1.1. a defesa vegetal no brasil

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil

    PROTEO DE PLANTAS

    Mdulo 11.1. A defesa vegetal no Brasil

    Tutor:ProfEng Agr Maral Zuppi da Conceio (ANDEF-SP)

    Associao Brasileira de Educao Agrcola Superior - ABEASUniversidade Federal de Viosa - UFV

    Centro de Cincias AgrriasDepartamento de Fitopatologia

    Braslia - DF2006

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - Defesa Vegetal no Brasil

    Ficha Catalogrfica

    Associao Brasileira de Educao Agrcola Superior - ABEASA Defesa Vegetal no Brasil / Maral Zuppi da Conceio, tutor. Braslia,DF : ABEAS; Viosa : UFV; 2006.

    56 p. : il. (ABEAS. Curso Proteo de Plantas. Mdulo 1 - 1.1)

    Inclui bibliografia.

    1. A Defesa. 2. Vegetal no Brasil. I. Conceio, Maral Zuppi da. II.Universidade Federal de Viosa. III. Ttulo. IV. Srie.

    proibida a reproduo total ou parcial deste mdulo.Direitos reservados a ABEAS e ao Autor.

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil

    Sumrio

    1. Contribuio da defesa vegetal, 4

    2. Proteo de Plantas / Defesa Vegetal, 7

    3. Manejo Integrado de Pragas, 10

    4. Manejo integrado de doenas e de plantas daninhas, 11

    5. Evoluo dos produtos fitossanitrios, 12

    5.1. Mudanas nas tcnicas de produo, tcnicas de cultivo e rotao de culturas, 13

    5.2. O desenvolvimento da defesa fitossanitria, 145.3. Alteraes na incidncia e importncia de pragas e plantas invasoras, 15

    5.4. O desenvolvimento do controle qumico, 16

    5.5. Fatos a considerar, 22

    5.6. O controle biolgico e integrado, 23

    6. Controle qumico, 25

    7. Descoberta e desenvolvimento de um produto fitossanitrio, 27

    8. Novos produtos, 29

    9. Registro e comercializao dos produtos fitossanitrios no Brasil, 30

    9.1. Entendimento histrico, 31

    9.2. Legislao, 32

    9.3. A receita agronmica, 33

    10. Anlise do setor de produtos fitossanitrios, 35

    10.1. Formulaes de produtos fitossanitrios, 36

    10.2. Embalagens de defensivos agrcolas, 46

    10.3. Avanos tecnolgicos, 48

    11. Produtos fitossanitrios modernos, 49

    12. Responsabilidade coletiva, 51Literatura consultada, 52

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil4

    1. Contribuio da defesa vegetal

    O objetivo precpuo deste mdulo responder, basicamente, a trs perguntas: De onde

    viemos? Onde estamos? Para onde vamos? importante conhecer o passado. Quem conhece o

    passado pode perscrutar o futuro.

    O agricultor norte-americano gastava em 1915, em mdia, 132 horas de trabalho, para obter

    uma produtividade de seis toneladas de alimento por hectare cultivado. Em 1950, o tempo

    necessrio para atingir as mesmas 6 toneladas caiu para a mdia de 53 horas e, em 1985, com

    apenas 3 horas, ele obtinha o mesmo resultado. Esta progresso deveu-se, particularmente, introduo de novas tecnologias agrcolas, utilizadas em forma integrada.

    O quadro a seguir mostra com clareza a evoluo da agricultura atravs dos anos, numa

    demonstrao dos benefcios que a tecnologia pode trazer para a sociedade. Em 1850 eram

    necessrios quatro agricultores para alimentar uma nica pessoa.

    Quadro 1 - Evoluo da agricultura atravs dos anosANO N DE AGRICULTORES N DE PESSOAS

    ALIMENTADAS1850 4 1

    1900 1 41950 1 101960 1 171970 1 331980 1 571990 1 702005 1 100 *

    Fonte: Aspectos Toxicolgicos Relacionados ao Uso de Produtos Fitossanitrios Dinnouti et all. 2004* CropLife International 2005

    Na histria sobre o uso do manejo fitossanitrio integrado, o ano de 1950 assumiu uma

    caracterstica de divisor de guas para a agricultura mundial, pois a partir daquela poca passou-se aexplorar a idia de integrao do controle qumico com o biolgico, com o objetivo de se resolver o

    conflito entre o uso de inseticidas e ao dos inimigos naturais. Estava, portanto, plantada a semente

    da seleo de mtodos de controle e do desenvolvimento de critrios para o emprego do Manejo

    Integrado de Pragas (MIP), garantindo conseqncias favorveis sob os pontos de vista econmico,

    ecolgico e sociolgico. Uma conceituao que desabrochou, definitivamente, em 1961, quando os

    ecologistas australianos Diana e Clark escreveram um artigo em que defendiam uma tecnologia

    visando fazer o manejo protetor contra espcies benficas (predadores, parasitas, polinizadores).

    No Brasil, entomologistas pioneiros, como Prof. ngelo Moreira da Costa Lima (EscolaNacional de Agronomia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) j eram precursores da

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 5

    idia de controle integrado pois, quando fez o estudo dos problemas do algodoeiro no Nordeste do

    pas (1950), props uma srie de medidas que se enquadram hoje, perfeitamente no conceito de

    integrao.

    A classe Agronmica tem apoiado o Mtodo Integrado e os Sistemas Integrados de

    Cultivo.A ANDEF Associao Nacional de Defesa Vegetal tem sido grande propulsora doManejo Integrado de Pragas. No passado, isto parecia ser muito mais o papel de rgos de pesquisa

    e universidades no nosso pas. Hoje estamos de mos dadas. O dilema da resistncia das pragas aos

    inseticidas tem estado presente h anos com relao aos inseticidas, e tambm contribui para o

    desenvolvimento de programas de MIP.

    Os caros, que so a runa dos produtores de mas e pras, tm uma longa histria de

    desenvolvimento de resistncia. O curto ciclo de vida e o rpido perodo entre as geraes aceleram

    a velocidade na qual a resistncia se desenvolve. Mais de meia dzia de acaricidas tornaram-se

    ineficientes devido resistncia de caros e apenas alguns continuam sendo eficazes, atravs daimplementao de rigorosas estratgias de manejo da resistncia.

    A Defesa Fitossanitria uma prtica que objetiva salvaguardar a produo agrcola dos

    danos provocados por pragas, doenas e plantas daninhas. Tradicionalmente, estes problemas so

    enfrentados com o emprego de Produtos Fitossanitrios. Esse trabalho no fcil, principalmente

    quando se levam em conta os efeitos no desejados que podem advir do uso inadequado dos

    produtos fitossanitrios, em especial, o uso equivocado dos agroqumicos, baseando-se em

    calendrios de aplicaes, independentemente de sua necessidade. Como resultado, tem-se a

    realizaode tratamentos que resultam levar ao meio ambiente quantidades desnecessrias desses

    produtos.

    A prtica de intervir com os produtos fitossanitrios em perodos pr-programados, mesmo

    quando as populaes de pragas no esto provocando danos econmicos, uma das causas que

    podem contribuir para a ocorrncia de efeitos no desejados, aumentos nos custos de produo e de

    outros inconvenientes que afetam o agricultor, tais como:

    Desenvolvimento de resistncia pelos agentes a serem controlados Aparecimento de novas Pragas, devido eliminao macia dos Inimigos Naturais

    O uso dirigido e adequado do Produto Fitossanitrio um mtodo que compreende sua

    utilizao quando os agentes daninhos chegam a uma populao que realmente ir provocar

    prejuzo econmico cultura estabelecida. Para isso, deve-se ter como base para sua prescrio e

    utilizao alguns quesitos como:

    Conhecimento da Praga, Doena ou Planta Daninha Eficincia dos Produtos Fitossanitrios Conhecimento dos Inimigos Naturais Condies Climatolgicas Mtodos de Amostragens e Monitoramento Conhecimento dos Nveis de Danos Econmicos

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    O Manejo Integrado, sem dvida, o melhor caminho para o uso correto e seguro dos

    produtos fitossanitrios. Esta prtica tambm possibilita que Predadores / Parasitas / Polinizadores

    desenvolvam seu papel til agricultura. Paralelamente contribui para reduzir e at mesmo

    neutralizar a resistncia das pragas aos diferentes produtos.

    As exigncias da moderna agricultura brasileira crescem medida que se impe anecessidade de garantia dos nveis de produo e produtividade, adequados ao pleno abastecimento

    do mercado interno e gerao de excedentes exportveis que possam contribuir, de forma definitiva,

    para o superavit da balana comercial do Pas.

    Esses insumos agrcolas, quando utilizados sob a superviso de profissionais legalmente

    habilitados, geram resultados positivos para todos os envolvidos no processo. O Manejo Integrado

    de Pragas, Doenas e Plantas Daninhas, que consiste na implementao de mtodos de controle

    que utilizem, harmonicamente, os processos qumicos, fsicos, biolgicos e os mtodos culturais, de

    forma planejada, resulta em benefcio da produtividade, proteo ambiental, segurana doconsumidor e das pessoas envolvidas na atividade agrcola.

    A produo agrcola norteada por 3 (trs) tipos de fatores de produo (de acordo com

    Rabbringe e De Wit, 1989):

    fatores determinantes da produtividade fatores limitantes da produtividade fatores que reduzem a produtividade

    Os fatores determinantes da produtividade tais como a capacidade gentica da planta, o solo

    e a luz solar, estabelecem o nvel potencial da produo. Muitas vezes, o potencial no pode ser

    concretizado, devido aos fatores limitantes, como falta de gua, nitrognio ou fsforo, acidez do

    solo, entre outros. A produtividade efetiva (de acordo com Zadoks e Schein, 1979 ) no pode ser

    colhida devido aos fatores redutores de rendimento. A Proteo das Plantas (Defesa Vegetal) trata

    dos fatores que reduzem a produtividade, com a devida considerao aos fatores limitantes.

    As pragas, as doenas dos vegetais e as plantas daninhas esto entre os principais fatores que

    reduzem a produo de alimentos e outros bens indispensveis sobrevivncia e bem-estar das

    populaes. A tecnologia tem propiciado ao homem, meios cada vez mais eficazes para superar tais

    problemas. Entre esses meios destaca-se o emprego dos Defensivos Agrcolas, produtos

    fitossanitrios capazes de eliminar ou reduzir as infestaes e os conseqentes prejuzos trazidos

    pelas pragas, doenas e plantas daninhas. Esta uma luta contnua em que se empenham

    especialistas de todo o mundo, nas instituies governamentais, nas entidades internacionais, nas

    universidades e nas empresas particulares.

