4. as palavras e seus significados
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BERTUCCI, R. A. Introdução à análise da língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2015 (v. preliminar)
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4. AS PALAVRAS E SEUS SIGNIFICADOS
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, estudaremos a contribuição das palavras para o significado das sentenças.
Vamos observar que há fenômenos importantes que ocorrem na língua e que são decisivos para o
sentido produzidos nos textos. Entre eles, estão a sinonímia e a antonímia, que tratam da relação
de igualdade ou oposição de sentidos, e a homonímia, a polissemia e a paronímia, que tratam
possibilidade de igualdade entre as palavras.
Se nos capítulos anteriores nos dedicamos à compreensão de processos sintáticos
fundamentais para a análise da língua, a partir deste capítulo teceremos considerações com
relação a aspectos semânticos dessa mesma análise, verificando a contribuição das palavras para
o significado das sentenças em que ocorrem. É bem verdade que, à medida que íamos analisando
sintaticamente sentenças em português, íamos também verificando o significado dos termos e
das frases, ou seja, íamos tecendo discussões semânticas.
Mas, agora, daremos privilégio a essas questões, com o objetivo de construir um
conhecimento semântico bem estruturado sobre o português brasileiro. Neste capítulo, trataremos
de questões relativas à semelhança (ou não) de significado entre palavras e sentenças verificando,
inclusive, traços relevantes da forma das palavras.
1.1 SINONÍMIA E ANTONÍMIA
Vamos definir sinonímia como o fenômeno linguístico no qual o significado de duas ou mais
expressões é idêntico num dado contexto. Em semântica, especialmente aquele de abordagem
mais formal, dizemos que existem condições para uma sentença ser verdadeira. Isso significa que
uma sentença não precisa necessariamente ser verdadeira para entendermos o seu significado,
basta sabermos em quais condições ela será verdadeira para que o significado seja compreendido
por nós.
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Nesse sentido, vamos assumir que duas sentenças serão sinônimas se e somente se elas
tiverem as mesmas condições de verdade, ou seja, se elas puderem ser utilizadas no mesmo
contexto, sem modificação de sentido. Algumas expressões parecem ser sinônimas em um
número grande de situações, como é o caso de aluno e estudante.
(1) a. O aluno comeu um chocolate.
b. O estudante comeu um chocolate.
Olhando para essas frases, parece extremamente difícil encontrar um contexto em que (1a)
possa ser usada, mas (1b) não, o que nos indica que existe uma relação de sinonímia entre elas.
Essa sinonímia é lexical, porque a semelhança vem do léxico, ou seja, das palavras aluno e
estudante. Aliás, fica aí o desafio: você seria capaz de encontrar um contexto no qual aluno e
estudante não sejam sinônimas? Pires de Oliveira (2001, p. 73) vai nos ajudar com os exemplos a
seguir.
(2) a. Aluno tem cinco letras.
b. Estudante tem quatro sílabas.
Os contextos acima descrevem situações de menção dos termos em destaque, não estando em
jogo o significado deles, mas a forma como são constituídos. Nesse sentido, encontramos um
contexto em que tais expressões não são sinônimas, já é verdade que aluno tem cinco letras, mas
estudante não (tem nove); igualmente, estudante tem quatro sílabas, enquanto aluno tem três.
Por isso, é importante ressaltar que algumas expressões que podem ser sinônimas em um
contexto (3), não o são em outros (4).
(3) a. O aluno está obeso.
b. O aluno está gordo.
(4) a. #Essa carne de porco está obesa.
b. Essa carne de porco está gorda.
Agora, percebemos claramente que as palavras gordo e obeso, embora pareçam sinônimas,
não o são em todas as situações em que aparecem: se em (3) elas podem ser substituídas uma
pela outra sem alteração de sentido, em 4) isso não se repete. Isso significa que (3a) e (3b) têm as
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mesmas condições de verdade, enquanto (4a) e (4b), não. Você teria uma hipótese para a razão
de isso ocorrer com essas duas palavras? E, você seria capaz de encontrar mais um ou dois
exemplos que se comportassem como gordo e obeso?
Bem, no capítulo 2, vimos alguns exemplos de voz ativa e passiva. Em geral, algumas
pessoas costumam entender que a alteração de uma para outra voz gera sentenças sinônimas.
