2º seminÁrio nacional de planejamento e...
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Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 1
XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC
2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
ÁREA TEMÁTICA: INOVAÇÃO APLICADA AO PLANEJAMENTO
SUB-ÁREA: FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
MODELAGEM ESPACIAL E USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA
IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE OCUPAÇÃO IRREGULAR EM FUNDOS DE
VALE: Caso do Rio Cascavel, Guarapuava- PR
MACHADO, Fabiula E. 1
FREITAS, Marina R. P. 2
Resumo
A utilização de ferramentas de geotecnologias e estatísticas para identificação, análise e
avaliação de processos antrópicos – o estabelecimento e ocupação de áreas irregulares,
como fundos de vale - sob as margens de um canal, facilitam para que se identifique com
precisão que casos estão em desconformidade com as normas vigentes e desta forma
possa-se proceder com as medidas cabíveis de intervenção. O objetivo deste trabalho foi
fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares Quantum GIS
e ArcGIS , tendo como base as imagens disponíveis pelo Google Earth, realizando desta
forma a modelagem estatística a partir da criação de Buffers de distância de 15 e 30 m, e
posterior visita a campo para avaliação geral do local, constatando-se desta forma que
residem sob área irregular cerca de 65 edificações que nos permite aproximar o número de
habitantes em 260, e a maior concentração residencial esta na área de 30m.
Palavras-chave: Geoprocessamento, socioambiental, planejamento e gestão territorial.
Abstract
The use of geotechnology and statistical tools for the identification, analysis and evaluation
of anthropogenic processes - the establishment and occupation of irregular areas such as
valley bottoms - on the banks of a canal, which is easier to accurately identify cases that
are in disagreement with current standards and therefore be able to proceed with the
appropriate intervention measures. The aim of this study was to use geoprocessing tools,
and use of software Quantum GIS and ArcGIS, based on the images available through
Google Earth, thus performing statistical modeling from creating buffers distance of 15
and 30 m, and subsequent field visit for general site assessment, noting it this way residing
under irregular area about 65 buildings that allows us to approximate the number of
inhabitants in 260, and the highest concentration is in the residential area of 30m.
Keywords: GIS, socio-environmental, planning and land management.
1 Mestranda em Geografia, Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. E-mail:
[email protected] 2 Mestranda em Agronomia, Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. E-mail:
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1 Introdução
O desenvolvimento urbano requer inúmeros estudos que permitam a compreensão
de sua dinâmica espacial bem como das interações sociais e do processo de construção da
paisagem, para Kohlsdorf (1985), o Planejamento Urbano possui dois fatores cruciais no
modo de pensar e agir sobre a cidade, um a partir das contribuições multidisciplinares, ou
da ciência e outra, pensar o planejamento enquanto um processo contínuo, que é entendido
como um processo-subsídio a tomadas de decisões que têm a função de transformar a
cidade.
Pensar e então agir sobre a cidade, tendo como ponto de partida o planejamento
urbano faz parte de um processo de construção o espaço que permite a utilização de meios
tecnológicos, ou seja, o uso de equipamentos e programas modernos, ampliando a
capacidade de visão dos gestores, de forma que as tomadas de decisões tendem a ser
facilitadas e até mais adequadas, neste caso o geoprocessamento e sensoriamento remoto
dão suporte na criação dos planos de ação.
Conforme Almeida (2010) afirma os objetivos das técnicas de geoprocessamento é
a extração de informações por meio de imagens digitais, tanto para planejamento e
classificação de uso e cobertura do solo, quanto para inferências de contagem e densidade
populacional, entre outros, como avaliação de riscos.
As tecnologias de geoprocessamento para determinados âmbitos de estudo,
precisam, ou tem como auxilio a modelagem espacial, que faz parte dos estudos
estatísticos, importantes nas áreas supracitadas. Para Ramos (2013), os métodos estatísticos
modernos formam uma mistura de ciência, tecnologia, e lógica para que os problemas de
várias áreas do conhecimento humano sejam investigados e solucionados, sendo uma
tecnologia quantitativa para ciência experimental e observacional em que se pode estudar
as incertezas e efeitos de planejamentos e observações de fenômenos da natureza e
principalmente da sociedade.