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 7

    2. Proteo de plantas / defesa vegetal

    Evitar as perdas na agricultura tem sido o nosso grande objetivo. Ns, os Engenheiros

    Agrnomos, assim como profissionais de outras reas afins de Cincias Agrrias, nos preocupamos

    muito com as perdas na agricultura, incluindo a rea fitossanitria. De acordo com a FAO, 35% so

    as perdas nessa rea: 14% pelos insetos, 12% devido s doenas e 9% atravs das plantas daninhas.

    A situao mais preocupante quando se comparam as perdas entre pases em desenvolvimento,

    como o Brasil, e pases desenvolvidos.

    Tabela 1 Estimativa de perdas na agricultura.PASES EM

    DESENVOLVIMENTOPASES DESENVOLVIDOS

    PRAGAS 38% 9%

    DOENAS 27% 14%Fonte: GIFAP International Group of National Associations of Agrochemical Manufacturers (atualmente CropLife International)

    Os exemplos a seguir (com a mdia de produtividade de trs safras) demonstram a

    importncia do controle fitossanitrio para prevenir as perdas provocadas por pragas, doenas e

    plantas invasoras. (Quadros 2 ao 5)

    Quadro 2 Mdias de produtividade na cultura do algodo e perdas causadas por doenas, pragas

    e plantas invasorasALGODO PERDAS (%)

    Doenas Pragas Plantas InvasorasPASES

    Produtividade1988/90 (kg/ha)

    Potencial Atual Potencial Atual Potencial Atual

    A 300 15-20 15 55-60 40 55-60 30B 1.618 17-22 12 60-65 15 60-65 12

    C 1.837 15-20 12 60-65 12 55-60 10

    D 2.467 15-20 10 55-60 15 55-60 10Fonte: Crop Production and Crop Protection Elsevier 1994

    Pases:A Angola Kenia Nigria Somlia Uganda ZaireB Costa do Marfim Egito Guin Bissau Madagascar Mali Marrocos Sudo

    Zimbabwe.C Amrica do NorteD Amrica Central

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    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil8

    Quadro 3 Mdias de produtividade na cultura da batata e perdas causadas por doenas, pragas e

    plantas invasoras

    BATATA PERDAS (%)Doenas Pragas Plantas Invasoras

    PASESProdutividade1988/90 (kg/ha)

    Potencial Atual Potencial Atual Potencial Atual

    A 3.840 37-42 35 40-45 35 35-40 22

    B 16.415 40-45 17 40-45 13 34-40 10

    USA 32.204 37-42 15 45-50 13 32-37 08

    C 32.595 35-40 10 45-50 15 35-40 05Fonte: Crop Production and Crop Protection Elsevier 1994

    Pases:A Burundi Camerun Kenia Malawi Mauritania Ruanda Sudo Zaire.B Argentina Brasil Chile Colmbia Venezuela.C ustria Blgica Dinamarca Alemanha Irlanda Frana Holanda Reino Unido

    Sua.

    Quadro 4 Mdias de produtividade na cultura do milho e perdas causadas por doenas, pragas eplantas invasoras MILHO PERDAS (%)

    Doenas Pragas Plantas InvasorasPASES

    Produtividade1988/90 (kg/ha)

    Potencial Atual Potencial Atual Potencial Atual

    A 635 20-25 20 35-40 35 50-55 35

    B 1.886 15-20 15 25-30 22 40-45 25

    C 3.548 18-20 15 22-27 17 35-40 18

    D 4.064 12-17 12 25-30 20 35-40 10

    USA 6.738 15-20 10 22-27 12 35-40 13

    E 7.679 05-10 05 15-20 05 25-30 05

    Fonte: Crop Production and Crop Protection Elsevier 1994

    Pases:

    A Angola Benin Botswana Cabo Verde Chad Congo Costa do Marfim Guin Bissau Lesoto Mauritnia Moambique Nambia Sudo Zaire.

    B Bolvia Brasil Colmbia Equador Guiana Paraguai Peru Uruguai Venezuela.C Argentina - ChileD China Japo Koreas.E Alemanha Holanda ustria Sua.

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 9

    Quadro 5 Mdias de produtividade na cultura da soja e perdas causadas por doenas, pragas eplantas invasorasSOJA PERDAS (%)

    Doenas Pragas Plantas InvasorasPASES

    Produtividade1988/90 (kg/ha)

    Potencial Atual Potencial Atual Potencial AtualA 459 20-25 20 35-40 25 50-55 27

    B 1.405 22-27 15 20-25 15 40-45 13

    C 1.872 12-17 10 15-20 13 55-60 15

    USA 2.092 10-15 08 12-17 10 45-50 15Fonte: Crop Production and Crop Protection Elsevier 1994

    Pases:A Camerum Costa do Marfim Liberia Nigria Tanzania Uganda Zaire Zmbia.B China Japo Koreas.C Argentina Bolivia Brasil Colmbia Equador Paraguai Uruguai Venezuela.

    O controle das pragas, doenas e plantas daninhas atravs dos produtos fitossanitrios,

    apesar de ser rpido, econmico e eficiente, deve ser utilizado de modo vantajoso associado a

    outros mtodos de controle.

    Desde que o homem comeou a utilizar os Defensivos Agrcolas para combater os insetos,

    aplicando os Inorgnicos (como os Arseniatos) ou os de Origem Vegetal (como Nicotina, Rotenona

    e Piretro), tivemos vrias Fases no controle fitossanitrio.

    1 Fase: Fase da Subsistncia

    O rendimento de controle era baixo, muito dependente do Controle Natural, da Resistncia

    Natural e de Prtica Culturais. Raros eram os tratamentos com Produtos Fitossanitrios. O homem

    contava acima de tudo, com a sorte.

    2 Fase: Fase da Explorao

    Houve expanso do cultivo e a confiana em esquemas de Controle Qumico. Os Produtos

    Fitossanitrios eram aplicados de acordo com um calendrio prvio. Os ndices de produtividade

    cresceram e, por conseguinte, houve o abandono de mtodos alternativos.

    3 Fase: Fase da Crise

    A aplicao no esquema de calendrio, com pocas pr estabelecidas, levava, muitas vezes,

    o agricultor a executar os tratamentos fitossanitrios desnecessrios, quando a incidncia das pragas

    era ainda muito baixa, ou at mesmo inexistente. Isto contribua para uma reduo drstica dos

    inimigos naturais, cujas populaes no conseguiam mais se recuperar e atingir os nveis adequados

    para um controle natural das pragas que, por sua vez, ressurgiam em surtos mais severos.

    O uso intensivo de um mesmo produto contribua, alm disso, para o desenvolvimento deresistncia, tornando o problema ainda mais srio.

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil10

    4 Fase: Fase do Desastre

    O uso excessivo dos produtos elevou o custo do controle fitossanitrio, acarretando o

    abandono das culturas por produtores marginais e impossibilitando o cultivo econmico em certas

    reas.

    5 Fase: Fase do Manejo Integrado

    Hoje, temos que conduzir a Agricultura com conhecimento tcnico, criatividade e

    inteligncia, levando em considerao todos os fatores que podem proporcionar planta a sua

    capacidade mxima de produo, permitindo que ela utilize integralmente o seu potencial

    produtivo. Isso s se consegue atravs do Sistema Integrado de Manejo na Produo Agrcola. Na

    rea de Proteo de Plantas (Defesa Vegetal), o objetivo atingir os nveis mais elevados possveis

    de controle, dentro de uma viso sistemtica e integrada da produo agrcola sustentvel.

    3. Manejo integrado de pragas

    Quando se fala de Manejo Integrado, pensa-se logo no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

    Por qu o MIP tem conseguido melhores resultados que o Manejo de Plantas Daninhas e o de

    Fitopatgenos? Primeiramente, sabemos que os insetos so mais afetados por inimigos naturais, que

    patgenos e plantas daninhas. Dependncia e densidade populacional so caractersticas ecolgicas

    dos insetos. Quanto ao Controle Biolgico, ele relativamente eficiente para insetos; existe para

    patgenos e para plantas daninhas, porm, de maneira pouco eficiente.

    H muitos sculos, o homem e os insetos lutam pelo mesmo alimento. Das 10 pragas do

    Egito, segundo a Bblia, 3 ( trs ) eram insetos. Desde que existe, o homem v nascer do mesmo

    solo que o alimenta os insetos contra os quais ele luta. Na verdade, comemos os restos que os

    insetos deixam.

    Os insetos tambm transmitem doenas como a Peste Bubnica, Malria, Encefalite, Peste

    Negra e Clera. Mais recentemente, estamos enfrentando o impacto da ao dos mosquitos Aedes

    aegypty e Aedes albopictus, que transmitem uma doena infecciosa: a Dengue. O Aedes

    aegypty pode transmitir ao homem a Febre Amarela e a Dengue Hemorrgica, ambas com alto

    ndice de mortalidade.

    Queremos lembrar que a descoberta, em 1939, do efeito inseticida do DDT ( primeiro

    inseticida orgnico sinttico ) deu ao seu descobridor, Paul Mller, o Prmio Nobel. Mais de 2

    milhes de pessoas foram salvas, na poca, graas s aplicaes do DDT no controle de epidemias

    transmitidas por insetos. Robert Metcalf, da Universidade de Illinois, em 1980, chamou aqueladcada de poca do Otimismo, tal era a euforia que reinava pelas aplicaes do DDT.

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 11

    O Prof. Marcos Kogan ( Brasileiro eProfessor da Oregon State Universit/USA ), em Anais

    do I SIMI Simpsio Internacional sobre Manejo Integrado de Pragas, Doenas e Plantas Daninhas

    (Campinas, 1987), nos relata que, na prpria Sociedade de Entomologistas dos Estados Unidos,

    comentava-se que o DDT iria resolver todos os problemas ocasionados pelas pragas. No entanto, o

    que aconteceu? Aplicaes erradas, exageradas e irracionais, onde extensas reas territoriais foramcobertas por aplicaes de inseticidas, vieram trazer resistncia de insetos a determinados produtos

    fitossanitrios.

    A experincia mostrou ao homem que no se deve combater os insetos, e sim manej-los.

    necessrio preservar Predadores, Parasitas e Polinizadores, deixando que os mesmos desenvolvam

    seu papel benfico Agricultura. Em verdade, a ningum interessa um excessivo consumo de

    Defensivos Agrcolas, pois tal excesso acaba provocando o aparecimento de Pragas Resistentes.

    No interessa ao Agricultor, nem ao Comerciante. Ao Tcnico, que hoje deve prescrever

    Receiturio Agronmico, a indicao de um produto com problemas de resistncia, pode levar perda da credibilidade junto aos seus consulentes. Para a Indstria de Produtos Fitossanitrios que,

    pesquisa desenvolve e lana novos produtos, a Resistncia assustadora, porque reduz a sua vida

    til de comercializao.

