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– 191 – DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS RESUMO O nosso organismo está continuamente sujeito à acção de agentes patológicos, nomeadamente vírus, bactérias, fungos, protozoários e vermes parasitas. Estes agentes são capazes de invadir o organismo, multiplicando-se nas células e tecidos do hospedeiro, com as consequentes infecção e alteração na função de órgãos vitais. Esta situação ocorre quando o organismo não consegue mobilizar as suas defesas de uma forma rápida e eficaz, de modo a impedir a actividade daqueles agentes. De acordo com o estipulado no Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril relativo à protecção da segurança e saúde dos trabalhadores contra os riscos resultantes da exposição a agentes biológicos durante o trabalho, e da lista classificativa dos agentes biológicos (Portaria 1036/98, de 15 de Dezembro), estes são causadores de patologias diversas para o organismo. Assim, através de medidas legislativas adequadas, foi estipulado as doenças causadas pelos agentes biológicos nos locais de trabalho, de forma a adoptar as medidas mais eficazes na prevenção das doenças profissionais. João Paulo Sousa * Prof Associado com Agregação * Docente na Academia Militar, desde 2001, nas disciplinas de Química, Química de Explosivos e Química orgânica.

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADASPOR AGENTES BIOLÓGICOS

RESUMO

O nosso organismo está continuamente sujeito à acção de agentes patológicos,nomeadamente vírus, bactérias, fungos, protozoários e vermes parasitas. Estesagentes são capazes de invadir o organismo, multiplicando-se nas células etecidos do hospedeiro, com as consequentes infecção e alteração na função deórgãos vitais. Esta situação ocorre quando o organismo não consegue mobilizaras suas defesas de uma forma rápida e eficaz, de modo a impedir a actividadedaqueles agentes.

De acordo com o estipulado no Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abrilrelativo à protecção da segurança e saúde dos trabalhadores contra os riscosresultantes da exposição a agentes biológicos durante o trabalho, e da listaclassificativa dos agentes biológicos (Portaria 1036/98, de 15 de Dezembro),estes são causadores de patologias diversas para o organismo. Assim, atravésde medidas legislativas adequadas, foi estipulado as doenças causadas pelosagentes biológicos nos locais de trabalho, de forma a adoptar as medidas maiseficazes na prevenção das doenças profissionais.

João Paulo Sousa *

Prof Associado com Agregação

* Docente na Academia Militar, desde 2001, nas disciplinas de Química, Química de Explosivos eQuímica orgânica.

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

1 – Introdução

Os agentes biológicos constituem um grupo de agentes, que juntamentecom os químicos e os físicos, são objecto de estudo no âmbito da Segurançae Saúde no Trabalho (SST) como agentes causadores de doençasprofissionais. A sua presença no ambiente de trabalho e a consequenteexposição dos trabalhadores podem originar uma situação de risco biológico.Pretende-se abordar, sumariamente, as principais características destesagentes e as doenças profissionais que podem causar ou potenciar.A 7.ª Directiva especial, n.º 90/679/CEE, do Conselho, de 26 de Novembro,veio estipular as principais medidas de protecção dos trabalhadores contraos riscos ligados à exposição a agentes biológicos durante o trabalho. Atransposição desta Directiva para o regime jurídico interno ocorreu atravésdo Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril, o qual veio estabelecer as pres-crescições mínimas de protecção da segurança e da saúde dos trabalhadorescontra os riscos de exposição aos agentes biológicos, abrangendo todasas actividades em que aqueles estão expostos, nomeadamente:

– Trabalho em unidades de produção alimentar;

– Trabalho agrícola;

– Actividades onde há contacto com animais e/ou produtos de origemanimal;

– Trabalho em unidades de saúde;

– Trabalho em laboratórios clínicos, veterinários e de diagnóstico;

– Trabalho em unidades de recolha, transporte e eliminação de detritos;

– Trabalho nas instalações de tratamento de águas de esgoto, quer sejamno sector privado, público, cooperativo ou social.

