7033278 apostila de metodologia da pesquisa cientifica

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4

© 2004 by Maria das Graças Villela Rodrigues

Diagramação:

José Fernando Chagas Madeira – Maj Com

Luiz Eduardo Possídio Santos – Cap MB

Clayton Amaral Domingues – Cap Art

Revisão:

José Fernando Chagas Madeira – Maj Com

Luiz Eduardo Possídio Santos – Cap MB

Clayton Amaral Domingues – Cap Art

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais Avenida Duque de Caxias, 2071

Rio de Janeiro/ RJ - CEP 21615-220

R 696 Rodrigues, Maria das Graças Villela.

Metodologia da pesquisa: elaboração de projetos, trabalhos acadêmicos e dissertações em ciências militares / Maria das Graças Villela Rodrigues. colaboração e ampliação José Fernando Chagas Madeira, Luiz Eduardo Possídio Santos, Clayton Amaral Domingues - 2. ed - Rio de Janeiro: EsAO, 2005.

127 p.; il. ; 30 cm.

ISBN 85 - 98116 - 01 - 7

1. Pesquisa – Metodologia.I Título.

CDD 001.4

Page 5: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

5

SUMÁRIO

PREFÁCIO............................................................................................ 11

INTRODUÇÃO...................................................................................... 13

UD I – TÉCNICAS DE ESTUDO........................................................... 15

1 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA.................................... 16

1.1 A METODOLOGIA E O ENSINO SUPERIOR...................................... 16

1.2 A DINÂMICA DE ESTUDO................................................................... 17

1.3 A LEITURA............................................................................................ 18

1.4 O ESTUDO DO TEXTO........................................................................ 19

1.5 A TRANSPOSIÇÃO DA LEITURA....................................................... 21

1.6 A PRÁTICA DO FICHAMENTO............................................................ 22

UD II – A CIÊNCIA COMO FORMA DE CONHECIMENTO................. 25

2 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO............................................... 26

2.1 A CIÊNCIA............................................................................................ 26

2.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS.................................................................... 28

2.2.1 Os Métodos de Abordagem............................................................... 29

2.2.1.1 O Método Dedutivo............................................................................... 30

2.2.1.2 O Método Indutivo................................................................................. 30

2.2.1.3 O Método Hipotético Dedutivo.............................................................. 31

2.2.1.4 O Método Dialético................................................................................ 31

2.2.1.5 O Método Fenomenológico................................................................... 32

2.2.2 Os Métodos de Procedimentos......................................................... 32

2.2.1.1 O Método Histórico............................................................................... 32

2.2.1.2 O Método Comparativo......................................................................... 33

2.2.1.3 O Método Estatístico............................................................................. 33

2.2.1.4 O Método de Estudo de Caso............................................................... 34

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 34

Page 6: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

6

UD III - PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA PESQUISA CIENTÍFICA..............................................

35

3 PESQUISA CIENTÍFICA...................................................................... 36

3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS CIENTÍFICAS............................ 36

3.1.1 Classificação quanto à natureza....................................................... 37

3.1.2 Classificação quanto à forma de abordagem do problema............ 37

3.1.3 Classificação quanto aos objetivos gerais....................................... 37

3.1.4 Classificação quanto aos procedimentos técnicos......................... 38

3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 41

3.2.1 Pesquisa científica versus metodologia científica.......................... 41

3.2.2 Neveis de Pós-graduação na EsAO.................................................. 41

3.2.2.1 Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu......................................... 42

3.2.2.2 Programa de Pós-Graduação Lato Sensu............................................ 42

UD IV - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU..... 45

4 PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU............................................... 46

4 1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 46

4.2 AS ETAPAS DA PESQUISA................................................................ 47

4.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO......................... 49

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 49

2 REFERENCIAL CONCEITUAL........................................................ 50

2.1 TEMA.............................................................................................. 50

2.2 PROBLEMA.................................................................................... 51

2.2.1 Antecedentes do Problema....................................................... 53

2.2.2 Formulação do Problema.......................................................... 53

2.2.2.1 Regras básicas para a formulação de um problema científico. 53

2.2.3 Alcances e Limites..................................................................... 56

2.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................. 56

2.4 CONTRIBUIÇÃO............................................................................. 57

3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 57

Page 7: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

7

3.1 REVISÃO DE LITERATURA........................................................... 58

3.2 ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS................................................ 58

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO.................................................. 59

4.1 OBJETIVO...................................................................................... 60

4.1.1 Objetivo geral............................................................................. 60

4.1.2.Objetivos específicos................................................................ 62

4.2 HIPÓTESE...................................................................................... 63

4.3 VARIÁVEIS..................................................................................... 65

4.3.1 Definição conceitual das variáveis........................................... 66

4.3.1.1 Relacionamento entre variáveis................................................ 67

4.3.1.2 Correlação entre variáveis........................................................ 68

4.3.2 Definição operacional das variáveis........................................ 69

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................... 71

4.4.1 População................................................................................... 71

4.4.2 Amostra....................................................................................... 72

4.4.3 Método de pesquisa................................................................... 72

4.4.4 Tipo de pesquisa........................................................................ 73

4.4.5 Técnica de pesquisa.................................................................. 74

4.4.5.1 Coleta documental.................................................................... 74

4.4.5.2 Questionário.............................................................................. 75

4.4.5.3 Entrevistas................................................................................ 79

4.4.5.4 Observação............................................................................... 80

4.4.5.5 Análise de conteúdo.................................................................. 81

4.4.6 Instrumentos.............................................................................. 82

4.4.6.1 Escalas para medir atitudes...................................................... 83

4.4.6.2. Pré-teste dos instrumentos...................................................... 86

4.4.7 Análise dos dados..................................................................... 88

5 REFERENCIAL OPERATIVO.......................................................... 88

Page 8: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

8

5.1 PLANILHA DE CUSTOS ................................................................ 89

5.2 CRONOGRAMA.............................................................................. 89

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..................... 89

5.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS ................................................... 90

5.1.1 Categorização dos dados.......................................................... 90

5.1.2 Codificação dos dados.............................................................. 91

5.1.3 Tabulação dos dados................................................................ 92

5.1.3.1 Tabulação de perguntas fechadas............................................ 92

5.1.3.2 Tabulação de perguntas abertas.............................................. 93

5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 94

5.2.1 Análise estatística...................................................................... 95

5.2.2 Avaliação das generalizações.................................................. 95

5.2.3 Interpretação dos dados........................................................... 96

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................... 97

4.4 MONTAGEM DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO............................ 98

4.4.1 Quanto ao Estilo de Redação............................................................ 99

4.4.2 Considerações finais.......................................................................... 100

UD V - PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU.......................................... 101

5 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU......................... 102

5.1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 102

5.2 AS ETAPAS DA PESQUISA................................................................ 102

5.3 A ESTRUTURA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO....... 104

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 105

2 CONCEITOS E MÉTODOS.............................................................. 105

2.1 TEMA.............................................................................................. 105

2.2 PROBLEMA.................................................................................... 106

2.2.1 Antecedentes do Problema ...................................................... 107

2.2.2 Formulação do Problema.......................................................... 108

2.2.3 Alcances e Limites..................................................................... 108

Page 9: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

9

2.3 QUESTÕES DE ESTUDO.............................................................. 109

2.4.OBJETIVOS.................................................................................... 110

2.4. 1 Objetivo Geral............................................................................ 110

2.4. 2 Objetivos Específicos............................................................... 110

2.5 JUSTIFICATIVA.............................................................................. 111

2.6 CONTRIBUIÇÃO............................................................................. 112

3 REFERENCIAL OPERATIVO.......................................................... 113

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..................... 113

4 CONCLUSÕES RECOMENDAÇÕES.............................................. 114

5.4 MONTAGEM DO TCC.......................................................................... 114

5.4.2 Considerações finais.......................................................................... 115

REFERÊNCIAS.................................................................................... 117

Apêndice A – Elementos Constitutivos da Proposta, Projeto de Pesquisa e DM......................................................................................

120

Apêndice B – Elementos textuais obrigatórios da DM......................... 121

Apêndice C – Elementos Constitutivos da Proposta, Projeto de Pesquisa e TCC.................................................................................... 122

Apêndice D – Elementos textuais obrigatórios do TCC....................... 123

Apêndice E – Exemplo de Planilha de Recursos Humanos, Materiais e Serviços............................................................................................. 124

Apêndice F – Exemplo de Cronograma de Execução do Projeto de Pesquisa...............................................................................................

125

Apêndice G – Modelo de Ficha............................................................ 126

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10

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11

PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO

A primeira edição deste livro recebeu boa acolhida dos estudantes de pós-graduação

no âmbito da EsAO. Foi com prazer que publicamos esta segunda edição, a fim de atualizar

algumas partes e incluir novos conceitos, em resposta aos estímulos dos leitores e tendo em

vista novas práticas e conceitos em metodologia da pesquisa científica no âmbito das Ciências

Militares.

Neste sentido, aproveitando os modernos conceitos abordados pela autora, coube aos

colaboradores redistribuir os conteúdos da Unidade Didática I, e adequar o item “A prática do

fichamento” aos aspectos relevantes aos Programas de Pós-Graduação em Operações

Militares. Na Unidade Didática II foram destacados e ampliados conceitos relativos à Ciência,

e aos Métodos Científicos, incluindo-se exemplos inerentes às Ciências Militares.

Na Unidade Didática III foram definidos os diversos conceitos de pesquisa científica,

segundos suas classificações quanto à natureza, a forma de abordagem do problema, aos

objetivos gerais e aos procedimentos técnicos, procurando-se destacar através de conceitos e

exemplos, as principais diferenças entre os programas de pós-graduação lato sensu e stricto

sensu. A partir deste momento, o leitor passou a ser incentivado a optar por um dos

programas, os quais foram bem definidos na Unidade Didática IV e V.

A Unidade Didática IV foi remodelada pelos colaboradores, de forma que o leitor

pudesse acompanhar o processo de produção científica por meio da dissertação de mestrado.

Neste sentido a estrutura da dissertação, com seus referenciais, foi inicialmente apresentada

em forma de fluxograma, passando-se a definir detalhadamente cada etapa de pesquisa, e

seu(s) referenciais afetos. O mesmo processo foi apresentado na Unidade Didática V, onde os

conceitos relativos à produção do Trabalho de Conclusão de Curso foram apresentados.

Foram ainda criados novos Apêndices ao livro, de forma que o leitor pudesse verificar

as partes obrigatórias a serem apresentadas nas propostas de projeto de pesquisa, nos projetos

de pesquisa e nos relatórios finais de pesquisa, bem como apresentados em forma de mídia

digital (CD), exemplos didáticos de Trabalhos Acadêmicos em suas respectivas fases.

DOMINGUES, C. A.; MADEIRA, J. F. C.; SANTOS, L. E. P.

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13

INTRODUÇÃO

Os programas de pós-graduação, conduzidos pelas instituições de

ensino de nível superior, exigem a apresentação de trabalhos acadêmicos,

dissertação ou tese como requisito parcial para a obtenção dos certificados e títulos

correspondentes. Estes trabalhos são desenvolvidos mediante pesquisa sobre tema

relevante de determinada área, obedecendo à metodologia própria para iniciação

científica, preceitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e regras

ortográficas e gramaticais da língua portuguesa.

Este manual foi elaborado com a intenção de proporcionar ao postulante dos

Programas de Pós-Graduação em Operações Militares ferramentas que viabilizem a

elaboração de projetos de pesquisa, trabalhos acadêmicos e dissertações,

facilitando o estudo de problemas inerentes a esta área do conhecimento.

Inicialmente desenvolver-se-ão algumas idéias e conceitos relativos à

metodologia da pesquisa, seguindo orientações de renomados autores brasileiros

que descrevem claramente o assunto, inferindo conceitos próprios da metodologia

em Ciências Militares.

A seguir, serão abordadas noções subjacentes aos métodos e tipos de

pesquisa científica afetos às Ciências Militares, passando a apresentação de um

raciocínio lógico e coerente, necessário à construção de projetos de pesquisa nos

níveis stricto sensu e lato sensu.

Finalmente, este manual esclarece como o resultado final da pesquisa,

realizada através das ações propostas no projeto de pesquisa, será descrito em

forma de Trabalho de Conclusão de Curso (no nível lato sensu) ou de Dissertação

de Mestrado (no nível stricto sensu).

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15

TÉCNICAS DE ESTUDO

1 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

1.1 A METODOLOGIA E O ENSINO SUPERIOR

1.2 A DINÂMICA DE ESTUDO

1.3 A LEITURA

1.4 O ESTUDO DO TEXTO

1.5 A TRANSPOSIÇÃO DA LEITURA

1.6 A PRÁTICA DO FICHAMENTO

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16

1 METODOLOGIA DA PESQUISA

A palavra Metodologia vem do grego; meta que significa ao largo; odos,

caminho; logos, discurso, estudo. Consiste em estudar e avaliar os vários métodos

disponíveis e suas utilizações. Corresponde a um conjunto de procedimentos que

auxiliam na obtenção do conhecimento.

De acordo com Minayo (1999), entende-se por metodologia o caminho do

pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Neste sentido, a

metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está referida a elas. Já

a pesquisa é entendida como a atividade básica da ciência, buscando questionar e

construir a realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza

frente à realidade do mundo. Embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula

pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não

tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da

investigação estão, portanto, relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente

condicionadas.

1.1 A METODOLOGIA E O ENSINO SUPERIOR

A importância da Metodologia reside no fato de ser uma disciplina que possui

características investigativas, relacionadas com a busca de caminhos necessários à

obtenção de conhecimentos, auxiliando o aluno no aprendizado da pesquisa e na

sistematização dos conteúdos. Esta instrumentação é importante para o trabalho

científico, porque colabora com o crescimento intelectual do postulante e com a

formação de um compromisso científico frente à realidade empírica, buscando o

conhecimento da verdade e a formação de um espírito crítico para a análise e para a

reflexão científica.

Desenvolver o conhecimento científico é fundamental para a educação

superior que tem como objetivo ensinar e divulgar procedimentos científicos, levando

em conta o estímulo ao pensamento produtivo, ao conhecimento sistemático, à

criatividade e ao desenvolvimento do espírito crítico. A Metodologia estrutura-se,

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17

portanto, de forma a contribuir para que o ensino superior desenvolva as funções

que lhe são impostas frente às necessidades culturais e econômicas emergentes.

1.2 A DINÂMICA DE ESTUDO

O ensino superior deve propiciar o desenvolvimento do espírito científico

aliado à prática de trabalhos acadêmicos de qualidade. Para tanto, é importante que

os alunos adquiram hábitos de estudo, buscando informações a respeito de

procedimentos que possam auxiliá-los na execução de tarefas acadêmicas.

A atividade do estudo compõe-se de alguns elementos que são considerados

muito importantes para o aprendizado. Severino (1991) destaca como elementos

principais à leitura e a escrita, pois para aprender, é necessário ler ou ouvir as

mensagens que nos são transmitidas; como, também, é necessário registrar por

escrito o conteúdo, para posteriormente retomar a essa mensagem, pensá-la e/ou

reescrevê-la. Adverte, ainda, que o ensino superior exige dos universitários

maior autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade

didática rigorosa, crítica e criativa, bem como um projeto de trabalho intelectual

individualizado, apoiado em material didático e científico que se constitui

basicamente na bibliografia especializada.

Com estas afirmações o autor citado nos leva a refletir sobre a necessidade

de preparação do estudante por meio da consulta bibliográfica afim com as suas

necessidades de aprendizagem. É necessário que o estudante utilize, com a devida

freqüência, as bibliotecas disponíveis. A leitura de livros indicados na bibliografia do

curso, de revistas especializadas, de jornais e outras fontes de consulta facilita a

apreensão dos conteúdos e permite uma visão ampliada do assunto, oferecendo

outras referências que ajudam a ampliar seu horizonte.

A autonomia do processo de aprendizagem requer do aluno um esforço

disciplinar, uma programação das atividades de estudo, uma divisão adequada do

tempo que propiciem a periodicidade de leituras, a participação em seminários,

palestras, etc. O ensino superior requer, além do estudo habitual, a participação em

eventos e acontecimentos que promovam a reflexão e ampliação dos

conhecimentos. A auto-atividade didática é, portanto, imprescindível e deve

estar presente na vida do estudante preocupado com a sua performance.

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18

Um dos objetivos de um curso de pós–graduação é formar nos alunos o

espírito científico que busca a obtenção de conhecimentos novos, aprimorando-os

como seres ativos e participantes da história.

A proposta deve ser a de aprender, isto é, não adianta apenas uma série de

informações, é preciso aprender a fazer e aprender fazendo. As atividades de

estudo como a leitura analítica, o estudo da documentação e a elaboração de

trabalhos científicos têm de ser efetivamente praticados. Estas atividades são

desenvolvidas com o auxílio do instrumental de trabalho, utilizando técnicas de

leitura, condensação de textos, etc.

1.3 A LEITURA

Ler é assimilar idéias, interagir com o autor, absorvendo o sentido da

mensagem, conhecer, interpretar, decifrar, ampliar os conhecimentos e aprofundar o

saber em determinado campo cultural ou científico. Segundo Salvador (1980), ler é

"distinguir os elementos mais importantes daqueles que não o são e, depois, optar

pelos mais representativos e mais sugestivos”.

Numerosas idéias são transmitidas em diferentes obras, sendo necessário

que o leitor compreenda a idéia-mestra do texto, que é aquela que corresponde a

tudo aquilo que o autor quer comunicar. Para tanto, a utilização de técnicas de

sublinhamento, resumo e esquematização facilitam o entendimento do sentido do

texto através das idéias de cada parágrafo, auxiliando o leitor no entendimento do

pensamento do autor no contexto da obra.

Ao ler um texto, devemos primeiro prestar atenção em seu conteúdo

informativo fundamental, ao qual se subordinam, de modo articulado, vários

enunciados. A maioria das frases possui uma palavra-chave, que pode ser

percebida diretamente ou com a ajuda de outras palavras que a substituem.

Posteriormente, devemos identificar, nos diversos parágrafos, as idéias secundárias

que articulam o entendimento final do texto.

É importante fazer boas leituras porque esta prática enriquece o vocabulário,

possibilitando ao leitor progredir cientificamente; adquirir experiência, melhorar a

comunicação e, principalmente, a redação. A leitura amplia e desperta a inteligência

para um aprofundamento cada vez maior no conhecimento, clareando as idéias,

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19

permitindo uma abordagem do tema sob diferentes perspectivas, e fornecendo

opções de soluções para os problemas de pesquisa, de acordo com os modelos

teóricos de outros autores/pesquisadores.

A leitura é imprescindível na elaboração de trabalhos de investigação

científica. É importante consultar os autores, os livros e as revistas, que possam

fornecer as informações necessárias. Devemos examinar sumariamente os

componentes físicos dos livros cujos títulos nos interessam. Verificar o nome do

autor, seu currículo, ler a orelha do livro, o sumário, a documentação ou as citações

ao pé das páginas. Investigar a referência, assim como verificar a editora, a data, a

edição e ler rapidamente o prefácio. A convergência desses vários elementos nos

ajuda a identificar o texto e a selecionar as obras de interesse.

1.4 O ESTUDO DO TEXTO

Segundo Galliano (1986), há várias maneiras de se estudar um texto, mas

todas dependem sempre do propósito do estudo. Assim, um estudo profundo,segue

sempre um processo semelhante, um método. Devemos recordar que não se estuda

um texto como quem lê um romance, por puro entretenimento. Os textos de estudo,

mormente aqueles de cunho científico ou filosófico, requerem sempre o emprego da

razão reflexiva por parte de quem estuda. E isso pressupõe uma certa disciplina

intelectual, um método de abordagem para o objeto do estudo.

Assim, o estudo do texto deve ser realizado em várias etapas, sendo

necessário para o desenvolvimento deste, o domínio de algumas técnicas que vão

contribuir para o entendimento do autor e da obra, quais sejam: sublinhar, resumir

e esquematizar.

Sublinhar é a arte que ajuda a colocar em destaque a idéia-mestra, as

palavras-chaves e os pormenores importantes de um texto. Dentre as normas para

sublinhar é importante destacar que o leitor deve "marcar” apenas as idéias

principais e os detalhes importantes. O leitor deve reconstruir o parágrafo a partir

das palavras sublinhadas para depois formar um texto com as idéias-chave. Ao final,

deve ser possível ler o texto sublinhado com continuidade e plenitude de sentido. O

texto fica condensado como em um telegrama, mas continua com o mesmo sentido.

Page 20: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

20

É interessante sublinhar com dois traços as palavras-chave da idéia principal

e com um único traço os pormenores importantes. Assinalar com linha vertical, à

margem do texto, as passagens mais significativas; ou fazer um retângulo. Os

pontos de discordância devem ser assinalados com um ponto de interrogação à

margem do texto. Há autores que ainda aconselham o uso de cores diferentes para

sublinhar.

Após sublinhar o texto, é necessário condensar as idéias destacadas. O leitor

deve escolher a maneira mais adequada de se condensar o texto, a que mais se

identifique com o propósito de sua leitura. De acordo com a forma de apresentação

do conteúdo sublinhado o leitor pode integrar as idéias através de um resumo ou

esquema.

O resumo é a condensação de um texto capaz de reduzir seus elementos. É

a apresentação concisa e, freqüentemente, seletiva do texto, destacando-se os

elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais idéias do autor da

obra. É útil quando se necessita, em rápida leitura, recordar o essencial do que se

estudou e a conclusão a que se chegou. Segundo Galliano (1986), resumir por

escrito a leitura é conveniente quando se coleta material de obra rara e de difícil

consulta quando se prepara um trabalho de maior fôlego e profundidade, como a

defesa de uma tese ou a elaboração de uma monografia ou dissertação, e quando

se necessita fazer exercícios de redação clara e concisa.

Para tanto, é necessário observar algumas normas para se fazer um bom

resumo, tais como: não pretender resumir antes de ler o texto todo; esclarecer os

pontos obscuros; e sublinhar as palavras desconhecidas. É preciso ser breve, porém

compreensível. Percorrer especialmente as palavras sublinhadas e anotações à

margem do texto. Nos casos de transcrição textual (“ao pé da letra”), usar aspas e

fazer referência completa à fonte. Juntar, principalmente ao final, idéias

integradoras, referências bibliográficas e críticas, pertinentes e oportunas, de caráter

pessoal.

O esquema é a linha mestra seguida pelo autor no desenvolvimento de seu

escrito. Para Galliano (1986), o esquema é a representação gráfica e sintética do

que se leu. A elaboração de um esquema fundamenta-se numa seqüência lógica

que ordene claramente as principais partes do conteúdo e que, mediante divisões e

subdivisões represente a hierarquia das palavras, frases, parágrafos-chave que,

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21

destacados após várias leituras, devem apresentar ligações entre as idéias

sucessivas para evidenciar o raciocínio desenvolvido.

Algumas normas se fazem necessárias para a elaboração de um bom

esquema, uma delas é a fidelidade ao texto, captando e compreendendo o tema do

autor, destacando títulos e subtítulos que o guiaram ao escrever o texto.

Por fim, o esquema deve:

a) ser claro, simples e distribuído organicamente;

b) subordinar as idéias e fatos;

c) ter estrutura lógica, mantendo um sistema uniforme;

d) ser flexível e funcional para o uso; e

e) destacar o propósito da leitura, facilitando a captação do conteúdo e

permitindo uma melhor reflexão sobre o texto.

1.5 A TRANSPOSIÇÃO DA LEITURA

Para auxiliar a transposição da leitura, é necessário que o leitor faça uma

análise do texto. O estudo e a interpretação do texto vão depender dos objetivos do

leitor e do fim a que se destina. Os textos de estudo de caráter científico, por

exemplo, requerem, por parte de quem analisa, um método de abordagem e certa

disciplina intelectual.

Galliano (1986) e Severino (1982) elaboraram modelos de análise que

abrangem alguns itens comuns aos dois autores que são chamados de análise

textual, análise temática e análise interpretativa.

A análise textual é a primeira forma de aproximação com o texto e tem a

finalidade de apresentar o texto e o pensamento do autor. O leitor deve assinalar os

vocábulos desconhecidos, os pontos que requerem posterior esclarecimento e as

dúvidas que possam interferir na captação do pensamento do autor. É importante

esclarecer as dúvidas através de consulta aos dicionários, enciclopédias, manuais,

enfim, às obras de referência que se façam necessárias.

Ao terminar esta análise, o leitor passa a ler com o objetivo de compreender

profundamente o texto. Inicia-se então a análise temática onde o leitor vai

processar a leitura para apreender o conteúdo, sem discutir com o texto, sem

debater os conceitos ou idéias; a intenção é a descoberta e a reflexão da idéia

Page 22: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

22

central. É necessário captar na exposição do tema o problema que motivou o autor,

as idéias secundárias, os temas complementares, enfim, a estrutura de sustentação

do texto. A análise temática é considerada completa quando o leitor estabelece, com

segurança, o esquema do pensamento do autor apreendendo o conteúdo do texto.