O uso da modelagem em estatística de acordo com Christofoletti (1999), pode ser
considerado um instrumento dos procedimentos metodológicos na pesquisa cientifica, que
partem de dois processos: o indutivo e o hipotético-dedutivo. A indução parte do principio
de raciocinar do particular para o geral, onde possibilita passar informações que exprimem
fatos particulares para afirmações gerais que os abrangem como grupo ou categoria, e o
processo hipotético-dedutivo a teoria deve anteceder as leis, as etapas são interconectadas e
reflexivas, não sendo necessário iniciar pela primeira etapa, desta maneira os processos de
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modelagem são compostos por um conjunto de regras que visam à solução de um problema
e resulta na construção de um modelo.
Este trabalho tem por objetivo desenvolver um estudo voltado as áreas de
ocupações irregulares em fundos de vale, identificando o número de moradias existentes
em um trecho de um canal fluvial, entre as ruas Treze de Julho e Medeiros de Albuquerque
(Mapa 1), localizado no município de Guarapuava, através do uso dos software Quantum
GIS e tendo como base cartográfica o material disponível pelo Google Earth, afim de
identificar o numero de moradias que podem interferir no canal, mas também o processo
contrário, ou seja, a consequência à população que reside no local e a partir deste apontar
de forma clara a realidade socioeconômica da população.
Mapa 1. Localização da área de estudo. Org. MACHADO. Fabiula Eurich. 2013.
2 Referencial teórico
Para Inesul (2013), a utilização da estatística já remota há quatro mil anos antes de
Cristo, quando era utilizada por povos guerreiros na conquista de territórios, e destaca
ainda que foi somente no século XIX, que a Estatística começou a ganhar importância nas
diversas áreas do conhecimento. E a partir do século XX começou a ser aplicada nas
grandes organizações, quando os japoneses começaram a falar em qualidade total.
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De acordo com Paris21 (2013), a redução da pobreza e o desenvolvimento
mundial estão diretamente ligados com a estatística. Sua utilização está associada desde a
elaboração até a implementação de políticas sociais. A estatística também serve para
avaliar o desempenho destas políticas junto à sociedade.
Números confiáveis demonstram de forma clara a realidade socioeconômica da
população, ajudando assim o governo a concentrar esforços em determinados lugares.
Paris21 (2013), também descreve que estatísticas de boa qualidade na prestação de contas
junto à população. Números claros e bem definidos ajudam o povo a entender onde os
recursos estão sendo aplicados e se essa política está realmente trazendo resultados.
Sendo assim, lembramos que o ponto de vista geográfico é espacial, e os conceitos
e processos integrantes relacionam-se com suas disposições e distribuições, sendo a
geografia física, subárea que alia o estudo dos sistemas ambientais físicos, para que se
possa utilizar todo o espaço territorial sem a tendência de corromper um dos processos do
todo que o compõem. Logo toda esta estrutura que compõem a Geografia faz amplo uso da
modelagem estatística para diagnosticar, pró diagnosticar e procurar soluções cabíveis para
os mais diversos problemas que se encontram no âmbito geográfico.
Para Christofolletti (1999), o uso dos Sistemas de Informação Geográfica
enriquecem os estudos de modelagem devida sua dinâmica, pois permitem a inter-relação
dos bancos de dados, favorecendo os estudos ambientais e econômicos cuja espacialidade é
a característica inerente, e o uso de SIG’S para a modelagem, a partir da armazenagem,
recuperação e manipulação dos bancos de informações compõem a apresentação dos
resultados.
De acordo com Ramos (2013), a estatística é uma ciência multidisciplinar que
abrange praticamente todas as áreas do conhecimento humano. Em entrevista ao site do
IBGE (2013), o Presidente do Conselho Federal de Estatística, Francisco de Paula
Buscácio, afirmou que “A estatística tem por objetivo fornecer métodos e técnicas para que
possa, racionalmente, lidar com situações de incerteza”. Neste sentido a estatística tem sido
utilizada para a otimização de recursos econômicos, aumento da qualidade e produtividade,
na analise de decisões políticas e judiciais e tantas outras.
2.1 Moradias em fundo de vale
O crescimento desordenado dos centros urbanos são palcos de situações que
acarretam problemas em todas as esferas da sociedade, atingindo em primeira instância os
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menos favorecidos, mas em âmbito geral todos são afetados. As ocupações em fundo de
vale são uma destas inúmeras situações onde é nítida a segregação, a falta de planejamento,
de infraestrutura, de políticas públicas eficazes, além de interferir nos processos ambientais
devido à proximidade de corpos hídricos, utilização de áreas com solo impróprio para uso
urbano (banhado) e atingir diretamente os processos de recarga hídrica.
