12 roberto candido
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ROBERTO CANDIDOTRANSCRIPT
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Rev. FAE, Curitiba, v.10, n.2, p.157-164, jul./dez. 2007 |157
Revista da FAE
Roberto Candido*Jos Reinaldo Silva**Jos Alberto Coraiola***lvaro Guillermo Rojas Lezana****
Resumo
Empresas que se posicionam na vanguarda precisam estar constantementepreocupadas com a continuidade no atendimento do mercado. Estapreocupao deve ser mais acentuada nas Empresas de Base Tecnolgica(EBT), em que o principal ativo a inovao. Neste cenrio vital que asmicroempresas de base tecnolgica estejam em sintonia com as mudanasno mercado de seus produtos, servios e tecnologias, uma vez que apreciso com que prospectam o futuro permite orientar novosdesenvolvimentos e construir o sucesso. A Metodologia Delphi pode seruma importante aliada para os trabalhos prospectivos, com a reduo decustos e oferecimento de confiabilidade dos resultados.
Palavras-chave: microempresas; base tecnolgica; Mtodo Delphi;prospeco.
Abstract
Businesses positioned at the forefront need to be constantly concernedwith market service continuity. This concern needs to be even greater inthe case of Technology Based Firms, in which the principal asset is innovation.Within this scenario it is vital that technology based micro enterprises betuned into the changes of its products, services and technologies in themarket, since the firms efficiency in prospecting the future allows them toorient new developments and to build their own success. Delphimethodology may be an important tool for prospecting jobs with reductionof costs and offering reliable results.
Key words: microenterprises; technology based; Delphi Methods;prospecting.
Mtodo Delphi uma ferramenta para uso em
Microempresas de Base Tecnolgica
Delphi Method: A tool for use in Technology
Based Micro Enterprises
*Engenheiro Eltrico pelaUniversidade Federal do Paran,Mestre em Engenharia Naval -Gesto de Projetos - pela USP,Doutorando em EngenhariaNaval - pela USP. Professor daUniversidade TecnolgicaFederal do Paran, Gestor daIncubadora Tecnolgica daUTFPR - Curitiba. E-mail:[email protected]
**Fsico pela Universidade Federalda Bahia, mestre em Fsica pelaUniversidade Federal dePernambuco e doutor emEngenharia Eltrica pelaUniversidade de So Paulo.Atualmente professorassistente da Universidade deSo Paulo. E-mail:[email protected]
***Mestre em Engenharia deProduo pela UniversidadeFederal de Santa Catarina(UFSC), Doutorando emEngenharia de Produo pelaUFSC, Professor de Graduaoda UTFPR. E-mail:[email protected]
****Doutor em EngenhariaIndustrial pela UniversidadePolitcnica de Madrid, Professorde Graduao e Ps-graduaoem Engenharia de Produo daUFSC. E-mail:[email protected]
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O mercado tem imposto rigorosas condies de
sobrevivncia s Empresas de Base Tecnolgica (EBT),
que precisam conviver com a velocidade das mudanas.
fundamental que estas empresas estejam preparadas
para responderem imediatamente s solicitaes do
mercado, que, sendo globalizado, de alguma forma
encontrar meios para ser atendido.
A vantagem competitiva de uma empresa de manufatura
em uma economia globalizada est diretamenterelacionada com sua capacidade de introduzir novosprodutos no mercado, garantindo linhas de produtosatualizadas tecnologicamente e com caractersticas dedesempenho, custo e distribuio condizentes com o atualnvel de exigncia dos consumidores. (MUNDIN, 2002).
Para que os produtos possam atingir o mercado
preciso que as informaes sejam cada vez mais
seletivas, garantindo qualidade nas decises.
Hoje precisamos passar a ter a preocupao em obterqualidade de informao, e no quantidade. Este
momento de muita informao precisa ser superadorapidamente, para no se perder tempo. O importante ter a informao certa, ou, melhor dizendo, adequada adeterminada necessidade, no tempo correto e a umcusto compatvel. (ALVIN, 1998).
