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1 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 2 Psicologia da Educação copyright © FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. www.ftc.br/ead PRODUÇÃO ACADÊMICA Gerente de Ensino Jane Freire Autor (a) Rodrigo Araújo Revisão de Conteúdo Isa Carvalho Supervisão Ana Paula Amorim PRODUÇÃO TÉCNICA Revisão Final Carlos Magno e Idalina Neta EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: Presidente Vice-Presidente Superintendente Administrativo e Financeiro Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. FTC - EaD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância Diretor Geral Diretor Acadêmico Diretor de Tecnologia Gerente Acadêmico Gerente de Ensino Gerente de Suporte Tecnológico Coord. de Softwares e Sistemas Coord. de Telecomunicações e Hardware Coord. de Produção de Material Didático Waldeck Ornelas Roberto Frederico Merhy Reinaldo de Oliveira Borba Ronaldo Costa Jane Freire Jean Carlo Nerone

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PSICOLOGIA DA

EDUCAO2

Psicologiada

Educao

copyright FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorizao prvia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Cincias - Ensino a Distncia. www.ftc.br/ead

JPRODUO ACADMICA J Gerente de Ensino JJane Freire Autor (a) JRodrigo Arajo Reviso de Contedo JIsa Carvalho Superviso JAna Paula Amorim JPRODUO TCNICA J Reviso Final JCarlos Magno e Idalina NetaEQUIPE DE ELABORAO/PRODUO DE MATERIAL DIDTICO:

Presidente J Vice-Presidente JSuperintendente Administrativo e Financeiro J Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extenso J

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Waldeck Ornelas Roberto Frederico Merhy Reinaldo de Oliveira Borba Ronaldo Costa Jane Freire Jean Carlo Nerone Romulo Augusto Merhy Osmane Chaves Joo Jacomel Gervsio Meneses de Oliveira William Oliveira Samuel Soares Germano Tabacof

Pedro Daltro Gusmo da Silva Ilustrao Imagens JCorbis/Image100/Imagemsource JFrancisco Frana Jnior Equipe JAna Carolina Alves, Cefas Gomes, Delmara Brito, Ederson Paixo, Fabio Gonalves, Francisco Frana Jnior, Israel Dantas, Lucas do Vale e Marcus Bacelar3

A PSICOLOGIA DA EDUCAO NO ESTUDO DO COMPORTAMENTO HUMANOPSICOLOGIA DA EDUCAOA Psicologia: uma breve retrospectiva de sua evoluo histrica Psicologia da Educao: origem e evoluo histrica Natureza, dimenso epistemolgica, fundamentos cientficos, objetos de estudo e os contedos da Psicologia da Educao Atividades Complementares Conceitos Bsicos Perspectivas Tericas sobre o Desenvolvimento Humano Aspectos do Desenvolvimento Humano: Desenvolvimento Fsico, Cognitivo e Psicossocial

PSICOLOGIA DA EDUCAO: ESTUDOS DA PRTICA PEDAGGICA EM FACE DA APRENDIZAGEM HUMANA SUMRIO07 07 07 16 17 20 20

UMA VISO PSICOLGICA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUAS PERSPECTIVAS TERICAS36 19 25 Atividades Complementares 45 45

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UMA VISO PSICOLGICA DA APRENDIZAGEM HUMANA E SUAS DIFERENTES CONCEPES TERICASPanorama Terico da Psicologia da Aprendizagem 454

Psicologia

da

Educao

As Teorias Associativas: Behaviorismo As Teorias Cognitivas: Gestalt Clssica, Piaget e Vygotsky A Teoria Psicodinmica: Psicanlise de Freud Atividades Complementares

APLICABILIDADE DO CONHECIMENTO PSICOLGICO PRXIS EDUCATIVA PEDAGGICAAtividades Complementares Atividade Orientada Glossrio Referncias Bibliograficas 49 59 50 61 67 63 69 70 725

com satisfao e expectativa que iniciamos esta caminhada pelo mundo de uma das mais atraentes reas do conhecimento humano, a Psicologia, que nesse caso vem, especificamente, voltar seu olhar e suas reflexes para a Educao. Esperamos que este seja um marco de frutfera, intensa e verdadeira relao de trabalho, comunicao e produo cientfica. A Disciplina que se intitula PSICOLOGIA DA EDUCAO tem por objetivo geral sensibilizar e capacitar voc para uma prtica pedaggica orientada pela relao interdisciplinar entre a Psicologia e a Educao. Partindo de um estudo introdutrio da Psicologia, apresentada em seus vrios aspectos, em direo a um estudo reflexivo da prxis pedaggica no seio das contribuies que esta, a Psicologia, enquanto cincia do comportamento, tem efetivamente prestado para o desenvolvimento e melhoria das condies de vida e das produes do homem moderno. Essa disciplina est planejada para um estudo de 72 horas e desenvolverse em dois momentos lgicos, aqui identificados como Blocos Temticos que contemplaro dois temas nucleares, cada um desenvolvido em seus contedos principais. O Bloco Temtico I - A PSICOLOGIA DA EDUCAO NO ESTUDO DO COMPORTAMENTO HUMANO - pretende lev-lo a conhecer e discutir a Psicologia, enquanto cincia do comportamento humano, e a Psicologia da Educao, sua origem, evoluo terica, sua situao no campo do conhecimento, seus objetos e contedos de estudo e suas principais abordagens tericas contemporneas. Ainda nesse Bloco, buscamos direcionar os estudos e reflexes psicolgicas para a multideterminao do desenvolvimento e do comportamento humano, discorrendo sobre temas bsicos e focalizando o fenmeno do desenvolvimento humano, nas diversas perspectivas tericas,

quanto a suas noes conceituais e seus principais aspectos, a fim de permitir a voc, educando e educador, uma melhor compreenso e assimilao das variedades de aspectos envolvidos no desenvolvimento e no processo de aprendizagem humana. O Bloco Temtico II - PSICOLOGIA DA EDUCAO: ESTUDOS DA PRTICA PEDAGGICA EM FACE DA APRENDIZAGEM HUMANA - visa focalizar a ateno dos estudos na aprendizagem, a partir das contribuies que a Psicologia vem substancialmente dar Educao, voltando-se para o estudo da Psicologia da Educao, como rea de especializao do saber e de atuao do psiclogo e do educador, e mais diretivamente aplicabilidade desse saber na prxis educativa escolar. A disciplina foi estruturada para potencializar sua aprendizagem, dessa forma, leia com ateno o material especialmente elaborado para voc. Realize todas as atividades propostas, pois elas visam auxili-lo a uma construo significativa e consistente de conhecimento sobre os temas. Esperamos estar contribuindo de modo significativo para o repensar de seu fazer enquanto ser no mundo. Desejamos discernimento, iniciativa e realizaes. Cordialmente,

Apresentao da DisciplinaProf. Rodrigo Arajo.6

Psicologiada7

Educao

A PSICOLOGIA DA EDUCAO NO ESTUDO DO COMPORTAMENTO HUMANOPSICOLOGIA DA EDUCAOA Psicologia: uma breve retrospectiva de sua evoluo histricaA Psicologia, enquanto tentativa de conhecer o comportamento humano, tem sido atravs dos tempos uma atividade natural do ser humano, praticada informal e assistematicamente no cotidiano das pessoas, nas situaes mais curiosas e com vrios sentidos. Estamos a falar da chamada Psicologia do senso comum, resultado das experincias de vida dos homens em geral, e que, por isso mesmo, na maior parte das vezes se constitui de erros e acertos. J a Psicologia enquanto cincia que busca compreender o processo evolutivo e o comportamento do ser humano tem sua origem inegavelmente nas especulaes mais remotas, emergidas do dia-a-dia do senso comum, para uma atividade mais sistemtica,

mais racional, profundamente influenciada pela viso de mundo do investigador, pelo seu sistema de crenas e valores a Filosofia. Muitas e significativas foram s influncias da Filosofia no processo de cientificao da Psicologia, as quais sero, por ns, oportunamente estudadas.

Para refletir...Voc v alguma contribuio da Psicologia do senso comum para a educao? DEFINIO DE PSICOLOGIA O termo Psicologia tem origem grega, sendo derivado da juno de duas palavras - Psych e logos significando o estudo da mente ou da alma. Mas, vejamos: como se define Psicologia? Em meio a uma gama variada de definies, hoje, define-se Psicologia como a cincia que estuda o comportamento e os processos mentais do ser humano. Embora ainda existam controvrsias entre os tericos a respeito de ter ou no alcanado um estatuto de cincia, j claro, entretanto, que a Psicologia j unanimemente reconhecida na cultura ocidental contempornea. , pois, a atividade humana de busca do conhecimento sobre a realidade8

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Educao

do ser humano, de forma metodolgica e sistemtica, ordenada e orientada pelo uso da razo e de um mtodo caracterizado como cientfico, para a construo de um corpo coerente e coeso de informaes verdadeiras sobre o homem, seu objeto de estudo. Pense comigo: Conceber que a Psicologia evoluiu e evolui atravs dos tempos, tambm implica reconhecer que ela tambm construiu uma evoluo cientfica. Isto quer dizer que hoje existem mtodos especficos de seu domnio, para o estudo de seu objeto, o qual tambm j est definido, recortado da realidade como um objeto determinado e delimitado o homem, seu comportamento e sua subjetividade. Posto isto, no h como negarmos que o objeto de estudo da Psicologia, por sua prpria natureza e essncia, amplo, em possibilidades,

traando para a Psicologia, por sua vez, um mbito de atuao que cobre um amplo espectro de assuntos.

INFLUNCIAS FILOSFICAS SOBRE A PSICOLOGIAAgora, como combinado antes, vamos ver brevemente em que termos a Filosofia e a Psicologia se relacionaram. Os antecedentes da Psicologia moderna apontam para uma forte tradio filosfica em sua origem. Desde a Antigidade, os filsofos se ocuparam com os mesmos questionamentos, as mesmas reflexes acerca da natureza do ser humano, os quais permanecem sendo investigados pelos psiclogos at hoje. Contudo, a distino significativa entre a Psicologia moderna e seus antecedentes filosficos aponta para a abordagem metodolgica e as tcnicas empregadas, por uma e por outra, no estudo da natureza humana. Vejamos: Desde a Antigidade Clssica at o ltimo quarto do sculo XIX, os filsofos preocupavam-se em estudar a natureza humana e para isso empregavam como mtodo a especulao, a intuio e a generalizao baseadas em sua limitada experincia sensorial. J no sculo XVII, a filosofia que iria alimentar a nova Psicologia estava impregnada do esprito do mecanicismo, o qual concebia o universo como uma grande mquina. Segundo essa doutrina, todos os processos naturais podem ser explicados pelas leis da fsica, porque so mecanicamente determinados. Como era, ento, o panorama dessa poca? A cincia se desenvolvia, mtodos eram descobertos, lado a lado com os avanos alcanados pela tecnologia.O OBJETO DE ESTUDO dessa cincia admite: as funes bsicas do comportamento humano (aprendizagem, memria, linguagem, pensamento, emoes e motivaes); questes sociais, tpicas da natureza gregria e das formas de vida social do Ser humano; os ciclos de vida e os aspectos do processo de desenvolvimento do Ser humano; a sade, suas perturbaes e as patologias apresentadas pelo Ser humano, bem como pelas organizaes humanas.9

Ao longo da histria, o conhecimento at ento obtido por esses mtodos, os conceitos, a viso que se tinha das coisas, os dogmas filosficos e teolgicos do passado

que vinculavam a cincia passaram a ser questionados, gerando um processo de mudana que vai dar lugar ao domnio do empirismo. O Empirismo, diferente do racionalismo, afirma que todo conhecimento adquirido pela percepo do mundo externo ou pelo exame da nossa atividdade mental, reconhecendo a experincia como nica fnte vlida de conhecimento. A histria da Psicologia se confunde nos seus primrdios com a Filosofia. No se pode negar que diversos filosofos contriburam na elaborao de questes que se fizeram muito importantes para esta mudana de paradigma. Dentre estes filsofos destaca-se a contribuio de Ren Destcartes para o surgimento da Psicologia Cientfica, afastando-a dos dogmas teologicos e tradicionais rgidos que dominaram o conhecimento, especialmente na Idade Mdia.

