4 apostila congresso estudo espiritas

81

Upload: mferreiratorres

Post on 18-Dec-2014

55 views

Category:

Documents


10 download

TRANSCRIPT

Page 1: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas
Page 2: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– Deolindo Amorim – TEMA: O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas

– Espiritismo e a Tecnologia – TEMA: A Tecnologia das Energias Renováveis Ligadas à Água

– O Meio Ambiente – TEMA: A Importância da Água como Fator de Conservação,

Sustentação e Renovação da Vida

– Mulheres Espíritas – TEMA: Zilda Gama – Sua Vida e Sua Obra

– Valorização da Vida e da Gravidez – TEMA: A Educação na Arte de Conviver

– Psicologia e Espiritismo – TEMA: O Espírito em sua Trajetória Evolutiva – Reencarnação

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

(Chico Xavier)

Page 3: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

SumárioSumárioSumárioSumário

Deolindo Amorim ................................................................................................. 3 Espiritismo e a Tecnologia .................................................................................. 14 O Meio Ambiente ............................................................................................... 23 Mulheres Espíritas .............................................................................................. 34 Valorização da Vida e da Gravidez .................................................................... 48 Psicologia e Espiritismo ...................................................................................... 61

Page 4: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

Centro Espírita Léon Denis

4o Congresso de Estudos Espíritas

“Deolindo Amorim”

Patrono: Deolindo Amorim

TEMA CENTRAL: “O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas”

“Manter o Espiritismo fiel a suas raízes é um desafio, se quisermos permaneça ele no caminho certo, (...) tenha a capacidade de manter-se aberto, sustentando um diálogo firme com distintas correntes de pensamento.”

Convite à Reflexão, capítulo 6, “Os Espíritas e a Doutrina”.

Page 5: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– DEOLINDO AMORIM –

4

Tema 1 – CONCEITO DE ESPÍRITA

“Para ser espírita é necessário ir além da aceitação dos fatos e da simples crença nos espíritos...” � Convém saber o que se entende por Espiritismo. Que é Espiritismo?

A vida oferece, em seus múltiplos aspectos, oportunidade de estudo e observações (...). Todas as doutrinas que desejaram construir um mundo à parte, ou desapareceram ou caíram num tenebroso fundamentalismo, encarcerando os profitentes em prisões mentais das quais poucos conseguiram libertar-se. Por comodismo, prefere o homem repetir-se, quando a vida o instiga a pensar... Assim, sem qualquer dúvida, torna-se imperioso colocar os acontecimentos, as ideias, as correntes de pensamento, na pauta do espiritismo, e os examinarmos, mantendo um diálogo vivo, de modo que novas perspectivas possam ser visualizadas à luz da doutrina espírita. Esse é também um modo de construir a doutrina, que é sempre viva e atuante e não pode ser aprisionada em livros nem restringir-se aos momentos de doações materiais. Não se é espírita apenas ao penetrar o ambiente das reuniões, mas sim durante as vinte e quatro horas do dia. Olhar a doutrina por novos ângulos e pensá-la livre e responsavelmente é, exatamente, o que deve fazer o espírita para conservar-se fiel a Kardec e a Jesus.

Deolindo Amorim (Espírito), Convite à Reflexão, psicografia de Elzio Ferreira de Souza, Editora Lachâtre – Prefácio – “Perspectivas Doutrinárias”.

Salvador, 18 de fevereiro de 2000.

Para o Codificador, seria o ideal do Espiritismo: a qualidade acima da quantidade.

Obras Póstumas, Constituição do Espiritismo, II. Dos cismas

Para assegurar a unidade no futuro, uma condição é indispensável, é que todas as partes do conjunto da Doutrina estejam determinadas com precisão e clareza, sem nada deixar de vago; por isso procedemos de maneira a que nossos escritos não pudessem dar lugar a nenhuma interpretação contraditória, e cuidaremos para que seja sempre assim.

(Allan Kardec)

Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas.

� Não fora o seu senso de responsabilidade abrir as portas da Sociedade para quantos quisessem ver as sessões espíritas. Não o fez porque era necessário evitar a vulgaridade, o espetáculo, a exploração.

� O Espiritismo é muito diferente do que se pensa. Uma sessão

espírita é uma escola de esclarecimento e de moral, mas é

Page 6: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

5

indispensável que haja conhecimento e noção de responsabilidade. Desaprovando certos tipos de sessão mediúnica, notadamente quando destituídas de preocupação elevada.

� Por mera comodidade mental ou pela lei do menor esforço, é mais fácil generalizar do que

entrar em pormenores doutrinários pouco interessantes para pessoas que não se dedicam a esses assuntos.

� Entre o simples simpatizante e o espírita convicto há muita diferença.

� Para que se saiba o que é e o que não é Espiritismo, quem deve e quem não deve ser considerado espírita, a fonte autorizada, em primeira mão, é a Doutrina, são as obras de Allan Kardec, antes de qualquer informação.

A Missão de Kardec

A Caminho da Luz – A Tarefa do Missionário (Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

“A tarefa de Allan Kardec era difícil e complexa. Competia-lhe reorganizar o edifício desmoronado da crença, reconduzindo a civilização às suas profundas bases religiosas.”

(Allan Kardec, Deolindo Amorim – PENSE – Pensamento Social Espírita. 4a edição, 1981)

� Missionário, antes de tudo, por quê? Apenas pela competência

intelectual? Não, embora o conhecimento humano seja um instrumento sempre necessário; mas não se faz um missionário exclusivamente pelo saber científico ou filosófico.

� � Naturalmente, pelo estudo e pela ciência se faz um doutor, não

um missionário, na acepção integral, se não houver, além disto, um conjunto de qualidades positivas: a humildade, a paciência, a tenacidade, a honestidade, o respeito à verdade, acima de suas próprias ideias e de seus interesses pessoais.

� Sem espírito de renúncia e, muitas vezes, de sacrifício, nenhum

homem se torna missionário, ainda que tenha belos dotes de inteligência e muito acervo de cultura acumulada. Enfim, o missionário não corteja o poder, nem a liderança de massas, nem as glórias humanas: cumpre sua missão, e é tudo.

Page 7: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– DEOLINDO AMORIM –

6

� Temos aí o retrato moral de Allan Kardec. E se não tivesse qualidades tão fortes como a humildade, não teria sustentado a obra, pois a missão teria falhado.

� A reforma que Allan Kardec realizou no mundo não teve nem poderia ter um sentido de aglutinamento de multidões; foi uma reforma pacífica e persuasiva a fim de formar homens convictos, e não crentes devotos.

Obras Póstumas, Constituição do Espiritismo, item 10

� As lições sagradas do Espiritismo seriam ouvidas pela Huma-nidade sofredora. Jesus, na sua magnanimidade, repartiria o pão sagrado da esperança e da crença com todos os corações. O Consolador da Humanidade, segundo as promessas do Cristo, o Espiritismo vinha esclarecer os homens, preparando-lhes o cora-ção para o perfeito aproveitamento de tantas riquezas do Céu.

� � Foi nessa fase, a bem dizer de complementação de seu programa,

que o Codificador da Doutrina resumiu, em caráter permanente, as definições de Espiritismo e espírita, com as ideias muito mais amadurecidas pela observação e pela meditação.

� Mais tarde, com a estabilização da Doutrina, o Codificador do

Espiritismo reajustou os conceitos e declarou, de modo incon-fundível: “Criamos a palavra espiritismo para atender às necessidades da causa; temos, pois, o direito de determinar-lhe as aplicações e definir as crenças e as qualidades do verdadeiro espírita”.

Vejamos o que nos afirma Deolindo Amorim

� Quando estudamos uma doutrina, principalmente se quisermos conhecer toda a extensão e todos os fundamentos dessa doutrina, devemos observar seus conceitos doutrinários. É uma necessidade que se impõe, também, pela honestidade intelectual.

� O conceito de espírita, no próprio pensamento de Allan Kardec,

começou por uma ideia muito extensa, mas logo se restringiu, assim que se consumou o seu trabalho. Não há contradição nem recuo, houve apenas, durante a formação da Doutrina, uma relação de continuidade, entre as primeiras ideias e as afirmações conclusivas.

Concluindo com Deolindo e Kardec

� Nas grandes construções doutrinárias, geralmente, são as asserções finais que esclarecem o raciocínio substancial da obra.

Page 8: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

7

A palavra ainda está com Allan Kardec

� “O Espiritismo não reconhece por seus adeptos senão aqueles que lhe praticam os ensinos e se esforçam por se melhorarem.”

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.

(Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, XVII, 4.)

� Quando analisamos uma frase histórica, sob o ponto de vista da intenção e do contexto, logo nos sobressaem duas circunstâncias: de tempo e de causa.

� Não! Se examinarmos criteriosamente o pensamento de Kardec,

levando em consideração o lugar e os motivos de algumas de suas declarações, não encontraremos jamais, no corpo da Doutrina Espírita, qualquer falha nem obscuridade.

(Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas.) “(...)A doutrina não é ambígua em nenhuma de suas partes; é clara, precisa, categórica nas suas menores particularidades; somente a ignorância e a má-fé é que podem equivocar-se a respeito do que ela aprova ou condena.”

(Revista Espírita, 1865, pág. 191.) � Conhecedor que também era dos problemas linguísticos, sem o radicalismo dos puristas

ortodoxos, Allan Kardec soube defender satisfatoriamente a criação da nova palavra, visto como se tornava necessário, a cada passo, distinguir o Espiritismo de outros ramos da filosofia espiritualista.

� Não era apenas uma questão formal de palavras, era uma necessidade. “Para se

designarem coisas novas — disse Kardec — termos novos são precisos. Assim o exige a clareza da linguagem para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras (...).”

(Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas.) Para ser espírita é necessário ir além da aceitação do fato e da simples crença nos espíritos, o que equivale a dizer que é indispensável estar em harmonia com a Doutrina.

(Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas.)

� A crença no Espiritismo já não será simples aquiescência, muitas vezes parcial, a uma ideia vaga, porém, uma adesão motivada, feita com conhecimento de causa e comprovada por um título oficial, deferido ao aderente.

(Allan Kardec, Obras Póstumas, A Constituição do Espiritismo.)

Page 9: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– DEOLINDO AMORIM –

8

O Livro dos Espíritos, “Conclusão”, item 4

Falsa ideia faria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso.

O Livro dos Espíritos, “Conclusão”, item 5

Através do Espiritismo, a Humanidade deve entrar numa fase nova, a do progresso moral, que lhe é a consequência inevitável. Cessai, portanto, de vos espantar com a rapidez com que se propagam as ideias espíritas; a causa disso está na satisfação que elas proporcionam a todos aqueles que as aprofundam e que nelas veem outra coisa além de um fútil passatempo; ora, como, antes de tudo, o que se quer é ser feliz, não é de espantar que se apeguem a uma ideia que os torna felizes.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, item 5

� O Espiritismo é uma nova ciência que, com provas irrecusáveis, vem revelar aos homens a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal.

Conclusão

O Espiritismo repousa sobre princípios independentes de toda questão dogmática. Até aí, tanto quanto lho permitiam as circunstâncias, Allan Kardec fazia questão de salientar dois pontos principais:

� Que o Espiritismo tem a razão de ser na existência de um fato que pode ser admitido e aceito conscientemente pelo homem de qualquer culto religioso, sem conflito com as suas convicções.

� Que o Espiritismo se consolida na ciência e não tem dogmas ou regras de fé.

A Doutrina exige, acima de tudo, a reforma moral. Não se pode ser espírita, conscientemente, sem concordar com os três princípios fundamentais da Doutrina: a Imortalidade da Alma, a Existência de Deus e a Reencarnação. Se, finalmente, o Espiritismo não admite culto material, é claro que não pode ser considerado espírita quem pratica a idolatria, ainda que seja espiritualista.

(Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas.)

O Que é o Espiritismo

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações. (Allan Kardec. Revista Espírita de 1868. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. p. 28, janeiro de 1868.)

Hoje creem e sua fé é inabalável, porque assentada na evidência e na demonstração, e porque satisfaz a razão. (...) Tal é a fé dos espíritas, e a prova de sua força é que se esforçam por se

Page 10: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

9

tornarem melhores, domarem suas inclinações más, porém, em prática as máximas do Cristo, olhando todos os homens como irmãos, sem acepção de raças, de castas, nem de seitas, perdoando aos seus inimigos, retribuindo o mal com o bem, a exemplo do divino modelo.

Tema 2 – PANORAMA HISTÓRICO DO SINCRETISMO

Analisando o Conceito

Sincretismo é uma fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes, ou a influência exercida por uma religião nas práticas de outra.

� Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore

magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas.

(Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho. “Esclarecendo”. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos.)

� O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada, e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro.

(Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho. Prefácio. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos.)

Analisemos o Texto

“Certo dia preparava-se, numa das esferas superiores do Infinito, o encontro de Ismael com Aquele que será sempre Caminho, Verdade e Vida.” Havia eu determinado que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas amorosas determinações. O homem branco da Europa, entretanto, está prejudicado por uma educação espiritual condenável e deficiente. Desejando entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos trabalhos pesados da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados impiedosos.

Page 11: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– DEOLINDO AMORIM –

10

Eles terão a liberdade de humilhar seus irmãos, em face da grande lei do arbítrio independente, embora limitado, instituído por Deus para reger a vida de todas as criaturas, dentro dos sagrados imperativos da responsabilidade individual; mas os que praticarem o nefando comércio sofrerão, igualmente, o mesmo martírio, nos dias do futuro, quando forem também vendidos e flagelados em identidade de circunstâncias. Na sua sede nociva de gozo, os homens brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem e que todo o determinismo de Nosso Pai deve assinalar-se pelo “amai o próximo como a vós mesmos”. (Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho. “Os Escravos”. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos.)

� O sincretismo religioso é um fenômeno inerente ao caldo de cultura

que decorre do encontro e da interação de elementos diversos. No caso brasileiro, por exemplo, sociólogos, etnólogos, historiadores e outros tipos de estudiosos e pesquisadores já identificaram, há muito tempo, a participação de contingentes culturais de procedência bem variada na formação de nosso povo, o que, aliás, é objeto de uma literatura que se enriqueceu bastante nestes últimos anos.

� A África teve diversas vias de transculturação. Se, por um lado, recebeu infiltrações fortes

do Catolicismo, em determinadas faixas de seu território, também recebeu, por outro lado, outro contingente igualmente forte, que é o maometano ou islâmico. Grande parte dos africanos trazia a marca ostensiva do elemento árabe em seus cultos.

� Todos eles, vendidos como escravos ou mercadoria humana (!...), se misturaram à força,

convivendo, trabalhando e sofrendo, mas praticavam seus cultos, de maneira diferente, sempre que podiam.

� Tanto faz, na Igreja como nos grupos religiosos mais obscuros, o sincretismo é uma

contingência inevitável, geográfica e historicamente. � Convém notar ainda mais que os africanos, ao chegarem ao Brasil, já não tinham unidade

religiosa. � Até hoje, apesar da fusão que se operou no Brasil e a despeito do tempo que já decorreu,

ainda se distinguem certas sobrevivências do Catolicismo, do Islamismo, como até do Judaísmo em variadas práticas religiosas.

� Muitos escravos, por exemplo, ao regressarem às terras africanas, notadamente os que

haviam recebido influência maometana, abandonavam o Catolicismo, que era apenas uma religião exterior, e retomavam a tradição de seus cultos.

Page 12: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

11

� As conversões por imposição, assim como as mudanças de credo sem convicção, mas simplesmente por interesse político, sentimental ou utilitário, sempre produzem falsos crentes, nunca implantam a fé, a verdadeira fé na consciência.

Analisemos o Texto

— Senhor, não teríeis um meio direto de orientar a política dominante no sentido de se purificar o ambiente moral da Terra de Santa Cruz? Ao que o Divino Mestre ponderou sabiamente: — Não nos compete cercear os atos e intenções dos nossos semelhantes, e sim cuidar, intensamente, de nós mesmos, considerando que cada um será justiçado na pauta de suas próprias obras. Infelizmente, Portugal, que representa um agrupamento de espíritos trabalhadores e dedicados, remanescente dos antigos fenícios, não soube receber as facilidades que a misericórdia do Supremo Senhor do Universo lhe outorgou nestes últimos anos. Até aos meus ouvidos têm chegado as súplicas dolorosas das raças flageladas por sua prepotência e desmesuradas ambições. (...) Entretanto, o tempo é o grande mestre de todos os homens e de todos os povos, e, se não nos é possível cercear o arbítrio livre das almas, poderemos mudar o curso dos acontecimentos a fim de que o povo lusitano aprenda, na dor e na miséria, as lições sagradas da experiência e da vida. (Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho. “Os Escravos”. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos.)

� À luz desta linha histórica, esboçada a bem dizer em generalidades, podemos situar o sincretismo religioso como expressão dos contingentes culturais do país.

� Ao lado da variedade que veio com os africanos, não deixa de ser

relevante, do mesmo modo, o meio cultural que eles encontraram no Brasil, onde as populações indígenas também não se caracterizavam pela homogeneidade, a despeito da coincidência de traços comuns.

� Não se pode estudar o sincretismo religioso no Brasil como fenômeno à parte, fora do

quadro geral das populações nativas, pois é necessário levar em conta os núcleos anteriores à chegada dos espanhóis e portugueses, conquanto haja peculiaridade inerente a cada país. As culturas indígenas não brotaram no solo brasileiro como geração espontânea (...).

Page 13: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– DEOLINDO AMORIM –

12

“Os donatários cruéis sofreram os mais tristes reveses no solo do Brasil. Os Tupinambás e os Tupiniquins, que se localizavam na Bahia e haviam recebido Cabral com as melhores expressões de fraternidade, reagiram contra os colonizadores, transformados, para eles, em desalmados verdugos. Lutas cruentas desencadearam contra os brancos, que lhes depravavam os costumes.” (Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho. “Os Escravos”. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos.)

� Seja como for, embora não haja unidade de vistas a respeito de sua verdadeira origem, o índio tem um acervo cultural cujas configurações religiosas guardam uma tradição de lendas, mitos, símbolos, ritos e divindades.

� Em que área da distribuição geográfica do elemento indígena teria havido mais aproximação com o africano?

� Teriam os africanos, por sua vez, absorvido normas e valores da cultura indígena? São problemas suscitados pela própria complexidade do sincretismo religioso no Brasil.

� No caso brasileiro, cuja característica predominante é a mesclagem cultural, devocional,

linguística, etc., os movimentos migratórios por si mesmos, e em grande parte, se encarregaram de espalhar umas tantas peculiaridades, transpondo muitas barreiras.

� Entre os índios batizados, índios que os jesuítas arrebanharam para a Igreja no trabalho de

catequese, também houve casos em que a religião ensinada pelos missionários ficou apenas nos atos de culto externo, mas não entrou na alma. Embora incorporados às conquistas espirituais dos jesuítas, apesar de aparentemente integrados na Igreja, muitos índios cederam porque não podiam deixar de ceder, mas a verdade é que não abriram mão de sua bagagem de crenças, seus símbolos, suas inclinações mais íntimas para a religião nativa.

� Seja como for, o sincretismo é um processo de combinação, englobando ritos, divindades,

sistemas de adoração, etc. � Conquanto se deva considerar necessariamente a diferença, que existe, entre mitos

indígenas e africanos, não se pode deixar de observar que algumas crenças têm, pelo menos, um ponto de afinidade: sincronização com a água do rio ou do mar.

� Em explanação muito sumária, bem o reconhecemos, tentamos apresentar o panorama

histórico do sincretismo religioso como fenômeno inerente ao caldeamento cultural do povo brasileiro. Resta-nos, agora, e este é o aspecto que mais interessa ao principal objetivo de nosso trabalho.

Page 14: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

13

� “O espírito não é um ser abstrato, indefinido... É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.”

Assim diz hoje o Espiritismo aos seus adeptos: Não violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar a sua crença para adotar a vossa; não lanceis o anátema sobre os que não pensam como vós. Acolhei os que vos procuram e deixem em paz os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo: antigamente o céu era tomado por violência, mas hoje o será pela caridade e a doçura. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 10 e 11.)

A Tres Revelações Deolindo Amorim

Page 15: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

Centro Espírita Léon Denis

4o Congresso de Estudos Espíritas

“Espiritismo e a Tecnologia”

Patrono: Cairbar Schutel

TEMA CENTRAL:

“A Tecnologia das Energias Renováveis ligadas à Água”

Page 16: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

15

INTRODUÇÃO

Mais um ano, mais um estudo. Nesse, em específico, o grupo de Tecnologia falará sobre a água, um dos elementos mais discutidos dentro do assunto “sustentabilidade”, assunto esse que vem despertando, cada vez mais, a atenção da população mundial, por diversos fatores.

Parece que o ser humano, após séculos de lassidão quanto ao meio ambiente, desperta pouco a pouco para a necessidade de não só devolver aquilo que utiliza do meio, bem como usar de forma moderada e consciente esses recursos.

