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8ª COMISSÃO PERMANENTE DE TRANSPORTES, MOBILIDADE E
SEGURANÇA
Proposta nº 429/2020 - ‘Aprovar submeter à Assembleia Municipal, para
aprovação, o projecto de Alteração do Regulamento Geral de Estacionamento
e Paragem na Via Pública’
Parecer
Parte I - Nota introdutória e enquadramento da Proposta nº 429/2020
A Proposta nº 429/2020 (doravante nomeada simplesmente como Proposta), subscrita pelo
Vereador Miguel Gaspar, titular do pelouro de Mobilidade, Segurança, Economia e
Inovação, tem em vista proceder à ‘Alteração do Regulamento Geral de Estacionamento e
Paragem na Via Pública da Cidade de Lisboa’, nela se incluindo a fundamentação das
respectivas isenções tarifárias, bem como a fundamentação económica das tarifas e taxas
alteradas no projecto, sendo composta por 4 anexos:
Anexo I: Projecto de alterações ao RGEPVP (versão consolidada) com anexos;
Anexo II: Projecto de alterações ao RGEPVP;
Anexo III: Fundamentação económica; e
Anexo IV: Relatório de Apuramento e Ponderação dos Resultados da Consulta Pública.
Este projecto havia sido solicitado pelo plenário da AML em 14/5/2019, na sequência da
aprovação da Recomendação nº 68/07 (PEV) – ‘Período de revisão do Regulamento geral
de estacionamento na via pública’ (Anexo V).
A Proposta, após ter sido aprovada por maioria na reunião da Câmara Municipal de Lisboa
(CML) de 23 de Julho de 2020, com 9 votos a favor (6PS, 2IND e 1BE), e 8 votos contra
(4CDS, 2PSD e 2PCP), foi submetida para apreciação e votação da Assembleia Municipal
de Lisboa (AML).
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De seguida, a Proposta foi remetida à 8ª Comissão Permanente de Transportes, Mobilidade
e Segurança (CPTMS) por despacho do senhor Presidente da AML, a fim de ser apreciada
e emitido parecer, pelo que cumpre proceder à emissão do mesmo, em consonância com o
preceituado nos artigos 75º e 76º do Regimento da AML em vigor para o mandato
2017/2021.
Consequentemente, a 8ª CPTMS deliberou começar por ouvir em audição o Presidente da
EMEL, dr. Luís Natal Marques no dia 22/9/2020 e o Vereador Miguel Gaspar em
7/10/2020.
Parte II - Considerandos e Análise da Proposta nº 429/2020
II-1 Dos Considerandos
A CML enumerou, no corpo da Proposta, os seguintes considerandos justificativos:
a) O Regulamento Geral de Estacionamento e Paragem na Via Pública (RGEPVP),
aprovado através da Deliberação nº 47/AM/2013 (Proposta nº 254/CM/2013), publicada no
1º Suplemento ao Boletim Municipal nº 1050, de 3 de Abril de 2014, e posteriormente
alterado através da Deliberação nº 247/AML/2016 (Proposta nº 154/CM/2016), publicada
no 2º Suplemento ao Boletim Municipal nº 1180, de 29 de Setembro de 2016, adaptou e
condensou, num único instrumento, o conjunto de normas que regulam a utilização das
vias e espaços públicos que o Município de Lisboa delibere sujeitar ao regime de
estacionamento de duração limitada, definindo, ainda, as condições de acesso a
determinadas zonas do território da cidade e as condições de realização de cargas e
descargas na Cidade;
b) A dinâmica verificada na mobilidade da cidade de Lisboa nos últimos anos leva a que
seja oportuna a reflexão em torno da revisão do RGEPVP, de modo a aproveitar a
experiência adquirida para ajustá-lo à atual realidade, contribuindo assim para a melhoria
do sistema de mobilidade;
c) Na prossecução dos objectivos do Município para a mobilidade na cidade de Lisboa,
tem vindo a promover-se o ordenamento do estacionamento, a requalificação dos bairros
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históricos e das praças, incrementando-se, ainda, as infraestruturas que permitem a opção
pelos modos suaves de mobilidade e incentivando-se a utilização do transporte público;
d) A gestão do estacionamento é um importante instrumento de gestão da mobilidade da
Cidade, importando, em face do referido, rever o RGEPVP de modo a introduzir soluções
regulamentares mais robustas, que consolidem a política que neste campo se pretende levar
a cabo;
e) Tal, em conjunto com outras dinâmicas da Cidade, como o aumento do turismo e das
actividades económicas associadas e o incremento do comércio e de serviços em algumas