A terceira etapa da leitura visa à interpretação do texto. O leitor passa a

inferir e interpretar o que foi apreendido. Ao iniciar a análise interpretativa o leitor

deve relacionar as idéias expostas pelo autor com o contexto da cultura científica

e/ou filosófica recorrendo, se necessário, a outras fontes, complementando-as

sempre que o estudo assim exigir.

Ao terminar a análise interpretativa, o nível de conhecimento do leitor ter-se-á

consolidado e ampliado. E para continuar desenvolvendo este conhecimento,

Galiano (1986) aconselha ao leitor levar sua posição pessoal, seu juízo crítico, ao

confronto da discussão em seminários, grupos de estudo, ou reuniões com colegas.

Para ele, o debate é importante porque algumas conclusões tidas como sólidas e

inabaláveis podem revelar sua fragilidade, enquanto outras ganharão maior vigor,

estimulando novas reflexões e abrindo um novo ciclo de aprofundamento de

análises.

Concluindo adequadamente a leitura de um texto, o leitor mais experiente,

passa a produzir conhecimento e/ou a fazer proposições. São nessas condições que

ocorre a transposição da leitura. É através da ampliação dos aspectos que a

análise do texto suscitou e das proposições apoiadas na retomada de pontos

relevantes que o leitor pode ir além, ultrapassar a leitura e produzir o

conhecimento; o que é muito importante, na medida em que o leitor/pesquisador

necessite transmitir significados ou fazer alguma comunicação a respeito de

determinadas conclusões.

1.6 A PRÁTICA DO FICHAMENTO

Em face da necessidade de realização de um trabalho de pesquisa é preciso

que o estudioso execute um levantamento bibliográfico que lhe permita:

a) conhecer a origem do problema;

b) identificar o que já foi pesquisado acerca do problema;

c) avaliar as soluções já experimentadas;

Page 23: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

23

d) colher opiniões de especialistas e participantes do processo;

e) compreender tudo aquilo que irá embasar a formulação de uma possível

solução para o problema pesquisado.

Segundo Eco (1989), a situação ideal seria dispor de todos os livros de que

se tem necessidade. Entretanto, verifica-se que essa condição ideal é muito rara,

mesmo para um estudioso profissional. Assim, o armazenamento das informações

coletadas em bibliotecas, repartições públicas, centros culturais, sites de busca na

Internet, etc, poderá ser realizado através de um arquivo de fichas ou um arquivo de

computador.

É oportuno destacar que os fichamentos são extremamente importantes na

fase de coleta de informações, pois auxiliam no registro de resumos, opiniões,

citações, enfim, tudo o que possa servir como embasamento para a redação do

texto do trabalho de pesquisa.

Tenha em mente que os esforços empreendidos durante a elaboração

dos fichamentos serão altamente recompensados no momento da redação

final da pesquisa, revertendo em ganho de tempo.

A EsAO adotou um modelo básico de ficha (Apêndice G), que deverá ser

preenchido e apresentado por ocasião da entrega do projeto de pesquisa, isto é, no

início da fase presencial do Curso de Aperfeiçoamento. A ficha é composta pelas

seguintes partes: cabeçalho, referências, resumo da obra, citações,

contribuições em relação ao assunto em estudo e recursos ilustrativos de

interesse.

O campo destinado ao cabeçalho solicita informações que facilitarão a

identificação futura do seu trabalho: a linha de pesquisa, o tema, o nome do

postulante, a data do fichamento e o número referência da ficha.

O campo destinado às referências deve ser preenchido conforme as normas

da ABNT (descritas no Manual de Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e

Dissertações), isto facilitará a composição do trabalho no momento da redação.

O campo destinado ao resumo da obra, embora simples, deve permitir ao

pesquisador identificar quais são os assuntos tratados, bem como as principais

conclusões do autor.

O campo destinado às citações poderá ser preenchido com citações diretas

ou indiretas, tendo por finalidade destacar as idéias que irão sustentar o seu

raciocínio lógico, durante a confecção do Referencial Teórico (capítulo que traduz

Page 24: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

24

tudo aquilo que já foi publicado sobre o tema em estudo) de sua pesquisa. As

citações não devem aparecer no seu trabalho como uma simples cópia do

pensamento de outros autores, elas devem conter subsídios que lhe permitirão a

sustentação de hipóteses (DM) ou a discussão de questões de estudo (TCC)

O campo destinado às contribuições em relação ao assunto em estudo

deve conter o seu parecer acerca do pensamento do autor, visando facilitar a

construção do seu raciocínio lógico durante a confecção do trabalho; anote quantas

idéias puder acerca do que foi lido e estudado, este é o melhor momento para

apreender idéias que contribuam para a sustentação da sua posição em relação ao

problema de estudo.

O campo destinado aos recursos ilustrativos de interesse deve conter

tabelas, gráficos, figuras ou outros recursos que enriqueçam e/ou facilitem o

entendimento do leitor acerca do seu trabalho.

Page 25: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

25

A CIÊNCIA COMO FORMA DE CONHECIMENTO

2 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

2.1 A CIÊNCIA

2.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS

2.2.1 Os Métodos de Abordagem

2.2.1.1 O Método Dedutivo

2.2.1.2 O Método Indutivo

2.2.1.3 O Método Hipotético-Dedutivo

2.2.1.4 O Método Dialético

2.2.1.5 O Método Fenomenológico

2.2.2 Os Métodos de Procedimentos

2.2.1.1 O Método Histórico

2.2.1.2 O Método Comparativo

2.2.1.3 O Método Estatístico

2.2.1.4 O Método de Estudo de Caso

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 26: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

26

2 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Os consideráveis progressos nos meios de comunicação têm permitido que

os avanços científicos se expandam rapidamente nas distintas comunidades

mundiais e estejam ao alcance de um número cada vez maior de pessoas.

O processo do conhecimento necessita da presença de três elementos: o

objeto, o sujeito e uma relação entre os dois. O conhecimento se dá quando o

sujeito apreende o objeto e, relacionando-se com ele, forma uma imagem.

Independentemente das distintas teorias existentes para explicar o processo

do conhecimento, faremos referência a dois tipos especiais que são: o conhecimento

ordinário ou vulgar (senso comum) e o conhecimento científico.

Segundo Galliano (1986), o conhecimento vulgar (senso comum) também

denominado “empírico” é o que todas as pessoas adquirem na vida cotidiana, ao

acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Em geral

resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem observação

metódica ou verificação sistemática, e por isso, carece de caráter científico. Pode

também resultar de simples transmissão de geração para geração ou fazer parte das

tradições de uma coletividade.

Ao contrário, o conhecimento científico é uma aquisição intencional,

consciente e sistemática; é um processo que chegou ao máximo de seu

desenvolvimento com a aplicação do método científico. De acordo com Galliano

(1986), o conhecimento científico resulta de investigação metódica e sistemática da

realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para

descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem.

2.1 A CIÊNCIA

Variados autores apresentam o que entendem por ciência através de

conceitos que são permanentemente ampliados, uma vez que suas idéias não são

definitivas.

O conceito apresentado por Ander-Egg (1978), define ciência como um

conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente,

Page 27: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

27

sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma

natureza.

Para Trujillo (1974), ciência é uma sistematização de conhecimentos, um

conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de

certos fenômenos que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades

racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser

submetido à verificação.

Pode-se considerar a ciência como uma forma de conhecimento que tem por

objetivo formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada (se possível com o

auxílio da linguagem matemática), leis que regem os fenômenos.

Neste sentido, o conhecimento deve ser:

a) objetivo, porque descreve a realidade independente dos caprichos do

pesquisador;

b) racional, porque se vale, sobretudo, da razão e não da sensação ou

impressões, para chegar a seus resultados;

c) sistemático, porque se preocupa em construir sistemas de idéias

organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidades

cada vez mais amplas;

d) geral, porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração de

leis e normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo;

e) verificável, porque sempre possibilita demonstrar a veracidade das

informações; e

f) falível, porque ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados

pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar.

Segundo Gil (1999), há conhecimentos que não pertencem à ciência, tais

como: o conhecimento vulgar, o religioso e, em certa acepção, o filosófico. A partir

destas características torna-se possível, em boa parte dos casos, distinguir entre o

que é ciência e o que não é.

Segundo Lakatos e Marconi (2000), não existe um consenso na apresentação

da classificação das ciências; o que é ciência para alguns autores, ainda permanece

como ramo de estudo para outros, e vice-versa. Mas, baseando-se em Bunge

(1976), as autoras adotam a seguinte classificação: ciências formais e ciências

factuais.

Page 28: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

28

As ciências formais se encarregam do estudo das idéias, dividindo-se em

lógica e matemática. Por não terem relação com algo encontrado na realidade, não

podem valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas,

utilizando a lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas. Os resultados

alcançados pelas ciências formais demonstram ou provam hipóteses.

As ciências factuais se encarregam do estudo dos fatos, dividindo-se em

naturais e sociais. Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em

conseqüência, recorrem às observações e às experimentações para comprovar ou

refutar suas hipóteses. Os resultados alcançados pelas ciências factuais verificam,

comprovam ou refutam hipóteses que, em sua maioria, são provisórias.

A grande diferença entre as ciências formais e factuais é que a

demonstração (formal) é completa e final, ao passo que a verificação (factual) é

incompleta e, por este motivo ela é temporária.

Parra Filho (2000), ao referir-se à classificação atual dos vários campos da

ciência, ressalta que as classificações da ciência devem ser provisórias, devido a

sua constante evolução. A classificação é importante porque mostra a unidade e ao

mesmo tempo a variedade do conhecimento humano, assinala o domínio próprio de

cada ciência, patenteia as relações lógicas que as unem entre si e revelam a ordem

em que as ciências devem ser estudadas. De acordo com este autor, Ciência

Militar e Defesa, estão no campo das ciências sociais.

2.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS

Para que um conhecimento possa ser considerado científico, faz-se

necessário identificar as operações mentais e as técnicas que permitam a sua

verificação, ou seja, determinar o método que possibilite chegar ao conhecimento.

Assim, Gil (1999), define método científico como um conjunto de procedimentos

intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento.

Lakatos e Marconi (2000) descrevem o desenvolvimento histórico do método

relatando que a preocupação em descobrir e explicar a natureza existe desde os

primórdios da humanidade.

Page 29: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

29

Nas ciências militares, assim como em outras ciências, o método é

fundamental para o desenvolvimento de uma pesquisa e sua escolha se dá de

acordo com a proposta de trabalho do pesquisador.

A adoção de um ou de outro método depende, portanto:

a) da natureza do objeto de pesquisa;

b) dos recursos materiais disponíveis;

c) do nível de abrangência do estudo; e

d) sobretudo, do pesquisador.

Neste sentido, vários sistemas de classificação podem ser adotados.

Segundo Gil (1999), que apresenta uma classificação semelhante a outros autores

como Trujillo, Ferrari (1982), e Lakatos (1992), há dois grandes grupos: os métodos

de abordagem que proporcionam as bases lógicas da investigação científica; e os

métodos de procedimentos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos a

serem empregados.

2.2.1 Os Métodos de Abordagem

Os métodos de abordagem esclarecem acerca dos procedimentos lógicos

que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da

natureza e da sociedade; são métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de

abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua

investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas

generalizações.

Podem ser incluídos neste grupo os métodos: dedutivo, indutivo,

hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Cada um deles vincula-se a

uma das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o

conhecimento da realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo, o

indutivo ao empirismo, o hipotético-dedutivo ao neopositivismo, o dialético ao

materialismo dialético e o fenomenológico à fenomenologia.

Page 30: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

30

2.2.1.1 O Método Dedutivo

Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que

pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O

raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por

intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente (análise do geral

para o particular) para chegar a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica

para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira, logicamente decorrente das

duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).

Veja um exemplo de raciocínio dedutivo:

Premissa maior As unidades de uma Bda CMec tem grande mobilidade. Premissa menor O 121° R C Mec faz parte da 1ª Bda C Mec. Conclusão O 121° R C Mec tem grande mobilidade

Quadro 1 – Exemplo de raciocínio dedutivo.

A dedução pressupõe o aparecimento, em primeiro lugar, do problema e da

conjectura, que serão testados pela observação e/ou experimentação.

2.2.1.2 O Método Indutivo

Método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera

que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta os

princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de

observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à

elaboração de generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um

exemplo de raciocínio indutivo:

Observação 1 O 121° R C Mec tem grande mobilidade. Observação 2 O 122° R C Mec tem grande mobilidade. ... ... Observação n O 123° R C Mec tem grande mobilidade. Premissa menor O 121°, 122°,...123° R C Mec fazem parte da 1ª Bda C Mec. Conclusão A 1ª Bda C Mec tem grande mobilidade.

Quadro 2 – Exemplo de raciocínio indutivo.

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31

Segundo Wricht (apud HEGENBERG, 1976, p. 174), a indução pode ser

caracterizada da seguinte forma: o fato de que algo é verdade, relativamente a certo

número de elementos de uma dada classe, permite concluir que o mesmo será

verdade, relativamente a elementos desconhecidos da mesma classe. Se em

especial, a conclusão se aplica a um número ilimitado de elementos não

examinados, diz-se que a indução leva a uma generalização.

O método indutivo propõe que, em primeiro lugar, está a observação dos

fatos particulares e depois a hipótese a confirmar. Há, portanto, uma inversão de

procedimentos em relação ao método dedutivo.

2.2.1.3 O Método Hipotético-Dedutivo

Proposto por Popper, o método hipotético-dedutivo consiste na adoção da

seguinte linha de raciocínio: “quando os conhecimentos disponíveis sobre

determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o

problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são

formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se

conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas

as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se

procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao

contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la” (GIL, 1999, p.30).

O método hipotético-dedutivo se inicia pela percepção de uma lacuna nos

conhecimentos, acerca da qual se formulam hipóteses, e pelo processo de influência

dedutiva, testa-se a predição da ocorrência dos fenômenos abrangidos pela

hipótese.

2.2.1.4 O Método Dialético

Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se

transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É

um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Admite que os fatos

não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc.

O método dialético penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação

recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre

Page 32: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

32

na natureza e na sociedade. O conceito de dialética equivale a uma argumentação

que faz a distinção dos conceitos envolvidos na discussão.

2.2.1.5 O Método Fenomenológico

Preconizado por Husserl, o método fenomenológico não é dedutivo nem

indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência, tal como ela é. A

realidade é construída e entendida como o compreendido, o interpretado, o

comunicado pelo resultado da pesquisa. Então, a realidade não é única: existem

tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é

reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento (GIL,

1999; TRIVIÑOS, 1992).

2.2.2 Os Métodos de Procedimentos

Segundo Lakatos (2000), os métodos de procedimentos seriam etapas mais

concretas da investigação, com a finalidade mais restrita em termos de explicação

geral dos fenômenos menos abstratos. Pressupõem uma atitude mais concreta em

relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular.

Gil (1999), expõe que os métodos que esclarecem acerca dos procedimentos

técnicos a serem utilizados, proporcionariam ao investigador os meios adequados

para garantir a objetividade e a precisão no estudo de ciências sociais.

Este manual reforça a conceituação adotada por Gil (1999), referindo-se à

conceituação de método, enquanto conjunto de procedimentos suficientemente

gerais, para possibilitar o desenvolvimento de uma investigação científica.

Assim, os principais métodos de procedimentos utilizados nas ciências

sociais, são: histórico, comparativo, estatístico e estudo de caso.

2.2.2.1 O Método Histórico

O método histórico se dá a partir do estudo dos conhecimentos, processos e

intuições passadas, procurando identificar e explicar as origens contemporâneas.

Muitos dos problemas contemporâneos podem ser analisados e entendidos a partir

Page 33: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

33

de uma perspectiva histórica. E a partir da análise, evolução e comparação histórica

se podem traçar perspectivas.

2.2.2.2 O Método Comparativo

O método comparativo desenvolve-se pela investigação de indivíduos,

classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades

entre eles. Sua utilização nas ciências sociais deve-se ao fato de possibilitar o

estudo comparativo de grandes grupamentos separados pelo espaço e pelo tempo.

O método comparativo tem como objetivo estabelecer leis e correlações entre

os vários grupos e fenômenos sociais, mediante a comparação que irá estabelecer

as semelhanças e/ou as diferenças.

2.2.2.3 O Método Estatístico

Segundo Gil (1999), o método estatístico fundamenta-se na aplicação da

teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação

em ciências sociais. As explicações obtidas mediante a utilização do método

estatístico não podem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de

boa probabilidade de serem verdadeiras. Mediante a utilização de testes estatísticos,

torna-se possível determinar, em termos numéricos, a probabilidade de acerto de

determinada conclusão, bem como a margem de erro de um valor obtido.

O método estatístico, apesar das dificuldades para medir os fenômenos,

auxilia o pesquisador no que diz respeito à quantificação matemática dos numerosos

fatos que, reduzidos a números, permitem o estabelecimento de relações e

correlações existentes entre eles, prestando-se tanto para que sejam inferidas como

para que sejam deduzidas as conseqüências dos fatos analisados. É também

utilizado quando, pela variedade e complexidade dos fenômenos, torna-se

impossível um conhecimento mais profundo dos fenômenos e de suas relações sem

uma quantificação.

Em ciências sociais não se entende a estatística como uma simples coleção

de dados, mas sim, como define Fisher, a estatística é a matemática aplicada à

análise dos dados numéricos de observação, pois, tão importante quanto o aspecto

qualitativo do fenômeno é o seu aspecto quantitativo, com as suas possíveis

Page 34: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

34

utilizações; daí ser um importante instrumento utilizado pelas ciências sociais.

Quando, a partir de uma amostragem ou de um caso particular, são definidas

algumas generalizações, tem-se a probabilidade e não a certeza da ocorrência de tal

fenômeno.

2.2.2.4 O Método de Estudo de Caso

O método de estudo de caso ou método monográfico permite, mediante a

análise de casos isolados ou de pequenos grupos, entender determinados fatos.

De acordo com Gil (1999), este método parte do princípio de que o estudo de

um caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros, ou

mesmo de todos os casos semelhantes. Esses casos podem ser indivíduos,

instituições, grupos, comunidades etc.

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme o método escolhido pelo pesquisador, utiliza-se um ou outro

procedimento de coleta de dados. O procedimento de coleta de dados requer do

pesquisador uma definição do delineamento da pesquisa, ou seja, como irá proceder

para obter as informações necessárias à resolução do problema investigado. O

delineamento da pesquisa exige do pesquisador uma definição prévia do ambiente e

das circunstâncias em que serão coletados os dados, e as formas de controle das

variáveis envolvidas no problema.

Page 35: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

35

PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO

ATRAVÉS DA PESQUISA CIENTÍFICA

3 PESQUISA CIENTÍFICA

3.1 CLASSIFICAÇÕES DAS PESQUISAS CIENTÍFICAS

3.1.1 Classificação quanto à natureza

3.1.2 Classificação quanto à forma de abordagem do problema

3.1.3 Classificação quanto aos objetivos gerais

3.1.4 Classificação quanto aos procedimentos técnicos

3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.2.1 Pesquisa científica versus metodologia científica

3.2.2 Níveis de Pós-graduação na EsAO

Page 36: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

36

3 PESQUISA CIENTÍFICA

Pesquisa, num sentido amplo, é um conjunto de atividades voltadas para a

busca de um determinado conhecimento. Neste sentido, qualquer trabalho escolar

que o aluno busque adquirir e/ou ampliar os conhecimentos passa a ser considerado

um trabalho de pesquisa.

Segundo Gil (1999), pode-se definir pesquisa como um processo formal e

sistemático de desenvolvimento do método científico. A pesquisa tem um caráter

pragmático; é um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método

científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas

mediante o emprego de procedimentos científicos”.

De acordo com Barros e Lehfeld (2000), a pesquisa científica é o produto de

uma investigação, cujo objetivo é resolver problemas e solucionar dúvidas mediante

a utilização de procedimentos científicos. Consiste em investigar a realidade,

utilizando processos (métodos) e técnicas específicas. Aplicar atentamente os

sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. Observar e

examinar atentamente, sondar, inquirir, ouvir com atenção, ler e analisar

documentos.

Para a EsAO, a pesquisa científica é um conjunto de ações metodicamente

organizadas, baseadas em procedimentos racionais e sistemáticos; realizada com o

objetivo de solucionar um problema de cunho doutrinário, administrativo ou de

instrução; e relatada através de um discurso autêntico, coerente e lógico, ausente de

contradições.

3.1 CLASSIFICAÇÕES DAS PESQUISAS CIENTÍFICAS

Existem várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de

classificação serão apresentadas a seguir, levando em consideração: a natureza, a

forma de abordagem do problema, os objetivos gerais e os procedimentos

técnicos.

Page 37: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

37

3.1.1 Classificação quanto à natureza

Pesquisa Básica (ou Pura): objetiva a produção de novos conhecimentos,

úteis para o avanço da ciência, sem uma aplicação prática prevista inicialmente.

Envolve verdades e interesses universais.

Pesquisa Aplicada: objetiva a produção de conhecimentos que tenham

aplicação prática e dirigidos à solução de problemas reais específicos. Envolve

verdades e interesses locais.

3.1.2 Classificação quanto à forma de abordagem do problema

Pesquisa Quantitativa: admite que de tudo pode ser quantificável, isto é, que

é possível traduzir em números as opiniões e as informações para, posteriormente,

classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas

(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação,

análise de regressão, etc.).

Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo

real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação

dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa

qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural

é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É

descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente.

3.1.3 Classificação quanto aos objetivos gerais

Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o

problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. É usada para

conhecer variáveis que são desconhecidas completamente, e cuja informação será

básica para poder desenhar uma investigação mais específica e profunda que

alcance o verdadeiro conhecimento da variável. A pesquisa exploratória tem como

principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em

vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para

Page 38: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

38

estudos posteriores. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema

escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas

e operacionalizáveis. Muitas vezes as pesquisas exploratórias constituem a primeira

etapa de uma investigação mais ampla (Selltiz et al., 1967).

Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada

população/fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. É utilizada

para aumentar os conhecimentos sobre as características e magnitude de um

problema, obtendo desta maneira uma visão mais completa. Para este tipo de

pesquisa é necessário que o pesquisador detenha algum conhecimento da variável

ou das variáveis que influenciam o problema. Algumas pesquisas descritivas vão

além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo

determinar a natureza dessa relação (Selltiz et al., 1967).

Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou

contribuem para a ocorrência dos fenômenos, aprofundando o conhecimento da

realidade por explicar a razão, o “porquê” das coisas. Uma pesquisa explicativa pode

ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que

determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e/ou

detalhado. Nem sempre é possível a realização de pesquisas rigidamente

explicativas em ciências sociais.

3.1.4 Classificação quanto aos procedimentos técnicos

Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado,

constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, de material

disponibilizado na Internet. Dependendo da pesquisa, percebe-se que muitas são

desenvolvidas quase que exclusivamente a partir de fontes bibliográficas, tais como:

livros de leitura corrente, livros de referência, dicionários, enciclopédias, impressos

diversos, publicações periódicas, revistas e jornais etc.

A pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador a cobertura de uma gama de

fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente;

principalmente quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo

espaço. A pesquisa bibliográfica é indispensável nos estudos históricos, pois não há

Page 39: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

39

outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base em dados

bibliográficos.

Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não

receberam tratamento analítico. As fontes, consideradas documentais, podem ser

documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas,

tais como: associações científicas, igrejas, sindicatos etc. Incluem-se outros

inúmeros documentos como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações,

memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc. Há documentos também, que de

alguma forma já foram analisados, tais como relatórios de pesquisa, relatórios de

empresas, tabelas estatísticas, etc, que podem ser incluídos no rol da pesquisa, em

face da sua importância documental.

Pesquisa Experimental: consiste em determinar um objeto de estudo,

selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de

controle e de observação dos efeitos que a variável pode produzir no objeto. De

modo geral, o experimento representa um excelente exemplo de pesquisa científica

em determinados campos do conhecimento. Contudo, em boa parte dos casos, a

pesquisa experimental torna-se inviável, quando se trata de objetos sociais, por

exigir previsão de relações e controle das variáveis a serem estudadas.

Quando os objetos em estudo são entidades físicas, tais como porções de

líquidos, bactérias ou ratos, não se identificam grandes limitações quanto à

possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de experimentar com

objetos sociais, ou seja, com pessoas, grupos ou instituições, as limitações tornam-

se bastante evidentes. Considerações éticas e humanas impedem que a

experimentação se faça eficientemente nas ciências sociais, razão pela qual os

procedimentos experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número

de situações.