Abordar as tecnologias envolvendo os aspectos renováveis ligados à água é algo desafiador, emocionante e, ao mesmo tempo, motivador, mas falar destes temas sem tocar no aspecto reformador do ponto de vista moral seria um mero trabalho de compilação e repetição de temas expostos constantemente na mídia. Orientados então pelo Dr. Hermann, junto aos aspectos tecnológicos, tentamos apresentar comportamentos e pensamentos que, praticados no dia a dia, nos ajudarão a atuar como seres melhores e transformadores, tanto da nossa realidade quanto do meio em que vivemos.

Torcemos para que o leitor consiga registrar pelo menos um pouco dos bons sentimentos que nos envolveram no momento da realização dos estudos em torno deste tema, e aproveitamos para agradecer, de antemão, à espiritualidade e a todos os encarnados envolvidos, atuais ou não, neste Seminário que comemora a sua primeira década.

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Energia renovável é aquela originária de fontes naturais que possuem a capacidade de regeneração (renovação), ou seja, não se esgotam. Ao contrário dos combustíveis não renováveis (como os de origem fóssil, por exemplo), as fontes de energias renováveis, no geral, causam um pequeno impacto (poluição, desmatamento) ao meio ambiente, portanto, são excelentes alternativas ao sistema energético tradicional, principalmente em uma situação de luta contra a poluição atmosférica e o aquecimento global.

Diferente dos recursos não renováveis, que podem levar milhares de anos para se decompor, uma fonte de energia renovável consegue se regenerar dentro do espaço de tempo da vida humana, como é o caso do calor emitido pelo sol, do vento, das marés, dentre outros recursos naturais.

Mesmo sendo uma alternativa ao modelo energético tradicional, as fontes de energia renováveis ainda são pouco utilizadas em razão dos custos de instalação, da inexistência de tecnologias e redes de distribuição, e também em função do desconhecimento e falta de sensibilização para o assunto por parte dos consumidores e do poder público.

As vantagens destas energias não são ainda aproveitadas ao máximo, uma vez que as tecnologias utilizadas ainda não estão desenvolvidas a ponto de permitirem o máximo aproveitamento destas tecnologias. Um aspecto a ser ressaltado é que as construções necessárias à instalação dessas energias impactam no ecossistema, por isso é necessário fazer um bom estudo e planejamento ao se optar por instalar uma solução deste tipo.

De todos os recursos renováveis, os mais importantes são considerados “limpos”, ou seja, os que não poluem nem prejudicam o meio ambiente; daí serem também designados por energias limpas.

Alguns exemplos mais comuns são: a energia solar, a energia eólica (dos ventos), a energia hidráulica (dos rios), biomassa (matéria orgânica), geotérmica (calor interno da Terra) e maremotriz (das ondas de mares e oceanos).

Page 17: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– ESPIRITISMO E A TECNOLOGIA –

16

Figura 1 – No sentido horário superior: Painel sola r com placas fotovoltaicas, exemplo de energia eólica, represa utilizando a ene rgia hidráulica e flutuadores instalados no Ceará para utilizarem energia maremot riz.

ÁGUA COMO FONTE DE ENERGIA

O ser humano é capaz de fazer muita coisa utilizando sua inteligência. Para gerar energia utilizando a água, já projetou moinhos e usinas hidrelétricas, compreendeu e aplicou a eletrólise e, mais recentemente, começa a explorar cada vez mais a energia proveniente das ondas do mar.

Essa luta do homem para compreender os fenômenos da Natureza e adaptá-los, ou até mesmo controlá-los a seu favor não é nada recente. Existe, no epigrama de Antipratos de Salónica, um registro que alude ao moinho de água de roda horizontal e que presume-se datar de 85 a.C. Outros registros, nomeadamente arqueológicos, apontam para a existência deste sistema na Dinamarca, no século 1 a.C., e mencionado num poema na China do ano 31 da nossa era. Já relativamente ao moinho de água de roda vertical, é pela primeira vez mencionado por Vitrúvius numa obra datada de 25 a.C.

Allan Kardec faz menção ao uso da inteligência pelo homem ao tratar da origem do bem e do mal, esclarecendo estas dificuldades, explicando o porquê de existirem e mostrando como aliviar as suas consequências:

Como o homem tem que progredir, os males aos quais está exposto são um estímulo para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o à procura dos meios de se preservar deles. Se ele não tivesse nada a temer, nenhuma necessidade o levaria à busca do melhor; ele se entorpeceria com a inatividade de seu espírito; não inventaria nada, não

Page 18: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

17

descobriria nada. A dor é o aguilhão que compele o homem a avançar na estrada do progresso.

(Allan Kardec. A Gênese. Cap. 3, CELD – RJ) Mas apenas com o uso da inteligência, o homem não poderia criar tudo o que criou e está

criando. Para o desenvolvimento de projetos tão complexos e colossais, o dinheiro representa uma importante variável nessa equação. Não fossem os recursos financeiros, como poderia a população usufruir tanto do progresso como vem usufruindo ao longo destes últimos séculos? O avanço tem seu preço, literalmente, e Kardec não deixou de abordar essa questão:

Se a riqueza é a fonte de tantos males, se desperta um número tão grande de más paixões, se também provoca tantos crimes, não é a ela que devemos culpar, mas ao homem que dela abusa, como abusa de todos os dons que Deus lhe deu; pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser muito útil; é a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza só devesse produzir o mal, Deus não a teria posto sobre a Terra; pertence ao homem fazer com que ela produza o bem. Se não é um elemento direto do progresso moral, a riqueza é, sem a menor dúvida, um poderoso elemento de progresso intelectual. Efetivamente, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do globo; deve desbravá-lo, saneá-lo, prepará-lo para um dia receber toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população, que cresce sem cessar, é preciso aumentar a produção. Se a produção de uma região for insuficiente, é preciso ir buscá-la em outra. Por isso mesmo, as relações entre os povos tornam-se uma necessidade; para torná-las mais fáceis, é preciso destruir os obstáculos materiais que os separam, tornando as comunicações mais rápidas. Para trabalhos que se tornaram a obra dos séculos, o homem teve que buscar materiais até nas entranhas da terra. Procurou na Ciência os meios de executá-los mais segura e mais rapidamente, porém, para fazê-lo, precisava de recursos: a necessidade o fez criar a riqueza, como o havia feito descobrir a Ciência. A atividade necessária para esses mesmos trabalhos ampliou e desenvolveu sua inteligência; essa inteligência que ele concentrou, inicialmente, na satisfação das necessidades materiais, mais tarde o ajudará a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o principal meio de execução, sem ela não haveria grandes trabalhos, nem atividades, nem estímulos, nem pesquisas. É com razão, portanto, que ela é considerada como um elemento de progresso.

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XVI, item 7, CELD – RJ)

Quando Jesus disse ao jovem que o interrogava sobre os meios de ganhar a vida eterna, que

se desfizesse de todos os seus bens e o seguisse, não pretendia estabelecer como princípio absoluto que cada um deve se desfazer do que possui, e que esse é o único preço da salvação, mas simplesmente mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação.

A opção de não fazer mal à Natureza não significa não usar os recursos naturais, mas sim usá-los com consciência. Em O Livro dos Espíritos, nas questões sobre a lei de destruição, os espíritos enfatizam que a destruição é um processo natural e necessário, mas sempre que o

Page 19: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– ESPIRITISMO E A TECNOLOGIA –

18

homem destrói além dos limites da necessidade, essa destruição torna-se uma infração à lei de conservação e toda destruição desnecessária e prematura interrompe a marcha do progresso1.

Alguns vídeos no YouTube mostram o quanto de benefício o homem pode extrair do meio

ambiente de uma forma inteligente e moderada. • http://youtu.be/rWYLQGwar7k (Gasolina produzida pela água); • http://youtu.be/GtJVxVU17Xs (O Brasil e suas usinas hidrelétricas); • http://youtu.be/EEmM6Qxnd_w (Usina de ondas no Ceará); • http://youtu.be/KN6_KQMmgdE (Ônibus movido a hidrogênio).

QUANTO DE ENERGIA EU PRECISO PARA VIVER?

Dando ao homem a necessidade de viver, Deus ter-lhe-á fornecido sempre os meios de consegui-lo? “Sim, e se ele não os encontra, é que não os compreende. Deus não daria ao homem a necessidade de viver sem lhe dar os meios de consegui-lo; é por isso que fez a Terra produzir o necessário a todos os seus habitantes, pois apenas o necessário é útil: o supérfluo nunca o é.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 704, CELD – RJ)

Em uma sociedade com alto padrão consumista, como a atual, falar sobre conscientização

deste consumo pode ser até comum, mas daí a conseguir, de fato, tocar no âmago das pessoas para que elas revejam suas posturas, seus comportamentos e seus pensamentos não é tarefa nada fácil. Essa racionalização do consumo é uma ideia muito recente na história da Humanidade, talvez pela abundância de recursos disponíveis ao longo dos milênios.

O problema é que a revolução tecnológica vem acontecendo em velocidade tão acelerada que está mudando não só o modo de vida da população do globo, mas também interferindo, consideravelmente, em seu habitat. Isso gera um resultado tal que “empurra” o homem a uma decisão do tipo: ou reduz-se o consumo energético ou determinadas demandas não conseguirão mais ser atendidas. O modelo de consumo nômade, onde se usava o que estava disponível em determinado local, abandonava-se este e procurava outro onde se poderia reiniciar esse consumo desmedido, já não é mais suportável, ou, em palavras atuais, sustentável.

Com isso, a conscientização das reais necessidades de consumo, aqui falando apenas no energético, precisa ser trabalhada. E para o espírita, que se sabe ser reencarnante, o descuido de hoje refletirá de maneira mais intensa no amanhã. A melhora do habitat de hoje trará a melhoria das condições de vida do amanhã.

Nesse processo de conscientização, a criatura naturalmente passará pelos momentos em que suas atitudes não serão aprovadas por outros, menos educados do que ele. Chegado esse momento, a “timidez” citada por Kardec, em O Livro dos Espíritos, precisará ser deixada de lado:

1 Sugere-se a leitura do texto Consumo consciente: que escolhas temos, no site do Espiritismo.Net

(http://www.espiritismo.net/content,0,0,594,0,0.html).

Page 20: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

19

Por que, no mundo, a influência dos maus supera, com tanta frequência, a dos bons? “É pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos; quando estes o quiserem, tomarão a frente.”

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 932, CELD – RJ) Entendendo-se que a postura desejada aqui, pelos espíritos, não é a do inconveniente, do

agressivo e do “criador de caso”, mas sim de firmeza de propósito, de coragem para se manter o comportamento que se sabe ser o adequado à situação e ao contexto.

Como o homem valoriza ainda muito a matéria, ele só começa a selecionar as suas necessidades quando a economia é afetada. Mas esperar “pesar no bolso” para se tomar uma atitude qualquer denota falta de visão a longo prazo. O espírita, como alguém que busca ser melhor e também como crente na vida futura, deve ser aquele que trabalha em si os conceitos para que não precise passar pela “dor do pesar no bolso” para conseguir realmente valorizar determinado recurso. TODOS SOMOS FILHOS DE DEUS

É à incompatibilidade entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa verdadeira lepra, que o Cristianismo deve o fato de ainda não ter realizado toda a sua missão. É a vós, novos apóstolos da fé, que os espíritos superiores esclarecem, que cabe a tarefa e o dever de extirpar esse mal para dar ao Cristianismo toda a sua força, e livrar o caminho dos obstáculos que impedem a sua marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para que ela possa subir na escala dos mundos, porque é chegado o tempo em que a humanidade deve vestir o seu traje viril, e para isso é preciso, em primeiro lugar, expulsar o egoísmo dos vossos corações. – Emmanuel. Paris, 1861.

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XI, item 11, CELD – RJ)

O espírita, como conhecedor do processo de evolução, sabe que todos nos devemos uns aos

outros. Depois que passa a estudar e meditar mais nas lições, amplia-se em consciência e, com isso, adquire a noção de que nada que possui lhe é dado por acaso ou “gratuitamente”. Isso gera a gratidão, mas não a gratidão “amorfa” e estagnada. Por gratidão aqui se entenda não só a postura de reconhecimento, mas também de “geração de valor” para o meio em que vive. Por isso, não só concebe que todos têm espaço de viver e se manifestar na obra de Deus. Faz também seu esforço para que todos vivam, porém, “vivam em abundância”. Toda criatura divina é assistida pelo Criador. Como cocriadores, a parcela do espírita é de fazer o máximo para se comportar como assim deseja e faz o Pai.

O egoísmo é a negação da caridade; ora, sem a caridade não há tranquilidade para a sociedade; e digo mais, não há segurança; com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, sempre haverá uma corrida favorável ao mais esperto, uma luta de interesses em que as mais santas afeições são calcadas sob os pés, em que nem mesmo os sagrados laços da família são respeitados. – Pascal. Sens, 1862.

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XI, item 12, CELD – RJ)

Page 21: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– ESPIRITISMO E A TECNOLOGIA –

20

Figura 2 – Consequências das infrações à Natureza.

A ponderação de como estamos tratando a Natureza e percebendo que a água tem um papel

relevante em vários aspectos neste sentido dá uma boa noção do quão egoísta o ser humano pode estar sendo nos dias atuais.

Além de todos sermos filhos do mesmo Pai, o espírita sabe que em breve retornará ao planeta e que sofrerá a consequência do bem ou do mal que tenha aqui deixado2. REPARAR O QUE SE FEZ INCORRETAMENTE

O erro caracteriza a inexperiência. Basicamente, existem dois tipos de intenções envolvendo os erros: ou a criatura errou quando estava querendo acertar, ou errou quando buscava, na verdade, “se dar bem”. Obviamente, aqui o dito popular “dois pesos, duas medidas” se aplica. Não há como se penalizar da mesma maneira esses dois tipos.

Seja qual for o motivo do erro, a correção é sempre necessária. Detecta-se o erro, aponta-se a correção e incorpora-se o aprendizado. Somente assim pode-se efetuar o progresso através do equívoco.

Os acidentes envolvendo vazamento de óleo em alto mar por empresas petrolíferas são comuns. Nesse capítulo, tanto o ser humano quanto as empresas precisam se engajar o máximo possível em projetos ambientais, devolvendo à Natureza a porção de vida que dela foi maculada.

Figura 3 – A consequência do derramamento de óleo n o meio ambiente é incalculável.

2 Maiores detalhes no tópico O Futuro Depende de Nós.

Page 22: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

21

Sendo o equilíbrio uma lei máxima na Natureza, uma vez perturbada essa lei, deve-se buscar o seu restabelecimento, vencendo interesses econômicos, políticos, pessoais, etc.

Deve-se buscar a prudência na condução de qualquer projeto, freando-se o desejo de obter algo sem que se tenha antes uma boa noção da sua real consequência no futuro.

O retrabalho costuma custar caro em todos os sentidos. Refazer caminhos é dispêndio de dinheiro, tempo e energia. Por isso devemos nos empenhar ao máximo na análise detida daquilo que se pensa fazer, construir ou estabelecer. Antecipar-nos aos problemas de maneira preventiva, para que não precisemos lidar com eles.

O planejamento de tarefas visando minimizar o impacto sobre a Natureza ajuda a diminuir a quantidade de erros no futuro. O FUTURO DEPENDE DE NÓS

Nas palavras do Dr. Hermann, “os que destroem irão, obviamente, sofrer as consequências naturais desse desgaste e terão que repor, muitas vezes, o que destruíram, com sacrifício”. Sobre isso fala Léon Denis em seu livro O Problema do Ser e do Destino:

Graças à noção das vidas sucessivas, ao mesmo tempo que as responsabilidades individuais, as das coletividades nos aparecem mais distintas. Há em nossos contemporâneos uma tendência a transferir o peso das dificuldades presentes para as gerações vindouras. Persuadidos de que não mais voltarão à Terra, deixam a nossos sucessores o encargo de resolver os espinhosos problemas da vida política e social. Com a lei dos destinos, a questão muda imediatamente de aspecto. Não só o mal que tivermos feito recairá sobre nós e teremos de pagar nossas dívidas até o último centavo, como também o estado social cujos vícios e iniquidades tivermos contribuído para perpetuar, retomar-nos-á em sua pesada engrenagem, quando retornarmos à Terra, e sofreremos com todas as suas imperfeições. Esta sociedade, à qual teremos pedido muito e pouco oferecido, tornar-se-á novamente nossa sociedade, sociedade madrasta para seus filhos egoístas e ingratos. No decorrer de nossas etapas terrestres, poderosos ou fracos, dirigentes ou dirigidos, muitas vezes sentiremos cair sobre nós o peso das injustiças que tivermos permitido que se perpetuassem...

(Léon Denis. O Problema do Ser e do Destino. Cap. 18 – “Justiça e responsabilidade. O problema do mal”, CELD – RJ)

Mas se é verdade que se herda aquilo que se deixa, deixando-se boas sementes, boa colheita herdar-se-á. Não só para o próprio, mas também pensando naqueles espíritos que ainda chegarão, merecedores também de receberem um lar agradável e saudável para se criarem e se desenvolverem.

É preciso que a vida futura não deixe no espírito nem dúvida, nem incerteza; que ela seja tão positiva quanto a vida presente, da qual é a continuação, como o amanhã é a continuação da véspera; é preciso que seja vista, compreendida e, por assim dizer, tocada com o dedo; é preciso, enfim, que a solidariedade do passado, do presente e do futuro, através das diferentes existências, seja evidente.

(Allan Kardec. Obras Póstumas. CELD – RJ)

Page 23: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– ESPIRITISMO E A TECNOLOGIA –

22

O desprendimento de pensar que “o mais rico é aquele que tem menos necessidades”3 conspira para que se deixe aqui o máximo de contribuição possível, já que nada de material se levará para o mundo espiritual. Essa reflexão sobre o que deixar estimula o pensamento do espírita sincero, concluindo que muito deve esforçar-se para deixar um mundo melhor do que recebeu quando aqui chegou. CONCLUSÃO

O egoísmo, de fato, é uma grande lepra, conforme sinalizado pelos espíritos. Enquanto o homem fazia uso dos recursos naturais sem a preocupação da sua reposição, por ignorância, a falta de conhecimento “o absolvia” perante a lei de Deus. Uma vez conhecido o mal, a postura de usar o máximo que pode, como uma criança embriagada diante de um grande parque de diversões, o torna culpado e responsável por não só o que usar, mas também como usar e quanto deixar para as gerações futuras.

Nesse sentido, espera-se do espírita o conhecimento das tecnologias e a maneira como estas funcionam no dia a dia para que possa ser o mais comedido e prudente na utilização destes recursos.

3 O Livro dos Espíritos, pergunta 926.

Page 24: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

Centro Espírita Léon Denis

4o Congresso de Estudos Espíritas

“O Meio Ambiente”

Patrono: Eurípedes Barsanulfo

TEMA CENTRAL:

“A Importância da Água como Fator de Conservação, Sustentação e Renovação da Vida”

Page 25: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– O MEIO AMBIENTE –

24

Orientação Mediúnica recebida no dia 15 de setembro 2012

A importância da “água” no campo da vida (energia) material e espiritual propicia a renovação dos elementos químicos e até mentais, como também espirituais, por isto esta abrangência em Léon Denis. Vocês verão, de certa forma, a participação da água não só no âmbito onde ele descreve, mas também no planeta, trazendo as informações para os dias atuais.

E em André Luiz temos a concepção da água como líquido de renovação, sustentação, de equilíbrio, de elevação, visto que nesta colônia, como em tantas outras, o ministério mais elevado é que gerencia o fluxo de água que torna como elemento de sustentação da vida e de energia para o espírito (perispírito).

Portanto temos aí, filhos, elementos de comparação em todos os níveis, onde poderemos aproveitar para extrair a importância para valorizar este valioso líquido existente no planeta. Continuem!

Agostinho (Mensagem psicografada pelo médium Luiz Carlos Dallarosa.)

Objetivo Geral: Elucidar sobre a importância da água no campo da vida, material e espiritual. Objetivos Específicos: Relembrar o ciclo da água e a relação com nossas vidas. Esclarecer sobre a relação da água (energia) para o espírito imortal.

...O mar, como a floresta, como a montanha, age sobre a nossa vida psíquica, sobre nossos sentimentos e pensamentos, e através dessa comunhão íntima, a dualidade da matéria e do espírito cessa um instante, para se fundir na grande unidade que tudo gerou...

(O Grande Enigma, cap. XII. Léon Denis.)

...Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá. Para crer em Deus, basta lançar os olhos sobre as obras da criação...

(O Livro dos Espíritos, questão 4. Allan Kardec.)

Page 26: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

25

A importância da água como fator de conservação, sustentação e renovação da vida

Convidamos a todos a participar do ciclo da água desde o plano espiritual, passando pelo plano material, até o plano espiritual novamente. [...] As águas que servem a todas as atividades da colônia partem daqui. Em seguida, reúnem-se novamente, abaixo dos serviços da Regeneração, e voltam a constituir o rio, que prossegue o curso normal, rumo ao grande oceano de substâncias invisíveis para a Terra.

