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BARREIRAS TÉCNICAS PARA AS EXPORTAÇÕES: UM ESTUDO DE CASO DO ABATE HALAL TECHNICAL BARRIERS TO EXPORTS: A CASE STUDY OF HALAL SLAUGHTER LAS BARRERAS TÉCNICAS PARA LA EXPORTACIÓN: UN ESTUDIO DE CASO DE MATANZA HALAL Fernando Dall’Azen Graduado em Economia pela Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Andreas Dittmar Weise Professor Doutor no PPGEP da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] RESUMO O objetivo do presente trabalho é analisar a importância fundamental para as empresas exportadoras de se conhecer o ambiente institucional, a cultura, costumes, religião etc. do país importador, especificamente o caso do abate Halal para os países Islâmicos. A fim de demonstrar como o mercado de alimentos Halal é um mercado de grandes oportunidades e que pode ser muito bem explorado pelas empresas exportadoras brasileiras, foram selecionados os países que possuem mais de 10 milhões de adeptos da religião islâmica na sua população absoluta. Para fundamentar este estudo, foram analisados o crescimento do mercado Halal, utilizando-se o crescimento demográfico dos países selecionados, assim c om o a renda per capita e o crescimento real do PIB, al é m d o sucesso das exportações brasileiras de carne bovina e carne de frango para o Oriente Médio. A pesquisa é de caráter exploratório, pois visa desenvolver a hipótese de que o conhecimento de instituições estrangeiras é um fator determinante do comércio internacional. Os resultados demonstram que o crescimento demográfico dos países islâmicos selecionados é superior à média mundial, assim como o crescimento real do PIB e o crescimento da renda per capita destes países são superiores aos índices brasileiros. Aliado a isso, soma-se o sucesso das exportações de carne bovina e de frango para o Oriente Médio, que representam um terço nos dois setores e cuja representatividade da população islâmica mundial é de apenas 18%. Palavras-chave: Halal. Economia Institucional. Exportação de carne bovina e de frango.

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BARREIRAS TCNICAS PARA AS EXPORTAES: UM ESTUDO DE CASO DO ABATE HALAL TECHNICAL BARRIERS TO EXPORTS: A CASE STUDY OF HALAL SLAUGHTER LAS BARRERAS TCNICAS PARA LA EXPORTACIN: UN ESTUDIO DE CASO DE MATANZA HALAL FernandoDallAzen Graduadoem EconomiapelaUniversidadeFederalde Santa Maria [email protected] AndreasDittmarWeise ProfessorDoutornoPPGEPdaUniversidadeFederal deSanta Maria [email protected] RESUMO Oobjetivodopresentetrabalhoanali saraimportnci afundamental par aasempresasexportadorasde se conheceroambienteinstitucional,a cultura, costumes, religi o etc.dopasimportador, especi ficamente ocasodoabateHal alpar aospasesIslmicos.AfimdedemonstrarcomoomercadodealimentosHalal um mercadode grandesoportunidades equepodeser muito bem expl oradopelas empresasexportador as brasileiras,for amselecionadosospa sesquepossuemmaisde10milhesdeadeptosdareligioisl mica nasuapopulaoabsoluta.Parafundamentaresteestudo,foramanalisadosocrescimentodomercado Hal al,utilizando-seocrescimentodemogrficodospa sesselecionados,assi mc omoarendapercapita eocrescimentorealdoPIB, al mdosucessodasexportaesbr asileirasdecarnebovinaecarnede frangoparaoOrienteMdio.Apesquisadecarterexploratrio,poisvisadesenvolverahiptesede queoconhecimentodeinstituiesestrangeirasumfatordeterminantedocomrciointernacional . Os resultadosdemonstramqueocrescimentodemogrficodospasesisl micosselecionadossuperior mdiamundi al,assimcomoocrescimentoreal doPIBeocrescimentodarendapercapitadestespa ses sosuperioresaosndicesbrasileiros.Ali adoaisso,soma-seosucessodasexportaesdecarnebovinae defrangoparaoOrienteMdio,querepresentamumteronosdoissetoresecujarepresentatividadeda populaoislmicamundial de apenas18%. Palavras-chave:Halal.EconomiaInstitucional.Exportaode carne bovinae defrango. BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 57 ABSTRACT Theobjectiveofthisworkistoanal yzethefundamentalimportancetoexporterstoknowtheinstitutionalenvironment,theculture,customs,religionetc.oftheimportingcountry,specificall ythecaseofHal alslaughterfortheIslamiccountries.InordertodemonstratehowtheHal alfoodmarketisoneofgreat opportunitiesandthatcanbeverywellexploredbyBrazilianexporters,thecountriesthathavemorethan 10 million follower s of the Islamic religion in their absol ute populationwere selected.Tosupport this study, thegrowthoftheHalal market,thedemographicgrowthofselectedcountries,aswellasthepercapita income and the real growth of the GDP were analyzed, inaddition