Levantamento: caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas que

possam estar envolvidas com o objeto cujo comportamento se deseja conhecer.

Basicamente procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de

pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise

quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados.

Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da

população estudada. Antes da pesquisa de campo, seleciona-se mediante

procedimentos, uma amostra significativa de todo o universo tomado como objeto de

Page 40: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

40

investigação. As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a

totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida por

meio de cálculos matemáticos (verifique o Anexo II do Manual de Estatística, v.1).

Os levantamentos gozam de grande popularidade entre os pesquisadores

sociais, pois proporcionam: conhecimento direto da realidade, economia e rapidez

na obtenção de grande quantidade de dados num curto espaço de tempo, permite

que os dados sejam agrupados em tabelas, possibilitando a sua visualização e

análise por quantificação.

Estudo de Caso: caracterizado-se pelo estudo profundo e exaustivo de um

ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado

conhecimento. É recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas

complexos, auxiliando a construção de hipóteses ou reformulação do problema.

Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é

suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado como um tipo ideal,

possibilitando avançar na pesquisa.

Pesquisa Ex-post-facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos

ocorridos. A pesquisa ex-post-facto, é a pesquisa que se realiza depois que fatos ou

situações se desenvolveram espontaneamente. Não se trata rigorosamente de um

experimento, posto que o pesquisador não tem controle das variáveis. Todavia, os

procedimentos lógicos de delineamento desta pesquisa são semelhantes aos dos

experimentos propriamente ditos. Neste tipo de pesquisa são tomadas como

experimentais as situações que se desenvolveram naturalmente e trabalha-se sobre

elas como se estivessem submetidas a controle.

Pesquisa-Ação: exige o envolvimento ativo do pesquisador e ação por parte

das pessoas ou grupos envolvidos no problema. Segundo Thiollent (1985), esta

pesquisa é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo.

Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre

pesquisadores e membros das situações investigadas. A pesquisa participante,

segundo Thiollent (1985), assim como a pesquisa-ação caracteriza-se pela interação

entre pesquisadores e membros das situações investigativas. Há autores que

empregam as duas expressões como sinônimas. Todavia, a pesquisa-ação

geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional,

Page 41: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

41

técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre

ciência popular e ciência dominante.

3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas

exigências científicas. Para que seu estudo seja considerado científico você deve

obedecer aos critérios de coerência, consistência, originalidade e objetividade. É

desejável que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos:

a) a existência de uma pergunta que se deseja responder;

b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; e

c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.

3.2.1 Pesquisa científica versus metodologia científica

Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada e

desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia científica.

Metodologia científica é um conjunto de etapas ordenadamente dispostas

que devem ser executadas na investigação de um fenômeno, que inclui a escolha

do tema; a exploração do problema; a construção de um modelo de análise e

solução do problema; a coleta e a tabulação de dados; a apresentação dos

resultados; a análise e discussão dos resultados; a elaboração das conclusões

e recomendações; e a divulgação de resultados.

3.2.2 Níveis de Pós-graduação na EsAO

Após compreender os conceitos de metodologia, ciência, métodos de

pesquisa e tipos de pesquisa científica, é importante que o discente entenda alguns

princípios que regem os programas de pós-graduação. Ao término desta Unidade

Didática, espera-se que o postulante esteja em condições de optar pelo programa de

pós-graduação que melhor lhe convier. Para tanto, serão apresentados alguns

conceitos importantes acerca das modalidades stricto sensu e lato sensu.

Page 42: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

42

3.2.2.1 Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

O nível stricto sensu refere-se a um conhecimento particular e aprofundado

acerca de determinado tema, exigindo uma visão detalhada e específica do mesmo.

Ao término do programa o postulante deverá apresentar uma Dissertação de

Mestrado como relatório final de sua pesquisa científica, fazendo jus, caso

aprovado, ao grau de Mestre em Operações Militares.

Como veículo da execução do programa de mestrado, a apresentação de

dissertação busca contribuir na qualificação de pessoal para o exercício de

atividades ligadas ao Sistema de Ensino Militar Bélico e para a execução das

atividades de pesquisa no campo das Operações Militares.

Ao pretendente do titulo de mestrado será exigida a apresentação de um nível

maior de conhecimento a respeito do tema, de tal forma que seja possível o

levantamento de hipóteses para a solução do problema científico proposto.

3.2.2.2 Programa de Pós-Graduação Lato Sensu

O nível lato sensu refere-se a um conhecimento geral acerca de determinado

tema, exigindo um aprofundamento relativo e uma abordagem mais genérica em

relação ao mesmo. Ao término do programa o postulante deverá apresentar um

Trabalho de Conclusão de Curso como relatório final de sua pesquisa científica,

fazendo jus, caso aprovado, ao grau de Aperfeiçoamento em Operações

Militares.

Ao pretendente do titulo de aperfeiçoamento será exigida a apresentação de

um conhecimento compatível com o tema em estudo, de tal forma que seja possível

descrevê-lo sem a necessidade de uma investigação mais detalhada das relações

de causas ou conseqüências do problema analisado. O trabalho deverá constituir-se

em aprofundamento dos estudos realizados ao longo da carreira e aprimorados

durante o CAO, evidenciando pesquisa científica. Observe que o TCC pode ser

concluído sem necessariamente apresentar algo novo sobre o tema pesquisado.

O Quadro 3 apresenta, de uma maneira geral, as principais diferenças entre

os níveis de Pós-Graduação, por meio de uma abordagem lato e stricto sensu de um

mesmo tema.

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43

Nível Lato Sensu Stricto Sensu

Tema Treinamento cardiopulmonar e performance de militares

Treinamento cardiopulmonar e performance de militares

Delimitação do tema

Sessões cardiopulmonares de treinamento físico militar na preparação do Sd EV para o TAF.

Uma comparação entre os efeitos fisiológicos produzidos pela corrida intervalada e pela corrida contínua, voltados para a performance de Sd EV no TAF.

Antecedentes do problema

O pesquisador sente a necessidade de pesquisar acerca de como os diversos tipos de treinamento cardiopulmonar poderiam otimizar a performance cardiopulmonar do Sd EV.

Estudos comparativos têm indicado que a corrida intervalada provoca mudanças fisiológicas que a corrida contínua não é capaz de realizar.

Problema Como melhorar a performance cardiopulmonar de Sd EV, visando uma preparação para o TAF?

Que método de treinamento produz maiores benefícios fisiológicos voltados para o TAF?

Aprofundamento exigido

Abordagem genérica de todas as sessões de treinamento cardiopulmonar, capazes de melhorar a performance do militar, concluindo acerca de suas vantagens e desvantagens.

Abordagem profunda e detalhada da fisiologia do exercício, para comparar os efeitos dos treinamentos, concluindo acerca de qual produz maiores benefícios fisiológicos voltados para o TAF.

Quadro 3 – Diferenças entre os níveis de aprofundamento da pesquisa científica.

A Tabela 1 apresenta algumas características que, genericamente, permitem

distinguir as principais diferenças e semelhanças entre uma Dissertação de

Mestrado (DM) e um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Tabela 1- Principais diferenças entre a DM e o TCC Características DM TCC

Quanto ao programa de pós-graduação stricto sensu lato sensu Formulação do problema sim sim Referencial Teórico (nível de abrangência) maior menor Formulação de questões de estudo não sim Formulação de hipóteses sim não Variáveis duas ou mais pelo menos uma Testes de variáveis sim não Aprofundamento do conhecimento. maior menor Pesquisa de campo sim não Análise estatística sim não Defesa perante Banca Examinadora sim não Fonte: Os autores.

A partir deste momento o postulante deve decidir acerca do nível de

aprofundamento que pretende empreender em seu trabalho. Caso opte pelo

programa stricto sensu (Mestrado), siga para a Unidade Didática IV. Se optar

pelo programa lato sensu (Aperfeiçoamento), siga para a Unidade Didática V.

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44

Page 45: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

45

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSU

4 PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

4 1 INTRODUÇÃO

4.2 AS ETAPAS DA PESQUISA

4.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 1 INTRODUÇÃO 2 REFERENCIAL CONCEITUAL 2.1 TEMA 2.2 PROBLEMA 2.3 JUSTIFICATIVA 2.4 CONTRIBUIÇÃO 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 REVISÃO DE LITERATURA 3.2 ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS 4 REFERENCIAL METODOLÓGICO 4.1 OBJETIVO 4.2 HIPÓTESE 4.3 VARIÁVEIS 4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5 REFERENCIAL OPERATIVO (somente no projeto de pesquisa) 5.1 PLANILHA DE CUSTOS 5.2 CRONOGRAMA 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.4 MONTAGEM DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Page 46: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

46

4 PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

4.1 INTRODUÇÃO

O programa de pós-graduação stricto sensu exige a apresentação de

dissertações conforme as orientações do Conselho Federal de Educação e a

normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da NBR

14724:2002.

É importante compreender neste momento que a dissertação é o relatório

final de uma pesquisa científica, e que esta pesquisa deve ser criteriosamente

planejada e aprovada antes de ser realizada. Tais providências têm por finalidade

traduzir um perfeito sincronismo, entre o postulante e o seu orientador, e entre

ambos e a linha de pesquisa a qual estão vinculados, visando atender os interesses

do postulante e da Escola, bem como economizar tempo e recursos preciosos. Para

que o postulante, o orientador, e a linha de pesquisa estejam perfeitamente

alinhados, o programa exige o cumprimento das fases progressivas a seguir

relacionadas:

Escolha do Tema;

Apresentação da Proposta do Projeto de Pesquisa;

Apresentação do Projeto de Pesquisa;

Qualificação dos Capítulos Iniciais da Dissertação de Mestrado;

Depósito da Dissertação de Mestrado; e

Defesa da Dissertação de Mestrado perante Banca Examinadora.

Estas fases estão perfeitamente definidas nas Instruções de Pós-Graduação

da EsAO, e devido ao caráter progressivo do estudo (Apêndice A), não será difícil

perceber que a Proposta do Projeto de Pesquisa evolui para o Projeto de

Pesquisa, e que a Dissertação de Mestrado é o relatório do que foi planejado e

executado, apresentando ainda os resultados, as análises e as conclusões acerca

do que foi pesquisado. O CD anexo apresenta os modelos correspondentes a cada

fase.

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47

4.2 AS ETAPAS DA PESQUISA.

O planejamento e a execução de uma pesquisa científica fazem parte de um

processo sistematizado que normalmente compreende 7 etapas distintas, que são

traduzidas em referenciais, cujos elementos constitutivos formam as seções do

relatório final da pesquisa científica (a Dissertação de Mestrado).

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AS 7 ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA

SEÇÕES DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

1ª Etapa Seção 1 Introdução - Visão Geral

Seção 2 - Tema - Problema - Justificativa

A pergunta de partida Referencial Conceitual

- Contribuição 2ª Etapa Seção 3

A exploração do problema

Revisão de Literatura

Entrevistas exploratórias

Referencial Teórico

Apresentação dos pressupostos teóricos que irão sustentar a

tese formulada.

3ª Etapa Seção 4 - Objetivos - Hipóteses - Variáveis Referencial

Metodológico - Procedimentos metodológicos - Cronograma

A construção de um modelo de análise e solução do problema

Referencial Operativo* - Planilha de custos

4ª Etapa Seção 5

A coleta dos dados

5ª Etapa

Análise dos dados

Apresentação e Análise dos Resultados

6ª Etapa Seção 6

Conclusões

Conclusões e Recomendações

7ª Etapa Redação do relatório final de pesquisa (Montagem da Dissertação de Mestrado)

DEFESA PERANTE BANCA EXAMINADORA

(fase presencial do CAO)

*O Referencial Operativo faz parte apenas do Projeto de Pesquisa (ver os Apêndices A e B)

Figura 1 – As sete etapas da construção de uma Dissertação de Mestrado.

Page 48: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

48

A pesquisa se inicia com a definição do tema. A partir daí, é formulada uma

pergunta de partida (1ª Etapa), procurando destacar os aspectos do tema que

serão abordados na pesquisa. A pergunta de partida irá desencadear uma breve

revisão de literatura e uma série de raciocínios lógicos que culminarão com

apontamentos acerca de um problema que se queira solucionar, das justificativas

para se empreender um estudo científico para resolvê-lo, e das contribuições que

esta pesquisa poderá produzir. Depois de reunidos, o Tema, o Problema, as

Justificativas e as Contribuições constituirão o chamado Referencial Conceitual.

Durante esta 1ª etapa o pesquisador poderá chegar às seguintes conclusões:

a) a pergunta de partida está bem elaborada, prosseguindo no estudo; ou

b) a pergunta de partida deve ser reformulada.

Na seqüência, o pesquisador deve realizar a exploração do problema (2ª

Etapa), por meio de uma revisão de literatura (bem mais aprofundada) e de

entrevistas exploratórias, com o objetivo de colher subsídios que permitam

formular uma possível solução para o problema (hipóteses de estudo), bem como ,

uma maneira de se testar, metodologicamente, esta solução (Referencial

Metodológico). Após serem convenientemente organizados, os resultados da

exploração do problema constituirão o chamado Referencial Teórico

Concluída a elaboração do Referencial Teórico o pesquisador passará a

construção de um modelo de análise e solução do problema (3ª Etapa), onde

serão definidos o(s) objetivo(s) de estudo, a(s) hipótese(s), as variáveis, e os

procedimentos metodológicos adotados para testar (comprovar ou rejeitar) a solução

formulada. Estando definida a hipótese, o postulante passa: a estabelecer os

objetivos da pesquisa, que apresentam os passos a serem dados para aceitação ou

rejeição da hipótese; a definir as suas variáveis; a estabelecer os procedimentos

metodológicos a serem seguidos; e, somente durante a elaboração do projeto de

pesquisa, a criar um cronograma de trabalho e a apresentar uma planilha de custos.

Após convenientemente organizados, o(s) objetivo(s) de estudo, a(s)

hipótese(s), as variáveis, e os procedimentos metodológicos constituirão o chamado

Referencial Metodológico. O cronograma de trabalho e a planilha de custos

constituirão o Referencial Operativo a ser apresentado no projeto de pesquisa.

Definida a forma como será(ão) testada(s) a(s) hipótese(s), deve-se realizar a

Coleta de Dados (4ª Etapa), que consiste na execução do que foi planejado no

Referencial Metodológico. Segue-se a esta, a Análise dos Dados (5ª Etapa), que

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49

culminará com a redação da seção Apresentação e Análise dos Resultados, onde

os resultados da coleta de dados serão apresentados e discutidos de forma a

fornecerem subsídios que permitam ao pesquisador chegar a uma conclusão acerca

da aceitação ou rejeição da hipótese de estudo. Durante esta etapa, pode-se

verificar a necessidade da realização de uma nova coleta de dados, ou até mesmo

de se reformular o Referencial Metodológico para tratar algum aspecto que não

tenha ficado claro durante a análise.

Finda a análise e apresentação dos resultados chega-se à etapa das

Conclusões (6ª Etapa), quando o autor deve apresentar, na seção Conclusões e

Recomendações, os principais aspectos verificados durante a pesquisa, verificando

se a(s) hipótese(s) de estudo soluciona(m), ou não, o problema de pesquisa.

Encerrando o processo de elaboração da dissertação é realizada a Redação do

Relatório de Pesquisa (7ª Etapa), quando todo o trabalho deve ser organizado e

formatado de acordo com as Normas da ABNT, executando-se a sua impressão e a

entrega da Dissertação de Mestrado, para que, no momento determinado, seja

executada a defesa perante a Banca Examinadora.

4.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

A seguir, serão apresentados conceitos acerca de cada uma das seções que

compõem a estrutura final da DM, sendo referenciadas, ao lado do título de cada

seção, a necessidade de sua apresentação na Proposta de Projeto, no Projeto de

Pesquisa e na DM. A numeração apresentada a seguir corresponde àquela que

deve constar no corpo do trabalho, sendo obrigatória a apresentação dos itens

referenciados.

1 INTRODUÇÃO (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção primária deve ser breve, visando preparar o leitor para a questão

funcional do trabalho, situando-o no tempo e no espaço, e fornecendo uma visão

clara dos caminhos a serem percorridos para se chegar à solução do problema de

pesquisa. Deve ainda apresentar uma idéia geral do trabalho, fornecendo uma visão

panorâmica acerca do assunto pesquisado.

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50

Segundo Martins (2000), a introdução deve conter idéias básicas que

respondam às indagações sobre a temática, o porquê da escolha do tema, qual a

contribuição esperada e qual a trajetória desenvolvida para a construção e

desenvolvimento do trabalho empreendido. Pode-se redigir uma introdução inicial,

que será continuamente reescrita à medida que o trabalho progride.

2 REFERENCIAL CONCEITUAL (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção primária tem por finalidade colocar o leitor à parte da

problemática que envolve o estudo, devendo ser apresentados: o tema selecionado;

o problema (antecedentes do problema, a formulação do problema propriamente

dito e os seus alcances e limites); a justificativa da importância de execução da

pesquisa; e a contribuição que a investigação poderá dar para a área específica do

conhecimento em questão.

2.1 TEMA (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção secundária deverá abordar o tema e a delimitação do tema.

De acordo com Lakatos e Marconi (1999), tema é o assunto que se deseja

estudar e pesquisar. Escolher o tema significa selecionar um assunto de acordo com

as inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a

elaborar um trabalho científico. Encontrar um objeto que mereça ser investigado

cientificamente e que tenha condições de ser formulado e delimitado em função da

pesquisa. O assunto escolhido deve ser exeqüível e adequado tanto aos fatores

externos, quanto aos fatores internos (pessoais).

É importante que o tema escolhido demonstre o interesse do pesquisador e

esteja situado em seu campo de conhecimento, pois, segundo Dencker (1998), para

desenvolver de maneira adequada um tema de pesquisa, é necessário que o

pesquisador domine o assunto e esteja apto a manejar as fontes de consulta

bibliográfica.

Nesta fase do trabalho você deverá responder à seguinte pergunta: “O que

pretendo abordar?”

A delimitação do tema é um aspecto ou uma área de interesse acerca de um

assunto que se deseja provar ou desenvolver. Delimitar um tema significa eleger

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51

uma determinada parcela de um assunto, estabelecendo limites ou restrições para o

desenvolvimento da pesquisa pretendida.

Segundo Barros & Lehfeld (1999), a definição do tema pode surgir com base:

a) na observação do cotidiano;

b) na vida profissional;

c) em programas de pesquisa;

d) em contato e/ou relacionamento com especialistas;

e) no “feedback” (realimentação/retomada) de pesquisas já realizadas; e

f) no estudo da literatura especializada.

A escolha do tema de uma pesquisa em um curso de pós-graduação está

relacionada à linha de pesquisa à qual se está vinculado ou à linha de seu

orientador. Para a escolha do tema, deve-se levar em conta a relevância e a

atualidade do problema, seu conhecimento a respeito, sua preferência e sua aptidão

pessoal para lidar com o tema escolhido. Para um maior aprofundamento nas

questões relativas à escolha do tema consulte o impresso “Lista de Assuntos para

Trabalhos Acadêmicos”. Após a definição do tema, deve-se levantar e a analisar

as literaturas já publicadas sobre o assunto escolhido

2.2 PROBLEMA (Proposta, Projeto e DM)

Nesta seção secundária você deve refletir sobre o problema que pretende

resolver através da pesquisa científica que irá empreender, apresentando os

antecedentes do problema, a formulação do problema e os alcance e limites.

Em primeiro lugar, é preciso verificar se realmente você está diante de um

problema científico, e concluir se será compensador tentar encontrar uma solução

para ele. A pesquisa científica depende fundamentalmente da formulação adequada

do problema, isto porque objetiva buscar a sua solução.

Mas... você sabe o que é um problema científico?

Toda pesquisa se inicia com uma pergunta de partida (o problema). Segundo

o dicionário Aurélio, um problema é uma questão não resolvida e que é objeto de

discussão, em qualquer domínio do conhecimento.

Abordaremos brevemente algumas questões que, intuitivamente, nos fazem

pensar que estamos diante de com um problema de natureza científica, mas que, na

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52

verdade, se tratam de problemas de engenharia ou problemas de valor, isto é

não são problemas científicos.

Problemas de engenharia

Alguns problemas, ditos “de engenharia”, indagam acerca de como fazer as

coisas, eles não são problemas científicos pois não questionam como as coisas

são, suas causas e conseqüências. A ciência pode fornecer sugestões e inferências

acerca de possíveis repostas aos problemas de engenharia, mas não responder

diretamente a eles.

Exemplos:

1. O que pode ser feito para melhorar a qualidade da instrução?

2. Como melhorar a produtividade da Seção?

3. Como se confecciona um determinado documento?

Problemas de valor

Os problemas "de valor" também não são passíveis de verificação. Tais

questionamentos indagam se uma coisa é boa ou má, desejável ou indesejável,

certa ou errada, ou se é melhor ou pior que outra. São problemas cuja resposta

depende de opinião, e estas sofrem o efeito de diversas variáveis intervenientes que

são difíceis ou impossíveis de serem controladas (maturação, nível escolar, moral,

ética, etc...), não se constituindo, portanto, em problemas científicos.

Exemplos:

1. Os recrutas devem ser punidos na primeira semana de instrução?

2. Qual é o melhor pelotão na Ordem Unida da Brigada?

3. É desejável conceituar o subordinado com menos de 8?

Problema científico

Pode-se dizer que um problema é de natureza científica, quando envolve

variáveis que podem ser tidas como testáveis (suscetíveis à observação ou à

manipulação).

Exemplos

1. A utilização de técnicas de dinâmicas de grupo influencia o

rendimento escolar?

2. A privação de sono altera o desempenho cognitivo de militares?

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53

3. As recompensas previstas no RDE interferem na produtividade do

militar?

2.2.1 Antecedentes do Problema (Proposta, Projeto e DM)

Os antecedentes indicam a origem, ou seja, um breve histórico de como

surgiu o problema do problema, portanto, pressupõe a apresentação do que já está

disponível a respeito dele. Como a investigação tem o propósito de estabelecer de

alguma maneira as características desconhecidas das variáveis do problema ou a

provável relação que pode haver entre duas ou mais variáveis, torna-se necessário

identificar como surgiu o problema, mencionando autores que já pesquisaram a

respeito do assunto ou investigações relacionadas ao problema. As experiências

anteriores referentes ao enfoque central do tema devem ser utilizadas neste

referencial como ponto de partida para o início da pesquisa.

2.2.2 Formulação do Problema (Proposta, Projeto e DM)

O problema deve ser formulado como uma pergunta. Esta é a maneira mais

fácil e direta de formulá-lo, além de facilitar a sua identificação e a confecção do

relatório final. Muitas vezes o pesquisador inicia o processo pela escolha de um

tema, que por si só não constitui um problema específico.

2.2.2.1 Regras básicas para a formulação de um problema científico

A experiência acumulada pelos pesquisadores possibilitou o desenvolvimento

de certas regras práticas para a formulação de um problema científico, tais como:

a) ser formulado em forma de uma pergunta inicial;

b) ser claro e preciso;

c) ser empírico (testável) e não fruto de valores; percepções pessoais e/ou

senso comum (“achismos”);

d) ser suscetível de solução, ou seja, suas variáveis devem permitir

observação ou manipulação;

e) ser delimitado a uma dimensão viável (recursos disponíveis);

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54

f.)ser formulado de uma forma que não permita dar um simples sim ou não

como resposta; e

g) evitar a adoção de uma posição moral ou ética.

A seguir passaremos a explorar os exemplos de problemas científicos

mencionados na seção secundária 2.2.

Problema 1. A utilização de técnicas de dinâmicas de grupo influencia o

rendimento escolar?

O problema 1, tem início na observação de que existe pouca interação entre

os alunos na execução de trabalhos em grupo, e isto pode diminuir o rendimento

escolar.

Logo, é perfeitamente possível:

a) levantar quais são as técnicas de dinâmica de grupo mais indicadas (pela

literatura e por especialistas em ensino);

b) aplicar as técnicas levantadas em trabalhos escolares; e

c) verificar se, após a aplicação das técnicas, houve alteração no rendimento

escolar.

Caso a alteração seja positiva poder-se-á induzir que a utilização de

técnicas de dinâmica de grupo aumenta o desempenho escolar (para a

população estudada). Note que a afirmação em negrito consiste em uma hipótese

de estudo.

Problema 2. A privação de sono altera o desempenho cognitivo de militares?

O problema 2 tem início na observação empírica de que a privação de sono

dificulta o desempenho de determinadas tarefas que requerem atenção prolongada

ou realização de tarefas complexas.

