2014-03-18 - gramsci - maquiavel,a política e o estado moderno

Upload: alessandraedf

Post on 16-Oct-2015

1.792 views

Category:

Documents


49 download

TRANSCRIPT

  • civilizaobrasileira

    6~Edio

    Traduo de

    LUIZ MRIO GAZZANEO

    Maquiavel,a Poltica

    Estado Moderno

    ANTONIO GRAMSCI

    e o

    1I

    II

    ColeoPERSPECTIVAS DO HOMEMVolume 35Srie Poltica

    . r

    AlessandraTexto digitadoEstado Ampliado de GramsciSupera a ideia Marxista - no separa economia e sociedade, tudo funciona na mesma lgica (desbarada a ascenso do discurso econmico)Superestrutura e infraestrutura se perpassam e se determinam uma a outra + conceito de Hegemonia em GramsciNo possvel fazer a revoluo quando ainda se predomina um pensamento hegemnico o qual se quer superar Quando os dominados querem ser o dominador, isso no a superao/revoluoCrtica anti hegemnica para pensar politica pblica (tida como paleativo social)

  • I

    o Moderno Prncipe

    Notas sobre a polltica de Maquiavel. O carter fundamen-taI do Prncipe consiste em que ele no um ttllbaDio sJS!e-mtico~>mas um livro "vivo" em que a ideologia poltica e acincia poltica fundem-se na forma dramtica do "mito", En-tre a utopia e o tratado escolstico, as formas atravs das quaisse configurava a ci~oIftica at Maquiavel, este deu sua. concepo a forma fantstica e artstica, pela qual o elementodoutrinaI e racional incorpora-se num condottiero, que repre-senta plasticamente e "antropomorficamente" o smbolo da "von-tade coletiva", O processo de formaco de uma determinadavontade coletiva, para um determinado fim 01 ico, represen-

    o nao a rav s e 1 lSIoeSe c aSSlcaes pedantescas de

    3

    AlessandraTexto digitadoO Prncipe escrito por Maquiavel no contexto da estrutura feudal italianaEstado absoluto visto como um Estado limitado pelo direitoPr-Histria e Histria do Estado de Direito (Pietro Costa)Jacobinos eram a encarnao terica do Prncipe de Maquiavel - intil apelar-se constituio quando no estado de exceo legitima o rompimento da legalidade em nome dos valores republicanosPara Gramsci o Moderno Prncipe so grupos sociais (imprensa, partidos) - hoje h outras organizaes sociais complexas que poca no existiamO partido poltico seria o organizador de uma reforma intelectual e moral (vinculada a economia)Gramsci - grupo elitista e no-elitista; governante e governado; dirigentes e dirigidosWeber - dominante e dominadorPartido - Interesse Estatal - Maximizao de Interesses coordenados com os interesses dos grupos dominantes/dominados numa constante superao de desequilbrios

  • :

    I

    "

    princpios e critrios de um mtodo de ao, mas como quali-dades, traos caractersticos, deveres, necessidades de uma peSsOacl1creta, tudo o qu faz trabalhar a fantasIa arhshca de quems quer convencer e dar forma mais concreta s paixes polticas,'

    O Prncipe de Maquiavel poderia ser estudado como uma 'exemplificao histrica do "mito" soreliano, isto , de uma Iideologia poltica que se apresenta no como fria utopia, nemcomo raciocnio doutrinrio, mas como uma criao' da fantasia Iconcreta que atua sobre um povo disperso e pulvenzado paradespertar e organizar a sua vontade coletiva. O carter ut.

    'plc6 do Prlnclpe consiste em que O Prncipe no existia narealidade histrica, no se apresentava ao povo italiano comcaractersticas de imediatismo objetivo, mas era uma puraabstrao doutrinria, o smbolo do chefe, do condol/iero ideal;mas os elementos passionais, mticos, contidos em todo o livro,com ao dramtica de grande efeito, juntam-se e tornam"sereais na concluso, na invocao de um prncipe "realmenteexistente", Em todo o livro, Maquiavel mostra como deve sero Prncipe para levar um povo fundao do novo Estado, eo desenvolvimento conduzido com rigor lgico, com relevocientfico; na concluso, o prprio Maquiavel faz-se povo, con.funde-se com o povo, mas no com um povo "genericamente"entendido, mas com o povo que Maquiavel convenceu ,com oseu desenvolvimento anterior, do qual ele se torna e se senteconscincia e expresso, com o qual le sente-se identificado:

    ce ue todo o trabalho "I 'co" no passa de uma reflexoo povo, um raclOcIno interior que se ma es a na ' li

    popu a a num gn o ' a o, Imediato, parx o,a rciocmlo sobre Si mesma, transforma..se em Uafeto", febre,fanatismo de ao. Eis por que o epilogo do Prncipe no qualquer coisa de extrnseco, de "impingido" de fora, de re-tTico, mas deve ser explicado como elemento necessrio da

    1 Verificar entre os escritores politicos anteriores a Maquiavel se exis~tem textos configurados como o Prncipe. Tambm O final do Prncipeest ligado a este carter "mtico" do livro; depoIs de ter representadoo condottiero ideal, Maquiavel, num trecho de grande eficcia artstica,invoca o condottiero real que o personifique historicamente: esta invo-cao apaixonada reflete-se em todo o livro, conferindo-lhe exatamenteo carter dramtico. Em Prolegornenl de L. Russo, Maquiavel de--nominado o ~ e uma vez aparece, inclusive, a expres~so "mito", mas no preCIsamente com o sentido acima indicado.

    4

    obra mais ainda como aquele elemento que lana a sua ver-dadeira luz sobre' toda a obra e faz dela um "manifesto poltico",

    Pode-se estudar como Sorel, a partir da concepo daideologia-mito, no tenha alcanado a com:pr~enso do, p~rtidopoltico, ficando apenas na concepo do smdlcato profiSSional.Na verdade, para Sorel O "mito" n~o e,:contrava a sua expres-so maior no sindicato como orgamzaao de uma vontade co-letiva mas na ao prtica do sindicato e de uma vonta~ecoleti~a j atuante, ao prtica cuja maior realizao deve~laser a greve geral, isto , uma Hatividade passiva", ~?r aSSImdizer, de carter negativo e preliminar (o car~er poslllvo s ,dado pelo acordo alc~nado nas vo~ta~es "as7ocladas), um~ a,~I'vidade que no preve uma fase propna atl~a e construtiva, 'Em' Sorel, portanto, chocavam-se duas necessidades: a do mItoe a da crtica do mito, na medida em que "cada plano preesta.belecido utpico e reacionrio", A soluo era abandonadaao impulso do irracional, do "arbitrrio" (no sentido bergso-niano de uimp'ulsovital"), da "espontaneidade".1

    Mas, pode um mito ser "no-construtiyo'\ p.ode-se imagi-nar na ordem de intuies de Sorel, que seja efetivamente pro-dutivo um instrumento que deixa a vontade coletiva na sua faseprimitiva e elementar de mera formao, por distino (por"ciso"), embora com violncia, isto , destruindo a,s rela~esmorais e jurdicas existentes? Mas esta vontade coletiva, a~sl!Uformada elementarmenle no deixar imediatamente de eXIstir,pulverizando-se numa huinidade de v~nta~es individuais, queem virtude da fase positiva seguem dlreoes diversas e c

  • I,

    L

    "metafsico", J?las praticamente, isto , poHticamente, como pro-grama de partIdo. Neste caso, supe-se por trs da espontanei-dade um .puro mecanicismo, por trs da liberdade (arbtrio-Impulso vItal) um mximo de determinismo, por trs do idea-lismo um materialismo absoluto.

    moderno. prncipe, o mito-prncipe, no pode ser umape~soa real, um mdlVJduo concreto; s6 ,gde ser Um organismo;um elemento com lexo de sociedade no -qual tenha se Imeia-o a coneretiza o e uma von a e co etIva recon eel a e _

    aamentada patcfalmeute na aao. ESte organismo J deter-mi,nad.o pelo desenvolvImento h1Sfrico, o partido poltico: apnmelra clula na qual se aglomeram ermes de vontade cole-")iva ue en em a se tornar umversllls IS. o mundo '\moderno, Suma aao IS rIco-polftica imediata e iminente ,\pJJ.V\cara~terizada pela necessidade de um procedimento rpido ~ NI~ .-rfI' \ A""

  • tir da dissoluo da burguesia comunal, no carter particularde outros grupos que refletem a funo internacional da ItliaComo sedc da Igreja e depositria do Sagrado Imprio Romano,etc, Esta funo e a posio conseqente determinam umasituao interna que pode ser chamada "econmico-corporati-va", isto , politicamentc, a pior das formas dc sociedade feudal,

    ,., a forma menos progressista e mais estagnante, Faltou sempre,\_~ f no podia constituir-se, uma fora jacobina eficiente, exata...,""

  • cita nos seus escritos de que a oltic no-ma, com seus . c ias e leis' ... _rsos"da~"dlj.moral--~rclrgtao .9POSillll-Qlle.. ellHlm gran e a cance I os ICO,Pi~i"'!f'l1cttamentc inov-loda a concepo do mundo) ainda hojectScutida e contraditada, no conseguiu tomar-se "senso co-mum". Qual o significado disto? Apenas que a revoluo inte-lectual e moral, cujos elementos esto .contidos in nuce no pen-samento de Maquiavel, ainda no se efetivou, no se tomouforma pblica e manifesta da cultura nacional? Ou ser ques tem um mero significado poltico atual, serve para indicarapenas a separao existente entre governantes e governados,para indicar qnc existem duas culturas: a dos governantes e ados governados; e que a classe dirigente, como a Igreja, temuma atitude sua em relao aos simples, ditada pela necessi-dade de no afastar-se deles, de um lado; e, de outro, de man-t-Ias na convico de que Maquiavel nada mais do que umaapario diablica?

    Coloca-se, assim, o problema do significado que Maquiaveltcve no seu tempo e dos fins que ele se propunha escrevendoos seus livros, especialmente o Prncipe. A doutrina de Maquia-vel no era, no seu tempo, Uma coisa puramente "livresca", ummonoplio de pensadores isolados, um livro secreto que circulaentre iniciados. O esmo de Mnquiavel no o de um tratadistasistemtico como os tinha a Idade Mdia e o Humanismo, abso-lutamente; estilo de homem de ao, de quem quer impulsio-nar a ao; estIlo de ftinlfust de parhdo. Crtmente, amtcrpre!aao 'morabstca" dada por Foscolo errada; todavia, vcrdade que Maquiavel revela algnma coisa, e no s6 teorizousobre o real. Mas, qual era o objetivo da revelao? Um obje-tivo moralstico ou poltico? Costuma-se dizer que as normasde Maquiavd para a atividade pOltica "so aplicadas, mas noso ditas"; os grandes polticos - diz-se _ comeam maldi-zcndo Maquiavel, declarando-se antimaquiavlicos, exatamentepara poderem aplicar as suas normas "santamente". No teriasido Maquiavel pouco maquiavlico, um daqueles que "conhe-cem o jogo" c estiJltamente o ensinam, enquanto o maquiave-lismo vulgar ensina a fazer o contrrio? A afirmao de Crocede que, scndo O maquiavelismo uma cincia, serve tanto aosreacionrios como aos democratas, como a arte da esgrima ser-ve aos nobres e aos bandoleiros, para defender-se e assassinar,e que neste sentido que se deve entender o juzo de Foscolo,

    10

    verdadeira abstratamente. O pr6prio Maquiavel nota que ascoisas que ele escreve so aplicadas, e foram sempre aplicadas,pelos maiores homens da Hist6ria. Por isso, no parece queele queira sugerir' a quem j sabe, nem o seu estilo aquelede uma desinteressada atividade cientfica; nem sc pode pensarque ele tenha chegado s suas teses sobre cincia poltica atra-vs de especulaes filos6ficas, o que no caso desta particularmatria seria algo milagroso no seu tempo, j que, inclusive,hoje ela encontra tanto contraste e oposio.

