18 - instituto politécnico de lisboa · adoptaram a designação de uas. todavia, e embora o nosso...
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Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
5 PararParaPensarL. M. Vicente Ferreira
6 RondadasEscolas
10 OAcontecimentoISELesegurançanasgasolineiras
Luís Osório
15 MemóriaReviveropassadonaESELx
Bárbara Gabriel
18 AGrandeEntrevistaAlmeidaFernandeseoensinosuperior
Clara Santos Silva
24 HistóriasdeSucessoOactorPedroSaavedra
Vanessa de Sousa Glória
28 ReportagemDançaencantaBairroAlto
Paulo Silveiro
31 PensarDireitoAavaliaçãodosdocentes
Maria Feliciana Cardoso
32 EmFocoFestivaldeBDnoTeatroeCinema
Vanessa de Sousa Glória
39 EmpreendorismoISELapoiaincubaçãovirtual
Clara Santos Silva
44 ProblemáticasAacçãosísmica
J. Matos e Silva
46 AProtagonistaPerfildeWandaRibeirodaSilva
Paulo Silveiro
55 MalaDiplomáticaAinternacionalizaçãodoISCAL
Maria Amélia Nunes de Almeida
60 EstanteOcorpoeapublicidade
José Rebelo
66 TribunaLivreManuel Mendes da Cruz
18«Nãoéclaraadivisãodoensinoentrepolitécnicoeuniversitário».QuemodizéoprofessorAlmeidaFernandes,directordoDepartamentode Estruturas do LNEC e notável especialistanaárea.ParaeleoISELconstituiumcasodesucesso,quantoàsuacompetitividadeeexcelência.EmentrevistaàPolitecnia,oinvestigadorfala da importância daobservação técnicadegrandesobrasedizqueoparquehabitacionallisboetaestádegradado.
28Os espectáculos no átrio da EscolaSuperiordeDançasãocadavezmaisumespaçodeexperiências coreográficas nas noites doBairroAlto.Alunos,professoresecoreógrafos reinventam todas asquartasfeirasaartededançar,emespectáculosirreverenteseprovocatórios.A italianaTeresaRanieriassina o mais recente sucessodeste ciclo «Under 0º», dandocorpoaoprojectodinamizadopeloprofessorFranciscoPedro.
32AEscolaSuperiordeTeatroeCinemaacolheuoFestivalInternacionaldeBandaDesenhadadaAmadora,o maior do país. Intitulada "DesenharaMúsica",aexposição,doartistaJoséGracês,recriamomentosdaHistóriadePortugalerecuperainstrumentos musicais do séculoXV.
46AbailarinaWandaRibeirodaSilva,pioneiradoensinodadançaemPortugal,eprofessoradaESDéaprotagonistadestaediçãodaPolitecnia.Apaixonadapelaspedagogiasinovadorasdadança,abailarina fezhistóriaaoparticiparna1.ªemissãodaRTP.
Sumário
Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
ESTATUTO EDITORIAL
1. A revista Politecnia é uma publicação trimestral, editada pelo Instituto Politécnico de Lisboa, que assegura e disponibiliza informação de referência sobre a vida do IPL e a actividade das oito escolas que o integram;
2. A Politecnia respeita a Constituição da República e as leis que se enquadram nos direitos, obrigações e deveres da Imprensa, tendo em conta o Código Deontológico dos jornalistas. E compromete ‑se a respeitar os direitos e deveres inerentes à liberdade de expressão e ao direito a ser informado, observados que sejam os princípios consignados neste Estatuto Editorial;
3. A Politecnia rege ‑se por critérios de rigor e honestidade, sem dependências de ordem ideológica, política ou económica, no respeito integral pelos Estatutos e a Lei Orgânica do IPL;
4. A Politecnia elege como público de referência as instituições (económicas, políticas e sociais) da sociedade civil e o corpo docente das oito escolas do IPL, e os alunos, pais e educadores em geral;
5. A Politecnia quer contribuir para a unidade do IPL e a afirmação da sua cultura própria, em prol do desenvolvimento em Portugal de um Ensino Superior de qualidade, apostado na qualificação profissional dos alunos;
6. A Politecnia diferencia os artigos de conteúdo opinativo dos artigos informativos e reserva ‑se o direito de interpretar e comentar, nos seus espaços de opinião, os factos e acontecimentos de âmbito educativo que se relacionem com a sua actividade;
7. A Politecnia está aberta à colaboração de todos os docentes do Instituto Politécnico de Lisboa que tenham contributos, no domínio da Educação, importantes que queiram partilhar;
8. A Direcção da Politecnia reserva ‑se o direito de não publicar a colaboração não solicitada, que considere não ter a qualidade pretendida;
9. A responsabilidade dos textos publicados é inteiramente assumida pelos seus autores;
10. A Politecnia participa no debate dos grandes temas da actualidade educativa, relacionados com o Ensino Superior, tendo em vista a discussão de questões de interesse para o IPL e a troca de ideias entre aqueles que se preocupam e dedicam ao seu desenvolvimento e prestígio.
AnoVIIINúmero20Janeiro2009
DirectorL.M.VicenteFerreira
EditorOrlandoRaimundo
RedactoresBárbaraGabriel,ClaraSantosSilva,JorgeSilva,MargaridaJorge,PauloSilveiro,eVanessadeSousaGlória
FotografiaBrunaViegas,JoãoCosta,JoséAlexandre,Lightshot,MariaLucena,MargaridaJorge,PedroPina,SofiaGomes,SusanaPaivaeTâniaAraújo
CorrespondentesJoãoCosta(Dança),LucyWainewright(Educação),LuísaMarqueseMargaridaSaraiva(TeatroeCinema),MariaJoãoBerkeleyCotter(ContabilidadeeAdministração),AnaRaposo,ClaúdiaGuerreiro,MariaJoãoGonçalves(TecnologiadaSaúde)
ColaboradoresPermanentesAntónioSerrador,LuísOsório,LuísaMarques,ManuelEsturrenho,PauloMoraisAlexandreeSérgioAzevedo
ColaboradoresAntónioSampaiodaNóvoa,J.MatoseSilva,JoséRebelo,MariaAméliaNunesdeAlmeidaeMariaFelicianaCardoso
ColunistaManuelMendesdaCruz
GrafismoePaginaçãoOrlandoRaimundo(coordenador),ClaraSantosSilva,PauloSilveiroeVanessadeSousaGlória
PropriedadeInstitutoPolitécnicodeLisboaEstradadeBenfica,5291549020LisboaTelefone:217101200Fax:217101236email:[email protected]:www.ipl.pt
Redacção,Admin.ePublicidadeEstradadeBenfican.º5291549020Lisboa
ImpressãoTipografiaPeres,RuadasFontaínhas,Lote2VendaNova2700321AmadoraDepósitoLegal158054/2000ISSN1645006x
Tiragem:4500exemplares
Capa:VanessadeSousaGlória(arranjográfico)DesenhosdeJoséGarcês
Parar para Pensar
5Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Parar para Pensar
5
VAIREALIZARSEemHaia,Holan
da,entre4e5deFevereirodeste
anoaConferênciaInternacionalda
Rede de “Universities of Applied
Sciences(UAS)”.
Esta rede europeia de institui
ções de índole politécnica, que
adoptouadesignaçãointernacional
de “Universities of Applied Scien
ces”congregajáváriospaíses,no
meadamente aAlemanha, Áustria,
Dinamarca, Estónia, França, Fin
lândia, Irlanda,Lituânia,Holandae
Suíça.Em2008Portugalpassoua
integrarestaredeapósavisita,no
início do ano, de uma delegação
doConselhoCoordenadordosIns
titutos Superiores Politécnicos a
algumas instituiçõeseuropeiasque
adoptaramadesignaçãodeUAS.
Todavia,eemboraonossoes
tatutosejaodeummembrodeple
nodireitodentrodarede,averdade
équenãofoiaindaautorizadapela
tutelaadesignaçãode“Universities
ofAppliedSciences”àsinstituições
politécnicas portuguesas, apesar
de o Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos
terapresentadotalpretensão.
Estamudança de designação,
adoptada pelos países europeus,
tem na génese o reconhecimen
to da inadequação de um ensino
superior suportado exclusivamen
te por uma base tecnológica, tal
como foiconcebidoparaPortugal
há 30 anos. As mudanças estru
turaisprofundasqueseoperaram
nas últimas décadas na Europa
impuseram a reformulação deste
princípio dando lugar a um novo
paradigma, sustentado não ape
nasporumabasetecnológica,mas
também por uma base científica
orientadaparaaempregabilidade.
Nãoéalheiaaestanovarealidade
adeslocalizaçãodasindústriasda
UniãoEuropeiaparaaÁsiaepara
outrasregiõesdomundo.
Defacto,asexigênciasquese
colocamàUniãoEuropeianoplano
socioeconómicoporperdadefac
torescompetitivos,taiscomomão
deobrabarata,queestãoa levar
deformasistematizadaàdesloca
lizaçãodasunidadesdeprodução
intensiva da Europa, devem ser
supridasporfortedesenvolvimen
todeumaculturadeinvestigação
científicanasinstituições,queseja
capaz de incutir no aluno de en
sino superior capacidades para a
inovaçãoeparaacriatividade,de
modoaque,umavezinseridoem
ambiente produtivo, possa criar
altovaloracrescentado.
Ora,é issoquesepodeespe
rar e se deve exigir a todo o en
sino politécnico europeu a fim de
queeledesenvolvaasuacapaci
dadeepotencialnosdomíniosda
investigação científica aplicada,
incorporandoa em contexto pe
dagógico,ajudandodestaformaa
sociedadeeuropeiaamantere,se
possível,melhoraroseunívelso
cioeconómico.
Esta mudança de paradigma
noensinopolitécnicoésimboliza
daatravésdestanovadesignação
“UniversitiesofAppliedSciences”,
conferindolhe,assim,maiorcom
petênciaevisibilidadequernopla
nonacionalquernoplanointerna
cional.Tornase,porisso,urgente
que Portugal também adopte a
designação de UAS para o en
sino politécnico, sob pena, se o
não fizer, de ficarmos em grande
desvantagemcompetitivafaceaos
nossosparceiroseuropeus.
UniversidadesdeCiênciasAplicadas
L.M.VicenteFerreira
Torna-se urgente que Portugal também adopte a designação de Universities of Apllied Sciences para o
ensino politécnico, sob pena, se o não fizer, de ficarmos em grande desvantagem
competitiva face aos nossos parceiros europeus
Parar para Pensar
6 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Ronda das Escolas
“NosOtros”àprova
“NOSOtros”,umfilmeimaginado,produzido e realizado por finalistas da Escola Superior de TeatroeCinema,foiexibidonodiaabertoda escola, como formade dar asboasvindasaosnovosalunos.Osrelacionamentoshumanos,osencontros e desencontros, estão nabasedoargumento.
As histórias cruzamse todas,directa ou indirectamente: SusanaveiodoPortoparaLisboaàprocurade independência; Lourençoé seuvizinhoemúsicoegastaaspoucashoraspassadasemcasaatocarsaxofone;Francisca,comumaagendaprofissionalmuitopreenchida,nemsempre tem tempo para o João, onamorado;eJuan,queveiodeBarcelona a carpir uma traição, comumprojectodefotografia,alugaumquartoemcasadeFrancisca.
EháaindaMarta,actrizemãe,casadacomLuís,advogadodesucesso.Depois,MárioconheceMartanumafestaedescobrequenemtudosecontrola.Confrontadascomosseuslimitesvemos,aolongodahistória, como cada personagemtemcapacidadeparasobreviver.
Já anteriormente mostrado naCinematecaPortuguesa,“NosOtros”reúneumaequipade28alunos,quatro professores, três elementos dogabinete de produção de teatro daEscolaSuperiordeTeatroeCinemaeamestradoguardaroupa.
ESCSvoltaaoEstorilFilmFestival
AactrizfrancesaCatherineDeneuvefoiaestreladoFestival
OSALUNOSdaEscolaSuperiordeComunicaçãoSocial,voltaramateraoportunidadedefazeracoberturanoticiosadoEstorilFilmFestival08,quedecorreude14a22deNovembro.ObomdesempenhoobtidopelaESCSnaediçãodoFestivaldoanopassado levou a que o realizador PauloBranco,directordoevento, voltasseaconvidaraescolaparaarealizaçãode toda a cobertura do Festival. Aequipadeprodução,coordenadapeloprofessordaESCSRicardoFlores,incluiu dezasseis alunos dos cursosdeAudiovisualMultimédiaeJornalismoediversoequipamentoaudiovisu
al, responsáveis pela produção dosconteúdos que este ano passaramnaplataformaMEO.
Paraalémdestaequipa,foramváriososalunosdaESCS,queatravésdo Gabinete de Estágios da escola,foram inseridos na organização doFestival, colaborando directamentecomosorganizadoresdoevento.
A participação dos alunos noFestival,proporcionoulhesumaexperiência muito importante sobre oque é omercado de trabalho, numritmomuito intenso, os alunos tiveramquecorresponderaváriassolicitações,oquelhespermitiuganharumatarimbaquelhesserámuitoútilnoseufuturoprofissional.
TambémosalunosdecinemadaEscolaSuperiordeTeatroeCinemaforamconvidadosamostrarosseustrabalhos mais representativos, noEncontrodeEscolasda7ªartequedecorreuduranteocertame.
A apresentação da ESTC esteveacargodoprofessorJoséBogalheiro,directordoDepartamentodeCinema,quesepronunciousobreoensinoquenela se pratica. Os filmes “Por umamãocheia”,“Morrer”,“Aleluia”,“Duaspessoas”, “QueridoCarlosAlberto” e“TheBowl” foram os trabalhos visionados, a que se seguiu um debatesobre o papel destas instituições nacriaçãocinematográfica.
VanessadeSousaGlória
VanessadeSousaGlória
Parar para Pensar
7Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Ronda das Escolas
ESCSdebatetráficodemulheresA AMNISTIA Internacional, a FoxInternational Channels e a EscolaSuperiordeComunicaçãoSocialassinalaramoDiaInternacionalparaaEliminaçãodaViolênciasobreaMulher,comatertúlia“OtráficodeMulheresparaRedesdeProstituição”.
Da mesaredonda fizeram parteManuelaGóis,daUniãodeMulheresAlternativa e Resposta; MargaridaMartins,daAssociaçãodasMulherescontra a Violência; Marta Crawford,sexóloga;eomoderadorPedroKrupenski, da Amnistia Internacional.Duranteatertúliaficouclaroqueestatemáticaéumproblemaquemereceapreocupaçãode todos, ePortugalnão é excepção. “É necessário terconsciência de que este problemaenvolve mulheres portuguesas, queoaliciamentoéfácil,equeasredesem Portugal estão activas”, refereMargaridaMartins.
Duranteoencontroosparticipantes foram sensibilizados para a necessidadedeintervenção,datomadade consciência para esta realidade.Foireforçadaaideiadequeéurgenteumaintervençãoactivaepermanente,queapessoa,enquantoser individual,deverápensarem formasdecombater este flagelo social. Dadosestatísticos demonstram que 80 %daspessoastraficadassãomulheresecrianças.ParaPedroKupenski“osdireitoshumanossóserãouniversaisquandotodososindivíduostomaremconsciênciadequetêmresponsabilidadenoseucumprimento”.
Ascausaseorigensdotráfico,aspossíveissoluçõeseareflexãosobreo papel da mulher enquanto vítimaforam questões debatidas durante atertúlia.Apreocupaçãoporestetipodetemáticasfezsesentirnaparticipaçãodosalunos.ParaaestudanteNídiaFariamuitasdassoluçõespodempassarpelasaladeaula.“Podesediscutirestetipodetemáticasnasaulas,visionarséries,comoestaquepassouhoje,aMatrioski,queexpõecenasqueretratamotráficodemulheres”.
Durante o encontro, Marta Crawforddeuoseucontributocomosexóloga,considerandoquemuitasdestasquestõesestãorelacionadascomasexualidade,comestereótiposqueestãoenraizados na nossa sociedade. “Háfortes desigualdades nos papeis femininosemasculinos,queépassadodegeraçõesemgerações,naprópriaeducaçãoquedepoisreputasenasvivênciasdehojeemdia”.conta.
ParaPedroKrupneski, a escolhadaEscolaSuperior deComunicaçãoSocial como local de debate destetipode temáticas fez todoosentido,porque“sendoumaescoladeComunicação,ondedesejavelmentemuitosdosestudantesdainstituiçãovãosercomunicadores, é necessária a sensibilização para a problemática daigualdadededireitos”.
Paraomoderadordatertúlia,oobjectivofoicumpridojáque,emboramuitacoisatenhaficadopordizer,foramtocadosospontosessenciais.Eopúblicoparticipoueficousensibilizado.
OpresidentedoconselhodirectivodaESCS,AntónioBelo,acolheuosparticipantes
AlunodaDançapremiadonaAlemanha
O BAILARINOAntónio Cabrita, recémlicenciadopelaEscolaSuperiordeDança,colaborounoprojectoPrivateSpaces,dacoreógrafaSilkeZ.,galardoadonaAlemanhacomoPrémiodeDançaColónia2008.Jáem2006, o bailarino havia trabalhadocomestaartista,coreógrafanoprojectoColina,quetemoobjectivodepromoverainteracçãodeváriasexpressões artísticas, destacandoseadança.SilkeZ.,nascidaem1970,vive e trabalha em Colónia, comocoreógrafaindependente,estandooseutrabalhoquasesempreassociadoàexposiçãopúblicadocorpo.
No caso do espectáculo PrivateSpaces,aaudiênciaentranumacaixanegrasemcadeiras,paratornarmaisintimistaarelaçãoentreopúblico e os bailarinos. Os corposdos intérpretespodemser tocadossob proposta de António Cabrita,que faladirectamentecomopúblico.O resultadoéum trabalhoqueenvolve cinema e performance,numadinâmicaentreorealeaficção,naqualosbailarinosestãonocentrodeumjogodeproximidadeedistância,controleeperda.
O ano de 2008 foi particularmenteatribuladoparaojovembailarino que participou numa sériede projectos nacionais e internacionais,entreosquaisaQuinzenadaDançadeAlmada.
ArquivoESCS
Ronda das Escolas
8 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
INSERIDOnociclodeespectáculos“Átrio”aEscolaSuperiordeDançaapresentouemDezembro,ascoreografiasdequatroalunosfinalistas,queabordaramtemasrecorrentesnasociedadeactual,taiscomooamor,arotina,aguerradossexosealgunstraumasfemininos.
Os espectadores são convidados a interiorizarsituações.Comoadeumamulherquecontinuapresaaoamordoseupassado,semconseguirviveropresentenatotalidade.E surgem as perguntas: poderá um passadoser tão forteenegativoaopontodenosbloquear? qual a influência de um passadodevastador nas nossas vivências actuais?a mulher (aquela mulher) tenta realmentelivrarsedessepassadoouseráestaaúnicaformadesemanterligadaaoseuamor?
Nofimficaaideiadequeafelicidadeseconstrói, se pode construir. E a certeza dequeparasesairdumsofrimentoprofundoéprecisoquerer.Eparaalémdequerer,ousarquebrarhábitosdesentirenraizados.
E há mais perguntas no ar: estarão osautomatismoscriadospelamáquinaatornarnosmenosemocionais?aquiloquefazemoseaformacomoosentimosestaráalterado?Talvez seja verdadequenos comportamos,nasociedadeactual,quasecomose fossemosmáquinas,esquecendoosnossossentimentoseosalheios.
É fácil concordar com a ideia de que oaborto, a violação e a violência domésticapõememevidênciaasfragilidadesdamulher.Mas a reflexão não termina (não pode nemdeve) terminar aí. Essas situações retratamfragilidades de uma sociedade que muitosconsideramdesorientadaehipócrita.Evoltamasperguntas: seráamulher frágilouseráohomemaindamaisfrágilaopontodenãosercapazdelidarcomassuasfrustrações?
Em palco, três mulheres representam oaborto, a violação e a violência doméstica,numrelatointensosobrecomovivempsicologicamenteestescenários.
Oconviteà reflexãocontinua:numasociedadeemquesomosvítimasdeestereótiposdetodootipo,ogéneronãofogeàregra;numasociedadequedizdefenderaliberdade, continuamos a ser comandados pelasaparências e pela aparência da aparência.Eumhomemprocuraquebrarasdirectrizesquecodificamogéneromasculinoedemonstra que todos esses códigos simplesmentenãofazemsentido.
Pensara
IPLpatrocinaEncontroAudio
FilmedeRuiGoulartapoiadopeloISEL
OCINEASTARuiGoulart, formado pelaEscola Superior de Cinema de Lisboa,fez a antestreia nacional da sua longametragem«1.ªVez16mm»,nodia4deNovembro,noCinemaS.Jorge.Ofilme,quecontoucomoapoiodo InstitutoSuperiordeEngenhariadeLisboa,ondefoifilmadaumadascenasmais relevantes,contaahistóriadeMiguel,umrealizadorobstinadoquequerfazer,semquaisquerapoios,umfilmesemargumento,intituladoAmizadesColoridas.Há 20 anos, alunos finalistas da Es
cola Superior de Teatro e Cinema, entreosquaisRuiGoulart,JosédePina,JoséLeitão, Vítor Beja, José Brinco e JoãoCayateproduziramerealizaramumfilmeindependente,em16mm,marcadoporumacidentequevitimouoactorBrunoLavos.Ocineastatentouagora,recriaressahistória,mostrandoafaltadeexperiênciadeumaequipaconstituídaporfinalistasdecinema,quetentamporentremuitasperipécias,descobriractoreseobterpatrocíniosparaoprojecto.
Aequipapercorreuváriospontosdopaís,escolhendoaindaBordéus,Paris,VenezaeMadridparaasfilmagens,apardoitinerárioescolhidoparaofilmedehá20anos.DoelencofazemparteJoãoD´Ávila,Adelaide João, António Vitorino de Almeida,Miguel Borges,AnaAfonso, RuiGoulart,Ana Reis, José Miguel Monteiro, SofiaFragateiro,RafaelReis,VictorMariquitoeNunoModesto,contandoaindacomaparticipaçãoespecialdeMarisaParedes.Na antestreia da longa metragem o
público aderiu emmassa ao Cinema S.Jorge, onde Rui Goulart compareceucoma sua equipa e alguns convidados.Ocineastadissenãoestarnervoso,atéporque considera que a prova definitivaé a colocação do «1.ª Vez 16 mm» nocircuitocomercial.Tratase,emsuaopinião,de“umfilmealternativoe,porisso,maiscomplexo,sendoosucessoesperadomuito relativo”.RuiGoulart,com já7filmes realizados,acreditaqueopúblicoportuguês é cada vez mais receptivo aestetipodecinema.
OrealizadorRuiGoularteaequipadeactoresnaanteestreiadofilmenoCinemaS.Jorge
COM o apoio do Instituto Politécnico deLisboa, decorreu no Instituto Superior deEngenhariadeLisboao10.ºEncontrodeEngenharia deÁudio, emparceria comaAssociaçãoPortuguesadeEngenhariaÁudio,APEA–SecçãoPortuguesadaAudioEngineeringSociety,AES.
AsessãodeaberturacontoucomapresençadoPresidentedoIPL,paraalémdeváriaspersonalidadesdeméritointernacio
nalnaáreadoáudio,queabrilhantaramaspalestrasapresentadas.
UmdosmomentosaltosfoiaparticipaçãodocantorPaulodeCarvalho,acompanhado por alunos da Escola Superior deMúsica de Lisboa, no momento musicalquepermitiumostraroprocessoderealizaçãodeumespectáculo.Obalançofeitopelaorganizaçãofoipositivoquantoafuturasparceriasentreuniversidadeseempresas.