Logo, é perfeitamente possível:

a) levantar quais são os trabalhos publicados sobre o tema em questão para

buscar indícios de mecanismos de cognição afetados pela privação de sono (pela

literatura e por especialistas em neurofisiologia);

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55

b) aplicar testes cognitivos com diferentes tratamentos relacionados ao sono

(um grupo em privação total de sono, um grupo que poderá dormir apenas 4 horas

por noite, e um grupo que poderá dormir 8 horas por noite); e

c) verificar se existem diferenças significativas entre as respostas aos testes

cognitivos, apresentadas pelos diferentes grupos testados, após a aplicação dos

tratamentos.

Caso existam diferenças significativas entre as respostas dos grupos poder-

se-á induzir que a privação de sono afeta negativamente o desempenho

cognitivo de militares (para a população estudada). Note que a afirmação em

negrito consiste em uma hipótese de estudo.

Problema 3. As recompensas previstas no RDE interferem na produtividade do

militar?

O problema 3 tem início na observação de que militares freqüentemente

elogiados tem um desempenho produtivo otimizado, e que militares que são

freqüentemente punidos tendem a relaxar em suas obrigações.

Logo, é perfeitamente possível:

a) levantar uma grande quantidade de militares (pela análise documental de

suas alterações) e dividi-los em dois grupos distintos: os elogiados freqüentemente e

os punidos freqüentemente;

b) aplicar questionários e entrevistas aos militares analisados e consultar

seus chefes imediatos a respeito do seu desempenho produtivo, e aplicar um teste

correlacional para verificar a relação entre as variáveis recompensa/punição versus

desempenho produtivo; e

c) verificar se existe correlação positiva ou negativa entre as variáveis.

Caso existam diferenças significativas entre as respostas dos grupos poder-

se-á deduzir que as recompensas previstas no RDE influenciam positivamente a

produtividade dos militares (para a população estudada). Note que a afirmação

em negrito consiste em uma hipótese de estudo.

Pode-se notar que todo o delineamento da pesquisa estará voltado para a

resolução do problema, ou do levantamento de indícios que permitam que outros

pesquisadores resolvam questões relevantes ligadas intrinsecamente ao problema

pesquisado.

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56

As hipóteses de estudo são baseadas em indicadores levantados através da

revisão de literatura e/ou nas entrevistas com especialistas sobre o tema, e devem

pré-dizer uma solução para o problema de estudo, respondendo à pergunta inicial

que originou o problema de pesquisa.

2.2.3 Alcance e Limites (Projeto e DM)

A pesquisa deve ser delimitada no tempo e no espaço, especificada e

reduzida de modo a permitir a sua realização.

A delimitação do alcance consiste em determinar até onde vai a pesquisa, a

quem está dirigida, o universo de conhecimento a respeito do assunto, o que deve

ser especificado de forma a tornar acessível à investigação.

Ainda que a definição do problema seja clara, precisa e concisa, faz-se

necessário especificar o alcance da investigação, relatando os aspectos do

problema a serem incluídos, e aqueles que devem ficar de fora.

A definição dos limites consiste em especificar as áreas da investigação que

não serão abordadas, definindo a exclusividade da pesquisa e o campo de ação que

não foi possível abarcar.

Os limites da investigação referem-se às restrições impostas sobre as

possibilidades de generalização dos resultados a outras populações e a possíveis

ameaças sobre a validade e a confiabilidade do estudo. Duas limitações são: o

tamanho da amostra e a duração do estudo.

A dimensão do problema deve estar dentro dos limites da capacidade do

pesquisador, com relação ao domínio de conhecimentos necessários, e da

existência de recursos materiais e humanos suficientes para que seja possível a

realização da pesquisa.

2.3 JUSTIFICATIVA (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção secundária deve apresentar o “porquê” da realização da pesquisa,

procurando identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e a sua

importância relativa. A justificativa deverá convencer o leitor acerca da necessidade

e da relevância da pesquisa proposta.

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57

Este é um dos itens mais importantes a ser considerado no momento da

elaboração da proposta e, conseqüentemente do projeto de dissertação . É onde se

apresenta a razão de ser da pesquisa. A existência de um problema é o que justifica,

academicamente, a realização de uma pesquisa. É a existência de um problema real

que determinará a necessidade do equacionamento de uma solução. O investigador

deve estabelecer, convincentemente, que a problemática exposta merece uma

solução.

Para tanto, o pesquisador deve perguntar-se:

O tema é relevante? Procurando responder por quê.

Quais aspectos positivos podem ser destacados na abordagem proposta?

Quais são as inovações esperadas? Elas justificam a realização do estudo?

2.4 CONTRIBUIÇÃO (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção secundária deve apresentar o “para que” servirá o resultado da

investigação uma vez concluída. A contribuição deverá demonstrar ao leitor a

serventia dos resultados a serem colhidos.

Um trabalho de investigação é considerado importante quando seus

resultados podem ser traduzidos em novas descobertas ou quando podem contribuir

para o conhecimento de problemas significativos. Em outras palavras, a importância

de uma investigação está na sua originalidade, nos seus resultados.

É importante destacar o valor que terá o estudo do problema formulado e

como poderá contribuir ou ampliar os conhecimentos anteriores. Uma pesquisa é

relevante na medida em que contribui para o desenvolvimento do conhecimento, isto

é, na medida que o faz avançar.

Para tanto, o pesquisador deve perguntar-se:

Quais vantagens e benefícios a pesquisa irá proporcionar?

A quem (ou que) se destinam os resultados do seu estudo?

Quem será o real beneficiário da investigação?

3 REFERENCIAL TEÓRICO (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção primária deve apresentar os chamados “pressupostos teóricos”

que embasarão a questão a ser estudada, a formulação do modelo de análise e

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58

solução do problema, e conseqüentemente, a construção da(s) hipótese(s) de

estudo, valendo-se das idéias de autores reconhecidos através de citações (diretas

ou indiretas). O pesquisador deve citar aquelas idéias imprescindíveis à

compreensão do caminho a ser percorrido para a solução do problema de estudo,

evitando perder-se em divagações que não contribuirão para a sustentação do

pensamento científico.

Uma revisão de literatura (pesquisa bibliográfica e/ou documental), bem

como entrevistas exploratórias devem ser realizadas para que seja possível o

aprofundamento nas questões que envolvem o problema, transformando a pergunta

de partida na questão central da investigação. Este procedimento tem fundamental

importância no sentido de alicerçar os pressupostos teóricos que sustentarão a

formulação de hipóteses.

3.1 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura tem por objetivos: identificar o “estado da arte” (última

palavra no assunto); proceder a uma revisão teórica; desenvolver uma revisão

empírica ou ainda realizar uma revisão histórica. A revisão de literatura é

fundamental porque fornecerá elementos para que se evite a duplicação de

pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema (repetidas). Uma boa revisão de

literatura permitira ainda a definição de contornos mais precisos do problema a ser

estudado.

Neste momento o pesquisador deve procurar responder, dentre outras, às

seguintes questões:

O que já foi publicado sobre o assunto?

Quem já escreveu a respeito?

Que aspectos já foram abordados?

Quais as lacunas existentes na literatura?

Existem teorias que sustentem a formulação de hipótese?

3.2 ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS

As entrevistas exploratórias buscam ampliar os conhecimentos do

pesquisador sobre o tema. O pesquisador, ao invés de procurar validar as suas

Page 59: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

59

próprias idéias, deve ter uma atitude filosófica, ou seja, procurar adquirir novas

informações, e verificar outros pontos de vista em relação ao problema, a fim de

complementar lacunas em seu próprio conhecimento acerca do assunto, o que irá

corroborar para a construção de um raciocínio lógico e coerente acerca do problema

de pesquisa e de como solucioná-lo. Nesta fase, é desejável apresentar-se o

resultado das entrevistas exploratórias realizadas com os especialistas,

testemunhas ou interessados no tema pesquisado, enfim, com pessoas que

possam elucidar pontos que não se apresentaram perfeitamente claros por meio da

revisão de literatura. Tais entrevistas não são simples reuniões de opiniões sobre o

assunto; caracterizam-se por contribuições que realmente somam ao conhecimento

adquirido.

A realização de uma boa revisão de literatura e de entrevistas exploratórias

ampliarão os conhecimentos sobre o tema, permitindo avaliar se a pergunta de

partida foi bem definida. Através desta avaliação, a pergunta de partida poderá ser

mantida, redefinida (enfocando o cerne da pesquisa) ou abandonada, exigindo um

reinício da pesquisa.

O referencial teórico deve ser dividido em quantas seções se fizerem

necessárias para apresentar o embasamento do tema e do problema, cada uma

com seu título. Os títulos devem ser impressos de forma a destacar a hierarquia

utilizada nas subdivisões.

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO (Proposta, Projeto e DM)

Esta seção primária deve apresentar detalhadamente como se pretende

realizar a pesquisa e solucionar o problema. A metodologia deve ser exposta de

modo suficientemente claro e detalhado, para que o leitor seja capaz de reproduzir,

se necessário for, o aspecto essencial do estudo.

Nessa etapa, devem ser especificados os procedimentos necessários para se

chegar aos participantes da pesquisa, obter as informações de interesse e analisá-

las. Mais que uma descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados,

indica as opções e a leitura operacional que o pesquisador fez do quadro teórico.

A metodologia contempla não só a fase de exploração de campo, como a

escolha do espaço da pesquisa, a seleção do grupo de pesquisa, o estabelecimento

Page 60: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

60

dos critérios de amostragem e a construção de estratégias para entrada em campo,

como também a definição de instrumentos e procedimentos para análise dos dados.

Uma boa definição da metodologia da pesquisa irá economizar tempo na

realização do trabalho e evitar problemas sérios, que poderiam ser parcialmente

previstos antes da coleta e da análise dos dados. É comum, por exemplo, a previsão

de realização de entrevistas e não se ter idéia de como serão analisadas.

Esta etapa é definitiva para caracterizar uma pesquisa científica, pois o

pesquisador deve apresentar claramente o(s) objetivo(s) do estudo, a hipótese,

a(s) variável (eis) definindo a dimensão e os indicadores que serão avaliados, e os

procedimentos metodológicos necessários ao encaminhamento da investigação

tais como: o método, tipo e técnica de pesquisa adotado; a população (ou universo)

e a amostra (sfc); os instrumentos de coletas de dados; e o modelo de análise dos

dados.

4.1 OBJETIVOS (Proposta, Projeto e DM)

Os objetivos são elementos que identificam e detalham as distintas ações a

serem realizadas para dar resposta à pergunta que o pesquisador formulou como

problema de investigação, devendo ser apresentados: o objetivo geral, que

descreve a finalidade principal da investigação, e os objetivos específicos, que

descrevem o caminho lógico a ser percorrido para solucionar o problema.

4.1.1 Objetivo Geral (Proposta, Projeto e DM)

Nesta subseção você deve apresentar sua intenção ao propor a pesquisa, isto

é, deverá sintetizar o que pretende alcançar com a pesquisa a ser desenvolvida. Os

objetivos devem estar coerentes com a justificativa e o problema propostos. O

objetivo geral será a síntese do que se pretende alcançar, e os objetivos específicos

explicitarão os detalhes, constituindo os desdobramentos do objetivo geral.

Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no infinitivo que

indique uma ação passível de mensuração. Tomando por base o problema 2. (A

privação de sono altera o desempenho cognitivo de militares?) anteriormente

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61

apresentado, listaremos a seguir alguns exemplos dos verbos mais utilizados na

formulação dos objetivos:

a) para determinar o estágio cognitivo de conhecimento: apontar, arrolar,

definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear.

Ex.: Definir a partir de que momento a privação de sono exerce seus efeitos

mais severos sobre o desempenho cognitivo de militares em operações continuadas.

b) para determinar o estágio cognitivo de compreensão: descrever,

discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e

transcrever.

Ex.: Identificar as principais atividades/ações operacionais afetadas pela

privação de sono.

c) para determinar o estágio cognitivo de aplicação: aplicar, demonstrar,

empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar;

Ex.: Demonstrar que uma determinada técnica de meditação é capaz de

minimizar os efeitos da privação de sono sobre o desempenho cognitivo de militares

em operações continuadas.

d) para determinar o estágio cognitivo de análise: analisar, classificar,

comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar,

investigar, verificar e experimentar.

Ex.: Verificar se 48 horas de privação de sono alteram o desempenho

cognitivo de militares em operações continuadas.

e) para determinar o estágio cognitivo de síntese: articular, compor,

constituir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar.

Ex.: Esquematizar um modelo de gerenciamento de sono que permita a

manutenção dos níveis de desempenho cognitivo de militares em operações

continuadas.

f) para determinar o estágio cognitivo de avaliação: apreciar, avaliar,

eliminar, escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.

Ex.: Avaliar o desempenho cognitivo de militares em privação de sono.

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62

Se o objetivo geral indica uma direção a seguir, faz-se necessário construir

um caminho coerente e lógico para alcançá-lo, e isto é feito através de metas

intermediárias que redefinem, esclarecem, delimitam e decompõem a trajetória a ser

seguida em objetivos específicos de pesquisa.

4.1.2 Objetivos Específicos (Projeto e DM)

Os objetivos específicos são descritos através de metas a serem atingidas,

das quais depende a consumação do objetivo final. Indicam o que se tem de

alcançar para chegar ao objetivo geral. Devem ser redigidos com o verbo no

infinitivo. Os objetivos específicos tentam descrever, nos termos mais claros

possíveis, o que será obtido em cada passo da pesquisa, referindo-se às

características que podem ser observadas e mensuradas.

A especificação dos objetivos é feita pela identificação de todos os dados a

serem recolhidos e das hipóteses a serem testadas.

Tomando por base o objetivo geral “Identificar as principais atividades/

ações operacionais afetadas pela privação de sono”, listaremos a seguir alguns

exemplos de objetivos específicos que poderiam nortear a resolução do problema:

a) realizar uma pesquisa bibliográfica e entrevistas com especialistas em

privação de sono, para levantar e elucidar os principais conceitos relativos à

privação de sono e ao desempenho cognitivo em operações continuadas.

b) encaminhar à Seção de Instrução Especial da AMAN, um questionário a

ser preenchido pelos estagiários da SIEsp de Selva, onde os mesmos deverão

apontar as principais atividades geradoras de dificuldade para a manutenção da

atenção seletiva, do estado de alerta e vigília, bem como da execução de tarefas de

cunho cognitivo.

c) após identificar aquelas atividades que apresentaram maior incidência,

confrontar as respostas obtidas pelos testados com o descrito na literatura e com o

parecer dos especialistas;

d) concluir a cerca das principais atividades/ ações operacionais afetadas

pela privação de sono.

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63

4.2 HIPÓTESES (Proposta, Projeto e DM)

Após conscientizar-se do seu problema de pesquisa, e ter realizado a revisão

de literatura, o pesquisador provavelmente já terá condições de delinear possíveis

soluções para o problema de pesquisa. Segundo Laville, (1999, p.123), este é um

dos principais momentos do itinerário de pesquisa.

Quando uma pessoa confronta-se com um problema, trata de adivinhar,

sugerir ou especular uma resposta. Esta resposta sugerida chama-se hipótese.

Pode-se dizer que a hipótese é uma suposição pertinente, uma especulação ou uma

conjectura sobre as diferenças, as relações e as causas do problema. Assim sendo,

ela é a base para o raciocínio do problema, é o ponto de partida para se encontrar

um caminho que chegue ao conhecimento e a solução do problema. É uma

suposição derivada de teorias anteriormente demonstradas, que justificam sua

pertinência/validade.

A hipótese é o ponto de partida para se resolver o problema inicialmente

proposto, derivando diretamente de sua definição. É uma conjectura a respeito da

relação entre as variáveis do problema, ou seja, é uma possível resposta ao

problema, que se submete a uma averiguação para a sua comprovação ou

desconsideração (que pode ser total ou parcial). A desconsideração total significa

que a hipótese não procede, o que não deixa de ser uma resposta à pesquisa.

Portanto, este fato não invalida a investigação realizada e não significa que ela

careça de importância. Significa apenas que a hipótese não é verdadeira.

Segundo Viegas (1999), as hipóteses pressupõem, em primeiro lugar, a

existência de causas e, em seguida, que elas possam ser conhecidas e deduzidas

logicamente. Sob a ótica da Matemática, a hipótese é algo aceito ou suposto para

continuar a argumentação. Epistemologicamente, é algo a ser verificado.

Segundo Fachin (2001), não se conhecem normas específicas para a

elaboração das hipóteses, contudo, salienta que além do conhecimento bibliográfico

sobre o assunto, o pesquisador deverá formular hipóteses que possam servir como

orientação no decorrer da pesquisa científica, a fim de não conduzir o seu estudo à

mera divagação e à acumulação de dados superficiais.

Gil (1999), afirma que as hipóteses devem estar relacionadas com as técnicas

disponíveis e adequadas para a coleta dos dados exigidos para a sua comprovação.

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64

Caso este procedimento não seja possível, recomenda reformular a hipótese para

ajustar-se às técnicas disponíveis.

Existem duas formas principais de hipóteses: a forma direcional (também

chamada de hipótese de estudo, de trabalho ou de investigação) que é a afirmação

da suposição indicada; e a forma nula (também chamada de hipótese nula ou

estatística) que indica a negação da suposição.

A hipótese de estudo reflete o resultado esperado da pesquisa, devendo ser

expressa de forma clara, concisa e gramaticalmente correta. Normalmente o

pesquisador espera que um tratamento seja melhor do que os outros, ou antecipe

um relacionamento entre as variáveis, oferecendo uma conjectura sobre as relações

entre duas ou mais variáveis. Deve ser enunciada de modo que se possa comprová-

la, isto é, afirmar se é verdadeira ou falsa. Diferentemente do problema, ela deve ser

redigida na forma afirmativa.

A hipótese nula é usada primordialmente em testes estatísticos para verificar

a confiabilidade dos resultados, e significa que não há diferenças entre tratamentos

e/ou nenhuma relação entre as variáveis, confirmando que qualquer diferença ou

relacionamento observado entre as variáveis, é devido ao acaso e não ao

tratamento realizado. Segundo Thomas & Nelson (2002, p. 62), a hipótese nula não

é usualmente a hipótese de pesquisa, sendo utilizada quando existem evidências de

que os tratamentos apresentem resultados muito semelhantes.

Tomando por base o problema 2. “A privação de sono altera o

desempenho cognitivo de militares em operações continuadas?” e o objetivo

geral “Verificar se 48 horas de privação de sono alteram o desempenho

cognitivo de militares em operações continuadas”, listaremos a seguir exemplos

de hipóteses que poderiam ser a solução para o problema de pesquisa.

H1: O desempenho cognitivo de militares, expostos a 48 horas de

privação de sono, diminui durante operações continuadas. Note que esta

hipótese de pesquisa é uma possível solução ao problema.

H2: Não existem diferenças significativas entre os desempenhos

cognitivos apresentados por elementos privados e não privados de sono

durante 48 h de operações continuadas. Note que esta hipótese de pesquisa

também é uma resposta ao problema.

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65

No caso de pesquisas que utilizam o método estatístico, caso quiséssemos

comprovar H1, teríamos que demonstrar que H2 é falsa, logo dizemos que H2 é a

hipótese nula de H1

Dependendo do alcance e dos limites da pesquisa, poder-se-ia formular,

dentre outras, as seguintes hipóteses:

H3: 48 horas de privação de sono prejudicam o desempenho cognitivo

de militares em operações continuadas.

H4: 48 horas de privação de sono prejudicam a análise e tomada de

decisões de elementos de Estado Maior em operações continuadas.

H5: 48 horas de privação de sono prejudicam o estudo de situação do

Comandante de PELOPES em operações continuadas

H6: 48 horas de privação de sono prejudicam o entendimento da ordem

à patrulha em operações continuadas

É possível notar que podem haver inúmeras soluções para o mesmo

problema. Logicamente, o delineamento de pesquisa irá depender do contexto em

que o problema estiver inserido. Desta forma, é imprescindível identificar e definir os

conceitos que facilitem a compreensão da problemática; o que será feito por meio

das variáveis que compõe o problema de pesquisa.

4.3 VARIÁVEIS (Proposta, Projeto e DM)

A variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou

diferentes aspectos, segundo casos particulares ou circunstâncias, estando sujeita à

medição. Constitui-se no elemento central da investigação. Qualquer que seja o

problema ou a hipótese que se queira demonstrar faz-se necessária à identificação

das variáveis, isto é, a tradução dos conceitos e das noções que as relacionam e

que se pretende explicar. Para tanto, é necessário apresentar uma definição

conceitual das variáveis (explicando o que significa cada variável no contexto da

investigação) e uma definição operacional das variáveis (tornando-as

mensuráveis, através de suas dimensões, componentes e indicadores).

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66

4.3.1 Definição conceitual das variáveis (Proposta, Projeto e DM)

Conceituar teoricamente a variável exige que se faça uma definição e

enumeração de suas dimensões para o tipo de investigação a ser executada. Definir

significa exprimir o que uma coisa é, explicar o significado de um termo a partir de

sua denominação ou conceituação dentro de um quadro teórico definido; explicar o

que se entende pela variável apresentada, abordando como este conceito poderá

ser mensurado e quais os parâmetros serão avaliados.

Ao analisarmos a hipótese de estudo “48 horas de privação de sono

prejudicam o desempenho cognitivo de militares em operações continuadas”

podemos verificar a existência de duas variáveis distintas:

a) variável I: “Privação de sono”; e

b) variável II: “Desempenho cognitivo”.

Note que o termo “militares” está relacionado à população que será

investigada, e que o termo “em operações continuadas” está relacionado com o

ambiente/contexto em que o estudo será abordado.

Ao definir-se conceitualmente as variáveis de estudo, deve-se atentar para a

objetividade e pontualidade das informações, de modo a ser preciso na definição

evitando divagações que poderiam gerar dúvidas acerca do que aquelas variáveis

significam no contexto do trabalho. O exemplo abaixo é uma das possíveis

definições das variáveis de estudo supracitadas:

Variável I: Privação de sono

No contexto desta pesquisa, esta variável pode ser entendida como uma

situação em que serão manipuladas as horas de sono permitidas aos testados,

assumindo-se que a privação de sono varie de acordo com o tempo, medido em

horas; podendo variar de uma condição de “ausência de privação” até a “privação

total de sono”, conforme as situações comumente encontradas em combate

continuado.

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67

Variável II: Desempenho cognitivo.

Para a presente pesquisa, desempenho cognitivo deve ser entendido como o

resultado obtido pelos sujeitos, em testes cognitivos que exijam atenção sustentada,

memória, atenção seletiva e raciocínio lógico; dimensões do desempenho cognitivo

elencadas como características de atividades desenvolvidas durante os estudos de

situação, planejamentos e condutas durante operações militares continuadas.

Quanto à forma de medição, as variáveis classificam-se em quantitativas e

qualitativas.

As variáveis quantitativas são aquela cujos valores são representados por

números ou medidas.

Ex.: diâmetros, número de soldados, altura, peso, idade, etc...

As variáveis qualitativas são aquelas cujo domínio é representado por

categorias, modalidades ou atributos.

Ex.: cor, sexo, conceito militar (liderança, zelo, responsabilidade, ...), escalas

de medição (E, MB, B, R, I), etc...

Como dito anteriormente, um dos grandes objetivos da pesquisa é verificar as

relações entre as variáveis, isto é, como uma influencia a outra (relação de

causalidade) e como ambas interagem no resultado de um determinado fenômeno

(correlação).

4.3.1.1 Relacionamento entre variáveis

Através da pesquisa científica espera-se determinar a relação de

dependência (como as variáveis se relacionam) e/ou interveniência (como outras

variáveis interferem nestas relações) entre as variáveis. Quanto ao aspecto

relacionamento, as variáveis podem ser classificadas em: independente,

dependente e interveniente.

A variável independente é aquela que, manipulada, causa ou contribui para

a ocorrência de algum efeito na variável dependente.

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68

A variável dependente é aquela que se modifica (total ou parcialmente) em

função da variável independente.

A variável interveniente é aquela que se interpõe entre as variáveis

dependentes e independentes, alterando de alguma forma a influência esperada

entre elas, devendo ser meticulosamente controlada, para que se possa estabelecer

a relação de causa/efeito hipotetizada.

Ex.: Espera-se que a privação de sono (variável independente) provoque

modificações no desempenho cognitivo (variável dependente). Parece lógico que

o desempenho cognitivo não provoque mudanças na privação de sono.

Neste exemplo, deveriam ser controladas as variáveis intervenientes que

poderiam contaminar o estudo, tais como: a alimentação fornecida (alimentos

pesados induzem ao sono), esforço físico exigido (um esforço mal controlado

poderia levar o sujeito à fadiga antes mesmo de completar as 48 horas de privação

de sono), formação (elementos de diferentes armas e/ou turmas possuem

formações e comportamentos desiguais que poderiam contaminar algumas

dimensões do desempenho cognitivo) etc...