to thesuccessof the Brazili an exports of beefandchickenmeattotheMiddleEast.Thisisanexploratoryresearchthataimstodevelopthe hypothesis thatknowledgeof foreign institutions isadeterminant factorof i nternational trade. The results show that thepopulati on growth of theselected Isl amic countries is hi gher than the world average,as wellastherealgrowthofGDPandthegrowthofthepercapitaincomeofthesecountriesaresuperiorto Brazilianrates.InadditiontothesuccessofexportsofbeefandchickentotheMiddleEast,itrepresents one third in bothsectorsandwhoserepresentativenessofthe Muslimpopulationworldwideis only18 %. Key words: Halal.InstitutionalEconomics. Exportsofbeef andchicken. RESUMEN Elobjetivodeestetrabajoesanalizarlaimportanciafundamental,par alasempresasexportador as,en conocerelentornoinstitucional,l acultura,lascostumbres,lareligin,etc.delpasimportador, especficamente el casodel sacrificio Hal al para l os pases isl micos.Con el fin de demostrar de qu manera elmercadodealimentosHalal esunmercadodegrandesoportunidadesyquepuedesermuybien exploradoporlasempresasexportadorasbrasileas,fueronseleccionadoslospa sesquetienenmsde10 millonesdefielesdel areliginisl micaensupobl acinabsoluta.Par ajustificaresteestudi o,fueron analizadoselcrecimientodelmercadoHal al,seutilizelcrecimientodemogrficodel ospa ses seleccionados,ascomolosingresospercpitayelcrecimientorealdelPIB,ademsdelxitodelas exportaciones br asileas de carne de vacuno y carne de polloalMedio Oriente.La investigacin es del ti po exploratorio,yaquesuobjetivoesdesarroll arlahiptesi sdequeelconocimientodelasinstituciones extranjerasesunfactordeterminantedelcomerciointernaci onal .Losresultadosmuestranqueelcrecimientodelapoblacindelospasesislmicosseleccionadosesmayorqueelpromediomundial,ascomo el crecimiento real delPIB y elcrecimiento del ingresoper cpitade estos pa ses sonsuperioresa los ndicesbr asileos.Ali adoaesto,sesumaelxitodel asexportaci onesdecarnederesydepolloparaelOrienteMedio,querepresentanunaterceraparteenlosdossectoresycuyarepresentativi daddela poblacinmusulmanamundialestan sloel 18 %. Palabras-clave:Halal.EconomiaInstitucional.Exportacinde carne de res y de pollo. INTRODUO Nosltimosanosocomrciointernacionalvemapresentandodiversas transformaes.Entreelasoenormefluxocomercialentreospaseseblocos econmicos,oqueexigedosexportadoresumestudodiferenciadosobreocomrcio FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 58 internacional,poiscadavezmaissoexploradosmercadosdesconhecidosecom particularidades distintas. OsprodutosHalal(preparadosdeacordocomasregrasislmicas)representam um mercado que movimenta cerca de US$ 578 bilhes por ano, com taxa de crescimento acima de 15%; 1,8 bilhes de consumidores pelo mundo em 112 pases e muitos outros no muulmanosqueescolheramsealimentardeprodutoscertificadoscomestaqualidade (CENTRAL ISLMICABRASILEIRA DE ALIMENTOS HALAL, 2011). Em2010,aproximadamenteumterodasexportaesdefrangotiveram comodestinooOrienteMdio(regioondeapenasIsraelnoadeptodareligio Islmica)queexigeocertificadodealimentoHalal,ummontantedeUS$2,233 bilhes,umaumentode13%emrelaoa2009.Odestinode35%daexportaode carnebovinatambmparaoOrienteMdio.ValereforarqueoOrientemdio representaapenas18%dosconsumidoresmuulmanos.Logoamagnitudecomercialaseconquistarespetacular,vistoqueareligioislmicacresceapassoslargos. Estima-se que em 2025 sero quase trs bilhes de consumidores muulmanos (CENTRAL ISLMICABRASILEIRADEALIMENTOSHALAL,2011).Essemercadopromissorfezcom queamaioriadosfrigorficosexportadoresadaptassesuasatividadesparaatenderas normas exigidas por essas naes. Estatsticas mostram que os pases de maioriaislmicaimportam cerca de US$ 70 bilhes de produtos agroindustriais e que o Brasil supra apenas 10% desse total (CENTRAL ISLMICABRASILEIRADEALIMENTOSHALAL,2011).Acredita-sequepossvel abocanharfatiasmaioresdessemercado,desdequeseprestemaisateno importncia da agregao de valor aos produtos. Nesse fluxo, as carnes halal apresentam essediferencial.Devidoimportnciaqueacarnebovinaeacarnedefrangotmna pauta de exportaes brasileiras, ao crescimento pela procura de alimentos Halal que se expandecadavezmaiseaindapelaliderananasexportaesdecarneparapases islmicos,definiu-seoseguinteproblemadepesquisa:Comooconhecimentodos costumes,tradies,religio,enfim,dasinstituiesdospasesimportadorespode explicar o sucesso das exportaes brasileiras? BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 59 Portanto,os objetivos destetrabalho so aanlise das barreiras tcnicas para as exportaesmundiaissobaticadaNovaEconomiaInstitucionalemostrarcomoo