PedroPina
Ronda das Escolas
9Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
QuatrocoreografiasdealunosfinalistasEuquero…etu?Criador:MarianaPimentel
BloodyMaryCriador:MarcosFaria
Euquero…etu?baseadonoromanceargentinoBoquitasPintadasdeManuelPuig,centrasenouniversodoamormalsucedido.Empalco,umamulherviveumpresentedecadentepornão conseguir sair da nostalgia do passado. Este trabalho édedicadoaDaniloGennari.
BloodyMaryéumapeçaqueretrataaMulhernassuasfragilidades,indoaoencontrodetemasdelicadosdasociedadecontemporâneacomooaborto,aviolaçãoeaviolênciadoméstica.Empalco,trêsmulheresretratamosconstrangimentoseasemoçõesinerentesàviolênciafísicaepsicológicadequesãovítimas.
Oqueéogénero?Nestapeçaháumadescodificaçãodeformatosde corpos e objectos.As questões relacionadas com o género,talcomoopapelqueasociedadeimpõenasuacodificação,sãoabordadasdeumaformaquesepodetornarabstracta.
Estetrabalho,TurningIntoanEmotionalHumanBeing,docriadorAntónioFaria,retrataavidaquotidiananasociedadeactual,questionandooparalelismoexistenteentrearotinahumanaeoautomatismodamáquina.
TurningIntoanEmotional...Criador:AntónioFaria
¿géneroCriador:AndréSoares
sociedadecontemporâneaadançar
JoãoCosta
JoãoCosta
JoãoCosta
JoãoCosta
O Acontecimento
10 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
ProjectoGalpgeste/PDOSBus
ISELcriamelhorsegurançanasbombasdegasolina
AmelhorianasegurançadosabastecimentosnasáreasdeserviçoéumdosobjectivosdaparceriadeinvestigaçãoedesenvolvimentoestabelecidaentreoInstitutoSuperiordeEngenhariadeLisboaeaGalpgeste.Oprojectoémotivadopelanecessidadedeumasoluçãointegradadesegurançacomfocoespecialnocontrolodospagamentosdeabastecimentos.
Texto de Luís Osório
UMA RESPOSTA mais ágil e maiscompetitiva (nomeadamenteaoníveldos custos) ao desenvolvimento denovos serviços aplicacionais, permitirão uma gestão mais eficiente deumarededepostos/áreasdeabastecimento.EéissooquemaisinteressaaoparceiroempresarialdoISEL.
A parceria com aGalpgeste iniciouseemNovembrode2007,comumprimeiroprojectocomoobjectivo
deestudar tecnologiaseprocessosrelacionadas com a segurança depostos/áreas de abastecimento daredeGalp.
Naprimeirafasedoprojecto,concluídaemMaiode2008,foipropostauma estratégia centrada no desenvolvimento de um bus de serviços,entretanto designado PDOSBus(Petrol Distribution Open ServiceBus) o qual permitirá o desenvolvi
mento do sistema integrado de segurançadeabastecimentoseoutrosserviçosaplicacionaisquepartilhemumainfraestruturaabertaecomum.Daavaliaçãodossistemaseprocessosemoperaçãonarededeabastecimento, emerge a necessidade deestabelecerumaestratégiade integraçãoentresistemasheterogéneos(diferentes fornecedores e/ou diferentestecnologias).
O Acontecimento
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Umasoluçãoexistente,associadaaosistemadevigilânciaporcâmarasdevídeo(CCTV)comreconhecimentoautomáticodematrículas(atravésdeprocessode reconhecimento automáticodecaracteres–OCRopticalcharacter recognition), afigurouseaquémdasexpectativas, sendoqueo controlo da autorização de abastecimento continuou dependente deintervenção de um operador. O sis
tema de reconhecimento de matrículasedetecçãode fugas (basededadosdematrículasdeveículosqueabasteceramsemrealizaremopagamento)nãointegracomosistemadepagamento também conhecido porconsola(POS–PointOfSale).
Daavaliaçãoedodesenvolvimentodeumaestratégiaparaumsistemaintegrado de segurança considerouseanecessidadedeintegraçãoentre
osdoissubsistemasacimareferidos.Noentanto,aintegraçãopontoaponto tendeaestabelecerdependênciasde fornecedores, seguir padrões deintegração únicos (soluções oneofakind) com os custos elevados resultado da ausência de reutilizaçãode componentes normalizadas, umaspecto muito importante no desenvolvimento de sistemas integradoscomplexos.Énestalinha,emquenão
O Acontecimento
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sãoencontradassoluçõesinovadoras,seja como trabalhos de investigaçãoaplicados em cenários semelhantes,seja como propostas de organizações de normalização e ainda produtos inovadores que pudessem serequacionadas numa solução abertaemultifornecedor, que é proposto odesenvolvimentodeumbusabertodeserviços,especializadoparasistemasde suportea soluções integradasdegestão de postos/áreas de abasteci
mento.A organização que no sectordos petróleos aparece como contribuintefundamentalparaainteroperabilidade entre sistemas emáreas deabastecimentoéaIFSF(InternationalForecourtStandardsForum),daqualoISELentretantosetornoumembro,nãorespondeàquestãocolocadapeloprojecto.Considerasenoentantofundamentalapromoçãodasdiscussõeslevantadas pelo projecto PDOSBusjuntodestefórum,acçãoqueseráde
senvolvidanumafaseposterioreemcolaboração com a Galpgeste e outros parceiros empresariais (comespecialinteresseparafornecedoresdesistemas tecnológicos para redesdeabastecimento).
Asegundapartedoprojectodecorreduranteoanode2009.NumaprimeirafasecompilotoemduasáreasdaGalpgesteeposteriormenteestendidaa outros operadores.A segunda fasetemaparticipaçãodaGasodataparaintegraçãodocontrolodepagamentodeabastecimentocomaconsola.Temtambém a colaboração da Prosonic,comadisponibilidadedeequipamentoparaavaliação,sejadoprocessodereconhecimento seja para a demonstraçãodomodelopropostoemqueumsistema clássico de CCTV é divididoemdoissubsistemas:ainfraestruturadecâmarasdevídeoeosubsistemadegestãodosprocessosdevigilância.
Mais uma vez, é de salientar ovalorinestimávelparaoISELdeumaparceriacomaGalpgeste,sendoqueos desafios que nos são colocadospermitemnos concretizar um quadrode desenvolvimento de diferenteslinhasde investigação comaparticipaçãodefinalistasdeLicenciaturaeMestrado no desenvolvimento dosseusprojectosouteses.
O Acontecimento
13 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
UMdosaspectos fundamentaisnaestratégia de inovação desenvolvida, validada por demonstradore proposta como resultado da pri
Umbusabertodeserviços
meira fasedoprojecto,éodesenvolvimento de um bus aberto deserviços. Este bus é formado poruma camada de middleware que
integrafuncionalidadesreutilizáveispelosdiferentessistemas/serviços.Aestebus ligaseumconjuntodesistemas/serviços especializados
QueméquemnoprojectoNAsuaprimeirafase,oprojectodeinvestigaçãoteveaparticipaçãodoGrupodeInvestigaçãoAplicadaemTecnologiaseSistemasdeInformação,doM2A–GrupodeMultimédiaeAprendizagemAutomática,dogrupoGrupodeInvestigaçãoemElectrónicadeSistemasedeTelecomunicaçõesedogrupodeRedes.AequipaécoordenadaporLuísOsórioePedroMendesJorge,sendoaáreadesistemasdeinformaçãocoordenadaporLuísMorgado,adeElectrónicaeTelecomunicaçõesporAntónioSerradoreadeRedesdeComunicaçãodeDadosporVítorAlmeida.
PelaGalpgesteaequipaélideradaporJoaquimLima(Administrador)econtaaindacomaparticipaçãoactivadeAntónioMadeira,JoãoDinisEstevesePauloMadeira,deentreoutroscontributosfundamentaisparaodesenvolvimentodacooperaçãoemI&D.Talcomoacontececomoutrasparcerias,cabeaoISELaresponsabilidade do desenvolvimento de questões de investigaçãoquepossamgerarresultadosdevalorparaaGalpgestemasparaasquaiséfundamentalatrocadeconhecimentos,principalmenteaexperiêncianosprocessosdegestãodeumarededeabastecimentodecombustíveis.
TalcomoacontecenoutrosprojectosdeI&D,participamcomobolseirososalunosTiagoGarciadoMestradoemEngenhariaInformáticaeComputadores,eRamiroMarquesdoMestradoemEngenharia Electrónica e Telecomunicações do DepartamentodeEngenhariadeElectrónicaeTelecomunicaçõesedeComputadores–DEETC.Éumaoportunidadedeexcelênciaparaqueconsolidemascompetênciasadquiridascomaparticipaçãonaresoluçãodedesafiosreaiseinovadores. LuísOsório
ArquivoP
olite
cnia
O Acontecimento
14 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
noapoioàexecuçãodadiversidadedeprocessosassociadosàgestãodasegurançadeumarededepostos/áreas de abastecimento. Estessistemas/serviços implementam interfacesdesenvolvidasnumquadroabertoaseremseguidaspelosdiferentesfornecedores.
Outroaspecto importantenaestratégia proposta é a separação doqueactualmentesedesignaporsistemaCCTV,porumsubsistemaquegerea infraestruturade câmaraseumsubsistemacomserviçosdegestãodoprocessodeacessoàscâmaras,gravaçãoeoutras funcionalidadesrelacionadascomoprocessodevigilância.Estareorganizaçãopermiteareutilizaçãodecâmarasdainfraestrutura em diferentes aplicações.No caso em avaliação no projecto,estareorganizaçãopermiteautilizaçãodascâmarasparaoprocessodevigilânciaeparaoprocessodereconhecimentodematrículas.
Nesta linha foidesenvolvidoumdemonstrador onde são simulados
os diferentes sistemas/serviços.Neste demonstrador consideraseque o sistema de reconhecimentode matrículas coopera com o sistemadegestãodeabastecimentosqueporsuavezcooperacomosistemadepagamento(consola).
Semprequeumveículoabastececompóspagamentomanualooperadortemquepreviamenteautorizara bomba, em resposta ao levantardaagulheta.
Sempre que um veículo abasteceémantidaumatransacçãoemaberto,representadaporumobjectoondeconsta informaçãomultimédiasobre o abastecimento, eliminadaapenasquandoopagamentoéefectuado.Secomoresultadodoabastecimentodeumveículonãoexistirum pagamento, o objecto de informaçãoquerepresentaatransacçãoserá acedido pela consola quandoo veículo se posicionar numa ilhade abastecimento. Nesta situação,quando é levantada a agulheta ooperadortemumaindicaçãonacon
soladeausênciadeumpagamentoanterior,não lhepermitindodesbloquearabomba(ouapenasperanteumaoperaçãocomautorizaçãoespecializada).
Odemonstrador teveporobjectivo validar a estratégia proposta eservirdealicerceaopilotojáemáreasdeserviço,aserdesenvolvidonasegundafasedoprojecto.
A1deOutubrode2008realizousenaAPETROumareuniãopromovida pela Galpgeste para apresentação dos resultados do projecto,tendosidopropostaumaestratégiadeextensãodaparticipaçãonoprojectodosoutrosoperadores.Nesseâmbito,umabastecimentoquenãoé pago num operador deveria serautomaticamentecontroladoquandoomesmoveículotentasseabastecernoutrooperador.Areuniãoterminoucomumarecepçãounânimeaoprojecto tendo ficado acordado umavisita ao ISEL, aque se seguiria oplaneamentodaextensãodainiciativaaoníveldaAPETRO.
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Memória
tesereavivaramhistórias,muitasdelasjá esquecidas. Por entre corredoresouviamselamentoscomoeradifícilserprofessorprimárionessetempo.
A iniciativa do encontro foi “bemacolhida, desde o primeiro momentopela direcção da Escola Superior deEducação”, diz Maria Idalinda Dias,umadasorganizadorasdoevento,quefezquestãode convidar a presidentedo conselho directivo, e actual vicepresidente do Instituto Politécnico deLisboa,LurdesSerrazina,adescerrara placa comemorativa do evento nojardiminteriordaESELX.Naocasião,
DENORTEASULdopaís,nenhumdosalunosdasturmasAeB,de1956/1958,doMagistérioPrimáriodeLisboaquisfaltaraoencontro,marcadonaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa,paracomemorarmeioséculodecurso.
Hoje, emplenoOutonoda vida,vieram sozinhos ou acompanhadospelos filhos e netos. Debaixo dosbraços traziam fotografias, daqueletempo,naesperançadereconheceremcarasquehámuitonãoviam.
Emocionados, à medida que iamchegando,àEscolaSuperiordeEducaçãorecordavamostemposdeestudan
LurdesSerrazinacongratulouainiciativa,frisandoqueainstituiçãoquedirigeéfeitadehistória,daqualestegrupodeprofessoresfazparte.
Ainda muito jovens, com poucomais de dezoito anos, ingressaramnoMagistérioPrimáriodeLisboaparaserem futuros professores primários.Hoje, meio século passado, a respostaéunânimequiseramnoserporvocaçãoenãosearrependemdaescolha.Noentanto, todos confessam,que,naqueletempo,eapesardadignificação da imagem social, a remuneraçãodeumprofessorprimárioera
ElesformavamasturmasAeBde5658
ReviveropassadonaESELxComemorarmeioséculodofimdecurso,frequentadonoantigoMagistérioPrimário,foioquelevou45professoresareencontraremsenaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa, legítimaherdeiradainstituiçãoondeseformaram,contribuindo,comaefeméride,paraasuahistória.APolitecniaestevenomemorávelencontroonde,emambientedenostalgiaealegria,serecordouostemposdeestudanteeosdesafiosdeserprofessornaquelaaltura.
Textos de Bárbara Gabriel l Fotos de Clara Santos Silva
ApresidentedoconselhodirectivodaESE,LurdesSerrazina,acolheosveteranosdoantigoMagistérioPrimário
Memória
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CasamentonosserviçoscentraisFOIemBenfica,noedifíciodopensionatodoMagistérioPrimário,ondehojeéoedifícionobredosserviçoscentraisdoInstitutoPolitécnicodeLisboa,queMariaCéliaDurão,antigaalunadoMagistério,secasou.
Dirigidoporfreiras,opensionatoemBenficafuncionavacomoumaresidênciadeestudantes,ealbergavacercadetrintaalunas.
A capela, de que já não há vestígios,localizavasenoportãoàentradae todososdiaseraláquesecelebravaamissaeonde as freiras faziam questão de deixarumasbolachinhasparaopadre.O jardimeolagocompeixes,queaprofessoratãobemserecordaequeaindahojesemantém,serviramdecenárioparaashabituaisfotosdecasamento.
Ocopodeágua,fornecidopelapastelariaNilodeBenfica, foiservidonorefeitóriodopensionatolocalizado,juntamentecomassalasdeestudonor/cdoedifício.Ascamarataseramno1.ºandar.Apesardas saudades dos pais que estavam no
Alentejo,MariaCéliaDurãodizterpassadonopensionatoosmomentosmaisfelizesdasuavida“eramcomoumafamília”.Talvez por isso a professora tenhapor láficadomesmodepoisde terterminadoocurso.
Ao lado do pensionato, onde actualmentefuncionauminfantário,viviaodirectordoMagistérioPrimário,OctávioNevesOrdonnat.
+
AsturmasAeBdoantigoMagistérioPrimáriodeLisboadocursode5658
muito baixa comparada com a demuitosoperários e a de trabalhadores agrícolas,em certas regiões. LúciaBarreiros começouadesempenharfunções,comotantosoutros professores, no início de carreira,numaaldeiaemAlcoentre.Osmileduzentosescudosquerecebiamdeordenadonãoeramsuficientesparaoaluguerdoquartoeoutrosgastosessenciais.ParaalémdissooprimeiropagamentosóerafeitonoNatal.JáparanãofalardossubsídiosdefériasedeNatalquenãoexistiam.
Apesar das vicissitudesdoofício, LúciaBarreirosnuncadeixoudeleccionareapaixãopeloensinolevouaaMoçambiqueparacolaborarnaaberturadeumaescola.
Os professores tinham um extenso, difícil e exigente programa para ensinar. AscriançasaprendiamageografiadePortugal,AngolaeMoçambique;aslinhasférreasdocontinenteedoUltramareosreisdePortugal.Temposemqueoscastigosmaternais,permitidos nas aulas, incluíam umas palmadasnotraseiroounasmãos.
Relembrando os costumes obrigatórios doMagistérioPrimário de Lisboa,algunsprofessoresdocursode1956/58fizeramquestãode, nodiadoencontro,vestirembatabranca,aqueusavamnostemposdeescola.
Oprimeiro dia de aulas noMagistérioPrimáriodeLisboaficoulhesnamemória.Maria Idalinda Jesus Alegria recordase,como se fosse hoje, da recepção do directornaqueladataemfunções,professorOctávioNevesd’Ordonnat.Sentiusees
Memória
17Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
=
MANUALFariafazpartedogrupominoritáriode rapazesqueestudounoMagistério Primário de Lisboa de 1956 a58.FrequentavaaturmaA,aúnicaquetinha alunos do sexo masculino. ParaManuelFaria,naquelaépocaoshomensnão queriam ser professores primáriosporque, para além do ensino ser “malpago”oslugaresdisponíveisparatrabalhareramno interiordopaís “pelasaldeias”.“Eramumasdesgraçadas”dizoprofessor,“deslocavamsedecomboioedepoisiamdebicicletaparaasaldeias”.ManuelFariadeuaulasemduascidades: no Entroncamento, onde vivia, eemVilaFrancadeXiraondeacabouporfazerasuavida.
Em 1958/59, recordase perfeitamente, o valor do seu primeiro ordenado 1.114$70 (um conto cento ecatorzeescudosesetentacentavos).Oqueganhavanãochegavaparaosgastosessenciaisobrigandoo,durantemuitosanos,aconciliaraprofissãodeprofessorprimáriocomoutrosbiscates.DeuexplicaçõesearranjouumtrabalhoànoitenaMarinha.
Apesar de, mais tarde, ter optadopeloensinonosecundário,ManuelFarianãotemdúvidasque,apassagempeloMagistérioPrimárioeoprivilégiodeconvivercomodirector,OctáviodasNevesd’Ordonatt,tiveramumaforteinfluêncianoseudesempenhocomoprofessor.
Desterradosemalpagos
tranhaaosertratada,pelaprimeiraveznavida,porsenhoradona.
As alunasmestras, como assim eramchamadas,foramobrigadasasubstituirossoquetes,sópermitidosaosrapazes,pelasmeiasdevidro.
Quem tivesse cabelo comprido deviahabituarseausáloapanhadoeaspinturasnacaranãoeramrecomendadas.
Jánaginástica,praticadanoactualsalãonobredaESE,asraparigasvestiamsaiacalçaeaindausavamumculoteporbaixo,dizMariaTeresaToméemtomdebrincadeira.
Exigente, a admissão ao Magistérionão era fácil. Numa prova global testavamse os conhecimentos dos futurosprofessoresemhistória,matemática,portuguêseculturageral.Naalturaexistiamprofessoresespecializadosquepreparavamosalunosparaesteexame.
Dos professores do curso de 1956/58,houve quem ficasse para a história. Lúcia
BarreirosrecordaassonecasqueoprofessordeDidácticafazianasaladeaulas.
Nointervalodasváriasdisciplinasquefrequentavam, os alunos, numa pequenasaladeconvívio,ouviam telefoniaqueosajudavaapassarotempo.
JánasaulasdeEducaçãoMusicalensaiavamohinodeescolaque,hoje,aindamostramquenãoesqueceram.
Constituído por dois anos, o cursocontemplava, na fase final, uma vertentepráticaemqueosalunoscontactavamdepertocomascriançasdasescolasprimárias circundantes de Benfica. Por regraacompanhavamnosàhoradealmoço,efaziamjogoslúdicoscomeles.
Um exame de saída permitialhes teracessoaumestágioquedecorrianasescolasprimáriasdazonadeLisboa.
No final os diplomados assistiam àconsagraçãodocursoemFátima,numareuniãoanívelnacional.
CinquentaanosdepoisoreencontroàportadaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa
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A Grande Entrevista
AlmeidaFernandeseaqualidadedoensinosuperior
«Nãoéclaraadivisãodoensinoempolitécnicoeuniversitário»
«OISELconstituiumcasodesucessomuitointeressante,quedeviasermaisanalisado»,diz,ementrevistaàPolitecnia,oprofessorAlmeidaFernandes,DirectordoDepartamentodeEstruturasdoLNEC.Adivisãodoensinosuperiorempolitécnicoeuniversitárionãoé,emsuaopinião,clarificadora.«Émemaisfácildistinguirentreescolasdemaioremenorsucessoouentreumensinodemaioroumenorqualidade»,dizoespecialista,semreceiodapolémica.
Entrevista conduzida por Clara Santos Silva l Fotos de Paulo Silveiro
POLITECNIA – Foi por a suamãetersidoaprimeiramulher inscritanaOrdemdosEngenheirosquees-colheuserengenheiro?ALMEIDAFERNANDES–Aescolhadaengenhariaparaaminhacarreiraprofissionalfoidefactoumaopçãotomadapormimdesdemuitocedo,aindaantesdos10anosdeidade.Parataltalveztenhacontribuídoofactodeambososmeuspaisseremengenheiroscivis,emboraomeupaitenhaseguidoprincipalmenteacarreiramilitar.A situação tinhanomeu caso talvezumcarácterumpoucoespecial,pois,aocontráriodosmeuscolegaseamigos, euerao únicoqueera filhodeuma engenheira, aliás da primeiraengenheira licenciada em Portugal.Porisso,quandoperguntadosobreoqueéqueeuquereriafazernofuturo,respondianormalmentequequeriaviraserengenheirocomoaminhamãe.Oquenormalmentefaziasorriromeupai,tambémengenheirocomoela.POL. – E que influência exerceusobresiumpaiquedesempenhoupapelimportantenosCaminhosdeFerroPortugueses?A. F. – Ao contrário da minha mãe,que sempre exerceu actividades deengenhariacivil,emparticularnaáreada engenharia de estruturas, o meupai teve uma carreira mais variada.Ocupousemaisdaáreadostransporteseviasdecomunicação,noestudoe planeamentos das infraestruturas
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A Grande Entrevista
ferroviárias nacionais. Recordo, porexemplo,quefoimembrofundadordaequipa técnicaqueestudoueprojectou oMetropolitanodeLisboa, e quepertenceu,desdeoinício,aoGabinetedapontesobreoTejo,emLisboa.NaáreaestritamentemilitarfoiumdistintooficialdoCorpodeEstadoMaior,antesdeascenderaoficialgeneral,ondefoiDirectordaArmadeEngenharia.POL.–EfoimembrodoGoverno…A. F. – Sim, em meados dos anos50, como Subsecretário de Estado e Ministro do Exército. É nestasituação que é confrontado com osacontecimentosde1961emAngola,altura em que se afasta de Salazarpordefender, juntamentecomCostaGomes, uma solução política e nãoapenasmilitar.InfelizmentefoiprecisoassistiràperdadeGoaeamaisde13anosdeguerraemÁfrica,paraviremfinalmenteacompreenderarazãodasuaatitude.ÉnoconsuladodeMarceloCaetano que omeu paise dedica arduamente à tarefa derecuperação e modernização dasinfraestruturas ferroviárias portuguesas, como administrador da CPentre1968e1974.Em1974éreintegrado pelo MFA nas forças arma
das,ondepermaneceuaoserviçoatéperfazer o limite de idadeem1976.POL.–AEngenhariadeEstruturas,emqueseespecializou,éumaes-pecialidademaioroumenor?A. F. – A especialização em estruturasédesdehámuitoconsideradacomo a de maior complexidade, noâmbitodaEngenhariaCivil.Taldevese, por um lado, ao tipo de ensinosuperiorquetemos,eporoutro,porseraqueleramoquemaisse identificacomaengenhariacivil,umavezque visa construir, com economia,segurança e durabilidade, edifícios,pontes e outras estruturas similares.Tal comoantes,no ingressonoLNEC,oscandidatosmelhorclassificadosmanifestamnormalmentepreferênciapelaáreadeestruturas,emdetrimentodasrestantesáreascientíficasdoLNEC.Jáeraassimquando em 1972 iniciei aminha carreirano Departamento de Estruturas doLNEC. A engenharia de estruturas,aqueesteveligadoManuelRochaequeencontrouemJúlioFerryBorgesumadas suasprincipais referênciasanívelmundial,procuradesenvolverosmeios e osmétodos de concepção,análiseedimensionamentodas
construções,tendoemvistagarantirasuasegurançaesustentabilidade.POL. – Está tudo dependente daobservação da obra ou há outrasformasdediagnóstico?A.F.–Noâmbitodaengenhariacivil,as tarefas de observação das obrasrepresentam uma actividade de importância primordial. Procurase naobservação das obras recolher informação indispensável ao controloda sua segurança e durabilidade. Aobservação das obras constitui, assim,apossibilidadedeconfrontodosmodelosteóricos,usadosnaconcepção, análise e dimensionamentodasconstruções,comaprópriarealidade,quenestecasoéoefectivocomportamento estrutural das construções,observado in situ. É a comparaçãoentre as previsões, fornecidas pelosmodelos,easrespostasreaisdasestruturas,obtidaspelasuaobservação,quenospermitevalidarouaperfeiçoarosmodelos teóricos, comvantagensdirectasparaasegurançanãosódaprópriaobra,mastambémdefuturasconstruçõessimilares.POL.–Aobservaçãodeestruturasnãoconsisteapenasnasuaobser-vaçãovisualexpedita?
