1. vida y literaratura. cervantes en el quijote (jean canavaggio)

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V i d a y l i t e r a t u r a : C e r v a n t e s e n e l Q u i j o t e P o r J e a n C a n a v a g g i o E n b u s c a d e u n p e r f i l p e r d i d o D o s c a m i n o s s u e l e n o f r e c e r s e a q u i e n i n t e n t a a c e r c a r s e a l v i v i r c e r v a n t i n o . O b i e n d e d i c a r s e a l a c o n s u l t a d e d o c u m e n t o s y a r c h i v o s , c u y o l a c o n i s m o d e j a i n e v i t a b l e m e n t e f r u s t r a d o a l q u e n o s e s a t i s f a c e c o n l o s p o c o s d a t o s s a c a d o s d e a c t a s n o t a r i a l e s y a p u n t e s d e c u e n t a s , a j e n o s a l a i n t i m i d a d d e l e s c r i t o r ; o b i e n b u s c a r e s t a i n t i m i d a d e n s u o b r a , a r i e s g o d e c e d e r a u n e s p e j i s m o : e l t e s t i m o n i o d e u n a s « f á b u l a s m e n t i r o s a s » q u e n o h a n t e n i d o n u n c a c o m o f i n e l d e l l e n a r l o s v a c í o s d e n u e s t r a i n f o r m a c i ó n 1 . A s í y t o d o , t a n t a s e x p e r i e n c i a s b i o g r á f i c a s , i n t e l e c t u a l e s y l i t e r a r i a s d e l a u t o r v i e n e n a c o n f l u i r , d e u n m o d o u o t r o , e n l a s f i c c i o n e s c e r v a n t i n a s , q u e e l l e c t o r d e l Q u i j o t e n o p u e d e r e s i s t i r a l d e s e o d e a v e n t u r a r s e p o r u n a s e n d a q u e l e l l e v a a d e s c u b r i r u n a n u e v a f o r m a d e e n t r o n c a r v i d a y l i t e r a t u r a . A v e n t u r a , p o r c i e r t o , a z a r o s a , y q u e e l p r o p i o C e r v a n t e s n o s i n d u c e a e m p r e n d e r c o n c a u t e l a , a l d i s i m u l a r s e , c o m o l o h a c e , d e t r á s d e u n a s m á s c a r a s , d e l e g a n d o s u s p o d e r e s e n s u p u e s t o s n a r r a d o r e s a l e s t i l o d e C i d e H a m e t e B e n e n g e l i . N o o b s t a n t e , a q u i e n s a b e l e e r e n t r e l í n e a s e l Q u i j o t e s e l e a p a r e c e i m p r e g n a d o d e l s e n t i r d e l q u e l o c o m p u s o . U n e j e m p l o s i n m á s t a r d a r : c o m o s e s a b e , l a h i s t o r i a d e l i n g e n i o s o h i d a l g o n o s e a m o l d a a l e s q u e m a p s e u d o a u t o b i o g r á f i c o e l e g i d o p o r M a t e o A l e m á n a l c o n c e b i r s u G u z m á n d e A l f a r a c h e , e l r e l a t o r e t r o s p e c t i v o d e s u p r o p i a v i d a q u e n o s h a c e e l p r o t a g o n i s t a . L a s r e s e r v a s d e C e r v a n t e s a n t e l a f o r m a q u e c o b r a l a c o n f e s i ó n d e l p í c a r o s e p e r f i l a n e n e l c a p í t u l o 2 2 d e l a P r i m e r a p a r t e d e s u n o v e l a . A h í n o s s a l e a l e n c u e n t r o , e n u n a c a d e n a d e f o r z a d o s , e l g a l e o t e G i n é s d e P a s a m o n t e , a u t o r d e u n l i b r o d e s u v i d a , y t a n b u e n o , q u e « m a l a ñ o p a r a L a z a r i l l o d e T o r m e s y p a r a t o d o s c u a n t o s d e a q u e l g é n e r o s e h a n e s c r i t o o e s c r i b i e r e n » ( I , 2 2 , 2 4 3 ) . C o m o h a m o s t r a d o C l a u d i o G u i l l é n , c l a r a d e n u n c i a n o s o f r e c e a q u í G i n é s d e l d o b l e a r t i f i c i o q u e c a r a c t e r i z a l a n a r r a c i ó n p i c a r e s c a : p o r u n l a d o , p r o m e t i e n d o u n l i b r o q u e « t r a t a v e r d a d e s , y n o m e n t i r a s » , o s e a , s u c e s o s e f e c t i v a m e n t e o c u r r i d o s y n o c o s a s i n v e n t a d a s q u e s e p r e t e n d e n s u c e d i d a s ; y , p o r o t r o l a d o , c o n s i d e r a n d o e s t e l i b r o c o m o i n c o n c l u s o , s i n q u e p u e d a p u b l i c a r s e m i e n t r a s n o s e a c a b e e l c u r s o d e s u p r o p i a e x i s t e n c i a . A s í , p u e s , e s t e e n c u e n t r o c o n e l g a l e o t e a b r e c o m o u n r e s q u i c i o p o r d o n d e v i e n e n a f i l t r a r s e l a s p r e f e r e n c i a s e s t é t i c a s d e C e r v a n t e s , c o m o s i e s t e , p o r m e d i o d e s u p o r t a v o z , n o s d i e r a a c o n o c e r a l g o d e l a c i r c u n s t a n c i a e n q u e s e f r a g u ó s u q u e h a c e r d e e s c r i t o r . A h o r a b i e n , n o s i e m p r e p e r m a n e c e C e r v a n t e s e n t r e b a s t i d o r e s . H a y , a l o l a r g o d e s u o b r a , t e x t o s c l a v e e n q u e p a r e c e a s u m i r s u i d e n t i d a d , h a b l a n d o e n p r i m e r a p e r s o n a . E n p r i m e r l u g a r , l o s d o s p r ó l o g o s a l Q u i j o t e , s e p a r a d o s p o r d i e z a ñ o s c a b a l e s , i g u a l q u e l a s d o s p a r t e s d e l m i s m o ; l u e g o , c o m p u e s t o s e n e l f e c u n d o c r e p ú s c u l o d e s u v i d a , o t r o s t e x t o s l i m i n a r e s , c o m o l o s r e s p e c t i v o s p r ó l o g o s a l a s N o v e l a s e j e m p l a r e s y a l a s C o m e d i a s y e n t r e m e s e s , e l p r ó l o g o a l P e r s i l e s o l a c o n m o v e d o r a d e d i c a t o r i a a l C o n d e d e L e m o s , f r a g m e n t o s d i s p e r s o s d e u n r e t r a t o d e a r t i s t a c u y a v e r d a d n o e x i g e v e r i f i c a c i ó n . V a r i a s r a z o n e s e x p l i c a n e l i n t e r é s q u e , p a r a n o s o t r o s , o f r e c e n e s t o s f r a g m e n t o s ; p e r o m á s q u e n a d a , q u i z á , e l s e r e l r e t r a t a d o u n h o m b r e c u y a e x i s t e n c i a h i s t ó r i c a a p e n a s s e c o n o c e . D e b i d o a l s i l e n c i o d e l o s a r c h i v o s , i g n o r a m o s , e n e f e c t o , c a s i t o d o d e l o s a ñ o s d e i n f a n c i a y a d o l e s c e n c i a d e n u e s t r o e s c r i t o r . P o d e m o s a f i r m a r , a c i e n c i a c i e r t a , q u e n a c i ó e n 1 5 4 7 e n A l c a l á d e H e n a r e s , d e p a d r e c i r u j a n o ; p e r o n o s e s a b e e n q u é f e c h a e x a c t a , y l a s u p u e s t a a s c e n d e n c i a c o n v e r s a q u e s e l e a t r i b u y e s i g u e s i e n d o t e m a c o n t r o v e r t i d o . T a l v e z e m p e z a r a a e s t u d i a r e n S e v i l l a , v i e n d o r e p r e s e n t a r a l l í a L o p e d e R u e d a ; p e r o s u t r a s l a d o a M a d r i d n o q u e d a d o c u m e n t a d o . H a c e f a l t a e s p e r a r a l a ñ o d e 1 5 6 9 p a r a v e r c o m p r o b a d a s u p r e s e n c i a e n l a V i l l a y C o r t e , l a c u a l s e i n f i e r e d e s u c o n t r i b u c i ó n a l a s E x e q u i a s p u b l i c a d a s p o r s u m a e s t r o L ó p e z d e H o y o s c o n m o t i v o d e l a m u e r t e d e I s a b e l d e V a l o i s , t e r c e r a e s p o s a d e F e l i p e I I . M e j o r c o n o c i m i e n t o t e n e m o s d e l o s a ñ o s h e r o i c o s q u e m e d i a n e n t r e 1 5 7 1 y 1 5 8 0 : e l c o n t a c t o d e C e r v a n t e s c o n l a « v i d a l i b r e d e I t a l i a » , p r i m e r o e n R o m a , e n e l s é q u i t o d e l c a r d e n a l A c q u a v i v a , l u e g o c o m o s o l d a d o , a l a s ó r d e n e s d e D i e g o d e U r b i n a ; l a s h e r i d a s r e c i b i d a s e n L e p a n t o , e l 7 d e o c t u b r e d e 1 5 7 1 , d o n d e , a b o r d o d e L a M a r q u e s a , p e l e a « m u y v a l i e n t e m e n t e » y p i e r d e d e u n a r c a b u z a z o e l u s o d e l a m a n o i z q u i e r d a ; a l a ñ o s i g u i e n t e , l a s a c c i o n e s m i l i t a r e s l l e v a d a s c o n d e s i g u a l s u e r t e p o r d o n J u a n d e A u s t r i a e n C o r f ú , N a v a r i n o , T ú n e z y L a G o l e t a ; e n 1 5 7 5 , l a c a p t u r a p o r c o r s a r i o s t u r c o s , a l v o l v e r a E s p a ñ a e n l a g a l e r a S o l ; p o r f i n , l o s c i n c o a ñ o s d e l c a u t i v e r i o a r g e l i n o , d o l o r o s a e x p e r i e n c i a m a r c a d a p o r c u a t r o i n t e n t o s f r u s t r a d o s d e e v a s i ó n y c o n c l u i d a c o n u n i n e s p e r a d o r e s c a t e , c o n s e g u i d o p o r o b r a

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Page 1: 1. Vida y Literaratura. Cervantes en El Quijote (Jean Canavaggio)

Vida y literatura: Cervantes en el QuijotePor Jean Canavaggio

En busca de un perfil perdido

Dos caminos suelen ofrecerse a quien intenta acercarse al vivir cervantino. O bien dedicarse a la

consulta de documentos y archivos, cuyo laconismo deja inevitablemente frustrado al que no se

satisface con los pocos datos sacados de actas notariales y apuntes de cuentas, ajenos a la intimidad

del escritor; o bien buscar esta intimidad en su obra, a riesgo de ceder a un espejismo: el testimonio

de unas «fábulas mentirosas» que no han tenido nunca como fin el de llenar los vacíos de nuestra

información1.

