2 macabeus

26
2Mc 2 MACABEUS O segundo livro dos Macabeus (2Mc) não éacontinuaçãodoprimeiro(cf. Intr.a1Mc ). Origina-se num âmbito diferente. O conteúdo de 2Mc é em parte paralelo ao de 1Mc, po- rém considerado de um outro ponto de vista. 2Mc é mais religioso. Se 1Mc reflete os inte- resses políticos da dinastia dos hasmoneus, 2Mc parece refletir muito mais os sentimen- tos dos “piedosos” (&asidim) , entre os quais o martírio por causa da Aliança era alta- mente considerado. Assim, os dois livros se completam. O ambiente literário do livro é o impor- tante bairro judaico de Alexandria do Egito, por volta de 120 aC. O livro propõe-se a propagar, aí, a celebração da festa da Dedi- cação do Templo em comemoração da re- conquista por Judas Macabeu em 164 aC. Para tanto reúne duas cartas introdutórias, um prefácio do autor e diversas matérias referentes ao movimento dos macabeus. Para selegitimar,olivroiniciapelascartasdiri- gidas dos judeus de Jerusalém aos do Egito (a primeira, datada em 124 aC). O autor apresenta-se como abreviador da obrahistóricadeJasãodeCirene(2,23),es- critaporvoltade160aC.Otrabalhodeabre- viatura causou algumas incoerências (p. ex., em 12,10). O próprio abreviador observa (no epílogo, 15,39) que ele “mistura água e vi- nho”,ogênero“histórico”eosapiencial-edi- ficante, que o aproxima do livro da Sabedo- ria,escritopoucodepois.Sãohistoricamente valiosas as informações a respeito do sumo sacerdote Onias, conhecido também por outras fontes (1Mc só menciona uma vez, de passagem, esse grande personagem). Também os episódios referentes a Judas Macabeu parecem basear-se em informações cuidado- sas, mais completas do que as de 1Mc. Conteúdo geral Depois das cartas aos judeus do Egito (1,12-18), segue o núcleo (3,1–15,36), emol- durado por um prefácio (2,19-32) e um epí- logo (16,37-39). O núcleo apresenta seis episódios referentes ao testemunho de fé dos piedosos no tempo da perseguição. Embora acolhendo alguns elementos legendários, 2Mc traz muitas informações que nos aju- dam a compreender aquilo que viveram os piedosos naqueles dias. Temas específicos – A teologia da história. Para o autor de 2Mc, todos os eventos colaboram para rea- lizar o plano de Deus na história, mesmo as derrotas e perseguições dos judeus, que os ajudam a aperfeiçoar seu caminho sem de- mora (6,12-17). –Aressurreiçãoeavidaeterna. Sobretudo osepisódiosdosseteirmãosmártires(2Mc7), damortedeRazis(14,46)edosacrifíciopelos falecidos (12,38-45) mostram com clareza a fé na imortalidade e na ressurreição dos justos (cf. Dn 12,1-2). Na Sabedoria de Salomão, escrita pouco depois, encontramos a mesma convicção. Embora a fé na ressur- reição hoje, por muitos, seja considerada alienante, 2Mc mostra que ela é um incen- tivo à dedicação total à causa nobre e justa. Talvezdeva-sedizerquefoiafénaressurrei- ção que sustentou a insurreição dos maca- beus contra Antíoco Epífanes. 3,1-40 4,1–5,27 6,1–7,42 8,1–10,8 10,9–13,26 14,1–15,36 A conversão de Heliodoro Antíoco Epífanes e a propaganda helenística Perseguição religiosa: os mártires Vitórias de Judas e morte de Epífanes Epílogo do autor (15,37-39) Alcimo e Nicanor Governo de Antíoco V Eupátor Cartas aos judeus do Egito (1,1–2,18) Prefácio do autor/abreviador (2,19-32) Corpo da obra:

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Livro 2 Macabeus leitura comentada pela CNBB

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    2Mc

    2 MACABEUSO segundo livro dos Macabeus (2Mc) no

    a continuao do primeiro (cf. Intr. a 1Mc).Origina-se num mbito diferente. O contedode 2Mc em parte paralelo ao de 1Mc, po-rm considerado de um outro ponto de vista.2Mc mais religioso. Se 1Mc reflete os inte-resses polticos da dinastia dos hasmoneus,2Mc parece refletir muito mais os sentimen-tos dos piedosos (&asidim), entre os quaiso martrio por causa da Aliana era alta-mente considerado. Assim, os dois livros secompletam.O ambiente literrio do livro o impor-

    tante bairro judaico de Alexandria do Egito,por volta de 120 aC. O livro prope-se apropagar, a, a celebrao da festa da Dedi-cao do Templo em comemorao da re-conquista por Judas Macabeu em 164 aC.Para tanto rene duas cartas introdutrias,um prefcio do autor e diversas matriasreferentes ao movimento dos macabeus. Parase legitimar, o livro inicia pelas cartas diri-gidas dos judeus de Jerusalm aos do Egito(a primeira, datada em 124 aC).O autor apresenta-se como abreviador da

    obra histrica de Jaso de Cirene (2,23), es-

    crita por volta de 160 aC. O trabalho de abre-viatura causou algumas incoerncias (p. ex.,em 12,10). O prprio abreviador observa (noeplogo, 15,39) que ele mistura gua e vi-nho, o gnero histrico e o sapiencial-edi-ficante, que o aproxima do livro da Sabedo-ria, escrito pouco depois. So historicamentevaliosas as informaes a respeito do sumosacerdote Onias, conhecido tambm poroutras fontes (1Mc s menciona uma vez, depassagem, esse grande personagem). Tambmos episdios referentes a Judas Macabeuparecem basear-se em informaes cuidado-sas, mais completas do que as de 1Mc.

    Contedo geralDepois das cartas aos judeus do Egito

    (1,12-18), segue o ncleo (3,115,36), emol-durado por um prefcio (2,19-32) e um ep-logo (16,37-39). O ncleo apresenta seisepisdios referentes ao testemunho de f dospiedosos no tempo da perseguio. Emboraacolhendo alguns elementos legendrios,2Mc traz muitas informaes que nos aju-dam a compreender aquilo que viveram ospiedosos naqueles dias.

    Temas especficos

    A teologia da histria. Para o autor de2Mc, todos os eventos colaboram para rea-lizar o plano de Deus na histria, mesmo asderrotas e perseguies dos judeus, que osajudam a aperfeioar seu caminho sem de-mora (6,12-17). A ressurreio e a vida eterna. Sobretudo

    os episdios dos sete irmos mrtires (2Mc 7),da morte de Razis (14,46) e do sacrifcio pelos

    falecidos (12,38-45) mostram com clarezaa f na imortalidade e na ressurreio dosjustos (cf. Dn 12,1-2). Na Sabedoria deSalomo, escrita pouco depois, encontramosa mesma convico. Embora a f na ressur-reio hoje, por muitos, seja consideradaalienante, 2Mc mostra que ela um incen-tivo dedicao total causa nobre e justa.Talvez deva-se dizer que foi a f na ressurrei-o que sustentou a insurreio dos maca-beus contra Antoco Epfanes.

    3,1-40 4,15,27 6,17,42 8,110,8 10,913,26 14,115,36A conversode Heliodoro

    Antoco Epfanese a propagandahelenstica

    Perseguioreligiosa:os mrtires

    Vitrias deJudas e mortede Epfanes

    Eplogo do autor (15,37-39)

    Alcimo e NicanorGoverno deAntoco V Euptor

    Cartas aos judeus do Egito (1,12,18)Prefcio do autor/abreviador (2,19-32)Corpo da obra:

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    2Mc

    O martrio. Este tema em parte umaconseqncia do anterior: a f na ressurrei-o leva ao dom da prpria vida, pois estnas mos de Deus. Da o martrio pela cau-sa religiosa ocupar um lugar de destaque

    em 2Mc. As histrias de Eleazar (6,18-31) edos sete irmos (7,1-42) tornaram-se exem-plares na tradio judaica e serviram demodelo para as paixes dos mrtires natradio crist.

    CARTAS AOS JUDEUS DO EGITO

    [1 carta: a festa da Dedicao]

    11Aos irmos judeus no Egito, sadam edesejam bem-estar seus irmos judeusde Jerusalm e da regio da Judia. 2Que Deusvos cumule de benefcios e se recorde de suaaliana com Abrao, Isaac e Jac, seus ser-vos fiis. 3Que ele vos conceda a todos adisposio para prestar-lhe culto e cumprir asua vontade com um corao grande e nimoresoluto. 4Que ele vos abra o corao sualei e a seus preceitos e vos conceda a paz.5Ele escute vossas oraes, reconcilie-se con-vosco e no vos abandone na adversidade.6Quanto a ns, aqui estamos orando por vs.7Durante o reinado de Demtrio, no ano cen-to e sessenta e nove, ns, judeus, vos escre-vemos no meio da tribulao e violncia queirrompeu sobre ns nestes anos, desde quan-do Jaso e seus partidrios desertaram da terrasanta e do reino, 8queimando o portal do tem-plo e derramando sangue inocente. Mas nsoramos ao Senhor e fomos atendidos. E as-sim pudemos novamente oferecer sacrifciose farinha fina, e acender as lmpadas e apre-sentar os pes. 9Agora, pois, celebrai os diasda festa das Tendas do ms de Casleu, 10noano cento e oitenta e oito.

    [2 carta: a morte de Antoco e o fogo do templo]Os habitantes de Jerusalm e da Judia, o

    conselho dos ancios e Judas, a Aristbulo,

    mestre do rei Ptolomeu e pertencente li-nhagem dos sacerdotes ungidos, bem comoaos judeus que esto no Egito, saudaes evotos de sade. 11Libertados por Deus degraves perigos, ns lhe rendemos grandio-sas aes de graas por termos podido en-frentar o rei. 12Pois foi ele quem fez desapa-recerem os que combateram contra a cidadesanta. 13De fato, quando estavam na Prsia oseu chefe, e o exrcito sob o seu comando,aparentemente irresistvel, foram todos tru-cidados no templo de Nania, graas a umestratagema dos sacerdotes da deusa. 14PoisAntoco viera ao lugar sob pretexto de des-posar a deusa, ele com seus amigos, a fimde apoderar-se das muitas riquezas a ttulode dote. 15Tendo os sacerdotes de Naniaexposto essas riquezas, ele entrou, com pou-cos companheiros, para dentro do santurio.Foi quando os sacerdotes fecharam o tem-plo, mal entrara Antoco. 16E, por uma aber-tura secreta no forro, fulminaram o prncipearremessando-lhe pedras. Esquartejaram-no,bem como aos companheiros. E, cortandoas cabeas deles, lanaram-nos para fora.17Em tudo seja bendito o nosso Deus, queentrega morte os que cometem impiedade.

    18Estando ns para celebrar a purificaodo templo, no dia vinte e cinco do ms deCasleu, julgamos necessrio informar-vos arespeito, a fim de que vs tambm celebreisessa festa das Tendas. Celebrai tambm amemria do fogo que nos foi dado quandoNeemias, tendo reedificado o templo e o

    1,1-10a Convite para que os judeus do Egito, na festa das Tendas de 124 aC, celebremcelebremcelebremcelebremcelebrem aaaaa memriamemriamemriamemriamemria dadadadadaDedicaoDedicaoDedicaoDedicaoDedicao do templo. 77777 Trata-se de Demtrio II, em 143-142 aC. O texto remete a uma carta anterior.>1Mc 10,67; 2Mc 4,7-22. 88888 >1Mc 4,38. 9s9s9s9s9s Data: 124 aC. A festa das Tendas do ms de Casleu (dez.-jan.)no a festa das Tendas do ms de Tishri (set.-out.), mas a festa da Dedicao do Templo, comemorandoa reconsagrao do templo por Judas Macabeu, cf. 1Mc 4,59. 1,10b2,17 Esta carta, contendo elementoslegendrios, narra ooooo linchamentolinchamentolinchamentolinchamentolinchamento dedededede AntocoAntocoAntocoAntocoAntoco IVIVIVIVIV EpfanesEpfanesEpfanesEpfanesEpfanes (1,11-17, 9,1-29), aaaaa renovaorenovaorenovaorenovaorenovao dododododo fogofogofogofogofogo dododododo templotemplotemplotemplotemplo(1,18-36) e ooooo episdioepisdioepisdioepisdioepisdio dedededede JeremiasJeremiasJeremiasJeremiasJeremias eeeee ooooo fogofogofogofogofogo (2,1-12), terminando numa nota sobre asasasasas coleescoleescoleescoleescolees dedededede NeemiasNeemiasNeemiasNeemiasNeemiaseeeee dedededede JudasJudasJudasJudasJudas MacabeuMacabeuMacabeuMacabeuMacabeu (2,13-15) e um conviteconviteconviteconviteconvite paraparaparaparapara aaaaa festafestafestafestafesta dadadadada DedicaoDedicaoDedicaoDedicaoDedicao (2,16-18). 1212121212-17-17-17-17-17 >9,1-29. 1313131313templo de Nania: templo helenista, onde se celebrava o casamento com a deusa. 18-3618-3618-3618-3618-36 No lugar onde fora

