5ª querência da poesia gaúcha

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Festival de Poesia

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Page 1: 5ª Querência da Poesia Gaúcha
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100 Versos Para o Teu SorrisoMoça do sorriso clarocomo aurora de setembro,de outro riso, não me lembro,luzindo em matizes rarose por isso me declaroencantado com essa luzque de há muito me seduztoda vez quando te olhopor jogar céu nos meus olhosno momento em que reluz.Quem recebe o teu sorrisoganha um presente de Deus.pois, por certo, recebeuuma luz do paraíso.É de se perder o juízoe querer mudar de trilha...sempre que o teu rosto brilhacom nuanças de manhã,qualquer um fica teu fãdiante a tanta maravilha.Toda vez que tu sorriscom tamanha claridade, distribuis felicidade,tudo fica mais feliz...Mesmo o dia sendo gristem um gostinho de festa,se ilumina pelas frestasdo olhar de quem te olhae a tristeza se consolacom o sol que tu emprestas.Quando me lembro de tisorrindo ingenuamente,tenho pena do viventeque nunca te viu sorrir,do que vaga por aí

Desolado nas estradassem a aurora encantadaque se cora em tua boca,pra esse, a alegria é poucana pobre vida nublada...

O teu riso contagiacom infinita belezae torna alegre a tristezacomo se fosse magia...Emana tanta poesiaque qualquer um entontecee te juro, que pareceno instante quando ris,que de Itaara à Parisum novo dia amanhece...

Teu sorriso é sem igualno que tem de formosura,pela graça da ternuraque se torna musical,por esse encanto jovialque de tal forma fascinatoda vez que se iluminacom feição angelicaldando a certeza totalda existência divina.

Quando ris, moça bonita,com sublime melodiacontagiando de alegriao olhar de quem te fita,mesmo a roseira te imitaflorindo resplendorosae da luz que tanto gozaimprime em molde precisotodo o encanto do teu risono alumbramento da rosa.

Ah, se todo mundo risseo teu sorriso bonito,talvez neste mundo aflitotristeza não existissee um novo tempo surgissede esperança e de bondadepra unir a humanidadecom o mesmo objetivode sorrir pelo motivoda tua felicidade.

É assim, quando te vejosorrindo com tanto gosto,o meu riso de sol postose renova nesse ensejoe outra vez tenho desejosquando olho com afãnos teus lábios de maçãa aurora se corare a luz do teu olharter contrastes de manhã.

Teu sorriso é só poesia,é um poema de luz,uma estrela que reluzna tua fisionomia,é um dom que extasia,é o sol que mais preciso,o sonho que realizoe por mais que me enleve as palavras não descrevemos versos do teu sorriso.

Autor: Vaine Darte

Intérprete: Romeu Weber

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Dulcinéia de FumaçaComo esfinge a ser decifradamais um Quixote entre tantosvai o velho à pedra de encantosuma légua ao sul da taperano lombo do flete, aceleraesporas no couro do bichoà procura do sonhoso nichoonde repousa, silente, a amada.Segue sempre à luz da tardinhana iminência da noite grandenão ladeio, por mais que eu andeo Rocinante deste fidalgoque vai procurar por algoao pé da rocha-santuáriocavaleiro andante, solitáriosem vista de Sancho, só minha.Não leva consigo uma lançanem escudo ou elmo, nem espadaapenas voa na estradaassoviando com o Minuanoem seu delírio, ano após anoachando cura pra desgraçano cachimbo e em sua fumaçaque apenas pra ele dança.

Senta-se à pedra, ronda lonjurascomo a ver algo que se aproximaressurreição de um mito, uma sinana solidão da campanhaque à fumaça divina se assanhaem silvos de vento no rostocomo se fosse do seu gostosorver do cachimbo as agruras.Ouve uma voz e não medraalgo sutil, pedregosomas é fumo em estado gasosoque lhe inspira fiel cultonaquela fumaça vê um vultovindo do centro do universoque vai lhe ditando versosbrotando por entre a pedra.Nas mãos empunha um cadernonele se curva, sombrio-alegreainda menos sombrio que alegree vai rasurando poesiamas só dura um tempo a alegriatempo de fumaça e cachimboo sorriso cai logo no limboonde dorme seu amor eterno.Naquele Reino de Sacrifícioo velho lambe saudadestempo ido, outras idadesde gineteadas, caminhosnem quer enfrentar moinhosduelos já não quer maise tal e coisa e coisas taissó quer se acabar no vício.

Certo dia, por curiosidadepedi ao velho, que fumava tristediz meu pai, que mistério existeneste cachimbo que vai à bocaqual acalanto, coisa loucaespanta a dor da tua querênciao que vês, ou qual ausênciate inspira versos de saudade.

Foi muito simples o que indagueiele tragou, foi respondendose tu visses o que estou vendofumarias mais do que fumoo cachimbo mantém meu rumopois na fumaça que vai soltandovejo pouco a pouco se formandoa imagem da china que amei.