Este artigo busca caracterizar uma Microempresa
de Base Tecnolgica e sugerir a Metodologia Delphi
como ferramenta para prospeco e auxlio na tomada
de deciso, a partir de uma pesquisa bibliogrfica
dirigida sobre o tema.
1 Microempresas de Base
Tecnolgica
Antes de uma abordagem sobre o ttulo,
importante contextualizar as pequenas e microempresas
no Brasil. Inmeras so as definies que podem ser
atribudas a elas, sendo uma das mais aceitas a adotada
pelo Sebrae, que as categoriza em funo do nmero
de empregados, conforme a tabela 1.
Outras classificaes utilizam o faturamento para
categorizar as empresas, e so normalmente vinculadas
ao fisco, no acrescentando maiores informaes para
o foco deste texto.
A partir do conceito de Pequenas e Micro-
empresas, preciso conhecer sua importncia no
contexto econmico brasileiro. Os dados obtidos pela
Relao Anual de Informaes Sociais - RAIS 2001, do
Ministrio do Trabalho e Emprego, mostravam que
existiam no Brasil cerca de 5,6 milhes de empresas,
das quais 99% eram micro e pequenas. Esta constatao
era conhecida por Alvin (1998) quando mostrava as
micro e pequenas empresas como responsveis por
mais de 60% dos empregos formais; 42% dos salrios
pagos; 21% da participao do PIB; e 96,3% do nmero
dos estabelecimentos.
Uma importante contribuio das Micro e Pequenasempresas no crescimento e desenvolvimento do Pas a de servirem de colcho amortecedor dodesemprego. Constituem uma alternativa de ocupaopara uma pequena parcela da populao que temcondio de desenvolver seu prprio negcio, e em
uma alternativa de emprego formal ou informal parauma grande parcela da fora de trabalho excedente, emgeral com pouca qualificao, que no encontraemprego nas empresas de maior porte. (IBGE, 2003).
A criao de novas microempresas pode constituir
um passo importante para a soluo de grandes
problemas sociais, por propiciar a diminuio do
Introduo
DENOMINAO INDSTRIA COMRCIO E SERVIOS
ME - Microempresa 19 9
PE - Pequena Empresa 20 a 99 10 a 49
MDE - Mdia Empresa 100 a 499 50 a 99
GE - Grande Empresa Acima de 499 Acima de 99
FONTE: SEBRAE (2005)
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desemprego, a acelerao dos processos de redis-
tribuio de renda e a criao de tecnologias nacionais
a partir de boas idias.
Novas empresas surgem a cada instante para disputaros consumidores e, entre elas, h muitas que so criadaspor pessoas que se arriscam, muitas vezesdespreparadas, a abrir suas prprias empresas com ointuito de ganhar dinheiro e fazer sucesso. Nisso resideo fato de muitos desses empreendedores no serembem-sucedidos, pois h uma grande diferena entreaqueles que tm grandes idias e aqueles com talentopara extrair lucro delas. (SHIMONAYA 2004).
A citao acima mostra a dificuldade em obter
sucesso das microempresas nascentes, que diariamente
ingressam no mercado e padecem no incio do ciclo
de vida. Segundo o Sebrae, a mortalidade das
empresas, nos seus cinco primeiros anos de vida, gira
em torno de 70%. O grfico 1 mostra o resultado de
pesquisa realizada no Estado de So Paulo analisando
a mortalidade ocorrida no perodo de cinco anos
anteriores a 2004, confirmando a idia do autor.
Essa situao mostra a necessidade de estudar
profundamente as principais causas desta taxa de
mortalidade precoce dos empreendimentos e de
propor aes preventivas a ela.
