002 a taxa de 3,6% é de R$ 80. 65.962.549. 54".

responder a formulado CHESF acerca de

eventual divergência entre a assertiva de que nâo podia

afirmar que os recursos para capital de giro tomados no

mercado financeiro foram para a [JHE de Itaparica e ao mesmo

tempo apresentar UfL valor devido à t1endes Júnior decor-rer t e

de financiamento da obra, o perito esclareceu:

"A resposta do perito foi que a partir da

análise dos registros contábeis da ner.ae s Júnior

ela tinha captado recursos nos períodos em que

ocorreram a c re scs nos pagamentos das faturas no

mercado financeiro não especificamente para o

financiamento da obra de Itaparica. Também não

pode afirmar o contrário. (grifei) Da análise das

Demonstrações Contábeis v e r i Ei ca r e e que o Passivo

Circulante mais Exigível a Longo Prazo estão

aplicados no Ativo Circulante mais Realizável a

Longo Prazo. A mensuração dos valores por atraso

foi feita de acordo com acórdão do Tribunal de

Justiça do Estado de Pernambuco e do acórdão do

Superior Tribunal de Justiça e do despacho da

Justiça Federal de PernambucaNo

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTilular da Facuidadede Oireiiú da Uní\lHsidade de SãoPaulo

1.4 notificações promovidas pela Consulente

Em rna rç o abri] de 2. u ~',", f o r arn mandadas

AUDITORES INDEPENDENTES missivas nas quais se alertava para a

circunstância do crédito ter sido reconhecido em decisáo

judicial transitada em jU1Y,oU:U destacando-se que em ra

perícia alcançara-se o valor indenizatório de 27 tc.Lhõe s c e

r ee i s para janeiro de 00,5-. -'-' I, havendo a Juiza determinado a

devida correção que elevou a indenização em para 80

bilhões de reais.

Reafirmava, então, a Consulente aos Aud í tores

Independentes o interesse público e dos investidores do

sistema Eletrobrás nacionais e estrangeiros em vista de

títulos negociados na Bolsa de Valores de Nova York, em serem

corretamente informados, sem omissões, aspecto ressaltado nas

cartas enviadas em 2.005, também, à ELETROBRÁS, ao Hi n i s t r o

de phnas e Energia e aos Ministros da Fazenda e da Casa

Civil. Em março, abri

Eletrobrás.

agosto de 2.005 mandou cartas à

Nestas missivas, reproduzia-se parecer do Professor JOSÉ

l\LEXANDFE TAVARES GUERFEIRO no sentido de que a omissão das

obrigações para a Consulente constituía de

informação por parte da CHESF e da esta na

condição de acionista majoritária da CHESF, e portanto,

atingida pelos prejuízos da CHESF, com grave infringéncia à

legislação, por deixar de refletir a realidade dos fatos em

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MIGUEL REALE JÚNIORPI(,feSSN Tilu!ar da Faculdade de Direito da Universidade de São Pauto

t.e r c e

1.5 - A Nota Explicativa no balanço de 2.006

Ma Lq r aclo estes esclarecimentos estejam juntados aos

autos da Ação de Cobrança desde setembro de 2.005, insiste a

CHESf em classi ficar o risco de pagamento da indenização

devida à Cori s u Le n t.e como de risco remoto, desconsiderando a

circunstância acerca do trânsito em julgado do reconhecimento

da divida, bem como as demais respostas do perito, em

especial as fornecidas em Laudo complementar.

Sendo assim, no balanço do exercício de 2.006 publicado

no jornal O VALOR de sexta-feira e fim de semana, dias 13,14

e 15 de abril de 2.007 fez constar a CHESF por meio de seus

diretores nas Notas Explicativas, item 20 relativo às

Contingências, no inciso III com risco de perda remoto a

menção à Ação de Cobrança que denomina de "alegados prejuízos

financeiros resultantes de atraso no pagamento de faturas por

pa i t:e da Companhia N.

Continua a Nota Explicativa afirmando que caberia a

Mendes Júnior nesra Ação de Cobrança, "para fazer jU5' a

alguma especie de ressarcimento comprovar que captou recursos

LC;a;'nE'nte para o financiamento da obra de It.opari c s , em

\0

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!\-lIGUEL REALE JÚNIORPrctesscr Titular da fatuidade de Direiic da Unsversldade de São ?tHÚC

ciCCOI:-énc

que as deS;:'N:?SaS .zna r celTas que' c/c

cap cãc de recursos teria s:rcio a de

acréscimos pagos CHE5F'1 com e5S'-'. s c t r a c: s "

Destaca a Nota a resposta do perlto

constante ao Laudo InIcial, no sentido de "n~o ser pc;o<,,"vel a

partir da análise dos registros contábeis da Mendes Júnior

e t i rma x ter ela cep t.e do , nos odes que ocorreram atrasos

no pagamento das t e t.u t:as , recursos no mercado t ir.ance i rc ,

especificamente para o financiamento da obra de Itaparica H•

Informa que o perito apresentou esclarecimentos ainda

não objeto de apreciação pelo Juízo, mas já de conhecimento

da CHESF, pois, em seguida, Nota Explicativa informa-se

que se consideram 05 riscos remotos diante da "anulaçao dos

atos desenvolvidos na Justiça Estadual e as rígidas

determinações do Uv. Juiz Federal, com relação à nova perícia

exigindo a completa identificação dos recursos próprios ou

captados pela Mendes Júnior e a comprovação de sua efetiva

aplicação nas obras de Itaparica ll!, nâo é meS1l1O

estimar valor para o litígio!,

expecta tiva Ir.