    Pode-se, portanto. supor que Maquiayel tem em vista" uem no sabe" u nde educar ohticamente" uemno s . Educao poltica no-negativa, dos que odeiamtiranos, como parecia entender Foscolo, mas positiva, de quemdeve reconhecer como necessrios determinados meios, mesmos ar ue ese)a e ermma os ms. Quemnasceu na tradio dos homens e governo, absorvendo todo ocomplexo da educao do ambiente familiar, no qual predomi-nam os interesses dinsticos ou patrimoniais, adquire quase queautomaticamente as caractersticas do poltico realista. Quem,portanto, "no sabe"? A classc revolucionria da poca" o15090" e a "nufto' ttaUana, a demociaeta urbl qUe se ex-prime atraves ds Savonarola e dos Pler SOdenm e no dosCastruccio e dos Valentino, Pode-se deduzir que Maquiavelpretende persuadir estas foras da necessidade de ter um "chefe"que saiba aquilo que quer e como obt-lo, e de aceit-lo comentusiasmo, mesmo se as suas aes possam estar ou parecerem contradio com a ideologia difundida na poca: a religio,'a osi o oltica de Maquiavel repete-sc na filosofia da

    p.!XiS. e e e..se a neceSSl a e. e ser an lm~qUlavlic:o'" de ..senvolvendo uma teoria e uma t mca po ticas ue assam ser-Vlf suas pares em u a, em ra crem-se que e as termina-ro ar seMr es eClImente arte ue "no sabia", arquene a ue se conSl era eX1SIr a ora ro esslsta a IS na.Efetivamente, obtm-sc de ime lato um resultado: romper aunidade baseada na IdeolOgia tradicional sem cuja ru tUTa aora nova no aderia ad umr conSCincia da r ria er-SOn 'dade independente. maqwave smo servIU para me-lliorar a tcnica poltica tradicional dos grupos dirigentes con-servadores, assim como a poltica da filosofia da praxis; isto

    11

    I

    II

  • --- .;no deve mascarar o seu carter essencialmenterevolucionrioque inclusivehoje sentido e explica todo o antimaquiavelismo'daquele dos jesutas quele pietista de Paquale Villari. '

    A poltica como cin~ia autnoma', A questo inicial quedeve ser colocada e resolvIda num trabalho sobre Maquiavel a questo da poltica como cincia autnoma, isto , do lugarq.uea c~enclapohuca ocupa, ou deve ocupar, numa conceposlstemhca (coerente e conseqente) do mundo numa filosofiada praxis. '

    . O progresso proporcion~do por Croce, a 'cste prop6sito, aosestudos sobre Maquiavel e sobre a cincia poltica, consiste pre-cIpuamente (como em outros campos da atividade crftica ero-ciana) na dissoluo de uma srie de problemas falsos, incAis-tentes ou mal formulados. Croce baseou-se na sua distino dos~omentos do e~~ritoe na afirmao de um momento da pr-t~ca,de .um espmto prtico, autnomo e independente, emborah~a?o cIrcularmente a toda a realidade pela dialtica dos con-trarlOs. Numa filosofia d. praxis, a distino certamente noser edntreos momentos do Esprito absoluto, mas entre os /1gra~s_ a ~up~restrutur~,.tratando-se, portanto, de estabelecer aposlao dIaltica da atiVidadepoltica (e da cincia correspon-d~nte) como. de~erminado grau ~upe:estrutural. Poder-se-~lzer, como. pOIDelra aceno e aprOXImacaQ, Que. a atividade PQ..hhca efehvamente O primeiro momento ou primeiro grau, omomento em que a superestrutura est ainda na fa . ,de mera a Irmaao vo un na, m Istmta e e cmentar,

    Em que sentido pode-se Idenh1car a ponhCa e a Histriae, I:'0rtanto,toda a vida e a poltica? Como, em vista disso, todoo slstem~das superestruturaspode ser concebido como distinesd~ pollhca e, po:ranto, justifique a introduo do conceito dedlstinao numa fdosofia da praxis? Mas pode-se falar de dia-ltica dos contrrios? 'Como se pode ent:nder o conceito de cr-culo entre os graus da superestrutura? Conceito de "bloco hiS'J)'trico", isto , unidade entre a natureza e o esprito (estruturae supetestrutura), unidade dos contrrios e dos distintos.

    Pode-se introduzir o critrio de distino tambm na es-trutura? Como se dever entcnder a estrutura? Como no siste.ma das relaes socias ser possvel distinguir os elementos"tcnica", "trabalho", uclasse", .etc.; entendidos historicamente,

    12

    e no "metaflsicamente"?Crtica da posio de Croce, para oqual, no final da polmica, a estrutura torna-se um "deus as-coso", um "nmero" em contraposio s "aparncias" da su.perestrutura. "Aparncias" em sentido metafrico e positivo.Por que, "historicamente", e como linguagem, falou-se de"aparncias"?

    .s interessante registrar como Croce, partindo desta con-cepo geral, extraiu a sua doutrina particular do erro e daorigem prtica do erro. Para Croce o erro tem origem numa"paxo" imediata, de carter individual ou de grupo; mas oque produzir a "paixo" de alcance histrico mais amplo, apaixo 'como "categoria"? A paixo~interes.~e imediato, que origem do "erro", o momento denominado schmutzig-jdischem Glosse ai Feuerbach: mas como a paixo-interesseschmutzig-;disch determina o erro imediato, assim a paixo do gruposocial mais vasto determina o "erro" filosfico (intermdio oerro-ideologia, que Croce trata em separado). O importantenesta srie "egosmo (erro imediato) - ideologia-filosofia" oteimo comum "erro", ligado aos diversos graus de paixo, e tque deve ser entendido no no significadomoralstico ou dou-trinrio, mas no sentido puramente "histrico" e dialtico "da- 1iquilo que historicamente caduco e digno de cair", no sentidoda "no-definitividade" de cada filosofia, da "morte-vida", "ser- ~no-ser", isto , do termo dialtico a superar no desenvolvi-mento.

    O termo "aparente", uaparncia", significa exatamente isto,e nada mais que isto, e se justifica contra o dogmatismo: aafirmao da caducidade de todo sistema ideolgico, paralela-mente afirmao de uma validez histrica de todo sistema, cda necessidade dele. ("No terreno ideolgicoo homem adquireconscincia das relaes sociais": dizer isto no afirmar anecessidade e a validez

  • ,importncia "terica", j que no momento da ao o "partido"que alua no o mesmo "partido" que existia antes. Em parte,isto pode ser verdadeiro, todavia entre os dois "partidos" ascoincidncias so tantas que, na realidade, pode-se dizer quese trata do mesmo organismo.

    Mas a concepo, para scr vlida, deveria aplicar-se tam.bm "guerra" e, portanto, explicar a existncia dos exrcitospermanentes, das academias militares, dos eorpos de oficiais.Tambm o ato da guerra "paixo", a mais intensa e febril, um momento da vida poltica, a continuao, sob outras for.mas, de uma determinada poltica; necessrio, pois, explicarcomo a "paixo" pode-se tomar "dever" moral, e no deverde moral politica, mas de tica.

    Sobre os "planos polticos" ligados aos partidos como for-maes permanentes, lembrar aquilo que Moltke dizia dos pIa-nos militares: que eles no podem ser elaborados e fixadosprecedentemente em todos os seus detalhes, mas s no seu n-cleo e rasgo central, porque as particularidades da ao depen-dcm, cm certa medida, dos movimentos do adversrio. A paixomanifesta-se exatamente nos particulares, mas no parece queo principio de Moltke sej~ tal que justifique a concepo deCroce. Em qualquer caso, restaria por explicar o gnero de"paixo" do Estado-Maior que elaborou o plano fria e "de-sapaixonadamente" .

    I Se o conceito crociano da paixo como momento da pol.tica choca-se com a dificuldade de explicar e justificar as for-maes polticas permanentes, como os partidos e mais aindaos exrcitos nacionais e os Estados-Maiores, uma vez que nose pode conceber uma paixo organizada permanentemente semque ela se torne racionalidade e reflexo ponderada, isto , nomais paixo. a soluo s pode ser encontrada na identidadeentre poltica e economia. A poltica ao permanente e dorigem a organizaes permanentes, na medida em que efetiva-mente se identifica com a economia. Mas esta tambm tem suadistino, e por isso pode-se falar separadamente de economiae de poltica e pode-se falar da "paixo poltica" como .umimpuiso imediato ao, que nasce no terreno "permanente eorgnico" da vida econmica, mas supera-o, fazendd entrar emjogo sentimentos e aspiraes em cuja atmosfera incandescenteo prprio clculo da vida humana individual obedece a leisdiversas daquelas do proveito individual, etc.

    /4

    Ao lado dos mritos do moderno "maquiavelismo", deri-vado de Croce, deve-se assinalar tambm os "exageros" e osdesvios a que deu lugar: Criou-se o hbito de considerar muitoMaquiavel como o ."polltico em geral", como O "cientista dapoltica", atual em todos os tempos.

    :e necessrio considerar mais Ma uiavc! como expressonecessria o seu tempo c estreitamente I a o as con I XI sua poca, que resultam: 1) das utas mIemasdarepu Ica , ru u a rticular do Estado queno sabia libertar-se dos resduos comunais-municipais, isto ,de uma forma estorvante de feudalismo; 2) das lutas entre osEstados italianos por um equilbrio no mbito italiano, que er~dificultado pela existncia do Papado e dos outros resduosfeudais, municipalistas, da forma estatal urbana c no territo-rial; 3) das lutas dos Estados italianos mais ou menos solid-rios por um equilbrio europeu, ou seja, das contradies entreas necessidades de um equilbrio interno italiano e as exign.cias dos Estados europeus em luta pela hegemonia.

    Atua sobre Maquiavel o exemplo da Frana e da Espanha,que alcanaram uma poderosa unidade estatal territorial; Ma-quiavel faz uma "comparao eltica" (para usar a expressocrociana) e deduz as regras para um Estado forte em gcral eitaliano em particular. Ma uiavel inteiramente um homemda sua oca; e a sua ClenCla o lttca represen a a I oso ia doseu-teniJ29; que teif e orgamzaao as monarqUias naCIOnaisabsolutistas, a forma poltica que permite e facilita um desen-volvimento das foras produtivas burguesas. Pode-se descobririn nucc em l",faquja"el a separao dos poderes e o parlamCR-tarismo (o regjme repre~tatio): a sua ferocidade dirige-secontra os resduos do mundo feudal, no contra as classes pro-~essistas. O Prncipe deve acabar. com a. anarquia feudal: e isto o que faz Valentino na Romanha, apoiando-sc nas classesprodutoras, mercadores e camooneses. Em virtude d cartermilitar-ditatorial do chefe do Estado, como se requer num pe-rodo de luta para 3 fundao e a consolidaco de um novopoder, a indicao de classe contida na A r/e del/a guerra deveser entendida tambm para a estrutura do Estado cm geral: scas classes urbanas pretendem terminar com a desordem internae a anarqUia externa devem C!poiar-sc nos camponeses comomassa, constituindo uma fora armada sep;ura e fiel de tino.inteiramente diferente daquelas de ocasio. Pode-se dizer que a

    /5

  • concepo essencialmente poltica de tal forma dominante emMaquiavel que o leva a cometer erros de carter militar: elepensa especialmente na infantaria, cujas massas podem ser ar-roladas com uma ao poltica e por isso desconhece o signifi-cado da artilharia.

    Russo (em Pro/egomeni a Machiavelli) observa justamen-te que a Arte della guerra integra o Prncipe, mas no extraitodas as concluses da su~ observao. Tambm na Arte dellaguer~a Maquiavel deve ser considerado como um poltico queprecisa ocupar-se da arte militar: o seu unilateralismo (comoutras "curiosidades", como a teoria da falange, que do lugara fceis chalaas como aquela mais difundida extrada de Ban-delIo) depende do fato de que a questo tcnico-militar noconstitui o centro do seu interesse e do seu 'letra a e a a enas na me Ida em que necessria para a suaconstry.o-!,ohtIca. as nos r e e a guer!9 deve ser11gda ao PuJrcipe; tambm Isto,,' irennhB, qe deve efetiva ..mentc servir para uma anlise das con les reais italianas eeuropias das quais derivam as exigncias imediatas contidasno. Prncipe.