Para refletir...Voc v possibilidades de se estudar a variedade de comportamentos de crianas na escola apenas por mtodos quantitativos? A observao e a experimentao tomavam as marcas distintivas da cincia, seguidas de perto pela medio. S era considerado Cientfico aquilo que pudesse seer mensurado. A Fsica, ento conhecida como Filosofia Natural, serviu de modelo orientador para os estudos psicolgicos. O fsico ingls Robert Boyle, o astrnomo alemo Johannes Kepler e o filsofo francs Ren Descartes reafirmam o modelo mecanicista, que traz em si a idia do determinismo (todo ato determinado por eventos passados). Do determinismo decorre naturalmente a previsibilidade dos fenmenos, e isso autoriza os cientistas a adotarem o reducionismo como mtodo de anlise caracterstico de todas as cincias em desenvolvimento, inclusive a nova Psicologia.

PRIMEIRAS ABORDAGENS TERICAS DA PSICOLOGIA MODERNAVimos que, a partir do sculo XVII, o mundo se organizava em torno de novas concepes, novos valores, um novo paradigma. Fcil perceber que uma nova Psicologia tambm estava sendo germinada, e que para ser reconhecida e instituda teria que adotar os mesmos mtodos utilizados para o estudo do universo fsico, para explorar, estudar e prever os processos e o comportamento humano. Esses mtodos, considerados eficazes, eram experimentais

e quantitativos. Pesquise um pouco mais sobre Mecanismo; Determinismo e Reducionismo.

Sugesto:10

Psicologia

Educao Nos alicerces filosficos de uma nova Psicologia estavam o Positivismo, o Materialismo e o Empirismo e da tinha-se um panorama de idias onde se entendia que os fenmenos psicolgicos eram constitudos de provas factuais, observacionais e quantitativas, e eram sempre baseados na experincia sensorial. Por muito tempo, a Psicologia tinha sido considerada puramente mecanicista. Posteriormente, o esprito materialista gerou idias de que a conscincia poderia ser explicada atravs e em termos da Fsica e da Qumica e os pesquisadores se concentraram na estrutura anatmica e fisiolgica do crebro.da

Descartes fez uma passagem pela histria da Psicologia que fica inscrita. Aps ele, a cincia moderna e a Psicologia se desenvolveram rapidamente e em meados do sculo XIX o pensamento europeu foi impregnado por um novo esprito: o Positivismo. Agora responda: Quem o pai do Positivismo? Dica: Este filsofo se limitou apenas a fatos cuja verdade estava acima de qualquer suspeita, ou seja, que poderiam ser comprovados cientificamente, que poderiam ser observados e eram indiscutveis. Dentre muitas, a maior contribuio de Descartes para a Histria da Psicologia Moderna foi tentativa de resolver o problema corpo-mente que era uma questo controvertida e que perdurava desde o tempo de Plato, quando a maioria dos pensadores deixou de adotar uma viso monista (mente e corpo era uma s entidade) e adotaram essa viso dualista (mente e corpo eram de naturezas distintas). A viso dualista sobre a relao mente e corpo implicava numa outra questo: Saber qual a relao entre mente e corpo. A mente e o corpo influenciam-se mutuamente ou s a mente influencia o corpo conforme se pensava at ento? Descartes responde a essa questo com a Teoria do interacionismo mente-corpo, segundo a qual mente e corpo, apesar de serem duas entidades distintas, so capazes de exercer influncias mtuas e interatuar no organismo humano. Ele concluiu que a razo mediava todas as relaes objeto/ sujeito, e s atravs dela que se pode chegar verdade sobre as coisas. Fez severa

crtica ao sensualismo, afirmando que os sentidos poderiam enganar.

Voc sabia que...Estamos falando de Auguste Comte.

J sabe?11

A Origem da Psicologia CientficaAinda tentando contextualizar essa evoluo histrica da Psicologia, voc no pode desconsiderar que, como todos os acontecimentos humanos, a constituio do referencial cientfico esteve, como est, diretamente correlacionada com as necessidades da humanidade. Tambm natural conceber que, subjacente ordem econmica e social, est sempre um sistema de pensamento, de valores e assim, contemporneo ao surgimento e desenvolvimento da cincia, desenvolvia-se um novo sistema de pensamento, que poderia ser sintetizado assim:Estavam dadas as condies materiais para o desenvolvimento da cincia moderna.

As idias dominantes no panorama da cincia moderna podem ser assim traduzidas: Para saber mais acesse: http://www.marxists.org/portugues/wallon/1942/psicologiematerialismodialetico.htm

o conhecimento fruto da razo; a possibilidade de desvendar a Natureza e suas leis pela observao rigorosa e objetiva; a busca de um mtodo rigoroso, que possibilitasse a observao para a descoberta dessas leis; a necessidade (decorrente) de os homens construrem novas formas de produzir o conhecimento. o homem passou a ser concebido como um ser livre, capaz de construir seu futuro; os dogmas da Igreja foram questionados; o conhecimento tornou-se independente da f; a racionalidade do homem apareceu, ento, como a grande possibilidade de construo do conhecimento. PESQUISE UM POUCO MAIS SOBRE POSITIVISMO; MATERIALISMO E EMPIRISMO.

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Sugesto:12

Psicologiada

Educao

Por qu? Porque ele quem, nos primeiros anos da evoluo da Psicologia como disciplina cientfica distinta, influencia essa nova cincia e determina seu objeto de estudo, seu mtodo de pesquisa, os tpicos a serem estudados e seus objetivos. O bero da Psicologia Cientfica , portanto, a Alemanha do final do sculo XIX. A Psicologia cientfica nasce quando, no sculo XIX, Wundt preconiza a Psicologia sem alma e passa a ligar-se s especialidades da Medicina, adotando o mtodo de investigao das cincias naturais como critrio rigoroso de construo do conhecimento. J vimos que a Psicologia Cientfica vai se libertando da Filosofia, e isso se d medida que define seu objeto de estudo, delimita seu campo de estudo, diferenciando-o de outras reas do conhecimento, formula mtodos de estudo prprios para seu objeto prprio de estudo e formula teorias, que vo constituir um corpo consistente de conhecimento, com autonomia metodolgica, e assim galga o estatuto de Cincia. O Funcionalismo pode ser considerado a primeira sistematizao de conhecimentos em Psicologia, uma Psicologia que por ser construda numa sociedade pragmtica, est voltada para seu desenvolvimento econmico, e preocupa-se em responder o que fazem os homens e por que o fazem. Os estudos funcionalistas elegeram a conscincia como o centro de suas preocupaes e traaram como objetivo a busca pela compreenso de seu funcionamento. O Estruturalismo - um sistema de pensamento que tambm se volta para a compreenso do mesmo fenmeno que o Funcionalismo: a conscincia. Mas, Titchner prope, contudo, que se estude a conscincia em seus aspectos estruturais, isto , os estados elementares da conscincia tomados como estruturas do sistema nervoso central, adotando o mesmo mtodo de observao de Wundt, o introspeccionismo.

Ainda uma noo estruturalista a de que todos os conhecimentos psicolgicos so eminentemente experimentais, produzidos em pesquisas de laboratrio.Se a Psicologia nasce na Alemanha, nos Estados Unidos que encontra seu desenvolvimento cientfico, que se d o surgimento das PRIMEIRAS ABORDAGENS TERICAS OU ESCOLAS EM PSICOLOGIA: funcionalismo, de William James (1842-1910), estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927) e o associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949). Ouvindo falar tanto em cincia voc deve estar a se perguntar o que isso tem a ver com a Psicologia. Em verdade, a Psicologia cientfica como tal no escapa das influncias desse movimento histrico da cincia em geral. Especificamente, algumas descobertas no campo da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia so bastantes relevantes para o avano da prpria Psicologia cientfica. A participao decisiva de Wilhelm Wundt ao desenvolver a noo do paralelismo psicofsico, criar o mtodo do introspeccionismo e, na Alemanha, na Universidade de Leipzig, o primeiro laboratrio de Psicofisiologia, o que lhe fez merecer o ttulo de Pai da Psicologia Cientfica.13

O termo associacionismo origina-se da concepo de que a aprendizagem se d por um processo de associao das idias das mais simples s mais complexas, de modo que a aprendizagem de um contedo complexo, requer primeiro o aprendizado de idias mais simples, que estariam associadas quele contedo. Thorndike ainda formulou tambm a Lei do Efeito, que viria a ser de grande utilidade para a Psicologia Comportamentalista e de acordo com a qual, todo comportamento de um organismo vivo (um homem, um rato etc.) tende a se repetir, se for recompensado (efeito) assim que emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tender a no acontecer, se o organismo for castigado (efeito) aps sua ocorrncia. Pela Lei do Efeito, o organismo ir associar essas situaes com outras semelhantes, generalizando essa aprendizagem para o contexto maior da vida. As trs escolas Associacionismo, Estruturalismo e Funcionalismo da Psicologia Cientfica constituram-se em matrizes para o desenvolvimento de outras abordagens tericas, no sculo XX, dentre as quais as trs mais importantes so: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanlise que ns vamos conhecer mais, em breve. Por ora, importa a voc saber desde j: uma teoria tambm conhecida como Teoria S-R (Estmulo-Resposta), nasceu

com John Watson, psiclogo americano, e teve um desenvolvimento grande nos Estados Unidos, em razo de sua aplicabilidade prtica. Sua contribuio mais importante foi definio do fato psicolgico, de modo concreto, a partir da noo de comportamento (behavior). Essa tendncia terica, por esse motivo, foi designada como Behaviorismo, ou tambm, Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Anlise Experimental do Comportamento, Anlise do Comportamento. Atualmente, entende-se o comportamento como uma interao entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente, ou seja, o comportamento no mais visto como uma ao isolada. As interaes entre o ambiente (as estimulaes) e as aoes do indivduo (suas respostas), so objetos de estudo do Behaviorismo. O Behaviorismo Principal representante da escola associacionista, foi o responsvel pela formulao da primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. Sua produo de conhecimento se dava em torno da viso de utilidade deste conhecimento, muito mais do que por questes filosficas, como sempre ocorrera na Psicologia. Edward L. Thorndike O mais importante dos behavioristas que sucederam Watson foi B. F. Skinner (1904-1990), cuja produo terica tem, at hoje, influenciado muito a Psicologia americana e a Psicologia dos pases onde esta tem grande penetrao, como o Brasil. Conhecida por BEHAVIORISMO RADICAL, termo cunhado pelo prprio Skinner, em 1945, para designar uma filosofia da Cincia do Comportamento (que ele se props defender) por meio da Anlise

Saiba mais...14

Psicologiada

Educao

A Gestalt Diferentemente do Behaviorismo, tem seu bero na Europa, onde surge para negar e combater a fragmentao das aes e processos humanos, nos estudos realizados pelas tendncias da Psicologia cientfica do sculo XIX. Teve como postulado principal a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade, e a tendncia terica do sculo XX mais ligada Filosofia, alm de se apresentar como uma das tendncias tericas mais coerentes e coesas da histria da Psicologia. Tem na noo de percepo o ponto de partida e tambm um dos temas centrais de suas investigaes e postulaes tericas. A forma como o indivduo percebe os processos, so dados importantes para a compreenso do

comportamento humano Defende a idia de que o comportamento deve ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em considerao as condies que alteram a percepo do sujeito.Wertheimer, Khler e Koffka.