Autor: Uili BergaminIntérprete: Vinícios NardiAmadrinhador:Raul Sartor Filho

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LibertaçãoEsta história vem de um tempoPerdida no próprio tempo;Vem do fundo dos requerdos,Essência crua da almaQue é cerne em pura raiz.É a história de João,Que no cerne da querência Viveu seus dias de rio, Sem pressa, andarengo.Cantando seu canto de vento,Plantando rumos de vento,Forjando acordes de vento,GuitarreandoMilongas de vento,Changueando versos de chão.Apenas João,De nome simples, de jeito simples, de traço sério.De estradas, pontes e estrelas,Puro de alma e guitarra nos sonhos do seu cantar.Eis o seu perfil,Sacramentado pelas bênçãos de batismoE cruzes levantadas por seu nome,Para cingir as cicatrizes do passadoQue o seu sangue herdou por descendência.E talvez – para timbrar o seu destino –Tenha buscado em si mesmo o batistério,Legando ao vento mil verdades não tocadasNo largo anseio dos seus rumos de gaudério.A guitarra como arma de combate,O pensamento como o guia do seu chasque,E a voz prostrada como fera enraivecidaNa defesa do ideal bem definido,Com fio de adaga para lanhar os seus contrários.Surgiu na estrada a repontar o mês de agosto,Seguindo o rastro das garoas de setembro,Em busca de um poente indefinido;Acompanhado de uma estrela feito guia,

Como a boieira que guiou três velhos magosNum tempo antigo para os rumos de Belém.Dessa forma chegou o velho João.De onde? De onde nunca se soube.E se chegou simples, simples como a sua alma,De chapéu atirado sobre as costas,Poncho, Pala, Bombacha, Guitarra.De guitarra presa aos ombros!Com a alma das cigarras nela presa!Que falava sem que palavras proferisse,E se calava num silêncio mudo,Envolvida por mistérios que hoje entendoSerem o segredo dos segredos do infinito.E assim se anunciou:De nome: apenas João.Por ofício: guitarreiro.E entre paisanos, peões e tropeirosAquerenciados ao redor do fogo morto,Se fez parceiros para as charlas cotidianas,Bebendo o trago ofertado por mãos rudesNum gesto amigo de consciência e humildade.E porque o minuano pelos campos anunciavaNovos rigores perfilando o frio do inverno,João foi ficando.Mas nos seus olhos de posteiro solitárioVia-se a ânsia interiorana de sua almaNa paz inquieta que embalava o seu perfil.A sede infinda de beber distânciasEra o tormento da sua caminhada,E ao mesmo tempo, Como o balseiro que do rio faz sua estrada,A única razão do seu andar.Mas entre aquela gente buena foi ficando,Sorvendo amargos e baios de esperaNo ocaso rude de seus tentos mal trançados,De quem apenas o silêncio é companheiro

Quando os requerdos cobram erros do passado.Era assim na maior parte das horas,Quieto, misterioso e bombeador;Atento ao vento que soprava nas flechilhasÀ espera da florada dos trevais.Mas, quando cantava, Quando forjava da guitarra os seus acordesEra o próprio vento em ascensão!Sem que alambrados ou porteiras estancassemA rebeldia e a pureza do seu canto.Falava em paz nas suas palavras,De um mundo sem fronteiras ou cancelasOnde a seara era farta nas colheitas,E os campos verdes, povoados de rebanhos,Livres das marcas enrugadas pelo fogoE dos brasões das antigas fidalguias.Onde campeiros e povoeiros se enlaçavamNum largo sentimento de amizade,Fruto do respeito dentre irmão com irmão,Sem que as sombras da ganância entoem as crençasDos homens simples, puros de alma e mais de coração.Seus versos eram tentos de poesiaEmparceirados aos bordões da sua guitarra,Seu canto o desvendar de uma fronteiraLegando aos homens liberdade dentro d`alma.Dizia assim:"Parceiros que me escutam,Herdeiros dos segredos do meu canto;Sou como o vento a bordonear coxilha a foraVarando os campos nas estradas da razão.Trago quimeras nas esperas dos meus versosPara os humildes que changueiam pelo pão,Mesclando ao chão a liturgia desta terraQue fez-me dela um parceiro de oração.