    De uma concepo de Maquiavel mais aderente aos tem-pos deriva, subordinadamente, uma avaliao mais historicistados chamados "antimaquiavlicos", ou, pelo menos, dos mais"ingnuos" entre eles. Na realidade, no trata de antima~q~i~vlicos, mas de oltIcos que expnmem exigncias a supoca ou de condloes Iversas a ue as ue lU reMa lave: a arma po emlca e uro aCI ente ,terrio. O exem-pICO es es an ImaqUlav cos parece-me Jean Bodin(1530-1596), que foi deputado dos Estados Gerais de Blois,em 1576, e levou o Terceiro Estado a recusar os subsdios so-licitados para a guerra civil.'

    Durante as guerras civis na Frana, Bodin o expoente doterceiro partido, denominado dos "polticos", que defende o

    1 Obras de BODJN: Methodus ad faellem histor;oNJm cognitlonom(15tH'), onde assinala a influncia do clima sobre n forma dos Estadosacc:n:\ para um~_ idi:l de progresso, etc.j RJpublique (1576), ond~expnme as opimoE:'s do Terceiro Estado sobre a monarquia absoluta e115 su:!s relaes com o povo; Heptaplomere$ (indito at a poca mo-derna), em que examina todas as religies' o justifica.as como expres-ses diversas das reli~les naturais, as nicas razoveis, e todas igual-mente dignas de respeito e de tolerincia.

    16

    ponto dc vista do interesse nacional, de um equilibrio internodas classes, de modo que a hegemonia pert~na ao TerceiroEstado atravs do monarca. Parece-me evid~nte que classificarBodin entre os "antimaquiavlicos" seja questo absolutamenteextrnseca e superficial. Bodin funda a cincia poltica naFrana num terreno muito mais avanado e complexo do queaquole oferecido pela Itlia a Maquiavcl. Para Bodin, no setrata de fundar o Estado unitrio-territorial (nacional), isto ,de retornar poca de Lus XI, mas de equilibrar as forassociais em luta dcntro desse Estado j forte e enraizado; no o momento da fora que interessa a Bodin, mas o do consen.50. A monarquia absolutista te.nde a se desenvolver com Bodin:O Terceiro Estado tem tal conscincia da sua fora e da suadignidade, sabe to bem que a sorte da monarquia absolutaest ligada sua prpria sorte e ao seu prprio desenvolvimen-to~ que impe condies para o seu consentimento, apresentaexigncias, tende a limitar o absolutismo. Na Frana, Maquia.vel j servia .u reao, pois podia ser utilizado para justificarque se mantivesse o mundo no "bero" (segundo a expressode Bertrando Spavcnta); portanto, era necessrio ser "pokm;.camente" antimaquiavlico .

    Deve-se notar que na Itlia estudada por Maquiavel noexistiam instituies representativas j desenvolvidas e signifi-cativas para a vida nacional como as dos Estados Gerais naFrana. Quando, modernamente, se observa. de modo tenden-cioso, que as instituies parlamentares na Itlia foram impor.tadas do exterior, no se leva cm conta que isto reflete apenasuma condio de atraso e estagnao da histria poltica e socialitaliana de I 500 a I 700; condio que se devia em grandeparte predominncia das relaes internacionais sobre as re.laes internas, paralisadas e entorpecidas. O fato de que aestrutura est~tal italiana, em virtude da predominncia estran-geira, tenha permanecido na fase' semifeudal de um objeto desuzerainet estrangeira, seria talvez "originalidade" nacionaldestrurda pela importao da, formas parlamentares que, aocontrrio do uma forma ao processo de libertao nacional?'E passagem ao Estado territorial moderno (independente cnaciona!)? No mais, especialmente no Sul e na Siclia, existiraminstituies representativas, mas Com carter muito mais restritodo que na Frana, em virtude do pequeno desenvolvimento doTerceiro Estado nestas regies. Isto levava a que os Parlamen-

    17

  • tos fossem utilizados como instrumentos para manter a anar-quia dos barcs contra as tcntativas inovadoras da monarquia,a qual devia apoiar-se nos "maltrapilhos", na ausncia de umaburguesia,' S compreensivcl que o programa e a tendncia aligar a cidadc ao campo pudessem ter apenas uma expressomililar, sabendo-sc que O jacobinismo francs seria inexplicvelsem o pressuposlo da cultura fisioertica, com a sua demons-trao da importncia econmica e cultural do agricultor. Asteorias econmicas dc Maquiavel foram estudadas por GinoArias (cm Annali d'Economia da Universidade Bocconi), mas preciso verificar se MAqlliavel teve teorias econmicas. Tra-Ia-se de ver se a linguagem essencialmente polftiea de Maquia-vcl pode ser traduzida em termos econmicos, e a qual sistemaceonmico pode ser reduzida. Ver se Maquiavel .que viveu noperodo mercantilista, pOliticamente precedeu os tempos e an-tecipou algumas exigncias que posteriormente cncontraram suacxprcsso nos fisiocratas."

    E/ementar de nolltica. Devc-sc dizer que os primeiros ele-mentos a serem esquccidos foram exatamcnte os primeiros ele-mentos, as coisas mais elementares; estas, por outro lado, re-petindo-sc infinitas vezes, transformam-se nOs pilares da polticae de qualquer a!o coletiva,

    Pnmello elemento a 'xif'ncia-Iea! de go,YCmados egovernantes, dtrlgent~igidos. Toda a cincia e 8rijilf------ ~-1 H('conlaf o estudo de ANTONIO PANELLA, ClI antimachiavelllci. pu.hlicIH10 no Marzocco de 1927 (ou tomb~m em 2A?, em onze nrtil{os);ohservnr como Panclla ju]~a Bodin em confronto co.m Maquiavel ecomo o problema do antimnquinvcllsmo apresentado em geral. (Osprimeiro!; tr~ nrti~os foram publicndos em 1926, os outros em 1927.-~.cI.):z Housseml teriu sldu posslvel sem n cultura Eblocmtlen? N8.o mo PQ~rr'C{, justo afirmar que os fisiocrntas tenham representado meros intq-n'sscs ngrico!a!: c C'Juc s6 com n economia dsslca aftrmem~se os, {ote ..rl'sses do capitalismo urhnno, Os fisiocrntns representam a rupturaC'Olll o mercantilismo c com o re~ime das corporaes e constituem uma[nsc pnm se chc~ar . ~conomla c1sslca, Mas. exatamente por Isso. pa-TPcc-mc que eles rC'prescntam uma sociedade futum muito mais com-Jlle~n do que aquela contm o qual combatem e do que aquela querC'snltn,imcdlatamente das suas afinna6es. A sua lfnJtUn~em est bllS"tllnle hgndn ~pocn e exprime a .contradio imediata entre cidade ec:'tmpa. mas faz prever um alargamento do capitalismo na direft.o daa~rlculturo. A frmula do "deixar fazer, deixar passar", isto , da J1~berdade industrial c de iniciativa, no estll cerbmente li~ada a inte-reSses ap;n\rlos,

    18

    \

    ticas boseia - neste fato rimordial, irreduzivel (cm certasn 'oes gcrais). As origens este a o eonstituem um pro.

    blema cm si, que dever ser cstudado em si (pelo menos podcr-se- e dever-se- estudar como atenuor c eliminar o fato, modi-ficando certas condies identificveis como atuontcs neste sen-tido), mas permanece o fato de que existem dirigentes c dirigi-dos, governantes e governados. Em virtu"de...disto,--resta ver apossibilidade de como diri ' odo mais cficaz.(dadS'Cer-tos ~s, e ,como prepar~r_~E!h_o_r~aneira~s di~i~.n!~stC--ri,sto rcc,samente .cons,ste a nme.lra seo -da ciencl9 ear e po ,lIcas , e co a !ll$ deITleTl nela ou tOcl0ois lora alc:mar a obcdinci2-dosdiTlWUosou g2ver.!!.ados. O or - e o diri ente, funda-mentai a premissa' nde.se ue xistam sem r ose n es ou retende-se criar as cond' e e 1 anecess, a c ess' Isto , p~se_da...prjl-mIssa a 'VIso perptua do gnero humano,-oil cr-sequc.cla apenas um talo Iilslnco,. corresponaente. a certas condies?Etrclant;-devc~ever -claiiTiente que a:liviso entre gover.nados e governantes, embora, em Iltima anlise, refira-se a umadiviso de grupos sociais, todavia existe, em virtude da formacomo as coisas so, tambm no seio do mesmo grupo, inclusivesocialmente homogneo; pode-se dizer, em certo sentido ueesta diviso uma cria o atcnico. Espeeu am so re esta coexistncia de motivos todosorqie vem em tudo apenas "tcnica", neeessidade "tcnica",etc., para no propor-se o problema fundamental,

    Dado que no mesmo grupo existe a diviso entre gover-nantes e governados, necessrio fixar alguns principios inder-rogveis. Exatamente neste terreno oeorrem os "erros" maisgraves, isto , manifestam-se B~ incapacidades mais criminosas,mais difieeis de endireitar, Cr-se que, stabrlecido o principiodo mesmo grupo, a obedincia deva ser automtica, deva ocor-rer sem necessidade no s6 de uma demonstrao de "necessi-dade" e raconalidode, mas seja indiscutvel (alguns pensam, cisto o pior, que a obedincia "vir" sem ser solicitada, semque seja indicado o caminho a seguir). Assim, dificil extirparO, cadQmismo dos djrigentes. isto . a C9Dyjc de que umaeOisa sel feita porque o di . sidera justo e racionalque e 1 I. e uao feita, "a culpa anada sobrcquem "deveria laz-Ia", etc. Desse modo, torna-se dificil extir-

    19

  • p~r o hbito criminoso do desleixo em evitar os sacrifcios in-tels. Entretanto, o senso comum mostra que a maior partedos desast~es coletivos (polticos) ocorrem por no ter-se pro-curado eVItar o sacrifcio intil, ou porque se mostrou nol~var em cont~ o sacrifcio dos putros, jogando-se com as .sua~vIdas. Todos J ouviram oficiais que estiveram nas trincheirascontar ~omo real~ente os soldados arriscavam a vida quandoera maIS nece~srlO. Mas como, ao contrrio, se rebelavamquando se sent~a~ aban~onados. Por exemplo: uma companhiaer.a cap~z de Jejuar mUItos. dias quando sabia que os vveresnao pod!am chegar por motIvo de fora maior; mas amotinava-.se ~e nao recebesse -apenas uma refeio por deslexo buro-cratIsmo, etc. '

    . ~~te pri~cpio estende-se a todas as aes que exigemsacn!lclOs. EIs por que antes de tudo sempre necessrio,d~~OlS de q?alquer revs, examinar as responsabilidades dos~mgent~s" e ISto num sentido restrito (por exemplo: .uma frentee conslItUlda de muitas sees, e cada seo tem os seus diri-gent,:s: E possvel que os responsveis por uma derrota sejamos dIrIgentes de uma seo, mas trata-se de mais e de menosporm jamais de excluso de responsabilidades para qualque;um) .

    . Estabelecido o rinc ia de que existem diri .dose diri-gentes, governantes e governa os ven Ica-se ue os "partidos"

    maIS a.Q.~quadop.!ruw elcoa.r os m-~ntes e a capael a e de dires_ (os partidos podem-se apre-sen!r ~oll os nomes maIs diversos, mesmo sob o nome deantlpartido e de "negao dos partidos"; na realidade at oschama.dos "ind!,vidualistas" so homens de partido, s ~ue pre-tende~,~m ser chefes de partido" pela graa de Deus uu pelaImbecIlIdade dos que os seguem) .