Experimental do Comportamento, tem sua base terico-conceitual na formulao do comportamento operante. O Condicionamento operante a modificao do comportamento (reaes e aes de do ser humano), atravs do controle das conseqncias que se seguem a um determinado comportamento. Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Khler (1887-1967) e Kurt Koffka(1886-1941), so representantes de peso desta teoria. Eles se ocuparam em seus estudos de tentar compreender quais os processos psicolgicos envolvidos na percepo. Gestalt um termo alemo de difcil traduo em nossa lngua, na qual o termo mais prximo seria forma ou configurao. Esses termos, entretanto, no so empregados por no corresponderem exatamente ao seu real significado em Psicologia.Freud

Saiba mais... uma teoria nascida do trabalho de Sigmund Freud (18561939), na ustria, a partir de sua prtica mdico-clnica, e traz para a Psicologia uma grande contribuio que consiste em ter recuperado a importncia da afetividade. Tem como grande inovao a elaborao do conceito de inconsciente, tomado como seu objeto de estudo, e a descoberta da sexualidade infantil, rompendo assim com a tradio da Psicologia, at ento definida como a cincia da conscincia e da razo. Continuando seus estudos, FREUD formula A Segunda Teoria do Aparelho Psiquico , introduzindo os conceitos de ID, EGO e SUPEREGO, referindo-se aos trs sistemas da personalidade.

A Psicanlise15

Por fim, perfazendo a linha histrica de evoluo da Psicologia cientfica, temos evidente que no panorama atual da Psicologia, vrias e diversificadas abordagens psicolgicas tm espao, como frutos de questionamento, reelaborao e evoluo das matrizes tericas da Psicologia: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanlise. Assim, sinteticamente teramos: Do Behaviorismo, o surgimento das abordagens do Behaviorismo Radical (B. F. Skinner) e do Behaviorismo Cognitivista (A. Bandura e, atualmente, K. Hawton e A. Beck).

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O quase desaparecimento da Gestalt, enquanto teoria psicofisiolgica. Entretanto, a tradio filosfica que a fundamenta a Fenomenologia avanou por caminhos diferentes, dentre eles o de associar-se ao campo da Psicologia Existencialista, configurando contemporaneamente uma vertente da Psicologia que se volta para discutir as bases da conscincia atravs dos ensinamentos de Jean Paul Sartre.

2Da Psicanlise originaram-se inmeras abordagens, como a Psicologia Analtica (Cari G.Jung) e a Reichiana (W. Reich) dissidncias que construram corpos prprios de conhecimento; e a Psicanlise Kleiniana (Melanie Klein) e a Psicanlise Lacaniana (J. Lacan), que deram continuidade teoria freudiana.

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Voc sabia que...Hoje a prtica psicanaltica avana alm dos limites do consultrio clnico, constituindo-se, em verdade, num discurso que pode evidenciar-se na prtica teraputica, de orientao, de aconselhamento educacional, formao de professores, psicopedagogos etc., bem como de estudo, anlise e compreenso da realidade social, como tambm de interveno nas organizaes sociais? O termo Psicanlise tambm usado para refeerir-se a um mtodo de investigao e uma prtica profissional.

Para refletir...Em que o estudo do inconsciente, na sua opinio, auxilia o processo de ensino-aprendizagem? Reflita e discuta com seus colegas!

4Na Psicanlise, a histria do sujeito singular e cada palavra, expresso ou simbolgica, tem um significado nico que diz respeito a histria pessoal de cada um.16

Psicologiada

Educao

prticas educativas em geral e, em particular, da educao escolar, a Psicologia da Educao foi se delineando como campo especfico e individualizado da Psicologia cientfica. Assim, parece lgico que como fruto do trabalho de psiclogos e pedagogos, a histria da origem e da evoluo da Psicologia da Educao confunde-se com a histria

da prpria Psicologia cientfica, por um lado, e com a evoluo do pensamento educativo, por outro. Vejamos: At o final do sculo XIX as relaes entre Psicologia e Educao eram mediadas pela Filosofia, no se podendo falar de uma Psicologia da Educao, pelo menos at os idos de 1890. Nessa poca, a teoria educativa vigente era a das faculdades ou funes cognitivas. Talvez voc no saiba, mas remonta a essa poca e a esse fato a justificativa para o emprego do mtodo da disciplina formal, que, orientado pela principal finalidade de exercitar as faculdades humanas dos alunos - inteligncia, memria, raciocnio, ateno, concentrao, imaginao etc. - priorizou os contedos. Voc j viu que no sculo XIX, a Psicologia comea a se distanciar e a ganhar autonomia da Filosofia. Ora, o mesmo ocorre com a teoria educativa, que passou a buscar uma fundamentao cientfica para si mesma. Esse o contexto de nascimento da Psicologia da Educao, cronologicamente em torno da primeira dcada do sculo XX. Uma rea historicamente recente, portanto. Todas as abordagens investigativas da Psicologia so consideradas potencialmente teis para a educao. A Psicologia da Educao se delineia e caracteriza como uma rea para onde convergem interesses e questionamentos sobre a aprendizagem e tudo quanto correlacionado, direta ou indiretamente, problemtica educativa e escolar. Contudo, trs campos de interesse se sobressaem, constituindo-se no ncleo da Psicologia da Educao:Em sntese, era do mbito investigativo da Psicologia da Educao o conhecimento sobre a criana que a Cincia produzira, de modo que as diferenas individuais pudessem ser reconhecidas, estudadas e consideradas na anlise dos processos de ensinoaprendizagem, e para, alm disso, ainda importava elaborar testes psicolgicos que se prestassem como instrumentos de medio, de quantificao dessas diferenas.

Psicologia da Educao: origem e evoluo histricaAps essa viso panormica da Psicologia Cientfica, campo de onde se especializa a Psicologia da Educao, iremos falar sobre esse mbito ou rea de atuao que assim se intitula: a Psicologia da Educao.

Como voc acha que surgiu a Psicologia da Educao?Vejamos: Como resultado natural do esforo empreendido por muitos psiclogos e pedagogos, interessados em aplicar o conhecimento, os princpios, as explicaes e os mtodos da Psicologia, sobre um campo particularmente importante e controvertido, o campo das17

Natureza, dimenso epistemologica, fundamentos cientficos, objetos de estudo e contedos da Psicologia da EducaoA Psicologia da Educao, em razo de sua natureza e, em face da dimenso dos resultados de suas pesquisas e estudos, do valor e do alcance objetivo dos mesmos para a prtica educativa pedaggica, tem sido reconhecida como disciplina psicolgica e educativa de natureza aplicada (disciplina ponte). Pela sua prpria natureza e origem, hbridas, os especialistas da Psicologia da Educao giram em torno de divergncias quanto s consideraes sobre sua autonomia epistemolgica.

Para refletir...Existem basicamente trs correntes ou posicionamentos, a esse respeito: 1. a Psicologia da Educao entendida como mera etiqueta de designao para o corpo de explicaes e princpios psicolgicos pertinentes e relevantes educao e ao ensino, no tendo autonomia didtica. Essa corrente de especialistas entende que Psicologia da Educao apenas a terminologia empregada para designar o corpo de princpios e explicaes alcanados pela Psicologia, decorrente de uma seleo de conceitos prprios de outros segmentos do saber psicolgico, como a Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento etc., aplicveis situao educativa; 2. a Psicologia da Educao entendida como uma disciplina com autonomia cientfica e didtica, uma vez que tem j determinados objetivos e contedos, bem como programas de pesquisa prprios, e realiza contribuies originais e significativas para a situao educativa, extrapolando a mera aplicao dos princpios psicolgicos aos fenmenos educativos; 3. a Psicologia da Educao entendida como uma disciplina ponte, com um objeto de estudo, alguns mtodos, marcos tericos e conceitos prprios, caracterizando-se como uma disciplina de natureza aplicada.

O que se pode entender por uma disciplina ponte? .

o estudo e a mensurao das diferenas individuais, bem como as mudanas de

comportamento do sujeito, vinculadosa sua participao em situaes educativas; a anlise dos processos de aprendizagem, desenvolvimento e socializao; desenvolvimento infantil.18

Psicologia

Educao OBJETOS DE ESTUDO E OS CONTEDOS DA PSICOLOGIA DA EDUCAOda

Vamos pensar mais um pouco sobre as conseqncias para a Psicologia da Educao de ser ela classificada como uma disciplina-ponte, de natureza aplicada. Dessa classificao, em verdade, decorrem algumas situaes: A definio de seu objeto de estudo: os processos de mudana comportamentais provocados ou induzidos nas pessoas, como resultado de sua participao em atividades educativas. A sistematizao dos fatores ou variveis interferentes nas situaes educativas (direta ou indiretamente) em dois grupos, a saber: Como voc pode vislumbrar, a partir do quanto at aqui falado, muitos so os aspectos estudados pela Psicologia da Educao, e muitas so as contribuies que dela podem advir para o profissional de educao. A ao exige essa reflexo e a porta foi aberta!A. Fatores Intrapessoais ou Internos ao aluno, assim enumerados: maturidade fsica e psicomotora; mecanismos de aprendizagem; nvel e estrutura dos conhecimentos prvios; nvel de desenvolvimento evolutivo; caractersticas das aptides afetivas (motivao e atitudes) e de personalidade (ansiedade, autoconceito e sistema de valores). B. Fatores Ambientais ou Situacionais, considerados assim: caractersticas do professor (capacidade intelectual, conhecimento da matria, capacidade pedaggica, traos de personalidade, caractersticas afetivas); fatores de grupos sociais (relaes interpessoais); condies materiais (recursos didticos e meio de ensino em geral); natureza das intervenes pedaggicas (metodologia de ensino).dimenso Terica ou Explicativa estudam-se os processos educativos com o objetivo de contribuir para a elaborao de uma teoria explicativa destes processos;

dimenso Projetiva ou Tecnolgica estudam-se os processos educativos com o objetivo de elaborar modelos e programas de interveno voltados para a prxis educativa; dimenso Prtica ou Aplicada estudam-se os processos educativos com o objetivo de colaborar para a construo de uma prxis educativa coerente com as propostas tericas formuladas.