mercadodealimentosHalalofereceoportunidadesparaasexportaesbrasileiras, utilizandoosucessodasexportaesdecarnebovinaecarnedefrangoparaoOriente Mdio. A fim de analisar como o mercado de produtos Halal vem crescendo e oferecendo grandesoportunidadesaosexportadores,seranalisadaataxadecrescimento populacionaldospasescom mais de 10 milhes de pessoas adeptas ao islamismo, assim comoataxadecrescimentorealdoPIBdestespaseseaindaarendapercapitados mesmos. COMRCIO INTERNACIONAL A globalizao um dos processos de aprofundamento da integrao econmica, social,culturalepoltica.umfenmenogeradopelanecessidadedadinmicado capitalismodeformarumaaldeiaglobalquepermitamaioresmercadosparaospases centrais(ditosdesenvolvidos)cujosmercadosinternosjestosaturados (STRAZZACAPPA,2008).DesdeofinaldosculoXVIII,oseconomistasconseguiram compreenderaimportnciadocomrciointernacional.Realizartrocasimportante porquepermitequecadanaoseespecializenaquiloqueconsegueproduzir de forma mais eficiente. A viso clssica dos mercantilistas fundamenta-se na riqueza acumulada na forma deouroeprata,enriquecendoquandoadquirissemaisdessesmetais.Incentivavamas exportaes, pois atingiriam um supervit comercial e assim facilitaria a compra de novos metais (SALVATORE, 2000). OprincpiodaTeoriadasVantagensAbsolutassurgiudasideiasdeAdamSmith, em sua obra "A Riqueza das Naes (1776). Ela defendia a ideia de que cada pas deveria produzir aquilo que produzacusto maisbaixo etrocar oexcedentedestaporprodutos FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 60 mais baratos em outros pases, o que seria benfico para as duas (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005).Destemodo,aespecializaodaproduo,emrazodadivisodotrabalhona reainternacional,assimcomoastrocasrealizadasnocomrciointernacional, contribuiriamparaaelevaodobem-estardaspopulaes.DavidRicardo,coma publicaodePrincpiosdeEconomiaPolticaeTributao(1817),elaboraateoriadas vantagenscomparativas.Eladefendeaideiadequeocomrciointernacionalser vantajosomesmonoscasosemqueumanaopossaproduzirinternamenteacustos mais baixos do que a outra, desde que, em termos relativos, suas produtividades fossem relativamentediferentes.Logo,aespecializaointernacionalseriamutuamente vantajosaemtodososcasosnosquaisasnaesparceirasdespendessemosseus recursos para a produo daqueles bens em que sua eficincia fosse relativamente maior. OTeoremadeHeckscher-Ohlindefendequeopadrodocomrciointernacional determinadopeladiferenanadisponibilidadedealgunsfatores naturais.Eleprevque umpasirexportaraquelesbensquefazemusointensivodaquelesfatores(insumos, por exemplo) que so abundantes neste pase irimportar aqueles bens cuja produo dependente de fatores escassos localmente (SALVATORE, 2000). INSTITUIES Para North (1993), as instituies formam um guia para as interaes humanas. As instituiesrepresentariamasregrasdojogoeosjogadoresseriamasorganizaes (grupo de pessoas que realizam alguma atividade com determinado fim, incluindo rgos pblicos,educativos,sociaiseeconmicos).Oambienteinstitucionallimitaedefineas opesdeescolhadoindivduoatravsderegrasformais,normasinformaisde comportamentoeaeficinciadosmecanismosdecumprimentodessasregras.Oseu objetivodereduziroscustosdesuasinteraeseassimcontribuirparaumamaior eficinciaeconmica.Destemodo,odesempenhodeumaeconomiapodeser influenciado pelo ambienteinstitucional, pois ele pode alterar desde o custo de um bem BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 61 ou servio at a forma que o mesmo produzido ou realizado. Na sociedade, h dois tipos bsicos de instituies: formais e informais. A primeira consiste nas leis da sociedade. A segunda so tradies e costumes da sociedade, onde a religiorecebegrandedestaque.Instituiesinformaisinfluenciamasinstituies formais,porexemplo,umcostumequesetransformaemlei.Assimcomoinstituies formais se relacionam com instituies informais (lei se transforma em costume). Os institucionalistas, especialmente a teoria neo-institucionalista, pem em dvida a ideia do homem econmico substituindo-o pelo homem contratual. Deste modo, h um deslocamento de concepes como racionalidade plena, informao perfeita e ao auto interessadaparaaracionalidadelegitimada(resultadodaincertezaedoambiente),em queaao racional estsempre condicionada ao contexto social, ou seja, adotada em virtudedosvaloressocialmentefixadosedasestruturasnormativas,demodoqueas escolhas so limitadas, a informao incompleta e a aoem determinados momentos inescrupulosa; onde entra o conceito de oportunismo (NORTH, 1993). Bueno(2004)ressaltaaimportnciadoambienteinstitucionalparao