    2 Macabeus 1

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    2Mc

    altar, ofereceu sacrifcios. 19De fato, quan-do nossos pais foram levados cativos paraa Prsia, os sacerdotes de ento, tementesa Deus, tomaram do fogo do altar secreta-mente e o ocultaram na cavidade de um poodesativado. Ali o conservaram em seguran-a, de tal maneira que ningum ficou saben-do do lugar. 20Tendo-se passado muitos anos,quando pareceu bem a Deus, Neemias, en-viado pelo rei da Prsia, mandou que pro-curassem o fogo os descendentes daquelessacerdotes que o haviam escondido. 21Comonos contaram, eles no encontraram o fogo,mas uma gua espessa. Neemias mandou-os tirar um pouco dessa gua e traz-la. Co-locados os sacrifcios sobre o altar, Neemiasmandou que os sacerdotes aspergissem, comaquela gua, a lenha e o que estava sobreela. 22Feito isso, e chegado o momento emque o sol, antes encoberto por nuvens, tor-nou a brilhar, acendeu-se uma grande cha-ma, a ponto de todos ficarem maravilhados.23Enquanto se consumia o sacrifcio, os sa-cerdotes oravam, a saber, os sacerdotes e to-dos os presentes: Jnatas entoava e os outros,inclusive Neemias, respondiam. 24A oraofoi a seguinte: Senhor, Senhor Deus, Cria-dor de todas as coisas, terrvel e forte, justoe misericordioso, o nico Rei, o nico bom,25o nico generoso e nico justo, todo-pode-roso e eterno, que salvas Israel de todo mal,que fizeste de nossos pais teus escolhidos eos santificaste, 26recebe este sacrifcio portodo o povo de Israel e guarda e santifica atua herana. 27Rene os nossos irmos dis-persos, liberta os que esto escravizados aospagos, olha para os desprezados e abomi-nados, e reconheam as naes que tu s onosso Deus! 28Castiga os que nos oprimeme com soberba nos ultrajam. 29Estabelece oteu povo no teu lugar santo, como o disseMoiss.

    30Entretanto, os sacerdotes cantavam hinosao som da harpa. 31Depois, tendo-se consu-mado o sacrifcio, Neemias ordenou que sederramasse o resto da gua sobre as pedras

    maiores, da base do altar. 32Feito isso, acen-deu-se uma grande chama, logo absorvidapela luz que resplandecia do altar. 33Quandose divulgou o acontecido, contaram ao reidos persas como, no lugar onde os sacerdo-tes deportados haviam escondido o fogo sa-grado, ali aparecera a gua com a qual oscompanheiros de Neemias haviam purificadoas oferendas do sacrifcio. 34Ento o rei, cer-cando o lugar, construiu ali um templo, de-pois de comprovado o fato. 35E aos seus favo-ritos, o rei concedia parte dos muitos lucrosque dali auferia. 36Os companheiros de Nee-mias deram a esse lugar o nome de Nftar,que significa Purificao, mas por muitos chamado de Neftai.

    2 1Encontra-se, nos documentos, que oprofeta Jeremias ordenou aos que iamser deportados, que tomassem do fogo, comoj foi mencionado. 2Alm disso, confiando-lhes a Lei, o Profeta recomendou aos depor-tados que no se esquecessem dos manda-mentos do Senhor. E que, vista das esttuasde ouro e prata e dos ornamentos de que es-tavam revestidas, no se deixassem desviarem seus pensamentos.

    3E ainda, dizendo outras coisas semelhan-tes, exortava-os a que no deixassem a Leiafastar-se do seu corao. 4No documentoestava tambm que o profeta, advertido porum orculo, ordenou que o acompanhassemcom a Tenda e a Arca at chegarem ao monteonde Moiss tinha subido e de onde vira aherana de Deus. 5Ali chegando, Jeremiasencontrou um espao em forma de gruta,onde introduziu a Tenda, a Arca e o altardos perfumes. Depois, obstruiu a entrada.6Alguns dos seus companheiros quiseramaproximar-se, para marcar o caminho comsinais, mas no puderam reconhec-lo. 7Aosaber disso, Jeremias censurou-os, dizendo:O lugar ficar desconhecido, at que Deusrestaure a unio do seu povo e manifeste asua misericrdia. 8Ento o Senhor mostrarde novo estas coisas, e aparecer a glriado Senhor assim como a Nuvem, tal como

    escondido o fogo do templo quando de sua destruio, foi descoberto um lquido que pega fogo. 1919191919>Lv 6,5. 2121212121 gua espessa: petrleo, >v. 36. 2929292929 >Dt 30,3-5. 3636363636 esse lugar, cf. NV; LXX: a isto, querdizer, ao lquido. Neftar/Neftai aqui relacionado com nafta. C. C. C. C. C. 2,1-122,1-122,1-122,1-122,1-12 Ao ocultar os utenslios dotemplo, Jeremias ensinou uma tradio sobre o fogo. 22222 >Br 6. 44444 >Dt 34. 55555 altar dos perfumes,pequeno pedestal no qual se queimava o incenso. 77777 >Jr 3,16. 88888 >Ex 24,16; 40,34-38; 1Rs 8,10s.

    2 Macabeus 12

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    2Mc

    se manifestava no tempo de Moiss e quan-do Salomo orou, para que o lugar santofosse grandiosamente consagrado. 9Defato, essa manifestao ocorreu quando orei, dotado de sabedoria, ofereceu o sacri-fcio da dedicao e da concluso do templo.10Como Moiss orava ao Senhor, e o fogodescia do cu e consumia os sacrifcios, as-sim tambm Salomo orou. E o fogo, des-cendo do cu, consumiu os holocaustos.11Moiss havia dito: Por no se ter dele co-mido, o sacrifcio pelo pecado foi consumi-do. 12Da mesma forma, tambm Salomocelebrou os oito dias.

    13Tambm nos documentos e memrias deNeemias eram narradas estas mesmas coi-sas. Alm disso, informa-se que ele, fundan-do uma biblioteca, reuniu os livros referen-tes aos reis e aos profetas, os livros de Davie as cartas dos reis sobre as oferendas. 14Damesma forma, tambm Judas recolheu tudoo que se perdera durante a guerra que nossobreveio, e isso est em nossas mos. 15Se,pois, desejais ler esses escritos, enviai pes-soas que possam lev-los at vs.

    16Ns vos escrevemos esta carta na imi-nncia de celebrar a purificao do templo.Fareis, bem, portanto, em celebrar estes dias.17Deus salvou todo o seu povo e a todos resti-tuiu a herana, o reino, o sacerdcio e a santi-ficao, 18como o havia prometido na Lei.Por isso, nele esperamos que tenha logo com-paixo de ns e que, de todos os lugares de-baixo do cu, nos rena no lugar santo. Poisfoi Ele que nos arrancou de grandes males epurificou o lugar santo.

    PREFCIO DO AUTOR19Os fatos referentes a Judas Macabeu e a

    seus irmos, a purificao do grandiosotemplo e a consagrao do altar; 20as guerrascontra Antoco Epfanes e seu filho Euptor;21as aparies vindas do cu em favor dosque generosamente realizaram faanhas pe-lo judasmo, os quais, embora poucos, re-

    conquistaram todo o pas, pondo em fuga ashordas brbaras; 22o fato de recuperarem otemplo, afamado em toda a terra, de liberta-rem a cidade e de restabelecerem as leis queestavam para serem abolidas, tendo-lhes sidopropcio o Senhor com toda a sua clemncia:23todos esses acontecimentos, expostos porJaso de Cirene em cinco livros, procuramossintetiz-los num s compndio.

    24De fato, considerando a quantidade dosnmeros e a dificuldade que existe, por cau-sa da abundncia da matria, para os quedesejam adentrar-se nos relatos desta his-tria, 25tivemos o cuidado de proporcionarsatisfao para os que pretendam apenas ler,facilidade para os que se interessem emconfiar os fatos sua memria, e utilidade,enfim, a todos os que procederem leitura.26Para ns mesmos, que empreendemos estetrabalho com o fim de sintetizar, no foitarefa leve a que assumimos, mas um em-preendimento cheio de viglias e suores.27Como no fcil o encargo de quem pre-para um banquete e procura a utilidade dosoutros, contudo, de boa mente enfrenta-remos o trabalho em favor do proveito demuitos. 28Ao autor deixaremos a descrioacurada de cada pormenor, ns mesmosprocurando conseguir a forma da brevida-de. 29Assim como o arquiteto de uma novacasa deve responsabilizar-se por toda a es-trutura, ao passo que aquele que se encar-rega de pint-la e decor-la deve procuraros materiais adequados para a sua ornamen-tao, da mesma forma penso que o nos-so caso. 30De fato, ao autor compete pene-trar no assunto, fazer a seleo das palavrase discorrer mais curiosamente sobre cadapormenor da histria. 31Ao que resume, po-rm, deve-se conceder que procure a brevi-dade no expressar-se e evite a exposiodetalhada dos fatos. 32Daqui, pois, come-aremos a narrao, s isto acrescentandoao que j foi dito: seria simplrio alongar-se antes da histria, para depois resumir aprpria histria.

    1010101010 >Lv 9,23s; 2Cr 7,1. 1111111111 >Lv 10,16s. 1212121212 >1Rs 8,65s. A carta recomenda celebrar a Dedicao duranteoito dias. 1313131313 Atribui, portanto, a Neemias a coleo dos livros histricos e profticos. 1414141414 >1Mc 1,56s: JudasMacabeu teria recuperado os livros dispersos pela perrseguio. 1616161616 >1Mc 4,59. 1717171717 >Ex 19,5s. 2,19-32AquiAquiAquiAquiAqui comeacomeacomeacomeacomea ooooo livrolivrolivrolivrolivro propriamentepropriamentepropriamentepropriamentepropriamente. 2020202020 Respectivamente Antoco IV Epfanes e Antoco V Euptor.

    2 Macabeus 2

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    2Mc

    A CONVERSO DE HELIODORO

    [Vinda de Heliodoro a Jerusalm]

    3 1A cidade santa vivia na mais completapaz e os mandamentos eram observadosda melhor maneira possvel, por causa da pie-dade do sumo sacerdote Onias e da sua in-transigncia contra o mal. 2Os prprios reisrespeitavam o lugar santo e honravam o tem-plo com os dons mais esplndidos. 3Tantoassim que Seleuco, rei da sia, provia comsuas rendas pessoais a todas as despesasnecessrias para as liturgias dos sacrifcios.4Ora, certo Simo, do cl de Belga, investi-do no cargo de superintendente do templo,entrou em desacordo com o sumo sacerdotea respeito da administrao dos mercados dacidade. 5No conseguindo prevalecer sobreOnias, foi ter com Apolnio de Tarso, quenaquela ocasio era o governador da Celes-sria e da Fencia. 6E contou-lhe que a cma-ra do Tesouro em Jerusalm estava repletade riquezas incrveis, a ponto de ser incalcu-lvel a quantidade do dinheiro a deposita-do. E que esse dinheiro no tinha proporoalguma com as despesas dos sacrifcios, sen-do portanto possvel fazer cair tudo sob odomnio do rei.

    7Entrevistando-se ento com o rei, Apol-nio informou-o sobre as riquezas que lhehaviam sido denunciadas. E o rei, escolhen-do Heliodoro, superintendente dos seus ne-gcios, enviou-o com ordens de se apoderardesse dinheiro. 8Heliodoro ps-se logo acaminho, aparentemente para uma viagemde inspeo s cidades da Celessria e daFencia, mas de fato a fim de dar cumpri-mento ao projeto do rei.

    9Tendo chegado a Jerusalm, foi muito bemrecebido pelo sumo sacerdote. Falou-lheento da informao recebida e manifestouclaramente o objetivo da sua vinda, pergun-tando a seguir se as coisas eram realmenteassim. 10O sumo sacerdote fez-lhe ver queos depsitos eram das vivas e dos rfos,11embora uma parte pertencesse a Hircano,filho de Tobias, homem muito ilustre. Nada,

    portanto, do que, com calnias, informara ompio Simo? Havia, no total, quatrocentostalentos de prata e duzentos de ouro. 12Poroutro lado, de modo algum se poderia de-fraudar os que haviam confiado na santida-de do Lugar e na sagrada inviolabilidade dotemplo, honrado no mundo inteiro.

    13Heliodoro, porm, em vista da ordens re-cebidas do rei, insistiu firmemente em queesses bens deviam ser transferidos para o te-souro real. 14Tendo fixado uma data, apresen-tou-se para dirigir o inventrio das riquezas.Entretanto, no era pequena a consternaoem toda a cidade. 15Os sacerdotes, prostran-do-se diante do altar com as vestes sagradas,invocavam no cu Aquele que havia promul-gado a lei sobre o depsito, a fim de que con-servasse intactos esses bens em favor dos queos tinham depositado. 16Quem observasse orosto do sumo sacerdote sentia ferir-se o pr-prio corao, a tal ponto o olhar e a alteraoda sua cor revelavam a dor profunda de suaalma. 17Verdadeiro pavor se derramara sobreele, um estremecimento do corpo, de tal modoque era visvel, aos que o observavam, a dordo seu corao. 18Muitos saam em bandos desuas casas, fazendo rogaes pblicas, porcausa do ultraje que ameaava o lugar santo.19As mulheres, cingidas de pano grosseiro sobos seios, aglomeravam-se nas ruas. Tambmas moas, que ficavam segregadas, acorriam,umas, aos portais; outras, subiam aos muros;outras, ainda, olhavam pelas janelas: 20todas,porm, estendendo as mos para o cu, fa-ziam sua splica. 21Era comovente ver a pros-trao da multido to multiforme, e a ansie-dade do sumo sacerdote, reduzido a tal angs-tia. 22Todos, pois, invocavam o Senhor todo-poderoso para que, com toda a segurana,conservasse intactos os depsitos daquelesque os haviam depositado em confiana. 23Desua parte, Heliodoro dispunha-se a executaro que fora decretado.