(André Luiz, Nosso Lar, cap. 10. Psicografia de Francisco Xavier.)

http://cinema.uol.com.br/album/nosso_lar_2010_album.jhtm

A Terra é nosso orbe ou casa planetária, muitas vezes chamada de Planeta Água ou Planeta Azul, em razão de sua extensão oceânica, que representa cerca de três quartos da superfície do planeta. Oceanos em que se originam a vida, são reguladores da temperatura, são produtores de oxigênio (via algas) e de alimentos, são via de transporte, ligam os povos e nações.

No início: “Toda a água, forçosamente reduzida a vapor, estava misturada com o ar”. (A Gênese, cap. VII. Allan Kardec.)

Após a formação da Terra, há 4.600 milhões de anos, enormes quantidades de vapor de água foram libertadas dos vulcões e da superfície do planeta em fogo. Alguns milhões de anos mais tarde, quando a temperatura da superfície da Terra baixou, ocorreu a condensação deste vapor. Formou-se, então, a água existente atualmente, originando um “Oceano Primitivo”.

http://www.oceanario.pt/cms/1253/

Em seguida, vieram as águas que, caindo sobre um solo ardente, se vaporizavam de novo e recaíam em chuvas torrenciais, e assim, sucessivamente, até que a temperatura permitisse que ela ficasse no solo em estado líquido.

(A Gênese, cap. VII. Allan Kardec.)

A formação dos oceanos foi fundamental para o surgimento da vida no planeta, pois a origem da vida veio dos seres aquáticos. Dessa forma surgiram, primeiramente, no planeta, as bactérias e algas, além de microrganismos, isso há cerca de 3 bilhões e 500 milhões de anos.

http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/a-formacao-terra-os-seres-vivos.htm

“Cada espécie foi aparecendo à medida que o globo adquiria as condições necessárias à sua existência [...]”

(A Gênese, cap. X. Allan Kardec.)

Page 27: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– O MEIO AMBIENTE –

26

“Quando a Terra começou a ser povoada? R: [...] Pouco a pouco, cada coisa tomou seu lugar; então, apareceram os seres vivos apropriados ao estado do globo.” (O Livro dos Espíritos, questão 43. Allan Kardec.)

Ao longo da história observamos que as populações eram formadas próximas a locais

onde havia água, tanto para a própria sobrevivência quanto favorecendo o desenvolvimento. O rio Nilo é um exemplo; foi o local onde a civilização egípcia se desenvolveu, princi-

palmente, na agricultura, num local desértico, apenas observando e usufruindo do ciclo do rio, com suas cheias e vazantes, que fornecia, além de água, também uma fertilização natural de detritos orgânicos.

Vamos agora estudar o ciclo da água. Embora muitos se lembrem da época de escola, é importante, neste momento atual de evolução, relacionar com as nossas vidas e nos diversos campos: ambiental, social, econômico, mental e espiritual.

“[...] Contemplo a imensidão das águas. Até os confins do firmamento, o mar expõe sua toalha móvel, cintilante, sob as luzes do dia.”

(O Grande Enigma, cap. XII, O Mar. Léon Denis.) http://positivopensamento.blogspot.com.br/2011/08/seja-como-o-mar.html

Ciclo da água ou ciclo hidrológico É a circulação que a água faz passando por toda a natureza, quer dizer, por todo o planeta.

Vamos entender como funciona? A radiação solar e a força da gravidade provo-cam a transferência de parte da água que está na superfície terrestre para a atmosfera. Como? Na evaporação da água presente nos oceanos, lagos, rios e parte da água que está na superfície do solo, e também na transpiração dos vegetais, animais e nós.

Lembrete: Na evaporação e transpiração, a água está no estado líquido e passa para o estado gasoso, quando ela assume a forma de vapor.

Mar: “[...] no seu seio elaboram-se as chuvas benéficas; todo o sistema de irrigação do globo nele tem origem”.

(O Grande Enigma, O Mar, cap. XII. Léon Denis.)

Quando as nuvens ficam carregadas de pequenas gotas reúnem-se formando gotas maiores, tornando a nuvem cada vez mais pesada e, assim, a água volta novamente para a superfície da terra como gotas de chuva, o que se denomina precipitação.

“Água que o sol evapora Pro céu vai embora Virar nuvens de algodão... Gotas de água da chuva”

Compositor: Guilherme Arantes

http://www.usp.br/qambiental/tratamentoAgua.htl

Page 28: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

27

Obs.: A precipitação pode ocorrer em forma de chuva, granizo ou neve, dependendo das condições climáticas.

A chuva é distribuída pelo planeta de forma variada: parte cai direto sobre os reservatórios superficiais como rios, lagos e oceanos.

http://www.cultivandoaguaboa.com.br/o-programa

Outra parte cai sobre o solo seguindo dois caminhos: 1a - Uma quantidade escoa ou desliza sobre o solo e segue em direção aos reservatórios superficiais: rios, lagos, riachos, que depois deságuam no mar; 2a - Outra infiltra no solo, através dos poros, e nas rochas, pelas fissuras, alimentando os reservatórios subterrâneos de água, conhecidos também como aquíferos.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-agua/aquifero-guarani-14.php

Page 29: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– O MEIO AMBIENTE –

28

Como é a distribuição de água no Planeta Terra?

Importância dos Oceanos e Mares � São celeiros biológicos, conser-

vam milhões de espécies; � Na absorção do gás carbônico pela

fotossíntese marinha, feita por alguns tipos de algas;

� Fornecem alimento por meio da pesca e do cultivo de diversas es-pécies marinhas;

� Facilita rotas de comércio entre os países;

� Atua como agente regulador do clima global;

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=27041

Sem ele, a terra seria estéril, infecunda. Sua efusão de vida é sem limites. Suas grandes correntes fazem irradiar até às extremidades do mundo o calor e a eletricidade. Este foi o cadinho gigantesco em que se elaboraram as primeiras manifes-tações da vida.

(O Grande Enigma, cap. XII, O Mar. Léon Denis.)

O homem é desatento há muitos séculos — tornou Lísias; o mar equilibra-lhe a moradia planetária, o elemento aquoso fornece-lhe o corpo físico, a chuva dá-lhe o pão, o rio organiza-lhe a cidade, a presença da água oferece-lhe a bênção do lar e do serviço...

(Nosso Lar, cap. 10, Bosque das Águas. André Luiz, Psicografia de Francisco Xavier.)

Os 3% restantes são de água doce, parte formando as geleiras, os aquíferos, e cerca de 1%

está nos rios, lagos e, assim, mais disponível para nossas necessidades.

Page 30: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

29

A água em nossas vidas?

http://treinonutricional.blogspot.com.br/2012/05/hidratacao-e-atividade-fisica.html

É importante lembrar sobre a qualidade da água Água potável – É aquela que não tem micróbios patogênicos, nem substâncias químicas além dos limites de tolerância e não é desagradável, pelo seu aspecto, a quaisquer dos nossos sentidos (visão, olfato, tato e paladar). Água potável de origem natural – É aquela vinda de uma fonte encontrada na Natureza, podendo ser diretamente consumida. Água potável tratada – É a que passou por uma estação de tratamento, ou seja, uma série de etapas onde suas impurezas e poluentes são eliminados. Água poluída – É aquela que contém substâncias que modificam sua característica e tornam-na imprópria para o consumo. Água contaminada – É a que contém micróbios patogênicos ou substâncias venenosas.

Amai, portanto, vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma. Desconhecer as necessidades, que são indicadas pela própria Natureza, é desconhecer a lei de Deus.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 11. Allan Kardec.)

Na Agricultura: irrigação, limpeza pós-colheita, etc.

Em nós: sede, alimento, remédio, limpeza pessoal, etc.

Na indústria: utilizada em

diversas fases da fabricação, etc.

“A lei de conservação nos obriga a prover às necessidades do corpo? Sim,” Q. 718. do L.E.

Em casa: fazer comida, lavar roupa e louça, limpeza em

geral, etc.

Na Atmosfera: Umidade do ar para: respirar melhor, regular a temperatura.

“[...] Deus não daria ao homem a necessidade de viver, sem lhe dar os meios de consegui-lo;”

“O bem-estar é um desejo

natural;” Q.719 L.E.

Page 31: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– O MEIO AMBIENTE –

30

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,1 bilhão de habitantes não têm acesso à água tratada e cerca de 1,6 milhão de pessoas morrem no mundo, todos os anos, em razão de problemas de saúde decorrentes da falta desse recurso.

http://www.brasil.gov.br/inovacao/Cases/agua-doce/agua-e-consumo-consciente

A Natureza traçou o limite de suas necessidades por meio de sua organização; os vícios, porém, alteraram sua constituição e criaram para ele necessidades que não são reais. (O Livro dos Espíritos, questão 716. Allan Kardec.)

Há água potável suficiente no planeta de seis bilhões de pessoas, mas ela é distribuída de forma desigual, sendo grande parte desperdiçada, poluída e gerenciada de modo insustentável.

http://www.un.org/waterforlifedecade/scarcity.shtml

As vicissitudes da vida são de duas espécies ou, se o preferirem, têm duas fontes bem diferentes, que é necessário distinguir, porquanto umas têm sua causa na vida presente, outras, fora desta vida. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 4. Allan Kardec.)

http://www.walmart.com.br/consumidor-consciente

Brasil – O país possui 12% das reservas de água doce disponíveis no mundo, sendo que a Bacia Amazônica concentra 70% desse volume.

http://www.brasil.gov.br/inovacao/Cases/agua-doce/agua-e-consumo-consciente

Além do desperdício da água, temos os contaminantes: lixo, inseticidas, detergentes,

fertilizantes, petróleo, etc., encarecendo o custo de tratamento e, algumas vezes, inviabilizando a recuperação do recurso natural. Será descaso nosso? Desconhecimento? Egoísmo?

“O egoísmo é a negação da caridade.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 12. Allan Kardec.)

“Muitas vezes, onde precisamos de água encontramos armas.” (Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU).

http://www.un.org/waterforlifedecade/scarcity.shtml

“[...] Ora, sem a caridade não há tranquilidade para a sociedade; e digo mais, não há segurança...”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 12. Allan Kardec.)

Page 32: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

31

“[...] Ainda existe água suficiente para todos nós, mas só enquanto nós a mantivermos limpa, utilizando-a de forma mais sensata e compartilhando-a com justiça” (Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU.)

http://www.un.org/waterforlifedecade/scarcity.shtml

O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens? Esse direito é consequência da necessidade de viver. Deus não poderia ter imposto um dever sem ter dado o meio de cumpri-lo.

(O Livro dos Espíritos, questão 711. Allan Kardec.)

Declaração Universal dos Direitos da Água – 22 de março de 1992 – ditado pela ONU

“A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.”

O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo em primeiro lugar, e, depois, dos outros. O dever do coração, quando fielmente observado, eleva o homem; O dever é a lei da vida [...]

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 7. Allan Kardec.) Onde está escrita a lei da Deus? “Na consciência.”

(O Livro dos Espíritos, questão 621. Allan Kardec.)

http://www.saaebrotas.com.br/dicas/dicas-para-reduzir-o-consumo-de-agua

Page 33: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– O MEIO AMBIENTE –

32

A água faz um ciclo completo quando percebemos que ela está presente em nosso planeta tanto material, em seus estados líquido, sólido e gasoso, quanto num estado pouco percebido por nós, talvez mais fluídico, na vida espiritual.

Virá tempo, contudo, em que copiará nossos serviços, encarecendo a importância dessa dádiva do Senhor. Compreenderá, então, que a água, como fluido criador, absorve, em cada lar, as características mentais de seus moradores. A água, no mundo, meu amigo, não somente carreia os resíduos dos corpos, mas também as expressões de nossa vida mental.

(Nosso Lar, cap. 10, Bosque das Águas. André Luiz, Psicografia de Francisco Xavier.) Temos o exemplo do Sr. Masaru Emoto, que executou experiências com a água, submetendo-a ao pensamento humano, onde: “energias vibracionais humanas, pensamentos, palavras, ideias e músicas afetam a estrutura molecular da água. A imagem ao lado seria após uma oração oferecida.

http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=1919

Na Terra, quase ninguém cogita seriamente de conhe-cer a importância da água. Em “Nosso Lar”, contudo, outros são os conhecimentos. Nesta cidade espiritual, aprendemos a agradecer ao Pai e aos seus divinos colaboradores semelhante dádiva. Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui, ela é empregada, sobretudo como ali-mento e remédio. (Nosso Lar, cap. 10, Bosque das Águas. André Luiz, Psicografia de Francisco Xavier.)

http://ceacaminhodaluz.blogspot.com.br/2011/06/colonias-espirituais.html

A água carreia não só o alimento material e seus nutrientes em nosso organismo, mas

também o espiritual, como os fluidos necessários à saúde corporal, mental e espiritual.

Há repartições no Ministério do Auxílio absolutamente consagradas à mani-pulação de água pura, com certos princípios suscetíveis de serem captados na luz do Sol e no magnetismo espiritual.

(Nosso Lar, cap. 10, Bosque das Águas. André Luiz, Psicografia de Francisco Xavier.)

Lembremo-nos da água fluidificada, água magnetizada, água rezada nas diversas religiões ou culturas que se encontram em nossa sociedade. Isso também ocorre no plano espiritual de forma muito mais sutil e elaborada.

Na maioria das regiões da extensa colônia, o sistema de alimentação tem aí suas bases. Acontece, porém, que só os Ministros da União Divina são deten-tores do maior padrão de Espiritualidade Superior, entre nós, cabendo-lhes a magnetização geral das águas do Rio Azul, a fim de que sirvam a todos os habitantes de “Nosso Lar”, com a pureza imprescindível.

(Nosso Lar, cap. 10, Bosque das Águas. André Luiz, Psicografia de Francisco Xavier.)

Page 34: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

33

É indispensável lavar o vaso do coração para receber a “água viva”, abandonar envoltórios inferiores para vestir os “trajes nupciais” da luz eterna. (Emmanuel) Tenhamos a certeza de que Jesus é nossa fonte de “água viva”, esclarecendo-nos sobre as leis divinas, e que em cada encarnação temos a oportunidade de nos aperfeiçoar, “lavando” de nossos corações o egoísmo e o orgulho.

http://www.aguaalcalinario.com.br/

O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza... Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça, e em sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão... O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como desejaria que os seus fossem respeitados... [...] Todo aquele que se esforça para possuir as que aqui foram citadas, está no caminho que conduz a todas as outras...

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3. Allan Kardec.) “Dizem que as árvores, as plantas e os animais não falam como nós; realmente, eles só expressam os ensinamentos de Deus.”

Cada elemento (na natureza) manifesta, à sua maneira, os segredos de sua vida profunda. A alma humana, através de seus sentidos interiores, percebe essa linguagem.

(Léon Denis.)

Bibliografias Denis, Léon. Depois da Morte, CELD, 1a Edição/2009. Denis, Léon. O Grande Enigma, CELD, 1a Edição/2003. Denis, Léon. O Problema do Ser e do Destino, CELD, 19a Edição/1997. Kardec, Allan. A Gênese, CELD, 2a Edição/2008. Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, CELD, 1a Edição/2008. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, CELD, 1a Edição/2008. Luiz, André. Psicografia: Xavier, Francisco C. Nosso Lar, FEB, 45a Edição/1996.

http://www.ana.gov.br/ http://www.itaipu.gov.br/ http://www.brasilescola.com/geografia/agua.htm http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/agua.htm http://www.ofuturoquenosqueremos.org.br/water.php http://www.pegadahidrica.org http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/510334-pegada-hidrica-pela-gestao-eficiente-da-agua-entrevista-especial-com-vanessa-empinotti http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/5033/open/file/index.html?sequence=8 http://www.tigre.com.br/enciclopedia/artigo/71/o_ciclo_da_%C1gua_ http://www.serracima.org.br/praticas-agroecologicas-07-agua-e-agricultura/

Page 35: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

Centro Espírita Léon Denis

4o Congresso de Estudos Espíritas

“Mulheres Espíritas”

Patronesse: Zilda Gama

TEMA CENTRAL: “Zilda Gama – Sua Vida e Sua Obra”

Page 36: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

35

OBJETIVO GERAL PARA TODOS OS ENCONTROS:

♦ Resgatar a contribuição das mulheres espíritas na consolidação do movimento Espírita.

♦ Destacar a vida das várias personalidades espíritas femininas, suas obras no campo político, socioeconômico e suas atividades mediúnicas.

♦ Valorizar o papel da mulher espírita dentro da sociedade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

♦ Conhecer a vida e a obra de Zilda Gama e o seu papel como médium dentro do Movimento Espírita.

♦ Aprender com Zilda Gama que é possível conciliar as suas tarefas como cidadã com as tarefas da casa espírita.

♦ Mostrar Zilda Gama como exemplo de superação das dificuldades, quando se tem fé e confiança na proteção espiritual.

INTRODUÇÃO

Ao observarmos os grandes pioneiros da Doutrina Espírita, encontramos entre eles, um aspecto em comum, a capacidade de atender ao chamado de Jesus para a tarefa a que vieram aqui, no plano físico, desempenhar.

Entre esses pioneiros vamos encontrar um grande contingente feminino, que possuidor da mesma característica, acima citada, agrega a esta, outras tantas pertinentes ao ser, na envergadura da roupagem feminina. Ou seja, a capacidade de doar sem esperar nada em troca, a condição de amar os seus de forma incondicional, renunciar aos seus sonhos para que outros vivenciassem os seus, criar filhos de outras mães com o mesmo amor e carinho como criaria os nascidos de si mesma. Compreendendo que ser mãe, está além de laços físicos. Mulheres que deram sua participação de forma abnegada silenciosa.

Outras tantas se colocando, efetivamente nas suas profissões assumindo postos de vanguarda e liderança, levantando bandeiras muito além de suas épocas, rompendo barreiras, preconceitos, tabus, enfrentando toda sorte de contraposições.

Que dizer então das mulheres espíritas, das médiuns, das companheiras que são responsáveis por hoje, nós mulheres contemporâneas podermos ter a liberdade de exercer a mediunidade, sem sermos chamadas de bruxas, embusteiras e mistificadoras. Que dizer das pioneiras que se expuseram em experimentos para que os fenômenos mediúnicos fossem desvendados.

Observamos que essas mulheres enfrentaram suas lutas com coragem e abnegação, renúncia e fé e foram dentro do ambiente no qual estavam inseridas, apoio, exemplo, fonte de incentivo para todos os que estavam à sua volta. Promovendo assim a transformação daqueles que, em contato com suas ações, vão desenvolvendo em si qualidades, reflexões mais profundas sobre si mesmas e o objetivo maior da vida. Na maioria das vezes anonimamente essas companheiras deram o seu testemunho de amor ao próximo, amor a Jesus, amor a Deus. Doando

Page 37: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– MULHERES ESPÍRITAS –

36

de si, das suas faculdades essas pioneiras foram cada uma, dentro das suas características dando a sua contribuição para os corações que orbitavam à sua volta e para nós, mulheres contemporâneas, mães, profissionais, amigas, esposas, médiuns espíritas.

Portanto, nós, mulheres espíritas contemporâneas que hoje buscamos exercer as nossas tarefas mediúnicas, profissionais, sociais, assistenciais e todas as outras que nos são pertinentes e exigem uma mobilização cada vez maior de nossos recursos internos com equilíbrio, coragem perseverança alegria, conscientes da responsabilidade que cada uma de nós exerce, nas várias frentes de ação em que atuam e, principalmente, o comprometimento com a causa do Cristo Jesus; estudaremos a vida e obra dessas grandes pioneiras espíritas, seus exemplos, sua dedicação, sua abnegação entrega e fé, com o objetivo de trazer para nossas vidas o exemplo de coragem perseverança, força e mostrar para nós mesmas que se elas lutaram e conseguiram, enfrentando todos os obstáculos, nós também podemos conseguir.

A MULHER NO SÉCULO 19

CONTEXTO HISTÓRICO

A segunda metade do século 19 trouxe profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais” desenvolvendo uma torrente de claridades da face do mundo”, encaminhando todos os países para as reformas úteis e preciosas.

Revista Espírita: “A dádiva celestial do intercâmbio entre o mundo visível e invisível chegou ao planeta nessa onda de claridades inexprimíveis.”

“Kardec, na sua missão de esclarecimento e consolação, fazia-se acompanhar de uma plêiade de companheiros e colaboradores, cuja ação regeneradora não se manifestaria tão somente nos problemas de ordem doutrinária, mais em todos os departamentos da atividade intelectual do século 19.” (A Caminho da Luz.)

“O Espiritismo vinha, desse modo na hora psicológica das grandes transformações, alertando o espírito humano para que se não perdesse o fruto sagrado de quantos trabalharam e sofreram no esforço precioso da civilização.”

“Com as verdades da reencarnação, vinha explicar o absurdo das teorias igualitárias absolutas, em vistas dos conhecimentos da lei do esforço e do trabalho individual.”

“Nestes tempos em que as mais preciosas transições se anunciam ao espírito do homem, só o Espiritismo pode representar o valor moral no qual se encontra o apoio necessário à edificação do porvir.” (A Caminho da Luz.)

“O orbe, com as suas instituições sociais e políticas, havia atingido um período de grandes transformações, e o Espiritismo seria a essência dessas conquistas novas, reconduzindo os corações ao Evangelho e ao entendimento de todas as coisas.” (A Caminho da Luz.)