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A vós lhes digo que não basta ser querênciaSe um mar de anseios nos preenche o coração,Onde alambrados delimitam a existência,Castrando os sonhos que são os frutos da ilusão.Todos os caminhos são sombrios sem a esperança,Sem a confiança que emerge em meu cantar,Mas só um deles traz a paz aos esquecidosE é recompensa dos que sabem esperarAgora reflitam:O sustento, é verdade, da terra tirei,Quando o trigo plantei na esperança do pão,Mas foi ele o pretexto de botar-me o cabrestoE explorar meu trabalho pela força das mãos.Tropeei mil cabeças nas tropas de abril,Por caminhos longínquos, extraviado no pampa,Só restou-me o cansaço e a poeira da estradaQue dos "pilas" da venda sobra pouco ao peão.Galopeei no infinito de léguas de estâncias,Mas um dia topei com um grande alambrado.Só então entendi o monarca que sou:Sem reino! Sem trono! Extraviado num pampa Dominado por poucos que tão pouco não tem!Um peão explorado pelo próprio passadoNa fantástica herança de ofícios e glórias!De guerras! De guerras que foram, muitas vezes, derrotas!De uma estirpe farrapa que tombou sem razão!Tudo se aclarou paisanos, e agora entendo os motivos;O galpão, trono esquecido, é o meu catre de requerdos,

A estrada, a fonte dos meus segredos.A ideologia está errada, sua essência comprometida,E o fogão da liberdade ofuscado por mentiras,Por verdades impostas e outorgadas!Por falsos profetas que destoam seus discursos, E pela opressão silenciosa de seus gestosFeito o vento bordoneando nas taquaras.A vós, paisanos, que me escutam sem falar,E que se calam ante as vozes da opressão,Ao vosso anseio será dada a realezaPor vossa luta de paciência e de silêncioQue fortifica e fortalece o meu cantar.A herança que vos toca é o firmamento,O horizonte na poeira dos caminhos,O mate amargo que se bebe nos galpões,A consciência, sem as sombras da culpa.Meu canto? Meu canto é apenas o canto do ventoMesclado à essência que reside nas taperasE aos desalentos desfraldados pelo tempo;Meus versos? Meus versos trazem paz nas suas rimas,E consciência para as charlas fogoneirasOnde residem as respostas que persigo.”(...)Tinha voz de profeta o velho João,Nas palavras carregadas de encantos,E nos gestos suaves passeando sobre as cordas,Como sinos dobrando por anseiosResguardados nos labirintos de sua alma.Quando nos campos e capões fez-se o rodeio

Trazendo o brilho e a florada dos ipêsNa garniçada das tropilhas redomonas,João ainda estava lá, Entre as mesmas gentes buenas,Acompanhado da guitarra - sua parceira -Tão misteriosa quanto à alma de seu dono.Era hora de partir, sabia ele,E numa manhã de sol claro e campo verde,Enquanto os peões se atarefavam de suas lidesNa rudez diária do serviço bruto,João sacou de sua guitarra,E de mala e poncho em mãosSe fez como as águas do rio manso,Que em corredeiras lentas escorrem no leito,Num destino incerto de rumos imprecisos.Nem palavras, nem gestos, nem discursos.Somente o aceno triste dos olharesMarcando o parador de uma saudade.No horizonte a silhueta de um gaudérioEngolindo léguas de distâncias esquecidas,E na retina dos que ficam a memóriaPara guardar trapos e penas não vividas.Dessa forma partiu o velho João,Para onde? Para onde nunca se soube. Autor: Alex Brondani

Intérpretes:Francisco Miguel Scaramussa e Fabrício Vargas

Amadrinhador:Angelo R. de Oliveira Pacheco

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Pelas Frestas da InfânciaMatreiro,olhar desconfiadoÉ claro!criado “solito”Lembro daquele “piazito”Retoçando em frente “as casa”,Ah!o tempo bateu asasPois andeja livremente,E o “cristãozinho” inocentePelas frestas da infânciaHoje “bombeia” a distânciaEntre passado e presente.

Num trotezito miúdoVolta e meia disparavaNegaceando quem chegavaPra pedir pouso na estância,Pois na minha ignorânciaPra dizer bem a verdade,Era tudo novidadeMal conhecia este mundoCriado naquele fundoAos dois,três anos de idade.

“Pelechei”,firmei o passoDesmamado e “muy” arteiroDa imaginação, parceiro!Fazia sempre um joguete,“Floxei” muito cavaleteDomando lá no galpão,“Os potro” eram “magretão”Igual,levei muito tomboQuando saltava no lomboE as garras iam pra’o chão.

“Taludito” e mais roceiroBrincando sempre sozinhoEu era mesmo daninhoSó aprontava,escondido,

E pra escapar do castigo.Toda vez que me pisava,Ressabiado, mal choravaSabendo que na cozinhaMamãe tinha uma varinhaE volta e meia me pegava.

Retovado,caborteiro e...Com gana de ser pachola Ganhei um laço de “piola”E só pra não perder o embaloPodendo,botava um pealoNum cordeirinho baldoso,Desses “guachito’ mimosoQue vivia me amolandoMas se alguém tivesse olhandoEu era muito carinhoso.

Ah!o tempo bateu asasMais uns anos se passaramMeus “curnilhos” despontaramFui largando as brincadeiras,Saindo pra abrir porteirasE conhecendo as “volteadas”,Sombrero de aba tapeadaPra ver tudo direitinhoSobre “as cruz” dum peticinhoIgual a mim,pata pelada.

