2007.a.avaliação de custos da gerência de bioengenharia

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  81  A VAL IAÇÃ O DE CUSTOS DA GERÊNCIA DE B IOENGENHARIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA Daniel Baldoino de Souza 1  Roberto Costa Moraes 2 RESUMO  A imagem dos hosp itais brasileiros está sendo associ ada diretame nte com a qualidade da assistência médica prestada, influenciando abertamente em seu share de mercado. Essa relação está ligada à complexidade dos equipamentos do hospital, podendo ainda se estender à infra-estrutura hospitalar. No que tange à gestão de um hospital, pouco se conhece sobre a influência de um serviço de apoio de manutenção hospitalar bem estruturado na relação de custos da instituição. Por isso, este trabalho teve por objetivo analisar os custos de manutenção do Hospital de Clínicas de Uberlândia antes e após a implantação da Gerência de Bioengenharia. Entre os resultados alcançados pela Gerência de Bioengenharia estão a implementação de indicadores de produção, centralização dos custos de manutenção, maior confiabilidade nos equipamentos eletromédicos, redução significativa dos custos de manutenção, além de estimular os funcionários do setor a buscar capacitação profissional. Tais resultados comprovam a importância do apoio da Direção do Hospital em estimular mudanças bem estruturadas, realizando assim uma gestão de qualidade com objetivos bem definidos. Palavras-chave:  custos, engenharia clínica, engenharia hospitalar, bioengenharia INTRODUÇÃO  Atualmente, a imagem dos hospitais brasileiros está sendo associada diretamente com a qualidade da assistência médica prestada, influenciando abertamente em seu share de mercado. Essa relação está ligada à complexidade dos equipamentos do hospital, podendo ainda se estender à infra-estrutura hospitala r (ANTUNES et al., 2002).  A necessidade de garantir a utilização de equipamento s médicos hospitalares dentro de padrões mínimos de segurança, tanto para pacientes quanto para os profissionais de saúde,  é uma prática exigida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Assim, as instituições de saúde devem garantir rotinas de calibração, manutenção preventiva e corretiva, além da realização de testes de segurança elétrica e de desempenho conforme normas vigentes (BRASIL, 2004). Com essas exigências, cria-se um imperativo para as instituições de saúde: devem possuir ou contratar um serviço de apoio em manutenção que forneça todos os relatórios e informações solicitadas pelos órgãos de apoio à qualidade, devendo a clínica avaliar a relação custo/benefício entre terceirizar a manutenção ou implantá-la internamente (BRASIL, 2002). Uma das maneiras de simplificar o cálculo do custo de implantação e 1  Pós-Graduação em Engenharia de Telecomunicações, Engenheiro Clínico da Gerência de Bioengenharia do Hospital de Clínicas de Uberlândia. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Administração, Professor da Universi dade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]  Interseção, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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Custo engenharia clínica

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    AVALIAO DE CUSTOS DA GERNCIA DE BIOENGENHARIA DO HOSPITAL DE CLNICAS DE UBERLNDIA

    Daniel Baldoino de Souza1

    Roberto Costa Moraes2

    RESUMO A imagem dos hospitais brasileiros est sendo associada diretamente com a qualidade da assistncia mdica prestada, influenciando abertamente em seu share de mercado. Essa relao est ligada complexidade dos equipamentos do hospital, podendo ainda se estender infra-estrutura hospitalar. No que tange gesto de um hospital, pouco se conhece sobre a influncia de um servio de apoio de manuteno hospitalar bem estruturado na relao de custos da instituio. Por isso, este trabalho teve por objetivo analisar os custos de manuteno do Hospital de Clnicas de Uberlndia antes e aps a implantao da Gerncia de Bioengenharia. Entre os resultados alcanados pela Gerncia de Bioengenharia esto a implementao de indicadores de produo, centralizao dos custos de manuteno, maior confiabilidade nos equipamentos eletromdicos, reduo significativa dos custos de manuteno, alm de estimular os funcionrios do setor a buscar capacitao profissional. Tais resultados comprovam a importncia do apoio da Direo do Hospital em estimular mudanas bem estruturadas, realizando assim uma gesto de qualidade com objetivos bem definidos.

    Palavras-chave: custos, engenharia clnica, engenharia hospitalar, bioengenharia INTRODUO Atualmente, a imagem dos hospitais brasileiros est sendo associada diretamente com a

    qualidade da assistncia mdica prestada, influenciando abertamente em seu share de

    mercado. Essa relao est ligada complexidade dos equipamentos do hospital, podendo

    ainda se estender infra-estrutura hospitalar (ANTUNES et al., 2002).

    A necessidade de garantir a utilizao de equipamentos mdicos hospitalares dentro de

    padres mnimos de segurana, tanto para pacientes quanto para os profissionais de sade,

    j uma prtica exigida pela Organizao Nacional de Acreditao (ONA). Assim, as

    instituies de sade devem garantir rotinas de calibrao, manuteno preventiva e

    corretiva, alm da realizao de testes de segurana eltrica e de desempenho conforme

    normas vigentes (BRASIL, 2004).

    Com essas exigncias, cria-se um imperativo para as instituies de sade: devem possuir

    ou contratar um servio de apoio em manuteno que fornea todos os relatrios e

    informaes solicitadas pelos rgos de apoio qualidade, devendo a clnica avaliar a

    relao custo/benefcio entre terceirizar a manuteno ou implant-la internamente

    (BRASIL, 2002). Uma das maneiras de simplificar o clculo do custo de implantao e 1 Ps-Graduao em Engenharia de Telecomunicaes, Engenheiro Clnico da Gerncia de Bioengenharia do Hospital de Clnicas de Uberlndia. E-mail: [email protected] em Administrao, Professor da Universidade Federal de Uberlndia. E-mail: [email protected]

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    manuteno do grupo, e de facilitar a apresentao de relatrios, enquadrar cada um dos

    pontos em duas classes, ou seja, itens de custo varivel e itens de custo fixo.

    Diante disso, este trabalho prope-se a demonstrar a influncia da Gerncia de

    Bioengenharia (GB) na relao de custos do Hospital de Clnicas de Uberlndia da

    Universidade Federal de Uberlndia (HCU/UFU), mostrando sua evoluo de 2001 at

    2006. Assim, investiga-se se a GB, por meio dos servios tcnicos prestados, desde o

    transporte de mveis entre clnicas at a manuteno de equipamentos de Raios-x, contribui

    para a reduo de custos deste hospital.