    4. Manejo integrado de doenas e de plantas daninhas

    O Prof. Yvo de Carvalho (Universidade Federal de Gois), durante o primeiro SIMI

    Simpsio Internacional sobre Manejo Integrado de Pragas, Doenas e Plantas Daninhas (Campinas,

    1987), assim se expressou: Em termos gerais pode-se dizer que o Manejo Integrado em

    Fitopatologia sempre existiu, porm, de maneira desordenada e indisciplinada. No atingimos o

    grau de eficincia, tal como o alcanamos pelo manejo integrado de pragas, mesmo porque a

    atuao de um microorganismo sobre o outro, no solo, um fenmeno que freqentemente passa

    despercebido.

    Tanto para patgenos quanto para plantas daninhas, a Previsibilidade quanto ocorrncia

    grande. Isso facilita o Manejo Integrado nas duas reas. Se plantarmos uma espcie suscetvel a

    uma determinada doena, numa certa regio, e as Condies Climticas forem favorveis, existe

    grande probabilidade que uma epidemia possa ocorrer. Quanto s plantas daninhas, so

    absolutamente previsveis. Se existe uma infestao onde as plantas daninhas esto bem adaptadas,

    poderemos ter certeza de que vo ocorrer.

    Quanto a Controles Naturais, comentamos que os Insetos so bastante afetados por Inimigos

    Naturais, que podem ser outros insetos, parasitas ou predadores. Quanto aos patgenos, existem

    alguns inimigos naturais que, por dependerem de condies climticas favorveis, podem no ser

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil12

    to efetivos como os insetos. Da mesma forma para as plantas daninhas, pois se escaparam ao

    controle, significa que de fato no tm inimigos naturais.

    Em manejo integrado de doenas, a Resistncia muito importante. Em algumas culturas,

    patgenos so fatores limitantes e somente atravs de medidas que previnam o desenvolvimento da

    resistncia s doenas consegue-se estabelecer um controle dos mesmos permitindo odesenvolvimento das plantas cultivadas. O mesmo no acontece para plantas daninhas, cuja

    Resistncia no se aplica, de uma maneira geral.

    5. Evoluo dos produtos fitossanitrios

    Desde o alvorecer da agricultura a produtividade das plantas cultivadas tem sido reduzida

    por pragas, doenas e pela competio com as plantas daninhas e, desde ento, os agricultores vm

    buscando meios de limitar essas perdas e obter culturas mais sadias, ou seja, meios de proteger a

    produo agrcola.

    De modo geral, quanto mais intensivo for o sistema de produo maiores sero os riscos de

    perdas dessa mesma produo pela ao de diversos organismos.

    A intensificao e a otimizao dos mtodos de cultivo tm resultado em aumentos

    significativos na produo e na produtividade das lavouras e a defesa vegetal tem se constitudo

    num dos importantes fatores, contribuindo para esses resultados.

    O grande esforo feito no sentido da adoo de novas tecnologias no campo foi, sem dvida,

    iniciado nos pases desenvolvidos onde era vital a racionalizao da produo face ao contnuo

    xodo rural. Isto explica os grandes avanos alcanados pelos pases Europeus, Estados Unidos,

    Canad e Japo.

    Nos pases em desenvolvimento e o Brasil um exemplo os avanos tecnolgicos como

    mquinas, cultivares com alta produtividade, o uso adequado de fertilizantes e o emprego correto de

    produtos fitossanitrios para proteo das lavouras, foram absorvidos mais lentamente,

    concentrando-se o esforo nas culturas de exportao, face s polticas de financiamento agrcola

    adotadas pelos diferentes pases. Tem-se portanto que reconhecer que, nos pases em

    desenvolvimento, os avanos tecnolgicos visando aumentos de produo e produtividade,

    sofreram atrasos na sua adoo pelos agricultores.

    Implicaes de ordem social, alm de problemas ecolgicos como os desmatamentos que

    so particularmente srios nos pases em desenvolvimento, tambm devem ser considerados quando

    o que est em jogo a produo agrcola.

    No que respeita defesa fitossanitria, grandes mudanas ocorreram nos ltimos 30 anos,

    com nfase especial nos pases industrializados, pois foi nesses pases que tiveram origemimportantes inovaes nas tcnicas de defesa vegetal.

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 13

    5.1. Mudanas nas tcnicas de produo, tcnicas de cultivo e rotao de culturas

    O sucesso de uma lavoura depende em grande parte do bom manejo e preparo do solo, de

    modo a propiciar as melhores condies para o desenvolvimento da cultura e garantia de boaprodutividade.

    Um adequado preparo do solo previne a eroso provocada pela gua e pelo vento.

    Atualmente tambm os aspectos ecolgicos vm assumindo papel importante, principalmente nos

    pases industrializados onde os solos agricultveis vm se tornando cada vez mais escassos. Estes

    conceitos todavia no vm merecendo a mesma ateno nos pases em desenvolvimento e a cada

    ano o que se pode notar a degradao de grandes extenses de solo que so abandonados e que

    devem ser substitudos s expensas de florestas desmatadas para incorporao de novas reas para

    produo.O preparo convencional do solo, isto , com araes profundas, extremamente importante

    em culturas intensivas, proporcionando uma neutralizao da lixiviao dos nutrientes e reduzindo

    o inculo de doenas que provocam muitas vezes prejuzos na fase de germinao das culturas.

    Preparos de solo mais conservadores, sem arao profunda, tm sido usados de forma

    crescente uma vez que reduzem os custos operacionais, contribuindo ainda para prevenir a eroso.

    O cultivo mnimo e o plantio direto cresceram muito em importncia por serem eficientes

    quanto preveno de eroso e reduo de custos, mas somente so viveis quando em associao

    com o emprego de herbicidas.

    Semeadeiras de alta preciso permitem hoje ao agricultor quantidade adequada de sementes

    para uma densidade de cultura previamente estabelecida. Entretanto, para o sucesso da operao,

    torna-se indispensvel o tratamento das sementes com fungicidas / inseticidas adequados para

    prevenir o ataque de doenas e pragas que ocorrem durante a germinao, alm do emprego de

    herbicidas logo no incio, de forma a que as plantas tenham plena condio de desenvolvimento.

    H 30 anos, o cultivo mecnico era tradicionalmente usado, inclusive nos pases

    industrializados, porm este mtodo foi substitudo pelo uso dos herbicidas.

    Em algumas situaes, de modo a reduzir custos e o volume de herbicidas aplicados, tem

    sido recomendada a aplicao sobre a linha da cultura, procedendo-se ao cultivo mecnico nas

    entrelinhas. Os herbicidas aplicados em ps-emergncia tambm trouxeram uma contribuio muito

    importante.

    A elevao dos custos de mo-de-obra no campo, principalmente nos pases

    industrializados, contribuiu para os avanos tecnolgicos no manejo das culturas, tornando a

    atividade agrcola altamente especializada. A mecanizao foi a nica forma encontrada para

    reduzir as necessidades de mo-de-obra e um bom exemplo disso foi a introduo das colheitadeiras

    automotrizes.

    A tendncia em racionalizar as atividades agrcolas levou os pases desenvolvidos aconcentrar a produo agrcola em cultivos que permitiam menor intervalo de tempo entre as

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    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil14

    culturas em rotao, alm de priorizar culturas de alta rentabilidade. Na Europa, por exemplo, isto

    resultou na ampliao do cultivo de cereais em rotao, mas a conseqncia foi o aumento de

    incidncia de gramneas invasoras, alm de maior ocorrncia de doenas de folhagem em trigo e

    cevada principalmente.

    O uso de herbicidas e fungicidas foi e tem sido a alternativa vivel para possibilitar acontinuidade desse modelo que proporciona altos nveis de produtividade.

    Nos ltimos 30 anos houve tambm expressivas alteraes na conduo das tcnicas de

    cultivo em pases em desenvolvimento. A poltica de incentivos a culturas de exportao

    possibilitou, em muitos casos, o emprego de melhor tecnologia e os lucros obtidos permitiram

    investir na melhoria da qualidade das sementes e no maior emprego de fertilizantes e de produtos

    fitossanitrios. Necessrio se torna, todavia, nesses pases que j conseguiram incorporar essas

    tecnologias s culturas de exportao, pass-las tambm para as de consumo domstico, para

    benefcio de toda a sociedade.Outro fator limitante da produo e da produtividade agrcola a disponibilidade de gua

    aos cultivos, tornando-se muitas vezes como fator limitante de produo. A irrigao nestes casos

    essencial, mas traz consigo o possvel agravamento da ocorrncia de doenas, ampliando as

    condies que facilitam a manifestao de infeces por determinados agentes patgenicos. A

    irrigao, por manter a folhagem molhada por longos perodos, pode contribuir para o aumento da

    ocorrncia de doenas.

    5.2. O desenvolvimento da defesa fitossanitria

    um fato conhecido que as pragas, doenas e plantas invasoras competem com as culturas

    econmicas, acarretando quedas na produo. A garantia de altas produes e produtividades s

    obtida com plantas sadias.

    Os mtodos empregados em defesa fitossanitria vm apresentando uma evoluo aprecivel

    nas ltimas dcadas:

    o conhecimento e a utilizao de mtodos de diagnose envolvendo dinmicapopulacional e epidemiologia, em vrias culturas, possibilitam prever a ocorrncia de

    pragas e doenas e como resultado, adotar as medidas de proteo mais adequadas a

    cada caso, ou seja, o Manejo Integrado de Pragas MIP;

    algumas prticas culturais podem ser empregadas para reduzir a incidncia de pragas,doenas e plantas invasoras de importncia;

    os produtos fitossanitrios qumicos de hoje so muito mais especficos e seletivosdo que os seus antepassados, e por isto mesmo com menores chances de provocar

    efeitos secundrios indesejveis;

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    por outro lado, os novos produtos de modo geral so empregados em doses muitomais reduzidas, alm de apresentarem perfil toxicolgico e ecotoxicolgico mais

    favorveis, sob o ponto de vista de segurana para os aplicadores e o ambiente;

    tem havido substanciais avanos na tecnologia de formulao dos produtos, bemcomo nas tcnicas e equipamentos de aplicao;

    nos pases de clima temperado houve aumentos significativos no cultivo intensivo dehortalias e determinadas frutferas em casas de vegetao e estufas, tendo sido

    desenvolvido mtodos especficos de controle fitossanitrio nessas condies,

    indispensveis na obteno de plantas sadias com alta produtividade; e

    mtodos biolgicos de controle fitossanitrio vm sendo gradativamenteintroduzidos e a adoo de Manejo Integrado de Pragas , neste particular, o

    procedimento que melhor atende os parmetros de aplicar quando necessrio,

    utilizando o mtodo mais adequado visando a garantia de produtividade, mas semperder de vista fatores to importantes quanto a preservao de inimigos naturais e

    preveno ao possvel desenvolvimento de resistncia das pragas e doenas.

