6 - ler

Upload: aratamaroni

Post on 06-Apr-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 6 - Ler

    1/4

    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DE SO PAULOTRIBUNAL DE JUSTIA DE SO PAULOACRDO/DECISO MONOCRATICAREGISTRADO(A) SOB N

    A C R D O I m i i i m i l m i l u m u m u m u m u m M M m iVistos, relatados e discutidos estes autos de

    Apelao n 990.09.286840-3, da Comarca de Guar, emque apelante MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SOPAULO sendo apelado NEIDE MARIA TEIXEIRA DUARTE.

    ACORDAM, em 7 a Cmara de Direito Criminal doTribunal de Justia de So Paulo, proferir a seguintedeciso: "POR VOTAO UNNIME, NEGARAM PROVIMENTO AORECURSO MINISTERIAL", de conformidade com o voto doRelator, que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dosDesembargadores SYDNEI DE OLIVEIRA JR. (Presidente),CLUDIO CALDEIRA E FERNANDO MIRANDA.

    So Paulo, 11 de maro de 2010.AcSYDNEI DE OLIVEIRA JR.PRESIDENTE E RELATOR

  • 8/3/2019 6 - Ler

    2/4

    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO1

    V o t o n : 9 8 9 6Apelao n: 9 9 0 . 0 9 . 2 8 6 8 4 0 - 3Comarca: GuarApelante: Ministr io Pbl icoApelada: Neide Mar ia Teixei ra Duarte

    1 . Os presentes autos versam sobre recurso deapelao (fls. 230 e 233-235), in terposto em face de sentena (fls.225-228 ) , que, em sede de ao penal pblica incondicionada,julgou-a improcedente, absolvendo-se a ento r da imputao demantena de casa de prostituio (cf. art igo 229, do Cdigo Penal),com fundamento no art igo 386, incisos II e VII, do Cdigo deProcesso Penal. No satisfeito com a diretriz jurisdicional, o rgoacusador apela. Numa sntese, aduz a suficincia do conjuntoprobante, plei teando a condenao nosexatos term os da exordial . Desua vez, a apelada pugna pela mantena do decisrio profligado talcomo exarado (fls. 237-241) . Chamada fala, a Procuradoria Geralde Justia opina pelo no provimento do apelo (f ls. 249-251).

    2. No se v, data mxima venia, como se albergara pretenso acusatoria. De quando em quando - para no se falarsempre - , de lembrar-se que a prova judiciria, para dar margem aum juzo seguro de reprovao da conduta endereada a qualqueracusado, com a conseqente aplicao de pena, h de ser conclusivae certeira no at inente autoria e culpa do agente deli t ivo. Emoutras palavras: no basta um forte grau de probabil ismo sobre terdeterminada pessoa cometido o cr ime. No se compraz, tambm,para um razovel dito condenatrio, com a alta possibil idade de osujeito incriminado ter sido o autor do fato tpico. Tampouco servvel , para recomendar uma reprimenda penal, um raciocniopresunt ivo a respeito seja da autoria ou da culpabil idade criminosa.Qualquer juzo t irado diferentemente dessas inteleces reportaryse-j

    Apelao Criminal n990.09.286840-3 - Guar - Voto 9896 - intb ' - ^ 1

  • 8/3/2019 6 - Ler

    3/4

    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO2

    ao campo dos probabil ismos, exteriorizando incertezas ou dvidas. E,na dvida, a melhor soluo ainda ju lgar-se a favor do ru, sobpena de se cometer as mais deslavadas injustias. Enfim, no sepermite ao Magistrado Criminal , portanto, o j u lgamento com esteioem suposio, que um juzo hipottico, outra coisa norepresentando seno um decisorio meramente vir tual , por vezesin justo, ou um mpar exerccio de adivinhao.

    Se tudo aquilo que se mostra duvidoso incerto,estando presente a dvida - mesmo que diminuta - no esprito doJuiz Criminal, no se pode sustentar nunca, por absoluto logicismo, oter havido a evidncia probatria necessria para a condenao, que sempre em juzo de certeza. Duvidoso, convenha-se, anttese deevidente . H, entre as duas palavras, oposio, contrariedade, umaexcluindo o significado da out ra ; por isso mesmo, a dvida, sejaresul tante da precariedade, seja da insuficincia ou da fragilidade daprova, favorece o acusado. Afinal de contas, por diretriz a contrariosensu do art igo 386, inciso VII, do Cdigo de Processo Penal, naredao que lhe foi conferida pela Lei n 1 1 . 6 9 0 , de 9 de j unho de2008, qualquer condenao cr iminal - s e somente s - sobrevivese atrelada suficincia probante.

    O argumento a contrario, para a vertente temt ica, def ini t ivo, uma vez que a indigitada norma processual referendasuposio "sob a forma de proposio negativa" (MAXIMILIANO,Carlos. Hermenutica e aplicao do direito. Rio de Janeiro: Forense,1 8 a edio, 1999, p.244), isto : "O juiz absolver o ru [...], desdeque reconhea: VII - noexistir prova suficiente para a condenao",presumindo-se soluo oposta hiptese a ela contrr ia: acondenao cr iminal s comevidente e certeira suficincia de provas.

    Feitas essas necessrias digresses, pensa-se, n|pdesproposi tadas, v-se que nenhuma prova adjet ivvel /como)L=^Apelao Criminal n990.09 286840-3 - Guar - Voto 9896 - jn tb '

  • 8/3/2019 6 - Ler

    4/4

    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO3

    concreta e confivel foi produzida em desfavor da ora recorrida parafazer recair sobre seus ombros uma reprimenda penal . Af inal , sob ocrivo do contraditrio (fls. 163-164) a acusada sempre negou aprtica delit iva, asseverando que o estabelecimento de suapropriedade funcionava como bar e mote l , mas que sua at iv idadecomercial nunca se destinou promoo da prost i tuio.

    De outro lado, o policial e o escrivo ouvidos (fls.1 79 e 187), apesar de aduzirem terem vizualizado garotas comroupas curtas, algumas com rapazes no interior dos quartos, alm depreservativos, nunca puderam precisar se os encontros presenciadosse tratavam de at iv idade de prostituio, muito menos que amantena do referido estabelecimento pela r se destinava aocomercio sexual .

    Diante deste conjunto probante, melhor, decerto,terem-se os fatos incriminadores por no provados, uma vez queressuma respeitveis dvidas a respeito deste ou daquele informeprobatr io . E, presente a dvida, presume-se, sem pestanejar, ainocncia do acusado. Afinal de contas, in dbio pro libertate oul ibertas om nibu^rebus favorabilior est - na dvida, pela l iberdade;ou, em todas as coisas, a l iberdade mais favorecida, j diziam osromanos (CALO. De regutmiris. Digesto, Livro 50, Ttulo 17), cujaslocues latmas so precursoras do conhecido e atual in dbio proreo. / \ .

    / 3. Com essas consideraes, nega-se prov imentoao apelo minister ia l . ^ \

    S Y D N E I DEOLIVEIRA JRRELATOR

    Apelao Criminal n990.09.286840-3 - Guar - Voto 9896 - i n tb