    " pesenvolvi~ento do conceito geral contido na expressoesp!nto :stat~l . Esta expresso tem um significado bastante

    pr~clSO, hlStoncamente determinado. Mas, surge o problema:eXIste algsemelh~~te ao qu; se .denomina "esprito estatal"~u~ .mov.lmento seno, que nao seja .a expresso arbitrria demdlVlduabsmos mais ou menos justificados? Contudo o "espritoestatal" pressupe a continuidade, tanto no que s~ refere aopassado, tradio, como no que se refere ao futuro. Isto :

    20

    pressupe cada ato como o momento de um processo complexo,j iniciado e que continuar. A responsabilidade deste processo,de ser ator deste processo, a solidariedade para com forasmaterialmentc "ignotas", mas que apesa~ disso revelam-se ope-rantes e ativas e que so levadas em conta eomo se foss~m"materiais" e presentes corporalmente, o que se denommaexatamente, em certos casos, "esprito estatal". evidente quetal conscincia do "tempo" deve ser concreta, e no abstrata,em certo sentido, no deve ultrapassar determinados limites.Admitamos que os limites mais estreitos ~ejam uma ger.aoprecedente e uma gerao futura, o que nao poueo, PO's asgeraes serno avaliadas, no a contar u!: trinta anos antes ctrinta anos depois de hoje, mas orgnicamente, em senti~o. his-trico, o que em relao ao passado, pelo menos, faclI ~ecompreender. Sentimo-nos solidrios com os homens que hOJeso velhssimos e que para ns representam o "passado" queainda vive entre ns, que deve ser conhecido e examinado, pois ele um dos elementos do presente e das premissas do futuro;e com as crianas, com as geraes que esto nascendo e cres-cendo, pelas quais somos responsveis. (t outro o "culto" ~a"tradio" que tem um valor tendencioso. implica uma opaoe um obj~tivo determinado, baseia-se numa ideologia.) Mas,se se pode afirmar que um "esprito estatal" rlssim compreen~dido est em tudo, necessrio lutar permanentementewntradeformaes ou desvios que nele se manifestam.

    O "gesto pelo gesto", a luta pela luta, etc., e especialmenteo individualism6 estreito e mesquinho, que no passa de umasatisfao capriehosa de impulsos momentneos. etc. (Na rea.Iidade, O ponto sempre aquele do "apolitiei,mo" ita~ia~o,.queassume esla:s vrias formas pitorescas e bizarras.) O mdIvldua-lismo apenas apoliticismo animalesco, o sectarismo "apoli-ticismo". Efetivamente, se se observar bem, o seetarismo umaforma de "clientela" pessoal na medida em que cst ausente oesprito de partido, elemento fundamental do "esprito estatal".Demonstrar que o esprito de partido o elemento fundamental Ydo esprito estata! um dos argumentos mais elevados a serem .sustentaos e da maior importncia; vice-versa, o "individua-lismo" u~ elemento animalesco, "apreciado pelos forastciros'\como os atos dos habitantes de um jardim zoolgieo.

    21

    ___ e

  • ' .. -a pur!ido polilico . Afirmou-se que o prota onista do novo

    Pnnelpe n~o poder!a ser, na poca moderna, um her I pess a,~nas o partido poltico. Isto : sempre e nas diferentes relaesInternas das diversas naes, quele deiermlllado partido quepJ!tendc (e est raCIOnale histoncamente destinado a este fim)lunlt Um)lOVOtipo de Estado.- n~c~ssflo o?se~var como nos regimes totalitrios a fun-

    ao tradICional do msUtuto da Coroa , na realidade absorvidapor um determinado partido, que totalitrio exatat'nente por.que assume tal funo. Embora cada partido seja a expressode um ru soci~l_e de um s6 giupo socll, ocorre que, emdefernnDa as condJoes, {' eimtfi'D.d~~laos representam .Jumgr~pO social .na mCdld em que exercem uma funSo de equil-bno e de arbitragem entre os interesses do seu grupo e os outros~p~ e na medu!a em qUMmscam-fazerCOm que o desenvol-Vlmen o do 8.rupo representado se lfr.Q::Coemom o consentjmen .to ~ ~m a ajuda dos grupos aliados, e muitas vezes .c!QL8I1!posde.clclidamcnte Immlgos. A formula conslttucional do rei ou dopre'rtcl~nt.e.Cl republica que "reina mas no governa" a f6r-mula !ufldlca qu~ exprime. est~ fu~o de arbitragem e a preo-cupaa~ dos par!ldos conslltuclonBlS de no "descobrir" a eoroaou presIdente; as f6rmulas sobre a no-responsabilidade para osato~ .governa':"~ntai.s do .chefe de Estado, mas sobre a respon-sablhdade mlnlstc:.naJ, sao. a easustica do princpio geral detutela da concepao da umdade estatal e do consentimento dosgovernados ao estatal, qualquer que seja o pessoal imediatodo governo e o seu partido.

    No. ~aso do partido totalitrio, estas f6rmulas perdem oseu slgnl~cado, levando minimizao do papel das instituiesque !unclO~avam segundo as referidas f6rmulas; mas a pr6priafunao Illcorporada pelo partido, que exaltar o C9)1c,itoabstr~to de "Estadp" e procurar de vrias maneiras dar a lID-p~essao de que a funo de "fora imparcial" eontinua ativa eefiCaz.

    Ser necessria a ao poltica (no scntido estrilo) paraque se possa falar de "p.artido poltico"? Observa-se que nomundo mo?erno,. e.m. mUitos pases, os partidos orgnicos efundamentBls s: diVIdrram, por necessidade de luta ou por qual-qu~r o~tra r~zao, em fra.e~que assumiram o nome de "parti-do e, mcluslve,. de .partldo mdependente. Por isso, muitas ve-zes o Estado-MBlor Illtelectual do partido orgnico no pertence

    22

    a nenhuma das fraes, mas opera como se fosse uma foradirigente superior aos partidos e s vezes reconhecida eomo talpelo pblico ,. Esta funo pode ser estudada com maior pre-ciso se se parte do ponto de vista de ue um jornal (ou umgrupo de 'ornais uma revista ou um ru o e revistas , saotam m e es "partido n 11 - es de artido" ou "fun~ eum determmado partido". Veja.se a unao o Times na ln-gIaterra, a que teve o Corriere de/la Sera na Itlia, c tambma funo da chamada "imprensa de informao", supostamente"ap~lltica", e at a funo da Imprensa esporva e da ImprensatcnIca. De resto, o fenmeno apresenta aspectos interes-santes nos pases onde existe um partido nico e totali-trio de governo; pois tal partido no desemi'enha maisfunes simplesmente polticas, mas s6 tcnicas, de propaganda,de polcia, de influnci moral e cultural. A funo poltica indireta, poia se no existem outros partidos legais, existemsempre outros partidos de fato e tendncias legalmente incoer-cveis, contra os quais a polmica e a luta travada como senum jogo de cabra-eega. De qualquer modo, certo que emtais partidos. as funes culturais predominam, dando lugar a iuma linguagem poltica de jargo: isto ,. as queste~ pol!tic~srevestem-se de formas culturais e como tal se tornam Insoluve,s.

    Mas um partido tradicional tem um carter essencial "indi.reto": apresenta-se explicitamente como puramente "educativo"(lucus, etc.), moralista, de cultura (sic). E. o movimento li.bertrio. Inclusive a ehllmada ao direta (terrorista) con.cebida como "propagarida" atravs do exemplo. A partir' dai possvel ainda reforar a opinio d~ que o movimento l~ber.trio no autnomo, mas vive margem dos outros parhdos,"para educ-los". Pode-se falar de um "libertarismo" inerentea cada partido org6nico. (O que so os "Hbcrt~rios intelectnai5:ou cerebrajs" se no um aspecto desse "marginalismo" em rela..o aos grandes partidos dos grupos sociais dominantes?) Apr6pria "seita dos economistas" era um aspecto hist6rico destefenmeno.

    Portanto, apresentam-se duas formas de "partido" que,como tal, ao que parece, fazem abstrao da a o olf . e-diata: o artido constitudo ma . ,te e homens de cultura,que tm a n o e trIglf o , dai Oogla ger um an e m n ar 1 os a I rea.li e, a es de um mesmo parh no P~IO o

    23

  • mais recente, O partido de no-lile, mas de massas, que .comomassas no tm alilra ftma l'oHtica que a de uma fidelidadegen nem ar, a u I e I1visi--Y!.jJreqentemente O cen r o mecanismo de coman-do de foras que no desejam mostrar-se a plena luz, mas ape-nas operar indiretamente por interposta pessoa e por "inter-posta ideologia"), A massa simplesmente de "manobra" e "conquistada" com pregaoes moraIS, estmulos sentimentais,mitos messinicos de expectativa de idades fabulosas, nas quaistodas as contradies e misrias do presente sero automatica-mente resolvidas e sanadas.

    Para se escrever a hist6ria de um partido poltico, neces-srio enfrentar toda uma srie de problemas muito menos sim-ples do que pensa, por exemplo, Roberto Michels, consideradoum especialista no assunto. O que a hist6ria de um partido?Ser a mera narrao da vida interna de uma organizao pol-tica? Como nasce, os primeiros grupos que a constituem, aspolmicas ideol6gicas atravs das quais se elabora o seu pro-grama e a sua concepo do mundo e da vida? Tratar-se-ia,neste caso, da hist6ria de grupos intelectuais restritos, e algumasvezes da biografia poltica de um individuo. Logo, a moldurado quadro dever ser mais vasta e compreensiva.

    Dever-se- escrever a hist6ria de uma detenninada massade homens que segniu os promotores, amparou-os com a suaconfiana, com a sua lealdade, com a sua disciplina, ou que oscriticou "realisticamente", dispersando-se ou pennanecendopassiva diante de algumas iniciativas. Mas, ser esta massa cons-tuida apenas pelos adeptos do partido? Ser suficiente acompa-nhar os congressos, as votaes, etc., isto , todo o conjuntode atividades e de modos de existir atravs dos quais uma massade partido manifesta a sua vontade? Evidentemente, ser neces-srio levar em conta o grupo social do qual o partido expressoe setor mais avanado. Logo, a histria de um ~a~do no po-der deixar de ser a histria de lJm-detet:m-iD-adgrupo S0.Q31.Mas este grupo no isolado; tem amigos, afins, adversrios,inimigos. S6 do uadro complexo de todo o. conjunto ~ocial eestatal. (e ire entemen e . aIs re-su tar a 'st6ria de um eterminado-PlU'ti o, --eaizer que escrever a histria de um partido significa exatamente'Bcrever a histna eral de um ais de um onto de. vistamonogr ico, destacando um seu, aspecto caraclenstico. m

    24

    partido ter maior ou menor significado e pcso na medida emque a sua atividade particular pese mais 011 menos na determi-nao da hist6ria de um pas.

    Dessa forma, chegamos concluso de que do modo deescrever a hist6ria de-um partido resulta o conceIto que se tem

    . daqUilo que e deva .er um partido, O sectno exaltarispequenos fatos internos, que tero para ele um significado eso-trico, impregnando-o de um entusiasmo mstico; o historiador,mesmo. dando a cada coisa a importncia que tem no quadrogeral, acentuar sobretudo a eficincia real do partido, a suafora determinante; positiva c negativa, a sua contribuio paracriar um acontecimento e tambm para impedir que outrosacontecimentos se verifiquem.

    O desejo de saber exatamente quando um partido se for-mou, isto , quando assuiniu uma misso precisa e permanente,d lugar a muitas discusses e freqentemente gera tambm umaforma de baz6fil! que no menos ridieula e perigosa do que a"baz6fia das naes", qual Vicose refere. Na verdade ode-se dizer ue um artido 'amais se com Ie _ti_o e que cada desenvolvimento cria novas misii.gese en>MgOSe no- senbao de que, para determinados partidos, verdadeiroo"palad~o de ire e~ess se completam e S.e !or';llam Quandodeixam e eXls Ir, IS o , uando a sua eXIstencla se tornouls Orl e mu. SSlm, como ca a par I o nao maisque uma nomenclatura de classe eVidente ue, ara o aruooque se prop e anular a diviso em classes, a sua perfeio eacabamento consIste e - " a's ar ue ' no existemc asses e, portanto, a sua expresso. Mas, no caso presente, re-fenmo-nos a um momento particular deste processo dc desen-volvimento: ao momento posterior quele em que um fato podeexistir e pode no existir, no sentido de que a necessidade dasua existncia ainda no se tornou "peremptria", mas dependeem "grande parte" da existncia de pessoas de extraordinriopoder volitivo e de extraordinria vontade.