Rapazote,carrancudoPeguei gosto pelo serviçoJoguetes,viraram ofícioMe tornara índio campeiro,Peão,domador,tropeiroVirei pau pra toda obra,Sou taura que se desdobraE sempre de cabeça erguida

Pois me criei nessa lidaConhecimento me sobra.

Certa vez,cruzando estradaNa janela de um “ranchito”Vi dois olhos tão bonitosQue até sujeitei meu pingo,A flor continuou sorrindoJá me apresentei também!E até hoje ela me temÉ a dona dos meus carinhosPois quem se cria sozinhoNão quer viver sem ninguém.

E pelas mãos do destinoVejo o tempo soberanoRefletir num sobre-ano Que retoça em frente “as casa”Ah!o tempo bateu asasMeu filho encurta distânciasE brincando em frente a estânciaSem querer ainda consegueFazer que seu pai se enxerguePelas frestas da infância.Autor: Zeca Alves

Intérprete:Zeca Pereira

Amadrinhador: Cláudio Silveira

Page 7: 5ª Querência da Poesia Gaúcha

Quando os versos ganham asasPor onde andarão os versosQue escrevi nas madrugadas,Quando a aurora da vidaChegava batento cascosLevando o tempo por dianteComo quem pecha um ventena,Com ar de quem se garanteNa roseta da chilenaComo quem salta por fulaSurrando em passo de chulaQuando a vida se apequenaComo aves emplumadasQue ao voarem deixam ninhos,Meus versos ganharam asasE alçaram vôo das casasImitando os passarinhosÀs vezes, quando mateio,Fico mirando a boieiraQue ao longe me pisca o olhoComo uma prenda faceira,Então pergunto, por ondeAndarão meus versos potros,Parece que ela respondeQue assim como tanto outros,Se entropilharam a lo largo Pra correr nas pradariasCom sede de liberdadeE ganas de sesmariasE eu que pensava que os versosFossem mansos de buçal,Sujeitos, pelos piquetesFicassem lambendo sal...Que pucha! Gasto nas noitesAs salinas que há em mim,Brotando densas vertentes,Meus olhos formam torrentesQue parecem não ter fim

Então reviro gavetasBuscando antigos rascunhos,Encontro frases esparsas,Como plumagens de garçasQue ficam por testemunhoDe que algum dia estiveramComo aves migratóriasNuma estação em que a vidaFlorescia em primaveraToda semente nasciaToda flor era uma esperaDe frutos povoando os camposPra nunca existir taperaAssim cruzo minhas noitesA procura de respostasCada pedaço de versoÉ uma parte das apostasQue fiz em tempos de moço,Com sentimento profundoNa ancestral filosofiaDe que somente a poesiaPoderá mudar o mundoMeus anos, a trote largo,Lá se vão, já bem distante,Acolherei experiênciasQue hoje me servem bastanteTentei erguer alguns ranchosSobre areias movediçasE fiar com falsos velos,Os fios de falsas premissas;Tentando colher searasLancei sementes aos ventosPequei pela ingenuidadeE só colhi tempestadeE machuquei sentimentosCaso as respostas não venhamJá não me faz diferença;Por mais que os versos contenhamDe uma forma muito intensa

O que me foi mais querido,O que me foi mais sagrado,O que me foi mais sofrido,O que me foi mais amado,Porque cada sentimentoVai refletir seu momentoNum mesmo tempo: O passado!Apenas peço permissoAo Supremo Criador,Que os meus versos sigam livresChegando, seja onde for,Jamais se verguem ao jugoDe patrão ou de senhor,Que sejam flechas certeirasNo alvo das injustiças,Sejam lanças matadeirasPra muitas caras postiçasQue não coram de vergonhaE nem choram por piedadeQue sob a força da cruz,Tendo a benção de Jesus,A poesia seja a luzPra guiar a humanidade!Autor:Sebastião Teixeira Côrrea

Intérprete: Andréia Eloi

Amadrinhador: Vinicius de Freitas

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Razões para exaltar um cantoO galo canta no pago, evocando rebeldias… E o seu canto é como açoite tocando as trevas da noite, chamando as barras do dia. Soltando a voz “a la cria”do seu cantar instintivo, cumpre um ritual primitivo e traz uma ordem pra gente… Calçado nas suas esporas este caudilho emplumado, grita de peito empinado que é hora de ir em frente. O galo canta imponente, virando lume que guia… E a vida num tranco lento pouco a pouco toma tento pras asperezas do dia. Vejo mais que melodias neste canto que me alerta e sem rodeios desperta meus sonhos perto do fim... Me conduzindo de tiro por ermos nunca pisados, e grotões mal assombrados que trago dentro de mim. O galo canta aprumado, e a madrugada se agita… Na noite que se esmaece o galo cantor parece o próprio pampa que grita. É uma herança bendita que os ancestrais nos legaram para guardar seus valores… Pois quando canta no pago, traz um oportuno recado pras ânsias do novo tempo, que me chega pelo vento se aninhando em minha mente: Só vive em pé no presente quem tem raiz no passado! Neste canto abagualado vejo a alma do meu povo, campear um destino novo marchando entre os macegais… E escorada no seu grito de comandante emplumado, se plantar nos