desenvolvimentoeconmicodeumasociedade.Associedadesquemaisse desenvolvem ao longo do tempo, portanto, so as que conseguem construir mecanismos institucionais que reduzem os custos das transaes realizadaspelosindivduosemuma economiademercado(BUENO,2004,p. 782). As teorias econmicas clssicas e neoclssicas apoiam-se na perspectiva em que a aodependedoindivduo.Imaginamummercadoemqueaconcorrnciaperfeita, agentes econmicos possuem informao perfeita e o preo um mecanismo de ajuste do mercado. J a escola institucionalista partedoprincpioqueo ambientecondicionaa aodoindivduo,deformaquea escolhaest dada pelo contexto. BARREIRAS Existemobstculossexportaesquegeraminfluncianaadministraode FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 62 empresas exportadoras, alterando assim o comportamento e o desempenho da empresa em relao atividade exportadora (MACHADO; MELO, 2004). DeacordocomMoini(1997),tomandocomobasearevisodeliteraturade estudosanteriores,propeaexistnciadecincobarreirasexportaoqueso apresentadas a seguir: a)barreirasdemarketing:compreendemaobtenodeinformaessobre clientesemercadosexternos,comofazerpreosepropagandano exterior; b)barreirasdeprocedimentos:estoligadasaosaspectosburocrticos, documentais e logsticos envolvidos emuma operao de exportao; c)barreirasdeprticasenegciosinternacionais:referem-seaos regulamentos impostos por governos, a comunicao com cl ientes e s prticas comerciaisno exterior; d)barreirasfinanceiras:riscoscambiais,financiamentodasoperaesde exportao e a cobrana de vendas ao exterior; e e)barreiras tcnicas e de adaptao: adaptao de produtos para o mercado exterior e servios de ps-venda. ParaAlmeidaetal.(1988),aglobalizaoredefiniunoesdetempoeespao, aproximoupasesfacil itandosuacomunicaoerelaescomerciais,quecadavez mais seguem os padres de comrcio de acordo com a Organizao Mundial do Comrcio (OMC).Noexisteumfatorpreponderanteedecisivoparaaevoluodocomrcio internacional (ROCHA; CHRISTENSEN, 1987), isso porque os acontecimentos ao redor do mundorepercutememtemporeal,influenciandoasdeciseseosnegciosdeuma empresa. Asrelaesinterpessoaisaindaprevalecemcomoumfatorpreponderanteno processodenegociao,fazendo-senecessriooestudo,observaoeconhecimento dos costumes e peculiaridades locais do cliente, sem os quais a negociao pode no ter o sucesso almejado. Sendo assim, medida que as empresas estendem seus esforos de BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 63 vendasparaoexterior,tornam-secadavezmaisconscientesdaimportnciade compreenderasdiferenasculturaisnosprocessosdeinternacionalizao(ALMEIDAet al., 2005). Adefiniodebarreiraalgocomoalvo,obstculo,limite,algoqueconstitui empecilho,muitasvezesintransponvelparaalcanaronveldeumaclassesocial (FERREIRA, 1972). Opasimportadorconstituiinmerosfatoresquesetornambarreiras importao,taiscomoalocalizaogeogrfica,restriesimportao,embargos, pressodossindicatos,altastarifasalfandegrias,boicotes,cdigodenormastcnicas, moedanoconversvel,economiainstvel,quotasdeimportao,capacidadede pagamento,excessoderegulamentao,nveltecnolgico,competio,cdigode subsdiosedireitoscompensatrios,cdigodevaloraduaneiro,acordorelativoa procedimentossobrelicenasdeimportao,faltadetransparncianapolticade importao,exignciadecertificadosetestes,legislaosanitria,aspectosculturais, formas de comercializao, formasecustosdepromoo,exignciasdeumaltondice denacionalizaodosprodutoseaindafaltadecredibilidade(ROCHA;CHRISTENSEN, 1994). Fazer negcios muito mais que negociar: fazer negcios socializar, amizade, etiqueta, pacincia, protocoloe umalonga lista de detalhesculturais. Aregrabsican1 paraabordaromercadoexternooaprendizadodasdiferenasculturais(MINERVINI, 1991). Segundo Acuff (1998), alm dosfatores macroeconmicos, os quais condicionam asnegociaesinternacionais,ofatorculturalumdosmaisdestacados.Enfatiza tambm o tempo, aindividualidade ou a orientao coletiva, a estabilidade de funes, a conformidade e os padres de comunicao, entre os fatores culturais que influenciam as negociaes entre culturas. Fatortempo:ousodotempovariadeacordocomacultura.Porexemplo:h culturasqueconsideramosamericanoscomoobcecadospelohorrio,comportando-se como prisioneiros do relgio e das limitaes do mesmo. Inimaginvel a Bolsa de Valores FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 64 deNovaYork abrindo,entre9he10h(nopontualmente),ouo segundoturno deuma fbricacomeandoporvoltadas15h.NaAmricaLatina,noincomumumasesso comece meia hora depois da hora marcada. Um atraso de dois meses em um projeto no Oriente Mdio pode ser considerado perfeitamente