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Excelentíssimo Senhor Ministro Relator do Mandado de Segurança n. 34.193, Supremo Tribunal Federal, Brasília, Distrito Federal. PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/DF sob n. 5.214, com CPF n. 291.925.520-72, com escritório na SHIN QI 01 conjunto 10, casa 12, Lago Norte, Brasília, Distrito Federal, CEP 71.505- 100, vem à presença de Vossa Excelência, por seu advogado, abaixo- assinado, instrumento de procuração em anexo, nos termos do artigo 138 do CPC requerer, a formação do: AMICUS CURIAE Nos autos do Mandado de Segurança supra que move: PRESIDENTE DA REPUBLICA contra PRESIDENTE DA CAMARA FEDERAL, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I - DO CABIMENTO DA FORMAÇÃO DO AMICUS CURIAE, NA FORMA DO ARTIGO 138 DO CPC: O Requerente, como cidadão e como advogado, vem acompanhando, diariamente, o processo de impeachment proposto contra a Senhora Presidente DILMA VANA ROUSSEFF, por crime de responsabilidade e, especialmente, pelo fato de sua defesa, enquanto cidadã acusada de um crime de responsabilidade, já admitido na Câmara Federal e pela Comissão Processante do Senado vem sendo feita por Servidor Público, no exercício do cargo de Ministro Chefe da Advocacia Geral da União, Ministro JOSÉ EDUARDO MARTINS CARDOSO, com utilização de bens, pessoal e instrumentos públicos, em violação as leis e a própria constituição, conforme abaixo demonstrado. Nos termos do artigo 138 do CPC, o relator, considerando a relevância da matéria e a especificidade do tema objeto da demanda ou a Impresso por: 191.742.502-30 MS 34193 Em: 10/05/2016 - 21:04:28

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Excelentíssimo Senhor Ministro Relator do Mandado de Segurança n. 34.193, Supremo Tribunal Federal, Brasília, Distrito Federal. PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA, brasileiro, casado, advogado inscrito na

OAB/DF sob n. 5.214, com CPF n. 291.925.520-72, com escritório na SHIN QI

01 conjunto 10, casa 12, Lago Norte, Brasília, Distrito Federal, CEP 71.505-

100, vem à presença de Vossa Excelência, por seu advogado, abaixo-

assinado, instrumento de procuração em anexo, nos termos do artigo 138 do

CPC requerer, a formação do:

AMICUS CURIAE

Nos autos do Mandado de Segurança supra que move: PRESIDENTE DA

REPUBLICA contra PRESIDENTE DA CAMARA FEDERAL, pelas razões de

fato e de direito a seguir expostas:

I - DO CABIMENTO DA FORMAÇÃO DO AMICUS CURIAE, NA FORMA DO

ARTIGO 138 DO CPC:

O Requerente, como cidadão e como advogado, vem

acompanhando, diariamente, o processo de impeachment proposto contra a

Senhora Presidente DILMA VANA ROUSSEFF, por crime de responsabilidade

e, especialmente, pelo fato de sua defesa, enquanto cidadã acusada de um

crime de responsabilidade, já admitido na Câmara Federal e pela Comissão

Processante do Senado vem sendo feita por Servidor Público, no exercício do

cargo de Ministro Chefe da Advocacia Geral da União, Ministro JOSÉ

EDUARDO MARTINS CARDOSO, com utilização de bens, pessoal e

instrumentos públicos, em violação as leis e a própria constituição, conforme

abaixo demonstrado.

Nos termos do artigo 138 do CPC, o relator, considerando a

relevância da matéria e a especificidade do tema objeto da demanda ou a

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repercussão social da controvérsia, pode admitir a participação de pessoa

natural ou jurídica, como amigo da corte, admitindo a tese e os fatos

articulados para fins de proferir decisão, o que se espera.