descampados mesclando sangue aos trevais. Faz lembrar velhos rituais quando canta sem floreios, e reacende os anseios de uma pátria sem buçal trançando os próprios caminhos pra cinzelar sua essência… E usando o áspero timbre do seu canto como ponte, levar pra além do horizonteos marcos desta querência. O galo canta atrevido, e a noite parte calada… Seu canto ecoa em meu peito me arrancando contrafeito dos braços que fiz morada. E acordando a madrugada que dorme junto das casas, leva em seu bater de asas os meus sonhos campo afora… Pois quando canta no pago seu canto é lança de aço, cortando tempo e espaço pra sangrar o matiz da aurora. O galo canta entonado, tal qual a voz de um clarim… E este bravo chamamento dá armas pro pensamento do peleador que há em mim. Quando o galo canta assim nos xucros tempos atuais, lembra cultos ancestrais que revigoram a minha fé… Pois vislumbro no seu canto um bombeador do futuro,gritando claro, no escuro: Bota os teus sonhos de pé!

Autor:Gilberto Trindade dos Anjos

Intérprete:Franscisco Azambuja

Remorsos de um velho corredor de carreira No lagrimejar dos olhos um singelo contato, as mãos decifravam tristezas e angústias transparecidas em prantoentre as rugas,deste velho corredor de carreira.

No santa fé do galpãopreparo um mate ao meu jeito.Boleio o olhar na direção do fogo grande...As labaredas mui ariscascomo num bordejar de guitarrasme cutucam a alma, colocando-meao encontro do meu passado.

Era moço ainda, potro xucro e sem porteira.Na carreira era o mais temido, pois, não havia índio mais ligeiro!

Jamais fazia isso, para ser mais que os outros.Era uma questão de berçoJeitão entonado e, coração de gigante...

- Sorvo um mate de coragem...Busco a respiração que me falhatento proceder com a prosapois, necessito contar esta história.

- Era domingo, e domingo no pago tudo era festa! Tudo era jogo!

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O povoado reunido em comunhãoPara mais uma carreirada.O Sapucai corria frouxo!A felicidade passarinheira tomava conta do lugar.

As prendas se enfeitavam, e a peonada dividida entre, o alvoroço das apostas,e o preparo dos animais.

Não sei quem estava com mais medo.Eu, ou meu potro na direção daquelepartidor...Só ouvi um grito e, um silêncio tomou conta de mim.

Esporiei meu cavalo e me fui....A la pucha! Nunca se ouviu falar de uma carreira igual aquela...Encostado lado a lado, focinho a focinhoMeu coração batia no compasso do meu cavalo.

Um alucinante momento onde homem e animalandam juntos, pois, um dependia do outroTraçando o mesmo ideal.Num inconfundível momento.

E de repente num pealo vi a terra lá de cima e o chapéu que me abanava longe,chegando antes de mim ao chão.Aquele instante, para mim foi o tempo mais longo do mundo...Parecia que pressentia, que aquele tombo não era como

muitos que outrora levara, - te juro, frouxei as pernas aquele dia.

Dali me levaram aos gritosmeu corpo não se mexia, mas, meus olhos observavam todo o movimento, a última coisa que me lembro, é de ver o olhar do meu pingo,como que a me avisar que,a peleia seria braba pra mim.

Passaram-se muitos anos,aconteceram muitas carreiras.Houveram muitos vencedores,Mas, em nenhuma delas,sequer se ouviu falar, do afamadocorredor de carreira.Hoje este velho chora remorsosnestes versos, chora toda vezquando olha sua terrasem poder sentir, o seu passo no chão.

O velho corredor de carreira, entonado peão, contador de causos...Hoje vive em uma prisão de rodasmastigando o xucro guisadoque lhe preparou o destino.

Me espanta em ver em seus olhos esbugalhados refletidos nos meus, um lagrimejar sentido,mostrando-me o fim da vidabem ali, diante de mim.

E peregrino segue o velho,empurrado de casa em casa, juntando ciscos para contar histórias,

trazendo recuerdos em sua memória de guri. Potro xucro e coração giganteo mesmo andante da carreirada de domingo, que um dia perdeu o tinoe a graça de seu andar.

As vezes, vejo o velho reclamar sozinho, talvez seja sua forma de dar asas a imaginação...Lá do cantinho da casa, o ouço dizer:

“Já montei, tô pronto.Benção Mãe Aparecida...Pode largá;Oigalêêêêêêê...”