    5.3. Alteraes na incidncia e importncia de pragas e plantas invasoras

    A ocorrncia de pragas, doenas e plantas invasoras numa determinada cultura e regio,

    pode apresentar variaes e mesmo aumentar.

    A grande maioria desses problemas fitossanitrios que afeta uma determinada cultura, no

    impacta de modo semelhante em todas as regies onde a referida cultura cultivada. Algumas

    dessas pragas / doenas / plantas invasoras ocorrem com maior presena numa regio que em

    outras, ou at mesmo no esto presentes. Em geral, sua disseminao se d atravs do transporte da

    produo interna dentro dos pases e externamente atravs das exportaes.

    So bastante conhecidos os casos de introduo de ferrugem do caf no Brasil e nos pases

    da Amrica Latina; a Sigatoka negra nos bananais da Amrica Latina, bem como as introdues de

    Spodoptera exgua, Liriomysa trifolii e Bemisia tabaci atacando vrias culturas na Europa; mais

    recentemente, no Brasil, a ferrugem da soja Phakopsora pachyrhizi.

    As alteraes de tcnicas de cultivo, principalmente quando se adotam cultivos intensivos,

    levam ao aumento da incidncia de pragas, doenas e plantas invasoras de importncia. So

    exemplos o aumento da incidncia do mldio e pulges em cereais na Europa, Helminthosporium

    em milho nos Estados Unidos e Amrica Latina, e cigarrinhas em arroz no sudeste da frica.

    Assim sendo, previsvel e pode-se mesmo antever e esperar que o aumento da incidncia

    de pragas e doenas seja possvel em regies de monoculturas, como algodo, cereais, arroz, soja,

    entre outras cultivadas intensivamente, havendo nestes casos a necessidade da adoo de mtodos

    de controle fitossanitrio adequados.

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    5.4. O desenvolvimento do controle qumico

    Produtos inorgnicos como o cobre e o enxofre j estavam em uso h mais de cem anos,

    principalmente para controlar doenas. A Calda Bordaleza, por exemplo, j era usada desde 1885.O primeiro produto sinttico, o dinitro cresol, foi colocado no mercado em 1892 sob a marca

    Antinonnin. O primeiro fungicida para tratamento de sementes, base de mercrio orgnico, foi

    descoberto no incio do sculo 20.

    Nos anos 30, foram descobertos os fungicidas ditiocarbamatos e nos anos 40 os inseticidas

    organoclorados e organofosforados. Desde ento tm havido substanciais alteraes na pesquisa

    desses compostos. Os investimentos em pesquisa aumentaram significativamente e novos

    ingredientes ativos vm sendo continuamente lanados no mercado mundial para o controle das

    principais pragas, doenas e plantas invasoras.Os novos produtos so submetidos a uma metodologia de avaliao muito mais crtica sob o

    ponto de vista toxicolgico e nos possveis impactos que possam provocar no ambiente. Hoje, cerca

    de 40% dos investimentos em pesquisa destinam-se s avaliaes toxicolgicas e ecotoxicolgicas.

    Um estudo sobre a evoluo desses produtos foi consolidado em 2005, tendo envolvido 55

    herbicidas, 56 inseticidas e 48 fungicidas, que representaram, no ano de 2004, cerca de 80% do

    volume das vendas das Associadas da ANDEF.

    O Quadro 6, a seguir, mostra claramente a evoluo que tiveram os herbicidas atravs dos

    anos, analisando-se como parmetro as doses de recomendao dos diversos produtos com registro

    no Brasil.

    As doses de recomendao tiveram uma reduo de 24% , quando se comparam os produtos

    lanados na dcada de 1970 em relao aos da dcada anterior e outra reduo de cerca de 80%

    entre os produtos das dcadas de 1970 e 1980, e 29% na dcada de 1990. No perodo os herbicidas

    apresentaram uma reduo nas doses de recomendao da ordem de 89%.

    Quadro 6- Herbicidas: lanamento mundial / doses registradas no BrasilProdutos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA

    AT 1960 Alacloro 2400 3360Ametrina 1500 4000Atrazina 1760 3080Bentazona 720 960Butacloro 2400 3600 1141 2148Dibrometo de diquate 200 400 M = 1644Dicloreto de diquate 200 600Diuron 800 1200Oxidiazona 875 10002,4 D 403 2821Picloran 103 618Paraquate 300 2200Propanil 3600 5280Trifluralina 720 - 960

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    Dcada Produtos Gramas * / ha Mdia Brasil1970 Cianazina 1250 2500

    Diclofope metlico 710 850Glifosato 360 2160 704 1779Metribuzin 350 720 M = 1241S- Metolacloro 1920 3360Oxifluorfen sdio 40 1440Pendimetalian 750 2000Tebutiuron 250 - 1200

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1980 Acetocloro 1800 3600

    Acifluorfen 170 255Cletodin 60 108Clorimuron etlico 15 20Fenoxaprope-p-etlico 68 110 254 452Fluazifope-p-butlico 188 250 M = 253Fluroxipir 200 400

    Fomesafen 225 250Glufosinato de amon. 300 800Imazaquin 140 150Imazetapir 100Lactofen 150 480Metssulfuron metl. 2 4

    Nicossulfuron 50 60Quincloraque 375Setoxidin 230 - 270

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1990 Bispiribaque sd. 40 50

    Butroxidin 25 93,5Ciclossulfamuron 8,4Cloransulan metl. 30 40Dimetenamid 1125 155 204Flumicloraque pentl. 40 60 M = 179Flumioxazina 20 60Halossulfuron 112,5Haloxifope-p-metl. 36 60Imazamoxi 28 49Izoxaflutole 65 263Oxassulfuron 60Quizalofope-p-etlico 63 100Quizalofope-p-tefurl. 60 120Sulfentrazona 600 800Tepraloxidin 75 100Tiazopir 240 - 360

    * Ingrediente ativoFonte: L.C.S. Ferreira Lima 2005

    A situao com os inseticidas no foi diferente e o Quadro 7 demonstra com clareza a

    tendncia de reduo das doses da aplicao, resultado de um trabalho consciente e pertinaz das

    reas de pesquisa da indstria, buscando produtos mais eficientes e ao mesmo tempo menos txicos

    e agressivos ao ambiente. De 1960 para 1970 houve uma reduo nas doses de utilizao de cerca

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    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil18

    de 29%, na dcada seguinte de 79% e de 1980 para 1990 de 23%. No perodo a reduo foi de

    88,7%

    Quadro 7- Inseticidas: lanamento mundial / doses registradas no BrasilProdutos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA AT 1960

    Aldicarbe 450 3900Carbaril 456 1080Carbofurano 700 3500Clorpirifs 96 960 338 - 1571Endossulfan 350 2100 M = 955Fosfeto Alumnio Gros Armazen.Fosfeto de magnsio Gros Armazen.Malationa 400 1750Monocrotofs 100 320

    Parationa metlica 180 600Pirimicarbe 250 500Triclorfon 400 - 1000

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1970 Acefato 225 1125

    Amitraz 440 700Cipermetrina 12 75Cloridrato de cartape 400 1250Deltametrina 2,5 - 10 243 1104Diflubenzuron 7,5 25 M = 674Fenitrotiona 500 1000

    Fenvalerato 21 120Forato 1050 - 6225Metamidofs 150 900Permetrina 15 125Terbufs 210 2000Triazofs 120 - 800

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1980 Abamectina 5,4 18

    Bifentrina 1 7,5Buprofezina 230 375Carbossulfano 120 400Ciromazina 75 90Clofentezina 150 300 71 - 210Clorfluazuron 12,5 37,5 M = 140Ciflutrina 6,25 40Esfenvalerato 5 25Etofenproxi 30 50Fenpropatrina 30 120Flufenoxuron 7,5 200Hexatiazox 30Lambda cialotrina 3,75 25Piridafentiona 400 1000Pirimifs metlico 80 200

    Profenofs 80 500Teflubenzuron 7,5 37,5Tiodicarbe 52,5 - 525

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 19

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1990 Acetamiprido 50 80

    Betaciflutrina 3,75 12,5Clorfenapir 72 240Clotianidina 30 150 34 183Fipronil 4 400 M = 108Gama cialotrina 2,4 15Imidacloprido 49 280Piriproxifen 100Spinosad 6 201,6Tebufenozide 30 120Tiacloprido 48 96Tiametoxam 12,5 - 500

    * Ingrediente ativoFonte: L.C.S. Ferreira Lima 2005

    Na anlise dos fungicidas o comportamento da reduo das doses acompanhou a mesma

    tendncia verificada nas outras duas classes de produtos. Da dcada de 1960 para at 1970 houvereduo nas doses de aplicao de cerca de 64%; na dcada seguinte a reduo foi de 40% e, de

    1980 para 1990 uma reduo de 54%. No perodo a reduo total foi de cerca de 90%.

    Quadro 8 - Fungicidas: lanamento mundial / doses registradas no BrasilProdutos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA

    AT 1960 Captana 520 1130Edifenfs 500 750Enxofre 1600 4800 811 2484Hidrxido de cobre 495 2970 M = 1647

    Mancozebe 1600 4000Manebe 1600Oxicloreto de cobre 1050 2100xido cuproso 560 3136Tiabendazole 80 4000Triforina 114 - 356

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1970 Acetato de fentina 70 500

    Benomil 125 - 1000Carbendazina 250 500Cloridrato de cartape 500 750

    Clorotalonil 500 1800Fenarimol 10,8 72 348 818Fosetil - Al 1600 4000 M = 583Hidrxido de fentina 100 300Iprodiona 250 750Oxicarboxina 375 600Procimidona 250 750Propiconazole 62,5 187,5Propinebe 1400 2100Pirazofs 180 300Quinometionato 100 150Tiofanato metlico 210 490Triadimefon 125 250

    Triciclazole 150 - 225

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil20

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1980 Bitertanole 125 250

    Fenpropimorfe 560 750 223 481

    Hexaconazole 30 45 M = 352

    Oxadixil 160 240Procloraz 337,5 1350

    Tebuconazole 125 - 250

    Produtos Gramas * / ha Mdia BrasilDCADA1990 Azoxistrobina 80 160

    Bromuconazole 15 180

    Difenoconazole 5 125

    Dimetomorfe 52,5 400 69 254

    Epoxiconazole 12,5 93,75 M = 161Famoxadona 81 180

    Fluazinam 200 500

    Fludioxonil Tratamento Sem.

