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RELATÓRIO 1 B 1ª SESSÃO: O Retrato 5º Ano Torre, 28 Outubro de 2010

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Page 1: 5º Ano Torre, 28 Outubro de 2010 · 2018. 10. 31. · lugar no dia 28 de Outubro de 2010, com a duração de 1 hora e 20 minutos, na sua sala de aula da Cooperativa de Ensino a Torre,

RELATÓRIO 1 B

1ª SESSÃO: O Retrato

5º Ano

Torre, 28 Outubro de 2010

Page 2: 5º Ano Torre, 28 Outubro de 2010 · 2018. 10. 31. · lugar no dia 28 de Outubro de 2010, com a duração de 1 hora e 20 minutos, na sua sala de aula da Cooperativa de Ensino a Torre,

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Índice

Pág.

RELATÓRIO DA DISCUSSÃO 3

Análise de relevância temática da discussão 4

Leitura do texto

Agenda da Discussão

5

5

Discussão 6

Relevo 7

Recordar 8

Esboço (desenho) 9

Técnica da cerâmica 11

Pintar 12

Primeiro a descobrir 12

Retrato 13

Identidade 15

Análise de relevância da discussão por género (Crianças-participantes e Adultos) 17

1. Porque é que não fez o molde da filha? 18

2. Porque é que ele ofereceu o molde à filha? 19

3. Qual é a importância do esboço? 21

4. Porque é que escolheu argila para moldar? 23

5. Para quê pintar? 24

6. O que é que ele inventou? 25

7. Para que serve o retrato? 27

8. O que é ser pessoa? 28

Análise etnográfica do registo de vídeo 32

Retratos e análise de participação por indivíduo (Crianças-participantes e Adultos) 39

CONCLUSÕES FINAIS 46

REGISTO D CONTROLO 51

Análise do texto e enquadramento no espaço 52

Avaliação da sessão 53

Discussão 54

Observação participante 55

Avaliação da construção de teorias enraizadas 56

Avaliação do processo de pesquisa 57

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RELATÓRIO DA DISCUSSÃO

Os resultados apresentados no presente relatório referem-se a um grupo de 16 crianças-participantes (7 rapazes e 9

raparigas) com idades compreendidas entre os 10 e os 11 anos de idade e de 3 adultos: professor-participante

(CONV3), professor-facilitador (CONV1) e investigadora (INV), que participaram na Sessão de Filosofia que teve

lugar no dia 28 de Outubro de 2010, com a duração de 1 hora e 20 minutos, na sua sala de aula da Cooperativa de

Ensino a Torre, em Lisboa. O grupo de crianças-participantes supracitado pertence à turma do 5º ano de

escolaridade do ano lectivo 2010/2011, e é constituída por um total de 15 crianças-participantes (7 rapazes e 9

raparigas). Do grupo de crianças-participantes referenciado, à excepção de dois rapazes (IND M e IND O), todas as

crianças-participantes desde os 5 anos de idade tiveram sessões regulares de Filosofia apoiadas nos romances de

Matthew Lipman.

A Sessão de Filosofia A que este R1B refere, manteve o protocolo de Lipman assumido por esta investigação e

referido no R1A.

Esta sessão baseou-se igualmente no mesmo texto:

“Ao utilizar também a terra, o ceramista Butades de Sycione foi o primeiro a descobrir a arte de modelar em

argila; passava-se isto em Corinto, e ele deveu a sua invenção à sua filha que se tinha enamorado por um

rapaz; como este ia partir para o estrangeiro, ela contornou com uma linha a sombra do seu rosto projectada

na parede pela luz de uma lanterna; o seu pai aplicou argila sobre o esboço, e fez um relevo que pôs a

endurecer ao fogo com o resto das suas cerâmicas, depois de o ter secado.” (Gil, 2005, p. 17)

Procedimentos

A natureza da discussão, fomentada pelo debate do referido texto entre 15 crianças-participantes, 1 adulto

convidado e 2 adulto-facilitadores que moderaram a sessão, revelou, numa primeira fase, a necessidade de se

compreender que conceitos surgiram nas suas argumentações, como se constituíram e perspectivaram.

Para esta sessão foram mantidos os mesmos procedimentos e pressupostos assinalados no R1A.

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ANÁLISE POR RELEVÂNCIA TEMÁTICA DA DISCUSSÃO

A ARTD resultou da análise da Agenda da Discussão (2ª Fase da Sessão) e da Discussão (3ª Fase da Sessão) e

manteve os objectivos sinalizados no R1A: constituir uma visão de conjunto dos temas lançados na discussão pelas

crianças-participantes, numa perspectiva Grounded theory.

Esta análise manteve-se o mesmo sistema de categorização anteriormente estabelecido: registar a organização

natural da própria discussão por fases alternadas ou distintas (Categorização processual); observar a pertinência de

um conteúdo-base representativo de um tópico que evidencie uma ideia, conceito ou fenómeno que circunscreva ou

auxilie a teoria constituída (Categorização estrutural); investigar e registar os elementos descritivos da(s) obra(s) e

que tipos de relações estabelecem entre si (Categorização descritiva); investigar e registar como é que na percepção

e experimentação da obra se relacionam estes elementos descritivos, ou seja, como é que se estabelece o fenómeno

revelador da experiência estética (Categorização por valorização).

Leitura do texto (1ª Fase)

A Leitura do texto teve a duração aproximada de 47 segundos.

A Leitura do texto (acima referida) iniciou-se com uma leitura e momento de reflexão individual em silêncio,

seguida da leitura em voz alta pelo CONV1 num tom de voz alto, claro e pausado.

Agenda da discussão (2ª Fase)

Code: AGENDA DA DISCUSSÃO

Classificação: CATEGORIA PROCESSUAL (teorização activa)

A Agenda da Discussão descreve a 2ª fase da Sessão e constituiu-se de 9 questões:

1. Porque é que ele escolheu a argila para moldar a cara da filha? IND A (Feminino)

2. Porque é que a filha contornou a cara do namorado? IND J (Masculino)

3. Porque que é que deveu a invenção à filha se foi o namorado dela que ele moldou? IND J (Masculino) e IND

N (Masculino)

4. Porque é que em vez de fazer o molde do namorado da filha ele não fez o molde da filha? IND A (Feminino)

5. Porque que é que ele pôs o fogo na argila para endurecer? IND A (Feminino)

6. Porque é que ela não foi com ele para o estrangeiro? IND A (Feminino)

7. Porque é que ele pôs argila sobre o esboço? IND J (Masculino)

8. Porque é que ele optou por um rosto masculino e não feminino? CONV3 (Masculino)

9. Porque é que o pai fez um relevo e pôs a endurecer ao fogo com o resto das suas cerâmicas? IND N

(Masculino)

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Fig. 1 - Agenda da Discussão (Diagrama)

A categoria Agenda da Discussão (Fig.1) formou-se a partir de 9 questões iniciais que se associaram por

semelhança temática em 4 grupos, sendo que estes estruturaram as subcategorias correspondentes. Assim, a

categoria Agenda da Discussão constituiu-se das subcategorias: 1ª Questão associou questões relacionadas com a

argila enquanto material escolhido para moldar (1ª, 5ª e 7ª questão); 2ª Questão associou questões relacionadas com

a invenção e a intenção de escolha do perfil do namorado em vez do da filha (2ª, 3ª, 4ª e 8ª questão); 3ª Questão

constitui-se da questão que refere distância, a ausência (6ª questão), e por último, 4ª Questão constitui-se da questão

que associa o relevo à técnica utilizada na cerâmica (9ª questão).

Fig. 2 - Agenda da Discussão

(ARTD)

No que diz respeito à ARTD da categoria Agenda da Discussão (Fig.2) constata-se que: a subcategoria 1ªQuestão

apresenta um grau de relevância médio, sendo que, a subcategoria Escolher a argila acusa uma relevância algo

elevada; a subcategoria 2ªQuestão apresenta um grau de relevância elevado; a subcategoria 3ªQuestão apresenta

um grau de relevância muito baixo; e, por último, a subcategoria 4ªQuestão com um grau de relevância muito

baixo.

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AGENDA DA DISCUSSÃO1ª QUESTÃO

Escolher argilaMoldar cara

Fogo para endurecerArgila sobre o esboço

Fazer retrato2ª QUESTÃO

Contornou a caraInvenção

Quem moldarEscolha do rosto

3ª QUESTÃOIr para o estrangeiro

4ª QUESTÃOFez relevo

Fogo para endurecer

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Discussão (3ª Fase)

Code: DISCUSSÃO

Classificação: CATEGORIA PROCESSUAL (teorização activa)

Fig.3 - DISCUSSÃO (Diagrama)

A categoria Discussão (Fig.3) caracteriza a 3ª Fase da Sessão.

Numa primeira fase da Discussão podemos assinalar uma “zona” determinada pela interpretação dos dados que

surgiram directamente do texto, ou seja, constitui-se de subcategorias descritivas de identificação dos principais

tópicos da discussão que derivaram da elaboração de discursos que pretenderam dar resposta às questões da Agenda

da Discussão.

Este é o momento em que se constitui a maior parte das entradas temáticas, ou seja, em que se estabelecem as

primeiras subcategorias, e em que se revela uma concentração de entradas mais dispersas sem que as zonas de

passagem temáticas se possam de facto evidenciar.

Assim, na sua fase inicial da Discussão, a iniciativa de responder à 2ªQuestão “Porque é que em vez de fazer o

molde do namorado da filha ele não fez o molde da filha?” que lançou em debate duas interpretações diferentes que

sustentaram posições distintas que se desenvolveram em torno do conceito de Relevo porque estava mais à mão e

Recordar ou oferecer para recordar, posteriormente, assistiu-se a outros desenvolvimentos conceptuais que

estruturam as subcategorias Esboço (Desenho); Técnica da cerâmica; Pintar; Primeiro a descobrir; Retrato e

Identidade.

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Relevo

Code: DISCUSSÃO \ Relevo

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig.4 - Relevo

(Diagrama)

A subcategoria Relevo (Fig.4) mantém-se enquanto termo generalizado, deriva directamente da 2ªQuestão da

Agenda da Discussão e deriva da preocupação de dar resposta às questões relacionadas com o fazer o molde de

argila, com o facto de o pai ter posto argila sobre o esboço, ou seja, ter dado forma ao esboço, Ex: “Quero

responder à pergunta da [IND A]: Porque é que em vez de fazer o molde do namorado da filha ele não fez o molde

da filha? Porque ele queria oferecer à filha o molde do namorado para ela se recordar do namorado.” IND E

(Feminino)

Esta subcategoria sustentou, posteriormente, na ARDG para a interpretação da 1ª questão de referência a

subcategoria Porque estava mais à mão (p.18), ou seja, o facto de o pai ter colocado argila sobre o esboço do

namorado da filha não passou de um mero acaso que se deveu, talvez, à falta de paciência em fazer ele mesmo um

esboço, por isso, aproveitou aquele que a filha tinha feito Ex: “Eu acho que podia para ser primeiro para ver se

resultava e ter feito aquilo que estava mais… que estava ali e deu uma ideia ao pai” IND J (Masculino).

Esta interpretação destacou-se da interpretação directa dos dados fornecidos pelo texto, assinala uma certa

incredulidade que alimenta uma vontade interrogatória menos envolta no contexto descrito, menos empática e mais

crítica.

Ainda neste contexto surge a subcategoria Não sabia que ia embora em que as crianças-participantes consideraram

a possibilidade de o “escultor” não saber que o namorado da filha ia para o estrangeiro. Ex: “Eu concordo com o

[IND J (Masculino)]. Se calhar o escultor não sabia que o namorado dela ia para outro sítio. Também fazer o esboço

na parede é preciso a sombra, então o namorado estava lá, por isso, podia não saber.” IND C (Feminino); e ainda

Molde em argila Ex: “Mas se ele não conhecesse o namorado, não estava a ver o namorado. Para fazer um molde

mesmo do namorado é preciso que alguém faça o esboço para ele saber exactamente como deve fazer.” IND B

(Feminino)

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No que diz respeito às intersecções assinaladas (Fig.4), verifica-se que há uma intersecção interna que liga a

subcategoria Relevo à subcategoria Molde em argila que acusa o interesse natural e evidente em constituir a

relação directa que existe entre as mesmas. As intersecções externas revelam a derivação da subcategoria Relevo da

1ªQuestão e 2ªQuestão, e da sua participação na constituição das subcategorias Recordar (Relacionado com os

afectos); Esboço (Desenho); Técnica da cerâmica (Argila) e Primeiro a descobrir.

Fig. 5 – Relevo

(ARTD)

No quadro de ARTD das subcategorias associadas a Relevo (Fig.5) revelou ainda um grau de relevância temática

uniformizada e de expressão mediana.

Recordar

Code: DISCUSSÃO \ Recordar

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 6 - Recordar

(Diagrama)

A subcategoria Recordar (Fig.6) deriva de um termo que surge igualmente da 2ª Questão da Agenda da

Discussão e, tal como a subcategoria Relevo, abre o discurso para a interpretação 1ª Oferecer para recordar, isto

é, o pai ofereceu o molde à filha para que esta ficasse com uma recordação do namorado Ex: “Ex: “Quero responder

à pergunta da [IND A (Feminino)]: Porque é que em vez de fazer o molde do namorado da filha ele não fez o molde

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RELEVO

2ª Porque estava à mão

Não sabia que ia embora

Molde em argila

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da filha? Porque ele queria oferecer à filha o molde do namorado para ela se recordar do namorado.” IND E

(Feminino).

Desta interpretação derivou ainda as subcategorias Fazer presente o ausente em que o retrato oferecido fazia

sentido “porque o namorado ia para o estrangeiro” e assim, este objecto permitia que “a filha se lembrasse do

namorado”; e Relacionado com os afectos porque “o pai queria agradar a filha” e porque “a filha gostava do

namorado”. Neste contexto, e com a mesma atitude, houve ainda crianças-participantes que consideraram a

possibilidade de o “escultor” não ter oferecido o retrato à filha, uma vez que o texto não refere esse acontecimento.

No que diz respeito às intersecções assinaladas (Fig.6), verifica-se que há uma intersecção interna que liga a

subcategoria Recordar à subcategoria Relacionada com os afectos.

Fig. 7 - Recordar

(ARTD)

A ARTD da subcategoria Recordar revela um grau de relevância temática uniformizada e expressão mediana

(Fig.7).

Esboço (desenho)

Code: DISCUSSÃO \ Esboço (desenho)

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 8 – Esboço (desenho)

(Diagrama)

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RECORDAR

1ª Oferecer para recordar

Fazer presente o ausente

Relacionado com os afectos

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A subcategoria Esboço (desenho) (Fig.8) surge no início da Discussão associada à subcategoria Relacionada com

os afectos, ao esboço que a filha fez do namorado Ex: “Como a filha gosta do namorado o pai fez o esboço dele na

parede… Ah, então a filha fez o esboço do namorado.” IND D (Feminino) e constituiu-se das seguintes

subcategorias: Material alusiva à relativa importância do material com que a filha de Butates desenhou; Sombra

com breves anotações à importância da sombra para efectuar o esboço; Planear alusivo à importância do esboço

para se conseguir planear um desenho Ex: “Mas se ele não conhecesse o namorado, não estava a ver o namorado.

