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  • LNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRALNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRALNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRALNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA ---- UERJ UERJ UERJ UERJ

    1. (Uerj) - UAI, EU? 1 Se o assunto meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'gua. No engano sem desengano: o de aprender prtico o desfeitio da vida. 2 Sorte? A gente vai - nos passos da histria que vem. Quem quer viver faz mgica. Ainda mais eu, que sempre fui arrimo de pai bbado. S que isso se deu, o que quando, deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu no tenha... Ah, meus bons maus-tempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Mimoso. 3 Sururjo, no; solorgio. Inteiro na fama - olh'alegre, justo, inteligentudo - de calibre de quilate de carter. Bom at-onde-que, bom como cobertor, lenol e colcha, bom mesmo quando com dor-de-cabea: bom, feito mingau adoado. Versando chefe os solertes preceitos. Ordem, por fora; pacincia por dentro. Muito mediante fortes clculos, imaginado de ladino, s se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no quintal: l pernoitavam, de dirio, mo, dois animais de sela - prontos para qualquer aurora. 4 Vindo a gente a par, nas ocasies, ou eu atrs, com a maleta dos remdios e petrechos, renquetrenque, estudante andante. Pois ele comigo proseava, me alentando, cabidamente, por norteao - a conversa manuscrita. Aquela conversa me dava muitos arredores. homem! Inteligente como agulha e linha, feito pulga no escuro, como dinheiro no gastado. Atilado todo em sagacidades e finuras - de "fimplus"! "de tintnibus"... - latim, o senhor sabe, aperfeioa... Isso, para ele, era fritada de meio ovo. O que porm bem. (ROSA, Joo Guimares. "Tutamia: terceiras estrias". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.) Na estrutura tradicional de um texto narrativo, uma das atribuies do narrador nos dar informaes a respeito dos personagens. a) O narrador onisciente aquele que sabe tudo sobre todos os personagens e suas aes; o narrador-personagem conta a histria e dela participa. Identifique o tipo de narrador do texto de Guimares Rosa e explique, com uma ou duas frases completas, como esse tipo de narrador nos conduz a ver os personagens e a situao em que se encontram. b) Considerando a descrio que o narrador faz do personagem, justifique, com uma frase completa, se a imagem do personagem Doutor Mimoso pode ser depreendida como positiva ou negativa. TEXTO PARA AS PRXIMAS 5 QUESTES. (Uerj) (...) publicou-se h dias o recenseamento do Imprio, do qual se colige que 70% da nossa populao no sabem ler. 1 Gosto dos algarismos, porque no so de meias medidas nem de metforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, s vezes um nome feio, mas no havendo outro, no o escolhem. So sinceros, francos, ingnuos. As letras fizeram-se para frases; o algarismo no tem frases, nem retrica. 2 Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu, querendo falar do nosso pas, dir: 3 - Quando uma Constituio livre ps nas mos de um povo o seu destino, fora que este povo caminhe para o futuro com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania nacional reside nas Cmaras; as Cmaras so a representao nacional. A opinio pblica deste pas o magistrado ltimo, o supremo tribunal dos homens e das coisas. Peo nao que decida entre mim e o Sr. Fidlis Teles de Meireles Queles; ela possui nas mos o direito a todos superior a todos os direitos. 4 A isto responder o algarismo com a maior simplicidade: 5 - A nao no sabe ler. H s 30% dos indivduos residentes neste pas que podem ler; desses uns 9% no lem letra de mo. 70% jazem em profunda ignorncia. No saber ler ignorar o Sr. Meireles Queles; no saber o que ele vale, o que ele pensa, o que ele quer; nem se realmente pode querer ou pensar. 70% dos cidados votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o qu. Votam como vo festa da Penha, - por divertimento. A Constituio para eles uma coisa inteiramente desconhecida. Esto prontos para tudo: uma revoluo ou um golpe de Estado. 6 Replico eu: 7 - Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituies... 8 -As instituies existem, mas por e para 30% dos cidados. Proponho uma reforma no estilo poltico. No se deve dizer: "consultar a nao, representantes da nao, os poderes da nao"; mas - "consultar os 30%,

