2 aula ato ilícito - elementos e ss 8b

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2 aula 24/8 (cont) O AI tem cinco elementos: 4) dano (patrimonial ou moral; o dano é mais importante do que a culpa, pois eventualmente existe responsabilidade sem culpa - objetiva, p.ú. 927). O dano, ou prejuízo, é, pois, um dos pressupostos da responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, porquanto, sem a sua ocorrência inexiste a indenização. O dano é doutrinariamente classificado em: patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral). Para que surja o dever de indenizar, também deve existir a relação de causalidade ou nexo causal. Pode ter ocorrido ato ilícito, pode ter ocorrido um dano, mas pode não ter havido nexo de causalidade entre esse dano e a conduta do agente. O dano pode ter sido provocado por terceiros, ou, ainda, por culpa exclusiva da vítima. Nessas situações, não haverá dever de indenizar. Na maioria das vezes, incumbe à vítima provar o requisito. Deverá ser considerada como causa aquela condição sem a qual o evento não teria ocorrido. Com relação ao dano patrimonial, não há dúvida quanto à indenização, pois é ele facilmente avaliável. O problema maior surge quando o dano é moral. Pergunta-se: até que ponto a dor pode ser indenizada? Muito têm escrito os autores sobre o dano moral. Parece não haver mais dúvida de que o dano moral, quando acompanhado de prejuízo de ordem material, deve ser indenizado. Dano é sempre consequência de uma lesão a um direito, qualquer que seja sua origem patrimonial ou não. A distinção de dano patrimonial e não patrimonial se refere a seus efeitos e não ao dono na sua origem. - dano material: são as perdas e danos (944, 402), é o prejuízo concreto e efetivo. O dano precisa ser atual e certo, não se indenizando dano hipotético (ex: ônibus quebra, estudante se atrasa e perde o vestibular, cabe indenização contra a empresa? Mas será que ele iria passar? art. 403). O dano patrimonial é suscetível de avaliação pecuniária e visa reparar o prejuízo (revisem dano emergente e lucro cessante de Civil II). Ato ilícito sem dano existe, mas não enseja reparação civil (ex: pisar na grama é proibido, mas pisar um pouquinho não vai estragar o jardim; outro ex: atirar em alguém e errar, não tomando a vítima conhecimento da tentativa de homicídio). - dano moral é o abalo psicológico, é o sofrimento que tira o sono da vítima (186). O dano moral tem caráter também pedagógico e preventivo, visando educar o ofensor, intimidando-o e desestimulando-o para não mais praticar ilícitos (art. 5º, X, CF). O dano moral afeta o equilíbrio psicológico, moral e intelectual da média das pessoas, não se confundindo com aborrecimentos do cotidiano (ex: fila pra entrar no elevador, 1

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Aula de direito civil

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Page 1: 2 Aula Ato Ilícito - Elementos e Ss 8B

2 aula 24/8

(cont) O AI tem cinco elementos:

4) dano (patrimonial ou moral; o dano é mais importante do que a culpa, pois eventualmente existe responsabilidade sem culpa - objetiva, p.ú. 927).

O dano, ou prejuízo, é, pois, um dos pressupostos da responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, porquanto, sem a sua ocorrência inexiste a indenização.

O dano é doutrinariamente classificado em: patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral).

Para que surja o dever de indenizar, também deve existir a relação de causalidade ou nexo causal. Pode ter ocorrido ato ilícito, pode ter ocorrido um dano, mas pode não ter havido nexo de causalidade entre esse dano e a conduta do agente. O dano pode ter sido provocado por terceiros, ou, ainda, por culpa exclusiva da vítima. Nessas situações, não haverá dever de indenizar. Na maioria das vezes, incumbe à vítima provar o requisito. Deverá ser considerada como causa aquela condição sem a qual o evento não teria ocorrido.

Com relação ao dano patrimonial, não há dúvida quanto à indenização, pois é ele facilmente avaliável. O problema maior surge quando o dano é moral. Pergunta-se: até que ponto a dor pode ser indenizada? Muito têm escrito os autores sobre o dano moral. Parece não haver mais dúvida de que o dano moral, quando acompanhado de prejuízo de ordem material, deve ser indenizado.

Dano é sempre consequência de uma lesão a um direito, qualquer que seja sua origem patrimonial ou não. A distinção de dano patrimonial e não patrimonial se refere a seus efeitos e não ao dono na sua origem.