II – DA SUMULA FÁTICA Ao consultar o andamento do presente feito, o Requerente constatou que se trata de mandado de segurança proposto pela PRESIDENTE DA REPUBLICA e não por DILMA VANA ROUSSEFF, contra o PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, visando a declaração de nulidade de atos administrativo referente ao Processo de Impeachment que tramita atualmente no Senado Federal de n. 001/2015. Verifica-se que o patrono da causa é o ADVOGADO GERAL DA UNIÃO, assim como é fato publico e notório que o Advogado Geral da União vem atuando, em defesa pessoal da Presidente da Republica, perante esta corte, Câmara dos Deputados e, agora perante o Senado Federal, em matéria de interesse pessoal da Sra. DILMA VANA ROUSSEFF, atual Presidente da Republica, em matéria referente a crime de responsabilidade. Sendo assim, a inicial inepta porque assinada por advogado impedido de exercer a advocacia e por agente publico, sem legitimidade para representar a Sra. DILMA VANA ROUSSEFF em processo de impeachment, por faltar previsão legal para tal. Dai a nossa manifestação neste feito, como amicus curiae. III - DAS FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DA ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO: A Advocacia-Geral da União é uma instituição com previsão constitucional, que tem como objetivo a defesa dos interesses e da legitimidade dos atos da União em processos em geral, não estando ai incluídos a defesa da Presidente da Republica nos crimes de responsabilidade, como esta ocorrendo na espécie. O art. 131 da Constituição Federal estabelece que:

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a

União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que

dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

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Pela Constituição Federal a AGU representar a União, ou seja, pessoa jurídica de direito público interno, integrante da Administração Direta, que engloba os três poderes no âmbito Federal, ou seja: O EXECUTIVO, O LEGISLATIVO E O JUDICIÁRIO. Logo, não pode a AGU, pelo seu titular militar contra um dos poderes em defesa pessoal da representante do Poder Executivo, como vem ocorrendo. Não se trata de defesa do Poder Executivo contra ato do Poder Legislativo, mas sim, de ato pessoa da sra. DILMA VANA ROUSSEFF, atual presidente da Republica. A competência da AGU perante o Poder Executivo é apenas e tão somente, a consultoria e o assessoramento do Poder Executivo. Nos termos da Lei Complementar n. 73 de 10.fev.1993, que institui a Lei Orgânica da Advocacia Geral da União, em seu artigo 1º, define as funções institucionais da AGU, à saber:

TÍTULO I DAS FUNÇÕES INSTITUCIONAIS E DA COMPOSIÇÃO Capítulo I Das Funções Institucionais Art. 1º - A Advocacia-Geral da União é a instituição que representa a União judicial e extrajudicialmente. Parágrafo único. À Advocacia-Geral da União cabem as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos ao Poder Executivo, nos termos desta Lei Complementar.

A natureza do cargo comissionado do Advogado Geral da União, esta explicitadas no artigo 3º que estabelece:

Art. 3º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República, dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. § 1º - O Advogado-Geral da União é o mais elevado órgão de assessoramento jurídico do Poder Executivo, submetido à direta, pessoal e imediata supervisão do Presidente da República.

As atribuições do Advogado Geral da União esta explicitadas no artigo 4º da LC 73/1.993 a saber:

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Art. 4º - São atribuições do Advogado-Geral da União: I - dirigir a Advocacia-Geral da União, superintender e coordenar suas atividades e orientar-lhe a atuação; (....); III - representar a União junto ao Supremo Tribunal Federal; IV - defender, nas ações diretas de inconstitucionalidade, a norma legal ou ato normativo, objeto de impugnação; V - apresentar as informações a serem prestadas pelo Presidente da República, relativas a medidas impugnadoras de ato ou omissão presidencial; VI - desistir, transigir, acordar e firmar compromisso nas ações de interesse da União, nos termos da legislação vigente; (Regulamento) VII - assessorar o Presidente da República em assuntos de natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos ou propondo normas, medidas e diretrizes; VIII - assistir o Presidente da República no controle interno da legalidade dos atos da Administração; IX – (...);