4.3.1.2 Correlação entre variáveis

No caso das correlações, temos uma variação interdependente, ou seja as

variáveis modificam seus comportamentos uma em função da outra, e vice-versa.

Exemplo 1: analisando-se o treinamento intervalado aeróbico (vide o C 20-

20), espera-se que quanto maior for o volume do treinamento (número de vezes que

o militar percorrer um determinada distância), menor deva ser a intensidade (tempo

para a realização de cada repetição), neste caso dizemos que existe uma correlação

negativa entre as variáveis, pois quando o volume aumenta, a intensidade diminui, e

vice-versa.

Exemplo 2: ainda analisando-se o treinamento intervalado aeróbico, verifica-

se que quanto maior for a intensidade, maior deverá ser o intervalo para a

recuperação, neste caso dizemos que existe uma correlação positiva entre as

variáveis, pois quando uma aumenta, a outra também aumenta, e quanto uma

diminui a outra também diminui, e vice-versa.

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69

Existem diversos testes estatísticos, para determinar a existência e a força da

correlação entre as variáveis, que são utilizados na comprovação de hipóteses de

estudo.

4.3.2 Definição operacional das variáveis (Projeto e DM)

Definir operacionalmente uma variável é torná-la passível de observação e de

mensuração. Isto é feito através das dimensões da variável e de seus indicadores.

As dimensões são características que permitem que a variável seja medida,

enquanto os indicadores são os aspectos a serem verificados em cada dimensão.

Os conceitos teóricos formulados devem ser traduzidos em unidades

passíveis de mensuração, ou seja, em elementos empiricamente observáveis que

constituem o conjunto de indicadores das dimensões de uma variável.

Nesta subseção deverá ser apresentada a forma de medição dos

indicadores elencados em suas respectivas dimensões.

Uma forma de apresentação esquemática de como operacionalizar uma

variável é apresentada nos quadros 4 e 5. Note que as variáveis “privação de

sono” e “desempenho cognitivo” estão operacionalizadas em dimensões que

permitem as suas respectivas mensurações.

O quadro 4 apresenta a definição operacional da variável I Privação de sono.

Variável Dimensão Indicadores Forma de medição

Privação total de sono O pelotão A deverá

permanecer 48 horas sem

dormir

Privação parcial de sono O pelotão B deverá dormir

entre 01:00hs e 05:00hs

Privação

de sono

Tempo de

privação

Sono normal O pelotão C poderá dormir

entre 22:00hs e 05:00hs

Quadro 4 – Definição operacional da variável I - Privação de Sono.

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70

Percebe-se que a variável I “Privação de sono” foi operacionalizada através

da dimensão tempo de privação, o que permitiu sua mensuração.

Nota-se também que a variabilidade desta variável, ocorre em função do

tempo que cada pelotão poderá dormir, o que reflete a privação de sono.

O quadro 5 apresenta a definição operacional da variável II Desempenho

cognitivo.

Variável Dimensão Indicadores Forma de medição

Atenção

Desempenho na oficina de patrulha de

reconhecimento (Observação em um PO)

Relatório a respeito dos eventos que

foram apresentados no terreno*

Pergunta 1 e 2 do questionário**

Desempenho na oficina de criptografia e

decriptografia

Número de acertos na criptografia e decriptografia de

mensagens* Perguntas 1, 3 e 4 do questionário **

Desempenho na oficina de autenticação de

mensagens

Número de acertos na autenticação de

mensagens* Perguntas 1, 3 e 5 do questionário**

Raciocínio lógico

Desempenho na oficina de locação de pontos

Número de acertos na locação de

pontos por diversos processos*

Pergunta 1, 3 , 6 e 7 do questionário**

Desempenho cognitivo

Memória Desempenho na oficina de mensageiro

A cada início de oficina será

distribuída uma mensagem

alfanumérica que deverá ser decorada

e apresentada ao término da mesma* Pergunta 1 e 8 do

questionário** * Os respectivos protocolos (modo como serão coletados os dados) deverão ser descritos detalhadamente quando da descrição dos instrumentos de pesquisa. Serão comparadas as médias de acertos de cada pelotão. ** As perguntas do questionário pretendem medir o estado de alerta dos sujeitos.

Quadro 5 – Definição operacional da variável II Desempenho Cognitivo.

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71

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (Proposta, Projeto e DM)

Nesta seção secundária deve-se definir onde, quando e como será realizada

a pesquisa por meio dos seguintes tópicos: população (universo da pesquisa);

amostra (e método de amostragem, sfc); método de pesquisa; tipo de pesquisa;

e técnicas de pesquisa utilizadas no delineamento da solução do problema;

instrumentos de coleta de dados; bem como o modelo de análise (forma como se

pretende tabular e analisar os dados).

4.4.1 População (Proposta, Projeto e DM)

Uma população ou universo, no sentido geral, é um conjunto de elementos

com pelo menos uma característica comum. Essa característica deve delimitar,

inequivocamente, quais elementos pertencem ou não à população.

Assim, por exemplo, podemos estar interessados em realizar uma pesquisa

sobre a idade dos militares do Comando Militar do Leste. Logo, a população física

que nos interessa examinar é aquela constituída pela totalidade dos militares

existentes no Comando Militar do Leste. Embora pareça extremamente simples, na

verdade, ainda não se tem exatamente caracterizada a população que nos

interessa. Será ela constituída apenas por aqueles que, atualmente, estão na ativa?

Ou se tem o interesse de incluir também os que já estão na reserva?

Além disso, é preciso definir a característica comum que distingue

perfeitamente cada um dos elementos da população de interesse para a pesquisa

(Observe que ainda caberia o seguinte questionamento: do Efetivo Profissional ou

do Efetivo Variável?).

Uma vez perfeitamente caracterizada a população, o passo seguinte será o

levantamento de dados acerca das características de interesse no estudo em

questão. Grande parte das vezes, porém, não é conveniente, ou mesmo possível,

realizar o levantamento dos dados referentes a todos os elementos da população.

Devemos então limitar nossas observações a uma parte da população, isto é, a uma

amostra proveniente dessa população.

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72

4.4.2 Amostra (Projeto e DM)

A amostra é um subconjunto, necessariamente finito de uma população, no

qual todos os elementos serão examinados para efeito da realização do estudo

estatístico desejado. É intuitivo que, quanto maior a amostra, mais precisas e mais

confiáveis serão as induções realizadas sobre a população. Levando esse raciocínio

ao extremo, conclui-se que os resultados mais perfeitos seriam obtidos pelo exame

completo de toda a população, o que se denomina censo ou recenseamento.

A determinação correta do tamanho da amostra é muito importante. Segundo

Gil (1999), esse procedimento conta com fatores que são determinantes como: a

amplitude do universo, o nível de confiança estabelecido, o erro máximo permitido e

a percentagem com que o fenômeno ocorre.

O Capítulo 3 do “Manual Estatística Aplicada à Metodologia da Pesquisa

Científica, para Temas Militares” apresenta as orientações necessárias à seleção

da amostra e do método de amostragem

O quadro 6 apresenta, resumidamente, a quantidade de elementos (n) que

deverá conter uma amostra, de acordo com a população estudada (N), considerando

uma margem de erro de 10% entre a média amostral e a média populacional, e 5%

probabilidade de que os resultados encontrados na pesquisa devam-se ao acaso,

isto é, que não ocorrem em função do tratamento dispensado às variáveis.

N n N n N n N n 10 10 80 66 350 183 4000 351 20 19 90 73 400 196 5000 357 30 28 100 80 450 207 6000 361 40 36 150 108 500 217 7000 364 50 44 200 131 1000 277 8000 367 60 52 250 152 2000 322 9000 368 70 59 300 169 3000 341 10000 370

Quadro 6 - Tamanho amostral (n) em função do tamanho populacional(N).

4.4.3 Método de pesquisa (Proposta, Projeto e DM)

Neste item devem ser apresentados o método de abordagem e o método

de procedimento utilizados na construção do modelo de análise e solução do

problema de pesquisa. É necessário que, de acordo com os conceitos apresentados

na UD II deste Manual, o pesquisador justifique a opção pelo método adotado.

Page 73: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

73

Cabe ressaltar que a validade de suas conclusões tem íntima relação com a

adequação do método de pesquisa utilizado; portanto, antes de escolher um

método, deve-se verificar se as teorias que envolvem o problema possibilitam a

abordagem e o raciocínio que se pretende empreender.

O quadro 7 apresenta um resumo dos métodos de pesquisa científica.

Pesquisa Classificação Modalidade

De Abordagem (lógicos)

Dedutivo Indutivo Hipotético-dedutivo Dialético Fenomenológico Método

De Procedimentos (técnicos)

Comparativo Histórico Estudo de caso Estatístico

Quadro 7 - Resumo dos principais métodos de pesquisa científica.

4.4.4 Tipo de pesquisa (Proposta, Projeto e DM)

A pesquisa científica pode ser classificada quanto: à natureza, à forma de

abordagem, ao objetivo geral e aos procedimentos técnicos. Nesta subseção o

pesquisador deve justificar, obrigatoriamente, sua opção pelo (s) tipo (s) de

pesquisa(s) adotado(s), quanto ao objetivo geral e quanto aos procedimentos

técnicos, de acordo com os conceitos apresentados na UDIII deste Manual.

O quadro 8 apresenta um resumo dos tipos de pesquisa científica.

Pesquisa Classificação Modalidade

Quanto à natureza Básica (Pura) Aplicada

Quanto à forma de abordagem Quantitativa Qualitativa

Quanto ao objetivo geral Exploratória Descritiva Explicativa Bibliográfica Documental

Tipo

Quanto aos procedimentos técnicos

Experimental Levantamento (de campo) Estudo de caso Ex-post facto Pesquisa-ação Pesquisa participante

Quadro 8 - Resumo dos principais tipos de pesquisa científica.

Page 74: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

74

4.4.5 Técnica de Pesquisa (Proposta, Projeto e DM)

As técnicas que serão empregadas na coleta de dados estão diretamente

ligadas ao tipo de instrumento que será utilizado. Segundo Martins e Lintz (2000)

existem diversos instrumentos de medida, tais como: coleta documental,

questionário/formulário, entrevista, observação, análise de conteúdo e escalas

para medir atitudes.

O quadro 9 apresenta um resumo das principais técnicas de pesquisa

científica.

Pesquisa Classificação Modalidade

Técnica Quanto à obtenção de dados

Coleta documental Questionário/Formulário Entrevista Observação Análise de conteúdo Escalas para medir atitudes

Quadro 9 - Resumo das principais técnicas de pesquisa científica.

4.4.5.1 Coleta documental

A técnica de coleta documental faz parte de praticamente todos os tipos de

pesquisa, sendo utilizada durante a revisão de literatura, na construção do

Referencial Teórico, e se for o caso, durante a etapa de coleta de dados (vide

pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, na UD III deste Manual).

Uma volumosa documentação proveniente de diversas fontes documentais

(reportagens, editoriais, discursos, enunciados de políticas governamentais, cartas,

e-mail, etc...) pode orientar o caminho a percorrer na busca do entendimento do

fenômeno.

Os documentos devem ser organizados (fichados conforme o Apêndice G),

seguindo a seguinte ordem:

a) transcrever os dados extraídos dos documentos para o modelo de ficha;

b) realizar um breve apanhado de seu conteúdo;

c) anexar à descrição do material, notas (comentários) sobre a natureza e a

fonte de cada documento; e

d) organizar o material em uma lista cronológica dos documentos.

Page 75: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

75

A finalidade deste procedimento é facilitar o uso do material, permitindo um

fácil acesso durante a etapa de Análise dos Dados, em função do problema e dos

objetivos de estudo.

Mesmo após esta organização, o material continuará bruto e não permitirá

ainda a obtenção/extração de tendências claras e/ou mesmo de uma conclusão,

sendo necessário, portanto, a utilização dos princípios da análise de conteúdo

(conforme o item 4.4.5.5.)

4.4.5.2 Questionário

Por questionário entende-se um conjunto ordenado e consistente de

perguntas a respeito das variáveis e/ou de situações que se deseja medir ou

descrever. Os questionamentos podem ser redigidos em forma de perguntas

abertas, fechadas e/ou mistas, devendo ser respondido por escrito sem a

necessidade da presença do pesquisador (quando o pesquisador se faz presente e

lê as questões ao informante e anota as respostas no questionário, esta técnica

recebe o nome de formulário).

As perguntas abertas são aquelas que permitem ao informante responder

livremente, usando linguagem própria. Possibilitam investigações mais precisas e

profundas, porém apresentam alguns inconvenientes, pois dificultam o processo de

tabulação, o tratamento estatístico (sfc) e a interpretação das respostas. Sua análise

é difícil, complexa, cansativa e demorada, sendo necessário o estabelecimento de

critérios para a codificação de respostas similares, porém apresenta a grande

vantagem de permitir que o pesquisador identifique o pensamento/posicionamento

do informante acerca do que foi questionado.

Ex.: Para mensurar o efeito da variável “privação de sono” na dimensão

“memória” da variável “desempenho cognitivo”, formulou-se uma pergunta

aberta conforme o quadro 10:

Pergunta 8. Durante a execução da ordem à patrulha foram abordados aspectos relativos à segurança na posição e no deslocamento. Cite abaixo todos os aspectos que o senhor puder lembrar sobre este assunto:

______________________________________________________________

___________________________________________________________________

Quadro 10 – Exemplo de pergunta aberta.

Page 76: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

76

As perguntas fechadas são aquelas em que o informante deve responder a

pergunta através de respostas pré-definidas. Este tipo de pergunta facilita

sobremaneira o trabalho de tabulação dos resultados, embora restrinja a liberdade

das respostas, tendo em vista o caráter objetivo do modo de questionamento.

As perguntas fechadas podem ser classificadas de acordo com o número de

respostas disponíveis para o informante, conforme o quadro 11:

Pergunta Quanto às respostas Exemplo

Dicotômicas Admitem somente duas respostas ( ) Sim ( ) Não

Tricotômicas Admitem três respostas ( ) Sim ( ) Não sei ( ) Não

Múltipla escolha Apresentam uma série de possíveis respostas

( ) Excelente ( ) Muito Bom ( ) Bom ( ) Regular ( ) Insuficiente

Quadro 11 – Tipos de perguntas fechadas.

Ex.: Para mensurar o efeito da privação de sono na dimensão “atenção” da

variável “desempenho cognitivo”, podem ser formuladas diferentes tipos de

perguntas fechadas conforme os exemplos abaixo:

Pergunta 1 (aos testados). Durante a execução da tarefa, o senhor sentiu sono?

a.( ) Sim

b.( ) Não

Quadro 12 – Exemplo de pergunta fechada dicotômica

Pergunta x (aos especialistas). Com relação à afirmação: “o tempo médio de sono contínuo considerado normal nos países ocidentais varia entre 06 e 07 horas por noite”:

a.( ) Concordo

b.( ) Não concordo nem discordo

c.( ) Discordo

Quadro 13 – Exemplo de pergunta fechada tricotômica

Page 77: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

77

Pergunta 1 (aos testados). Durante a execução da tarefa, o senhor pode afirmar :

a.( ) Permaneci o tempo todo atento

b.( ) Tive pequenos lapsos de atenção

c.( ) Tive grandes lapsos de atenção

d.( ) Foi impossível permanecer atento

Quadro 14 – Exemplo de pergunta fechada de múltipla escolha

Pergunta X (aos especialistas). Com relação ao tempo mínimo de sono necessário para recompor o estado de alerta de um indivíduo empregado em operações militares continuadas com 7 dias de duração, o senhor recomendaria:

a.( ) 01 a 02 horas de sono por jornada de 24 horas

b.( ) 02 a 03 horas de sono por jornada de 24 horas

c.( ) 03 a 04 horas de sono por jornada de 24 horas

d.( ) 04 a 05 horas de sono por jornada de 24 horas

e.( ) 05 a 06 horas de sono por jornada de 24 horas

Quadro 15 – Exemplo de pergunta fechada de múltipla escolha

As perguntas mistas são a combinação de perguntas fachadas e abertas.

Elas podem ser utilizadas nos casos em que se deseja obter uma justificativa,

contribuição ou parecer do informante, além da resposta fechada padrão. Esta forma

de pergunta facilita a tabulação dos dados e ainda permite uma

manifestação/complemento por parte do informante. Conforme o Exemplo abaixo:

Ex.: Para mensurar o efeito da privação de sono na dimensão “atenção” da

variável “desempenho cognitivo”, formulou-se uma pergunta mista que pretendia

medir o nível de sonolência do testado e seus efeitos sobre a atenção e estado de

alerta, conforme descrito no quadro 16 (observe que esta pergunta pode ser repetida

para os outros indicadores apresentados no quadro 5):

Page 78: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

78

Pergunta 1. Durante a execução da tarefa, o senhor pode afirmar que a privação de sono prejudicou seu desempenho em que nível:

a.( )

A privação de sono não surtiu nenhum efeito sobre a minha atenção, eu estava totalmente alerta

b.( )

A privação de sono surtiu um mínimo efeito sobre a minha atenção, eu tive mínima dificuldade em permanecer alerta

c.( ) A privação de sono surtiu um pequeno efeito sobre a minha atenção, eu tive pequenos lapsos de atenção e pequena dificuldade em permanecer alerta

d.( )

A privação de sono surtiu um efeito relativo sobre a minha atenção, eu tive lapsos de atenção e dificuldade em permanecer alerta

e.( )

A privação de sono surtiu um grande efeito sobre a minha atenção, eu tive grandes lapsos de atenção e foi muito difícil permanecer alerta

f. ( ) A privação de sono surtiu um enorme efeito sobre a minha atenção, eu praticamente não consegui manter a atenção e tive momentos de sono

g.( )

A privação de sono surtiu um efeito definitivo sobre a minha atenção, eu praticamente não consegui permanecer acordado

O espaço abaixo é destinado às observações que o senhor julgue interessante.

______________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________ .

Quadro 16 – Exemplo de pergunta mista

Não existem normas rígidas a respeito da elaboração de um questionário.

Todavia, é possível observar algumas regras práticas que dizem respeito à sua

elaboração:

a) redigir perguntas preferencialmente fechadas;

b) permitir ao questionado complementar sua resposta, se assim desejar;

c) formular alternativas que abriguem respostas lógicas e possíveis;

d) incluir apenas perguntas relacionadas ao problema.

e) elaborar perguntas que facilitem os procedimentos de tabulação e análise

de dados.

f) elaborar perguntas claras, concretas e precisas;

Page 79: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

79

g) elaborar perguntas que não induzam às respostas, e que evitem penetrar

na intimidade das pessoas.

h) verificar se o questionado possui um determinado nível de formação e

informação, que lhe permita responder as perguntas.

i) elaborar instruções claras e precisas para o preenchimento do questionário

j) assegurar a confidencialidade das informações prestadas

k) propor mais de uma pergunta para avaliar a mesma variável, e assim obter

indicadores de consistência para os resultados colhidos

O questionário deve ser previamente submetido a sessões de pré-teste, isto

permite a realização de correções de rumo e/ou reformulação de perguntas que não

tenham sido bem entendidas/estruturadas.

O pré-teste serve também para verificar três importantes elementos:

a) fidedignidade (qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos

resultados);

b) validade (os dados recolhidos são necessários à pesquisa); e

c) operatividade (vocabulário acessível e de significado claro).

Verificadas as falhas, deve-se reformular o questionário, conservando,

modificando, ampliando, eliminando itens, explicando melhor alguns ou modificando

a redação de outros.

4.4.5.3 Entrevistas

A entrevista pode ser entendida como a técnica que envolve duas pessoas,

"face a face", em que uma delas formula questões e a outra responde. Seu objetivo

básico é compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e

situações, com base nas suposições e conjecturas do pesquisador.

Quando orientadas por um questionário (roteiro de entrevista) previamente

definido as entrevistas são denominadas estruturadas. Contrariamente, através das

entrevistas não estruturadas ou semi-estruturadas, o pesquisador busca obter

informações, dados e opiniões mais relevantes por meio de conversação objetiva.

Segundo Martins e Lintz (2000), o pesquisador deve planejar a entrevista,

delineando cuidadosamente o objetivo a ser alcançado; buscando algum

conhecimento prévio sobre o entrevistado; atentando para os itens que o

entrevistado deseja esclarecer, sem, contudo, manifestar suas opiniões. Deve ainda,

Page 80: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

80

criar condições favoráveis ao bom desenvolvimento da entrevista; obtendo a

confiança do entrevistado; ouvindo mais do que falando; evitando divagações; e

registrando os dados e as informações durante a entrevista.

4.4.5.4 Observação

A técnica de observação é um instrumento de medida, sob algum aspecto,

imprescindível em qualquer processo de pesquisa científica, pois ela tanto pode

conjugar-se a outras técnicas de coleta de dados como pode ser empregada de

forma independente e/ou exclusiva. A observação é o exame minucioso, um olhar

preciso e atento sobre um fenômeno no seu todo ou em algumas de suas partes; é a

captação clara do objeto examinado.

A observação torna-se uma técnica científica na medida em que serve a um

objetivo formulado de pesquisa, é sistematicamente planejada, registrada e ligada a

proposições mais gerais e, em vez de ser apresentada como conjunto de

curiosidades interessantes, é submetida a verificações e a controles de validade

e precisão.

Segundo Richardson (1999), a observação apresenta muitas nuances em

face de sua flexibilidade, pois seu objeto de estudo, bem como o objetivo da

pesquisa que a utiliza, determina seu tipo e sua metodologia. Portanto, há

momentos importantes para um rendimento positivo da observação: a decisão pela

forma de observação; o preparo do seu desenvolvimento; o desempenho de seu

emprego; e o seu registro.

Segundo ele, a observação é classificada, tradicionalmente, como um método

qualitativo de investigação. Vale destacar que ela é também quantificável, estando

na dependência, sob este aspecto, da direção que lhe for dada na pesquisa. Para

que a observação seja quantificável, não se deve apenas olhar e ver o fenômeno

objeto de estudo, mas também estabelecer, previamente, algumas condições para

seu desenvolvimento, dentre as quais: saber o que observar e como quantificar.

De acordo com Martins e Lintz (2000), o pesquisador precisará da permissão

dos responsáveis para realizar a sua pesquisa para não ser confundido com

elementos que avaliam, inspecionam e supervisionam atividades. Seu principal

problema é conseguir a aceitação e a confiança dos indivíduos observados. Estar

consciente do que se deseja levantar é básico, pois, do contrário, não se consegue

Page 81: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

81

ganhar a confiança, tampouco elementos que permitam análises e reflexões

coerentes.

A significância de um trabalho dessa natureza é evidenciada pela riqueza,

profundidade e singularidade das descrições obtidas. Para eles, esse é o grande

desafio intelectual aos pesquisadores que buscam avaliações qualitativas, sob o

risco de produzir um relatório do cotidiano sem acrescentar nada de novo e,

geralmente, especulativo.

O pesquisador deve ter cuidado com as impressões, vagas sensações, e

projeções psicológicas que são características próprias do senso comum;

distanciada, portanto, da ciência.

4.4.5.5 Análise de conteúdo

A análise de conteúdo trata-se de uma técnica para estudar e analisar as

variáveis de maneira objetiva, sistemática e quantitativa. Buscam-se inferências

confiáveis de dados e informações com respeito a determinado contexto, a partir dos

discursos escritos e orais de seus autores. A análise de conteúdo pode ser aplicada

virtualmente a qualquer forma de comunicação: artigos de imprensa, livros, poemas,

conversas, discursos, cartas, regulamentos, rádio, televisão etc. O pesquisador pode

analisar, por exemplo, a personalidade de alguém, avaliando seus escritos; ou

avaliar as intenções, pela análise dos conteúdos das mensagens; pode desvendar

as ideologias dos dispositivos legais, descrever tendências no conteúdo das

comunicações, auditar conteúdos de comunicações e compará-los com padrões, ou

determinados objetivos etc (LAVILLE, 1999, p. 214).

Existem algumas etapas do processo de análise de conteúdo que devem ser

observadas.

a) realizar uma pré-análise onde o pesquisador coleta e organiza o material a

ser analisado (semelhante ao descrito na coleta documental),

b) realizar um estudo minucioso do conteúdo coletado, das palavras e frases

que o compõem, procurar-lhes o sentido, captar-lhes as intenções, comparar,

avaliar, descartar o acessório, reconhecer o essencial e selecioná-lo em torno das

idéias principais, sempre orientado pelas hipóteses e pelo referencial teórico.

c) executar uma escolha das unidades de análise que podem ser a palavra, o

tema, a frase, os símbolos, etc;

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82

d) agrupar as unidades segundo algum critério;

e) definir as categorias ou unidades de medida, e

f) proceder o tratamento estatístico conveniente.

