(5) percurso pedestre - cerro da cabeça
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CERRO DA CABEÇA Percurso Pedestre Alunos responsáveis: Bárbara Tavares Duarte Santos Filipe Carralves Professor responsável: Alberto Mascarenhas Tempo para a Lenda Mapa do percurso O Núcleo do Ambiente da Escola Dr. Formação do Cerro da Cabeça Localização e origem do Cerro da Cabeça A Ria Formosa Paisagem geológica O poço de cal Objectivos Fauna Flora 1TRANSCRIPT
Percurso Pedestre
CERRO DA CABEÇA
SUMÁRIO
Introdução: Mais do que um percurso uma história
Objectivos
Localização e origem do Cerro da Cabeça
Formação do Cerro da Cabeça
Mapa do percurso
Paisagem geológica
Flora
Tempo para a Lenda
Fauna
A Ria Formosa
O poço de cal
Nota introdutória
O Núcleo do Ambiente da Escola Dr.
Francisco Fernandes Lopes, através da sua
actividade regular, tem procurado contribuir
para a divulgação do Nosso Património
Natural, face à necessidade de o preservar.
Resta-nos agradecer a todos aqueles que
connosco colaboraram nestas iniciativas,
contribuindo, deste modo, para a reflexão e
debate sobre o Nosso Património.
O Património Natural é de todos e todos o
devemos preservar.
1
Ficha Técnica
Núcleo do AmbienteAlunos responsáveis:
Bárbara Tavares
Duarte Santos
Filipe Carralves
Professor responsável:
Alberto Mascarenhas
Mais do que um Percurso uma História...Cerro da Cabeça é uma área integrada na Lista Nacional de
Sítios da Rede Natura, pela Resolução do Conselho de
Ministros n.º 76/00, de 5 de Julho.
Esta área abrange 574 hectares e apresenta 249 metros de
altitude, no seu ponto mais alto. O seu ponto central
encontra-se a 07 ° 47 ' 00 '' W e 37 ° 06 ' 39 '' N. Toda a área
classificada está integrada no concelho de Olhão.
O Cerro da Cabeça é um sítio de elevado valor paisagístico e
científico, caracterizado essencialmente pelos afloramentos
rochosos calcários, que ocupam mais de 50% desta área,
originando uma paisagem cársica com algumas grutas
importantes.
Em relação à ocupação florística, a área é
essencialmente ocupada por carrascais e alguns
azinhais. No que se refere à ocupação faunística, destacam-
se algumas espécies de morcegos.
Prepare-se para conhecer os segredos escondidos nas rochas.
O Cerro da Cabeça apresenta uma paisagem calcária que data do Jurrássico Superior. Resultou na sua maior parte, da sedimentação de calcários bioconstruídos onde se observam alguns exemplares fossíliferos, o que nos indicam que a sua formação terá ocorrido em meio marinho e condições tropicais... O Algarve esteve submerso? a história continua...
Uma oportunidade única para deambular por
entre várias situações de experimentação e de
contacto directo com o ambiente.
Um percurso no espaço e no tempo, feito de
cheiros (flora) e de saberes... como se formam
as grutas?
Cerr
o da
Cab
eça
Aglomerado de sensações
Viagem ao passado
2
OBJECTIVOS
Contextualizar a História Geológica da Região (Cerro da Cabeça):
Reconhecer, no terreno, aspectos
característicos da paisagem cársica.
Relacionar os aspectos observados
com os processos geológicos que os
teriam originado.
Inferir a sobre a relação existente entre
as modificações na região de Olhão/
Algarve e a Teoria da Tectónica de
Placas.
Reconhecer o papel dos agentes de
meteorização na modelação das
paisagens.
Identificar locais onde as rochas estão
a ser erodidas, onde há acumulação de
materiais, onde podem ser encontrados
fósseis e falhas,
Reconhecimento do conteúdo
fossilífero das diferentes litologias.
Identificar a fauna e a flora da região,
relacionando-a com as condições
ambientais.
Identificar possíveis impactos
ambientais nas regiões visitadas.
Identificar estruturas características do
modelado cársico.
A inclusão de um exemplo prático de uma paisagem
calcária como a do Cerro da Cabeça, ajuda a consolidar os
conhecimentos teóricos leccionados no ensino básico, 10º
e 11º anos da disciplina de Biologia e Geologia e
sobretudo permite interligar as vivências e observações do
quotidiano dos alunos com os mesmos.