DaAcademiaMilitaraoLNECOPRESTÍGIOdequegozaactualmente João Carlos Chaves deAlmeidaFernandeséo resultadodeuma já longacarreiraacadémicaecientífica,sempre ligadaaoensinoeà investigação.Aos59anos,esteengenheirocivil,especialistaemEstruturas, dirige o DepartamentodeEstruturasdoLaboratórioNacionaldeEngenhariaCivil.
Exaluno da Academia Militar,concluiucomdistinçãoaLicenciaturadeEngenhariaCivilnoInstitutoSuperiorTécnico.Desdeessaalturanuncamaisabrandouoseupercursoacadémicoeprofissional, queculminoucomaobtençãodoTítulodeHabilitaçãoparaoexercíciodefunçõesdecoordenaçãocientíficapeloLNEC.
Profissionalmente, iniciousecomoMonitoreAssistentedoIST,seguindose uma ascensão noensino e na investigação,maioritariamente no LNEC, a sua «ca
sa»desempre.ÉmembroséniordaOrdem dos Engenheiros e exerceactualmenteas funçõesdeEquiparado aProfessorCoordenador comAgregação no Instituto Superior deEngenharia de Lisboa, sendo responsável pela cadeira de Observa
ção e Comportamento de Obras,doMestradoemEngenhariaCivil.Ainda nesta escola do InstitutoPolitécnicodeLisboa foimembroeleito,váriosanos,daAssembleiadeRepresentantes.
No Instituto Superior Técnico,ondeestudouengenharia,chegoua leccionar Resistência de Materiais I e II, Mecânica Aplicada àElectrotecniaeMecânica Ie II.Éautoroucoautordecentenasdetrabalhos técnicos e científicos,espelhandoasua largaexperiêncianaáreadeestruturase intervençãonarealizaçãodeempreendimentos.
TemsidoassociadoajúrisdeimportantesPrémiosdeInvestigação.
A gestão tem vindo a assumirum papel de grande importância,nomeadamentenoLNEC,sendoapar,DirectordaRevistaPortuguesadeEngenhariadeEstruturas.
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20 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
A Grande Entrevista
POL. – Que conclusões retira dasua intervenção, aquando da gra-veexplosãodeNovembrode2007numprédioemSetúbal?A.F.–Umavezqueseconseguiramultrapassar, com êxito, todas as dificuldadesquepunhamfortementeemcausaapossibilidadedesalvaçãodoprédioacidentado,paramim foiumaexperiênciamuitointeressanteealtamente gratificante. Foram longos 30dias que decorreram entre a explosão e a salvaguarda da estabilidadedeumprédiodegrandesdimensões,com13pisos,quatrocondóminosporpiso,paraalémdoelevadonúmerodelojas,garagensearrecadações.Também os edifícios envolventes foramfortementeafectadospelaexplosãoeestavamemriscodeseratingidospelocolapsodoedifícioacidentado,peloquesegerouassimumasituaçãogravedopontodevistasocial.POL.–ArespostadaProtecçãoCi-vilesteveàaltura?A. F. – Bem, perante um problemadestadimensão,envolvendomaisdoqueumquarteirão,aProtecçãoCivil,intervindo a nível distrital mas como necessário apoio nacional, é capazdecontrolarcomeficiênciaumaoperação de estabilização. TambémverifiqueiaprontidãocomquefoisolicitadaacolaboraçãodoLNEC,pormimcoordenada,eafacilidadecomquetécnicoscomexperiênciaprofissionaltãodiferenciada,epertencendoainúmerosorganismosdiferentes,conseguiram dar asmãos para, emuníssono,daremsolução,emcurtíssimo prazo, aos sucessivos problemasquesurgiamquaseemsimultâneo.Esperoembrevepoderpublicar,naRevistaPortuguesadeEngenhariadeEstruturas,dequesoupresentemente o Director, alguns artigosquepermitamdescreverasdiversastarefas efectuadas e justificar, dopontode vista técnico, as principaisdecisões tomadas. Tratase, segundocreio,deuma importanteoportunidadederelatarumcasodeelevadacomplexidade técnica, e de divulgaraexperiênciaobtidapelosvários intervenientesnestaoperação.POL. – A imensidão de edifíciosdegradados em Lisboa é o sinalde uma sociedade doente, que
A. F. – Pelo contrário, implica a suaadequada monitorização através dodesenvolvimento de novos métodose equipamentos de medida, normalmentemuito diferentes emais complexosdoqueosusadosem laboratório, emsalas climatizadasou, pelomenos,protegidasdomeioexterior.Aobservaçãorigorosadasconstruçõesconstituiumdosprincipaiscamposdeactividade do LNEC, desenvolvidosdesdeasuacriaçãoem1946,emuitocontribuiuparaqueoLaboratóriocedoadquirisseumlugardedestaqueanívelmundial.POL. – Pode dar-nos algunsexemplos de grandes estruturasem cuja observação tenha direc-tamenteparticipado?A.F.–Osmeusprimeirostrabalhosno Departamento de Estruturas doLNEC estiveram ligados à observação das Docas da Setenave, entãoemfasedeprojectoeconstruçãonaMitrena,napenínsuladeSetúbal.Foiumaexperiênciaúnicaparamim,dada a grandiosidade deste estaleiro,destinadoàconstruçãoeàreparaçãodosmaiorespetroleiros,anívelmundial. Tratavase de uma concepçãomuito arrojada, onde a colaboraçãodoLNECfoidamaiorimportância.POL.–Teveoportunidadedetraba-lharcomgrandesespecialistas?A.F.–Recordocomgostoa importanteaprendizagemque resultoudointensocontactocominvestigadoresseniores do LNEC, como José Folque, José Marecos e Emanuel Maranha das Neves. Infelizmente, osquentes anosde 1974e 1975, pelaindisciplinalaboraleairresponsabilidadeentãoreinantes,acabaramporterumapesadainfluêncianaqualidadefinaldaconstrução,oqueacarretou enormes custos para a durabilidadedasdocas.NadaqueoLNECnão tivesse, infelizmente sem êxito,repetidamenteprevenido.POL.–Edepoisdisso?A.F.–Dostrabalhosposteriores,gostariadedestacaramonitorizaçãodaspontesatirantadasdoGuadianaedoArade, em Castro Marim e em Portimão,eaPonteMiguelTorga, sobreoDouro, naRégua.Construídas nosanos90,tambémelasforamtrabalhosdereferência,citadosanívelinternacio
nal.Porúltimo,nãopodiadeixardereferiraexcelentecolaboraçãodoLNECcomaANAM,noâmbitodoprojectoeconstruçãodaestruturadeampliaçãodapistadoaeroportodaMadeira.Tratasetambémdeumaestruturaúnica,anívelmundial,porse tratardeumapontedegrandealtura,com1000mdecomprimentoe178mdelargura,a50mdealturasobreumaterromarítimo,
ecomacapacidadedepermitiraaterragemdegrandesaeronaves,comooBoeing 747400, que pesa até cercade400toneladasestáticas.POL.–Umagrandeobrajáconside-radacomodoséculoXXI.A. F. – Sim, uma obra concluída jáem2002,queobrigouaresolveremtempo útil numerosos problemasnuncaantescolocadosàengenhariadeestruturas,peloqueoseusucesso se deveua umaextraordinária eprofícuacolaboraçãoverificadaentreprojectistas, construtores e investigadores.Équandoassoluçõessãomuito inovadorasqueopapelda investigaçãoemtemporealpodefazera diferença, dada a inexistência deexperiência prévia que tivesse sidoobtida no projecto e construção deestruturassimilares.
A especialização em estruturas é desde há muito
considerada como a de maior complexidade, no âmbito da
Engenharia Civil
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A Grande Entrevista
não preserva o seu parque habi-tacional?A.F.–Oedificadourbanodasgrandescidadesportuguesas,comoéocasodeLisboaedoPorto,encontraseemgeralmuitodegradado,sendoissovisível,particularmente,naszonasmais antigas.Uma tal situaçãodeveseàpolíticadecongelamentodas rendas, seguida hámuitas décadas, que torna economicamenteinviável a adequada manutençãoou reabilitação dos edifícios arrendados. No caso de Lisboa, ou deoutras cidades do Centro e Sul dopaís,asituaçãoéaindamaispreocupante por se tratar de uma zonade elevado risco sísmico. Os prédios, ao não serem sujeitos a umaperiódica conservação estrutural,vêemdrasticamentediminuídaasuacapacidadederesistiremàacçãodeumsismo intenso.Noentanto,umavezqueonúmerodearrendamentosantigostemvindoprogressivamenteadecrescer,porjánãoserpossívelasuarenovação,apósofalecimentodosarrendatários,tornasecadavezmais viável o desenvolvimento deumanovapolíticadearrendamentoque permita a reabilitação emanutenção, funcional e estrutural, dosedifíciosantigos.
POL.–ODepartamentodeEstrutu-rasdoLaboratórioNacionaldeEn-genhariaCivilnãopodefazernadaaestepropósito?A.F.–OLNECtemprocuradocontribuir para a solução deste grave
problema, colaborando com as autoridades nacionais e autárquicas.Existemhoje,dopontodevistatécnico, soluçõesmaisque suficientes
para a adequada reabilitação doedificadourbano.Oproblemaéportanto económico e principalmentepolítico.POL.–OLNECcontinuabemoujáfoiafectadopelacrise?A.F.–OLNEC,fundadoem1946,temjáuma longahistória,demaisde60anos.Ao longo destas seis décadassempre soube adaptarse às novasconjunturassemperderasprincipaiscaracterísticas que justificam a suaexistência.Deentreessascaracterísticas, destacamse pela, sua importância, a capacidadededesenvolverainvestigaçãoedeapoiarainovação,noâmbitodaindústriadaconstruçãoeobraspúblicas,comindependênciae isenção, com vista à salvaguardado interesse público e da segurançadas populações. No que respeita àactual crise financeira internacional,perspectivase um reforço da acçãodoLNEC, nomeadamente noâmbitodas políticas públicas a desenvolvercomvistaàsuperaçãodestacrise.POL.–HáquemaponteocasodaPonte de Viana de Castelo comoparadigmático da sua actividade.Não teria sido preferível construirumanovaponte?A. F. –A Ponte Eiffel rodoferroviáriadeVianadoCastelofazpartedonosso
[Éprecisa]umanovapolíticadearrendamentoquepermitaareabilitaçãoemanutenção,funcionaleestrutural,dosedifíciosantigos
É quando as soluções são muito inovadoras que o papel
da investigação em tempo real pode fazer a diferença
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A Grande Entrevista
principal património histórico, a níveleuropeu.Tratasedeumaponteconstruídaem1878,emsoluçãometálica,emvigacontínuaevencendoumgrandenúmerodevãos.Asuasubstituição,se tal fosse necessário e imprescindível, seriaportantoumagrandeperdapara o nossopatrimónio histórico.Felizmente, os estudos que o LNECdesenvolveu com grande celeridade,entre1deAgostoe15deSetembrode2006,comoapoiodasadministraçõesnacionaisrodoviáriaeferroviária,permitiram demonstrar que era possívelasuamanutenção,desdequetivesselugarasuaadequadareabilitação.POL.–Ostécnicoscostumamserpressionados, num sentido ounoutro?A. F.–É natural que possam surgirpressões,quandose tratadodesenvolvimento de estudos conducentesà tomada de decisões com implica
ções económicas relevantes. O quenãoseriadeformaalgumaaceitáveléqueaconduçãodosestudoseoapuramento das conclusões pudessemserinfluenciadosporessaspressões.TambémnissooLNECconstituiumareferência, a nível internacional, deisenção,competênciaecredibilidade.POL. – As preocupações de quetemos estado a falar estão todascontempladasnoscursosdoISEL,eemcujaacreditaçãoparticipou?A.F.–FuiconvidadoparadaraulasnoISELem1990,noâmbitodacriaçãodosCursosdeEstudosSuperioresEspecializados(CESEs),que,commais dois anos curriculares dados aseguir ao bacharelato, permitiam aoISEL conceder o grau de licenciado.Crieiepasseiaregerumacadeiradoúltimoano,designadaComportamentoeObservaçãodeObras.Atravésdaleccionação desta cadeira, estabeleceuseentãoumaimportanterelaçãoentre mim próprio, e entre os meus
colegasinvestigadoresdoLNECquecomigo asseguravam a docência, eos finalistas do ISEL em engenhariacivil que frequentavam a disciplina.Foiextremamenteinteressanteemotivadora essa relação, em que erapossível transmitir directamente aosalunos os resultados de trabalhosde investigação ou inovação aindaemcursonoLNEC.ComaextinçãodosCESEs foi necessário criar umalicenciaturabietápicaemengenhariacivil em sua substituição. Tive entãoa oportunidade de participar nessaalteração, revendo e ponderando osrespectivoscurricula,querdaprimeirafase, correspondente ao bacharelato, quer da licenciatura. Foi umaexperiência altamente gratificante, quepermitiu aumentar em muito o meuconhecimentodaprópriaescola,dosseusantecedentesedasuahistória,emelhorcompreenderoseupapelno
mundocadavezmaisglobalizadoemque vivemos.A excelência do trabalhoportodosrealizadopodeaferirsepelo facto de se ter obtido, e desdeentãomantido,asuaacreditaçãopelaOrdemdosEngenheiros.POL.–Que importânciaassumeoISEL no universo das escolas deengenharia?A.F.–OISELconstituiumcasodesucessomuitointeressanteequedevia,emminhaopinião,sermaisemelhoranalisado. No caso doCurso de EngenhariaCivil, que inclui actualmentea nova licenciatura e o mestrado deBolonha,julgoterseconseguidoumasoluçãomuito competitiva, no âmbitodo ensino superior público nacional.Taldevese,desdelogo,àexcelênciadas suas novas instalações, o novoPavilhãodeEngenhariaCivil,recentementeinaugurado,querecebeuonomedoProfessorEngenheiro FerreiraCardoso.Osespaçosdisponibilizadospara o trabalho dos alunos, incluindo
osnovos laboratórios, constituemumdesafio a toda a comunidade escolarqueurgevencereconsolidar.Umgrandecuidadodeverácontinuarasermantidonaselecçãodocorpodocente, enriquecendoo continuamente,quer com docentes de carreira maisacadémica, preferencialmente doutorados,quercomdocentesquedesenvolvamexcelentes carreirasprofissionais, preferencialmente especialistas.Unseoutros são,emminhaopinião,igualmentenecessários.Aosprimeiroscaberá em primeira responsabilidadeo progressivo desenvolvimento “intramuros” de projectos de investigaçãoaplicadaeprestaçãodeserviços inovadores, libertando o ISEL de tutelasexteriores que hoje já não se justificam.Aossegundos,acumulandocomumavidaprofissional,caberáorientaroensinoparaoexercíciocompetentedaprofissão,garantindoamanutenção
doselevadosníveisdeempregabilidade, indispensáveis ao continuado sucessodosnossosdiplomados.POL. – O Ensino Politécnico é ofuturo?A.F.–Nãoéparamim inteiramenteclaraadivisãodoensinosuperiorempolitécnico e universitário. Normalmentetaldivisãoéencaradacomosededoisníveissetratasse.Noentanto,no caso daEngenhariaCivil, ambosos subsistemas em Portugal procuram formar quadros para exerceremidênticoníveldecompetênciaseactividadesprofissionais.Pelocontrário,émemaisfácildistinguirentreescolasdemaioremenor sucesso,ouentreumensinodemaioroumenorexcelênciaouqualidade.Porém,nenhumadestascaracterísticassãoespecíficasdeapenasumdosdoissubsistemas.Aliás, existem a nível internacionalinúmeros casos em que as própriasdesignaçõesnãocorrespondemaestadivisão,comoéocasodasGran
Um grande cuidado deverá continuar a ser mantido na selecção do corpo docente, enriquecendo-o continuamente,
quer com docentes de carreira mais académica, preferencialmente doutorados, quer com docentes que
desenvolvam excelentes carreiras profissionais
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A Grande Entrevista
desÉcoles francesas,doPolitécnicodeMilão,doMIT,oudasEscolasPolitécnicasFederaisdaSuiça,asquaisocupam, nos respectivos países, umlugarbemacimadouniversitário.POL.–Gostamaisdeensinaroudeinvestigar?A.F.–Curiosamente,omeuprimeiroemprego foi como monitor de ResistênciadeMateriais,umacadeirado3ºanodoIST,regidapeloProfessorEduardoAranteseOliveira,quandoaindafrequentavao4ºanodomesmocurso.MantivemecomodocentedoISTpormaisseisanos.Noentanto,àépoca,ascondiçõesdetrabalhodeinvestigaçãodisponibilizadaspeloLNEC,comoqualtinhaentretantoiniciadoumacolaboração,eramdetalformasuperioreseatractivas,quenão tivegrandedificuldadeemoptarpelacarreirade investigação.Assim,emminhaopinião,parauminvestigador,adocênciadeveser encarada como uma importanteoportunidade de transmissão e divulgaçãodeconhecimentosdirectamenteporsiadquiridosatravésdasactividades de investigação ou de inovação.Destemodopodesedarumimportante contributo para a actualização doscurricula e para a exemplificação daprópria investigação.Vejoadocênciaatempoparcialcomoumaimportanteactividadecomplementardaactividadedeinvestigaçãoeinovação.POL.–Ainvestigaçãoquerealizousobreaspontesenviesadascondu-ziuaalgumasurpresa?A. F. –A carreira de investigação doLNEC desde cedo foi organizada emgraus científicos. Esses graus foramcriadosnoLNEC,em1954,pelofactodeasduasúnicasescolasqueformavamengenheirosemPortugal,oISTeaFEUP,nãoproduziremde formaorganizada, actividades de investigaçãocientífica.AssimacarreiradeinvestigaçãodoLNECdesenvolveuseemdoisgraus científicos. O grau de especialista,equiparávelaograudedoutor.Ograudeinvestigador,equiparávelaotítulodeagregado.Eracombasenestesdoisgraus,esócombaseneles,queseprogredianacarreiradeinvestigaçãodoLNEC.Estasituaçãoveioposteriormente a alterarse.De facto, desde 1990,devidoaoprogressivodesenvolvimentodeactividadesdeinvestigaçãonasuni
versidadesportuguesaseaoaumentosignificativodonúmerodeportuguesesdoutoradosnoestrangeiro,acarreiradeinvestigaçãodoLNECpassouainiciarsecomaobtençãodograudedoutor.Énestecontexto,odaprogressãonacarreiradeinvestigaçãodoLNEC,queeuinicieiem1980,edefendiem1984,umateseparaobtençãodograudeespecialistadoLNECsobreaoptimizaçãoestruturaldepontesenviesadas.POL.–Foiumestudominuciosoecertamenteprolongado.A.F.–Bem,operíododecercadecincoanos,os trêsúltimospraticamenteemexclusividade,quedediqueiàprepara
çãodestatese,podedarumamedidada importância e profundidade postaentãopelosassistentesdeinvestigaçãodoLNECnapreparaçãodassuasdissertações.Nomeucaso,posso testemunhartratarsedotrabalhomaisaprofundadoeformativoproduzidoaolongoda minha vida profissional, em tudosemelhanteaoesforçoproduzidopelosdiversosdoutorandosquenoLNEC,esob a minha directa orientação, preparam as respectivas dissertações dedoutoramento.Paraalémdaresoluçãodeproblemasconcretos,apreparaçãodestasdissertaçõesrepresentavamumdecisivopapelformativo,indispensávelaoacessoàprimeiradascategoriasdeinvestigador, ade investigadorauxiliardo LNEC. Da resolução do problema
concreto em causa, destacaria a importante exemplificação da utilizaçãodosmeios informáticos, recorrendoàsmodernastécnicasdeentão,docálculoautomáticodasestruturas,edasteoriasde optimização estrutural. A consultadestetrabalhofoi,poroutrolado,eduranteanos,umelementodereferênciaemdiversosgabinetesdeprojecto.POL.–MárioLinoéumbomminis-trodasObrasPúblicas?A. F. – Como elemento com responsabilidades directivas numorganismodo MOPTC, não estou obviamenteem condições de lhe responder directamenteaestaquestão.ParaqueaacçãodoLNECpossaserpostaaoserviçodoPaísénecessárioque,emcadasituaçãoconcreta,oLNECsejachamadoaintervir.Portanto,omelhoroupioraproveitamentoqueasociedade possa fazer de um organismo deinvestigação como o LNEC, na suaqualidade de Laboratório de Estado,dependeemgrandemedida da decisãodoprópriopoderpolítico,atravésdas diferentes autoridades oficiais,ou do poder económico, através dosresponsáveis máximos de cada empreendimento concreto.Estes são osprincipais “clientes” do LNEC. Delesdepende a possibilidade ou não danossaintervenção.Nesseâmbito,gostariaderecordarqueocrescentepapeldesenvolvidopeloLNECaoserviçodoPaísnosúltimosanosresultouemboapartedeiniciativasdopoderpolítico,emparticulardeentidadesoficiaistuteladas pelo MOPTC. Sem estasiniciativasoLNECnãoteriasidochamadoaactuar.Poroutro lado,esemprejuízodasevidentesvantagensqueresultamparaqualquerorganismoemsercompetitivoeprestigiadoanívelinternacional, vantagensessasque, nocasodoLNEC,pelaqualidadedasuainvestigação,desdecedoalicerçaramasuacredibilidade,éparticularmentegratificante para todos quantos neletrabalhamapossibilidadedeserútilaoseupróprioPaís,nasuaqualidadedegrandeLaboratóriodeEstado.POL.–Acarreirapolítica interes-sa-lhe?A.F.–Atéhojeaminhacarreiracientífica,técnica,docenteedegestãocientífica, tem preenchido cabalmente asminhasprincipaisaspirações.