Os idelogos da poltica industrial enfatizam que osgargalos das pequenas empresas, responsveis pela altataxa de mortalidade, na maior parte das vezes no sotecnolgicos. Isso no quer dizer que elas prescindamda inovao para competir melhor, no Brasil ou noexterior mas sim que, para chegar a inovar em produtose processos, precisam primeiro aperfeioar o negciocomo um todo. (UNICAMP, 2004).
Conforme levanta Cynthia Scheide (2004), existem
erros clssicos que so cometidos pelos empreendedores
frente de um negcio, que muitas vezes levam um
bom projeto empresarial ao insucesso. Eis alguns fatores
que devem ser considerados:
n Experincia - a falta de experincia ocorre
quando a abertura da empresa est motivada
por fatores que no so estruturados no
conhecimento do negcio.
n Estudos e pesquisas - para aventurar-se na
abertura de um negcio imprescindvel
conhecer o mercado e os investimentos
necessrios para a implantao. Portanto, um
plano de negcios uma etapa indispensvel.
n Capital de giro - so muito comuns falhas ao
se dimensionar os valores que vo definir a
sobrevivncia da empresa no seu dia-a-dia,
antes da abertura do negcio.
n Princpio da identidade - o empresrio precisa
distinguir o seu dinheiro do dinheiro da
empresa, pois ambos so identidades
diferentes, que no podem ser confundidas.
n Perfil dos clientes, fornecedores e concorrentes -
o Mercado precisa ser conhecido, pois isto
influencia diretamente na margem de lucro e
na qualidade de vida da empresa.
n Questes tributrias - a carga tributria existe
antes da abertura do negcio. O empresrio
precisa saber que estes compromissos devero
ser cumpridos risca.
n Crdito - os recursos so necessrios, porm a
busca de emprstimos sempre deve ser
precedida da avaliao da capacidade de
endividamento da empresa.
n Empreender x administrador - cuidar do seu
negcio diferente de cuidar do negcio dos
outros, portanto preciso a precauo do
empreendedor na forma de gesto adotada.
n Conhecimento dos aspectos legais - conhecer
a legislao a que o negcio est submetido
GRFICO 1 - MORTALIDADE DE EMPRESAS NO ESTADO DE SO PAULO - 1999-2005
75
50
25
0Emp. com 1 ano(fund. em 2003)
Empresas encerradas
FONTE: SEBRAE-SP - 2005
Empresas em atividade
Emp. com 2 anos(fund. em 2002)
Emp. com 3 anos(fund. em 2001)
Emp. com 4 anos(fund. em 2000)
Emp. com 5 anos(fund. em 1999)
100%
71%
29%
58%
42%
47%
53%
44%
56% 56%
44%
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fundamental para o seu sucesso. As leis
trabalhistas so exemplos clssicos desta
necessidade.
n Necessidade de analisar friamente o projeto - a
oportunidade de um negcio deve ser analisada
com ressalvas, pois no pode ser questo de
oportunismo.
n Identificao dos verdadeiros problemas -
o mpeto do empresrio em querer fazer o
negcio dar certo pode lev-lo a minimizar os
problemas, gerando dificuldades futuras.
Por outro lado, inmeros so os fatores que
podem contribuir para o sucesso das pequenas e
microempresas. A tabela 2, com base em levantamentos
do Sebrae, indica quais so os principais.
Em relatrio do IBGE (2003) so apresentadas as
principais caractersticas comuns s pequenas e
microempresas no Brasil:
n baixa intensidade de capital;
n altas taxas de natalidade e de mortalidade;
n forte presena de proprietrios, scios e
membros da famlia como mo-de-obra
ocupada nos negcios;
n poder decisrio centralizado;
n estreito vnculo entre os proprietrios e as
empresas, no se distinguindo, principalmente
em termos contbeis e financeiros, pessoa fsica
e jurdica;
n registros contbeis pouco adequados;
n contratao direta de mo-de-obra;
n utilizao de mo-de-obra no qualificada ou
semiqualificada;
n baixo investimento em inovao tecnolgica;
n maior dificuldade de acesso ao financiamento
de capital de giro; e
n relao de complementaridade e subordinao
com as empresas de grande porte.