A classificação dos agentes biológicos foi efectuada através da Portaria n.º405/98, de 11 de Julho, posteriormente ratificada pela Portaria n.º 1036/98,de 15 de Dezembro. Estas Portarias apresentam uma listagem exaustiva dediversos agentes biológicos, em função da sua natureza (e.g. bactérias, vírus,fungos e parasitas) e do seu grau de perigosidade (e.g. classe 1, 2, 3 e 4),bem como de algumas medidas de protecção a adoptar.Posteriormente à publicação do Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril, foiproduzida uma nova Directiva pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho,

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

que veio alterar as restantes Directivas, pelo que provavelmente estediploma poderá vir a ser pontualmente alterado. A Directiva 2000/54/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Setembro, aindanão foi transposta, pelo que toda a legislação portuguesa relativa àprotecção dos trabalhadores contra os riscos de exposição aos agentesbiológicos, mantém-se em vigor, sem qualquer alteração.O Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril, classifica por agentes biológicos“os microorganismos, incluindo os geneticamente modificados, as culturascelulares e os endoparasitas humanos, susceptíveis de provocar infecções,alergias ou intoxicações”. Por microorganismo, entende-se qualquerentidade microbiológica, celular ou não celular, dotada de capacidadede reprodução ou de transferência de material genético.O Decreto-Lei n.º 126/93, de 20 de Abril, regula a utilização ecomercialização de organismos geneticamente modificados (OGM´s).

2 – Classificação dos Agentes Biológicos

De acordo com o preceituado no Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril,os agentes biológicos são classificados conforme a sua perigosidade ouíndice de risco de infecção, conforme consta da Tabela 1.

Grupo Definição

Agente biológico cuja probabilidade de causar doença no ser humano é baixa.

Agente biológico que pode causar doenças no ser humano e constituir um

perigo para os trabalhadores, sendo escassa a probabilidade de se propagar na

colectividade e para o qual existem, em regra, meios eficazes de profilaxia ou

tratamento.

Agente biológico que pode causar doenças no ser humano e constituir um risco

grave para os trabalhadores, sendo susceptíveis de se propagar na colectividade,

mesmo que existem meios eficazes de profilaxia ou de tratamento.

Agente biológico que causa doenças graves no ser humano e constitui um risco

grave para os trabalhadores, sendo susceptível de apresentar um elevado nível

de propagação na colectividade e para o qual não existem, em regra, meios

eficazes de profilaxia ou de tratamento.

1

2

3

4

Tabela 1 – Classificação dos agentes biológicos.

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

2.1 – Avaliação de Riscos e Algumas Medidas Preventivas

Aquele diploma legal também preconiza algumas indicaçõesfundamentais relativamente á avaliação de riscos, a qual é daresponsabi l idade da en t idade empregadora . Compete aoempregador e fec tuar a ava l iação dos r i scos mediante adeterminação da natureza e do grupo do agente biológico, bemcomo do tempo de exposição dos trabalhadores. A avaliaçãodos riscos deve ser repetida periodicamente e deve identificaros trabalhadores que necessitam de medidas de protecçãoespeciais.Quando se procede a uma avaliação de riscos, deve ter-seinformação disponível e credível sobre:

– Classificação dos agentes biológicos perigosos;

– Sensibilidade de alguns trabalhadores;

– Recomendações da Direcção-Geral de Saúde;

– Informações técnicas existentes sobre doenças relacionadascom a natureza do trabalho;

– Conhecimento da doença verificada num trabalhador que estejadirectamente relacionada com o seu trabalho.

Depois de uma avaliação criteriosa, em função da natureza eda perigosidade dos agentes deverão ser implementadas medidasadequadas de protecção dos trabalhadores. Existem, contudo,a l g u m a s m e d i d a s d e p r e v e n ç ã o d e c a r á c t e r g e n é r i c o ,nomeadamente:

1. Substituição de agentes biológicos perigosos por outrosque, em função das condições de utilização e no estadoactual dos conhecimentos, não sejam perigosos ou causemmenos perigo para a segurança e/ou saúde dos trabalhadores;

2. Redução do risco de exposição a um nível tão baixo quantoo possível;

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

3. limitação ao mínimo do número de trabalhadores expostosou com possibilidade de o serem;

4. Modificação dos processos de trabalho e das medidas técnicasde controlo para evitar ou minimizar a disseminação dosagentes biológicos no local de trabalho;

5. Aplicação de medidas de protecção colectiva e individual,se a exposição não puder ser evitada por outros meios;

6. Aplicação de medidas de higiene compatíveis com osobjectivos da prevenção ou redução da transferência oudisseminação acidental de um agente biológico para fora dolocal de trabalho;

7. Utilização do sinal indicativo de perigo biológico e de outrasinalização apropriada, de acordo com a sinalização desegurança em vigor;

8. Elaboração de planos de acção, em casos de acidentes queenvolvam agentes biológicos;

9. Verificação da presença de agentes biológicos utilizados notrabalho fora do confinamento físico primário, sempre quefor necessário e tecnicamente possível;

10. Utilização de meios de recolha, armazenagem e evacuaçãode resíduos, após tratamento adequado, incluindo o usos derecipientes seguros e identificáveis sempre que necessário;

11. Utilização de processos de trabalho que permitam manipulare transportar, sem risco, os agentes biológicos.

A avaliação de riscos, numa fase inicial, envolve o preenchimentode um formulário o qual engloba uma breve descrição do processo,as medidas de prevenção implementadas, a identificação dost r a b a l h a d o r e s e x p o s t o s o u p o t e n c i a l m e n t e e x p o s t o s erecomendações para avaliações periódicas.

