5. som e música
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Aulas 14-15: Som e músicaDFCH456: Linguagem do Cinema e do AudiovisualProf. Cristiano Canguçu
Propriedades fundamentais do som
Intensidade• É o fator que determina o quão “alto” o som soa aos nossos
ouvidos – i.e., volume. É a amplitude da onda sonora, medida em decibéis (dB).
• Não deve ser confundido com a altura (nota musical). Pode-se executar uma mesma altura com intensidades diferentes.
Intensidade• Interpretamos a intensidade do som como correlacionada com
a distância a que estamos dos objetos.• Empregos da manipulação da intensidade (volume) do som
em filmes e na televisão:• A maioria dos filmes edita as intensidades dos sons, pois o
microfone acaba captando todos sem distinção• Abafar um som ambiente alto para iniciar um diálogo• Aumentar artificialmente um som para chamar atenção para algo
ou para criar um novo sentido
Altura• Distinção entre um som grave, médio ou agudo. • A altura é medida pela freqüência: quanto mais oscilações por
segundo (Hertz), mais agudo será o som: o ouvido humano é capaz de ouvir sons entre 20-18.000 Hz.
• A freqüência é inversamente proporcional ao comprimento de onda: quanto maior a freqüência da onda, menor o comprimento.
• Vídeo: som, vibração e características de onda
Altura
Altura• Usos expressivos da altura do som:• Diferenças de vozes e de entonação (sedutora, firme, hesitante,
estridente, etc.)• Sons extremamente agudos causam inquietação (Psicose, som de
quadro sendo arranhado)• Sons extremamente graves podem provocar a sensação de
impacto (Philco) ou de “gravidade” de uma situação.
Timbre• Exceto por sons sintetizados e instrumentos como o diapasão,
a maioria dos sons do mundo não são ondas simples, mas misturas complexas.
• O timbre é um dos principais recursos que nos permite diferenciar vozes de pessoas, instrumentos musicais e fontes sonoras.
Timbre
Componentes da trilha sonora
Fala/diálogos• Em geral é o elemento mais proeminente na trilha sonora:
como precisamos entender o que está sendo dito por atores ou pessoas nos documentários, o som das falas costuma ser alto e bem-definido.
• As montagens plano/contraplano costumam acontecer enquanto alguém está falando, para “colar” as imagens e tornar os cortes mais sutis.
• Diferenças de projeção de voz a partir da evolução da tecnologia sonora – microfones mais sensíveis e portáteis (Casablanca vs. Matrix)
• Na pós-produção, a voz costuma ser bastante modificada, incluindo-se redublagens.
Ruídos/sonoplastia• A sonoplastia é uma arte tão influente que só conhecemos
muitos timbres pelos seus usos em filmes (especialmente fantásticos e de ficção científica) e desenhos animados.
• Vídeos ilustrativos:• Guerra dos Mundos (2005)• Track Stars: The Unseen Heroes of Movie Sound• Gary Heckler: Veteran Foley Artist• Ouvindo Tarantino• Sonoplastia de Wall-E (parte 1, parte 2)
Música
Algumas funções da música no cinema (BAPTISTA, André):• Sinalizar emoções;• Referências denotativas (locações e elementos cênicos)• Referências conotativas (significados implícitos)• Assentar a continuidade visual• Dar uma unidade ao filme (música-tema, leitmotiv)• Informar sobre acontecimentos fora do campo• Guiar temporalmente
Mixagem• Há mixagens mais esparsas (2001: Uma odisséia no espaço) e
outras mais cheias (Guerra nas Estrelas) – filmes de ação são um caso à parte.
• Som extradiegético (“de fosso”) vs. som diegético (interno ou externo) - não é a técnica de produção que importa, mas a atribuição por parte do espectador
• “Diegético” (do grego diegesis): proveniente do universo narrativo, ancorado nos personagens e objetos da estória representada.• Muitas vezes o filme brinca com isso, como em Ajuste Final
(irmãos Coen, 1990)
Elementos da música
Notas• Determinadas alturas (frequências) sonoras são convencionais
na teoria musical e codificadas enquanto notas musicais. • No sistema ocidental, são elas: as notas naturais (dó, ré, mi, fá,
sol, lá, si) e as notas intermediárias, representadas pelos símbolos (bemol) e (sustenido).♭ ♯
Notas• As notas naturais correspondem às teclas brancas do piano; as
intermediárias, às pretas.