Así y todo, tantas experiencias biográficas, intelectuales y literarias del autor vienen a confluir, de un

modo u otro, en las ficciones cervantinas, que el lector del Quijote no puede resistir al deseo de

aventurarse por una senda que le lleva a descubrir una nueva forma de entroncar vida y literatura.

Aventura, por cierto, azarosa, y que el propio Cervantes nos induce a emprender con cautela, al

disimularse, como lo hace, detrás de unas máscaras, delegando sus poderes en supuestos narradores

al estilo de Cide Hamete Benengeli. No obstante, a quien sabe leer entre líneas el Quijote se le aparece

impregnado del sentir del que lo compuso. Un ejemplo sin más tardar: como se sabe, la historia del

ingenioso hidalgo no se amolda al esquema pseudoautobiográfico elegido por Mateo Alemán al

concebir suGuzmán de Alfarache, el relato retrospectivo de su propia vida que nos hace el protagonista.

Las reservas de Cervantes ante la forma que cobra la confesión del pícaro se perfilan en el capítulo 22

de la Primera parte de su novela. Ahí nos sale al encuentro, en una cadena de forzados, el galeote

Ginés de Pasamonte, autor de un libro de su vida, y tan bueno, que «mal año para Lazarillo de Tormes y

para todos cuantos de aquel género se han escrito o escribieren» (I, 22, 243). Como ha mostrado

Claudio Guillén, clara denuncia nos ofrece aquí Ginés del doble artificio que caracteriza la narración

picaresca: por un lado, prometiendo un libro que «trata verdades, y no mentiras», o sea,

sucesos efectivamente ocurridos y no cosas inventadas que se pretenden sucedidas; y, por otro lado,

considerando este libro como inconcluso, sin que pueda publicarse mientras no se acabe el curso de su

propia existencia. Así, pues, este encuentro con el galeote abre como un resquicio por donde vienen a

filtrarse las preferencias estéticas de Cervantes, como si este, por medio de su portavoz, nos diera a

conocer algo de la circunstancia en que se fraguó su quehacer de escritor.

Ahora bien, no siempre permanece Cervantes entre bastidores. Hay, a lo largo de su obra, textos clave

en que parece asumir su identidad, hablando en primera persona. En primer lugar, los dos prólogos

al Quijote, separados por diez años cabales, igual que las dos partes del mismo; luego, compuestos en

el fecundo crepúsculo de su vida, otros textos liminares, como los respectivos prólogos a las Novelas

ejemplares y a las Comedias y entremeses, el prólogo al Persiles o la conmovedora dedicatoria al Conde

de Lemos, fragmentos dispersos de un retrato de artista cuya verdad no exige verificación. Varias

razones explican el interés que, para nosotros, ofrecen estos fragmentos; pero más que nada, quizá,

el ser el retratado un hombre cuya existencia histórica apenas se conoce. Debido al silencio de los

archivos, ignoramos, en efecto, casi todo de los años de infancia y adolescencia de nuestro escritor.

Podemos afirmar, a ciencia cierta, que nació en 1547 en Alcalá de Henares, de padre cirujano; pero no

se sabe en qué fecha exacta, y la supuesta ascendencia conversa que se le atribuye sigue siendo tema

controvertido. Tal vez empezara a estudiar en Sevilla, viendo representar allí a Lope de Rueda; pero su

traslado a Madrid no queda documentado. Hace falta esperar al año de 1569 para ver comprobada su

presencia en la Villa y Corte, la cual se infiere de su contribución a lasExequias publicadas por su

maestro López de Hoyos con motivo de la muerte de Isabel de Valois, tercera esposa de Felipe II.

Mejor conocimiento tenemos de los años heroicos que median entre 1571 y 1580: el contacto de

Cervantes con la «vida libre de Italia», primero en Roma, en el séquito del cardenal Acquaviva, luego

como soldado, a las órdenes de Diego de Urbina; las heridas recibidas en Lepanto, el 7 de octubre de

1571, donde, a bordo de La Marquesa, pelea «muy valientemente» y pierde de un arcabuzazo el uso de

la mano izquierda; al año siguiente, las acciones militares llevadas con desigual suerte por don Juan de

Austria en Corfú, Navarino, Túnez y La Goleta; en 1575, la captura por corsarios turcos, al volver a

España en la galera Sol; por fin, los cinco años del cautiverio argelino, dolorosa experiencia marcada

por cuatro intentos frustrados de evasión y concluida con un inesperado rescate, conseguido por obra

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de los padres trinitarios.

La falta casi completa de escritos íntimos no nos permite concretar el cómo y el porqué de estas

peripecias: así la partida a Italia, quizás a consecuencia de un misterioso duelo; la vida ancilar llevada

durante unos meses en Roma; el alistamiento en los tercios; la vuelta proyectada a la madre patria; y

en Argel, a pesar de reiteradas tentativas de fuga, la extraña clemencia del rey Hazán.

Otro tanto puede decirse de los acontecimientos consecutivos al regreso de Miguel a Madrid, una vez

rescatado. Tras una breve misión desempeñada en Orán, se inicia entonces su carrera de escritor:

hace representar varias comedias, «sin silbos, gritos ni barahúnda», en tanto que, en 1585, publicaLa

Galatea, novela pastoril al estilo de La Diana de Montemayor. Pero no se explica la pérdida casi completa

de sus primeras piezas (exceptuando El trato de Argel y La Numancia, conservadas en copias del

siglo XV III); tampoco se ha aclarado el misterio que envuelve el nacimiento de su hija natural, Isabel,

habida de Ana Franca de Rojas, esposa de un tabernero; apenas se conocen las circunstancias de su

matrimonio, en 1584, en Esquivias, con Catalina de Salazar, dieciocho años menor que él; menos aún

las razones exactas de su partida del hogar, en 1587, hacia Sevilla («tuve otras cosas en que

ocuparme», nos dice en el prólogo a Ocho comedias y ocho entremeses nuevos, f. 3); por no decir nada

de los motivos de un silencio de casi veinte años, durante los cuales Cervantes recorre Andalucía,

primero como proveedor de la Armada Invencible y luego desempeñando varias comisiones para la

hacienda pública.

Tan solo adivinamos una vida de dificultades y molestias: en 1590 solicita del rey un oficio en las Indias

que le es negado; en 1597, tras haber sido excomulgado, es encarcelado en Sevilla por retrasos y

quiebras de sus aseguradores. Hay que esperar a 1604 para verle reaparecer en el campo de las

letras, establecido con su familia en Valladolid, donde Felipe III acaba de trasladar la sede de la corte.

Allí, en este mismo año, concluye la Primera parte del Quijote, publicada en diciembre ya con fecha de

1605.

Cervantes en primera persona

Se comprenderá, entonces, lo que viene a representar, en nuestra búsqueda de la vivencia cervantina,

el prólogo con que se abre esta Primera parte; pero no debe engañarnos aquel yo que, de entrada,

dirige la palabra al «desocupado lector». El Cervantes de carne y hueso, muerto hace casi cuatro

siglos, nos es inasequible por definición; es una sombra que no podemos alcanzar. Quien se descubre

al hilo de nuestra lectura es más bien el doble de aquel sujeto desaparecido, un ente nacido de un acto

de escritura, establecido como tal por la mirada del lector, y que se deja entrever en las muestras

dispersas de un autobiografismo episódico. Pero es así como nos abre una perspectiva que contribuye

a crear la modernidad delQuijote: el encuentro de nuestra voluntad receptiva de lector con una

voluntad proyectiva a la que debemos la inserción de este yo cervantino dentro del espacio textual; un

espacio al que configura y ordena, comunicándole su presencia y su sabor de vida.

Como era de esperar, este primer prólogo ha llamado la atención de los cervantistas, preocupados por

desentrañar lo que se nos sugiere, al parecer, de la génesis del Quijote mediante una fugaz e incierta

alusión a la cárcel en que hubo de ser engendrado el libro. Pero, a decir verdad, no es su contenido

informativo, sino su misma estructura la que fundamenta el interés y la radical novedad de este texto.

En efecto, aunque parece, a primera vista, conformarlo con el género prologal, el yo cervantino va

alterando poco a poco sus protocolos, hasta llegar finalmente a subvertirlos: primero, interpelando,

tras veinte años de silencio, a aquel «desocupado lector» que se habrá olvidado de sus obras de

mocedad; luego, manifestando un aparente desprecio por el libro prologado, nuevo «hijo de su

entendimiento», por cierto, pero «seco, avellanado, antojadizo» (I, Pról., 9), y del que declara renegar

como «padrastro», antes de cambiar repentinamente de tono y asumir su paternidad.