O grande contingente de pessoas que ocupam estas áreas está padecendo do
processo de segregação sócio-espacial imposto pelas várias esferas da sociedade. Segundo
Ribeiro (2004), esta segregação é um processo em que a “diferenciação das classes sociais
é transformada em separações físicas e simbólicas que dificultam a sociabilidade,
intensificam a fragmentação das identidades coletivas e inferiorizam certos segmentos
sociais”.
Além da segregação, as moradias em fundo de vale refletem outro problema
urbano: a falta de planejamento. Através do planejamento provavelmente seria possível se
articular e ao menos tentar evitar estes problemas sociais. Segundo Souza (2002) planejar
é:
“... Planejar significa tentar prever a evolução de um fenômeno ou, tentar simular
os desdobramentos de um processo, com o objetivo de melhor precaver-se contra
prováveis problemas ou, inversamente, com o fito de melhor tirar partido de
prováveis benefícios...” (p. 46).
Nestas áreas a falta de planejamento aliado há políticas públicas eficazes acabam
propiciando a utilização destas áreas tanto para moradias como para a alocação de
empresas privadas ou públicas, pois a falta de um zoneamento do uso do solo e fiscalização
rígida resulta na sua ocupação e uso indevido. Para Barros (2003) “a ocupação irregular
destas áreas não ocorre apenas por invasões, mas pode estar associada à aprovação
indevida de loteamento, falta de legislação, entre outros”.
O saneamento nas áreas em fundo de vale é na maioria das vezes escassa, apesar de
ser um direito básico dos cidadãos e um dever das autoridades que administram o espaço
urbano. Na área de estudo deste trabalho é possível verificar a presença de tubulações da
rede de esgoto instaladas pela Sanepar (Companhia de Abastecimento do Paraná), porém
existem residências que não estão conectadas a rede e fazem uso de fossas sépticas. Outros
itens que compõem o saneamento básico como água, luz e coleta de resíduos, também são
serviços que várias casas não são possuem. Fato que está evidenciado nas imagens a e b a
seguir.
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Figuras a e b. Evidencia da rede de esgoto. Fonte e Org.: FREITAS. Marina Roberta P.,
2014.
Para Guerra e Marçal (2006), as moradias em fundo de vale além de implicar em
questões sociais apresentam problemas relacionados ao meio ambiente, pois o rápido
crescimento causa uma pressão significativa sobre o meio físico urbano, tendo as
consequências mais variadas, tais como: poluição atmosférica, do solo, das águas,
deslizamentos, enchentes entre outros.
3 Materiais e Métodos
Para construção desse trabalho foi realizado primeiramente fundamentação teórica-
conceitual, com pesquisa pertinente ao tema em livros, periódico e websites. Foram
utilizados softwares QuantumGIS 1.8, ArcGIS 9.0 para realização dos mapas. A pesquisa
também contou com visitas a campo.
A partir das analises de imagens de satélite, da leitura das leis que regulam o uso do
solo no espaço urbano, das atividades in loco pode-se notar que as moradias em fundo de
vale resultam em problemas sociais e ambientais que atingem não apenas um determinado
grupo (os moradores do local), mas todo um conjunto que engloba desde o planejamento
das políticas públicas até os sistemas ambientais como recarga hídrica, os ecossistemas
próprios deste ambiente, entre outros.
Em ambiente QuantumGis foi utilizada a ferramenta “Add Google Satellite layer”
carregando dessa maneira o banco de imagens de alta resolução disponibilizadas pela
empresa DigitalGlobe. A partir disse foi realizada a fotointerpretação da área bem como a
vetorização do rio Cascavelzinho, malha viária e criação do buffer de distancia de 15 e 30
metros a partir do córrego. Com isso foi realizada a construção dos polígonos referentes as
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residências que ali existem, conforme a fotointerpretação da imagem de satélite. Todos os
arquivos criados foram exportados no formato shp (shapefile), para que fosse possível a
importação dos mesmos em ambiente ArcGIS para realização do layout dos mapas.
Para finalização do trabalho foi realizada visitas em campo, com captura de
imagem sobre a realidade e dinâmica existente as margens do rio estudado. Desta forma
apontamos que este trabalho partiu de três componentes básicos da analise espacial
exploratória: conhecimento e intuição humana, instrumentos de analises e sistemas de
informação geográfica, conforme aponta Christofoletti (1999), resultando em um modelo
onde trás informações das áreas onde há moradias irregulares e a metragem permitida pelas
leis urbanas de uso do solo.