Vejamos um exemplo.
(5) a. João comprou o chocolate.
b. O chocolate foi comprado pelo João.
De fato, nesse caso, seria difícil encontrar um contexto em que a sentença em (5a) possa ser
utilizada, mas (5b) não, afinal, todos os elementos da frase na voz ativa também aparecem na voz
passiva. Nesse sentido, aparentemente, as condições para que ambas as sentenças sejam
verdadeiras parecem as mesmas. No entanto, veja se a sinonímia se mantém nos casos a seguir.
(6) a. Todo mundo nesta sala fala duas línguas. (CANÇADO, 2012, p. 49, ex. 6)
b. Duas línguas são faladas por todo mundo nesta sala.
(7) a. A polícia procura Sara. (CANÇADO, 2012, p. 49, ex. 7)
b. Sara é procurada pela polícia.
Você certamente notou que, em (6), o problema são as condições de verdade, que podem não
ser as mesmas para as sentenças: enquanto em (6a) cada aluno da sala pode falar duas línguas
diferentes de um para outro (um aluno fala português e inglês, outro alemão e espanhol, outro
francês e italiano e assim por diante), em (6b), espera-se que as mesmas duas línguas (português
e inglês, por exemplo) sejam faladas por todos os alunos da sala.
Na mesma linha de raciocínio, as sentenças em (7) não precisam ser sinônimas, porque
podemos atribuir-lhes condições de verdade diferentes: para (7a), um contexto em que Sara seja
alguém em perigo, que esteja desaparecida; para (7b), uma situação em que Sara seja uma
criminosa e esteja sendo procurada. Para os dois casos, no entanto, nas situações em que se
referirem ao mesmo episódio (por exemplo, Sara está desaparecida e a polícia a procura),
podemos dizer, sim, que elas são sentenças sinônimas.
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Ilari (2003, p. 169) diz que “a escolha entre dois ou mais sinônimos obedece a vários
fatores”, tais como apresentar “características regionais” (guri, piá e menino, por exemplo);
diferenças de sentido, dada a questão mais técnica (morrer e vir a óbito, por exemplo); “grau de
formalismo”, especialmente quando relacionado a situações específicas (legal e muito
interessante, por exemplo).
Nesse sentido, é essencial chamarmos a sua atenção para um fato relevante que envolve
sinonímia e produção/revisão de textos. Em geral, é comum nos depararmos com textos
relativamente bem escritos (ou mesmo muito bem formulados), mas carentes de uma linguagem
própria do gênero exigido. Por exemplo, alguém escreve uma carta a uma autoridade, com uma
linguagem informal (correta, mas informal). Assim, sinalizo esse fato a você leitor, porque, no
decorrer de sua vida, você poderá encontrar textos inadequados para o gênero a que se propõe, e
muito por conta da escolha lexical do produtor. Quando isso ocorrer, lembre-se de indicar-lhe um
trabalho cuidadoso com sinônimos que podem contribuir para elevar a qualidade textual. Os
exercícios 01 e 02, das atividades de aprendizagem, trabalham com a reescrita de ditados, com
possíveis sinônimos. Fica o convite para você resolvê-los e, depois, retornar aqui.
Outro fenômeno semântico comum nas línguas naturais é a antonímia, que pode ser
caracterizada como uma oposição de sentidos, ou seja, dadas duas sentenças, uma será oposta à
outra se e somente se suas condições de verdade forem opostas. Vejamos alguns exemplos.
(8) a. João está vivo/morto.
b. João está casado/solteiro.
c. O chocolate é doce/amargo.
Nesses casos, as palavras que se colocam como alternativas (por isso o uso da barra) têm
sentidos opostos: João estar vivo é oposto a estar morto; ser casado é antônimo de ser solteiro; e
ser doce é oposto a amargo.
Do ponto de vista mais estrito, se no lugar da barra tivéssemos a conjunção e formando
sentenças como O chocolate é doce e amargo, teríamos uma sentença contraditória. No entanto,
do ponto de vista contextual, a sentença seria possível. Imagine, por exemplo, um caso em que o
chocolate fosse uma composição de alguns elementos doces e outros amargos. Da mesma forma,
imagine que disséssemos O João é casado e solteiro, significando que ele é casado do ponto de
vista da relação que tem com uma garota (vivem juntos, por exemplo), mas civilmente é solteiro.