� Um dos grandes acontecimentos do século 19 é a extinção do cativeiro, renovando as concepções sociais de todos os povos da raça branca.

� Cumprindo determinação do Mestre, seus mensageiros do plano invisível laboram junto aos gabinetes administrativos, de modo a facilitar a vitória da liberdade.

Page 38: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

37

A MULHER

� Vivia sob uma total dependência da figura masculina, dando origem aos moldes de uma cultura patriarcalista e machista.

� Com o surgimento da sociedade industrial, a mulher assume uma posição como operária nas fábricas e indústrias, deixando o espaço doméstico.

� À época em que se vislumbravam os primeiros ensaios de ser possível à mulher ter algum direito nas atividades públicas tidas como exclusivas do homem, a Doutrina Espírita já estava em pleno desenvolvimento, trazendo revelações e esclarecimentos à Humanidade da importância da nossa estada na Terra, dando-nos conhecimento de nossa origem e apontando o rumo de nossos destinos.

� A partir de 1858, quando o preconceito contra a mulher era público, isto é, quando a minoria tinha autoridade em advogar a favor dos direitos de igualdade; quando as petições eram muito discutidas nos parlamentos de vários países e eram refutadas, Kardec, por orientação dos espíritos, inaugura o Jornal de Estudos Psicológicos (Revista Espírita) para a divulgação da Doutrina, dentre eles, com destaque, a emancipação da mulher.

� “(...)A influência da mulher no século 19! Acreditais que ela tenha esperado esta época para que continueis a dominá-la, fracos homens que sois? Se tentastes aviltá-las, foi porque a temes; se tentastes abafar a sua inteligência, foi porque receastes a sua influência. Somente em seu coração não pudestes opor barreiras(...)” (Dissertações Espíritas, Revista Espírita, dez. 1860 – médium Srta. Eugênie, Espírito Alfredo Musset.)

� Com a Doutrina Espírita a igualdade da mulher não é mais uma simples teoria; não é mais uma concessão da força à fraqueza, mas um direito fundado nas leis da Natureza.

� Pode-se considerá-la como emancipada moralmente, se não legalmente. É a este último resultado que ela chegara um dia, pela força das coisas. (Allan Kardec. Revista Espírita, jan. 1866.)

CONDIÇÃO DA MULHER NO INÍCIO DO SÉCULO 20

“A situação da mulher, na civilização contemporânea, é difícil, não raro, dolorosa. Nem sempre a mulher tem para si os usos e as leis; mil perigos a cercam, se ela fraqueja, se sucumbe, raramente se lhe estende a mão amiga. A corrupção dos costumes fez da mulher a vítima do século. A miséria, as lágrimas, a prostituição, o suicídio – tal é a sorte de grande número de pobres criaturas em nossas sociedades opulentas.”

(Léon Denis. No Invisível – “O Espiritismo e a Mulher”.)

“A mulher da atualidade não deve mais ser considerada unicamente adorno de salões, origem de discórdias, de conquistas arriscadas, de duelos, sínteses de frivolidades, porque deixou de ser a romanesca personagem da Idade Média para se imiscuir na grande batalha for life, lutando estoicamente para manter sua prole sem as asperezas da miséria, para coadjuvar seu consorte ou seus progenitores – heroína obscura do lar ou dos atelieres abençoados por Deus!

(Psicografia de Zilda Gama. Diário dos Invisíveis. Espírito Pedro – “Da Educação Feminina”, 14/7/19130.)

Page 39: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– MULHERES ESPÍRITAS –

38

� Até as primeiras décadas do século 20, no Brasil, a mulher era encarregada da manu-tenção e educação dos filhos, e o homem assumia a soberania do Estado dentro do lar; “ o homem manda, a mulher obedece”.

� As mulheres continuaram excluídas dos graus mais elevados de instrução durante todo o século 19.

� Os cursos superiores eram unicamente masculinos, e elas eram excluídas dos primeiros cursos de Medicina, Direito e Engenharia surgidos no Brasil.

� Decreto Imperial de 1881 – Facultou à mulher a matrícula em curso superior.

VAMOS REFLETIR?

Em sua opinião a condição da maioria das mulheres da atualidade difere muito da condição daquelas do século passado?

Você acha que com o progresso científico e tecnológico, a mulher e o homem exer-cendo as mesmas funções, no mercado de trabalho, são tratados com igualdade?

“(...)O homem e a mulher nasceram para funções diferentes, mas complementares. No

ponto de vista da ação social, são equivalentes e inseparáveis.”

(Léon Denis. No Invisível – “O Espiritismo e a Mulher”.) O Livro dos Espíritos, q. 202 – Quando errante que prefere o espírito, encarnar no corpo de um homem ou no de uma mulher?

Isso pouco importa. O que o guia na escolha são as provas porque haja de passar.

QUEM FOI ZILDA GAMA?

Procedente de uma das maiores, melhores e ilustres famílias do Brasil, nasceu Zilda Gama, em 11 de março de 1878, em Três Ilhas, município de Juiz de Fora; filha de Augusto Cristino da Gama, escrivão de paz, e, sua prima, Elisa Emílio Klors, professora estadual.

Encarnou na 2a metade do século 19, no 2o regime político monárquico, que surge com a Independência e teve Pedro II sua maior expressão.

Desencarnou em 11 de janeiro de 1969, no Rio de Janeiro, com 91 anos de idade, vítima de acidente vascular cerebral, e toda a sua existência foi pontilhada pela dor, por angústias, provações e desgostos.

O Livro dos Espíritos, q. 132 – Qual o objetivo da encarnação dos espíritos?

“Deus impõe-lhes a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, é uma missão(...)”

Page 40: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

39

O Livro dos Espíritos, q. 258 – Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, o espírito tem consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrestre?

“Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar, e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”

Coube ao feliz Estado de Minas Gerais a sublime glória de ser o berço dos três maiores

médiuns brasileiros: Zilda Gama, de Juiz de Fora; Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo, e Yvonne do Amaral Pereira, de Lavras, pela ordem em que se projetaram no cenário espírita, com as suas lindas produções literárias em prosa e verso. E Zilda Gama foi, incontes-tavelmente, a precursora e aos seus romances mediúnicos se deve apreciável adesão ao Espiritismo. (Prefácio de Francisco Klörs Werneck no romance Na Seara Bendita, de Victor Hugo, psicografado por Zilda Gama.)

VAMOS REFLETIR?

1 – Que importância tem a reencarnação para você?

2 – O que você está fazendo para valorizar essa oportunidade concedida por Deus?

VIDA PROFISSIONAL

“Era, como sua mãe, professora pública, diplomada pela Escola Nacional de São João del-Rei, MG. Exerceu o magistério no município de Além-Paraíba, tendo assumido, por várias vezes, a direção dos Grupos Escolares Castelo Branco e Sales Marques, na mesma cidade, após ter obtido duas promoções por inegável merecimento. Em 1929, tendo a Secretaria de Educação de Minas Gerais posto em concurso aulas-modelo, obteve o primeiro lugar na classificação oficial e foi inscrita na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, onde concluiu o curso, em 6 de dezembro de 1929.”

“Em 1927 tomou parte no Congresso de Instrução, como membro permanente; e em 1931, no Congresso Feminino presidido pela Doutora Elvira Komel, apresentou uma tese sobre o direito do voto feminino, que, pouco tempo depois, teve a aprovação oficial.”

Passando a residir em Belo Horizonte, continuou a exercer o magistério primário, agora no Grupo Escolar Afonso Pena, daquela cidade até 1938, ano em que se aposentou. Era culta, e jovem ainda, colaborou, com poesias e contos, em vários jornais de Juiz de Fora, Ouro Preto, São Paulo e Rio de Janeiro, dentre eles o Jornal do Brasil, a Gazeta de Notícias e a Revista da Semana, periódicos da então capital da República.”

(Carlos Bernardo Loureiro. As Mulheres Médiuns – Zilda Gama.) VAMOS REFLETIR?

1 – Em sua opinião, como a mulher está administrando o acúmulo de funções: trabalho profissional, família e vida social?

2 – Com todas essas ocupações, como está sendo o papel da mulher na casa espírita? Dê sua opinião:

Page 41: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– MULHERES ESPÍRITAS –

40

AS PRIMEIRAS PROVAS

O Livro dos Espíritos, q. 259 – Do fato de pertencer ao espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentarmos na vida nós a previmos e buscamos?

“Todas não, porque não escolhestes e previste tudo o que vos sucede no mundo, até as mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais (como espírito)(...) Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas (épocas, culturas, costumes, acontecimentos). Previstos só os fatos principais, que influem no destino(...)

“Sua vida familiar foi, na verdade, um drama. Em 1901, ano em que faleceu sua irmã

mais velha, Maria Antonieta Gama, a poetisa conhecida pelo pseudônimo de Marieta, assumiu Zilda Gama a progenitura e a chefia da família, por morte de seus pais, ocorrida no ano seguinte, com o espaço de apenas quatro meses. Deixando a ela a responsabilidade da criação de cinco irmãos menores.

O destino, porém, lhe reservara duas provas para lhe dar maior merecimento, na vida espiritual; provas que ela soube vencer com galhardia e conquistar como conquistou, a admiração e o louvor unânime de todos com os quais convivia. Uma, quando seu noivo, prestes a consorciar-se com ela, depois de um noivado demorado, apaixonou-se e casou-se com outra, para ser infeliz, a outra, quando faleceu sua querida irmã Adélia Maria, enchendo o seu modesto lar com cinco criancinhas sequiosas de carinho e de amor e que se tornaram o principal alvo de sua vida, de muitas lutas e sofrimentos.”

(Francisco Klörs Werneck. Prefácio do Livro Seara Bendita de Victor Hugo, psicografia de Zilda Gama.)

O Livro dos Espíritos, q. 934 – A perda das pessoas que nos são caras não é uma daquelas que nos causam legítima tristeza, tanto mais legítima, quanto é irreparável e independente da nossa vontade esta perda?

“Essa causa de dor atinge tanto o rico, quanto o pobre: representa uma prova, ou expiação, e é a lei comum; mas é um consolo poder comunicar-vos com vossos amigos, através dos meios de que dispondes, aguardando que tenhais outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.”

Tenho padecido infortúnios acerbos, desde a desencarnação de vários entes queridos, até a

traição – talvez a mais lancinante de todas as dores e o mais execrável de todos os delitos! – e, no entanto, apesar de muito sensível ao sofrimento, quer meu, quer alheio, admiro-me de nunca ter sofrido uma perturbação mental qualquer: mantenho-me plácida nos momentos de dissabores excruciantes e vejo, por isso, a iniludível intervenção de Protetores imateriais, que me amparam fraternalmente e não me deixam desfalecer nos instantes em que, para a imprescindível lapidação de minh’alma, tenho de sorver, até a extrema gota, a taça da amargura.

(Zilda Gama. Na Sombra e na Luz. In Limine.)

Page 42: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

41

VAMOS REFLETIR?

Diante das provas, como tem sido a sua atitude?

( ) De coragem e fé ( ) De desânimo ( ) De luta e perseverança

( ) De paciência ( ) De aprendizado

Algumas Características da escritora Zilda Gama:

• Lealdade e fidelidade à Doutrina Espírita.

• Desde a tenra idade desenvolveu a vocação para a literatura.

• Seus contos e poesias eram delineados primeiro mentalmente.

• Fazia contínuas alterações nos textos, emendando, rasurando, trocando vocábulos, etc.

• Notável diversidade entre o seu modo de compor e as novelas psicografadas por ela.

• Interessava-se pelos estudos de Léon Denis, Flammariom, Paul Gibier, William Crookes e outros.

O DESPONTAR DA MEDIUNIDADE

Por volta de 1912, Zilda Gama já era adepta da Doutrina Espírita, embora não ostensivamente. Em fins do referido ano, combalida por íntimos dissabores, sentiu que alguma entidade do mundo invisível desejava corresponder-se com ela. Pegou do lápis, e prontamente lhe veio, pela psicografia, salutar conselho, dado por seu pai, e outro por sua adorada irmã, Maria Antonieta Gama, a poetisa.

Pouco depois, passava, ela a psicografar mensagens de “Mercedes”, entidade que lhe foi de inexcedível dedicação, consorcia de todos os seus instantes de dor e de raras alegrias, enfim, um dos seus mais desvelados guias espirituais e que lhe revelara a importante missão que o Alto lhe reservava no Espiritismo.

Com surpresa, ainda no ano de 1912, Zilda Gama psicografava a primeira mensagem assinada por Allan Kardec:

“Sobre tua fronte está suspenso um raio luminoso, que te guiará através de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua glória ou a tua condenação – conforme o desempenho que deres aos teus encargos psíquicos. Cinge-te de coragem, fé, benevolência, cumpre sem desfalecimento, e sem deslizes, todos os teus deveres sociais e divinos, e conseguirás ser triunfante.”

(Allan Kardec. Diário dos Invisíveis, psicografia de Zilda Gama.)

“Não vos assusteis mais! As línguas de fogo estão sobre vossas cabeças. Ó verdadeiros

adeptos do Espiritismo, vós sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegado a hora em que deveis sacrificar vossos hábitos, vossos trabalhos e vossas ocupações fúteis para a sua propagação. Ide e pregai: os espíritos elevados estão convosco.”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XX. “Os Trabalhadores da Última Hora”, item 4 – “Missão dos Espíritas”.)

Page 43: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– MULHERES ESPÍRITAS –

42

“Durante 15 anos, o Espírito Allan Kardec assumiu a direção dos seus labores espirituais,

orientando, aconselhando, esclarecendo, tendo sido várias as provas que vieram confirmar a sua supremacia espiritual sobre as demais entidades comunicantes. Assinadas por ele, há algumas comunicações no livro Diário dos Invisíveis, publicado pela Editora Pensamento.”

(Carlos Bernardo Loureiro. As Mulheres Médiuns – Zilda Gama.)

Os romances que escreveu mediunicamente, sob a tutela do Espírito Victor Hugo, escritor francês do século 19, um dos maiores expoentes da literatura moderna, e, mais tarde publicados em várias edições pela Federação Espírita Brasileira, a única editora espírita da época, aí estão ao alcance do público ledor, são: Na Sombra e na Luz; Do Calvário ao Infinito; Redenção; Dor Suprema; Almas Crucificadas.

E mais: No Solar de Apolo; Diário dos Invisíveis e Elegias Douradas, publicados em 2a edição pela Livraria Allan Kardec Editora.

“O importante para o médium, é assegurar-se uma proteção eficaz. O auxílio do Alto é sempre

proporcionado ao fim que nos propomos, aos esforços que empregamos para o merecer. Somos auxiliados, amparados, conforme a importância das missões que nos incumbem, tendo-se em vista o interesse geral. Essas missões são acompanhadas de provas, de dificuldades inevitáveis, mas sempre reguladas conforme as nossas forças e aptidões.”

(Léon Denis. No Invisível – “Educação e função dos médiuns”.)

Zilda Gama foi sempre, duramente criticada pelos que não entendiam o seu compromisso

mediúnico; diziam que seus romances mediúnicos seriam produtos de seu cérebro, esqueciam-se eles que exercendo o magistério público e particular das 7 às 20 horas, e ainda cuidando, de suas irmãs e, mais tarde, de cinco filhos, órfãos, de uma delas, pouco ou nenhum tempo lhe restava para arquitetar enredos e lançá-los no papel.

Tirava do seu parco ordenado de professora primária, dinheiro que lhe faltava para muitas coisinhas de casa e o gastava em papel, envelope e selos, para atender a pedidos de toda a sorte. E muitas vezes contemplava, aflita, a correspondência de resposta, que se avolumava, sem poder postá-la, até que um ser caridoso fazia um pedido e lhe enviava vários selos, e assim seguia a correspondência encalhada.

Resposta de Zilda Gama aos que colocavam em dúvida a sua produção

mediúnica “Antes de iniciardes a sua leitura, atentai, por alguns momentos, no que vos exponho com a

máxima lealdade: desde tenra idade sempre tive vocação para a literatura, conseguindo produzir poesias e contos que se acham insertos em jornais e revistas deste e de outros estados brasileiros. Como foi, porém, que os compus? Delineando-os primeiro mentalmente – assim concebia o pensamento que julgava digno de servir de tema para uma produção literária – depois, grafando-os no papel, fazendo contínuas alterações, ampliando ideias, substituindo vocábulos, não conseguindo, nunca, escrever um conto ou um soneto sem emendas ou rasuras. Ora, essas composições considero-as minhas porque representam pensamentos que expus conforme desejava, germinados

Page 44: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

43

antes de serem escritos, interpretando emoções minhas, fatos observados por mim, sentimentos. Há notável diversidade entre esse meu modo de compor e aquele pelo qual foi grafada esta novela.”

(Zilda Gama. Na Sombra e na Luz – In Limine.)

“Se sois caluniados, curvai a cabeça ante esta prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se vosso modo de agir é correto. Deus não pode vos recompensar? Suportar com coragem as humilhações do mundo é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.VII, item 11.)

“À gloria de conquistar triunfos literários eu prefiro a serenidade de minha consciência –

que é uma ventura duradoura , perene, transpões as fronteiras do Além, onde serei julgada por um tribunal divino, tendo sempre avivada na mente, por pináculos lúcidos, a salutar advertência, severa mas profícua, da gravidade da minha incumbência extraterrena.”

(Zilda Gama. Diário dos Invisíveis – Prelúdio.)

Contribuição de Zilda Gama para a Difusão do Espiritismo no Brasil

Por que Victor Hugo e Kardec escolheram a médium Zilda Gama, uma modesta professora, numa cidade no interior de Minas Gerais, como instrumento de intercâmbio entre o mundo material e o mundo espiritual.

Victor Hugo, foi um homem ligado à literatura. Romancista famoso e considerado um dos mais ilustres escritores no mundo inteiro, quando encarnado tornou-se adepto do Espiritismo e através dos romances psicografados por Zilda Gama, nos apresenta como característica dos seus personagens a densidade de suas almas. Mergulhava bem fundo nas paixões humanas para depois resgatá-las até a redenção.

Nesses romances ele nos mostra personagens de grande elevação moral e espiritual, geralmente, personagens femininas, que retratam na beleza física essa superioridade espiritual. E também personagens ainda voltadas para o mal, que apresentam toda a vileza moral e espiritual, que o espírito inferior é capaz de mostrar... Geralmente seu aspecto físico era constrangedor, feio, causando certo medo.

Victor Hugo através de seus personagens traz grandes ensinamentos doutrinários, como:

- A Lei de Deus é perfeita e justa.

- A imortalidade da alma.

- A reencarnação. (Pluralidade das Existências e Justiça da Reencarnação. (O Livro dos Espíritos, cap. IV).

- O livre-arbítrio.

- O bem e o mal. (O Livro dos Espíritos, q. 629 a 648.)

- O perdão e o amor ao próximo como Jesus nos ensinou. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, 189 – “A Lei de Amor”) (Idem, cap. XII – “Amai os vossos inimigos – Retribuir o mal com o bem”).

Page 45: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– MULHERES ESPÍRITAS –

44

- A ruptura na crença das penas eternas. (O Livro dos Espíritos, q. 983 a 989 – “Expiação e Arrependimento”).

- A dor e o sofrimento, não visto como castigo para o espírito rebelde, mas como meio de educá-lo e de levá-lo à redenção.

- O intercâmbio com o mundo espiritual através da mediunidade.

“A grande sensibilidade da mulher a constitui o médium por excelência, capaz de

exprimir, de traduzir os pensamentos, as emoções, os sofrimentos das almas, os altos ensinos dos espíritos celestes.”

(Léon Denis. No Invisível – “O Espiritismo e a Mulher”.)

A 27 de dezembro de 1951, quando Zilda Gama já estava com 73 anos de idade e era uma

médium já cansada e já sintonizava com dificuldade o plano espiritual, recebeu o final do último romance psicografado por ela do Espírito Victor Hugo, que o intitulou de Na Seara Bendita, do qual transcrevemos um trecho do capítulo V, da Parte I, do livro – Exílio Merecido, p. 54, 4a edição.

“A criatura humana, mais tarde, fará estudos profundos sobre o que ocorre no Espaço, terá aparelhos maravilhosos que encurtarão as distâncias, transmitirão as imagens e sons através do Espaço e haverá possibilidade de haver relações fraternas entre os habitantes da Terra com os de diversos orbes siderais.”

“A Mediunidade com Jesus” (Livro Em Torno do Mestre.)

A coragem moral é um dos requisitos exigidos por Jesus como condição indispensável àquele que pretendesse seguir-lhe as pegadas. Zilda Gama foi um desses espíritos que compreendeu e exemplificou esses ensinamentos por toda a sua vida. O crente em Cristo deve possuir convicção inabalável, têmpera rija, caráter positivo e franco. Entre as virtudes, não há incompatibilidades. A mansuetude, a candura e a humildade são predicados que podem e devem coexistir como energia com a intrepidez, com a varonilidade.

