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Dor do silêncio, não deixe que isso continue Não há idade nem classe social. A violên- cia contra as mulheres é sofrida em todas as fases da vida. A violência cometida contra mulheres no âmbito doméstico e a violên- cia sexual são fenômenos sociais e culturais ainda cercados pelo silêncio e pela dor. Segundo o Ministério da Saúde, políticas públicas específicas que incluem a preven- ção e a atenção integral são fatores que po- dem proporcionar o empoderamento, ou seja, o fortalecimento das práticas autopo- sitivas e do coletivo feminino no enfrenta- mento da violência no Brasil. 25 DE NOVEMBRO Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres CORAGEM PARA DENUNCIAR, FORÇA PARA CONTINUAR. ESSA LUTA É DE TODAS NÓS!

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Page 1: 25 de novembro Dia Internacional da Não Violência contra ... · Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres CORAGEM PARA DENUNCIAR, FORÇA PARA CONTINUAR. ESSA LUTA

Dor do silêncio, não deixe que isso

continueNão há idade nem classe social. A violên-

cia contra as mulheres é sofrida em todas as fases da vida. A violência cometida contra mulheres no âmbito doméstico e a violên-cia sexual são fenômenos sociais e culturais ainda cercados pelo silêncio e pela dor.

Segundo o Ministério da Saúde, políticas públicas específicas que incluem a preven-ção e a atenção integral são fatores que po-dem proporcionar o empoderamento, ou seja, o fortalecimento das práticas autopo-sitivas e do coletivo feminino no enfrenta-mento da violência no Brasil.

25 de novembro

Dia Internacional da Não Violência

contra as Mulheres

CORAGEM PARA DENUNCIAR, FORÇA PARA CONTINUAR.

ESSA LUTA É DE TODAS NÓS!

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Universo feminino em expansão, desigualdade ainda presente

Apesar de muitas conquistas e ocupação de muitos lugares no mercado de trabalho, na política e nas organizações em geral,

as mulheres continuam ainda em desvantagem em relação aos homens quando o assunto é remuneração.

No Brasil, as mulheres são mais da metade da população e já es-tudam mais que os homens, mas ainda têm menos chances de em-prego, ganham menos do que o universo masculino trabalhando nas mesmas funções e ocupam os piores postos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a distribuição de renda melhorou, mas a desigualdade entre homens e mulheres, ainda é muito significativa. O mais recente Censo Demográfico (2010) do país mostra que o rendimento médio mensal dos homens com Carteira Profissional assinada foi de R$ 1.392, ao passo que o das mulheres foi cerca de 30% abaixo disso, atingindo R$ 983.

História de batalhas

A trajetória é antiga. Desde a década de 50, documentos varia-dos referem-se à violência contra a mulher, primeiro chamada de violência intrafamiliar. Nos anos 80 é denominada como violência doméstica e, na década de 90, os estudos passam a tratar essas rela-ções de poder, em que a mulher em qualquer faixa etária é subme-tida e subjugada, como violência de gênero.

A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Con-venção de Belém do Pará, 1994) define tal violência como “qual-quer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psico-lógico à mulher, tanto na esfera pública quanto privada” (Assem-bleia Geral da Organização dos Estados Americanos, 1994).

Na Política Nacional de Redu-ção da Morbimortalidade por Aci-dentes e Violências (BRASIL, 2001), o Ministério da Saúde caracteriza a violência como um fenômeno de conceituação complexa, polis-sêmica e controversa. Entretanto, assume-se que ela é representada por ações humanas realizadas por indivíduos, grupos, classes, nações, numa dinâmica de relações, oca-sionando danos físicos, emocio-nais, morais e espirituais a outrem (Minayo; Souza, 1998).

Busca por mais espaços e menos agressãoUm estudo da Secretaria de Políticas para as Mulheres avalia

que o problema da baixa participação de mulheres em espaços de poder tem relação estreita com o limitado acesso feminino à esfera pública. Fatores culturais estão entre as principais causas dessa disparidade: a cultura de divisão sexual do traba-lho, o não compartilhamento de tarefas domésti-cas e familiares e o preconceito de gênero, entre outros fatores.

No setor privado, o quadro não é muito diferente do que no se-tor público. Pesquisas tendem a confirmar essa pro-porção de 20% a 30% de mulheres nos postos de chefia.

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Violência contra a mulher é problema de saúde pública

A violência sexual ou doméstica é fe-nômeno com muitas causas, uma teia de aspectos sociais, culturais, religiosos e econômicos. Por apresentar significativa dimensão epidemiológica, conforme de-monstram dados da notificação compulsó-ria (Lei nº 10.778/2003), por meio da Vi-gilância de Violência e Acidentes (Viva), a violência sexual e/ou doméstica contra crianças, adolescentes e mulheres adultas é considerada um grave problema de saúde pública.