H controvrsia na definio de Empresa de Base
Tecnolgica (EBT), portanto importante delimitar esse
universo. Muitos autores a definem como Empresas
de Alta Tecnologia com capacidade nica e exclusiva,
viveis comercialmente, que incorporam grau elevado
de conhecimento cientfico.
Para Carvalho et al. (1998, p. 462), EBT so
organizaes comprometidas com o projeto,
desenvolvimento e produo de novos produtos e/ou
processos, caracterizando-se ainda pela aplicao
sistemtica de conhecimento tcnico-cientfico (cincia
aplicada e engenharia). Embora estas no sejam
obrigatoriamente as nicas possibilidades, as EBTs
normalmente atuam nas reas de materiais,
informtica, eletrnica, telecomunicaes, instrumen-
tao e mecnicas de preciso, sendo um desafio, no
Brasil, levar todas as microempresas a investirem em
inovao tecnolgica. Conforme o estudo Como
Alavancar a Inovao Tecnolgica nas Empresas, feito
pela Associao Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento
e Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI),
preciso, antes, atuar na soluo de problemas
estruturais que as afetam.
A inovao tecnolgica em EBTs ocorre em dois
pontos de um ambiente inovativo, nas franjas ou
ncleo, e, conforme a posio em que ela se d, existiro
comportamentos especficos de desenvolvimento
(figura 1).
TABELA 2 - FATORES PARA O SUCESSO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
FATORES %
Perseverana e persistncia 20,3
Boa administrao 14,2
Dedicao do empresrio 13,5
Boa estratgia de vendas 5,7
Capital prprio 5,5
Experincia no ramo 4,7
Mercado favorvel a reinvestir na empresa 4,3
Reinvestir na empresa 4,1
Qualidade do produto 3,3
nica fonte de renda 3,2
FONTE: SEBRAE (2005)
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Revista da FAE
2 O Mtodo Delphi e a
microempresa
A tcnica Delphi foi usada pela primeira vez nos
anos 1950 para ajudar a fora area dos EUA a identificar
a capacidade sovitica em destruir alvos estratgicos
americanos. A designao Delphi inspirou-se no antigo
orculo de Delfos, e tornou-se popular quando aplicada,
mais tarde, s previses tecnolgicas e ao planejamento
corporativo. A tcnica existe atualmente em duas
formas, sendo a mais comum em papel, chamada de
Exerccio Delphi, e outra pela Internet, por meio de
estudos atravs de questionrios on-line, com maior
interao entre os intervenientes. Ento, esta tcnica
definida como um mtodo para estruturar o processo
de comunicao, permitindo a um grupo de pessoas
lidar com um problema complexo.
O mtodo Delphi especialmente recomendvelquando no se dispe de dados quantitativos ou estesno podem ser projetados para o futuro com
segurana, em face de expectativa de mudanasestruturais nos fatores determinantes das tendnciasfuturas. (GIOVINAZZO, 2001).
Delphi uma das poucas metodologias cientficas
que permitem analisar dados qualitativos. Trata-se de
um mtodo que permite, atravs de uma srie de
questes, descobrir as opinies de especialistas
construindo um cenrio denominado Painel Delphi.
Inicia-se o processo apresentando-se proposies
especficas aos participantes, para que estas sejam
ordenadas mediante um critrio preestabelecido. Depois
de agregados e tratados, os resultados so novamente
remetidos aos especialistas para que estes reavaliem as
respostas iniciais no novo contexto apresentado.