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Essas situações são muito mais comuns do que imaginamos. Frequentemente, em
conversas informais, somos capazes de produzir esses efeitos propositadamente. Se alguém te
conta sobre um filme que viu e você pergunta, “mas, o filme é bom?”, e ela lhe responde “É e
não é”, isso significa dizer que ele é bom e não é bom, ou é bom e ruim, o que caracterizaria
contradição. No entanto, sabemos perfeitamente que, nesse contexto, o falante acrescentará algo,
do tipo” tem partes boas e partes ruins”, ou “a história é boa, mas a filmagem não”. Enfim, em
todos esses casos de aparente contradição o que pode estar em jogo são elementos diferentes sob
julgamento. Dessa forma, a contradição desaparece. Novamente, assim como havíamos
observado para as relações de sinonímia, o contexto tem um papel fundamental na interpretação
da sentença, e o significado das palavras (ou a referência feita por elas) pode “sofrer ajustes”
contextuais específicos.
Cançado (2005; 2012) apresenta diferentes tipos de antônimos. Vamos apresentá-los aqui
com o intuito de oferecer a você, leitor, uma visão mais geral sobre o fenômeno da antonímia. Os
casos acima apresentados (morto vs. vivo; casado vs. solteiro; doce vs. amargo) fazem parte dos
antônimos binários ou complementares. Nesse caso, “quando uma palavra é aplicada, a outra
necessariamente não pode ser aplicada” (CANÇADO, 2012, p. 52).
Alguns antônimos binários podem constituir antônimos complexos, nos quais é possível
haver mais de um contraste. O bom exemplo oferecido por Cançado (2005) é o seguinte:
homem X menino
X X
mulher X menina
Aqui, percebemos que homem pode se opor a menino de um lado e a mulher de outro; já
menino pode se opor a homem e a menina. As mesmas correspondências podem ser observadas
para mulher e menina. Como cada elemento tem mais de um item com ideia de oposição,
dizemos que são antônimos complexos.
O segundo tipo apresentado por Cançado (2012) é o dos antônimos inversos. Nesses
casos, ocorre uma relação de ordem invertida entre expressões. Alguns exemplos: pai e filho;
menor que e maior que; tio e sobrinho, entre outros. Nesses casos, o que ocorre é que há uma
relação assimétrica entre os envolvidos: se João é pai de Pedro, Pedro não pode ser pai de João,
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mas sim, seu filho; se o Totó é maior que o Rex, então Rex não pode ser maior que Totó, mas
menor que ele. É exatamente o contrário de expressões que estabelecem relações simétricas entre
seres, como irmão de ou amigo de: se João é irmão de Pedro, Pedro tem que ser irmão de João;
mas, se João é amigo de Pedro, Pedro é amigo de João.
O último tipo apresentado pela autora é o antônimo gradativo, em que as palavras em
oposição estão em pontos extremos de uma mesma escala. Nesse caso, Cançado (2012, p. 52)
afirma que “a negação de um termo não implica a afirmação do outro”, porque o elemento pode
estar num ponto intermediário da escala. Vejamos um exemplo com quente e frio.
(9) a. O café está quente.
b. O café não está quente.
c. O café está frio.
Nós sabemos que quente e frio são os pontos extremos de uma escala de calor. Como as
escalas pressupõem pontos intermediários entre os extremos, não podemos dizer que a sentença
em (9b) signifique que o café esteja frio, como nos informa (9c), já que ele pode estar
simplesmente morno. Por isso, os antônimos gradativos têm como especificidade o fato de a
negação de um ponto extremo não implicar no outro extremo. Essa informação é fundamental na
hora de interpretar e/ou produzir textos. Com base no que aprendemos até aqui, vai um pequeno
desafio agora pra você: tente fazer o exercício 03 das atividades de aprendizagem. Depois,
retorne aqui para continuarmos a discussão sobre o significado das palavras nas sentenças. Até
já!
1.2 HOMONÍMIA, PARONÍMIA E POLISSEMIA
Até aqui, neste capítulo, observamos que há palavras diferentes que estabelecem relação de
identidade ou de oposição entre si, caracterizando os fenômenos de sinonímia e antonímia.