    No que tange gesto de um hospital, pouco se conhece sobre a influncia de um servio

    de apoio de manuteno hospitalar bem estruturado na relao de custos da instituio. Por

    isso, este trabalho visa a demonstrar um caso real de gesto de manuteno, podendo ser

    utilizado como referncia para outras instituies.

    De outra forma, essas medidas, sendo conduzidas com a eficincia adequada podem

    proporcionar uma sobra de recursos ou reserva financeira que pode ser direcionada para o

    foco do negcio hospital: a prestao de servios de sade comunidade.

    Assim, a relevncia deste tema est diretamente relacionada com a questo da

    possibilidade de uma reduo significativa (pelo menos de maneira aparente) nos custos

    operacionais, viabilizando uma melhor administrao hospitalar, o que requer, desta forma,

    uma avaliao mais aprofundada.

    Com isso, formula-se como hiptese principal o fato de que os servios tcnicos prestados

    pela gerncia de bioengenharia promovem uma reduo significativa nos custos

    operacionais do HCU. Existem alguns fatores que direta ou indiretamente podem influenciar

    no resultado dessa hiptese. O primeiro desses fatores o apoio da direo, visto que a

    terceirizao j estava implantada e a inverso do processo, necessariamente, precisa do

    apoio dos diretores devido s presses dos fornecedores em no prover treinamentos e

    manuais tcnicos nos processos de compra (inviabilizando a formao da equipe tcnica).

    Um segundo fator o envolvimento da equipe em todas as fases do processo. Caso isso

    no ocorresse, todo o processo seria prejudicado. Esses funcionrios exerciam apenas

    atividades administrativas e tecnicamente no estavam capacitados. Assim, a capacitao

    se deu de maneira que todos retomassem seus estudos, terminando cursos tcnicos, em

    escolas reconhecidas pelo Ministrio da Educao.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    O terceiro fator que influencia diretamente no resultado desse estudo a disponibilidade de

    recursos para implantao do processo. notrio que, para conseguir o retorno esperado,

    deve-se realizar investimento em treinamento do pessoal interno, contratao de pessoal

    especializado, aquisio de equipamentos e ferramentas prprias.

    Para o desencadeamento da pesquisa, formulou-se como objetivo geral analisar os custos

    de manuteno do Hospital de Clnicas de Uberlndia antes e aps a implantao da GB, e

    como objetivos especficos: identificar a importncia do apoio da Direo do HCU na

    obteno do resultado esperado; verificar o aprimoramento dos profissionais j existentes no

    setor ao longo da evoluo do processo; e, estimar quantitativamente a contribuio da GB

    para o HCU.

    DESENVOLVIMENTO ASPECTOS TERICOS

    As instituies de sade, assim como o prprio sistema de sade, de maneira geral tm

    apresentado, no ltimo sculo, uma dependncia crescente e contnua em relao s novas

    tecnologias mdicas (RAMREZ, 2002). Isso traz para discusso a questo da terceirizao

    do setor de Engenharia Clnica (EC) cujo procedimento vem sendo adotado por diversas

    instituies hospitalares, funcionando como um processo alternativo para as unidades

    realizarem o gerenciamento de seus recursos tecnolgicos quando a mesma no possui um

    setor prprio para isso (GOMES; DALCOL, 2001).

    A EC possibilita a reduo de custos e ainda melhora a eficcia de procedimentos

    relacionados com tecnologia em sade, alm de trazer consigo a questo da melhoria

    contnua da qualidade dos servios prestados (RAMREZ, 2002). Mas deve ser

    recomendado que a reduo de custos no prejudique a qualidade no atendimento

    fornecido, mas sim altere os processos de forma a torn-los menos onerosos e mais

    otimizados (GOMES; DALCOL, 2001).

    Quando se fala em qualidade, vrias definies podem ser analisadas. Crosby (1994) afirma

    que a qualidade a conformidade com os requisitos, ou seja, as caractersticas

    cuidadosamente analisadas e detalhadas que definem o trabalho.

    O termo qualidade poderia ser descrito tambm como o ato de satisfazer os clientes de uma

    organizao. Conforme descrio de Deming (1990), a qualidade deve ser entendida como

    atendimento s necessidades atuais e futuras do consumidor. O autor acredita que as

    empresas devem compreender e oferecer produtos que satisfaam as necessidades dos

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    clientes. proposto tambm, por este autor, um direcionamento empresarial voltado para a

    melhoria da qualidade atravs do controle dos processos produtivos.

    Desta forma, a EC procura associar uma busca constante da qualidade com a reduo dos

    custos hospitalares. Assim, como demonstrado por Gomes e Dalcol (2001), e tambm por

    Ramrez (2002), o programa de gerncia de equipamentos eletromdicos abrange as

    seguintes etapas:

    1 aquisio: anlise da viabilidade, especificao e do planejamento da aquisio;

    2 instalao: layout e estrutura para o correto funcionamento;

    3 treinamento: capacitao de operadores para a utilizao;

    4 manuteno: continuidade e confiabilidade na operao;

    5 resultado: avaliao do desempenho e da real eficincia.

    O que se pode verificar a tendncia de levar-se em conta a confiabilidade e a facilidade de

    manuteno do sistema, servio ou equipamento ao projet-lo, visto que os sistemas de

    produo esto cada vez mais complexos e interdependentes (COUTO et al., 2003).

    Os programas de manuteno preventiva e calibrao de equipamentos eletromdicos so

    executados para diminuir a ocorrncia de eventos perigosos, porm, no existe um modelo

    de gerenciamento especfico que aborde tais problemas de maneira abrangente, envolvendo

    as diversas questes de segurana (FLORENCE; CALIL, 2006).

    Webster e Cook (1979 apud COUTO et al. 2003), relata que a manuteno preventiva, at

    1979, somente era praticada em indstrias, e que nos hospitais era realizada apenas em

    equipamentos como caldeiras e ar-condicionado. Ento, essas novas rotinas de

    atendimento nas manutenes vo ao encontro das necessidades de reduzir o tempo de

    atendimento e custos.

    Para garantir a qualidade nos servios de manuteno realizados pelo prprio HCU/UFU,

    deve-se levar em conta a questo de investimento, conforme Ramrez (2002), atravs da

    aquisio de ferramentas, compra de equipamentos de teste para calibrar e testar, aquisio

    dos manuais de servio e de operao, alm dos treinamentos para qualificao da equipe

    tcnica. Estes pontos tambm foram levantados pelo Device Bulletin (2006), publicao do Departamento de Sade do Reino Unido, onde apresentada no quadro resumo (QUADRO

    1) das comparaes entre a manuteno interna e a manuteno externa dos

    equipamentos.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    QUADRO 1 Comparao entre manuteno interna e manuteno externa de uma Unidade de Sade

    referente Engenharia Clnica TIPOS VANTAGENS DESVANTAGENS

    Manuteno Externa

    Custos previsveis; Possibilidade de especificar

    tempo de resposta; Possvel especificar tempo de

    quebra do equipamento.