Para fazer um molde mesmo do namorado é preciso que alguém faça o esboço para ele saber exactamente como

deve fazer.” IND B (Feminino); Identificar surge da sua relação directa com a subcategoria Planear no sentido em

que a qualidade de um desenho planeado através de um esboço prévio, permite a identificação, a semelhança com o

próprio Ex: “Eu acho que ele conseguia [fazer um retrato sem esboço], não conseguia fazer assim uma linha tão

direita, mas conseguia. Todas as pessoas sabem como é que são as outras.” IND C (Feminino); Intenção que refere

que é o nosso olhar, o propósito que temos em mente que sustenta a importância do próprio desenho Ex: “Eu acho

que o que importa é a intenção. Se eu desenhar posso desenhar tudo, posso desenhar uma coisa super mal e posso

dizer que é a Mariana, mas é a minha intenção.” IND D (Feminino).

No que diz respeito às intersecções externas apresentadas (Fig.8) podemos verificar que as questões relacionadas

com o Esboço encontram-se associadas à 1ªQuestão da Agenda da Discussão e a todas as principais subcategorias

constituintes da categoria Discussão.

Fig. 9 - Esboço (desenho)

(ARTD)

A ARTD da subcategoria Esboço (desenho) revela-se como a segunda subcategoria de maior expressão de toda a

análise (Fig.9). Esta subcategoria estende-se ainda às subcategorias:

⋅ Material que apresenta um grau de relevância baixa;

⋅ Sombra com um grau de relevância praticamente diminuto;

⋅ Planear revela uma ascensão do seu grau de relevância;

⋅ Identificar partilha de um grau de relevância temática médio;

⋅ Intenção que apresenta um grau de relevância baixo.

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ESBOÇO (Desenho)

Material

Sombra

Planear

Identificar

Intenção

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Técnica da cerâmica

Code: DISCUSSÃO \ Técnica da cerâmica

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 10 – Técnica da cerâmica

(Diagrama)

A subcategoria Técnica da cerâmica (Fig.10) é um termo adoptado da ARTD exposta no R1A porque enquadra o

mesmo tipo de preocupação, ou seja, contextualizar a Cerâmica e a utilização do fogo Ex: “Porque se a filha

contornou o namorado na parede, mas depois o pai pôs argila, e depois a parede foi ao forno?” IND D (Feminino).

Assim, a subcategoria Cerâmica define-se pela “arte de moldar argila” IND D (Feminino); a subcategoria Material

refere-se à preocupação de o material utilizado para o molde do esboço “não saísse da parede” IND C (Feminino),

que que por sua vez se estende à subcategoria Argila material que endurece e sobrevive ao fogo e à subcategoria

Durabilidade referente à longevidade do objecto criado.

A subcategoria à Técnica da cerâmica não apresenta intersecções internas ou externas (Fig.10).

Fig. 11 - Técnica da cerâmica

(ARTD)

A ARTD da subcategoria associadas à Técnica da cerâmica revelaram um grau de relevância temática

uniformizada e expressão muito baixa, à excepção da subcategoria Argila que apresenta uma expressão mediana

(Fig.11).

Pintar

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TÉCNICA DA CERÂMICA

Cerâmica

Material

Argila

Durabilidade

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Code: DISCUSSÃO \ Primeiro a descobrir

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 12 - Pintar

(Diagrama)

A subcategoria Pintar (Fig.12) apresenta uma estrutura simplificada Ex: “Porque é assim, [sem um esboço] ele não

conseguiria fazer perfeito. É assim, eu vou fazer um quadro, primeiro faço um esboço a carvão e faço o desenho na

tela e depois é que o pinto. Se eu começasse logo a pintar, se corresse mal, como é que depois eu fazia?” IND F

(Feminino). O interesse da subcategoria Pintar para esta análise está directamente associado às intersecções

externas que apresenta, ou seja, à subcategoria Esboço.

Fig. 13 - Pintar (ARTD)

A ARTD da subcategoria Pintar (Fig.13) apresenta uma estrutura simplificada e uma relevância temática bastante diminuta.

Primeiro a descobrir

Code: DISCUSSÃO Primeiro a descobrir

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 14 – Primeiro a descobrir

(Diagrama)

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PINTAR

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A subcategoria Primeiro a descobrir (Fig.14) surge no encadeamento das questões relacionadas com a

subcategoria Técnica da cerâmica (Material) Ex: “Eu acho que como foi ele que começou a moldar argila, claro,

que se ele tivesse começado a fazer qualquer coisa também gostava de fazer isso. Ele começava, como o Fernando

Pessoa a escrever, então começava a gostar de escrever. Eu acho que foi por isso, ele gostava do que inventou.” IND

D (Feminino).

Neste contexto a subcategoria Primeiro a descobrir ramificou-se na subcategoria Fazer de maneira diferente Ex:

“Então, o pai podia estar sem paciência para fazer o seu próprio esboço por isso, usou o esboço que a filha fez do

namorado para fazer.” IND J Masculino; e na subcategoria Apreciar o que se inventa.

A subcategoria Primeiro a descobrir (Fig.14) apresenta intersecções externas associadas às subcategorias Relevo,

Esboço (desenho), e tal como havia sido referido, Técnica da cerâmica (Material).

Fig. 15 - Primeiro a descobrir

(ARTD)

No que diz respeito à ARTD da subcategoria Primeiro a descobrir (Fig.15) e das subcategorias a si associadas

apresentam-se expressões diminutas e baixas.

Retrato

Code: DISCUSSÃO \ Retrato

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 16 - Retrato

(Diagrama)

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PRIMEIRO A DESCOBRIR

Fazer de maneira diferente

Apreciar o que se inventa

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A subcategoria Retrato (Fig.16) surge como resposta à questão colocada pelo CONV 1 (Masculino) “O que é que

ele inventou de facto?”. Assim, as crianças-participantes procuraram estabelecer quais seriam as Qualidades do

retrato “Se [o retrato] saísse imperfeito já não fica a cara da pessoa. Se desenhar (de qualquer maneira) já não sou

eu.” IND D (Feminino).

A subcategoria Qualidades do retrato estende-se ainda na subcategoria Identificação que exprimiu a necessidade

de definir se um retrato perfeito é aquele cuja pessoa retratada é identificada e em que medida este se distingue da

própria pessoa Ex: “É assim, um retrato nunca é a própria da pessoa, não é? mas pode ser… É assim, o retrato, se eu

desenhar o CONV 1 não é o CONV 1 mas é um retrato do CONV 1, e é igual se desenhar o CONV 1 com a cara

virada para ali ou se o CONV 1 estiver com a cara virada para ali, porque é a mesma pessoa, só não está como o

CONV 1 estava quando eu o estava a desenhar.” IND B (Feminino); e na subcategoria Auto-retrato que define o

próprio conceito Ex: “Nós há um tempo nós desenhamos um retrato de nós próprios. Cada um desenhou a si próprio,

a sua cara.” IND L (Masculino).

A subcategoria Retrato (Fig.16) apresenta intersecções externas associadas às subcategorias Relevo (Molde em

argila); Esboço (Planear); Técnica da cerâmica (Material); Primeiro a descobrir (Fazer de maneira

diferente) e Identidade (Sou uma pessoa diferente).

Fig. 17 - Retrato

(ARTD)

No que diz respeito à ARTD da subcategoria Retrato (Fig.17) destaca-se com uma relevância que se pode

considerar elevada, sendo que, a subcategoria Qualidades do retrato que apresenta um grau de relevância temático

baixo e que se estende, ainda, à subcategoria Identificação que apresenta um grau de relevância médio e,

Auto-retrato com uma baixa relevância.

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RETRATO

Qualidades do retrato

Identificação

Auto-retrato

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Identidade

Code: DISCUSSÃO \ Identidade

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva

Fig. 18 - Identidade

(Diagrama)

A subcategoria Identidade (Fig.18) surge como a evolução natural que sucedeu à relação que as

crianças-participantes estabeleceram entre Esboço (desenho) com a sua subcategoria Identificar Ex: “Consigo ver

3 sinais no [IND F]: um debaixo da orelha e dois debaixo do olho, se eu não desenhar os sinais é praticamente a

mesma coisa, é ele na mesma.” IND N (Masculino). Posteriormente, neste 3º momento da Discussão, estabelece-se

a dicotomia Sou a mesma pessoa ou Sou uma pessoa diferente.

Através da subcategoria Identidade as crianças-participantes procuraram estabelecer o que determina a sua

identidade pessoal Ex: “Se nós não fossemos sempre a mesma pessoa quando eu era bebé, se me mostrassem uma

fotografia de quando eu era bebé e diziam assim: - Este és tu! Eu dizia: - Não eu já sou assim, não sou esse.” IND J

(Masculino).

Esta subcategoria estendeu-se à subcategoria Sou a mesma pessoa Ex: “Sim, mesmo se acontecer alguma coisa, a

pessoa continua a ser a mesma pessoa, não passa a ser outra pessoa.” IND E (Feminino) e que se estende, ainda, à

subcategoria Não deixo de ser Ex: “Quando uma coisa da vida dele mudou, muito grande, ele mudou de aspecto

mas não deixou de ser o mesmo.” IND L (Masculino), à subcategoria Não posso mudar Ex: “Não posso mudar. Eu

posso mudar, a minha cara pode ser uma quando sou bebé e a minha cara pode ser outra que é de agora. (…) É uma

mudança, mas eu não mudo de pessoa, não posso ser o [IND Q]” IND C (Feminino) e, à subcategoria Sei quem sou

Ex: “O que eu queria dizer é que uma pessoa não deixa de ser uma pessoa, ficasse uma pessoa um bocadinho

diferente, eu posso não me lembrar de tudo o que já aconteceu na minha vida, mas lembrava-me e por muito que eu

mude todos os meus defeitos, tudo na minha vida, eu sou eu, eu [IND E] sou para sempre.” IND E (Feminino); e à

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subcategoria Sou uma pessoa diferente Ex: “Eu sou adoptado, não é? Então, já não vivo na casa onde vivia antes,

já não vivo com o meu pai, já não vivo nanana… por isso, já não sou eu?” IND J (Masculino); e à subcategoria

Parentesco em que as crianças-participantes elegeram os pais como origem e fundamento das suas existências Ex:

“Não, eu não sou um pouco de mim, sou um pouco da minha mãe e do meu pai que deu o eu. Eu não sou um

bocadinho de mim.” IND F (Feminino) e, que por sua vez, agrega a subcategoria Existo através da qual as

crianças-participantes procuraram determinar os parâmetros nos quais os pressupostos assinalados na subcategoria

anterior se verificam Ex: “Eu, pessoa, depois de ter existido por causa dos meus pais, já não existe por causa dos

meus pais, existo por causa de mim” IND E (Feminino), ou seja, Experiências, Memórias e Mudanças Ex: “Eu

não me lembro de quando era recém-nascida, mas há outras pessoas que se lembram, viram-me quando eu era

pequenina. Então, essas pessoas podem provar que eu existi quando era pequenina.” IND C (Feminino) ou ainda,

Ex: “Eu, quando nasci, não era igual ao que sou agora, podia não ser igual mas sou a mesma pessoa.” IND F

(Feminino).

No que diz respeito às intersecções assinaladas (Fig.18), verificam-se intersecções internas que ligam a subcategoria

Identidade às subcategorias Mudanças e Sei quem sou, e ainda, intersecções externas ambas associadas à

subcategoria Esboço (Desenho).

Fig. 19 - Identidade

(ARTD)

No que diz respeito à ARTD da subcategoria Identidade (Fig.19) esta destaca-se por acusar uma pertinência teórica

e argumentativa de elevada consideraçâo para a construção de sentido nesta Discussão. Assim, a subcategoria

Identidade com uma relevância média-alta, associa a si 3 conceito distintos que se interligam: Parentesco com um

grau de médio-baixo de relevância, que por sua vez se estende ao conceito Existo com um grau de médio-baixo de

relevância que agrega a noção de Experiências com um grau de relevância diminuto, Memórias com um grau de

médio-baixo de relevância, e Mudanças com um grau de relevância médio-alto; Sou a mesma pessoa com um grau

de elevado de relevância que compreende, ainda, a subcategoria Não deixo de ser com uma relevância muito baixa;

a subcategoria Não posso mudar com uma relevância muito baixa; e a subcategoria Sei quem sou com uma

relevância muito baixa; e Sou uma pessoa diferente com um grau de médio de relevância.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031323334353637383940414243444546474849505152

IDENTIDADE

Parentesco

Existo

Experiências

Memórias

Mudança

Sou a mesma pessoa

Não deixo de ser

Não posso mudar

Sei quem sou

Sou uma pessoa diferente

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ANÁLISE DE RELEVÂNCIA DA DISCUSSÃO POR GÉNERO

(Crianças-participantes e Adultos)

A ARDG do R1B manteve o protocolo proposto no R1A. A ARDG trata de um tipo de análise mais fechada que se

desenvolveu a partir da ARTD de modo a possibilitar que se constituam as questões de referência (Fig.20).

A ARDG (Crianças-participantes) do R1B mantém os mesmos parâmetros metodológicos delineados e

apresentados no R1A, pelo que, apenas incide nos comentários e argumentos mais relevantes das

crianças-participantes para as questões de referência. A ARDG (Adultos) das intervenções da INV, do CONV1 e do

CONV3 foram de igual modo consideradas separadamente, por serem adultos.

Tal como no R1A, a ARDG da 1ª Sessão B, permitiu que se constituísse o RAPI (Crianças-participantes) e RAPI

(Adultos) de cada indivíduo considerado.

Fig. 20 – Questões de referência

(Diagrama)

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1. Porque é que não fez o molde da filha?

Fig. 21 – 1.Porque é que não fez o molde da filha? (Diagrama)

A questão 1.Porque que é que não fez o molde da filha? (Fig.21) coincidiu com a primeira questão colocada na

Agenda da Discussão e com a primeira entrada temática da Discussão e estendeu-se, ainda, à subcategoria Porque

estava mais à mão Ex: “Eu acho que podia para ser primeiro para ver se resultava e ter feito aquilo que estava

mais… que estava ali e deu uma ideia ao pai.” IND J (Masculino), contudo, esta última subcategoria apontou o

espaço pertinente para a possível direcção que se veio a revelar na subcategoria Molde em argila e na subcategoria

Não sabia que ia embora.

Esta questão apresenta uma intersecção interna que associa directamente a questão 1.Porque que é que não fez o

molde da filha? à subcategoria que específica a natureza do material que serviu para moldar Molde em argila.

Fig. 22 – 1.Porque é que não fez o molde da filha?