Agora, queremos analisar três fenômenos importantes: a homonímia, em que palavras com a
mesma sequência sonora ou escrita possuem significados distintos; a paronímia, em que
palavras de som e escrita parecidos podem ser confundidas (na fala e na escrita); e a polissemia,
em que uma mesma palavra tem mais de um significado.
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Esse conteúdo é extremamente importante para tentar compreender os principais
problemas de ortografia que nós e nossos alunos apresentam. Por isso, mais do que expomos
aqui, convidamos você, leitor a observar como esses fenômenos são comuns nos textos que você
lê. Tente marcar esses casos e refletir sobre eles a partir do que apresentaremos aqui. Tenho
certeza de que ficará feliz com o resultado dessa prática.
A homonímia pode se dar com palavras que possuem a mesma grafia, chamadas, assim
de homógrafas. Nem sempre, a pronúncia delas é exatamente a mesma, por isso, a homonímia
entre elas pode ser apenas na escrita. Alguns exemplos:
(10) a. acerto: acordo; primeira pessoa do singular do verbo acertar
b. colher: talher; o ato de realizar a colheita
A homonímia pode se dar também com palavras de grafia diferente, mas com a mesma
pronúncia, chamadas, por isso de homófonas. Aqui, encontramos uma série de exemplos:
(11) a. sessão (reunião); seção (segmento; divisão); cessão (ato de ceder, doar ou transferir)
b. mau (oposto ao bom); mal (contrário ao bem)
c. sem (indica ausência); cem (numeral)
d. tem (singular); têm (plural)
e. sexta (dia da semana); cesta (utensílio para transportar algo)
Por fim, a homonímia pode se dar com palavras que tenham a mesma grafia (homógrafas) e a
mesma pronúncia (homófonas). Alguns exemplos:
(12) a. banco: instituição financeira; lugar para se sentar.
b. manga: fruta; parte da roupa.
c. vale: depressão do terreno; terceira pessoa do verbo valer; espécie de adiantamento
salarial.
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Outro fenômeno que pode contribuir para o trabalho com
ortografia é a paronímia, que consiste na relação entre palavras de
sentidos distintos, mas com proximidade sonora e gráfica, ou seja, são
palavras parecidas na forma, mas diferentes no sentido que carregam.
Vejamos alguns exemplos:
(13) a. cumprimento (saudação); comprimento (medida)
b. descrição (ato de descrever algo); discrição (prudência)
c. ilegível (que não se pode ler); elegível (que se pode eleger)
d. azar (má sorte); assar (preparar o alimento no calor e em
seco)
e. cantaram (passado); cantarão (futuro)
f. tráfego (trânsito); tráfico (negócio desonesto)
Os exemplos acima mostram casos bastante interessantes
relacionados à paronímia, especialmente porque alguns deles
aparecem com frequência na produção textual de estudantes de
diferentes níveis. Destaca-se, entre outros, a morfologia verbal
(exemplo 13e), em que há uma semelhança na pronúncia dos morfemas (–am e –ão), mas não na
tonicidade das palavras: no passado, é paroxítona; no futuro, é oxítona.
O último fenômeno que apresentamos aqui é o da polissemia, que consiste na
possibilidade de um mesmo item lexical (mesma palavra) apresentar diferentes sentidos, mas
com alguma similaridade entre si, conforme o contexto. Tecnicamente, é diferente da homonímia
porque esta se refere a palavras distintas, sem que haja relação entre os sentidos, mas que
possuem mesmo som ou escrita. Vejamos alguns exemplos de polissemia:
(14) a. rede: elétrica; de deitar; de internet
b. pé: de pessoa; de cadeira; de fruta; de página
Nos dois casos, percebemos que há uma relação entre os sentidos: para rede, temos sempre a
ideia de algo feito de partes que se juntam para formar um todo interligado; para pé, a noção de
algo que se encontra na base, na parte mais inferior. Às vezes, a presença de uma palavra que
possua uma das relações discutidas acima pode causar uma ambiguidade na sentença, ou seja, a
Hipercorreção
Tanto a paronímia quanto a
hipercorreção são fenômenos
comuns na fala e escrita dos
alunos de ensino básico.
Mas, enquanto a paronímia é
a semelhança entre palavras,
a hipercorreção se consitui
em um fenômeno no qual o
falante produz uma
expressão não existente, por
acreditar que a forma real
seja incorreta. É o que ocorre
com ele é destraído (no lugar
de distraído) ou ele já tinha
chego (no lugar de chegado).
