1a-viabilidade de implantação de uma mina durante as fases do desenvolvimento

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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UMA MINA DURANTE AS FASES DO DESENVOLVIMENTO Ana Paula Dias; Daniel Peixoto Ribeiro; Danilo Augusto da Silva Morais; Fabrício Milton da Silva; Juliana Câmpara de Brito Mello; Juliana Carvalho Silva; Ney Ribeiro de Carvalho Júnior; Rubens Avelino Marcos; Thales Pacheco Costa Professor Antonio Carlos (Orientador) Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] RESUMO: Este Trabalho evidencia a importância do desenvolvimento durante os estudos de viabilidade econômica a fim de identificar os possíveis impactos ambientais e demais circunstâncias que possam inviabilizar ou tornar viável a implantação do empreendimento. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Mineiro. Acessos a Lavra. Mineração. Infraestrutura. ABSTRACT: This work highlights the importance of the development during the Economic Feasibility Studies aiming to identify the possible environmental impacts and other circumstances that can derail or become viable the implantation of the enterprise. KeyWords: Mine Development, Working Accesses, Mining, Infrastructure. ____________________________________________________________________________ 1 INTRODUÇÃO O Desenvolvimento é o terceiro estágio na vida de uma mina; logo após a Prospecção (1º estágio) e a Exploração (2º estágio), que definem o tamanho e a qualidade do corpo mineral, estabelecendo que o mesmo possa ser economicamente viável. No estágio do Desenvolvimento além da Aquisição de terra, Direitos Minerários, Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), Obtenção da Licença dos Órgãos Ambiental e Mineral, Abertura de Acessos e localização da Usina de Tratamento do Minério são elaborados estudos e planejamentos com a finalidade de facilitar as atividades de lavra com o menor custo e maior produtividade. Normalmente as pesquisas continuam após o início da lavra, e se faz necessárias modificações nestes estudos para adequar o Projeto para as novas frentes de lavra. Os maiores problemas que podem inviabilizar um empreendimento mineiro no estágio do Desenvolvimento são: os elevados Custos dos Equipamentos, o tipo de Frente de Lavra, Consumo de Combustíveis, as dificuldades de se obter os Recursos Hidrominerais (água) e as áreas para disposição de Estéril e Rejeitos. O objetivo deste trabalho é descrever os problemas técnicos e econômicos mais importantes, que surgem nas etapas do Desenvolvimento.

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Viabilidade de Implantação de Uma Mina

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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UMA MINA DURANTE AS FASES DO

DESENVOLVIMENTO

Ana Paula Dias; Daniel Peixoto Ribeiro; Danilo Augusto da Silva Morais; Fabrício Milton

da Silva; Juliana Câmpara de Brito Mello; Juliana Carvalho Silva; Ney Ribeiro de

Carvalho Júnior; Rubens Avelino Marcos; Thales Pacheco Costa

Professor Antonio Carlos (Orientador)

Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG

[email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]; [email protected];

[email protected];

[email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO: Este Trabalho evidencia a importância do desenvolvimento durante os estudos de viabilidade econômica a fim de identificar os possíveis impactos ambientais e demais circunstâncias que possam inviabilizar ou tornar viável a implantação do empreendimento. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Mineiro. Acessos a Lavra. Mineração. Infraestrutura. ABSTRACT: This work highlights the importance of the development during the Economic Feasibility Studies aiming to identify the possible environmental impacts and other circumstances that can derail or become viable the implantation of the enterprise. KeyWords: Mine Development, Working Accesses, Mining, Infrastructure.

____________________________________________________________________________

1 INTRODUÇÃO

O Desenvolvimento é o terceiro estágio na vida de

uma mina; logo após a Prospecção (1º estágio) e a

Exploração (2º estágio), que definem o tamanho e a

qualidade do corpo mineral, estabelecendo que o

mesmo possa ser economicamente viável.