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Así, pues, en el momento en que nos hacía esperar la tradicional captatio benevolentiae, Cervantes, por

no querer «ir con la corriente del uso», deja de pedir la indulgencia del público. Al contrario, con el

pretexto de ponderar el trabajo que le dio componer esta «prefación» que vamos leyendo, decide salir

en persona a las tablas, bosquejando su perfil de escritor: «suspenso, con el papel delante, la pluma

en la oreja, el codo en el bufete y la mano en la mejilla, pensando lo que diría…» (I, Pról., 10-11).

En esta circunstancia es cuando introduce a un primer alter ego: un supuesto amigo con el cual el

prologuista empieza a debatir de lo que habrá de ser el prólogo que se empeña en escribir. Así va

surgiendo, ante nuestra mirada cómplice, un «prólogo imposible» (para decirlo con frase de Maurice

Molho,«la Préface est une anti-préface tenant lieu de préface impossible») o, si se prefiere, un prólogo

del prólogo, que brota de las reticencias de Cervantes ante los adornos del exordio canónico: en

especial, unas poesías liminares que se niega a pedir a otros ingenios, fingiendo encargarlas a figuras

poéticas o novelescas, así como, también, las inevitables acotaciones eruditas, procedentes de un

saber de segunda mano, de las que se burla con evidente satisfacción.

Algo se adivina, en esta insólita determinación, de las tensiones propias del mundillo literario coetáneo:

parece ser la primera indirecta de Cervantes contra un Lope de Vega que hacía un uso poco discreto de

estos adornos, y del que se conserva una carta, nada amena, en la que se refiere a las dificultades que

conoció su rival en la búsqueda de plumas dispuestas a encomiar su libro. Pero, aquí, el partido elegido

trasciende lo meramente anecdótico; está en perfecta concordancia con lo novedoso del propósito que

anima al escritor: componer «una invectiva contra los libros de caballerías, de quien nunca se acordó

Aristóteles, ni dijo nada San Basilio, ni alcanzó Cicerón», con miras a «deshacer la autoridad y cabida

que en el mundo y en el vulgo tienen» sus «fabulosos disparates» (I, Pról., 17-18). Por si no viéramos

hasta dónde nos puede llevar semejante «invectiva» al revestir la forma de una parodia de estos

libros, Cervantes, con la resolución y firmeza de un casi principiante de cincuenta y siete años, pone los

puntos sobre las íes, aclarando las finalidades que persigue y el pacto que pretende establecer con sus

lectores. Al procurar que, leyendo su historia, «el melancólico se mueva a risa, el risueño la acreciente,

el simple no se enfade, el discreto se admire de la invención, el grave no la desprecie, ni el prudente

deje de alabarla» (I, Pról., 18), expresa una clara conciencia de su capacidad de innovación, en tanto

que, de entrada, somete su empresa al juicio del público.

A raíz del salto que damos del prólogo a la historia propiamente dicha del hidalgo manchego —una vez

salvados los versos preliminares—, podría pensarse que el yo cervantino va a esfumarse. Lo que

ocurre, en realidad, es que cambian y se diversifican, a la vez, las formas de su intromisión. Cabe

observar, ante todo, que este mismo yo vuelve a aparecer como tal dos veces en el texto. Asoma acto

seguido en la primera frase del capítulo primero, cuando el narrador se niega a concretar aquel lugar

de la Mancha donde Alonso Quijano pasó su vida antes de salir en busca de aventuras: un lugar, nos

dice, «de cuyo nombre no quiero acordarme».

El que expresa esta negativa es un ser fantasmal (y, de creer a Rodríguez Marín, engastado, además,

en un verso de romance); pero, para nosotros, la pluma que ostenta tiene que ser la del prologuista,

en un momento en que no se han introducido, todavía, los varios autores «que deste caso escriben» (I,

1, 37). Más adelante, en el capítulo octavo, se prepara su reaparición: tras suspenderse el combate de

don Quijote con el colérico escudero vizcaíno, se introduce improvisadamente la idea de que el relato

es obra de dos autores. Nunca se nos dirá quién es el segundo autor, nacido de la voluntad de

parodiar un recurso de los libros de caballerías. Pero es precisamente entonces cuando el yo del

capítulo primero vuelve a tomar la palabra, para contarnos luego, en el capítulo noveno, cómo halló en

Toledo la continuación de las aventuras del héroe, cómo se enteró de que esta narración, más o menos

fidedigna, fue compuesta por Cide Hamete Benengeli, y cómo la hizo traducir al castellano por un

morisco aljamiado. Por muy borroso que nos resulte, sus andanzas por el Alcaná, su natural inclinación

a leer, «aunque sean los papeles rotos de las calles» (I, 9, 107), hacen que no se le pueda reducir a

una mera persona gramatical: lo relacionamos, de manera espontánea, con la figura del manco de

Lepanto.

Solo que su intervención se complementa con la primera mención de Cide Hamete, la más fascinante de

las máscaras inventadas por Cervantes para disimularse y excitar así nuestra curiosidad. Si se admite

la etimología propuesta por Bencheneb y Marcilly, el mismo nombre de Cide Hamete Benengeli conlleva,

en sus tres segmentos, una notable carga autobiográfica: este ‘señor’ (Cide) ‘que más alaba al

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Señor’ (Hamete) no sería, a despecho de Sancho, moro aberenjenado, sino, paradójicamente,Ben-

engeli; es decir ‘hijo del Evangelio’ y no del Alcorán, y, como tal, cristiano. De ahí el que Cide Hamete

venga a reclamar para sí la responsabilidad exclusiva de la narración. Pero las circunstancias de su

introducción, su marginación con respecto al relato, así como el juego de encajes al que da lugar,

bastan para evidenciar, desde el principio, todo lo que separa a nuestro moro de un narrador

omnisciente.

Así se entiende mejor cómo, en esta proliferación de voces narrativas, se expande y diluye a la vez el

autobiografismo del Quijote: un autobiografismo disperso, fragmentado, que se descubre al lector en el

fluir de la narración, detrás de unas alusiones no siempre fáciles de entender y apreciar como se

deben. Requieren, eso sí, la mirada atenta de un conocedor de la época, pero siempre con el riesgo de

referirlas preferentemente a unas experiencias singulares, concediéndoles otro valor del que tienen en

realidad. Pongamos por caso la boca sin muelas de don Quijote, consecuencia de la aventura de los

carneros: ¿será lícito ver en ella una réplica de otra boca monda y desnuda, la del propio Cervantes, tal

como se describe en el prólogo a lasNovelas ejemplares2? Asimilación, por cierto, peligrosa.

En una conexión menos azarosa, otras ocurrencias, esparcidas a lo largo de las dos partes de la

novela, remiten, de forma más bien velada, a la gravitación del escritor, a su vida privada, a su

formación intelectual o a los varios ambientes que llegó a conocer. Esta contaminación del relato por el

vivir cervantino puede observarse, a veces, en dichos que son reveladores, con toda probabilidad, de

una actitud personal no siempre de abierta disconformidad, pero sí, al menos, de marcada reserva

frente al tono medio de la España filipina. Suele citarse, entre numerosos ejemplos, una conocida frase

de Sancho, a veces aducida en el debate sobre la supuesta «raza» de Cervantes: «Dos linajes solos

hay en el mundo, como decía una agüela mía, que son el tener y el no tener» (II, 20, 799). También

cabe mencionar, más allá de su posible relación con tal o cual fuente, oral o escrita, varias sentencias

de don Quijote sobre la virtud, que «vale por sí sola lo que la sangre no vale» (II, 42, 971), o sobre si

el juez ha de ser riguroso o compasivo (II, 42, 971). Pero en esta reconstrucción problemática de una

visión cervantina del mundo —por no decir de un «pensamiento»— hay que andar, por cierto, con pies

de plomo. La defensa que hace don Quijote de la justicia en sí, a la hora de poner a los galeotes en

libertad, puede leerse a la luz de los abusos cometidos en esta materia por los poderes públicos,

indiferentes a la discordancia entre delitos y penas. Pero el campeón de esta justicia ideal sigue siendo

un inadaptado: lo atestigua el que pida a los forzados, en señal de agradecimiento, que vayan a

presentarse ante Dulcinea cargados de sus cadenas. Mientras el ingenioso hidalgo queda atrapado en

este absurdo, Cervantes se nos desliza. Tampoco debe engañarnos el elogio de la libertad que se

pone en boca del caballero: para entenderla en su cabal sentido, conviene relacionarla con su contrario

—el cautiverio— con el cual forma díptico aquí (II, 58). Dicho de otro modo, no hay que tomar estas

oraciones al pie de la letra, ni separarlas de sus respectivas contextualizaciones, sino tener en cuenta

la polifonía que las va diseminando entre don Quijote, Sancho, el cura Pero Pérez, Sansón Carrasco o

Cide Hamete: uno de los muchos recursos aprovechados por Cervantes en la construcción de un relato

que iba a abrir un nuevo camino en la historia de la prosa novelesca.

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La voz del cautivo

Llega un momento, sin embargo, en que este entronque entre vida y literatura se vuelve muchísimo

más llamativo; más exactamente en uno de los cuentos interpolados: la historia de Ruy Pérez de

Viedma, la cual, como es sabido, ocupa en su casi totalidad los capítulos 39 a 41 de la Primera parte.