(ARDG - Crianças-participantes)

A ARDG (Crianças-participantes) apresenta, na sua quase integralidade, a questão 1.Porque que é que não fez o

molde da filha? (Fig. 22) com uma relevância diminuta para o género masculino e elevada para o género feminino.

A questão 1.Porque que é que não fez o molde da filha? revelou um interesse relativamente baixo e apenas para o

género feminino que, por sua vez, se estendeu à subcategoria Porque estava mais à mão que apresenta uma

relevância muito baixa apenas para o género masculino Molde em argila de relevância bastante baixa para o género

0 1 2 3 4 5 6 7

1. Porque é que não fez o molde da filha?

Porque estava à mão

Molde em argila

Não sabia que ia embora

MASC

FEM

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19

masculino e média-alta para o género feminino; e Não sabia que ia embora de relevância bastante baixa para

ambos os géneros.

Fig. 23 – 1.Porque é que não fez o molde da filha?

(ARDG - Adultos)

A ARDG das intervenções dos adultos revelou a ausência de entradas relevantes para a questão 1.Porque que é que

não fez o molde da filha? (Fig.23).

A subcategoria Porque estava mais à mão destaca-se pelo papel que o facilitador CONV1 veio a desempenhar, ou

seja, as várias intervenções do facilitador CONV1 em que este pretendeu clarificar a argumentação que por omissão

de parte da expressão poderia ter-se desvanecido no contexto da própria Discussão “Eu acho que podia para ser

primeiro para ver se resultava e ter feito aquilo que estava mais… que estava ali e deu uma ideia ao pai.” IND J

(Masculino). Este fenómeno é representativo de uma das funções exigidas ao facilitador: que a exposição frágil de

uma argumentação pertinente encontre meios para garantir a sua presença na Discussão, permitir que a ideia se

sustente sem que para isso o facilitador a desvie do contexto apresentado pela criança. Fenómenos deste tipo

asseveram um aumento da necessária confiança na criança em relação às suas intervenções e à partilha de discursos.

As restantes subcategorias Não sabia que ia embora e Molde em argila apresentam entradas de ambos os

facilitadores mas de expressão irrelevante.

2. Porque é que ele ofereceu o molde à filha?

Fig. 24 – Porque é que ele ofereceu o molde à filha?

(Diagrama)

0 1 2 3 4

1. Porque é que não fez o molde da filha?

Porque estava à mão

Molde em argila

Não sabia que ia embora

CONV3

CONV1

INV

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20

A questão 2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha? (Fig.24) não surge de uma relação directa com as questões

da Agenda da Discussão mas das ideias desenvolvidas no decorrer da Discussão que se debruçaram em questões

relacionadas com o recordar. Assim, a questão 2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha? estende-se à

subcategoria Oferecer para recordar que por si só oferece uma resposta directa à questão colocada Ex: “Porque

ela podia ter uma recordação dele.” IND N (Masculino), por sua vez, esta subcategoria abre-se para um outro

subnível de categorização que revela a sustentação da natureza deste recordar, ou seja, Fazer presente o ausente

Ex: “É porque ele se calhar queria oferecer um presente à filha, e depois lembrou-se que o namorado dela ia para o

estrangeiro, lembrou-se de lhe dar o esboço do namorado.” IND E (Feminino); e Relacionado com os afectos Ex:

“Eu acho que o pai deu à filha o molde do namorado foi porque se calhar o pai sabia que a filha ia ficar triste e por

isso, para se lembrar, para a filha se lembrar do namorado ofereceu-lhe o retrato.” IND N (Masculino).

As intersecções internas associadas à questão 2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha? (Fig.24) em associação

com a ARDG (Crianças-participantes) (Fig.25) revelam o carácter circunscrito e consistente da construção da ideia

de recordar.

Fig. 25 – 2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha?

(Relevância por género - Crianças-participantes)

A ARDG (Crianças-participantes) apresenta, na sua quase integralidade, a questão 2.Porque é que ele ofereceu o

molde à filha? (Fig.25) com uma relevância baixa para ambos os géneros. Assim, a questão 2.Porque é que ele

ofereceu o molde à filha? estende-se à subcategoria Oferecer para recordar que apresenta um grau relevância

médio para o género masculino e baixo para o género feminino, por sua vez, abre-se à subcategoria Fazer presente

o ausente com uma relevância média-baixa para ambos os géneros; e Relacionado com os afectos relevante para

ambos os géneros, contudo, destacando-se a sua importância para o género masculino.

Fig. 26 – Porque é que ele ofereceu o molde à filha? (ARDG - Adultos)

0 1 2 3 4 5 6

2. Porque é que ele ofereceu o molde à filha?

Oferecer para recordar

Relacionado com os afectos

Fazer presente o ausente

MASC

FEM

0 1 2 3 4

2. Porque é que ele ofereceu o molde à filha?

Oferecer para recordar

Relacionado com os afectos

Fazer presente o ausente

CONV3

CONV1

INV

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A ARDG (Adultos) da questão 2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha? (Fig.26) revelou a pertinência das

intervenções do facilitador CONV1 ao assegurar a exigência por um nível de argumentação claro e conciso das

intervenções remetendo à própria criança a sua intervenção em forma de questão Ex: “Mas a tua ideia é que o pai

resolveu fazer o molde em argila do esboço que a filha fez só para lhe agradar, para ela ficar com uma recordação do

namorado?” CONV1 (Masculino).

3. Qual é a importância do esboço?

Fig. 27 – 3.Qual é a importância do esboço?

(Diagrama)

A questão 3.Qual é a importância do esboço? (Fig.27) não surge de uma relação directa com as questões da

Agenda da Discussão mas da necessidade de responder à solicitação do facilitador com uma melhor argumentação,

tendo-se verificado um retorno aos dados fornecidos pelo texto Ex: “A filha fez o esboço, depois o pai aproveitou o

esboço para fazer o retrato.” IND F (Feminino). Assim, e dendo em conta o referido contexto esta questão abriu um

único subnível de categorização que revela como as crianças-participantes através das suas intervenções

conceptualizaram a ideia de esboço.

No que diz respeito às intersecções verifica-se que todas elas são externas e participam por dupla categorização na

constituição de categorias relacionadas com as questões 1.Porque que é que não fez o molde da filha?; 2.Porque

é que ele ofereceu o molde à filha?; 5.Para quê pintar? e 7.Para que serve o retrato?

Fig. 28 – 3.Qual é a importância do esboço?

(ARDG - Crianças-participantes)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

3. Qual é a importância do esboço?

Intenção

Identificar

Planear

Sombra

Material

MASC

FEM

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A ARDG (Crianças-participantes) da questão 3.Qual é a importância do esboço? (Fig.28) apresenta um grau de

relevância médio-alto apenas para o género feminino, que se estende às subcategorias:

- Intenção apresenta um grau de relevância baixo para ambos os géneros Ex: “Eu acho que o que importa é

a intenção. Se eu desenhar posso desenhar tudo, posso desenhar uma coisa super mal e posso dizer que é a

Mariana, mas é a minha intenção.” IND D (Feminino);

- Identificar com uma relevância muito baixa para o género masculino e uma larga relevância para o

género feminino Ex: “A importância do esboço é que para fazer o molde em argila era preciso ter o esboço,

não é? Senão... Mas se ele não conhecesse o namorado, não estava a ver o namorado. Para fazer um molde

mesmo do namorado é preciso que alguém faça o esboço para ele saber exactamente como deve fazer.” IND

A (Feminino);

- Planear apresenta um grau de relevância muito baixa para o género masculino e média para o género

feminino de Ex: “A importância do esboço é: não se consegue fazer nada sem ter o esboço planeado, nada

planeado, senão tivermos o esboço fazemos uma coisa ao calhas, não planeada” IND F (Feminino);

- Sombra apresenta um grau de relevância muito baixo e apenas para o género feminino Ex: “Se calhar o

escultor não sabia que o namorado dela ia para outro sítio. Também fazer o esboço na parede é preciso a

sombra, então o namorado estava lá, por isso, podia não saber.” IND C (Feminino);

- Material com um grau de relevância muito baixo para ambos os géneros ex: “Um material que não saia da

parede.” IND F (Feminino).

Fig. 29 – 3.Qual é a importância do esboço?

(ARDG - Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 3.Qual é a importância do esboço? (Fig.28) verifica uma intervenção mais

insistente e pertinente do CONV1 tendo o mesmo levantado a questão que deu origem à categoria 3.Qual é a

importância do esboço? Ex: “E qual é aqui a importância do esboço?” CONV1 (Masculino). Outras questões

pertinentes foram igualmente colocadas pelo CONV1 relacionadas com a natureza do Material Ex: “É importante o

material com que ela desenhou ou a linha que ela desenhou?” CONV1 (Masculino). As intervenções da INV foram

diminutas e mantiveram uma intenção de orientação que acompanharam o perfil das intervenções do facilitador

CONV1 Ex: “(…) ela contornou com uma linha a sombra do seu rosto projectada na parede pela luz de uma

0 1 2 3 4 5 6 7

3. Qual é a importância do esboço?

Intenção

Identificar

Planear

Sombra

Material

CONV3

CONV1

INV

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lanterna. O que o [CONV1] está a perguntar é, qual é a importância do esboço para que de facto ele consiga fazer o

retrato? Ele conseguia fazer o retrato sem o esboço?” INV (Feminino)

Por várias vezes verificou-se a dificuldade das crianças-participantes em manterem uma Discussão com

intervenções fluidas e de argumentações bem estruturadas, pelo que, o papel do facilitador manteve-se num perfil de

estímulo e solicitação constantes. A ver se esta turma, para quem a INV é uma estranha, lida bem com esta relação

de orientação preconizada por dois facilitadores. Não se registaram participações do CONV 3 para esta questão.

4. Porque é que escolheu argila para moldar?

Fig. 30– 4.Porque é que escolheu argila para moldar? (Diagrama)

A questão 4.Porque é que escolheu argila para moldar? (Fig.30) retoma a primeira questão colocada na Agenda

da Discussão mas, agora, para enquadrar questões associadas directamente com a técnica da cerâmica Ex: “Porque

é que ele escolheu a argila para moldar a cara da filha?” IND A (Feminino), que se subdivide na subcategoria

Cerâmica Ex: “Porque se a filha contornou o namorado na parede, mas depois o pai pôs argila, e depois a parede foi

ao forno?” IND D (Feminino); e Material que se agrega a subcategoria Argila Ex: “[Ele inventou] a arte de moldar

com argila.” IND D (Feminino) e Durabilidade Ex: “Para ficar muito tempo lá.” IND J (Masculino).

A questão 4.Porque é que escolheu argila para moldar? (Fig.30) apresenta uma única intersecção externa que a

associa à categoria 1.Porque é que não fez o molde da filha? (Molde em argila).

Fig. 31 – 4.Porque é que escolheu argila para moldar?

(ARDG - Crianças-participantes)

0 1 2 3 4 5

4. Porque é que escolheu argila para moldar?

Material

Durabilidade

Argila

Cerâmica

MASC

FEM

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A ARDG (Crianças-participantes) da questão 4.Porque é que escolheu argila para moldar? (Fig.31) revela, em

geral, um grau de relevância muito baixo destacando-se, no entanto, a participação do género feminino. Assim,

subdivide-se na subcategoria Cerâmica de relevância muito baixa e com participação de ambos os géneros; e

Material irrelevante para as crianças-participantes mas que se estende por sua vez à subcategoria Argila com um

grau de relevância média-baixa para o género feminino e muito baixa para o género masculino e à subcategoria

Durabilidade com um grau de relevância muito baixa para ambos os géneros.

Fig. 32 – 4.Porque é que escolheu argila para moldar?

(ARDG - Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 4.Porque é que escolheu argila para moldar? (Fig.32) não provocou grande

necessidade de intervenção por parte dos facilitadores. Porém, assiste-se a uma maior intervenção da INV que

procurou motivar a exploração da ideia do Material Ex: “ (…) para esboçar, não é assim muito importante o

material, mas para o retrato, porque é que é importante o material?” INV (Feminino) ou questões relacionadas

directamente com o esclarecimento da técnica da Cerâmica Ex: “O fogo na argila é para a endurecer.” INV

(Feminino). As intervenções do facilitador CONV1 apresentaram o mesmo tipo de preocupação reforçando

aspectos relativos à Durabilidade remetendo-a de novo para a Discussão em forma de questão Ex: “Tu achas que é

para que a peça possa durar mais tempo?” CONV1 (Masculino), ou ainda, como reforço das intervenções de INV e

que estimulou outras intervenções que participaram na constituição da subcategoria Argila Ex: “A questão da

[INV] é esta que o [IND J] está a colocar: Porque é que o pai pôs argila sobre o esboço? O esboço estava lá e porque

é que ele colocou sobre esse esboço argila?”. Não se registaram participações do CONV 3 para esta questão.

5. Para quê pintar?

Fig. 33 – 5.Para quê pintar? (Diagrama)

0 1 2 3 4 5

4. Porque é que escolheu argila para moldar?

Material

Durabilidade

Argila

Cerâmica

CONV3

CONV1

FEM

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A questão 5.Para quê pintar? (Fig.33) não apresenta grande interesse para o desenvolvimento teórico da

Discussão, porém, no contexto das categorias temáticas que surgiram considerou-se pertinente considerar a mesma

para análise. Ex: “Porque é assim, ele não conseguiria fazer perfeito. É assim, mesmo que eu faça um quadro,

primeiro faço um esboço a carvão e faço o desenho na tela e depois é que o pinto. Se eu começasse logo a pintar, se

corresse mal como é que depois eu fazia?” INDF (Feminino).

As intersecções externas que a categoria 5.Para quê pintar? apresenta (Fig.33) ligam-na à categoria 2.Porque é

que ele ofereceu o molde à filha? (Oferecer para recordar) e 3.Qual é a importância do desenho?.

Fig. 34 – 5.Para quê pintar?

(ARDG - Criança)

A ARDG (Crianças-participantes) da questão 5.Para quê pintar? (Fig.33) não apresenta graus de relevância

significativa para qualquer um dos géneros (Fig.34), contudo, no contexto das categorias temáticas que surgiram na

Discussão achou-se pertinente considerar a mesma.

Fig. 35 – 5.Para quê pintar?

(ARDG - Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 5.Para quê pintar? (Fig.35) não se registou quaisquer intervenções por parte dos facilitadores e CONV3 para esta questão.

6. O que é que ele inventou?

Fig. 36 – 6.O que é que ele inventou?

(Diagrama)

0 1 2 3

5. Para quê pintar? MASC

FEM

0 1

5. Para quê pintar?

CONV3

CONV1

INV

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A questão 6.O que é que ele inventou? (Fig.36) surgiu no decorrer da Discussão Ex: “Eu acho que como foi ele

que começou a moldar argila, claro, que se ele tivesse começado a fazer qualquer coisa também gostava de fazer

isso. Ele começava, como o Fernando Pessoa a escrever, então começava a gostar de escrever. Eu acho que foi por

isso, ele gostava do que inventou.” IND D (Feminino). Esta questão desenvolve, então, o que poderá ser entendido

como o processo artístico que Butates desenvolveu, desde a necessidade de Escolher os materiais apropriados Ex:

“Então ele descobriu como fazer esboços, formas, e usar a argila.” IND L (Masculino); à necessidade de Apreciar o

que se inventa; e à capacidade de vir a Fazer de maneira diferente Ex: “Eu acho que podia para ser primeiro para

ver se resultava e ter feito aquilo que estava mais… que estava ali e deu uma ideia ao pai.” IND J (Masculino).