    Dificuldade em realizar uma resposta rpida em situaes de emergncia, ou em caso de equipamentos com alto ndice de quebra;

    Equipamento pode precisar ser enviado para fora da instituio para reparo ou servio;

    Emprstimo de equipamento pode ser necessrio.

    Manuteno Interna

    Resposta rpida em caso de quebra;

    Curto espao de tempo at o local de reparo;

    Pode representar um menor custo para um dado nvel de servio.

    Dificuldade em manter estoque de peas para substituio, devido variedade de equipamentos;

    Ferramentas e equipamentos especficos podem no estar disponveis;

    Custo de treinamento de especialista pode ser alto

    Fornecedores podem criar dificuldades para fornecer os treinamentos.

    Com a manuteno externa, tem-se a vantagem de realizar a previso de custos, tempo de

    resposta e tempo de quebra de equipamento. Contudo, o tempo de resposta a uma

    necessidade urgente alto. J a manuteno interna permite uma resposta rpida ao

    chamado com um menor custo por atendimento, mas apresenta dificuldades em manter

    estoque mnimo de peas, ferramentas e treinamento da equipe interna. Os fornecedores

    tambm criam dificuldades em fornecer os treinamentos tcnicos e os manuais tcnicos.

    O custo da manuteno tem papel importante quando da substituio de partes ou peas de

    equipamentos. Pode-se tentar recorrer por componentes no originais trazendo um prejuzo

    muito grande tanto para o operador do equipamento quanto para o paciente. Alm de ser

    um risco direto por meio de uma possvel falha, ou de um pequeno choque, representando

    em alguns casos um diagnstico no confivel. Estes pontos tambm foram levantados pelo

    Device Bulletin (2006), servindo de recomendao para os profissionais de sade

    acompanhar de perto a manuteno de seus equipamentos, seja ela realizada internamente

    ou por empresa contratada. Existem relatos de que o custo de manuteno dos

    equipamentos varia em torno de 10% do custo de aquisio do equipamento anualmente

    (VIEIRA; IANISKI, 2000).

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    METODOLOGIA Trata-se de um estudo quantitativo, documental, onde foi realizado um exaustivo

    levantamento de dados por meio da anlise de relatrios e documentos referentes ao

    perodo de 2001 a 2006, arquivados na Gerncia de Bioengenharia (GB) do HCU e na

    Fundao Assistncia, Estudo e Pesquisa de Uberlndia (FAEPU).

    Dentre estes, foram verificados os cadernos de controle existentes na secretaria e no

    almoxarifado da GB, controles de cadastro de pessoal e os contratos de prestao de

    servio da FAEPU. Alm disso, obtiveram-se informaes do software Sistema de

    Gerenciamento de Equipamentos (SGE). Os dados obtidos abrangeram custos e servios e

    foram analisados de acordo com a estatstica descritiva.

    RESULTADOS E DISCUSSO Por meio do levantamento realizado junto GB, foram identificados pontos importantes no

    que tange gesto de um setor de manuteno e, que, at ento so ainda pouco

    difundidos na rea hospitalar, como pode ser verificado por meio de um nmero reduzido de

    trabalhos publicados na rea. E todos os parmetros analisados, dentre eles a quantidade

    de servios, os custos de contratos e os custos de recursos humanos, so importantes, pois

    auxiliam no controle da qualidade na prestao do servio.

    Para facilitar o entendimento, os resultados encontrados foram divididos em dois grupos:

    servios e custos. Os servios incluem a quantidade de pedidos de servio de manuteno

    realizados, enquanto que os custos referem-se quantidade de recursos gastos para

    executar os servios, seja financeiro, material ou humano.

    1. Servios De imediato implantao da GB foi desenvolvida uma forma de registrar a produo do

    setor de manuteno. Esse registro tem seu incio a partir do desenvolvimento de um

    software por onde os setores, no ambiente da intranet do hospital, preenchem um pedido de

    servio de manuteno (PSM). O PSM at ento era feito de forma manual e nem todo

    servio realizado possua um PSM, impossibilitando o controle dos mesmos.

    Desta forma, foi feito um acompanhamento dos servios realizados pela equipe da

    Bioengenharia (manuteno realizada internamente ao HCU), e dos servios realizadas por

    empresas terceiras ou contratadas (manuteno realizada externamente). Esses valores

    esto apresentados no quadro 2 como uma evoluo mdia mensal dos servios realizados

    pela GB no perodo de 2001 a 2006. Portanto, somou-se a quantidade de servios

    realizados ao ms e dividiu-se pela quantidade de meses referente ao ano analisado. Com

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    exceo do ano de 2006 (perodo no qual a anlise foi feita nos primeiros nove meses), os

    demais anos foram realizadas mdias dos 12 meses.

    QUADRO 2 Quantidades Mdias Mensais de Servios de Manuteno Realizados

    no HCU no perodo de 2001 a 2006

    ANO MANUTENO INTERNA MANUTENO

    EXTERNA TOTAL

    2001 510,08 202,25 712,33 2002 1056,25 190,92 1247,17 2003 1266,83 127,17 1394,00 2004 1229,75 98,17 1327,92 2005 1529,50 116,33 1645,83 2006* 1607,11 120,78 1727,89

    *Valores contabilizados at o ms de setembro/2006.

    O nmero de servios enviados para empresas terceirizadas e contratadas (manuteno

    externa) tem reduzido significativamente (QUADRO 2). Em 2001, quase 29,0% do total de

    servios era realizado por empresas externas. Este nmero em valores absolutos era na

    mdia pouco maior que 202 servios/ms. Diminuiu de maneira significativa, em torno de

    15,0% (190 servios/ms) em 2002, chegando em 2006 com quase 7,0% (aproximadamente

    121 servios/ms) do total de servios realizados. Quando comparados os nmeros

    absolutos, mesmo com a ampliao do parque tecnolgico e com o recebimento pelo HCU

    da classificao de alta complexidade, alm do aumento da idade mdia dos equipamentos,

    ocorreu uma reduo de aproximadamente 40,0% no envio de equipamentos para contratos

    e terceiros.