Como se vê, dentre as atribuições do Advogado Geral da União, não inclui, a defesa da Presidente da Republica perante a Câmara Federal, Supremo Tribunal e Senado Federal, nos crimes de responsabilidades em processo de impeachment, já que não se trata de representação da União, não é ação direta de inconstitucionalidade, ou mesmo, prestar informações a serem prestadas pelo presidente da Republica, relativas as medidas impugnadoras de ato ou omissão de ato e muito menos é assessorar o presidente da Republica em assuntos de natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos ou propondo normas ou mesmo assistir ao Presidente da Republica no controle Interno da legalidade dos atos da administração. “A representação judicial é exercida em defesa dos interesses dos referidos entes nas ações judiciais em que a União figura como autora, ré ou, ainda, terceira interessada. A representação extrajudicial é exercida perante entidades não vinculadas à Justiça, como órgãos administrativos da própria União, Estados ou Municípios. (fonte: Site Oficial AGU)

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Logo, inexiste permissão legal para que o Advogado Geral da União atue na defesa pessoal do Presidente da Republica, nos crimes de responsabilidades. Muito menos para propor conta o Presidente da Câmara dos Deputados mandado de segurança, ainda mais, quando a defesa deste deverá ser feita pela AGU, como no presente caso. Falecendo ao patrono da impetrante as condições para a representação processual, o que torna impossível a inicial o que se requer. IV - DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.028 POR SER LEI ORDINÁRIA REGULAMENTANDO MATERIA PREVISTA PARA SER REGULAMENTADA POR LEI COMPLEMENTAR. A Lei n. 9.028 de 12.abr.1995, que dispõe sobre o exercício das atribuições institucionais da Advocacia Geral da União, em caráter emergencial e provisório, viola expressamente o artigo 131 da Constituição Federal que estabelece de forma expressa que: “...cabendo-lhe, nos termos da Lei Complementar que dispuser sobre a sua organização e funcionamento...” Assim, o artigo 22 da Lei 9.028 de 1995 que autoriza a representação judicial dos titulares e os membros dos Poderes da Republica nos seguintes termos:

Art. 22. A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos vinculados, nas respectivas áreas de atuação, ficam autorizados a representar judicialmente os titulares e os membros dos Poderes da República, das Instituições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, daConstituição, bem como os titulares dos Ministérios e demais órgãos da Presidência da República, de autarquias e fundações públicas federais, e de cargos de natureza especial, de direção e assessoramento superiores e daqueles efetivos, inclusive promovendo ação penal privada ou representando perante o Ministério Público, quando vítimas de crime, quanto a atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, no interesse público, especialmente da União, suas respectivas autarquias e fundações, ou das Instituições mencionadas, podendo, ainda, quanto aos mesmos atos, impetrar habeas corpus e mandado de segurança em defesa dos agentes públicos de que trata este artigo.(Redação dada pela Lei nº 9.649, de 1998) (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

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É inconstitucional, porque regulamentado por norma legal inferior a Lei Complementar e como tal, não pode surtir efeitos no mundo jurídico, já que a constituição remete a Lei Complementar a regulamentação da AGU. Todavia, há de ressaltar que a ampliação do rol de atribuições da AGU por meio de lei advinda de conversão de medida provisória é inconstitucional, uma vez que a Constituição não tratou de tais atribuições (representação dos membros, ou aludidas matérias criminais e afins). O artigo 131 da Constituição Federal, aliás, exige que a disciplina do assessoramento e consultoria do Poder Executivo se dê por meio de Lei Complementar. Seria, aliás, bastante conveniente que o defendido viesse a ampliar o rol de atribuições do ente, por simples Medida Provisória, para ser protegido por ele, extrapolando todo e qualquer parâmetro previsto na Carta Magna e desfigurando as finalidades institucionais. O artigo 62 da Constituição Federal, em seu § 1º, elucida que: "É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: III – reservada a lei complementar;". A Legitimidade extraordinária é taxativa, não meramente exemplificativa. O Advogado-Geral da União não é advogado do Presidente da República. Por mais óbvio que pareça, faz-se necessário ressaltar que o Advogado-Geral da União defende os interesses da União, recebe seu subsídio da União, e há vedação implícita de que ele advogue contra ela, ou contra um de seus poderes, na defesa do chefe de outro poder. Mesmo que se admitíssemos que o titular da AGU possa defender o Presidente da República em eventuais processos apurando crime de responsabilidade, pois nos crimes de responsabilidade, geralmente, a grande lesada é justamente a União; logo, seria inconcebível aceitar que a Advocacia-Geral da União pudesse advogar para defender atos de agente que lesou a própria União. Como se diz, defender a legalidade (lato sensu) dos atos da União é absolutamente distinto de defender a legalidade dos atos do Presidente da República. É que não há como associar a defesa subjetiva do Presidente da República por atos pessoais com a defesa de atos da União. A defesa dos atos da União tem como objetivo principal resguardar a presunção de legalidade dos atos emanados pelo poder público e a manutenção de seus efeitos. Neste momento processual, a defesa da Presidente DILMA VANNA ROUSSEF em um processo por crime de responsabilidade visa, exclusivamente, evitar o afastamento do agente do cargo de Presidente e sancioná-lo com a pena de inabilitação, não havendo nenhum interesse da União a ser defendido pela AGU.