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

2.2 – Vigilância da Saúde

A exposição dos trabalhadores a agentes biológicos, poderá resultarno desenvolvimento de doenças profissionais, pelo que a vigilânciada saúde assume um carácter fundamental.A entidade empregadora deve assegurar a vigilância adequadada saúde dos trabalhadores através de exames de admissão,periódicos e ocasionais. A vigilância da saúde deve permitir aaplicação de medidas de saúde individuais e dos princípios eprát icas da medicina do t rabalho e incluir os seguintesprocedimentos:

– Registo da história clínica e profissional do trabalhador;

– Avaliação individual do estado de saúde do trabalhador;

– Vigilância biológica, sempre que necessário;

– Rastreio de efeitos precoces e reversíveis.

A vacinação dos trabalhadores que estão ou poderão estar expostos,constitui para alguns casos uma medida de prevenção, sendoesta gratuita e os trabalhadores têm o direito de ser informadosdas vantagens e inconvenientes da vacinação.

3 – Agentes Biológicos versus Doenças Profissionais

A Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho aprova a classificação dos agentesbiológicos conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril.Esta portaria apenas classifica os agentes que são reconhecidamenteinfecciosos para o ser humano, não incluindo os organismos geneticamentemodificados. A Portaria n.º 1036/98, de 15 de Dezembro veio alterar alista dos agentes biológicos classificados para efeitos da prevenção deriscos profissionais, aprovada pela Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho.Esta Portaria também inclui algumas indicações técnicas sobre asusceptibilidade de o agente biológico dar origem a reacções alérgicasou tóxicas, a existência de vacinas ou a oportunidade de conservar pormais de 10 anos a lista dos trabalhadores a ele expostos.

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

3.1 – Vírus

Os vírus são particulas infecciosas de reduzidas dimensões, cujodiâmetro situa-se na gama dos 18 nm aos 300 nm. Consistem emADN e ARN e proteínas necessárias para a sua replicação epatogenicidade; estes componentes estão envolvidos por umacápsula proteica (capsídeo) e alguns vírus têm ainda uma coberturade natureza lipídica. São parasitas intracelulares obrigatórios, poisdependem do metabolismo celular do hospedeiro para a suareplicação.Muitos dos vírus existentes (mais de 400) quando penetram noorganismo não provocam qualquer tipo de patologia. Porém, existemvírus que são causa frequente de doença aguda (e.g. vírus queprovocam gripes e constipações), outros, são capazes de lactênciapor toda a vida e reactivação temporal (e.g. vírus herpes) e, alguns,podem originar doença crónica (e.g. vírus da hepatite B). Estesagentes biológicos são os principais responsáveis pela ocorrênciade infecções humanas.Os dados científicos disponíveis, demonstram que um dado víruspode ser o factor etiológico de várias doenças. Por exemplo, ovírus herpes simples 1 pode causar estomatites gengivais, faringites,herpes labial, herpes genital, encefalite ou pode, mesmo, nemcausar qualquer doença. Também, vírus diferentes podemmanifestar-se clinicamente de forma semelhante, observando-se,neste caso, tropismo para o mesmo tecido (e.g. hepatite, fígado;gripe, tracto respiratório superior; encefalite, sistema nervosocentral).Os vírus penetram no organismo quando há quebra da integridadeda pele ou através das membranas mucoepiteliais que revestem osorifícios do organismo (e.g. olhos, tracto respiratório, boca, genitaise tracto gastrointestinal). A inalação é provavelmente a via maiscomum de entrada dos vírus. Também, os vírus podem serintroduzidos directamente na corrente sanguínea por objectosperfurantes ou por insectos vectores.Na Tabela 2 estão indicados alguns vírus e respectivos grupos bemcomo as doenças víricas que provocam aquando da sua penetração

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

no organismo. A reprodução vírica pode ocorrer de uma formalocalizada ou por propagação sistémica adicional.

Tabela 2 – Exemplos de alguns vírus e respectiva classificação.