    Fluquinconazole 62,5 187,5

    Imibenconazole 90 168,7

    Metconazole 90 180

    Pirimetanil 60 900

    Tetraconazole 50 100Trifloxistrobina 100 - 125

    * Ingrediente ativoFonte: L.C.S. Ferreira Lima 2005

    Quanto aos aspectos toxicolgicos vale salientar que os inseticidas, de modo geral , sempre

    representaram a classe de produtos com a maior toxicidade. Tambm aqui, se verifica o grande

    avano que vem sendo obtido atravs da pesquisa, na busca de ingredientes ativos com menor

    toxicidade. O Quadro 9 mostra isto claramente em relao aos produtos relacionados com redues

    expressivas quanto ao grau de toxicidade por eles apresentados.Embora tenha havido um aumento da toxicidade mdia dos inseticidas na dcada de 1990, as

    redues alcanadas nas dcadas anteriores foram, sem dvida, bastante expressivas.

    De acordo com a Organizao Mundial de Sade The WHO Recommended Classification

    of Pesticides by Hazard- 2004 - produtos slidos que tenham LD50 oral aguda 2000 mg/kg e

    produtos lquidos com LD50 oral aguda 3000 mg/kg apresentam pouca probabilidade de provocar

    algum risco agudo como resultado de aplicaes normais. Ref. ISBN: 92 4 154663 8

    A combinao dose menor e menor toxicidade tem influncia direta no menor impacto

    ambiental provocado pelos novos produtos.

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 21

    Quadro 9 - Inseticidas: lanamento mundial / Toxicidade Oral Aguda do Ingrediente AtivoProdutos DL50 mg / kg DL50 MdiaDCADA

    AT 1960 Aldicarbe 0,93Carbaril 264 - 500

    Carbofurano 8Clorpirifs 135 -163Endossulfan 70 - 110 190 - 551Fosfeto Alumnio 8,7 370Fosfeto de magnsio 11,2Malationa 1355 - 5500Monocrotofs 18 - 20Parationa metlica 3Pirimicarbe 142Triclorfon 250

    Produtos Mdia BrasilDCADA

    1970 Acefato 1030 - 1447Amitraz 650Cipermetrina 250 - 4150Cloridrato de cartape 325 - 345Deltametrina 135 - > 5000Diflubenzuron > 4640 745 - 1729Fenitrotiona 1700 1720 1237Fenvalerato 451Forato 1,6 3,7Metamidofs 13 15,6Permetrina 430 4000

    Terbufs 1,6Triazofs 57 - 59Produtos Mdia BrasilDCADA

    1980 Abamectina 10Bifentrina 54,5Buprofezina 2198 2355Carbossulfano 185 250Ciromazina 3387Clofentezina > 5200 4143 - 4182Clorfluazuron > 8500 4162Ciflutrina 500 - 900Esfenvalerato 75 88Etofenproxi > 42880Fenpropatrina 66,7 70,6Flufenoxuron > 3000Hexatiazox > 5000Lambda cialotrina 56 - 79Piridafentiona 769 - 850Pirimifs metlico 1414Profenofs 358Teflubenzuron > 5000Tiodicarbe 66

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    ESPECIALIZAO POR TUTORIA A DISTNCIA ABEAS/UFVCurso: Proteo de Plantas

    Mdulo 1: 1.1 - A defesa vegetal no Brasil22

    Produtos Mdia BrasilDCADA1990 Acetamiprido 146 217

    Betaciflutrina 270 500Clorfenapir 441 - 1152Clotianidina > 5000 1853 - 2073Fipronil 95 - 97 1963Gama cialotrina 50 55Imidacloprido 450Piriproxifen > 5000Spinosad 3783 - > 5000Tebufenozide > 5000Tiacloprido 444 - 836Tiametoxam 1563

    * Ingrediente ativoFonte: L.C.S. Ferreira Lima 2005

    5.5. Fatos a considerar

    Como foi visto at aqui, a introduo nas ltimas dcadas de novos ingredientes ativos no

    mercado ampliou de muito a gama de recursos disposio da agricultura para soluo da quase

    totalidade dos problemas fitossanitrios que afetam a produtividade das culturas econmicas. Assim

    que, de 1972 a 1996, o mercado mundial de produtos fitossanitrios praticamente triplicou.

    O nmero de herbicidas disponveis aumentou significativamente e esta diversidade de

    produtos oferece soluo vivel para a maioria das situaes nas quais o controle de plantasinvasoras indispensvel. No caso dos inseticidas, o fato mais importante a salientar foi o da

    substituio dos organoclorados por produtos menos persistentes. H todavia que se considerar

    tambm que neste perodo comearam a surgir problemas de resistncia das pragas aos produtos e,

    neste particular, a preocupao torna-se maior quando se verifica haver menor disponibilidade de

    inseticidas e acaricidas quando comparados com herbicidas e fungicidas.

    As ltimas dcadas tambm propiciaram o desenvolvimento de novos grupos de fungicidas

    que muito vem contribuindo para o melhor manejo do controle das doenas. Os fungicidas

    sistmicos destacam-se neste particular, pelo efeito de sua ao curativa embora os produtos de

    largo espectro, preventivos, ainda tenham um papel importante nos programas de manejo integrado.Pode-se considerar que o fator de maior preocupao atualmente seja o da resistncia de

    insetos, caros e doenas fitopatognicas aos inseticidas, acaricidas e fungicidas respectivamente.

    Normalmente, essas ocorrncias se do a nvel regional tornando algumas vezes determinados

    produtos completamente ineficazes. um problema mundial que tem obrigado aos governos de

    diversos pases e s indstrias produtoras a se aliarem, criando programas para neutralizar essas

    ocorrncias, atravs da soluo a problemas j existentes e preveno nos casos ainda no

    estabelecidos. Outra rea de preocupao diz respeito aos custos de desenvolvimento de novos

    produtos e necessidade de gerao de dados adicionais para os produtos antigos ainda no mercado.

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 23

    Os padres de exigncias para registro de um novo produto foram muito ampliados nas

    ltimas dcadas e os custos para atender a todos os estudos requeridos, vm crescendo a taxas bem

    maiores do que os ndices de crescimento do mercado.

    Isto faz com que somente tenham condies de ser desenvolvidos para lanamento nomercado, produtos para utilizao em culturas de importncia mundial que possam justificar a

    recuperao dos investimentos feitos. Este fator portanto fundamental na deciso a ser tomada

    entre desenvolver ou no um novo produto.

    5.6. O controle biolgico e integrado

    No passado, o termo controle biolgico era entendido por alguns pesquisadores como

    especfico ao controle de pragas e, como tal, muito limitado se consideradas as necessidades de um

    controle fitossanitrio efetivo a um grande nmero de culturas econmicas. Atualmente, a definio

    de controle biolgico tem um sentido muito mais abrangente, envolvendo todos os mtodos que tm

    como objetivo biolgico principal, limitar o desenvolvimento de pragas, doenas e plantas

    invasoras. Alm dos benefcios obtidos ao se utilizarem organismos antagnicos, os mtodos

    biolgicos incluem tambm o emprego de plantas resistentes, o uso de mecanismos naturais para

    preveno da resistncia, feromnios, entre outros. Com esta definio mais ampla, o controle

    biolgico se constitui hoje na base da defesa sanitria vegetal.

    O controle biolgico em casas de vegetao apresentou um crescimento aprecivel,

    evoluindo de cerca de 400 ha em 1970 para quase 14.000 ha em 1991. O mercado mundial de

    produtos biolgicos representava, em 1993, cerca de 0,45% do mercado total de agroqumicos e era

    dominado basicamente, pelos bio-inseticidas e oBacillus thuringiensis, sendo responsvel por 90%

    do total. Alm de Bacillus thuringiensis outros agentes de controle biolgico tm sido utilizados,

    incluindo espcies de Trichoderma, Streptomyces, Pseudomonas etc. O mesmo ocorrendo com os

    bio-herbicidas utilizando patgenos especficos, como por exemplo, Colletotrichum

    gloeosporioides. O sucesso desses agentes biolgicos de controle depende da disponibilidade de

    umidade e, alguns desses produtos foram descontinuados face a resultados inconsistentes.Os produtos biolgicos de modo geral, apresentam srias limitaes, incluindo sua extrema

    especificidade, bem como elevada sensibilidade aos fatores ambientais, alm de problemas ligados

    estabilidade das formulaes.

    Apesar de todas essas dificuldades, a indstria vem investindo seriamente neste ramo de

    pesquisa, levando em conta que o custo do desenvolvimento de produtos biolgicos muitas vezes

    menor do que o necessrio para lanar um novo produto qumico.

    Por outro lado, o sucesso para o lanamento de um novo produto qumico vem se tornando

    cada vez mais difcil face s exigncias da regulamentao e aos elevados investimentos, conformej mencionado.

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    A participao dos agentes de controle biolgico dever estar restrita a determinados nichos

    de mercado, bastante especficos.

    A situao muda de figura quando se antev a perspectiva do uso de plantas resistentes,

    sendo provavelmente este o exemplo de maior sucesso no controle biolgico, a mdio e longo

    prazo.O emprego de cultivares resistentes, sob o ponto de vista fitossanitrio, ser provavelmente a

    chave para o controle de pragas, doenas e plantas invasoras num futuro previsvel. O

    desenvolvimento dessas cultivares ser a nica forma de produzir resultados imediatos no controle

    de pragas e doenas, antes de que se tenha necessidade de utilizar os produtos fitossanitrios

    qumicos. A engenharia gentica, neste particular, j est trazendo a sua contribuio e, nos

    prximos anos, estaremos presenciando enormes avanos em vrias culturas econmicas.

    Mesmo considerando toda a gama de novas tecnologias disponveis, dificilmente teremos

    resolvido os problemas do controle fitossanitrio com medidas isoladas ou independentes. Aagricultura intensiva praticada nos dias atuais e no futuro, necessita integrar todos os mtodos

    disponveis, para a maximizao de resultados. E isto a funo primordial do controle integrado

    de pragas, doenas e plantas invasoras. A Organizao Europia de Defesa Vegetal definiu o

    controle integrado como sendo o emprego de todos os mtodos econmico, ecotoxicolgico e

    toxicologicamente justificveis, para manter as pragas abaixo de nveis econmicos de dano, com

    nfase no uso deliberado de agentes naturais de controle e de medidas preventivas.

    O objetivo utilizar todos os fatores que limitem a ocorrncia das pragas, a comear por

    medidas culturais e biolgicas, complementando com produtos qumicos de modo de ao

    especifico. Neste caso, os produtos s podero ser aplicados, se as infestaes apresentarem nveis

    que excedam os limites que possam provocar danos econmicos. Neste particular, no podemos

    deixar de mencionar o programa desenvolvido pela EMBRAPA e, mais especificamente pelo

    Centro Nacional de Pesquisa de Soja, cujo princpio est perfeitamente alinhado com o que vem

    sendo preconizado nos pases de agricultura desenvolvida.

    A Agricultura de Preciso, que comeou a dar seus primeiros passos no Brasil com a

    formao do consrcio AGRISAT, unindo o Grupo Algar com a Case, a Manah e a Du Pont, e

    outras empresas que certamente sero formadas para atuar nesse segmento, trar para o nosso pas

    tecnologia de ponta visando a melhoria da nossa produtividade agrcola.