    Outro ponto analisado foi a comparao de servios realizados das manutenes

    preventivas e corretivas. O quadro 3 apresenta a evoluo mensal dos servios de

    preventiva realizados pela GB (estes valores so mdias dos 12 meses do respectivo ano).

    A evoluo das preventivas ocorreu a partir da criao dos Procedimentos Operacionais

    Padro (POPs) dos equipamentos. Neste caso foram criadas rotinas quinzenais, mensais,

    semestrais, anuais ou de acordo com as necessidades de cada equipamento conforme

    indicado em manual operacional ou em norma especfica.

    O quadro 3 representa um fator que vem contribuir para a qualidade no atendimento da

    Instituio. No perodo de 2001 at 2003, no eram realizadas manutenes preventivas

    nos equipamentos. A partir de 2004 iniciou-se a elaborao de Procedimentos Operacionais

    Padres (POPs) com a finalidade de auxiliar os tcnicos a realizarem as manutenes

    preventivas dos equipamentos de maior nvel crtico, ou seja, aqueles ligados diretamente

    com a vida do paciente como ventiladores mecnicos e bisturis, por exemplo, acordando

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    assim com Lima (2006) que ajusta a periodicidade conforme varia a mdia de tempo entre

    falhas do equipamento (Mean Time Between Fail (MTBF)).

    QUADRO 3 Quantidades Mdias Mensais de Servios de Manuteno

    realizados no perodo de 2001 a 2006

    ANO MANUTENO CORRETIVA MANUTENO PREVENTIVA TOTAL

    2001 712,33 - 712,33 2002 1247,17 - 1247,17 2003 1394,00 - 1394,00 2004 1105,92 222,00 1327,92 2005 1153,33 492,50 1645,83 2006* 1217,33 510,56 1727,89

    *Valores contabilizados at o ms de setembro/2006.

    Assim, em 2004, cerca de 16,0% dos servios executados referiam-se as manutenes

    preventivas. Em 2005, esse nmero subiu para 29,9% e em 2006, at o ms de setembro,

    este nmero estava em torno de 29,0% (valores em mdia/ms). Essa estabilizao

    ocorreu, pois o SGE no liberou por dois meses (junho/julho de 2006) seguidos os Pedidos

    de Servio de Manuteno (PSMs) para as preventivas (por uma falha no sistema). Mas

    avaliando em nmeros absolutos, em 2006, na mdia mensal, foi realizado um maior

    nmero de manutenes preventivas, 510 em 2006 versus 492 em 2005 (QUADRO 3).

    Verifica-se que a quantidade mensal de manuteno corretiva em 2006 est 12,7% menor

    do que a apresentada em 2003 (na mdia de servio/ms, 1394 servios em 2003 versus

    1217,33 em 2006). O nmero de corretivas diminuiu mesmo aps um maior controle sobre o

    preenchimento de PSMs para a realizao dos servios. Isto pode demonstrar um efeito

    positivo das manutenes preventivas sobre os servios realizados. Cabe dizer, que um dos

    objetivos da GB realizar um maior nmero de manutenes preventivas em detrimento s

    manutenes corretivas.

    importante lembrar que as manutenes preventivas podem diminuir o tempo de parada

    de um equipamento. Quando o equipamento fica avariado, tem-se o prejuzo de um exame

    que no ir ser completado (quebra durante um procedimento), ou que os resultados no

    so confiveis (equipamento apresentando falhas intermitentes ou mesmo funcionando de

    maneira debilitada), ou os exames sero adiados, pois no se sabe em quanto tempo o

    equipamento voltar a funcionar. Assim, as preventivas tm paradas agendadas e previstas,

    no interferindo nos exames e procedimentos, promovendo um aumento da vida til do

    equipamento permitindo uma maior confiabilidade nos resultados apresentados.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    Portanto, atualmente, com a necessidade de executar o controle de qualidade, a EC

    necessita cada vez mais de informaes contnuas, padronizadas e eficientes para

    maximizar a eficcia de uso dos equipamentos (GUEDERT; GARCIA, 2006). Tem-se, assim,

    a necessidade de realizar um trabalho de conscientizao junto aos agentes de manuteno

    da importncia de manter os histricos dos equipamentos atualizados (MORAIS, 2004).

    Com relao manuteno por terceiros (contratos e terceiros propriamente ditos) verifica-

    se uma queda no nmero de manutenes realizadas nos primeiros trs anos de GB (2001

    a 2003). Nos anos seguintes, observa-se uma estabilizao nas manutenes realizadas

    por terceiros. Essa estabilizao ocorre pelo fato de equipamentos complexos como

    tomgrafos e ecocardigrafos, por exemplo, apresentarem tecnologias complexas e

    fechadas impossibilitando a manuteno por uma equipe interna.

    Os quadros 2 e 3 ainda demonstram um nmero crescente dos servios realizados. Isto

    decorre devido ao maior controle das atividades realizadas atravs do uso do software

    (SGE), alm das normas da GB de realizar servios apenas com PSMs encaminhados pelas

    clnicas.

    2. Custos Depois de apresentados os indicadores de servios realizados, ser demonstrado um

    levantamento relativo aos custos da GB. Para isso, trabalhou-se com: contratos, pedidos de

    manuteno de terceiros (PMTs), solicitao de despesas (SDEs), almoxarifado interno da

    GB, alm dos recursos humanos (RH). Alguns desses indicadores de custo tiveram seu

    levantamento realizado apenas a partir de maro de 2003 e seu fechamento em setembro

    de 2006.

    2.1 Custos Gerais Os valores gastos com as SDEs incluem treinamentos tcnicos, pagamento de contratos,

    compra de peas e outras despesas do setor. As SDEs so solicitadas quando j se tem

    uma nota a ser paga, ou compromissos que exigem menor tempo de pagamento. Os gastos

    de SDEs foram extrados do caderno de acompanhamento localizado na secretaria da GB e

    esto apresentados no quadro 4.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    QUADRO 4 Controle das Solicitaes de Despesas (SDEs) realizado pela

    Gerncia de Bioengenharia no perodo de 2003 a 2006 ANO TOTAL PARCIAL (R$) MDIA MENSAL (R$) TOTAL*** (R$) 2003* 187.045,83 18.704,58 224.455,00 2004 176.954,08 14.746,17 176.954,08 2005 251.898,90 20.991,58 251.898,90

    2006** 186.912,16 20.768,02 249.216,21 *Dados coletados a partir de maro/2003. **Dados coletados at setembro/2006. ***Mdia mensal multiplicada por 12.