    [Castigo e converso de Heliodoro]24No mesmo lugar, estando ele com seus

    guardas junto cmara do Tesouro, o Se-

    3,1-23 O rei da Sria, Seleuco IV (c. 180 aC), manda seu funcionrio Heliodoro confiscar o tesourodo templo de Jerusalm, apesar da explicao do sumo sacerdote Onias acerca da natureza das doaese em despeito da consternao geral do povo. 44444 Belga, cf. NV; LXX: Benjamim. 3,24-40 Um

    2 Macabeus 3

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    2Mc

    nhor dos espritos e de todo o poder fez umagrande demonstrao de fora: todos os quetinham ousado entrar, aterrorizados pelo po-der de Deus, sentiram-se desfalecer e entrarem pnico. 25De fato, apareceu-lhes um ca-valo, ricamente ensilhado, montado por ter-rvel cavaleiro. O cavalo avanou impetuo-samente contra Heliodoro, lanando-lhe aspatas dianteiras. O cavaleiro parecia ter ar-mas de ouro. 26Apareceram tambm outrosdois jovens de fora extraordinria, belssi-mos na aparncia e com vestes magnficas.Eles cercaram Heliodoro e puseram-se achicote-lo sem parar, de ambos os lados,causando-lhe muitos ferimentos. 27Ele caiude repente por terra. Envolto em densa escu-rido, tiveram de levant-lo e carreg-lo nu-ma padiola. 28Assim, aquele que tinha inva-dido com tantos guardas e capangas o men-cionado Tesouro, agora carregavam-no parafora, incapaz de valer-se do auxlio das ar-mas e reconhecendo abertamente o poderde Deus. 29Ele, por efeito do poder divino,jazia mudo e sem qualquer esperana de sal-vao, 30enquanto os outros bendiziam oSenhor, que glorificava o seu lugar santo.Assim, o templo, pouco antes repleto de te-mor e perturbao, regurgitava agora de ale-gria e jbilo, ante a manifestao do Senhortodo-poderoso. 31Logo, porm, alguns dosamigos de Heliodoro comearam a pedir aOnias que invocasse o Altssimo, para queconcedesse a graa da vida a quem se en-contrava reduzido, sem dvida, ao ltimoalento. 32O sumo sacerdote, ento, receandoque o rei pudesse pensar que alguma aocriminosa tinha sido praticada pelos judeuscontra Heliodoro, ofereceu um sacrifcio pe-la sade do homem. 33Enquanto o sumo sa-cerdote oferecia o sacrifcio de propiciao,os mesmos jovens, revestidos das mesmasvestes, apareceram de novo a Heliodoro. Eassim lhe falaram: Agradece muito ao su-mo sacerdote Onias, pois por causa deleque o Senhor te concede a graa da vida.34Quanto a ti, aoitado pelo cu, anuncia atodos o grande poder de Deus! E logo, di-tas estas palavras, desapareceram.

    35Heliodoro, tendo oferecido um sacrifcioao Senhor e fazendo grandes promessasquele que lhe tinha concedido continuarem vida, despediu-se de Onias e voltou, como seu exrcito, para junto do rei. 36A todosdava testemunho das obras do sumo Deus,obras que ele vira com seus prprios olhos.37Quando o rei lhe perguntou quem seria aptoa ser enviado ainda uma vez a Jerusalm,Heliodoro respondeu: 38Se tens um inimigo,ou conspirador contra a ordem pblica, en-via-o para l: tu o recebers de volta modode pancadas, se porventura conseguir esca-par! De fato, h naquele lugar verdadeira-mente uma fora de Deus. 39Aquele que tema sua habitao no cu, sentinela e protetordesse lugar: ele fere e extermina os que del se aproximem com ms intenes. 40As-sim se passaram as coisas com Heliodoro ea preservao do tesouro do templo.

    ANTOCO EPFANESE A PROPAGANDA HELENISTA

    [Abusos de Simo]

    4 1O referido Simo, que tinha sido o de-lator do tesouro do templo e de sua terranatal, continuava caluniando Onias, comose este houvesse instigado Heliodoro e fos-se o causador desses males. 2Assim, ousavachamar de conspirador contra a ordem p-blica aquele que era o benfeitor da cidade,o protetor da sua gente e fervoroso cumpri-dor das leis. 3Essa hostilidade cresceu a talponto que at assassinatos foram cometidospor alguns daqueles que eram partidriosde Simo. 4Considerando, ento, o perigodessa rivalidade e vendo que Apolnio, fi-lho de Menesteu e governador da Celessriae da Fencia, ainda fomentava a maldade deSimo, 5Onias foi ter com o rei. E isto, nocomo acusador de seus concidados, mastendo em vista o interesse comum e o indi-vidual de toda a populao. 6Pois ele estavapercebendo que, sem uma interveno dorei, no era mais possvel alcanar a paz navida pblica, nem Simo haveria de pr ter-mo sua loucura.

    misterioso castigo cai sobre Heliodoro, que se converte e deixa o tesouro intacto. 4,1-6. 44444,44444 governador,

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    [Jaso introduz o helenismo]7Entretanto, Seleuco morreu. E Antoco,

    cognominado Epfanes, subiu ao trono. Foiquando Jaso, irmo de Onias, comeou adisputar o cargo de sumo sacerdote. 8Numaaudincia, prometeu ao rei trezentos e ses-senta talentos, \doze toneladas, de prata eainda, de outras rendas, mais oitenta talen-tos, \quase trs toneladas. 9Alm disso, com-prometeu-se a passar para o rei outros centoe cinqenta talentos, \cinco toneladas, se lhefosse concedido, pela autoridade real, esta-belecer uma praa de esportes e uma escolapara jovens, alm de inscrever os habitantesde Jerusalm como cidados de Antioquia.10Obtido o consentimento do rei, Jaso to-mou posse do cargo e logo comeou a fazeros seus irmos de raa adotarem o estilo devida dos gregos. 11Suprimiu os privilgiosreais benignamente concedidos aos judeuspor intermdio de Joo, pai de Euplemo, omesmo que depois chefiou a embaixada como objetivo de estabelecer amizade e alianacom os romanos. E, abolindo as instituieslegtimas dos judeus, introduziu costumesdepravados. 12Imediatamente construiu a pra-a de esportes, logo abaixo da cidadela e,constrangendo os melhores dos jovens, con-duziu-os ao uso do chapu chamado ptaso.13Chegara-se, assim, ao auge do helenismo, exaltao do estilo de vida dos estrangei-ros, por causa da inaudita contaminao deJaso, esse mpio e no sumo sacerdote. 14Osprprios sacerdotes j no se mostravam de-dicados s funes do altar. Antes, despre-zando o templo e descuidando-se dos sacri-fcios, corriam a tomar parte na inqua distri-buio de leo no estdio, aps o sinal dogongo. 15Assim, no davam mais valor stradies nacionais, achando muito mais im-portantes as glrias gregas. 16Por esse motivo,uma perigosa emulao os dominava: aque-les cujos costumes eles promoviam e a quemqueriam ser semelhantes em tudo, acabarampor se tornar seus inimigos e carrascos. 17Defato, no pouca coisa agir impiamente con-tra as leis divinas. Mas isso o demonstraro episdio seguinte.

    18Celebravam-se em Tiro as competiesesportivas que se fazem de cinco em cincoanos, estando presente o rei. 19O abominvelJaso enviou alguns espectadores antioque-nos de Jerusalm, com a quantia de trezentasdracmas de prata para o sacrifcio em honrade Hrcules. Os prprios portadores, porm,pediram que no se usasse esse dinheiro parao sacrifcio, por no ser conveniente, mas seempregasse em outra despesa. 20Desta forma,segundo quem o enviara, o dinheiro foi em-pregado no sacrifcio para Hrcules; no en-tanto, segundo os portadores, destinou-se construo de navios a remo.

    21Quando Apolnio, filho de Menesteu, foienviado ao Egito, por ocasio da subida aotrono do rei Filomtor, Antoco soube quetinha sido excludo dos projetos polticosdesse rei. Garantindo ento a prpria segu-rana, passou por Jope e dirigiu-se a Jerusa-lm. 22Recebido magnificamente por Jasoe por toda a cidade, fez a sua entrada luzde tochas e ao som de aclamaes. Depois,voltou para a Fencia com o seu exrcito.

    [Menelau torna-se sumo sacerdote]23Depois de trs anos, Jaso enviou Me-

    nelau, irmo do j mencionado Simo, coma incumbncia de levar as quantias ao rei eapresentar-lhe relatrios sobre assuntos ur-gentes. 24Menelau, porm, tendo agradadoao rei, apresentando-se com aparncia degrandeza, conseguiu para si o sumo sacer-dcio, oferecendo trezentos talentos de pra-ta a mais do que Jaso. 25A seguir, tendo re-cebido do rei a nomeao, voltou, mas semtrazer coisa alguma digna do sacerdcio. Aocontrrio, tinha em si as manhas de um ti-rano cruel e o furor de um animal selvagem.26Quanto a Jaso, que havia suplantado seuprprio irmo, sendo agora suplantado poroutrem, foi expulso para a regio dos amo-nitas, onde se refugiou. 27O prprio Menelau,por um lado, assumira o pontificado; poroutro, no tomava providncias quanto aodinheiro prometido ao rei. 28Isto, apesar dacobrana que lhe fazia Sstrato, comandan-te da cidadela, ao qual cabia a cobrana dos

    lit.: estratego. 4,7-22 7 7 7 7 7 >1Mc 1,10. 10 10 10 10 10 >1Mc 1,11-15. 11 11 11 11 11 >1Mc 8,17. 4,23-29 2323232323 >3,4; 4,1.

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    2Mc

    tributos. Por esse motivo, ambos foram con-vocados pelo rei. 29Menelau, ento, deixouLismaco, seu irmo, como sucessor no sumosacerdcio, enquanto Sstrato deixava emseu lugar Crates, comandante dos mercen-rios de Chipre.

    [Assassinato de Onias]30Estando assim as coisas, aconteceu que

    os habitantes de Tarso e de Malos se revol-taram, porque suas cidades tinham sido en-tregues como dote a Antioquide, concubinado rei. 31Partindo s pressas, para acalm-los, o rei deixou em seu lugar exclusivamenteAndrnico, um dos seus altos dignitrios.32Menelau, ento, convencido de que esta eraa sua oportunidade, roubou alguns objetosde ouro do templo e os deu de presente aocitado Andrnico, alm de vender outros emTiro e pelas cidades vizinhas. 33Tendo toma-do conhecimento seguro desses fatos, Oniasos censurava, estando j refugiado no recin-to inviolvel de Dafne, perto de Antioquia.34Por isso que Menelau, dirigindo-se se-cretamente a Andrnico, insistia com ele paraque eliminasse Onias. De fato, Andrnicofoi visitar Onias. E, dando a sua palavra, comastcia conseguiu que Onias lhe desse asmos, estendendo-as ele tambm, com jura-mento. A seguir, embora despertasse suspei-tas, convenceu-o a sair do seu asilo, e ime-diatamente mandou mat-lo, sem qualquerconsiderao pela justia. 35Por esse motivo,no s os judeus mas tambm muitos dentreas outras naes, ficaram indignados e leva-ram muito a mal a morte injusta desse ho-mem. 36Quando o rei voltou das regies daCilcia, foram ter com ele os judeus da capi-tal, junto com os gregos que tambm sequeixavam da violncia, reclamando de queOnias tinha sido morto sem motivo. 37An-toco ficou profundamente contristado e,lastimando o fato, chegou a derramar lgri-mas por causa da sabedoria e grande modera-o do falecido. 38A seguir, vivamente indig-nado, mandou despojar Andrnico da suaprpura e rasgar-lhe as vestes. Depois, fezque o conduzissem por toda a cidade, at o

    lugar exato onde ele havia cometido a suaimpiedade contra Onias. E ali despachou domundo este assassino sacrlego, retribuindo-lhe o Senhor com o castigo merecido.