OBJETIVOS DE ESTUDO DA PSICOLOGIA DA EDUCAOA Psicologia da Educao tem estudado os processos educativos orientada por objetivos que podem ser considerados e configurados numa trplice dimenso:19

No tema 1 estudamos a Psicologia, sua origem, a evoluo da sua definio e as diferentes abordagens.A partir destes assuntos, fale sobre o atual conceito da Psicologia e em que se baseia o seu objeto de estudo.

1.Atividades

Complementares

2. 3.20

Cite as 3 abordagens tericas mais importantes da Psicologia, e as suas

principais caractersticas.

De que forma a Psicologia da Educao vem contribuindo com a prtica

pedaggica e com o processo de ensino-aprendizagem? Psicologiada

Educao

UMA VISO PSICOLGICA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUAS DIFERENTES PERSPECTIVAS TERICASMas, voc deve estar se perguntando finalmente, sobre o que a Psicologia do Desenvolvimento concentra seus estudos?Sabe-se que esse campo especializado da Psicologia tem delimitado como objeto de estudo e de seu interesse o processo de mudanas e transformaes do indivduo humano, as quais ocorrem ininterrupta e continuamente desde a sua concepo at a sua morte.

Voc pode, contudo, estar se perguntando: qual seria a utilidade desse estudo? Para voc, professor, educador, a utilidade desse estudo acerca da Psicologia do desenvolvimento pode estar relacionada necessidade de se determinar valores e normas para uma interveno adequada, de forma a que ela no venha a se constituir num obstculo ao desenvolvimento harmnico das potencialidades do educando. J para os pais, por exemplo, o objetivo est correlacionado com a necessidade de se compreender mais profundamente o comportamento e as reaes de seus filhos, de modo a saber lidar com eles, saudavelmente. Seja qual for o objetivo, contudo, no h controvrsias quanto ao fato de que as mudanas na vida do indivduo humano so numerosas, diversificadas e em geral aleatrias, e essa circunstncia dificulta sobremaneira seu estudo.

Como j foi dito, a Psicologia, em sua amplitude de campos de estudo, acaba por especializar-se no mbito que concentra seus interesses, e assim, temos a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia cientfica que se ocupa de estudar o desenvolvimento humano, ou seja, a forma pela qual se processam as etapas da vida de um ser humano e suas mudanas psicolgicas. A educao, por sua natureza, recebe contribuies de diversas reas de saber humano, e a Psicologia da Educao, por sua vez, acaba tambm por valer-se do conhecimento construdo por toda e qualquer rea de conhecimento sobre o homem, inclusive as especialidades da Psicologia, que possam contribuir para uma maior e melhor compreenso acerca do mesmo, de modo a que suas aes e intervenes sejam mais eficientes na soluo dos problemas com que se defronta. Entendemos que estudar o desenvolvimento humano pode auxili-lo, como educador, a conhecer e compreender melhor determinadas condutas evidenciadas pela criana no seu processo de conquistas e de evoluo pessoal, e, portanto, a lidar melhor com essa realidade que envolve a aprendizagem contnua em que a criana se v envolvida, nas diferentes etapas do seu desenvolvimento. Considera-se que em razo de tomar como objeto de estudo vidas reais, o estudo do desenvolvimento pela Psicologia revela-se fascinante, embora seja tambm complexo. Essa complexidade se explica pelo fato de que o ser humano, em sua evoluo, est sujeito a influncias diversas, como: o contato com outras pessoas, as experincias anteriores, sua prpria realidade individual, suas capacidades, suas dificuldades, havendo, assim, muitas questes internas e externas a influenciar esse processo.

Conceitos Bsicos21

Entretanto, preciso distinguir trs aspectos bsicos: a maturao, tem a ver com mudanas naturais e espontneas, em geral, geneticamente programadas; o crescimento, tem a ver com mudanas basicamente ligadas ao gentico, ao hereditrio, ao fsico; o desenvolvimento, tem a ver com as mudanas decorrentes da aprendizagem de todo tipo que o ser humano realiza constantemente para sobreviver.

Para refletir...

Em qual desses processos, maturao, crescimento e desenvolvimento, voc como educador tem um papel importante? Por qu? Pergunta-se: Maturao, crescimento e desenvolvimento se correlacionam? primeira vista, at mesmo pelo senso comum, tendemos a pensar que crescer desenvolver-se e desenvolver-se tornar-se maduro. Contudo, importa saber pelo menos em relao ao crescimento e a maturao, que esses processos no ocorrem necessariamente de forma coordenada, justaposta ou concomitante; apesar de poderem ser simultneos, eles podem evidenciar-se, por vezes de forma bastante distinta. O termo desenvolvimento, em Psicologia, no seu sentido mais amplo, faz referncia s mudanas que ocorrem no ser vivo (humano ou animal) entre o nascimento e a morte, de modo ordenado e que se mantm por um perodo de tempo razoavelmente longo e que ainda resultam em comportamentos mais adaptativos, organizados, complexos e eficazes no sentido da sobrevivncia do indivduo. A Psicologia do Desenvolvimento se debrua sobre esses tipos de mudana, qual chama de mudanas de desenvolvimento e sobre as quais existem algumas coisas que voc deve saber. Vejamos: Segundo: voc deve saber que a mudana de desenvolvimento pode ser de dois tipos: Primeiro: as mudanas exigem da criana um espao para se processar, e este espao assume duas caractersticas: INTERNA (espao fsico, fisiolgico, psicolgico e afetivo) e EXTERNA (toda a realidade objetiva na qual a criana est inserida) e o CORPO o

meio de comunicao entre esses dois espaos experimentados pela criana. qualitativa - aquela mudana marcada pelo aparecimento de novos fenmenos na vida do indivduo, os quais no podiam ser previstos pelo seu funcionamento anterior. Refere-se a mudanas de tipo, estrutura ou organizao, como a aquisio de uma lngua, por exemplo. quantitativa aquela mudana que se refere ao nmero ou a quantidade, como, por exemplo, aumento de peso, de estatura, de n. de palavras no vocabulrio etc.22

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As mudanas de desenvolvimento ocorrem o tempo todo, apesar de j se saber, pelos estudos realizados, que o indivduo humano apresenta o que se entende por consistncia bsica na personalidade e no comportamento. O que isso? So traos de personalidade ou comportamentos que persistem moderadamente num determinado momento etrio de vida, a despeito das mudanas de desenvolvimento que ocorrem nesse perodo. Outro aspecto a ser considerado no que tange diferenciao de posio tericoprtica sobre o desenvolvimento exatamente o foco sobre o qual o estudo recai, ou melhor, o aspecto do desenvolvimento que se constitui como foco de seu interesse e estudo. Assim, h teorias que se voltaram mais para o estudo e a explicao do desenvolvimento cognitivo, outras, para o desenvolvimento da personalidade etc. Os estudos desenvolvimentistas realizados nas sociedades ocidentais evidenciaram que o desenvolvimento humano complexo e ocorre desde o nascimento at a morte do sujeito, e em decorrncia disso reconheceram a necessidade de teoricamente constituir os chamados perodos do ciclo de vida para melhor compreender na prtica o que ocorre com o ser humano durante sua vida. INATISTAS o desenvolvimento do sujeito independe do meio porque o sujeito j nasce pronto para tal; AMBIENTALISTAS/COMPORTAMENTALISTAS fundada no Behaviorismo de Watson e Skinner, esses tericos acreditam que a ao do sujeito depende de um estmulo que vem de fora e que elicia uma resposta com reforo positivo ou negativo (condicionamento

operante); AMBIENTALISTAS INTERACIONISTAS (SOCIOHISTRICOS OU SOCIOCULTURAIS) acreditam que o ser humano um ser ativo no mundo, interagindo com o ambiente e modificando-se a partir dessa interao. Fundam-se nas teorias de Piaget e Vygotsky. A Psicologia Desenvolvimentista, enquanto cincia, tem como objetivos descrever, explicar, prever e modificar o comportamento humano. Os tericos do desenvolvimento divergem quanto aos fatores causais do desenvolvimento, e, por conta disso deram origem a trs correntes, se assim podemos chamar:

Voc sabia que...A psicologia do desenvolvimento estuda o ser humano em todos os seus aspectos: fisico-motor, intelectual, afetivoemocional e social, do nascimento a vida adulta onde supe-se que tenha atingido a maturidade e a estabilidade.Por distrbio entende-se perturbao, alterao, desarranjo, movimento desordenado, desorientado, e este termo, aplicado noo de desenvolvimento, vm nos falar de situaes individuais, experimentadas pelo sujeito, que alteram, desarranjam, desordenam ou desorientam o curso normal do processo de desenvolvimento do mesmo, o qual, por fora disso, no se apresenta no tempo ou da mesma forma em que usualmente ocorreria para a maioria das pessoas ou se daria para o prprio sujeito. Entretanto, essa concepo nos obriga a estar atentos e a considerar mais ainda as diferenas individuais antes de definir um distrbio de desenvolvimento, principalmente porque as diferenas de desenvolvimento evidenciadas por um sujeito no seu comportamento podem ser causadas pelas diferenas de maturao, ao invs de se constituir num distrbio.23

Vamos ver o que um distrbio de desenvolvimento? uma noo que decorreu como conseqncia da noo de que existe uma idade mdia para a ocorrncia das mudanas de desenvolvimento, e que na prtica tem repercusses muito maiores que na teoria. Vejamos:

Voc sabia que...A maturidade tem a ver com a condio de estar pronto para desenvolver certos comportamentos, em razo de ter vivido de maneira satisfatria e no tempo usual a seqncia de mudanas fsicas, cognitivas e psicossociais necessrias para a aquisio e domnio das habilidades especficas que se correlacionam com os comportamentos.

1.O amadurecimento do ser humano espontneo, uma vez que o ser humano tem uma tendncia natural para desenvolver-se. Alm disso, o ritmo e a integrao nesse processo de maturao so fenmenos

individuais, e isso explica porque no devemos, principalmente ns, educadores, criar expectativas rgidas em torno das conquistas das crianas exatamente porque o momento de realizar a aprendizagem individual, subjetivo, o que nos permite concluir que existe uma relao direta entre maturao e desenvolvimento: a criana incorpora determinadas aprendizagens no momento em que est basicamente madura para faz-lo.