O nmero de rodadas aplicadas varia de acordo
com o grau de consenso atingido pelos especialistas,
ou seja, se houver uma discrepncia muito elevada na
opinio de um dado especialista em vrias rodadas,
no se chegar ao consenso. As opinies podem, no
entanto, variar de rodada para rodada, uma vez que
so introduzidas novas questes em cada questionrio,
e o especialista pode mudar de opinio em relao s
questes que considera mais relevantes.
Esse mtodo possui trs caractersticas marcantes,
a saber, o anonimato, a interao com feedback
controlado e as respostas estatsticas do grupo para
identificar padres de acordo. A grande vantagem
deste mtodo permitir que pessoas que no se
conhecem desenvolvam um projeto comum. Na prtica,
um estudo Delphi consiste na realizao de uma srie
de questionrios, correspondendo cada um a uma
rodada; em cada rodada, o especialista responder s
questes formuladas, conforme orientao contida no
prprio documento.
Aps cada etapa, os questionrios sofrero
avaliao estatstica do responsvel pela pesquisa,
dando idia do consenso obtido. Conforme o grau de
consenso encontrado, parte-se para a segunda rodada,
deixando-se de lado as perguntas que tenham atingido
o nvel desejado, enquanto as demais so reformuladas
e novamente submetidas apreciao dos especialistas.
Podero ser includas novas questes sobre o assunto,
se for necessrio.
importante, na elaborao e no envio do
questionrio, que os especialistas deixem claros os
objetivos da pesquisa, como ela est sendo feita e o
tempo que o especialista deve gastar para participar,
procurando, desta forma, evitar altos ndices de
questionrios no respondidos.
Campo de interao entre as EBTs,instituies de pesquisa edemais empresas
Ncleo:- inovao significativa- intenso P&D- forte interao com universidades
e centros de pesquisa- desenvolvimento de produtos em
cooperao com outras firmas
Franja:- inovao incremental(adaptao e melhorias)- transferncia e difuso de tecnologias- atividades de P&D ocasionais- relaes tnues com universidades
e centros de pesquisa- processo de inovao isolado
e assistemtico
FIGURA 1 - POSICIONAMENTO DA INOVAO EM EBT
FONTE: FERNANDES (2004)
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Em cada nova rodada elaborada necessrio dar o
retorno dos resultados da rodada anterior ao especialista,
colocando-o a par de cada detalhe e, assim, afunilar as
respostas na busca do consenso. Embora o nmero de
rodadas possa ser ilimitado, deve-se evitar o excesso para
no causar desinteresse na participao. recomendado
que o nmero de rodadas no exceda a quatro.
Outro item que deve ser avaliado com critrio a
seleo dos especialistas, tanto no que se refere ao
nmero de participantes, quanto especialidade
envolvida, pois qualquer desvio pode comprometer a
pesquisa. A figura 2 mostra a seqncia de execuo
de uma Pesquisa Delphi.
Wright e Giovinazzo afirmam que a escolha da
metodologia Delphi em confronto com outras tcnicas
de previso deve se dar em funo das caractersticas
do estudo, tais como a inexistncia de dados histricos,
a necessidade de abordagem interdisciplinar e as
perspectivas de mudanas estruturais no setor. Esta
uma situao comum nas Microempresas de Base
Tecnolgica, pois, estando estruturadas com
lanamentos de Tecnologia de Ponta, no dispem de
dados histricos que permitam projees; logo, a
Metodologia Delphi adequada.
fundamental que os participantes do Painel
Delphi sejam contatados previamente, se possvel
pessoalmente, informando a importncia da sua
participao, indicando j neste momento quais os
objetivos da pesquisa. Depois deste contato prvio, os
questionrios podem ser apresentados em mos pela
equipe de pesquisa, enviados pelo correio ou
utilizando-se da Internet.
Geralmente o questionrio bastante elaborado,apresentando para cada questo uma sntese das
principais informaes conhecidas sobre o assunto, eeventualmente extrapolaes para o futuro.(GIOVINAZZO, 2001).