A sua valorização, quer ao nível da biodiversidade quer,
sobretudo, ao nível dos elementos geológicos, impõe-se
como uma prioridade, numa estratégia de
desenvolvimento, para que a preservação do património
ambiental do concelho de Olhão seja um facto.
3
Sua Origem
A Bacia Algarvia teve
dois principais episódios
modeladores: uma fase
distensiva mesozóica e
uma inversão tectónica,
isto é, uma fase
compressiva, que teve
maior incidência entre o
Cretácico Superior e o
Paleogénico Inferior
(Henriques, 2002).
A bacia algarvia estruturou-se num regime tectónico distensivo
relacionado com início do processo de fragmentação da Pangea e
formação do Atlântico Norte. O afastamento das placas tectónicas
(deriva da África para Oriente, relativamente à Eurásia ), provocou
o afundamento desta bacia, que terá sido posteriormente invadida
por águas marinhas. Assim, na bacia algarvia, actualmente com
cerca de 150 km de comprimento e 15 a 30 km de largura, terá
ocorrido, entre o Mesozóico e o Cenozóico. Nesta fase distensiva
originaram-se falhas, cuja movimentação controlou o acarreio de
clastos a partir de Norte, através da erosão de escarpas, tendo
fornecido provavelmente muitos clastos detríticos para as formações
em deposição.
Devido à inversão tectónica Alpina (direcção de compressão N - S a
NNW - SSE), ocorreu uma mudança de direcção da deriva da placa
de África, relativamente à da Eurásia (entre o Cenomaniano e o
Miocénico Inferior), de NW → SE para SW → NE, originando uma
progressiva colisão entre estes dois continentes e iniciando-se um
regime compressivo. Este regime levou à inversão tectónica da
Bacia Algarvia. Durante a inversão, ocorreu uma reactivação das
falhas distensivas, agora como inversas, dando origem a dobras e
cavalgamentos (Terrinha, 1998; Henriques, 2002).
Fase compressiva
Fase distensiva
O Cerro da Cabeça
Localizado a cerca de 2,5 km a Nor-Nordeste de
Moncarapacho, encontra-se limitado a Oeste pelo
Cerro de S. Miguel, a Sul pelas ilhas barreira da Ria
Formosa, a Este pela planície litoral que se estende
até Espanha, e a Norte por colinas do Barrocal
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4
Formação do Cerro da Cabeça
ERA PERÍODO ÉPOCA IDADE Era
Cenozóica
Neogénico
Holocénico 0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Cenozóica
Neogénico Plistocénico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Cenozóica
Neogénico
Pliocénico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Cenozóica
Neogénico
Miocénico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Cenozóica
PaleogénicoPaleogénico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica Cretácico
Superior
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica Cretácico
Inferior
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
Jurássico
Superior
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
Jurássico Médio
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
Jurássico
Inferior
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
TriásicoTriásico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica PérmicoPérmico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
CarbónicoSuperior
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
CarbónicoInferior
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
Devónico Devónico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
SilúricoSilúrico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
Ordovícico Ordovícico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Era Paleozóica
Câmbrico Câmbrico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
Pré – Câmbrico Pré – Câmbrico Pré – Câmbrico
0,01 M.a
2 M.a.
7 M.a.
26 M.a
65 M.a
100 M.a
140 M.a
160 M.a
176 M.a
210 M.a
245M.a
290 M.a
315 M.a
365 M.a
413 M.a
441 M.a
504 M.a
570 M.a
4500 M.a
A Formação Cerro da Cabeça, encontra-se numa megasequência sedimentar, que começa no
Oxfordiano (início do Jurássico Superior) e termina no Titoniano (fim do Jurássico Superior), ou seja,
a Formação Cerro da Cabeça formou-se durante a fase distensiva e o seu afloramento na compressiva.
5
“ Diz uma lenda, cuja origem remonta muitos séculos atrás, que à pessoa que der treze voltas ao Cerro da Cabeça, pela meia-noite, aparecerá uma formosa moura que lhe ofertará todas as suas riquezas, guardadas no aludido Monte do Tesouro, em recompensa de a ter desencantado com aquelas voltas” (Oliveira e Xavier, 1898).