    A Agricultura de Preciso um sistema de manejo que utiliza o sensoriamento no campo,

    atravs da mecanizao e da informtica, gerando benefcios agronmicos, econmicos e

    ambientais. uma concepo inovadora que certamente revolucionar o conceito de produtividade

    na agricultura brasileira utilizando-se de um sistema de gerenciamento de informaes via satlite

    GPS (Global Posiotioning System), desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos

    da Amrica e envolvendo 24 satlites. Esse sistema permitir, no caso do controle fitossanitrio,

    aplicar apenas o necessrio, racionalizando ao mximo a utilizao dos defensivos agrcolas pela

    sua aplicao no momento apropriado, nos alvos pr determinados e nas quantidades adequadascom o objetivo de reduo de custos e preservao ambiental.

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    6. Controle qumico

    O Controle Qumico ainda sem dvida o mais importante dos mtodos de controle.

    eficiente contra insetos, patgenos e plantas daninhas.

    H pouco mais de um sculo, um produto de Proteo de Plantas quimicamente sintetizado

    em laboratrio, ajudou a controlar patgenos pela primeira vez. De fato, este um importante

    marco para a Defesa Vegetal, hoje praticado no mundo inteiro. O produto sob nome comercial de

    ANTINONNIN, lanado em 1892 (conforme j comentado) para combater um patgeno de

    floresta, um marco na histria da proteo qumica de plantas.

    Figura 1 Populao mundial X Tempo

    Fonte: Deevey 1960

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    Quadro 10 Taxas de crescimento da populao mundial

    Ano Populao total Crescimento anual (%)Perodo para duplicao

    (anos)1 Milho A.C. Alguns Milhares - -

    8000 A.C. 8 Milhes 0,0007 100.0001 300 Milhes 0,046 1.500

    1750 800 Milhes 0,06 1.2001900 1.650 Milhes 0,48 1501970 3.678 Milhes 1,9 362000 6.199 Milhes 1,7 41

    Fonte: UNESCO

    Quadro 11 Produo mundial de gros: total e per capita

    PRODUO MUNDIAL PER CAPITA

    ANO TOTAL (milhes toneladas) TOTAL (quilos)

    1950 631 246

    1960 847 278

    1970 1.103 296

    1980 1.441 322

    1990 1.684 316

    Fonte: Wordwatch Institute

    Naquela poca a populao demorava 3.000 anos para duplicar. Hoje como exploso: a

    cada segundo, trs pessoas nascem em nosso planeta. Em outras palavras, uma nova cidade com

    uma populao de 250.000 pessoas criada a cada dia. Hoje a populao da Terra ento de mais

    ou menos 6,1 bilhes (Figura 2), cada qual tendo suas prprias necessidades e exigncias

    incluindo a exigncia, de fato um direito, de ter alimento suficiente.

    Mas a terra destinada agricultura no pode mais ser aumentada vontade. A destruio das

    florestas tropicais, ainda existentes neste Planeta, seria o mesmo que proclamar a sentena de morte

    de nossa atmosfera. Cada metro quadrado de floresta uma parte do chamado pulmo verde eimportante reserva de gua. Eliminar as florestas por queimadas, tambm intensifica o efeito estufa,

    que poderia acabar sendo um desastre para o clima, acrescendo-se que o dixido de carbono ento

    liberado contribui para o aumento da temperatura da atmosfera.

    Os historiadores especialistas em Idade Mdia relatam que no primeiro milnio se atribua a

    existncia da fome e da misria fria dos cus. Hoje, no terceiro milnio, essas desgraas ainda

    existem, mas sabemos todos que so de responsabilidade do Homem.

    Nos primrdios da civilizao, a eroso do solo era aceita como o preo a ser pago a longo

    prazo por um suprimento seguro de alimentos a curto prazo. Os solos agricultveis permaneciam

    por longo tempo nus, expostos ao vento e a chuva. Atualmente, com as modernas tcnicas de

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil

    manejo dos solos agrcolas (como por exemplo o Plantio Direto) consegue-se reduzir a eroso de 50

    a 98 % na maioria das reas cultivadas.

    Estas modernas tcnicas de manejo de solo no podem prescindir do emprego de herbicidas.

    So os sistemas agrcolas mais sustentveis sob o ponto de vista ambiental. Poupam mais o solo,

    favorecem a populao de minhocas e microorganismos, contribuindo para um preparo do solomelhor do que a arao.

    A agricultura de alto rendimento tem elevado as produtividades mundiais em 2% ao ano, nos

    ltimos 30 anos. A alta produtividade preserva os ambientes naturais.

    Figura 2 Populao mundial

    Fonte: UNESCO

    7. Descoberta e desenvolvimento de um produto fitossanitrio

    A indstria de Defensivos Agrcolas emprega, h muito tempo, recursos financeiros

    significativos e equipes de cientistas e tcnicos altamente qualificados, desde as pesquisas de um

    produto, sua descoberta, at o lanamento no mercado (se isto se der), bem como no

    acompanhamento e melhoramento contnuos de formulaes e tcnicas de aplicao, visando

    aprimorar cada vez mais sua eficcia agronmica e a segurana de seu povo, para o homem e o

    meio ambiente. Desenvolvimento de um Produto Fitossanitrio (vide figura 3).

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    Figura 3 Desenvolvimento de um produto fitossanitrio

    Atualmente, de cerca de 10 anos, o tempo despendido entre a descoberta de um composto

    qumico at o incio de sua produo em escala comercial, podendo chegar a um custo aproximado

    de US$ 150 milhes. De modo sucinto, podem ser consideradas as seguintes etapas bsicas que

    englobam o complexo de procedimentos, desde a descoberta de um Novo Ingrediente Ativo at o

    incio de sua produo em escala comercial como um produto fitossanitrio.

    Durante a seqncia dos testes de campo, muitos fatores necessitam ser investigados para a

    resposta a muitas questes. Eis alguns fatores:

    se nas concentraes efetivas contra os fitoparasitos ou plantas daninhas, o composto ou no fitotxico s plantas que necessitamos proteger;

    quais as doses mais econmicas, modo e pocas de aplicao; seletividade a inimigos naturais dos fitoparasitos; que tipos de formulaes so mais convenientes para seu melhor e seguro manuseio,

    sem afetar suas qualidades desejveis;

    quais as influncias de temperatura, luminosidade, chuva e outros fatores externos,quanto sua atividade fitossanitria;

    se e como a atividade do composto afetada pelos vrios tipos de solo;

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    qual o grau de compatibilidade com outros produtos, visando a eventual necessidadede seu uso em misturas com estes ltimos.

    procura de respostas adequadas, faz-se indispensvel que o material seja testado em

    diferentes culturas, durante vrios anos e mesmo em vrios pases, em comparao com defensivospadro.

    So testes que exigem rigoroso planejamento, que permitam sua anlise estatstica e que

    sejam conduzidos sob a superviso de especialistas. Geralmente, esta etapa realizada de modo

    integrado entre a Indstria, as Universidades e o Governo.

    uma fase muito laboriosa, requerendo o preparo de toneladas do material tcnico ou suas

    formulaes, empregados atravs de equipamentos de preciso, e tendo como mo de obra os

    prprios pesquisadores da indstria descobridora.

    8. Novos produtos

    As principais linhas de pesquisa como fontes para novos produtos so: 1) Sntese Clssica

    (Random Screen); 2) Sntese Anloga; 3) Produtos Naturais e 4) Linha Bio-Racional

    (Biorational Design). O importante analisar o que cada linha de pesquisa tem, como:

    chances de sucesso; grau de inovao; importncia atual e futura.

    Sntese Clssica - a primeira linha de pesquisa. Nada mais que a sntese massal e

    aleatria dos compostos qumicos, com grande quantidade de produtos sintetizados e avaliados.

    Apesar da grande importncia atual, as chances de sucesso so bastante pequenas.

    Sntese Anloga a sntese feita a partir de um produto comprovadamente eficiente. Um

    exemplo tpico o dos fungicidas triazis. Os primeiros foram obtidos a partir de sntese clssica. A

    importncia atual grande, pois as chances de sucesso so bastante altas; j partem de uma

    molcula de caractersticas comprovadas.

    Produtos Naturais Essa linha basicamente procura imitar os processos naturais que

    venham a produzir um defensivo. Exemplo: um antibitico produzido por uma bactria. Procura-se

    sintetizar produto semelhante. At o momento essa linha de pesquisa apresenta baixas chances de

    sucesso.

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    Bio-Racional - Muito ligada Anloga porm utiliza conhecimentos bioqumicos ou de

    biologia molecular. Parte-se do processo inverso das demais linhas. Primeiro identifica-se quais os

    processos metablicos sensveis ( exemplo = ao fungo ). Em seguida, produz-se uma molcula

    visando atuar nesses processos ( ex: triazis inibidores do ergosterol).

    Ainda h muitas oportunidades para novos produtos, apesar de existirem poucos problemas

    de proteo de plantas para os quais no existam medidas prticas de controle baseadas na qumica.

    Estas oportunidades aparecem porque h uma contnua necessidade de substituio de ingredientes

    ativos e formulaes j existentes, para satisfazer as exigncias ambientais, os usurios e s

    demandas econmicas. Os novos produtos so:

    seguros para o ambiente, para o usurio e para o consumidor das culturas tratadas; altamente ativos e com custos competitivos; flexveis e convenientes no uso; compatveis com outros produtos e apropriados para uso em programas de manejo

    integrado de pragas, doenas e plantas daninhas

    De modo geral, pode-se afirmar que a indstria vem correspondendo ao que se busca como

    objetivos a conseguir quanto s caractersticas mais adequadas para um produto fitossanitrio. Os

    Quadros 6 a 9, j mostrados, demonstram claramente que os produtos mais novos so mais

    eficazes do ponto de vista de controle s pragas, doenas e plantas daninhas, por empregarem dosesmenores e, ao mesmo tempo, so menos txicos que seus antecessores. E por serem empregados,

    em doses menores, pode-se dizer que seu potencial de provocar danos ao ambiente tambm

    menor.

    9. Registro e comercializao dos produtos fitossanitrios no Brasil

    de competncia privativa do Governo Federal, entre outros, legislar sobre Direito

    Comercial, guas, Comrcio Exterior e Interestadual, Transporte, Exerccio de Profisses e

    Propaganda Comercial (Art. 22 da Constituio). Compete Unio e aos Estados, entre outros,

    legislar concorrentemente sobre Conservao da Natureza, Defesa do Solo e dos Recursos Naturais,

    Proteo do Meio Ambiente e Controle da Poluio e Proteo e Defesa da Sade (Art. 24 da

    Constituio).