normal. FatorIndividualismo/OrientaoColetiva:adiscussodoeueons abordadaaexemplodaculturanorte-americanaondeaspessoassoextremamente individualistas,enquantoqueosjaponesespossuemumamaiorconscinciade coletividade, explicando assim a demora de suas decises, sendo fundamental que todos integrantesdogrupoconcordemcomadeciso.Osnorte-americanosaindaprocuram negociarcomorepresentanteprincipalparanoperderemtempo,aocontrriodas culturas centradas no grupo. Fatorestabilidadedefuneseconformidade:percebidoemculturasque valorizamomodocomoscoisassofeitasouproduzidas,enquantooutrasculturas valorizamocontedo,aartefinal.Osjaponesesvalorizamoritual,aformalidade,o processo,aspectosquepermitemconheceraoutrapessoagarantindoestabilidade, seguranaeprevisibilidadenasnegociaes.Josnorte-americanos,suosealemes empregammaisatenoaocontedodasnegociaesdoquemaneiraqueas mesmas so conduzidas. Fator Padres de Comunicao: a clareza na comunicao (verbal e no verbal) um aspecto essencial das negociaes internacionais. Em termos culturais, os contedos podemserclassificadoscomodensooudebaixocontedo.Ocontedo densoquandoosignificadoestimplcitonamensagem,enquantonocontedo baixo, o significado est naquilo que foiexplicitamenteenunciado e no no contexto, isto,enquantoemdeterminadospasesacomunicaodotipodensoexigequeo receptor identifique ainteno da mensagem, em outros a comunicao deve ser aberta e direta (ACUFF, 1998). DeacordocomAcuff(1998),osseguintesaspectosdenegociaointernacional sodeextremaimportnciaparaasabordagenscomerciais:ritmodasnegociaes, estratgiasdenegociao,relaesinterpessoais,aspectosemocionais,processo BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 65 decisrio, fatores contratuais e administrativos. O ritmo das negociaes varia de acordo com a cultura de cada pas, assim como asestratgiasdenegociaosoutilizadasdeformadiferentes.Aabordageminicial e ofertasiniciaispodemvariardeconformearegio.Osaspectosemocionaisesto ligadossuscetibilidadeigualmentedeterminadapelacultura,omesmoocorrecomo processodecisrio.Porisso,importantesabercomoointerlocutortomaasdecises, embenefciodogrupooudoindivduo,domtodogeralespontneoouplanejado,no prestgio,nosinteressescorporativos.Almdocitado,osfatorescontratuaise administrativostambmvariamcomaregio,nacomplexidadeburocrticaena necessidade de uma agenda para as reunies (ACUFF, 1998). Oagronegcioosetordaeconomiamaispropcioparapromoverum crescimento de forma sustentada (FERREIRA, 1994). MERCADO HALAL AfimdedemonstrarcomoomercadodealimentosHalalummercadode grandesoportunidadesequepodesermuitobemexploradopelasempresas exportadoras brasileiras, foram selecionados os pases que possuem mais de 10 milhes deadeptosdareligioislmicanasuapopulaoabsoluta.Estespasesso:Indonsia, Paquisto, Egito, Turquia, Ir, Marrocos, Arglia, Afeganisto, china, Sudo, Iraque, Arbia Saudita, Imen, Sria, Malsia, Mali, Senegal, Costa do Marfim, EUA e Tunsia. Parafundamentaraafirmaofeitaacima,dequeomercadoHalalricoeque pode ser bem explorado, ser analisado o crescimento do mercado Halal, utilizando-se o crescimentodemogrficodestespases.Seranalisadaaindaarendapercapitaeo crescimentorealdoPIB.Aanliseserfeitanosltimoscincoanos.Apesquisase desenvolver na forma de pesquisa exploratria, pois visa desenvolver a hiptese de que oconhecimentodeinstituiesestrangeirasumfatordeterminantedocomrcio internacional. Que as instituies influenciam no comportamento do consumidor e ainda FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 66 objetivamostrarcomoomercadodeprodutosHalalsemostrapromissorparaas exportaesbrasileiras.Vistoquesoassuntospoucoexplorados,apesquisapretende tornar estes temas mais esclarecidos. RecentementeoBrasilvemapresentandoumciclodinmiconofluxodoseu comrcioexterior,acompanhandoocrescimentodofluxomundial.Quantoaodestino dasexportaesbrasileiras,podemosdestacaraUnioEuropeia-UE,asia,pases doMERCOSUL,EstadosUnidos, Oriente Mdio e a frica. AFigura1mostraestaevoluodasexportaespormercadosdedestinosa partir de2000at 2011 (valores em bilhes de dlares). Figura1 - Evoluodasexportaesbrasileirasparaosprincipaismercadosde destinoentre 2000 e 201 1. Pode-senotarfacilmenteoimensocrescimentodaparticipaodasexportaes paraocontinenteasitico,sendoem2000oquartoprincipaldestinodasexportaes paraem2011seconsolidarcomooprincipalmercadodasexportaesbrasileiras. NotamostambmumaquedaacentuadadosEUA,caindodasegundacolocaopara aquartacolocaonesteperodo.AUEqueapesardedespencarparaasegunda colocao, ainda se configura como um importantssimo destino das exportaes. E ainda oOrienteMdio,teveem2011ummontantequasenovevezessuperioraoque BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 67 importava em 2000 do Brasil. Em2010, aOrganizao Mundial da Sade(OMS)aponta o pas como o terceiro maior exportador agrcola do mundo, atrs apenas de Estados Unidos e Unio Europeia. SegundooMinistriodaAgriculturaePecuria(MAPA),agronegciobrasileiropode movimentar US$ 85 bilhes com as exportaes em2011. Esse montante representa um crescimento de 10% em comparao aos US$ 76,4 bilhes obtidos em 2010, quando 17,8% destevalorprovemdasexportaesdecarne.Em2010,oagronegciobrasileiro registrouexportaesrecordesnosetoragropecuriocomUS$76,4bilhes,que representa um aumento de 18% ante os nmeros vistos em 2009 (US$ 64,7 bilhes). Em relaoaosmercadoscompradoresdosprodutosagropecuriosnacionais,aUnio Europeia (US$ 20,4 bilhes), China (US$ 11 bilhes), os Estados Unidos (US$ 5,4 bilhes) e aRssia(US$4bilhes)apresentaramosmaioresvolumesimportados.Atento,o melhor ano para as exportaes brasileiras, em termos de receita, foi2008, com US$ 71,8 bilhes.Aindaem2010,osupervitdabalanacomercial doagronegcioalcanoua marca de US$ 63 bilhes, ante os US$ 54,9 bilhes vistos em 2009. Os nmeros mostram queoagronegcioquasequadruplicousuasexportaesnosltimos10anos:deUS$ 20,7bilhesem2000paraUS$76,4bilhesem2010(Ministriododesenvolvimento Indstria eComrcioExterior, 2011). OMinistriodaAgriculturaestimaquedentrodedezanos,oBrasildeve responderpor44,5%dasexportaesmundiaisdecarnebovina,sunaedefrango, segundooestudoProjeesdoAgronegcioBrasil2009/10a2019/20.Para2011,a expectativa que a participao brasileira no mercadomundialdecarnessejade37,4%. Acarnemaisvendidahojeparaoexterioradefrango,com41,4%domercado mundial,parcelaquedevepassarpara48,1%em2011.Acarnebovinapassarde25% para 30,3% (MINISTRIODA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO,2011). Oagronegcioosetordaeconomiaquetemmaiscondiesparapromover umcrescimentode forma sustentada (FERREIRA, 1994). Ao logo do tempo o setor agroindustrial tem contribudo significativamente para a geraodesupervitscomerciais,compensandodessaformaosdficitscomerciasde FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 68 outros setores da economia brasileira (GONALVES JUNIOR; FERREIRA; ARAJO, 2004). No setor de exportao de carne de frango em que o Brasil lder, a receita com asexportaesdecarnedefrangoem2010subiu17%nacomparaocom2009,para 6,80 bilhes de dlares, mas ficou abaixo do recorde de 6,94 bilhes de dlares de2008, quando o preo mdio atingiu patamar jamais visto. Em2010,aproximadamenteumterodasexportaesdefrangotiveram comodestinooOriente Mdio,queexigeocertificadodealimentoHalal,um montante de US$ 2,23 bilhes, um aumento de 13% sobre 2009. Vale reforar que o Oriente mdio compostoporpasesislmicoscomexceodeIsrael(Judeu)erepresentaapenas18% dosconsumidoresmuulmanos,logo,amagnitudecomercialaseconquistar espetacular,vistoqueareligioislmicacresceapassoslargos.Estima-sequeem 2025 sero quase trs bilhes de consumidores muulmanos. Esse mercado promissor fez com que a maioriadosfrigorficosexportadoresadaptassesuasatividadesparaatender asnormasexigidasporessasnaes.Desde2005asexportaesdefrangoparao Oriente Mdio beiram um tero do total de exportao de carne de frango, pulando do montantedeUS$1,05bilhesem2005paraUS$2,23bilhesem2010(MINISTRIODO DESENVOLVIMENTOINDSTRIAECOMRCIOEXTERIOR, 2011). Asexportaesdecarne bovinasomaram 4,8bilhesdedlaresem 2010,contra US$4,1bilhesem 2009. A receita subiu emfuno de uma alta de 18% no preo mdio do produto exportado, j que o volumeembarcadocaiupara1,86milhesdetoneladas (equivalentecarcaa),ante1,92milhesdetoneladasem2009.Asimportaesdo OrienteMdiodecarnebovinadoBrasilvmapresentandoumcrescimentomuito significativo nos ltimos anos, aumentando sensivelmente sua participao sobre o total decarnebovinaexportado(MINISTRIODODESENVOLVIMENTOINDSTRIAE COMRCIO EXTERIOR,2011). Produtos Halal so produtos preparados de acordo com as regras e princpios do Islamismo.Halalsignificalcitoomesmoquepermitido,autorizado(permitidoao consumohumano,legal ).AlimentosHalalsoaquelascujoconsumopermitidopor Deus.NoSagradoAlcoro,Deusordenaaosmuulmanoseatodaahumanidadea BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 69 comerapenas alimentos Halal. Este tambm a base de tudo que lcito, na poltica, no social,nosatos praticados(conduta), najustia,nas vestimentas,nasfinanas, etc.,o resultado de um sistema de produo que busca criar mecanismos que contribuam com a sade humana, criando equilbrio sustentvel em todo seu processo (CENTRAL INLMICA BRASILEIRADE ALIMENTOS HALAL, 2011). Tradicionalmente,amaioriadosprodutosHalalsoalimentos.Osconsumidores