Vejo a docência a tempo parcial como uma importante actividade complementar da
investigação e inovação
Histórias de Sucesso
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Actor,encenadoreprofessor
PedroSaavedra:santo&pecadorNoteatrosobeaopalcoparainterpretar personagens bíblicas na comédia «A Bíblia:toda a palavra de Deus (d’uma assentada)», já na televisão, na novela Vila Faia,desempenhaopapeldomaridoexemplarquetemovícioincontrolável por prostitutas.FalamosdePedroSaavedra,formadopelaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,que,aos33anos,fazasuaestreiatelevisivanoremakedaprimeiratelenovelaportuguesa.
Textos de Vanessa de S. Glória
PedroSaavredanacomédia“ABíblia:todaapalavradeDeus(d’umaassentada)”
APAIXONADO pela arte de representar,PedroSaavedrafoiumdosactoresescolhidosparaparticiparnanovaversãodaVilaFaia,aprimeiratelenovelaportuguesaque,emMaiode1982,estreavanaRadiotelevisãoPortuguesa,deixoumarcasnopúblicoenocontextodaficçãonacional.Passados27anos,maisdeummilhãodeportugue
sesassistiuàestreiadanovaversãoquetemumelencodeactoreslicenciadospelaEscolaSuperior deTeatroeCinema.Éo
casodePedroSaavedraque,nopapeldeBrunoBrisar, fazparte,pelaprimeiravez,deumelencofixoemtelevisão.
Dotado já de alguma experiência profissional como actor e encenador, PedroSaavedraconciliaotrabalhotelevisivocomoteatro.Nacomédia“ABíblia:todaapalavradeDeus(d’umaassentada)”,emcenano auditório Carlos Paredes, emBenfica,encarna, ao longo da peça, as múltiplaspersonagens femininas da Bíblia. Da autoriadeAdamLong,ReedMartineAustinTichenor,oespectáculoadaptadoporCéliaMendes e encenado por JuvenalGarcês,traduzsenumaleituradivertidadosprincipaisepisódiosnarradosnosLivrosBíblicos,doGénesisaoApocalipse.UmaproduçãodaCompanhiaTeatral doChiado, estreadanoTeatroEstúdioMárioViegas,eque,sem desrespeito pela religião, esclarecePedroSaavedrapolémico:«FilipeLaFeriapodiaensinarteatrocomercial»
TâniaAraújo
PedroPina
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Actor,encenadoreprofessor
PedroSaavedra:santo&pecador
OactornapeledeBrunoBrisar,oviciadoemprostitutasdatelenovelaVilaFaia
questõessuscitadaspelostextossagradosepelocristianismo.NoespectáculoquejáesteveemdigressãonoEntroncamentoeemFaro,oactorcontracenacomPedroLuzindroeRicardoCruz.
Do palco do teatro para os estúdiosda televisão, Pedro Saavedra confessatersentidoalgumasdificuldades.Perfeccionistapornaturezaeexigenteconsigopróprio, empenhouse com alma e coração no desempenho da sua personagem:BrunoBrisar.Umdirectorfinanceirobem sucedido, casado, que esconde damulher,SandraFaleironopapelde InêsBrisar–tambémelaalunadaESTC–,ovícioincontrolávelporprostitutas.
Fielàhistória,mantendoosnomesoriginais e as principais características daspersonagens,oremakedaVilaFaiasofreualgumas adaptações aos dias de hoje.O
temaprincipaldanovelaportuguesamantémse: uma família de classe alta, MarquesVila,proprietáriadeumaempresavinícolaprodutoradofamosovinhoVilaFaia.
Órfãos, filhos desencontrados dos pais,mães que não conseguem comunicar, irmãosqueseafastameprocuram,homensemulheresqueprocuramseguirocaminho
MariaLucena
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Histórias de Sucesso
desejadopelospaiseoutrosquedesejamfazêloemsentidoprecisamenteinverso,sãoalgumasdashistóriasda trama.Nofinal todasaspersonagensprocuramcumpriroseudestino;unsporquenuncalhesouberamfugir,outrosporqueoreinventaram.
Nomeseprincipaistraçosdaspersonagens originais mantiveramse.Outrostemascomointernet,víciosdojogo,divórcio,ecologia,foramintroduzidosnestanovaversão,reflectindoa
SaavedraemnomedajustiçaNOPAPELdeprocuradordoMinistérioPúblico,PedroSaavedra,temumaparticipaçãoespecialnanovasérie televisivaportuguesa“Liberdade21”exibidanaRTP1.Centradanotemadajustiça,estaproduçãodeficçãodáaconhecerodiaadiadeumescritóriodeadvogadosdeLisboa.Asociedade,Vasconcelos,BritoeAssociados,nãoolhaameiosparadefenderosseusclientes.ProduzidapelaSPtelevisãocontanoelencocomalgunsdosrostosquedãovidaàtelenovela“VilaFaia”.AntónioCapelo,AnaNave,AlbanoJerónimo,IvoCanelas,MarianaNorton, InêsCasteloBranco emuitosoutrosdãoacaranaLiberdade21,umasériedaautoriadePedroLopes.
OactornasuaactividadedeformadornumaescoladoensinobásicodeLisboa
realidadevividaactualmentenasociedadeportuguesa.
ProduzidopelaSPtelevisão,PedroSaavedranãodeixadetecerelogiosatodaaequipapordetrásdoprojecto,frisando que exigência e motivaçãoforam sempre uma constante. Numelencode34actoresnãofaltaramactores consagrados e novos talentos.Entre as caras conhecidas os protagonistasInêsCastelBranco,intérprete de “Mariette”, eAlbano Jerónimo,
na pele de “Godunha”, Virgílio Castelo(Gonçalo),SofiaSádaBandeira(Madalena),RosadoCanto (Alice)eSimonedeOliveiraquedesempenhaopapeldeIfigénia,personageminterpretadapelaactrizMarianaReyMonteironaprimeiraversãodaVilaFaia.
Orgulhosopeloseutrabalho,nafasedepreparaçãodapersonagemtentou,ouvindo vários testemunhos, perceberasrazõesquelevamoshomensaprocuraravidadupladapersonagem.
Lightshot
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Histórias de Sucesso
PEDROSaavedranasceuem1976eempequenonuncapensouemseguiracarreiradeactor.NaEscolaSecundáriadaFalagueira,naAmadora,comCarlaChambel,amigaecolegadeprofissão,foicoautoresimultaneamenteactordeumespectáculodeexpressãocorporal.Foiaprimeiravezquepisouumpalco.Surpreendidopela reacçãodo público sentiuse “integrado pelaprimeiraveznavida”,dizoactor.Maisdoquesepreocuparcomaprofissãoque iria ter no futuro, percebeu queo que realmente pretendia “era fazerparte de um todo”. Fascinado pelomomentodacriaçãonomundoteatral,PedroSaavedravislumbrousecomapossibilidadequeaartederepresentarlhedavaderecriaromundo.Paraseuespanto foiadmitidonaEscolaSuperiordeTeatroeCinemaondeconcluiuobacharelatoemFormaçãodeActores,paraa licenciaturafaltalheaindaentregarorelatório.
Aprendeu com o professor JoãoMota,aquemconsideraummestre,osconteúdosdaprofissãoeaimportânciadaéticanodesempenhodamesma.
Maistardeteveoprivilégio,comodiz,detrabalharcomomestrenoTeatrodaComuna.
Por considerar que os alunos, aoterminaremocurso,têmdeestarpreparadospararepresentarnasdiferentes vertentes do teatro, onde existirmercado,sugerequenocorpodocentedaescoladeviamfazerparteprofissionais destas áreas “porque não Filipe
Reinventaromundoemcimadopalco
La Feria em representação do teatrocomercial”,sugerePedroSaavedra.
Frequentava o 2º. ano do cursoquandoseestreouprofissionalmentetinhaapenasdezanoveanos,noTeatrodeAlmada.Desdeentão,emPortugalenaEuropa,temfeitotrabalhos
como actor, encenador e professor.NaEslovéniaparticipounoGfest,emEspanhaeItáliaexibiuLaNochedeCasandra,efezpartedoIIGabbianona França e na Itália. Já por terraslusas,noTeatrodaComuna,participounapeçaMedidaporMedidadeWilliamShakespeare, encenada porJoãoMota.Formadoremexpressãodramáticaparacrianças,temdesenvolvidováriosprojectosdeteatro juvenileamador.Em2000,edurantetrêsanos,foiprofessordoExternatoMarista de Lisboa. Regressou em2006aoTeatrodeAlmadaparaparticiparnacomédiatrágicaD.JuandeMoliére,comencenaçãodeJoaqiuimBenite.Tambémnestepalcofezpartedoespectáculo teatralCalígula.NosRecreiosdaAmadora,acidadeondevive,levouaopalcoAbsenceePOAmante Visual. Frequentou a Écoledes Maîtres, dirigida por EimuntasNekrosius.
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Reportagem
A IDEIA de apresentar espectáculosnoátriodassuas instalações,aoBairroAlto,surgiudanecessidadedeEscola Superior de Dança encontrarumespaçoondeosalunospudessemmostrar as suas actividades. Segundo o professor Francisco Pedro, umdosdinamizadoresdoprojecto“Átrio”,o aparecimento dos programadoresnosteatrosretirouespaçoàsescolasartísticasque,atéaí,tinhamapossibilidadedeactuarnassalasdeespectáculos.Comoasescolassedebatemsemprecomafaltadefinanciamento,enamaioriadoscasosnãodispõemde auditórios, a opção passa pelo
EscolaSuperiordeDançadeportasabertas
NoitesdedançanoBairroAltoAEscolaSuperiordeDançacontinuaaanimarasnoitesdequartafeiranoBairroAltocomosseusespectáculosno“Átrio”.Esteespaçotornouserapidamenteumareferêncianaapresentaçãodecoreografiasinovadoras,permitindoaalunosecoreógrafostestarasuacriatividadejuntodeumpúblicosemprenumeroso.
Textos de Paulo Silveiro l Fotos de Clara Santos Silva
aproveitamento de espaços que seadaptemàexibiçãodeespectáculos.FoiassimquenasceuaideiadetransformaroátriodaESDnumpequenoauditórioinformal,ondeosalunostêmaoportunidadedegeriredeapresentar os seus trabalhos dentro de ummeiosemiprofissional.
O Átrio tem duas característicasque levaramàsuaescolhacomo localprivilegiadoparaapresentaçãodeespectáculos.Umaéasuacomunicaçãodirectacomarua,quepermiteaopúblicoentrardirectamenteparaoespaçosempassarpeloscorredoresdaescola.Eaoutra,asuaconfiguração,
que permite uma maior proximidadeaindaentreopúblicoeosalunos.
Inicialmente os espectáculoseramapresentadosàsquartasfeirasde cinco em cinco semanas, o querequeria por parte dos alunos umgrandeesforço, comonos confidenciou Francisco Pedro, uma vez quetinhamdeconjugarasaulasteóricascomaspráticas.Nosdiasdosespectáculos,osalunosentravamàsnovedamanhãesaiamàmeianoite.
O Processo de Bolonha trouxemodificações, houve uma alteraçãodocurrículodocursodedançaedocalendárioescolar.Passaramaexis
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Reportagem
tircincosemanascurricularesondeosalunosapreendemsistemasmetodológicos e estruturas coreográficas,eumasextasemanadedicadaà apresentação de alguns espectáculos em função do que os alunosestudaram nas unidades curriculares.Coma implementação doProcessodeBolonhaasapresentaçõesdos alunos vão finalmente ser alvode avaliação. Para Francisco Pedro, estemodelo tem semelhançascomoquesepassanomercadodetrabalho,ondesecomeçaporimplementarobjectosartísticos,criativos,
teóricos e práticos, seguindose ociclodasapresentações.
EstesespectáculosenvolvemumconjuntodeacçõesqueenvolvemastrêsáreascientíficasdaEscola,adeanálise e conteúdos, criação e interpretaçãoeadeprojectoonde todasas unidades curriculares convergempara umobjecto. Para o docente daESD,osespectáculosdoÁtriopermitem aos alunos retirarem uma interdisciplinaridade, uma capacidade degerir novas situações, de criarem edeerrarem,oqueacabaporsermuito importanteporquesódesta forma
AragazzaqueseapaixonouporLisboa
TERESARanieriéuma italianaque jápossuiumvastocurrículocomocoreógrafadedançacontemporânea.AlémdeItália,jápassouporFrança,Alemanha,eÁustria.Apartirde2000passouatrabalharcomobailarina,coreógrafa,professoradeBalletedançacontemporâneapercorrendo todos osPaísesEuropeus, aPalestina, oJapãoeaCoreia.Édesde2004professoradedançacontemporâneanaESD.Vivehá trêsanosemLisboa,cidadequeadora,pelaluzepelaspessoas.
A bailarina possui formação de dança clássica, queconsidera importante para os bailarinos conhecerem osseuscorposesesituaremnoespaço.Aconjugaçãodeformaçãoclássicacomcontemporâneaéartisticamentemuitointeressante,permitindoaocorpodobailarino,soluçõescompostasquedeoutraformaseriamdifíceisdeexecutar.
Teresatemumestiloprópriocaracterizadoporgrandeempenhamentofísicosemprecomrespeitopelocorpoeosseuslimites.Nasaulasrespeitatodasasetapas,começandoporumbomaquecimento.Oessencialéobailarinoterocontroloabsolutodocorpo,comoporexemplonapeça“Under0º”ondetêmquesemovimentarporentrecoposcolocadosnochão.Ageometriade linhas rectas
está semprepresentenos trabalhosdacoreógrafa,nãogosta dos círculos, preferindo coreografar movimentosque incluam rectângulosouquadrados jogandocomasluzesnoaproveitamentotridimensionaldoespaço.
Como docente, foi complicado para Teresa Ranierienquadrarse no sistema de ensino artístico português.Noestrangeiro,osprofessorespassammaistempoatrabalharcomosalunos,emPortugalháumadispersãonacargahoráriaporváriosdocentes.Tambémláfora,asescolastêmalunosdeváriasnacionalidades,nonossopaísosalunossãomaioritariamenteportugueses.Umaspectopositivoqueencontrouaquifoioapoiocriativodadoaosalunos.Aescolapermiteaosalunostrabalharemeapresentaremassuaspeças,levandoosaumprocessocriativomuitoimportante,nosoutrospaísesaapostaéfeitaessencialmentenoaperfeiçoamentodatécnica.
OProcessodeBolonha,aocontráriodoqueseriadesejável,nãoveiotornarhomogéneooensinoentreasváriasescolasartísticas.Paraacoreógrafavãoexistirsempreperfisdiferentesentreasinstituiçõesdeensino,aescolaperfeitadeveriadaraosalunosasferramentastécnicasmastambémespaçoparaeledesenvolveracriatividade.
FranciscoPedro:odinamizadordaideia
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30 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Reportagem
AloucuradasociedadecontemporâneaEM NOVEMBRO de 2008 TeresaRanieri apresentou no Átrio umaobra intitulada “Under 0º”, que foiespecialmente criada para algunsfinalistas do curso de licenciaturaemDança.Este trabalho surgenacontinuaçãodeumoutrocriadoháumano«0º»,efechaumcicloquereflecteaexperiênciadacoreógrafaquandoviveunoNortedaEuropa,numasociedadecomumaarquitecturarectilíneaecomapredominânciadopretoebranco.
Otrabalho“Under0º”procurouabordar temascomoadificuldadede equilíbrio nas relações humanas, a distância, apesar da proximidade física, o medo de perturbaçõesemocionaiseasolidãonaindividualidade foram os tópicosutilizadosnacriaçãodacoreografiadeTeresaRanieri.
elespodemevoluir.Ofactodeoerroacontecer no seio da Escola acabapor não ser grave, uma vez que fazpartedapreparaçãodosalunosparaomercadodetrabalho.UmadaspreocupaçõesdaEscolatemsidooconvite feitoaosprofissionaisdomundoartístico para realizarem workshopsem várias áreas, desde os figurinosatéàmaquilhagem,queofereçamaos
alunos uma experiência idêntica aoquesefaznomercadodetrabalho.
Nos espectáculos do Átrio jápassaram nomes sonantes como osdeRuiHorta,OlgaRoriz,Rui LopesGraça, Amélia Bentes, entre outros.Amédia de espectadores tem vindoaaumentardeanoparaano,actualmente situase nas oitenta pessoasporespectáculo,oqueéumbomnú
merodentrodoqueéhabitualnestaárea.MasaEscolaSuperiordeDança, paraalémdosespectáculos realizadospelosseusalunos,tambéméumespaçoondealgunsprofissionaisdo ramo podem apresentar as suascriações. No fundo a ESD continuaa ser umponto noBairroAlto, ondevárias correntes artísticas se podemencontraredebaterideias.
Acoreógrafaentendequenasociedade contemporânea o individualismoreina,oconceitodecomunidadeestáemdesusoeaprópriafamíliaestá em crise. Foi isso que TeresaRanieriprocuroutransmitiraoagrupara turma em duetos na performance
queapresentounoÁtrio,a loucurada sociedade contemporânea, quese desgasta na procura do sucesso.OsalunosdaESD,procuramnopalcotransmitiraosespectadores,asolidãointeriordosquevivemrodeadosdepessoas.
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31Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Pensar Direito
ALEIdeOrçamentopara2009corroboraonossoentendimentonotocanteàmanutençãodacarreiradopessoaldocente do ensino superior, quer norespeitante à adopção do regime docontrato de trabalho em funções públicasquantoàconstituiçãodenovasrelações jurídicas com manutençãodas situações existentes à data daentrada em vigor da Lei 12A/2008,quer no que respeita à aplicação deumsistemadeavaliaçãoaopessoaldocentedoensinosuperior.ApublicaçãodasLeis66B/2007,quereformulao Sistema Integrado deAvaliação deDesempenhonaAdministraçãoPública; e 12A/2008, que define e regulaos regimesdevinculação,carreiraseremunerações dos trabalhadores queexercem funçõespúblicas,não tendoexcluídodoseuâmbitoopessoaldocente nem previsto qualquer tipo deressalva,veioasuscitardúvidasquantoàsuaefectivaaplicaçãoeaos termosaseguirparaestedesiderato.ALei66B/2007 instituiosistema integradodegestãoeavaliaçãododesempenhonaAdministraçãoPúblicaeaplicaseaosserviçospúblicos,seusdirigentes e demais trabalhadores,numaconcepçãointegradadossistemasdegestãoeavaliação,permitindoalinharosdesempenhosdosserviçosedosquenelestrabalham.
Daanálisedodispostonosartigos1.ºe2.ºdaLei66B/2007resultaqueopessoaldocentetambémestásujeitoaoSistemaIntegradodeavaliaçãodedesempenhoeabrangidopeloSIADAP.DesdelogoporqueoâmbitodeaplicaçãododiplomaenglobaaadministraçãoindirectadoEstado,ondeseincluemuniversidadesepolitécnicos,podendoos subsistemas ser objectodeadaptaçãoàsespecificidadesdasinstituições, nos termosdoartigo 3.ºdamesmalei.
Nestesentido,eatéquesejainstituídoumsistemadeavaliaçãoparaos docentes do ensino superior, asoluçãoparaadificuldadepráticadeaplicaçãodoSIADAPaessepessoalencontrase no n.º 7 do artigo 113.ºda LVCR, cuja previsão abrange “ostrabalhadores cujo desempenho nãotenhasidoavaliado,designadamentepornãoaplicabilidadeounãoaplicaçãoefectivadalegislaçãoemmatériadeavaliaçãodedesempenho”.
Deacordocomoestatuídonon.º
6doartigo113.ºdaLVCRéatribuídoumpontoporcadaanonãoavaliado,num total de 4 pontos, relativamenteaosanosde2004a2007,podendoodocentealterarasuaposiçãoremuneratóriaapenasquandoperfizero totalde10pontos.Emalternativa,odocentepoderárequererarealizaçãodasuaavaliaçãoatravésdeponderaçãocurricular, nos termos da Lei 66B/2007,aplicada com as necessárias adaptações. Todavia, a aplicação destemecanismo de ponderação suscita aquestão de saber a quem competiráassegurar a condução e fixação doscritérios.AoConselhoCoordenadordeAvaliação previsto para os restantestrabalhadoresdaAdministraçãoPública?aosConselhosCientíficosePedagógicos?ouatodosemconjunto?
Emnossoentender,a respostaaestaquestãodeveteremcontaaes
truturadoensinosuperior conjugadacomaprevistanaLeiparaoSIADAP,peloqueestatarefadeverásercometida,deformaconjugada,aosConselhos Científicos e Pedagógicos, emarticulação comoConselhoCoordenadordeAvaliação.
Aconclusãoaquepodemoschegar é a de que os docentes, muitoembora pertençam a uma carreiraintegradanumcorpoespecial,nãoseencontram fora do âmbito de aplicaçãodoSIADAP,havendonoentantoqueprocederàsnecessáriasadaptações.OfactodeseautoexcluíremdoSIADAP,por jáseremavaliadospeloEstatuto, não faz com que estejam,defactoededireito,excluídosdaquelesistemadeavaliação.Éque,seécerto que o DecretoLei 185/81 fazmençãoàclassificaçãodosdocentes,tambémoéqueestaéumaavaliaçãodemérito, feita para fins específicose delimitados, no caso a renovaçãodecontratos,passagemanomeaçãodefinitivaouavaliaçãoquinquenaldosprofessorescomnomeaçãodefinitiva,nãoconfigurando,nestesentido,umaavaliação, pelo menos na acepçãocom que é utilizada para efeitos doSIADAPedaLVCR.
Destemodo,eatéqueosórgãosestatutariamente competentes decidam sobre a adopção de um sistema de avaliação especificamenteaplicávelaopessoaldocente,asoluçãodeverápassarpelaaplicaçãodopreceituado no n.º 7 do artigo 113.ºda LVCR, sendo que os docentespoderão recorrer ao mecanismo deavaliaçãoporponderaçãocurricular,lançandomãoàfaculdadequeon.º9daqueleartigolhesconfere,aplicadacomasnecessáriasadaptações.
Relativamente a esta possibilidade, a competência para assegurar oprocesso, no que respeita à fixaçãodos critérios e respectiva valoração,deverá ser cometida aos ConselhosPedagógico,CientíficoeCoordenadordeAvaliação,atendendoàespecificidade das suas funções no contextodoensinosuperioredaavaliaçãoemgeral(comoformadegarantiraunidadedaavaliação/gestãointegradadosrecursoshumanosdasinstituiçõesdeensinosuperior).
*GabineteJurídicodoIPL
Avaliaçãodosdocentesexigeadaptação
MariaFelicianaCardoso*
Os docentes, muito embora pertençam a uma
carreira integrada num corpo especial, não se
encontram fora do âmbito de aplicação do SIADAP, havendo, no entanto, que proceder às necessárias
adaptações
ArquivoP
olite
cnia
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PortugalaosquadradinhosnaDeportasabertasàcomunidade,aEscolaSuperiorde
TeatroeCinemaacolheupelaprimeiravezajóiadacoroadoFestivalInternacionaldeBDdaAmadora:abandadesenhadaportuguesa.Referênciamaiordashistóriasaosquadradinhosmade in Portugal,JoséGarcês,oartistaconvidado,foialihomenageado,naquelequefoiumdospontosaltosdocertame.