Vírus Classificação Sistema afectado

Sarampo 2 Pele

Hepatite B 3 Fígado, genital

Hepatite D 3 Fígado, genital

Varíola 4 Pele, sanguíneo

Polio 2 Nervoso central

Influenza 2 Tracto respiratório, coração

SIDA 3 Nervoso central

Ebola 4 Sanguíneo, nervoso

Raiva 3 Nervoso central

O Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio, apresenta umalistagem de doenças profissionais causadas por vírus. Na Tabela 3estão indicadas algumas dessas doenças profissionais e trabalhossusceptíveis de causar essas doenças.

Tabela 3 – Exemplos de doenças profissionais causadas por vírus.

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

52.01

52.02

Vírus da raiva

Vírus dahepatite A

Todas as formasclínicas de raiva

Todas as formasclínicas de hepatitevírica: Hepatite A

6 meses

2 meses

Todos os trabalhos que

exponham ao contacto

com animais doentes

ou com os seus

despojos.

Trabalhos em esgotos;

Trabalhos em creches,

infantários e outros

estabelecimentos

escolares

Continua na Página seguinte

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

3.2 – Bactérias

Trata-se de microorganismos unicelulares destituídos de membrananuclear, mitocôndrias, aparelho de Golgi e retículo endoplasmático,mas que possuem paredes celulares relativamente rígidas. As bactériasGram negativas têm uma parede celular composta de duas camadas defosfolípidos e uma camada intermédia de peptidoglicano e as bactériasGram positivas tem uma camada dupla fosfolipídica coberta porpeptidoglicano. As bactérias sintetizam o seu próprio ADN, ARN eproteínas, mas dependem do hospedeiro para a obtenção de condições

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

52.02

52.05

53.01

Vírus da hepa-tite B

Vírus da rubéola

E n t a m o e b ahistolítica

Todas as formas clínicasde hepat i te v í r ica :Hepat i te B e suascomplicações

Rubéola e suas com-plicações

Desinteria

6 meses

25 dias

3 meses

Todos os trabalhos quecomportem a colheita, amanipulação, o contacto,o condicionamento ou oemprego de sanguehumano, dos seus deri-vados ou outros produtosbiológicos humanos.

Trabalhos em consul-tórios, hospitais ou ou-tras unidades de saúdee noutros locais em quese prestem cuidados desaúde que impliquemcontacto com portadoresda doença ou comroupas e outros mate-riais por eles contam-inados (sua recolha,transporte, lavagem,esterilização,etc.)

Todos os t raba lhosefectuados em labora-tórios de bacteriologiaou de parasitologia, bemcomo os trabalhos decolheita de fezes quecontenham o agente dadoença.

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

favoráveis de crescimento. As suas dimensões variam entre 1 e 20 ìm.Algumas bactérias sobrevivem nas camadas superficiais do organismo,pelo que cada ser humano transporta, em média, 1012 bactérias napele, enquanto que no tracto gastrointestinal, em condições normais,residem 1014 bactérias, das quais 99,9 % das quais são anaeróbias.A potogenicidade das bactérias depende da sua capacidade em interferircom as células do hospedeiro (aderir e/ou entrar) ou, ainda, de libertartoxinas. A coordenação do processo de adesão bacteriana às célulasdo hospedeiro e o da libertação de toxinas é de tal modo importantepara a virulência bacteriana que os genes que codificam a síntese dasproteínas de adesão e das toxinas são frequentemente regulados emconjunto por sinais ambientais específicos. A dimensão do inoculo éum factor determinante no estabelecimento de infecção e varia muitoentre as várias espécies. Por exemplo, para que haja doença provocadapor alguma bactéria (e.g. vibrio cholerae) no adulto normal, é necessárioum inoculo de, pelo menos, 102 e 108 microorganismos, respectivamente.Os factores do hospedeiro são também de considerar. Por exemplo,para que ocorra gastrenterite por salmonella num indivíduo saudável,é necessário um inoculo de cerca de um milhão de microorganismos,mas este número desce para algumas centenas em indivíduos cujosuco gástrico tenha pH neutro.Na Tabela 4 apresenta-se alguns exemplos de bactérias associadas aprocessos infecciosos no homem e respectiva classificação. Tambémsão listados os principais sistemas que afectam no ser humano.

Tabela 4 – Exemplos de bactérias que provocam processos infecciosos no homem.