Pauta-se, para tanto, pelos acordos in-ternacionais dos quais o Brasil é signatá-rio – notadamente, a Conferência de Cairo (1994), a de Beijing (1995) e a Convenção de Belém do Pará (1994) – e ainda pela le-gislação nacional vigente – a Constituição Federal/88, o Estatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA)/1990, o Código Penal e, em especial, a Lei nº 11.340/2006 – mais co-nhecida como Lei Maria da Penha –, marco político de uma mudança de paradigma no enfrentamento à violência contra as mulhe-res.

Apesar dos inquestionáveis avanços, o Ministério da Saúde reconhece que uma vida sem violência e uma cultura de res-peito aos direitos humanos de mulheres permanecem um grande desafio. Várias publicações foram editadas em 2011 para contribuir com as políticas de enfrentamen-to da violência contra as mulheres.

Dados em Santa Catarina• 41.970 casos de violência contra a mulher foram

registradas pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina em 2011;

• A cada 46 minutos uma mulher é vítima de violência doméstica no Estado e, mesmo após seis anos desde a implantação da Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, a ausência de denúncias ainda dificulta a resolução deste problema.

• Através de um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, nos últimos dez anos, chegou-se a um perfil das vítimas. As adolescen-tes e jovens são as que mais sofrem violência, princi-palmente física, contudo, por mais que a violência se concentre nesta faixa etária, nenhum grupo dividido por idade, até os 80 anos, passou sem registro.

• O maior número de casos continua se concentrando em ambiente doméstico.

Mulheres com mais coragem, mais consciência

Dados da Central de Aten-dimento à Mulher (Ligue 180) revelam aumento da formalização das denúncias. Os atendimentos da central subiram de 43.423 em 2006

para 734.000 em 2010, quase dezesseis vezes mais.Os números revelam um resultado efetivo das cam-

panhas de conscientização e das políticas públicas de proteção da mulher, além da aplicação da Lei Maria da Penha a partir de 2006.

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• 388,9 mil atendimentos no primeiro semestre de 2012;

• 47,5 mil (56,6%) foram relatos de violência física;

• 12,9 mil (27,2%) casos de violência psicológica;

• 5,7 mil (12%) de relatos de violência moral;

• 915 (2%) de violência sexual;• 750 (1%) são casos de violência

patrimonial.Os dados são da Secretaria de

Políticas para as Mulheres, respon-

sável pelo disque-denúncia, e re-velam ainda que em 66% dos casos os filhos presenciam as agressões contra as mães.

Os companheiros e cônjuges continuam sendo os principais agressores (70% das denúncias neste ano). Se forem considerados outros tipos de relacionamento afe-tivo (ex-marido, ex-namorado e ex--companheiro), o percentual sobe para 89%. Os parentes, vizinhos, amigos e desconhecidos aparecem como agressores em 11%.

s Sindicato dos Empregados em Empresas Terceirizadas, Prestadoras de Serviços, Asseio e Conservação SCs Sindicato dos Vigilantes e Empregados em Empresas de Vigilância e Segurança Privada de SCs Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Valores de SC

Entidades que apoiam este movimento

Santa Catarina tem poucas denúncias

Das unidades federativas, o Distrito Federal registrou o maior número de denúncias de violência contra a mulher no primeiro semestre do ano - 625 para cada 100 mil mulhe-res - seguido pelo Pará (515) e pela Bahia (512). Os que menos receberam ligações, no mesmo período, foram Ama-zonas (93), Santa Catarina (156) e Rondônia (173).

As brasileiras contam com o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, desenvolvido pela Se-cretaria de Políticas para as Mulhe-res, da Presidência da República. Lançado em 2005, o plano traduz em ações o compromisso do Esta-do de enfrentar a violência contra a mulher e as desigualdades entre gêneros. Uma dessas ações práticas é o Pacto Nacional pelo Enfrenta-mento à Violência contra a Mulher, criado em 2008. A iniciativa conta

com investimentos de R$ 1 bilhão em projetos de educação, trabalho, saúde, segurança pública e assistên-cia social destinados a mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Entre esses projetos do Pacto estão:

• Construir, reformar ou equipar 764 serviços da Rede de Atendi-mento à Mulher;

• Capacitar cerca de 200 mil

profissionais nas áreas de educação, assistência social, segurança, saúde e justiça;

• Capacitar três mil Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros Especializados de Assistência Social (CREAS) para atendimento adequado às mulheres em situação de violência;

• Ampliar o atendimento da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), dentre outras ações.

Pacto nacional para enfrentar a violência

Dados do Disque Denúncia 180