2.Saiba mais...Os estudos desenvolvimentistas revelaram que existe para as pessoas uma seqncia geral de desenvolvimento em que as mudanas ocorrem numa idade mdia. Contudo, esses estudos tambm revelaram que no se pode perder de vista as diferenas individuais, que fazem essa mdia deslizar, para mais ou para menos, quanto velocidade ou quanto aos resultados do desenvolvimento. Apenas quando esse desvio extremo que se pode considerar que estamos diante de um distrbio no desenvolvimento.24

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LEMBRE-SE: no contexto desta multiplicidade de fatores e influncias que se deve proceder ao estudo do desenvolvimento de cada pessoa humana, e a importncia desse estudo reside na possibilidade que ele nos d, enquanto educadores, de, compreendendo convenientemente a criana, colaborar com sua formao integral como ser humano.

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Por fim, vamos considerar os Princpios Gerais do Desenvolvimento, adotados por quase todos os tericos desenvolvimentistas. So eles: I. as pessoas se desenvolvem em ritmos diferentes; II. o desenvolvimento relativamente ordenado (certas habilidades so desenvolvidas antes de outras, funcionando quase como prrequisito para essas ltimas); III. o desenvolvimento acontece de forma gradual. Ainda importa considerar que atuam de modo significativo na vida do ser humano, as chamadas Influncias sobre o desenvolvimento e essas podem ser Internas, quando decorrem de fatores hereditrios, ou Externas quando os fatores influentes so provenientes do meio externo, do ambiente. Da que, retomando a afirmao anterior, voc precisa entender que, no que se refere s mudanas de desenvolvimento, antes de se falar em distrbio de desenvolvimento quando nos defrontamos com uma manifestao

diferente, preciso considerar as diferenas individuais, as quais podem, no caso especfico, ser explicadas apenas por uma questo de imaturidade do indivduo, no tocante ao comportamento especificamente em discusso. Ainda preciso considerar outra noo cuja construo se fez necessria aos estudos desenvolvimentistas a de Aspectos do Desenvolvimento: aspectos diferentes da vida humana que sofrem mudanas de desenvolvimento e que, entretanto, esto entrelaados e so influentes entre si: desenvolvimento Fsico: mudanas no corpo fsico, crebro, capacidade sensorial e habilidades motoras (aparato biolgico); desenvolvimento Cognitivo: mudanas na capacidade mental (aprendizagem, memria, raciocnio, pensamento e linguagem); desenvolvimento Psicossocial (Pessoal e Social): mudanas na Personalidade do indivduo, ou seja, no seu modo peculiar e relativamente consistente de sentir, reagir e se comportar, e no seu relacionamento interpessoal; desenvolvimento Moral, referido capacidade de, no relacionamento interpessoal, considerar regras de conduta, envolvendo julgamentos sobre certo e errado. 25

Ciente de que na Psicologia Desenvolvimentista, muitas de suas mais importantes e influentes teorias respaldam-se em uma das seis perspectivas tericas contemporneas da Psicologia: a Psicanlise, a P. da Aprendizagem, a P. Cognitiva, a P. Contextual, e a P. Humanista, vamos aqui estudar as teorias ou a teoria de cada perspectiva terica, que tem se apresentado mais relevante ou mais contribuitiva para os nossos objetivos de estudo nesse curso, ainda que brevemente.

Perspectivas Tericas sobre o Desenvolvimento HumanoAgora hora de

TRABALHAR

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Ateno!!! Vimos at aqui alguns conceitos que voc precisa conhecer suficientemente para compreender como a Psicologia v e explica o desenvolvimento humano, e qual a importncia disso para o educador (a saber: maturao; crescimento; desenvolvimento; mudanas de desenvolvimento; consistncia bsica; perodos do ciclo de vida; aspectos do desenvolvimento; princpios gerais de desenvolvimento). Reflita sobre os mesmos e agora sintetize aqui o seu entendimento num texto de no mximo 15 linhas, respeitando e apontando a relao lgica que existe entre eles.26

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Essa teoria se intitula psicossexual, porque para Freud a energia psquica que move o ser humano originalmente inata e sexual, o ID, e dela que derivam as duas outras instncias da personalidade, o Ego e o superego. nenhuma teoria do desenvolvimento humano universalmente aceita; nenhuma teoria do desenvolvimento humano completa, nem aborda todas as facetas do desenvolvimento humano; as teorias divergem quanto nfase que do aos fatores inatos ou ambientais; ao desenvolvimento quantitativo ou qualitativo, e ainda quanto noo de continuidade ou descontinuidade do processo do desenvolvimento.

A Perspectiva Terica PsicanaliticaExistem, nessa perspectiva, trs teorias principais e voc pode se perguntar qual seria a diferena entre elas ou qual delas explicaria melhor o desenvolvimento humano. A questo que todas elas se centram em investigar e explicar as causas do comportamento humano, reconhecendo como causa as foras inconscientes, subjascentes

e motivadoras do comportamento individual humano. Alm disso, elas tambm tomam como questo central de seus estudos, responder se o desenvolvimento saudvel do indivduo humano depende mais da individuao do eu ou da vinculao com o outro. A Teoria Psicanaltica, conforme j vimos anteriormente no tema 1, de extrema importncia para o estudo do desenvolvimento humano. Vamos ver agora de forma mais detalhada os conceitos estudados por FREUD ( ID, EGO e SUPEREGO e as fases do desenvolvimento psicossexual humano.Ainda considere: As cinco perspectivas tericas tm, cada uma, uma caracterstica bsica fundamental. Vejamos: psicanaltica - concentra-se e enfatiza as emoes; da Aprendizagem - enfatiza o comportamento observvel; cognitiva - enfatiza os processos de pensamento; contextual - enfatiza o impacto do contexto social e cultural; humanista - enfatiza o potencial do homem para o desenvolvimento positivo e saudvel.

Entretanto, fique atento: Quais so essas teorias?Num primeiro momento de sua obra, intitulado A primeira Tpica, Freud estava convicto de que o psiquismo humano se estruturava em duas partes, chamadas por ele de CONSCINCIA (menor poro e mais insignificante, superficial de toda a personalidade) e a INCONSCINCIA (maior e mais significativa parte da personalidade, sede das foras ocultas responsveis por todo o impulso do comportamento humano). Sua teoria foi sendo escrita pari passo com a sua prtica clnica no atendimento a pessoas com problemas emocionais, e assim ele foi construindo sua teoria, que resultaria, mais tarde, a chamada Segunda Tpica, que na verdade uma reconstruo o funcionamento do aparelho mental, agora concebido em trs instncias: Id, Ego e Superego.27

Vejamos a concepo freudiana das fases de desenvolvimento

psicossexual humano:I. FASE ORAL 0 a 18 meses. Nesta fase o ser humano movido pela pulso bsica de sobrevivncia, associando prazer com reduo de tenso, e esse mecanismo est relacionado ao processo de alimentao. Necessidade e gratificao concentram-se em torno dos lbios, boca, lngua e dentes, enfim, a oralidade. Durante essa fase, a estimulao da boca, como o sugar, morder e engolir a fonte primaria do prazer; II. FASE ANAL - 18 meses a 03 anos. Correlato ao aprendizado social do controle dos esfncteres, estes, esfncteres anais e bexiga, passam a se constituir nas novas reas corporais de tenso (necessidade) e gratificao (prazer), principalmente porque esto associadas com recompensas e punies, prazer e desprazer, durante todo o aprendizado, em funo da adequao social que diz respeito ao controle das esfncteres.Durante esse estgio as crianas podem expelir ou reter fezes, por exemplo, desafiando os pais;

Nesta teorizao v-se claramente que o desenvolvimento humano concebido como se processando em fases, as quais devem suceder-se naturalmente, quando se trata de um desenvolvimento normal. Essas fases dizem respeito ao desenvolvimento da personalidade, concebida em trs sistemas - ID, EGO e SUPEREGO correlacionados com a energia psquica que a fora motriz para a operao da personalidade, e, conseqentemente, para a sua manifestao pelos comportamentos. O ID a parte mais primitiva da personalidade, corresponde mais ou menos noo de inconsciente. O ID busca a satisfao imediata dos impulsos, agindo de acordo com o princpio do prazer. constitudo por foras e impulsos, inclusive os sexuais. O Ego a sede da conscincia, considerado o executivo da personalidade, na medida em que dirige a ao do sujeito, conciliando as exigncias do Id, com o mundo externo e as ordens do superego. regido pelo princpio da realidade. O Superego, por sua vez, tm um desenvolvimento iniciado desde a primeira infncia atravs do convvio e submisso do sujeito a regras e limites, funciona como a referncia moral e ideal da personalidade para o sujeito, constituda pelos valores ideais e tradicionais da sociedade, e, diga-se de passagem, do modo como foram interpretados e internalizados pela criana, a partir do ditame de seus pais, numa relao de condicionamento em que reforos e castigos foram empregados (na chamada educao domstica). Ele se coloca como um sensor cuja atuao depende do autocontrole do indivduo.Na fase oral e na fase anal a criana ainda tem sua socializao mais restrita ao ambiente

familiar, primordialmente s figuras do pai e da me, e caminha de uma situao de completa satisfao e gratificao, como beb, para experimentar aos poucos algumas frustraes decorrentes do processo de adaptao s exigncia do mundo social, como o controle de esfncteres. Freud chama a ateno para a necessidade de se viver o processo de adaptao do pequeno ser ao mundo extra-uterino de uma forma que ele tenha amparo afetivo e emocional, para evitar que as frustraes se constituam em perturbaes de comportamento a trazer danos futuros.28

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Educao III. FASE FLICA 03 a 07 anos. Nesta fase a erotizao desloca-se para as reas genitais do corpo; o perodo em que se manifestam os impulsos sexuais, e o interesse pela diferena anatmica entre os sexos, que percebida pela criana, o que oportuniza a vivncia da primeira etapa do complexo de dipo. Chama-se de flica, numa referncia ao falo que simbolicamente representa o pnis. Ainda so desta fase o processo de identificao e de sexuao da criana, que vai a partir da conhecer sua identidade sexual, feminina ou masculina. Tambm aqui se desenvolve a conscincia moral, pelo desenvolvimento do superego. Aqui devemos destacar a importncia que Freud atribui a essas trs fases, bem como sua idia de que o desenvolvimento saudvel envolve a satisfao das necessidades sentidas pela criana em cada perodo, que certamente ir repercutir na fase adulta. Na fase flica a socializao do ser se expande para outras figuras que no mais o pai e a me, indo do ambiente familiar para o ambiente escolar, onde as diferenas individuais e sexuais fazem parte do interjogo das relaes. Ao mesmo tempo em que a diferena sexual entre meninos e meninas atua nas relaes com outras crianas, repercute tambm na relao com os pais (complexo de dipo), a partir do qual a criana vai trilhar o seu caminho de identificao sexual com uma das figuras parentais, cuja importncia muda de direo, mas no se perde em extenso, sendo agora importantssimo o seu papel como modelo de orientao da identificao sexual. IV. FASE DE LATNCIA 07 a 12 anos. H o declnio do complexo de dipo.Esse perodo corresponde a um enfraquecimento das pulses sexuais, pelo fortalecimento do superego, com a conseqente represso das manifestaes sexuais pelas barreiras mentais conhecidas como repugnncia, vergonha, moralidade. A libido sexual canalizada para finalidades cognitivas e culturais, como o domnio da leitura e da escrita e corresponde, em idade, ao perodo do ensino fundamental, onde socialmente se investe na aquisio de habilidades, valores e papis culturalmente esperados e aceitos. H um distanciamento entre os sexos, e a formao social de grupos de gnero: bolinha e luluzinha. PUBERDADE 12 a 14 anos para as meninas; 14 a 16 anos para meninos. Retorno da energia libidinal aos rgos sexuais; V. FASE GENITAL APS A PUBERDADE. Fase final do desenvolvimento biolgico e psicolgico, marcada pela conscincia das necessidades sexuais, da identidade sexual, que em geral assumida, buscando-se formas de satisfazer as necessidades sexuais. Na fase genital o reaparecimento da libido sexual, tambm aceito socialmente, leva o ser a experimentar outros tipos de relaes, envolvendo sentimentos e afetos amorosos e sexuais, para os quaisda

as experincias emocionais das fases anteriores assumiro vital importncia na feio de sade e normalidade que elas possam tomar agora.