Nutrido de la rememoración cervantina del cautiverio, este relato evidencia un autobiografismo ya no

disperso, sino compacto; pero no por eso deja de mantener una relación ambigua con las experiencias

del autor. Los sucesos que nos refiere el capitán hasta su captura ofrecen, eso sí, un notable parecido

con las aventuras del propio Cervantes; pero no menos significativos son los constantes desajustes,

reveladores de una minuciosa reelaboración del material aprovechado.

Las mocedades de Ruy Pérez de Viedma son tan azarosas como las del escritor; pero quien nos las

cuenta no es hijo de cirujano alcalaíno, sino primogénito de un hidalgo leonés. Su partida a Italia corre

parejas con la de Miguel, salvo que no es huida y le lleva, en una serie de rodeos, a alistarse en los

tercios de Flandes. Luego, tras embarcarse en las galeras de la Santa Liga, a las órdenes del mismo

Diego de Urbina, el narrador llega a combatir en Lepanto, con tanta valentía como el famoso manco;

pero no lo hace como soldado raso, sino en calidad de capitán de infantería; y, en vez de quedar

herido, es capturado por los turcos, víctima de su temeridad.

Así es como el cautivo llega a presenciar, al año siguiente, la acción intentada por don Juan de Austria

contra Navarino; pero, esta vez, la contempla desde el lado enemigo. De esta manera, está en

condiciones de puntualizar «la ocasión que allí se perdió de no coger en el puerto toda el armada

turquesca» (I, 39, 455); y, desde el mismo enfoque, puede enjuiciarse la caída de la Goleta, episodio

funesto sucedido en agosto de 1574, a consecuencia de la recuperación de Túnez por los turcos. No

solo deplora las fuertes pérdidas sufridas, sino que nos da sin rodeos su opinión. Algunos, nos dice,

han pretendido que se podía haber conservado la fortaleza, aunque no hubiera sido socorrida:

Pero a muchos les pareció, y así me pareció a mí, que fue particular gracia y merced queel cielo hizo a España en permitir que se asolase aquella oficina y capa de maldades, yaquella gomia o esponja y polilla de la infinidad de dineros que allí sin provecho segastaban, sin servir de otra cosa que de conservar la memoria de haberla ganado lafelicísima del invictísimo Carlos Quinto, como si fuera menester para hacerla eterna,como lo es y será, que aquellas piedras la sustentaran (I, 39, 457).

Aquí, sin lugar a dudas, habla Cervantes por boca del capitán: a la hora del balance, y con la altura de

miras que se impone, aprueba el abandono de una plaza sin verdadero interés estratégico y la

liquidación, por dolorosa que sea, de una conquista utópica e inútil como fue la del reino de Túnez. De

hecho, así es como razonó Felipe II, al cual, dicho de paso, Ruy Pérez de Viedma nunca llega a acusar.

Una vez en Argel en tanto que cautivo de rescate, Ruy Pérez de Viedma ve que su destino coincide de

nuevo con el de su creador. Igual que él, aunque en distintas circunstancias, queda en poder del rey

Hazán; y la visión que nos ofrece de los baños se nos aparece henchida de los recuerdos del escritor:

[Yo estaba] encerrado en una prisión o casa que los turcos llaman baño, dondeencierran los cautivos cristianos, así los que son del rey como de algunos particulares…Yo, pues, era uno de los de rescate, que, como se supo que era capitán, puesto quedije mi poca posibilidad y falta de hacienda, no aprovechó nada para que no mepusiesen en el número de los caballeros y gente de rescate. Pusiéronme una cadena,más por señal de rescate que por guardarme con ella, y así pasaba la vida en aquelbaño, con otros muchos caballeros y gente principal, señalados y tenidos por derescate. Y aunque la hambre y desnudez pudiera fatigarnos a veces, y aun casisiempre, ninguna cosa nos fatigaba tanto como oír y ver a cada paso las jamás vistasni oídas crueldades que mi amo usaba con los cristianos (I, 40, 462-463).

Cervantes, como queda dicho, no era capitán; pero llevaba cartas de recomendación de don Juan de

Austria y del duque de Sessa, las cuales hicieron que los turcos lo considerasen como «persona

principal»; de ahí los quinientos escudos de oro que, a pesar de su «falta de hacienda», su amo

reclamó como precio de su rescate. Ahora bien, como para desmentir esta identificación, el narrador, en

Page 6: 1. Vida y Literaratura. Cervantes en El Quijote (Jean Canavaggio)

una manera de desdoblamiento, concluye esta evocación de las crueldades del rey incorporando la

figura emblemática de un compañero:

Solo libró bien con él un soldado español llamado tal de Saavedra, el cual, con haberhecho cosas que quedarán en la memoria de aquellas gentes por muchos años, y todaspor alcanzar libertad, jamás le dio palo, ni se lo mandó dar, ni le dijo mala palabra; ypor la menor cosa de muchas que hizo temíamos todos que había de ser empalado, yasí lo temió él más de una vez; y si no fuera porque el tiempo no da lugar, yo dijeraahora algo de lo que este soldado hizo, que fuera parte para entreteneros y admirarosharto mejor que con el cuento de mi historia (I, 40, 463).

En este deslinde entre historia y poesía, surge, pues, aquel soldado llamado Saavedra. Este nombre,

como se sabe, es el segundo apellido que Cervantes, al iniciar sus comisiones andaluzas, añade a su

patronímico: lo usa en el memorial de 1590, dirigido al Consejo de Indias, pero no lo llevó ninguno de

sus antepasados directos; lo tomó, probablemente, de uno de sus parientes lejanos, Gonzalo de

Cervantes Saavedra, el cual había sido obligado a huir de Córdoba, en 1568, tras un asunto de sangre,

y se embarcó en las galeras de don Juan, llegando tal vez a combatir en Lepanto. Este segundo

nombre, que se da a tres de los muchos personajes que pueblan las ficciones cervantinas, ha sido

interpretado como una conducta de compensación: a falta de poder deshacerse, por razones

desconocidas, del patronímico paterno, Miguel lo habría doblado en el plano social y simbólico. Sea lo

que fuere, con el triunfo del Quijote la posteridad ha consagrado, definitivamente, el doble apellido de

Cervantes Saavedra, en un desquite de todos los fracasos experimentados por el que lo forjó.

Lo que sí viene a compensar la odisea del capitán es la frustración nacida de las cuatro evasiones

fallidas del escritor. En enero de 1576, Cervantes trata en vano de huir por tierra al presidio español de

Orán. En septiembre del año siguiente espera un barco mallorquín, que no acude a la cita prevista. Seis

meses después, en marzo de 1578, manda unas cartas al gobernador de Orán por medio de un moro

cómplice al que sorprenden a la entrada de dicha ciudad y empalan por orden del rey. Por fin, en

octubre de 1579, proyecta armar una fragata de doce bancos y ganar España con sesenta pasajeros,

pero es denunciado por un renegado florentino, manipulado por otro cautivo, el doctor Juan Blanco de

Paz. El mismo anhelo de libertad anima, en el Quijote, a Ruy Pérez de Viedma:

Pensaba en Argel buscar otros medios de alcanzar lo que tanto deseaba, porque jamásme desamparó la esperanza de tener libertad, y cuando en lo que fabricaba, pensaba yponía por obra no correspondía el suceso a la intención, luego sin abandonarme fingía ybuscaba otra esperanza que me sustentase, aunque fuese débil y flaca (I, 40, 462).

Pero, al contrario que Cervantes, su primera tentativa va a ser un éxito: quien le permite salir del baño,

facilitándole los medios de su rescate y compartiendo su destino, es la hermosa Zoraida, hija de un rico

renegado esclavón.

Aquí, por cierto, la odisea del capitán se separa definitivamente de la de su modelo: como ha mostrado

Maxime Chevalier, se ciñe a una leyenda que desarrolla un motivo tradicional, a través de múltiples

versiones entre las cuales destaca el cuento de La hija del diablo. Dentro de la remodelación cervantina

resalta, sin la menor duda, el papel concedido por el narrador al padre de Zoraida, cuando, tras haber

sido informado por su hija de su conversión, ve alejarse, desde la playa desértica en que ha sido

abandonado por sus raptores, el barco que lleva a la pareja. Al dar a esta figura patética el nombre de

Agi Morato, Cervantes la ha dotado de una identidad sacada de su propia experiencia, sin dejar, por

supuesto, de acomodar a su relato la cronología de los hechos históricos. Agi Morato se llamaba, en

efecto, aquel suegro del rey de Fez del que nos habla laTopografía e historia general de Argel. Alcaide de

la Pata, había peregrinado a la Meca y, según otro testimonio que conservamos, era tenido «por

hombre de buen juicio y de muy buena manera». Por fin, en tanto que chauz (o ‘enviado’) del Turco,

desempeñó varias misiones secretas. Como queda dicho, Cervantes tenía en su poder, cuando fue

capturado, cartas de recomendación. ¿Quién sabe si no fue introducido, como posible informador

oficioso, en la intimidad de Agi Morato? Así se nos aclararía la extraña mansedumbre que le manifestó

el rey de Argel después de sus tentativas de fuga, perdonándole tres veces la vida.