A questão 6.O que é que ele inventou? (Fig.36) não apresenta intersecções internas nem externas.

Fig. 37 – 6.O que é que ele inventou?

(ARDG - Crianças-participantes)

A ARDG (Crianças-participantes) da questão 6.O que é que ele inventou? apresenta, para a generalidade da

questão, um grau de relevância baixo para ambos os géneros (Fig.37) e estende-se ainda à subcategoria Escolher os

materiais apropriados com um grau de relevância baixo para ambos os géneros; à subcategoria Apreciar o que se

inventa sem qualquer grau de expressão para as crianças-participantes pois tratou-se de uma temática abordada pelo

CONV1; e à subcategoria Fazer de maneira diferente com um grau de relevância média-baixa para o género

masculino e muito baixo para o género feminino

Fig. 38 – 6.O que é que ele inventou?

(ARDG - Adultos)

Tendo a questão colocada surgido no decorrer da Discussão, a ARDG (Adultos) da questão 6.O que é que ele

inventou? (Fig.38) verificou que a participação do facilitador CONV1, para estimular a constituição coerente da

argumentação, teve uma relevância média para a constituição da própria questão 6.O que é que ele inventou? Ex:

0 1 2 3 4 5

6. O que é que ele inventou?

Escolher materiais apropriados

Apreciar o que se inventa

Fazer de maneira diferente

MASC

FEM

0 1 2 3 4 5 6

6. O que é que ele inventou?

Escolher materiais apropriados

Apreciar o que se inventa

Fazer de maneira diferente

CONV3

CONV1

INV

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27

“A tua pergunta é: se ele foi o primeiro a descobrir… Assim não percebo a tua pergunta. Ele foi o primeiro a

trabalhar com esse material e essa foi a descoberta dele. Pode haver uma pergunta que tu tenhas na tua cabeça, tens

é de conseguir formulá-la para se perceber o que queres realmente saber.” CONV1 (Masculino), e na subcategoria

Fazer de maneira diferente em que procurou para manter um entendimento coerente das argumentações Ex: “O

que estás a querer dizer é que como ele gostava do que fazia ia tentando fazer de muitas maneiras diferentes. É

isso?” CONV1 (Masculino). As mesmas subcategorias foram acompanhadas por intervenções da INV, contudo,

com graus de relevância inferiores. Para as restantes subcategorias, ambos os facilitadores participaram, mas com

graus de relevância considerados diminutos.

Não se registaram participações do CONV 3 para esta questão.

7. Para que serve o retrato?

Fig. 39 – 7.Para que serve o retrato?

(Diagrama)

A questão 7.Para que serve o retrato? (Fig.39), revela uma estrutura simples com duas subcategorias

Identificação e Auto-retrato Ex: “Nós, há um tempo, nós desenhamos um retrato de nós próprios. Cada um

desenhou a si próprio, a sua cara… mas, nenhum deles ficou igual a si próprio, mas éramos nós porque tinham sido

inspirados em nós. Se nós desenhássemos não fica igual, mas somos nós, porque na nossa cabeça pensamos que

somos nós.” IND L (Masculino), que se fixa na descrição ou contextualização do conceito em si inscrito – o retrato.

A questão 7.Para que serve o retrato? apresenta intersecções externas que a associam às questões 2.Porque é que

ele ofereceu o molde à filha? (Fazer presente o ausente), 3.Qual é a importância do desenho? e 8.O que é ser

pessoa? (Sou uma pessoa diferente).

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28

Fig. 40 – 7.Para que serve o retrato? (ARDG - Crianças-participantes)

A ARDG (Crianças-participantes) da questão 7.Para que serve o retrato? (Fig.40) revela uma estrutura simples

com duas subcategorias Identificação e Auto-retrato que apresentam, no seu conjunto, graus de relevância muito

baixos para ambos os géneros.

Fig. 41 – 7.Para que serve o retrato?

(ARDG - Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 7.Para que serve o retrato? (Fig.41) verifica que a participação dos facilitadores

manteve-se muito próxima das intervenções dos participantes. A análise desta sessão reiterou o que já se havia sido

registado nas Notas de Observação: a necessidade persistente e ritmada, de estímulo às intervenções, de intervir

concretamente no apoio à conclusão das argumentações para que se efective uma ideia completa. Daí se verificar na

ARDG (Adultos) da questão 7.Para que serve o retrato? (Fig.41), um aumento generalizado de relevância nas

intervenções dos facilitadores em comparação com as das crianças-participantes.

8. O que é ser pessoa?

Fig. 42 – 8.O que é ser pessoa?

(Diagrama)

0 1 2 3

7. Para que serve o retrato?

Identificação

Auto-retratoMASC

FEM

0 1 2 3 4 5

7. Para que serve o retrato?

Identificação

Auto-retrato CONV3

CONV1

INV

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A questão 8.O que é ser pessoa? (Fig. 42) surgiu directamente da intervenção do facilitador CONV1 “Então,

estamos com dificuldades em compreender o que é ser pessoa?” numa altura em que já se estabelecia a dicotomia

entre duas posições, Sou a mesma pessoa e Sou uma pessoa diferente, tal como já havia sido referido na análise

anterior (pág. 15), assim, a questão 8.O que é ser pessoa? foi persistentemente definida pelas intervenções que se

posicionaram em defesa de uma estrutura continua de semelhança na construção da identidade.

O conceito de Parentesco Ex: “Eu, pessoa, depois de ter existido por causa dos meus pais, já não existo por causa

dos meus pais, existo por causa de mim.” IND E (Feminino) serviu como uma espécie de delimitação teórica das

várias argumentações tanto para defesa como para contra-defesa necessária à partilha e submissão das

argumentações das duas posições Sou a mesma pessoa e Sou uma pessoa diferente, ou seja, a subcategoria

Parentesco e a sua estrutura tornaram-se no ponto de cedência das argumentações, na zona em que ambas

comungavam de critérios comuns. Assim, a subcategoria Parentesco revela a sua área temática através da

subcategoria Existo Ex: “Eu não me lembro de quando era recém-nascida, mas há outras pessoas que se lembram,

viram-me quando eu era pequenina. Então, essas pessoas podem provar que eu existi quando era pequenina” IND C

(Feminino) e que, por sua vez, se estende à subcategoria Memórias Ex: “Aqui dentro eu não consigo lembrar-me de

tudo o que eu passei durante 10 anos.” IND B (Feminino); à subcategoria Experiências; e à subcategoria

Mudanças Ex: “O [CONV1] quando nasceu, nasceu assim, mesmo que o [CONV1] tenha mudado de sangue,

mudado de coração, e mesmo que tenha feito uma plástica, o [CONV1] não mudou porque ninguém conseguiu

mudar o [CONV1] para que fosse outra pessoa. Mesmo que mude tem sempre alguma coisa desde que nasceu,

porque é o [CONV1].” IND B (Feminino).

A subcategoria Sou a mesma pessoa Ex: “Eu acho que se como a [IND F] ou o [IND J] estava a dizer, se mudar o

meu aspecto, sou a mesma pessoa, não troco de cérebro, de identidade, não troco nada. Tenho outro aspecto, penso

em coisas diferentes, mas continuo a ser eu.” IND B (Feminino) e que, aparentemente, se opõe à ideia constituída

Sou uma pessoa diferente Ex: “Se nós não fossemos sempre a mesma pessoa quando eu era bebé, se me

mostrassem uma fotografia de quando eu era bebé e diziam assim: Este és tu! Eu dizia: Não eu já sou assim, não sou

esse.” IND J (Masculino), estrutura a sua defesa conceptual dando origem à subcategoria Sei quem sou “Nós

devemos ser sempre a mesma pessoa, porque nós próprios sabemos sempre que somos nós. Tanto por dentro pode

ter mudado algumas coisas mas somos sempre, é sempre o nosso corpo.” IND B (Feminino); à subcategoria Não

posso mudar Ex: “Eu sou uma pessoa, quando nasci era a Carlota, depois nasci a Mariana, depois a Madalena. Isso

não faz sentido por isso eu não posso ser outra pessoa, só posso ser eu, eu não posso de um momento para o outro ser

a Rita.” IND F (Feminino); e à subcategoria Não deixo de Ex: “Quando uma coisa da vida dele mudou, muito

grande, ele mudou de aspecto mas não deixou de ser o mesmo.” IND L (Masculino).

No que diz respeito à subcategoria Sou uma pessoa diferente as argumentações não exigiram que a mesma

sofresse um desdobramento teórico a outros níveis de categorização.

A questão 8.O que é ser pessoa? apresenta intersecções internas e externa à questão 7.Para que serve o retrato?

(Identificação).

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Fig. 43 – 8.O que é ser pessoa?

(ARDG - Crianças-participantes)

A ARDG (Crianças-participantes) apresenta, na sua quase integralidade, a questão 8.O que é ser pessoa? (Fig. 43)

com uma fraca relevância para o género masculino e bastante consistente para o género feminino, ou seja, uma

evidente disparidade para as participações teorizadas por género. Assim, a questão 8.O que é ser pessoa? revelou

uma importância diminuta apenas para o género feminino e estendeu-se às seguintes subcategorias:

- Parentesco que revela a sua área temática através da subcategoria Existo com um grau de relevância baixa

para o género feminino e irrelevante para o género masculino e que, por sua vez, se estende à subcategoria

Memórias com um grau de relevância baixa apenas para o género feminino; à subcategoria Experiências com

um grau de relevância irrelevante e apenas o género feminino; e à subcategoria Mudanças que apresenta um

grau de relevância alta para o género feminino e média-baixa para o género masculino.

- Sou a mesma pessoa com uma relevância elevada para o género feminino e muito baixa para o género

masculino e que se estende à subcategoria Não deixo de ser com um grau de relevância muito baixo para ambos

os géneros, à subcategoria Não posso mudar com um grau de relevância alto e igualmente, apenas para o género

feminino e à subcategoria Sei quem sou com um grau de relevância baixo e apenas para o género feminino.

- Sou uma pessoa diferente apresenta com um grau de relevância irrelevante para o género feminino e baixo

para o género masculino.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

8. O que é ser pessoa?

Parentesco

Existo

Experiências

Memórias

Mudanças

Sou a mesma pessoa

Não deixo de ser

Não posso mudar

Sei quem sou

Sou uma pessoa diferente

MASC

FEM

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Fig. 44 – 8.O que é ser pessoa?

(ARDG - Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 8.O que é ser pessoa? (Fig.44) verificou que a participação do CONV1 foi

relevante para a Discussão, pois, interpelava para que as argumentações procurassem fundamentos, sustentação,

remetendo as afirmações aos seus interlocutores Ex: “Como é que tu afirmas com essa certeza toda… Agora sou eu

que coloco uma questão, como é que sabes que és a mesma pessoa de quando eras bebé, porque é que tu me dizes

isso, que és a mesma pessoa?” CONV1 (Masculino), ou reenviando-as para o centro da discussão, como desafio a

quem o aceitasse Ex: “Todas essas questões podem mudar como dizia há bocado a [INV]. E a pessoa deixa de ser

quem é?” CONV1 (Masculino); ou ainda, clarificando aporias resumindo a clarificando as questões em Discussão

Ex: “Mas a questão que estamos a colocar agora é se antes e agora somos sempre a mesma pessoa, ou se dantes e

agora podemos ser pessoas diferentes. É isto que está aqui em causa agora. Há opiniões divergentes.” CONV1

(Masculino).

As intervenções da INV foram mais escassas, contudo, mantiveram o mesmo tipo de preocupações apresentadas

pelo facilitador CONV1 Ex: “Sim, mas o eu sou, o eu existo…o eu existo é porque há um pai e uma mãe nesta

história?” INV (Feminino). Por parte da facilitadora INV regista-se ainda, a preocupação de se assegurar que

mantinha uma presença ajustada à parceria que deveria estabelecer com CONV1, de modo a não transtornar o bom

desenvolvimento da Discussão.

Apesar de ter pedido para participar na sessão, o CONV3 manteve-se calado, à excepção da sua participação inicial

para a Agenda da Discussão e de duas intervenções próximas do final da Discussão, em torno das questões

associadas Identidade, ou neste caso, à questão 8.O que é ser pessoa?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

8. O que é ser pessoa?

Parentesco

Existo

Experiências

Memórias

Mudanças

Sou a mesma pessoa

Não deixo de ser

Não posso mudar

Sei quem sou

Sou uma pessoa diferente

CONV3

CONV1

INV

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ANÁLISE ETNOGRAFICA DO REGISTO DE VIDEO

Para a AERV desta Sessão adaptou-se por uma abordagem dedutiva, na medida em que foi observado um evento

específico e fortemente conduzido pela questão desta investigação, e que foi anteriormente objectivado e delineado

no R1A.

Esta análise mantem o protocolo assumido e teve em conta: a relação dos comportamentos físicos com o espaço

físico envolvente; desses comportamentos físicos com as obras previamente selecionadas; e ainda, a associação dos

comportamentos físicos aos momentos e à qualidade dos discursos dos intervenientes.

Assim, a AERV mantem-se organizada de acordo com dois momentos específicos: 1º Momento refere-se aos

comportamentos referentes ao momento em que as crianças-participantes entraram em contacto com o espaço onde

as obras estavam expostas e a observação directa das mesmas; o 2º Momento refere-se aos registos

comportamentais durante o decorrer da própria Sessão.

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Análise etnográfica do registo de vídeo

TEMPO CATEGORIA ACÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO OBSERVAÇÃO 00:00:00 00:01:06

(sem categorização)

As crianças-participantes tiveram de preparar a sala – mesas em quadrado fechado. A câmara não regista IND N e o IND O, e IND C apenas parcialmente. CONV1 explica presença de INV e o propósito destas sessões

CONV1 explica a necessidade da autorização que os pais já deviam ter assinado (o professor esqueceu-se). Inicialmente as crianças-participantes ouvem atentamente o professor, mas depois a entrada de outro Professor interrompe a explicação. INV toma então a iniciativa explica e distribui os textos. INV explica necessidade de ter dois suportes de gravação da sessão. Quando falamos as crianças-participantes ficam caladas e atentas. Alguma distracção IND L, IND G, IND Q e IND F.

Sobreposição de vozes Resposta comportamental adaptada às circunstâncias.