Para uma discussão sobre o
assunto, ver Bortone e Alves
(2014).
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frase pode ter mais de um sentido atribuído por quem lê. É o que Cançado (2012, p. 73,
exemplos 20 e 21) apresenta nos exemplos a seguir.
(15) a. Aquele canto era o preferido pela Iolanda.
b. O Henrique cortou a folha.
Nesses dois casos, as palavras podem ter mais de um significado a ser atribuído na sentença, o
que causaria mudança de sentido. Assim, dizemos que a ambiguidade é causada pela polissemia
da palavra em destaque.
Neste capítulo, observamos que há uma série de relações entre palavras e expressões que
podem contribuir para o entendimento do que um texto (falado ou escrito) pretende produzir
como efeito de sentido. Ao analisarmos essas relações, podemos enriquecer nossas atividades de
interpretação, análise linguística, produção e revisão de texto, à medida que será necessária uma
reflexão sobre os fatos da língua em suas diferentes manifestações. No final das atividades,
propomos uma cruzadinha com algumas palavras da língua portuguesa, que podem ajudá-lo a
refletir mais ainda sobre esses fenômenos. Pegue uma barra de chocolate e divirta-se!
SÍNTESE
Neste capítulo, o foco foi a relação de significado que as palavras estabelecem entre si.
Primeiro, vimos que a sinonímia está relacionada à manutenção das condições de verdade da
sentença. Em seguida, analisamos alguns casos de antonímia, em que havia uma oposição entre
os sentidos das expressões. Em seguida, passamos aos casos de homonímia, em que há uma
igualdade de grafia ou de pronúncia entre certas palavras, e de paronímia, em que há uma
semelhança na escrita ou pronúncia entre algumas palavras. Finalmente, analisamos a polissemia,
que se constitui na pluralidade de sentidos que uma mesma palavra ou expressão pode provocar.
ATIVIDADES
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Atividades de autoavaliação
01. Assinale a alternativa correta sobre sinonímia.
a) Sinonímia é a substituição de palavras no texto por outras de igual sentido, o que pode ser
feito, inclusive por pronomes de retomada textual, podendo, no entanto, modificar as condições
de verdade da sentença.
b) Sinonímia é um fenômeno linguístico no qual o significado de duas ou mais expressões é
idêntico num dado contexto e a substituição de uma pela outra não altera as condições de
verdade da sentença nesse contexto.
c) Duas expressões são sinônimas se o significado que elas carregam for o mesmo,
independentemente do contexto de substituição, o que garante a permanência das condições de
verdade da sentença.
d) A sinonímia é um recurso linguístico no qual o significado de uma palavra é formado num
contexto específico, sem alterar as condições de verdade do termo que a precede na sentença.
02 – Associe as expressões a seguir a suas definições logo abaixo.
(1) Antônimos binários ou complementares
(2) Antônimos complexos
(3) Antônimos inversos
(4) Antônimos gradativos
( ) Relação de ordem invertida entre expressões. Ex.: empregador vs. empregado.
( ) A aplicação de uma palavra exclui a aplicação da outra. Ex.: morto vs. vivo.
( ) Os termos estão em pontos extremos de uma escala e a negação de um não implica a
afirmação do outro. Ex.: quente vs. frio.
( ) Cada item lexical pode encontrar pelo menos dois outros aos quais pode se opor. Ex.:
empregador vs. empregado e governo.
03 – Enumere as definições de acordo com as expressões correspondentes.
(1) Homônimas
(2) Homógrafas
(3) Homófonas
(4) Parônimas
(5) Polissêmicas
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( ) Palavras de mesma sequência gráfica, mas de sentidos distintos.
( ) Palavras com diferentes significados, mas todos com sentidos relacionados.
( ) Palavras de mesma sequência sonora, mas de sentidos distintos.
( ) Palavras com igualdade gráfica ou sonora, mas significados distintos.
( ) Palavras de semelhança gráfica ou sonora.
04 – Faça a correspondência entre os fenômenos linguísticos e as expressões logo abaixo.