Tal es el trasfondo sobre el cual se recortan los recuerdos personales esparcidos en la narración: entre

otros detalles, la referencia al jardín de Agi Morato, cercano a la puerta de Babazón (I, 40); lo que se

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nos dice del trato que solían mantener, en Argel, amos y esclavos (I, 41); el ansia de libertad de los

renegados reconciliados, también llamados «tornadizos» (I, 40); el miedo de los moros a los turcos (I,

41); o el uso de la «lingua franca», «que en toda la Berbería y aun en Constantinopla se halla entre

cautivos y moros, que ni es morisca ni castellana ni de otra nación alguna, sino una mezcla de todas las

lenguas, con la cual todos nos entendemos» (I, 41, 474). Desglosar estas alusiones, en detrimento de

su función artística, para componer un cuadro costumbrista de la vida argelina, nos llevaría, desde

luego, a cometer un error de perspectiva. Pero otro error sería negarles, en un exceso de

hipercriticismo, cualquier valor documental. Nuestro conocimiento del cautiverio cervantino se apoya en

fuentes que, por varios motivos, reordenan, deforman u ocultan, a veces, los hechos ocurridos, y

conviene manejarlas con precaución: así, la relación firmada por Diego de Haedo no se puede separar

de su requisitoria contra la ciudad y sus piratas, lanzada con el fin de sacar a la opinión española de su

indiferencia y estimular la obra de las órdenes redentoras; las actas notariales referentes al caso se

centran en las gestiones emprendidas por la familia del escritor para conseguir su rescate; en cuanto a

las deposiciones de amigos y compañeros, fueron reunidas a petición del propio Cervantes en las dos

informaciones de 1578 y 1580 como respuesta a los alegatos infamantes de sus enemigos. A diferencia

de estos testimonios, el cuento del cautivo nos restituye de modo insustituible, envuelta en el ropaje

de una «fábula mentirosa», la forma en que el futuro autor del Quijote interiorizó una experiencia

excepcional.

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El rostro del escritor

Este autobiografismo decantado por un propósito artístico, una constante voluntad de estilo, viene a

cobrar nuevo interés en cuanto nos descubre la otra cara del manco de Lepanto: ya no el cautivo de

los baños argelinos, protagonista de un episodio concluso y rememorado por un alter ego de papel, sino

el «raro inventor» que se insinúa en su propia creación, en una reconstrucción que llega a confundirse

con el mismo proceso narrativo. Aquel Cervantes creador, que asomó por primera vez en el prólogo a la

Primera parte, reaparece en el capítulo sexto de la misma, aprovechando el forzoso descanso de don

Quijote al volver de su primera salida. El motivo de su intromisión no es otro que el famoso escrutinio

de la biblioteca del hidalgo. Un escrutinio en el cual, dicho sea con perdón de don Miguel de Unamuno,

no solo se trata de libros, sino también de vida, ya que en las lecturas de don Quijote y en los juicios

críticos que estas merecen, algo se trasluce de las preferencias estéticas del escritor.

Entre los libros examinados figura La Galatea, cuya presencia en la biblioteca suscita, por boca del cura,

la conmovida rememoración del autor:

Muchos años ha que es grande amigo mío ese Cervantes, y sé que es más versado endesdichas que en versos. Su libro tiene algo de buena invención: propone algo, y noconcluye nada; es menester esperar la segunda parte que promete: quizá con laemienda alcanzará del todo la misericordia que ahora se le niega (I, 6, 86).

En el momento en que escribe esta frase, Cervantes está a punto de corresponder a la espera del

cura: no con la segunda parte de su Galatea,nunca publicada, aunque sí prometida hasta en la

dedicatoria del Persiles,sino con otra obra que alcanzaría «del todo» algo más que la «misericordia»

que se negó a su primera novela. Pero no por eso va a convertirse en mero plumífero. Aun cuando nos

descubra su interés por las cuestiones de poética —lo ha aclarado Edward C. Riley en un libro

fundamental—, nunca lo hace con el dogmatismo del preceptista. Su meditación sobre las formas y los

fines de la literatura, diseminada entre sus portavoces, en los capítulos 47 a 50 de la Primera parte,

desarrolla dialécticamente el debate entre teoría y praxis novelesca, en el contraste de pareceres al

que da lugar la crítica de los libros de caballerías. Y en cuanto a la condena de las comedias al uso,

expresada conjuntamente por el canónigo y el cura, no solo se articula con el recuerdo nostálgico del

«arte antiguo», cultivado en otros tiempos por el autor de LaNumancia; también traduce el rencor

experimentado ante el triunfo de un rival más joven y más afortunado: aquel Fénix de los Ingenios que

quiso «acomodarse al gusto de los representantes» adaptándose a las exigencias férreas de una

producción masiva y convirtiendo el teatro en «mercadería vendible».

En junio de 1605, a los pocos meses de publicarse la Primera parte delQuijote, Andrea de Cervantes,

comprometida a pesar suyo en la muerte de un joven calavera, Gaspar de Ezpeleta, depone ante el

juez Villarroel. Traza entonces un alusivo perfil de su hermano: «un hombre que escribe e trata

negocios, e por su buena habilidad tiene amigos». Menos confidencial, por cierto, y harto distinto es el

retrato que, siete años más tarde, el escritor nos ofrece de sí mismo, en el prólogo a sus Novelas

ejemplares:

Este digo que es el rostro del autor de La Galatea y de Don Quijote de la Mancha…Llámase comúnmente Miguel de Cervantes Saavedra. Fue soldado muchos años, y cincoy medio cautivo, donde aprendió a tener paciencia en las adversidades. Perdió en labatalla naval de Lepanto la mano izquierda de un arcabuzazo… (Pról., f. 4).

Aquí, con trazo vigoroso, fija las pocas imágenes que, todavía hoy, lo designan en la memoria colectiva:

el combatiente de Lepanto, el cautivo de Argel, el autor del Quijote. Esta última estampa, que vimos

surgir con motivo del escrutinio, es la que campea en las obras consecutivas al éxito de la Primera

parte, aquellas que salen a la luz durante los diez años que median entre este éxito y la muerte del

«raro inventor». Diez años que transcurren en Madrid, después del regreso de la corte, durante los

cuales Cervantes se reintegra al mundo de las letras. Entonces asiste con Lope de Vega a la Academia

Selvaje, a la vez que ingresa, por motivos que no debieron de ser exclusivamente religiosos, en la

Hermandad de los Esclavos del Santísimo Sacramento y en la Orden Terciaria Franciscana. Entonces

empieza su período más fecundo, hasta tal punto que, para nosotros, su vivir acaba confundiéndose

con su quehacer literario. En 1613 se editan las Novelas; al año siguiente el Viaje del Parnaso, sarta de

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alabanzas de poetas amigos, engastada en una odisea imaginaria cuyo alegorismo se compagina —

otra vez— con un fino sentido autobiográfico; en 1615 las Ocho comedias y ocho entremeses

nuevos, dados a la imprenta tras padecer la indiferencia de empresarios y cómicos; en 1616 se

redactan los últimos capítulos de Los trabajos de Persiles y Sigismunda, «historia septentrional» con tono

y traza de novela bizantina, concluida cuando el que la compuso tenía ya «el pie en el estribo» de la

muerte, y que se publicará como libro póstumo. Pero, un año antes, había salido a la luz la Segunda

parte del Quijote, donde el yocervantino, mal disimulado detrás de sus dobles, se deja de nuevo captar.

La reaparición de este yo, en el prólogo de 1615, no se produce en circunstancias idénticas a las que

originaron el exordio de la Primera parte. Cervantes, esta vez, no tiene por qué asumir ante los

lectores la novedad de su empresa. En cambio, sí la reivindica frente a un nuevo interlocutor: el

misterioso Avellaneda que, un año antes, había publicado una segunda parte espuria, conocida hoy

como el Quijote apócrifo. Por cierto, no faltaban antecedentes: sin remontarnos a La

Celestina, el Lazarillo de Tormes había suscitado toda una descendencia, en tanto que Gaspar Gil Polo

prolongabaLa Diana de Montemayor con una Diana enamorada que no es indigna del modelo. En años

más recientes, Mateo Luján había dado a luz una Segunda parte del Guzmán de Alfarache, mientras

Mateo Alemán trabajaba todavía en la suya. Pero Avellaneda, amén de esconderse detrás de una

máscara, había acumulado calumnias y afrentas para su predecesor. En un prólogo «menos cacareado

y agresor de sus lectores» —según él— que el de la Primera parte, disparaba sin piedad los ataques ad

hominem, burlándose de los achaques de su víctima, acusándole de tener «más lengua que manos» y

concluyendo con esta agria advertencia: «Conténtese con su Galatea y comedias en prosa, que eso son

las más de sus Novelas: no nos canse» (Avellaneda, Don Quijote de la Mancha, Pról.).

No vamos a detenernos en este triste episodio. Pero sí recalcar el tono inconfundible de la respuesta,

en un ajuste de cuentas del que brota el prólogo de 1615. Sabe Cervantes con qué impaciencia la está

esperando el «lector ilustre o quier plebeyo», con quien mantiene un trato preferente. Ahora bien,

mejor le conviene burlar esta esperanza:

Pues en verdad que no te he de dar este contento, que, puesto que los agraviosdespiertan la cólera en los más humildes pechos, en el mío ha de padecer excepciónesta regla. Quisieras tú que lo diera del asno, del mentecato y del atrevido, pero no mepasa por el pensamiento: castíguele su pecado, con su pan se lo coma y allá se lo haya(II, Pról., 617).

¿Supo Cervantes quién se ocultaba tras el nombre de Avellaneda? Si hemos de creer a Martín de

Riquer, este no sería sino Jerónimo de Pasamonte, el soldado-escritor que, diez años antes, le inspiró

el personaje del galeote Ginés. Pero aquí poco le importa ese oscuro compañero de milicia al que solo

reprocha expresamente una cosa, sus insultos personales:

Lo que no he podido dejar de sentir es que me note de viejo y de manco, como sihubiera sido en mi mano haber detenido el tiempo … o si mi manquedad hubiera nacidoen alguna taberna, sino en la más alta ocasión que vieron los siglos pasados, lospresentes, ni esperan ver los venideros. Si mis heridas no resplandecen en los ojos dequien las mira, son estimadas a lo menos en la estimación de los que saben dónde secobraron: que el soldado más bien parece muerto en la batalla que libre en lafuga (II, Pról., 617).