Um discurso pode, por exemplo, ser classificado como otimista ou pessimista,

liberal ou conservador. As categorias devem ser exaustivas e mutuamente

excludentes (utiliza-se para tal as escalas para medir atitudes, conforme o item

4.4.6.1).

Das análises de freqüências das categorias surgem quadros de referências.

Através de interpretação inferencial dos quadros de referência, os conteúdos

manifestos ou latentes são revelados em função dos propósitos da investigação.

Assim como qualquer técnica de levantamento de dados e informações, a

análise de conteúdo adquire força e valor mediante o apoio de um referencial teórico

adequado para a construção e embasamento das categorias de análises.

4.4.6 Instrumentos (Projeto e DM)

Segundo Richardson (1999), ao iniciar um trabalho de pesquisa o

pesquisador deve estar atento à escolha dos instrumentos de coleta de dados e das

técnicas a serem adotadas no desenvolvimento do estudo.

Neste item deve ser apresentada a forma como os dados serão coletados,

sendo descrito, detalhadamente: o modo como o instrumento será aplicado; “para

que” servirá cada item/fase do instrumento; bem como, a que indicador das

dimensões das variáveis está relacionado. O instrumento (questionário, entrevista...)

deve ser apresentado em apêndices ao relatório final.

Segundo Martins e Lintz (2000), existem alguns procedimentos que devem

ser observados para a construção de um instrumento de medida. O pesquisador

deve listar as variáveis que pretende medir ou descrever, revisar o significado e a

definição conceitual de cada variável listada e como cada variável foi definida

operacionalmente. Em outras palavras, o pesquisador deve:

a) definir como as variáveis serão medidas, ou descritas;

b) escolher a (s) técnica (s) de pesquisa pertinente (s); e

c) iniciar a construção do instrumento de coleta de dados.

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83

Particularmente em relação às entrevistas, questionários e formulários,

existem algumas escalas previamente definidas que podem auxiliar na estruturação

dos questionamentos, são as escalas para medir atitudes.

4.4.6.1 Escalas para medir atitudes

As escalas para medir atitudes pressupõe que a atitude é uma predisposição

aprendida pelo sujeito para responder consistentemente, de maneira favorável ou

desfavorável, acerca de um objeto ou representação simbólica.

A atitude está relacionada com o comportamento do sujeito em relação ao

objeto, símbolo ou situação que lhe é apresentada.

Ex.: Se minha atitude em relação ao carnaval é desfavorável, provavelmente

eu não participarei de bailes carnavalescos.

As atitudes são indicadores de condutas. Elas possuem diversas

propriedades; entre elas, destacam-se a direção (positiva ou negativa) e a

intensidade (alta ou baixa), e tais propriedades constituem o objeto das medições.

Dentre as principais escalas para medir atitudes pode-se citar: o

escalonamento tipo Likert, o diferencial semântico, a escala de importância e a

escala de avaliação.

4.4.6.1.1 Escalonamento tipo Likert

O Escalonamento tipo Likert é um método que foi desenvolvido por Rensis

Likert no início dos anos trinta. Consiste em um conjunto de itens apresentados em

forma de afirmações, ou juízos, ante os quais se pede aos sujeitos que externem

suas reações, escolhendo um dos cinco (ou sete) pontos de uma escala. A cada

ponto, associa-se um valor numérico. Assim, o sujeito obtém uma pontuação para

cada item. O somatório desses valores (pontos) indicará sua atitude favorável, ou

desfavorável, em relação ao objeto ou a uma representação simbólica que está

sendo avaliada.

Ex.: Tendo o serviço militar obrigatório como o objeto de atitude a ser

medido e a afirmação “o serviço militar é um dever de todo o cidadão”; a partir

deste objeto e desta afirmação, solicita-se que as pessoas externem suas reações.

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84

As alternativas de respostas, pontos da escala, indicam o quanto se está de

acordo com a afirmação correspondente. Podem ser utilizadas muitas variações da

escala tipo Likert. O quadro 17 apresenta 2 exemplos desta escala.

Escala de concordância Escala de afirmação ( ) concordo totalmente ( ) sim ( ) concordo ( ) provavelmente sim ( ) nem concordo, nem discordo ( ) indeciso ( ) discordo ( ) provavelmente não ( ) discordo totalmente ( ) definitivamente não

Quadro 17 – Exemplos de escalas tipo Likert

As afirmações podem ter direção favorável (positiva) ou desfavorável

(negativa). A direção é fundamental para saber como se codificam as alternativas de

respostas. Comumente, quando as afirmações são positivas, utilizam-se os valores

em ordem decrescente de um a cinco pontos

O quadro 18 apresenta exemplos de pontuações para afirmações positivas e

negativas.

Afirmações O serviço militar é um dever de todo o cidadão! Não deve haver serviço militar obrigatório! 5 concordo totalmente 1 concordo totalmente 4 concordo 2 concordo 3 nem concordo, nem discordo 3 nem concordo, nem discordo 2 discordo 4 discordo 1 discordo totalmente 5 discordo totalmente

Quadro 18 – Exemplos de pontuações para escalas tipo Likert

Há casos em que pesquisadores utilizam valores de zero a quatro ou outros

valores observando, é claro, o sentido das afirmações. Uma pontuação é

considerada alta, ou baixa, segundo o número de itens, ou afirmações. Se uma

escala contém dez afirmações que foram codificadas de um a cinco, a pontuação

mínima possível será dez e a máxima será cinqüenta. Nesse caso, as atitudes

favoráveis a determinado objeto seriam marcadas por somas próximas de cinqüenta,

enquanto atitudes desfavoráveis estariam próximas de dez.

Segundo Martins e Lintz (2000), existem duas formas básicas para aplicar

uma escala tipo Likert. A primeira é auto-administrada, ou seja, entrega-se a escala

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85

ao respondente e este assinala a opção que melhor descreve sua reação ou

resposta. A segunda maneira é a entrevista ou formulário, em que o entrevistador lê

as afirmações e alternativas de respostas e anota as opções do entrevistado. Para

se chegar à versão final de uma escala Likert, é preciso realizar algumas sessões de

pré – teste, a fim de se aperfeiçoar o instrumento elaborado.

4.4.6.1.2 Diferencial semântico

A escala de diferencial semântico foi desenvolvida por Osgood, Suci e

Tannenbaum (1957) para explorar as dimensões do significado de determinado

conceito. Atualmente, porém, consiste em uma série de adjetivos extremos que

qualificam um objeto de atitude, ante a qual solicita-se a reação do respondente. Isto

é, o informante tem que qualificar o objeto de atitude em um conjunto de adjetivos

bipolares, indicadores de valorização, potência ou atividade.

Ex.: Tendo como objeto de atitude o serviço militar, os entrevistados deveriam

colocar um X em uma das sete opções que são codificadas de + 3 a – 3 ou de sete a

um. Inicia-se com a pontuação maior (+3 ou 7) para o adjetivo favorável e vai

decrescendo até chegar próximo ao adjetivo desfavorável (-3 ou 1). A apuração da

atitude favorável, ou desfavorável, é semelhante à utilizada na escala Likert,

somando-se os pontos de cada par de adjetivos. Para chegar à versão final de uma

escala de diferencial semântico, será preciso realizar algumas sessões de pré–teste,

ou piloto, com um conjunto de respondentes, a fim de se proceder às correções e

ajustes necessários.

O quadro 19 apresenta um exemplo de escalonamento que contém conceitos

inerentes ao Serviço Militar Obrigatório.

Conceito favorável +3 +2 +1 0 -1 -2 -3 Conceito desfavorável justo injusto

barato caro seguro perigoso

útil inútil responsável irresponsável

educa deseduca Quadro 19 – Exemplos de pontuações para diferencial semântico.

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86

4.4.6.1.3 Escala de importância

A escala de importância também é um tipo de escala para medir atitudes.

Trata-se de uma variação da escala tipo Likert que classifica a importância de algum

atributo. Por ser uma variação da escala Likert, o cômputo das questões obedece ao

mesmo padrão de pontuação.

Ex.: Tomando por exemplo o atributo operacionalidade, e perguntando-se ao

entrevistado acerca da “importância do serviço de manutenção de viaturas

efetuado por um B Log, para a operacionalidade da Bda”, poderiam ser

levantadas as opções apresentadas no quadro 20.

Escala de importância Pontuação ( ) Extremamente importante 5 Extremamente importante ( ) Muito importante 4 Muito importante ( ) Importante 3 Importante ( ) Pouco importante 2 Pouco importante ( ) Sem importância 1 Sem importância

Quadro 20 – Exemplos de pontuações para a escala de importância.

4.4.6.1.4 Escala de avaliação

A escala de avaliação também é uma variação da escala tipo Likert que avalia

algum atributo.

Ex.: Tomando por exemplo o atributo “segurança na reserva de

armamento”, o entrevistado deve dar seu parecer, classificando a segurança de

acordo com o escalonamento sugerido no quadro 21.

Escala de avaliação Pontuação ( ) Excelente 5 Excelente ( ) Muito bom 4 Muito bom ( ) Bom 3 Bom ( ) Regular 2 Regular ( ) Insuficiente 1 Insuficiente

Quadro 21 – Exemplos de pontuações para a escala de avaliação.

4.4.6.2. Pré-teste dos instrumentos

Após a elaboração do instrumento, o pesquisador deve preocupar-se com a

sua aplicação (coleta de dados). Esta fase é muito importante, pois, com o

Page 87: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

87

instrumento redigido, passa-se, obrigatoriamente, à aplicação de seu pré-teste

(estudo piloto), ou seja, à aplicação a um número reduzido de participantes da

amostra ou população (n=30), com a intenção de:

a) verificar possíveis falhas na apresentação das questões;

b) garantir a validade e a fidedignidade (externa) do instrumento; e

c) auxiliar na estimação da amostra necessária. (Vide o Capítulo 3 do “Manual

Estatística Aplicada à Metodologia da Pesquisa Científica, para Temas Militares”).

Para garantir que o instrumento não contém falhas de elaboração, as quais

poderiam influenciar o resultado da investigação, o pesquisador deve realizar uma

entrevista com os elementos pré-amostrados, a fim de verificar se houve dúvidas

durante a execução do instrumento, e se os itens estavam claros. Desta forma

diminui-se o risco de se cometer erros ao avaliar as respostas.

Este procedimento também auxilia a melhorar a validade do instrumento,

tendo em vista a possibilidade de se corrigir os itens que, equivocadamente

confeccionados, não atendam àquilo que se pretende medir ou avaliar.

A entrevista serve também, para garantir a fidedignidade externa do

instrumento, haja vista que, se o instrumento for precisamente corrigido (calibrado),

aumenta-se a probabilidade de fornecer sempre uma mesma resposta. Em outras

palavras, é possível garantir que não haverá distorções nas respostas em função de

interpretação ou inadequação de determinado item do instrumento.

Caso não haja correções a fazer, as respostas adquiridas no pré-teste

poderão ser incorporadas/contabilizadas ao cômputo total da amostra ou população.

Uma adequada aplicação do instrumento exige que se considerem as

recomendações referentes à sua elaboração e que o pesquisador, sempre que

possível, esteja presente durante a aplicação do instrumento. Procura-se, desta

forma, assegurar a validade da aplicação. Este cuidado é importante para que não

se coletem dados errôneos que possam prejudicar toda a análise e a interpretação

de resultados, interferindo na validade e na credibilidade da pesquisa.

Qualquer que seja o instrumento utilizado, convém lembrar que as técnicas de

interrogação possibilitam a obtenção de dados a partir do ponto de vista dos

pesquisadores. No entanto, Selltiz (1987), acrescenta que as técnicas mostram-se

úteis para a obtenção de informações acerca do que o pesquisado "sabe, crê ou

espera; sente ou deseja; pretende fazer; faz ou fez; bem como a respeito de suas

explicações ou razões para quaisquer dos itens/ações precedentes".

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88

Ao iniciar a construção de um instrumento para coleta de dados, dependendo

do objeto de estudo, o pesquisador poderá dar mais ênfase à avaliação

quantitativa ou à avaliação qualitativa. Geralmente, as pesquisas comportam tanto

uma avaliação quantitativa, quanto uma avaliação qualitativa (não confundir

avaliação com o conceito de variável; pode-se realizar avaliações qualitativas de

variáveis quantitativas e vice-versa).

Na avaliação quantitativa, procura-se mensurar ou medir variáveis.

Na avaliação qualitativa, busca-se descrever comportamentos das variáveis

e das situações.

Para investigações nas áreas de Ciências Sociais, existem diversos tipos de

instrumentos para se medir as variáveis de interesse. Uma construção correta e

adequada dos instrumentos de pesquisa garantem, em grande parte, o sucesso da

investigação.

4.4.7 Análise dos dados (Projeto e DM)

Neste item deve ser descrita a forma como os dados serão apresentados e

analisados. Com relação à apresentação dos dados deve-se citar como os dados

serão categorizados, codificados e tabulados, bem como os recursos gráficos

que serão utilizados para a apresentação dos resultados (tabelas, quadros, gráficos,

etc...). com relação à análise dos resultados, deve-se descrever o tipo de estatística

a ser empregada (descritiva e/ou inferencial), justificar a opção pelo teste de

hipótese escolhido, bem como apresentar de que forma os dados serão

generalizados e interpretados. Os procedimentos para apresentação e análise dos

resultados serão descritos mais detalhadamente a partir do item 5. (página 85).

5 REFERENCIAL OPERATIVO (somente no Projeto de Pesquisa)

O referencial operativo tem como objetivo a previsão dos passos que serão

dados para se localizar as fontes de informação, selecionar as técnicas de coleta de

dados, realizar o trabalho de campo e processar a informação. Essa previsão refere-

se às ações de apoio para alcançar o desenvolvimento coerente e efetivo da

investigação (este Referencial é o último a ser apresentado no Projeto de

Pesquisa).

Page 89: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

89

O controle do projeto é um aspecto essencial a ser detectado neste

referencial; o que requer uma adequada previsão de recursos (planilha de custos) e

de tempo (cronograma) para a realização das diferentes tarefas ou atividades do

projeto.

5.1 PLANILHA DE CUSTOS

A planilha de custos (vide o Apêndice E) tem por finalidade auxiliar a

apresentação dos recursos financeiros, materiais e humanos que serão utilizados na

investigação. Tal planejamento é importante, porque auxilia na estimativa dos custos

dos serviços e materiais a serem utilizados, tais como: gastos com correspondência,

telefone, impressão, fotocópias, compra de livros e equipamentos, gastos com

transportes e materiais de escritório, dentre outros. Se a investigação é de

responsabilidade única do pesquisador, cabe a ele verificar antecipadamente os

recursos e certificar-se de que a execução da pesquisa é viável.

5.2 CRONOGRAMA

O cronograma (vide o Apêndice F) tem por finalidade auxiliar o

planejamento de uma adequada distribuição de tempo e de esforços, especificando

as diferentes etapas do trabalho por meio de uma escala temporal (mensal,

trimestral ou anual), e permitindo a realização de ajustes, sempre que ocorrer a

necessidade de adaptação do tempo estimado em função do realmente necessário.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS (somente na DM)

Esta seção deverá conter a apresentação e a análise dos resultados

obtidos na etapa de coleta dos dados. Os dados fornecem informações a respeito

dos indicadores das variáveis de estudo, e devem ser tabulados para serem

apresentados de forma a facilitar o entendimento do que se pretende analisar e

discutir. Gil (1999), explica que nos delineamentos experimentais ou quase

experimentais, assim como nos levantamentos ou estudo de campo, constitui tarefa

simples identificar e ordenar os passos a serem seguidos. Já nos estudos de caso

não se pode falar num esquema rígido de análise e interpretação.

Page 90: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

90

A apresentação e análise dos dados constituem processos estreitamente

relacionados. Alguns autores ressaltam que na apresentação o pesquisador prende-

se unicamente aos dados, ao passo que na análise, procura um sentido mais amplo

dos resultados através da interpretação dos dados.

5.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Normalmente os dados são apresentados em forma de tabelas e gráficos

(vide o Cap 2 do Manual de Estatística, v.1) uma vez que permitem um fácil e rápido

acesso à informação, facilitando a análise dos resultados.

Após a pesquisa de campo propriamente dita (de acordo com o delineamento

de pesquisa), será preciso tabular (organizar) e apresentar os dados colhidos,

podendo-se lançar mão de recursos manuais ou computacionais para organizar os

resultados da pesquisa. Atualmente, com o advento da informática, é natural que se

utilize os recursos computacionais para dar suporte à elaboração de índices e

cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos.

A despeito da variação das formas que podem assumir os processos de

apresentação e análise, é possível afirmar que, em boa parte das pesquisas sociais,

são observados os seguintes passos para facilitar o trabalho de apresentação dos

resultados:

a) categorização dos dados,

b) codificação dos dados; e

c) tabulação dos dados.

5.1.1 Categorização dos dados

Para que as respostas possam ser adequadamente analisadas, faz-se

necessário organizá-las. Isto é feito por meio do agrupamento de respostas

semelhantes (ou com mesmo sentido) em um certo número de categorias.

Para que essas categorias sejam úteis na análise dos dados, devem atender

a algumas regras básicas, assim definidas por Selltiz et al. (1967, p. 441):

a) o conjunto de categorias deve ser derivado de um único princípio de

classificação (favorável/neutro/desfavorável; E/MB/B/R/I, grau de escolaridade,

Page 91: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

91

etc...), permitindo o agrupamento de um grande número de respostas em um

pequeno número de categorias;

b) o conjunto de categorias deve ser exaustivo (suficiente para incluir todas

as repostas); e

c) as categorias do conjunto devem ser mutuamente exclusivas (uma

mesma reposta não pode ser enquadrada em mais de uma categoria).

5.1.2 Codificação dos dados

De acordo com Gil (1999), a codificação é o processo pelo qual os dados

brutos são transformados em símbolos/legendas que podem ser tabulados. Pode ser

feita anterior ou posteriormente à coleta dos dados.

A pré-codificação ocorre em levantamentos cujos questionários são

constituídos por perguntas fechadas, cujas alternativas são associadas a códigos

impressos no próprio questionário e em pesquisas desenvolvidas com o auxílio da

técnica da observação sistemática. Segundo Gil (1999), a forma mais prática de

proceder à pré-codificação em questionários padronizados consiste em imprimir no

espaço à direita do enunciado de cada alternativa o código correspondente, como

aparece quadro 22.

Item Categoria Código Item Categoria Código

1. Sexo: 3. Escolaridade

Masculino ( )01 Nunca foi à escola ( )06

Feminino ( )02 1º grau incompleto ( )07

1º grau completo ( )08

2. Idade: 2º grau incompleto ( )09

de 18 a 20 anos ( )03 2º grau completo ( )10

de 21 a 23 anos ( )04 Superior incompleto ( )11

mais de 23 anos ( )05 Superior completo ( )12

Quadro 22 – Exemplo de pré-codificação dos dados.

A pós-codificação é feita após a coleta dos dados e facilita a identificação da

categoria a que pertence o dado a ser tabulado.

Page 92: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

92

Pergunta: Defina seu parecer sobre o Serviço Militar Obrigatório: Nr Respostas dos informantes: Código 1 “Penso que não serve pra nada, só ocupa o tempo do cidadão.” D 2 “Não tenho nada a dizer, pois não servi.” O 3 “Recomendo a todos pois lá se aprende a ser um homem de verdade.” F 4 “Penso que deveria ser voluntário, pois atrapalha os estudos.” D 5 ‘Penso que é a melhor maneira de se ensinar disciplina.” F 6 ”Lá se aprende a ser cidadão.” F 7 ”Tem seus prós e contras.” N 8 ”Serve para ensinar ao jovem o patriotismo; acho válido.” F

F 4 N 1 D 2

TOTAIS

O 1 Código Descrição

F Parecer favorável N Parecer neutro D Parecer desfavorável

LEGENDA

O Não respondeu, não soube responder ou respondeu outra coisa.

Quadro 23 – Exemplo de pré-codificação dos dados.

5.1.3 Tabulação dos dados

A tabulação é o processo de agrupar e contar os itens que estão nas várias

categorias de análise. A tabulação pode ser simples ou cruzada. A tabulação

simples consiste na contagem das freqüências das categorias de cada conjunto. A

tabulação cruzada consiste na contagem das freqüências que ocorrem juntamente

em dois ou mais conjuntos de categorias.

5.1.3.1 Tabulação de perguntas fechadas

Tomando por exemplo a pergunta 1 (Quadro 16), aplicada a 90 cadetes (30

de cada pelotão), é preciso anotar as respostas (uma a uma) em uma tabela de

distribuição de freqüências conforme o exemplo abaixo:

Page 93: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

93

Tabela 2 - Percepção de sono e seus efeitos sobre a atenção

Pelotão A¹ Pelotão B² Pelotão C³ Respostas* f % f % f %

a 0 0,00 0 0,00 10 33,33 b 0 0,00 0 0,00 15 50,00 c 1 3,33 2 6,67 5 16,67 d 3 10,00 4 13,33 0 0,00 e 4 13,33 12 40,00 0 0,00 f 15 50,00 10 33,33 0 0,00 g 7 23,33 2 6,67 0 0,00

Total 30 99,99 30 100,00 30 100,00 Fonte: os autores deste Manual Obs.: A pontuação máxima de possível é 6X30 = 180 itens.

Legenda: ¹ privação total de sono (00hs de sono) ² privação parcial de sono (02hs de sono) ³ sono normal (07hs de sono) * de acordo com a pergunta 01 (quadro 16)

Uma outra forma de apresentação dos dados é através de gráficos.

Eles permitem uma rápida visualização das diferenças entre as classes das

categorias das variáveis de estudo. A figura 1 apresenta os resultados da tabela 2.

Percepção de sono e seus efeitos sobre a atenção

0 01

34

15

7

0 02

4

1210

2

10

15

5

0 0 0 002468

10121416

a b c d e f g

Respostas à pergunta 1

Pel A

Pel B

Pel C

Figura 1 – Gráfico descritivo das resposta à pergunta 1.

5.1.3.2 Tabulação de perguntas abertas

No caso das perguntas abertas, deve-se estabelecer uma forma de agrupar

as respostas, de acordo com um gabarito, escala, ou categorias de respostas

(favoráveis, desfavoráveis ou neutras), para que seja possível quantificar as

respostas obtidas pelo instrumento adotado.

Tomando por exemplo a pergunta 8 (Quadro 10), poder-se-ia estabelecer um

gabarito de acertos possíveis para os itens segurança na posição (de 1 a 3) e

segurança no deslocamento (de 4 a 6), para a obtenção de uma média de acertos

Page 94: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

94

dos estagiários de cada pelotão, possibilitando uma comparação intergrupos dos

efeitos da privação de sobre a memória, conforme a tabela 3.

Tabela 3 - Itens memorizados após a ordem a patrulha.

Pelotão A¹ Pelotão B² Pelotão C³ Itens verificados* f % f % f %

1 18 60,00 25 83,33 28 93,33 2 18 60,00 23 76,67 25 83,33 3 17 56,67 23 76,67 25 83,33 4 18 60,00 26 13,33 30 100,00 5 16 53,33 18 60,00 23 76,67 6 19 63,33 23 76,67 29 96,67

Total Média 106 58,89 138 76,67 160 88,89 Fonte: os autores deste Manual Obs.: A pontuação máxima de possível é 6X30 = 180 itens.

Legenda: ¹ privação total de sono (00hs de sono) ² privação parcial de sono (02hs de sono) ³ sono normal (07hs de sono) * de acordo com a pergunta 08 (quadro 10)

A figura 2 apresenta a representação gráfica dos resultados da tabela 3:

Itens memorizados após a ordem à patrulha

18 18 17 18 1619

25 23 2326

1823

2825 25

30

23

29

05

10152025

3035

1 2 3 4 5 6

Itens a serem memorizados

Pel A

Pel B

Pel C

Figura 2 – Gráfico descritivo de acertos por item na pergunta 8.

5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a apresentação dos resultados é preciso realizar uma análise

estatística, uma avaliação das generalizações obtidas e uma interpretação dos

dados coletados, à luz do Referencial Teórico que embasou a formulação da

hipótese de estudo. A análise dos resultados obtidos permitirá o estabelecimento de

um raciocínio lógico que embasará as conclusões.

Page 95: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

95

5.2.1 Análise estatística

Após a tabulação dos dados, procede-se à sua análise estatística. Esta deve

ser desenvolvida em dois níveis: a descrição dos dados e/ou a inferência

estatística (vide o Cap 1 do Manual de Estatística).

Uma vez computados os dados obtidos na pesquisa, deve-se passar à sua

descrição que, geralmente, é feita para atender a objetivos como:

a) caracterizar o que é típico no grupo;

b) indicar a variabilidade dos indivíduos no grupo;

c) verificar a distribuição das variáveis em relação às medidas de tendência

central (média, mediana e moda) e em relação a outras variáveis; e

d) mostrar a força e direção da relação entre as variáveis estudadas.