Dali a pouco volta a si, e o vejo chorar a realidade nesta prisão de rodas, trazendo consigo a esperança de uma nova aurora, de cabeça erguida, vergando o braço, olhar no horizonte, e dele espora!Ouço o trovejar de cascos da morte maleva que lhe convidam pra uma nova carreirada, tendo o Rio Grande como bandeira levando o terço na gibera e, dando um buenas no partidor do céu.

Autor: Tiago Ilha

Intérprete: Fabiano Rodrigues da Silva

Amadrinhador: Fábio Soares, André Vieira e Cristiano Neto Klein

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RomariaJoelhos rotos vão semeando gotas rubrasno trajeto de tortura e de louvor,a carne viva cada vez fica mais vivanum martírio que exorciza a própria dor.As promessas se glorificam sem pressaamparadas pelas tropegas passadasno sagrado alumbramento do caminho...Urgem pelas graças suplicadasladainhas e terços sussurrados no cortejo de campeiros peregrinos...São terríveis as amargas que digeremnas entranhas de uma vida inconsequente,olhos fitos na imagem veneradaempurrados pelo transe reverente...São lentos os rumorejos das precese rudes as oferendas no andar,são corpos de carnes mortificadasque o fracasso já cansou de castigar...São devotos despilchados do meu Pago.Rogai, rogai por eles Minha Santa...Os dedos que se cruzam são judiadose tremem os movimentos das mãos

calejadas pelos cabos das enxadase por cepas cambaleantes dos arados,mas bonitas em postagens de oração...

São lerdos os braços descarnadosque domaram bois de cangas e cavalos,embrutecidos pelos golpes quase férreosno manejo de marretas e machados, mas são fartos de forças e vigorpra levarem por divina recompensao seu trono imaculado no andor...Não sabem os porquês de suas fraquezas...Não sabem os porquês de suas desgraças....São refugos extraviados de uma raçarenegados pelo tempo e pela sorte... Ignoram os porquês de seus pecadose ignoram os porquês da própria morte...!São terrunhos despeonados do meu Pago.Rogai, rogai por eles Minha Santa...Clamam espíritos moribundosno percurso penitente percorrido...Batem os distúrbios do desgastena engrenagem dos membros corroídos...Gritam malsinados pecadores

que o descaso condenou por esquecidos..... se erguem as carcaças que sucumbemno rebojo de um dormente desatino.... se propagam os pedidos de perdãonos percalços do milagroso caminho.... os lamentos de aleluias repercutemnas estocadas pontiagudas dos espinhos...!Arames farpados cingemconsciências pecaminosas...Punhais de erros judiamcorações arrependidos...O lenho das cruzes calasobre as feridas dos ombrose o próprio orgulho rastejaesmagado pelos tombos...São os párias desvalidos do meu Pago.Rogai, rogai por eles Minha Santa...São meus joelhos que semeiam gotas rubrasno trajeto de tortura e de louvor...mas prossigo contrito e resignadoarrastando o meu fardo de pecadosque me enche de remorso e de pavor...!E queima a minha alma em sacrifícioruminando os porquês de sua miséria...- esta alma só despertou para a féquando a dor se apoderou da matéria -

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Rogai, rogai por mim, Minha Santa...E intercedei junto a Deuspra que eu alcance um perdão,pois nunca usei para o bemas virtudes que Ele me deu...... se é que existe perdãopra um errante como eu..

Autor: Luis Lopes de Souza

Intérprete: Valter Vieira Ribeiro

Amadrinhador: Willian Andrade

Uma incrível batalha entre Dom Quixote de La Mancha e uma traça famintaDom Quixote ressonava dentro de um livro esquecido,quando acordou assustado por um estranho ruído!Uma traça devorava uma página amarela,seu destino era “traçado” e triturado por ela!

Nessa página impassível, que a traça roia aos poucos,Cervantes lhe condenava à condição de ser louco...E a velha biblioteca, tomada pela aflição,pode ver a realidade digerindo a ficção!

O velho herói deu um salto, procurando a sua lança;chamou, do fundo da história, o seu fiel Sancho Pança... Pensou em sair à busca, nos livros da mesma estante,por outro guerreiro nobre, qualquer cavaleiro andante...

Arrepiou o bigode, bradou cruéis impropériosculpando os tempos modernos e seus nocivos mistérios;que toda a Literatura se encontra sob ameaçae toda essa gritaria deu mais apetite à traça!

Nunca assim, tinha lutado contra revés tão daninho,só contra ovelha e pastores e mais de trinta moinhos...Pensou, temente, se a traça lhe roesse toda a idéiaia esquecer das promessas que fez para Dulcinéia...

Tentou fugir a cavalo, mas não chegou ir distante,a traça tinha roído um naco do Rocinante!Quando já vinha cansado, judiado em cima do arreio,ela vinha degustando dois capítulos e meio!