nem mesmo em caráter de

Em seguida, diz a Nota Explicativa, para afirmar que sào

os riscos de perda remotos, que "até o momento o Sr. Perito

do Juízo não conseguiu provar a existência de qualquer

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MrGUEL REALE JÚNIORPrctesscrTitularda Facuidadede Direito de Urriversidace de SãoPaulo

da autora r me s.nc- acesso

c-sr.t.cí:: idade aes ts , ccsrc tarribem da ré.

Em face destas considerações, a Consultoria Juridica da

Cbesf corrobora a dos patronos da Companhi2 no

sentido de que, presentemente, os riscos de perda são

remotos. grifei)

Informa f também, que o per i to em Laudo Complementar

respondeu às que s t óe s , "mas sem e cre z cen i.e r Dada de novo

quanto às suas opiniões anteriores H• Acrescenta a informação

de ter o Ministério Público Federal se manifestado pela

nulidade da sentença proferida na Ação Declaratória. Noticia,

por fim, que em 31 de dezembro àe 2.006 os autos achavam-se

conclusos,

laudos.

aguardando-se audiência para debates sobre os

1.5 Indagação

Pergunta, então, o ilustre patrono da CONSTRUTORA MENDES

JúNIOR se a Nota Explicativa vazada nestes termos e publicada

como parte rante do balanço da Companhia pela Diretoria

da CHESf, em face do constante dos processos, Ação

Declaratória e Ação de Cobrança, vem a configurar a ica

de fato Passo a responder:

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessor Titular da faculdade deürreuc da Universidade deSão Paulo

2- DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE INFORMAR: INCRIMINAÇÃO

Segundo dispost art. do C6diqo Penal

.i n c r i.rn.i nam-rs e os atos fraudulentos e abusivos n a fundação e

administração de sociedades por ações, devendc-c,e destacar

para o exame do presente caso o disposto no § 1°, inciso I do

art. 177 do Código Penal, figura penal cuja rubrica é "Fraude

sobre as condições de sociedade por ações".

C caput do art. 177 do Penal diz respeito a

conduta desleal e fraudulenta dos fundadores da sociedade

anônima, enquan~o os incisos do parágrafo primelro referem-se

aos diretores, bem como ao liquidante e ao representante de

sociedade anônima estrangeira nos dois últimos incisos.

c artigo 177 e o seus parágrafos colocam-se

topologicamente como crimes contra o patrimônio,

condição de formas do estelionato.

mas na

o estelionato r conforme já manifestei anteriormente,

constitui um pcLí nõnu o", composto pelos elementos ardil ou

fraude, que induz ou mantém alguém em erro, estabelecendo-se

no plano psicológico uma relação causal entre o ardil e o

;'.'- J, Direito Penal Aplicado, Sào Pau l o , RT, 99 p . lO:? sequintes;GUSTAV, sobre ue x ect.c Pena c.osicnnscc, l-!;ontcvideLl,

F'aculdad de De recbc , 199C, p . .;~;; 1<1A8.1N1, rx ot ts , no Noví.s s ; me p í ces to

Italiano, 01. XIX, p . 8F!; CAFLCJS ALI<ELA IJIC , 21 delito de estafa y deepropr la O] >< i naeb i do , na Rev í s t e SemanalPenal, n , 28;9 a 4/10 de 1998, Madrid, p. 6

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MIGUEL REALE JÚNIORProresscrTilUlarda r acvtoacede Direíic da umverstcauede SâoPaute

c r rc levando a pessoa qua se alr ~ ardil a prat 2ar urr

ato de

económlca ilicita de um lado e causa um

de out

Na fos, se apenas

elemento ardil, fraude com idade de causar um erro

ou engano, não se requerendo, para a configuraçào do delito,

a ocorrência de prejuízo, bem como á obtenção da .i ndev.í de

vantagem.

Edita o art. § ' o" , T, do Código Penal:

"Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime

contra a economia popular:

I~ o diretor, o gerente ou o fiscal de

sociedade por ações que, em prospecto,

relatório, balanço ou comunicaçJo ao público

ou a assembléia, faz comunicação falsa sobre

as condições econômicas da sociedade, ou

ocl1.fta fraudulentamentc r no todo ou em

parte, fato a elas relativo",

o ardil, fraude ou engano que recai sobre os

destinatários, público, acionistas ou membros da assembléia

deve ter a potencialidade de produzir o fenômeno do erro, de

?FAULO Jcst: DA ceSTA JéNIOR assevera que há necessidade de duplo ncxc decausalLdade, primeiramente meio fraudulento-engano, que ao depois devemser causa do pr oveí to injusto EC do re spec t í.vc dano. Comentários aoCódigo Penal, Farte Especial, '101. 2, S!iO Paulo, Saraiva, 19EiS, p. 268