    Em que momento um partido torna-se historicamente "ne-cessrio"? No momento em que as condies do seu "triunfo",da sua infalvel transfonnao. em Estado esto, pelo menos,em vias. de formao e levam a prever nrmalmente o seu de-senvolvimento ulterior. Mas quando .possvel dizer, em taiscondies, que um partido no pode ser destrudo por meios

    25

  • j.i.i.~.~"

    norma}s! Para responder a isto necessrio desenvolver umr~cJOclm~,Para que um partido exista obri2Atria a conflnn-cla de tres elementos fundamentais (trs gOlpes de elementos)'. ~. ym elemento difuso, de bomens comuns, mdios,. cuj~partlclpaao oferecida ela disci r "-, . ao~e la ar e a tamente organ ',Lativo, Sem eles o par-t~do nao eXIStina, vcrdade; mas tambm verdade que o par-tIdo tambm no existiria "somente" com eles. Eles constituemum~ fora. n~ O?edida em que existc algo quc os centraliza, ar.ga~lza e dlsclph,na; mas na ausncia dessa fora eles se disper-sanam c anularIam numa poeira impotente. No se nega quecada UJ12desses elementos pode-se transformar numa das foras'd~ coes~o; ma~ fala~os deles exatamente no .momento em quenao o ,sao e nao .estao eO? condies de s-lo, e se o so snum cuculo restnto, pohllcamente ineficiente e inconseqilente.

    '2 . O elemento de coeslle pRReipal, que centraliza nocampo naCIonal, que torna ef!ciente e poderoso um conjunto deforas qu~, abandonadas a SI mesmas, representariam zer oupou~o maIs; es!e elementu dotado de 'uma fra altamente~oesl~a ce~trahzadQra e djscjplinadora e, tambm, talvez porISto, mvenllva. (se se .entende "inventiva" em' certo sentido, se.gundo determmad~s hnhas de fora, determinadas perspectivas,e tambm _determm~das pre~issas), ~ verdade que, s, estecle:nento nao for~an~ o partIdo, embora servisse para form-lo~a!s do que o l?nmeuo elemento considerado." Fala-se de ca-,plt~e~ sem exrCIto, mas, na realidade, mais fcil formar um~xerc~to do que capites. Tanto isto verdade que um exrcitoJ~ e~lstente destrudo se faltam os capites, enquanto a exis.tenCla de .um grupo de capites, unidos, de aCOrdo entre eles,c?m obJetIVOscomuns, no demora a formar um exrcito, inclu-sive onde ele no existe. .

    3. Um elemento mdio, que articule o primeiro com osegundo ele~:ntoJ colocando_os em contato no s6 Cifsico",mas moral e mtelectual. Na realidade, para cada partido exis-tcm i:p~?p~rocs definidas" entre estes elementos, e o mximod~ eflcl~ncla alcanado quando tais "p"'pores definidas"sao reahzadas._ Dadas estas consideraes, pode-se dizer que um partido

    nao pode scr destruido por meios normais quando, existindonecessana~en~e o segund~ elemento, cujo nascim~nto est liga-do eXlstencla das condIes materiais objetivas (e, se este

    26 2.

    segundo elemento no existe, todo raciocnio vazio), mesmodispersas, os outros dois inevitavelmente devem-se formar; oprimeiro, que obrigatoriamente forma o terceiro como continua-o dele e seu meio de expresso.

    Para que isto ocorra preciso que se tenha criado a con.vico frrea de que uma determinada soluo dos problemasvitais torna-se necessria. Sem esta convico no se formaro segundo elemento, cuja destruio mais fcil em virtude doseu nmero escasso; mas necessrio que este segundo elemen-to, se destruIdo, deixe como berana um fermento a partir doqual volte a se formar. E este fermento subsistir melbor, eainda melhor se formar, no primeiro e no terceiro elementos,que se homogenizam mais com o segundo. Em virtude disso,a atividade do segundo elemento para constituir este elemento fundame!)tal. O critrio para se julgar este segundo elementodeve ser procurado: 1) naquilo que realmente faz; 2) naquiloque prepara na hiptese da sua destruio. e difcil dizer qualentre os dois fatos o mais importante. J que na luta deve-sesempre prever a derrota, n preparao dos prprios sucessores um elemento to importante quanto tudo o que se faz paravencer,

    A propsito da "bazfia" do partido, pode-se dizer queela pior do que a "bazfia das naes", qual Vico se refere.Por qu? Porque uma nao nAo pode no existir, e no fatode que ela existe sempre possvel, mesmo recorrendo boavontade e 'solicitando os textos, achar que a existncia plenade destino e de significao. Um \'artido, ao contrrio, Jll1pode existir por fora prpria. ]anuns devemos ignorar quc, naluta entre as naes, cada uma delas tem interesse em que, aoutra se enfraquea atravs das lutas internas e que os partidosso exatamente os elementos das lutas internas. Portanto, no quese refere aos partidos sempre posslvel perguntar se oles exis-tem por fora prpria, como necessidade intrnseca, ou se exis-tem apenas em virtude de interesses outros (efetivamente, naspolmicas, este ponto jamais esquecido; ao contrrio, moti.vo de insistncia, especialmente quando a resposta no dbia,o que significa gue levado em conta e suscita dvidas). :claro que quem se deixasse torturar por essa dvid~ seria umtolo. Politicamente, a questo s tem um relevo momentaneo.Na histria do chamado princpio de -nacionalidade, as inter:venes estrangeiras a favor dos partidos nacionais que pertur-

    27

    '-------- _____________________________ ...L _

  • 1I

    I

    bavam a ordem interna dos Estados antagonistas so numero-sas, tanto que quando se fala, por exemplo, da polftica "orien-tal" de Cavour, pergunta-se se se tratava de uma "poltica",isto , de uma linha de ao permanente, ou de um estratage-ma momentneo para enfraquecer a ustria, tendo em vista1859 e 1866. Assij11, nos movimentos mazinianos de 1870(exemplo, o fato Barsanti) v-se a interveno de Bismarckque, em virtude da guerra com a Frana e do perigo de umaaliana !talo-francesa, pensava enfraquecer a Itlia com con-flitos internos. Tambm nos acontecimentos de 1914, alcunsvem a interveno do Estado-Maior austraco, preocupado ~oma guerra que estava para vir. Como se v, os casos so nu-merosos, e necessrio ter idias claras a .respeito. Admitindo-se que, quando se faz qualquer coisa, sempre se faz o jogo dealgum, o importante procurar de todos os modos fazer bemo prprio jogo, isto , vencer completamente. De qualquer for-ma, necessrio desprezar a "bazfia" do partido e substitu-lapor fatos concretos. Quem substitui os fatos concretos pelabazfia, ou faz a poltica da bazfia, deve ser indubitavelmentesuspeito de pouca seriedade. No necessrio acrescentar que,no que se r~fere aos partidos, preciso evitar tambm a aparn-cia "justificada". de que se esteja fazendo o jogo de algum,especialmente se este algum um Estado estrangeiro; se de-pois ainda se especular sobre isso, ningum pode evit-lo.

    E difcil afirmar que um partido poltico (dos grupos do-minantes, e tambm de grupos subalternos) no exerce funesde polcia, isto , de tutela de uma determinada ordem polticae legal. Se isto fosse demonstrado taxativamente, a questo d~-veria ser colocada em outros termos: sobre os modos e as dire-es atravs dos quais se exerce essa funo. O sentido re-pressivo ou difusivo, isto , reacionrio ou progressista? Umdeterminado partido exerce a sua funo de polcia para con.servar uma ordem externa, exirnseca, cadeia das foras vivasda Histria, ou a exerce num sentido que tende a levar o povoa um novo nvel de civilizao, da qual a ordem poltica e legal uma expresso programtica? Efetivamente, uma lei en.contra quem a infringe: 1) entre os elementos sociais reacio-nrios que a lei destronou; 2) entre os elementos progressistasque a lei comprime; 3) entre os elementos que no alcanaramo nvel de civilizao que a lei pode representar, Portanto, afuno de polcia de um partido pode ser progressL.ta ou rea.

    28

    cionria: progressista quando tende a manter na rbita da lega-lidade as foras reacionrias alijadas do poder e a elevar aonvel da nova legalidade as massas atrasadas. E reacionriaquando tende a comprimir as foras vivas da Histria e a man- iter uma legalidade ultrapassada, anti-histrica, tomada extrn- ,seca. De resto, o funcionamento de um determinado partidofornece critrios discriminantes: quando o partido progressistafunciona "democraticamente" (no sentido de um centralismodemocrtico); quando o partido reacionrio funciona "buro-craticamente" (no sentido de um centralismo burocrtico). Nosegundo caso, o partido pUTOexecutor, no deliberante: ento tecnicamente um rgo de polcia, e o seu nome de "partidopoltico" uma pura metfora de carter mitolgico.

    Industriais e agricultores. Tm os grandes industriais umpartido poltico permanente prprio? Na minha opinio, a res-posta deve ser negativa. 0urandes industriais utilizam alter-nadamente todos os artidos extstentes, mas n o te UL.p.ar-ti o pr no . ar isso eles no ao lutamente "a . s"Oli a o ticos : o seu interesse um e uilbrio determinado,

    a me e refor ando com os seus meios, alterna-damente, este ou agude parll o o a u el po t lCO exce-o, entenda-se, do (mico parlldo antagonIsta, CUIarefora mentano pode ser ajudado nem mesmo por manobra ttica). En-tretanto, se verdade que isto ocorre na vida "normal", noscasos extremos, que afinal so aqueles que contam (como aguerra na vida nacional), o partido dos industriais o mesmodos agricultores, os quais, ao contrrio, tm um partido perma-nente. Poue-se exemplificar esta nota com a Inglaterra, ondeO Partido Conservador absorveu o Partido Liberal, tradicional-mente considerado como o partido dos industriais.

    A situao inglesa, com as suas grandes Trade Unions,explica ste fato. Na Inglaterra no existe formalmente umpartido adversrio dos industriais em grande estilo, certo; masexistem as organizaes operrias de massas, e viu-se como elas,nos momentos decisivos, transformaram-se constitucionalmentede baixo para cima, rompendo o invlucro burocrtico (exem-plos, em 1919 e 1926). Alm do mais, existem estreitos inte-resses permanentes entre agricultores e industriais (especialmen-

    29

  • I

    le agora que o protecionismo se tornou geral, agrcola e Indus-trial); e inegvel que os agricultores so "politicamente"muito melhor organizados do que os industriais, atraem mais. osintelectuais, so mais "permanentes" nas suas diretrizes, etc. Asorte dos partidos "industriais" tradicionais, como o "liberal-radical" ingls e o radical francs (que sempre se diferencioumuito do primeiro), interessante (da mesma forma que o"radical iialiano'~, de boa memria). O que representavam eles?Um conjunto de classes, grandes e pequenas, e no apenas umaclasse, Da surgirem e desaparecerem freqUentemente. Amassa de "manobra" era fornecida pela classe menor, que sem-pre se manteve em condies diversas no conjunto, at trans-formar-se completamente. Hoje ela fornece a massa aos "par-tidos demaggicos", o que se compreende.

    Em geral, pode-se dizer que, nesta histria dos partidos, acomparao entre os vrios pases das mais instrutivas e de-cisivas para se localizar a origem das causas de transformao.O que vale tambm para as polmicas entre os partidos. dospases "tradicionais", onde esto representados "retalhos" detodo o "catlogo" histrico.

    Eis um critrio primordial de julgamento tanto para asconcepes do mundo, como, e especialmente, para as atitudesprticas: a concepo do mundo ou o ato prtico pode ser.concebido "isolado", ."independente" e assumindo toda a res~ponsabilidade da vida coletiva; ou isto impossvel, e a con-cepo do mundo ou o ato prtico pode ser concebido como"integrao", aperfeioamento, contrapeso, etc., de outra con ..cepo do mundo ou atitude prtica. Refletindo-se, percebe-seque este critrio decisivo para um julgamento ideal sobre osimpulsos ideais e os impulsos prticos; percebe-se tambm queseu alcance prtico no pequeno.

    Uma das criaes mais comuns aquela que acredita ser"natural" que tudo O que existe deve existir, no pode deixarde existir, e que as prprias tentativas ,de reforma. por pior queandem, no interrompero a vida; as foras tradicionais pros-seguiro atuando, e a vida continuar. e claro que neste mododc pensar h algo de justo; e ai se no fosse' assim! Entretanto,a partir de um determinado limite, este mbdo de pensar toma-se perigoso (certos casos da polftiea do pior) e, de qualquermodo, como se disse, subsiste o critrio de julgamento filos-fico, poltico e histrico, Na realidade, se se observa a fundQ~

    30

    determinados movim tos c si mesmos a enas com~~'uis-Jmargmais: pressupem um movimento princtpa no qua se in- ':!.serem para reformar determmados males, pretensos ou verda-deiros; ISto , sao mOVImentos puramente refQmlI~S.