Bactéria Classificação Sistema afectado

Streptococcus pneumoniae 2 Nervoso central, Tracto

respiratório inferior e superior,

Olho

Shigella boydii 2 Tracto gastrointestinal

Escherichia coli 3 Tracto urinário

Salmonela typhi 3 Ossos e articulações

Vibrio cholerae 2 Sangue

Legionella spp 2 Tracto respiratório inferior

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

As bactérias também são responsáveis pelo desenvolvimento depatologias clínicas, conforme consta do Decreto Regulamentar n.º 6//2001, de 5 de Maio. Na Tabela 5 estão indicadas algumas doençasprofissionais causadas pela exposição a bactérias.

Tabela 5 – Exemplos de doenças profissionais causadas por bactérias.

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

51.03

51.05

51.09

51.15

Bacilos da tuber-culose e outrasmicrobactérias

Bacilo do carbún-culo

Bacilo da difteria

Salmonelas

Tuberculose cutânea eou subcutânea

Pús tu la ou edemamalignos

Todas as formas clínicasde difteria e suas compli-cações agudas

Todas as formas clínicasde salmonelose

6 meses

30 dias

10 dias

21 dias

Trabalhos susceptíveisde expor ao contactocom animais portadoresde bacilos da tuber-culose.

Todos os trabalhos queexponham ao contactocom animais infectados(vivos ou mortos)

Trabalhos em consul-tór ios , hospi ta is ououtras unidades de saúdee noutros locais em quese prestem cuidados desaúde ou se proceda àobservação de doentesque impliquem contactocom por tadores dadoença ou com roupase outros materiais poreles. contaminadas.

Trabalhos em consul-tór ios , hospi ta is ououtras unidades de saúdee noutros locais em quese prestem cuidados desaúde ou se proceda àobservação de doentesque impliquem contactocom por tadores dadoença ou com roupase outros materiais poreles contaminadas;

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

3.3 – Fungos

Os fungos são extremamente comuns na natureza, onde existemcomo organismos de vida livre. Possuem uma estrutura celularrelativamente complexa e são organismos eucarióticos que têm onúcleo bem definido, mitocôndrias, aparelho de Golgi e retículo

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

Trabalhos efectuados emlaboratórios de análisesou de investigação queimpliquem contacto comos agentes.

Traba lhos em áreasflorestais (e.g. trabalhode corte, desbaste outransporte de madeiras);Traba lhos de mata-douros, talhos, fábricasde enchidos ou deconservas de carne;Trabalhos de transportee manipulação de peles.

Todos os t raba lhosefectuados em minas,túneis, esgotos, valas egalerias;Todos os t raba lhosefectuados em talhos,matadouros e peixarias;Trabalhos de preparaçãode alimentos;Trabalhos realizados emjardins, piscinas e aqua-parques e cursos deágua;Trabalhos em fábricas decimentos;Trabalhos em arrozais.

51.21

51.23

Borrelias

Leptospiras

Doença de Lyme

Todas as leptospiroses

2 meses

21 dias

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

endoplasmático. Alguns produzem esporos que são resistentes acondições ambientais extremas. Os fungos existem numa formaunicelular ou numa forma filamentosa e, alguns, podem assumirambas as morfologias, que são designados por fungos dimórficos.Os fungos estão subdivididos, de acordo com as suas característicasmorfológicas e reprodutoras, em cinco divisões: Quitridiomicotina,Zigomicotina, Ascomicotina, Basidiomicotina e Deuteromicotina. Dereferir que até a data foram descritas aproximadamente 70.000 espéciesdiferentes, estimando-se, contudo, que existam no planeta 1,5 milhõesde espécies. No entanto, só cerca de 200 espécies de fungos sãoreferidos como agentes causadores de doenças no homem e, apenas26 estão legalmente classificados de acordo com o seu nível de riscoinfeccioso para os trabalhadores, como agentes biológicos. Apesardeste cenário optimista, há condições ambientais que promovem apresença de diversos fungos que poderão desencadear reacçõesalérgicas, infecções ou intoxicações nos trabalhadores que estãoexpostos a eles. As dimensões dos esporos fúngicos rondam os 10 µm.A contagem dos esporos de fungos constitui um dos índices de mediçãodo nível de poluição do ar, pois estes organismos são ubíquos nanatureza e têm relevância médica. Estes esporos podem ser um estímuloantigénico e induzir reacções de hipersensibilidade alérgica emindivíduos previamente sensibilizados. As manifestações clínicas maiscomuns incluem rinite, asma brônquica, alveolites e várias formasde atopia.Os fungos responsáveis por situações de doença no homem são devida livre. Em geral, o homem tem um elevado grau de imunidadenatural contra os fungos. A pele intacta funciona como uma barreiracontra infecções por fungos que colonizam as camadas superficiais,cutânea e subcutânea da pele; o conteúdo em ácidos gordos, baixopH, taxa de renovação epitelial e a flora normal da pele contribuempara a resistência do hospedeiro. Também, as superfícies mucosasdesencorajam a colonização por fungos, e também substâncias focaiscomo a transferrina restringem o crescimento de vários fungos porlimitarem a quantidade de ferro disponível. Assim, a maior parte dasinfecções por fungos (micoses) são de intensidade fraca e auto-limitadas.