No estágio do Desenvolvimento além da Aquisição de

terra, Direitos Minerários, Elaboração do Estudo de

Impacto Ambiental (EIA), Relatório de Impacto

Ambiental (RIMA), Obtenção da Licença dos Órgãos

Ambiental e Mineral, Abertura de Acessos e

localização da Usina de Tratamento do Minério são

elaborados estudos e planejamentos com a finalidade

de facilitar as atividades de lavra com o menor custo e

maior produtividade. Normalmente as pesquisas

continuam após o início da lavra, e se faz necessárias

modificações nestes estudos para adequar o Projeto

para as novas frentes de lavra.

Os maiores problemas que podem inviabilizar um

empreendimento mineiro no estágio do

Desenvolvimento são: os elevados Custos dos

Equipamentos, o tipo de Frente de Lavra, Consumo de

Combustíveis, as dificuldades de se obter os Recursos

Hidrominerais (água) e as áreas para disposição de

Estéril e Rejeitos.

O objetivo deste trabalho é descrever os problemas

técnicos e econômicos mais importantes, que surgem

nas etapas do Desenvolvimento.

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Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

Este trabalho se justifica pela importância em

demonstrar a viabilidade, ou não, de um

empreendimento Mineral.

2 METODOLOGIA

Este trabalho está fundamentado em uma pesquisa a

partir de levantamento de dados, que foram obtidos

através de pesquisa bibliográfica baseada em livros,

revistas e apostilas escolares relacionados com o

tema. O texto foi elaborado com base nas conclusões

tiradas a partir destas leituras.

3 DESENVOLVIMENTO

Conforme Girodo (1981) deverá ser indicada uma

metodologia para o desenvolvimento dos projetos de

empreendimentos mineiros, de forma a minimizar os

riscos do investidor e destinado a reduzir os prazos de

implantação do projeto.

Segundo Beraldo (1981), pode-se definir que o

principal propósito do desenvolvimento é prover

acesso à jazida, permitindo a entrada de mineiros,

equipamentos, suplementos, energia, ventilação e

saída de minério e estéril produzido.

Antes do início da fase de explotação, o

desenvolvimento é limitado, tanto quanto possível, à

construção de aberturas primárias ou principais. Na

lavra a céu aberto, o acesso ao minério coberto pelo

estéril ou solo de superfície, é obtido pelo

decapeamento. Em minas subterrâneas, aberturas de

pequeno tamanho são feitas a partir da superfície para

interceptar o corpo de minério que se encontra em

profundidade e eventualmente conectá-los com

grandes aberturas de explotação.

Outras atividades relacionadas ao desenvolvimento

são trabalhos preparatórios, estruturas, pessoal e

serviços que suportam a lavra e, usualmente, as

funções de processamento.

A extração do minério não pode ser iniciada

imediatamente e nem sempre nos locais onde se

cortou a mesma ou a colocou a descoberto. Se a

extração iniciasse imediatamente, o acesso as partes

mais afastadas do local de extração resultaria em

acessos difíceis ou quase impossíveis, o que exige

uma prévia preparação dentro de um determinado

planejamento.

Como é uma fase que envolve grandes despesas, por

segurança, ela só deve ser iniciada após a certeza da

jazida. Seu planejamento deve ser condicionado ao

tipo de lavra que se irá executar.

O desenvolvimento pode ser especificado de acordo

com os sistemas que envolvem o layout da mina. As

vias de acesso são os incrementos básicos que

permitem atingir um ou múltiplos pontos, ou setores da

jazida mineral, e o escoamento do minério. Portanto,

podem ser superficiais e/ou subterrâneas. Referente à

disposição da jazida mineral, ou seja, a forma em que

se encontra o corpo mineralizado nas rochas

encaixantes, independente de ser próximo ou não da

superfície podendo ser tabular, maciço, entre outras

formas, ocasiona por fazer a direção a ser tomada

pela via de acesso até minério.