    [Morte de Lismaco]39Nesse meio tempo, muitos furtos sacrle-

    gos tinham sido cometidos por Lismaco emJerusalm, por instigao de Menelau. Ten-do-se espalhado a notcia, a multido se ajun-tou contra Lismaco, quando j muitos obje-tos de ouro tinham sido desviados. 40Como opovo se revoltasse, cheio de ira, Lismaco ar-mou cerca de trs mil homens e comeou umainqa represso. Comandava essas tropas umcerto Aurano, homem avanado em idade eno menos em loucura. 41Tomando conheci-mento das intenes de Lismaco, alguns dopovo comearam a pegar em pedras, outrosem porretes, outros ainda lanaram mo dascinzas do altar ali perto, atirando-os confu-samente contra os homens que protegiamLismaco. 42Assim que feriram a muitos, ma-taram alguns e obrigaram todos a fugir. Quan-to ao prprio ladro sacrlego, conseguirammat-lo perto da cmara do Tesouro.

    [Menelau absolvido]43Sobre esses fatos foi instaurado um pro-

    cesso contra Menelau. 44Por ocasio da vin-da do rei a Tiro, trs emissrios do conselhodos ancios pleitearam, junto a ele, a pr-pria causa. 45Vendo-se j perdido, Menelauprometeu somas avultadas a Ptolomeu, fi-lho de Dorimeno, para que persuadisse o reiem seu favor. 46Foi quando Ptolomeu, levan-do o rei para uma galeria externa, a pretextode faz-lo tomar um pouco de ar, conseguiuque ele mudasse de parecer. 47E assim o reiabsolveu das acusaes a Menelau, que erao causador de toda essa barbrie, e conde-nou morte aqueles infelizes. Eram pessoasque, se tivessem pleiteado sua causa diantedos brbaros citas, teriam sido reconhecidoscomo inocentes. 48A injusta condenao foiimediatamente executada contra aqueles quetinham apenas procurado defender a cidade,

    4,30-38 Onias III (filho do sumo sacerdote Simo II, elogiado pelo Eclesistico) morto pelosusurpadores. 3333333333 Dafne, deusa grega. 3434343434 >Dn 9,26. 4,39-42. 4,43-50. 4545454545 >8,8; 1Mc 3,38.

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    o povo e os objetos sagrados. 49Por esse mo-tivo, at os habitantes de Tiro, indignadoscom tal perversidade, providenciaram magni-ficamente o necessrio para os seus fune-rais. 50Quanto a Menelau, graas gannciados poderosos, permaneceu no poder, cres-cendo em maldade e tornando-se o pior ad-versrio dos seus concidados.

    [Segunda campanha de Antoco IV no Egito]

    5 1Por esse tempo, Antoco estava prepa-rando a sua segunda expedio contra oEgito. 2Aconteceu ento que, durante quasequarenta dias, apareceram, correndo pelo ar,cavaleiros com vestes douradas, armados delanas, organizados em pelotes e empu-nhando espadas. 3Viam-se esquadres de ca-valaria em formao cerrada, ataques e con-tra-ataques de um e de outro lado, movimen-tos de escudos e multido de lanas, arre-messos de dardos e cintilaes dos ornamen-tos de ouro, enfim, couraas de todo tipo.4Por isso, todos suplicavam que essa apari-o fosse de bom agouro.

    [Ataque de Jaso e represso de Epfanes]5Tendo surgido o boato de que Antoco ha-

    via morrido, Jaso tomou consigo no menosde mil homens e, de surpresa, atacou a cida-de. Postos em fuga os que defendiam os mu-ros e j consumando-se a tomada da cidade,Menelau refugiou-se na cidadela. 6Quanto aJaso, foi impiedosa a matana que promo-veu dos prprios conterrneos, sem com-preender que era a pior das desgraas essavitria sobre os prprios coirmos. Pelo con-trrio, ele parecia estar triunfando de inimi-gos, e no de compatriotas. 7Acabou, porm,no conseguindo firmar-se no poder. O re-sultado foi a humilhao que lhe veio porcausa da sua revolta, e a fuga, novamente, paraa regio dos amonitas. 8Por ltimo, tocou-lheuma sorte infeliz: aprisionado por Aretas, reidos rabes, teve de fugir, de cidade em cida-de, expulso por todos, detestado como aps-tata das leis e execrado como algoz de suaptria e de seus concidados, e afinal enxota-do para o Egito. 9Assim, aquele que havia

    banido tantos de sua ptria, veio a perecer noexlio. De fato, dirigira-se aos espartanos, coma esperana de a encontrar abrigo, em razodo comum parentesco. 10E ele, que havia dei-xado tantos sem sepultura, morreu sem serchorado nem sepultado, e sem poder compar-tilhar da sepultura de seus antepassados.

    [Antoco saqueia o templo e volta a Antioquia]11Chegando ao rei Antoco a notcia des-

    ses fatos, ele concluiu que a Judia estavaabandonando a aliana feita. Por isso, vol-tando furioso do Egito, apoderou-se da ci-dade fora das armas. 12E ordenou aos sol-dados que matassem sem piedade os que lhescassem nas mos e trucidassem os que pro-curavam escapar em suas casas. 13Houve as-sim uma terrvel matana de jovens e de ve-lhos, massacre de mulheres e seus filhos,extermnio de moas e de crianas. 14No es-pao desses trs dias, oitenta mil foram asvtimas: quarenta mil sucumbindo aos gol-pes e, no menos que os trucidados, os queforam vendidos como escravos!

    15No contente com isso, Antoco teve aousadia de penetrar no templo mais santo detoda a terra, tendo por guia Menelau, essetraidor das leis e da ptria. 16Com as moscriminosas tocou nos vasos sagrados. E asoferendas dos outros reis, ali depositadaspara engrandecimento, glria e honra dolugar santo, surripiou-as com suas mos sa-crlegas. 17Tal foi a arrogncia de Antoco,que no se dava conta de que era por causados pecados dos habitantes da cidade que oSenhor ficara um pouco irritado: era por issoque acontecera esta sua indiferena para como lugar santo. 18De fato, se eles no se tives-sem envolvido em tantos pecados, tambmesse homem, ao dar o primeiro passo, teriasido imediatamente barrado de sua audciaa chicotadas, como acontecera com Helio-doro, enviado pelo rei Seleuco para fiscali-zar o Tesouro. 19Contudo, no foi por causado lugar santo que o Senhor escolheu a na-o, mas sim, por causa da nao, o lugarsanto. 20Por isso que o lugar santo, haven-do participado das desgraas acontecidas aopovo, tomou parte depois em suas venturas.

    5,1-4 11111 >1Mc 1,17. 5,5-10 99999 >1Mc 12,7. 5,11-23 11-2011-2011-2011-2011-20 >1Mc 1,20-24. 1717171717 >6,12-17.

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    E, abandonado enquanto durou a clera doTodo-poderoso, novamente, pela reconcilia-o do grande Soberano, foi restaurado emtoda a sua glria.

    21Quanto a Antoco, depois de ter carrega-do do templo mil e oitocentos talentos, partius pressas para Antioquia. Na sua soberba, ena exaltao do seu corao, ele imaginava-se capaz de navegar em terra firme e de ca-minhar no meio do mar. 22Entretanto, incum-bidos de maltratarem a nao, deixou algunssuperintendentes no pas: em Jerusalm, Fi-lipe, frgio de raa, de ndole mais brbaraainda que aquele que o nomeou; 23no monteGarizim, Andrnico; e, alm deles, Menelau,que oprimia seus prprios concidados ain-da mais duramente que os outros.

    [Interveno de Apolnio]24O rei enviou ainda o comandante-chefe

    Apolnio com um exrcito, cerca de vinte edois mil homens, com a ordem de trucidartodos os que estavam na fora da idade e ven-der, como escravos, as mulheres e os mais jo-vens. 25Chegando, pois, a Jerusalm, e aparen-tando intenes de paz, Apolnio esperou- at o santo dia do sbado. Depois, surpreen-dendo os judeus em repouso, ordenou queseus soldados desfilassem com as armas.26Ento, aos que haviam sado para apreciaro espetculo, massacrou-os todos. E ainda,entrando o exrcito na cidade, abateu imensamultido. 27Judas, porm, chamado tambmMacabeu, fugira para o deserto com outrosnove homens, passando a viver a como osanimais selvagens, nas montanhas. Resistiamalimentando-se apenas de ervas, evitandotudo o que pudesse torn-los impuros.

    PERSEGUIO RELIGIOSA:OS MRTIRES

    [Instalao dos cultos pagos]

    6 1No muito tempo depois, o rei enviouum seu delegado, ateniense, com a mis-so de forar os judeus a abandonar as leis

    dos seus antepassados e a no se governarmais pelas leis de Deus. 2Mandou-o tambmprofanar o templo de Jerusalm, dedicando-o a Jpiter Olmpico, e o do monte Garizim,como o pediam os habitantes do lugar, dedi-cando-o a Jpiter Hospitaleiro. 3Terrvel, eintolervel para todos, esta enxurrada de ma-les! 4Pois o templo ficou repleto da devassi-do e das orgias dos pagos, que a se diver-tiam com prostitutas e nos prticos sagradosmantinham relaes com as mulheres, almde levarem para dentro o que no era lcito.5O prprio altar estava repleto das oferendasproibidas, reprovadas pelas leis. 6No se po-dia celebrar o sbado, nem guardar as festastradicionais, nem simplesmente se declararjudeu. 7Era-se conduzido com amarga vio-lncia ao banquete sacrifical que se realiza-va cada ms, no dia aniversrio do rei. E, aochegarem as festas de Dionsio, era-se obri-gado a acompanhar a procisso em honradesse deus, com ramos de hera na cabea.8Alm disso, por sugesto dos habitantes dePtolemaida, foi publicado um decreto paraas cidades gregas vizinhas, a fim de que nelasse procedesse da mesma forma contra osjudeus, obrigando-os aos sacrifcios. 9Quan-to aos que no aceitassem passar para os cos-tumes gregos, que os matassem. Podia-seprever a calamidade que estava para come-ar. 10Assim, duas mulheres foram denuncia-das por terem circuncidado seus filhos. De-pois de faz-las percorrer publicamente acidade com os filhinhos ao colo, lanaram-nas muralha abaixo. 11Outros haviam-se reu-nido em cavernas vizinhas, para a celebra-rem s escondidas o sbado. Denunciados aFilipe, foram entregues s chamas, no ou-sando, por motivo religioso, esboar qualquerreao, por causa do santssimo dia.

    [Sentido providencial da perseguio]12Agora, aos que lerem este livro, exorto a

    que no se desconcertem com tais calamida-des, mas pensem que esses castigos aconte-ceram no para runa, mas para correo danossa gente. 13De fato, no deixar impunes

    5,24-27 24 24 24 24 24 >1Mc 1,29s comandante-chefe, lit.: misarca. 2727272727 >1Mc 2,28; Hb 11,38. 6,1-11 >1Mc 1,45-59. 1010101010 >1Mc 1,60. 1111111111 >1Mc 2,29-38. 6,12-17 A perseguio servepara a pronta correocorreocorreocorreocorreo dododododo prprioprprioprprioprprioprprio povopovopovopovopovo. >5,17-20; 7,18s.32s.38. 1313131313 >Sb 11,9s; 12,2.22.

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    por longo tempo os que agem impiamente,mas logo atingi-los com castigos, sinal degrande benevolncia. 14Pois no como comas outras naes, que o Senhor espera compacincia para puni-las, quando elas che-guem ao cmulo dos seus pecados. Assim,conosco, ele decidiu 15castigar-nos, sem es-perar que nossos pecados chegassem ao ex-tremo. 16Por isso, jamais retirou de ns a suamisericrdia: ainda quando corrija com des-venturas, ele no abandona seu povo. 17Bas-tem estas observaes como advertncia. Empoucas palavras, voltemos narrativa.

    [O martrio de Eleazar]18Eleazar era um dos mais eminentes es-

    cribas, homem de idade avanada, mas comrosto de traos ainda belos. Queriam obrig-lo a comer carne de porco, forando-o a abrira boca. 19Mas ele, preferindo morte gloriosaa uma vida em desonra, encaminhou-se es-pontaneamente para o suplcio. 20Antes, po-rm, cuspiu, de tal modo como deveriamfazer os que tm a coragem de rejeitar aqui-lo que no lcito comer, nem por amor prpria vida. 21Os que presidiam esse mpiosacrifcio, tomando-o parte, pediam-lhe,pela antiga amizade com ele, que mandassevir carne permitida, que ele mesmo tivessepreparado, fingindo comer da carne sacrifi-cal prescrita pelo rei. 22Assim agindo, fica-ria livre da morte e gozaria da benevolnciadeles, graas antiga amizade que os unia.23Eleazar, porm, tomou uma nobre resolu-o, digna da sua idade, do prestgio quelhe conferia a velhice, da cabeleira brancaadquirida com honra, da conduta excelentedesde a infncia, e digna sobretudo da santalegislao estabelecida por Deus. E, coeren-temente, respondeu que o mandassem logopara a regio dos mortos. 24E continuou:No digno da nossa idade o fingimento.Isto levaria muitos jovens a se persuadiremde que Eleazar, aos noventa anos, passou pa-ra os costumes pagos. 25E por causa do meufingimento, por um pequeno resto de vida,eles seriam enganados por mim, enquanto,de minha parte, eu s ganharia mancha e

    desprezo para a minha velhice. 26De resto,se no presente eu escapasse da penalidadeque vem dos homens, no conseguiria, nemvivo nem depois de morto, fugir s mos doTodo-poderoso. 27Por isso, partindo da vidaagora, com coragem, eu me mostrarei dignoda minha velhice. 28E aos jovens deixarei oexemplo de como se deve morrer honrosa-mente, com prontido e valentia, pelas vene-rveis e santas leis. Dito isto, encaminhou-se decididamente para o suplcio. 29Os queo conduziam, mudaram em raiva a benevo-lncia antes demonstrada, considerando queeram de um louco as suas palavras. 30Co-meando a morrer, sob a fora dos golpes,disse entre gemidos: O Senhor, que tem asanta cincia, sabe que eu, podendo escaparda morte, estou suportando cruis dores emmeu corpo ao ser flagelado, mas sofro-asde boa vontade em minha alma, por causado seu temor. 31Foi assim que ele partiudesta vida, deixando sua morte como exem-plo de coragem e memorial de virtude, nos para os jovens, mas para a grande maio-ria do seu povo.