00:02:50 00:04:45 00:05:08

Aguardam pacientemente início da sessão INV regista nomes das crianças-participantes

Distribuição do texto. IND I lê o texto as outras crianças-participantes mantêm-se em conversa (a sessão não foi ainda iniciada pelo CONV1) IND O e IND M nunca tiveram filosofia. CONV 1 esclarece IND O sobre as duas folhas que lhe foram entregues Algumas crianças-participantes começam a ler o texto INV pede que cada criança diga o seu nome e regista-o numa planta da sala. Todos aguardam pacientemente.

Actividades diversas (enquanto aguardam início da sessão) Registo dos nomes

00:07:00 00:08:55

CONV1 explica Regras da Filosofia

CONV 1 fala para o IND O e o IND M pois é a primeira vez que vão ter uma sessão de filosofia. Todos ouvem atentos. IND D e IND C observam o que eu faço: mapa dos alunos na sala IND M e IND O estão atentos ao CONV 1 CONV 3 entra na sala CONV 1 repreende IND Q

00:09:31 00:10:10

Leitura individual CONV1 convida CONV3 a permanecer e assistir à sessão

CONV 1 pede que cada um leia o texto em silêncio e comunica que depois faz uma leitura em voz alta. Todos lêem em silêncio. CONV 3 permanece na sala atento ao que se está a passar enquanto faz coisas que lhe dizem respeito. CONV 1 fala em surdina com CONV 3, explica-lhe o que estamos a fazer. CONV 3 fica a participar na sessão, põe-se de cócoras junto do IND L. INV levou cadeira ao CONV 3.

Leitura individual do texto

00:11:53 Leitura em voz alta (47 seg.) CONV 1 inicia leitura do texto. Todos ouvem com atenção. CONV1 lê texto em voz alta 00:12:40 00:15:05 00:15:51

Agenda da Discussão Colocação de questões Registo das questões no quadro Instigação

IND A coloca dedo no ar. Demonstra alguma dificuldade em formular a questão. CONV1 esclarece os dados e insiste na reformulação da questão. INDA insiste na questão. IND F esclarece dados referentes ao texto CONV1 pede que pense melhor a questão. INV perante o embaraço da INDA esclarece-a acerca dos dados do texto que lhe servem para formular a questão. CONV1 insiste e se o que a INV disse servir à IND A, então que formule de novo a questão. IND Q brinca com a folha do texto IND P olha abstraído com a cabeça apoiada na mão. IND O de cabeça deitada na mesa risca a folha de papel IND J coloca a mão no ar. IND Q espirra e levanta-se para se ir assoar CONV1 escreve a 1ª questão no quadro IND J coloca a sua questão. CONV1 escreve a 2ª questão no quadro.

Dificuldade em formular questão (embaraço) Contextualização do texto Dinâmica comportamental Regra da discussão: dedo no ar Registo de alheamento aparente Registo de alheamento efectivo Facilitadores comportamentos Instigação: colocação correcta da questão

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00:16:45 00:17:18 00:18:09 00:19:14 00:19:37 00:19:42 00:19:52 00:20:48 00:21:30 00:22:16 00:24:40 00:26:28 00:28:28

Contextualização do texto

CON1 pede mais perguntas. IND M, IND H, e IND B esclarecem entre si que argila é barro. IND J coloca 3ª questão. CONV1 escreve no quadro IND G, IND F comentam em surdina entre si. Estão todos em silêncio e observam CONV 1 a escrever no quadro IND A põe o dedo no ar, coloca a 4ª questão. CONV1 escreve questão no quadro IND C coloca o dedo no ar IND G coloca o dedo no ar IND C coloca a 5ª questão. CONV1 comenta o “sussurro” que se ouve na sala. CONV1 escreve questão no quadro IND N, IND D e IND L colocam o dedo no ar. IND D coloca questão, dificuldades na formulação da mesma, por isso fica a pensar. IND N coloca questão. CONV1 informa que a questão já foi formulada. Todos observam atentos IND L pede esclarecimento acerca do texto. CONV1 esclarece. IND A coloca 6ª questão. CONV1 escreve questão no quadro. IND D pede esclarecimento em relação a dados do texto Alguma agitação e conversas em surdina, burburinho. IND J coloca o dedo no ar., formula a 7ª questão. INV esclarece âmbito da questão e CONV1 escreve questão no quadro. CONV1 prepara-se para ler as questões mas é interrompido pelo CONV3 que coloca 8ª questão, CONV1 escreve questão no quadro. IND N coloca 9ª questão, CONV1 escreve questão no quadro INV esclarece âmbito da questão. Comportamentos algo agitados, burburinho. CONV1 lê todas as questões com o objectivo de ver quais se podem associar. Todos observam atentamente. IND E e IND A brincam abstraídas do que se passa. IND F escreve. IND G e IND Q brincam abstraídos.

Contextualização do texto Regra da discussão: dedo no ar Ruído e conversas cruzadas Contextualização do texto Contextualização do texto Contextualização do texto Ruído e conversas cruzadas Tipologia das questões (agrupar) Registo de alheamento efectivo

00:32:05 2ª Questão

Relevo Recordar

DISCUSSÃO

Instigação Aclaração de intervenção

Início da Discussão. CONV1 pergunta à turma quem quer avançar. Comportamentos revelam uma quietude atenta, salvo algumas actividades em dupla como IND G e IND Q, até à intervenção de IND E, que fez com que a IND B, a IND C e IND D se agitassem (mudança de posição na cadeira, corpos chegados frente e dedos na boca). Seguiu-se intervenção de IND J. CONV1 organiza reapresentando intervenção de IND J. Várias actividades silenciosas em dupla ou individuais (escrever e/ou desenhar) e outras de atenção e observação.

INÍCIO DA DISCUSSÃO Facilitadores comportamentos Instigação (continuidade discursiva) Aclaração de intervenção Perfis comportamentais Alheamento aparente Atenção e motivação

00:34:30 00:35:35

Recordar

Pintar Esboço

Instigação Objectivação

CONV1 reenvia questão para Discussão. Ligeira agitação e ruído de lápis sobre as mesas Mantêm-se os comportamentos de actividades silenciosas em dupla ou individuais (escrever e/ou desenhar) e outras de atenção e observação. Intenção de participação moderada. CONV1 comenta a falha de resposta à questão. Concordância colectiva Silêncio – CONV1 com expressão de que teria de voltar a instigar as intervenções mas declinou perante a intervenção da INV que acabou por resultar num sobressalto de pedidos de intervenção. Algumas dificuldades na estruturação das intervenções exigem um

Facilitadores comportamentos Instigação (devolução de intervenção) Objectividade na intervenção Perfis comportamentais Alheamento aparente Atenção e motivação Motivação – interesse intrínseco à apresentação de argumentos Argumentações de estrutura limitada

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00:37:00 00:37:33

Relevo

Contextualização do texto

constante estímulo dos facilitadores. Alguns comportamentos isolados e de alheamento ao que se está a passar. (Falta de motivação?) CONV1 censura o burburinho Intervenção de INV para rectificar dados utilizados na argumentação de IND D referentes ao texto CONV 3 levanta-se e vira as folhas onde os IND Q e IND F estavam a desenhar e regressa ao sue lugar. IND M desenha, IND E e IND A mantêm actividade paralela, IND G brinca com o lápis – alheamento de alguns indivíduos durante as intervenções dos colegas

Alheamento efectivo Contextualização do texto Alheamento aparente

00:38:15 00:38:53 00:39:40

Arbitrariedade Regras

CONV 1 retoma questão colocada anteriormente, no início da Discussão Vários pedidos de intervenção. IND J com intervenção céptica/incrédula. Comportamentos atentos CONV1 agarra intervenção incrédula do IND J e reenvia-a para a discussão. Procura através da contínua devolução da argumentação em forma de questão educar para o rigor dos juízos que se podem considerar de conteúdo algo leviano. CONV1 manda calar o burburinho e lembra as regras da Filosofia.

Perfis comportamentais Atenção e motivação Facilitadores comportamentos Arbitrariedade: rigor nos juízos e objectividade (educativo) REGRAS DA FILOSOFIA

00:40:13 Esboço

Relevo CONV1 retoma a intervenção de IND J e questiona-o Necessidade de estabelecer a importância do material abre uma “zona” mais densa d a categoria Esboço. Comportamentos atentos e participativos

Esboço Interesse intrínseco pela Discussão

00:41:16 T. Cerâmica 1º Descobrir Retrato

Instigação

Intervenção de CONV 1 para uma especificação das qualidades do material inaugura a categoria Técnica da cerâmica. Comportamentos alheados e outros atentos e participativos. Retomam-se questões da Agenda de discussão. Silêncios e instigações a argumentações mais estruturadas. Intervenções calmas mas com necessidade contínua da participação de CONV1 para as ordenar. As intervenções da INV desviam algumas crianças-participantes dos seus comportamentos alheados

Técnica da cerâmica Perfis comportamentais Atenção e motivação Alheamento aparente Facilitadores comportamentos Instigação: Objectividade na intervenção

00:46:12 00:47:33

Esboço 1º Descobrir Retrato Relevo

Interligação categorial

Participação motivada de vários indivíduos. A procura da resposta, a necessidade de organização e interpretação dos dados fornecidos pelo texto criou uma espécie de dinâmica cruzada entre os diversos participantes. Mesmo os que tinham permanecido em comportamento alheados até agora, começaram a participar e acrescentar valor aos conteúdos em Discussão. CONV1 assinalada que a Discussão ainda está ao nível da interpretação, para entender o que a história conta.

Perfis comportamentais Atenção e motivação Motivação – interesse intrínseco à apresentação de argumentos

00:47:38 00:50:23 00:51:05 00:52:42

Esboço Retrato Relevo Recordar

Contextualização do texto

Retoma-se agora a pergunta inicial: “Porque é que em vez de fazer o molde do namorado da filha ele não fez o molde da filha?” CONV1 resume história. Intervenção do IND J leva CONV1 a questionar a sua possível ligação à 3ª questão da Agenda de Discussão. Interrupção da discussão pelo IND M para ir à casa de banho, despertou a atenção dos mais alheados. Intervenção acesa e de argumentação bem estruturada de IND F IND A e IND E permanecem a jogar ao galo (?) CONV3 incentiva IND L a manter o dedo no ar (a não desistir)

Contextualização do texto Perfis comportamentais Comportamentos alheados Comportamentos atentos Comportamentos participativos Narrativas pessoais Argumentação bem estruturada

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Instigação

Comportamentos algo agitados, várias solicitações de participação com o dedo no ar Intervenções da INV e do CONV1 procuram alargar o âmbito e profundidade das questões. Comportamentos mais agitados que se pacificam para dar atenção à alguma intervenção mas que depois, retomam de novo a alguma agitação. Quando o IND M regressou da casa de banho, ao passar pela câmara de filmar, deitou a língua de fora. Talvez este episódio seja demonstrativo do facto de as crianças-participantes não estarem totalmente abstraídas do efeito que a câmara lhes provoca. (eu, enquanto participo na sessão, abstraiu-me completamente da presença da câmara)

Regra da discussão: dedo no ar Instigação: Objectividade na intervenção Comportamentos agitados e atentos

00:55:07 00:58:08 00:58:42 01:00:20 01:02:40 01:05:13 01:06:24 01:06:36

Identidade Esboço Retrato Relevo

Intervenção de IND O abre a categoria Identidade. Comportamentos atentos e participativos com vários pedidos de intervenção. Argumentações mais densas e com claras preocupações de estruturação. IND F dá entrada na discussão a argumentações num tom mais aceso. Tons de voz mais acesos.

Identidade Comportamentos agitados, atentos e participativos Narrativa virtual (testar hipótese) Tons de vozes acesos

Retrato Esboço

Instigação

CONV1 repreende IND M por ter não ter colocado o dedo no ar e ter interrompido IND F. Vários pedidos de intervenção. Tons de voz mais acentuados. CONV1 repreende IND M por falar sem colocar o dedo no ar. CONV3 manda silenciar o burburinho. Intervenções acesas e de argumentações mais estruturadas (defesa e posicionamento) Linguagem física mais agitada, alguma impaciência, braços no ar a solicitar intervenção CONV1 pede prova argumentativa das afirmações que IND F defende. CONV1 insiste na apresentação no esclarecimento/prova das argumentações. Argumentações acesas. IND J toma posição pela diferença (Não sou a mesma pessoa) CONV1 insiste na apresentação no esclarecimento/prova das argumentações. Comportamentos físicos agitados. Elevação do tom de voz. Necessidade de uma intervenção mais arbitrária da dinâmica da discussão. CONV1 esclarece as duas posições em discussão (opiniões divergentes) CONV1 interrompe intervenção da IND C porque considerou que esta deveria seguir a evolução da discussão e mantém a questão das opiniões divergentes.

Arbitrário e educativo Comportamentos agitados, atentos e participativos Arbitrário e educativo Argumentação bem estruturada Narrativas pessoais (sustentar argumentação) Narrativas virtuais (testar hipótese) Instigação: Objectividade na intervenção Comportamentos atentos e participativos Tons de vozes acesos Exposição das ideias/posições Objectividade: dar seguimento à questão em discussão

01:07:01 01:10:11

Identidade Instigação

A juntar ao pedido do CONV1 de que as intervenções tivessem em consideração as duas posições divergentes, a intervenção de INV acentuou ainda mais a questão. Estas intervenções fizeram com que as participações e argumentações adensassem a estruturação da categoria Identidade. Argumentações com elevação do tom de voz (vozes projectadas) CONV1 exige uma argumentação mais incisiva na tomada de posição Comportamentos atentos e expectantes. As argumentações apesar de se terem alterado (mais densas) não se constroem segundo um nível de abstracção mais elevado, ou seja, são utilizados os mesmos critérios e por isso, mantém-se a mesma linha de pensamento - CONV1 insiste no pedido de outra abordagem. Comportamentos de interiorização se agitam e exaltam perante a

Exposição das ideias/posições Tons de vozes acesos Comportamentos atentos e expectantes Instigação: Objectividade na intervenção

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01:11:27 01:12:21 01:13:12 01:15:56 01:17:01 01:19:17 01:22:25 01:23:17 01:24:07 01:25:58 01:26:22 01:28:44

Instigação Instigação Instigação

intervenção de CONV1 – CONV 1 assumiu a dificuldade de definição do que é ser pessoa. IND J levanta-se e aguarda em pé e de dedo no ar que seja aceite o seu pedido de intervenção. IND F agita-se na cadeira e aguarda com o dedo no ar. INV associa-se à intervenção do CONV1 (Saídas e entradas das idas à casa de banho) Foi dada a palavra à IND B, comportamentos serenam e aguardam atentos. Interrogatório dirigido ao próprio CONV1 que toma posição salientando o quanto está diferente, o quanto mudou. INV faz o ponto de ordem Argumentações acesas. IND J impacienta-se porque está há muito tempo de dedo no ar. Levanta-se e agita-se impaciente. CONV1 insiste no esclarecimento das argumentações CONV3 intervém (sem se inscrever na discussão) para demonstrar à IND F que os seus argumentos se contradizem. IND J senta-se mas mantém dedo no ar. A palavra é dada ao IND J Comportamentos agitados mas bem-dispostos. Generosidade e disponibilidade emocional na argumentação de IND J que fala do seu caso pessoal. CONV3 manda silenciar burburinho Comportamentos atentos e disponíveis. Intervenção de INV pede, subtilmente, à IND E um esforço para elevar o nível da argumentação – mais focalização nos dados da argumentação e menos explicações alargadas. (CONV1 sorri) Elevação dos tons de vozes – intervenções animadas CONV3 manda calar IND Q Argumentação de IND E regressa a uma estruturação com a utilização dos mesmos critérios. Muitos risos e conversas cruzadas CONV3 pede ordem nas intervenções Comportamentos serenaram, ouve-se, e há quem aguarde pacientemente de dedo no ar. Para suavizar a dificuldade de argumentar a diferença e sustentar a posição das argumentações CONV1 abre uma possível “janela” à abordagem da diferença. O entusiasmo impede que se respeite a inscrição na discussão com o dedo no ar, intervenções sobrepõe-se. IND D comenta a “provocação” do CONV1, mas na procura da sua melhor argumentação, na tentativa de tentar superar a mesma tipologia de abordagem, fica silenciosa. Comportamentos agitados (apresentam sinais de cansaço e impaciência) CONV1 insiste no esclarecimento das argumentações. Remete ao próprio a argumentação em formato de questão. Comportamentos atentos e silenciosos demonstram o interesse em querer assistir à superação dessa necessidade de elevação da argumentação. Intervenções entusiásticas seguidas com atenção pelos outros participantes. Conversas cruzadas e intervenções de resposta directa Intervenção de IND F eleva a tipologia das argumentações Intervenção de IND E mantém o mesmo nível de argumentação.