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorIrtutar da Faculdadede Direito da Universidade de SãoPauto

caráter pSlqU1CO, Leva ndc de: c.ilSpOS o e fo r m,

que se

destinatário da. fraude, ao lhe causar De

consentimento.

o ardil ou a fraude, como mcd i.f' i.c a ç à o total ou parcial

da realidade, devem ser aptos a enganar, a surpreender a boa

fé criando na psique do destinatário esta falsa representação

da realidade 4c omo efeito da vitória do ardil ou fraude sobre

a resistência intelectiva da vitima, induzida em erro e

p r ovav e Lmeri t.e extraindo-lhe um e to de disposi

Mas, nào é de se reconhecer qualquer comportamento

válido a produzir erro, pois este deve derivar de um conjunto

de fatores que deformam uma dada si tuação, criando uma

atmosfera idônea a envolver a psique do destinatário. 6

Igualmente, AZZALI 7 considera que:

"::>1ARINI, cp . cito p. 866, ressalta que a incriminação do estelionatovisa tutelar a liberdade dispositivo do destinatário da fraude.'T-.ZZALI, Prospettive neqoz ie l i dei ce zít cc di t.ru t te , na gtv í s t a r t a Líenedi ní r Ltto € procedura Pena Le , anho XLI. Ni.Lã o , c íur rr e , abríLe j unhc de1998 1 p . 322 e s equ í.nt e s r t1AfUNI, c i t . p . 873; S?OL?NSKY, La es t.s ta y e le is eccx o, Buenos Aires, 1967, p. 52; >1AGALHA:cs NOHOt,lEl'l Direito Penai,\701. LI Sao ?ciulo, Sa r aíve , L,aed. , J.9"i, p . 389.c'AZZALI, op . cito p. 327, NANCI, F; La t.co t t s ne i coai co çene Le Italiano;

.ru r í sp rudenc í a , n ?

considera que o txpo

ucpot.e c i onMANZANO, MERSSDES,

e 2, Buenos Aí z-es , p .do estelionato exige

yli. Autora

fática da

no artigo "iicerca deCuede r nc s de Doc t r í.ne250 e seguintes.

uma contribuição

nosestafa" ,iaenPER2Zp . '! 3;

ebjeti 'la1930,Turirr

vítima, que por erro pratica um ato de disposição; GALDINO DE; SIQUEIPJ\,entre nós, bem esclarece que "pelo e r r o c r a.actc pelo aqen t e , c su-ie í tc

passivo seja o próprioParte Especia ; '101. 2;iOSAMHl':s.CO, G 1 La t.rot te'ap. cito p. 327.

que disponha da coisa", 'Tratado deRio, Kcn r í no , 1951, p . 466;

cont z-a rt ue ze , Turim, Gkuf f r e , 1970,

Direito

p.99

Penal T

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTitularda Facutdacede Direito da Universidadede SãoPaulo

fie

, errcrerapprescnt2tlv2 cc

nl cnc E:l

rivoltc,vlttíma."

che S010 per tanto ne e

Essencial, portanto, a ocorrência de idade para

causação de um erro de forma concludente na esfera

representativa do destinatário do ardil ou fraude, razão pela

qual se deve, também, examinar, no caso concreto, as

específicas condições do sujeito passivo. Assim cumpre ver se

o engano tinha potencialidade objetiva de enganar, como diz

GUSTAV PUIG, sujeita esta subjetividade às condições pessoais

da v í t í ma . S

A Jurisprudência italiana, neste campo dos negócios, dá

especial relevo ao inicial 11 , como elemento

caracterizador do estelionato, '" cumprindo constatar se desde

o início a intenção do agente era o de, por meio do engano,

falsear a verdade, servindo-se da informação falsa por conter

representações desconformes da realidade ou falhas por

ocultação e omissão da realidade dos fatos.

Na hipótese, trata-se de crime formal, cuja consumação

ocorre no momento mesmo da açào, ou seja, quando o diretor

faz em prospecto, balanço ou em comunicação à assembléia

afirmação falsa, de conteúdo nào veraz ou quando oculta fato

causante y bastante N•

LICH, op. 2.662, que entende deva engano ser Uantecedente,

16

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTílu!arda Faculdatlede Direitoda Universidadede SàoPauio

todo uu cn acerca das

econômicas que

estado Cie -'-v.

tanto o estado financeiro quaDte

C c rtme , pode se dar pela forma ccmí s s í v s ,

pela prática de uma ideol a Lrne nt e

capaz de enganar v destinatário, consistente indevida

.inse r cac de uma j nve r dede em prospecto, relatório, balanço,

ou comunicaçào, ou quando estes documentos ou a

silenciar acerca de dado relevante relativo às condiçôes

econômicas da empresa.

o tipo penal pode ocorrer, portanto, na forma comissiva

e na omissiva, por via do balanço, prospecto ou comunicaçào,

sendo comunicação o ato pelo qual se dá ciência ao público ou

à assembléia de algo que sucedeu. A figura penal é passível

de suceder seja com a inserção de dados fictícios, a com a

nào consignação de dados relevantes '", deixando-se de cumprir

com o dever de informar com veracidade e da forma malS

completa.