    Este princpio tem importncia poltica porque a verdade \terica de que cada classe possui apenas um partido demons-trada, nos momentos decisivos, pela unio em bloco de agrupa-mentos diversos que se apresentavam como partidos "indepen-dentes". A multiplicidade existente antes era apenas de carter"reformista", referia-se a que~tes pariais. Em ('erto sentido,era uma diviso do trabalho poltico (lil nos seus limites),mas uma parte pressupunha a outra, tanto que nos momentosdecisivos, quando as questes principais foram colocadas emjogo, formou-se a unidade, criou-se o bloco. Da a conclusode que, na construo do partido, necessrio se basear numcarter "monoltico", e no em questes.secundrias: da.a ne-cessidade de se prestar ateno existncia de homogeneidadeentre dirigentes e dirigidos, entre chefes e massa. Se, nos mo-mentos decisivos, os chefes passam ao seu "verdadeiro partido",as massas ficam desamparadas, inertes e sem eficcia. Pode-sedizer que nenhum movimento real adquire conscinc' atotalidade de um e, or ex e t ncia sucessiva' isto, quando perce e atravs dos fatos que nada do que lhe prprio natural (no sentido extravagante da palavra), masexiste porque surgem determinadas condies cujo desapareci-mento no permanece sem conseqncias. Assim, o movimentose aperfeioa, perde os elementos de arbitrariedade, de. "sim-biose" e torna-se verdadeiramente independente na medida emque, para obter determinadas conseqiincias. cria as premissa,necessrias. Mais ainda, empenha todas as suas foras na cria,o dessas premissas.

    Alguns aspectos tericos e prticos do "economismo".Economismo - movime.nto terico pela livre troca - sindica-lismo terico. Deve-se ver em que meaida o sindicalismo te6-rico se originou da teoria da praxis e em que medida derivoudas doutrinas econmicas da livre troca, do liberalismo. Por. isso . necessrio ver se o economismo, na sua forma mais acaba-da, no passa de uma filiao direta do liberalismo, tendo mlm-tido, inclusive na sua origem, bem poucas relaes com a filo-

    31

  • ...................... ,;~~sofia da praxis; relaes de qualquer modo apenas extrnsecase puramente verbais. '

    A partir deste ponto de vista que se deve encarar a po-lmica Einaudi-Croce,' sugerida pelo novo prefcio (1917) aolivro sobre o Materialismo S/orico. A exigncia, projetada porEinaudi, de levar em conta a literatura de hist6ria econmicasuscitada pela economia clssicainglesa, pode ser satisfeita nestesentido: tal literatura, atravs de uma contaminao superfi-cial com a filosofia da praxis, originou o economismo; .por isso,quando Einaudi critica' (na verdade, de modo impreciso) algu-mas degeneraes economistas, no faz mais do que atirar pe-dras num pombal. O nexo entre ideologias da livre troca e sin-dicalismo te6rico especialmenteevidente na Itlia, onde co-nhecida a admirao devotada a Pareto por sindicalistas comoLanzillo e C. Entretanto, o significado destas duas tendncias bastante diverso: o primeiro pr6prio de um grupo socialdominante e dirigente; o segundo, de um grupo ainda subal-terno, que no adquiriu conscincia da sua fora e das suaspossibilidades e. modos de se desenvolver e por isso no sabesuperar a fase de primitivismo. r...- A formulao do movinlento da livre trocall2aseia-se num ~erro te6rico do qual no difcil identificar a origem prtica:a o entre " dade' . a sociedade civil,' ue dedistmao mtodica sc transforma e apresentada como StlO-sao organica. ASSim, anrma-se que a atividade econmica prpna da sociedade civil e que o Estado no deve ntervir nasua regulamentao. Mas, como na realidade fatual sociedade .J..

    -civil e Estado se identificam, deve-se eonsldrt que tambm '1\ liberalismo uma "regulamentao" de carter estatal, intro-duzida e mantida por caminhos legislativose coercitivos: umfato de vontade consciente dos pr6prios fins, e no a expressoespontnea, automtica, do fato econmico. Portanto, o libe-ralismo um programa poltico, destinado a modificar, quandotriunfa, os dirigentes de um Estado e o programa econmico dopr6prio Estado; isto , a modificar a distribuio da renda na-cional.

    tl diferente o caso do sindicalismo te6rico, quando se re-fere a um grupo subalterno. Atravs desta teoria de inlpedidode se tornar dominante, de se desenvolver alm da fase econ-

    , Cf. a Riforma Sociale, julho-agosto 1918, pg. 415. (N .e.1.)

    32

    ..- #W-et.adJ.- WtJ-r.

    mco-corporativa para alcanar a fase de hegemonia tico-pol-tica na sociedade civil e dominante no Estado. No que se refereao liberalismo, h o caso de uma frao do grupo dirigente quepretende modificar no a estrutura do Estado, mas apenas aorientao governamental; que pretende reformar a legislaocomercial e s6 indiretamente a industrial (pois inegvel que oprotecionismo, especialmente nos pases de mercado pobre erestrito, lmita a liberdade de iniciativa industrial e favorece osurgimento-de' monop6lios): trata-se de rotao dos partidosdirigentes no governo, no de fundao e organizao de umanova sociedade civil. A questo apresenta-se Com maior com-plexidade no movimento do sindicalismoterico; inegvel quenele a independncia e a autonomia do grupo subalterno quediz exprimir so sacrificadas hegemonia intelectual do grupodominante, pois o sindicalismote6rico no passa de um aspectodo liberalismo, justificado com algumas afirmaes mutiladas,e por isso banalizadas da filosofia da praxis. Por que e COmoseverifica este "sacrifcio"? Exclui-se a transformao do gruposubordinado em dominante, seja porque o problema nem aomenos formulado (fabianismo, De Man, parte notvel dolaborismo), ou porque apresentado sob formas incoerentes eineficazes (tendncias social-democratas em geral) ou porquedefende-se o salto imediato do regime dos grupos ao regime daperfeita igualdade e da economia sindical.

    E pelo menos estranha a atitude do economismo em re-lao s expresses de vontade, de ao e de iniciativa polticae intelectual, como se estas no fossem uma emanao orgnicade necessidades econmicas e, mais, a nica expresso eficienteda economia; assim, incoerente que a formulao concreta daquesto hegemnica seja interpretada como um fato que subor-dina o grupo licgemnico. o fato da hegemonia pressupe indu-bitavelmente que se deve levar em conta os interesses e astendncias dos grupos sobre os quais a hegemonia ser exercida;que se forme certo equilfurio de compromisso, isto , que o.grupo dirigente faa sacrifcios de ordem econmico-corpora-tiva. Mas tambm indubitvel que os sacrifcios e o compro-misso no se relacionam com o essencial, pois se a hegemonia tico-poltica tambm econmica; no pode deixar de sefundamentar na funo decisiva que o grupo dirigente exerceno ncleo decisivo da atividade econmica.

    33

  • o c'conomismo apresenta-se sob muitas outras formas, alm

    do liberalismo c do sindicalismo terico. Pertencem a ele todasas formas de a~stencionismo eleitoral (~xemplo tfpieo o abs-tencionismo dos cleneals italianos depois de 1870, que foiatenuando-se a partir de 1900, at 1919 e formaAo do Parti-do Popular. A distino orgnica que os clericais faziam entreItlia real e Itlia legal era uma reproduo da distinoentre mundo econmico e mundo polftico-Iegal), que somuitas desde que se admita o semi-abstencionismo, um quarto,etc. Ao abstencionismo est li ada a rmula do "uanto . ,melhor c tam m rmula da chamada "intranslg neia" par-lamentar de algumas trllOes de deputados. Nem sempre oeconomlsmo e eontrAno ao polftiea e ao partido. polftico,considerado porm um mero organismo educador de tipo sinai.cal. Ponto de referncia para o estudo do eeonomismo e paracompreender as relae~ ;~estrutura e superestruturas otrecho da \Misria da iUosOia onde se afirma que um.a faseimportante no desenvolvimento de um grupo social aquela emque os membros de um sindicato no lutam s pelos seus inte-resses econmicos, mas na defesa e pelo desenvolvimento daprpria organizao.' Deve-se recordar tambm a afirmaco de.Engels de que a economIa s em Ulbma anal li a

    suas cartas sobre a ilosofia da raxis ublieadasiam m em Ita lano a ua se Iga Iretamente ao trecho doprercio Crtica da Economia O ,tlca, on C se IZ ue os

    I c se vert lcam nomundo econmico no terreno das ideologias.

    I Ver n afirmao exata; a Misdrla da FllosofUz um momentoessencial da formao da filosofia da praxisi pode ser considera-da como o desenvolvJmento das Tesos subre Fetlerbach, enquanto aSa/{rada Famfla uma fase intennediria indistinta e de origem oca-sional, como do a entender os trechos dedicados a Proudhon e espe-cialmente ao materialismo francs. O trecho sobre o materialismo mn.CI!S mais um captulo de histria da cultura que uma elaborao te{).ricil, como (> ~erolmentc Interpretadoi e como histria da cultura IJndl1lirvel. Recordar a observao que n critica contida na Mlsdrla daFilosofia contra Proudhon e a sua Interpretao da dialtica he~ellanapode ser vlida para Giobertl e paro o he,e:elhmtsmo dos liberais mo-(\crndos italianos em ~crnl:.O paralelo Proudhon.Cfoberti, nlio obstantedes representarem fase hist6rico-poHticas no homogneas. mas exata.mente por isto, pode ser interessante e fecundo.

    34

    Em vrias ocasies afirmou-se nestas notas' que a filosofiada praxis est m'uito mais difundida do que se pensa. A afir-mao exata desde que se entenda como difundido o econo-mismo histrico, que como o Prof. Loria denomina agora assuas concepes mais ou menos desconjuntadas, e que, portanto,o ambiente cultural modificou-se completamente desde o tempo

    , em que a filosofia da praxis iniciou.a sua luta; poder-se-ia qizcr,com terminologia crociana, que 'a maior heresia surgida no seioda "religio da liberdade" sofreu, tambm ela, como a religioortodoxa, uma degenerao.' Difundiu-se como "superstio",isto , entrou em combinao com o liberalismo e produziu oeeonomismo. Embora a religio ortodoxa tenha se estiolado de-finitivamente, preciso ver se a superstio hertica no ni~ntevesempre um fermento que a far renascer como religio superior,se as escrias de superstio nao sero facilmente liquida~ tl"'/ . 0

  • Laviosa publicado na Nuova Antologia de 16 de maio de 1929.A descoberta de novos combustveis e de novas energias mO-trizes, assim como de novas matrias-primas, tem certamentegrande importncia porque pode modificar a posio dos Es-lados, mas no determina o movimento histrico, etc.