    J em relao aos PMTs tem-se relevante participao nos custos do setor. Aqui esto

    inclusos os gastos com peas de carter preventivo, ou de peas cuja compra pode ser

    programada (por exemplo, para o ms seguinte) sem prejuzo para a instituio (prejuzo no

    sentido de previsibilidade). Os pedidos de PMTs so realizados mediante emisso de

    oramentos. O quadro 5 apresenta o acompanhamento desses gastos. Os gastos de PMTs

    foram extrados do caderno de acompanhamento localizado na secretaria da GB.

    Alm das despesas com PMTs e SDEs existem ainda peas adquiridas pelo almoxarifado

    da GB. Quando as compras so realizadas pelo almoxarifado, o pedido de compra vai direto

    para a Diretoria Financeira do HCU, no sendo necessrio o preenchimento de PMTs e

    SDEs. O quadro 6 apresenta os custos do almoxarifado. Os dados de gastos do

    almoxarifado foram recolhidos no caderno de acompanhamento localizado no prprio setor.

    QUADRO 5

    Controle das Solicitaes de Despesas PMTs realizado pela Gerncia de Bioengenharia no perodo de 2003 a 2006

    ANO TOTAL PARCIAL (R$) MDIA MENSAL

    (R$) TOTAL***

    (R$) 2003* 192.290,54 19.229,05 230.748,65 2004 208.180,45 17.348,45 208.180,45 2005 506.976,59 42.248,05 506.976,59

    2006** 457.122,18 50.791,35 609.496,24 *Dados coletados a partir de Maro/2003. **Dados coletados at Setembro/2006. ***Mdia mensal multiplicada por 12. Os dados de almoxarifado, SDEs e PMTs esto todos registrados no SGE. A preferncia

    pela obteno desses dados nos respectivos cadernos de controle (localizados no

    almoxarifado e secretria respectivamente) deve-se ao fato de que os dois primeiros anos

    de implantao do software terem sofrido alteraes para correo de erros, sendo esses

    corrigidos em 2006.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 91

    QUADRO 6 Controle de Custos do Almoxarifado da Gerncia de

    Bioengenharia no perodo de 2003 a 2006

    ANO TOTAL PARCIAL (R$) MDIA / MS

    (R$) TOTAL***

    (R$) 2003* 276.749,34 27.674,93 322.099,16 2004 415.379,75 34.614,98 415.379,75 2005 598.870,93 49.905,91 598.870,93

    2006** 460.613,28 51.179,25 614.151,00 *Dados coletados a partir de Maro/2003. **Dados coletados at Setembro/2006. ***Mdia mensal multiplicada por 12.

    Os quadros 4, 5 e 6 representam os custos internos da GB referentes aquisio de peas

    ou componentes eletrnicos, alm de equipamentos, como analisadores de segurana ou

    de calibrao, utilizados em manuteno preventiva. Esses custos, juntamente com

    contratos e recursos humanos, iro compor o custo total do setor de manuteno sendo por

    isso apresentados.

    2.2 Custos Contratos Para garantir uma comparao de custos com a presena e com a ausncia da GB,

    medida que o contrato no era renovado, foi aplicado o ndice geral de preo de mercado

    (IGP-M) para corrigir o valor do contrato com as empresas. Desta forma foi possvel estimar

    para quanto iria esse valor de contrato, caso o HCU ainda o mantivesse. O IGP-M foi

    escolhido, pois nos contratos esse era o primeiro ndice utilizado para renovao de valor.

    Os valores do IGP-M de 2001 at 2005 aplicados esto apresentados na quadro 7.

    QUADRO 7

    ndice geral de preo de mercado (IGP-M), perodo 2001-2005

    ANO % 2001 10,372002 25,302003 8,692004 12,422005 1,21

    Fonte: http://www.portalbrasil.eti.br/igpm.htm , Acessado em 27

    dez. 2006.

    Desta forma, realizou-se um comparativo de gastos da GB incluindo: custo sem a GB; custo

    com a GB; economia acumulada ms; e, economia acumulada total. Para facilitar a anlise

    foi divido os contratos em trs grupos: gerais; de imagem e radiao; e, de gases.

    Os quadros 8, 9 e 10 apresentam os custos com contratos. Esses valores foram extrados

    do arquivo da GB, que foram encaminhados pela Diretoria Financeira do HCU. Os valores

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 92

    totais pagos, s empresas contratadas, so representados como valores anuais e valores

    mdios mensais. Os contratos foram divididos em trs grupos.

    O primeiro deles refere-se equipamentos comuns, como eletrocardigrafo, monitores

    multiparmetros entre outros sendo denominado por contratos gerais (QUADRO 8).

    QUADRO 8

    Levantamento dos Custos dos Contratos Gerais realizados pelo HCU, no perodo de 2001 a 2006

    ANOS CONTRATOS GERAIS

    TOTAL (R$) MDIA / MS(R$) 2001 339.560,80 31.495,60 2002 367.516,40 34.462,70 2003 118.716,29 14.113,02 2004 44.184,78 4.496,23 2005 83.101,32 6.968,44 2006 87.871,23 7.492,60

    Fonte: Diretoria Financeira do HCU.

    O segundo grupo inclui os equipamentos de Raios-x, tomografia, ultra-sonografia entre

    outros contratos de imagem e radiao (QUADRO 9).

    QUADRO 9 Levantamento dos Custos dos Contratos de Radiao e Imagens realizados pelo HCU,

    no perodo de 2001 a 2006 ANOS CONTRATO IMAGEM E RADIAO

    TOTAL (R$) MDIA / MS (R$) 2001 137.502,36 11.458,53 2002 163.444,08 13.620,34 2003 249.600,96 20.800,08 2004 287.811,06 23.984,26 2005 282.200,48 23.516,71 2006 225.305,76 18.775,48

    Fonte: Diretoria Financeira do HCU.

    O terceiro grupo de contratos refere-se a toda a rea de gases do Hospital de Clnicas de

    Uberlndia (QUDRO 10). O controle desses contratos passou a ser administrados pela GB

    apenas a partir de Maro de 2003.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 93

    QUADRO 10 Levantamento dos Custos dos Contratos de Gases realizados

    pelo HCU, no perodo de 2003 a 2006 ANOS CONTRATO DE GASES

    TOTAL (R$) MDIA / MS (R$) 2003* 1.376.460,29 114.705,02 2004 1.478.489,15 123.207,43 2005 1.313.908,90 109.492,41 2006 771.013,03 64.251,09

    Fonte: Diretoria Financeira do HCU. *Controle iniciado a partir de maro de 2003.