Nem mesmo um inseticida, um “flite” ou um semelhanteo nosso herói encontrava para o derradeiro instante...Sozinho se debatia... Que, pra aumentar a desgraça,

a Dulcinéia e o Sancho vinham na “pança” da traça!

Quem diria Dom Quixote, enfim, de fato lutandopra defender sua terra, que a traça vinha ocupando!“Alto lá, traça bandida! Pois este papel tem dono!”parafraseou Tiaraju, sem poupar garbo ou entono!

A traça olhou para o velho, com sua fome tamanha,e atropelou o coitado que despediu-se da Espanha...Comeu arreio e cavalo, traçou bigode e armadurae, do Quixote espantado, não sobrou nem a loucura! E a traça? Nunca mais vi... E nem quero saber da bruxa...Só espero que se conserve longe da estante gaúcha!Foi vista por Dom Casmurro, entrando no livro a trote,ia palitando os dentes com a lança de Dom Quixote!

Autores: Rodrigo Bauer e Gujo Teixeira

Intérprete: Pedro Júnior Lemos da Fontoura

Amadrinhador: Henrique Scholz

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Visagens na Tarde Gris

A tarde fecha-se todaPor entre a terra e o céu!Um aroma de liberdadeDescansa no horizonte.As nuvens vão sem alardeCerrando as pálpebras com o véu,Fria e sem olhos vai-se à tarde.

Baila o capim em forma e movimentoO vento desenha este quadro campechanoTrazendo com fidalguia um verso de -Aureliano- :

*“ - ´stão cor de cinza e cor de chumboAs cousas, o ar, o céu e o chão”.Ah! Este cruel manto escuroDeixa-me de pupilas paradas E ocultos silêncios no coração.

A tarde se faz pura e viva de poesia!Às gerações e gerações restam versos De todo o gênero, os mais puros

São estes os que surgem em momentos Que na plenitude da alma Aflora o lírico dos sentimentos.

Nestas tardes de julhoEncontro-me – cativo – De olhar mudo e boca cegaCompartilhando esta nostalgia inebrianteSem que do seu vazioFiquem marcas em meu semblante.

À tarde se retova Na paisagem que este matiz desenha.Em acordes cruzando coxilhas e canhadas,O vento traduz sem limites essa ausênciaQue o inverno traz na gola do poncho-pátria!

As arestas destas mãos São “casa” para as rédeas do lobunoQue se mescla ao tempo reiúno;E num tranco seguimos os três:O flete pra lida, o cusco na escolta da rês,

Eu mantendo viva a raça campeiraLonge da ilusão povoeira!

Pois a galopeO progresso consumindo A essência terrunha,Vai groseando peçunha e casco,Encurtando a longa estradaDe quem leva ao trancoA vida em cima dos “bastos”.

Sim!Aqui se busca o novo, mas,Com o garrão firme no passado!Pois as ditas - tecnologias -Atolam o homem na cidadeComo vaca magra em banhado!

Uma chuva mansaDesperta o cheiro da terra. A paisagem engole o olharE gris - o tempo -Transforma-se em templo Para meu pensamento estar:*“- ´stão cor de cinza e cor de chumbo As cousas, o ar, o céu e o chão”.La pucha! Neste quadro de uma só corOs olhos buscam depois da

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várzeaUm rancho e um fogo de chão.

Assim por largos caminhos,Perante a rosa-dos-ventosVão-se espalhando meus sentimentos:- Que as nuvens... Mantenham o branco da paz;- Que o verde... Se perpetue nas coxilhas;- Que no ouro-sol... Brilhe a fé;- Que a esperança e a igualdadeAndem com o vento por infinitos lugares.

- Fria e sem olhos despede-se à tarde;

Uma constante ausência de luz mantém-se eSentindo desaparecer a fronteira desse matizVou rompendo o canto mudo do lugarPara poder cortejar com palavras eternasE redivivas, um salmo ao efêmero grisDesta tarde mendiga!

A tarde fechou-se todaPor entre a terra e o céu!*“- ´stão cor de cinza e cor de chumbo As cousas, o ar, o céu e o chão”.Sigo pras “casa” cantando Uma – Toada em Voz Baixa –E buscando o matiz do meu galpão.

*Fragmento do poema “Toada em Voz Baixa”de Aureliano de Figueiredo Pinto.

* Tema inspirado na musica instrumental “Tarde Gris” de Guilherme Collares.