A coragem moral é a primeira virtude do homem de fé. Zilda Gama demonstrou de maneira irrefutável essa coragem no instante em que teve que lutar com todos os obstáculos que surgiram a partir do momento em que foi escolhida pela espiritualidade como um dos instrumentos para a difusão do Espiritismo no Brasil, através dos romances psicografados por ela, das várias personalidades que se valeram da sua mediunidade para transmitir ao mundo, as verdades do mundo espiritual.

A coragem não consiste em atitudes violentas e bélicas, nada tem de comum com a temeridade. É serena e íntima. Energia não significa agressividade, ser franco não é ser ferino, nem sequer contundente. Quanto maior a coragem, tanto mais calmo age o indivíduo. A consciência do valor próprio, aliada à fé no supremo poder de Deus, faz o homem tolerante, paciente e tranquilo.

“Zilda Gama, foi sempre um padrão de honra e honestidade para a mulher espírita e o Espiritismo no Estado de Minas Gerais e em todo o Brasil, está a lhe dever algo que lhe perpetue o nome, embora ela nunca tenha pensado nisso.

Page 46: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

45

Foi uma grande antecessora de Francisco Cândido Xavier, e é grande a falange de encarnados e desencarnados que se converteram ao Espiritismo graças aos seus romances mediúnicos.”

(Dr. Francisco Klörs Werneck. Prefácio do livro Na Seara Bendita.)

LEITURAS COMPLEMENTARES

MEDIUNIDADE E SUGESTÃO

ÀS MÃES

Muitos detratores da doutrina kardecista acoimam [acusam] os médiuns de falta de sinceridade e afirmam que, quando eles asseveram receber mensagens dos invisíveis, apenas interpretam os seus próprios sentimentos, seus desejos ou suas ideias, pois são sempre autossugestionados pelo que aspiram ser realizado.

Em desacordo com essas injustas asserções, que as não merecem os lídimos adeptos do Psiquismo –, relato o que me foi transmitido por pessoa criteriosa, de probidade incontestável, comprovando a lealdade de um médium.

O Sr. M. C., patrício de Camões, residente há muitos decênios em próspera aldeia mineira, era católico extremado.

A abastança que adquiriu com o seu labor não lhe pode evitar profundos dissabores.

Em momentos de infortúnio doméstico um amigo emprestou-lhe alguns livros dos luminares do Espiritismo, e, com grande pasmo dos que lhe conheciam as ideias religiosas, ele se tornou adepto do kardecismo e revelou-se médium psicógrafo.

À noite, após muitas preces fervorosas, ele se dirige a seus mentores invisíveis e solicita informes a respeito de entes queridos, que já se acham na pátria espiritual.

Aos poucos ele se foi capacitando do destino de diversos parentes e amigos, chegando a vez de interrogar sobre o de bondosa irmã, falecida em Portugal, que M. C. supunha, convictamente, estar desfrutando delícias no Reino da Glória...

– Estás iludido –, respondeu-lhe prestamente um de seus instrutores invisíveis –, o espírito a que te referes se acha imerso em acerbos padecimentos!

– Que me dizes? Vós a conhecestes? Era uma santa criatura de Deus, dotada de bondade sem par!

– Bondade mal aplicada, irmão, prejudicial até à Humanidade. Bem sabes que ela era mãe extremosa em demasia, e, por isso, não soube educar os que o Altíssimo lhe confiou para proteger e combater os defeitos, desde as suas primeiras manifestações.

Relevava-lhes todos os erros, satisfazia-lhes todos os caprichos por mais desarrazoados que fossem, não os corrigia quando injuriavam os servos e os vizinhos. Enquanto em idade infantil foram o tormento dos criados, dos companheiros de folguedo e dos professores; hoje já adultos, são ociosos, turbulentos, delinquentes, viciosos, nefastos à sociedade, e alguns deles já se acham em sombrios cárceres... Pois bem, o espírito dessa mãe desidiosa e imprevidente é submetido a uma prova dolorosa a cada crime que um de seus filhos perpetra, a fim de que em

Page 47: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– MULHERES ESPÍRITAS –

46

porvindoura existência, saiba educar os que o Altíssimo lhe confiar! O verdadeiro amor materno deve consistir em combater as incorreções de caráter de seus filhos, torná-los úteis à pátria e à sociedade, guiá-los para o Bem e para a Virtude!” (grifo nosso)

* * *

Onde está a autossugestão dessa mensagem psíquica? (grifo nosso)

Zilda Gama

(Vários Autores. Diário dos Invisíveis. Livro II, psicografado por Zilda Gama.)

SONHO...

Resposta a uma consulta formulada por um bacharel (*) torturado de incessante dúvida.

“– Vi uma turba indignada seguindo uma louca enfurecida, para tomar-lhe uma criança que ela tentava estrangular. Fiz uma prece pela infeliz demente e, instantes após, vi-a ajoelhar-se quase calma, chorando, como desperta de um sonho funesto e arrependida do delito que ia cometer...

Desapareceu a turba e a louca...

Ficou a meu lado apenas um senhor – que eu sabia ser diplomado por uma das Academias do Brasil –, de estatura regular moreno-claro, nem magro nem gordo, excessivamente.

– É espiritualista? – interroguei-o.

– Sim... há pouco tempo! Era materialista intransigente. Persiste, porém, a dúvida em minha mente sobre alguns pontos obscuros do psiquismo... Para crer, definitivamente, na imortalidade da alma, necessito de uma prova evidente de sua manifestação em nosso organismo, sem que possa confundi-la com alguma função material.

– De pronto ocorre-me esta prova irrefutável – o pensamento!

– Que é que prova o pensamento?

– Que é uma faculdade anímica exclusivamente atuando sobre o cérebro.

Todo órgão ou qualquer glândula emite secreções materiais, exceto o encéfalo que fica quase isolado de todo o organismo, encimando-o, para patentear a superioridade de suas funções, quando atuando pelo divino “invisível”.

O pensamento, pois, não é matéria nem produto orgânico; no entanto é uma potência mundial incontestável; não deixa vestígio no cérebro, e, entretanto, não cessamos de pensar, mesmo quando adormecidos, submetendo-o a um labor infinito.

Os conhecimentos mais variados multiplicam-se e acumulam-se no percurso de nossa vida. Onde se alojam? Pelas dimensões do encéfalo, este, para contê-los, deveria ser aumentado, ou aniquilado, com os dispêndios diários que faz, e isso não sucede nunca.

Portanto o pensamento demonstra a manifestação do imponderável, do que é imortal e ilimitado – o espírito – encerrado transitoriamente no corpo destrutível e finito. As secreções corporais, produtos de órgão e vísceras, são patenteadas no organismo vivo e no cadáver: os

Page 48: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

47

atributos da alma isolam-se, abandonam o corpo inanimado e congregam-se em outro intangível, que subsiste à destruição; o pensamento, pois, a inteligência, os sentidos, os sentimentos... são imateriais como o seu único fator – o Espírito – fonte perene e inesgotável de todos eles...

O que pertence à matéria persiste no cadáver; o que constitui as potências psíquicas, seleciona-se dele, arquiva-se na alma liberta do jugo carnal. As funções materiais, psíquicas e morais, são, pois, reconhecíveis e inconfundíveis.

* * *

Despertei, mas tive a exata compreensão de que presenciara uma cena ocorrida em uma de

vossas passadas existências: a demente era uma das vítimas causadas por vossas nocivas e perturbadoras teorias.

Oxalá os argumentos expendidos em um sonho revelador de verdades inconcussas levem a convicção plena ao vosso espírito flagelado por incessantes vacilações, sobre a imortalidade da alma, extinguindo as torturantes perplexidades em que viveis –, as quais já infligistes ao nosso próximo, intoxicando-o com os vossos escritos eivados de pessimismo, e ceticismo...

Zilda Gama

(*) O Dr. M. formulou uma consulta ao médium que, à noite, teve o sonho descrito, por

seus guias espirituais, que lhe permitiram introduzi-lo no Diário dos Invisíveis – Nora da médium. (Vários Autores. Diário dos Invisíveis. Livro V, psicografado por Zilda Gama.) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1 – Hugo, Victor. Na Seara Bendita, 4. ed. Romance psicografado por Zilda Gama. São Paulo, EDICEL, 1982.

2 – Loureiro, Carlos Bernardo. As Mulheres Médiuns. Rio de Janeiro, FEB, 1996.

3 – Hugo, Victor. Na Sombra e na Luz. Novela psicografada por Zilda Gama, Rio de Janeiro, FEB.

4 – Kardec, Allan e outros. Diário dos Invisíveis. Psicografia de Zilda Gama. São Paulo, Editora O Pensamento, 1924.

5 – Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, 1. ed. Rio de Janeiro, CELD, 2010.

6 – Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 5. ed. Rio de Janeiro, CELD, 2010.

7 – Denis, Léon. No Invisível, 18. ed. Rio de Janeiro. FEB, 1998.

8 – Vinícius. Em Torno do Mestre, psicografia de Pedro Camargo. Rio de Janeiro, FEB.

9 – Emmanuel. A Caminho da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

10 – Kardec, Allan. Revista Espírita. Dez. 1860 / Jan. 1866 / Jun. 1867. Rio de Janeiro, FEB.

11 – Emmanuel. O Consolador, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Page 49: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

Centro Espírita Léon Denis

4o Congresso de Estudos Espíritas

“Valorização da Vida e da Gravidez”

Patronesse: Maria Dolores

TEMA CENTRAL:

“A Educação na Arte de Conviver”

Page 50: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

49

OBJETIVO GERAL: Educação do Espírito OBJETIVO ESPECÍFICO: Compreensão de família como pilar do progresso do espírito desde a concepção IDEIA DE DEUS – Temos necessidade da ideia de Deus?

SOMOS ESPÍRITOS IMORTAIS

“O ESPÍRITO DISPÕE SEMPRE DAS FACULDADES QUE LHE SÃO PRÓPRIAS. ORA, NÃO SÃO OS ÓRGÃOS QUE DÃO AS FACULDADES, E SIM ESTAS QUE IMPULSIONAM O DESENVOLVIMENTO DOS ÓRGÃOS.” (ALLAN KARDEC, O

LIVRO DOS ESPÍRITOS, PERG. 370.)

Que o amor único de Deus inspire todas as nossas almas para o bem!

Quantas vezes teremos olhado para nós mesmos e indagado: Por que tenho este corpo? Ou, olhando para um filho, perguntado: quem será este que aqui está?

Diante da pessoa com quem convivemos, teremos dito: quem será a alma que comigo compartilha a vida, a existência?

Quase sempre, o ser humano lança na conta de Deus suas lutas reencarnatórias, sem se dar conta de que elas são o resultado de suas decisões ao longo das existências. Dizemos, por exemplo, quando temos um filho, que foi Deus quem o mandou; que a esposa é aquela companhia de que se necessita; que o companheiro de vida foi destinado à criatura; enfim, lançamos na conta da lei de Deus todas as possibilidades de vida em comum. Entretanto, a Doutrina Espírita, a pouco e pouco, esclarece o ser humano, dizendo-lhe, sempre e mais, das responsabilidades que a vida oferece.

Cada vez mais vamos entendendo que a pessoa que compartilha conosco a existência não foi escolhida aleatoriamente. Razões profundas fizeram com que essa criatura estivesse ao nosso lado. O filho não é mais aquele ser angélico que olhamos no berço, dizendo: Eis aí uma representação de Deus junto a mim. Nossa reflexão já se faz desta forma: Oh! Alma que estás aí representada, que tive eu contigo? Ou: o que é que tu tens comigo?

A vida vai se tornando, assim, uma vida de relação compartilhada, equilibrada, mas, ao mesmo tempo, uma vida voltada para o sentimento do progredir. (...) (Extraído da Lição 6 do livro Inspirações do Amor Único de Deus – Vol. I – Antonio de Aquino/Altivo Carissimi Pamphiro.)

Page 51: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– VALORIZAÇÃO DA VIDA E DA GRAVIDEZ –

50

QUE TIPO DE CONVÍVIO NOS PROPORCIONA MAIS OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO?

UMA OPÇÃO PELA FAMÍLIA – CASO VITÓRIA

Joana e eu nos casamos muito jovens. Conhecemo-nos

em 1993, dentro de um ônibus. Percebi que ela estava triste, fiz uma brincadeira, elogiei seu sorriso e nos tornamos amigos. Pouco tempo depois, começamos o namoro e logo em seguida veio o noivado. Passávamos muito tempo juntos. Construímos nossa casa sem pressa e nos preparamos para o casamento que

aconteceu em 2000. Foi uma cerimônia tradicional e uma linda recepção. Havia muita emoção, muitas incertezas e a tensão de uma grande responsabilidade. Lembro que pensei: “Graças a Deus, tudo transcorreu muito bem!”

Alguns meses se passaram e, para completar nossa realização, veio a notícia da gravidez. Ficamos muito felizes, pois era o que queríamos. Contudo, estávamos também receosos. Joana já havia perdido três gestações. Tivera três processos dolorosos, permeados de pensamentos e sentimentos equivocados de nossa parte. Cheguei a desconfiar que a médica obstetra não fosse muito competente, no entanto, permanecemos com o acompanhamento.

A alegria dessa nova gestação era enorme. Fazíamos planos. Eu queria um menino. Só pensava em levá-lo ao Maracanã, ver o meu time do coração jogar, levá-lo para jogar bola comigo, soltar pipa, essas coisas de menino. Porém, depois do terceiro mês de gravidez, Joana novamente apresentou os mesmos sintomas das outras vezes e, infelizmente, pela quarta vez, perdeu o bebê. A dor, o sentimento de incapacidade e a tristeza nos tomaram.

Com o tempo veio o desgaste do casamento. Cometi muitos erros. Joana entrou em depressão. Eu viajava muito a trabalho, ficava em casa somente alguns dias do mês.

Antes de me casar eu já frequentava a casa espírita. Estudava e cheguei a iniciar algumas atividades como voluntário. Joana não me acompanhava e questionava muito a minha participação nos estudos e trabalhos voluntários. Ela buscou tratamento em uma casa espiritualista e nesta casa ouviu e assimilou muitos conceitos doutrinários.

Um dia Joana aceitou meu convite de ir à casa espírita. Quando chegamos, logo no portão, uma jovem senhora nos parou e nos recepcionou carinhosamente. Em seguida, dirigiu-se à Joana dizendo: “Filha, está grávida!”

Joana, meio espantada e sem entender nada, tentou dizer que não, mas aquela senhora insistiu e disse que podia ver o espírito que a acompanhava.

Nós, perplexos, entramos para assistir a reunião pública e assim que esta terminou fizemos o teste que constatou que, realmente, Joana estava grávida. Novamente uma onda de felicidade nos invadiu, pois queríamos muito ter um filho.

Por motivos particulares a obstetra indicou outra profissional para nos acompanhar desta vez. Foi uma experiência bem diferente. Era notório o conhecimento, a experiência e a confiança que esta nova médica nos passava. Estávamos radiantes. Fizemos um almoço, convidamos a família toda e anunciamos a chegada do nosso bebê. Embora ainda passasse em nossos pensamentos o receio da perda, estávamos muito mais confiantes.

As semanas se seguiram. Próximo ao quinto mês de gestação, Joana se sentiu muito mal. Teve um pequeno sangramento e sentiu algumas dores. Procuramos a médica imediatamente,

Page 52: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

51

mas já era tarde, já não ouvíamos mais o batimento cardíaco do bebê. De todas as perdas, esta foi a mais dolorosa, pois foi a única vez em que a curetagem1 se fez necessária. A médica se empenhou em fazer todos os exames possíveis no intuito de descobrir a causa de nossa dificuldade, e nada foi identificado.

Passado algum tempo, Joana aceitou novamente o meu convite de ir à Casa Espírita. Mais uma vez, ao chegarmos no mesmo lugar, no portão, antes de entrarmos, encontramos de novo a jovem senhora, que ao nos vir veio nos receber carinhosamente e com muita ternura disse à minha esposa: “É, filha, perdeu o neném... mas não se preocupe, daqui a dois anos você vai engravidar deste mesmo espírito”.

O tempo passou. Continuamos fazendo exames. Cogitamos a hipótese de adotarmos uma criança. Eu não queria passar mais uma vez por aquele processo, mas minha esposa queria tentar pela última vez.

Ocorre que meu casamento estava desgastado, em razão das minhas viagens e também dos meus excessos. Pouco a pouco, a ideia de que eu não amava minha esposa foi se cristalizando dentro de mim. Já não conversávamos como antes, não havia carinho como antes, estava certo de que queria me separar; estava esperando o momento certo para falar. Joana começou a frequentar mais a casa espírita, e eu já não ia com tanta frequência. Passaram-se dois anos de tentativas de engravidar, mas sem sucesso.

Numa noite, planejei conversar sobre a separação. Estava decidido. No dia seguinte, recebi uma ligação no trabalho. Joana disse ter um assunto importante para falar. Imaginei que ela também tivesse tomado a mesma decisão.

Quando nos encontramos, em um restaurante, antes que eu começasse a falar, Joana pediu minhas mãos e me entregou um par de sapatinhos. Eu congelei. Não sabia o que falar, na verdade não esbocei nenhuma reação. Ela estava grávida novamente.

Desta vez, contamos a poucas pessoas da família e procuramos, intencionalmente, a jovem senhora na Casa Espírita, que nos recebeu no atendimento fraterno. Joana começou a fazer o tratamento espiritual. Eu a acompanhava quase sempre, mas ela não faltava. Eu ainda tinha a ideia fixa de me separar, mas a acompanhava nas consultas médicas e ultrassonografias sempre que possível.

Quando se iniciava o quarto mês de gravidez, em uma das consultas a obstetra identificou que havia algo de errado e solicitou que fizéssemos uma ultrassonografia que confirmou sua suspeita. Seria necessário fazer repouso absoluto e uma imediata intervenção cirúrgica de nome circlagem2. A causa de todas as nossas dificuldades havia sido descoberta. Nós, apesar do susto, passamos por este processo com certa tranquilidade.

Quando foi possível ver o sexo do bebê, o médico nos perguntou qual seria o nome e minha esposa respondeu André Luiz. O médico insistiu em saber qual seria o nome, no caso de uma menina. Eu respondi que não tínhamos nome para menina porque, afinal, era um menino. Eu tinha certeza. Joana me corrigiu: “Vitória.”

1 A curetagem uterina é um procedimento médico executado em unidade hospitalar, sob anestesia geral ou local, que objetiva retirar material placentário ou endometrial por um instrumento denominado cureta. Tem como função principal limpar os restos do aborto. Este método é necessário quando existem complicações após um aborto espontâneo ou médico. 2 Circlagem ou Cerclagem – Consiste em “costurar” o colo do útero da grávida – em sua porção vaginal, que contém a entrada para a cavidade uterina – para impedir que se abra, a bolsa fetal desça, se rompa e o feto nasça prematuro, o que coloca sua vida em risco.

Page 53: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– VALORIZAÇÃO DA VIDA E DA GRAVIDEZ –

52

O médico escreveu seu nome no exame enquanto dizia, sorrindo: “Esta é a primeira foto da Vitorinha!”

Eu comecei a chorar. Não acreditava. Minha esposa tentou me acalmar, mas eu só me perguntava como iria criar uma menina. Fui me acostumando com a ideia aos poucos.

A gestação durou quase oito meses. O parto foi normal e eu acompanhei tudo de perto. Uma emoção jamais vivida antes; era a minha filha que estava nascendo. Um sentimento de amor incondicional me invadiu o peito. Um amor crescente foi tomando meu ser sem eu perceber. É inexplicável. Chorei, tremi, beijei minha esposa, beijei minha filha. O nascimento da Vitória fez muita coisa mudar dentro de mim. A cada dia que se passava eu a amava mais e mais. Ela só tinha dois meses quando Joana e eu tivemos um problema que me levou a sair de casa durante dois dias. Procurei ajuda na Casa Espírita, tive o amparo e o apoio da jovem senhora que já nos conhecia. Refleti sobre as orientações recebidas, sempre carinhosas, mas duras para mim. Principalmente sobre que já era a hora de eu crescer por dentro.

Eu comecei a mudar. Passei a enxergar o quanto eu amava minha esposa, o quanto ela foi e é importante na minha vida, comecei a observar os detalhes de demonstração de amor e carinho que minha esposa sempre teve por mim. Eu a estava amando muito mais do que quando éramos namorados; na verdade, era diferente, era mais bonito.

Eu agradeço a Deus todos os instantes pela ajuda que tive. Quase cometi o maior erro da minha vida. Agradeço também à minha filha e à jovem senhora da Casa Espírita que nos acolheu. Sem essa ajuda, com certeza, hoje, eu teria o meu projeto de família interrompido.

Com o tempo fui parando de viajar a trabalho. Fizemos uma festa bem bacana para comemorarmos o primeiro aninho da Vitória, que já andava e falava com desenvoltura.

Um dia, Vitória tinha cerca de um ano e três meses, quando me surpreendeu perguntando: — Papai, porque você não me queria? Eu fiquei perplexo com a pergunta; não esperava. Pensei uns instantes e veio em minha

mente a ideia de que deveria falar a verdade, foi o que fiz: — Filha, eu sempre quis ter um filho, porque eu achava que somente sabia criar menino.