    [O martrio dos sete irmos]

    7 1Aconteceu tambm que sete irmos fo-ram presos, junto com sua me. Tortu-rando-os com chicotes e flagelos, o rei que-ria obrig-los a comer carne de porco, con-tra o que determina a Lei. 2Um dentre eles,falando por primeiro, disse: Que pretendesconseguir e o que queres saber de ns? Es-tamos prontos a morrer, antes que transgre-dir as leis de nossos antepassados. 3Enfure-cido, o rei ordenou que se pusessem ao fogoassadeiras e caldeires. 4Logo que ficaramincandescentes, ordenou que se cortasse alngua ao que falara primeiro, e lhe arran-cassem o couro cabeludo e lhe decepassemas mos e os ps, tudo isso vista dos outrosirmos e de sua me. 5J mutilado em todosos seus membros, mandou que o levassemao fogo e, ainda respirando, o torrassem naassadeira. Espalhando-se por muito tempo ovapor da assadeira, os outros, junto com ame, animavam-se mutuamente a morrer

    6,18-31 1818181818 >1Mc 1,62-64; Hb 11,35; Lv 11,7. 7,1-42 MeusMeusMeusMeusMeus irmos,irmos,irmos,irmos,irmos, tendotendotendotendotendo suportadosuportadosuportadosuportadosuportado agoraagoraagoraagoraagora umumumumum

    sofrimentosofrimentosofrimentosofrimentosofrimento momentneo,momentneo,momentneo,momentneo,momentneo, morrerammorrerammorrerammorrerammorreram pelapelapelapelapela alianaalianaalianaalianaaliana dedededede Deus,Deus,Deus,Deus,Deus, porporporporpor umaumaumaumauma vidavidavidavidavida eternaeternaeternaeternaeterna (v. 36). 11111 >Lv 11,7s.

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    2Mc

    com coragem, dizendo: 6O Senhor Deusest vendo e na verdade se compadece dens, segundo o que Moiss declarou pela vozde quem entoa o seu cntico: Ele se compa-decer de seus servos.

    7Tendo morrido o primeiro dessa manei-ra, levaram o segundo para a tortura. Apslhe arrancarem o couro cabeludo, pergun-taram-lhe se havia de comer, antes que sertorturado em cada membro do seu corpo.8Ele, porm, respondeu, na lngua dos seusantepassados: No o farei. Por isso, a se-guir, tambm ele foi submetido s torturasdo primeiro. 9Estando quase a expirar, falou:Tu, malvado, nos tiras da vida presente.Mas o rei do universo nos far ressurgir parauma vida eterna, a ns que morremos porsuas leis!

    10Depois deste, comearam a torturar oterceiro. Intimado a pr a lngua para fora,ele o fez imediatamente e com coragem es-tendeu as mos, 11dizendo com serenidade:Do cu recebi estes membros, e por suasleis que os desprezo, pois espero dele rece-b-los novamente. 12O prprio rei e os queo rodeavam ficaram espantados com o ni-mo desse adolescente, que em nada repu-tava os tormentos.

    13Tendo morrido tambm este, comearama torturar da mesma forma o quarto. 14Es-tando para morrer, ele falou: melhor parans, entregues morte pelos homens, espe-rar, da parte de Deus, que seremos ressusci-tados por Ele. Para ti, porm, rei, no ha-ver ressurreio para a vida!

    15A seguir, trouxeram frente o quinto, epassaram a tortur-lo. 16Ele, porm, fixandoos olhos no rei, disse: Tu fazes o que bemqueres, embora sejas um simples mortal,porque tens poder entre os homens. Nopenses, porm, que o nosso povo foi aban-donado por Deus. 17Espera um pouco, e ve-rs a majestade do seu poder: como h deatormentar-te, a ti e tua descendncia!

    18Depois trouxeram o sexto, o qual tam-bm, antes de morrer, falou: No te iludasem vo! Ns sofremos isto por nossa pr-pria culpa, porque pecamos contra o nossoDeus. por isso que nos acontecem estas

    coisas espantosas. 19Tu, porm, no pensesque ficars impune, tendo-te atrevido a lutarcontra Deus!

    20Mas sobremaneira admirvel e digna deabenoada memria foi a me, a qual, vendomorrer seus sete filhos no espao de um dia,soube portar-se animosamente por causa daesperana que tinha no Senhor. 21A cada umdeles exortava na lngua dos seus antepassa-dos, cheia de coragem e animando com for-a viril a sua ternura feminina. E dizia-lhes:22No sei como viestes a aparecer no meuventre, nem fui eu quem vos deu o esprito ea vida. Tambm no fui eu quem deu formaaos membros de cada um de vs. 23Por isso,o Criador do mundo, que formou o ser hu-mano no seu nascimento e d origem a todasas coisas, ele, na sua misericrdia, vos resti-tuir o esprito e a vida. E isto porque, agora,vos sacrificais a vs mesmos, por amor ssuas leis. 24Antoco suspeitou que estavasendo menosprezado, e que essas palavraseram de censura. Como restasse, ainda, ofilho mais novo, comeou a exort-lo no scom palavras, mas ainda com juramentos lheassegurava que o faria rico e feliz, contantoque abandonasse as tradies dos antepassa-dos. Mais. Que o teria como amigo e lhe con-fiaria altos encargos. 25Como o moo no lhedesse a menor ateno, o rei dirigiu-se me,convidando-a a aconselhar o rapaz para o seuprprio bem. 26Depois de muita insistnciado rei, ela aceitou tentar convencer o filho.27Inclinando-se para ele, e fazendo pouco casodo cruel tirano, assim falou na lngua dosantepassados: Filho, tem compaixo de mim,que por nove meses te trouxe no meu ventree por trs anos te amamentei, alimentei e teconduzi at esta idade, provendo sempre aoteu sustento. 28Eu te suplico, filho, contem-pla o cu e a terra e o que neles existe. Reco-nhece que no foi de coisas existentes queDeus os fez, e que tambm a humanidadeteve a mesma origem. 29No tenhas medodesse carrasco. Ao contrrio, tornando-tedigno de teus irmos, enfrenta a morte, paraque eu te recupere com eles no tempo damisericrdia. 30Ela ainda falava, quando orapaz disse: A quem esperais? Eu no obe-

    66666 >Dt 32,36. 99999 >7,11.14.23.29.36; 12,43s; 14,46; Dn 12,2. 2222222222 >J 10,8-12; Sl 139,13-15. 2828282828 >J 26,7.

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    deo s ordens do rei. Aos preceitos da Lei,porm, que foi dada aos nossos pais por meiode Moiss, a esses obedeo. 31Quanto a ti,que s o autor de toda a maldade que se aba-te sobre os hebreus, no vais conseguir esca-par das mos de Deus. 32Porquanto ns, porcausa dos nossos pecados que padecemos. 33Ese agora, o Senhor, que vive, est moderada-mente irritado contra ns, a fim de nos punire corrigir, ele novamente se reconciliar comos seus servos. 34Tu, porm, mpio e o piordos criminosos do mundo, no te exaltes emvo, embalado por falsas esperanas, tendolevantado as mos contra os filhos de Deus.35Pois ainda no escapaste ao julgamento doDeus todo-poderoso, que tudo v. 36Quantoaos meus irmos, tendo suportado agora umsofrimento momentneo, morreram pelaaliana de Deus, por uma vida eterna. Tu,porm, pelo julgamento de Deus, hs de re-ceber os justos castigos da tua soberba. 37Deminha parte, como meus irmos, entrego ocorpo e a vida pelas leis de nossos antepas-sados, suplicando a Deus que se mostre logomisericordioso para com a nossa nao e que,mediante tormentos e flagelos, te obrigue areconhecer que s ele Deus. 38Tenho a cer-teza de que, em mim e nos meus irmos,deteve-se a ira do Todo-poderoso, que seabateu com justia por sobre todo o nossopovo. 39Enfurecido, o rei tratou a este comcrueldade ainda mais feroz do que aos ou-tros, no suportando ver-se de tal modo es-carnecido. 40Assim tambm este morreu, semmancha, confiando totalmente no Senhor.

    41Por ltimo, depois dos filhos, foi mortaa me. 42Quanto aos banquetes de sacrifcio,porm, e as crueldades sem medida, baste oque foi dito.

    VITRIAS DE JUDASE MORTE DE EPFANES

    [A insurreio de Judas Macabeu]

    8 1Entretanto, Judas, tambm chamadoMacabeu, e os seus companheiros, iamintroduzindo-se s ocultas nas aldeias. Con-

    vocavam seus compatriotas e recrutavam osque haviam perseverado firmes no judas-mo, chegando a reunir cerca de seis mil ho-mens. 2E suplicavam ao Senhor para quevolvesse o olhar para o seu povo, espezinha-do por todos; que tivesse compaixo do tem-plo, profanado pelos mpios; 3que se com-padecesse tambm da cidade, arruinada equase arrasada ao solo, e escutasse a voz dosangue que clamava para Ele; 4que no seesquecesse da matana inqua de crianasinocentes e das blasfmias proferidas contrao seu Nome: enfim, que Ele mostrasse a suaindignao contra tudo isso. 5Quanto ao Ma-cabeu, tendo organizado a sua gente, come-ou a tornar-se terrvel para os gentios, ten-do-se transformado em misericrdia a irado Senhor. 6Chegando de improviso s cida-des e aldeias, ateava-lhes fogo; e, apoderan-do-se dos pontos estratgicos, punha emfuga muitos inimigos. 7Para esses ataques,escolhia de preferncia as noites como alia-das. E a fama da sua valentia espalhava-sepor toda parte.

    [Campanha contra Nicanor e Grgias]8Quando Filipe viu que esse homem chega-

    va ao sucesso passo a passo e progredia cadavez mais nas vitrias, escreveu a Ptolomeu,governador da Celessria e da Fencia, paraque viesse em socorro dos interesses do rei.9Ptolomeu, pois, enviou-lhe imediatamenteNicanor, filho de Ptroclo e um dos princi-pais amigos do rei, confiando a ele o co-mando de no menos de vinte mil soldadosde vrias naes, com o fim de liqidar todaa raa dos judeus. Junto com ele, mandou ogeneral Grgias, de grande experincia nascoisas da guerra. 10Nicanor concebeu o pla-no de conseguir para o rei a quantia de doismil talentos, que era o tributo devido aosromanos, levantando-os da venda dos judeusa serem aprisionados. 11Por isso, mandoulogo mensageiros s cidades do litoral, ofe-recendo escravos judeus, chegando a prome-ter noventa escravos por um talento! Ele nocontava com a vingana que havia de atin-gi-lo da parte do Todo-poderoso.

    3434343434 de Deus, tit.: do cu. 3636363636 por uma vida eterna: conjectura; texto corrompido. 4242424242 Os banquetessacrificais helenistas em que ocorriam as cenas de martrio. 8,1-7 >1Mc 2,42-48. 11111 >5,27.

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    12Judas, por sua vez, logo que soube davinda de Nicanor, preveniu os companhei-ros sobre a aproximao desse exrcito. 13Osque ficaram com medo e no confiavam najustia de Deus puseram-se em fuga, mu-dando-se para outros lugares. 14Outros, po-rm, vendiam tudo o que lhes restara, e aomesmo tempo suplicavam ao Senhor queos libertasse, pois j tinham sido vendidospelo mpio Nicanor, antes mesmo dos com-bates. 15E isto, se no por causa deles, aomenos em considerao das alianas comos antepassados, e por causa do seu Nomesanto e magnfico, que eles estavam invo-cando. 16Reunindo ento seus companhei-ros, em nmero de seis mil, o Macabeuexortou-os instantemente a que no se apa-vorassem diante dos inimigos, nem se preo-cupassem com a multido enorme dos gen-tios que vinham atac-los injustamente, masque lutassem com bravura. 17Que tivessemante os olhos o desrespeito criminoso comque os inimigos trataram o nosso lugar san-to, a injustia cometida contra a cidade hu-milhada e, ainda, a abolio das instituiesdos antigos. 18E acrescentou: Eles confiamnas armas e na sua temeridade. Ns, porm,confiamos no Deus todo-poderoso, que bempode, com um simples gesto, abater os queavanam contra ns e, mesmo, derrotar omundo inteiro! 19Alm disso, recordou-lhesos socorros que tinham vindo de Deus paraseus antepassados, especialmente no casode Senaquerib, quando pereceram cento eoitenta e cinco mil invasores. 20E tambm abatalha que travaram em Babilnia contraos glatas, quando oito mil ao todo, juntocom quatro mil macednios, entraram emcombate: os oito mil, enquanto os maced-nios estavam em dificuldade, mataram cen-to e vinte mil inimigos, graas ao socorrovindo do cu, e ainda recolheram imensosdespojos.