Na forma om is s iva , o engano resulta do silêncio acerca

de dado relevante relativo às condições econômicas, pois o

silêncio, como diz SPOLANSKY, significa engano, que

enganar significa suscitar um erro em outrem e o engano pode

realizar-se por meio de uma omissão, do si

iGpÉ:GIS PFADO, Luiz, Curso de Direito Pena}, v.2, São Peul c , RT, 3 a ed , P.610.llSPOLAt,;SKY I Norberto, cJt., p. 67 e ~L.

17 \r~"

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MIGUEL REALE JÚNIORProfesso> TitulardaFacuhlade de DireitodaUniversidade deSãoPaulo

Ob< cio s l e nc i o c eve s e r . con tud o , fat

interesse fundamental, ponderando PAULO JOSE JA COSTA JÚNIOR

que, se a questão e p e r t.a ne n t.e a orcem do diô 2: r.õ c me r c

capricho, a recusa em oferecer informações ou ~ io

silêncio "assumem valor de oeul

o informe mesmo apenas e, mais ainda, c

intencionalmente malicioso para deturpar a compreensào do

estado de um determinado processo indenizatório movido contra

a empresa, por exemplo, pode enquadrar-se na expressão

condições econômicas da sociedade13;, pois induz ,'c_ membros da

diretoria ou demais sócios e acionistas a decisões baseadas

no conteúdo das informações prestadas, que serão viciadas e

enganosas Se inverídicas na forma comissiva ou omissiva.

Por essa razão, a informação, como ressaltam CSSARE

PEDRAZZI e PAULO JOSÉ DA COSTA JONIOR, não basta que seja

verdadeira, mas cumpre que seja razoavelmente oomp Le t.a!", sem

a omissão de dados essenciais de forma a permitir uma decisão

por parte dos órgãos diretivos com pleno conhecimento de

causa no interesse e na tutela dos interesses sociais.

Há, portanto, um dever de informar da forma mais

completa, o que significa que a informação há de ser isenta

-·ceSTA ,iR, Pe uLo Jose, Curso de Direito Penal, v.2, parte eepeci.s , Sã!";PaGlo, Saraiva, 2"ed. 1992, p, 1:;4.13CCSTI\ J2-.Pa\..110 José, cp . 1...• c í t . , p . se. CARVl\LHOSA, ttode s to ,

Comentários à lei de sociedades esvón ime s, vol.3, São Pe u Lo , Se ra í va , 2"eá.1.99B, p . 285, ent endem que a expressão conci i cõee eccnómfce s mereceinterpretação ampla comp r eenoendo r arnbém a revelação Cid situaçãonenoc íe L Estado de negócios da ccmpanhí.e .HpEDFAZZI, Ce se r e , e COSTA JTJNIOF, Paul o ,IOSC, ,/',",.rC'~"CJ Pena ae s

ooc i eaades anônimas, São Paulo, ?T, 1973, c . 109; PINHEIEC T-CFEES, Carlos:'1<.:':[121, /, direito j informação nas socceaeaes COHierC121S, Co i mb ra ,Almedina, 1.99B, p.2D7 e seguintes.

18 I

'\\

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTitularda Facutõacede Oifelto da Universidade de SãoPaulo

de q112 r representação falsa da r e a Lí.ciade , mas t.arnoém ,

exaus 1 5", ~, sem o ou I t.a çsc c e qua cadc re Leva n te .

Este dever ce Informar, que a todos 05

administradores compreende, como r e s ae I ta tV:lODESTO Cp,EV;L.LHOSZ\.,

v estado tinesice i ro e o estado dos ou seja, "os

fatos e atos relevantes, nas atividades da cotcpenr : e H

o bem jurídico é o direito de ser corretamente informado

° sócio, investidor e o público em geral, prevenindo-se lesão

ao patrimônio daqueles que investiram ou pretendem investir

ou contratar com a empresa. o dever de informar, por

conseguinte, concretiza o dever de lealdade, o que apenas é

atendido se houver informação correta representativa da

realidade das condições econômicas, do estado financeiro e do

estado dos negócios, correç50 que exige nào haver ocultação

de qualquer circunstãncia relevante. Se houver deturpaçao da

verdade, ocultação que torna inveridico o conteúdo da

declaração sucede a prática de uma falsidade ideológica.

A falsidade ideológica vem a ser, no caso do art. 177 §

1 c , I, do Código Penal, um crime meio do crime fim, ou seja,

da figura penal da fraude sobre as condições econômicas da

empresa. Na Falsidade Ideológica não há violação da

autenticidade de documento, mas sim lesão à sua veracidade J 6,

"na medida em que a declaração nele contida é falsa ou omissa

C}\F'.V!\UOEiA, reode st c e Li\TOF-F.ACA, op c it . , P. 6.:"PRADe, Lu i z Péç í.s , Curse de Direito Pena}, '.I, IV, s êc Peu I c , 2-1',

19

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MIGUEL REALE JÚNIORstotesscr riturar caFaculdadede Direito da Universidade de SAcPaulo

em relação à x ee íi aeae que deveria consignarJ'/N razão porque

saber se a substância é veraz.