Plano Diretor de um Empreendimento elaborado pelos

Autores, representado em anexo 1.

3.1 ACESSOS PARA OS TIPOS DE FRENTE DE

LAVRA

Diferentes métodos de lavra são usados para

diferentes bens minerais. A escolha do método mais

apropriado se dá em função das características do

corpo de minério (profundidade, morfologia/condições

geológicas, geomecânico, aspectos tecnológicos,

demanda de energia, problemas ambientais,

produtividade e custo de desenvolvimento).

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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

3.1.1 LAVRA A CÉU ABERTO

Figura 1 – Lavra a Céu Aberto Fonte – A Gestão dos Recursos Hídricos IBRAM,

2006, p.322 .

As vias de acesso em mineração a céu aberto

geralmente são simples estradas principais,

construídas para possibilitar a lavra dos diversos

bancos que dividem verticalmente a jazida em blocos

de extração (GIRODO E BERALDO -1981)

Em alguns tipos de lavra especiais como petróleo,

gases combustíveis, água mineral e sais solúveis, as

vias de acesso são simplesmente furos de sonda,

executados até atingir a jazida e possibilitar a extração

das substâncias minerais, sem o acesso de pessoal.

O traçado desses acessos requer conhecimento bem

detalhado da jazida, dependendo fundamentalmente

da topografia, dos equipamentos utilizados no

transporte, que serão condicionadores das larguras,

greides, raio de curvatura, suficientemente para

tráfego simultâneo de dois veículos e pista destinada a

construção de "leras" com o objetivo de obstruir a

crista do banco para efeito de proteção, valetas de

drenagem no pé do banco para direcionar a água

evitando-se alagamento das praças, locais de

manobras e sinalização em pontos perigosos.

Todos estes fatores são muito importantes para a

economia, conservação de pneumáticos, veículos e

para aumentar a eficiência do trabalho.

Conforme Girodo (1981) em se tratando de

caminhões, a declividade máxima nos acessos deve

ser de 8 a 12 %. A locação superficial dos acessos

não deve ser iniciada em locais que apresentem

possibilidade de inundação ou outras eventualidades.

No caso de lavra a céu aberto, considerando-se

ângulo de talude recomendável pela geotécnica,

define-se a relação estéril/minério limite que é aquela

que iguala os custos de produção do concentrado ao

valor do mesmo. Com esta relação elabora-se o plano

de exaustão chegando-se a definição da cava final.

Esses parâmetros irão permitir definição dos

parâmetros básicos para dimensionamento dos

equipamentos de mina e das instalações de

beneficiamento.

É importante, ainda, a escolha da localização da

britagem, depósito de estéril e estudo para alternativa

de transporte.

3.1.2 LAVRA SUBTERRÂNEA

Figura 2 – Lavra Subterrânea Fonte – SRK - CONSULTING, 2012, p.15.

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Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

Os métodos de lavra subterrânea são aplicados

basicamente quando o corpo de minério está em

profundidade tal que se torna inviável, tecnicamente e

economicamente, sua extração a céu aberto, pelo

grande volume de estéril a ser removido e/ou quando

existem restrições ambientais ou urbanísticas para a

lavra a céu aberto, pois o alto custo da lavra em

subsolo é suportado pelo valor do minério. (ARAÚJO,

2008)

Após a definição do método de extração, os projetos

para detalhamento dos acessos e condicionamento

das minas são desenvolvidos para serem executados.

Segundo Araújo (2008) as etapas básicas, conforme

os métodos escolhidos são:

Acesso ao corpo de minério, através de galerias,

poços verticais (shaft) ou rampas inclinadas;

Desmonte de rocha com explosivos, executando a

perfuração, carregamento e detonação;

Saneamento da frente desmontada (lavagem e

ventilação);

Carregamento e transporte do minério;

Precauções de segurança.

Para a avaliação de investimentos iniciais e para uma

estimativa de tempo mínimo necessário, para ter-se a

mina em produção, é estimado o volume necessário

de trabalhos preparatórios (metros de poços, metros

de galerias, etc). (ARAÚJO, 2008).