Deve ser uma preocupao da equipe de pesquisa
o retorno dos questionrios. Alm disso, cabem os
seguintes cuidados na elaborao destes:
n Duplicidade - evitar questes que tenham, em
sua estrutura, mais de um questionamento,
levando o respondente a no dar respostas
consistentes.
n Interpretao - excluir casos de perguntas com
duplo sentido ou ambigidade, levando o
respondente a interpretar subjetivamente a
pergunta.
INCIO
Tabulao e anlise dosquestionrios recebidos
Elaborao do nvoquestionrio e envio
A convergncia dasrespostas satisfatria
Elaborao do questionrioe seleo dos painelistas
sim
sim
no
no
necessriointroduzir questes
Concluses gerais
Relatrio final- FIM-
Elaborao dasnovas questes
Tabulao e anlise dedados recebidos
Relatrio pararespondentes
1 Rodada: Respostase Devoluo
Nova rodada: respostase devoluo
FIGURA 2 - SEQNCIA DE EXECUO DE UMA PESQUISA DELPHI
FONTE: WRIGHT e GIOVINAZZO (2000)
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Rev. FAE, Curitiba, v.10, n.2, p.163-164, jul./dez. 2007 |163
Revista da FAE
n Questionrios simples - a estruturao das
perguntas deve levar a uma resposta direta
sobre o que se est buscando conhecer,
evitando-se, desta forma, que o respondente
discorra sobre a resposta.
n Nmero de questes - recomenda-se que,
mesmo com seus desdobramentos, o total de
questes no seja superior a 25.
n Priorizao de alternativas - esta possibilidade gera
dificuldade de posicionamento, comprometendo
a objetividade exigida pelo mtodo.
O Mtodo Delphi permite tratamentos estatsticos
dando equipe de pesquisa condies de anlise de
resultados. Um questionrio bem formulado permitir
a obteno de mdia, medianas, extremos, quartis
inferior e superior, garantindo qualidade. O uso de
medianas, segundo Wright e Giovinazzo (2000),
recomendado quando se oferece aos painelistas muitas
opes de resposta, j os quartis permitiro avaliar a
convergncia das respostas, indicando a necessidade
de novas rodadas. Em alguns casos pode-se determinar
os percentuais de respostas obtidas, levando
obteno da freqncia de respostas. Em outros casos,
em que existam respostas abertas, fica evidenciada a
necessidade de fazer a anlise dos resultados para
estruturar o relato das opinies de todos os
participantes da pesquisa.
importante fechar conclusivamente todas as
respostas, com a emisso de relatrios, enviando-os
aos participantes. Este procedimento permite a
interao e o anonimato dos especialistas.
Concluses
As microempresas apresentam baixa intensidade
de capital, dificultando a contratao de especialistas
e consultores de forma permanente. Esta situao pode
ser superada pela contratao de pesquisas
especializadas, a partir da utilizao de fontes de
fomento disponveis para prospeco tecnolgica.
A metodologia busca a convergncia das
respostas, permitindo alcanar uma nica proposio
sobre o assunto estudado. A partir desta caracterstica,
microem-presrios podem focar a aplicao de recursos.
caracterstica das Microempresas de Base
Tecnolgica a interao com Institutos de Pesquisa,
Universidades e rgos Oficiais de Financiamento,
facilitando a busca por especialistas para participar da
prospeco.
A utilizao intensiva dos Sistemas de Informao
pelas Microempresas de Base Tecnolgica facilita a
aplicao do Mtodo Delphi, reduzindo custos em
relao ao mtodo convencional de aplicao
As caractersticas da Microempresa de Base
Tecnolgica convergem para a aplicao de ferramentas
que construam cenrios prospectivos, e o Mtodo
Delphi mostra-se adequado para solucionar este
problema de forma simples e econmica.
Recebido em: 05/12/2007 Aprovado em: 15/12/2007
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Referncias
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