Eu achava que não saberia criar uma menina, mas você veio e o papai foi aprendendo e está muito feliz com você aqui. Hoje o papai não saberia viver sem você; o papai te ama muito.

Meses depois, Vitória viu pela televisão o anúncio do jogo do nosso time no Maracanã, saiu do quarto correndo em minha direção, olhou para mim e pediu para ir ao Maracanã. Na mesma semana, fomos os três ao Maracanã.

Os anos foram se passando, eu e minha esposa ficamos mais unidos, mais carinhosos um com outro, mais amigos, mais parceiros, mais sensíveis. Estávamos novamente apaixonados. Passamos a frequentar com mais assiduidade a Casa Espírita; eu passei a perseverar mais nos trabalhos voluntários e mediúnicos. Implantamos o culto no lar, tudo se acalmou, apesar das dificuldades cotidianas da vida.

Sete anos depois, aos 38 anos, minha esposa ficou grávida novamente, desta vez eu queria uma menina. Passamos pelos mesmos problemas. Procedimento cirúrgico e repouso absoluto. A gestação também foi de quase oito meses. A diferença foi a tranquilidade e a confiança que tínhamos. Graças a Deus tudo deu certo, nasceu mais uma linda menina.

Hoje estamos nas lutas e aflições do dia a dia, mas pela infinita bondade de Deus, estamos juntos, unidos e felizes, porque nos amamos muito. Eu só tenho a agradecer pelo amparo e pelo apoio que nunca nos faltou. Olhando para trás e fazendo uma reflexão, posso afirmar que era

Page 54: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

53

uma pessoa antes e sou outra depois do nascimento da minha filha. Graças a Deus optei pela minha família.

Trazendo minha filha à Casa Espírita, ainda bebê, a jovem senhora a pegou no colo, olhou-a nos olhos, e disse-me que eu tinha que cuidar muito bem daquela “preciosidade”, porque ela seria uma trabalhadora da casa. Foram as palavras dela: “A trabalhadora voltou à Casa”.

A REENCARNAÇÃO COMO PROCESSO EDUCATIVO

O Livro dos Espíritos, perg. 582 – Pode-se considerar a paternidade como uma missão? É, sem contestação, uma missão; é, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que compromete o homem, mais do que ele pensa, com relação à sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou a criança sob a tutela de seus pais para que estes o dirijam no caminho do bem, e facilitou-lhes a tarefa dando-lhe uma organização débil e delicada que o torna acessível a todas as impressões; entretanto, há os que se preocupam mais em aprumar as árvores de seu jardim e de fazê-las dar muitos bons frutos, do que em endireitar o caráter de seu filho. Se este sucumbir, por culpa deles, suportarão a dor, e os sofrimentos do filho na vida futura recairão sobre eles, pois não terão feito o que deles dependia para o seu adiantamento no caminho do bem. O Livro dos Espíritos, perg. 203 – Os pais transmitem aos seus filhos uma porção de suas almas, ou apenas lhes dão a vida animal à qual, mais tarde, uma nova alma vem acrescentar a vida moral? “Somente a vida animal, pois a alma é indivisível. Um pai estúpido pode ter filhos inteligentes, e vice-versa.” O Livro dos Espíritos, perg. 204 – Visto que tivemos várias existências, a parentela ultrapassa a da nossa existência atual? “Isto não pode ser de outra maneira. A sucessão das existências corporais estabelece, entre os espíritos, laços que remontam às vossas existências anteriores; daí, com frequência, as causas de simpatia entre vós e alguns espíritos que vos parecem estranhos.”

RETORNO À VIDA CORPORAL O Livro dos Espíritos, perg. 344 – Em que momento a alma se une ao corpo? “A união começa na concepção, mas só é completa no momento do nascimento. Desde o instante da concepção, o espírito designado para habitar tal corpo a este se liga por um laço fluídico, que

(...) Construímos nossa casa sem pressa e nos preparamos para o casamento que aconteceu em 2000. (...) Alguns meses se passaram e, para completar nossa realização, veio a notícia da gravidez.(...)

Page 55: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– VALORIZAÇÃO DA VIDA E DA GRAVIDEZ –

54

vai se apertando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz. O grito que, então, a criança solta, anuncia que ela faz parte do número dos vivos e servidores de Deus.” O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV – PARENTESCO CORPORAL E PARENTESCO ESPIRITUAL . “Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da huma-nidade. Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; tomai conhecimento dos vossos deveres, e usai todo o vosso amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus; essa é a missão que vos foi confiada, e pela qual recebereis a recompensa se ela for cumprida fielmente.”

A REENCARNAÇÃO SURGE COMO MANIFESTAÇÃO DA MISERICÓR DIA DE DEUS, QUE NOS CONCEDE NOVA OPORTUNIDADE NA MATÉRIA PARA REARMONIZARMOS AS EMOÇÕES NO CONVÍVIO DO LAR. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV – PARENTESCO CORPORAL E PAREN-TESCO ESPIRITUAL . “Os laços de sangue não determinam forçosamente os laços entre os espíritos. O corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito, porque já existia antes da formação do corpo. Não é o pai que cria o espírito do seu filho, ele só lhe fornece um invólucro corporal, mas deve ajudá-lo a desenvolver-se intelectual e moralmente, para que possa progredir.”(...)

(...) Um dia Joana aceitou meu convite de ir à Casa Espírita. Quando chegamos, logo no portão, uma jovem senhora nos parou e nos recepcionou carinhosamente. Em seguida, dirigiu-se à Joana dizendo: “Filha, está grávida!” Joana, meio espan-tada e sem entender nada, tentou dizer que não, mas aquela senhora insistiu e disse que podia ver o espírito que a acompanhava.(...)

SUGESTÃO DE LEITURA

O Livro dos Espíritos – Parte II – Capítulo 7 Retorno à Vida Corporal

Page 56: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

55

ONDE A BASE MAIS ELEVADA PARA OS MÉTODOS DE EDUCAÇÃ O? (Pergunta 108 do livro O Consolador – Emmanuel/Francisco C. Xavier)

As noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida, constituem a base de toda a educação no sagrado instituto da família.

A EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO/EDUCAR, EDUCANDO-SE

O Livro dos Espíritos, perg. 208 – Nenhuma influência exerce o espírito dos pais sobre o de seu filho, após seu nascimento? “Influência muito grande; como vos dissemos, os espíritos devem colaborar para o progresso uns dos outros. Pois bem! O espírito dos pais tem por missão desenvolver o de seus filhos pela educação; é para eles uma tarefa: serão culpados, se nisso falirem.”

SUGESTÃO DE LEITURA

Cap. 12 do livro Missionários da Luz – “Preparação de Experiências”

André Luiz/Francisco C. Xavier

(...) O médico escreveu seu nome no exame enquanto dizia, sorrindo: “Esta é a primeira foto da Vitorinha!”

Eu comecei a chorar. Não acreditava. Minha esposa tentou me acalmar, mas eu só me perguntava como iria criar uma menina. Fui me acostumando com a ideia aos poucos.(...)

(...) Um dia, Vitória tinha cerca de um ano e três meses, quando me surpreendeu perguntando:

“Papai, por que você não me queria?” Eu fiquei perplexo com a pergunta, não esperava. Pensei uns ins-

tantes e veio em minha mente a ideia de que deveria falar a verdade.(...)

Page 57: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– VALORIZAÇÃO DA VIDA E DA GRAVIDEZ –

56

(...) Uma mulher preocupada com a educação de seu filho, perguntou a Pestalozzi quando deveria iniciá-la. Pestalozzi perguntou-lhe:

— Qual a idade da criança?

— Três anos. — respondeu a mulher.

— Então, vá correndo — concluiu Pestalozzi —, porque você já está três anos atrasada.

Dentro do conceito reencarnacionista, diríamos que aquela mulher já estava três anos e nove meses atrasada.

Na gravidez, a mulher já pode estar conversando com esse espírito e ele estará recebendo suas vibrações de amor e ternura. A partir daí, o processo educacional deverá ser contínuo, aproveitando-se todas as oportunidades que surgirem a fim de que as tendências más, trazidas pelo espírito reencarnado sejam substituídas por atos de justiça, amor e caridade.

(Texto extraído do livro A Educação à Luz do Espiritismo – Lydienio Barreto de Menezes.)

(...) Essa tarefa não é tão difícil como se poderia imaginar. Ela não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem preenchê-la, se estiverem compenetrados do objetivo e das consequências da educação. É preciso lembrar sempre de uma coisa, é que esses espíritos vieram até nós para que os ajudemos a vencer seus defeitos e os preparemos para os deveres da vida. (...)

Extraído do livro DEPOIS DA MORTE Léon Denis – Cap. 54 – A Educação

Page 58: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

57

AS NOÇÕES DO EVANGELHO E O CONVÍVIO NO LAR

Consta no Evangelho de João, 1:38, a seguinte passagem: “E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiram, disse-lhes: Que buscais?”

Também nós, hoje, podemos perguntar a nós próprios: Que buscamos nesta encarnação? E, mais especificamente: que buscamos quando constituímos uma família? Sabemos que a família é um grupo de ajuda mútua, incluindo encarnados e desencarnados, e que deve ser considerada como uma alavanca para o progresso do espírito? Ou ainda acreditamos, ingenuamente, que formaremos uma família perfeita, na qual todos viverão em harmonia, felizes e sem grandes esforços?

Essa ilusão que criamos a respeito da formação e da vivência em família já é o princípio de muitos conflitos familiares. A desilusão que sentimos diante da realidade vivida, por vezes, nos desestimula a tal ponto que nos impede de aceitar os fatos e as pessoas como são e de trabalhar para o progresso material e espiritual do grupo familiar. (...) Muitas vezes, na correria do mundo moderno, não temos tempo para ouvir os filhos, nem o cônjuge, e menos ainda os pais ou outros familiares que vivam conosco. Mas Jesus gostava de conversar, de ouvir, de contar histórias. O tempo que dedicamos ao diálogo, à convivência familiar, à oração, ao planejamento e à realização de tarefas em família e com amigos é essencial para a solidificação dos laços de afeto. São tarefas que precisamos realizar com persistência, por longo tempo e em meio a todas as demais lutas da vida material. Nem sempre é fácil, mas que lugar seria mais adequado à prática do perdão, da caridade e do amor do que o próprio lar, onde estão aqueles que Deus escolheu para serem os nossos próximos mais próximos?

Não podemos dizer que agindo assim os conflitos simplesmente desaparecerão, mas, com certeza, serão menores e o equilíbrio será construído, ainda que lentamente, nas mentes e nos corações. E estaremos vivenciando, apesar de todas as nossas limitações, a maior de todas as lições dadas por Jesus: a do amor. “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” João, 13:35.

(A importância do Evangelho no lar e na educação, por Fátima Ventura, Revista de Estudos Espíritas – Ano II – no 23/Nov. 2012 – CELD)

A IDEIA DE DEUS

� Deus como Unidade/Criador/Pai infinitamente justo e bom. � Educamos as crianças a exercitarem a gratidão a Deus?

Diante desses problemas insondáveis, nossa razão deve se humilhar. Deus existe: disso

não podemos duvidar. Ele é infinitamente justo e bom: essa é a sua essência. A sua solicitude se estende a tudo: nós o compreendemos. Portanto, ele só pode querer o nosso bem, é por isso que

(...) Ocorre que meu casamento estava desgastado devido às minhas viagens e também aos meus excessos. Pouco a pouco, a ideia de que eu não amava minha esposa foi se cristalizando dentro de mim.(...)

Page 59: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– VALORIZAÇÃO DA VIDA E DA GRAVIDEZ –

58

devemos ter confiança nele. Eis aí o essencial, quanto ao mais, esperamos que sejamos dignos de compreendê-lo. (A Gênese, cap. II, item 30. Allan Kardec.)

Busquemos, portanto, disseminar os estudos espíritas que são capazes de realmente transformar as almas em lutas, para que se tornem reais combatentes dessas ideias que trazem no seu bojo a falta de fé no futuro e a ideia de Deus como que não bem delineada nas criaturas. (Mensagem psicografada recebida pelo médium Mário Coelho, pelo Espírito Irmã Yvonne, por ocasião do 6o Encontro Espírita sobre a Valorização da Vida e da Gravidez – 17/5/2009.)

O PAPEL DA CASA ESPÍRITA E AS NOÇÕES DE RELIGIOSIDA DE

CONCLUSÃO

O CULTO CRISTÃO NO LAR Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada

de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:

— Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

O Apóstolo pensou alguns momentos e respondeu hesitante: — Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores.

Ninguém compra os resíduos da pesca. Jesus sorriu e perguntou de novo: — E o oleiro? Que faz para atender à tarefa a que se propõe? — Certamente, Senhor — redarguiu o pescador, intrigado —,

modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.

(...) O nascimento da Vitória fez muita coisa mudar dentro de mim. A cada dia que se passava eu a amava mais e mais. Ela só tinha dois meses quando Joana e eu tivemos um problema

que me levou a sair de casa durante dois dias. Procurei ajuda na Casa Espírita, tive o amparo e apoio da jovem

senhora que já nos conhecia. (...)

Agradecemos a Deus a oportunidade que temos nesta Casa, que nos abriga e educa em nossa

trajetória de espíritos imortais.

Page 60: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

59

O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu: — E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende? O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar: — Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De ouro modo, não

aperfeiçoará a peça bruta. Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu: — Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o

primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou: — Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma

claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz pelo céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas sim no singelo domicílio dos pastores e dos animais.

Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

— Mestre, seja feito como desejas. Então Jesus, convidando os familiares do Apóstolo à palestra edificante e à meditação

elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão no lar. (Lição no 1 do livro Jesus no Lar – Neio Lúcio/Francisco C. Xavier.)

Page 61: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– VALORIZAÇÃO DA VIDA E DA GRAVIDEZ –

60

MARIA DOLORES Patronesse do NVG – Núcleo de Valorização da Vida e da Gravidez Biografia Maria de Carvalho Leite, a conhecida Maria Dolores, no Espiri-

tismo, renasceu em Bonfim da Feira (Bahia) em 10 de setembro de 1901 e desencarnou, vitimada por pneumonia, em 27 de julho de 1958; teve três irmãos e duas irmãs; seus pais terrestres foram Hermenegildo Leite e Balmina de Carvalho Leite.

Maria Dolores, também chamada de Madô ou de Mariinha, diplomou-se professora em 1916 e lecionou no Educandário dos Perdões e no Ginásio Carneiro Ribeiro, ambos em Salvador – Bahia; durante sua vida também dedicou-se à Arte Poética e foi redatora-chefe, durante 13 anos, da página feminina do Jornal “O Imparcial”, além de colaborar no “Diário de Notícias”: sua produção poética foi reunida no livro “Ciranda da Vida” cujos recursos financeiros foram destinados à instituição “Lar das Meninas sem Lar”.

Casada com o médico Odilon Machado, após alguns anos de sofrimento conjugal, desquitou-se sem ter filhos do próprio ventre; talvez por isso tenha-se dedicado ao “Lar das Meninas sem Lar”, amparando crianças de outras mães, chegando, inclusive, a abrigar crianças em sua própria casa.

Posteriormente ao desquite, e residindo em Itabuna – Bahia, conheceu o italiano Carlos Carmine Larocca, radicado no Brasil, e com ele constituiu novo lar.

Ainda em Itabuna, adotou por filha, em 1936, Nilza Yara Larocca; em 1947 mudou-se para Salvador com o novo companheiro, ajudando-o na administração do “Café Baiano” e da tipografia “A Época”, ambos de sua propriedade.

Em Salvador, adotou por filhas Maria Regina e Maria Rita (1954), Leny e Eliene (1956) e Lisbeth (1958).

Maria Dolores foi membro da Legião da Boa Vontade, onde prestou serviços de beneficência, partilhando seus dons de pianista, pintora, costureira e dedicada à arte culinária.

Maria Dolores também foi colaboradora ativa da obra de Divaldo Pereira Franco: em 15 de agosto de 1952 foi fundada a “Mansão do Caminho”, sendo que algumas das primeiras louças e talheres foram por ela doadas, além de trabalhar voluntariamente na “Mansão...”, incluindo-se o seu trabalho na confecção de cartões de Natal, pintados por suas mãos para serem vendidos em benefício daquela Casa.

A partir do ano de 1971 e na condição de espírito livre, tornou-se ativa escritora através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier: contos em versos, poemas e trovas.

Page 62: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

Centro Espírita Léon Denis

4o Congresso de Estudos Espíritas

“Psicologia e Espiritismo”

Patrono: Henrique Roxo

TEMA CENTRAL: “O Espírito em sua Trajetória Evolutiva – Reencarnação”

Page 63: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

62

O Espírito em sua Trajetória Evolutiva Reencarnação

Do ponto de vista reencarnatório, há que se considerar um dos pontos que consideramos ser fundamental para que o homem terreno amplie o seu horizonte: o de se reconhecer como espírito imortal.

Hermann

Introdução

Melhorados os homens, não fornecerão ao mundo invisível senão bons espíritos; estes, encarnando-se, por sua vez só fornecerão à humanidade corporal elementos aperfeiçoados. A Terra deixará, então, de ser um mundo expiatório e os homens não sofrerão mais as misérias decorrentes das suas imperfeições.

(KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos)

O grupo de estudos sobre Espiritismo e Psicologia tem o prazer de apresentar mais uma etapa de seu estudo através do eixo temático que abordará a reencarnação e suas repercussões sobre a evolução. Com este intuito, o tema será desdobrado em alguns módulos para melhor compreensão do leitor.

Em um primeiro eixo temático abordaremos o conceito de reencarnação, que será desdobrado sobre os aspectos que relacionam a alma encarnada, o objetivo da encarnação, reencarnação, entre outros, sempre se levando em conta a direção do espírito imortal e suas oportunidades de progresso.

No segundo eixo desenvolveremos um estudo programado sobre o fluido vital e o perispírito, relacionando-os com a importância que se deve dar ao cuidado do corpo e ao espírito na trajetória que conta com os diversos empreendimentos desenvolvidos em nosso passado e a possibilidade de traçar nossas metas futuras.

Page 64: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

63

Para concorrer junto a esses temas é necessário o estudo sobre o livre-arbítrio, trazendo a todos a ideia consolidada de como a revisão de nossos rumos é regida pelo direcionamento do pensamento e da vontade; como se dão os mecanismos de superação e de avanço tão almejados por todos nós.

No terceiro eixo, falar-se-á da correlação existente entre os conceitos doutrinários e a Psicologia, estudando de que modo estes se complementariam e se organizariam auxiliando como ferramentas de instrução a todos nós. A ciência (Espiritismo e Psicologia) auxiliando o homem a entender seus males herdados por si próprios, seus desdobramentos em suas existências, e a recondução que espera por todos nós em futuro mais iluminado à luz de tais conhecimentos.

Finalizando, trataremos do autoconhecimento e da moralização do espírito que, fatalmente, influenciará e será influenciado pelas modificações evolutivas de nosso planeta e de toda a Humanidade. Logo voltaremos ao começo, onde se perceberá que a reencarnação é poderoso instrumento para o desenvolvimento do espírito humano. Através das vidas sucessivas, encarnando e desencarnando, o espírito se depura, aprende e cresce para o progresso. Segundo Dr. Hermann: “É nesse ponto, caros filhos, quando o espírito, mesmo no ambiente terreno, consegue antever, analisar, ponderar através dos estudos que faz das experiências adquiridas, de que o prendem ao ambiente terreno, a sentir e amar verdadeiramente o ser humano, a vida, aqueles que estão ao seu derredor, igualmente como espíritos que caminham em conjunto para Deus; desapegados da visão terrena, o espírito poderá olhar para Deus e vê-lo como Pai”.

Desde já nos sintamos bem-vindos e acolhidos nesta tarefa de estudo! Bom encontro, Equipe de estudo do encontro Espiritismo e Psicologia. “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, esta é a lei”.

Allan Kardec Objetivo Geral: Estudar sobre o processo reencarnatório do espírito com vistas à perfeição. Objetivos Específicos: Módulo I - Relacionar o que vem a ser reencarnação e seu objetivo; Módulo II - Compreender a necessidade do fluido vital e do perispírito no processo evolutivo do espírito; Módulo III - Identificar o desenvolvimento do livre-arbítrio e suas consequências; Módulo IV - Correlacionar os conceitos doutrinários e a Psicologia; Módulo V - Identificar a necessidade do autoconhecimento e moralização para a transformação individual e da Humanidade.