3.2 EQUIPAMENTOS

Conforme Araújo (2008), os equipamentos utilizados

na mineração se subdividem em duas classificações:

A - Motrizes: fornecem energia mecânica para

operação de outras máquinas (tratores, compressores

de ar, geradores, etc.). B- Operatrizes: recebem

energia das máquinas motrizes e realizam trabalho

mecânico (trator de lâmina, carregadeira,

escavadeiras, escreiperes, plainas, unidades

transportadoras e compactadoras, etc.).

A justificativa da aquisição do tipo de equipamento,

que será comprado pela empresa, é um fator

determinante para o sucesso do empreendimento

mineiro. A seleção de equipamentos de mineração é

um dos fatores de primordial importância nas etapas

de transformação da lavra de um bem mineral numa

operação econômica.

De um modo geral, o processo de seleção pode ser

dividido nos seguintes estágios:

• Tipo de equipamento exigido;

• Tamanho e/ ou número de equipamentos;

• Tipo específico do equipamento;

• Especificações dos equipamentos (desempenho,

manutenção);

• Seleção dos fabricantes ou fornecedores;

• Seleção com Relação ao Valor Atual.

Geralmente os equipamentos de lavra estarão

envolvidos nas atividades de desmonte, carregamento

e transporte do minério e estéril de minas a céu aberto

e subterrâneo.

Figura 3 – Escavadeira de Minério Fonte – Catálogo Caterpillar, 2012, p.01.

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Nesta fase de seleção de equipamentos de lavra, a

experiência é de suma importância, sob todos os

aspectos. Especificações de fabricantes serão de

muita utilidade, mas devem ser usadas

prudentemente. Por outro lado, certos detalhes

técnicos e dados de desempenho dos equipamentos

somente serão encontrados nos impressos dos

fabricantes - Folders ou Catálogos especializados.

Segundo Girodo (2001) alguns fatores influenciam na

Escolha do Equipamento:

Fatores Naturais - Os fatores naturais são aqueles que

dependem das condições vigentes no local dos

trabalhos, tais como topografia, mais ou menos

acidentadas, natureza dos solos existentes, presença

de lençol freático, regime de chuvas, etc.

Fatores do Projeto - Os fatores de projeto são

representados pelo volume de minério a ser movido,

as distâncias de transporte, as rampas de acessos e

as dimensões das plataformas.

Fatores Econômicos - Os fatores econômicos podem

ser resumidos no custo unitário do trabalho que, em

última análise, é o fator predominante e,

freqüentemente decisivo na escolha a ser feita.

Sabendo-se que a produção da máquina dependerá

em última análise, do tempo de ciclo gasto na

execução do trabalho, conclui-se que a pré-

determinação correta deste último, é o primeiro passo

a ser dado no cálculo de estimativa de produção. As

estimativas de produção dos equipamentos não é um

processo preciso, pois, além de depender de diversos

parâmetros de determinação difícil, ainda existem

outros fatores aleatórios que influem de forma decisiva

no desempenho das máquinas.

Figura 4 – Caminhão Fora de Estrada Fonte – Catálogo Liebherr, 2012, p.03.

Veículos Fora de Estrada - São veículos ideais para

atuar nos segmentos de mineração, são caminhões

que auxiliam na produtividade mineradora. Os

veículos foram desenvolvidos para suportar

continuamente a severidade de operações de

mineração, trabalhos que necessitam de veículos mais

robustos e que possam circular em áreas de

topografia acidentada. Sendo usados tanto em lavra a

céu aberto como também em lavra subterrânea,

podendo suportar altas cargas. (SOUZA, 2008).

O transporte do minério até a Planta de

Beneficiamento normalmente é feito através de

caminhões fora de estrada.

Devido ao alto custo deste equipamento se faz

necessário um estudo de logística em função de

condições operacionais, do empreendimento.