Textos de Vanessa de S. Glória
Fotos de Bruna Viegas
AOACOLHERainiciativa,aEscolaSuperior de Teatro e Cinema tornouse pontodepassagemobrigatórionãoapenasdosfanáticos das histórias aos quadradinhosmas, também, da generalidade dos visitantesdoFestivalInternacionaldeBandaDesenhada da Amadora. Reafirmando asualigaçãoàcomunidadelocaleaaberturaaoexterior,aescoladeuaconhecerumadaspartesmaisimportantesdaobrade José Garcês, condensada na mostra“DesenharaMúsica”.
Artistaconceituado,JoséGarcês,quejácompletou80anos,temparticipadoempraticamentetodasaspublicaçõeseiniciativasdaespecialidaderealizadasemPortugal.
HomemdaAmadora,paraalémdeautordebandadesenhadaéilustrador,pintor,eprofessor.Aolongodasuacarreirateveaoportunidadedeestudarcomosmelhoresmestresenasmelhoresescolasdasuaépocadesenvolvendoodesenhoclássico.Utilizando a arte aos quadradinhos numavertente histórica e pedagógica, conta ahistóriaatravésdehistóriasdeBD.
Internacionalmente reconhecido nouniverso da BD foi, por diversas vezes,
FestivalInternacional
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BDdaAmadoraEscoladeTeatroeCinema
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convidado, a representar Portugal noFestival de Lucca (em Itália), um dosmaisantigoseimportantefestivaldebandadesenhadadomundo.
Nos anos 90, em França, foi aplaudidopelaobra “HistóriadePortugalemBD”, que chegou a ser traduzida parafrancês.Resultadodeum trabalhoconjuntocomoprofessorCarmoReis,forampublicados quatro volumes da “Históriade Portugal em BD”. O Ministério daCultura Francês escolheu a obra parapremiar estudantes vencedores de umconcursonoâmbitodaExpo98.
Numasimbioseperfeitaentreaimagemeamúsica,aexposição“DesenharaMúsica”,expostanaESTC,éconstituídapor21pranchasdesenhadasatintadachinaecoloridas.AtravésdelasãoretratadosinstrumentosmusicaisdoséculoXVeexcertosdahistóriadePortugal.
Umamaisvaliaparaacomunidadeacadémicaquevênestaobraumafonteinspiradoraparaasuaformaçãoecriatividade.
Satisfeito,NelsonDona,daorganizaçãodoFIBDA, fazquestãodedizerquehá muito que se pretendia que o maioreventoculturaldaAmadorapassassepela Escola Superior de Teatro e Cinema.“Paraalémdepóloeducacional,aescolatambémcumpreopapeldedinamizadorculturalnacidade”.
JáovereadordaculturadaCâmaraMunicipaldaAmadora,AntónioMoreira,esperadarcontinuidadeaestaparceriacomaescola nopróximoano, que temo aliciante acrescido de ser o da celebraçãodo20ºaniversáriodofestivaldeBandaDesenhada.
Aocompletar 19anosdeexistência, oFestivalInternacionaldeBandaDesenhadatemsidoumcartãodevisitaparaacidadeda Amadora que, nesta edição, recebeumaisde28milvisitantes.OpresidentedaESTC,FilipeOliveira,consideraqueestaétambémumaoportunidadeparaaescoladesedaraconheceràcomunidade.
Commaisde50anosdecarreira,JoséGarcês,associa,naexposição “DesenharaMúsica”,abandadesenhadaàvertentehistóricaepedagógica,“umaformadetrabalho,nestaárea,nãomuitousual,mesmoanívelinternacional”,dizNelsonDona.
Originais de desenhos de trombetas,órgãos, clavicórdios, alaúdes; cenas dedança, músicos a tocarem instrumentosdo século XV, e excertos da história dePortugal, puderam ser apreciados pelopúbliconestaexposição.
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Em Foco
Património do Centro Nacional deBandaDesenhadaeImagem,naAmadora, a mostra que, em 2005, esteveexposta,pelaprimeiravez,nestecentro,jápercorreuváriospalcosdeNorteaSuldopaís,inclusiveestevenasilhas.
“Desenharamúsica”resultoudarecriação da mostra “A Música noséculo XV” realizada nos anos 80,tambémdaautoriadeJoséGarcêsque, em resposta ao desafio propostopeloentãodirectordoMuseudoMosteirodaBatalha,SérgioGuimarães de Andrade, procurou representarfielmenteos instrumentosmusicais do século XV esculpidosna cantaria dos pórticos da Batalha. O argumento deste projecto,inspirado num episódio verídico dahistória de Portugal, baseiase navisita de uma embaixada flamengaaPortugal,chefiadapeloDuquedeBorgonhaem1428,noanoemqueseconstruíaoMosteirodaBatalha.Napreparaçãoda“MúsicanoséculoXV”,oartistarecorreuaoconselheiromusical,JoséPedroCaiado,que,faz questão de frisar, foi uma “ajuda preciosa”. Recordese que JoséPedroCaiado integraumgrupoespecializadoemrepertóriodemúsicade IdadeMédia,LaBatalla,dirigidopor Pedro Caldeira Cabral, apesardeestaremcomissãodeserviço,omúsico pertence ao corpo docentedaESTC.
Deumlongotrabalhodepesquisaresultaram 30 pranchas desenhadasa tintadachina.Apesar de bastanteaplaudida, a exposição, por ter sidoexibidaemlocalaberto,ClaustroJoaninodoMosteirodaBatalha,apresentoucópiasasépiadotrabalho.
Os desenhos originais ficaramguardadosnagavetaaté2005.Altura emoCentroNacional deBandaDesenhada e Imagem, sediado naAmadora, em colaboração com omestre,pegounoprojecto.Aspranchas desenhadas a tintadachinaforamcoloridaspelopróprioartista.O trabalhosobreamúsicaemcontextohistóriconoséculoXVfoientãotransformadonumaactividadepedagógicaededivulgaçãodamúsicaedaBDjuntodopúblicoinfantojuvenil.Éassimquenasceaexposição“DesenharaMúsica”.
Osjovensaderiramemmassaàmostra"DesenharaMúsica"deJoséGarcês
OartistacomovereadordaculturadaCâmaradaAmadora,AntónioMoreira
OpresidentedoconselhodirectivodaESTC,osecretáriodaescolaeoartista
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UmavidadedicadaàBDJOSÉ GARCÊS diplomouse emArtes Gráficas pela Escola deArtes Decorativas, em 1946, iniciando nesse mesmo ano a suacarreira no jornal “O Mosquito”,onde se manteve durante umadécada.Desdeentãonuncamaisparou. Ao longo da sua carreira tem conseguido pôr a BD aoserviçodopúblicoemgeral.Colaborou em mais de uma dezena de publicações portuguesasdestinadas a crianças e adolescentes. Desenhou para váriaseditoras escolares (EdiçõesAsa,Bertrand,Verbo,Didáctica, entremuitasoutras)emlivrosdeváriasdisciplinas:história,geografia,ciências, português e matemática.JoséGarcêsfoiilustradoreautorde banda desenhada no jornal“OSéculo” e na revista feminina“ModaseBordados”.Em1963aRTPconvidouoacolaborarcomilustraçõesparaoprograma“Portugal,históriaeaventura”.
Residente naAmadora, o artistatemparticipadonacidadeemactividadesligadasàbandadesenhada, sobretudonosúltimos15anos,desdeacriaçãodoFestivalInternacionaldeBandaDesenhada. É na Amadora, no arquivode originais do CNBDI – CentroNacionaldeBandaDesenhadaeImagem–queseencontragrande parte da sua obra. A ligaçãoà cidade e o reconhecimento doseu trabalho mereceramlhe o
seunomeseratribuídoaumaavenidadacidade.
Deu cursos de iniciaçãoà bandadesenhadaaprofessoresealunosemPortugalenasilhas.
JoséGarcês desenhou uma colecção de selos para os CTT, e foiautor de ilustração animal para oMuseudeHistóriaNaturaldaFaculdadedeCiências.Porinúmerasve
zes as suas qualidades artísticasforam reconhecidas destacandose, especialmente, nos trabalhosde banda desenhada histórica,ilustraçãoanimaleconstruçõesdearmar.Em1999oartistafoihomenageado com aMedalha deOuroMunicipal e recebeu o Troféu deHonradoFestival InternacionaldeBandaDesenhadadaAmadora.
EstudantesabrilhantamafestaNãOfoicombinado,masotrabalhomusicaldesenvolvidoaolongodoanode2008pelogrupoTaratinyalalan–constituídoporalunosdaEscolaSuperiordeTeatroeCinema–encaixounaperfeição,nainauguraçãodaexposição“DesenharaMúsica”.
Aderindo entusiasticamente ao evento, o grupoestudantilapresentouumpequenorecitalcomrepertóriomedieval,doséculoXIIIaoséculoXVI,utilizandodois instrumentos representadosnabandadesenhada:violadearcoealaúde.Eumgrupodealunosdo2ºanodeteatro,daprofessoraMariaRepas,interpretoucançõesdaépoca.
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38 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Em Foco
GuerradasEstrelasnaAmadora
VINTEeoitomilvisitantesestiveram no Festival Internacional deBanda Desenhada da Amadoraquetevecomotemacentral “Tecnologia e Ficção Científica”. DeNorte a Sul do país, alunos, doensinobásicoaouniversitário,puderamapreciaroquedemelhorsefaz em banda desenhada a nívelnacionaleinternacional.
Aocompletar19anosdeexistência o espaço Fórum Luís de
Camões,naBrandoa,que temquatromilmetrosquadradosdeárea,foitransformadonoAstroportoqueacolheuumanavecósmica.
Exposições, sessões de autógrafos com autores nacionais e estrangeiros,debates,workshopseactividadesparaosmaisnovosfizerampartedaprogramaçãodomaior festivaldeBDdopaís.ParaalémdedivulgaraBD comoela é, este evento oferecelivrosapreçosdefeira, levandoesta
arteaopúblicoemgeral,criandonovosapreciadoreseleitores.
Ásemelhançadosanosanteriores,paraalémdonúcleocentraldaexposiçãoexistiamnúcleosexpositivosespalhadospelacidade.
O festival encerrouemgrandecomamini convençãoStarWars.Vindos de vários pontos daEuropa chegarammascaradosdepersonagens alusivas à Guerra dasEstrelas.
OsonhoantigodeNelsonDonaNelson Dona, director do Festival Internacional deBandaDesenhadadaAmadora,éumhomem felizerealizado.No dia da inauguração da exposição "DesenharaMúsica",doartistaJoséGarcês,emdeclaraçõesàPolitecnia, fazquestãodedizerqueestáaconcretizarumsonhoantigoao levaromaioreventocultural daAmadora para a Escola Superior deTeatroeCinemadoInstitutoPolitécnicodeLisboa.“Paraalémdepóloeducacional,aescolatambémcumpreopapeldedinamizadorculturalnacidade”.
CNBDI
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Empreendorismo
OportunidadesEspecíficasdeNegócio
ISELabreportasàincubaçãovirtual
OInstitutoPolitécnicodeLisboaencaraasredesdeconhecimentoeasparceriasempresariaiscomoprolongamentosinteligentesdosucessoeducativo.Àluzdessaestratégia,oISELabriuassuasinstalaçõesàincubaçãovirtual,garantidooapoioaodesenvolvimentodoconhecimento,eassociandoseàlógicadoempreendorismopreconizadopelaOPEN–OportunidadesEspecíficasdeNegócio,lideradaporumantigoalunodaescoladeengenharia.
Textos de Clara Santos Silva l Fotos de Pedro Pina
OANO de 2008 foi omotor do empreendorismonasescolasdoInstitutoPolitécnicodeLisboa,quevênainovação, nas ideias empreendedoras,sinaisclarosdeumfuturoquesedesejapromissor.Aideiaestánamodae cada vezmais enraizada nomeioacadémicoenotecidoempresarial.
AOPEN,CentrodeIncubaçãodeOportunidadesdeNegócio, temsidofundamental paraodesenvolvimentodeideiasinovadorasenaponteentre
aindústriaeoensino.Umadasquatroempresasincubadas,aDailyWork,desenvolveoseutrabalhonas instalaçõesdoInstitutoSuperiordeEngenhariadeLisboa,apesardasuasedefísica se situar na Marinha Grande.RicardoPrata,exalunodoISELeinvestigador, acabou por nunca deixara escola que o formou, associandose ao professor António Serrador eformandoumaempresanaáreadosSistemasInteligentesdeTransportes.
NestaredeemqueentramoISEL,aOPENeaDailyWorksubsisteoconceitodeincubaçãovirtual.Oincubadodesenvolve o trabalho no campo dainvestigação e desenvolvimento tecnológicoemlaboratóriosdoISEL,emrespostaaomercadoparaoqualestádireccionado,eporsuavezaincubadoraprestaapoioemtermosdegestãoeserviçosadministrativos.
A Marinha Grande é a sede daIncubadora OPEN, local estratégi
NasinstalaçõesdaOpen,naMarinhaGrande,asgrandesideiasinovadorastêmumespaçopróprioàsuadisposição
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Empreendorismo
co, dado estar inserido no ParqueIndustrial do concelho, conhecidopelasuatradiçãonaIndústria.OobjectivoprincipaldaOPENéserum
centrode inovação,acolhendoprojectoseideiasquepossamconstituirempresas.Asuagrandeparticularidadeemaisvaliaestánosespaços
quenãosãosóparaserviçosmas,também, para indústrias. Uma dasempresas incubadaséprecisamentenaáreaindustrial.
Noprincípioeramosmoldes…
A INCUBADORA de empresasOPEN nasceu da actividade desenvolvidapeloCentroTecnológicodaIndústriadeMoldes(Centinfe),queacabariaporlheservirdeâncora.Comuma total implantaçãonomercadodaIndústria,oCentinfepromoveodesenvolvimentodecandidaturasaprojectosdeapoioao desenvolvimento, possuindotambémumconjuntodeáreasadministrativasdesuporte.
Tambémaqui,alógicaéadeasempresasobterem,nummesmo local, tudo aquilo que precisamparafuncionar.
ACentinfeéconstituídaporgruposestruturadosdeacordocomasnecessidades. Pode dizerse quese trata de um centro de suporteda indústria demoldes, ferramen
tas especiais e plásticos.A suamissãopassaporrecorreraosseusespecialistasparadarsuporteaqualqueráreadefuncionamento,espelhandoasemprepresentepolivalência.
OCentro é constituído por diversasáreas, imprescindíveisparaototalfuncionamentodeumaempresa.Aáreade informáticadáapoioàsTecnologias de Informação, e a equipadaqualidadegaranteacertificaçãode90%dosprodutosdesenvolvidospelaindústriademoldeseelaboramanuaisdequalidade.Aáreadeprojectos,porseulado,asseguratudooquedizrespeitoaoinvestimento,àscandidaturas e marketing, organizando todoo processo que posteriormente serásubmetidoacandidatura.
As instalaçõesdaCentinfe,apardoquefoiconcebidonaOPEN,estão
preparadas para servir de postode trabalho das suas associadas.Possui salas de videoconferênciaamplas:umaáreadepalco,jáutilizadasparaespectáculosdebailadoemúsicamoderna;eumaáreaadministrativa, sempre importanteparaotrabalhodiário.
Uma das grandes apostas doCentro é criar redes de conhecimento extensas. A estruturaassegura que todos os apoiossolicitados pelos associados têmresposta, por parte dos especialistasdaCentinfeoudeterceiros,aquemse recorrerásenecessários.AgrandemaisvalianoCentro passa por saber ser uma instituiçãodesuporte,desdeomaispequenoatéàsáreasde topodaorganizaçãodasempresas.
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Empreendorismo
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O projecto nasceu com o edifício, que foi estudado ao pormenor,possuindo uma flexibilidade total.Divideseporáreas,emfunçãodasnecessidades dos seus incubados.Possuinoseurésdochãoumaáreaderecepçãoedeserviços,ondepoderãodesenvolverseasentrevistasaoscandidatosaincubados.Nospisossubsequentespodemencontrarse salas de reunião apetrechadascom meios audiovisuais de últimageração,mesasecomputadores.Assalasdevideoconferênciapossuemquatroecrãsquepermitem,nocasode projectos internacionais comunicaremsimultâneocomquatrocantosdoMundo.
As zonas de serviços são aquelasqueacolhemassedesfísicasdasempresasepodemtambémserzonasde trabalho.Aparte industrial integraumafábrica,umpavilhão industrialeumaáreaadministrativaadjacente.
Estandoinseridanumazonaindustrialetendoporbaseideiasgeradorasdeprodutos inovadores,aOPENpossui também uma área de exposição,que pode funcionar comomostra dosprodutos.Naáreaindustrial,podemen
contrarseváriosportões,emquecadaumcorrespondeaummódulo,masasempresaspodem terumoudois, deixandoemabertoessapossibilidadeàmedidadassuasnecessidades.
Cadaumadasempresasquecontrate a área industrial tem tambémacesso a módulos onde se concentramarquivosmortosegaragens.
O objectivo é que na OPEN asempresastenhamacessoatudo.
Joaquim Menezes, o Presidente doConselho deAdministração daOPEN,acreditaqueseráumsucessonofuturo,masreconhecequealógicadoempreendorismoprecisadematuração. Ressalva que para as jovensempresas“jánãoéocomeçarnagaragem,massimcomcondiçõesmaisestruturadas que permitem avançardeumaformamaisconsistente.”
Ao percorrermos o edifício daOPEN, a impressão que retemos éa de estar perante condições logísticasminimalistas.MuitassãoasiniciativasorganizadaspelaOPENquepretendem dar ânimo à indústria.O«fimdetardedosempreendedores»é uma das iniciativas que permitemreunir profissionais que dão o seu
testemunho, formando quase queuma tertúlia. Os «Jantares Vínicos»têm feito também muito sucessopois permitem juntar profissionaisda produção de vinho sempre comum cunho de cultura. É convidadoum orador que serve de âncora aojantar, durante o qual é feita umaprestaçãodegastronomia.A ideiaéprecisamentereunirnomesmolocal,profissionaisde váriasáreas, sendoqueocustodojantarficaacargodosparticipantes,sendoaacçãodepromoçãodesenvolvidapelaOPEN.
Este tipo de iniciativas permiteestabelecer uma rede de contactosimportanteparaaglobalizaçãoqueseviveactualmente.
A zona onde está implantada aOPEN e a Centinfe – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes,da qual JoaquimMenezes tambémé Presidente, foi já considerada noPlanoTerritorial,umPóloTecnológico.AoladoseráconstruídooCentrodeFormaçãodaIndústriadeVidros.Será também inaugurado o CentroEmpresarial, onde estará integradaa Escola Profissional da MarinhaGrande.
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42 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Empreendorismo
A(re)descobertadaindústriaPARAALÉMdasuaactividade,oCentroTecnológicodaIndústriadeMoldesdemonstra forte preocupação com ofactodeaindústriatercaídonoesquecimento dos jovens, deixando de seruma das suas opções de formação.TendoaMarinhaGrandeumafortetradiçãonaindústria,apoucaprocuranaáreapoderiaconduziraumacrisesemprecedentesnaregião.
Numa altura em que os cursostecnoprofissionais estavam quasea desaparecer, a forma encontradapara contrariar a realidade foi darluz a umnovo projecto.O objectivofoi(continuaaser),cativarosjovensa partir do 7.º ano de escolaridade,mostrandolhes que a indústria éumaactividadecomfuturo.
A iniciativa «Pense Indústria Conhecimento» começou em 199596,tendoacoordenaçãonacionalficadoa cargo daAssociação dos CentrosTecnológicosdePortugal.OCentinfe,umdoscincocentroscominstalaçõesfísicas, acolhe nas suas instalaçõesperto de 300 alunos anualmente.Cada projecto funciona pelo períododeumano,duranteoqualosalunospassam,deduasemduassemanas,duashorasnocentro.
SãotrezeasescolasnaregiãodaMarinhaGrandeaparticiparnainiciativa.Essasescolasassumemumaestrutura didáctica e pedagógicamuitosedimentada quanto às opções queosalunos terãoque tomarno futuro.O importante, segundo JoaquimMenezes,fervorosoapoiantedaideia,émostrarque«aIndústriaémuitodiferentedoquefoi».Por isso,oprimeiro passo é mostrar o filme “TemposModernos”,deCharlieChaplin,ondese caricatura a indústria no inicio doSéculoXX.Ochoqueentreatecnologiadeentãoeamodernidadepermiteaos alunos perceber o que é hoje aindustriaecomofunciona.
Oambienteondesedesenvolveoprojectoéumasalaconcebidapara o efeito, compostosde trabalhoreais, correspondendo cada um aumaárea industrialhorizontal.A intençãoémostraroquefuturamenteencontrarão nas empresas indus
triais,estabelecendoaponteentreateoriaeaprática.
A componente pedagógica assentanumaforteligaçãodoprojectoaoentretenimento,umavezquesetratadealunosdos7.ºs,8.ºse9.ºsanos.Aomesmo tempoque jogam,aprendem. O estímulo ao trabalhodeequipaéumaconstante.Criamsegruposdetrabalhoqueseconstituemcomoempresas,nasquaisosparticipantes podem ser técnicos,trabalhando nas diversas áreas, ouaté administradores. Funciona tudoum pouco na lógica dos jogos deempresas, que têm de ser geridasnarelaçãocausaefeito.
Num ambiente muito particularpodem ser encontrados postos detrabalho correspondentes a inúmeras vertentes da indústria, desde alogística, a energia solar, robótica,mecânica, hidráulica e pneumáticaentreoutras.Todososexercíciosdoprojecto«Penseindústria»seiniciamcomaprogramaçãoemcomputadoresódepoiscomamaquinação.
Uma das sessões do projectopassaporcriar ideiasdeprodutos.Aestratégiaganhou jáuma talpopularidadequelevoumesmoàcriaçãodeumprémioanualatribuídoaomelhorproduto.Em2007ogalardão foi entregueaocriadordeumcabideextensível,quepodeseradaptadoacrianças,adultoseaváriascircunstâncias.Apesardemuitosimples,houveanecessidadederecorreracálculosparachegaraoprotótipofinal.
Algunspais já informaramosprofissionaisdaCentinfedequeosfilhosrevelamboasalteraçõesdecomportamentoeresponsabilidade.OCentinfedisponibilizaaindaumasériedelivros,adequadosàsidadesdosalunos,queretratamoprocessodecriaçãodeobjectos que lhes são familiares, comopor exemplo as pranchas de surf. Eemcada livroháumdicionáriosobreaárea.Porúltimo,osespecialistasderecursoshumanose formaçãoprofissionalseguemopercursodosparticipantes,avaliandooimpactodoprojectonassuasopçõesdeformação.
ZonaindustrialdoCentroTecnológicodaIndústriadeMoldes,FerramentasePlásticos
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Empreendorismo
EMPREENDORISMO é a palavra domomento,masnaopiniãodeumgrandeconhecedordamatéria,JoaquimMenezes,oseuconceitoéporvezesbanalizado,aoserapontadocomoaúnicasaída para o futuro. Objectivamente,paraele,«empreenderéinovar».
Ser empreendedor não significaser empresário. Aos profissionaisde hoje pedese que, no local detrabalho tenham a capacidade dereinventar coisas, encontrar soluçõesnovasparaproblemasantigos.Criatividade,persistênciaevontadede vencer dificuldades não são características exclusivas do empresariado. Joaquim Menezes diz queojovemempreendedortemqueser,sobretudo,persistente,relativamente pragmáticoem relaçãoaos seusobjectivoseteranoçãoclaradequeum projecto empresarial tem queserviromercado.