    21Tendo-os encorajado com essas palavrase tornando-os prontos a morrerem pelas leise pela ptria, Judas dividiu o seu exrcitoem quatro partes aproximadamente iguais.22 frente de cada grupo colocou seus irmos

    Simo, Jos e Jnatas, dando a cada um ocomando de mil e quinhentos homens. 23Almdisso, ordenou a Eleazar que lesse do livrosagrado e proclamasse a senha: Deus nossoauxlio! Ento, ele mesmo, posto frentedo primeiro grupo, atacou Nicanor. 24Nessedia, tendo vindo em seu auxlio o Todo-pode-roso, eles mataram mais de nove mil dosinimigos, feriram e mutilaram a maior partedo exrcito de Nicanor, e ainda obrigaramos restantes fuga. 25Depois de tomarem odinheiro dos que tinham vindo para compr-los como escravos, perseguiram os fugitivospor longo tempo. Mas, obrigados pelo adian-tado da hora, tiveram de voltar, 26pois era avspera do sbado. Por esse motivo no con-tinuaram a persegui-los. 27Recolhidas, pois,as armas e tendo despojado os cadveres dosinimigos, puseram-se a celebrar o sbado,bendizendo fervorosamente e exaltando oSenhor que os tinha salvo nesse dia, dandoassim incio sua misericrdia em favor de-les. 28Passado o sbado, distriburam partedos despojos aos mutilados, s vivas e aosrfos, repartindo entre si e seus filhos o res-tante. 29Depois disso, fizeram uma oraocoletiva, suplicando ao Senhor misericor-dioso que se reconciliasse para sempre comos seus servos.

    [Derrota de Timteo e de Bquides]30Pouco depois, enfrentando os soldados

    de Timteo e de Bquides, mataram mais devinte mil deles e se apossaram facilmentede algumas fortalezas em pontos elevados.E dividiram os abundantes despojos em par-tes iguais: uma para si e outra para os muti-lados, os rfos e as vivas, e tambm aosancios. 31Recolheram cuidadosamente asarmas dos inimigos, depositando tudo emlugares convenientes. Quanto ao restantedos despojos, levaram-nos para Jerusalm.32Conseguiram matar o comandante da guar-da pessoal de Timteo, criminoso da piorespcie, que tinha feito muito mal aos ju-deus. 33Quando estavam celebrando, na p-tria, as festas da vitria, queimaram vivos osque haviam incendiado os portais sagrados,

    2323232323 Eleazar: as verses lat. e aram. tm Esdrias, cf. 12,36. 8,8-29 >1Mc 3,384,25. 88888 >5,22; 4,45. 1515151515 >Jr 14,9. 1919191919 >2Rs 19,35. 8,30-33 3030303030 >1Mc 5,6; 7,8. 3333333333 >1,8.

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    junto com Calstenes, que se havia refugiadonum esconderijo: assim, esses mpios rece-beram digna recompensa da sua impiedade.

    [Fuga e confisso de Nicanor]34O celeradssimo Nicanor, que tinha tra-

    zido os mil negociantes para a compra dosjudeus, 35foi humilhado, com a ajuda doSenhor, por aqueles mesmos que ele consi-derava desprezveis. Teve de desfazer-se desuas vestes esplndidas e, sozinho, atraves-sou o interior do pas maneira de escravofugitivo, at chegar a Antioquia. E aindapodia dar-se por muito feliz, em vista daruna do seu exrcito. 36Assim, aquele quehavia prometido aos romanos pagar o tri-buto com a venda dos prisioneiros de Jeru-salm, teve de proclamar que os judeus ti-nham realmente um Defensor e que erampor isso invulnerveis: pois seguiam as leisestabelecidas por Ele.

    [Fim de Antoco Epfanes]

    9 1Por esse mesmo tempo, Antoco tevede voltar, humilhado, das regies daPrsia. 2Ele havia entrado na cidade chama-da Perspolis, onde tentou saquear o temploe dominar os cidados. A multido reagiu,pegando em armas, e os homens de Antocopuseram-se a fugir. O prprio Antoco, acos-sado pelos naturais do lugar, foi obrigado abater em vergonhosa retirada. 4Estando per-to de Ecbtana, chegou-lhe a notcia do quetinha acontecido com Nicanor e Timteo.5Fora de si pela clera, pensou em fazer re-cair sobre os judeus a injria dos que o ti-nham posto em fuga. Por isso, ordenou aococheiro que tocasse o carro sem parar, en-quanto j o acompanhava o julgamento docu. De fato, assim ele falara, na sua arro-gncia: Vou fazer de Jerusalm um cemit-rio de judeus, apenas chegue l! 5Mas aque-le que tudo v, o Senhor, Deus de Israel,feriu-o com uma chaga incurvel e invis-vel: mal Antoco terminara a sua imprecao,acometeu-o uma dor insuportvel nas entra-nhas e tormentos atrozes no ventre. 6Isto eraplenamente justo, pois ele havia atormenta-

    do as entranhas dos outros com numerosase rebuscadas torturas. 7Mesmo assim, nodesistia em nada da sua arrogncia. Antes,cheio de soberba e no seu ntimo vomitandofogo contra os judeus, mandou ainda acele-rar a marcha. De repente, caiu da carruagemque corria precipitadamente, tombando comviolncia no cho, e sofrendo fracturas emtodos os seus membros. 8E ele que, poucoantes, na sua arrogncia de super-homem,achava que podia dar ordens s ondas do mare seria capaz de pesar na balana as altasmontanhas, jazia por terra e teve de ser trans-portado numa padiola. Assim dava mostrasevidentes, a todos, do poder de Deus. 9Maisainda: dos olhos desse mpio saam vermes,e suas carnes se decompunham entre espas-mos lancinantes, estando ele ainda vivo. Etodo o exrcito, por causa do mau cheiro,mal suportava essa podrido. 10Assim, aque-le que pouco antes se julgara capaz de to-car os astros do cu, ningum agora agen-tava carreg-lo por causa do peso insuport-vel do mau cheiro.

    11Nessas circunstncias, pois, abatido, co-meou a moderar o seu orgulho excessivo ea dar-se conta da situao, enquanto, sob osgolpes divinos, aumentavam a cada instanteas suas dores. 12J no podendo, nem mes-mo ele, suportar o prprio fedor, assim fa-lou: justo submeter-se a Deus. E o sim-ples mortal no tenha pensamentos de sober-ba. 13A orao desse criminoso dirigia-seagora ao Senhor, o qual, porm, no maisdevia compadecer-se dele. Agora, enfim, as-segurava 14que haveria de proclamar livre acidade santa, para a qual vinha dirigindo-seapressadamente, a fim de arras-la e fazerdela um cemitrio. 15E que haveria de igualaraos atenienses todos os judeus, aos quaisantes ele julgara indignos at de sepultura emerecedores, ao contrrio, de serem expos-tos s aves de rapina e atirados, com seusfilhinhos, aos animais carnvoros. 16Prome-tia ainda adornar com as mais belas oferen-das o santo templo, que ele antes havia des-pojado, e restituir, em nmero ainda maior,todos os objetos sagrados. Alm disso, ga-rantia prover, com as prprias rendas, s

    9,1-17 >1Mc 6,1-16; 2Mc 1,11-17. 55555 >At 12,20-23. 88888 >Sl 65,7s; Is 40,12. 99999 >At 12,23; Sr 7,17.

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    despesas necessrias para os sacrifcios.17Acima de tudo, comprometia-se at em pas-sar para o judasmo e, percorrendo todos oslugares habitados do mundo, proclamar opoder de Deus!

    [Carta de Antoco Epfanes aos judeus]18Apesar disso, as dores de Antoco abso-

    lutamente no passavam, pois o alcanara ojusto juzo de Deus. Perdendo, ento, todaesperana de cura, escreveu aos judeus acarta seguinte, em tom de splica: 19Aosexcelentes cidados judeus. O rei e generalAntoco lhes manda muitas saudaes evotos de sade e bem-estar. 20Se estais pas-sando bem, vs e vossos filhos, e se vossosnegcios correm segundo o desejado, eurendo o mais efusivo agradecimento a Deus,na orao, tendo no Cu a minha esperana.21Quanto a mim, tendo ficado enfermo, lem-brei-me, com carinho, do vosso respeito ebondade. Voltando das regies da Prsia, aoser acometido por esta incmoda enfermi-dade, julguei necessrio preocupar-me coma comum segurana de todos. 22No que eudesespere do meu estado, pois tenho, aocontrrio, grande esperana de sair destaenfermidade. 23Mas recordo que meu pai,todas as vezes que fazia expedio para oplanalto, designava quem haveria de assu-mir a realeza. 24Desse modo, no caso de acon-tecer algo contrrio ou se chegasse umanotcia m, os habitantes do pas no se agi-tariam, visto j saberem a quem fora deixa-da a administrao dos negcios. 25Almdisso, considerando que os soberanos prxi-mos de ns e vizinhos ao nosso reino estoatentos s circunstncias e aguardam as opor-tunidades, designei como rei meu filho An-toco. J outras vezes, ao subir para as pro-vncias do planalto, confiei-o e recomendei-o a muitos de vs. A ele escrevi a carta quesegue junto com esta. 26Exorto-vos, pois, epeo que, lembrados dos benefcios que demim recebestes em comum e individualmen-te, cada um de vs conserve, tambm paracom meu filho, a presente benevolncia que

    demonstrais para comigo. 27Estou confianteem que ele, acatando esta minha deciso, vostratar com brandura e humanidade.

    28No entanto, este assassino e blasfemo,sofrendo dores atrozes, morreu nas monta-nhas, em terra estrangeira. Seu fim foi mi-servel, correspondendo ao modo como tra-tara os outros. 29Filipe, seu companheiro deinfncia, providenciou o traslado do seu ca-dver. Mas, com medo do filho de Antoco,retirou-se para o Egito, para junto dePtolomeu Filomtor.

    [Purificao do Templo]

    10 1Caminhando o Senhor sua frente,o Macabeu e seus companheiros re-tomaram o templo e a cidade. 2Logo demo-liram os altares, construdos pelos estrangei-ros em praa pblica, bem como seusoratrios. 3Depois, tendo purificado o tem-plo, levantaram novo altar para os holocaus-tos. Extraindo a centelha das pedras, toma-ram do fogo assim obtido e ofereceram sa-crifcios, aps uma interrupo de dois anos.Ofereceram tambm o incenso e as lmpa-das, e fizeram a apresentao dos pes. 4Fei-to isto, prostraram-se por terra e suplicaramao Senhor que nunca mais os deixasse cairem to grandes males. Caso voltassem apecar, fossem por ele corrigidos com mode-rao, mas sem serem entregues s naesblasfemas e brbaras. 5Assim, na data em queo templo tinha sido profanado pelos estran-geiros, nesse mesmo dia aconteceu a suapurificao, a saber, no dia vinte e cincodaquele ms, o ms de Casleu. 6Durante oitodias, fizeram uma festa semelhante dasTendas, relembrando que, pouco tempo an-tes, haviam passado essa festa vagueandopelos montes e cavernas, como animais. 7Porisso, trazendo hastes e ramos verdes e fo-lhas de palmeiras, entoavam hinos queleque lhes estava dando a alegria de purificaro seu lugar santo. 8Depois, com um decretopblico, assumido por todos, prescreveramque toda a nao dos judeus celebraria estesdias de festa cada ano.

    9,18-29. Carta oficial de Antoco IV Epfanes para recomendar seu filho Antoco V comosucessor em contraste com o contexto narrativo, que mostra um outro Epfanes. 2323232323 planalto:a Mdia/Prsia. 2525252525 Antoco V. 10,1-8 >1Mc 4,36-61. 44444 >2Sm 24,14; 1Cr 21,13. 66666 >5,27.

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    GOVERNO DE ANTOCO V EUPTOR

    [Incios do reinado de Antoco Euptor]9Tais foram as circunstncias da morte de

    Antoco, cognominado Epfanes. 10Agora,vamos narrar os fatos ligados a Antoco Eu-ptor, o filho desse mpio, embora resumin-do os males causados por suas guerras. 11Ele,apenas tomara posse do reino, ps frentede sua administrao um certo Lsias, gover-nador e comandante supremo da Celessriae da Fencia. 12Ora, Ptolomeu, chamado Ma-cron, que havia tomado a iniciativa de tratarcom justia os judeus, a fim de reparar a in-justia cometida contra eles, esforava-se porconduzir tranquilamente todos os assuntosque se referiam a eles. 13Por esse motivo, foiacusado junto a Euptor pelos amigos do rei.De fato, a toda hora ouvia que o chamavamde traidor, pelo motivo de haver abandona-do Chipre, a qual lhe fora confiada porFilomtor. Alm disso, acusavam-no de terpassado para o lado de Antoco Epfanes. As-sim, no conseguindo mais exercer com hon-ra seu alto cargo, ps termo prpria vida,tomando veneno.