Para se determinar o tipo e quantidade de caminhões,

deve-se levar em consideração nos cálculos: o

percurso em Km, os ângulos de inclinações de

rampas, a velocidade vazio e carregado, tempo gasto

no percurso total (carga – descarga).

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Tabela 1 – Gráfica de Velocidade em Função da Inclinação da Rampa

Fonte – Catálogo Caterpillar, 2008, p.17.

3.3 LOCAÇÃO DA PLANTA DE BENEFICIAMENTO

Concluídas as etapas anteriores, se faz necessário o

estudo de Locação da Planta de beneficiamento no

Plano Diretor. Esta Locação será definida em função

do melhor solo encontrado, após estudos do terreno

com furos de sondagem para minimizar custos na

implantação (obras civis); o mais próximo possível da

frente de lavra, respeitando-se as distâncias mínimas

conforme normas para áreas com usos de explosivos.

Figura 5 – Locação da Planta de Beneficiamento Fonte – Autores, 2012.

3.4 DIFICULDADES DE SE OBTER OS RECURSOS

HIDROMINERAIS E ÁGUA

Figura 6 – Captação de água Fonte – Catálogo Bombas Higra, 2006, p.2012.

A utilização da água em um empreendimento mineiro

é absolutamente necessária, para o consumo humano

e para o uso do beneficiamento. É imprescindível que

para a viabilidade Técnica e Econômica de uma Mina,

se conheça o contexto hidrológico próximo a área em

que serão instaladas as operações de Beneficiamento

do Minério e Instalações de Apoio.

Deverá ser elaborado um balanço de consumo de

água em todo o empreendimento para se estabelecer

o volume necessário de operação da mina para que

se faça a solicitação de outorga.

É a Lei no 9.984, de 2000, que expressa a atuação da ANA no que se refere a outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, observando determinados limites de prazos, a possibilidade de emitir outorgas preventivas com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, a necessidade de fornecimento de declaração de reserva de disponibilidade hídrica para uso de potencial de energia hidráulica e a obrigatória publicidade para os pedidos de outorga e atos administrativos que dele resultarem. O Decreto no 3.692, de 2000, reafirma essa competência da ANA, tal como em seu Regimento Interno. (IBRAM-ANA, 2006, p.312).

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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

Dependendo do volume de água a ser consumido no

empreendimento e a disponibilidade na bacia

hidrológica da região pode não ser liberada pelos

Órgãos Competentes todo o volume requerido;

fazendo-se necessários estudos de alternativas como,

por exemplo, o aproveitamento de águas já utilizadas

no beneficiamento do minério (água recuperada)

reduzindo o make-up de água nova pelo rio.

Figura 7 – Recuperação de água Fonte – Instituto Brasileiro de Mineração, 2006, p.91.

3.5 PILHA DE ESTÉRIL

Figura 8 – Pilha de Estéril Fonte – Catálogo Higra, 2006, p.15.

Segundo Bohet, (1985), a seleção do local para a

construção de uma pilha de estéril envolve algumas

considerações de ordem econômica, técnica e

ambiental. Esses fatores devem ser primeiramente

analisados em separado, e em seguida avaliados em

conjunto, a fim de se determinar um local, no qual os

objetivos econômicos e técnicos sejam maximizados e

os impactos ambientais minimizados. Por outro lado,

esses fatores são inter-relacionados, a importância de

um depende fundamentalmente do nível de estudo

adotado na avaliação dos demais.

A pilha de estéril requer áreas extensas causando

grandes impactos ambientais e controle das

drenagens ácidas, causadas pela alteração química e

física no caso de mineral sulfetado quando exposto a

água e oxigênio.

Espécies de poluentes causados nas drenagens

ácidas:

(SO42-, Fe2+, H+, Cu2+, AsO43-, MoO42-, Zn2+,

Pb2+,Co2+,...)