    representantes dos 30%, poderes dos 30%". A opinio pblica uma metfora sem base; h s a opinio dos 30%. Um deputado que disser na Cmara: "Sr. Presidente, falo deste modo porque os 30% nos ouvem..." dir uma coisa extremamente sensata. 9 E eu no sei que se possa dizer ao algarismo, se ele falar desse modo, porque ns no temos base segura para os nossos discursos, e ele tem o recenseamento. (ASSIS, Machado de. "Obra Completa". Rio de Janeiro: Nova Aquilar, vol. 111, 1969.) 2. A apresentao do "Sr. Algarismo" como personagem enfatiza a: a) auto-suficincia opinativa do eu-lrico b) justeza da representao poltica no Brasil c) comprovao numrica de suas afirmativas d) inexistncia de raciocnios contrrios ao do narrador 3. A conseqncia de o povo no saber ler, segundo o Texto I, est corretamente expressa em: a) jazer em profundo ignorncia, por votar do mesmo modo que respira ou como vai festa da Penha b) ignorar o Sr. Meireles Queles, por fazer parte dos 30% de residentes no pas que jazem em profunda ignorncia c) desconhecer a Constituio e as leis do pas, por serem coisas absolutamente ilegveis e estimuladoras de uma revoluo d) no poder exercer conscientemente a cidadania, por desconhecer as propostas dos candidatos a cargos eletivos e a prpria Constituio 4. "As letras fizeram-SE para frases" (par. 1) A nica alternativa em que a palavra "se" tem o mesmo valor morfossinttico que no trecho acima : a) "Seja como for, sempre SE morre, muitas vezes um minuto depois de dizer: Vou ali e volto j." (Millr Fernandes) b) "Enquanto houver escrita e memria as coisas que SE foram voltaro sempre." (Affonso Romano de Sant'Anna) c) "Certamente os leitores conhecem o texto da Constituio Federal em que SE permite a livre manifestao do pensamento pela imprensa." (Graa Aranha) d) "Uma das pragas nas relaes humanas a cobrana que todos se sentem no direito de fazer sobre aqueles que preferem pensar com a prpria cabea.' (Carlos Heitor Cony) 5. Observe a concordncia verbal nos trechos abaixo: 70% da nossa populao no sabem ler 9% no lem letra de mo (par.5) 70% dos cidados votam do mesmo modo que respiram (par.5) os 30% nos ouvem (par.8) Sobre o assunto, assim se expressa Evanildo Bechara: "Nas linguagens modernas em que entram expresses numricas de porcentagem, a tendncia fazer concordar o verbo com o termo preposicionado que especifica referncia numrica." (BECHARA, Evanildo. "Moderna gramtica portugus". Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.) Considerando essa lio gramatical, pode-se concluir que tambm estaria adequada a seguinte construo: a) 70% do nossa populao no sabe ler b) 9% no l letra de mo c) 70% dos cidados vota do mesmo modo que respira d) os 30% nos ouve 6. Observado o valor semntico do palavra "fora" no 4 pargrafo, correto afirmar que ela tem o mesmo sentido que: a) vigor b) motivo c) robustez d) obrigao

  • CURSO DOMINANTES PORTUGUS - UFF TEXTO I Depois da independncia, se no antes, comeamos a balbuciar a nossa literatura,pagamos, como era natural, o tributo imitao, depois entramos a sentir em ns a alma brasileira,e a vaz-la nos escritos, com a linguagem que aprendemos de nossos pais. Prosseguimos na modesta senda, quando em Portugal principiou a cruzada contra a nossa embrionria e frgil literatura, a ponto de negar-se-lhe at uma individualidade prpria. No era generoso, e no era justo. Basta que a escola dos escritores portugueses, comeando pelo prncipe dos seus prosadores, Alexandre Herculano, no se associou ingrata propaganda. Ainda assim, no reagimos, e nem pensamos em retaliar. No Brasil tambm se cultiva a crtica; e desde remotas eras Aristarco mostrou que no h superioridade inacessvel censura. Todavia respeitvamos os representantes ilustres da literatura me. Enquanto em Portugal, sem darem-se ao trabalho sequer de ler-nos, acusavam-nos de abastardar a lngua, e enxovalhar a gramtica; ns, ao contrrio, apreciando as melhores obras portuguesas, aprendamos na diversidade dos costumes e da ndole a formar essa literatura brasileira, cuja independncia mais se pronuncia de ano em ano. infantil; ser incorreta; mas nossa; americana. ALENCAR, Jos de. O nosso cancioneiro. Apud COUTINHO, A. Caminhos do pensamento crtico. Rio de Janeiro /Braslia: Pallas/INL, 1980 p. 188-9