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Muito pelo contrário, o interesse da União e que o feito siga dentro da normalidade democrática e dentro do Estado de Direito. V - DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPUBLICA E DA NATUREZA DE RESPONSABILIDADE PESSOAL POR ATO PRATICADO O QUE IMPEDE A DEFESA PELA AGU O crime de responsabilidade que esta sendo imputada a Presidente da Republica, é conhecido como “pedaladas fiscais” que é crime de responsabilidade, previsto no artigo 85 e incisos V, VI e VII, assim definidos:

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (...). V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

As chamadas “pedaladas” ferem o artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), que proíbe claramente as operações de crédito entre as instituições financeiras estatais e o ente que as controla:

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.

Assim, a União não poderia ter feito um empréstimo com a Caixa Econômica Federal, dai o crime de responsabilidade pessoal da senhora Presidente da Republica. Os decretos dos créditos suplementares ferem o artigo 167 da Constituição, que proíbe a abertura de crédito suplementar sem a autorização legislativa e sem a indicação dos recursos. E isso também configura crime de responsabilidade, como prevê a lei específica. Os atos praticados apontam para o crime.”

Art. 1º São crimes de responsabilidade os que esta lei especifica.

.... Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do

Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, contra:

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I - A existência da União: II - O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder

Judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados; III - O exercício dos direitos políticos, individuais e

sociais: IV - A segurança interna do país: V - A probidade na administração; VI - A lei orçamentária; VII - A guarda e o legal emprego dos dinheiros

públicos; VIII - O cumprimento das decisões judiciárias

(Constituição, artigo 89). A partir do momento em que a Câmara Federal admitiu a abertura do Processo de Impeachment contra a Presidente da Republica, já se formou a relação processual de crime de responsabilidade, ou seja, a denuncia foi recebida, iniciando propriamente dito o processo penal especial. O processo de impeachment tem índole claramente política, enquanto o caráter da AGU é técnico no âmbito jurídico. Embora, por óbvio, ambas se entrelaçam, não se confundem. A defesa do Presidente da República deve ser feita por ela própria, por meio de parlamentares e de advogado especialmente contratado para tal fim, por conta própria, ou até quem sabe de seu partido – diga-se de passagem, tem receita para isto e se verdadeiras as delações premiadas, dinheiro de origem ilícita legalmente contabilizado, mas isto é outro situação não objeto deste processo. No processamento por crime de responsabilidade não se está em um embate entre os Poderes Executivo e Legislativo. Está sendo averiguada a responsabilidade pessoal de indivíduo que ocupa o cargo do executivo; ou seja, não se trata do cargo de Presidente; não se trata do Poder Executivo, e tampouco da União. VI - DA VIOLAÇÃO AS NORMAS SOBRE OS DEVERES, PROIBIÇÕES E DOS IMPEDIMENTOS DOS MEMBROS DA AGU: A Lei Complementar 73 em seu artigo 27 na Seção II que trata dos deveres, das proibições e dos impedimentos, fixa que:

SEÇÃO II Dos Deveres, das Proibições e dos Impedimentos

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Art. 27. Os membros efetivos da Advocacia-Geral da União têm os deveres previstos na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, sujeitando-se ainda às proibições e impedimentos estabelecidos nesta lei complementar.