Para o controle de drenagens ácidas, se faz a

neutralização com Cal. Neste processo o ácido é

neutralizado e os íons de metais são precipitados na

forma de hidróxidos metálicos. A principal reação

envolvida na neutralização com cal é expressa pela

equação:

Fonte – Tratamento de Minérios, 2010, p.808.

Conforme Beraldo (2001), a escolha do local mais

adequado é, então, condicionada pela avaliação

conjunta e integrada dos dados em inspeções de

campo, levantamentos topográficos e quaisquer outros

dados técnicos disponíveis. Ambientalmente, duas

questões devem ser consideradas, a primeira trata-se

de um estudo prévio das áreas disponíveis para

disposição do estéril, conhecendo-se os locais pré-

selecionados e verificando a destinação destas áreas

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Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

sob o aspecto ambiental. A segunda refere-se à

descrição e classificação dos possíveis impactos

ambientais, causados pela pilha de estéril. O local

escolhido deverá ser aquele no qual incorrem

impactos ambientais mínimos.

Em determinados casos, a definição do local se impõe

naturalmente (e, em geral, pela prescrição da própria

empresa de mineração) em função de prioridades

indiscutíveis. Como exemplo, pode-se citar a

disposição de estéril em uma antiga área de lavra da

mineração.

Neste caso, a concepção do projeto está

integralmente direcionada à compatibilização do

dimensionamento da pilha às condições e dimensões

da cava exaurida.

3.6 BARRAGENS DE REJEITOS

Figura 9 – Barragem de Rejeitos Fonte – Instituto Brasileiro de Mineração, 2006, p.95.

Durante o processo de beneficiamento o minério é

misturado com água, e em determinada etapa do

processo, etapa de concentração, o minério

economicamente viável será separado da fração que

consideramos rejeito. Esta água juntamente com o

rejeito do minério beneficiado é encaminhada para a

área de disposição já definida, a barragem. Conforme

estudos realizados para a definição do modelo de

barragem, os sólidos decantados vão se depositando

no fundo, clarificando a água que após análise

química poderá ser bombeada para reaproveitamento

(água recuperada) na Planta de Beneficiamento ou

direcionada a rios ou córregos mais próximos.

As barragens foram no passado e ainda hoje são, em algumas minas, implantadas e operadas sem utilização de técnicas modernas de engenharia. Em vista da ocorrência, no Brasil e no exterior, de rupturas de várias barragens e devido ao crescente aumento da pane (e custos) destas obras, além das exigências cada vez mais severas da Legislação Ambiental, o projeto, construção e operação das novas estruturas devem ser racionalmente baseadas em sólidos princípios de engenharia, abandonando-se as regras empíricas obsoletas anteriormente utilizadas.

Isto se tornou especialmente importante devido ao reconhecimento de que os recursos investidos na disposição de rejeitos não têm retomo econômico para a mineradora. Conseqüentemente, os custos advindos de rupturas e/ou mau funcionamento dos sistemas, são recursos totalmente desperdiçados e normalmente excedem, em muitas vezes, valores gastos com a contratação adequada de serviços de engenharia.

Outros fatores que devem ser levados em conta são:

a) Os aspectos políticos negativos, decorrentes da devastação, causados por rupturas, no meio ambiente, em benfeitorias e comunidades vizinhas, que poderão redundar em multas ou indenizações pesadas e dificultar futuramente a liberação, por órgãos ambientais, de outras atividades da mineradora.

b) Caso o reservatório tenha por finalidade, também, fornecer ou estabelecer recirculação de água industrial, a ruptura da barragem poderá interromper o funcionamento das instalações, por falta, com sérios prejuízos econômicos para o minerador. (AZEVEDO, 1995, p.42).

Na Tabela abaixo um levantamento estatístico das principais causas de acidentes em Barragens.

Tabela 2 – Principais Causas de Acidentes em

Barragens de Rejeitos Fonte – Livro Tratamento de Minérios, 2010, p.833.