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PROELIUM – REVISTA DA ACADEMIA MILITAR

As infecções por fungos são classificadas de acordo com as camadastecidulares infectadas:

– Micoses superficiais, infecções limitadas às camadas mais superficiaisda pele e do cabelo;

– Micoses cutâneas, infecções que atingem a epiderme e infecçõesinvasivas do cabelo e unhas;

– Micoses subcutâneas, infecções que envolvem a derme, tecidossubcutâneos, músculo e fáscia;

– Micoses sistémicas, infecções que se originam primariamente nopulmão mas que podem disseminar-se a muitos órgãos.

Existem, ainda, as micoses oportunistas que são provocadas por fungosde baixo potencial patogénico que causam doença apenas emdeterminadas circunstâncias, normalmente envolvendo a debilitaçãodo hospedeiro. Estas micoses podem ser causadas por alterações noequilíbrio ecológico da flora comensal normal, bem como porperturbações dos mecanismos de defesa do hospedeiro, devido àutilização de determinadas abordagens terapêuticas, ou como resultadode processos patológicos.Na Tabela 6 são apresentados alguns tipos de infecções causados porfungos, bem como a classificação do respectivo agente biológico.

Tabela 6 – Exemplos de infecções causadas por fungos.

Fungo Classificação Tipo de infecção

Aspergillus fumigatos 2 Sistémica oportunista (aspergilose)

Candida albicans 2 Sistémica oportunista (candidíase)

Histoplasma capsulatum 3 Sistémica (histoplasmose)

Epidermophyton floccosum 2 Cutânea (dermatofitose)

Também alguns fungos são causadores de doenças profissionais,conforme consta do Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio.Contudo, apesar de existirem 26 fungos classificados como agentesbiológicos, de acordo com a Portaria 1036/98, de 15 de Dezembro,apenas um é reconhecido como causador de doença profissional, como

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

ilustra a Tabela 7. Trata-se de um agente que efecta os profissionaisque contactam com pombos, alguns pássaros e em aviários.

Tabela 7 – Doenças profissionais causadas por fungos.

3.4 – Parasitas

Os parasitas sãp organismos muito complexos e podem ser unicelulares(protozoários) ou pluricelulares (helmintas). O seu tamanho é muitovariável, em que os protozoários podem possuir um diâmetro situadoentre 1 – 2 µm enquanto que as helmintas podem medir até 10 m decomprimento. Têm normalmente ciclos de vida complexos, havendoparasitas que estabelecem uma relação permanente com o organismomas, outros, passam por uma série de estágios de desenvolvimentoem vários hospedeiros. Existem uma enorme diversidade de parasitashumanos, pelo que não é de surpreender que a patogénese das doençascausadas pelos protozoários e helmintas seja muito variada.

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

54.01 C r y p t o c o c c u sneoformans

Cripococose 10 anos Trabalhos executadospor tratadores de pom-bos, canários e frangosou outros animais quealberguem o agente oucujos excrementosfavoreçam o respectivodesenvolvimento.Trabalhos de demolição,conservação ou limpezade edíficos, sobretudo depombais , to r res oumonumentos altos quesirvam de poleiro apombos, ou quaisqueroutros trabalhos queimpliquem o contactocom os excrementos,com o solo ou directa-mente com o agentecausal, como os execu-tados em laboratórios.