Comportamentos agitados e expectantes Comportamentos atentos às intervenções Comportamentos agitados e expectantes Instigação: Objectividade na intervenção Interesse intrínseco à dinâmica da Discussão Narrativas pessoais Comportamentos atentos e disponíveis Instigação: Objectividade na intervenção Tons de vozes acesos Apoio: Objectividade na intervenção Comportamentos agitados mas animados Comportamentos agitados denunciam algum cansaço Instigação: devolução em questão Comportamentos atentos e curiosos Comportamentos agitados Argumentações fortes

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Comportamentos agitados denunciam cansaço. Comportamentos agitados (cansaço) 01:30:19 Intervenção de CONV1 lança desafio final e põe termo à discussão. Apesar de a Discussão ter sido dado como finalizada IND D, IND B, INDE,

continuam a discussão e tentam resolver a questão do ser diferente ou ser a mesma com CONV1. A conversa mantém-se animada enquanto se preparam para ir para o recreio. As meninas rodeiam o CONV1 a continuam a discutir animadamente E N. IND J e IND M brincam com a câmara. Ouve-se num ponto morto de registo da câmara que a discussão continua com o grupo de meninas. INV vira a câmara para registar essa discussão animada que não termina apesar do recreio. CONV1 continua a argumentar entusiasmado. Meninas passam a discutir com a INV. Conversa continua animada entre CONV1, INV e CONV3.

Obs. Verificou-se uma Discussão motivada aquando da construção da categoria Identidade. A IND F (Feminino) debateu-se para apresentar a sua versão realista da vida, sendo que a verdade, o que é verdadeiro, é aquilo que corresponde directamente com o real. A insistência do CONV1, marcou artificialmente as duas posições acerca da mesma questão. Assim, Sou a mesma pessoa é uma posição natural e Sou uma pessoa diferente tornou-se numa posição a considerar por imposição. Para esta posição Sou uma pessoa diferente, para além do CONV1 a referir frequentemente, apenas houve duas intervenções do IND J (Masculino) nesse sentido. Como reacção à contínua insistência do CONV1, que não permitiu desvios ao assunto, as crianças-participantes desenvolveram argumentações de defesa relacionadas como o Parentesco, ou seja, narrativas reais ou pessoais com as quais sustentavam as suas argumentações, esta subcategoria acabou por se revelar o lugar de contradição que suavizava o aparente antagonismo apresentado pelas duas posições. A necessidade de terminar a sessão (que durou 01:18:00) deixou no ar a questão: será que as crianças-participantes iriam conseguir que as suas argumentações se estavam a tornar contraditórias? O modo empolgado com que continuavam a discutir após a finalização da discussão obriga a registar que, de facto, estava latente um desconforto, mantinha-se acesa a necessidade de dar resposta a esse incómodo de não terem chagado a uma conclusão.

�É necessário reflectir e verificar como é que a incompletude dos assuntos surgidos na discussão pode estimular e animar a vontade de continuidade das sessões (como uma espécie de estímulo que produz arritmias de satisfação e insatisfação).

Na última fase da discussão verificou-se um maior e mais diversificado número de intervenções que foram acompanhadas de tons de vozes mais elevados (mediante o entusiasmo das intervenções que visavam a defesa e/ou refutação de uma determinada argumentação). Verificou-se ainda que, em geral, as narrativas apresentavam-se do seguinte modo: narrativas reais ou pessoais visam a sustentação da argumentação; narrativas virtuais procuram testar hipóteses.

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RETRATOS E ANÁLISE DE PARTICIPAÇÃO POR INDIVÍDUO

(Crianças-participantes e Adultos)

A RAPI (Crianças-participantes e Adultos), tal como foi referenciado no R1A, apoia a necessidade de definir, não

só o modelo de participação por indivíduo em relação às categorias balizadas pela ARTD, mas também a

sinalização da tipologia do carácter argumentativo de cada uma das crianças-participantes.

Visualizar o mapeamento categorial da participação de cada indivíduo (da Fig. 45 à Fig.62) e a descrição da

respectiva participação na dinâmica do grupo, permitiu aceder a uma maior sensibilização das possíveis relações

comportamentais e permitirá avaliar a evolução das suas participações. De igual modo foi integrado o retrato de

participação dos facilitadores de modo a compreender a necessidade ou dispensabilidade das suas intervenções, o

carácter e tipologia das mesmas.

Fig. 45 – IND A Feminino

IND A iniciou a Agenda da Discussão e participou na mesma com 3 questões

que abrangeram várias categorias temáticas: Relevo, Recordar, T. Cerâmica,

Primeiro a descobrir. Todavia, esta sua disponibilidade inicial teve uma quebra

abrupta no que diz respeito à Discussão, pois manteve um comportamento

alheamento aparente e em jogos com a parceira de mesa IND E. Quem sabe esta

disponibilidade inicial não terá ficado algo tolhida pela dificuldade na

formulação da questão.

No final da discussão, a sua intervenção diminuta surgiu por empatia ao tema que

se estava a desenvolver.

De natureza paciente e de voz hesitante e entrecortada por pausas algo

prolongadas, apresentou durante uma grande parte da discussão um

comportamento aparentemente alheado.

Fig. 46 – IND B Feminino

IND B interveio pontualmente nas questões relacionadas com o Relevo, Retrato,

T. Cerâmica e Primeiro a descobrir, tendo, contudo, revelado um maior

interesse pela questão do Esboço e da Identidade.

O seu comportamento revelou-se atento, motivado e sensível à instigação dos

facilitadores.

No início verificaram-se algumas conversas pontuais com a parceira de mesa

IND I. As suas intervenções foram pontuais, durante a maior parte da discussão,

contudo, na fase final da discussão acentuaram-se. Em geral as suas

argumentações são consistentes, bem estruturadas. O seu tom de voz é pausado e

ondulante.

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Fig.47 – IND C Feminino

A participação da IND C foi regular no sentido em que participou tanto para a

constituição da Agenda da Discussão como no desenvolvimento da discussão.

As suas intervenções respeitam os pressupostos da Filosofia com Crianças:

respeito pelas regras (dedo no ar, atenta ao que se diz) e intervenções organizadas

(“concordo, porque…”); e concentraram-se nas questões relacionadas com

Relevo, Esboço, T. Cerâmica, e Identidade.

Verificou-se, também, que recorreu a narrativas pessoais para

exemplificar/sustentar a sua argumentação.

A dada altura para dissipar alguma sonolência (bocejos), distraiu o corpo

enquanto brincava com um livro, contudo, manteve o seu olhar atento aos

movimentos dos colegas que intervinham na discussão.

Fig. 48 – IND D Feminino

Parceira de mesa da IND C, a IND D, manteve um comportamento muito

idêntico: atenta, participativa, interessada e respeitadora das regras (dedo no ar,

atenta ao que se diz).

No início da discussão teve necessidade de apoio por parte dos facilitadores, com

o objectivo de melhor estruturar a sua intervenção.

Intervenções concentradas nas questões relacionadas com Recordar, Esboço,

Técnica da Cerâmica e a Identidade.

Quando se retoma a questão do Esb T. Cerâmicaoço na discussão, introduz a

questão da intenção e do olhar.

Fig. 49 – IND E Feminino

A IND E foi parceira de mesa da INV A pelo que, tal como havia sido

mencionado, verificou-se um comportamento de alheamento efectivo durante

uma grande parte da discussão com intervenções diminutas.

Na 2ª entrada das questões relacionadas com o Esboço as suas intervenções

tornam-se mais acentuadas sendo que, o seu comportamento alterou-se

radialmente para uma participação atenta nas questões relacionadas com a

Identidade, motivada, integrada no contexto da discussão e por vezes algo

agitada.

A sua participação apresenta-se num perfil de extremos, ora alheada, ora

motivada.

No que diz respeito ao perfil desta atitude mais motivada, o seu tom de voz doce

toma por vezes uma expressão mais firme e reivindicativa da verdade que

defende. A IND E apresenta-se como uma das participantes que na fase final da

discussão elevou a sua argumentação a um nível que pretendia mais abstracto.

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Fig. 50 – IND F Feminino

A IND F manteve um comportamento de alheamento aparente com registos de

agitação física para espantar alguma sonolência e com frequentes momentos de

alheamento efectivo em que se mantinha distraia com objectos pessoais ou em

outras actividades com o IND Q, colega de mesa, e IND G.

A sua participação iniciou-se muito pontualmente no final da interpretação dos

dados do texto e nas questões relacionadas com o Esboço, sendo que no seu

primeiro registo de intervenção não respeita as regras de comportamento e

sobrepõe-se ao colega que estava a tentar responder. Depois de se ter recolhido

para um alheamento aparente, retoma a discussão respeitando agora as regras de

comportamento. Ainda neste contexto das questões relacionadas com o Esboço,

foi a participante responsável pela entrada das questões relacionadas com Pintar,

servindo-se de narrativas pessoais para exemplificar o seu ponto de vista.

O seu comportamento físico, bem como o seu tom de voz, são bastante

expressivos: passa do tom cordial para um mais afirmativo, para um outro mais

empolgado e reivindicativo da certeza que assiste as suas argumentações.

Nas questões relacionadas com a Identidade, a sua participação usufruiu

largamente desta expressividade e do tom com que se dirigiu aos restantes

colegas, e que conferiu um papel preponderante nesta parte da discussão, em que

de facto participou. A INV F foi uma das participantes que na fase final da

discussão elevou a sua argumentação a um nível que se pretendia mais abstracto.

Fig.51 – IND G Feminino

Identifica-se na IND G comportamentos de alheamento efectivo durante a maior

parte da discussão, sozinha ou em companhia do seu colega de mesa IND Q,

tendo sido chamada a atenção por parte do CONV1 por manter conversas

paralelas durante a discussão.

Durante toda a discussão pediu uma única vez a palavra aquando das questões

relacionadas com a Identidade, expondo a sua argumentação num tom de voz

calmo, contudo, nesta ultima fase da discussão, sobrepôs por várias vezes a sua

voz à dos colegas.

O seu comportamento físico mostrou-se algo agitado durante toda a sessão.

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Fig. 52 – IND H Feminino

A IND H, em geral, manteve alternadamente comportamentos de alheamento

aparente e atenção evidente ao decorrer da discussão e à participação dos

colegas.

Interveio na discussão uma única vez, aquando das questões relacionadas com o

Primeiro a Descobrir, num tom de voz baixo, mas quando os facilitadores

intervieram para que aprofundasse a sua argumentação, esta recuou, baixando os

olhos. Não se distraiu com os colegas de mesa.

Fig. 53 – IND I Feminino

IND I é silenciosa, atenta e introspectiva.

Apesar de ter sido filmada de costas, verifica-se que os seus comportamentos são

sossegados. Colocou uma única vez o dedo no ar aquando das questões

relacionadas com a Identidade, durante a intervenção de uma colega mas,

disfarçadamente voltou a baixar o dedo e regressou ao seu registo de quietude

atenta.

Fig. 54 – IND J Masculino

A participação do IND J manteve-se constante durante toda a discussão:

participou activamente na constituição da Agenda de Discussão, na fase de

interpretação dos dados e na constituição das questões relacionadas com a

Identidade. Porém, foi nesta altura que uma intervenção de narrativa pessoal

quebrou a sua participação.

Apresenta um comportamento dinâmico, algo irrequieto, curioso e sempre

atento, com um tom de voz bem colocado e por isso audível para todos os

colegas. É respeitador das regras de comportamento da filosofia.

As suas intervenções, de um enorme espírito crítico, apresentam tendência para

uma certa incredulidade perante as certezas aparentemente presentes no texto ou

anunciadas pelos colegas, o que fez com que se mantivesse em defesa moderada

numa posição oposta à dos colegas, ou seja, posicionou-se em defesa do

argumento Sou uma pessoa diferente (e muito próximo do que estava a ser

insistentemente instigado pelo CONV1).

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Fig. 55 – IND L Masculino

O IND L manteve um comportamento de alheamento efectivo com distrações

pessoais (brincar com os dedos), com conversas paralelas com a colega de mesa

IND G com e CONV3 que se sentou ao seu lado, e de alheamento aparente que de

algum modo não impediram que se concentrasse e participasse pontualmente na

discussão. Inscreveu-se na discussão colocando o dedo no ar.

As suas intervenções concentram-se no início, aquando da interpretação dos

dados provenientes do texto, nas questões relacionadas com Esboço, Retrato,

Primeiro a Descobrir, com menor evidência surgem alguns apontamentos na

Técnica da Cerâmica e Relevo, e praticamente no final da Discussão, para

questões relacionadas com a Identidade.

As suas argumentações apresentam uma estrutura simples mas os elementos que

a constituem são congruentes com o que se está a discutir, ou seja, consolidam,

não desviam os assuntos mas também não elevam o nível de estrutura geral da

discussão.

Fig. 56 – IND M Masculino

Esta sessão foi a primeira a que o IND M assistiu e participou. O seu

comportamento foi algo irreverente, não por não ter capacidade de assimilar

rapidamente as regras anunciadas no início da sessão pelo CONV1, mas por não

querer assumir tal comportamento quando lhe era referido (apenas colocou o

dedo no ar para pedir para ir à casa de banho).

A sua atenção oscilou entre momentos de alheamento efectivo (rabiscando na

folha de papel) e alheamento aparente (notava-se alguma curiosidade pela

participação do seu colega de mesa IND J).