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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

Liquefação – Perda significativa de rigidez de solos

por diminuição de coesão e atrito.

Entubamento - Processo progressivo de erosão

interna de maciços terrosos por carreamento de

partículas ou solubilização de material, resultando na

formação de condutos subterrâneos.

3.7 INFRA-ESTRUTURA

Figura 10 – Infrestrutura Fonte – Autores, 2012.

Devem ser considerados como parte da mina

instalações e obras de suporte às operações mineiras,

pois sem elas o empreendimento não poderia ser

concretizado.

Caso não haja cidade próxima a futura mina, deve-se

projetar e construir uma vila residencial ou

acampamento que comporte todos os funcionários

que trabalharão no empreendimento vias de acesso à

vila residencial, vias de acesso dentro da vila e vias de

acesso até a mina. Nesta vila residencial deve ter

suprimento de água tratada suficiente para todos os

funcionários e seus familiares, sistema de esgoto

completo e energia elétrica, as ruas devem ser

calçadas e arborizadas evitando assim poeira em

excesso. Deve existir escola, correio, um posto

telefônico e comércio (padaria, mercearia, açougue,

etc.) e algum lugar de diversão para os funcionários

(clubes recreativos).

Na mina também devem ser construídas instalações e

obras de apoio, escritórios para os funcionários do

setor administrativo, oficina mecânica, oficina elétrica,

almoxarifado, restaurante, ambulatório, corpo de

bombeiro, laboratório físico, vestiário, instalação de

beneficiamento (cominuição - redução de tamanho,

classificação - separação do tamanho. concentração)

e outros. O escritório administrativo deve ter

suprimento de água potável, sanitários com sistema

de esgoto, energia elétrica rebaixada a 110 v ou 220

V, equipamentos de apoio em escritórios (ex: máquina

xerox, computadores, meio de comunicação externa

por fax e telefones, etc.). Os escritórios administrativos

devem possuir toda estrutura, material e

equipamentos necessários, facilitando o máximo

possível os trabalhos a serem realizados.

Para que se possa realizar manutenção e reparo com

qualidade e rapidez a oficina mecânica e elétrica deve

ter suprimento de água potável e água destinada à

limpeza da oficina, sanitários com sistema de esgoto,

energia elétrica rebaixada e com alta voltagem,

conjunto completo de ferramentas apropriadas para

cada serviço, tanto em máquinas pesadas quanto em

máquinas tidas como pequenas, uma máquina de

solda, uma máquina de tornearia, prensa, serra

mecânica, compressores de ar, suprimento de óleos

combustíveis e lubrificantes dispostos na oficina, uma

ponte rolante para sustentação e transporte de

equipamentos pesados.

O restaurante deve ter suprimento de água potável,

sanitários com sistema de esgoto, energia elétrica

rebaixada, equipamentos que fazem grande

quantidade de comida e geladeiras com capacidade

de conservar grandes quantidades de alimentos.

Tanto o ambulatório e o vestuário devem ter

suprimento de água potável, sanitários com sistema

de esgoto. Energia elétrica apropriada segundo a

voltagem dos equipamentos. O vestuário deve possuir

armários em lugares ventilados, grande número de

chuveiros. O ambulatório deve possuir uma

ambulância e quartos equipados caso haja alguma

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Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

emergência, um médico deve estar sempre de

plantão.

O laboratório de análise físico-químico também deve

ter suprimento de água potável, sanitários com

sistema de esgoto, energia elétrica apropriada a cada

equipamento utilizado. O laboratório deve estar muito

bem equipado com equipamentos de ótima precisão,

necessários a qualificação das amostras.

O almoxarifado deve ser o lugar mais organizado e

protegido, pois é nele que estão estocadas as peças

de reposição das máquinas de grande e pequeno

porte. Também deve ter suprimento de água potável,

sanitários com sistema de esgoto e energia elétrica.