    No caso especfico dos defensivos agrcolas compete Unio legislar sobre a produo, registro,comrcio interestadual, exportao, importao, transporte, classificao e controle tecnolgico e

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 31

    toxicolgico; controlar e fiscalizar os estabelecimentos de produo, importao e exportao;

    analisar os produtos agrotxicos, seus componentes e afins, nacionais e importados; controlar e

    fiscalizar a produo, a exportao e a importao.

    Compete aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre o uso, a produo, o consumo, o

    comrcio e o armazenamento dos agrotxicos, seus componentes e afins, bem como fiscalizar o

    uso, o consumo, o comrcio, o armazenamento e o transporte interno.

    9.1. Entendimento histrico

    A primeira legislao sobre produtos fitossanitrios no Brasil data de 19.12.1923, quando o

    Decreto N 16.271 passou a exigir o Registro de produtos ou preparados inseticidas e fungicidas

    com aplicao na lavoura, no Instituto de Qumica Agrcola.

    Todavia, o marco da legislao considerado o Decreto n 24.114, data de 12 de abril de 1934,

    quando instituiu o Regulamento da Defesa Sanitria Vegetal que, praticamente no sofreu

    alteraes nas dcadas de 30, 40 e 50.

    A partir da dcada de 60, acompanhando posies assumidas por outros pases de legislao

    mais avanada, alm das prescries de organismos internacionais tipo FAO e OMS, as autoridades

    brasileiras foram aperfeioando as normas contidas no regulamento de 1934, voltando-se

    basicamente para os aspectos de :

    proteo aos que trabalham na indstria de defensivos; proteo ao agricultor, quanto qualidade dos produtos e ao seu uso; proteo ao consumidor quanto qualidade dos produtos agropecurios tratados com

    produtos fitossanitrios;

    proteo ao meio ambiente.

    Especificamente em relao qualidade dos alimentos, destaca-se o Decreto N 55.871 de26 de maro de 1965, estabelecendo uma legislao para resduos de defensivos permitidos em

    alimentos. Concomitantemente, a ento Comisso Nacional de Normas e Padres de Alimentos

    (CNNPA), do Ministrio da Sade, passou a elaborar, para cada produto, uma monografia com

    minuciosos estudos constando, entre outras informaes relevantes, as culturas em que os

    defensivos poderiam ser empregados, resduos mximos permitidos nos alimentos (tolerncia) e os

    perodos de carncia (intervalos entre a ltima aplicao do defensivo e a colheita) para assegurar

    os resduos permitidos. Podemos dizer que, naquele momento, caraterizou-se a crescente

    preocupao com o problema dos resduos, fundamental tanto para o consumo interno de produtosalimentcios quanto para os produtos de exportao.

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    9.2 Legislao

    Com a promulgao da Lei 7.802, em 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto98.816, de 11 de janeiro de 1990, esse substitudo pelo Decreto 4.074 de 04/01/2002, podemos dizer

    que o Brasil deu o passo definitivo no sentido de alinhar-se com as exigncias de qualidade e

    segurana para produtos fitossanitrios, reclamadas em mbito domstico e internacional.

    importante notar que a Lei n 7.802/89 estabelece como competncia privativa da Unio,

    legislar sobre o registro, o comrcio interestadual, a exportao, a importao, o transporte, a

    classificao, o controle tecnolgico e toxicolgico, bem como analisar os produtos agrotxicos,

    seus componentes e afins, nacionais e importados.

    Por outro lado, aos Estados compete legislar sobre o uso, sobre a produo, o comrcio e oarmazenamento, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o comrcio, o armazenamento e transporte

    interno. Aos municpios assiste legislar sobre o uso e o armazenamento supletivamente aos estados.

    Os produtos fitossanitrios e afins passaram a ser comercializados obrigatoriamente

    mediante a exigncia da apresentao, pelo usurio, de receiturio agronmico prprio, prescrito

    por profissional de nvel superior legalmente habilitado.

    Amparados na nova Legislao, os Ministrios da Agricultura, da Sade, e o Ibama, em suas

    reas de competncia, baixaram normas e aperfeioaram mecanismos especficos destinados a

    garantir ao consumidor a qualidade dos produtos, seus componentes e afins, tendo em vista aidentidade, atividade, pureza e eficcia, alm de medidas necessrias preservao ambiental e

    proteo da sade da populao.

    O captulo das infraes abrigou consideraes referentes a todos os elementos envolvidos

    no amplo processo que configura a atividade de defesa fitossanitria, contemplando no seu Captulo

    VIII, praticamente, desde a pesquisa at a aplicao no campo.

    importante frisarmos que h responsabilidades para todos os envolvidos no Setor, de

    acordo com o artigo 84 do Dec. Fed. 4074 de 04/01/02:

    Art. 84. As responsabilidades administrativa, civil e penal pelos danos causados sade

    das pessoas e ao meio ambiente, em funo do descumprimento do disposto na legislao pertinente

    a agrotxicos, seus componentes e afins, recairo sobre:

    I - o registrante que omitir informaes ou fornec-las incorretamente;

    II - o produtor, quando produzir agrotxicos, seus componentes e afins em desacordo com as

    especificaes constantes do registro;

    III - o produtor, o comerciante, o usurio, o profissional responsvel e o prestador de servios que

    opuser embarao fiscalizao dos rgos competentes ou que no der destinao s embalagens

    vazias de acordo com a legislao;

    IV - o profissional que prescrever a utilizao de agrotxicos e afins em desacordo com as

    especificaes tcnicas;

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    O uso de pesticidas, de forma errada, inadequada e inconseqente, na verdade, no interessa

    a ningum. Lamentavelmente, faltam orientao tcnica, planejamento e conscientizao por parte

    de muitas pessoas envolvidas no setor.

    A Lei no 7.802, de 11/07/89, regulamentada pelo Decreto n 98.816, de 11/01/90, (hoje N

    4.074 de 04.01.2002) e que trouxe novas diretrizes agricultura nacional, exigiu a prescrio daReceita Agronmica por tcnico legalmente habilitado. Sem dvida, foi um importante passo dado

    pela nossa sociedade para a preservao dos recursos do agro-ecossistema, visando uma agricultura

    mais produtiva e saudvel, e deve ter o apoio de todos os profissionais srios e competentes no

    nosso pas, que buscam uma agricultura mais produtiva, segura e no predatria.

    Os Engenheiros Agrnomos, e os Engenheiros Florestais, atravs da Receita Agronmica,

    correta e consciente, nos demonstraro as vantagens potenciais do Manejo Integrado, e nos

    conduziro ao Uso Correto e Seguro dos Produtos Fitossanitrios.

    Poderemos definir Receita Agronmica como o parecer tcnico sobre uma situaofitossanitria tendo como finalidade a utilizao dos mtodos de controle mais adequados, de

    maneira a se efetivar o controle das pragas, doenas e plantas daninhas com baixo custo, sem

    comprometer a sade do aplicador, do consumidor e o meio ambiente.

    A Receita Agronmica busca e estuda a origem de cada problema procurando atingi-lo

    especificamente, proporcionando o mximo de eficincia com o mnimo de insumos, tendo como

    objetivo principal a manuteno do equilbrio natural.

    O Receiturio Agronmico um instrumento de valorizao profissional que exige

    conhecimentos tcnicos dos mais profundos para a sua elaborao.

    Para que o profissional tenha sucesso no seu trabalho de prescrio, dever ter

    conhecimentos bsicos de Manejo Integrado de Pragas, Doenas e Plantas Daninhas, dar prioridade

    aos agentes de controle biolgico natural, e indicar, sempre que necessrio, produtos fitossanitrios

    que sejam seletivos aos inimigos naturais, de baixa toxicidade, de baixo impacto ambiental, e que

    tenham registros no Ministrio da Agricultura.

    Bases para o Receiturio Agronmico- Competncia Legal

    A Resoluo do CONFEA n 344, de 27/07/90, define quem pode prescrever Receiturio

    Agronmico. Define as categorias profissionais habilitadas a assumir a Responsabilidade Tcnica

    na prescrio de produtos agrotxicos, sua aplicao e atividade afins.

    Observaes:

    S podero ser prescritos produtos com observncia das recomendaes de usoaprovadas no registro, no rgo competente (Ministrio da Agricultura).

    Apenas dos produtos com finalidade fitossanitria exigido o ReceiturioAgronmico.

  • 8/3/2019 1.1. a Defesa Vegetal No Brasil

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    Mdulo 1: 1.1 A defesa vegetal no Brasil 35

    10. Anlise do setor de produtos fitossanitrios

    A preocupao com a destruio de ecossistemas e do nosso habitat, a contaminao do

    meio ambiente e os impactos decorrentes na sade humana, levaram os chefes de estado de mais de

    170 pases a reunirem-se no Rio de Janeiro, em 1992, para a realizao da Conferncia das Naes

    Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ( UNCED ECO-92 ).

    Naquela oportunidade os representantes dos pases participantes firmaram um compromisso

    poltico de responsabilidade pela sustentabilidade do bem estar do ser humano, traduzido num

    documento denominado Agenda 21. A Agenda 21, ao longo de seus 40 captulos alerta e apresentaorientaes sobre problemas sociais e a dinmica demogrfica, meios e processos de produo,

    manejo dos recursos naturais, biodiversidade, biotecnologia, segurana qumica etc. H ainda um

    captulo especfico destinado Promoo do desenvolvimento rural e agrcola sustentvel e outro

    relacionado a Manejo ecologicamente saudvel das substncias qumicas txicas.

    O tratamento dado ao tema dos agrotxicos na Agenda 21 envolve a questo dos riscos e

    efeitos colaterais desses produtos nos diversos mbitos de utilizao. Assim, so abordados tanto os

    efeitos em relao sade humana, como tambm os danos ambientais, os custos decorrentes do

    uso, numa demonstrao de que alm da esfera tecnolgica do uso propriamente dito, somam-se

    fatores de natureza econmica e poltica, contribuindo para a definio dos padres de uso desses

    insumos. A sua importncia neste contexto deve-se s suas caractersticas qumicas e biolgicas e s

    quantidades aplicadas, que juntas, revelam o seu potencial de risco se no manipulados por

    profissionais responsveis, conscientes e bem treinados.

    O setor de produtos fitossanitrios competitivo, oferecendo ao agricultor cerca de 714

    produtos, a maioria nas classes toxicolgicas III e IV, que so formulados a partir de 317 diferentes

    ingredientes ativos misturados ou em forma isolada (Fonte: GIAGRO maio/2005).

    Esses produtos, destinados a todos as culturas de importncia econmica em nosso Pas, so

    comercializados por empresas, que mantm, 6.222 empregos diretos, sendo grande parte ocupados

    por profissionais de nvel superior, dos quais 1.683 engenheiros agrnomos, e 70 tcnicos agrcolas.