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Este percurso leva-o a descobrir um dos mais importantes e peculiares exemplos da geomorfologia cársica do Algarve
MAPA DO PERCURSO
6
Paisagem Geológica No início deste percurso o desafio é Olhar para a paisagem... observar
as estruturas cársicas bem visíveis, onde encontra o mais espectacular campo de megalapiás do
Algarve. O terreno do Cerro da Cabeça é rochoso e muito acidentado, podendo observar-se grandes
penedos arredondados, relevos cónicos e pedunculados, torres, arcos, blocos...
Um pouco mais...
observa as diáclases (fendas) que resultam
da acção das águas de escorrência sobre as
rochas carbonatadas. Da reacção da água
com o dióxido de carbono atmosférico,
resulta o ácido carbónico que, misturado
com as águas de escorrência, dissolve o
carbonato de cálcio existente nas rochas
carbonatadas. Com a continuação da acção
das águas formam-se os algares e as grutas.
A cor cinzenta dos calcários deve-se à
dolomitização resultante da circulação das
águas ricas em sais de magnésio, que
passam a integrar os calcários (dolomíticos)
7
Se mais caminhar, um pequeno algar vai encontrar...e a gruta
descobrir...
As depressões escavadas no lapiás
prolongam-se muitas vezes na
vertical, dando origem a algares
mais ou menos profundos (por
exemplo, Algar Medusa e Algar
do Próximo, respectivamente). É
no Cerro da Cabeça que podemos
encontrar as formas endocársicas
mais profundas do carso algarvio,
nomeadamente Algar Maxila
(superior a 95 metros), Algar
Medusa (74 metros), GEAM
(superior a 50 metros), entre
outros.
Muitos algares desenvolvem-se a nível subterrâneo,
originando grutas, como por exemplo, a Gruta da Senhora,
localizada na base do Cerro da Cabeça. Neste substrato
carbonatado do barrocal algarvio foram, até ao momento,
descobertas, pelos espeleólogos, cerca de 100 grutas (entre as
300 inventariadas em toda a região algarvia), das quais
destacamos, pelas significativas dimensões, a gruta da
Senhora, a gruta do Garrafão, a gruta dos Mouros, a gruta da
Ladroeira Grande e a gruta da Ladroeira Pequena (Almeida,
1979).
Estas formações geológicas desenvolveram, no seu interior,
diversas estruturas, tais como estalactites, estalagmites e
colunas, o que justifica o valor geológico, arqueológico e
didáctico que lhe é atribuído.
Os calcários dolomíticos acinzentados do Jurássico Superior,
com aproximadamente 155 M.a. (Manuppella, 1988),
apresentam alguns exemplares fossilíferos (espongiários,
lamelibrânquios, gastrópodes e equinodermes), formados em
meio marinho, sob condições ideais, antes da abertura do
Oceano Atlântico, recebendo a designação de “Calcários
Bioconstruídos do Cerro da Cabeça”.
8
Junto à gruta, procure um bom local para se sentar...tempo par ler
e conhecer as lendas...
“No começo do cerro da Cabeça, ao lado do mar, existe
uma cavidade cercada de pedras, uma espécie de
pequena sala, que vai comunicar para um grande
algueirão, denominado o Abismo .
É tradição corrente entre os habitantes dos sít ios vizinhos
que aquela caverna comunica com o castelo de Tavira,
comunicação de que faziam uso os mouros no tempo em
que dominavam a província do Algarve.
Onde aparecem tais cavernas, há a opinião de que os
mouros as habitaram em tempo, e que ainda hoje al i se
conservam encantados. Para confirmar essa opinião
contam-se diversas histórias de indivíduos que foram
surpreendidos de noite por aqueles misteriosos seres. As
cavernas são para o nosso povo uma espécie de mapa
coreográfico dos sarracenos. Onde encontra uma caverna
aí lhe parece ver uma antiga residência mourisca, que
ainda hoje conserva como reféns, um tr iste mouro ou uma
formosa moura, mas encantados.
No cerro de S. Miguel, próximo da mesma povoação, também têm sido vistos mourinhos encantados. Entre tais lendas corre uma relativa ao nome da sede da freguesia. Corre pela tradição que Moncarapacho tirara o seu nome daquele serro, que realmente é assaz alto, mas talhado a pique, e sem um declive. Este serro é conhecido por Monto Escarpado. Diz-se que o primitivo povo ficava junto desse serro e por isso conhecido por Monte Escarpado, que, com o andar dos séculos, se transformou no actual Moncarapacho como uns escrevem, ou Monte Carapacho, como escrevem outros para se não afastar talvez do nome primitivo.”