Ao analisarmos a Lei 8.112 de 1990, no capitulo dos deveres, constatamos dentre outros:

Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; (...). VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; (...). IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; (...). XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. .....

Art. 117. Ao servidor é proibido: (...)

IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;

XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;

Por seu turno, a LC n. 73 ainda fixa dentre as proibições dos membros efetivos da AGU, que se aplica por analogia ao Advogado Geral da União, exercer a advocacia fora das atribuições institucionais e é defeso exercer função em processo judicial ou administrativo, nas hipóteses da legislação processual. O Interesse público para justificar a atuação do Advogado Geral da União, em favor da Sra. Presidente da Republica, inexiste, o que existe é a obrigação do Advogado Geral da União de defender o interesse público primário que envolve os interesses voltados à sociedade (coletividade).

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Trata-se, como acima demonstrado, para que seja legitima a

atuação da AGU em favor da Sra. Presidente da Republica, é necessário perquirir se, no caso concreto, há ou não interesse público que justifique a atuação desses servidores.

A atuação da AGU, entretanto, inclui a defesa do interesse público primário (coletividade) e secundário (pessoa jurídica de direito público). Vale destacar que o Superior Tribunal de Justiça, firmou entendimento de que: “não há como reconhecer a preponderância do interesse público quando um agente político se defende em uma ação de investigação judicial, cuja consequência visa atender interesse essencialmente seu, privado, qual seja, a manutenção da elegibilidade do candidato. Por outro lado, revela-se contraditória a afirmação de que haveria interesse secundário do Município a ensejar a defesa por sua Procuradoria, na medida em que a anulação de um ato administrativo lesivo, ao invés de lhe imputar ônus, apenas lhe daria benefícios econômico-financeiros”. Dito isto, a atuação do Advogado Geral da União em defesa da Sra. Dilma Vanna Rouseff, incide na nulidade absoluta, quais sejam:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a)incompetência (...) c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade.

Não há duvida de que a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. VII – DO EXERCICIO DA ADVOCACIA E DA NULIDADE DO ATO PRATICADO POR ADVOGADO IMPEDIDO DE ATUAR. A Lei 8.906 de 04 de julho de 1994 que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia, estabelece que é privativo da advocacia a postulação a órgão do

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Poder Judiciário aos juizados especiais, sendo indispensável à administração da justiça. Diz o artigo 4º Paragrafo Único da lei do advogado, que são nulos os atos praticados por advogado impedido – no âmbito do impedimento – ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia.

A incompatibilidade determina a proibição total e o impedimento a

proibição parcial do exercício da advocacia. Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades: (...). II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta; III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público; (...). VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais; (...).”

Logo, o Sr. Advogado Geral da União esta impedido de exercer a advocacia em defesa de interesses pessoais ou privados, salvo os interesses diretos dos órgãos que representa, na forma do artigo 29 da Lei do Advogado:

Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.

A partir do momento em que se encontra impedido de exercer a advocacia para a pessoa física da sra. Dilma Vana Rosseff, não pode o Advogado Geral da União atuar como advogado de defesa da mesma, perante esta corte, a partir do momento em que foi admitido o processo de impeachment, pois a partir dai o processo passa a ser de interesse pessoal da Sra. Dilma Vana Rosseff e não mais do cargo de Presidente da Republica.

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DO DISPOSTO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Nos termos do artigo 103 do novo CPC, a parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.

Isto Posto espera o Requerente seja admitida a sua intervenção e que seja declarada a ilegitimidade da representação da impetrante, a uma porque a matéria é de interesse pessoal e não da Presidência da Republica; a duas porque o Advogado Geral da União não pode atuar na defesa de interesse privado da Sra. Dilma Vana Rousseff, em processo de crime de responsabilidade, admitido pela Câmara dos Deputados e ora em tramitação perante o Senado Federal.

Requer, seja negada a segurança e extinto o processo sem julgamento do mérito, pelas razões acima expostas.

Nestes Termos,

Pede e Aguarda Deferimento.

Brasília, 10 de maio de 2016

PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA

OAB/DF 5.214

VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO

OAB/DF 33.321

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