A análise inferencial dos dados constitui matéria especializada e os

procedimentos correspondentes são integralmente descritos em manuais de

estatística, que poderão ser consultados para a execução apropriada desta tarefa.

Seu princípio encontra-se no fato de que: se existem diferenças significativas,

ou não, entre as características de determinada variável, somente descrever estas

diferenças (Estatística Descritiva) não comprovará uma hipótese. É necessário

verificar se estas diferenças aconteceram ao acaso ou devido a um tratamento (ou

uma variável independente), e, para isto, existem vários testes estatísticos capazes

de determinar a associação ou correlação entre as variáveis de um estudo (uma

abordagem objetiva sobre a Estatística Inferencial pode ser encontrada a partir do

capítulo 1 do Volume 2 do Manual de Estatística).

5.2.2 Avaliação das generalizações

Segundo Gil (1999), a avaliação das generalizações obtidas com os dados

em pesquisas sociais, na maioria dos casos refere-se a amostras, mas o interesse

dos pesquisadores é generalizar os resultados para toda a população de onde foi

selecionada a amostra. Segundo ele, para tratar as questões desta natureza

procede-se ao teste de hipóteses que procura verificar a existência de diferenças

reais entre as populações representadas pelas amostras.

Para se verificar qual a probabilidade de que as diferenças entre duas

amostras tenham sido devidas ao acaso, foram criadas várias técnicas estatísticas

Page 96: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

96

conhecidas como testes de significância. Existe uma grande variedade de testes

de significância. A adequada aplicação de cada um deles exige conhecimento prévio

do tipo de distribuição, do nível de mensuração alcançado e do formato das

tabelas. Os testes de significância podem ser classificados em paramétricos e não

paramétricos. Uma explicação detalhada acerca da aplicabilidade de cada um

desses testes pode ser encontrada vastamente em livros específicos de estatística

(uma abordagem objetiva sobre os testes paramétricos e não paramétricos pode ser

encontrada respectivamente a partir dos capítulos 2 e 4 do Volume 2 do Manual de

Estatística).

5.2.3 Interpretação dos dados

Segundo Gil (1999), não existem normas que indiquem os procedimentos a

serem adotados no processo de interpretação dos dados e sim recomendações

acerca dos cuidados, que devem tomar os pesquisadores, para que a interpretação

não comprometa a pesquisa. O que se diz a respeito da interpretação, em pesquisa

social, refere-se à relação entre os dados empíricos e a teoria.

Goode e Hatt (1969), enfatizam a importância da teoria para o

estabelecimento de generalizações empíricas e de sistemas de relações entre

proposições. Dizem que, mediante uma teoria, é possível se verificar que por trás

dos dados existe uma série complexa de observações, um grupo de suposições

sobre o efeito dos fatores sociais no comportamento e um sistema de proposições

sobre a atuação de cada grupo.

Gil (1999), diz que quando a interpretação dos dados se apóia em teorias

suficientemente confirmadas, lançam-se “raios de luz no obscuro caos dos

materiais”. Mas, quando as teorias não apresentam mais que um ligeiro grau de

comprovação, as explicações que se seguem produzem uma falsa sensação de

adequação à realidade, o que pode servir para inibir a realização de investigações

apropriadas.

Em resumo, deve-se procurar, sempre que possível, analisar os dados

obtidos comparando-os com o que está descrito na bibliografia revisada. A análise

deve ser feita para atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e

confrontar dados e provas, a fim de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s).

Page 97: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

97

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES (somente na DM)

Segundo Laville (1999), ao concluir, o pesquisador deve voltar ao início da

pesquisa, lembrando sumariamente o problema inicial, as intenções da pesquisa e o

trabalho realizado.

Embora não exista um consenso literário acerca da forma e do roteiro a

seguir, para se redigir as conclusões e recomendações, é adequado sumariar alguns

procedimentos que devem ser observados ao escrever, conforme listado abaixo:

a) relembrar o objetivo geral da pesquisa;

b) discutir os resultados obtidos (não o que o pesquisador deseja que eles

fossem, mas o que são), relacionando-os com a literatura anterior e as hipóteses;

c) sintetizar os resultados, procurando explicá-los e interpretá-los de acordo

com a teoria;

d) explicitar se os objetivos foram atingidos e se a(s) hipótese(s) foram

confirmadas ou rejeitadas;

e) ressaltar a contribuição da pesquisa para o meio acadêmico ou para o

desenvolvimento da ciência e da tecnologia;

f) sugerir ou recomendar aplicações para as descobertas; e/ou

g) sugerir, para futuras pesquisas, assuntos ou tópicos relacionados que

deixaram de ser investigados.

A conclusão é um novo título e só deve ser elaborada e descrita após a

apresentação e a análise dos resultados. O pesquisador deve incluir, de forma clara

e ordenada, as deduções obtidas dos resultados do trabalho ou levantadas ao longo

da discussão em torno do assunto. Não devem ser apresentadas idéias novas que

não constem do desenvolvimento, e não é recomendável a apresentação de

descrições detalhadas de dados quantitativos (tabelas e gráficos) e de resultados

comprometidos e/ou passíveis de novas discussões.

Recomendações e sugestões para outros estudos podem ser feitas,

destacando o que não pôde ser estudado e o que os dados mostraram haver a

necessidade de novas verificações.

Segundo Lakatos (2003) “as recomendações consistem em indicações, de

ordem prática, de intervenções na natureza ou na sociedade, de acordo com as

Page 98: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

98

conclusões da pesquisa”, ou seja, consistem na apresentação de idéias (propostas),

obtidas durante a pesquisa para modificar algo que esteja em uso. Por sua vez, as

sugestões “apresentam novas temáticas de pesquisa, inclusive levantando novas

hipóteses, abrindo caminho a outros pesquisadores”, ou seja, apresentam idéias

para a realização de novos estudos.

As sugestões e recomendações são declarações concisas de ações,

julgadas necessárias a partir das conclusões obtidas. São ações propostas que

podem ser utilizadas no futuro. Não são obrigatórias e, devem ser escritas somente

se o pesquisador sentir-se em condições de propor linhas de ação que visem

minimizar as causas do problema, auxiliando o aprimoramento de novos estudos

sobre o tema.

4.4 MONTAGEM DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Os resultados das pesquisas precisam ser comunicados, logo, é necessário

preocupar-se com a sua apresentação formal. Como as pesquisas diferem entre si,

não pode haver um modelo fixo para a redação da dissertação. Contudo, é possível

definir um esquema capaz de abranger a maioria dos elementos que habitualmente

aparecem nos projetos de pesquisa. Os aspectos relativos à estrutura do texto, ao

estilo e à apresentação gráfica devem ser necessariamente considerados pelo

pesquisador no momento da redação.

A comunicação científica da pesquisa que foi desenvolvida gera um

documento denominado dissertação. Este documento deve seguir as normas da

ABNT levando em consideração os elementos pré-textuais, elementos textuais e

elementos pós-textuais.

Foi definido neste manual, um esquema de dissertação capaz de abranger a

maioria dos elementos que aparecem nos projetos de pesquisa. É importante

reafirmar na dissertação a presença das etapas que foram seqüencialmente

desenvolvidas no decorrer do trabalho de pesquisa. Desta forma, uma estrutura

viável que envolve a apresentação das etapas e dos elementos de uma dissertação

está esquematizada no Anexo B.

Page 99: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

99

4.4.1 Quanto ao Estilo de Redação

Uma Dissertação de Mestrado deve ser apresentada de modo que a

“comunidade científica” possa conhecer os caminhos percorridos pelo autor, e, se

necessário, refazê-los, passo a passo, pois, cartesianamente, só serão aceitas

idéias claras e distintas das quais não se possa duvidar.

O texto deve conciliar a elegância acadêmica com a linguagem simples e

acessível capaz de prender a atenção do leitor, acadêmico ou leigo, mantendo um

saudável equilíbrio entre a precisão terminológica e a clareza vocabular, entre o rigor

científico e o bom senso.

Todavia, mesmo sem falhas de ortografia ou de gramática, é preciso observar

as diferenças entre a linguagem literária, com a qual os escritores escrevem com

o coração, ressaltando a subjetividade e a sensibilidade do estilo literário, e a

linguagem científica, com a qual os cientistas escrevem e descrevem a realidade,

chamando atenção para o caráter objetivo e racional da redação científica.

Na literatura, busca-se a criatividade e a imaginação do autor. Cobram-se

atitudes éticas valorativas e engajamento político. Na redação científica, busca-se a

objetividade, a isenção do autor, a fidelidade ao fato, a descrição, a neutralidade

sem posicionamentos subjetivos, ideológicos ou éticos.

Em escritos científicos nada deverá ficar subentendido ou por conta da

imaginação do leitor. Segundo Barrass (1991), o pesquisador deve seguir um

caminho árduo, convencendo os leitores com base em provas, apoiando-se em

verdades claramente formuladas e em argumentações lógicas.

Um recurso simbólico indicativo de objetividade e de distância do pesquisador

em relação ao objeto é o emprego da linguagem impessoal. Em textos técnicos, o

pesquisador trata o tema como quem está de fora, descrevendo o que se passa. Em

português, logra-se a linguagem impessoal com a terceira pessoa do singular e

a partícula apassivadora se, com verbos impessoais, essenciais ou acidentais, e

com a voz passiva. Convém escrever “conclui-se”, ou “cabe concluir”, ou “é lícito

supor que” utilizando-se assim, a linguagem impessoal.

Segundo Viegas (1999), de um texto literário, espera-se brilho, elegância e

originalidade o que não impede que os textos científicos também tenham estas

características prevalecendo a clareza, a correção e a sobriedade.

A diferença é que a obra literária prende o leitor pela forma da expressão e

pela trama do enredo objetivando provocar a emoção e o prazer estético. A obra

científica também deve atrair o leitor, mas o faz pela clareza da argumentação e pelo

Page 100: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

100

conteúdo do texto que lhe move a inteligência e o estimula ao raciocínio.

Em resumo, o estilo de redação varia de pesquisador para pesquisador, e de

trabalho para trabalho, porém, é possível identificar algumas características comuns

que devem ser observadas na redação do relatório final de uma pesquisa científica:

a) o texto deve ser escrito em linguagem direta, evitando-se que a seqüência

seja desviada com considerações;

b) a argumentação deve apoiar-se em dados e provas e não em

considerações e opiniões pessoais;

c) as idéias devem ser apresentadas sem ambigüidade, para não originar

interpretações diversas, utilizando-se vocabulário sem verbosidade, sem expressões

com duplo sentido, evitando palavras supérfluas, repetições e detalhes prolixos;

d) cada expressão deve traduzir com exatidão o que se quer transmitir, em

especial no que se refere a registros de observações, medições e análises;

e) indicar com precisão como, quando e onde os dados foram obtidos;

f) evitar usar adjetivos que não indiquem claramente a proporção dos objetos

e advérbios que não explicitem exatamente o tempo, o modo e o lugar como, por

exemplo, os advérbios recentemente, provavelmente, lentamente, antigamente; e

g) por fim, as idéias devem ser apresentadas numa seqüência lógica e

ordenada, partindo de frases simples, expostas com poucas palavras, contendo uma

única idéia que envolva completamente a frase.

4.4.2 Considerações finais

Os aspectos gráficos do texto envolvem a digitação, a paginação, a

organização das partes e titulações, a disposição do texto em si, as citações, notas

de rodapé, referências, tabelas e figuras, bem como os elementos pré-textuais,

textuais e pós-textuais, que foram detalhados no Manual de Apresentação de

Trabalhos Acadêmicos e Dissertações editado pela EsAO.

As normas de confecção de documentação da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), também expressas no manual citado, deverão ser

consultadas visando à padronização das indicações bibliográficas e à apresentação

gráfica do texto. Da mesma forma, as normas e as orientações constantes das

Instruções de Pós-Graduação (IPG/EsAO) também deverão ser consultadas e

observadas.

Page 101: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

101

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

LATO SENSU

5 PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

5 1 INTRODUÇÃO

5.2 AS ETAPAS DA PESQUISA

5.3 A ESTRUTURA DO TCC 1 INTRODUÇÃO 2 CONCEITOS E MÉTODOS 2.1 TEMA 2.2 PROBLEMA 2.3 QUESTÕES DE ESTUDO 2.4 OBJETIVOS 2.5 JUSTIFICATIVA 2.6 CONTRIBUIÇÃO 3 REFERENCIAL OPERATIVO (somente no projeto de pesquisa) 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4 CONCLUSÕES

5.4 MONTAGEM DO TCC

Page 102: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

102

5 PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

5.1 INTRODUÇÃO

O programa de pós-graduação lato sensu exige a apresentação de Trabalhos

de Conclusão de Curso (TCC) conforme as orientações do Conselho Federal de

Educação e a normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

através da NBR 14724:2002.

É importante compreender, neste momento, que o TCC é o relatório final de

uma pesquisa científica, e que esta pesquisa deve ser criteriosamente planejada e

aprovada antes de ser realizada. Tais providências têm por finalidade traduzir um

perfeito sincronismo, entre o postulante e o seu orientador, e entre ambos e a linha

de pesquisa à qual estão vinculados, visando atender os interesses do postulante e

da Escola, bem como economizar tempo e recursos preciosos. Para que o

postulante, o orientador, e a linha de pesquisa estejam perfeitamente alinhados, o

programa exige o cumprimento das fases progressivas abaixo relacionadas:

Escolha do tema;

Apresentação da Proposta do Projeto de Pesquisa;

Apresentação do Projeto de Pesquisa;

Depósito do TCC; e

Avaliação do TCC pela Comissão de Avaliação.

Estas fases estão perfeitamente definidas nas Instruções de Pós-Graduação

da EsAO, e, devido ao caráter progressivo do estudo (Apêndice C), não será difícil

perceber que a Proposta do Projeto de Pesquisa evolui para o Projeto de

Pesquisa, e que o TCC é o relatório do que foi planejado e executado,

apresentando ainda os resultados, as análises e as conclusões acerca do que foi

pesquisado. O CD anexo apresenta os modelos correspondentes a cada fase.

5.2 AS ETAPAS DA PESQUISA

O planejamento e a execução de uma pesquisa científica fazem parte de um

processo sistematizado que normalmente compreende 5 etapas distintas, que são

Page 103: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

103

traduzidas em referenciais, cujos elementos constitutivos formam as seções do

relatório final da pesquisa científica (o TCC).

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AS 5 ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA

SEÇÕES DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

1ª Etapa Seção 1 Pergunta de partida Introdução - Visão geral

3ª Etapa Seção 2 2ª Etapa - Tema - Problema A exploração do problema - Questões de estudo Revisão de literatura - Objetivos - Justificativa Entrevistas exploratórias

Conceitos e Métodos

- Contribuição - Cronograma Pesquisa Bibliográfica

Referencial Operativo* - Planilha de custos

Pesquisa Documental Seção 3

Pesquisa de Campo (sfc) Apresentação e Análise dos Resultados

4ª Etapa Seção 4

Conclusões Conclusões e Recomendações

5ª Etapa

Redação do relatório de pesquisa (Montagem do Trabalho de Conclusão de Curso)

ENTREGA DO TCC À COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

(fase presencial do CAO)

* O Referencial Operativo faz parte apenas do Projeto de Pesquisa

A pesquisa se inicia com a definição do tema. A partir daí, é formulada uma

pergunta de partida (1ª Etapa), procurando destacar os aspectos do tema que

serão abordados na pesquisa. Esta pergunta irá desencadear uma breve revisão de

literatura para que o pesquisador possa tomar consciência da problemática que

envolve o seu tema. Na seqüência, o pesquisador deve realizar a exploração do

problema (2ª Etapa), por meio de uma revisão de literatura (mais aprofundada) e

de entrevistas exploratórias, com o objetivo de colher subsídios que permitam

formular uma possível solução para o problema, e uma série de raciocínios lógicos.

Estes culminarão com apontamentos acerca das questões de estudo, dos

Page 104: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

104

objetivos a serem atingidos, das justificativas (“porquês”) para se empreender um

estudo científico, e das contribuições que a pesquisa poderá produzir. Depois de

reunidos, o Tema, o Problema, as Questões de Estudo, os Objetivos, as

Justificativas e as Contribuições constituirão a seção chamada Conceitos e

Métodos.

Durante a 2ª etapa o pesquisador poderá chegar às seguintes conclusões:

a. a pergunta de partida está bem elaborada, prosseguindo no estudo; ou

b. a pergunta de partida deve ser reformulada.

Definida a forma como será conduzido o raciocínio lógico para a solução o

problema, deve-se passar à etapa da pesquisa propriamente dita, que pode ser de

natureza Bibliográfica ou Documental (3ª Etapa). Esta etapa também pode ser

chamada Coleta, Apresentação e Análise de Dados, na qual os resultados da

coleta de dados serão apresentados e discutidos nas diversas seções de

Apresentação e Análise dos Resultados, de forma a fornecerem subsídios que

permitam alcançar as respostas às questões de estudo, cumprindo os objetivos

traçados na seção Conceitos e Métodos, e permitindo ao pesquisador organizar

logicamente seus argumentos para que possa chegar a uma conclusão.

Finda a apresentação e análise dos resultados chega-se à etapa das

Conclusões (4ª Etapa), quando o autor deve apresentar, na seção Conclusões e

Recomendações, os principais aspectos verificados durante a pesquisa,

respondendo as questões de estudo e solucionando o problema de pesquisa.

Encerrando o processo de elaboração do TCC, é realizada a Redação do

Relatório de Pesquisa (5ª Etapa), onde todo o trabalho deve ser organizado e

formatado de acordo com as Normas da ABNT, executando-se a sua impressão e a

entrega à Comissão de Avaliação.

5.3 A ESTRUTURA DO TCC

A seguir, serão apresentados conceitos acerca de cada uma das seções que

compõem a estrutura final do TCC, sendo referenciadas, ao lado do título de cada

seção, a necessidade de sua apresentação na Proposta de Projeto, no Projeto de

Pesquisa ou no TCC. A numeração apresentada a seguir corresponde àquela que

Page 105: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

105

deve constar no corpo do trabalho, sendo obrigatória a apresentação dos itens

referenciados.

1 INTRODUÇÃO (Proposta, Projeto e TCC)

Esta seção deve ser breve, visando preparar o leitor para o contexto da

questão funcional do trabalho, situando-o no tempo e no espaço, e fornecendo uma

visão clara dos caminhos a serem percorridos para se chegar à solução do problema

de pesquisa. Deve ainda apresentar uma idéia geral do trabalho, fornecendo uma

visão panorâmica acerca do assunto pesquisado.

Segundo Martins (2000), a introdução deve conter idéias básicas que

respondam às indagações sobre a temática, o porquê da escolha do tema, qual a

contribuição esperada e qual a trajetória desenvolvida para a construção e

desenvolvimento do trabalho empreendido. É comum redigir uma introdução inicial,

que será continuamente reescrita à medida que o trabalho progrida.

2 CONCEITOS E MÉTODOS (Proposta, Projeto e TCC)

Esta seção tem por finalidade colocar o leitor à parte da problemática que

envolve o estudo, devendo ser apresentados: o tema selecionado (e sua

delimitação); o problema (antecedentes do problema, a formulação do problema

propriamente dito, e os alcances e limites da pesquisa); as questões de estudo,

o(s) objetivo(s) do estudo (geral e específicos); a justificativa da importância de

execução da pesquisa; e a contribuição que a investigação poderá fornecer à área

específica do conhecimento em questão.

2.1 TEMA (Proposta, Projeto e TCC)

Nesta seção secundária deverão ser abordados o tema e a delimitação do

tema. De acordo com Lakatos e Marconi (1999), tema é o assunto que se deseja

estudar e pesquisar. Escolher o tema significa selecionar um assunto de acordo com

as inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a

elaborar um trabalho científico. Consiste em encontrar um objeto que mereça ser

investigado cientificamente e que tenha condições de ser formulado e delimitado em

Page 106: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

106

função da pesquisa. O assunto escolhido deve ser exeqüível e adequado aos

interesses acadêmicos.

O mais importante é que o tema escolhido demonstre o interesse do

pesquisador e esteja situado em seu campo de conhecimento, pois, segundo

Dencker (1998), para desenvolver de maneira adequada um tema de pesquisa, é

necessário que o pesquisador domine o assunto e esteja apto a manejar as fontes

de consulta bibliográfica.

Nesta fase do trabalho procure responder à seguinte pergunta: “O que

pretendo abordar?”

A delimitação do tema é um aspecto ou uma área de interesse acerca de um

assunto que se deseja provar ou desenvolver. Delimitar um tema significa eleger

uma parcela específica de um assunto, estabelecendo limites ou restrições para o

desenvolvimento da pesquisa pretendida.

Segundo Barros & Lehfeld (1999), a definição do tema pode surgir com base:

a) na observação do cotidiano;

b) na vida profissional;

c) em programas de pesquisa;

d) em contato e/ou relacionamento com especialistas;

e) no “feedback” (realimentação/retomada) de pesquisas já realizadas; e

f) no estudo da literatura especializada.

A escolha do tema de uma pesquisa, em um curso de pós-graduação lato

sensu, está relacionada à linha de pesquisa à qual o pesquisador pretende

vincular-se. Para a escolha do tema, é preciso levar em conta a relevância e a

atualidade do problema, seu conhecimento a respeito, sua preferência e sua aptidão

pessoal para lidar com o tema escolhido. Após definir o tema, o pesquisador deve

passar a levantar e a analisar as literaturas já publicadas sobre o assunto escolhido

(para um maior aprofundamento nas questões relativas à escolha do tema vide o

impresso “Lista de Assunto para Trabalhos Acadêmicos”).

2.2 PROBLEMA (Proposta, Projeto e TCC)

Esta seção secundária deve abordar o problema que pretende resolver

através da pesquisa científica, apresentando os antecedentes do problema, a

formulação do problema, e os alcances e limites.

Page 107: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

107

Em primeiro lugar, é preciso verificar se realmente você está diante de um

problema científico, e concluir se será compensador tentar encontrar uma solução

para ele. A pesquisa científica depende fundamentalmente da formulação adequada

do problema, isto porque objetiva buscar a sua solução (um estudo pormenorizado

sobre problemas científicos é apresentado na UD IV, a partir da página 51).

2.2.1 Antecedentes do Problema (Projeto e TCC)

Os antecedentes indicam a origem, ou seja, um breve histórico de como

surgiu o problema. Nesta subseção devem ser apresentados os chamados

“pressupostos teóricos” que embasarão a formulação do problema, a elaboração

das questões de estudo e, conseqüentemente, os objetivos de pesquisa. Deve-se

utilizar idéias de autores reconhecidos (por meio de citações diretas ou indiretas),

mencionando-se apenas àquelas que forem imprescindíveis à compreensão do

caminho a ser percorrido para a solução do problema de estudo, evitando

divagações que não contribuirão para a sustentação do pensamento científico.

Uma revisão de literatura (pesquisa bibliográfica e/ou documental), bem

como entrevistas exploratórias (sfc) devem ser realizadas para que se possa

aprofundar nos questionamentos que envolvem o problema, transformando a

pergunta de partida na questão central da investigação. Tal pesquisa e a

colaboração de especialistas sobre o tema tratado serão de fundamental importância

no sentido de alicerçar os pressupostos teóricos que auxiliarão na formulação das

questões de estudo (um estudo pormenorizado acerca da revisão de literatura e

entrevistas exploratórias pode ser encontrado na UD IV, a partir da página 58).

A realização de uma boa revisão de literatura e de entrevistas exploratórias

(sfc) ampliará o conhecimento do pesquisador acerca do tema, permitindo avaliar se

a pergunta de partida foi bem definida. Por meio desta avaliação a pergunta inicial

poderá ser mantida, redefinida (enfocando o cerne da pesquisa) ou abandonada,

exigindo um reinício da pesquisa.

Page 108: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

108

2.2.2 Formulação do Problema (Projeto e TCC)

A formulação do problema tem origem em seus antecedentes e deve ser

escrito na forma interrogativa. Esta é a maneira mais fácil e direta de estruturá-lo,

além de facilitar a sua identificação e a confecção do relatório final (um estudo

pormenorizado sobre a formulação de problemas científicos é apresentado na

UD IV, a partir da página 53).

Todo o delineamento de pesquisa deve estar voltado para a resolução do

problema ou do levantamento de indícios que permitam que outros pesquisadores

resolvam questões relevantes ligadas intrinsecamente ao problema pesquisado.

Nesta fase da pesquisa, a pergunta inicial transforma-se em problema

científico de acordo com a revisão de literatura e entrevistas exploratórias (suporte

para os antecedentes do problema). Desta forma, torna-se necessário questionar-se

acerca de uma série de perguntas que norteiam o problema de pesquisa, são as

chamadas questões de estudo, tratadas no item 2.3.