    [Grgias e as fortalezas da Idumia]14Nesse meio tempo, Grgias havia assu-

    mido o governo dessas regies. Ele manti-nha tropas mercenrias e fomentava, a cadaoportunidade, a guerra contra os judeus.15Junto com ele, os idumeus, que ocupavamfortalezas bem situadas, viviam provocandoos judeus e atiavam o clima de guerra, aco-lhendo refugiados de Jerusalm. 16Por isso,tendo feito preces pblicas, e suplicando aDeus que agisse como seu aliado, os homensdo Macabeu arremessaram-se contra as for-talezas dos idumeus. 17Tendo-as atacado vi-gorosamente, conseguiram tomar essas po-sies, repelindo todos os que lutavam decima da muralha. Mataram todos os que lhescaram nas mos, eliminando no menos devinte mil inimigos. 18Entretanto, pelo menosnove mil dentre eles conseguiram escaparpara duas torres solidamente fortificadas,

    munidos de todo o necessrio para resistir aum cerco. 19O Macabeu deixou a Simo eJos, e tambm Zaqueu com os seus homens,em nmero suficiente para manter o cerco.Ele prprio dirigiu-se a outros lugares, ondea sua presena era mais necessria. 20Os ho-mens de Simo, levados pela ganncia, dei-xaram-se corromper por alguns dos sitiadosnas torres: receberam setenta mil dracmas edeixaram que eles fugissem. 21Tendo sidolevada ao Macabeu a notcia do fato, ele reu-niu os chefes do povo e denunciou os quepor dinheiro tinham vendido seus irmos, aodeixarem escapar seus inimigos. 22Mandouexecutar os traidores e, sem mais, ocupou asduas torres. 23Sendo bem sucedido em todasas suas empreitadas militares, s nessas duasfortalezas ele exterminou mais de vinte milpessoas.

    [Judas vence Timteo e toma Gazara]24J antes derrotado pelos judeus, Tim-

    teo recrutou foras estrangeiras em grandenmero e conseguiu muitos cavalos da sia,e assim apareceu como se fosse conquistara Judia pela fora das armas. 25Enquantoele se aproximava, os homens do Macabeucobriram de terra a cabea e vestiram-se compano grosseiro, em sinal de splica a Deus.26Prostrados no degrau que fica em frentedo altar, pediram que Deus fosse favorvela eles, e se tornasse inimigo dos seus inimi-gos e adversrio dos seus adversrios, comoo declara a Lei. 27Terminada a orao, pe-garam as armas e afastaram-se bastante dacidade. Aproximando-se, porm, dos inimi-gos, mantiveram certa distncia. 28Apenascomeava a difundir-se a luz do dia, uns eoutros se lanaram luta. Uns, tendo comogarantia do sucesso e da vitria, alm dasua bravura, o recurso ao Senhor; os outros,porm, tomando o seu prprio furor comoguia dos combates. 29No auge da batalha,apareceram aos adversrios cinco guerrei-ros magnficos, vindos do cu, montadosem cavalos com rdeas de ouro, e pondo-se frente dos judeus. 30Dois deles puseram-se de cada lado do Macabeu, defendendo-o

    10,9-13 1111111111 >1Mc 3,32s; 6,17. 1212121212 >4,45. 10,14-23 1414141414 >1Mc 3,38. 1515151515 >1Mc5,3. 1818181818 >1Mc 5,4s. 10,24-38 2424242424 >1Mc 5,6s; 2Mc 8,30; 12,10.21-25. 2626262626 >Ex 23,22.

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    com suas armas e conservando-o invulne-rvel. Ao mesmo tempo, lanavam dardos eraios contra os adversrios, os quais, desnor-teados pela cegueira, dispersaram-se em to-tal confuso. 31Dessa forma foram mortosvinte mil e quinhentos soldados, alm deseiscentos cavaleiros.

    32Quanto a Timteo, conseguiu refugiar-se na fortaleza chamada Gazara, muito bemfortificada, cujo comando estava com Qu-reas. 33Os homens do Macabeu, porm, cheiosde entusiasmo, cercaram a fortaleza durantequatro dias. 34Os de dentro, confiados na se-gurana do lugar, multiplicavam as blasf-mias e proferiam palavras ofensivas. 35Aoamanhecer do quinto dia, vinte jovens dentreos soldados do Macabeu, inflamados de c-lera por causa das blasfmias, escalaramcorajosamente a muralha e com ardor fe-roz matavam quem viesse enfrent-los. 36Ou-tros, igualmente, subindo contra os sitiadospelo lado oposto, puseram fogo s torres e,provocando incncios, queimaram vivos osblasfemadores. Enquanto isso, os primeirosarrebentaram as portas e, fazendo entrar orestante do exrcito, ocuparam a cidade. 37Oprprio Timteo, escondido numa cisterna,ali foi morto, bem como seu irmo, Qu-reas, e ainda Apolfanes. 38Tendo realizadoestes feitos, bendisseram com hinos e louvo-res o Senhor, que havia feito to grande be-nefcio a Israel, concedendo a eles a vitria.

    [Primeira campanha de Lsias]

    11 1Bem pouco tempo depois, Lsias,tutor do rei e seu parente, colocado frente dos negcios do reino, no conseguiutolerar o que tinha acontecido. 2Reuniu oi-tenta mil soldados com toda a cavalaria, epartiu para atacar os judeus. Seu propsitoera transformar Jerusalm numa cidade gre-ga, 3submeter o templo ao tributo, como osoutros santurios das naes, e pr vendaanualmente o cargo de sumo sacerdote. 4Isto,porm, absolutamente no levando em con-ta o poder de Deus, mas confiando somentena multido dos seus soldados, nos milhares

    de cavaleiros e nos seus oitenta elefantes.5Tendo, pois, entrado na Judia, aproximou-se de Betsur, reduto fortificado, distante deJerusalm cerca de cinco quilmetros, e co-meou a apert-lo com o cerco. 6Quando oshomens do Macabeu souberam que Lsiasestava atacando as fortalezas, comearam asuplicar ao Senhor, entre gemidos e lgri-mas, junto com o povo, para que enviasseum anjo bom para salvar Israel. 7O prprioMacabeu foi o primeiro a empunhar as ar-mas e exortou os outros a se exporem aoperigo juntamente com ele, para levaremsocorro a seus irmos. E todos, unidos echeios de ardor, puseram-se em marcha. 8Derepente, quando ainda se encontravam pertode Jerusalm, apareceu sua frente um ca-valeiro revestido de branco, e empunhandoarmas de ouro. 9Todos, ento, unnimes,bendisseram ao Deus misericordioso. E fi-caram to animados que se sentiram capa-zes de enfrentar no s homens mas at asferas mais selvagens e mesmo muralhas deferro. 10E puseram-se a avanar, em ordemde batalha, tendo consigo esse aliado vindodo cu, pois o Senhor se mostrara misericor-dioso para com eles. 11Como lees, irrompe-ram sobre os inimigos, estendendo por terraonze mil dentre eles, alm de mil e seiscentoscavaleiros, e obrigando os outros a fugir. 12Amaior parte destes, porm, escaparam feridose sem armas. O prprio Lsias escapou fu-gindo, de maneira vergonhosa.

    [Quatro cartas referentes ao tratado de paz]13Como, porm, no era um homem insen-

    sato, e refletindo sobre a humilhao quehavia sofrido, Lsias compreendeu que osjudeus eram invencveis porque Deus, comseu poder, os auxiliava. 14Por isso, enviou-lhes uma delegao, para persuadi-los de queele concordaria com tudo o que fosse justo,e que convenceria o rei a julgar necessriotornar-se amigo deles. 15O Macabeu, pensan-do no bem comum, consentiu em tudo o queLsias propunha. De sua parte, o rei conce-deu o que o Macabeu transmitira a Lsiaspor escrito, a respeito dos judeus. 16A carta

    11,1-12 >1Mc 4,26-35. 55555 cinco quilmetros, cf. LXX: cinco esquenos; NV,incorretamente, traduz: cinco estdios. 66666 >Ex 23,20. 11,13-38 >1Mc 6,55-63.

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    escrita por Lsias aos judeus estava redigidanestes termos: Lsias ao povo dos judeus,saudaes. 17Joo e Absalo, vossos repre-sentantes, entregaram-me o documento abai-xo, suplicando em favor dos pedidos nelecontidos. 18Expus, ento, ao rei, todas as coi-sas que deviam ser-lhe apresentadas, e eleaprovou o que se podia aceitar. 19Se, portan-to, demonstrardes boa vontade para com osnegcios do Estado, tambm eu me esfor-arei, de ora em diante, por ser promotordos vossos interesses. 20Sobre esses pontose quanto aos detalhes, j instru, aos vossose meus enviados, a fim de que os discutamconvosco. 21Passai bem. No ano cento e qua-renta e oito, no dia vinte e quatro do ms deJpiter Corntio.

    22A carta do rei continha o seguinte: Orei Antoco a seu irmo Lsias, saudaes.23Depois que nosso pai se mudou para juntodos deuses, decidimos que os habitantes donosso reino possam dedicar-se ao cuidadodos prprios interesses, sem sofrerem amenor perturbao. 24A propsito, fomosinformados de que os judeus no concorda-ram com a adoo de costumes gregos, de-cidida por nosso pai. Antes, aderindo s suasinstituies, postulam que se permita a elesa observncia de suas leis. 25Desejando, pois,que tambm este povo possa viver sem agi-tao, decidimos que o templo seja devolvi-do a eles e que as coisas procedam segundoos costumes de seus antepassados. 26Por isso,fars bem enviando-lhes embaixadores quelhes dem as mos, a fim de que, sabedoresda nossa vontade, fiquem bem dispostos ese entreguem com entusiasmo recupera-o dos seus negcios. 17Por outro lado, acarta do rei ao povo foi a seguinte: O reiAntoco ao conselho dos ancios dos judeuse a todos os judeus, saudaes. 28Se passaisbem, como desejamos. Quanto a ns, tam-bm passamos bem. 29Menelau nos transmi-tiu o desejo que tendes, de voltar vossaterra para cuidar dos vossos interesses. 30Aosque regressarem, pois, at o dia trinta do msde Xntico, ser garantida a imunidade. 31Osjudeus podero servir-se de seus alimentose seguir suas leis como antes, e nenhum deles

    absolutamente ser molestado pelas faltascometidas por inadvertncia. 32O prprioMenelau o nosso enviado, para falar con-vosco. 33Passai bem. No ano cento e quaren-ta e oito, no dia quinze do ms de Xntico.

    34Tambm os romanos enviaram aos ju-deus uma carta, assim redigida: QuintoMmio, Tito Manlio e Mnio Srgio, lega-dos romanos, ao povo dos judeus, saudaes.35A respeito das coisas que Lsias, parentedo rei, vos concedeu, estamos de acordo.36Quanto s que ele julgava necessrio refe-rir ao rei, enviai-nos imediatamente algum,depois de terdes examinado a questo. As-sim poderemos exp-la ao rei como convma vs, pois estamos indo para Antioquia.37Por isso, apressai-vos em mandar algunsporta-vozes, para que tambm ns saibamosqual a vossa vontade. 38Passai bem. Noano cento e quarenta e oito, no dia quinzedo ms de Xntico.

    [Os episdios de Jope e de Jmnia]

    12 1Concludos esses acordos, Lsiasvoltou para junto do rei, enquanto osjudeus se entregavam ao cultivo da terra.2Dentre os governadores locais, porm, Ti-mteo e Apolnio, filho de Geneu, bemcomo Jernimo e Demofonte e, alm des-ses, Nicanor, o chefe dos cipriotas, no osdeixavam trabalhar em paz e sossegados.3Alm disso, os habitantes de Jope chega-ram a este cmulo de impiedade: convida-ram os judeus, que moravam na cidade, asubir, com suas mulheres e filhos, a umasbarcas preparadas por eles. Isso, como se nohouvesse qualquer m inteno escondida.4Como se tratava de resoluo pblica dacidade, os judeus aceitaram, como gente quedeseja viver em paz e sem suspeitar de nada.Chegados, porm, ao alto mar, o pessoal deJope os afundou. E eram no menos de du-zentas pessoas! 5Quando soube da cruelda-de praticada contra seus compatriotas, Judasmandou que seus homens se preparassem, einvocou a Deus, o justo juiz. 6Marchou con-tra os assassinos de seus irmos, incendioude noite o porto, queimou as barcas e pas-sou a fio de espada todos os que nelas ti-

    2121212121 Maro 164 aC. 3030303030 ms de Xntico (tb. 3333333333 e 3838383838) = maro. 12,1-9

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    nham procurado refgio. 7Como a cidadetinha fechado as portas, ele partiu, mas coma inteno de vir outra vez, e ento extirpartotalmente a populao de Jope. 8Entretan-to, Judas tomou conhecimento de que oshabitantes de Jmnia queriam proceder damesma forma contra os judeus que mora-vam entre eles. 9Caiu ento de surpresa so-bre os de Jmnia, noite, e incendiou o portocom os navios, a tal ponto que o claro doincndio foi visto at em Jerusalm, dis-tncia de quarenta e cinco quilmetros.