Participou apenas no início da discussão nas questões relacionadas com os dados

referentes ao texto: Recordar e Primeiro a descobrir.

As suas intervenções registam um perfil opinativo e não argumentativo.

Fig. 57 – IND N Masculino

(O IND N não foi praticamente registado pela câmara de filmar)

O IND M participou na Agenda da Discussão com uma questão e manteve uma

intervenção constante durante toda a discussão.

A sua intervenção em quase todas as temáticas lançadas e desenvolvidas pela

discussão é representativa da sua participação motivada e atenta na discussão,

sendo as mais relevantes: Recordar, Pintar e Identidade e as menos relevantes,

Esboço, Técnica da cerâmica e Primeiro a descobrir.

Apresenta-se como um indivíduo que integrou as regras de comportamento da

discussão filosófica pois, inscreve-se na discussão com o dedo no ar, as suas

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argumentações apresentam uma estrutura que se aspira à complexidade e por

isso, procuram elevar o nível argumentativo; e os elementos que as constituem

são congruentes com o que se está a discutir e integradas no contexto das

participações imediatamente anteriores. De referir que uma das suas intervenções

deu origem à subcategoria Sou a mesma pessoa e estabeleceu a necessidade de

uma posição antagónico (“ (…) Já não sou eu.”).

Fig. 58 – IND O Masculino

(O IND N não foi praticamente registado pela câmara de filmar)

Tal como foi referido para o IND M, esta sessão foi a primeira a que o IND O

assistiu e participou.

Do que se consegue verificar, manteve um comportamento de alheamento

efectivo (cabeça deitada sobre a mesa ou rabiscar na de folha de papel), contudo,

sinalizam-se duas participações consistentes e coerentes, ambas na introdução da

temática da Identidade na discussão.

Fig. 59 – IND P Masculino

IND P manteve-se silencioso durante toda a sessão, é atendo aos movimentos

gerados pelas participações dos colegas ou às suas distrações.

Verifica-se também momentos de algum alheamento aparente que intercalam

com os comportamentos de atenção.

Fig. 59 – IND Q Masculino

O IND Q é parceiro de mesa da IND F e IND G, localiza-se ao meio das mesmas.

O seu comportamento é muito idêntico ao da IND G: comportamentos de

alheamento efectivo (inquieto e deslocado da discussão) durante a maior parte da

sessão, sozinho ou em parceria com as suas colegas de mesa, ou por vezes, atento

mas sem qualquer intenção aparente de intervir.

Participou apenas no início da discussão quando introduziu novos dados que

deram origem à categoria Recordar.

Fig. 60 – INV Feminino

INV participou numa orientação dupla com o CONV1 tendo este último

assumido um papel mais preponderante. Foi necessário um certo nível de

empatia para que a orientação dupla funcionasse sem criar constrangimentos.

Houve alguma dificuldade na gestão desta dinâmica porque desconhecia o nome

das crianças-participantes.

Decidiu-se por uma intervenção que inicialmente introduziu na discussão

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algumas questões pertinentes para a interpretação do texto; instigou

moderadamente a interpretação dos dados transmitidos pelo texto; e instigou por

uma certa objectividade nas intervenções que visavam elevar o nível de

argumentação.

As intervenções tiveram de ser quase sistemáticas devido a uma certa falta de

dinâmica do grupo.

Fig. 61 – CONV 1 Masculino

O CONV1 desempenhou um papel preponderante na moderação da sessão:

insistiu frequentemente no esclarecimento das argumentações remetendo ao

próprio a sua argumentação em forma de questão; esclarece argumentações mais

confusas e exige questões bem formuladas; reenvia com bastante frequência

argumentações para a discussão (nestes casos devido à dinâmica de participação

algo emperrada, escolhe o participante que deverá responder); procura manter a

discussão numa linha coerente não permitindo retomo a questões que não estão a

ser discutidas; exige continuamente argumentações mais incisivas impelindo a

discussão para uma maior amplitude das questões; está atento ao cumprimento

das regras da filosofia; repreende os responsáveis pelo burburinho dos seus

comportamentos desviantes.

Preconizou uma moderação mais fechada e exigente, num estado de contínuo

estimulo à intervenção.

Fig. 62 – CONV 3 Masculino

A convite do CONV1 o CONV3 assistiu à sessão na qualidade de participante,

contudo, os seus comportamentos ficaram “entalados” na ambivalência do papel

que costuma desempenhar junto das crianças-participantes, o de professor.

Manteve algumas conversas paralelas com IND L e IND G que obrigou o

CONV1 a intervir, mandando-os calar. Assumiu então um papel mais ponderado

e por vezes até mesmo de Professor. Interrompeu a intervenção da IND G para a

esclarecer acerca da ambivalência da sua argumentação, acabando por a

questionar. Desta forma depreende-se que assumiu na dinâmica de grupo o papel

de participante no início (quando participou com uma questão na Agenda da

Discussão), de papel de observador (depois de ter sido repreendido

indirectamente pelo CONV1) e o papel de moderador (quando mandou silenciar

o burburinho por variadas vezes e quando interrompeu a argumentação da IND G

e a questionou).

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CONCLUSÕES FINAIS

A análise à estrutura desta discussão permite localizar e distinguir distintos momentos na dinâmica da discussão:

1. Momento de interpretação em que as

crianças-participantes percepcionam os dados que

sobressaem do texto e estruturam uma Agenda da

Discussão;

2. Momentos de contextualização em que as

crianças-participantes retomam os dados do texto ou

de fenómenos de origens teóricas diferentes, que se

descreve como momentos de passagem ou

flutuantes, e que antecedem a entrada nas temáticas

mais consistentes da discussão;

3. Momento em que as crianças-participantes

procuraram enquadrar as várias temáticas

resgatadas da sua interpretação do texto através de

um discurso com estruturação narrativa pessoais,

reais ou virtuais, e que reforçam as suas

argumentações;

4. Momento em que as crianças-participantes

desenvolvem um discurso abstracto em torno das

categorias que suscitaram a sua atenção no decorrer

da discussão.

Legenda: Subcategorias da Discussão Questões derivadas da ARDG Agenda da Discussão Relevo 1.Porque é que não fez o molde da filha? Recordar 2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha? Esboço (Desenho) 3.Qual é a importância do esboço? Técnica da cerâmica 4.Porque é que escolheu argila para moldar? Pintar 5.Para quê pintar? Primeiro a descobrir 6.O que é que ele inventou Retrato 7.Para que serve o retrato? Identidade 8.O que é ser pessoa (Registos comportamentais)

Fig. 63 - RRTD1B

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INTERPRETAÇÃO

Agenda da Discussão baseou-se nos dados fornecidos pelo texto. Nesta fase inicial, os comportamentos

revelaram-se ambivalentes, se por um lado houve comportamentos de preocupação com o cumprimento das regras

da Filosofia com Crianças, como foi o caso da inscrição na Discussão através do dedo levantado, registaram-se

também comportamentos de alheamento que contrastaram com outros comportamentos de atenção e participação.

A Agenda da Discussão constituiu-se de nove questões tendo sido posteriormente agrupadas apenas em quatro:

1ª QUESTÃO

1Q. Porque é que ele escolheu a argila para moldar a cara da filha? IND A (Feminino)

5Q. Porque que é que ele pôs o fogo na argila para endurecer? IND A (Feminino)

7Q. Porque é que ele pôs argila sobre o esboço? IND J (Masculino)

2ª QUESTÃO

2Q. Porque é que a filha contornou a cara do namorado? IND J (Masculino)

3Q. Porque que é que deveu a invenção à filha se foi o namorado dela que ele moldou? IND J (Masculino) e IND N (Masculino)

4Q. Porque é que em vez de fazer o molde do namorado da filha ele não fez o molde da filha? IND A (Feminino)

8Q. Porque é que ele optou por um rosto masculino e não feminino? CONV 3

3 ª QUESTÃO

6Q. Porque é que ela não foi com ele para o estrangeiro? IND A (Feminino)

4 ª QUESTÃO

9Q. Porque é que o pai fez um relevo e pôs a endurecer ao fogo com o resto das suas cerâmicas? IND N (Masculino)

CONTEXTUALIZAÇÃO

A fase de contextualização iniciou-se com o pedido da IND E (Feminino) de responder à 4ª Questão da Agenda de

Discussão “Porque é que em vez de fazer o molde do namorado da filha ele não fez o molde da filha?” Foi desta

forma que surgiu o primeiro momento de passagem com a entrada da subcategoria Relevo e a subcategoria

Recordar, ambas de relevância baixa.

A subcategoria Esboço surgiu num primeiro momento inserida neste momento de contextualização para numa fase

posterior da discussão de narrativas mais estruturadas. Ainda nesta fase, de contexto de interpretação de dados,

surgem as subcategorias Técnica da cerâmica, Pintar, Primeiro a descobrir e Retrato.

Estas subcategorias iniciais funcionaram como molas impulsionadoras para um nível superior de entendimento dos

dados, favorecendo assim a consolidação de subcategorias de estrutura mais abstracta. Foram também sinalizadas

algumas narrativas como estratégia argumentativa de exemplificação e narrativas virtuais que visam testar as

hipóteses colocadas.

No que diz respeito à dinâmica de grupo, nestes momentos de passagem, reconhece-se uma certa repetitividade de

comportamentos com registos de movimentos individuais constantes de aparente alheamento que alternavam com

momentos de atenção e motivação intrínseca pela discussão.

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Na fase final do que se considera momento de contextualização verificaram-se comportamentos atentos,

participativos mas algo agitados ou empolgados e que foram acompanhados pela entrada de narrativas de cariz

pessoal e de argumentações bem estruturadas.

No que diz à categorização dos dados analisados pode referir-se que:

⋅ A subcategoria Relevo (1. Porque é que não fez o molde da filha?), como já havia sido referido, surge

associada à 2ª Questão e apresenta uma concentração de entradas dispersas e apenas no início da discussão.

A sua relevância temática foi algo diminuta na estrutura subcategorial mas manifestou-se de modo

uniformizado, de expressão mediana e com uma extensa relação com intersecções externas.

A propósito do papel desempenhado pelo facilitador, foi precisamente no contexto das argumentações

solicitadas por esta subcategoria temática, que se revelou uma das funções exigidas ao facilitador: perante a

fragilidade da exposição de uma argumentação pertinente, o facilitador deve auxiliar o participante para que

este encontre, por si mesmo, os meios que permitam a sustentabilidade da ideia revelada na argumentação.

Em momento algum o facilitador deverá desviar o contexto apresentado pela criança em benefício de uma

ideia que julgue mais pertinente. Fenómenos deste tipo, de verdadeiro auxílio, asseveram um aumento da

necessária confiança na criança em relação às suas intervenções e à partilha de discursos.

⋅ A subcategoria Recordar (2.Porque é que ele ofereceu o molde à filha?) surge em parceria directa com a

subcategoria Relevo, apresenta uma concentração de entradas mais concentrada mas de menor expressão e

igualmente apenas no início da Discussão.

A intervenção do CONV1, no desempenho do seu papel de facilitador, foi neste momento igualmente

pertinente na medida em que assegurou a exigência de um nível de argumentação claro e conciso das

intervenções remetendo à própria criança a sua intervenção em forma de questão para que esta assegura-se

uma melhor exposição da sua argumentação.

⋅ A subcategoria Esboço (3.Qual é a importância do esboço?) é a segunda subcategoria de maior expressão

de toda a análise. Surge no início da Discussão e marca uma presença constante até ao momento de entrada

num discurso de estruturação mais abstracta, em que surge de modo disperso até perder qualquer expressão,

mantendo-se apenas em discussão questões relacionadas com a Identidade. É de salientar que neste

momento de transição da discussão registou-se uma alteração de comportamentos, os comportamentos

passaram de alheados e pouco atentos para registos de maior agitação, atenção e vontade de participação.

Contudo, e uma vez que esta subcategoria manteve uma presença constante na Discussão, foi possível

verificar, a respeito das questões relacionadas com a dinâmica de grupo, a dificuldade deste grupo

crianças-participantes em manterem uma discussão com intervenções fluídas e de argumentações bem

estruturadas, pelo que, exigiu aos facilitadores num perfil de estímulo e solicitação constantes.

⋅ A subcategoria Técnica da cerâmica (4.Porque é que escolheu argila para moldar?) apresenta uma

concentração de entradas um pouco mais centralizada mas apenas no início da discussão, tendo a sua

relevância temática sido diminuta. Para esta subcategoria, e tendo em conta que se localiza no início da

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Discussão em que os comportamentos se revelaram algo alheados e as argumentações pouco concisas,

verificou-se a necessidade de incitamento constante por parte dos facilitadores.

⋅ A subcategoria Pintar (5. Para quê pintar?) de relevância temática bastante diminuta e de estrutura

simplificada sendo que o seu interesse revela-se nas intersecções externas que apresenta.

⋅ A subcategoria Primeiro a descobrir (6.O que é que ele inventou?) por ter surgido em associação à

subcategoria Técnica da cerâmica, apresenta uma concentração de entradas apenas no início da discussão

e muito enquadrada no contexto desta categoria, tendo a sua relevância temática sido diminuta.

Nas intervenções dos facilitadores registou-se com alguma frequência a necessidade de estimular para uma

argumentação mais coerente.

⋅ A subcategoria Retrato (7.Para que serve o retrato?) surge numa fase mais avançada da discussão e

muito associada à subcategoria Esboço e posteriormente, numa fase mais avançada, à subcategoria

Identidade, sendo que a sua relevância temática foi considerada elevada.

Através da análise desta subcategoria foi reiterado o que já se havia registado nas Notas de Observação, a

necessidade, persistente e ritmada, de estímulo às intervenções, de intervir concretamente no apoio à

estruturação das argumentações, o que resultou, para a ARDG (Adultos), num aumento generalizado de

relevância nas intervenções dos facilitadores em comparação com as das crianças-participantes.

DISCURSO COM ESTRUTURAÇÃO NARRATIVA

O momento das entradas de discursos com estruturação narrativa iniciou-se no momento de transição do final da 1ª

parte da discussão para o início da 2ª parte da discussão, ou seja:

⋅ As argumentações de estruturação narrativa pessoal ocorreram associadas à subcategoria Esboço e à

subcategoria Retrato e surgiram a título de exemplificação do que estava a ser exposto;

⋅ As argumentações de estruturação virtual permitiram testar a lógica inerente a uma posição assumida, uma

das argumentações abriu a discussão para as questões relacionadas com a Identidade tendo aberto espaço

na discussão para outras argumentações com o mesmo propósito, uma outra argumentação estabeleceu

ligação entre dados salientados na interpretação do texto (Molde em argila, Esboço e Identificar) e

elevou-os para um outro nível ideológico e abstracto;

⋅ As argumentações de estruturação narrativa real assumiram a sua sustentação e comprovação através da

exemplificação e/ou testemunho de certos fenómenos das experiências quotidianas que as

crianças-participantes consideram autênticos.