Ora, há lesão à veracidade se as afirmaçoes, contidas na

Nota .i.c a t Lv a , " , ' " ,Qes~oam aa rea~laaGe! consistindo em fraude

consubstanciada em declaração meio pelo qual se

realiza o fato típico do art. 177 do Código Penal.

Cumpre saber! no caso concreto, quals aS fa sidades

decorrentes da a j t e r e ção ou omissão da verdade, bem como se

são aptas à causação de um erro de forma concludente na

esfera representativa do destinatário da fraude.

3- ANÁLISE DO CASO

Um exame da representação de sentido do enunciado na

Nota Explicativa em seu conjunto é, sem dúvida, de grande

relevo. Qual o sentido da Nota Explicativa em seu contexto?

A mensagem transmi t.ida ao lei ro r é a de que a Ação de

Cobrança não passa de uma temeridade da Autora, sendo

insignificante, irrelevante! a sua pretensdO diante da

impossibilidade de se provar, como exige o Juizo, a completa

listagem dos recursos próprios ou captados aplicados

especificamente na obra de Itaparica! razão pela qual

'P08.TO, LUlZ Cu í.Lne rme ãor eLre , Tipicidade nos crimes de falsidadedocumental em face do bem juridico protegido f tese ce mest r adcapresentada à faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 2.002,capitulo, 111, item 1.3.

20

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MIGUEL REALE JÚNIORProtessct Titular da Facllldade de Direito da universidade de São Paulo

ccr.c i u ; , considerandos, QUE O RISCO DE PERDA É

REMOTO, conforme, aI ndicél suJ:>t t.uLo .

Lni c.i a-r s e adjetivando que há apenas

para s mencionar a Açâo de Cobrança

baseada em Ação Declaratória procedente para o fim de

declarar uma relação de c r e d i t o da 1'1endes Júnior junto a

CHESF assegurando ressarcimento financeiro. Passa, no

entanto, a Nota condicionar este

reconhecimento, como se fosse a decisão na Ação Declaratória

apenas uma vaga deliberação.

Todo o contexto visa transmitir a idéia de que o crédito

depende de outra prova além da declaração fundamentada em

exaustiva análise acerca àe sua existência em acórdào

transi tado em julgado, pois se afirma que este direi to ao

ressarcimento é condicional, pois, cabia à Mendes Júnior,

"para fazer jus a alguma espécie de ressarcimento, em

cumprimento a decisoes do Tribunal de Justiça de Pernambuco e

Superior Tribunal de Justiça, comprovar que captou recursos

especificamente para o financiamento da obra de Itaparica H•

Pinçando urna resposta do perito, omite o conjunto do

Laudo Pericial e muito especialmente o Laudo Complementar,

que considera nada ac r e s cen t.a r , para transcrever parte do

Laudo inicial na qual se afirma nJo ser "nJo ser possivel a

partir da analise dos registros contábe.ls da 1'1endes Júnior

afirmar ter ela captado, nos pe t i.cdcs que ocorreram atrasos

no pagamento das faturas, recursos no tne i ca do financeiro,

especificamente para o financiamento da obra de ca "

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorTilular da Facuidadede Direito da Universidadede SâoPavio

ac-et v s , neste passo, as e xp Lica ç óe s

dadas pelo perlto em seu Laudo

de ter ele mesmo no Laudo in e aI e no eme nta r fixado c

valor do credito, que a eança. a. 51 ficativa importância ae

ma s de 80 bilhões de rea s em valores de 2.002, em

reajuste até o presente cerca de 200 bilhões de reais.

A afirmaçào, na Nota

estimar valor para o l~~

ieativ2, ae que não é possível

o e de que o perito não conseguiu

comprovar a existência de qualquer crédito em favor da

Autora, faz parte da argumentaçáo que lança considerações

totalmente desconformes com a realidade constante dos autos

para concluir a partir dessas premissas falsas que o risco de

perda é remoto.

Em sua estrutura 16gica, a partir da minimizaçáo da Ação

de Cobrança, não s ó ccnd í.c í.onanco-.a à prova completa de se

ter captado recursos especificamente para a obra, mas

afirmando ser impossível realizar tal prova, conclui, em

consonância com as premissas falsas postas, que o risco é

remoto, em discurso convincente aos olhos do leitor, tendo,

portanto, capacidade de iludir f tendo potencialidade de

conformar o entendimen~o do destinatário, acionistas ou o

püblico em geral, no sentido de que os riscos de perda são

remotos.

Dessa formar silencia sobre o elevado valor a que pode

ser condenada a CHESF, a esta que noticiada levaria

ao conhecimento fundamental relativo à si t ue ção econêmico-

financeira, com o que se impede a ciência dos mesmos sobre

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MIGUEL REALE JÚNIOR

ProfessorTitular da Faculdade de Direito da Universidade de SãoPaulo

convicçao dos leitores.

Para a construção da mensagem conclusiva do risco de

perda remoLo, omite-se que a a CHESF já reconhecera em

decisão da Diretoria " ­a Construtora tenha sido levada a usar

recursos próprios ou de terceiros para manter o andamento da

oDra/ em função dos atrasos de pagamentos H•

Na Construção da Nota Explicativa, voltada a convencer à

grande maioria dos leitores, especialmente acionistas e

investidores, de ser o risco de perda remoto, a CHESF ignorou

o teor do acórdão transitado em julgado no que se afirma

claramente existência de uma relação de crédito da

Apelante contra a Apelada I assegurando a vencedora o completo

ressarcimento com atualização dos valores relativos a juros

f.inanciamento

financeirosdo mercado e

da

encargos

construção da Usina

em decorrência

Hidroelétrica

do

de

Itaparica" .