Aindadeacordocomasuafilosofia, ser empreendedor começa semprenaescola,naformacomoseensinaecomoseaprende.Sendocertoqueàescolacompetetermaisaresponsabilidadedoqueàsempresas.“Aescolatemqueseajustaraomercadoqueserve,estandoatentaàsnecessidadesdaprópriaindústria”,observa.
NoInstitutoSuperiordeEngenharia deLisboa, aoqual semantém ligado,dizexistiremgruposdetrabalhocomumavontadegenuínaparaencetarmudanças,havendooutros,quesemantêm a fazer aquilo que a escolatemcomofunção,oquetambémnãoédecriticar.Umpouconalógicadasempresas,asescolassuperiorestambémtêmquesereinventar,apesardeestarem sujeitas a constrangimentosquemuitotêmavercomfinanciamento.Oseupapelcomoempreendedortem sido bem sucedido, mesmo noquedizrespeitoaotrabalhoquetemvindo a desenvolver no apoio a novasgeraçõesdeempreendedores.OCentinfeéumdoscasosdesucessocomoseucunho,quefuncionacomointerfaceentrea indústria,asempresaseaparteacadémica.
AOPEN é um projecto paralelo,masque complementaaquilo queé
Serempreendedornãoéserempresário
feito noCentinfe, dando a oportunidade a empresas e seus projectosdecomeçaremasurgir,comoformadeviramaserconsolidados.Éumaestruturaqueestáabertanãosóàsáreasquetêmavercomosmoldes,mas de uma forma horizontal parareforçaraestruturaeconómica,local,regionalenacional.
Dentro da estrutura da OPEN,surge a incubação virtual, na qualencontramos a Dailywork, já bemconhecida do IPL, que funciona nalógicadaincubaçãovirtual,eàqualédadosuportesobopontodevista da gestão e administrativo. Nãoesconde a satisfação ao reconheceraaberturadoISELàcriaçãode
umespaçodeincubaçãonaescola,permitindo ter um espaço de incubaçãoàdistância,paradesenvolverconhecimento.Semprenoâmbitodoempreendorismo,depoisdaincubação virtual, seguese o mecanismoBusiness Angels, que não é maisdo que uma estrutura de suporteao lançamento de novas ideias enovas empresas. Mais ágil do queas sociedades de capital de risco,atravésdelas,podeserinvestidoummontantedecemeuros,baseandosenumalógicadequasesociedademais do que na estruturamais formaleinstitucional.Adiferençaéqueo empreendedor não necessita deestabelecerdiálogocomabanca.
OengenheiroJoaquimMenezes,presidentedaOpeneexalunodoISEL
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44 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Problemáticas
EMBORAsepossapensarqueaocorrênciadumsismoemsimultâneocomaconclusãodumaescavaçãogeralajusantedumacortinadeparedemoldadaancorada,possaserpoucoprovável,arealidademostraque,semprequeocorreumsismonumazonaurbana nalguns locais desta existirão,certamente, escavações executadasao abrigo de paredesmoldadas queainda aguardam a execução dos pisos enterrados para que a obra decontençãoperiféricaseconclua.
Assim, faz todo o sentido admitirquesedeveintroduziraacçãosísmicanodimensionamentodumacortinadeparedemoldadacomonosrestantestiposdeestruturasdecontenção.
Napresentecomunicaçãoé referida a forma de considerar a acçãosísmicadeacordo comas recomendações dos Eurocódigos estruturais,nomeadamenteosEC7eEC8.
Para solos coesivos é importantesabercomopodevariarovalordacoesãoquandoocorre um sismo.Deacordo com resultados experimentais[Makdisi&Seed,1978],acoesãodiminuiquandoocorreumsismo,considerandose,habitualmente,queovalordacoesãosobasacçõesdinâmicasédaordemde80%dovalorsobacçõesestáticas, o que é justificado por sepresumir que as ligações de coesãoentre as partículas de argilas e siltespossuemumacertaelasticidadepossibilitando ligeiros deslocamentos oscilatórios repetidos dessas partículas,umasemrelaçãoàsoutras,semquehajaroturadasligações[Tschebotario
RecomendaçãodosEurocódigosestruturais
Aacçãosísmicanodimensionamentodeumacortinadeparedemoldada
Asestruturasdecontenção,normalmentesubdivididasemestruturasautoportantes(murosdegabiões,murosdebetãoarmadofuncionandocomoconsolasverticaisoudotadosdecontrafortes,etc.)eestruturasancoradas(paredesmoldadas,paredesdotipo“BerlimDefinitivo”,cortinasdeestacaspranchas,etc.),devemserdimensionadasparaasacçõessísmicas.
Texto de J. Matos e Silva
ff,1978].Estapráticaestáreflectidanoparágrafo 3.1 doEurocódigo 8, ondese recomenda, quando se consideraaacçãosísmica,aadopçãodecoeficientes de minoração para a coesão
de1,3paracuede1,2paracoqueequivaleaconsiderarcercade80%doseuvalorsobasacçõesestáticas.
Para além da acção dinâmica do solo sobre a estrutura de
Parar para Pensar
45Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Problemáticas
contenção é necessário considerar a acção sísmica sobre a massa dessa estrutura, que é dada por:q´=khxP (7)emque:
khcoeficientesísmicohorizontalquantificadoapartirdaequação(1)
P Peso próprio da estrutura decontenção/m2
Paraosmurosdesuporteautoportantesdebetãoarmadoérecomendávelincluir,também,naquantificaçãodeP,opesodamassadesoloqueseapoiasobreasapatadomuro[Ravara,1969].
É importante notar que o pontode aplicação das acções estáticas+ dinâmicas do solo , no caso dasestruturas de contenção rígidas,devesituarseameiaalturadessasestruturas. Contudo, para cortinasflexíveis com possibilidade de rotação na sua base, o que acontece frequentemente nas cortinas deparedes moldadas (a menos quetenham uma ficha de comprimentoexcessivo),oEC8,noseuparágrafo7.3.2.3, alínea 5), recomenda queseutilizeomesmopontodeaplicaçãoda resultantedasacçõesestáticas.Noqueserefereàacçãosísmicasobreamassadaestruturadecontençãoesobreamassadesoloqueseapoiasobreasuasapata(nocasodascontenções rígidas)estasterãoresultantesqueseencontramlocalizadasameiaalturadaestrutura de contenção.
Conclusões:Dummodogeralpodeconcluirse
que, quer em estruturas de contençãorígidasqueremflexíveis,quantomaior fôrasuaaltura,maisaacçãosísmica se torna condicionante noseudimensionamento.
Porexemplo,aocasodeobraaqueserefereapublicação[MatoseSilva,2004], foiaplicadoométodoindicadoem[MatoseSilva,2000],econstatousequea “ficha”dacortina,que tinhaumaaltura adequada para resistir àsacçõesestáticas,erainsuficienteparaasacçõesestáticas+dinâmicas,peloque, para atender a estas acções, a“ficha”teriadeserprolongada.
Osvaloresdeesfoçosedeslocamentos,obtidosparaocálculoparaasacçõesestáticas+dinâmicas,revelaram, nesseexemplo, um incrementonalgunscasossuperiora60%emre
lação aos valores obtidos no cálculoestático. Embora a probabilidade deocorrênciadumsismo,duranteafasede escavação geral ao abrigo dumacortinaancorada,sejapequena,dadoocurtoperíododetempoemqueessaescavaçãodecorre,é imperativoquefactores exógenos não prolonguemdemasiadamente esse período demodoaqueaprobabilidadedeocorrênciadumsismoaumente.
É, por exemplo, o caso duma situaçãodeembargodumaescavaçãodecretadaporumTribunalouporumaPolíciaMunicipal,quepodefazercomque essa escavação, executada aoabrigo duma parede moldada, fiqueparada por tempo indeterminado.ReferênciasBibliográficas.
Makdisi,F.&Seed,H.,SimplifiedProcedureofEstimatingDamandEm
bankmentEarthquakeInducedDeformations, Journal of theGeotechnicalEngineeringDivision,Julhode1978.
Tschebotarioff, G.P., Fundações,EstruturasdeArrimoeObrasdeTerra, Editora McGrawHill do Brasil,Ltda.,1978.
Ravara, A., Engenharia Sísmicade Pontes, Revista Portuguesa deEngenhariadeEstruturas,nº12,Outubrode1981,Lisboa.
Matos e Silva, J., Um ExemploSignificativodeUtilizaçãodeParedesMoldadas Ancoradas O Euro Stadium,9ºCongressoNacionaldeGeotecnia,Abrilde2004,Aveiro.
MatoseSilva,J.,MétodoSimplificado de Dimensionamento de ParedesMoldadasAncoradas, RevistaPortuguesadeEngenhariadeEstruturas,nº47,Marçode2000,Lisboa.
A Protagonista
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Ajovemquedançouna1ªemissãodaRTP
A Protagonista
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WANDARibeirodaSilva integrouasdirecções da Escola de Dança doConservatório Nacional e da EscolaSuperiordeDançadoIPL;participounosgruposdetrabalhodasreformasdoEnsinoArtísticodeVeigaSimãoeFraústodaSilva;efoiumadasimpulsionadorasdomovimentodaEducaçãopelaArteemPortugal.Estreousenos palcos aos 7 anos e fez a suaúltima dança aos 40,mas continuousempre a ensinar e a participar emprojectos internacionais de cariz artístico. A bailarina revêse na frasedita porGeorgeBalanchine, em suaopinião o maior coreógrafo do séc.XX,paraquemosbailarinossãoumaaristocracia,nosentidodaprocuradaexcelência para cada um. Dizem osamigosqueWandaRibeirodaSilva,abailarinaquedançouna1ªemissãoda RTP, é mais reconhecida no estrangeiroquenoseuprópriopaís.
Wanda Ribeiro da Silva é umalisboetaoriundadeuma famíliaburguesajácomváriosmembrosamantesdasartes.Comoeracostumeem1938,anoemquenasceu,nasfamíliasabastadas,ospaisJoãoRibeirodaSilva,queeraoproprietáriodacasadebrinquedosBénard,noChiado;e Jenny Ribeiro da Silva, puseramna a estudar nas melhores escolasparticulares que existiam na época,o Queen Elizabeth e mais tarde noColégio Feminino Francês. Curiosamente, fez o contrário com os seuspróprios filhos aos pôlos a estudarno ensino público. Apesar de nascer numa família burguesa, WandaRibeiroconviveusemprecom ideaisdeesquerda,comoprovadissoaca
Bailarina, docente e pedagogaConfrontadacomaquestãodesaberqualafunçãoquemaisgostoudedesempenhar,aolongodeumaespectacularcarreiraqueaindanãoterminou,WandaRibeirodaSilvasentesedividida.Aapetênciapelasperformancesempalco,iniciadascom“LesSylphides”eamúsicadeChopin,misturasecomointeressepelapedagogia,apaixãopeladocência,oprazerdadescobertaenainovação.ÉomelhorretratoquesepodefazerdestapioneiradoensinodadançaemPortugal.
Textos de Paulo Silveiro
Wanda Ribeiro da Silva
PedroPina
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sade fériasda família,naCostadaCaparica, foi palco para a primeirareuniãodoscapitãesdeAbril.Opaiera uma pessoa interventiva na sociedade,amantedasartesesemprepreocupado com as actividades decaráctersocial.AsfériaserampassadasnaCostadaCaparica,teveumainfânciafeliz,aprendeucantoemúsicatendosidoalunadoLopesGraça.
OgostopeladançachegoucedoaWandaRibeiro.Amãe,quedançavacomoamadora,pôsassuasduasfilhasnasaulasdedança.AirmãVera,seisanosmaisnova,aquemdeuaulas,foibailarinaechegoumesmoadirectora de dança doConservatóriode Macau. Naquele tempo todas asmeninasqueriamserbailarinas,massóasoriundasdefamíliasabastadastinham aulas e poucas conseguiamseguir uma carreira. A sua primeiraprofessora,aosquatroanos, foiumasenhoraespanhola,MadameBritton,que tinhadançadonacompanhiadeAnnaPavlovaumdosmitosdadançaclássica. Com sete anos teve a suaprimeiraapresentaçãopúblicanoTeatroS.Luiz,ondedançouobailado“ABorladePódeArroz”.
O factode terestudadocomprofessores estrangeiros permitiulhe,ao contrário do que acontecia comamaioriadajuventudedaépoca,terumavisãomaisglobaldomundo.Ospais,sempreaapoiaramnassuasdecisões,mesmoquandoaos16anos foi paraInglaterraparaoantecessordoRoyal
BalletSchool,oSadler´sWellsBallet,estudarballet.Estaoportunidadesurgiuquandoaos14anosefectuouasuaprimeiraaudiçãonoS.Carlosperanteoolharatentoda“Dame“doImpérioBritânico,a famosaNinettedeValois,fundadora e directora do Sadler´sWellsBallet.Saiusebeme foiaceite
NoTeatroSãoLuiz,aosseteanos,interpretandoobailado"ABorladePódeArroz"
Comomarido,em1960,frenteàRoyalBalletSchool,emLondres
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UmareformaatarefadaPARAa bailarina, a vida vale pelasuadiversidadeporissoasuavidaémuitopreenchida.Paraalémdasconferênciasedos júris internacionais,continuaadaraulasnaUITIUniversidade Internacional para aTerceira Idade, ou como preferedizer a universidade para jovenscommaisde sessentaanos, ondetemcomoalunosmuitos professores universitários que aproveitamareformaparaalargarosseusconhecimentos frequentando aulasdedançacriativa.Acompanhaagora commuitomais assiduidade osespectáculos da Gulbenkian e doCentroCulturaldeBelém.
Assuasamizadessãointernacionais,viajafrequentementeparaParis,Madrid,NovaYorqueeoutrascidadesondeacontecemeventosartísticos.
Gostamuitodeteatro,atéporquerealizouváriascoreografiasparateatroparaoJoãoMota,LuísMiguelCintra,LúciaMariaMartins,GlicíniaQuartineMárioBarradas.Frequentaos teatrosdaComunadaCornucópiaedaBarraca.Nocinemagostadecinemaportuguêsedocinemadeautorfrancêseitaliano,chegouairaParis comomarido de propósitoparaverfilmes.WandaRibeirosempre viajoumuito, em trabalho,masfoisóapartirdossessentaanosque
começouaserumaturista.Paraelaoquehádebeloemviajaréacapacidade de olhar coisas diferentes e deperceberoqueexistedecomumnessasdiferenças.Temumacaracterísticaespecialquandoviaja,nãotirafotografias,preferedesenharoquevê.
Nãoé religiosa,mas imaginaumOlimpocheiodedivindades.Nãogosta de cozinharmas gosta de comer,adoraascozinhasexóticas.
ComosnetosInês,JoãoCarlos,Simão,LeonoreManuel
Hoje gosta de desempenharo papel de avó, tem cinco netos,doisrapazesetrêsraparigas,gostadeos levaraoestrangeiroquandocompletamoquartoanodeescolaridade.Omaisnovo,oSimãocomcinco anos é umexcelente bailarino.Gostamuitodeler,osseusautorespreferidossãooLoboAntunesoSándorMárai,etodososlivrosdoDanielSampaio.
naquelecolégio.OpaideixouairparaInglaterracomacondiçãodeela tirarigualmente o curso de professora deballet.Foiestateimosiadopai,emtirarumcursoquelhepermitisseexerceradocência,quemaistardelhepossibilitouocuparoscargosdedirecçãodasescolasporondepassou.
ApassagemdeLisboaparaLondresfoimuitoviolenta.Apesardeestaraconcretizarosonhodasuavida,aexigênciaeramuitomaior,dançavadas nove da manhã até às sete danoiteeaindahaviaaparteacadémica.Apesardas saudadesquesentiuda família, e do esforço contínuo,WandaRibeiro,senteorgulhoemterfrequentadoamelhorescoladomundoeoqueaíaprendeufoilheútilpara Abailarina,emprimeiroplano,numaauladeballetnaFundaçãoGulbenkian,em1970
o restodavida.Massóoballetnãochegavaparaoseuespíritoinquieto,WandaRibeiroqueria explorar todas
as facetas da dança. Foi assim queem1950foiparaParisondefrequentou vários estúdios e conviveu com
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Osmestres,afamíliaeolegadoHÁumconjuntodenomesqueWandaRibeirodaSilvaconsiderateremsidofundamentaisnasuaformaçãocomobailarinaepessoa.NinettedeValoispelaoportunidadedeirestudarparaamelhorescoladadançadomundodaépoca,BarbaraFusterdirectoradoRoyalBalletSchoolpelacolaboraçãoemdiversosprojectoscomuns,ArquimedesdaSilvaSantosumdosmentoresdaEducaçãopelaArteeMadalenaPerdigãoportodooapoioquelhedeuaelanadivulgaçãoartísticaemPortugal.Wanda Ribeiro da Silva consideraaindaqueestesdoisúltimosforamresponsáveispelasuaformaçãoartísticanumâmbitomaisalargado.
Ao rever todo o trabalho feitoa professora e bailarina, sente orgulhoquandovêosseusalunosabrilharemnospalcosondeactuam,ouquandoosreconhecenasdirecçõesdasescolasdedança.Nofundosentequeoseu legadovaiserperpetuadoporestanovageraçãoeesperaqueelesatéasuperem.
Mas Wanda Ribeiro sente quesemoapoiodafamílianãoteriachegado tão longe. O marido, CarlosAndradecomquemcasouem1959,apesardeteremumavidaemcomumcurtamasfeliz,sempreaapoiounassuasdecisões.Tambémosfilhossu
osgrandesmestresdaépocacomoarussasIgorovaeaPreobagenskaeoestúdioWaker.Comosempreprocuroudiversificar os seus conhecimentos artísticos, assim inscreveuse naSorbonneondeaprendeudesenhoàvista.RegressouaPortugal,nofimdadécadadecinquenta,jácomobailarinaedocente,erapidamentesetornoupioneiranacriaçãoeaplicaçãodenovosconceitosnaáreadadança.Foinestaépocaque,em1957,participouna primeira emissão da RTP, ondedançou“OsEnganosdoAmor”comarealizaçãodeArturRamos,que foioprimeirorealizadordaestaçãoestatal.Foiigualmentenestealturaqueasualigação à Fundação Gulbenkian seintensificou, já era bolseira daquelainstituição. Foi convidada por MariaMadalena de Azeredo Perdigão, naaltura a directora do serviço demúsica daquela instituição, para apresentarumprojectodecriaçãodeumaescolaedeumacompanhiadedança.Comesseobjectivofoiconstituídaumaassociação,oCentroPortuguês
Numjúrideprovasdeselecção,com(daesquerdaparaadireita)CaldeiraCabral,ArquimedesdaSilvaSantos,PatrickAurdeeoseufilho,JoãoAndrade
NumespectáculoemLisboa,nosAnos60,comIsabelRuth,SantaRosaeCarlosTrincheira
portaramecompreenderamasváriasausênciasdamãe.Aherançaartísticapassouaaosfilhos,JoãoAndradeéprofessornaEscoladeDançadoConservatórioecoordenadordoTeatroCamõeseaJoanaAndradeéarquitecta.
de Bailado, do qual nasceu o grupoexperimental de ballet, onde WandaRibeirodançouequemaistardeveiodarorigemaoBalletGulbenkian.Mas
osprojectosdeMadalenadeAzeredoPerdigãoparaasarteseramgrandiosos eWanda Ribeiro da Silva aproveitou o apoio para integrar o grupo
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depersonalidadesdaépocaquelançouomovimentodaeducaçãopelaarte, foiassimque conheceu JoãoMota eArquimedesdaSilva.AtravésdaGulbenkian,foiaSalzburgnaÁustria,frequentarcursoscompedagogiasinovadorasdedançaemúsica,queposteriormenteviriamaseraplicadosemPortugal.MasodesejodeaprenderdeWandaRibeironãoseesgotavaaqui,em1970,comumabolsadeestudodoFulbright, foiparaNovaIorquecompletarasuaformaçãonaJulliartSchool.Apesardeseconsiderar uma bailarina lírica, nunca recusou experimentar as técnicas contemporâneas. Foi isso que fez nos EstadosUnidos.
Oseupioneirismolevoua,em1971,aseraresponsávelpelaimplementaçãodocursodeDançanoConservatórioNacional,tendochegadoadirectoradaquelaInstituição.ParticipounasReformasdoEnsinoArtístico,aprimeiracomVeigaSimão,easegundaemquesediscutiaaformaçãodasescolassuperiores, comoProf. Fraústo daSilva. Foidesta segunda, que surgiu aEscolaSuperiordeDança,queveioigualmenteadirigir,edondesaiuem2006,porse ter reforma
do.Participoutambém,apóso25deAbrilde1974, nas reuniõespromovidaspeloMinistériodaEducação,semprecomoapoiodaGulbenkian, destinadas a implementar unsprogramasdireccionadosaoensinoprimário,denominadosMúsicaMovimento e Drama.Actualmente, Wanda Ribeiro sente mágoaporamaioriadestasiniciativastersidoretiradadasescolas.Poroutro ladoconsideraexistiremmaisoportunidadesparaosjovensdançarem. Hoje existem vários grupos portodoopaís,masexistemenorapoioestatalpara as grandes companhias. Uma consequênciadesteaspectofoiodesaparecimentodacompanhiadebailadodaGulbenkian,ondedançoueensinou,equelheprovocougrandetristeza.
Wanda Ribeiro considera que actualmente jáexisteemPortugalumensinodequalidade.Osalunosjánãonecessitamdeirestudarexclusivamenteparaoestrangeiro,comoacontecianoseu tempo,masobailarinoéumserinternacionalequantomaisexperiênciaadquirirmelhor.Comoacontecenasoutrasartesenasciências,tambémnadançaaglobalizaçãochegou,e issoéumvaloracrescentadoimportantíssimo.
Apresença
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AINDAhojepossuiumporteeleganteeumagrandecapacidadededialogar,característicasquelheforamúteismuitasvezes,quandotevedeconvencerministrosdaeducaçãoe presidentes de escolas a aprovarem osseusprojectos.MinistroscomoVeigaSimão,FraústodaSilva,AugustoSeabraouLloydBraga, foram sempre uns ouvintes atentosqueresponderamàssuassolicitações.Comtodosconseguiuumaboarelação,baseadanorespeitoenacooperaçãoinstitucional.
O seu gosto pela descoberta levoua aestar sempre atenta às novas tendênciasda dança e a explorar outras vertentes artísticas. Por outro lado sempre gostou dedançar, relembra ainda a emoção do seuprimeiro bailado, com 20 anos, no TeatroGarcia de Resende em Évora onde dançou “LesSylphides”.Quandoaos quarentaanos já tinha deixado de dançar em Portugal, realizou a sua última tournée pelaItáliaepelaHolanda, comogrupodemúsica contemporânea de Jorge Peixinho.
Cidadãdomundo,comoelaprópriasesente,WandaRibeirodaSilvatemparticipadoemváriasorganizaçõesinternacionaisartísticas.Assim,fezpartedasdirecçõesdaInSEAInternationalSocietyforEducationthroughArt,daELIAEuropeanLeagueofInstitutesoftheArts,entre1990e2002,edaWDA WorldDanceAlliance.Mas foifundamentalcomaELIAquemais trabalhou,tendoorganizadovárioscongressos,umdelesemPortugalcomoapoiodaFundaçãoGulbenkian,em1996.