2.2.3 Alcance e Limites (Projeto e TCC)

A pesquisa deve ser delimitada no tempo e no espaço, especificada e

reduzida de modo a permitir sua realização. Ainda que a definição do problema seja

clara, precisa e concisa, faz-se necessário especificar o alcance da investigação,

relatando os aspectos do problema que foram incluídos, e os limites, ou seja,

aqueles aspectos que ficaram de fora da investigação.

A delimitação do alcance consiste em determinar até onde irá a pesquisa, a

quem está dirigida, o universo de conhecimento a respeito do assunto e o que deve

ser especificado de forma a tornar acessível à investigação.

A definição dos limites consiste em especificar as áreas da investigação que

não serão abordadas, definindo a exclusividade da pesquisa, e o campo de ação

que não foi possível abarcar.

Os limites da investigação referem-se às restrições impostas sobre as

possibilidades de generalização dos resultados a outras populações e a possíveis

ameaças sobre a validade e a confiabilidade do estudo. Duas limitações são: o

tamanho da amostra e a duração do estudo.

Page 109: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

109

A dimensão do problema deve estar dentro dos limites da capacidade do

pesquisador, com relação ao domínio de conhecimentos necessários, e da

existência de recursos materiais e humanos suficientes para que seja possível a

realização da pesquisa.

2.3 QUESTÕES DE ESTUDO (Proposta, Projeto e TCC)

As questões de estudo são o ponto de partida para se encontrar um caminho

que leve ao melhor conhecimento acerca do problema, o que é fundamental para se

chegar a uma solução para o mesmo. A adoção das questões de estudo se dá em

substituição ao processo de formulação de hipóteses, ainda desconhecido e muitas

vezes complicado para o pesquisador inexperiente (vide a página 63 na UD IV).

Em síntese, as questões de estudo são perguntas que norteiam a solução

do problema de pesquisa. Quando solucionadas, cada questão de estudo fornecerá

uma solução parcial e os indícios necessários para uma melhor compreensão e

solução do problema.

Cabe destacar a diferença entre objetivo e questões de estudo. Um

objetivo de investigação indica o que o investigador pretende alcançar; uma

questão de estudo é um lapso no conhecimento que se pretende elucidar.

Ex.: Caso o objetivo geral de um estudo seja “verificar se a manutenção do

condicionamento físico diminui as influências do stress sobre o desempenho

cognitivo dos comandantes de OM.”, poderiam ser elaboradas as seguintes

questões de estudo:

a) como ocorre o processo de envelhecimento?

b) quais são as alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento?

c) como ocorre o processo de formação do stress?

d) em que medida o stress pode afetar o desempenho cognitivo?

e) em que medida o desempenho cognitivo pode afetar o processo decisório?

f) em que medida a manutenção do condicionamento físico pode auxiliar na

preservação dos níveis de desempenho cognitivo durante o processo de

envelhecimento?

Page 110: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

110

2.4 OBJETIVO (Proposta, Projeto e TCC)

Os objetivos são elementos que identificam e detalham as distintas ações a

serem realizadas para dar resposta à pergunta que o pesquisador formulou como

problema de investigação.

2.4.1 Objetivo Geral (Proposta, Projeto e TCC)

Esta subseção deve-se apresentar a intenção do pesquisador ao iniciar o

estudo, isto é, sintetizar o que se pretende alcançar com a pesquisa. O objetivo geral

deve estar de acordo com a justificativa e o problema propostos (um estudo

pormenorizado sobre o enunciado dos objetivos é apresentado na UD IV, a

partir da página 60).

Se o objetivo geral indica uma direção a seguir, faz-se necessário construir

um caminho coerente e lógico para alcançá-lo. Isto é feito por meio de metas

intermediárias que redefinem, esclarecem, delimitam e decompõem a trajetória a ser

seguida em objetivos específicos de pesquisa. Estes, por sua vez, pretendem

buscar a solução para cada uma das questões de estudo, e conseqüentemente do

problema de pesquisa como um todo.

Para as questões de estudo descritas no item 2.3, poder-se-ia enunciar o

objetivo geral de estudo da seguinte forma:

Verificar se a manutenção do condicionamento físico diminui as

influências do stress sobre o desempenho cognitivo dos comandantes de OM.

2.4.2 Objetivos Específicos (Projeto e DM)

Os objetivos específicos devem ser redigidos com o verbo no infinitivo e

representam as metas a serem seguidas, das quais depende a consumação do

objetivo final, ou seja, indicam o que há de ser feito para se alcançar o objetivo geral

de pesquisa. Os objetivos específicos procuram descrever, nos termos mais claros

possíveis, o que será obtido em cada passo da pesquisa, referindo-se às

características que podem ser observadas e ou mensuradas.

Page 111: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

111

Tomando por base o objetivo geral “verificar se a manutenção do

condicionamento físico diminui as influências do stress sobre o desempenho

cognitivo dos comandantes de OM”, listaremos a seguir alguns exemplos de

objetivos específicos que poderiam nortear a consecução do objetivo geral de

estudo:

a) realizar uma pesquisa bibliográfica para levantar e elucidar os principais

conceitos relativos ao processo de envelhecimento, alterações fisiológicas

decorrentes do processo de envelhecimento, processo de formação do stress;

desempenho cognitivo, e processo decisório (verifique a correlação com as questões

de estudo);

b) realizar entrevistas exploratórias com especialistas em condicionamento

físico, psicólogos e geriatras a fim de elucidar dúvidas acerca das relações entre a

manutenção do condicionamento físico e a preservação dos níveis de desempenho

cognitivo durante o processo de envelhecimento;

c) descrever como ocorre o processo de envelhecimento;

d) descrever como ocorrem as alterações fisiológicas decorrentes do

processo de envelhecimento;

e) descrever como ocorre o processo de formação do stress;

f) descrever como o stress pode afetar o desempenho cognitivo;

g) descrever como o desempenho cognitivo pode afetar o processo

decisório; e

h) verificar em que medida a manutenção do condicionamento físico pode

auxiliar na preservação dos níveis de desempenho cognitivo durante o processo de

envelhecimento.

Após uma análise criteriosa dos objetivos específicos, é possível verificar sua

estreita relação com as questões de estudo.

2.5 JUSTIFICATIVA (Proposta, Projeto e TCC)

Esta seção secundária deve apresentar o “porquê” da realização da

pesquisa, procurando identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e a

Page 112: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

112

sua importância relativa. A justificativa deverá convencer ao leitor acerca da

necessidade e da relevância da pesquisa proposta.

Este é um dos itens mais importantes a ser considerado no momento da

elaboração da proposta e, conseqüentemente, do projeto de dissertação . É a parte

onde se apresenta a razão de ser da pesquisa. A existência de um problema é o que

justifica, academicamente, a realização de uma pesquisa para que se possa

equacionar uma solução para o mesmo. O investigador deve estabelecer,

convincentemente, que a problemática exposta merece uma solução.

Para tanto, o pesquisador deve perguntar-se:

O tema é relevante? Procurando responder por quê.

Quais aspectos positivos podem ser destacados na abordagem proposta?

Quais são as inovações esperadas? Elas justificam a realização do estudo?

2.6 CONTRIBUIÇÃO (Proposta, Projeto e TCC)

Esta seção secundária deve apresentar o “para que” servirá o resultado da

investigação, uma vez concluída. A contribuição deverá demonstrar ao leitor a

serventia dos resultados a serem colhidos.

Um trabalho de investigação é considerado importante quando seus

resultados podem ser traduzidos em novas descobertas ou quando podem contribuir

para o conhecimento de problemas significativos. Em outras palavras, a importância

de uma investigação está na sua originalidade, e nos seus resultados.

Faz-se necessário destacar o valor que tem o estudo do problema formulado

e como poderá contribuir ou ampliar os conhecimentos anteriores. Uma pesquisa é

relevante na medida em que contribui para o desenvolvimento do conhecimento, isto

é, na medida que o faz avançar.

Para tanto, o pesquisador deve perguntar-se:

Quais vantagens e benefícios a pesquisa irá proporcionar?

A quem (ou que) se destinam os resultados do seu estudo?

Quem será o real beneficiário da investigação?

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113

3. REFERENCIAL OPERATIVO (somente no Projeto de Pesquisa)

Este referencial está descrito na UD IV página 88.

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS (somente no TCC)

Após a coleta de dados deve-se proceder a apresentação e a análise dos

resultados obtidos na pesquisa bibliográfica e/ou documental (campo,sfc). Os

dados fornecem informações a respeito das questões de estudo, e podem ser

apresentados (divididos) em quantas seções de fizerem necessárias, fornecendo o

embasamento necessário para a solução do problema de pesquisa.

A apresentação e análise dos dados é formada por processos estreitamente

relacionados. Alguns autores ressaltam que, na apresentação, o pesquisador

prende-se unicamente aos dados, ao passo que na análise, procura um sentido

mais amplo.

Os resultados devem ser apresentados e discutidos em um discurso

autêntico, coerente e lógico. A estrutura abaixo representa ma das possíveis

organizações das seções de apresentação e análise dos resultados para as

questões de estudo apresentadas na subseção 2.3:

3 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

4 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DECORRENTES DO ENVELHECIMENTO

5 A FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

6 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO STRESS

7 STRESS E DESEMPENHO COGNITIVO

8 DESEMPENHO COGNITIVO E PROCESSO DECISÓRIO

9 EFEITOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO FÍSICO MILITAR

10 MÉTODOS DE TREINAMENTO FÍSICO PARA COMBATER O STRESS Obs.: As seções de apresentação e análise de resultados são numeradas a partir da seção 2

CONCEITOS E MÉTODOS (3, 4, 5, ...), neste caso a seção “CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES”

receberia o número 11.

É comum, embora não obrigatório, a utilização de conclusões parciais ao

longo das seções de apresentação e análise dos resultados. Este procedimento

facilita a leitura do trabalho, e permite ao leitor antecipar conclusões e entender as

estratégias utilizadas pelo autor na solução do problema de pesquisa.

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114

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES (somente no TCC)

Esta seção primária deve sintetizar os resultados obtidos através da pesquisa;

explicitar se os objetivos foram atingidos, se as questões de estudo foram

respondidas e se o problema de estudo foi resolvido; ressaltar a contribuição da

pesquisa para o meio acadêmico ou para o desenvolvimento da ciência e da

tecnologia, e/ou ainda, sugerir assuntos relacionados, que deixaram de ser

investigados, para servirem de base para as pesquisas futuras.

A conclusão é um novo título e deve ser elaborada e descrita após a

apresentação e análise dos resultados. O pesquisador deve incluir, de forma clara e

ordenada, as deduções tiradas dos resultados do trabalho e/ou levantadas ao longo

da discussão em torno do assunto.

As conclusões constituem a seção que finaliza a parte textual do documento.

Dependendo da extensão, as conclusões podem ser subdivididas em várias

subseções, tendo em vista manter a objetividade e a clareza.

Não é recomendável que descrições detalhadas de dados quantitativos

(tabelas e gráficos) apareçam na conclusão, tampouco resultados comprometidos e

passíveis de novas discussões. Um dos cuidados que se deve ter, diz respeito à

extensão e divulgação dos resultados que vão figurar na conclusão. Estes tanto

podem ser verdadeiros, como gerarem erros em virtude de generalização

precipitada do pesquisador, o que fatalmente compromete os resultados da

investigação.

As sugestões e recomendações são declarações concisas de ações,

julgadas necessárias a partir das conclusões obtidas. São ações propostas que

podem ser utilizadas no futuro. Não são obrigatórias e, somente devem ser escritas

se o pesquisador estiver em condições de propor linhas de ação que visem

minimizar as causas do problema.

5.4 MONTAGEM DO TCC

A comunicação científica da pesquisa desenvolvida gera um documento

denominado Trabalho de Conclusão de Curso. Este documento deve seguir as

Page 115: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

115

normas da ABNT levando em consideração os elementos pré-textuais, os

elementos textuais e os elementos pós-textuais (os elementos pré-textuais e pós-

textuais estão descritos detalhadamente no “Manual de Apresentação de

Trabalhos Acadêmicos e Dissertações”). Uma estrutura viável que envolve a

apresentação das etapas e dos elementos de um TCC está esquematizada no

Apêndice D.

Esta Unidade Didática procurou definir um esquema de TCC capaz de

abranger a maioria dos elementos que constituem os projetos de pesquisa e os

relatórios finais. É importante reafirmar no TCC a presença das etapas que foram

desenvolvidas seqüencialmente no decorrer do trabalho de pesquisa.

Com relação ao estilo de redação, deve-se observar as recomendações

constantes da subseção “4.4.1 Quanto ao Estilo de Redação” na UD IV a partir da

página 99.

5.4.1 Considerações finais

Os aspectos gráficos do texto envolvem a digitação, a paginação, a

organização das partes e titulações, a disposição do texto em si, as citações, notas

de rodapé, referências, tabelas e figuras, bem como os elementos pré-textuais,

textuais e pós-textuais, que foram detalhados no Manual de Apresentação de

Trabalhos Acadêmicos e Dissertações editado pela EsAO.

As normas de confecção de documentação da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), também expressas no manual citado, deverão ser

consultadas visando à padronização das indicações bibliográficas e à apresentação

gráfica do texto. Da mesma forma, as normas e as orientações constantes das

Instruções de Pós-Graduação (IPG/EsAO) também deverão ser consultadas e

observadas.

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116

Page 117: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

117

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Page 120: 7033278 Apostila de Metodologia Da Pesquisa Cientifica

120

Apêndice A - Elementos Constitutivos da Proposta, Projeto de Pesquisa e DM.

ELEMENTOS Prop Proj DM Capa X X X Lombada X Folha de rosto X X Errata X Folha de aprovação X Dedicatória X Agradecimentos X Epígrafe X Resumo na língua vernácula X Lista de ilustrações X Lista de tabelas X Lista de abreviaturas X Lista de siglas X Lista de símbolos X

PRÉ-TEXTUAIS

Sumário X X 1 INTRODUÇÃO X X X 2 REFERENCIAL CONCEITUAL X X X 2.1 TEMA X X X 2.2 PROBLEMA X X X 2.2.1 Antecedentes do Problema X X X 2.2.2 Formulação do Problema X X X 2.2.3 Alcances e Limites X X X 2.3 JUSTIFICATIVA X X X 2.4 CONTRIBUIÇÃO X X X 3 REFERENCIAL TEÓRICO X X X 4 REFERENCIAL METODOLÓGICO X X X 4.1 OBJETIVO X X X 4.2 HIPÓTESE X X X 4.3 VARIÁVEIS X X X 4.3.1 Definição conceitual das variáveis X X X 4.3.2 Definição operacional das variáveis X X X 4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS X X X 4.4.1 População X X X 4.4.2 Amostra X X X 4.3.3 Método de pesquisa X X X 4.3.4 Tipo de pesquisa X X X 4.4.5 Técnica de pesquisa X X X 4.4.6 Instrumentos X X X 4.4.7 Análise dos dados X X X 5 REFERENCIAL OPERATIVO X 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS X

TEXTUAIS

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES X Referências X X X Glossário X X Apêndice(s) X X Anexo(s) X X

PÓS-TEXTUAIS

Índice(s) X X

X Obrigatório X Opcional Não faz parte desta fase

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121

Apêndice B - Elementos textuais obrigatórios da DM.

1 INTRODUÇÃO

2 REFERENCIAL CONCEITUAL

2.1 TEMA

2.2 PROBLEMA

2.2.1 Antecedentes do Problema

2.2.2 Formulação do Problema

2.2.3 Alcances e Limites

2.3 JUSTIFICATIVA

2.4 CONTRIBUIÇÃO

3 REFERENCIAL TEÓRICO

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO

4.1 OBJETIVO

4.2 HIPÓTESE

4.3 VARIÁVEIS

4.3.1 Definição conceitual das variáveis

4.3.2 Definição operacional das variáveis

4.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.3.1 População Método de pesquisa

4.3.2 Amostra

4.4.3 Método de pesquisa

4.3.4 Tipo de pesquisa

4.4.5 Técnica de pesquisa

4.4.6 Instrumentos

4.4.7 Análise dos dados

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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122

Apêndice C - Elementos Constitutivos da Proposta, Projeto de Pesquisa e TCC.

ELEMENTOS Prop Proj TCC Capa X X X Lombada X Folha de rosto X X Errata X Folha de aprovação X Dedicatória X Agradecimentos X Epígrafe X Resumo na língua vernácula X Lista de ilustrações X Lista de tabelas X Lista de abreviaturas X Lista de siglas X Lista de símbolos X

PRÉ-TEXTUAIS

Sumário X X 1 INTRODUÇÃO X X X 2 CONCEITOS E MÉTODOS X X X 2.1 TEMA X X X 2.2 PROBLEMA X X X 2.2.1 Antecedentes do Problema X X X 2.2.2 Formulação do Problema X X X 2.2.3 Alcances e Limites X X X 2.3 QUESTÕES DE ESTUDO X X X 2.4 OBJETIVO X X X 2.5 JUSTIFICATIVA X X X 2.6 CONTRIBUIÇÃO X X X 3 REFERENCIAL OPERATIVO X 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS X X

TEXTUAIS

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES X Referências X X X Glossário X X Apêndice(s) X X Anexo(s) X X

PÓS-TEXTUAIS

Índice(s) X X

X Obrigatório X Opcional Não faz parte desta fase

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Apêndice D - Elementos textuais obrigatórios do TCC.

1 INTRODUÇÃO

2 CONCEITOS E MÉTODOS

2.1 TEMA

2.2 PROBLEMA

2.2.1 Antecedentes do Problema

2.2.2 Formulação do Problema

2.2.3 Alcances e Limites

2.3 QUESTÕES DE ESTUDO

2.4 OBJETIVO

2.5 JUSTIFICATIVA

2.6 CONTRIBUIÇÃO

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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124

Apêndice E - Exemplo de Planilha de Custos.

Itens do Orçamento

Elemento do Orçamento

Especificações do Elemento de Despesa

Quantidade Solicitada

Valor Unitário

Valor Total

Gravador 1 200 200

Máquina fotográfica 1 100 100

Grampeador 1 11 11

Perfurador de papel 1 9 9

Microcomputador 1 2.000 2000

Capital Equipamento

e material permanente

Impressora 1 600 600

Caixa com 10 disquetes HP 1 12 12

Fita para vídeo TDK 2 8 16

Fita cassete 90 2 5 10

Caneta esferográfica. 10 1 10

Papel A4 500 10

Rolo de filme 2 8 16

Material de Consumo

Cartucho de tinta para impressora 1 80 80

Fotocópias 100 20

Digitação 90 2 180 Remuneração

serviço pessoal

Encadernação 1 1 20

Correios 150

Revelação de filmes e montagem de slides 2 40 80

Custeio

Outros serviços e encargos

Outras Despesas 200

T O T A L 3724,00

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Apêndice F - Exemplo de Cronograma de Execução do Projeto de Pesquisa.

Atividade Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

Início do projeto 11 - Revisão1 do referencial conceitual feito na proposta de projeto 25 - Revisão1 do referencial teórico feito na proposta de projeto X 15 Revisão1 do referencial metodológico feito na proposta de projeto X 22 Revisão2 do projeto para revisão do Orientador 29 Elaboração e apresentação dos instrumentos 6

Elaboração da análise a ser utilizada 8 Revisão2 do projeto de pesquisa pelo Orientador 11

Revisão do projeto X X 08 Apresentação do projeto de pesquisa e dos fichamentos 09 Preparação das Seções iniciais da DM para a Qualificação3 X X 22 Qualificação das Seções iniciais da DM3 23 a 25

Coleta de dados X X X 15

Tabulação dos dados4. X X X 22

Apresentação e análise dos resultados X X X 25

Conclusões 27 Redação parcial das seções do trabalho X X X X X X X X X X 01

Revisão do trabalho X X X X 01

Entrega do trabalho pronto 02

Fase de confecção do Projeto de Pesquisa Fase de Qualificação das Seções Iniciais (somente para a DM) Fase de execução da pesquisa propriamente dita e confecção dos relatórios. Obs.: as datas apresentadas devem estar de acordo com os PAPPG EsAO.

1Os referenciais apresentados na fase do projeto de pesquisa resultam do aprofundamento daqueles apresentados na proposta de projeto. 2Estas datas de controle devem ser estabelecidas em íntima conformidade com o seu orientador, podem ser marcadas quantas datas forem necessárias. 3Somente para a DM 4Obrigatório para a DM e, se for o caso, para o TCC

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Apêndice G – Modelo de Ficha.

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEP - DFA

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OPERAÇÕES MILITARES

LINHA DE PESQUISA: INSTRUÇÃO MILITAR

TEMA: O CONDICIONAMENTO FÍSICO E A OPERACIONALIDADE DAS OM

POSTULANTE: FULANO DE TAL – Cap Inf

FICHA Nr: 001 DATA: 22 de janeiro de 2004. REFERÊNCIA (obrigatório) BRASIL. Exército. Estado-Maior. C 20-20: Treinamento Físico Militar. 3. ed. Brasília,DF,2002. RESUMO DA OBRA (obrigatório)

O resumo tem por finalidade facilitar futuras consultas à (s) obra (s), apresentar o foco central e as principais idéias tratadas pelo autor. É importante manter sempre em mente que as obras revisadas devem ter estrita relação com o tema de sua pesquisa, isto é, devem apresentar idéias que sustentem o seu pensamento em relação ao problema pesquisado.

Deverão ser apresentados os principais pontos da obra em estudo, que têm relação com a sua pesquisa. Cite as idéias com suas próprias palavras.

CITAÇÕES (opcional) Página Texto

As citações podem ser redigidas na forma direta, quando as frases são transcritas de forma idêntica às apresentadas na obra revisada, ou na forma indireta, quando o leitor/pesquisador apresenta o pensamento do autor com suas palavras.

Acrescente neste campo tantos comentários quantos julgar pertinente. Seja oportuno, isto é, não deixe para tentar lembrar-se no futuro do que trata a citação que pretende colher agora. Tenha em mente que o objetivo deste fichamento é facilitar o desencadeamento lógico de suas idéias, portanto, as citações devem tratar de assuntos que sustentem o seu ponto de vista em relação ao problema em estudo.

1-1

Exemplo “ilustrativo”:

“São conhecidas as dificuldades que se antepõem ao treinamento físico ideal, as quais vão desde a falta de tempo, em face das inúmeras outras atividades prioritárias da OM, até a carência, ou mesmo inexistência, de áreas, instalações e materiais apropriados.” (BRASIL, 2002 p. 1-1). (citação direta: transcrição “ipse litteris” do manual)

O manual C 20-20 apresenta algumas dificuldades para a manutenção dos

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padrões de atividade física, que poderiam afetar a manutenção da operacionalidade das OM ... (comentário oportuno do pesquisador)

1-2

Exemplo “ilustrativo”:

Segundo BRASIL, 2002 (p. 1-2) o treinamento físico militar deve estar voltado para a operacionalidade, a fim de atender aos interesses da Força e ao cumprimento da sua missão institucional, portanto... (citação indireta: reedição do pensamento do autor com as próprias palavras do pesquisador)

Veja a seguir o que consta originalmente no manual: “O enfoque do treinamento na operacionalidade da tropa visa atender

fundamentalmente ao interesse da Força e ao cumprimento da sua missão institucional.” (BRASIL, 2002 p. 1-2).

3-3

Exemplo “ilustrativo”:

“O treinamento regular e orientado provoca, naturalmente, diversas adaptações no funcionamento do organismo humano. Estas adaptações trazem benefícios para saúde e propiciam condições para a eficiência do desempenho profissional.” (BRASIL, 2002 p. 3-3).

CONTRIBUIÇÕES EM RELAÇÃO AO TEMA (obrigatório) Apresente a relação existente entre a obra estudada e a sua pesquisa.

Exemplo “ilustrativo”:

A obra demonstra a necessidade de manutenção e do desenvolvimento dos padrões de desempenho físico da tropa como um fator de aquisição de eficiência operacional em combate.

Apresenta a preocupação do Exército Brasileiro com a regularidade e a uniformização dos exercícios físicos a serem administrados aos efetivos regulares incorporados nas diferentes organizações militares.

(acrescente tantos comentários quantos julgar pertinente ao seu trabalho de pesquisa)

RECURSOS ILUSTRATIVOS DE INTERESSE (opcional) Página Ilustração (tabela/gráfico/figura/etc)

3-5 Tabela 3-1 Freqüência Cardíaca de Esforço (FCE) B1 Anexo B - Programa Anual de TFM OM Não Operacional - 4 Sessões Semanais E1 Anexo E - Programa Anual de TFM OM Operacional - 4 Sessões Semanais

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