    Esses dados tambm esto representados nos grficos 1, 2 e 3, em que possvel

    visualizar o acompanhamento dos custos com a interferncia e sem a interferncia da GB,

    alm de ser possvel a visualizao da economia gerada pela GB anualmente e a economia

    acumulada ao longo dos anos.

    Nota-se no grfico 2 que o processo de reduo de custos visualizado apenas a partir do

    ano de 2005. A atuao da GB em imagem e radiao tornou-se evidente apenas a partir de

    2005 com a no renovao do contrato com uma das duas empresas que realizavam a

    manuteno.

    R$ 0,00 R$ 250.000,00 R$ 500.000,00 R$ 750.000,00

    R$ 1.000.000,00 R$ 1.250.000,00 R$ 1.500.000,00 R$ 1.750.000,00 R$ 2.000.000,00

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 BIOENGENHARIA SEM BIOENGENHARIA ECONOMIA GERADA ANUAL ECONOMIA ACUMULADA

    GRFICO 1 - Evoluo dos Custos de Contratos Gerais e da Economia Gerada com a atuao da GB. No incluindo os setores de imagem e radiao e de gasoterapia, no perodo de avaliao 2001 a 2006 Um estudo do Departamento de Radiologia do Hospital Universitrio de Denver, Colorado

    demonstrou que nos anos de 1987 e 1988 ocorreu uma reduo de 57,6% com o custo de

    manuteno e reparos dos equipamentos de imagem desse hospital (ROSSI, 1989). No

    HCU no perodo de 2005/2006 observa-se uma reduo nos custos dos equipamentos de

    imagem e radiao em torno de 21,7%, comparados aos valores gastos em 2004 (QUADRO

    9).

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 94

    R$ 0,00

    R$ 50.000,00

    R$ 100.000,00

    R$ 150.000,00

    R$ 200.000,00

    R$ 250.000,00

    R$ 300.000,00

    R$ 350.000,00

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 BIOENGENHARIA SEM BIOENGENHARIA ECONOMIA GERADA ANUAL ECONOMIA ACUMULADA

    GRFICO 2 - Evoluo dos Custos de Contratos Imagem e Radiao e da Economia gerada com a atuao da GB. No incluindo os setores de contratos gerais e de gasoterapia, no perodo de avaliao 2001 a 2006

    Observando o grfico 3, constata-se que ao final do ano de 2006, a economia acumulada

    totalizou aproximadamente R$ 1.000.000,00. Vale lembrar que at o ano de 2003, o controle

    do contrato de gases no era centralizado na GB.

    Outro ponto interessante foi a negociao no valor do metro cbico dos gases adquiridos em

    2005 que representou uma reduo nos custos hospitalares. A instalao da central de ar

    comprimido no HC em fevereiro de 2006 gerou uma economia considervel, visto que de

    imediato, o HCU teve uma reduo de custos de aproximadamente 46,0% (R$ 130 mil para

    R$ 70 mil por ms, aproximadamente).

    R$ 0, 00 R$ 200.000,00 R$ 400.000,00 R$ 600.000,00 R$ 800.000,00

    R$ 1.000.000, 00 R$ 1.200.000, 00 R$ 1.400.000, 00 R$ 1.600.000, 00 R$ 1.800.000, 00

    2003 2004 2005 2006

    BIOENGENHARIA SEM BIOENGENHARIA ECONOMIA ANUAL ECONOMIA ACUMULADA

    GRFICO 3 - Evoluo dos Custos dos Contratos de Gases e da Economia Gerada com a atuao da GB. No incluindo os setores de contratos gerais e de imagem e radiao, no perodo de avaliao 2003 a 2006

    O HCU tem um parque tecnolgico de pouco mais de 5000 equipamentos cadastrados no

    SGE. Para cuidar da manuteno deste parque, eram necessrios contratos com empresas

    ou mesmo terceirizar alguns servios que as contratadas no faziam, ou que no era

    interessante possuir um contrato. Basicamente, os servios internos ficavam restritos a

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 95

    pequenas manutenes nas instalaes eltricas, chuveiros, entre outros equipamentos de

    baixa complexidade tecnolgica.

    A partir de 2001, iniciou-se um processo de ajuste dos contratos, ou seja, foi feito um

    levantamento dos equipamentos que se encontravam em contrato, mas antes disso foi feito

    um levantamento do parque tecnolgico do HCU. Verificou-se que muitos equipamentos

    listados em contrato, j haviam sido baixados do patrimnio do HCU, e os novos

    equipamentos no estavam includos em listagem nenhuma.

    Com este levantamento, a GB negociou os novos contratos, e incluiu os equipamentos

    necessrios excluindo os baixados de patrimnio. Com isso, o HCU j garantiu uma reduo

    (no mensurada) de custos, visto que estes equipamentos tinham suas manutenes pagas

    a parte. Alm do que, no existia um controle da garantia dos equipamentos novos. Muitos

    eram enviados para as empresas que cobravam pelo custo da manuteno desses

    equipamentos ainda em garantia.

    O custo anual do contrato para equipamento de uso hospitalar, normalmente gira em torno

    de 8,0 a 10,0% do valor de um equipamento novo (NASCIMENTO; CALIL; HERMINI, 2006).

    Um estudo realizado por Cohen (1982) em 19 grandes hospitais nos Estados Unidos, o

    custo da manuteno chega a 7,4% do custo de aquisio de novos equipamentos. Tendo o

    parque tecnolgico do HCU valor de R$ 40.373.271,50 (SGE, novembro/2006) estima-se um

    custo de manuteno em torno de R$ 3.229.861,72. importante lembrar que o SGE

    calcula a taxa de depreciao dos equipamentos, algo em torno de 10,0% em mdia por

    ano, podendo assim, termos um custo subestimado do apresentado acima.

    2.3 Custos com Recursos Humanos A evoluo dos custos com Recursos Humanos (RH) est representada no grfico 4, em

    que foram consideradas as contrataes realizadas e as mudanas de cargos dos

    funcionrios (concurso interno) da antiga manuteno. Lembrando que mais de 90% dos

    funcionrios da GB so contratados pela FAEPU.