Nesta freguesia não há uma lenda completa: tudo se reduz a
referências vagas de mouras, encantadas e encantamentos circunscritos a
certos lugares da freguesia.
9
...as histórias continuam...
“Não muito distante de Moncarapacho
existe uma r ibeira e nesta um pego
denominado o Bum-bum . As lavadeiras do
povo costumam ir a l i lavar a roupa,
escolhendo o local apropr iado. Há muitos
anos foi a l i uma lavadeira chamada Maria
da Graça. Depois de ter lavado algumas
peças de roupa, apareceu- lhe uma cr iança,
vest ida de encarnado e com um gorro da
mesma cor.
A cr iança em vez de se aproximar da
lavadeira fo i sentar-se sobre a roupa já
lavada. Indignou-se a pobre mulher com o
procedimento do garoto e ameaçou-o; e le,
porém, em vez de atender aos conselhos
da mulher, começou a cuspir sobre a roupa
lavada.
Desesperada do procedimento da cr iança,
saiu à pressa da água e correu sobre ela. A
cr iança, porém, t inha boas pernas, e safou-
se com pasmosa agi l idade. Chegada a um
ponto qualquer desapareceu, sem que a
lavadeira percebesse o dest ino que tomara.
Vol tou para o pego e fo i examinar a roupa,
que fora enxovalhada pelo atrevido garoto.
Qual não foi o seu espanto, quando, no
lugar onde o garoto cuspira, v iu dobrões de
legí t imo ouro! O mourinho encantado
recompensara assim os desgostos da
mulher.”
Pesquisa feita por Andreia Vicente e outros
10
Agora pare, para os aromas cheirar
e algumas plantas identificar...
Devido à existência de alguma terra rossa, resultante da dissolução dos calcários dolomíticos, é frequente encontrar, no Cerro da Cabeça, alguma vegetação rasteira, adaptada aos solos pouco espessos (palmeira anã, carrascos, azinheiras, tojos e aroeiras).
Palmeira-anã (Chamaerops humilis)
A palmeira anã, ou palmito, é umaespécie de duração
elevada,que era tradicionalmenteutilizadaparacestos e
tapetes. Esta espécieé nativada EuropaContinental,não
se encontrandoemperigo de extinção, em Portugal, no
entanto,está extinta emFrança e Malta.Éa únicaespécie
depalmeiraespontâneano nossopaís, apresentando‐se
sobaformadearbusto.
Rosmaninho (Lavandula stoechas)
O rosmaninho é uma planta muitoabundantenonosso
país,poiséumaplantaespontâneaqueflorescenoverão.
Estaplantaé da família dasalfazemas,tradicionalmente é
utilizadaparaproblemasrespiratórios,comoaasma.
Marioila (Phlomis purpurea)
Amarioilaéumaplantacaracterísticasdezonas secas.As folhas e ramos apresentam pequenos pêlos e erautilizadaparalavaraloiça.
11
tempo para tirar algumas fotografias para mais tarde recordar...
Espargo (Aspargus albus)
Existem trêsespécies do géneroAsparagus,
emPortugal.
Os espargos são arbustos espinhosos que
aparecem em sítios muito quentes e
soalheiros,frequentementerochosos.
Bons dias (Ipomoea indica)
Estaplanta vulgarmente designadaporbons
dias ou glória da manhã, é uma espécie
invasora emPortugal,comorigemnazona
tropical da América do Sul, Ásia e Hawai,
tendo sido introduzida com fins
ornamentais.
Aroeira (Pistacia lentiscos)
A aroeira é um arbusto oriundo da região
mediterrânica, que cresce até aos 10
metros. É uma espécie de crescimento
rápido, heliófila, termófila, quese adaptaa
qualquersubstrato.
É caracterizadapelapresença depequenas
frutos, sob a forma de drupas, de cor
vermelhaa pretas, quesurgemnoOutono,
estes frutos são muito apreciados pelas
aves,comoporexemploospardais.