Observa-se na teoria de desenvolvimento formulada por Freud que a fase flica a fase cuja soluo mais importante para o desenvolvimento saudvel do ser humano e pela prtica clnica evidenciou que os distrbios neurticos dos adultos ocidentais eram em sua maioria causados por desvios ocorridos nessa fase. Da tambm vale a ressalva para a importncia das prticas educativas no desenvolvimento da criana, porquanto prticas inadequadas promovem desajustes que sero vividos como problemas na idade adulta. Por qu? Ora, simplesmente porque as experincias emocionais tidas pela criana na interao com adultos significativos para ela afetam enormemente a personalidade e sua manifestao na idade adulta.29

Pavlov e Skinner

Pois bem, para Freud o desenvolvimento normal do ser humano causado por fatores inatos modificados pela experincia, que so em verdade os seus impulsos sexuais, e as exigncias sociais, que geram conflitos numa seqncia invarivel, a qual envolve o atravessamento de fases, o que, na verdade, significa e envolve o deslocamento da zona ergena do corpo ou da zona de tenso da libido para partes ou rgos especficos, em tempos especficos do desenvolvimento.

A PERSPECTIVA TERICA COMPORTAMENTALa Teoria Tradicional da Aprendizagem (Behaviorismo de Pavlov e Skinner), que concebe o indivduo humano como um mero respondedor de estmulos apresentados pelo meio, de modo que este, o meio ambiente controla o comportamento. O desenvolvimento humano, portanto, resulta da experincia individual do sujeito no meio ambiente, a qual marcada significativamente por uma histria de reforos positivos e negativos, segundo os quais o indivduo desenvolve ou extingue comportamentos especficos. O Behaviorismo de Skinner considera a criana como um organismo passvel de ser

modelado, porquanto totalmente manipulvel, de tal modo que seus distrbios podem ser corrigidos atravs do condicionamento operante, pelo qual se trabalha a extino do comportamento indesejvel ou o reforamento positivo do comportamento desejvel, e disso resulta uma aprendizagem que leva ao desenvolvimento. Nessa perspectiva, os tericos compreendem que o desenvolvimento humano resulta de um processo de aprendizagem contnua e pode ser estudado de maneira objetiva e cientfica. A teoria mais representativa dessa perspectiva :30

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Para Piaget, o desenvolvimento humano cumpre uma funo: produzir estruturas lgicas que venham possibilitar ao indivduo atuar sobre o mundo. Considerando que o organismo precisa conhecer o mundo para adaptar-se a ele e que existe uma realidade externa ao sujeito que regula e corrige o desenvolvimento desse conhecimento adaptativo, Piaget dedicou-se a estudar a gnese do conhecimento: quais os processos mentais envolvidos numa situao de resoluo de problemas e os processos que ocorrem na criana para possibilitar aquele tipo de atuao. Da a denominao de sua obra - EPISTEMOLOGIA GENTICA, cuja concepo bsica a de que os processos humanos de pensamento mudam radicalmente, embora lentamente, desde o nascimento at a maturidade, porque o homem est constantemente lutando para atribuir sentido ao mundo que o cerca. Desse trabalho duas conseqncias importantes advieram: a concepo de que existem quatro fatores que interagem e influenciam o processo de desenvolvimento humano, fatores esses que so a hereditariedade, o crescimento orgnico, a maturao neurofisiolgica e o meio;

A PERSPECTIVA TERICA COGNITIVAEssa perspectiva terica tem seus estudos voltados para a investigao das mudanas qualitativas nos processos de pensamento, e compreende que estas se refletem no comportamento. Concebe o homem como um agente ativo construtor de seu mundo e de seu prprio desenvolvimento. Voc j deve ter ouvido, pelo menos, falar da teoria que mais representa a Perspectiva Cognitiva: a Teoria dos Estgios Cognitivos de Piaget, a qual compreende que o desenvolvimento decorre da interao de fatores inatos e da experincia, e que o

desenvolvimento cognitivo se d em quatro estgios: sensrio-motor, properacional, operaes concretas e operaes formais. Piaget, em verdade tinha interesse em estudar as questes relativas ao conhecimento, o que e como se pode chegar a ele, e por entender que atravs do desenvolvimento da criana isso seria possvel, ele se volta para o estudo da natureza do pensamento infantil e dos seus estgios de desenvolvimento, assim sendo, as contribuies que ele tem oferecido aos educadores referem-se ao modo como a criana pensa e s mudanas que ocorrem em seu pensamento em diferentes estgios. a concluso de que as espcies herdam duas tendncias bsicas de pensamento, as quais ele chamou de funes invariantes: a organizao e a adaptao. Vejamos:31

A perspectiva contextual, como sua denominao evoca, baseia-se na premissa de que o desenvolvimento humano somente pode ser compreendido em seu contexto social. Concebe o indivduo como uma parte inseparvel da cultura atuando sobre o mundo, atravs das relaes sociais, transformando-o. E assim se d o desenvolvimento que est alicerado sobre o plano das das interaes.

PERSPECTIVA TERICA SCIO-INTERACIONISTATem seu expoente na Teoria Sociocultural de Vygotsky, tambm chamada de Psicologia Sociohistrica, a qual enfatiza a correlao entre desenvolvimento e aprendizagem, a importncia da interao social para este processo e, assim, concebe que o desenvolvimento do indivduo se d num contexto social, em contnua transformao. Como educador voc j deve ter ouvido falar muito de Vygotsky, principalmente porque sua obra a fonte de inspirao do socioconstrutivismo, uma tendncia cada vez mais presente na postura dos educadores, para quem sua obra serve de orientao. Ainda que no tendo elaborado uma pedagogia, ele deixou idias bastante significativas para a educao, ao conceber que o desenvolvimento humano produto da convivncia sociocultural do humano, na medida em que a interao social do aprendiz com o educador pode realizar o potencial de aprendizagem do mesmo. Vygotsky dedicou-se ao estudo da PEDOLOGIA. Voc sabe o que isso? Pois bem. a Cincia que estuda a criana em seus aspectos biolgicos, psicolgicos e

Na ausncia do outro, o homem no constri o homem. Pense sobre isso! Vygotsky acreditava que o ser humano um sujeito ativo, inserido num contexto histrico e cultural do qual ele participante. Sua principal preocupao terica era estudar os processos de transformao do desenvolvimento humano, para o que concentrou seus estudos nas funes psicolgicas superiores, bem como nas mudanas qualitativas de comportamento que ocorrem ao longo do desenvolvimento humano e sua relao com o contexto social, e, particularmente nesse campo, suas reflexes sobre o papel da educao no desenvolvimento humano foram e so at hoje muito significativas para voc, educador.

antropolgicos, considerando essa disciplina a cincia bsica do desenvolvimento humano, uma vez que a mesma fazia uma sntese das diferentes disciplinas que estudam a crian,a o sujeito central da pr-histria do desenvolvimento cultural, em face do surgimento do uso de instrumentos e da fala humana. Voc sabia que a obra de Vygotsky considerada pertencente ao campo da Psicologia Gentica?

Voc sabia que... Saiba mais...Vygotsky32

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De tais teses decorrem alguns conceitos fundamentais: MEDIADOR: elemento, instrumento ou signo, que propicia a mediao; MEDIAO: processo de interveno de um terceiro elemento intermedirio - o instrumento como agente facilitador da relao entre o homem e seu meio ambiente.

INSTRUMENTO: ferramenta auxiliar da atividade humana, da interao do homem com o meio, e que pode ser tcnico, quando atua no meio externo ao homem, ou Psicolgico, quando atua internamente, na mente humana. Os primeiros so as ferramentas, enquanto os segundos so os signos, elementos que representam um objeto, situao ou realidade para o sujeito e que, por isso, controlam seu comportamento. O instrumento psicolgico de destaque para Vygotsky a linguagem. ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL (ZDP): este, por ser o mais conhecido e por sua importncia, ser objeto de um estudo detalhado logo mais. as funes psicolgicas superiores tm origem cultural - se originam no social, nas relaes do indivduo com o seu contexto cultural e social, a partir das demandas decorrentes do trabalho; o desenvolvimento mental humano no dado a priori, nem imutvel nem universal, no passivo, nem independente do desenvolvimento histrico, do que resulta a compreenso de que a cultura parte constituda da natureza humana; a base biolgica do funcionamento psicolgico o crebro, produto de uma longa evoluo e constitudo como um sistema aberto, plstico, de estrutura e modos de funcionamento moldados pela histria da espcie e pelo desenvolvimento individual; a relao do homem com o meio no uma relao direta,ela sempre mediada por instrumentos, presentes em toda atividade ou trabalho humano.

* * *De fato, se considerarmos que o termo gentica aqui empregado refere-se ao estudo da origem e da formao das caractersticas psicolgicas do ser humano, ou seja, estudo da gnese, formao e evoluo dos processos psquicos superiores do ser humano. A Psicologia gentica preconiza que o psiquismo humano se constitui e se desenvolve ao longo da vida do sujeito, no sendo uma faculdade inata.33

Para ele, o desenvolvimento humano socialmente construdo, imprevisvel, particular, dinmico, dialtico, e se d atravs de rupturas e desequilbrios que provocam contnuas reorganizaes pelo indivduo. Decorre das constantes interaes com o meio social em

que vive, sendo mediado por outras pessoas do grupo social que lhe indicam, delimitam e atribuem significados realidade. Por intermdio dessas mediaes, a criana alcana maturidade, apropriando-se de padres de comportamentos mais sofisticados, at internaliz-los, quando no mais se apia em signos externos, porque so agora capazes de controlar sua prpria ao psicolgica, a partir de recursos internalizados. Aps estudarmos alguns pressupostos bsicos da teoria sociohistrica de Vygotsky, como voc compreende o desenvolvimento humano a partir desses estudos? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ___________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ___________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ___________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ___________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ___________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ___________________ Agora hora de

TRABALHAR

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Vygotsky compreende que o psiquismo humano se origina nas condies sociohistricas de vida do indivduo, e estas esto relacionadas ao trabalho social, o que implicou na necessidade do emprego de instrumentos como mediadores entre o homem e o mundo, instrumentos estes que podem ser tcnicos, como as ferramentas de trabalho, e simblicos, como a linguagem.