Foi homenageada, em 2007, pelaFontysUniversitydaHolandaondeorganizouváriosfestivaisdedança.TambémoReinodeMarrocos,peloreiHassanII,a condecorou pelo seu trabalho comoconsultora da Universidade de Rabat.PossuiaindaumamedalhademéritoartísticopeloConselhoBrasileirodaDançada UNESCO. Mesmo reformada, continuaactivaparticipandoemváriosjúrisdefestivaisinternacionaisdedança.
eoprestígiointernacionalquetodosrespeitam
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AnaPereiraCaldas:discípula,cúmpliceeamigaANA Pereira Caldas foi directora daCompanhiaNacionaldeBailadoentre2001e2007eumadaspessoasquemaisacompanhouopercursodeWanda Ribeiro da Silva nas instituiçõespor onde passou. Despertou para adançaemSantarém,onderesidia,noCirculo Cultural Scalabitano. Aí, em1956conheceuumajovemprofessoraacabadadechegaraPortugal,vindadamelhorescoladedançadomundo,oactualRoyalBalletSchool,querapidamentelhetransmitiuobichinhodadança.Wanda Ribeiro era uma professoramuitoexigentesobopontodevista técnico, transmitindo aos seusalunosumrigoreumgrandesentidodeprofissionalismo.
Arelaçãoentreaalunaeaprofessorarapidamentesetransformounumaamizadequesemantématéhoje.Juntastrilharamumpercursocomum,AnaPereiraCaldasfoisuaassistentenoscursosdaFundaçãoGulbenkian,evicepresidentedaEscoladeDançadoConservatórioNacionalquandofoidirigida pela professora Wanda. SóquandoelasaiuparaaEscolaSuperiordeDançaéquecadaumaseguiuo seu caminho.Aamizademantevesemas,acimadetudo,semprehou
veumrespeitomútuopelosprojectosquecadaumaiadesenvolvendo.Estetipoderelaçãoédifícildemanternosmeios profissionais, devido à fortecompetiçãoqueexisteequeporvezeslevaaspessoasaafastaremse.
DuranteoscatorzeanosemqueWandaRibeiroocupouadirecçãoda
EscolaSuperiordeDançado IPLeAnaPereiraCaldas foi directoradaEscola de Dança do ConservatórioNacionalestabeleceramseentreasduas instituições programas muitosérios que formaram os bailarinosquehojesãoosmelhoresprofissionaisdoramo.
AnaPereiraCaldasconfirmaquea professora Wanda Ribeira é umapessoa com gostos muito diversificados,apesardasuamatriztersidoa dança clássica ela manteve sempreumaaberturaquea levouaserprecursora de muitos aspectos naprópriadança.Assimaelasedevemoscursosdedançacriativaeomovimentodaeducaçãopelaarteetodoum conjunto de novas pedagogiasque marcaram uma época de ouronopanoramaculturalportuguês.ParaAnaPereiraCaldas,Portugalnãotemmemóriae infelizmenteaspessoasqueiniciamascoisassãorapidamente esquecidas e os projectossão arrumados na gaveta. Por tudooquefezpelasartesemaisparticularmentenocampodadança,segundoAnaPereiraCaldas,entendequeacompanhadaporumaboaequipa,aprofessoraWandaRibeiroseriaumaboaopçãoparaministradaCultura.
AnaPereiraCaldas,suagrandeamigaecolegadeprofissão
Wanda,comAnaPereiraCaldaseirmã,nosAnos60
PedroPina
Parar para Pensar
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Mala Diplomática
RumoàSociedadedoConhecimento
ISCALafinaestratégiasnainternacionalização
OInstitutoSuperiordeContabilidadeeAdministraçãodeLisboatemdadopassosfirmesna investigação, formaçãoe práticas de internacionalização, embenefíciodaconsolidaçãodumaSociedadedoConhecimentonaópticado“saberfazer”edo“sabersaber”.Atemáticadainternacionalizaçãoestáaliaserestudada,investigadaepraticadaemváriasdimensõeseperspectivas.
Texto de Maria Amélia Nunes de Almeida
ACTUALMENTE, a internacionalizaçãofazpartedosplanosestratégicosde desenvolvimento das instituiçõesacadémicas. Avoca um carácter demissão,namedidaemque integraadefiniçãodapolíticageraldasinstituições de ensino superior, assumindoumaidentidadeverdadeiramente institucionalcomplanificaçãoecontrolodas actividades. A ter, também, emconsideração que a internacionalização numa diversidade de nível equalidade,seráumdosindicadores,anível formal e informal, de avaliaçãodaqualidadeinstitucional.
No Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboaa temática da internacionalizaçãoconstitui uma vertente, particularmente, enfatizada sendo ventilada,estudada,investigadaepraticadaemváriasdimensõeseperspectivasquese inserem no âmbito das políticas,estratégiaseobjectivosdefinidospeloInstituto.Salientasequeasactividades e iniciativas que a Instituiçãotem levado a cabo, neste âmbito,traduzemo interesseeoesforçodacomunidade docente e discente emprogramas e acções que, seguidamentesedescriminam,noscamposoudimensõesdoensinoeformação,investigação,mobilidadeacadémica,cooperação internacional e realização de eventos em que a internacionalização assume papel fulcral.TodasestasintervençõesconstituempassosparaoavançoeconsolidaçãodaSociedadedoConhecimento.
Parar para Pensar
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Mala Diplomática
Dimensão do “Ensino e Formação” – Nos planos de estudos daslicenciaturasemestradosministradosnoInstitutoSuperiordeContabilidadeeAdministraçãodeLisboa,quernasáreascientificasdasciênciasempresariais,querdeoutrasáreas,otemadainternacionalizaçãoédesenvolvido
UNIDADESCURRICULARES/CURSOS OBJECTIVOS
Direito Fiscal Internacional
Estuda-se a problemática da concorrência fiscal internacional e as medidas tomadas a nível da OCDE e União Europeia visando harmonizar e disciplinar. Analisa-se a problemática dos tratados internacionais no sentido de prevenir a dupla tributação entre Estados.
Direito Comunitário, Direito Europeu da Concorrência, Direito Financeiro, Direito das Empresas e direito das Empresas do Trabalho/Licenciatura
Conjunto de Unidades Curriculares que contemplam a ordem jurídica comuni-tária abordando as imposições comunitárias nos vários domínios leccionados. Efeitos jurídicos da globalização, liberalização dos capitais, serviços, merca-dorias e trabalhadores da Europa e do Mundo. Implicações do fenómeno da deslocalização no Direito.
Economia Internacional /Licenciatura
Analisam-se as questões do comércio internacional e as problemáticas associa-das ao fenómeno da globalização. Desenvolve-se o ambiente em que operam as empresas transnacionais, termos e documentação utilizados nos negócios no âmbito intra e extra comunitário. Explicita-se, também, o papel das instituições financeiras internacionais.
Economia Portuguesa e Europeia/ Licenciatura
Ministra-se o ensino da evolução da economia portuguesa e impacto do euro na nossa economia. Aprofundam-se conhecimentos da caracterização estrutural das economias europeias e políticas comuns
Estratégias de Internacionalização das Empresas/Mestrado
Estuda-se a internacionalização dos negócios (razões, teorias s/ o comércio in-ternacional, fases e formas de internacionalização); Novas formas de concorrên-cia e regras do jogo; estandardização versus customização; Redes (networks); clusters sectoriais e regionais; estrutura divisional internacional; Estruturas or-ganizacionais e fases de crescimento das empresas; Organização internacional, multinacional, global e transnacional; homogeneização das necessidades dos mercados; clientes globais; encurtamento dos ciclos de vida dos produtos; mar-cas e publicidade transferíveis; Internacionalização dos canais de distribuição; Diversificação internacional e inovação; Marcas globais; Economias de escala; Entrada nos mercados internacional; Modelo de formação das estratégias de internacionalização. Novos modelos de negócio: Os incentivos ao investimento e as Pequenas e Médias Empresas; o know-how das companhias internacionais e os acordos de franchising e licencing, joint-ventures; Fusões, aquisições e alianças estratégicas; co-opetition; Estratégias cooperativas internacionais
Finanças Internacionais/Licenciatura
Estuda-se a extensão da gestão financeira aos mercados internacionais, abor-dando: Mercados de câmbios à vista e a termo e instrumentos de cobertura de risco cambial; Internacionalização de empresas, risco país, internacionaliza-ção financeira e operacional; Instrumentos de crédito nos euromercados mo-netários e de capitais; Liquidação e financiamento de operações de comércio Internacional, mediante operações simples e documentarias, trade finance e countertrade; Financiamentos externos.
Gestão Fiscal/Licenciatura Comparam-se os vários sistemas fiscais nos diferentes países da OCDE e EU
UNIDADESCURRICULARESONDEAINTERNACIONALIZAÇãOÉABORDADA
como um todo ou abordado em capítulosespecíficos.Desublinharquea entrada em funcionamento de umMestrado em Contabilidade Internacionaldávisibilidadeaesteestratégiaetemcomoobjectivofulcralodesenvolvimentocientíficoeprofissionalemcontabilidade,permitindoumaactua
lização eficaz em normalização contabilísticaaquemexerceoupretendeexercer a sua actividade profissionalem qualquer organização a nível internacional.Oquadroseguinteventilaasrespectivasdisciplinasouunidadescurricularesquedesenvolvemainternacionalização:
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Mala Diplomática
UNIDADESCURRICULARES/CURSOS OBJECTIVOS
Gestão das Organizações e Introdução às Organizações e à Gestão/Licenciatura
Abordam-se, em capítulos específicos, as novas condições ambientais e a glo-balização (factores geradores e consequências), bem como, a competitividade nos mercados globais. Estuda-se a Economia Digital (redes e negócios) e as empresas globais. Estudam-se as concentrações, franchising, licencing e joint ventures.
Gestão Estratégica/Licenciatura
Recordam-se as razões da internacionalização e apresentam-se casos da inter-nacionalização, nomeadamente, “Os desafios da internacionalização das em-presas de construção
Mestrado em Contabilidade Internacional
Trata-se dum Mestrado de cariz internacional, como se pode inferir da desig-nação do curso. O conjunto das Unidades Curriculares que compõem o plano de estudos (Normas Internacionais e Relato Financeiro, Relato contabilístico Internacional, Contabilidade Internacional de Instrumentos Financeiros, Con-tabilidade Internacional de Recursos Humanos, Gestão e Planeamento Fiscal Internacional, Direito Societário Internacional, História Teoria e Doutrinas Con-tabilísticas, etc.) aprofundam os conhecimentos contabilísticos na vertente in-ternacional comparando-se os principais sistemas contabilísticos e de relato financeiro (português, espanhol, IASB e FASB)
Mercados e Produtos Financeiros I e II/Licenciatura
Aborda-se a internacionalização e a globalização dos mercados pretendendo-se que os alunos compreendam o funcionamento dos mercados internacionais. São tratados os temas relacionados com o mercado cambial e os produtos derivados, c/ relevância para futuros, opções e swaps e ainda fundos de investimento internacionais, inter alia.
Normas Internacionais de Contabilidade e Relato Financeiro/Mestrado
Unidade Curricular comum aos três Mestrados de Contabilidade e Gestão em que estudam as Normas Internacionais do IASB- International Accounting Standards Board compatibilizando-as com as do FASB- Financial Accounting Standards Board desenvolvendo a sua aplicação nas organizações e no Relato Financeiro (Prestação de Contas).
Projecto de Simulação Aplicado à Gestão/Licenciatura
Programa leccionado em inglês aplicando matérias dadas em outras UC, tais como a Eestratégia e Gestão de Recursos Humanos, Financeira, Aprovisionamentos, etc. desenvolvidos em ambiente de simulação da realidade empresarial. A UC proporciona uma visão e aplicação prática de formas de negociar e gerir em mercados internos e internacionais. Esta Unidade Curricular é escolhida pelos alunos do programa Erasmus
Projecto em Simulação Empresarial I e II/ Licenciatura
O PSE I e II dão uma visão prática da futura actividade profissional dos licenciados em Contabilidade. Os projectos integram uma vertente internacional porque os temas são abordados em duas perspectivas, os normativos nacionais (actual POC e futuro SNC) e o normativo internacional do IASB-International Accounting Standards Board. A internacionalização é dirigida a estudos comparativos entre os normativos referidos e o normativo Espanhol “Plan General de Contabilidad”, assim como o normativo Americano do FASB-Financial Accounting Standards Board.
Riscos Empresariais e Controlo Interno
Estudam-se sistemas de controlo e formas de evitar riscos empresariais sentidos internamente e importados pela globalização através da compreensão da génese, identificação e avaliação dos mesmos; Estudo da Lei Sarbanes-Oxley e do seu impacto no sistema de controlo interno das empresas; Conhecimento dos principais modelos de controlo interno, com destaque para os modelos COSO, COSO-ERM, Turnbull e COBIT.
UNIDADESCURRICULARESONDEAINTERNACIONALIZAÇãOÉABORDADA
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58 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009
Mala Diplomática
Dimensão da “Investigação” – Onúmero de participantes com apresentação de comunicações/artigosem Congressos e Seminários internacionaisésignificativo,nãosomente em quantidademas, também, emqualidadedostemasapresentados.
Em 2007 foram apresentadas 21comunicações;eem2008maisde30,publicadasembrochuraspelosEditoresdosCongressos.ForamigualmentepublicadosdiversososartigosemRevistasCientíficasInternacionais:
Dimensão da “Mobilidade Académica” – O Gabinete de RelaçõesInternacionais do ISCAL arroga umaimersão na internacionalização, designadamente, por constituir uma
estrutura de coordenação, acompanhamentoeapoiooperacionalaodesenvolvimentode iniciativasde internacionalização do ensino no âmbitodacooperaçãoemobilidadeacadémica.Amobilidadeacadémicaconstituiumdospilaresdapolíticadeinternacionalizaçãodo Institutoe, como tal,oISCALparticipanoProgramaErasmusatravésdeumcontratoinstitucionalquepermiteenviarereceberestudantes.Recordasequeoscontratosinstitucionaissãoacordoscelebradosentre a Comissão Europeia e cadaInstituiçãodeEnsinoSuperior, sobreo apoio concedidopelaComunidadeparaajudaradesenvolvereexecutaras suas actividades de cooperação
europeia.AparticipaçãodoISCALteveinícioháalgunsanosetemvindoa desenvolverse, progressivamente,desde essa data. Temse verificadoumatendênciacrescentenaparticipaçãodosestudantesenvolvidosnointercâmbio,sobretudodosestudantesestrangeiros que procuram a nossaInstituição. Para além das relaçõesdecooperaçãocomestabelecimentosdeensinosuperiordosEstadosMembros da União Europeia, prossegueseumapolíticaactivanaobtençãodenovas parcerias com universidadesdeEstadoselegíveisdaEuropaCentraleOriental,comoéocasodaHungria,Polónia,RepúblicaChecaeEslovénia. Directamente envolvido emtodasas questões relacionadas comoplaneamento,organização,gestãoedesenvolvimentodamobilidade,querdeestudantes,querdeprofessores,oGabinetedeRelações InternacionaisemproximidadecomoConselhoDirectivo tem como atribuições principais o estabelecimento de relaçõesformais(comoIPL,comaComissãoEuropeia, com a Agência NacionalparaoProgramaSócrates&LeonardoDaVinciecomoutrosorganismospertencentes a vários Ministérios).A cooperação constante com outrasinstituições parceiras visa a criaçãodecondiçõesóptimasquepermitamosucessodaparticipaçãonoprogramaenoestabelecimentodasnecessáriaspontesentreasdiferentesáreascientíficasdoISCAL.
Em2008oISCALtemasseguintesparceriascomUniversidadeseoutras Instituições de Ensino Superior:TechnicalUniversityofLiberec(RepúblicaCheca);CyprusCollege(Nicosia–Chipre),UniversidaddeExtremadura–PólodeBadajoz(Espanha),University of Gdansk (Polónia), LucianBlageUniversityofSybiu (Roménia),Vilnius College of Higher Education
Professoresincoming Alunosincoming Professoresoutgoing Alunosoutgoing
Lituânia – 3 República Checa – 3
Chipre – 1
Lituânia – 11 República Checa – 3
Polónia – 4
Lituânia – 4República Checa – 2
Chipre – 2
Lituânia – 11 República Checa – 10
Espanha – 1
(Vilnius–Lituânia),VilniusUniversity(Vilnius–Lituânia),VocationalCollegeinSlovenjGradec(Eslovénia).
Dimensão da “Cooperação Internacional” – Constatase, através dosresultadosalcançados,queacooperação internacionalpodeservistacomouminstrumentoparaamelhoriadoensino, da qualidade institucional e académicae,igualmente,comobasepara
o aumento da competitividade institucional.O Instituto temse concentradoemterrasafricanas.ÀluzdoProtocoloassinadopeloIPLcomaComissãoNacionalparaInstalaçãodaUniversidadede Cabo Verde, em 5 de Janeiro de2006,professoresdoISCALleccionameapoiamdocentes,noISCEEInstitutoSuperior de Ciências Económicas eEmpresariais,emCaboVerde(Mindelo
MOBILIDADENOSÚLTIMOS3ANOS
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Mala Diplomática
ePraia, respectivamente nas ilhas deS.VicenteeSantiago).Em2007 realizaramsesemináriosemCaboVerdedenominados “Normas InternacionaisdeContabilidade.RelatoFinanceiro”e“AnáliseFinanceira.ProjectosdeInvestimentonoâmbitodasFinanças”,tendosido, igualmente,apreciados trabalhosdefimdecursoeSemináriosnoâmbitodaContabilidadedeGestão.Em2008tiveram lugar semináriosearguênciasdamesmaíndole.
A cooperação alargouse, no anofindo,àUniversidadedeCaboVerdenapreparação de Cursos (LicenciaturaseMestrados)paraasáreasdeContabilidade, Gestão, Fiscalidade e Administração Pública com a intervençãodirectadosPresidentesdosConselhosDirectivoeCientíficoque,trabalharam,localmente,numprojectocomumcomUniversidadesbrasileiras.
NoquerespeitaaMoçambiqueasacções inseremsenoâmbitodoProtocolo entre o ISCTMInstituto Superior deCiências eTecnologia deMoçambiqueeoIPLquefoiassinadoem26.11.1998. Continuando o programade 2005/06 leccionaram em Moçambique, durante os meses de Julho,AgostoeprimeirosdiasdeSetembro,trêsprofessoresdoISCAL.Nestepaís,querem2007,querem2008,foiasseguradopor3professoresdoISCALaleccionaçãodadisciplinadePSEProjectodeSimulaçãoEmpresarial.
Dimensãoda“Realizaçãodeeventosemqueainternacionalizaçãoassumepapelfulcral”–OISCALescolheu,
nesteano lectivode2008/09,o temada internacionalizaçãoparaaSessãoSolenedeAberturadoanoacadémicoquedecorreunopassadodia3deNovembro.ALiçãoInauguralficouacargodoDr.LuísFilipePereira,exalunodoICL,hojeISCAL,eactualPresidentedaComissãoExecutivadaEFACECqueproferiuumaconferênciaintitulada“Internacionalizaçãodasempresas.OcasoEFCEC”.Aabordagemcomeçouporumaexposiçãoteóricaemquefoidesenvolvidaaglobalizaçãoeinternacionalização, as razões e as formasde internacionalização, bem como, apostura das empresas portuguesasperanteainternacionalização.Seguiuse o “case study” com o projecto deinternacionalizaçãodaEFACECsublinhandoseocontextodapartida,aestratégiaoplanoquantificado,asáreaseunidadesdenegócio,asunidadesdemercadoculminandocomumabrilhanteanálisedagestãodosRecursosHumanosvalorizandoseaculturaeacomunicaçãoempresarial.Éjustoreferirqueaabordagemdotematevegranderelevânciaporqueoconferencistaconseguiu, na sua alocução, interligar ateoriacomapráticadasorganizações,constituindoasegundapartedaexposiçãouminteressanteestudodecaso,muito apreciado pelos professores,alunoseconvidados.
Destacamse,entreoutroseventosrecentes,aorganizaçãodeCongressos de notória dimensão como foi ocasodo30ºCongressodaEAAEuropeanAccountingAssociation (organi
zaçãoconstituídaem1977,comsedeemBruxelas,quetemcomoobjectivoacções de ensino e pesquisa, bemcomo,assegurarodesenvolvimentoepromoçãodasáreasdaContabilidadeematérias conexas).Oevento realizousepelaprimeiravez,emPortugalemAbril de 2007, figurando, no Comité da Organização, 3 professoresdoISCALetendocomochairmanumprofessor coordenador do Instituto.Contou com a participação de 1500docentes e investigadores depaíseseuropeusedeoutroscontinentes.
EmSetembrode2007,o ISCALorganizouoCongressoInternacionaldaAssociaçãoEuropeiadeLínguaspara Fins Específicos, que teve lugarnassuasinstalações.
Podese concluir que o Institutotem dado passos firmes na investigação, formação e práticas de internacionalizaçãoque todosdesejamosem benefício da consolidação dumaSociedadedoConhecimentonaópticado“saberfazer”edo“sabersaber”.Estetema,recordese,foiprivilegiadocomotesededoutoramentodaautoraque apresentou indicadoresmacroeconómicoscomparandoPortugalcomoutrospaísesemmatériadaGestãodoConhecimentoeinvestigou,anívelnacional,asituaçãoeosavançosnestaárea.Aanáliseédesenvolvidanummodelode“tríplicehélice”interligandoasorganizaçõesgovernamentais,universidadeseempresastendootrabalhosidopublicadopelasEdições IPLemparceriacomaColibri.
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QUEPRAZERomeudeapresentareste livrodeJorgeVeríssimo.Duploprazeraliás.Porumlado,oprazerderelerumtextosolto,fluente,quenosinterpela,nosmobiliza,nosadverteenosincitaàreflexão.Poroutrolado,oprazerdesublinhar,umavezmais,ainteligência,aargúcia,osaberpanópticodorespectivoautor.
Circunstâncias académicas fizeram com que tivesse acompanhadode muito perto o percurso de JorgeVeríssimo. Um percurso feito de homogeneidade e coerência. De entusiasmoededicação.
FoiumaopçãodeliberadaadeJorgeVeríssimo:aderecusaradicotomia,algoaniqueísta,entreosdisfóricosquevêemnapublicidadeumaperversidadedos temposmodernoseoseufóricosquenelaencontramtraçosdodiscursomaisinovadoremaisinsurgente.
Nemdisforia,nemeuforia.Aorecusaressadicotomia,JorgeVeríssimoassume,relativamenteàpublicidade,uma postura global e analítica queo leva a recorrer aos mais diversoscamposdosaber–àsociologia,claro,mas,também,àsemiótica,àpsicologia social, à antropologia, à filosofia– para contextualizar um fenómenoque, queiramolo ou não, condicionaonossoquotidiano.
Uma postura pausada, portanto.Umaposturaque, recusandoo lugarcomum,formulahipóteses.Confirmadasouinfirmadaspelaargumentaçãocientificamenteapoiada.Confirmadasou infirmadas pela experimentaçãosistematicamenteplaneada.
É que, à preocupação, de nãoenclausurar saberes, Jorge Veríssimoacrescentaumaoutrapreocu
pação, nãomenosapreciável: a detersemprepresenteoladoconcretodascoisas.
ParaJorgeVeríssimo,apublicidadepodeassumirsecomodispositivo
de ruptura ou como dispositivo deacomodaçãosocial.