    Na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias para controle de pragas, doenas e

    plantas daninhas, a indstria, como j foi mencionado, mantm estaes experimentais e

    laboratrios de pesquisa, sendo a maioria em cooperao com rgos oficiais de pesquisa e ensino.

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    10.1. Formulaes de produtos fitossanitrios

    Os ingredientes ativos so substncias qumicas extremamente ativas, capazes de controlaruma determinada praga em concentraes extremamente baixas, sendo necessrios apenas alguns

    quilogramas ou menos por hectare para se obter o efeito desejado. Por esse motivo, o ingrediente

    ativo deve ser formulado utilizando substncias biologicamente inertes, mas que tornam possvel

    distribuir uniformemente no campo pequenas quantidades do mesmo. A matria-prima bsica para

    formulaes o Produto Tcnico, resultado da sntese do referido produto e que contm, de modo

    geral, altas concentraes do ingrediente ativo (85 a 98%). A indstria, por razes de custo, no

    produz ingredientes ativos puros, uma vez que essa purificao exigiria investimentos nos processos

    de manufatura que inviabilizariam comercialmente os produtos.Podem ser destacados alguns motivos para a formulao de um produto fitossanitrio:

    Em geral, os produtos tcnicos so insolveis em gua, sendo necessria a adio desubstncias tensoativas que proporcionem uma mistura uniforme atravs da

    emulsificao ou suspenso dos mesmos na calda.

    Proporcionar uma fcil dosagem de defensivo, de forma que se utilizem quantidadesfixas e de fcil medida, por exemplo: 1 litro, 1 kg por hectare.

    Deixar o produto mais seguro durante o manuseio.* Tornar a ao do produto mais eficiente, atravs da adio de substncias que

    facilitem o espalhamento da calda durante a aplicao e/ ou a absoro do

    ingrediente ativo pela planta.

    Aumentar a vida til do ingrediente ativo. A mistura de dois ingredientes ativos em um mesmo produto.

    *A concentrao de ingrediente ativo dentro de uma formulao de defensivo agrcola

    geralmente se encontra na faixa de 10 a 800 g/kg ou g/l, podendo ocorrer excees.

    A escolha do tipo de uma formulao depende de diversos fatores:

    A solubilidade do produto tcnico. A concentrao de ingrediente ativo. Modo de aplicao. Regio de utilizao. Facilidade de manuseio. Facilidade de dosagem. A estabilidade do ingrediente ativo. Segurana da formulao durante a manufatura, transporte e uso, como por exemplo:

    - Toxicidade.

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    - Emisso de p.- Exposio do aplicador.- Inflamabilidade.- Corrosividade.

    Custo da formulao. Facilidade e custos de produo do defensivo.

    - Modo de ao desejada de um ingrediente ativo.- A eficincia do produto. Tipos diferentes de formulaes de um ingrediente ativo

    podem ter resultados completamente diferentes.

    - Melhorar a eficincia do ingrediente ativo, atravs da adio de um adjuvante naformulao.

    - Homogeneidade na calda.- Fitotoxicidade.- Risco ao meio ambiente.- Estabilidade fsica durante a estocagem.- Formulaes concorrentes.

    Todos estes fatores devem ser levados em conta antes de se escolher o tipo de formulao a

    ser desenvolvida para um determinado ingrediente ativo.

    Muitas vezes praticamente impossvel obter uma formulao que seja perfeita em todos os

    aspectos: econmicos, qumicos e facilidade no manuseio; devido esta ter como limitantes as

    caractersticas qumicas especficas de cada ingrediente ativo, como por exemplo sua solubilidade e

    estabilidade.

    s vezes, necessrio optar por uma formulao de maior custo, ou que possua

    concentrao inferior desejada, ocasionando uma maior quantidade de produto formulado para se

    atingir a dose necessria, ou mesmo optar por formulaes que se apresentem sob a forma de

    slidos, o que dificulta o manuseio.

    Porm nunca podemos deixar de zelar pela segurana e eficincia do produto, sendo estes

    fatores primordiais.

    Cada formulao deve ser desenvolvida levando-se em conta caractersticas regionais, como

    temperaturas mximas e mnimas da regio, dureza da gua e costumes regionais, por exemplo:

    Em regies onde a dureza da gua elevada como na Europa, a formulao deverser mais resistente a este fator; j no Brasil onde a caracterstica das guas de

    dureza mdia baixa, este fator tem que ser levado em considerao quando se

    desenvolve uma formulao. Nos pases onde a temperatura pode chegar at 0C,

    necessrio que se adicione um anticongelante para impedir a cristalizao do

    produto.

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    No Japo, onde os agricultores esto acostumados a fazer aplicaes por lance, asformulaes devem, sempre que possvel, se apresentar na forma de granulados,

    pois, este tipo de formulao mais aceita.

    Atualmente, devido ao aumento das exigncias sobre os dados toxicolgicos de uma

    formulao e o alto custo que os testes envolvidos possuem, a tendncia mundial de existiremformulaes universais, que sejam compatveis em qualquer condio e em qualquer lugar do

    mundo, mesmo que algumas caractersticas sejam desnecessrias em determinadas regies.

    Tipos de formulaes

    Tabela 2 - Formulaes para diluies em guaSuspenso de

    encapsulado( CS )Formulao constituda por uma suspenso estvel de cpsula contendo oingrediente ativo, num lquido, para aplicao aps diluio em gua.

    Concentrado dispersvel( DC )

    Formulao lquida homognea para aplicao como disperso, aps diluioem gua.

    Concentradoemulsionvel ( EC )

    Formulao lquida homognea para aplicao aps diluio em gua, sob aforma de emulso.

    Emulso de gua em leo( EO )

    Formulao fluida, heterognea, constituda por uma disperso de finosglbulos de uma soluo aquosa em uma fase orgnica contnua, para aplicaoaps diluio em gua, sob a forma de emulso.

    Emulso de leo em gua( EW )

    Formulao fluda, heterognea, constituda por uma disperso de finosglbulos de uma soluo orgnica em uma fase aquosa contnua, para aplicaoaps diluio em gua, sob a forma de emulso.

    Micro emulso de guaem leo ( MEO )

    Formulao fluida, heterognea, constituda por uma disperso translcidatermodinamicamente estvel de finos glbulos de uma soluo aquosa em umafase orgnica contnua, para aplicao aps diluio em gua, sob a forma demicroemulso.

    Micro emulso de leoem gua ( MEW )

    Formulao fluida, heterognea, constituda por uma disperso translcidatermodinamicamente estvel de finos glbulos de uma soluo aquosa em umafase orgnica contnua, para aplicao aps diluio em gua, sob a forma demicroemulso.

    Suspenso concentrada

    ( SC )

    Formulao constituda por uma suspenso estvel de ingrediente ativo numveculo lquido, que pode conter outro ingrediente ativo dissolvido, paraaplicao aps diluio em gua.

    Suspo/suspenso deencapsulado ( SCS )

    Formulao constituda por uma suspenso estvel de ingrediente ativo naforma de partculas slidas e de cpsulas num lquido, para aplicao apsdiluio em gua.

    Suspo/emulso ( SE )Formulao fluda e heterognea, constituda de uma disperso estvel deingrediente ativo, na forma de partculas slidas e de finos glbulos, na fasecontnua aquosa, para aplicao aps diluio em gua.

    Granulado Solvel( SG )

    Formulao slida constituda por grnulos, para aplicao aps dissoluo deingrediente ativo em gua, sob a forma de uma soluo verdadeira, podendo,

    porm, conter ingredientes inertes insolveis.Concentrado Solvel

    ( SL )

    Formulao lquida homognea, para aplicao aps diluio em gua, sob

    forma de uma soluo verdadeira de ingrediente ativo.

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    P Solvel ( SP )Formulao slida constituda de p, para aplicao aps dissoluo deingredientes ativos em gua, sob a forma de uma soluo verdadeira, podendo,

    porm, conter ingredientes inertes insolveis.

    Tablete ( TB )Formulao slida que se apresenta sob a forma de tabletes, para aplicao apsdissoluo/disperso em gua.

    Granulado Dispersvel

    ( WG )

    Formulao slida constituda de grnulos, para aplicao sob a forma de

    suspenso, aps desintegrao e disperso em gua.

    P Molhvel ( WP )Formulao slida, na forma de p, para aplicao sob a forma de suspenso,aps disperso em gua.

    Tabela 3 -Formulaes para diluies em solventes orgnicos.

    Suspenso ConcentradaDispersvel em leo (OF)

    Formulao constituda de uma suspenso estvel de ingrediente ativo, paraaplicao aps disperso num lquido orgnico.

    Soluo Miscvel em leo (

    OL )

    Formulao lquida, homognea, para aplicao aps diluio em um lquido

    orgnico, sob a forma de soluo verdadeira do ingrediente ativo.P Dispersvel em leo

    ( OP )Formulao slida na forma de p, para aplicao aps disperso em umlquido orgnico sob a forma de suspenso.

    Tabela 4 - Formulaes para aplicao direta.

    Granulado Encapsulado( CG )

    Formulao slida, uniforme, sob a forma de grnulos, possuindo coberturapara proteo ou liberao controlada do ingrediente ativo, para aplicaodireta.

    P Seco( DP ) Formulao slida, uniforme, sob a forma de p, possuindo boamobilidade, para aplicao direta atravs de polvilhamento.

    Lquido para PulverizaoEletrosttica/Eletrodinmica

    ( ED )

    Formulao lquida, homognea, para aplicao direta e especfica emequipamentos de pulverizao eletrosttica ou eletrodinmica.

    Granulado( GR )

    Formulao slida, uniforme, sob a forma de grnulos com dimenses bemdefinidas, para aplicao direta.

    leo para Pulverizao/Espalhamento ( SG )

    Formulao lquida, homognea, para aplicao direta, capaz de formaruma pelcula no alvo desejado.

    Suspenso UltrabaixoVolume( SP )

    Formulao constituda de uma suspenso estvel de ingrediente ativo numlquido para aplicao direta e especfica em equipamentos de pulverizaoa ultrabaixo volume.

    Ultrabaixo Volume( UL )

    Formulao lquida homognea, para aplicao direta e especfica emequipamentos de pulverizao a ultrabaixo volume.

    Micro granulado( MG )

    Formulao slida, sob a forma de grnulos com dimenses que variam de100 m a 600 m, para aplicao direta.

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    Tabela 5 - Formulaes para tratamento de sementes.

    P para Tratamento a seco

    de sementes ( DS )

    Formulao slida, uniforme, sob a forma de grnulos com dimenses bem

    definidas, para aplicao direta.Emulso para Tratamento

    de sementes ( ES )Formulao constituda de uma emulso estvel, para aplicao direta sobreas sementes, como tal ou aps diluio em gua.

    Suspenso Concentradapara Tratamento de

    sementes (