12
Euphorbia (Euphorbia sp)
A designação Euphorbia está associada a África, segundo a
tradição,já queorei JubaII da Mauritânia,teriafeitochegaresta
planta aoseufísico(oumédico)Euphorbos,paraseremexploradas
as suas capacidades curativas, no século I antes de Cristo. No
entanto,olátexqueaplanta larga quandocortadaé muitotóxico
paraoorganismo.
Roselha-maior (Cistus albidus)
A roselha‐maior encontra‐se na zona sul do nosso país,
preferencialmenteemsolos calcários,comooéocasodoCerroda
Cabeça.Assuas floressãograndes e as folhas sãocobertas deuma
penugemque lhe confere umtomesbranquiçado,daíoseuepíteto
específico“albidus”.
Carrasco (Quercus coccifera)
É aplanta que melhor define aregiãomediterrânica O carrasco,
normalmente, apresenta‐se sob a formadearbusto, no entanto
podeatingiroportearbóreo,ostenta umafolhagempersistente de
coloração verde, com folha de margem serrada e espinhosa e
frutificaemAgosto,alturaemquesurgemas bolotas.O carrascal
tem grande importância ao nível da cinegética, proporcionando
bons refúgios para as perdizes, coelhos, lebres, entre outras
espécies.
Orquídea (família Orchidcea)
Nascem sobretudonos soloscalcáriosepedregosos do Barrocal
Algarvio. Pelos arrelvados secos desta faixa que une a Serra ao
Litoral.
As orquídeas selvagens são um tesouro frágil e precioso. A sua
existência pressupõe um delicado equilíbrio ecológico, e muitas
delasnãosuportamsercolhidas.
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Se com cuidado andar, alguns animais poderá encontrar...
Se não encontrou, aproveite a oportunidade para descansar ao som do canto do pintassilgo ou do chilrar do pardal...
Morcego(Rhinolophus hipposídeos)
Alimentam‐sede insectos ecaçamduranteanoite.
Coelho selvagem(Orytolagus cuniculos)
Estes coelhostempêlogrossoe macio, acastanhado ouacinzentado.
Gato selvagem(Felis silvestris)
É um animal muito independente e bom caçador.
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Se ao Miradouro chegou... A Formosa avistou
“Na tarde, notavam-se as ausências no lago.
Onde estavam os flamingos rosa,
dormindo o dia nos aquilinos bicos?
E as correrias dos velhos galeirões,
mostrando quão perene é o nosso tempo?
Patos reais, porfírios azuis, nem as garças brancas
denunciam a vida, junto das sapeiras e das dunas,
nas águas salobras.
Talvez um apelo longínquo das gaivotas,
atentas ao desenrolar das estações,
ou o incómodo da primavera dos homens, sempre
dispostos a perturbar a serenidade dos belos mundos
que desconhece.”
(Raimundo, 1956)
Considerado pela convenção de Ramsar, como uma zona húmida de interesse internacional, o Parque
Natural da Ria Formosa é uma área protegida que se localiza na zona oriental da costa algarvia
(sotavento). A Ria Formosa situa-se numa zona de confluência do Oceano Atlântico, do Mar
Mediterrâneo e da costa norte de África e ocupa uma extensão de cerca 18.400 hectares, ao longo de 60
km de costa, entre o Ancão (concelho de Loulé) e a Manta Rota (concelho de Vila Real de Santo
António), abrangendo, ainda, áreas significativas dos concelhos de Faro, Olhão e Tavira (Parque
Natural da Ria Formosa, 1994).
Na chamada zona de interface encontram-se charcos de água salobra, sapais e pequenas linhas de água,
que constituem o habitat de importantes comunidades vegetais e faunísticas, sobretudo no que diz
respeito à avifauna aquática, sendo esta uma zona de paragem obrigatória de aves migratórias e local
de nidificação de espécies raras. Este ecossistema de águas calmas, superficiais, quentes e ricas em
nutrientes, propicia, também, o desenvolvimento de várias espécies de peixes (como o robalo, a
dourada e o sargo), moluscos, sobretudo, bivalves e crustáceos.
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Se continuar para Norte um poço de cal irá encontrar...
Se não quiser voltar pela escadaria e gosta de caminhar, quando ao poço de cal chegar,tome o caminho à sua direita e ao ponto de partida irá dar.
Nesses poços era
extraída a cal, que os
mais antigos, utilizavam
para caiar as suas casas
e açoteias.
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