Saiba mais...Tanto o uso de instrumentos quanto a funo simblica da fala humana vo se aperfeioar ao longo da histria, e funcionar fazendo a mediao entre o homem e o mundo, permitindo ao homem regular suas aes sobre os objetos e dominar este mundo e tambm regular as aes sobre o psiquismo das pessoas e o seu prprio comportamento.34

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Retomando a correlao entre aprendizagem e desenvolvimento, Vygotsky considera a aprendizagem um processo necessrio e fundamental ao processo de desenvolvimento das funes psicolgicas superiores. Disso entende-se que o desenvolvimento depende da aprendizagem que o indivduo realiza num determinado contexto social, e por isso Vygotsky se preocupou tanto com as relaes entre aprendizagem e desenvolvimento em sua obra, estudando-a sob dois aspectos: a relao em si mesma, entre aprendizado e desenvolvimento e as peculiaridades dessa relao no perodo escolar. esse processo ele desenvolveu mais um conceito de peso: a zona de desenvolvimento proximal, que citamos antes. Por zona de desenvolvimento proximal, ele definiu a distncia entre o nvel de desenvolvimento real e o nvel de desenvolvimento potencial da criana; em outras palavras a zona que separa o indivduo de um desenvolvimento que est prximo, mas ainda no foi alcanado. desenvolvimento real refere-se s funes ou capacidades que a criana tem e domina sozinha, independente de auxlio; desenvolvimento potencial refere-se s funes ou capacidades que a criana ainda no tem sua disposio, no domina sozinha, mas capaz de realizar com o auxlio de algum, que funciona como mediador, ajudando o indivduo a desenvolver uma capacidade que ainda no tinha sido atingida por ele, sozinha. Segundo Vygotsky, a evoluo intelectual da criana caracterizada por saltos qualitativos de um nvel de conhecimento a outro, e para explicar Para uma melhor compreenso, entenda-se que: O professor o mediador do desenvolvimento da criana, e por isso, deve atuar na zona de desenvolvimento proximal, acompanhando a criana e auxiliando-a a avanar superando as dificuldades e conquistando a consolidao das capacidades em aprendizagem. Para isso ele precisa e deve conhecer o nvel de desenvolvimento real da criana e organizar sua ao, sua prtica pedaggica de modo a propiciar criana, seu aluno, a consolidao do desenvolvimento de

uma habilidade ou capacidade que era apenas potencial. Isso lhe exige tambm conhecer o desenvolvimento potencial do aluno e respeitar a zona proximal de cada um, j que ela difere de um aluno para o outro.

Para refletir...Ora, d para voc agora refletir sobre o papel do professor nessa teoria? Vamos l!35

Agora, aps esse percurso no que toca s perspectivas tericas da Psicologia sobre o desenvolvimento humano, ainda podemos considerar dois posicionamentos tericos, a saber:A TEORIA GESTLTICA Como j vimos no tema 1, a Gestalt se constituiu como uma teoria de protesto tendncia psicanaltica dominante na Psicologia da poca, preconizando a importncia de se perceber o todo, e a relevncia da percepo para a aprendizagem, que, ao promover mudanas bilaterais indivduo-meio promove o desenvolvimento. De sua influncia, resultou o posicionamento seguinte, que se intitula Teoria Existencial-Humanista. TEORIA EXISTENCIAL HUMANISTA Essa teoria compartilha com a Gestalt a influncia dos filsofos alemes e do existencialismo francs, e se configurou como uma resposta s crenas psicolgicas negativas sobre a natureza humana, subjascentes s teorias psicanaltica e behaviorista, segundo os psiclogos humanistas. Tem-se no trabalho de Maslow, Allport, Rollo May e Carl Rogers uma evidncia da nfase que se d pessoa humana em sua totalidade e unicidade, e da crena de que o desenvolvimento ou crescimento pessoal resulta do dilogo, da intersubjetividade, da comunho e do compartilhamento mtuo das experincias. Concebe que o organismo humano tem naturalmente uma tendncia atualizao, ou seja, uma tendncia bsica para atualizar-se, manter-se e desenvolver-se de modo positivo e saudvel. O desenvolvimento, portanto, seria um estado naturalmente buscado pelo indivduo como recurso necessrio para o enfrentamento da vida.

Voc sabia que...Apesar de existirem crticas a essa teoria, principalmente no que diz respeito a ela no ter formulado propriamente uma teoria de desenvolvimento, os tericos humanistas sintetizaram e apresentaram modelos de desenvolvimento considerados otimistas , porque do ateno aos fatores internos da personalidade, como os sentimentos, valores e esperanas, respeitam as diferenas e as peculiaridades individuais.36

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Aspectos do Desenvolvimento Humano: Desenvolvimento Fsico, Cognitivo e PsicossocialEsperamos que tudo o quanto estudado e discutido at o presente momento lhe possibilite compreender que o desenvolvimento humano contnuo, manifesta-se em mltiplos aspectos e estes, apesar de distintos e particularizados, esto integrados e guardam entre si uma relao de interferncia e influncia mtua. Por isso, o estudo dos mesmos no pode ser segmentado. Curiosamente, mesmo em face de nossas limitaes e de nosso processo de aprendizagem que, apenas para fins didticos, a Psicologia Desenvolvimentista compartimenta tais estudos em segmentos de acordo com os aspectos em foco. No se deve perder de vista, contudo, a necessidade de integr-los para uma melhor compreenso da realidade evolutiva do homem, de modo global. Ateno! Outra observao nos parece oportuna: Considerando o carter adaptativo das mudanas do desenvolvimento, sabemos que ele constante no ciclo vital. Entretanto, voc se lembra que falamos de perodos do ciclo de vida? Pois bem, essa noo orienta tambm a observao e os estudos realizados sobre cada um dos aspectos do desenvolvimento. Isto quer dizer que cada aspecto do desenvolvimento humano considerado em cada perodo do ciclo de vida. Isso esclarecido, vejamos os chamados: Com Coprnico, o homem deixou de estar no centro do universo. Com Darwin, o homem deixou de ser o centro do reino animal. Com Marx, o homem deixou de ser o centro da histria (que, alis, no possui um centro). Com Freud, o homem deixou de ser o centro de si mesmo. Eduardo Prado Coelho As emoes vividas em conjunto so importantes nesta idade para fomentar os relacionamentos interpessoais desejveis. J. Pikunas. Vimos algumas mudanas de desenvolvimento

cognitivo, em seus aspectos gerais. Agora, vamos discutir teoricamente algo que voc, no seu dia a dia, constata naturalmente. As mudanas de desenvolvimento fsico e cognitivo sofridas pelas crianas, repercutem de forma direta e particular em sua vida emocinal e social. Contudo, tambm no se pode deixar de considerar outro fato incontestvel - o de que o indivduo humano apresenta emoes desde o nascimento, embora em torno disso haja controvrsias entre tericos. Essa evidncia, incontestvel, vem confrontando os desenvolvimentistas com uma riqueza e variedade de situaes individuais que lhes demanda um estudo minucioso e cuidadoso.A teoria que mais tem sido referenciada no estudo do desenvolvimento emocional do indivduo humano a psicanlise, exatamente pelo quanto essa teoria se preocupou em estudar a personalidade humana e por quanto essa importante para a compreenso da afetividade, da vida emocional do sujeito.

ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL37

Voc pode se perguntar; Por qu?E a resposta remete a reconhecer que a personalidade a instncia no indivduo humano que rene e integra os padres individuais de ao, reao e interao do sujeito com os outros, integrando o aspecto cognitivo e o aspecto afetivo, emocional do ser humano. Enfim, importa considerar como fundamental que as emoes assumem um valor significativo no comportamento do homem porque movimentam a vida e permitem os relacionamentos interpessoais, revelam o sujeito nestas relaes. A boa capacidade de expressar as emoes aliada capacidade de pensar anuncia um desenvolvimento emocional satisfatrio, e, na medida em que este tem repercusses positivas nos relacionamentos interpessoais, temos ento um desenvolvimento psicossocial satisfatrio do indivduo.

Sugesto:Pesquise mais sobre essa teoria relatada anteriormente.

O primeiro ano de vida considerado um momento muito importante, onde o comportamento do indivduo est correlacionado predominantemente aos ajustamentos orgnicos internos, e ainda que no existam pensamentos, existem sentimentos desde esse momento primeiro de vida, para o qual a presena e o comportamento dos pais se apresentam como fundamentais. A criana passa a fazer parte de grupos sociais mais diversificados, onde tambm experimenta papis sociais diversos, em torno dos quais novas e diferentes experincias so vividas, e disso resultam novas expectativas em torno de si. A criana com suas caractersticas estruturais, suas percepes do mundo e das pessoas, bem como as aprendizagens de ordens diversificadas que experimenta compem a base, o lastro sobre o qual se do os acontecimentos importantes da vida, desde ento. Esse quadro que aqui rapidamente pintamos, exerce uma significativa influncia no processo de desenvolvimento do eu, decisivamente influenciado pela cultura. A mobilidade da criana dentre os grupos sociais institudos - a famlia, a escola, os amigos etc. - este perodo da vida significativo e promove, por seu turno, mudanas tambm significativas na vida da criana. Tm-se crianas mais independentes dos pais, mais envolvidas socialmente em grupos de amigos, onde as descobertas sobre si mesmo, suas atitudes, valores e habilidades se tornam mais evidentes. A criana hoje em dia, cada vez mais envolvida com as questes familiares, sociais, numa dinmica, onde por vezes, nem sempre a sade permanece preservada, cedendo espao para o desencadeamento dos chamados distrbios emocionais.

Ainda preciso considerar alguns outros aspectos, a saber:38

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E agora que voc j definiu, pense e responda: que papel exerce o educador no processo de desenvolvimento psicossocial da criana?