A publicidade enquanto dispositivo de ruptura foi o objecto doseuestudonoMestradoemComu
Apublicidadeenquantodispositivoderupturaedeacomodaçãosocial“OCorponaPublicidade”,omaisrecentelivrodeJorgeVeríssimo,docentedaEscolaSuperiordeComunicaçãoSocial,integradonacolecçãoeditadapeloInstitutoPolitécnicodeLisboa,foiapresentadopeloProfes
sorJoséRebelo.OdocentedoISCTE,explicitandoastesesdoautor,faloudapublicidadecomodispositivoderupturaecomodispositivodeacomodaçãosocial.
Texto de José Rebelo l Fotos de Pedro Pina
OprofessorJoséRebeloapresentouaobradeJorgeVeríssimo
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jáquesãodiferentesosmeiosaoalcancedecadaumparaseadequaraoparadigmaproposto.Eisnosperante uma problemática que mereceria,talvez,algumaponderação.Éque as desigualdades, observáveisnoplanomaterial,esbatemsequandosepassaparaoplanodosimbólico.Digamosqueosonhoigualiza.
Considera,ainda,JorgeVeríssimo,queapublicidadeCalvinKleinépródiganarepresentaçãodamulher dominada. Da mulherobjecto.Seria interessante verificar se taltendência para separar, para hierarquizar os géneros se mantémainda,enosmesmostermos.
Enfim, pela transdisciplinaridadequecultiva,pelo rigordocorpusque reúne, pelas adequadas metodologias que aplica, pela bibliografiaquecita,este livro, “OCorponaPublicidade”,éumaobradereferênciaque contribuirá, emuito, paraodesenvolvimentodainvestigaçãonodomíniodapublicidade.Pelasdúvidasque fazsurgir,pelascontrovérsiasquesepodesuscitar,estelivroestáigualmentevocacionadoparaograndepúblico.
Parabéns ao editor. E parabénsaoautor,omeucolegaeamigoJorgeVeríssimo.
nicação, Cultura e Tecnologias daInformação que cursou no ISCTE.A Dissertação que defendeu, emDezembrode1999,intitulavase“ApublicidadedaBenetton:umdiscurso de ruptura”. Tratavase, então,dedesconstruirummodelodepublicidade que, ostensivamente, arrogantemente,visaprovocarefeitosdechoque.Visaconfrontarnoscomaquele real que bem gostaríamosdeevitar.Éamiséria.Éadoença.Éamorte.Masé,também,aousadia.Odesafio.ÉaagoniadodoentecomSIDA.Masé, igualmente,olirismodeumbeijoproibido.
Apublicidadeenquantodispositivode acomodação social foi a vertenteque Jorge Veríssimo escolheu paraa investigação de Doutoramento emSociologia, também levada a cabono ISCTE.Desta vez aDissertação,apresentadaemAbrilde2005,versousobre a “representação do corpo nodiscursodapublicidade”.
EéapartirdessetextoquesurgeolivroagoraeditadopeloInstitutoPolitécnicodeLisboa,emparceriacomas Edições Colibri. Percorrendo 177imagens publicitárias de diferentescampanhasdaCalvinKlein,JorgeVeríssimoexemplifica,explora,aprofundacomumaclarezanotávelasestra
tégias inscritas no célebre quadradodeGreimas:asedução,atentação,aprovocaçãoeaameaça.
Mostranosocorpo,oscorpos,osfragmentos de corpo, os fragmentosde corpos. Mostranos o corpo, oscorposvestidos,embrulhados,envolvidos.Mostranos, igualmente,ocorpo,oscorpos,nus.OuDesnudados.
Corposmusculados – osmasculinos. Corpos adelgaçados, esguios,esquivos–osfemininos.
São os corpos, é o corpo que,naquele narcisismo que nos transporta para o reino do imaginário,gostaríamosdeter.
Nãoo temos,écerto.Restanos,então,aconsolaçãodeover.Masaoveressecorpoproduzseemnóscomoqueumactodeencantamento.
Um acto de encantamento porquê?Porque na sua representaçãoicónica, o corpo tornaseabstracto.Eaotornarseabstractopassaaserapropriável.Apropriamonos,então,desse corpo representado. E essecorporepresentadopassaasernosso.Maspassaa ser nossoapenasporprocuração.
Nassuasnotasfinais,JorgeVeríssimo considera que uma publicidade como a da Calvin Klein podeacentuar as desigualdades sociais
OpresidentedoIPL,VicenteFerreira,ladeadopeloautorepeloprofessorJoséRebelo,doISCTE
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AAPLICAÇãOdeummodelo matemático para a
aprendizagemescolaréofiocondutordolivro“ATeoria do Caos”, da autoriada Professora Maria dasMercêsSousaRamos,daEscola Superior de Educação de Lisboa. A obrarealça a necessidade deestabelecer ligação entreconceitos.
NestelivrodaProfessora Mercês Sousa Ramos,integradonacolecçãoCaminhos do Conhecimento, criada pelo InstitutoPolitécnicodeLisboa,emparceria com as EdiçõesColibri, propõese uma
modelização matemáticapara a aprendizagem escolar, que deverá ser umprocessodinâmico.Seelefor não linear, os modelos a usar deverão comportar a interacção entrevariáveis. Esses modelosjá existem. Constituem ateoriadocaosepermitemo estudo dos fenómenoscomplexos.
Partindo de evidências empíricas, de quea aprendizagem é nãolinear, apresentase ummodelo físicomatemáticopara identificar conceitos
e ferramentas a utilizarnoestudodadinâmicadaaprendizagem. Recorrendoaomodeloeaconceitos como atractor, atractor estranho e bifurcaçãointerpretamse resultadosempíricos da linha de investigação das concepçõesalternativas.
A dinâmica simbólicapermitecalcularaentropiatopológica uma medidada complexidade, mostrandoqueépossíveldeterminála sem conheceras equações que descrevem a dinâmico do siste
Modelizaçãomatemática
PapéisvelhosechocolatesOinvestigadorAntónioSampaiodaNóvoa,reitordaUniversidadedeLisboa,aplaudeainiciativadoIPLdedaràestampaainventariaçãodovaliosoespóliobibliográficoearquivísticodaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa,realizadapeloprofessorMoreirinhasPinheiro.
Éon.º15dacolecçãoCaminhosdoConhecimento.Texto de António Sampaio da Nóvoa
JULGOQUE terásidonoVerãode1981. Talvez um ano antes, talvezumano depois.No silêncio das fériaspercorrioscantosdaEscoladoMagistério Primário de Lisboa nacompanhiadoProfessorJ.E.MoreirinhasPinheiro.Andávamosaospapéisvelhos.Sabíamosdaimportância do espólio da BibliotecaMuseudoEnsinoPrimário,instaladano1.ºandardaAlaNascentedoedifício.Edesconfiávamosdealgomais.
Empoucosdias,aquieali,numvãoesconso, numaounoutra arrecadação, fomos juntando papeladavária,daquelaquetemcomocaracterística principal não interessar aquaseninguém.E,noentanto,estavaaliumapartesignificativadamemória da escola portuguesa: desdeosprimeirosensaiosdoensinomútuo,logonoprincípiodoséculoXIX,até à institucionalização da formaçãodeprofessores,apartirde1862;desdeaspolíticasde“normalização”
doensinoatéàsreformasdaRepúblicaedoEstadoNovo.
NaqueleVerão,maisdoqueumaamizade, nascia uma cumplicidadeque dura até hoje. O Professor J.E.MoreirinhasPinheiro é umestudioso
dedicado e competente. Ano apósano foi publicando inúmeros livros eopúsculos, que constituem um acervo indispensável para a história daeducaçãoemPortugal.Aprendimuitocomeste homemque, aos 85 anos,continuaacumprirumarotinadetrabalhoedeescrita.
Noseudiário,assinalandoo1.ºde Dezembro de 1957, escreveu:“Hojehouve festa rijananossaEscola,comdramatizações,discursos,recitativos, canções e chocolates.Dehámuitoconcluíqueopatriotismoentramelhornaalmadascriançascomchocolates”.
Papéis velhos e chocolates. Asabedoria deste Professor ajudoume no meu caminho pela história.Amimeamuitosoutros investigadores, portugueses e estrangeiros,quedelereceberamumgestoamigo, um conselho, uma palavra deincentivo. Fica o nosso reconhecimentoeanossagratidão.
MoreirinhasPinheiro
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ma.Discuteseaaplicaçãodo modelo, exemplificando para a aprendizagemdeconceitostermodinâmicos.A entropia associadaaumconhecimentoéumamedida interessante daaprendizagemescolar.
A aplicação domodelo mostra a necessidadede considerar sequências de questões, realçando a necessidade deestratégias de ensinoonde a tónica está na ligação entre conceitos.E constitui um desafioà investigação teórica.
O AUTOR de Representação Política, Manuel Meir
rinho Martins, Doutor emCiênciaPolíticapeloInstitutoSuperiordeCiênciasSociaisePolíticas,éProfessorAuxiliarcomAgregaçãonamesma Instituição. E tem umavastaexperiêncianaáreadarepresentaçãopolítica,sistemaseleitoraiseparticipaçãopolítica e cidadania. Tratasedeummanualorientadoparaaautoaprendizagemeautonomia dos estudantesde carácter mais reflexivo,permitindolhes estabelecerum contacto mais directocom a temática das eleições e sistemas eleitorais.
Tentou,por isso,daraconhecer através desta obrauma lógica introdutória decarácter descritivo para osque se iniciam nas matériasdarepresentaçãopolítica.Assuaspreocupaçõescentramsenasimplicidadedos assuntos abordados,mostrandoumavisãogeraldosmesmosatravésdoesclarecimento de conceitos,disponibilização de ferramentasanalíticase indicaçãodefontes.Aideiaéfacilitara”entrada”dosalunosnuma área preponderantedaCiênciaPolítica.
Sistemaseleitorais
VariaçõessobreensinodamúsicaemPortugal,HolandaeInglaterra
BaseadonatesededoutoramentodaProfessoraCecíliadeAlmeidaGonçalves,olivro“Polifonias”,queoIPLagoraincluinacolecçãoCaminhosdoConhecimento,éumaimportantereflexãosobreoEnsinoSuperiordeMúsicaeasuaavaliação.Ainvestigação,queanalisacase studiesingleseseholandeses,comparandooquesepassanessespaísescomoquesepassaemPortugal.
sistemadeproduçãoartística/musicaleosistemadeformação.
Que “vozes” se fazem ouvir nessesistemadeavaliação“polifónico”?Quaisosprincípioselógicasqueasorientam?ComoacolhemasinstituiçõesdeensinosuperiordeMúsicaprincípiose lógicas
ASQUESTÕESdaqualidadeedasuaavaliação têm adquirido nas últimasdécadasrelevânciacrescentenoEnsinoSuperior.Oactual contexto sóciopolítico europeu, dominado pela globalização,determinouaalteraçãodosmodosderegulaçãodossistemasdeensino, designadamente no que respeitaaopapeldoEstado,agoraobrigadoapartilharprocessosdedecisão,semabdicardasua “voz”dominante,atravésdoinstrumentodaavaliação.
CentrandosenodomínioespecíficodoEnsinoSuperiordeMúsicaebaseadoemestudosdecasodepaísescomoInglaterra,HolandaePortugal,aobra"Polifonias"daProfessoraCecília Gonçalves, da Escola SuperiordeMúsicadeLisboa,analisaesteemergente sistema de acção social“polifónico”. Tratase de um sistemadeavaliaçãoque,nomodelodeanálisecriadoparaefeitosdestainvestigação,foiconcebidonocruzamentodosistemapolíticoadministrativo como
construídasapartirdeoutros“mundos”?QuedesenvolvimentosépossívelantevernaáreadoensinosuperiordeMúsica,noquedizrespeitoàavaliação?Eisalgumas das questões sobre as quaisestaobra,enquantopioneiranamatéria,procuroulançarbasesdereflexão.
CecíliaGonçalves
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A MUDANÇA operada no discurso político, no período em análise,pautouse pela crítica à centralização educativa e à burocratizaçãoadministrativa. E inspirou a definição de um novo regime de autonomia, administraçãoe gestãodasescolas,deâmbitoestratégico,curricular,organizacional,pedagógico,financeiroecultural.Poroutrolado,o novo regime aprofunda a participação dos pais no governo dasescolasepreconizanovas funçõespara administração central (avaliação,regulaçãoeapoio).
A mudança no discurso e a definição do novo regime de gestão,pautadopelosprincípiosdacontratualização da autonomia das escolas,sugeremaexistênciadeumainflexãonos padrões de regulação. E uma“convergênciaparadigmática”faceàspolíticasdedevoluçãoque,desdemeados dos anos 80, têmestado a serensaiadasemdiversoscontextos.
Aautoraanalisaoimpactodessasmudanças nas escolas públicas do1.ºciclo, tendocomoquadrode refe
Podereautonomianaescolapública“ParticipaçãoePodernaEscolaPública”,daautoriadaprofessoraMarianaDias,daESELx,émaisumtítulodacolecçãoCaminhosdoConhecimento.Oestudo,quesuportouatesededoutoramentodaautora,descreveeanalisaastransformaçõesorganizacionais,profissionais,sociais,culturaisepolíticasoperadasnasescolasportuguesasdo1.ºciclodoEnsinoBásico,noperíodocompreendidoentre1986e2004.
rênciaasprincipaisproblemáticasquetêm acompanhado a reconfiguraçãodogovernodaeducação.Éocasodaemergênciadenovosmodelosderegulaçãosocial(mercado,novagestãopública, estado avaliador); da transformação dos padrões profissionaiseorganizacionais(culturadeescola,
liderança,autoregulação);edasmudançasnasrelaçõesentreaescolaeacomunidade(poderdosconsumidores, contratualização e privatizaçãodeserviços).
Aexploraçãodestaproblemática é relevante, por várias razões.Desdelogo,porqueaeducaçãobá
A TESE de Mestrado quedeuorigemao livroHospi
taisTransformadosemempresasAnálise do ImpactonaEficiência:EstudoComparativo,deAnaPaulaHarfouche, tem como objectoa análise do desempenho,em termos de eficiência,doshospitaisempresaquesaíram do sector público, por comparação comos Hospitais tradicionais.Esta profunda mudançafez com que 31 Hospitaispassassem a ter um novo Estatuto Jurídico, o deSociedades Anónimas.Aautora, investigadoradoCentro de Administração
de Políticas Públicas, doInstitutoSuperiordeCiências Sociais e Políticas, éDoutorada em Gestão eAdministração Pública. Asua vasta formação mostra a sua polivalência emmatérias de Saúde Pública, visto ser pósgraduada em AdministraçãoHospitalar, licenciada emGestão de Empresas e,a paralelamente, possuirtambém o curso de Enfermagem. Tratase, pois,da obra de uma profundaconhecedora do sectorda Saúde em Portugal.
SAIU mais uma edição dojornal“8ªColina”,daEscola
Hospitaisempresas
Doaltoda8ªColina
MarianaDias
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sicatemsidorelativamenteesquecida,naanáliserelativaàmudançadospadrõesde regulaçãodaeducação. E depois porque o elevadovolumedepublicações, relativoàsnovasformasdegovernaçãodaes
Superior de ComunicaçãoSocial, frutodoempenhoededicaçãodeváriosalunoseprofessores.Olançamentodestanovaediçãocontoucom a presença de IsabelSimões, directora do Departamento de Jornalismo,quetinhaaseuladoovicepresidentedoConselhoDirectivo,JorgeVeríssimo;osprofessoresPauloMouraeMariaJoséMataeosalunosVeraMoutinhoeJoãoFilipe,envolvidosnaprodução.
Aideiaoriginaleracriarum jornal para Lisboa enão apenas para a comu
nidadedaESCS.Onúmeroanteriorsaiuhájálargosmeses, explicandose oatraso sobretudo por dificuldadesfinanceiras.JoãoFilipedizqueduranteesteperíodo de tempo se procurou contrariar a falta decredibilidadedoprojectoeultrapassarasdificuldadescriadaspelofactodosalunosenvolvidosmudarem.
Ocuidadocomaescritaéumadasmaiorespreocupaçõesdosestudantes,segundo Vera Moutinho,quesublinhaaimportânciadeoprojectoserencarado
como trabalho profissional.Àsemelhançadoqueacontececomoutrasactividades extracurricularesdesenvolvidas na EscolaSuperiordeComunicaçãoSocial,aparticipaçãodosalunos pode ser o iníciode um caminho que osconduzirá aomercado detrabalho.“Hápessoasquesaem daqui muito bempreparadaspara trabalharnuma redacção”, afirmaJoãoFilipe.
Paraqueojornalevoluae tenhamais autonomia epublicações mais frequen
tes é preciso mobilizar osalunos dos outros cursosdaEscolaSuperiordeComunicaçãoSocial.Enumaaltura em que tudo está amudarnaáreadosMediaéimprescindívelacompanharessamudança. O próximopasso é a criação do sitedo jornal. Segundo PauloMoura, isso será fundamentalpara tornaro jornalmaisinteractivo,maisregulare commais conteúdos.Com uma tiragem de 18000exemplares,ojornal“8ªColina”voltaaserpublicadonopróximomêsdeMaio.
AESCS dámais um passo na disponibilização de canais de comunicação: criou uma newsletter digital,Comunica,ereestruturouainterfacedaintranet.Ambososprojectosvisamserumpontodeencontronacomunicaçãodentroeforadaescola.
A criação de uma newsletterdigital sempre esteve no horizonte
Umaescola,doissuportes
da ESCS. “Foi necessário parar parapensarqualseriaanewsindicadapara a nossa escola como meio decomunicação”, explica a professoraMariaDuarte Belo, coordenadora doGabinete de Comunicação. O temaprincipal desta primeira edição é oempreendorismo, tema para o qualaescolaestácadavezmaisvoltada.
Poroutro lado,a interfacedaESCSfoi renovada, possuindo agora umaimagem simples e limpa dentro deumanovaestrutura,quepermiteinserirnotícias.AtravésdaIntranetéagoratambémpossíveloacessodirectoaoportaldoIPL,fundamentalparaavisualizaçãodasnotaseoutrosserviçosrelacionadoscomasecretaria.
cola pública, não impede que persistam enormes divergências sobre o impacto das novas políticaseducativas no contexto da prática.Éoqueacontecenocampodaredefinição das concepções e práti
cas profissionais dos professores;enopapeldosgestoresescolares,no processo demudança e ao níveldeempowermentdosdiferentesactores locais (professores, pais,dirigentesescolares).
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Tribuna Livre
NUMperíododegravesdificuldadesque todo o ensino superior públicoatravessa,haveráque,semprejuízodas autonomias consignadas na legislaçãoportuguesa,procurarpoupargastosemtodasasrubricasemquetalsejaadmissível.
Naverdade,nãosendo fácilqualquerpoupançarealdegastosnoqueserefereamassasalarial,então,teráque ser encontrado, nos gastos degestãogeralecorrente,umparadigmadiferente,uma“fórmula”,quenospermita,comosfundosdisponíveis,manterníveisqualitativosequantitativosdedesempenhoelevados.
Quando foram criadas as “propinas”, recordemolo, estas teriam deser destinadas – assim foi decididosuperiormente…– ao “acréscimodaqualidade do sistema” de ensino nasinstituiçõesdeensinosuperior.Ou,poroutraspalavras,namelhoriadaqualidadedoserviçoprestadoaosnossosclientes privilegiados e nossa razãosuperiordeexistir–osalunos.
Porém, sucessivos governos têmsubvertido esta decisão, impondo àsinstituiçõesdeensinosuperior–semodeclararexpressamente–autilizaçãodosfundospróprios,provenientesdaspropinaspagaspelosalunos,parasuportargastoscorrentesdegestãoque,afinal,deveriamsersuportadosexclusivamente pelos fundos provenientesdoorçamentodeEstado.
Criando, com tais medidas, sucessivas e insuperáveis dificuldadesde gestão das instituições, praticamente“impedindo”qualquermelhoriaem instalações, em equipamentos,em condições de funcionamento,sempreporausênciadefundossuficientesparaoefeito.
Esta proposição é facilmente demonstrável secompararmososvalores do orçamento de Estado atribuídosaoInstitutoPolitécnicodeLisboanosúltimosanoscomainflação(nosdoisúltimosanos,estimada)equeascenderama:
Setivessesidotidaemcontaainflação acumulada (valores estimados em2008e2009),osvaloresdedotaçãoorçamentalatransferirparaoInstitutoPolitécnico de Lisboa, terseiam elevadoem2009,a53.903,3milhõesdeeuros.
Verificandose, assim, uma perdarealnadotaçãoorçamentaldaInstituição,demaisde11%aolongodestesúltimosanos,apesardoaumentoefectivodealunos.
Aimposiçãodopagamentode11%para a CaixaGeral deAposentaçõessem o competente reforço orçamentalpúblico,noexercícioeconómicode2008,mais veio estrangular o funcionamentoadequadodasinstituições,nocumprimentodoserviçoquelhescompete,muitasdasquais,senãomesmoatotalidade,semsequerapossibilidadederecorrera fundosprópriosparasustentarestadívida.
Esta política não será inocente.De facto, entre outros condicionalismos,estamosperanteuminstrumentomuitosubtildeimporapropinamá
ximaatodasasinstituiçõesdeensinosuperior,semqueoEstadofiquecomoónusdetaldecisão.
Umdosmeios de superar as dificuldades que nos vêm sendo impostaspelossucessivosgovernoséodeprocuraratodoocusto,pelomenosaoníveldoInstitutoPolitécnicodeLisboa– que ora nos importa – controlar osgastos em algumas rubricas em que,defacto,têmdeincorrernoâmbitododesenvolvimento da sua actividadenormal:oensino.
Nãosepretendecomtalmedidapôrem causa a autonomia das unidadesorgânicas – pese asmais recentes decisões sobreesta temática tomadas recentemente pelo governo – antes, numprocesso de racionalização de gastos,procurararealizaçãodenegociaçõesglobais(eventualmente,seexigível,emprocessoconcursalpúblico)porformaaqueosgastostotais,aimputarposteriormentepelasdiferentesunidadesorgânicas,sejammaisreduzidosdoqueosprovenientesdenegociaçõesindividuais.
Nem se trata de uma inovaçãoformal, antes o reconhecer que gerirglobalmentealguns (pelomenos)dosgastoscomuns,podeconduzir,defacto, a poupanças mais ou menos significativas em algumas rubricas maisimportantesdecustos.
Já há alguns concursos a decorrer relacionados, porexemplo, comasegurança e a limpeza de todas instalações dos serviços centrais comodasunidadesorgânicas,decujasconclusõesseesperaumacertapoupançadegastos.Mas,outrosdevemserdesencadeadosporformaalograrse,globalmente, uma utilização óptima,quanto possível, dosmeios económicospostosàdisposição,queaonívelindividualseriamuitodifícilconseguir.
Bemsabemosqueasituaçãoeconómicaefinanceiraduranteoanode2009, em matéria orçamental – provenientedereceitasdoorçamentodeEstadoedereceitaspróprias–nãotrarámenosdificuldadesdoqueasquevimossentindodesdeháváriosanos.Pelocontrário.Mas,assim,estaremosa tentarconseguirumamaiseficientegestãodegastos,sobretudodenaturezacorrente, jáquequantoaosgastosdeinvestimento–tãonecessáriosemtodasasunidadesorgânicas–nãoexistirão meios para os concretizarpelomenosacurtoprazo.
*VicepresidentedoIPL
Pensarglobalmente,gerirlocalmente
Estamos perante um instrumento muito subtil de
impor a propina máxima a todas as instituições de
Ensino Superior, sem que o Estado fique com o ónus de
tal decisão
ManuelMendesdaCruz*
ArquivoP
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