    Muitas vezes acontece que se combate o economismo his~trico pensando combater o materialismo histrico. Por exem- )pio, este o caso de um artigo do A venir de Paris, de 10 deoutubro de 1930 (transcrito na Rassegna Setlimanale dellaStampa Estera, de 21 de outubro de 1930, pgs. 2303-2304),que transcrevemos como tpico: "Dizemos h muito tempo, massobretlllio de.pois do guerra, que aS"questes de interesse domi-nam os povos e fazem o mundo avanar. Foram os marxistasque inventaram esta tese, sob o apelativo um pouco doutrinriode "materialismo histrico". No marxismo puro, os homenstomados em conjunto no obedecem s paixes, mas s neces-sidades econmicas. A poltica uma paixo. A ptria umapaixo. Estas duas idias exigentes s6 des

  • \,~ '

    ?jl oo Iecon~mismo no s6 ~a teoria da historiografia, mas tambme especIalmente na teona e na prtica polticas. Neste. campo,a luta ode e deve ser conduzida desenvolvendo ~onceito de~emonia..a ma orma como OI conduzida praticamenteno ~esenvolvlmento da teoria do partido poltico e no desen-volvlmt>nto rhc da vIda de determinado .cos(a uta contra a teona a c amada revoluo permanente, qual se contrapunha o conceito de ditadura democrtico-revolu-c.io~ria, a importncia que teve o apoio dado s ideologias cons-tlt~I~:es, et~). Poder-s~-ia realizar uma pesquisa sobre asopmlOes emItidas medIda que se desenvolviam determinadosmovimentos polticos, tomando como tipo o movimento boulan-gista (de 1886 a 1890), o processo Dreyfus, ou ento o golpede Estado de 2 de dezembro (uma anlise do livro clssicosobre o 2 de dezembro,' para estudar a importncia relativa dofator econ~~ico i~e~iato e. o lugar que ocupa O estudo con-creto das IdeologJas). DIante destes acontecimentos, o eco-nomlsmo se pergunta: a quem interessa imediatamente a inicia-tiva em questo?, e responde com um racioc!nio to simplistaquanto paralogstico. Favorece de imediato a Uma determinadafrao do grupo dominante, e, para no errar, esta escolha recaisobr~ aquela frao que evidentemente tem uma funo pro-gresSISta e de controle sobre o conjunto das foras econmicas.Pode-s.e estar seguro de no errar, porque necessarIamente, seo movlll~ento analisado chegar ao poder, cedo ou tarde a fraoprogressista do grupo dominante acabar controlando o novogoverno e o transformar num instrumento para utilizar o apa-relho estatal em seu benefcio.

    ~rata-se,_ portanto, .d.e uma in.falibilidade muito grosseiraque nao s6 nao tem slgmflcado te6nco, mas possui escassfssimoa~cance pOl.tico e eficcia prtica. No geral, s6 produz prega-oes morahstas e contendas pessoais interminveis. Quando se

    verifica um movimento boulangista, a' anlise deveria ser con.duzlda reabsticamente segundo esta linha: I) contedo socialda massa que adere. ~o .movimento; 2) que papel desempenhavaesta massa no equJllbno de foras, que vai-se transformandocomo o novo movimento demonstra atravs do seu nascimento?

    1 o Dezoito Brumrio de Luis Bonaparte de Marx (edio brsileiraEditorial Vitria, 1961 - Marx e EnO'cls Obras Escolhidas 10 volume'(N.doT.) "' ".

    38

    3) qual o significado poItico e social das reivindicaes que osdirigentes apresentam e que logo encontram apoio? a que exi-gncias efetivas correspondem? 4) exame da conformidade dosmeios ao fim proposto; 5) s6 em ltima aulise, e apresentadasob forma poltica e no moralista, desenha-se a hiptese deque tal movimento necessariamente ser desnaturado e servira outros fins que no aqueles que as multides de seguidoresesperam. Ao contrrio, esta hip6tese afirmada preventiva-mente, quando nenhum elemento concreto (que se apresentecomo tal atravs da evidncia do senso comum, e no graasa uma anlise "cientfica" esotrica) existe ainda para sufrag-la, de modo que ela se manifesta como uma acusao moralistade dubiedade e m-f, ou de falta de sagacidade, d. estupidez(para os seguidores). A luta poltica transforma-se, assim,numa srie de choques pessoais entre os espertalhes, que guar-dam o diabo na ampola, e os que no so levados a srio pelospr6prios dirigentes e recusam-se a se convencr em virtude dasua tolice. Alm do mais, enquanto estes movimentos noalGanarem o poder, pode-se sempre pensar que faliro, e algunsefetivamente faliram (o pr6prio boulangismo, que faliu comotal e posteriormente foi esmagado pelo movimento dreyfusard;o movimento de George Valois e o movimento do generalGayda); logo, a pesquisa orienta-se no sentido da identificaodos elementos de fora, mas tambm dos elementos de fraquezaque eles contm no seu interior: a hip6tese "economista" afirmaum elemento imediato de fora; isto , a disponibilidade de um~determinada quota financeira direta ou indireta (um grandejornal que ap6ie o movimento, tambm de uma contribuiofinanceira indireta), e basta. Muito pouco. Tambm neste casoa a 'se diversos aus de relao de for as s6 de culmi-nar na esfera da hegemoma e as re a es tleo-po ticas.

    m e emen o que eve ser acrescenta O como exemplifi..cao das teorias chamadas de intransigncia aquole referente rgida averso de princpio aos .chamados compromissos, quetm como manifestao subordinada aquela que pode ser inti.tulada .o "medo dos perigos". ];: evidente que a averso deprincpio aos compromissos e~t.estreitamente vinculada ao eco-nomismo. Quanto concepo sobre a qual se baseia estaaverso, ela reside indubitavelmente na convico frrea de queexistem leis objetivas para o desenvolvimento hist6rico, com omesmo carter das leis naturais, acrescentada da persuaso de

    39

  • jif

    um finalismo fatalista semelhante ao fatalismo religioso. Jque as condies favorveis fatalmente surgiro e, determinaro,de modo um tanto misterioso, acontecimentos revigorantes, nos se revelar intil, mas danosa, qualquer iniciativa voluntriatendente a predispor estas situaes segundo um plano. Aolado destas convices fatalistas manifesta-se a tendncia a con-fiar "em seguida", cegamente e sem qualquer critrio, na vir-tude reguladora das armas, o que no deixa de ter certa lgicae coerncia, pois acredita-se que a interveno da vontade til para a destruio, no para a reconstruo (j em processono exato momento da destruio). A destruio concebidamecanicamente, no como destruio-reconstruo.

    Nestas maneiras de pensar no se leva em cnnta Q fator"tempo" e, em ltima anlise. a prpria "economia" DO sentjdode no se compreender que os movimentos ideol6&jcQs de mas-sa estao sempre atrasados em re ... ecos econmi_cos e massa e e que, portanto, em determinados momentos,

    impulso automtico dvt

  • [

    . ~s~im, constit.ui um erro de fatuidade grosseira.e de su-perficIalIdade .consIderar que uma determinada concepo domundo ~ da vIda guarda em si mesma uma superior capacidaded.e previso. : claro que uma concepo do mundo est impl-cIta em q,ualquer previs~o; portanto, o fato de que ela seja umadesconexao ?: ato~ arbltrri~s do pe~same"to ou uma rigorosae coerente v!sao nao. sem ImportncIa. Mas, por isso mesmo,ela s6 .a~qU1r~.essa Importncia no crebro vivo de quem faza prevlsao! vlVlficando-a com a sua vontade forte. Isto podeser percebIdo atravs das previses feitas pelos "desapaixona-dos": ~Ias est~o ple~as de "ociosidade", de mincias sutis, deelegnCIas CODJcturnlS. S Q cxistencio no uprcvisor" de Umprograma a ser realizado faz com que ele atenha-se ao essenciala?~ ~lementos q~e, sendo "organizveis", suscetveis de sere~dmgldos. ou desvIados, so os nicos que, na realidadc, podemser prev!stos. Geral.mente se acre

  • a rev~luO italiana tecnicamente impossfvell). A partir ..destasrie de fatos, pode-se chegar con,:luso ~e ~ue, fre.quente-mente o chamado "partido estrangeiro" nao e propnamenteaquel~ que vulgarmente apontado como tal,. mas exatamente, artido nacionalista, qne, na realidade, mais do ue re ,.!':

    o 1 te re-senta a sua lpa~.sentar as _ d ces. Q e a 's~~I~ao econm,ca s naoes ou a um grupo e n':.~'hegemD1c . .- :a Oproblema das relaes entre estrutura e su erest~turane eve ser Si a o com exa ao e resolvido para assim se

    q, . lusta anlise das foras que atuam na h,st~n!, clegax a UIfia e'a o eu re Co M de ma detexilitlladOpendo e e .. ' 1

    ! "I . o movimentar-se no mbito de dOIS nnc P'os: .ti n o e uma sociedade assu .u a s u-i \ fJ . a nao eXistam as condi~s. necessrias ..e sufiCientes, ou

    \:) o.l1!1-.-----a- ....--;.l em vias de aparecer e se desenvol-

    lo QUv v menos fi o ~::m::anl d. ..t;, p~ o' e que- iiii'_uina SOCiedade se dissolve e po e s;:~'sibsfuioa antes de desenvolver e completar todas as 10rllJ.as'-de)'r:;;impbCll:nas suas relaes 2 Da. rel1exao so: estes'lIols cones po e-se chegar ao desenvolVImento de t a u':lasrie de outros principias de metodologia hist6rica. TodaVIa,deve-se distinguir no estudo de uma estrutura osor cos re a vamen e ermanentes) dos elementos ue 0-. enominados "de conJun ura que se apresentam comoem ser l2 I' T b !ebome-ocaSlODalS, unedlalOs quase aCl nta s '.. a~ III os ' os

    ri e conjuntura epen em, claro, e movlment?s o; m1mas seu Sigo Ia o n o tem um amp o a cance Ist6nc~: e ~sdo lugar a uma crlbca pobnca miMa, do ma-a-dla, que mves e

    1 . I 1 "reprp:ssivo" rl:~~ener-1 Uma. rofc:r~ncdia a este e ~dnto~:t=~::so;ublicad~~por G. VOLPEgias internas ~ e ser encon a a na '" de 1932no Comere ~lla_Sera 1i 22~e, 2~rec~~~~~ d: se t~rem desenvolvido:.li "Uma formaao dso~a nao Pelao s quais ela ainda suficientetodas as foras pro ~ vas em J du o no tenham tomado o seue novas e rot altas d~~sma~e~~sd~existncia destas ltimas no:~~~ :rc:;' in~ub:d~nn~prprioi:;O e~~.r~~~"q~~Cj:J:d~~d~orr;;~l~er~humanidade ass~me sempre aque m re concluso dese se observa com mais KUdeza, c~:ga:;se~ncll~materiais para a~ s~lu~P~Oe:::~~Oo:pe~en~~est~em processo de surgimento".(MAror, lntkduo Critica da EconomUl Polltlca.)

    45

    . ;

    '.

    , ';

    estabelecer os djversos graus de re1ae de foras, pode-se pres-f:lr a uma exposio elementar sobre cincia e arte polticas,entendidas como um con' '99.,ti e a ticu ares teis ara des ertar o interess~pe a realidade fatual e sus . s~ vigorosas. o mesmo tempo, preciso expor o que se deveentender em poltica por estrat~ia e ttica. por "planolJ estra- .tglco, por pro a anda e a ita o r' - 'nc'a.

    or amzaao e da administra -Os elementos e o servao emprica que comumente so

    apresentados desordenadamente nos tratados de cincia poltica(pode-se tomar como exemplar a obra de G. Mosca, E/ementidi scienza poltica) deveriam, na medida em que no so ques-tes abstratas on apanhadas ao acaso, sitnar-se nos vrios grausda relao de foras, a comear pela relao das foras interna-cionais (em que se localizariam as notas escritas sobre o que uma grande potncia, sobre os agrupamentos de Estados emsistemas hegemnicos e, por conseguinte, sobre o conceito deindependncia e soberania no qne se refere s pequenas e m-dias potncias'), passando em seguida s relaes sociais objc-tivas, ao gran de desenvolvimento das fdtas rodnhvas as re-la es e o 'c, e par, o sistemas he e 9d ro o ta o e s re a es po I Icas Imediatas (ou seja,

    _Ptenclalmefile mut!ares).As relaes Internacionais precedem ou ~~em (logica-

    mente) as lelaoes SOCiaiS fundamentais? Seguem, indublfve:t:rOda Inovao orgnica na estrutura modifica organicamente asrelaes absolutas e relativas no campo internacional, atravsdas suas expresses tcnico-militares. Inclusive a posio geo-grfica de um Estado no precede, mas segue (logicamente) asinovaes estruturais, mesmo reagindo sobre elas numa certamedida (exatamente na medida .em que as superestruturas rea-gem sobre a estrutura, a poltica sobre a economia, etc.). Almdo mais, as relaes internacionais reagem positiva e. ativamentesobre as relaes polticas (de hegemonia dos parti4.os). Quan-to mais a vida econmica imediata de uma nao se subordinas relaes internacionais, mais um partido determinado repre~senta esta situao e explora-a para impedir o predominio dospartidos adversrios (veja-se o famoso discurso de Nitti sobre

    , Ver pgs. 138, 162 e seguintes.