- dano material: são as perdas e danos (944, 402), é o prejuízo concreto e efetivo. O dano precisa ser atual e certo, não se indenizando dano hipotético (ex: ônibus quebra, estudante se atrasa e perde o vestibular, cabe indenização contra a empresa? Mas será que ele iria passar? art. 403). O dano patrimonial é suscetível de avaliação pecuniária e visa reparar o prejuízo (revisem dano emergente e lucro cessante de Civil II). Ato ilícito sem dano existe, mas não enseja reparação civil (ex: pisar na grama é proibido, mas pisar um pouquinho não vai estragar o jardim; outro ex: atirar em alguém e errar, não tomando a vítima conhecimento da tentativa de homicídio).

- dano moral é o abalo psicológico, é o sofrimento que tira o sono da vítima (186). O dano moral tem caráter também pedagógico e preventivo, visando educar o ofensor, intimidando-o e desestimulando-o para não mais praticar ilícitos (art. 5º, X, CF). O dano moral afeta o equilíbrio psicológico, moral e intelectual da média das pessoas, não se confundindo com aborrecimentos do cotidiano (ex: fila pra entrar no elevador, engarrafamento de trânsito, ficar preso na porta giratória do banco, etc.). Confiram a aula 18 de Obrigações no nosso site. O juiz tem toda independência para decidir de acordo com seu sentimento, inclusive “sentença” vem de “sentir”. A vítima basta provar que sofreu o dano, pois o valor do prejuízo, especialmente no dano moral, depende do juiz, o que não é fácil, mas enfim, é o papel que cabe ao magistrado na sociedade.

O dano material e o dano moral podem ser cumulados (ex: mulher perde marido assassinado, cabendo o dano moral pelo sofrimento, além do dano material do 948).

- DANO ESTÉTICO- Verifica-se quando a vitima sofre lesões que deixam cicatrizes e aleijões que prejudicam a sua aparência e auto-estima. Trata-se de uma terceira espécie de dano, além do material e do moral. Para alguns, o dano estético se assemelha ao dano moral, sendo assim incabível uma repetição de indenização para o mesmo dano. Entretanto a jurisprudência vem, cada vez mais, permitindo a acumulação dos danos material, estético e moral, ainda que decorrentes de um mesmo acidente, quando for possível distinguir com precisão as condições que justifiquem cada um deles. Vide Sumula 387 do STJ: é possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.

Classificado como um dano autônomo, o dano estético é passível de indenização quando comprovada a sua ocorrência. É o dano verificado na aparência da pessoa, manifestado em qualquer alteração que diminua a beleza

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que esta possuía. Pode ser em virtude de alguma deformidade, cicatriz, perda de membros ou outra causa qualquer. (ex: perder a orelha/braço num acidente, uma cicatriz no rosto, uma queimadura no corpo, cabe dano material pelos dias que ficar sem trabalhar e despesas médicas, cabe ainda dano moral pelo sofrimento e finalmente existe dano estético).

Nesses exemplos temos assim três formas diversas de dano – o material, o moral e o estético. O dano material é o art. 402. O dano moral corresponde à violação do direito à dignidade e à imagem da vítima, assim como ao sofrimento, à aflição e à angústia a que foi submetida. Finalmente o dano estético decorre da modificação da estrutura corporal do lesado, enfim, da deformidade a ele causada.

O dano estético não tem previsão expressa na lei, só na jurisprudência, embora o art. 949, in fine, possa ser um indício do dano estético no CC.

O dano material e o dano moral podem ser cumulados (ex: mulher perde marido assassinado, cabendo o dano moral pelo sofrimento, além do dano material do 948).

Dano emergente é aquele que gera diminuição no patrimônio da vítima.

Lucro cessante traduz o que a vítima deixou de lucrar com o dano sofrido.

5) nexo causal: é a relação/liame entre a ação do agente e o dano. Podemos até desprezar a culpa na responsabilidade objetiva, mas é preciso ligar a conduta do agente ao dano sofrido pela vítima

NEXO DE CAUSALIDADE

A relação de causalidade entre a conduta humana (ação ou omissão do agente) e o dano verificado é evidenciada pelo verbo "causar", contido no art. 186 do Código Civil. Sem o nexo causal, não existe a obrigação de indenizar. A despeito da existência do dano, se sua causa não estiver relacionada com o comportamento do agente, não haverá que se falar em relação de causalidade e, via de conseqüência, em obrigação de indenizar. Nexo de causalidade é, pois, o liame entre a conduta e o dano.

Sem o nexo causal, não há possibilidade de reparação de dano, a ocorrência de caso fortuito, ou força maior, excluem a relação de causa e efeito. Se o dano ocorreu por culpa exclusiva da vítima, também não aparece o dever de indenizar porque rompe o nexo causal.