4 Resultados e discussões
Nesta área de estudo os impactos gerados pela presença antrópica estão
relacionados principalmente no que se refere aos recursos hídricos, devido à proximidade
das residências ao rio. Segundo as legislações ambientais vigentes no Brasil, conforme a
LEI 12.651, esta área estaria enquadrada nas áreas de APP (Áreas de Preservação
Permanente) tendo que ter uma distância mínima de 30 metros em cada lado do rio para
atenuar os impactos ambientais e ajudar na manutenção de sua dinâmica hídrica, com
recarga de lençóis freáticos, de preservação da paisagem, da estabilidade geológica, da
biodiversidade, do fluxo gênico de fauna e flora, de proteção do solo e segurança do bem-
estar das populações humanas.
Santos (2013) aponta que os corpos hídricos próximos às áreas urbanas se tornam
propícios à degradação ambiental acarretada pelo excesso de nutrientes e matéria orgânica
carreada para os corpos hídricos, além da intensificação dos processos erosivos resultando,
na maioria dos casos, em assoreamento, eutrofização e contaminação das águas reduzindo,
assim, a disponibilidade e a qualidade do manancial.
Devido à topografia das áreas de fundo de vale toda a pluviosidade do seu entorno
será conduzida para os corpos hídricos o que pode vir a resultar em enchentes. Para
Antunes (1999) a remoção total ou parcial da mata ciliar provoca a redução do intervalo de
tempo observado entre a queda da chuva e os efeitos nos cursos de água, a diminuição da
capacidade de retenção de água nas bacias hidrográficas e também, o aumento do pico das
cheias. A preservação da mata ciliar além de preservar o solo dos efeitos da erosão,
minimiza a poluição dos cursos da água e, por conseguinte, reduz as taxas de sedimentos.
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Parte-se então do princípio de que é no espaço urbano que ocorrem os mais
diferentes processos, sejam estes sociais, culturais, ambientais, entre outros, o local onde
diversos agentes atuam, compondo e estruturando as cidades de acordo com seus
interesses, formando-se assim um dos principais embates verificados nas cidades: o
interesse do capital versus o direito da sociedade em participar e ter direito a essa cidade.
Desta maneira é necessário pensar e discutir o planejamento urbano que deve estar
intrinsecamente aliado aos conhecimentos geomorfológicos do relevo para que se possa
utilizar o espaço respeitando as suas características naturais e o mais importante, dar as
pessoas qualidade e segurança de vida.
Todavia, consideremos ainda, que em conformidade com as Leis, as áreas ao
entorno de canais, córregos e rios devem ser preservadas, gerando em termos gerais a
sustentabilidade do ciclo hidrológico das bacias hidrográficas, sendo estas consideradas
então como APP (Áreas de Preservação Permanente), pois tem por finalidade de acordo
com a Lei 12.651/2012:
A proteção do solo prevenindo a ocorrência de desastres associados ao uso e
ocupação inadequados das encostas do leito.
A proteção dos corpos d'água, evitando enchentes, poluição das águas e
assoreamento dos rios;
A manutenção da permeabilidade do solo e do regime hídrico, prevenindo contra
inundações e enxurradas.
Conforme a devida Lei a proteção marginal do leito do rio deve ser:
1) de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
2) de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
3) de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham 50 (cinquenta)
metros a 200 (duzentos) metros de largura.
Em relação às áreas de preservação permanentes urbanas quem define essas áreas é
a própria prefeitura de Guarapuava através do plano diretor que estabelece sobre o
parcelamento do solo e sobre áreas edificáveis no cap.II.
No Art.7º propõe o seguinte:
Art.7º - As áreas descritas nos incisos abaixo são passíveis de parcelamento, mas
constituem em áreas não edificáveis:
I - nas áreas de fundos de vale, as larguras mínimas não edificáveis serão de 15
(quinze) metros ao longo dos cursos d’água com menos de 5 (cinco) metros de
largura e 30 (trinta) metros ao longo dos cursos d'água que tenham mais de
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5(cinco) metros de largura, contados à partir das margens definidas pelas cotas
máximas das cheias;
II - ao redor de lagoas e lagos (naturais ou represados), contados a partir da
margem com relação a cota máxima de cheia, medindo horizontalmente, em
faixa marginal cuja largura mínima será de 15m (quinze metros);
Conforme o Plano Diretor da cidade, vemos a necessidade da intervenção do
Estado nessa área para que os efeitos da degradação que ocorrem nela sejam minimizados,
se fazendo necessário o remanejamento dessas famílias que vivem próximas ao rio para um
outro local dada a importância da preservação.