(1) Homonímia
(2) Paronímia
(3) Polissemia
( ) pé de alface; pé de mesa
( ) mal; mau
( ) cesta; sesta
( ) rede de internet; rede de deitar
( ) cumprimento; comprimento
( ) cesta; sexta
05 – Leia as sentenças a seguir e, depois, assinale a única alternativa INCORRETA
sobre elas.
(1) O romance teve um final feliz.
(2) A roupa nesta loja estava barata.
(3) A roupa que comprei nesta loja tinha barata dentro.
a) A palavra romance, em (1), é polissêmica, o que causa a ambiguidade verificada na
sentença: ou se refere a um romance entre duas pessoas, ou se refere a um livro.
b) A palavra barata, em (2), é um adjetivo, com função de predicativo do sujeito a roupa,
sendo homônima ao substantivo apresentado na sentença em (3), cuja função é de núcleo
do objeto direto de ter.
c) Palavras polissêmicas, por possuírem um sentido próximo, podem causar ambiguidade
nas sentenças em que ocorrem, como se observa em (1); já as homônimas não têm
sentidos relacionados, o que evita a ambiguidade, como se vê em (2) e (3).
d) Tanto palavras polissêmicas quanto palavras homônimas podem causar ambiguidade,
exatamente como se observa nos casos em (1), (2), e (3), em que as palavras romance e
barata causam ambiguidade nas sentenças em que ocorrem.
Atividades de aprendizagem
01. Reescreva os ditados populares a seguir, em sua forma mais conhecida.
a) Romper a face:
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b) Creditar o primata de porte mais avantajado:
c) Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o suporte sustentáculo de uma das
unidades de acampamento:
d) Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira:
e) Retirar o filhote de equino da perturbação pluviométrica:
02. As frases acima podem ser consideradas sinônimas? Justifique sua resposta
03. Explique, com suas palavras, por que, apesar de haver antônimos nas sentenças a
seguir elas não são contraditórias?
(1) O João não está alegre e não está triste.
(2) A aluno comeu e não comeu o chocolate.
(3) Alguns alunos passaram, alguns alunos reprovaram.
04. (ENADE, 2014)
Disponível em: <http://www.chargeonline.com.br>. Acesso em: 26 jul. 2014.
Verifica-se que a palavra “pena”, na primeira fala, foi empregada com o mesmo sentido que no
seguinte trecho.
a) “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”
(Fernando Pessoa).
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b) “Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o
que também foi uma pena, mas necessário. Viver pra sempre tão boba e perdida teria
sido fatal” (Tati Bernardi).
c) “E pra deixar acontecer / A pena tem que valer / Tem que ser com você” (Jorge e
Mateus).
d) “A primeira imagem que surge quando o assunto é pena são os pássaros” (Arte no
Corpo).
e) “De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a
minha língua é como a pena de habilidoso escritor” (Bíblia Sagrada – Salmo 45).
05. (FUVEST, 2014)
A tirinha tematiza questões de gênero (masculino e feminino), com base na oposição entre
a) permanência e transitoriedade.
b) sinceridade e hipocrisia.
c) complacência e intolerância.
d) compromisso e omissão.
e) ousadia e recato.
06. Explique com qual assunto deste capítulo a questão anterior está relacionada e aponte
para os elementos do texto que sustentam a resposta dessa mesma questão.
07. (FUVEST, 2014) - Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto
alimentício:
EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS
COM O MELHOR DA NATUREZA
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Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da
natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo,
confiáveis.
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.
Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor
a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.
08. Justifique, com o conteúdo do capítulo, a resposta dada à questão anterior.
09. (ENEM, 2014)
Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma
cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo
bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval,
recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido por Iotti no intertexto. Além dessa figura
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a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao
explorer
a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do
texto de Iotti quanto da obra de Picasso.
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se
a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro.
c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico
presente tanto em Guernica quanto na charge.
d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias retratadas
tanto em Guernica quanto na charge.
e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica
quanto ao contexto do trânsito brasileiro.
10. (ENEM, – 2013)
Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que
publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de
Cultura. Uma frase adequada para expressar sua concordância é:
a) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser
derrubados.
b) Até que enfim! Os edifícios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto
arquitetônico da Rua Augusta.
c) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos
moradores locais.
d) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de
moradias populares.
e) Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser
preservado.
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11. A questão acima baseia-se em um dos tópicos trabalhados neste capítulo. Apresente-o,
explicando de que forma ele contribui para a formulação das alternativas e para a
elucidação da resposta.