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Muitas das doenças profissionais são causadas por microorganismosendógenos que são parte da flora normal do hospedeiro. Contudo,uma parte das doenças causadas por protozoários e por helmintas sãoadvenientes de uma fonte exógena. As vias mais comuns de penetraçãono organismo são a ingestão oral, a cutânea e outras superfícies. Também,muitas das doenças causadas por parasitas são transmitidas através damordida de vectores artrópedes, que funciona como um meio detransmissão muito eficiente.A forma de contacto é um factor importante no estabelecimento dainfecção. Muitos dos protozoários intestinais só causam normalmentedoença após ingestão oral e não por contacto com a pele intacta. Atemperatura também interfere na capacidade de alguns parasitasinfectarem o hospedeiro.A adesão dos microorganismos às células dos tecidos do hospedeiroconstitui, normalmente, a primeira etapa no desenvolvimento da infecção.A forma de adesão pode envolver mecanismos relativamenteinespecíficos mas também pode ser mediada pela interacção entreestruturas do parasita e glicoproteínas específicas ou receptoresglicolipídicos localizados em determinadas células. Após a fixação àcélula ou tecido específico, o parasita pode iniciar o processo dereplicação como etapa subsequente no estabelecimento da infecção.Na Tabela 8 estão representados alguns exemplos de parasitas(protozoários e helmintas) e de quais os sistemas que afectam. Arespectiva classificação do agente biológico foi adaptada da Portaria1036/98, de 15 de Dezembro.

Tabela 8 – Exemplos de infecções causadas por parasitas e classificação dos agentes.

Parasita Natureza Classificação Tipo de infecção

Balantidium coli Protozoário 2 Colite

Giardia lamblia Protozoário 2 Diarreia, doença de má absorção

Plasmodium falciparum Protozoário 3 Malária

Toxoplasma gondii Protozoário 2 Toxoplasmose

Schistosoma mansoni Helminta 2 Bilharzíase

Toxocara canis Helminta 2 Toxocaríase

Taenia solium Helminta 3 Teníases

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

Na Portaria n.º 1036, de 15 de Dezembro, estão classificados cerca de100 parasitas como agentes biológicos, pertencendo apenas aos grupos2 e 3, alguns deles apresentando possíveis efeitos alérgicos. Contudo,no Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio, apenas sãoreconhecidas 4 doenças profissionais causadas por estes agentesbiológicos, conforme consta da Tabela 9.

Tabela 9 – Doenças profissionais causadas por parasitas.

53.01 Entamoebahistolítica

Desisteria

Abcesso hepático

3 meses

3 anos

Todos os t raba lhosefectuados em labora-tórios de bacteriologiaou de parasitologia, bemcomo os trabalhos decolheita de fezes quecontenham o agente dadoença.Trabalhadores que sedeslocam e ou permane-cem a/em regiões endé-micas (trabalhadores dapesca, da marinha mer-cante, da aviação civil,etc,...)

Todos os t raba lhosefectuados em laborató-rios de bacteriologia oude parasitologia, bemcomo os trabalhos decolheita de fezes quecontenham o agente dadoença.Trabalhadores que sedeslocam e ou permane-cem a/em regiões endé-micas (trabalhadores dapesca, da marinha mer-cante, da aviação civil,etc,...)

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

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4 – PRÁTICAS SEGURAS

Existem algumas regras gerais e/ou recomendações de práticas seguras paramanipular agentes biológicos, nomeadamente:

1) Deve ser adoptado um manual de segurança e/ou procedimentos nos locaisde trabalho;

Todos os t raba lhosefectuados em minas,túneis, esgotos, valas egalerias.Trabalhos de colheita ouanálise de fezes quecontenham o agente dadoença.Trabalhos em esgotos.Trabalhadores que sedeslocam e ou permane-cem a/em regiões endé-micas (trabalhadores dapesca, da marinha mer-cante, da aviação civil,etc,...)

Trabalhos que exponhamao contacto com cãesinfestados, designada-mente, de entre outros,de pastores, médicosveterinários e tratadoresde cães.

T o d o s o s t r a b a l h a -dores que exponham aocontacto com animaisportadores do agente dadoença.Trabalhos em creches ejardins-de-infância.

A n c i l o s t o m aduodenal

E c h i n o c o c c u sgranulosus

T r i c h i n e l l aspiralis

Ancilostomíase e, desi-gnadamente, anemia,hepatite, insuficiênciacardíaca congestiva ououtras formas clínicas

Hidatidose

Triquinose (todas asformas clínicas)

3 meses

20 anos

21 dias

Código Factores de risco Doenças ou outrasmanifestações clínicas

Caracterização (prazoindicativo)

Lista limitativa dostrabalhos susceptíveisde provocar a doença

53.02

53.03

53.04

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

2) O responsável do laboratório ou de produção deve garantir a formaçãode todos os funcionários na área da segurança e assegurar que tomemconhecimento e apliquem as práticas e procedimentos constantes de manual;

3) O símbolo internacional de risco biológico deve ser colocado nas portasdos locais onde se manipulam microorganismos do Grupo de Risco II,III e IV;

4) Devem ser utilizados óculos de segurança, máscaras, viseiras ou outrosequipamentos de protecção sempre que necessário;

5) Deve evitar-se a utilização de lentes de contacto no local de trabalho;

6) Deve utilizar-se calçado apropriado;

7) Os trabalhadores devem lavar cuidadosamente as mãos após omanuseamento de materiais infecciosos, contacto com animais e sempreque saiam do laboratório. Devem ser sempre utilizadas toalhas descartáveis.