Page 65: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

64

Módulo I – Reencarnação Tema 1 – Encarnação 1.1 - Qual o conceito de encarnação? R: Estado em que os espíritos estão quando se revestem de um envoltório corporal. Diz-se: espírito encarnado em oposição a espírito errante. Os espíritos são errantes nos intervalos de suas diferentes encarnações. A encarnação pode ocorrer na Terra ou em outro mundo. (PALHANO, Jr. L. Dicionário de Filosofia Espírita, CELD) 1.2 - Qual é o objetivo da encarnação dos espíritos? R: Deus impõe-lhes a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, é uma missão. Porém, para chegar a essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisto é que está a expiação. A encarnação tem também outro objetivo, que é o de colocar o espírito em condições de suportar sua parte na obra da criação; é para executá-la que, em cada mundo, ele toma um instrumento em harmonia com a matéria essencial desse mundo para aí executar, daquele ponto de vista, as ordens de Deus; de tal forma que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta. (O Livro dos Espíritos, p. 132) 1.3 - Como a alma, que não atingiu a perfeição durante a vida corporal, pode terminar de depurar-se? R: Experimentando a prova de uma nova existência. (O Livro dos Espíritos, p. 166) Logo, a partir dos pressupostos acima citados, pode-se concluir que a encarnação visa o nosso melhoramento, não importando qual o mundo será por nossa alma habitado.

Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo que, se um homem não renasce da água e do espírito, ele não pode entrar no reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do espírito é espírito. Não te admires que eu tenha dito que é preciso que nasças de novo. O espírito sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas tu não sabes de onde ele vem e nem para onde vai; o mesmo ocorre com todo o homem que é nascido do espírito”.

(João, 3:1 a 12, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, Item 5) Tema 2 – Reencarnação

O dogma da reencarnação está fundamentado na justiça de Deus e na revelação, pois vos repetimos incessantemente: Um bom pai sempre deixa aos seus filhos uma porta aberta para o arrependimento. A razão não te diz que seria injustiça privar, para sempre, da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu melhorar-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas encontram-se a iniqui-dade, o ódio implacável e os castigos sem remissão. (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, CELD)

O espírito em suas sucessivas reencarnações

Jesus (encarnou por amor)

Page 66: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

65

Comentário: Deus nos concede, por amor, a oportunidade de progresso através das vidas sucessivas. Ao longo dessas reencarnações, o homem tem a possibilidade de transformar-se ao fazer bom uso de sua liberdade; portanto, depende do seu esforço individual e da compreensão de sua imortalidade para que essa transformação se efetue.

O Espiritismo traz para todos nós o caminho da compreensão. O trabalho no bem traz a constante verdade de que há a necessidade de burilar os sentimentos no palco do mundo para se querer avançar para mais além.

Hermann 1.4 - Qual o conceito de reencarnação? R: É a condição dada por Deus para que o espírito possa melhorar-se ao longo de sua trajetória evolutiva. 1.5 - Quando se inicia o processo reencarnatório? R: A reencarnação inicia-se no momento da fecundação, alonga-se o processo reencarnatório até a adolescência do ser, quando, a pouco e pouco, atinge a plenitude. (FRANCO, D. P. Temas da Vida e da Morte, pelo espírito Manoel P. de Miranda, FEB) 1.6 - Qual é o objetivo da reencarnação? R: Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade; sem isto, onde estaria a justiça? (O Livro dos Espíritos, p. 167) 1.7 - Todas as nossas existências corporais efetuam-se na Terra? R: Nem todas, mas em diversos mundos; a deste mundo não é a primeira nem a última, e é uma das mais materiais e das mais distantes da perfeição. (O Livro dos Espíritos, p. 172)

As impressões mais fortes das experiências passadas fixam-se no corpo em formação, através de deficiências físicas ou psíquicas, saúde e inteligência, de acordo com o tipo de comportamento que caracteriza o estado evolutivo do espírito (...). (XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo espírito André Luiz, FEB)

1.8 - Por que reencarnamos na Terra? R: Por sermos ainda espíritos imperfeitos, nos encontramos em um planeta que está de acordo com a nossa condição moral, ou seja, um planeta de provas e expiações, onde a dor e o sofrimento ainda nos acometem.

O homem que tem a consciência de sua inferioridade haure, na doutrina da reencarnação, uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar estar, pela eternidade, em pé de igualdade com aqueles que fizeram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserda, para todo o sempre, do bem supremo e de que poderá conquistá-lo, através de novos esforços, sustenta-o e reanima sua coragem. Quem é que, ao final de sua carreira, não lamenta ter adquirido muito tarde uma experiência de que não pode

Page 67: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

66

mais tirar proveito? Esta experiência tardia não fica perdida; ele a aproveitará numa nova existência. (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, CELD)

Assim, no encadeamento de nossas etapas terrestres, prosseguem, e se completa a obra grandiosa da nossa educação, a lenta edificação de nossa individualidade, de nossa personalidade moral. É por isso que a alma tem de encarnar, sucessivamente, nos meios mais diversos, em todas as condições sociais, experimentar alternadamente as provas da pobreza e da riqueza, aprender a obedecer, depois, a comandar. São-lhe necessárias vidas obscuras, vida de trabalho, de privações, para aprender a renunciar às vaidades materiais, o desligamento das coisas frívulas, a paciência, a disciplina do espírito. São necessárias as existências de estudo, as missões de devotamento, de caridade, através das quais a inteligência se esclarece e o coração se enriquece de qualidades nobres. Em seguida, virão as vidas de sacrifício: sacrifício pela família, pela pátria, pela Humanidade. São necessárias, também, a prova cruel, fornalha onde o orgulho e o egoísmo se dissolvem, e as etapas dolorosas que são o resgate do passado, a reparação de nossos erros, a forma sob a qual a lei de justiça se cumpre. O espírito se fortifica, se refina, se depura, pela luta e pelo sofrimento. Volta para expiar, no próprio meio em que se tornou culpado. Acontece que, às vezes, as provas fazem de nossa existência um calvário, mas este calvário é o topo que nos aproxima dos mundo felizes. (DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, CELD)

Módulo II – Fluido Vital e Perispírito Tema 1 – Fluido Vital 2.1 - Quais os subsídios de que o espírito necessita para encarnar? R: Do fluido vital e do perispírito. 2.2 - Qual o conceito de fluido vital? R: Força vital que mantém o funcionamento dos corpos orgânicos, algo que, operando com métodos particulares; não só fabrica os órgãos como também os repara.

Assim, pois, acreditamos que em toda a criatura que existe na Terra exista uma certa quantidade de força vital... Essa força vital nada geraria sem a inteligência e se a ela não estivesse associada. (DELANNE, Gabriel. Evolução Anímica, FEB) Tema 2 – Perispírito 2.3 - Qual o conceito de perispírito? R: O perispírito é a ideia diretriz, o plano imponderável das estruturas dos seres; é quem armazena, registra e conserva todas as percepções.

Na substância incorruptível do perispírito estão gravadas as leis do nosso desenvolvimento. Ele é o mantenedor, por excelência, da nossa personalidade, e nele reside nossa memória. (DELANNE, Gabriel. Evolução Anímica, FEB)

O conhecimento do perispírito elimina radicalmente a dificuldade em compreender a ação do físico sobre o moral, ou da alma sobre o corpo. Graças a ele, o processo da vida mental se evidencia com tamanha clareza que permite compreender nitidamente a formação e conservação do inconsciente físico e psíquico; ficam demonstrados os matizes, ou gradações progressivas que ligam o instinto à inteligência; ficam claros os mecanismos das ações cerebrais e as conexões

Page 68: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

67

existentes entre elas; explica-se por que a alma mantém sua unidade e identidade através das vidas sucessivas... (DELANNE, Gabriel. Evolução Anímica, FEB) 2.4 - Sabendo-se da necessidade da reencarnação, qual a importância do fluido vital e do perispírito neste processo? R: Quando um espírito reencarna, é pelo perispírito que se liga à matéria. Isso porque o espírito é imaterial, necessitando de um intermediário para que possa manifestar-se no mundo físico. O perispírito, no momento da encarnação, recebe uma espécie de “cola”, o fluido (energia) vital, prendendo-se ao sistema biológico que se forma, pouco a pouco, consolidando ligações mais sutis, a ponto de passar animação ao corpo físico. Unido ao corpo, molécula a molécula, assegura também a ordem e a manutenção dos tecidos e dos órgãos. Ao mesmo tempo, por ser extremamente plástico e sensível ao pensamento, modifica-se a cada encarnação? Sim, quando recebe o condicionamento das novas formas e todas as impressões boas ou ruins, resultantes das ações do Espírito. (PALHANO, L. Júnior. Dicionário de Filosofia Espírita, CELD)

2.5 - Como é feita a ligação do perispírito ao corpo físico? R: O sistema nervoso é composto pelo cérebro, cerebelo e bulbo, situados dentro da caixa craniana, pela medula espinal, que é um conjunto de fibras nervosas situadas no canal da coluna vertebral, e pelos nervos periféricos. O sistema nervoso tem a função de coordenar a

inteligência, a memória e o raciocínio, receber e interpretar estímulos, controlar movimentos, controlar a circulação, respiração, digestão e excreção. Manter o equilíbrio do corpo. (Apostila do curso de Orientação Mediúnica e Passes – CELD)

Sendo assim, “a ligação do perispírito no corpo é feita em vários pontos do cérebro à região do vagossimpático, na coluna, ou na região do sistema nervoso; são vários os pontos em que vão sendo “costurados”, no corpo em formação, pontos de fixação da matéria, a princípio, por condução de espíritos encarregados do nascimento dos corpos e depois pelo chamado automatismo biológico e, novamente, pelos espíritos encarregados da construção de corpos naqueles espíritos que saem da atividade comum, da vida comum e merecem já um corpo extremamente estabilizado para poder atuar”. (BALTHAZAR, Orientações Mediúnicas)

Quando você tem uma sensação ou um sentimento e ele é bastante forte de um ponto de vista do pensamento, de emoção, este sentimento é capaz de atingir o seu organismo. A ciência de hoje já vislumbra alguma coisa nas chamadas grandes como doenças, como doenças nervosas que atacam o estômago, o vagossimpático, a área cardíaca e as cefaleias; mas existem outras fontes de perturbação orgânica. Então, essas emoções muito fortes realmente atingem, profundamente, o corpo físico, mas isso é a lei, que diz que o espírito é tudo, tudo mesmo, que o corpo é apenas o resultado ou, como dizem os espíritos, ou como diz O Livro dos Espíritos, o corpo é apenas matéria.

Balthazar

Page 69: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

68

Comentário: Até o momento vimos que, para o espírito evoluir, há necessidade de encarnar e/ou reencarnar, a fim de certificar-se de suas efetivas mudanças e/ou aprendizado e prosseguir no caminho rumo à perfeição. Torna-se necessário para esse retorno, além do corpo físico, o perispírito, que vai fixando-se à matéria, pouco a pouco, através do fluido vital.

Sendo assim, é possível acontecer o desabrochar de uma nova existência, onde as oportunidades de reajustes serão dadas, e cabe a cada um aproveitar da melhor maneira possível, consciente da sua condição na Terra. Esta organização nos remete à importância do corpo (fluido / perispírito), ou seja, de como é possível influenciar através deste sistema físico as potencialidades do espírito.

Módulo III – Livre-arbítrio 3.1 - Qual o conceito de livre-arbítrio? R: Segundo Kardec, no Dicionário de Filosofia Espírita, “Livre-arbítrio” é a “liberdade moral” do homem; faculdade que ele tem de se guiar segundo sua vontade na realização de seus atos. Os espíritos nos ensinam que a alteração das faculdades mentais, por uma causa acidental ou natural, é o único caso em que o homem está privado de seu livre-arbítrio. 3.2 - Como identificar o desenvolvimento do livre-arbítrio na sequência evolutiva do espírito imortal? R: A liberdade é a condição indispensável à alma humana, que, sem ela, não poderia edificar seu destino.

Identificamos, de relance, que, à primeira vista, a liberdade do homem parece bem restrita em meio ao círculo das fatalidades que o cercam: necessidades físicas, condições sociais, interesses ou instintos.

A liberdade e a responsabilidade do ser são interdependentes e aumentam com sua elevação. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e sua moralidade; sem ela ele seria apenas uma máquina cega, um joguete das forças do ambiente.

...O progresso não é outra coisa senão a extensão do livre-arbítrio, no indivíduo e na coletividade. A luta entre a matéria e o espírito tem o objetivo específico de libertar o espírito, cada vez mais, do jugo das forças cegas. Pouco a pouco a inteligência e a vontade conseguem predominar sobre o que representa, a nossos olhos, a fatalidade... Para ser livre é preciso querer sê-lo e esforça-se para tal, libertando-se das servidões e das baixas paixões, substituindo pelo império da razão o das sensações e dos instintos.

Isto só se pode obter por uma educação e um treinamento prolongados das faculdades humanas: liberação física pela limitação dos apetites; liberação intelectual pela conquista da verdade; liberação moral pela procura da virtude. Está é a obra dos séculos...

O ser só está verdadeiramente maduro para a liberdade no dia em que as leis universais, exteriores a ele, tornam-se interiores e conscientes, pelo próprio fato de sua evolução. (DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, CELD) 3.3 - Quando o espírito exerce maior liberdade de escolha? R: O livre-arbítrio, a livre vontade do espírito se exerce, sobretudo, na hora das reencarnações. Escolhendo tal família, tal meio social, sabe de antemão quais são as provas que o esperam, mas compreende, igualmente, a necessidade dessas provas para desenvolver suas qualidades, atenuar

Page 70: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

69

seus efeitos, despojá-lo de seus defeitos e seus vícios. Estas provas podem ser, também, a consequência de um passado nefasto que ele deve reparar, e as aceita com resignação, com confiança, pois sabe que seus grandes irmãos do Espaço não o abandonarão nas horas difíceis. (DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, CELD) 3.4 - Quais as consequências do uso do livre-arbítrio? R: Como cita Balthazar anteriormente, o nosso sentir pode afetar de forma positiva ou negativa o nosso corpo, não só material, mas perispiritual. E o nosso pensamento?

O pensamento atua no fluido que a tudo envolve; pelo seu teor vibratório, produz natural sintonia com as diversas faixas nas quais se movimentam os espíritos, na esfera física ou na erraticidade, estabelecendo vínculos que se estreitam em razão da intensidade mantida.

Essa energia fluídica, recebendo a vibração mental, assimila o seu conteúdo emocional e transforma-se de acordo com as moléculas absorvidas, criando uma psicosfera sadia ou enfermiça em volta daquele que a emite e passa a aspirá-la, experimentando seu efeito conforme a qualidade de que se constitui. (FRANCO, D. P. Temas da vida e da morte, pelo espírito Manoel P. de Miranda, FEB)

O Livro dos Espíritos, perg. 845 – As pre-disposições instintivas que o homem traz, ao nascer, não constituem um obstáculo ao exercício do livre-arbítrio? R: As predisposições instintivas são as do espírito, antes da sua encarnação; conforme ele seja mais ou menos adian-tado, elas podem instigá-lo à prática de

atos repreensíveis e nisso será secundado por espíritos que simpatizam com essas disposições; não há, porém, arrastamento irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.

“Os males de que estamos sofrendo tiveram sua base na própria criação do pensamento humano” 74:234 — Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955)

...A vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua. Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas consequências nele recaem; mas não pode desenvolver-se em medrar senão na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos...”

...Esses males necessários ao funcionamento da Lei de educação geral nunca deixarão de existir em nosso mundo; representam uma das condições da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; provoca o esforço e desenvolve a vontade; contribui para a ascensão dos seres, impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. Como, sem a dor, havíamos de conhecer a alegria; sem a sombra, apreciar a luz; sem a privação, saborear a bem adquirido, a satisfação alcançada? Eis aqui a razão por que encontramos dificuldades de toda sorte em nós e em volta de nós. (DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, cap. 9, CELD)

“Não faremos a renovação da paisagem de nossa vida sem renovar-nos.” André Luiz

Page 71: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

70

3.5 - Todos têm a possibilidade de superação? R: Sim. Segundo Léon Denis, “a vontade é a maior de todas as potências”. A vontade de viver, de desenvolver em nós vida, atrai-nos novos recursos vitais; tal é o segredo da lei de evolução. O que importa, acima de tudo, é compreender que podemos realizar tudo no domínio psíquico...” “...Quando se exerce de maneira constante, em vista de alcançar um desígnio conforme ao Direito e à Justiça.” (DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, A vontade, CELD)

Lei de Evolução/Lei Circular O espírito em sua trajetória evolutiva A nossa condição atual

“É preciso renascer; é a lei comum do destino humano que também evolui num círculo cujo centro é Deus.” (DENIS, Léon. O Grande Enigma, cap. XV. A lei circular, CELD) Comentário: A ideia de Deus, a certeza de sua imortalidade, permite que o homem busque sobrepor a sua condição ainda muito ligada à matéria para alçar ideais mais nobres, através de uma consciência moral mais fortalecida.

A dor, o sofrimento sem a compreensão de que são consequências do mau uso do livre-arbítrio, ao longo das vidas sucessivas, muitas vezes promove a descrença que, aliada ao orgulho, faz com que o homem se afaste do caminho traçado para sua felicidade.

Através dos tempos, a filosofia, a religião e a ciência vão trazendo a esse homem, ainda incrédulo, a possibilidade de mudança, de reavaliação de postura diante da vida, trazendo, de forma racional, a certeza da sua imortalidade. Dessa forma, esse processo de reforma de sentimentos e ideias vai se automatizando, e sua postura diante da vida vai tomando outro formato, compreendendo que a vida é uma escola e o aprendizado é facultativo, ele compreende de onde vêm tantas diferenças, se tornando libertador o conhecimento.

A ideia da Reencarnação se torna imprescindível nos campos filosófico, científico e religioso, pois leva à Humanidade não só o consolo, mas a condição de superação e fé no futuro, eliminando os equívocos da ideia de um Pai punitivo para a certeza de um Pai-Deus bom e justo.

Page 72: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

71

Módulo IV – Conceitos Doutrinários e a Psicologia “A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega.” (Einstein)

Nas pesquisas científicas, a Educação terá encontrado sua base essencial. Sabe-se que a educação é o mais poderoso fator de progresso; ela contém em germe todo o futuro. Mas para ser completa, deve inspirar-se no estudo da vida sob suas duas formas alternantes, visível e invisível: da vida em sua plenitude, em sua evolução ascendente, em direção aos cismos da natureza e do pensamento. Assim, a Humanidade e o espiritualismo devem trazer a base da educação: trabalhar na reforma do homem interior e da saúde moral. É preciso despertar a alma humana adormecida, mostrando-lhe seus poderes ocultos, conscientizando de si mesma para concretizar seu glorioso destino. As religiões contribuíram poderosamente com a educação humana, opuseram o freio às paixões violentas, a barbárie das eras de embrutecimento, e gravaram fortemente a noção moral no fundo das consciências. A estética religiosa trouxe a luz, obras-primas em todas as esferas. Pouco a pouco, os elementos de uma ciência psicológica e de uma crença universal aparecem, fortificam-se, dilatam-se. Numerosos testemunhos veem nisto o prelúdio de um movimento, de um pensamento que tende a abraçar todas as sociedades da Terra. Pode-se dizer que a religião é o esforço da Humanidade para comunicar-se com a essência eterna e divina.

(DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, CELD)

Não há fé no progresso, sem fé no futuro; no futuro de cada um e de todos. Os homens só progridem e avançam se acreditarem nesse futuro e marcharem confiantes, convictos para o ideal vislumbrado.

Léon Denis

4.1 - Onde se encontra no homem a ideia de Deus? R: Em sua consciência.

Há uma força, uma esperança, uma certeza que possa nos elevar acima de nós mesmos na direção de um objetivo superior, na direção de um princípio, um ser em que se identifique no bem, a verdade, a sabedoria; ou não haveria em nós e em torno de nós senão dúvida, incerteza e trevas?

(DENIS, Léon. O Grande Enigma, CELD) 4.2 - Como a ciência auxilia o homem na compreensão de Deus? R: Sendo o problema divino o mais vasto, o mais profundo dos problemas, já que abarca todos os outros, criaram-se teorias, sistemas sem-número, que correspondem a tantos graus de compreensão humana quanto a etapas do pensamento na sua marcha para o Absoluto.

Como remediar essa desordem? Como escapar dessas contradições? Da maneira mais simples. Basta elevar-se acima das teorias e dos sistemas, bastante alto para religá-los no seu

FILOSOFIA RELIGIÃO

CIÊNCIA

Page 73: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

72

conjunto e pelo que eles têm em comum. Basta elevar-se até a grande Causa, na qual tudo se resume e se explica.

Essa harmonia e essa sabedoria se estendem desde o grão de areia, desde a mais simples forma de vida, até os inumeráveis astros que circulam no espaço, e é preciso concluir que essa inteligência alcança o infinito, a menos que se diga que há efeito sem causa.

A estreiteza de visões desnaturou, comprometeu a ideia de Deus. Suprimamos a barreira, os cárceres, os sistemas fechados que se contradizem, se excluem, se combatem, para substituí-los pelas visões largas das concepções superiores. Em certas alturas, a Ciência, a Filosofia e a Religião, até então divididas, opostas, hostis, sobre suas formas inferiores, unem-se e se fundem numa síntese poderosa, que é a do Espiritualismo Moderno.

Assim efetua-se a lei de evolução das ideias. (DENIS, Léon. O Grande Enigma, CELD) Deus não se mostra, mas se confirma pelas suas obras. A existência de Deus é um fato

comprovado não só pela revelação, mas também pela existência dos fatos. (Psicologia e Espiritismo – Lei de Adoração, CELD)

“As descobertas da ciência glorificam a Deus em lugar de rebaixá-lo; não destroem senão o que os homens edificaram sobre as ideias falsas que se fizeram de Deus.”