12. (UEL, 2013) – Leia o texto, a seguir, e responda às questões.
Numa prova de português do Ensino Fundamental, ante a pergunta sobre qual era a função do
apóstrofo, um aluno respondeu: “Apóstrofos são os amigos de Jesus, que se juntaram naquela
jantinha que o Leonardo fotografou”.
A frase, além de alertar sobre os avanços que precisamos na excelência da educação, é
didática quanto aos cuidados no uso da Língua Portuguesa, preciosidade que herdamos dos lusos,
do galego e do latim.
Por falar em vírgula lembrei-me de caso ocorrido numa cidade paulista. O vereador
proponente lia seu “improviso” na cerimônia de outorga do título de cidadania a um professor de
português. A iniciativa deveu-se ao fato de o mestre ter alfabetizado o nobre edil e outros
munícipes no curso de adultos. O exaltado orador disparou: “Este grande letrista me transformou
num competente palavrista, pontuador e virgopalense”.
O constrangido catedrático, ao discursar, agradeceu, mas recusou a homenagem. “Não a
mereço”, frisou!
Em tempo: virgopalense é o gentílico do município de Virgem da Lapa, localizado no Vale do
Jequitinhonha (MG).
Ao não dar explicações sobre o óbvio, o velho membro do magistério evitou a redundância,
esse vício que polui o idioma, como ilustra o ato de assinatura de convênio para projeto de
piscicultura numa cidade do interior gaúcho: “Vamos vender nossos peixes em todos os países da
Terra”, bradou o prefeito, num arroubo de entusiasmo. “Questão de ordem, Excelência, mas só
nos da Terra? Por que não também nos países de Marte, Vênus e até Saturno?” – ironizou o líder
da oposição na Câmara Municipal.
O poder da vírgula e o das palavras é tão importante que, no passado, o artifício do veto à
pontuação foi usado para mudar o teor das leis contra os interesses da sociedade.
(Adaptado de: SILVA, J. G. O poder da vírgula. Folha de São Paulo, A2 Opinião, 2 set. 2012.)
Ao ser questionado sobre a função do apóstrofo, o aluno
a) ignorou que duas palavras, embora semelhantes quanto à disposição da sílaba tônica, podem
não ser sinônimas.
b) observou que palavras sinônimas tanto podem ser homônimas (iguais na grafia) como
parônimas (parecidas na pronúncia, com significados diferentes).
c) atribuiu o mesmo significado a duas palavras semelhantes quanto à sonoridade, mas diferentes
quanto ao número de sílabas.
d) confundiu os doze apóstolos com os quatro evangelistas do Novo Testamento.
e) demonstrou desconhecer o nome do sinal gráfico (diacrítico) que serve para indicar a
supressão de letra(s) e som(ns) numa palavra.
BERTUCCI, R. A. Introdução à análise da língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2015 (v. preliminar)
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13. Comente o tema da questão anterior, tendo por base o conteúdo visto no presente
capítulo.
14. (UEL, 2012) - Leia o texto a seguir.
O texto faz parte de uma campanha do Governo Federal em favor da doação de órgãos.
a) Qual o sentido de “coração” em cada uma das frases em que aparece? Explique.
b) De que forma o texto é construído para cumprir com o propósito de convencer o leitor sobre a
importância da doação de órgãos? Exemplifique.
BERTUCCI, R. A. Introdução à análise da língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2015 (v. preliminar)
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15. Cruzadinha
10.
7.
9.
2. 4.
1.
2.
3. 5. 6. 7. 8.
3. 8.
4. 9.
5.
10.
6.
Horizontal
1. Parônimo de fragrante.
2. Sinônimo de açucarado.
3. Parônimo de docente,
4. Homônimo de concerto.
5. Parônimo de incerto.
6. Antônimo de proibição.
7. Homônimo de xeque.
8. Parônimo de ratificar.
9. Antônimo de odiado.
10. Sinônimo de itinerante.
Vertical
1. Parônimo de discriminar.
2. Antônimo de distraído.
3. Antônimo de revelado
4. Sinônimo de hipótese
5. Homônimo de taxa.
6. Antônimo de excesso.
7. Sinônimo de autoritário.
8. Homônimo de caçar.
9. Homônimo de senso.
10. Parônimo de iminente