Aquí es donde la creación literaria se resorbe en la experiencia viva: la indignación del prologuista

acaba por subvertir el discurso prologal. La respuesta no carece de garbo; pero respira, más que nada,

la melancolía del superviviente de un tiempo caducado.

Enmarcado por dos textos de notable sabor autobiográfico —por un lado, la aprobación del licenciado

Márquez Torres, donde se inserta una anécdota protagonizada por Miguel (y, posiblemente, dictada

por él); y, por otro lado, la irónica dedicatoria al conde de Lemos—, el prólogo al segundo Quijoteacaba

devolviendo a Avellaneda a su oscuridad. En cuanto a la continuación espuria, Cervantes va a

incorporarla a su modo en su propia obra. Examinar esta mise en abîme nos apartaría de nuestro

cometido. Pero, al contemplar a don Quijote con el falso Quijote entre manos, poniéndose a hojearlo

«sin responder palabra» (II, 59, 1112), ¿cómo no pensar en su padre o padrastro quien, en la misma

circunstancia, tuvo tal vez idéntica reacción?

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Los disfraces del «raro inventor»

Pero no nos equivoquemos: la contaminación del relato por el vivir y el crear cervantinos no se encierra

en los moldes de esta polémica, convertida, hoy en día, en pasto de eruditos. En dos momentos claves,

por no decir nada de otros muchos, el «raro inventor» vuelve a asomar la oreja, aunque escondido

detrás de sus portavoces. Primero, al confrontar a sus héroes con la historia de sus hazañas. Mejor

dicho, con la noticia, comunicada por Sancho a su amo, de que dicha historia «andaba ya en libros …

con nombre del Ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha» (II, 2, 645). El asombro del escudero,

encantado de saber, por el bachiller Sansón Carrasco, que sus hechos están imbricados con los de su

señor, corre parejas con la inquietud del caballero, a quien el mismo Sansón revela que la epopeya

ideal de sus hazañas no es más que una crónica, compuesta por un moro mentiroso y traducida al

«vulgar castellano, para universal entretenimiento de las gentes» (II, 3, 647). El «ridículo

razonamiento» —divertido coloquio— que, sobre el particular, reúne a los tres interlocutores es, por

cierto, un hábil recurso literario: a través de su vaivén entre el perfil con que soñaba y el que le es

impuesto, el ingenioso hidalgo afirma con pertinacia su independencia, reivindicando obstinadamente la

imagen que quiere dejar de sí mismo. Pero también Cervantes se vale de este recurso, haciéndose eco

de los juicios emitidos sobre el Quijote de 1605: disimulado detrás de sus tres portavoces, les da

alternadamente la palabra, sin acreditar a ninguno como depositario de su propia opinión. Este

procedimiento, entre otras consecuencias, le permite dar cuenta del éxito de su libro sin pecar de

presumido. Primero, encarga al bachiller que mencione, con tonillo de burla, los doce mil ejemplares

que, «el día de hoy», andan ya impresos, llegando a profetizar, en una paradójica premonición, «que

no ha de haber nación ni lengua donde no se traduzga» (II, 3, 648). Más adelante, hace que el mismo

don Quijote venga a comunicar la noticia a don Diego de Miranda, acrecentando la cifra y anticipando el

acontecimiento, en un alarde de ingenua vanagloria:

Por mis valerosas, muchas y cristianas hazañas, he merecido andar ya en estampa encasi todas o las más naciones del mundo: treinta mil volúmenes se han impreso de mihistoria, y lleva camino de imprimirse treinta mil veces de millares, si el cielo no loremedia (II, 16, 752-753).

Otra de las máscaras elegidas por el yo cervantino es, por supuesto, Cide Hamete Benengeli. Desde la

perspectiva que nos corresponde, tan solo queremos aludir, aquí, a su intervención más significativa,

cuando, al principio del capítulo 44 de la Segunda parte, el «moro mentiroso» vuelve a abordar la

cuestión de las novelas interpoladas, planteada inicialmente por Sansón Carrasco. Parece ser que la

presencia de estos cuentos en el primer Quijote,si no dio lugar a una polémica, al menos suscitó

opiniones contrarias, referidas aquí de modo explícito:

Dicen que en el propio original desta historia se lee que llegando Cide Hamete a escribireste capítulo no le tradujo su intérprete como él le había escrito, que fue un modo dequeja que tuvo el moro de sí mismo por haber tomado entre manos una historia tanseca y tan limitada como esta de don Quijote, por parecerle que siempre había dehablar dél y de Sancho, sin osar extenderse a otras digresiones y episodios más gravesy más entretenidos; y decía que el ir siempre atenido el entendimiento, la mano y lapluma a escribir de un solo sujeto y hablar por las bocas de pocas personas era untrabajo incomportable, cuyo fruto no redundaba en el de su autor, y que por huir desteinconveniente había usado en la primera parte del artificio de algunas novelas, comofueron la del Curioso impertinente y la del Capitán cautivo, que están como separadasde la historia, puesto que las demás que allí se cuentan son casos sucedidos al mismodon Quijote, que no podían dejar de escribirse (II, 44, 979-980).

Como se echa de ver, la referencia despectiva a la «historia … de don Quijote» es casi la misma que

hemos encontrado en el prólogo a la Primera parte. Pero el yo del prólogo se sustituye aquí por todo

un juego de encajes: mediante un doble giro impersonal —«dicen que … se lee»—, nos enteramos de

una infidelidad cometida por el supuesto traductor de la historia compuesta por un supuesto Cide

Hamete. Esta distancia permite a Cervantes introducir con evidente ironía el tema que le preocupa:

También pensó, como él dice, que muchos, llevados de la atención que piden las

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hazañas de don Quijote, no la darían a las novelas, y pasarían por ellas o con priesa ocon enfado, sin advertir la gala y artificio que en sí contienen, el cual se mostrara bien aldescubierto, cuando por sí solas, sin arrimarse a las locuras de don Quijote ni a lassandeces de Sancho, salieran a luz. Y, así, en esta segunda parte no quiso ingerirnovelas sueltas ni pegadizas, sino algunos episodios que lo pareciesen, nacidos de losmesmos sucesos que la verdad ofrece, y aun estos limitadamente y con solas laspalabras que bastan a declararlos; y pues se contiene y cierra en los estrechos límitesde la narración, teniendo habilidad, suficiencia y entendimiento para tratar del universotodo, pide no se desprecie su trabajo, y se le den alabanzas, no por lo que escribe,sino por lo que ha dejado de escribir (II, 44, 980).

Nada más ambiguo que esta aparente autocrítica. Tras recordar el procedimiento intercalador que usó

en la Primera parte, reemplazado, en la Segunda, por una trabazón más íntima que supone una mayor

colaboración del lector, Cervantes, con la soltura que le concede el artificio aquí elegido, desarrolla todo

un proceso reflexivo que concluye con una clara autodefensa: la nueva relación establecida, en el

segundo Quijote, entre fábula y episodios, no debe entenderse como corrección o enmienda; tampoco

es mera concesión al gusto del público. En plena conformidad con la nueva lógica interna que rige la

aventura, se impone como concertada y permanente tensión entre lo que se escribe y lo que se ha

dejado de escribir.

Una manera de pacto

¿Quién será, a fin de cuentas, aquel yo al que hemos acosado, en un ímprobo esfuerzo por desalojarlo

de las páginas del Quijote? No el Cervantes de carne y hueso, que muere a los pocos meses de publicar

su gran libro, tras dictar en su lecho de agonía la dedicatoria del Persiles. Más bien la proyección de un

individuo cuya obra, aunque exprese los deseos y los sueños del que la engendró, desborda su

aventura personal al vivir con vida propia, cargándose, al correr de los siglos, con sentidos nuevos.

Después de referir la muerte del ingenioso hidalgo, Cide Hamete, en una última advertencia a

Avellaneda, da la palabra a su pluma; esta, entonces, se despide del lector reivindicando su bien:

«Para mí sola nació don Quijote, y yo para él: él supo obrar y yo escribir, solos los dos somos para en

uno…» (II, 74, 1223). Prueba indiscutible, como observa José Manuel Martín Morán, de que, «tras los

dos autores que hasta entonces han venido narrando las gestas de don Quijote, se esconden otros

tantos desdoblamientos de un narrador incógnito que, sin gran esfuerzo por nuestra parte, podemos

identificar con el propio Cervantes».

¿En qué estriba, entonces, la fascinación que ejerce, sobre nosotros, aquel narrador escondido?

Probablemente en que el autobiografismo del Quijote,aun cuando no llegue a iluminar del todo un perfil

perdido, nos permite, eso sí, reconocer entre miles la voz de este incógnito: una voz apta para suscitar,

de entrada, nuestra complicidad, antes de fundirse en una compleja polifonía que, si bien la disfraza, la

difracta y hasta la oblitera a veces, nunca la anula. Así es como esta voz establece, desde el principio,

una manera de pacto que nunca se rompe ni disuelve; un pacto que no se limita a alimentar el encanto

de nuestra lectura, sino que, entre otros muchos recursos, ha contribuido a sellar el acta de nacimiento

de la novela moderna.

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NOTA BIBLIOGRÁFICA

Los principales repertorios bibliográficos y obras de consulta dedicados a Cervantes se hallarán relacionadosal principio de la bibliografía incluida en el volumen complementario de la presente edición.