8) Todos os procedimentos devem ser efectuados de forma a minimizar aformação de aeróssois;

9) O local de trabalho deve manter-se sempre arrumado e limpo;

10) As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas, pelo menos, umavez ao dia ou após qualquer derrame de material potencialmente perigoso;

11) Todos os trabalhadores que manipulem produtos biológicos, deverão sercolhidas e conservadas amostras de soro para que sirvam de referência.De acordo com a natureza do agente manipulado poderão ser necessáriascolheitas seriadas e de sangue;

12 Deve ixistir um programa de controle para o manuseamento de agentesinfecciosos.

O controlo microbiológico não deve incidir apenas sobre um determinadoagente, mas sim sobre todos os possíveis agentes presentes no local de trabalhoe em toda a sequência de produção. Este também deve incidir sobre sobre ahigiene das superfícies de trabalho e sobre o ambiente de trabalho.A verificação do estado sanitário da área de trabalho é efectuada por contagemttal de microorganismos aeróbios em placas de agar nutritivo, considerando--se as superfícies limpas sempre que o número de microorganismos seja

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inferior a 100 colónias/cm2. Esta metodologia de controlo, embora ainda sejaaplicada em muitos locais, tem vindo progressivamente a ser substituída pormétodos mais expeditos. No controlo de microorganismos as técnicas clássicasde plaqueamento em meios de crescimento específicos são, ainda, o métodomais utilizado. Estes são extraordinamriamente fiáveis, no entanto são morosose na sua grande maioria originam apenas resultados presuntivos a necessitarde confirmação por testes bioquímicos.A análise de rotina de microorganismos despertou interesse pelodesenvolvimento de métodos rápidos para o controlo microbiológico. Odesenvolvimento de métodos alternativos conduziu à substituição dos métodosclássicos por métodos cada vezápidos, fiáveis e simples. De entre as técnicasrápidas desenvolvidas destacam-se:

a) Microscopia directa de epifluorescência;

b) Citometria de fluxo;

c) Impedimetria;

d) Bioluminiscência de ATP;

e) Métodos colorimétricos;

f) Métodos turbidimétricos;

g) Medição da actividade da catalase;

h) Métodos imunológicos;

i) Métodos com manipulação genética.

Os imperativos legais nacionais relativos ao domínio dos agentes biológicos,concretamente aos riscos de exposição, por parte dos trabalhadores, a agentesbiológicos, resultam da transposição para o direito interno de DirectivasComunitárias.

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"DOENÇAS PROFISSIONAIS CAUSADAS POR AGENTES BIOLÓGICOS"

BIBLIOGRAFIA

1) Directiva n.º 89/391/CEE, do Conselho, de 12 de Junho, “relativa à aplicaçãode medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e da saúde dotrabalhador no trabalho”.

2) Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro, “estabelece o regime jurídicodo enquadramento da segurança, higiene e saúde no local de trabalho”.

3) Decreto-Lei n.º 26/94, de 1 de Fevereiro, “estabelece o regime de organizaçãoe funcionamento dos serviços de higiene, segurança e saúde no trabalho.

4) Lei n.º 7/95, de 29 de Março, “altera por ratificação, o Decreto-Lei n.º 26//94 de 1 de Fevereiro”.

5) Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril, “Transpõe para a ordem jurídicainterna as Directivas do Conselho n.º 90/679/CEE, de 26 de Novembro, aDirectiva n.º 93/88/CEE, de 12 de Outubro e a Directiva n.º 95/30/CEE daComissão, de 30 de Junho, relativa à protecção da segurança e saúde dostrabalhadores contra os riscos resultantes da exposição a agentes biológicosdurante o trabalho”.

6) Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho, “aprova a classificação dos agentesbiológicos”.

7) Portaria n.º 1036/98, de 15 de Dezembro, “Altera a lista dos agentes biológicosclassificados para efeitos da prevenção de riscos profissionais, aprovadapela Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho”

8) João Paulo Sousa et. al. – “Manual de Prevenção dos Riscos dos AgentesBiológicos”, 2.ª Edição, IDICT, 2001.

9) Eduardo Leandro et. al – “Livro Verde dos Serrviços de Prevenção dasEmpresas”, 1.ª Edição, IDICT, 1997.