É bom ressaltar que todas essas instalações citadas

acima, devem estar localizadas longe dos limites da

lavra, evitando mudanças das instalações,

contaminação pela poeira, barulho, vibrações devido

às detonações e outros.

O sistema de esgoto de todas as instalações deve ser

direcionado para uma bacia de deposição onde o

esgoto será tratado e posteriormente despejado em

algum rio, ou podem-se construir fossas se o volume

de material se adapta a este.

4 DISCUSSÕES

Não levar em consideração todos os procedimentos e

técnicas aqui apresentadas, pode tornar a tomada de

decisão da viabilidade do empreendimento; seja de

alto risco com relação ao retorno econômico desejado,

principalmente porque um empreendimento de

mineração, onde o nível de incerteza é, em geral,

muito elevado.

A análise econômica tem a função de indicar, por meio de técnicas específicas, os parâmetros de economicidade que permitam a decisão de se investir ou não em determinado projeto. Essas técnicas de avaliação se completam, não havendo um modelo único que atenda às inúmeras questões formuladas para a tomada de decisões.

Para a análise dessas técnicas, se faz necessário, inicialmente, a montagem de um fluxo de caixa (apresentado na próxima seção) representativo de todo o projeto, abrangendo toda a vida do empreendimento, limitado a cerca de 30 anos, por razões técnicas a serem esclarecidas adiante.

Com base no fluxo de caixa são calculados os indicadores econômicos, mediante a aplicação das várias técnicas de avaliação econômica, que dão suporte à análise econômica.

Se a análise econômica do projeto apresenta resultados favoráveis à sua implantação, o minério lavrado na mina, durante a vida útil do empreendimento, deve gerar receitas suficientes para atender as seguintes necessidades:

(i) custo de aquisição da propriedade e dos direitos minerários (quando for o caso) ou o pagamento de dízimos ou royalties ao proprietário da terra onde se situa a jazida;

(ii) os custos de desenvolvimento da mina, em sua fase pré-operacional: decapeamento, abertura de frente de lavra, sondagens para detalhamento do corpo mineralizado e abertura de galerias e poços, quando se tratar de lavra subterrânea;

(iii) a aquisição de máquinas e equipamentos de lavra, usina de tratamento de minério e demais instalações (depósitos, almoxarifados, escritórios, pátios de estocagem etc);

(iv) os custos operacionais (suprimentos e materiais para lavra, custos de tratamento, salários e benefícios, despesas administrativas, impostos e taxas diversas);

(v) uma taxa de retorno aceitável para o capital investido e mais alguma compensação (acima da taxa de atratividade) pelos riscos e incertezas a serem assumidos com a execução do empreendimento. (LUZ, 2010, p.907).

5 CONCLUSÃO

Estes estudos técnicos aqui descritos permitem avaliar

em uma fase preliminar um determinado

Empreendimento a sua viabilidade ou não. Porém,

não descarta uma nova avaliação futura, onde as

condições econômicas sejam mais favoráveis.

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e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

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REFERÊNCIAS

GIRODO, A. C.; BERALDO, J. L. Elementos Básicos de um projeto de Mineração - Módulo oito do Curso Projetos de Mineração, IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração - 1981. LUZ, A. B. e SAMPAIO, J. A. FRANÇA, S. C.. Tratamento de Minérios – CETEM - 2010 BOHNET, E. L., Optimum Dump Planning in Rugged Terrain. McCARTER, M. K. (1985). Design of Non-Impounding Mine Waste Dumps, AIME, New York, Chapter 3, p.23-27. AZEVEDO, J. C. S. de e LISBOA, R. C. de O. – Lavra de Minas a Céu Aberto – Escola de Engenharia UFMG, 1985, Departamento de Engenharia de Minas. SOUZA, J. B. M. de, – Equipamentos de Mineração – CEFET-RN – 2008.

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Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/

ANEXO 1 – DESENHO TÉCNICO – PLANO

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