1. Lo que sabemos de la vida de Cervantes es fruto de investigaciones sucesivas, realizadas desde elprimer tercio del siglo XV II I. Una contribución inicial, muy importante, fue la de los primeros biógrafosdel manco de Lepanto: Gregorio Mayans y Siscar, Vida de Miguel de Cervantes Saavedra,Briga-Real, 1737;Juan Antonio Pellicer y Saforcada, Vida de Miguel de Cervantes Saavedra, Gabriel de Sancha, Madrid,1800; Martín Fernández de Navarrete, Vida de Miguel de Cervantes Saavedra escrita e ilustrada con variasnoticias y documentos inéditos…, Imprenta Real, Madrid, 1819. Pero la aportación documental mássignificativa ha sido la de varios eruditos de principios de este siglo. Entre estos destacanparticularmente Cristóbal Pérez Pastor, Documentos cervantinos hasta ahora inéditos, Imprenta deFortanet, Madrid, 1899-1902, 2 vols.; Pedro Torres Lanzas, «Información de Miguel de Cervantes de loque ha servido a S.M. y de lo que ha hecho estando captivo en Argel…», Revista de Archivos, Bibliotecasy Museos, 3.ªserie, V (1905), pp. 345-397 (reed. José Esteban, Madrid, 1981); Francisco RodríguezMarín, Nuevos documentos cervantinos, Real Academia Española, Madrid, 1914 (incluido en sus Estudioscervantinos, Atlas, Madrid, 1947, pp.175-350). Los documentos publicados por ellos proceden o bien delos archivos públicos (Simancas, Sevilla, Madrid) o bien de los parroquiales y notariales. Se refieren, ensu mayoría, al cautiverio de Cervantes, a las comisiones que desempeñó durante su estancia enAndalucía, y a sucesos particulares de su vida externa, tales como el asunto Ezpeleta, ocurrido enValladolid en 1605. En cambio, muy escasos son los que arrojan alguna luz sobre su carrera de escritor,por no decir nada de su personalidad. Otro tanto puede decirse del material descubierto y publicadopor Luis Astrana Marín en su monumental biografía.

Lo que se echa de menos, sin la menor duda, es una presentación metódica y comentada de estosdocumentos. Esta fue esbozada hace ya años por James Fitzmaurice Kelly, Cervantes Saavedra. AMemoir, Oxford University Press, 1913 (obra ampliada y traducida luego al castellano: Miguel deCervantes Saavedra. Reseña documentada de su vida, Oxford University Press,1917). La recopilación másreciente es la que debemos a Krzysztof Sliwa,Lista e índices de los documentos cervantinos, tesismecanografiada dirigida por Daniel Eisenberg, The Florida State University, Tallahassee, 1995; véasepor el momento su nota «Perspectivas en los documentos cervantinos»,Cervantes, XVII(1997), pp. 175-179.

Carecemos asimismo de una biografía crítica digna de este nombre; la mayoría de las Vidas deCervantes son, en efecto, relatos novelados, entre los cuales el más ameno sigue siendo el deFrancisco Navarro y Ledesma, El ingenioso hidalgo Miguel de Cervantes Saavedra. Sucesos de suvida…, Imprenta Alemana, Madrid, 1905 (reed. Espasa-Calpe, Colección Austral núm. 401, Buenos Aires,1944). La ya mencionada obra de Luis Astrana Marín, Vida ejemplar y heroica de Miguel de CervantesSaavedra, Imprenta de Reus, Madrid, 1948-1958, 7 vols., es muy discutible en su método y adolece devarios prejuicios, pero reúne una suma considerable de informaciones, a veces inéditas, y constituyepor ello una referencia insustituible. Existe un índice de este libro, que se ha publicado en microfilm:Phyllis S. Emerson, Index of Astrana Marín’s «Vida ejemplar y heroica de Miguel de Cervantes», with aChronology of Cervantes’ Life, Erasmus Press, Lexington, 1978. Es de desear que se publique en Españaen forma de libro. Entre las biografías posteriores que aspiran a mayor rigor, las más recientes son:Jean Canavaggio,Cervantes. En busca del perfil perdido, trad. española en Espasa-Calpe, Madrid, 1987(ed. revisada, 1997), y Antonio Rey Hazas y Florencio Sevilla,Vida de Cervantes, Alianza, Madrid, 1995.Para un bosquejo de las cuestiones metodológicas planteadas por esta labor, nos permitimos remitir aJean Canavaggio, «Cervantes en su vivir: ¿un arte nuevo para una nueva biografía?», Miguel deCervantes: la invención poética de la novela moderna, enAnthropos, núm. XCVIII-XCIX (junio-agosto de1989), pp. 41-48. Aportaciones recientes sobre la familia de Cervantes son el artículo de KrzysztofSliwa y Daniel Eisenberg «El licenciado Juan de Cervantes, abuelo de Miguel de CervantesSaavedra», Cervantes, XVII (1997), pp. 106-114; y el de Manuel Andrino «Luis de Molina, yerno deCervantes», Gazeta de los notarios, 92 (agosto-septiembre de 1997), pp. 8-10.

He aquí, por otra parte, los episodios biográficos que, en los últimos treinta años, mayor interés hansuscitado:

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La actuación de Cervantes en Lepanto, el 7 de octubre de 1571 (Mario Penna, «Il “lugar delesquife”. Appunti cervantini», Annali della Facoltà di Lettere e Filosofia della Università degli Studi diPerugia, II, 1964-1965,pp. 213-288).

La captura de la galera Sol, en 1575, por corsarios argelinos (Juan Bautista de Avalle-Arce, «Lacaptura de Cervantes», Boletín de la Real Academia Española, XLVIII, 1968, pp. 237-280; reed. en Nuevos deslindes cervantinos, Ariel, Barcelona, 1975, pp. 277-333).

El cautiverio de Cervantes en Argel, entre 1575 y 1580 (Emilio Sola y José F. de la Peña, Cervantesy la Berbería, Fondo de Cultura Económica, México-Madrid, 1995; Alberto Sánchez, «Revisión delcautiverio cervantino en Argel», Cervantes, XVII, 1997, pp. 7-24).

Las relaciones entre Cervantes y Lope de Vega a partir de 1604 (Nicolás Marín López, «Belardofurioso: una carta de Lope mal leída»,Anales cervantinos, XII, 1973, pp. 3-37; reed. en Estudiosliterarios sobre el Siglo de Oro, Universidad de Granada, 1988, pp. 317-358).

El posible viaje de 1610 a Barcelona, con motivo de la partida del conde de Lemos a Nápoles(Martín de Riquer, Cervantes en Barcelona,Sirmio, Barcelona, 1989).

La identidad del misterioso Avellaneda, autor del Quijote apócrifo de 1614 (Martín deRiquer, Cervantes, Passamonte y Avellaneda, Sirmio, Barcelona, 1988).

La supuesta carta de Cervantes a su protector, el cardenal Sandoval y Rojas, fechada en 26 demarzo de 1616, la cual resulta ser una falsificación del siglo XIX, obra probable de Adolfo deCastro (Antonio Rodríguez-Moñino, «La carta de Cervantes al cardenal Sandoval y Rojas», NuevaRevista de Filología Hispánica, XVI, 1962, pp. 81-89).

A fin de cuentas, poco se puede añadir, hoy en día, al ponderado «Estado actual de los estudiosbiográficos» establecido por Alberto Sánchez hace más de veinte años (en J.B. de Avalle-Arce y E.C.Riley, Suma cervantina, Tamesis, Londres, 1973, pp. 3-24) y, para decirlo con palabras de AméricoCastro, todavía válidas, «la biografía de Cervantes está tan escasa de noticias como llena desinuosidades» (Cervantes y los casticismos españoles, Alfaguara, Madrid, 1967, p. 169n).

2. Ofrecemos a continuación las fuentes bibliográficas que amplían las cuestiones tratadas en elpresente capítulo. Otras se encontrarán en el listado de las obras de referencia citadas con másfrecuencia en el Resumen cronológico de la vida de Cervantes que figura como apéndice a continuación deeste Prólogo.

Acerca de la posibilidad de rastrear datos biográficos en las obras de Cervantes véasenuestro Cervantes, Espasa-Calpe, Madrid, 19922, pp. 9-13, así como «Cervantes en su vivir: ¿un artenuevo para una nueva biografía?»,Miguel de Cervantes. La invención poética de la novelamoderna, en Anthropos,núm. XCVIII-XCIX (junio-agosto de 1989), pp. 41-48.

La disconformidad de Cervantes con respecto a la técnica narrativa delGuzmán de Alfarache esanalizada por Claudio Guillén en «Luis Sánchez, Ginés de Pasamonte y los inventores del géneropicaresco», reed. en El primer Siglo de Oro. Estudios sobre géneros y modelos, Crítica, Barcelona,1988,pp. 197-211.

Remitimos a los estudios de Américo Castro, especialmente Cervantes y los casticismosespañoles, Alfaguara, Madrid-Barcelona, 1966, para la hipótesis sobre la supuesta ascendenciaconversa atribuida a Cervantes. Amén de que el autor del Quijote no adujo nunca pruebas de sulimpieza de sangre, no debe excluirse que tuviera a conversos entre sus antepasados: recuérdese queJuan de Cervantes, su abuelo paterno, casó con una Torreblanca, perteneciente a una familia demédicos cordobeses. Pero otra cosa es hacer de esta ascendencia una clave explicativa de su«diferencia» y de su creación, como pretende, por ejemplo, Rosa Rossi en su controvertidoAscoltareCervantes. Saggio biografico, Editori Riuniti, Roma, 1987 (trad.española, Cervantes. Un ensayobiográfico, Ámbito, Valladolid, 1988).

Sobre la presencia del yo cervantino en su obra, véase nuestro «Cervantes en primerapersona», Journal of Hispanic Philology, II (1977), pp. 35-44 y, con mayor amplitud de miras, MichelMoner, Cervantès conteur. Écrits et paroles,Bibliothèque de la Casa de Velázquez, Madrid, 1989.