Allan Kardec 4.3 - O Espiritismo e a Psicologia

O Espiritismo amplia os horizontes do antes, do agora, pela compreensão da reencarnação e da proposta de renovação pelo pensamento e emoções equilibradas, e equiparadas às lições que Jesus nos ofereceu, para se alcançar o progresso. Além disso, traz a visão da evolução do espírito imortal e da perfeição espiritual, quando o espírito alcança o grau de entendimento capaz de fazê-lo consciente de sua natureza e do rumo que precisa alcançar.

A psicologia estuda dentro de seu contexto a própria alma inserida no panorama reencarnatório com suas carências, experiências, dilemas, vivências das mais complexas — na atual fase de vida. Contudo, se limita a uma única encarnação. Todas as experiências humanas individuais e/ou coletivas são medidas dentro desses parâmetros, levando-se em consideração as experiências adquiridas dentro do contexto familiar, social, como a religiosidade e as condições educacionais, obedecendo a parâmetros rígidos da genética e que a hereditariedade auxilia nos parâmetros biológicos de aprendizados herdados. (Mensagem de Balthazar e Agostinho)

Mas já estamos assistindo ao surgimento e à constituição de toda uma Psicologia maravilhosa e imprevista, da qual vão destacar-se uma nova concepção do ser e a noção de uma lei superior, que encampa e resolve todos os problemas da evolução do vir a ser.

…O estado da alma contemporânea pede, reclama uma ciência, uma arte, uma religião de luz e de liberdade, que venham livrá-la de suas dúvidas, emancipá-la das velhas escravidões e das misérias do pensamento, guiá-la em direção aos horizontes radiosos para os quais ela se sente atraída por sua própria natureza e pela impulsão de forças irresistíveis; dessa forma o Espiritismo se faz presente. (DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino, CELD). 4.4 - A Psicologia, unindo-se ao estudo do Espiritismo, auxilia o indivíduo a desenvolver o livre-arbítrio de forma mais consciente? R: Se a Psicologia estuda a alma e a Doutrina Espírita nos traz esse conhecimento através da sustentação de sua tríplice possibilidade de inferências, esta pode ser de grande valia para o estudo Psicológico Humano. Nesta interseção, o indivíduo reconheceria seu estágio evolutivo,

Page 74: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

73

suas possibilidades de organização do pensamento e da vontade, colocando-as a serviço de seu progresso. As escolhas se tornariam mais conscientes e responsáveis.

4.5 - Em que o conhecimento da reencarnação auxilia a Psicologia para entender os males da alma? R:. Os novos métodos psicoterápicos vão prescindir do conhecimento da reencarnação. A reencarnação não diz respeito apenas à problemática da sobrevivência do homem após a morte; suas implicações com a vida social são incomensuráveis. Os conflitos que chegam a um consultório decorrem de fatores oriundos de várias encarnações. (NOVAES, Adenáuer. Reencarnação: Processo Educativo, Fundação Lar Harmonia)

Portanto, a proposta da Psicologia do Espírito, como o nome já bem diz, é levar a esse homem trino (espírito; perispírito; corpo), cada vez mais enxergá-lo como UNO em essência; espírito imortal, onde habitam todas as nossas potencialidades para nossa escalada evolutiva, ou sombras, como já dizia nosso querido Carl G. Jung “onde habitam medos, culpas, angústias, traumas etc.”, dificultando ou emperrando nossa evolução e adoecendo nosso perispírito e como consequência, nosso corpo e toda uma sociedade. (Psicologia e Espiritismo – Lei de Adoração – Crenças e Valores, CELD)

Somente desta forma perceberemos a importância desse estudo comparativo e a união entre a Psicologia e a Doutrina Espírita na busca da compreensão mais profunda da psique humana.

...Não só a necessidade do estudo do comportamento, mas, essencialmente, do autoconhecimento, conforme já dizia Santo Agostinho, em O Livro dos Espíritos, como o meio mais eficaz que o homem tem de se melhorar e também a chave de seu progresso individual, tomando consciência de suas potencialidades, podendo, assim, desenvolvê-las em plenitude. (Psicologia e Espiritismo – Lei de Adoração – Crenças e Valores, CELD)

“Os ideais que iluminaram meu caminho e sempre me deram coragem para enfrentar a vida com alegria foram a Verdade, a Bondade e a Beleza.”

Albert Einstein

Comentário: Como vimos acima, novas teorias surgem com o objetivo de melhor atender às necessidades do homem em sua busca incessante de plenitude, mas ainda falta o elo de ligação para essa compreensão.

A certeza da imortalidade d’alma, e sua Trajetória Evolutiva através das sucessivas encarnações e/ou reencarnações permitem essa compreensão, da qual cada vez mais a ciência se aproxima. Como sabemos, o acaso não existe e todas as mudanças acontecem no momento propício.

O homem compreenderá a necessidade de construir em si mesmo a sua fortaleza, através de uma mudança de postura diante da vida espiritual, pois só assim conquistará a tão almejada felicidade. Conhecer-se, promover esse mergulho dentro de si mesmo com a visão de sua imortalidade, o permitirá abandonar certos temores, certos sentimentos que ainda o aproximam dos primórdios de sua evolução, para desfrutar da paz de consciência e do amor por si mesmo, pelo próximo e por Deus.

Sendo assim, a Psicologia, se aproximando cada vez mais da ideia da reencarnação, poderá também propiciar não só a compreensão dos porquês dos atavismos e tantos outros mecanismos de impedimento ao bem-estar psíquico e físico, mas expurgar a culpa que destrói para o discernimento que constrói. Essa nova visão traz vida, traz possibilidades e tornam-se mais leve as lutas que temos de vencer.

Page 75: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

74

Módulo V – Necessidade do Autoconhecimento: Moralização e Transformação Individual e da Humanidade

5.1 - Qual a nossa herança através das vidas sucessivas? R: Alguém disse com bastante acerto: os pais nos fornecem o corpo, jamais a alma. Não existe um indivíduo igual ao outro. Cada ser apresenta-se no cenário carnal com tendências específicas e arcabouço psicológico bastante apropriado. São essas condições individuais, com tendências tão expressivas nos diversos campos da vida, que nos fazem pensar em direcionamento anteci-padamente preparado para determinadas finalidades, por imposição do espírito reencarnante. (ANDREA, J. Psicologia Espírita, FEB)

Esses fatos, tão negligenciados até agora pelos filósofos, têm considerável importância: se os quisermos examinar atentamente e deduzir-lhes as consequências, chegaremos a uma quase certeza da teoria das vidas sucessivas e compreenderemos a grandiosa evolução da alma humana, desde as formas inferiores até os graus mais elevados da vida normal e moral. (DELANNE, Gabriel. A Reencarnação – Introdução, FEB)

Nos dias atuais, com a imensidade de fatos e propostas reclamando solução, os pensamentos das pesquisas se acham tão complexos que as hipóteses de trabalho daí decorrentes não mais cabem nos reduzidos limites dos campos materiais.

A ciência está se aproximando cada vez mais do espírito e este, por sua vez, se está projetando nos campos da Ciência. No futuro, a ciência estará espiritualizada e o espírito representará o cadinho ilimitado das investigações científicas. (DELANNE, Gabriel. Reencarnação e Sexo, FEB)

“Lutemos para que o aprendizado que chega até nós se nos incorpore ao ser.” Hermann

5.2 - Na nossa condição moral, é preciso reencarnar? R: Para o desenvolvimento do espírito através do autoconhecimento e sua consequente transformação moral é necessário. “Voltar à Terra, para muitas criaturas, é um exercício de dor, sofrimento e até mesmo de angústia; para outras, é apenas a volta ao convívio com as forças das quais jamais se desligou.”

Seja qual for o ângulo que se analise a questão, vejamos no retorno à vida corporal uma das maiores bênçãos que Deus oferece ao espírito humano.

Cada vez que a mente, ou espírito, se encaminha para uma determinada direção, o faz com objetivo próprio, determinado, querendo alcançar alguma coisa que lhe faculte o progresso.

Como espírito, o homem não poderá viver certas experiências que so-mente a vida material favorece, tais como determinadas paixões. Algu-mas das paixões humanas apenas através da matéria se podem expe-rimentar, como certas realidades morais. Tomemos, por exemplo, a posse do ouro, o domínio de nações; somente na matéria podem-se alcançar tais objetivos. Por isso,

Deus, em sua infinita sabedoria, e promovendo o progresso de todos nós, espíritos a caminho da perfeição, nos faz voltar à carne. (DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo, CELD)

Jeanne D’ArcJeanne D’ArcJeanne D’ArcJeanne D’Arc

Napoleão BonaparteNapoleão BonaparteNapoleão BonaparteNapoleão Bonaparte

Page 76: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

75

5.3 - Qual a importância dos pais na educação moral dos filhos? R: A educação que lhes derdes, os ajudarão a aperfeiçoar-se e a construir o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizeste da criança que foi entregue aos teus cuidados?” Se permaneceu atrasada por vossa culpa, tereis como castigo vê-la entre os espíritos sofredores, quando dependia de vós que ela fosse feliz. Então vós mesmos, maltratados pelos remorsos, pedireis para reparar a vossa falta, solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ela, em que ireis cercá-la de cuidados mais atentos, e ela, cheia de reconhecimento, vos cercará com o seu amor...

A tarefa não é tão difícil quanto poderíeis pensar; ela não exige o saber do mundo. Tanto o ignorante quanto o sábio podem desempenhá-la, e o Espiritismo veio facilitar esse desem-penho fazendo com que se conhecessem as causas das imperfeições do ser humano.

Desde pequenina, a criança manifesta seus instintos bons ou maus que traz de existências anteriores; é preciso que os pais se dediquem a estudá-los. Todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho. Observai, pois, os menores sinais que possam revelar o germe desses vícios, e tratai de combatê-los logo, não deixando que criem raízes profundas...

Deus não dá uma prova acima das forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas; se não se consegue triunfar, não é por falta de possibilidade, mas de vontade...

Acolhei-os, portanto, como irmãos; ajudai-os e, mais tarde, no mundo dos espíritos, a família se alegrará por haver salvo alguns náufragos que, por sua vez, poderão salvar outros. (Santo Agostinho. Paris, 1862. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9)

“A educação d’alma é a alma da educação.” André Luiz

A reforma do indivíduo deve conduzir à reforma da coletividade de forma que todo o triunfo do homem sob si mesmo, sobre suas paixões, se repercuta sobre aqueles que o cercam. E que os progressos do conjunto interajam sob cada indivíduo. É trabalhando a elevação dos outros que nós trabalhamos mais eficazmente para elevarmos a nós mesmos. E ao mesmo tempo se desenvolve, cresce e se confirma em nós, e em torno de nós, essa noção essencial da fraternidade que nos liga uns aos outros. Para melhor entender a realidade e a força dessa noção, é preciso considerá-la sob o aspecto que lhe da o ensinamento dos espíritos. Não se trata mais da fraternidade dos corpos, mas sim das almas que se unem em todos os degraus da sua grandiosa evolução. Não somente somos irmãos pela nossa comunidade de origem e de finalidades, sendo todos filhos de Deus e destinados a atingi-lo, mais ainda porque somos chamados, em virtude da lei de necessidade, a percorrer juntos a estrada imensa que a Ele conduz e aí nos reencontrarmos, nos reconhecermos para trabalhar e sofrer juntos, para que nossos caracteres se corrijam e nossas qualidades se desenvolvam nos sopros purificadores e regeneradores da adversidade. (DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo, cap. VI, CELD) Sendo assim, “a lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; ela extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, indo além da sua humanidade, ama com um amor generoso os seus irmãos em sofrimento; feliz aquele que ama, porque não conhece nem a angústia da alma, nem a do corpo; seus pés são ligeiros e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina: amor, ela fez os povos extremecerem, e os mártires, inebriados de esperança, desceram ao círculo”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI , item 8)

Page 77: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

76

Conclusão O Espiritismo é o maior e mais solene movimento do pensamento que se produziu desde o

aparecimento do Cristianismo. Não somente, pelo conjunto de seus fenômenos, ele nos traz a prova da sobrevivência, mas, sob o ponto de vista filosófico, suas consequências são mais grandiosas. Com ele, o horizonte se aclara, o objetivo da vida torna-se preciso, a concepção do Universo e de suas leis aumenta, o pessimismo sombrio se esvaece para dar lugar à confiança, à fé em destinos melhores.

O Espiritismo pode então revolucionar todos os domínios do pensamento e do conhecimento. No lugar de ambientes estreitos onde se achavam confinados, ele abre grandes portas para o desconhecido e para o inexplorado. Pelo estudo do ser em seu “eu” profundo, neste mundo fechado onde se acumulam tantas impressões e lembranças, o Espiritismo cria uma Psicologia nova, muito maior e variada do que a Psicologia clássica.

Até aqui, nós somente conhecemos a parte mais grosseira, a mais superficial de nosso ser. O Espiritismo no-lo mostra como um reservatório de forças escondidas, de faculdades em estado germinativo, que cada um de nós é chamado a valorizar, a desenvolver através dos tempos. Pelos métodos hipnóticos ou magnéticos tornar-se-á possível chegar até às origens do ser, reconstituindo o encadeamento das existências e das lembranças, a série de causas e efeitos que são como a trama de nossa própria história. Aprenderemos que o próprio ser cria sua personalidade e sua consciência no decorrer de uma evolução que o conduz, vida após vida, em direção de planos melhores. E assim se afirma nossa liberdade que se engrandece com nossa elevação e fixa as causas determinantes de nosso destino, feliz ou infeliz, conforme nossos merecimentos. Desde então, não mais esses debates estéreis que assistimos há longo tempo, e que provêm da insuficiência de pontos de vista e do campo muito limitado de nossas observações, nesta vida passageira e sobre este mundo mísero, parcela ínfima do Todo-Poderoso.

Em uma palavra, o ser nos aparece sob aspectos mais nobres e mais belos, levando consigo todo o segredo de sua grandeza futura e de sua potência radiante. Com a cultura dessa ciência, um dia virá em que todo homem poderá ler claramente, em si mesmo, a regra soberana de sua vida e de seu futuro. E daí decorrerão as grandes consequências sociais. A noção dos deveres e das responsabilidades se tornará mais precisa. No lugar de dúvidas, de incertezas e do pessimismo atuais, a esperança se originará do conhecimento de nossa natureza imperecível e de nossos destinos infinitos.

Pode-se, então, dizer que a obra do Espiritismo é dupla: no plano terrestre ela tende a reunir e a fundir em um sistema grandioso todas as formas, até o momento discordantes e frequentemente contraditórias, do pensamento e da ciência. Num plano mais amplo, ele une o visível ao invisível, essas duas formas de vida que, na realidade, se penetram e se completam desde o princípio das coisas. Com esse objetivo ele demonstra que o nosso mundo e o Além não são separados, mas estão um no outro, constituindo assim um todo harmônico. (DENIS, Léon. O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, CELD)

Page 78: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

4o Congresso de Estudos Espíritas

77

Anexos Centro Espírita Léon Denis

Meus prezados irmãos, Que Jesus Cristo nos abençoe, fortalecendo os nossos corações. A reencarnação, caros filhos, é Lei Divina que visa ao progresso do espírito imortal;

jamais será, portanto, punitiva no que concerne ao Criador. A punição, a expiação, a dor, o sofrimento poderão ocorrer na vigência do processo

educativo do espírito, em muitas ocasiões por ignorância, por escolhas mal realizadas, por atitudes que veem de encontro, de forma negativa, a si próprio ou ao próximo, fazendo com que, em consequência, haja esse processo de reparação.

Assim, não podemos jamais olhar esse processo de reencarnação de vida, que visa o engrandecimento do espírito, como algo punitivo, de dor, de sofrimento.

Os que sofrem precisam analisar o que acontece em sua vida; organizando-se cada vez mais. Diante dessas percepções, devem analisar o contexto no qual estão vivendo.

A vida superior requer sacrifícios, a vida elevada requer elevação, a vida em equilíbrio requer, também, atitudes equilibradas. Toda vez que houver um desregramento no campo físico, no campo moral, no campo emocional e no campo social, haverá, em contrapartida, a resposta de todos estes fatores, procurando corrigir o desequilíbrio.

Há, portanto, caros filhos, que se considerar que a lei de Deus propicia um entendimento, a base do equilíbrio, para que o espírito chegue à paz definitiva o mais rápido possível.

O espírito passa por tantas e tantas experiências, fazendo suas escolhas, e muitas vezes buscando as facilidades no campo físico, e até mesmo no campo moral, com atitudes impensadas, impulsivas, tomando partido para si próprio, agindo em seu benefício em detrimento do próximo. Aí também a Lei reage corrigindo, educando, mostrando como se deve ser, realmente, o caminho pelo qual o espírito deve-se guiar.

Jesus nos mostrou o caminho do valor e das atitudes elevadas. Kardec nos ensina, através dos fenômenos estudados, que a vida continua e que todos estamos seguindo dentro deste clima da Lei Divina, que é, sobretudo, a Lei de Amor.

Caros filhos, lembrem-se sempre disto, antes de questionar, antes até mesmo de culpar nosso Pai pelas desditas, e pelas dificuldades e pela dor. São os desregramentos, as atitudes e os pensamentos os responsáveis pelo sofrimento de que cada um é portador.

Assim, elevemos o pensamento a Deus, pedindo-lhe que nos ajude, que nos ampare, que nos corrija, que nos direcione ao caminho do bem. Vibrações de amor e de paz e de socorros espirituais irão chegar até nós, com vistas a esse amparo e a esse socorro.

Para Deus, o espírito imortal irá prevalecer sempre. A vida terrena, material, e no corpo, é transitória. Por isso, não devemos todos nos desesperar; precisaremos sempre confiar. Apesar de todas as diretrizes, muitas vezes são necessárias as correções educativas. Hão de aparecer, em todos os momentos, o socorro, o amparo. A misericórdia divina estará sempre vigilante para atender às dificuldades que ainda em cada um se faz presente.

Assim, caros filhos, ao se determinar a construir o bem, irão realizar o que é necessário realizar. Ao fazerem suas preces, sempre deverão incluir a necessidade do espírito imortal, na sua vivência, mas também deverão agradecer a atitude generosa e amorosa de Deus, nosso Pai, em socorro aos nossos espíritos. Se abrirmos os nossos corações, haveremos sempre de ser atendidos pelo amparo, amor, socorro e misericórdia divinos.

Page 79: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas

– PSICOLOGIA E ESPIRITISMO –

78

Um abraço do Hermann e que todos possam vir ao Encontro estudar, analisar a Lei de Causa e Efeito, a reencarnação e todas as atitudes necessárias para se poder entender, de maneira efetiva, como contribuir com a Lei de Deus para o progresso da Humanidade.

Muita paz para todos, muita paz!

(Mensagem recebida no CELD pelo médium Luiz Carlos Dallarosa, no dia 13/10/2012.)

Sugestão de Leitura: DENIS, Léon. O Porquê da Vida, cap. 1, Dever e Liberdade, CELD. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AMORIM, Deolindo; MIRANDA, Hermínio C. O Espiritismo e os Problemas Humanos,

1. ed. U.S.E.

ANDRADE, Hernani G. Você e a Reencarnação. 3. ed. CEAC.

ANDREA, Jorge. Psicologia Espírita, vol. 1. 4. ed. Societo Lorenz.

_____________. Psicologia Espírita, vol. 2. 4. ed. Societo Lorenz. DELANNE, Gabriel. Evolução Anímica, Série Memórias do Espiritismo. vol. 1, 1. ed. 2008. ________________. A Reencarnação. 13. ed. FEB. ________________. A Alma é Imortal . 8. ed. FEB. DENIS, Léon. O Gênio Céltico. CELD. ___________. O Problema do Ser e do Destino. CELD. ___________. Depois da Morte. CELD. ___________. O Grande Enigma. CELD. ___________. Socialismo e Espiritismo. CELD. FRANCO, Divaldo P. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. Temas da Vida e da Morte. 1. ed. FEB. ________________. Pelo espírito de Joanna de Ângelis. O Ser Consciente. 8. ed. Alvorada. ________________. Pelo espírito de Joanna de Ângelis. O Homem Integral. 1. ed. Alvorada.

1990. ______________. Pelo espírito de Joanna de Ângelis. Estudos Espíritas. 1. ed. FEB. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1. ed. CELD – RJ, 2008. ______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1. ed. CELD. RJ, 2001. ______________. A Gênese. 1. ed. CELD – RJ, 2008.

______________. O Céu e o Inferno. 1. ed. CELD – RJ, 2008.

XAVIER, Francisco C. Pelo espírito André Luiz. Evolução em dois Mundos. 25. ed. FEB.

__________________. Pelo espírito André Luiz. Ação e Reação. 9. ed. FEB.

__________________. Pelo espírito André Luiz. Missionários da Luz. 14. ed. FEB.

Page 80: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas
Page 81: 4 Apostila Congresso Estudo Espiritas