Ignora-se que no Laudo l conforme especificado nas

de c i s õe s judiciais fixa-se o valor da indenização, como já

frisei, e em importância que se pode compreender não desejar

a CHESf vir a público, mas que a tal é obrigada pelo dever de

veracidade e de lealdade, sob pena de omitindo configura com

sua atitude o previsto no art. 177 § l~ do Código Penal.

A CHESF jamais poderia em face da frase do to ae que

nào era possivel estabelecer qual o financiamento obtido

especificamente para a obra de Itaparica se ao mesmo tempo o

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessor!Hviil;r;lJ faculdade de Direito da Universidade de SãoPevsc

ndeni

p r op rt.a

Es qucst

suscitou e0 quesIto c pe r i r.o

conciliar

debeatur.

essa. impossibilidade fixaçào do quantum

Se fosse veraz e atendesse ao expresso nos autos, a

CHESF jamais poderia qualificar como remoto o risco de perda,

pois a frase do perito em que se alicerça, no unto do

Laudo, a ela mesma é duvidosa, ao indagar em quesito acerca

de eventual divergência entre a assertiva de que não podia

afirmar que os recursos para capital de giro tomados no

mercado financeiro foram para a UHE de Itaparica e ao mesmo

tempo apresentar um valor devido à Me ndes Júnior decorrente

de financiamento da obra.

Omite a Nota Explicativa o conhecimento que tem a CHESF

do Laudo Complementar, s se não omitisse jamais poderia

ter concluído que não se comprovara qualquer crédito por

parte da Autora e muito menos o valor do Isto porque

em sua resposta ao quesito da própria CHESF sobre eventual

divergência, acima lembrada i o perito disse que se a partir

"da análise dos registros contábeis da Mendes Júnior ela

tinha captado recursos nos períodos em que ocorreram atrasos

nos pagamentos das is t.u i e s no mercado financeiro não

especificamente para o financiamento da obra de Itaparica.

Também não pode afirmar o contrário. (grifei)

Acrescenta o pc r í t.o em sua e xp L ao quesito na

CHESF, que ao calcular os valores part.iu da análise das

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MIGUEL REALE JÚNIORrrereesor Ti!vjJr ti" Faculdade de Direito di! UnivJHsidáde de SãoPaulo

Demonstraçôes verificando "o Fassi

Circulan ma 1S Ex ve.l a l.on c c Prazo estão icados

Ativo Circulante mais Realizivel a Longo Prazo.

n segUIr, na mesma respos~a, esclarece que a mensuraçáo

de valor da indenizaçào u o fixado pc as decisôes

judiciais, pois explica: "A mensuração dos valores por atraso

foi fei ta de acordo com acórdão do Tribunal de Justiça de

Estado de Pernambuco e do e coraõc do Superior Tribunal de

Justiça e do despacho da Justiça Federal de Pernambuco H•

Esta assertiva, aliás, casa-se perfeitamente com outro

esclarecimento dado perito, em Laudo Complementar, li'..'

sentido de que "a evídência t q x i te i ) de que i oram apli.cados

recursos na barragem de Itaparica é que a obra foi realizada,

faturas foram ein i t i.de s e que os pagamentos foram feitos com

atraso e foram celebrados inúmeros contratos de financiamento

de capital de giro pela autora pelos quais pagou juros e

encargos financeiros no mercado, pois não possuía a

construtora, àquela época, recursos necessários.

São duas evidências que a CHESF ignora com manifesta má

fé ao dar elevado valor à frase de nào haver captação de

recursos especificamente designados para a obra de Itaparica:

primeiramente, é obvio que ao se contrair um empréstimo não

se dá nome ou destinação desse dinheiro obtido no contrato de

financiamento de capital de giro; em lugar, a prova

de que o dinheiro captado foi aplicado na obra decorre do

acima transcrito do Laudo Complementar, ou seja, que a obra

foi feita apesar dos pagamentos com atraso, tendo sido

25

\\

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MIGUEL REALE JÚNIORProfesso- Iituiar da Facuíeade de Direito da ursve-stcace de São Pae:c

captados recursos/ mesmo porque a Construtora não os possuía

à época.

evidência.

peritO classifica esta constataç~o corno urna

Em outra passagem do Laudo to nega

que tenha manifestado não terem havido que possam

ser mensurados l desfazendo a maliciosa interpretação dada

pela CHESF de que não há comprovação de créditos por parte da

Construtora/ não sendo possível estimar o valor do ia.