usualmenteosassociamcominspeesdecomponenteseingredientesdealimentos, formadeestocagemeobservaorestritadasnormasdehigieneeprocedimentos sanitriosdoprodutor. Apenas na rea dealimentos Halalexiste um mercadoestimado em 150 bilhes de dlares. A demanda por este tipo de alimentoestaumentando entre osmuulmanosdevidonaturezacompulsriadeconsumirapenasestetipode alimento.AprocurapelacertificaoHalal,queatestaaseguranaequalidadedo processo de produo, tambm tem aumentado consideravelmente. Em relao aos alimentos Halal (A Central Islmica Brasileira de Alimentos Halal): Assim,estpermitidoingerircomoalimento,respeitandoasLeisislmicas, todo o tipo de alimento que no contenha ingredientes proibidos ou partes dessesalimentos/animaisquenotenhamsidoabatidos/degoladosde acordo com os procedimentos e normas ditadas pelo Alcoro Sagrado e pela JurisprudnciaIslmica.Peixeseoutrosanimaisaquticossopermissveis (Halal),salvoaquelesqueestejamintoxicadosouquesejamprejudiciais sadehumana,ou venenosos;assimcomo,estoproibidososanimais que vivem tanto na terra como na gua (exemplo: crocodilos). TodootipodevegetalHalal,menosaquelesqueestejam contaminados/intoxicadosporpesticidas,sejamvenenososouproduzam efeitos alucinantes ou que de alguma forma possam ser prejudiciais sade do homem. Qualquerprodutomineral ou qumicopermissvel,comexceodaqueles que possam causar qualquer tipo de intoxicao ou prejuzo sade. FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 70 guatotalmenteHalal,anoserquandoestejacontaminadaoupor qualquer meio for prejudicial sade. Todo produto, criado atravs da biotecnologia, extrado de vegetal, mineral e microbiana para a indstria alimentcia Halal. Produtos de origem sinttica utilizada na indstria de alimentao ser Halal a partir da comprovao de sua elaborao, onde se prove no ser prejudicial ao ser humano. Derivado deorigem animal,utilizado nasindstriasde alimentao, sser Halal,seoanimalforsacrificadoconformealeiislmica,mediante comprovao sob a superviso da CIBAL Halal. Queijo processado atravs do coalho microbiano Halal. Leite (de vacas, ovelhas, camelas e cabras). Frutasfrescasousecas,legumes,sementescomoamendoim,nozes,caju, avels, gros de trigo, arroz, centeio, cevada, aveia etc., exceto aqueles que estejam contaminados/intoxicados por pesticidas, ou que de qualquer forma possam ser prejudiciais sade do homem. O abate Halal deve serfeito o mais rpido possvel para que o animaltenha uma morte rpida. H provas cientficas de que, com a degola do sistema Halal, o animal tem a interruposanguneaaocrebro, que causa morteinstantnea, obstruindo aliberao detoxinasquecontaminamacarne.Comasadaquasetotaldosangue,garantecaso animalestivercomalgumamolstia,aschancesdoserhumanosercontaminadosero menores.Esseritualdesacrifciodeveserfeitocomtica.AoevocaronomedeDeus, estaragradecendopeloalimentoenviado,pedindoperdo,poisnosedevesacrificar um animal por sadismo e nem por prazer, e sim para garantir o sustento alimentar ao ser humano (CENTRAL INLMICA BRASILEIRADE ALIMENTOS HALAL, 2011). O abateHalal executado em separadodo no Halal, cumprindo-se as seguintes condies (CENTRAL INLMICA BRASILEIRADE ALIMENTOS HALAL, 2011): BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 71 Osanimais,paraseremabatidos,devemsersaudveiseaprovadospelas autoridades sanitrias competentes.O animal, para ser abatido, deverestar em perfeitacondiofsica. Oabateserexecutadosomentepormuulmanomentalmentesadioeque entenda,totalmente,ofundamentodasregrasedascondiesr elacionadas com o abate de animais no Islam. O abate ser feitocominteno e o sangrador estar bem cientede sua ao.Afrase (Em nome de Deus, omaisBondoso, o mais Misericordioso) tem de ser invocada imediatamenteantes do abate. Os equipamentos e os utensl ios utilizados no abateHalalsero exclusivos para esse tipo de degola. A faca do abate dever ser afiada. Asangriadeverserfeitaapenasumavez.Aaocortantedoabate permitidajqueasfacasdoabatenosodescoladasdoanimalduranteo abate, procurando minorar-seo sofrimentoinfringido. O ato do abate cortar a traqueia (algum), esfago (mari) e ambas as artrias e a veia jugular (wadajain) para apressar o sangramento e a morte do animal. O esgotamento do sangue dever ser espontneo e completo. O inspetor mulumano treinado serindicado e ter responsabil idade dechecar se os animaisso abatidos corretamentede acordo com as (leis) Shariah. A ave abatida somente poder ser escaldada,aps aconfirmao da morte pelo abate Halal. CONCLUSES Na anlise do comrcio exterior brasileiro, nos ltimos anos, percebe-se que houve