Autor: Luciano Salermo

Intérprete: Luciano Salermo

Amadrinhadores: Robson Paines, Dênis Magalhães e Fernando Aguiar

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1º Lugar poesia: Uma Incrível Batalha entre Dom Quixote de La Mancha e uma Traça

Faminta - /dos autores: Rodrigo Bauer e Gujo Teixeira de São Borja e Lavras do Sul

2º Lugar poesia: Pelas Frestas da Infância -/do autor: Zeca Alves - Santana do Livramento

3º Lugar poesia: Razões para Exaltar um Canto -/do autor: Gilberto Trindade dos Anjos - São Paulo

1º Lugar intérprete: Zeca Pereira -/do poema: Pelas Frestas da Infância -/ do autor:

Zeca Alves - Santana do Livramento2º Lugar intérprete:

Francisco Azambuja -/ do poema: Razões para Exaltar um Canto -/ do autor: Gilberto Trindade dos Anjos - São Paulo

3º Lugar intérprete: Pedro Jr. da Fontoura -/do poema: Uma Incrível Batalha entre Dom Quixote de La Mancha e uma Traça Faminta -/ dos autores: Rodrigo

Bauer e Gujo Teixeira de São Borja e Lavras do SulSão Borja e Lavras do Sul

1º Lugar amadrinhador: Fábio Soares, Andre Vieira e Cristiano Klein -/ do poema: Remorsos de

Um velho corredor de Carreiras -/ do autor: Tiago Ilha – Flores da Cunha

2º Lugar amadrinhador: Raul Sartor Filho -/do poema: Dulcinéia de Fumaça -/ do autor:

Uili Bergamin - Caxias do Sul3º Lugar amadrinhador:

Henrique Scholz -/do poema: Uma Incrível Batalha entre Dom Quixote de La Mancha e uma Traça Faminta -/dos autores: Rodrigo Bauer e

Gujo Teixeira de São Borja e Lavras do Sul

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QUERÊNCIA DA POESIA GAÚCHAA Querência da Poesia Xucra é uma associação de poetas, escritores e declamadores. Foi fundada em 26 de abril de 1994, em Caxias do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, sem distinção de nacionalidade, sexo, raça, credo ou opiniões políticas, sem fins lucrativos, de caráter artístico, cultural e social.Assim, organizavam e participavam de congressos, palestras, seminários, festivais, recitais, feiras do livro e outros eventos. Então, sentiram a necessidade de organizar também um festival de poesia profissional, pois não havia um evento de tal envergadura aqui na serra.O presidente atual da Querência da Poesia Xucra, no dia 18 de dezembro de 2004, o Sr. Lauro Teodoro, juntamente com sua diretoria, elaboraram um projeto pelo Fundo Pró-Cultura, sendo o mesmo aprovado, para a realização da “1ª Querência da Poesia Gaúcha”. Foram apresentados dez poemas inéditos, retratando os usos e costumes do gaúcho, evento este realizado no C.T.G. Herdeiros da Tradição, dando o apoio cultural.Então, no dia 16 de dezembro de 2006, o Presidente eleito o Sr. Estalislau Robalo, organizou um novo projeto

pelo Fundo Pró-Cultura, e realizou a “2ª Querência da Poesia Gaúcha” na qual fizeram as dez apresentações inéditas no palco do Auditório da Sede da 25ª Região Tradicionalista, a “Casa do Gaúcho”.Passaram quatro anos, e no dia 09 de maio de 2010, com o Apoio Cultural da 25ª Região Tradicionalista, juntamente com o 22° Rodeio Crioulo Nacional de Caxias do Sul, o então Presidente, Sr. Alberto Sales, com sua diretoria, organizaram o tão esperado Festival: a “3ª Querência da Poesia Gaúcha”, onde retornaram mais dez poemas inéditos, agora no palco principal do Rodeio com gravação de CD e DVD ao vivo.Á Querência da Poesia Xucra tem o compromisso de preservar a escrita e a arte declamatória, manifestando a essência do valor nativista na sua rica simplicidade, pra ermanar com todos, aos amantes da poesia.

Alberto SalesPresidente da A Querência da Poesia Xucra.

Comissão exeCutiva:Presidente: Alberto SalesviCe-Presidente: Vilson do AmaralseCretaria: Aderliane Prestes e Noeli Grillotesoureiro: Arno Moscato e Onadir Carvalhodia: 13/01/2012

LoCaL: Parque da Festa da UvaaPresentadores: Lauro Teodoro e Aderliane PrestesComissão avaLiadora: Cristiano Ferreira, Estanislau Robalo e Valdemar Camargo.

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Uma produção 25ª Região Tradicionalista. Gravado: Janeiro de 2012

Prefeito de Caxias do Sul: José Ivo SartoriSecretário Municipal da Cultura: Antonio Feldmann

Lançado: Janeiro de 2013 Prefeito de Caxias do Sul: Alceu Barbosa Velho

Secretário Municipal da Cultura: João Wianey TonusCoordenador da 25ª Região Tradicionalista: Jó Arse

Presidente da A Querência da Poesia Xucra: Aberto SalesSom: Phenix/ Gravação e Mixagem do Áudio: Interação Comunicação

Ilustração Capa: Vasco MachadoDireção de Arte: Marcio Andre Teixeira/ Projeto Gráfico CD: Première Age.

Realização:

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