Observem-se os termos da resposta do

explorada frase:

to ao comentar a ~ão

"Com isto não significa dizer que não exista

um crédito da Autora junto à Ré e que este

crédito não possa ser mensurado, uma vez que

existem faturas pagas em atraso, dias de atraso e

custo financeiro que poderá ser determinado dos

empréstimos tomados pela entidade tomados pela

autora. Além do mais, o fato dos contratos de

financiamento não mencionarem a obra de

Itaparica, não significa que tal obra não tenha

utilizado recursos financeiros, até porque

provado que o capital de giro da Mendes era

insuficiente para talHo

Verifica-se/ portanto, a falácia dos termos e de

contex::o em que foi apresentada a Nota Explicativa,

escondendo a realidade da situaçào econômica da Companhia em

face do efetivo risco existente de ter de arcar com vultosa

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MIGUEL REALE JÚNIOR»rctessor Tiw1ar as Eactncaée de Oirei;:; da UnivlUsidiide de Sãe Pau;c

1.c a c a ce

p r-e s e n t e s •

cerca de /, bilhões de r(alS Qn

Pondera JOSE F.LEXF.NDRE TAVp,RES GDERREIR-C, em seu

parecer, apresentado junto com as Notificações, que mesmo que

não se constitua reserva para contingências, está a CHESF

forçada a explicitar essa obrigaçào, de modo minucioso e

fiel, "em vista do seu impacto UQ s i t.ue çâo patrimonial da

sociedade Ches[ (e por via de a e em razão da

equivalência patrimonial, na situação de sua acionista

controladora a Eletrobrás)ff.

4 - Configuração típica

Neste crime de "Fraude sobre as condições econômicas de

sociedade por ações", há um sujeito ativo próprio, ou seja, o

agente deve ser diretor, gerente ou fiscal de empresa de

sociedade por ações, tal como é a CHESF, constituindo esta

qua Li f í c aç ão uma condição elementar do crime do art. 177 §

I, do Código Penal, que, portanto, se comunica a qualquer

eventual co-autor que não ostente essa condiçào pessoal, mas

que tenha colaborado a prática do crime.

o crime descrito no item l, do § 1° do art.177 do Código

Penal consIste, destarte, em o diretor ou qerente de

sociedade por ações haver feito "comuni ceçd c falsa s ooxe as

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l\.--11G·UEL REALE JÜNIORP,deSSN Titularda Faculdadede Direitoda Universidade de São Paulo

c ctscis çc C,5 da sociedade ou oculta

hS ir;formaçõe:::~ deformadas e as omi s sôc s foram efetivadas no

Balanço, que Integra a Nota i.ca t í va , e o balanço e s t a

assinado pelos diretores da sociedade anônima, CHSSF.

Viola-se, desse modo, o dever de informar com veracidade

e completude acerca do estado financeiro e c estado dos

ou seja, com relaçdo a fatos e atos relevantes l nas

a ti vidades da companhia I tal corno é de modo incontroverso

uma contingência relativa a processo que pode redundar em

vultosa indenização, hoje beirando os 200 bilh6es de reais.

Com as informações falsas da Nota Explicativa, que

também oculta fraudulentamente fatos, coloca-se em risco o

patrimônio de acionistas, investidores e contratantes com a

CHESF, pois restam seguros de que a empresa está distante do

pagamento de uma indenização vultosa, quando não est:á, sendo,

como ressalta PAULO JOSÉ DA COSTA JÚNIOR, as falsidades

praticadas

perigosas1 8•

no balanço as mais freqüentes e as mais

o Balanço tem a potencialidade de inf uenciar acionistas

e terceiros, por isso o perigo da fraude nele cometida, que

pode motivar erroneamente condutas por parte dos mesmos, que

não as tomariam se corretamente informaàos.

JNIOF, Paulo José da,spec i at , Saraiva, sàc Paulo, '092, p . ISO, que e n s i na , t ambérc , que ae Ls í.dade pode consistir ern se focalizar as condí.cõe s conórsí ce s comuz e s exeqe r aoeroe nt e r.evor-áve í s com r e spe í.to oi realidade dos tat.os .

2&

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.l\-1:IC;;UEL REALE J'LJNIORProtcssc: Titular os Fuuldade de Direito da lJniversídadede SãoPJUiC

de urna

SSlS falsas e ocultações da verdade.

scc cc

de

ASSlITl, a p r La.e i r e ocultação é de que se trata de uma

de indenizar certa e imutável, pois se estabeleceu

judicialmente, em decisão transitada em jUlgilQQ a existência

de uma relação de crédito da Apelante contra a Apelada r

assegurando a vencedora o completo x ee s s ccucent:o com

atualização valores rela ti vos a juros do mercado e

encargos financeiros em decorrência do financiamento da

construção da Usina Hidroelétrica de Itaparica.

Minimizou-se ao máximo esta decisão, ao se lhe dar um

caráter condicional ao se dizer que a Mendes Júnior apenas

faria jus a qualquer ressarcimento se comprovasse que captou

recursos especificamente para o financiamento da obra de

Itaparica.

Mas a decisão judicial Ja reconhecera a existência do

direito a ressarcimento exatamente por ter declarado que

houvera financiamento da obra, com captação de recursos

financeiros ou com a utilização de recursos próprios. O que

resta apenas é dizer o qUântWll r a ser mensurado como de fato

Ja o foi neste passo do processo, fato este ocultado.