O DESENVOLVIMENTO DO EUComo decorrncia do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento psicossocial, na medida em que a criana convive com outros, semelhantes, ela vai desenvolver conceitos mais realistas, mais elaborados e complexos de si mesma, o que lhe permite construir e afirmar um autoconceito. O que isso? a idia que o sujeito forma de si mesmo. De logo, podemos reconhecer que o autoconceito alvo de um desenvolvimento contnuo na infncia, e guarda estreita relao com o desenvolvimento da auto-estima. A auto-estima, por seu turno, uma dimenso que integra os aspectos cognitivos, emocionais e sociais da personalidade, para a qual a aprovao social do outro fundamental, e a qual tambm tem influncia significativa na definio da identidade pessoal da criana.

importnte considerar e observar o grupo social para onde a criana se dirige, a partir de um determinado momento de seu crescimento, porque este certamente vai assumir um papel relevante, e at muitas vezes determinante, no processo de desenvolvimento psicossocial da criana e, a depender da cultura desse grupo, esse papel pode ser positivo ou negativo para o desenvolvimento saudvel da criana. O primeiro grupo social para onde a criana canaliza sua expresso de desejos, conquistas, dvidas e conflitos normalmente est no contexto escolar, onde ela constitui o grupo de amigos, e, em geral, o meu melhor amigo, inicialmente num movimento de paridade que observa e conserva as relaes de semelhana quanto a sexo, idade, etnia, condio socioeconmica e proximidade geogrfica. Nesse grupo social tambm temos o primeiro deslocamento da figura de autoridade sobre a criana, dos pais para o professor. Voc j deve ter ouvido falar de situaes em

Saiba mais...Apesar da diversificao de relacionamentos da criana, e do quanto elas esto imbudas de conquistar independncia em relao aos pais e de estar menos tempo na relao direta com eles, o papel destes continua sendo decisivo, e interfere fortemente no processo de desenvolvimento psicossocial da criana. inegvel o modo como as crianas so afetadas pelas ocorrncias familiares e parentais. Alm do mais, deve-se considerar a natureza cada vez mais variada dessas ocorrncias, no que se refere aos tipos, dimenso e fora de impacto que elas assumem, em razo das vicissitudes da vida moderna ocidental divrcio, violncia, problemas econmicos, problemas emocionais etc.39

que a criana diz aos pais que no do jeito deles que se faz, que eles no sabem como fazer o que o professor diz, porque o professor que sabe! Olhe aqui a transcendncia do papel do professor! O professor tende a receber a projeo das figuras materna e /ou

paterna, aquela que exerce autoridade significante sobre a criana, mas com um encargo a mais: o de oferecer outro referencial de autoridade que a criana possa confrontar com o dos pais, at porque isso est autorizado pelos prprios pais! O professor a autoridade mxima na sala de aula, no ? Isso dito criana e reafirmado at na fala dos pais que determinam criana que obedea ao professor e que a elogiam quando o faz, e repreendem, quando no o faz!

Para refletir...J pensou na sua responsabilidade como professor nesse processo?

Saiba mais...Estamos a falar do grupo social e de como ele assume importncia inusitada no processo de desenvolvimento psicossocial da criana. Por que tamanha importncia? Ora, vimos que a criana quando est se desenvolvendo se volta para o grupo social com sede de fazer conquistas, de quebrar padres, e ali, constitui modelos que substituem ou compartilham a funo com os pais. E, considerando que o primeiro grupo social para o qual a criana endereada a escola, isso deve explicar para voc, educador, o porqu de estarmos dando nfase a essa reflexo. Pensando na escola enquanto grupo social, natural compreender que, quando este propicia relaes saudveis e positivas entre seus membros, ele impulsiona o desenvolvimento de habilidades sociais, como tambm de habilidades emocionais: o sentimento de pertena, o autoconceito e a auto-estima40

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da criana, condies essenciais para a continuidade do processo de desenvolvimento em todos os seus aspectos. A aceitao social e o grau de popularidade que a criana alcana no grupo tm influncia direta e significativa na auto-estima e conseqentemente no autoconceito. To evidente quanto esta situao aquela em que a rejeio social se constitui num dos fatores que causam problemas emocionais e comportamentais. tambm no seio do grupo social onde se desenvolve a amizade, como falamos

antes, sentimento diferenciado da popularidade pelo fato de envolver comprometimento mtuo e troca, de natureza afetiva significativa. Observa-se que as bases de constituio das amizades variam com a idade, mas inegavelmente na terceira infncia a intimidade e a estabilidade dos relacionamentos aumentam em relao ao perodo anterior.

O DESENVOLVIMENTO MORALNaturalmente, como decorrncia do desenvolvimento psicossocial, ocorre tambm no indivduo humano mudanas no que se refere ao julgamento de certo e errado, algo de suma importncia para esse momento, em que a socializao se faz cada vez mais crescente e importante na vida do indivduo, e a esse processo de raciocnio e julgamento sobre o certo e o errado chamamos de desenvolvimento moral. Alguns tericos estudaram brevemente o desenvolvimento moral do indivduo humano e dentre eles temos Selman, com sua proposio dos Cinco Estgios da Tomada de Perspectiva ( voc j tinha ouvido falar desse terico?), Piaget e Lawrence Kohlberg, cujo trabalho sobre os Trs Estgios do Raciocnio Moral se fundamentou nas idias de Piaget. nvel do Raciocnio Moral Pr-convencional, em que o julgamento moral baseado apenas nas prprias necessidades e percepes da pessoa; nvel do Raciocnio Moral Convencional, em que o indivduo considera as expectativas da sociedade e da lei; o julgamento se baseia na aprovao dos outros, nas expectativas familiares, nos valores tradicionais; nvel do Raciocnio Moral Ps-convencional, no qual os julgamentos so baseados em princpios pessoais mais abstratos, como a orientao do contrato social e do princpio tico universal.1 2 3

KOHLBERG props uma seqncia detalhada de estgios do Desenvolvimento Moral , e o concebeu em trs nveis. Vejamos:41

H muitas crticas ao trabalho de Kohlberg, mas h, por outro lado, consideraes cuja evidncia ningum pode negar: CONCLUINDO...

Ainda precisamos, enquanto psiclogos e educadores, considerar que o desenvolvimento psicossocial infantil, e conseqentemente o desenvolvimento moral, hoje, um campo que merece uma reflexo mais detalhada acerca dos efeitos da modernidade urbana, principalmente, das sociedades ocidentais. o comportamento moral influenciado pela internalizao das regras e pela modelagem, situaes s quais a criana est muito mais exposta em face da socializao crescente que passa a viver; em todos os nveis as amizades tm um papel significativo no desenvolvimento pessoal e social do indivduo.

Para refletir...Voc como professor j se viu em situaes com seus alunos que envolveram dilemas morais? (Dilema Moral a situao na qual nenhuma escolha est clara e inquestionavelmente certa.) Como voc se saiu dela? Socialize essa experincia com seus colegas. E por qu isso? Cotidianamente, as crianas experimentam a ao de uma multiplicidade de fatores, j praticamente inevitveis e incontrolveis, os quais poderamos brevemente sintetizar assim: a exposio excessiva e no seleta mdia; a imerso na era ciberntica; a exposio s presses sociais por status, sucesso e xito; a exposio a expectativas de que assumam responsabilidades; a excessiva mobilidade e instabilidade conseqente da mudana vertiginosa de papis, lugares, relaes, posies, situaes etc; a exposio s presses de consumismo; a convivncia inevitvel com o medo, cada vez mais crescente em razo da crescente insegurana decorrente do aumento e incremento dos fatores de risco (violncia, drogas etc.); a convivncia, j banalizada, com o estresse, os problemas emocionais e os distrbios de comportamento, envolvendo transtornos de ansiedade de separao e at mesmo a depresso, hoje reconhecida nas crianas.42

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Sem pretender encenar um drama, contemporaneamente nos deparamos com um cenrio em que: Essa realidade que se descortina cotidianamente nos tempos atuais urbanos, aumenta dia-a-dia e, na maioria das vezes, no seio das relaes escolares que se apresentam as particularidades e as conseqncias de sua atuao sobre as crianas, cujos sintomas manifestam-se nas chamadas dificuldades de aprendizagem. Desse modo, no se pode mais conceber nenhuma prtica educativa,

principalmente escolar, que no esteja sensvel a este conhecimento, e capacitada para lidar com as influncias que a vida moderna exerce sobre o desempenho escolar das crianas, desde to tenra idade. a infncia se encurta, cronologicamente; se deforma qualitativamente; se empobrece existencialmente. Elabore, um texto comparando as Teorias de Piaget e Vygotsky, citando e definindo

os seus principais conceitos.

1.

Atividades

Complementares43

O objeto de estudo da Psicologia, por sua prpria natureza e essncia, amplo, em possibilidades e admite as seguintes abordagens: as funes bsicas do comportamento humano (aprendizagem, memria, linguagem, pensamento, emoes e motivaes); questes sociais, tpicas da natureza gregria e das formas de vida social do Ser humano; os ciclos de vida e os aspectos do processo de desenvolvimento do Ser humano; a sade, suas perturbaes e as patologias apresentadas pelo indivduo humano, bem como pelas organizaes humanas. Discuta e formule seu ponto de vista a respeito da seguinte questo: Que contribuies a Psicologia tem a oferecer para a educao atravs do estudo dessas diferentes abordagens explicitadas acima? Faa uma sntese, por escrito, sobre o desenvolvimento psicossocial do ser humano e o papel do grupo social nesse processo, e em seguida apresente seu ponto de vista a respeito.

3.

2. 4.44

0Construa um quadro que sintetize as perspectivas tericas sobre o

desenvolvimento humano na Psicologia, sinalizando suas caractersticas mais marcantes.

Psicologiada45

Educao

Mltiplas e variadas so as teorias psicolgicas que se encarregaram de explicar os fenmenos e o processo de aprendizagem e voc deve se perguntar por qu, em Psicologia, sempre existem vrias teorias para explicar uma questo de estudo. Em verdade, a tentativa humana de conhecer e sistematizar o conhecimento alcanado sobre uma determinada rea de sua vida se d inevitavelmente sob a influncia da maneira particular pela qual o sujeito v as coisas, o mundo e o homem , bem como a natureza de sua explicao. So as teorizaes, s quais esto implcitos os sistemas de valores, vises de mundo e filosofias. Por esse motivo que, buscando conhecer e explicar a aprendizagem, vrias teorias foram elaboradas por seus estudiosos ao longo do tempo e todas elas representam o ponto de vista de seu autor, a orientao de suas pesquisas e estudos, como tambm a delimitao de seu objeto de estudo. Assim ainda temos na cincia algumas teorias que buscam explicar sistematicamente o mesmo objeto de estudo, porm em aspectos determinados, diferentes, focalizados. Contudo, apesar de existirem muitas teorias, fato que todas elas convergem para um ponto em comum, em torno da concepo bsica de que Os processos de aprendizagem desempenham um papel central no desenvolvimento do ser humano. A aprendizagem um processo fundamental para a vida humana a tal ponto que a humanidade, em suas sociedades, organizou meios para tornar a aprendizagem mais eficiente, os chamados meios ou contextos educativos. A reside a justificativa para a importncia que se d ao

estudo da aprendizagem, para a Psicologia e para a Educao: o fato de que o desenvolvimento humano, durante

UMA VISO PSICOLGICA DA APRENDIZAGEM HUMANA E SUAS DIFERENTES CONCEPES TERICASPanorama Terico da Pisicologia da Aprendizagem

PSICOLOGIA DA EDUCAO: ESTUDO DA PRTICA PEDAGGICA EM FACE DA APRENDIZAGEM HUMANA46

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todo o seu ciclo vital, est intimamente ligado a esse processo, vivenciada de diversas formas. Explicar o processo de aprendizagem envolve a preocupao em esclarecer o modo pelo qual o ser humano se desenvolve, conhece o mundo, organiza seu comportamento e se ajusta ao meio em