    1 Questo: (2,0 pontos)

    Ao se referir literatura portuguesa, no texto I, Alencar emprega o vocbulo "me". Por outro lado, referindo-se nossa literatura, ele utiliza o verbo "balbuciar" e o adjetivo "embrionria".Transcreva integralmente o perodo em que Alencar emprega um adjetivo de sentido relacionado a "balbuciar" e "embrionria", para qualificar a literatura brasileira.

    2 Questo: (2,0 pontos) Transcreva, do texto I, uma locuo verbal em que o auxiliar exprime um processo considerado em sua fase inicial, semelhante a : "comeamos a balbuciar". (linha 2) TEXTO II - ORGULHO

    Olha este cu ! E a transparncia deste ar ! Olha este sol que um cacique de brasas com seu escudo polido e seu cocar de raios ! Ouve esta msica de asas vibrando sobre este esplendor de passifloras ... Olha esta serra colossal,

    o arrojo desta cachoeira dando um salto mortal ... Estes frutos que encerram sis e auroras na sua polpa. Estas madeiras cujo cerne tem a cor das fogueiras, e as maravilhas destas flores fluviais to grandes como ilhas ... Esta fauna esquisita e bizarra, estes insetos que so poetas como a cigarra, que so arquitetos como o cupim ...

    Onde voc j viu terra to linda assim ?

    Fecho os olhos imerso no esplendor que esta ptria imensa encerra e porque minha terra a mais bela da terra eu me sinto o maior Poeta do universo ! PICCHIA, Menotti del. Poesias. So Paulo: Martins/Secretaria da Cultura, Cincia e Tecnologia, 1978. p.137

    3 Questo: (2,0 pontos)

    Transcreva, apenas, os segmentos da primeira estrofe do poema em que h um recurso metafrico para representar a imagem do sol.

    4 Questo: (2,0 pontos) Reescreva o verso "Onde voc j viu terra to linda assim?", empregando o mesmo mecanismo lingstico de comparao usado nos versos de Gonalves Dias, abaixo transcritos: Nosso cu tem mais estrelas, Nossas vrzeas tm mais flores, Nossos bosques tm mais vida,

    5 Questo: (2,0 pontos)

    O verbo "olhar" na primeira estrofe est empregado na forma imperativa, segunda pessoa. "Olha este cu ! Olha este sol " Flexione as formas verbais, empregando-as na terceira pessoa do singular.

  • GABARITO - UERJ 1. a) Narrador-personagem O narrador -personagem nos conduz a ver os outros personagens e a realidade da mesma forma como ele os v. ele quem oferece e impe o padro da narrativa, e o ouvinte apreende aqueles personagens e a realidade apenas atravs da percepo parcial do narrador-personagem. b) O personagem Doutor Mimoso apresentado de forma favorvel, com muitas qualidades positivas: "justo", "inteligentudo" e "bom". 2. [C] 3. [D] 4. [C] 5. [A] 6. [D] Gabarito Prova Discursiva Uff: 1-" infantil; ser incorreta; mas nossa; americana" O adjetivo relacionado a "balbuciar" e "embrionria" "infantil". 2-"entramos a sentir" A locuo que expressa incio de ao, semelhante a "comeamos a balbuciar" "entramos a sentir". No caso, o sentido do auxiliar - entrar a - corresponde a incio de ao (aspecto incoativo). 3-"Olha este sol que um cacique de brasas com seu escudo polido e seu cocar" . A transcrio poder englobar a expresso "de raios!" que inicia o verso 4. A metfora uma figura de linguagem que confere aspectos (qualidades) de um ser a outro, numa comparao implcita. Nos versos acima o "sol"representa o "cacique de brasas com seu escudo polido e seu cocar (de raios!)". 4-"Onde voc j viu terra mais linda assim?" (Grau comparativo de superioridade) 5-"Olhe este cu! Olhe este sol"