    Em 2001, os valores de salrios considerados se referem somente aos dos funcionrios que

    ao longo da gesto da GB receberam alguma gratificao ou alterao de cargos por

    concurso interno. E a evoluo desses valores tambm se deve s novas contrataes

    realizadas por essa Gerncia. Um resumo de todos estes custos pode ser encontrado no

    grfico abaixo.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 96

    R $ 41.275,00 R $ 37.570,00 R $ 28.275,00 R $ 22.230,00 R $ 14.807,00 R $ 12.350,00

    R $ 495.300,00

    R$ 450.840,00 R $ 339.300,00

    R $ 266.760,00

    R $ 177.684,00 R $ 148.200,00

    R $ 0,00

    R $ 100.000,00

    R $ 200.000,00

    R $ 300.000,00

    R $ 400.000,00

    R $ 500.000,00

    R $ 600.000,00

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 M EN SAL AN U AL

    GRFICO 4 - Evoluo dos custos com pessoal da GB, no perodo de 2001 a 2006

    O custo da mo-de-obra inclui funcionrios que j atuavam no setor e buscaram se qualificar

    atravs de cursos tcnicos e, atravs de concurso interno conseguiram melhorar sua

    qualificao profissional, ou mesmo cuja funo tenha recebido acrscimo de horas extras

    ou plantes. Funcionrios de setores que no mudaram de funo ou no tenham recebido

    algum tipo de benefcio no entraram na composio de custos, visto que o interesse era

    verificar qual foi o acrscimo em recursos humanos. Outros funcionrios que entraram para

    a listagem tiveram sua origem das novas contrataes.

    A formao de um grupo de manuteno interna foi necessria medida que os contratos

    com as empresas no eram renovados, assim a folha de pagamentos da GB apresentou um

    crescimento expressivo nos ltimos anos, conforme pode ser avaliado no grfico 4. O

    grfico apresenta a evoluo mensal e anual dos custos com folhas de pagamentos dos

    funcionrios.

    As equipes formadas recebem treinamento em fbrica dos novos equipamentos adquiridos

    pelo HCU. Isto decorre do fato de que nos editais de compra de novos equipamentos, a GB

    solicita alm dos treinamentos operacionais e dos manuais de operao, tambm os

    treinamentos tcnicos e manuais de servio, conforme manual de Boas Prticas de

    Aquisio de Equipamentos Mdico-hospitalares (ANVISA, 2006), garantindo assim, que a

    equipe realize um trabalho de qualidade.

    No Hospital Universitrio de Denver, Colorado, Estados Unidos, o custo com pessoal tcnico

    somente na rea de imagem e radiao chegou a aproximadamente U$ 70.000,00 (dlar

    americano), conforme descrito por Cohen (1982). O custo de manuteno dessas novas

    reas para o HCU chega a aproximadamente R$ 44.000,00. Salienta-se que, no caso do

    HCU, existem outros grupos de manuteno includos, no somente de imagem e radiao.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 97

    2.4 Totalizao dos Custos Um resumo de todos estes custos pode ser encontrado no quadro 11. Os custos de

    almoxarifado, SDEs e PMTs foram registrados no perodo de maro de 2003 at setembro

    de 2006.

    QUADRO 11 Quadro resumo dos custos totais da GB, no perodo de 2001 a 2006

    AN0/ CUSTO

    PESSOAL EM (R$)

    CONTRATOS (R$)

    ALMOXARIFADO + PMT + SDE (R$)

    TOTAL (R$)

    2001 148.200,00 477.063,16 - 625.263,16 2002 177.684,00 530.960,48 - 708.644,48 2003 266.760,00 1.744.777,54 787.302,86* 2.798.840,39 2004 339.300,00 1.810.484,99 800.514,28 2.950.299,27 2005 450.840,00 1.679.210,70 1.358.746,42 3.487.797,12 2006 495.300,00 1.084.190,02 1.472.863,49* 3.052.353,51

    *Dados baseados em mdia mensal.

    Outro dado pesquisado foi o valor do parque tecnolgico do hospital, com o auxlio do

    Sistema de Gesto de Equipamentos (SGE) que armazena o histrico dos equipamentos

    existentes no HCU. O montante encontrado foi de R$ 40.373.271,50. Esse valor representa

    os equipamentos cadastrados no SGE. Podem existir equipamentos ainda no cadastrados,

    mas representariam uma parcela bem pequena da importncia encontrada.

    Caso a GB no tivesse sido criada, ter-se-ia um setor de manuteno hospitalar com os

    custos conforme apresentado no quadro 12. Lembre-se que os contratos tiveram seu valor

    alterado conforme variao do IGP-M do ano anterior (QUADRO 7).

    Como pode ser observado no quadro 12, o custo com contratos muito mais alto, e o custo

    de pea se manteve estvel quando comparado com o quadro 11. Isso acontece, pois os

    contratos eram de prestao de servio e no tinham as peas includas sendo essas pagas

    parte do contrato. O custo com pea se manteve estvel mesmo com implantao das

    manutenes preventivas, onde algumas peas so substitudas antes mesmo de

    apresentarem algum tipo de defeito, garantindo a qualidade e confiabilidade no uso do

    equipamento.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 98

    QUADRO 12 Variao nos custos gerais do setor de manuteno hospitalar

    sem a influncia da GB ANO/CUSTO PESSOAL

    (R$) CONTRATOS

    (R$) ALMOXARIFADO +

    PMT + SDE (R$) TOTAL (R$)

    2001 148.200,00 477.063,16 - 625.263,16 2002 163.571,75 586.395,71 - 749.967, 46 2003 204.528,48 2.105.560,95 580.302,86 3.097.392,28 2004 222.304,87 2.281.376,18 800.514,28 3.304.195,33 2005 249.915,13 2.275.783,35 1.357.746,42 3.883.444,90 2006 252.916,11 2.294.176,82 1.472.863,49 4.019.956,43

    Avaliando o custo total da GB em 2006, estima-se algo em torno de R$3.052.353,51 como

    pode ser observado no quadro 11. No quadro 12, observa-se o custo de manuteno do

    HCU, caso a GB no existisse, estimado em R$4.019.956,43, ou seja, R$967.602,91 acima

    do que gasto hoje na GB. O quadro 13 apresenta um resumo desses valores.