Identificou-se ao longo da pesquisa, no trecho do rio, que a maioria das residências
que correspondem a 75% do total se encontram na faixa dos 30 metros de distância do rio,
e os restante, 25% estão localizadas na faixa correspondente a 15m de distância do rio. O
Mapa 2 a seguir, mostra a área de estudo e as moradias que estão dentro das limitações que
devem ser preservadas segundo o Plano Diretor da cidade e o Código Florestal.
Mapa 2. Buffers de distância 15 e 30 m de distância do rio Cascavelzinho. Org.
MACHADO. Fabiula Eurich, 2013.
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5 Trabalho de campo
A realização do trabalho de campo deu-se no inicio do mês de agosto, tendo por
objetivo identificar as condições existentes na área bem como realizar uma contagem real
do numero de moradias pertencentes á área de entorno, que conforme já citado, se
caracteriza enquanto área de ocupação irregular, e desta forma dentro dos termos legais
deveria ser protegida por afetar diretamente um canal tributário.
As imagens a seguir demonstram a atual condição do local, bem como a
proximidade das moradias em relação à disposição do canal. Identifica-se neste caso que as
moradias de maior proximidade, são as que possuem a menor infraestrutura, sendo
algumas desprovidas de fornecimento de esgoto, energia e água, fato que este, que em
termos gerais pode ser considerado via de regra, se relacionado a locais que surgiram sem
planejamento público (figuras 1 e 2).
Figuras 1 e 2. Cercania das moradias em relação ao canal. Fonte e Org.: FREITAS. Marina
Roberta P., 2014.
Os problemas ambientais provenientes do acumulo de lixo e da proximidade das
moradias em relação ao canal variam conforme a intensidade, condição e método de
avaliação dos problemas, o que não condiz com o objetivo deste trabalho, todavia
ressaltamos que estes problemas, enquanto fatores de caráter socioambiental representam
apenas uma parcela de um contexto geral, que infelizmente é representativo em relação ao
restante do município, sendo indicativo dos eventuais problemas, tanto de saúde pública
como ambientais que podem ser observados nas figuras 3 e 4.
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Figuras 2 e 3. Áreas de deposição de resíduos e esgoto. Fonte e Org.: FREITAS. Marina R.
P. 2014.
As figuras 4 e 5 mostram o deszelo em relação à área canalizada do canal fluvial,
estando presentes e observáveis resíduos orgânicos e inorgânicos, além da desembocadura
de esgoto residencial.
Figuras 4 e 5. Áreas posterior e anterior a canalização para via pública. Fonte e Org.:
FREITAS. Marina R. P. 2014.
A consequência primaria ao ambiente esta relacionada a degradação e assoreamento
do leito do canal, destruição do ecossistema tanto do solo quanto da vida aquática, e da
vegetação de entorno, de forma que a despreocupação com este local entre muitos outros
locais, acarreta em consequências secundárias, ou a população, dados os efeitos relativos a
proliferação de doenças e poluição da própria paisagem, além de consequências relativas
ao entupimento do canal fluvial nos pontos de manilhamento que em períodos de maior
precipitação causam problemas de maior intensidade do que com as enchentes naturais dos
cursos d’água.
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6 Considerações finais
O geoprocessamento é uma técnica e conjunto de ferramentas que auxilia nos
estudos de ordem social, bem como órgãos públicos a identificar as áreas que não são
propicias a ocupação e que vem, conforme se expande a cidade, a ser ocupados
irregularmente, permitindo assim uma ação mais concreta por parte das prefeituras, de
acordo com as leis que se estabelecem em relação a distância das moradias com o rio e/ou
canal, como já afirmado no texto, toda a estrutura que compõem a ciência geográfica faz
amplo uso da modelagem estatística para diagnosticar, pro diagnosticar e procurar soluções
cabíveis para os mais diversos problemas que se encontram no âmbito geográfico.
Sendo assim, constamos que o problema ao entorno desta temática, é de ordem
social e ao mesmo tempo ambiental, mesmo que possamos nos utilizar das ferramentas
tecnológicas para identificar tanto a área de preservação quanto o numero de habitantes e
de moradias presentes nestas áreas, o contexto geral de o porque destas pessoas se
estabelecerem nestas áreas ultrapassa as limitações teóricas de preservação ambiental,
contudo, algumas ações públicas que intervissem e removessem, de forma a deixar estas
populações bem estabelecidas e com o mesmo acesso que já encontram a rede de comercio
e infraestrutura, poderiam sanar parte do problema, uma vez que os problemas associados,
ou seja, os ambientais, necessitam de um processo de reestabelecimento mais demorado,
todos este últimos em teses estão relacionados ao planejamento urbano e ambiental.
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