    [Judas em Galaad (Caspin, Crnion, Efron) e Citpolis]10Enquanto faziam a expedio contra Ti-

    mteo, depois de uma marcha de alguns qui-lmetros, pelo menos cinco mil rabes comquinhentos cavaleiros irromperam contraeles. 11O combate foi violento, mas os ho-mens de Judas levaram a melhor, com a aju-da de Deus. Ento, vencidos, os nmades pe-diram que Judas lhes estendesse a mo, eprometeram dar-lhe pastagens e ajud-lo emoutras coisas. 12Judas, percebendo que elesna verdade poderiam ser muito teis, prome-teu dar-lhes a paz. Assim, depois de daremas mos, eles retiraram-se para suas tendas.

    13Judas atacou tambm uma cidade defendi-da com trincheiras, cercada por muralhas ehabitada por gentios de todas as etnias, cujonome era Caspin. 14Os de dentro, confiandona solidez dos muros e nos alimentos que ti-nham de reserva, portavam-se de modo cadavez mais insolente para com os homens deJudas, provocando-os com maldies e blasf-mias, e soltando palavres. 15Os companheirosde Judas, ento, invocando o grande Soberanodo mundo, que sem aretes nem mquinas deguerra fez cair Jeric nos tempos de Josu,irromperam como feras contra a muralha.16Tomada a cidade por vontade de Deus, fize-ram a matanas indescritveis. Um lago vizi-nho, com quase quatrocentos metros de lar-gura, parecia transbordar, repleto de sangue.

    17Tendo-se distanciado dali uns cento equarenta quilmetros, chegaram a Craca,para se encontrarem com os judeus tubianos.

    18Quanto a Timteo, no o surpreenderamnessa regio: ele partira de l sem ter conse-guido nada, embora deixando em certo lu-gar uma guarnio muito bem equipada.19Mas Dositeu e Sospatro, que eram oficiaisdo exrcito do Macabeu, dirigiram-se paral e aniquilaram os homens deixados porTimteo na fortaleza, em nmero de maisde dez mil. 20O Macabeu, por sua vez, tendodistribudo o seu exrcito em alas, confiou-as ao comando dos dois mencionados ofi-ciais e arremeteu contra Timteo, que tinhaconsigo cento e vinte mil soldados e doismil e quinhentos cavaleiros. 21Informado daaproximao de Judas, Timteo mandouadiante as mulheres e crianas, com o res-tante das bagagens, para o lugar chamadoCrnion. Era uma fortaleza impossvel deconquistar e de acesso muito difcil, porcausa dos desfiladeiros no local. 22Logo queapareceu a primeira ala do exrcito de Judas,apoderou-se dos inimigos o medo: eles fica-ram aterrorizados por causa da presena da-quele que tudo v. Fugiram ento desabala-damente, um querendo passar frente dooutro, a ponto de serem feridos pelos pr-prios companheiros e atravessados ao fio desuas espadas. 23Judas, entretanto, perseguiu-os com veemncia, traspassando esses m-pios e acabando com cerca de trinta mildeles. 24O prprio Timteo, cado nas mosdos soldados de Dositeu e Sospatro, commuita manha ps-se a suplicar que o deixas-sem partir com vida, alegando que tinha emseu poder os pais de muitos deles, e de al-guns os irmos, os quais poderiam ficar semproteo. 25Assim, tendo ele garantido, demuitos modos, que haveria de restitu-lossos e salvos, segundo o pacto que propu-nha, deixaram-no partir, a bem da salvaode seus irmos. 26Em seguida, Judas marchoucontra o Crnion e o santurio de Atargates,onde matou vinte e cinco mil pessoas.

    27Depois de infligida essa derrota e matan-a, Judas conduziu o seu exrcito contraEfron, cidade fortificada, onde vivia uma po-pulao de diversas naes. Moos robustos,postados diante da muralha, defendiam-na

    99999 45 quilmetros, lit.: 240 estdios. 12,10-31 >1Mc 5,24-54. 1515151515 >Js 6,20. 1616161616400 metros, lit.: dois estdios. 1717171717 140 quilmetros, lit.: 750 estdios. tubianos:do distrito de Tobias, ou propriedade dos tobadas 2121212121 Crnion = Carnaim (Gol).

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    valorosamente, enquanto dentro havia gran-des reservas de mquinas e projteis. 28Mas,tendo invocado o Poderoso, que com seu po-der esmaga as foras dos inimigos, os judeustomaram a cidade e, dos que nela estavam,abateram vinte e cinco mil. 29Partindo de l,marcharam at Citpolis, distante de Jerusa-lm mais de cem quilmetros. 30Nessa cida-de, os judeus que a residiam deram teste-munho da benevolncia que seus habitantesdemonstravam para com eles e da acolhidabondosa que lhes tinham dado em momen-tos difceis. 31Por isso, Judas e os seus agra-deceram a eles e os exortaram a que conti-nuassem a mostrar-se benignos, tambm nofuturo, para com seus irmos de raa. Assim que chegaram a Jerusalm, estando j pr-xima a festa das Semanas.

    [Campanha contra Grgias e sacrifcio pelos mortos]32Depois da festa chamada Pentecostes,

    marcharam contra Grgias, governador daIdumia. 33Este saiu para enfrent-los comtrs mil soldados e quatrocentos cavaleiros.34Tendo comeado a luta, alguns dos judeuscaram mortos. 35Mas certo Dositeu, cavalei-ro do grupo de Bacenor, homem valente, con-seguiu alcanar Grgias: tendo-o agarradopelo manto, obrigava-o vigorosamente a se-gui-lo, querendo prend-lo vivo. Foi quandoum dos cavaleiros trcios, investindo contraele, amputou-lhe o ombro, e Grgias pdeescapar para Marisa. 36Entretanto, os homensde Esdrin estavam fatigados de tanto lutar.Judas ento invocou o Senhor, para que semanifestasse como seu aliado e guia no com-bate. 37A seguir, lanando o grito de guerra ecantando hinos na lngua paterna, arremes-sou-se de surpresa contra os homens de Gr-gias, obrigando-os retirada.

    38Tendo depois reunido seu exrcito, Judasatingiu a cidade de Odolam. Chegado o s-timo dia, purificaram-se conforme o costu-me, e ali mesmo celebraram o sbado. 39Nodia seguinte, como a tarefa era urgente, oshomens de Judas foram recolher os corposdos que tinham morrido na batalha, a fim desepult-los ao lado dos parentes, nos tmu-

    los de seus antepassados. 40Foi ento queencontraram, debaixo das roupas dos quetinham sucumbido, objetos consagrados aosdolos de Jmnia, coisa que a Lei probe aosjudeus. Ento ficou claro, para todos, quefoi por isso que eles morreram. 41Mas todoslouvaram a maneira de agir do Senhor, justoJuiz, que torna manifestas as coisas escon-didas. 42E puseram-se em orao, pedindoque o pecado cometido fosse completamen-te cancelado. Quanto ao valente Judas, exor-tou o povo a se conservar sem pecado, poistinham visto com os prprios olhos o queacontecera por causa do pecado dos quehaviam sido mortos. 43Depois, tendo organi-zado uma coleta individual, que chegou aperto de duas mil dracmas de prata, enviou-as a Jerusalm, a fim de que se oferecesseum sacrifcio pelo pecado: agiu assim, pen-sando muito bem e nobremente sobre a res-surreio. 44De fato, se ele no tivesse espe-rana na ressurreio dos que tinham mor-rido na batalha, seria suprfluo e vo orarpelos mortos. 45Mas, considerando que umtimo dom da graa de Deus est reservadopara o que adormecem piedosamente namorte, era santo e piedoso o seu modo depensar. Eis por que mandou fazer o sacri-fcio expiatrio pelos falecidos, a fim de quefossem absolvidos do seu pecado.

    [Campanha de Antoco V e de Lsias. Morte de Menelau]

    13 1No ano cento e quarenta e nove, che-gou aos homens de Judas a notciade que Antoco Euptor estava vindo contraa Judia frente de uma multido. 2E queLsias, seu tutor e primeiro ministro, vinhacom ele, dispondo, ambos, de um exrcitogrego de cento e dez mil soldados, cinco mile trezentos cavaleiros, vinte e dois elefantese, ainda, trezentos carros armados de foices.3A eles veio juntar-se Menelau, o qual, commuita dissimulao, ps-se a aconselharAntoco. Isto, porm, no pela salvao desua ptria, mas esperando conseguir o po-der. 4Entretanto, o Rei dos reis excitou con-tra o celerado a averso de Antoco, quandoLsias mostrou que era Menelau o causador

    2929292929 100 quilmetros, lit.: 600 estdios. 12,32-45. 3232323232 >10,14. 4040404040 >Dt 7,25. 13,1-8 >1Mc 6,28-30.

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    de todas as desgraas. Por isso o rei mandouque o conduzissem at Beria e l o matas-sem, segundo o costume do lugar. 5Havia aliuma torre de cinqenta cvados de altura,cheia de cinza, provida de um instrumentogiratrio que de ambos os lados fazia preci-pitar na cinza. 6 ali que fazem subir o cul-pado de roubo sacrlego, ou de alguns ou-tros crimes mais graves, e dali o precipitampara a morte. 7Com tal lei esse prevaricadorda Lei, Menelau, veio a morrer, sem recebernem mesmo a terra da sepultura. 8Isso eramuito justo, pois ele havia cometido muitospecados contra o altar, cujo fogo e cinza sopuros. E na cinza ele encontrou a morte.

    [Preces e vitria perto de Modin]9Aproximava-se, pois, o rei, feito um br-

    baro em seus sentimentos, pretendendo fa-zer os judeus verem coisas ainda piores queas acontecidas no tempo de seu pai. 10Cientedisso, Judas conclamou o povo a invocar oSenhor dia e noite, para que, como das ou-tras vezes, tambm agora viesse em seu so-corro. 11Eles estavam correndo o perigo deserem privados da Lei, da ptria e do templosagrado. Que o Senhor, porm, no permi-tisse que seu povo, mal comeando a reco-brar alento, se tornasse presa de naes blas-femas. 12Todos unanimemente o fizeram,suplicando ao Senhor misericordioso por trsdias contnuos, com lamentos, jejuns e pros-traes. Depois, encorajando-os, Judas dis-se que eles deviam manter-se preparados.13Ele, porm, tendo-se reunido parte comos ancios, resolveu sair para a luta, entre-gando a coisa ao auxlio de Deus, sem espe-rar que o exrcito do rei invadisse a Judia eacabasse tomando a cidade. 14Por isso, con-fiando o resultado ao Criador do mundo,exortou seus companheiros a lutarem valen-temente, at a morte, pelas leis, pelo tem-plo, pela cidade, pela ptria, pelas institui-es. Em seguida, acampou perto de Modin.15 noite, tendo combinado com os compa-nheiros a senha Vitria de Deus, Judas ata-cou o acampamento inimigo, investindo con-tra a tenda real, ele com alguns jovens esco-

    lhidos entre os mais valentes. Matou cercade dois mil homens e abateu o maior dos ele-fantes, junto com o soldado que estava naguarita em cima. 16Enfim, tendo enchido oacampamento de terror e confuso, retira-ram-se bem sucedidos. 17J comeando araiar o dia, a faanha estava feita, graas ajuda do Senhor para com Judas.

    [Antoco V faz acordo com os judeus]18Depois de experimentar essa amostra da

    audcia dos judeus, o rei tentou, com artif-cios, apoderar-se das suas posies. 19Diri-giu-se ento contra Betsur, poderosa forta-leza dos judeus, mas foi vrias vezes repeli-do, derrotado, dizimado. 20Enquanto isso,Judas conseguia fazer chegar, aos que esta-vam na fortaleza, o que lhes era necessrio.21Entretanto, um certo Rdoco, pertencenteao exrcito judeu, estava passando os segre-dos de guerra para os inimigos. Por isso foiprocurado, detido, executado. 22Pela segun-da vez, o rei fez uma proposta aos que esta-vam em Betsur: ofereceu a paz, aceitou suascondies, retirou-se. Teve ainda um recontrocom os soldados de Judas, mas levou a pior.23Soube, depois, que Filipe, deixado frentedos negcios do reino, havia-se rebelado emAntioquia. Desnorteado, entrou em negocia-es com os judeus, concordou com as con-dies deles e prestou juramento sobre todasas clusulas que eram justas. Reconciliado,chegou a oferecer um sacrifcio, honrou otemplo e demonstrou benevolncia para como lugar santo. 24Deu audincia ao Macabeue deixou Hegemnida como governador daregio que vai de Ptolemaida at a terra dosgerrnios. 25Em seguida, foi para Ptolemai-da. Os habitantes da cidade andavam mani-festando o seu descontentamento por causados tratados de amizade com os judeus e que-riam, sumamente irritados, anular os acor-dos. 26Foi quando Lsias subiu frente dotribunal, exps as razes convincentemente,persuadiu, acalmou, conseguiu tra