La alusión, en el prólogo de la Primera parte del Quijote, a la cárcel en la que se engendró la obra fue

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entendida denotativamente por Hartzenbusch, a mediados del siglo pasado, quien creyó que seubicaba en Argamasilla de Alba y allí transportó todo el material de imprenta requerido para su edicióndel Quijote. Otros han propuesto identificarla con la de Castro del Río, donde Cervantes estuvo presoen 1592, o, más plausiblemente, con la Cárcel Real de Sevilla, donde permaneció varios meses en1597-1598. Pero no debe excluirse un uso metafórico de esta palabra, acorde con la tradicióncancioneril. Cualquiera que sea su significado, cabe observar que el Quijotede 1605 sedice engendrado, o sea, concebido, y no escrito, en dicha cárcel.

La apreciación de Maurice Molho acerca del prólogo de la Primera parte delQuijote se encuentraen «Texte/paratexte: Don Quichotte», en M. Moner, ed.,Le livre et l’édition dans le monde hispanique(XV Ie-XXe siècles). Pratiques et discours paratextuels, Université Stendhal, Grenoble, 1992, pp. 99-100.De los estudios dedicados a los exordios que encabezan sendas partes de la novela, merecedestacarse Américo Castro, «Los prólogos al Quijote», enHacia Cervantes, Taurus, Madrid,19673, pp. 262-301, así como Mario Socrate,Prologhi al «Don Chisciotte», Marsilio, Venecia, 1974.

No nos incumbe sacar a colación los numerosos estudios dedicados a los narradores ficticiosdel Quijote. Baste señalar, entre las contribuciones más sugestivas, las páginas que les dedica JoséManuel Martín Morán en El «Quijote» en ciernes, Dell´Orso, Turín, 1990, pp. 107-197. En relación a laetimología del nombre de Cide Hamete Benengeli, véase S. Bencheneb y Ch. Marcilly, «Qui était CideHamete Benengeli?», Mélanges offerts à Jean Sarrailh,Éditions Hispaniques, París, 1966, I, pp. 97-116.

En torno a la reconstrucción del ideario de Cervantes a partir de sus obras, hay que recordar la laboren 1925 de Américo Castro, quien operó, con El pensamiento de Cervantes, una manera de revolucióncopernicana en los estudios cervantinos. Medio siglo más tarde, en el prólogo a la nueva edición deesta obra, publicada en 1972, concedía que, «después de todo, algo se dice en ella de Cervantes ydel Quijote». Pero se mostraba más que reservado ante un libro que hubiera querido rehacer,considerando que ordenaba de modo arbitrario un ideario cervantino abstracto, desprendido de la«textura literaria» de las obras aprovechadas como material de investigación (A. Castro, El pensamientode Cervantes, Noguer, Barcelona, 1972, pp. 7-8).

La retórica de algunos discursos de don Quijote y su posible reflejo de ideas cervantinas es analizadapor Anthony Close, «Don Quixote’s so phistry and wisdom», Bulletin of Hispanic Studies, LV(1978), pp. 104-111.

Entre los numerosos trabajos dedicados a la historia de Ruy Pérez de Viedma (Quijote, I, 39-41), véase,sobre su trasfondo histórico, el artículo pionero (aunque en varios aspectos discutible) de Jaime OliverAsín, «La hija de Agi Morato en la obra de Cervantes», Boletín de la Real Academia Española,XXVII (1947-1948), pp. 245-339. Desde un enfoque más amplio, merece leerse el rico y sugestivo estudio deFrancisco Márquez Villanueva, «Leandra, Zoraida y sus fuentes francoitalianas», en Personajes y temasdel «Quijote»,Madrid, Taurus, 1975, pp. 92-146.

Acerca de las apreciaciones de Ruy Pérez de Viedma sobre «un soldado español … tal de Saavedra»(Quijote, I, 40, 463), compañero suyo, nótense las coincidencias con el autor de la Topographía e historiageneral de Argel,publicada en Madrid en 1612, a nombre de Diego de Haedo, y reeditada modernamente(Bibliófilos Españoles, Madrid, 1929, 3 vols.). Esta obra fundamental ha sido recientemente atribuida,con buenos argumentos, al doctor Antonio Sosa, compañero de cautiverio del manco de Lepanto.Véase George Camamis, Estudios sobre el cautiverio en el Siglo de Oro, Gredos, Madrid, 1977; Emilio Sola,«Miguel de Cervantes, Antonio de Sosa y África», en Actas del I Encuentro de la Asociación deCervantistas, Anthropos, Barcelona, 1990; Mohamed Mounir Salah, El Doctor Sosa y la «Topografía eHistoria General de Argel», UAB, Barcelona, 1991. Posición distinta es la de Daniel Eisenberg,«Cervantes, autor de la Topografía e historia general de Argelpublicada por Diego deHaedo», Cervantes, XVI (1996), pp. 32-53. El Diálogo de los mártires de Argel, incluido en la Topografía, hasido editado a nombre del doctor Sosa por E. Sola y J. M. Parreño (Madrid, 1990). En opinión de Sosa,«del cautiverio y hazañas de Miguel de Cervantes pudiera hacerse particular historia» (f. 185 de laedición original y p. 165 del tomo III de la reedición de 1929). Ya anteriormente a este intento deatribución se había sugerido que, entre las fuentes utilizadas en la elaboración de esta obra, tal vezfigurasen informes debidos a Cervantes, cuyo segundo intento de evasión se relata aquí con tododetalle. Para un balance de conjunto del papel desempeñado por Cervantes durante estosacontecimientos, véase el citado libro de E. Sola y José F. de la Peña, Cervantes y la Berbería, Fondo de

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Cultura Económica, México-Madrid, 1995.

La interpretación referida a los motivos, en el plano social y simbólico, por los cuales Cervantes adoptael apellido de Saavedra procede de Louis Combet,Cervantès ou les incertitudes du désir, une approchepsychostructurelle de l´oeuvre de Cervantes, Presses Universitaires de Lyon, 1980, pp. 553-558. Entrelos personajes de ficción cervantinos, reciben el nombre de Saavedra, además del ya mencionado«soldado español … tal de Saavedra», uno de los cautivos de El trato de Argel y el protagonista de Elgallardo español.

Las aportaciones de Maxime Chevalier acerca de los motivos tradicionales en la historia del cautivo seencuentran en «El Cautivo entre cuento y novela»,Nueva Revista de Filología Hispánica, XXXII(1983), pp. 403-411.

La figura de Agi Morato, chauz (o ‘enviado’) del Turco, queda reflejada en las «Respuestas de JuanPexón, Mercader de Valencia, a lo preguntado por el Duque de Gandía» (abril-mayo de 1573), SimancasE° 487, citado en Jean Canavaggio, «Agi Morato entre historia y ficción», Crítica hispánica, XI, 1-2(1989), pp. 17-22. Véase también E. Sola y José F. de la Peña, Cervantes y la Berbería, cit., pp. 218-275.

Sobre la figura histórica de Agi Morato, véase, además del estudio citado de Maxime Chevalier, otrotrabajo nuestro, «Le “vrai” visage d’Agi Morato»,Hommage à Louis Urrutia, Les Langues Néo-latines, núm. CCXXXIX (1980), pp.23-38.

La opinión de Miguel de Unamuno que matizamos en cuanto al episodio del escrutinio de la bibliotecase encuentra en Vida de Don Quijote y Sancho, ed.Alberto Sánchez, Cátedra, Madrid, 1988, p. 192.

Acerca de la poética cervantina, véase Edward C. Riley, Cervantes’ Theory of the Novel, Oxford UniversityPress, 1962 (trad. española, Teoría de la novela en Cervantes, Taurus, Madrid, 1966).

El comentario más sugestivo de los capítulos 47 a 50 del Quijote sigue siendo el de Alban K. Forcione,en Cervantes, Aristotle and the «Persiles», Princeton University Press, 1970, pp. 91-130.

En cuanto a la implicación de Cervantes en la muerte de Gaspar Gómez de Ezpeleta, véasenuestro Cervantes, pp. 249-254. Se conservan las declaraciones tomadas por el juez en elmanuscrito núm. 1 de la colección de la Real Academia Española, publicado por Ramón León Máinez eincluido más tarde por Cristóbal Pérez Pastor en sus Documentos cervantinos hasta ahorainéditos, Madrid, Fortanet, 1897, II, pp. 454-537. Véase el resumen que da Luis Astrana Marín de estedocumento en su Vida ejemplar y heroica de Miguel de Cervantes Saavedra, Instituto Editorial Reus,Madrid, VI, 1.°, 1956, pp. 93-105. Herido de muerte a las puertas de la casa del escritor, el 27 de juniode 1605, a consecuencia de una expedición amorosa nocturna, Gaspar de Ezpeleta fue transportado aella y expiró a los dos días. En el proceso incoado a raíz de este misterioso asunto, quedó Cervantesimplicado con los suyos, viniendo sus hermanas y su hija a ser blanco de malintencionadasdeclaraciones. Véase Jean Canavaggio, «Nueva aproximación al proceso Ezpeleta», Actas del Homenajede los Cervantistas a José María Casasayas,Argamasilla de Alba, noviembre de 1995; tambiénen Cervantes, XVII (1997),pp. 25-45.

En relación a la combinación de alegoría y autobiografismo en el Viaje del Parnaso, véase JeanCanavaggio, «La dimensión autobiográfica del Viaje del Parnaso», en Cervantes, I (1981), pp. 29-41.

Las apreciaciones de José Manuel Martín Morán acerca de los desdoblamientos del narradoridentificables con el propio Cervantes se encuentran en El Quijote en ciernes, Dell’Orso, Turín,1990, p. 167.