umgrandecrescimento,muitoemrazodaaltadospreosdeinsumosbsicosdo mercado externo e do preo das commodities. Pases pouco tradicionais no comrcio FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 72 comoBrasilpassaramaocuparumlugarimportantenestecenrio,comoasiaea frica.Logo, aimportnciadeseconhecer as diversasbarreirasparaasexportaesse fazfundamental,aindamaisporquesecomercializaprodutoscommercadoscadavez maispeculiaresedistintos.Estetrabalhoprocurouabordarasbarreirastcnicaspara as exportaes brasileiras, sob a tica da Nova Economia Institucional, pois no caso que foi estudada (mercado Halal) a influncia das instituies na escolha doindivduo muito evidente. Para Douglass North (1993), as instituies formam um guia para as interaes humanas, onde o ambiente institucional limita e define as opes de escolha do indivduo atravsderegrasformais,normasinformaisdecomportamentoeaeficinciados mecanismos de cumprimento dessas regras. claroqueasprincipaisteoriasedeterminantesdocomrciointernacional sempre foram a taxa decmbio, a taxa dejuros, o preo, as vantagens comparativas, as barreirastarifriasenotarifrias,arendaemesmoformaodeblocoscomerciais explicam o comrcio internacional. Porm, principalmente aps a dcada de 1990, com a globalizaoeoconsequenteaquecimentodastransaesglobais,ocomrcio internacional exige um conhecimento muito maior sobre o perfil dos agentes econmicos estrangeiros,poishconcorrnciaacirradapelosnovosmercados.Utilizandoum princpiodaNovaEconomiaInstitucional,naqual asinstituiesservemcomouma espciedeguiaparaasinteraeshumanas,avisodequeohomempossui racionalidadelimitadaearealidadevistasocialmenteenoindividualmente,no podemosesquecerqueparaobtersucessonaexportaodeumprodutoparaum determinadopasprecisoconhecerasinstituiesqueinfluenciamocomportamento destemercado,aculturadopasimportador,seuscostumes,leis,aspectosreligiosose outros,ajudandoassimaentendereultrapassarasbarreirastcnicasdomercado internacional. Foiapresentadoasbarreirastcnicasparaaexportaodecarnebovinae carnedefrangoparaos pases islmicos, mostrando o quanto importante a cincia da cultura,dareligio,doscostumes,enfim,dasinstituiesdopasimportador.Os procedimentos que o abate Halal exige so de tal importncia, que caso algum deles no BARREIRASTCNICASPARAAS EXPORTAES:UM ESTUDODE CASODO ABATE HALAL RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 73 forcumprido,oprodutosimplesmentenoimportado.Soprocedimentos extremamenterigorososequeacabamexigindograndeconhecimentodasinstituies que regem o mercado Halal. Paraembasaraideiadeconsiderar-seomercadoHalalummercado extremamentepromissor,destaca-seofatodeapopulaoislmicarepresentar, atualmente,26,73%dapopulaomundial.So1.790.560.000pessoas islamitas anteum totalde6.696.890.000quecompemomontantetotaldapopulao.Ospases selecionados(pasescompopulaoislmicasuperiora10milhes)apresentaramuma taxamdiadecrescimentodemogrficode1,79%(2005a2010),maisaltaqueamdia mundial,queficounacasade1,2%durantesestesltimosanos,evidenciandoquea populaoislmicavem crescendoacimadamdia.Estima-sequeem 2025sero quase trs bilhes de consumidores muulmanos. EmrelaoaocrescimentorealdoPIB,notamosqueataxamdiade crescimento real do PIB foi de 5,24%, e a taxa mdia de crescimento realdo PIB brasileira, nomesmoperodo,foide3,57%.Naanlisedarendapercapita,comparandoataxa mdiadecrescimentodospasesselecionadoscomoBrasil,nota-sequenoperodode 2006a2010,ospasesselecionadosapresentaramumcrescimentomdiode6,77%, enquanto o Brasil apresentou 5,66% de crescimento mdio da sua renda per capita. Estes dadosfomentamaideiadeomercadoHalalserpromissor,poisnamdia,essespases tentem a apresentar maior poder de compra com o passar dos anos. FernandoDallAzene AndreasDittmarWeise RevistaOrganizaoSistmica|vol.5n.3| jan/jun2014 74 REFERNCIAS ACUFF, F.L. Comonegociar qualquer coisacomqualquer pessoaemqualquer lugardo mundo. So Paulo: SENAC, 1998. ALMEIDA, J. R. S. B. de;FIGUEREDO, L. R. D.; HERNNDEZ,P. A. C.; FORMIGONI, V.; LEITE, P. R. A influncia das barreiras culturais nas estratgias de venda de empresas exportadoras brasileiras um estudo sobre exportaes para a ndia. Jovens Pesquisadores, Vol. 2, No 1 (2), jan.-jun./2005. p. 1 12. BUENO,N.P.PossveisContribuiesdaNovaEconomiaInstitucionalPesquisaem HistriaEconmicaBrasileira:UmaReleituradasTrsObrasClssicasSobreoPerodo Colonial. Estudos Econmicos, vol.34, no. 4. 2004. p. 777 804. CENTRALINLMICABRASILEIRADEALIMENTOSHALAL(CIBALLAHAL).Disponvelem: .Acesso em: 1 Abr. 2011. FERREIRA, A. B. de H. Pequeno Dicionrio da Lngua Portuguesa. 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