    QUADRO 13

    Comparativo de custos Com Bioengenharia versus Sem Bioengenharia, no perodo de 2001 a 2006

    ANO SEM

    BIOENGENHARIA (R$)

    COM BIOENGENHARIA

    (R$)

    ECONOMIA GERADA ANUAL

    (R$)

    ECONOMIA ACUMULADA

    (R$) 2001 625.263,16 625.263,16 - - 2002 749.967,46 708.644,48 41.322,98 41.322,98 2003 3.097.392,28 2.798.840,39 298.551,89 339.874,87 2004 3.304.195,33 2.950.299,27 353.896,06 693.770,93 2005 3.883.444,90 3.487.797,12 395.647,78 1.089.418,71 2006 4.019.956,43 3.052.353,51 967.602,91 2.057.021,62

    Como se pode perceber, a Medicina est sempre em busca da qualidade no atendimento,

    seja atravs da evoluo de novos procedimentos, seja atravs de novos frmacos ou at

    mesmo com a ajuda da tecnologia para o diagnstico precoce de inmeras enfermidades. E,

    quando se baseia nas definies de qualidade, entende-se que todas caminham para o

    mesmo lado, oferecer o produto da maneira que satisfaa o cliente (DEMING, 1990),

    tambm por meio de processos produtivos e da capacidade de seguir procedimentos pr-

    definidos (CROSBY, 1994). E a GB busca com a otimizao de suas aes e com a

    implementao de novos projetos contribuir com a melhora na qualidade do atendimento

    sem comprometer financeiramente a instituio.

    CONCLUSES Como podem ser observados, muitos foram os benefcios alcanados pela GB, o que trouxe

    grandes melhorias para o HCU. A implementao dos indicadores de produo possibilitou

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

  • 99

    conhecer o que realmente acontece no setor podendo definir objetivos e metas a partir

    desses novos dados.

    A centralizao do controle de custos de manuteno do hospital, bem como a centralizao

    e controle dos contratos de manuteno permitiu que fosse gerada uma economia anual de

    quase R$ 1.000.000,00 em 2006 e acumulado de 2001 at 2006 de pouco mais de R$

    2.000.000,00.

    Alm desses aspectos, a GB consegue apresentar uma maior confiabilidade no uso de

    equipamentos eletromdicos atravs de seu laboratrio de aferio e calibrao e das

    preventivas que so realizadas de acordo com o indicado pelo fabricante, ou por normas.

    O aprimoramento profissional dos funcionrios tambm foi notvel, visto que todos voltaram

    a estudar; sendo que muitos j terminaram seus respectivos cursos. Isto possibilita equipe

    maior conhecimento, competncia e conscincia da importncia de seu trabalho.

    A mudana de paradigma permitida pela Direo do HCU foi fundamental para que todos

    esses benefcios fossem alcanados. Sem a autorizao e o apoio da Diretoria e da Reitoria

    da Universidade Federal de Uberlndia nada disso teria sido possvel. E hoje, tem-se uma

    economia gerada e uma melhor qualificao dos funcionrios que prestam servio de apoio

    em manuteno hospitalar, garantindo uma melhor qualidade dos equipamentos e

    confiabilidade para a equipe clnica e para os usurios da Instituio.

    EVALUATION OF COSTS OF BIOENGINEERING MANAGEMENT AT THE UBERLNDIA HOSPITAL OF CLINICS

    ABSTRACT The image of the Brazilian hospitals is being associated directly with the quality of the given medical assistance, openly influencing in its share of market and, this relation, is on to the complexity of the equipment of the hospital being able still to extend itself to the hospital infrastructure. In what it refers to the management of a hospital, little is known on the influence of a service of well structuralized support of hospital maintenance in the relation of costs to the Institution. Therefore, this work had for objective to analyze Uberlndia Hospital of Clinics maintenance costs, before and after the implementation of Management of Bioengineering. It enters the results reached for her are the implementation of production pointers, centralization of the maintenance costs, greater trustworthiness in the medical electro equipment, significant reduction of the maintenance costs, beyond stimulating the employees of the sector to search qualification professional. Such results prove the importance of the support to the direction of the Hospital in stimulating well structuralized changes, thus carrying through a management of quality with well defined objectives.

    Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.

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    Key words: costs, clinical engineering, hospital engineering, bioengineering REFERNCIAS AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA. Manual de boas prticas de aquisio de equipamentos mdico-hospitalares. Disponvel em: http://www.anvisa.gov.br/produtosaude/auto/boas.htm Acesso em: 24 dez. 2006. ANTUNES, E., DO VALE, M., MORDELET, P. E GRABOIS, V. Gesto da tecnologia biomdica: tecnovigilncia e engenharia clnica. Cooperao Brasil-Frana: ditions Scientifiques ACODESS, 2002. BRASIL, Ministrio da Sade. Equipamentos mdico-hospitalares e o gerenciamento da manuteno: capacitao distncia. Secretaria de Gesto de Investimentos em Sade. Projeto REFORSUS. Braslia: Ministrio da Sade, 2002. 709 p. BRASIL, Ministrio da Sade, Organizao Nacional de Acreditao. Manual das organizaes prestadoras de servios hospitalares. Braslia: Ministrio da Sade, 2004. v.1. 224 p. Ministrio da Sade. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. COHEN, T. The cost of biomedical equipment repair and maintenance: results of a survey. Medical Instrumentation, v.16, n. 5, p.269-271, sep./oct.,1982. Disponvel em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?itool=abstractplus&db=pubmed&cmd=Retrieve&dopt=abstractplus&list_uids=7176994. Acesso em: 5 jan. 2007. COUTO, N. F.; RIBEIRO, R. S.; AZEVEDO, A. C. P; CARVALHO, A. C. P. Modelo de gerenciamento da manuteno de equipamentos de radiologia convencional. Radiologia Brasileira. So Paulo, v. 36, n. 1, p. 353-361, jan./fev. 2003. CROSBY, P. B. Qualidade investimento. 6. ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1994. DEMING, W. E. Qualidade: a revoluo da administrao. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990. DEVICE BULLETIN. Managing medical devices: guidance for healthcare and social services organizations. Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Department of Health, U.K., nov. 2006. FLORENCE, G.; CALIL, S.J. Programa de segurana aplicado utilizao de equipamentos eletro mdicos. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Biomdica, XX, Anais, 2006. p. 479-482. GOMES, L. ; DALCOL, P. O papel da engenharia clnica nos programas de gerncia de equipamentos mdicos: estudo em duas unidades hospitalares. In: Congresso Latinoamericano de Ingenera Biomdica, II, Habana, Cuba, Anais, Artculo 131, 2001. GUEDERT, D. ; GARCIA, R. Sistema de gerenciamento de equipamentos eletro mdicos ferramentas de TI para a engenharia clnica. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Biomdica, XX, Anais, p. 527-530, 2006. LIMA, M. A. D. Priorizao da manuteno planejada em equipamentos hospitalares de criticidade elevada. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Biomdica, XX, Anais, p. 604-606, 2006.

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    ASPECTOS TERICOS 1. Servios 2. Custos 2.1 Custos Gerais 2.2 Custos Contratos 2.3 Custos com Recursos Humanos 2.4 Totalizao dos Custos