No que diz respeito à dinâmica de grupo registou-se o primeiro momento de atenção e motivação generalizado

por todas as crianças-participantes, mesmo nas menos participativas ou não-participativas, de facto, foi o

momento com o maior número de pedidos de inscrição na discussão e registo de tons de vozes acesos.

DISCURSO ABSTRACTO

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A subcategoria Identidade (8. O que é ser pessoa?) marca um momento único da discussão, surge no final da 1ª

metade da discussão com um registo de entradas diminutas, algo dispersas e em parceria com a subcategoria Esboço

e a subcategoria Retrato, para seguidamente assumir a totalidade das intervenções na 2ª metade da discussão

apresentando uma concentração de entradas compacta e em exclusividade.

Esta subcategoria estruturou-se com base na dicotomia de duas posições aparentemente opostas, exigiu

argumentações bem estruturadas e tendencialmente mais complexas. Este facto deu origem a comportamentos mais

atentos e participações mais acesas: crianças-participantes que anteriormente se tinha mantido em atitudes de

alheamento, passaram a participar activa e perspicazmente, as argumentações desenvolviam-se em concordância

temática ou em desafiantes posições de oposição. Porém, toda esta dinâmica discursiva e de comportamentos de

grupo exigiu uma moderação mais exigente no sentido em que foi necessário manter uma interpelação mais acesa

para conseguir que as crianças-participantes mantivessem as suas argumentações bem fundamentadas; foi

necessário suscitar e desafiar o nível de argumentação devolvendo determinadas afirmações de novo para o centro

da discussão; clarificando aporias; e, resumindo e clarificando as posições assumidas.

Tal como havia sido anteriormente referido a subcategoria Identidade (8. O que é ser pessoa?) inicia-se no final da

1ª metade da Discussão num momento de passagem onde surgiram as primeiras argumentações de estruturação

narrativa. No decorrer da 2ª metade da Discussão, verificou-se que a permanência temática, bem como, o

incitamento dos facilitadores para que as argumentações se apresentassem mais objectivas, possibilitou que a

argumentação desenvolve-se visando um discurso mais abstracto.

Quando a Discussão foi dada como terminada, algumas crianças-participantes continuaram a discussão tentando

manter as suas posições ou procurando resolver a questão. Este comportamento de grupo assinala que, de facto,

ficou latente um desconforto que manteve acesa a necessidade de encontrar uma outra resposta, de continuar a

inquirir e testar argumentações que dessem resposta a uma suposta conclusão.

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REGISTO DE CONTROLO

O necessário ajustamento do modelo de Lipman, a sua transferência para outro discurso associado à leitura e

interpretação de obras de arte, obriga a que haja, desde o início do trabalho de campo, a preocupação de assegurar a

qualidade e rigor dos procedimentos.

Esta preocupação influencia directamente a regularização da construção das teorias que articulam esta investigação,

assim, optou-se por realizar a mesma Sessão (O Retrato) com outra turma do 5º ano da mesma escola.

Esta decisão irá possibilitar o cruzamento dos dados e conclusões compiladas no Relatório 1 e Relatório 2, o que

também possibilita a avaliação criteriosa e, se necessário, o aperfeiçoamento do Protocolo assumido.

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ANÁLISE DO TEXTO E ENQUADRAMENTO NO ESPAÇO

Sessão: 1ª Sessão: O Retrato

Título: Gil, José. (2005). «Sem Título»: Escritos sobre Arte e Artistas. Lisboa: Relógio D’Água, pág. 17.

Data: 28 Outubro de 2010

Local: Cooperativa de Ensino a Torre

Horas: 14:00h às 15:20h

Critérios metodológicos

Relevância Para critérios metodológicos manteve-se a abordagem dedutiva dos fenómenos observados tendo estes sido fortemente conduzidos pela teoria e pela questão de investigação. Assim, e de modo a permitir o cruzamento de dados, manteve-se o mesmo o texto utilizado com a turma referida no Relatório1

Enquadramento temático

As crianças-participantes não revelaram qualquer dificuldade em desenvolver a interpretação e contextualização o texto.

Referências anteriores Sem referências

Leitura do texto Características formais Obedeceu ao protocolo da Filosofia com Crianças. De salientar a importância da participação do CONV1 enquanto moderador com uma larga experiência na área em questão.

Interpretação do texto

A interpretação e contextualização do texto revelaram uma dinâmica de discussão difícil exigindo uma intervenção constante por parte dos facilitadores de modo a estimular a participação e elevar o rigor das argumentações.

Espaço museológico Localização Não considerado

Leitura Não considerado

Integração na exposição Não considerado

Obs:

Regista-se a preocupação de assegurar a minha presença ajustada à parceria que devo estabelecer com CONV1 de

modo a não transtornar o bom desenvolvimento da Discussão.

Os facilitadores mantiveram um perfil de estímulo e solicitação constantes.

Verificar se em sessões posteriores o registo de participação das crianças-participantes que não participaram se

altera.

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AVALIAÇÃO DA SESSÃO

Sessão: 1ª Sessão: O Retrato

Título: Gil, José. (2005). «Sem Título»: Escritos sobre Arte e Artistas. Lisboa: Relógio D’Água, pág. 17.

Data: 28 Outubro de 2010

Local: Cooperativa de Ensino a Torre

Horas: 14:00h às 15:20h

Participantes: IND A (Feminino); IND B (Feminino); IND C (Feminino); IND D (Feminino); IND E (Feminino); IND F (Feminino); IND G (Feminino); IND H (Feminino); IND I (Feminino); IND J (Masculino); IND L (Masculino); IND M (Masculino); IND N (Masculino); IND O (Masculino); IND P (Masculino); IND Q (Masculino); CONV 1 (Masculino); CONV3 (Masculino); INV (Feminino).

(1) ENTRADA NO CAMPO

Declarações Individuais Curiosidade e prontidão na organização da sala

Grupo Momentos de ruído de fundo, poucos registos de conversas cruzadas, fraca dinâmica de grupo na discussão.

Professor Muitas intervenções para instigação (continuidade discursiva e objectividade); algumas chamadas de atenção para o cumprimento das regras da discussão

Investigadora Algumas intervenções de instigação; participação na moderação

Outros

Comportamentos Individuais Inscrição na discussão através do “dedo no ar”; comportamentos de alheamento aparente alternados com comportamentos de atenção

Grupo Comportamentos de distracção com parceiro; comportamentos de alheamento aparente alternados com comportamentos de atenção; cumprimento das regras da discussão

Professor Esteve presente e partilhou moderação com INV

Investigadora Comportamentos associados à organização do equipamento; registo da sessão; participação na moderação

Outros Entrada, posterior presença e participação do CONV3

Obs. A presença e relação deste grupo com o CONV1 é mais fechada, verifico que os comportamentos das crianças-participantes são mais acanhados do que os do outro grupo em observação. Verifica-se também uma grande diferença no que diz respeito à dinâmica de grupo, estas crianças-participantes são mais individualistas, pouco empáticas e aderem com pouco entusiasmo à partilha de ideias, factor essencial para a satisfação proporcionada pela discussão. Este fenómeno pode tornar-se um obstáculo ao desenvolvimento do seu pensamento crítico e interventivo.

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(2) DISCUSSÃO

Texto Tempo de leitura 47 Segundos Comport. Físico Comportamentos de alheamento aparente, efectivo e de atenção Comport. Relacional Comportamentos de distracção com parceiro (parcerias sinalizadas) Relevância Texto Muito relevante

Temáticas Constituição de um leque temático alargado e de consistência variável

Discussão Registo de 3 momentos: leitura de texto e constituição da Agenda de discussão; interpretação e contextualização dos dados do texto; 1 subcategoria temática próxima da constituição de um discurso mais abstracto.

Investigação Compreensão para a organização e dinâmica interna da Discussão; especificações do perfil do facilitador

A. Discussão Grau de participação Participação alargada Relevância Temática Questões algo pertinentes, muito associadas aos dados

fornecidos pelo texto, 9 questões agrupadas em 4 conjuntos temáticos

Discussão Em geral as intervenções careciam de estruturação argumentativa; necessidade constante de instigação à discussão

Discussão Dinâmica Grupo 1ª fase caracterizada por momentos de participações

pontuais e algo mortiços; 2ª fase caracterizada por momentos de envolvimento acesso

Indivíduos Pouco entusiasmo na partilha de ideias

Professor Abordagem com muitas intervenções indutivas à participação, à estruturação correcta das argumentações, exigência na objectividade

Investigadora Comportamentos instigadores e sensível à partilha da moderação da sessão

Acções Interrupções acidentais

Não se verificaram

Interrupções provocadas

Registo de alguns pedidos para saídas (casa de banho)

Comportamentos físicos

Contidos ao espaço individual das secretarias

Argumentações Narrativas Pouco frequentes, surgiram apenas no momento de passagem da 1ª fase para a 2ª fase da discussão; de estruturação fraca

Argumentativas Pouco frequentes (surgiram apenas no final da Discussão)

Normativas Não se verificaram

Estruturalistas Apenas associadas à interpretação e contextualização dos dados do texto

Jocosas Sem referência

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(3) OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

Comportamentos Flexibilidade Verificou-se

Objectividade Preocupação com a partilha da moderação

Empatia Verificou-se

Indução/Persuasão Verificou-se moderadamente indução à participação

Integração no grupo Boa integração no grupo, sem registos de estranheza

Avaliação do grupo Empático, boa disposição geral, mas com alguns registos de comportamentos de alheamento (sinalizados), participações constantes (sinalizada).

Moderação Direcção formal

(limitada à Agenda)

Não se verificou

Condução temática

(introduz outras questões)

Verificou-se numa questão específica relacionada com a interpretação dos dados fornecidos pelo texto e na exemplificação para uma contra-argumentação

Orientação da dinâmica Atenta às solicitações de inscrição na discussão

Preparação da sessão

Adequação do texto O texto foi bem preparado e demonstrou-se a sua perfeita adequação ao perfil deste grupo

Adequação ao grupo Adequado a todos os elementos do grupo (mesmo aos que não participaram mas que mantiveram comportamentos atentos)

Adequação à discussão Adequado à discussão

Benefícios Entrada de um novo texto no panorama da Filosofia com Crianças que aborde temáticas focadas na Estética

Dificuldades encontradas Não se verificaram

Obs.

A ver se esta turma, para quem a INV é uma estranha, lida bem com esta relação de orientação

preconizada por dois facilitadores.

Controlo dos perfis de participação para verificar possíveis alterações.

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AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE TEORIAS ENRAIZADAS1

1 Os critérios foram gerados? Verificação da estruturação interna da dinâmica de

Discussão; construção dos “retratos” de participação

2 Os conceitos estão sistematicamente relacionados? Para um melhor cruzamento dos dados foi aperfeiçoado

o Protocolo estabelecido tendo-se verificado essencial

registar os dados referentes à participação dos adultos

3 Há muitas ligações conceptuais e as categorias estão

bem elaboradas?

As categorias têm densidade conceptual?

As ligações conceptuais foram devidamente sustentadas

e as categorias estão bem elaboradas, a sua

extensibilidade foi reduzida. Não se verifica em todas as

subcategorias um grau de relevância estável, contudo,

dada a sua natureza estruturada na grounded theory,

considera-se viável a sua pertinência conceptual.

4 Há muita variedade introduzida na teoria? Considerou-se a pertinência de repetir a sessão com um

outro grupo de modo a verificar se a variedade

introduzida na teoria se verifica.

5 As condições mais amplas que afectam o fenómeno

estudado são contempladas na explicação?

Tendo em conta que se efectivou apenas a análise de

uma sessão as condições mais amplas que afectam o

fenómeno estudado são contempladas na explicação

encontram-se ainda algo limitadas

6 O “processo” foi tido em linha de conta? Sim, as alterações efectuadas ao protocolo

aperfeiçoaram-no

7 Os resultados teóricos parecem significativos?

Em que medida?

O que reflectem?

� “o ponto de vista do sujeito”;

� Descrição dos ambientes;

� Interesse na produção da ordem social

� Reconstituição das “estruturas de

profundidade, geradoras da acção e do

significado”?

Efectivamente

Nos aspectos em que confirmam e diferenciam os

mesmos

Análise conclusiva das dinâmicas de grupo presentes na

discussão; a sua adaptabilidade da sessão aos grupos em

questão; a adequação do texto comprova a possibilidade

de reprodução desta sessão a outros grupos diferentes;

verificaram-se algumas variações na dinâmica interna da

Discussão (Fig.63) contudo, os momentos definidos no

Relatório 1 reconhecem-se podendo ser reconstituídos

como estruturas de profundidade.

1 Critérios elaborados por Corbin e Strauss (Flick, 2005, pág. 237)

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AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE PESQUISA2

1 Como foi constituído o grupo original?

Com que base (selecção de grupo)?

O grupo enquadra-se no conceito de grupo focalizado (amostra teórica). Para esta sessão, foi constituído um grupo de 15 crianças-participantes (8 Femininos e 7 Masculinos) e 3 adultos (1 Feminina e 2 Masculinos)

2 Que categorias principais emergiram? Agenda da discussão, Discussão (Recordar, Relevo, Esboço Técnica da cerâmica, Pintar, Primeiro a descobrir, Retrato, Identidade)

3 Quais foram os acontecimentos, incidentes, acções etc., que serviram de indicadores para aquelas categorias?

Relevância temática, estrutura argumentativa

4 Que categorias serviram de base ao prosseguimento da amostragem teórica, ou seja, como é que as formulações teóricas guiaram parte da colecta de dados?

Depois de efectuada a amostragem teórica, que representatividade provaram ter estas categorias?

Prática inscrita na Filosofia com Crianças desde os 3 anos de idade; adaptabilidade ao protocolo proposto, perfeita integração no panorama pedagógico-científico da Cooperativa de Ensino a Torre.

(Ainda em observação)

5 Quais foram as hipóteses centrais acerca das relações entre as categorias?

Em que bases foram formuladas e testadas?

Como poderia uma Filosofia com Crianças possibilitar uma Estética com Crianças, de que modo o possibilitava.

Formuladas e estudadas a partir dos pressupostos metodológicos da grounded theory

6 Houve casos em que as hipóteses não se mantiveram, face ao realmente observado?

Como foram explicadas as discrepâncias?

Como foram efectuadas as hipóteses?

Não se verificou (Ainda em observação)

Como e porquê foi escolhida a categoria nuclear? A selecção foi repentina ou gradual, fácil ou difícil?

Em que bases foram tratadas as decisões da análise final?

Como apareceram nessas decisões os critérios “vasto poder explicativo” e “relevância” em relação ao fenómeno estudado?

De acordo com a natureza do protocolo assumido pela Filosofia com Crianças e pela Discussão efectuada.

A selecção foi de construção gradual, a decisão final da análise obrigou a uma verificação posterior da metodologia. Necessidade de comparar vários relatórios formulados. A relevância da análise necessita da comparação dos vários relatórios a formular.

2 Critérios elaborados por Corbin e Strauss (Flick, 2005, pág. 236)