Mas a maior falácia está em que havendo estabelecido uma

condição ao direi to de ressarcimento, ou a a prova de

29 j\'f11\

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!'vHGUEL REALE j"()NIOR

Professor Titular da Facctcacede üneue da vfiii!FSidi:H:Je de SãoPaute

financ:Lamentcs especificos para.

claramente ser

que E':SU? mesm

c, a de que s o r í a Sl.VC

afirmar que a Mendes Júnior teria captado recursos no mercaac

f na n c e i ro ospc;cificarncnte para. a oo r s o c Lt.ap a ri c a . Orn.i t a

CHESF a resposta do perito a uma pergunta acerca dessa frase,

resposta na qual cie c Le r a ser a frase inócua r pc r s afirma que

também poderia afirmar o contrário.

Omite a CHESF, que sendo impossível encontrar a

designação específica de um financiamento de tal de giro

para a obra de Itaparica, nem por isso se pode dizer, como

assinala o perito, que r.ào houve essa captação de recursos

para a obra de j t epe r i.c a , mesmo porque ao se contratar um

empréstimo no mercado para capital de giro não se designa

este dinheiro como destinado à obra A, B ou C.

Se é assim, o indica, contudo, a existência

evidente de que houve sim empréstimos, captação de recursos

no mercado financeiro que foram empregados na obra de

Itaparica. Diz o to, conforme ~á se assinalou acima: nA

evidência de que foram aplicados recursos na barragem de

Itaparica é que a obra [oi realizada, faturas [oram emitidas

e que os pagamentos foram feitos com atraso e fcram

celebrados inúmeros contratos de financiamento de capital de

giro pela autora quais pagou juros e encargos

financeiros no mercado, pois não possuía a construtora,

àquela épcca, recursos necessários H•

30

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MIGUEL REALE JÚNIORProfessorIituiar da Facuidadede Direitoda Universidadede SãoPaulo

Anota t.ambém per i to ,

o r z acta pe La

CHESF qualquer r e Lev án ci a : "Além do ma c , o dos

contratos de t is.occi ames.r c não mencj,onarem obra de

Ita,:oarica,. rsôo ii c s que ta-L core nào tenha .st i i z z s acrecursos financeiros,. até porque

TO da Mendes era insuficiente para tal H•

que c capital de

Fica, portanto, comprovado se ter feito afirmação falsa

na Nota ícativa e omitido dados essenciais, dando-se

ênfase a uma frase inócua para fincar uma SSCl falsa, por

meío da ocultação do verdadeiro significado dessa frase

segundo o seu autor, o perito, ou seja, com sentido

contrário ao utilizado fraudulentamente na Nota Explicativa.

Sendo assim, é falsa a afirmação constante da Nota

Explicativa de que o "Perito do Juízo não conseguiu comprovar

a existência de qualquer crédito em favor da Autera H•

É falsa também a afirmação constante da Nota Explicativa

de que "não é pce s i vel es timar c valer para o li: tigie I nem

mesmo em caráter de expectativa H•

o perito mensurou c; valor do r e s s a r c Lment o , tanto que

foi por isto questionado pela CHESF. Em sua resposta a esse

questionamento o perito que a "mensuraçãe dos

va10res por atraso foi feita de acordo com acórdão do

Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco e do acórdão do

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MIGUEL REALE JÚNIORproresscc tttcrar da Faculdiide de Direiic da Univi:!f$.idadt de São Pauio

~~~erior Tribuna

ac. Pe i n amtiu ca'",

o per to indicou valeres: 'Jd OI: de P$

/1.117.361.001,02 foi revisado. a reVLSZo o valor

cc r r em acr: : de' 2.002 Zi

80.165.962.549. 54 H

Destarte, é falsa a afirmação integrante da Neta

Explicativa de ser impossível "estimar um valor para o

litigio~ nem mesmo em caráter de expectativa fl•

o contexto construído com o sentido de minimizar a Ação

de Cobrança revela-se um tedo falso, pois alicerçado em

premissas falsas e ocultações da verdade, que pudessem dar

sustentação lógica á qualificaçào da Ação movia pela

Con s u Le nte como de risco de perda remoto, quando a verdade

processual indica o contrário, como se pode verificar das

passagens acima transcritas.

Destarte, o elemento caracterizador da ação delituosa na

forma do descr i to no art. 177 § 1 ", I I do Código Penal está

presente, pois à evidência, em Balanço a Diretoria da CHE5F

em Nota Explicativa ocultou fraudulentamente a verdade sobre

as condições econômicas da sociedade, fazendo constar

afirmações falsas para concluir mentirosamente que o risco de

na Ação de Cobrança de vultosos valores, era remoto.

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MIGUEL REALE Jt)NIORprctesso: Titular da Facctcaoe de mreuc da Ur.iversidace de São Pacto

rrve e t.a.co r , u em (JE'L2 come

Íon e c e do r , c contratante, e evidente diante do contexto

'--0 construído com vistas a evar 2. COnCl usao CieSe aGc I

qua seja, a de que o risco de perda é remoto.

Per todas essas razões, posso concluir efetivar-se na.

conduta aos responsáveis publicação do Balanço, que

engloba como parte essencial a Nota Explicativa, a adequação

t do descritc no art. 17~ § l° de

É esse o meu parecer.

São Paulo, 11 de junho de 2.007.

Penal.

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