    44

  • !II

    ~

    11II!i\

    47

    uelas em qe se verifica uma estagn'a'lto das fora~ produtl-vs. O nexo dialtico entre as duas ordens de movI'!lento e,pdrtanto, de pesquisa, dificilmente pode ser estab~lecl~o e~a-tamente; e, se o erro grave no que se refere hlStonografla,m~is grave ainda se torna na arte oltica, uando se trata nod T re . .. ssada mas de constrUir a ISpC: sent f tuca'! Os pr6prios desejos e paixes ~eteriorantes Imediatos constituem a causa' do 'erro na medida em ques ,bstituem a anlise objetiva e imparcial. E isto se verifica nocbmo "meio" consciente para estimular ao, mas c~mo auto-1ngano, Tambm neste caso a cobra morde o charlatao: o de;ngogo . n primeir~_.'i!i~a da sWLdemagogia_

    Estes critrios metodol6gicos podem adquirir visvel e di-daticamente todo o seu significado quando aplicados ao examede fatos hist6ricos concretos. O que se poderia fazer com utili-dade em relao aos acontecimentos' que se verificaram .naFrana de 1789 a 1870. Parece-me que para ma}or clareza, daexposio seja necessrio abranger todo este penodo. Efel1va-mente ~6 em 1870-1871, com a tentativa da Comuna, esgotam-se hisioricameilte todos os germes' nascidos em 1789. No s6a nova classe que luta pelo poder derrota os rc:p:,:sentantes davelha socidade que no quer confessar-se defmll1vamente su-perada, mas derrota tambm os grupos n?v~simos que acre~i-tam j ultrapassada a nova estrutura surgtda da .tra~sformaaoiniciada em. 1789. Assim,. ela demonstra a sua VItalIdade tantoem relao ao velho como em relao ao novssimo. Alm do

    1 O fato de no se ter considerado o momento imediato das "relaesde fora" estA ligado a resduos da concepo liberal vulg~r, da qualo sindicalismo uma manifestao que acreditava ser ma~s avanadaquando, na realidade, rcprcsentnvn um passo lltr6.Sl. Efetivlln'lp.ntp.;. A.concepo liberal vulgar dando Importncia relao das foras poli-ticas organizadas nas diversas foqnas de partido (leitores de j~mai5.eleies parlamentares e locais, -organizaes de massa dos partidos. edos sindicatos num sentido estrito), era mais avanada do que o SIn-dicalismo que dava importncia primordial relao fundamental cco~nmico.s~cial, e s6 a ela. A concepo liberal vulgar tambm levavaem conta impltcitamente esta r~la~o (como transparec~ atravs demuitos sinais), mas insistia priontanamente sobre a relaao das foraspolticas que era uma expresso da outra e, na realidade, englobava.a.lstes re~fduos da concepo liberal vulgar podem ser encontrados emtoda uma srie de trabalhos que se dizem ligados filosofia d. pr.xl,e deram lugar a fonnas infantis de otimismo e a asneiras.,--~-.. - ---

    os pequenos grupos dirigentes e as personalidades imediata-mente responsveis pelo poder. Os fenmenos orgnicOlLdo.-mar em crtica hist6ric.o,social _ ue.' -os' andes- ._.p~mentos, aCIma as pessoas imediatamente responsveis_-HCi .!!Lado pessoal dmgenle, A ImportncIa dessa grande diferen-ciao surge quando se estuda um perodo hlst6rico, Verifica-se umirr:cri~~ ue, s vezes, prolonga-se or dezenas de anqs'~on'Esta d raao excepclOna quer Izer que se reve aram amaau~ G .receram con ra los msan vel ura e que as for as 1olticas que atuam oSll1vamene ar r e e ende' S

    W . na es rotura .esfor am.-se para san - a en ro e cert~ 'fi ~Imlte~ e 811 er-Ias. .SOl cverantes~o,s nen uma forma social 'amais confessar que 01 supera-

    da) ormam o erreno ocasional" sobre o qu se or amzam. sor as a oms as, ue ten em a emons rar emonstraoue, em ltima an ise, s6 se realiza e "verdadeira' uan otorna nova r uan o as or as anta onistas triunfam;

    1)1as'lme la amente desenvolve-se uma srie de po emlcas Ideo-lgIcas, relIgIOsas, fIlosficas, polticas. jurdicas etc; cuja con ..cr.::ao pode ser avalIada pela medida em que conseguem con-tenc7r e deslocam o preeXIstente dispositivo de foras sociais)sue ]..-exstem as condies necessrias e suficientes para quedetermmados encargos possam e, por conseguinte devam serresolvidos historicamente, (e evem, porque qua'quer vaCIla-o em cumprir o dever hist6rico aumenta a desordem necss-.ria e prepara catstrofes mais graves), .' .. ~

    ., VJNas anliscs hist6rico-polticas, freqUentemente incorj''-se .AviJtff'

    no erro de no saber encontrar a justa relao entre o que v --O (orgnico e o que ocasional. Assim, ou se apresentam como #imediatamente atuantes causas que, ao contrrio, atuam media- rfiJN'tamente, ou se afirma que as causas imediatas ~o as nicascausas eficientes. Num caso, manifesta-se o exagero de "elt-nomismo" oli de doutrinarismo pedantesco; no outro, o excessode "ideologismo". Num caso, superestimam-se as causas mec-nicas; no outro, exalta-se' o elemento voluntarista e individual.A distino entre (movimentos" e fatos ..orgnjcos e movimentos Je fa(

  • li:;~

    i{,

    mais, em virtude dos acontecimentos de .1870-1871, perde Cfi,,"ccia o conjunto de princpios de estratgia e ttica poltica nas-cidos praticamente em 1789 e desenvolvidos ideologicamenteem torno de 1848 (aqueles que se sintetizam na frmula da"revoluo permanente".' Seria interessante estudar os elemen-tos desta frmula que se manifestaram na estratgia maziniana- por exemplo, a insurreio de 1853 em Milo - e se istoocorreu conscientemente) . Um elemento que demonstra a jus-teza deste ponto de vista o fato' de que os historiadores demodo nenhum concordam (e impossvel que concordem) aofixar os limites daquela srie de acontecimentos que constitui aRevoluo Francesa. Para alguns (Salvemini, por exemplo), aRevoluo' se completa em Valmy: a Frana criou o novoEstado e soube organizar a fora poltico-militar que o sustentae defende a sua soberania territorial. Para outros, a Revoluocontinua at TermidQr; mais ainda, eles falam de muitas revo-lues (o lO de agosto seria uma revoluo em si, etc.).' Amaneira de interpretar Termidor e a obra de Napoleo apre-senta as mais agudas contradies: trata-se de revoluo oude contra-revoluo? Para outros, a Revoluo continua at1830, 1848, 1870 e inclusive at a guerra mundial de'1914.Em todas e~tas maneiras de ver h uma parte de verdade.Realmente, as contradies internas da estrutura francesa, quese desenvolvem depois de 1789, s encontram uma relativa com-posio com a Terceira Repblica. E a Frana. goza sessentaanos de vida poHtica equilibrada depois de oitenta anos de trans-formaes em ondas cada vez maiores: 1789,1794,1799,1804,1815, 1830, 1848, 1870. : exatamente o estudo dessas "ondas"de diferentes oscilaes que permite reconstruir as relaes en-tre estrutura e superstruturas, de um lado, e, de outro, as relaesentre o curso do movimento orgnico e o curso do movimentode conjuntura da estrutura. Assim, pode-se dizer que a medi-o dialtica entre os dois princlpios metodolgicos enunciadosno incio desta nota localiza-se na frmula poltico-histrica darevoluo permanente.

    1 Gramsci usa o termo revoluo permanente para indicar a interpre~lao errada de Trotsld (uma transformao poltica levada a cabo poruma minoria sem o apoio das grandes mAssas) . frmula de Karl Marx..Por isso o autor a coloca entre aspas. (N. e I.), Cf. La Roolution tranoise de A. MATRlEZ. na coleo A. Colin.

    48

    ii Um aspecto do mesmo problema a chamada '1.uesto das

    relaes de ora. L-se com freqncia nas nam(oes hlslo, as a expressa0: "relaes de foras favorveis, desfavorveisa esta ou aquela tendncia." Assim, abstratamente, esta fornlU-lao no explica nada ou quase nada, pois o que se faz repetir o fato que se deve explicar, apresentando-o uma vezcomo fato e outra como lei abstrata e como explicao. Por-tanto, o erro tcrico consiste em a resentar um elemento epesqui e mterpretaao como causa hist nca

    a re ecess no 10 Ir 'versos mo-mento u grau~ que no fundamental so estes:

    .-- 1) Uma rela o d for ociais estreitamente ligada estrutura, ob' eliva in e endente da vontade os om

    ser me ida Com os sistemas das CI nClas atas o casbase do au de esenvo vlmento das foras materiais de

    pro uo estruturam-se os a u amentos SOCiaIS,ca a um osquais represen a uma unao e ocupa uma pOSio e er I a

    na prduao. Esta relaa a que f!, uma realiadc tebelde:"'niflgum pode modificar o nmero das fazendas e dos seusagregados, o nmero das cidades com as suas populaes de.terminadas, etc. Este dispositivo fundamental permite verificar

    ~ sociedad;=.. eXistem as cQIldies, necessrjas e suficientesra a sua transformao; ermite controlar o grau de reahsmb

    ('e de vIa 1I ade das !Versas I eo ogias que e a gerou urao seu curso.~ momento se inte areia o das for as olticas:a avalia o o au e omogeneidade, de autoconsclencla e

    amzao a can o os ru os sociais. Por suavez, este momento ode ser analisado e diferenciado em vriosgraus, ue correspon em aos diversos en o .a

    .-.E01 C e 1 , orno se manifestaram na Histrinate agora. O rImeI e ementar o eco

    . : um comercIante sente eve ser so I rio com outrocomerciante, etc., mas o comerciante no se sente ainda SOlid-rio com o fabricante. Assim, sente-se a unidade nomogenea dogrupo profissional e o dever de organiz-Ia, mas no ainda aunidade do grupo social mais amplo. Um sell!!ndo .aque m ue se adquire a conscincia d . ariedteresses entre to s membros so . 1 mas ainda nocampo n e econ mIco. Ne coloca aque - sta o, mas apenas visando a alcanar uma Ig!!!\l'

    49

  • ~ .

    1II!

    I

    cretas. Uma ideologia nascida num pas desenvolvido difunde-se em pases menos desenvolvidos, incindindo no jogo loeal daseQmbinaes.'

    Esta relao entre foras internacionais e foras nacionaisainda complicada pela existncia, no interior de cada Estado,de diversas sees territoriais com estruturas diferentes e dife-rentes relaes de fora em todos os gr~us (a Vandia era alia.da das foras reacionrias internacionais e representava-as noseio da unidade territorial francesa; bio, na Revoluo Fran-cesa, representava um n particular de 'relaes, etc.).

    3) O terceiro momento o da relao das foras militares,imediatamente decisiva e esen-)vo V.lmeno 18 rJ,co oscilo. con't1nuamente entre n primeiro e o.terceiro momento, com a medlaao dO segundo). Mas es>~momento nAo algo maIs tinto e que possa ser identificado ime.diatamente de forma esquemtica. Tambm nele podem-sedistinguir dois graus: o militar, num sentido estrito outcnico-militar. e o grau que pode ser denominado de poltico-i1iIiti. No curso da Histria estes dois graus se apresen-iram com uma grande variedade de combinaes. Um exem-plo ((pico; que pode servir como demonstrao-limite, o darelao de opresso militar de um Estado sobre uma nao queprocura alcanar a sua independncia estatal. A relao no puramente militar. mas poltico-militar. Efetivamente, tal tipode opresso seria inexplicvel se no existisse o estado de de-sagregao social do povo oprimido e a passividade da suamaioria. Portanto. a independncia no poder ser alcanadaapenas com foras puramente militares, mas com foras milita-res e poltico-militares. Se a nao oprimida. para iniciar' a,.luta da independncia, tivesse de esperar a permisso do Esta-

    1 A I"f"Jlgio.por exemplo. sempre foi uma fonte dessas combinaesideolgico-polltfcas nacionais e internac