A teoria da causalidade adequada vem a ser aplicada quando há dificuldade em se verificar a verdadeira causa do dano, referindo-se a causa predominante que deflagrou o dano.

O nexo causal presumido que aflora das provas produzidas nos autos.

CONSEQUENACIA DO ATO ILÍCITO

A obrigação de indenizar é a consequência jurídica do ato ilícito, sendo que a atualização monetária incidirá sobre essa dívida a partir da data do ilícito.

INDENIZAÇÃO

Ação de indenizar; reparação, satisfação de dano.Ressarcimento.

Embora exista grande dificuldade em estabelecer com exatidão a equivalência objetiva entre o dano e o ressarcimento, tal argumento não é razão para deixar de indenizar, desobrigando-se o responsável, deixando seu ato sem sanção e o direito sem tutela. A impossibilidade da exata avaliação há de ser tomada em benefício da vítima e não em seu prejuízo. Por isto, neste caso, ao juiz é dada larga esfera de liberdade para apreciação, valorização e arbitramento do dano. Não poderá o julgador se olvidar, todavia, da intensidade do sofrimento do ofendido, da gravidade e da natureza do dano, do grau de culpa ou dolo com que se houve o ofensor, das conseqüências do ato, das condições financeiras das partes, das circunstâncias e retratação espontânea; consoante referências do art. 53 da Lei de Imprensa e do art. 400 do CCB, tem-se, ainda, como parâmetro de

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julgamento, a regra do art. 84 do Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117/62), que prevê a reparação do dano moral de 5 a 100 salários mínimos, por injúria, difamação e calúnia, e a norma contida no art. 52 da Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67), que permite o arbitramento do dano moral até 200 salários-mínimos, sendo também matéria de ponderação os dispositivos dos arts. 4º e 5º da Lei de Introdução ao Código Civil.

A avaliação da indenização cabal tendo em vista o dano moral leva em consideração a condição social e econômica dos envolvidos. O montante indenizatório não pode ser caracterizado nem como esmola e nem donativo e nem premiação.

Toda ofensa ao nome ou renome quer de pessoa física ou jurídica resultando-lhe em abalo financeiro é configurado como dano moral ainda que seus reflexos patrimoniais sejam longínquos. Quanto à pessoa jurídica o dano moral se configura como um ataque à honra objetiva (a reputação e o renome). Não se aplica a pessoa jurídica os princípios dos direitos personalíssimos.

O art. 1.538 C.C./1916 refere-se ao dano estético caberá a dobra da indenização incluindo-se o pagamento das despesas com o tratamento médico adequado, na hipótese de advir da lesão ou aleijão ou deformidade.

O dano estético também é modalidade de dano moral e, pode ser cumulado com danos patrimoniais materiais, como por exemplo, a redução da capacidade laboral da vítima. Não se acumula, todavia com o dano moral, por ser uma espécie de tal gênero.

O Próprio C.C. em art. 1.543 prevê indenização pelo valor de aferição às coisas materiais. Na verdade, via de regra, os prejuízos materiais e morais se somam. E o tal reconhecimento é patente a partir da CF/1988 e, ainda na Súmula 37 do STJ que dispõe serem cumuláveis as indenizações por dano moral oriundas do mesmo fato.

O dano moral objetivo atinge a moral da pessoa no meio social em que vive, envolvendo sua imagem e reputação. Já o dano moral subjetivo se correlaciona com o mal sofrido pela pessoa em sua subjetividade, em sua intimidade psíquica. É a pretium Dolores, o sofrimento d’alma.

O dano moral é definido por negativo (por ser não-patrimonial) e por não se enquadrar na categoria de patrimonial tem natureza puramente espiritual.

Art 187

Porém o exercício irregular de um direito, ou o uso abusivo de um direito são condenados pois o agente excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim social, econômico, boa-fé e bons costumes, independente de dolo ou culpa.

São os atos emulativos ou dolosos quando alguém pratica um ato lícito qual seja um direito seu, com finalidade de prejudicar outrem

.Ex: construir uma chaminé falsa com objetivo de tirar a iluminação do vizinho. Ou ouvir som em casa mas num volume que afeta o sossego de terceiros.

O CPC prevê o ato ilícito do art 187 na litigância de má-fé do art 17, pois se a parte, para defender-se oferece defesa destituída de fundamento, protela o feito, altera a verdade dos fatos, age abusivamente, e deve indenizar a parte contrária dos prejuízos advindos de sua conduta dolosa.

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