Notas• Mais especificamente, cada nota musical corresponde a uma
série de freqüências com relação exponencial.• Ou seja, um som com o dobro da freqüência de outro
corresponde à mesma nota. • Exemplo: a nota “lá” designa os sons correspondentes às
freqüências indicadas abaixo.
Relações entre notas musicais• Distância entre duas notas musicais: intervalo; a partir de três
notas simultâneas podemos falar em um acorde.• Um intervalo de segunda (uma nota com o semitom
imediatamente posterior) é altamente dissonante, provoca sensação estranha de instabilidade;
• Um intervalo de oitava é (fora o uníssono) o mais consonante possível, dá a maior sensação estabilidade. Por isso é que se consideram tons separados por intervalos de oitava como a “mesma” nota.
Relações entre notas musicais
Consonância é a “vibração concordante de ondas sonoras de freqüências que se relacionam por razões de números inteiros e de pequena grandeza”; na dissonância, a relação numérica é mais complexa (Dicionário Grove de música).No sistema tonal, usam-se dissonâncias para provocar certa instabilidade (tensão, expectativa) na música, que será resolvida com uma consonância. A música moderna (atonal, dodecafônica) abandonou o sistema tonal, mas a maioria esmagadora das músicas cênicas (teatro, ópera, cinema) são tonais e seguem esse princípio. Exemplos: • Carruagens de Fogo (Hugh Hudson, 1981) enfatiza a
consonância;• Dissonância no tema do assassinato em Psicose (Hitchcock,
1960).
Relações entre notas musicais• As músicas tonais não costumam usar todas as notas da oitava,
mas trabalham com escalas (um guia de notas que dividem uma oitava).
• Uma escala altamente consonante é a pentatônica, usada em gêneros populares como o blues e o rock, assim como em gêneros tradicionais gregas, japonesas e afro-caribenhas.
• Bobby McFerrin mostra o poder consonante da escala pentatônica
Relações entre notas musicais
As músicas tonais (a imensa maioria do que escutamos) são constituídas por múltiplos acordes e escalas, regidos por um “centro tonal” (chave).Tom maior, associado a sensações de alegria, ânimo, estabilidade, resolução (temas de aventura, hinos). Exemplos:• Tema de Indiana Jones (Os caçadores da arca perdida).
Tom menor, associado a sentimentos de melancolia e tristeza (canções de perdas amorosas, músicas fúnebres). Exemplos:• Comptine d’un autre été (Amélie Poulain, 2001);• Prólogo (A Sociedade do Anel, 2001 – 0:30).
Comparativo da música Für Elise executada em tom menor (original) e adaptada para o tom maior.
Duração• Andamento: a velocidade com que a música é executada. Em
filmes com músicas compostas próprias, costuma-se tocar a música-tema em andamentos variados.
• Ritmo: padrões que regem durações, regularidades e saltos das notas.
• Delicatessen (Jean-Pierre Jeunet, 1991)• Harry Potter e a pedra filosofal (Chris Columbus, 2001)• Matrix, a fuga de Trinity (Irmãos Wachowski, 1999 – 2:30)
Melodia e harmonia• Melodia: uma seqüência identificável de notas sucessivas em
um ritmo específico.• Acordes: um conjunto de notas musicais simultâneas,
compõem a harmonia da música.
Música (exemplos)• O morro dos ventos uivantes (1939)• O iluminado (1980), abertura, cena das garotas.• O uso autoral das canções no cinema.• Terra Estrangeira (1996)• A música de Guerra dos Mundos• Remo Usai, um músico para o cinema
BibliografiaBAPTISTA, André. As funções da música no cinema segundo Gorbman, Wingstedt e Cook: novos elementos para a composição musical aplicada In: XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música, 2006, Brasília.BARNIER, Martin. As relações entre imagens e sons. In: GARDIES, René (Org.). Compreender o cinema e as imagens. Lisboa: Texto & Grafia, 2008. p.47-58.BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. Sound in the Cinema. in: Film Art: An Introduction. 8.ed. New York: McGraw-Hill, 2008. (1.ed. 1979).CHION, Michel. A audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Texto & Grafia, 2011. MAIA, Guilherme. Elementos para uma poética da música do cinema. Tese (Doutorado em Comunicação) - UFBA, Salvador, 2007.