zonas, justifica que se proceda à revisão do RGEPVP, de modo a promover a
compatibilização das inúmeras solicitações a que é sujeito o espaço público por parte dos
vários agentes utilizadores;
f) Neste sentido, a CML aprovou submeter a consulta pública um projecto de alteração do
RGEPVP, através da Deliberação nº 543/CM/2019, publicada no Boletim Municipal nº
1328, de 1 de Agosto de 2019;
g) Nos termos do disposto no artigo 100.º, nº 3, alínea c), e no artigo 101º, nº 1, ambos do
Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 4/2015, de 7 de
Janeiro, o período de consulta pública decorreu entre os dias 8 de Agosto de 2019 e 30 de
Setembro de 2019;
h) Durante o período da consulta pública, foram recolhidas observações e sugestões dos
interessados sobre o projecto de alteração do RGEPVP, com vista à respectiva ponderação
e elaboração da versão final;
i) Para este efeito, foram ainda realizadas reuniões sectoriais com Juntas de Freguesia e
com associações e empresas com relevo na área logística urbana;
j) Como resultado da consulta pública, foram recepcionadas 78 (setenta e oito)
participações efectivas, contendo um total de 182 (cento e oitenta e dois) contributos;
k) Concluído o período de consulta pública do projecto de alteração do RGEPVP, foi
efectuada a devida ponderação dos contributos recebidos, que se encontra vertida no
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Relatório de Apuramento e Ponderação dos Resultados da Consulta Pública (Anexo IV)
apenso à Proposta e que dela faz parte integrante, e em resultado da qual foram
introduzidas alterações ao texto inicial do projecto;
l) O projecto final de alteração do RGEPVP ora submetido para efeitos de sua ulterior
aprovação pela AML contém, ainda, as alterações resultantes das recomendações
formuladas pela respectiva 8ª CPTMS e, bem assim, os contributos apresentados por forças
políticas;
m) O projecto final de alteração do RGEPVP actualiza e uniformiza as normas vigentes em
matéria de estacionamento, revendo o respectivo tarifário, introduzindo duas novas Áreas
Tarifadas (Castanha e Preta) e um conjunto de disposições relativas às cargas e descargas
na cidade, regulamentando ainda inovatoriamente a circulação e estacionamento de
veículos afectos ao exercício das actividades de aluguer e partilha de veículos de
passageiro sem condutor, também designado por sharing;
n) Com a actualização do tarifário de estacionamento de rotação, pretende-se adequar as
necessidades da procura de estacionamento na cidade de Lisboa, por parte de visitantes,
residentes e comerciantes, à existência de alternativas em modos mais sustentáveis e à
efectiva oferta de lugares de estacionamento, criando-se para o efeito duas novas tarifas de
estacionamento previstas no Projecto, correspondentes às Áreas Tarifadas Castanha e
Preta, para locais onde a procura de estacionamento é mais elevada;
o) O projecto procede ainda à adaptação dos títulos de estacionamento existentes, em
função da evolução tecnológica, da realidade do estacionamento na cidade e das
necessidades dos utilizadores;
p) Em especial, o projecto introduz uma nova figura - o Registo de Residente - que visa
possibilitar aos residentes registados o acesso a diversos produtos, para além do Dístico de
Residente, como sejam o acesso a lugar em parque de estacionamento associado à sua zona
de residência, o estacionamento de veículos com Dístico de Mobilidade, a facilitação do
estacionamento de veículo de um cuidador informal e a facilitação de visitas de residentes
em períodos de menor pressão;
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q) No que concerne ao regime de realização de cargas e descargas na Cidade, no projecto
redefinem-se as regras de circulação e paragem para realização destas operações, com o
objectivo de disciplinar, entre outros, o funcionamento das bolsas de carga e descarga, os
respectivos horários e o regime de fiscalização, mas também trazer mais flexibilidade e
eficiência às operações;
r) Destacam-se, ainda, a criação do Dístico de Família Numerosa, que permite às famílias
numerosas usufruírem de lugares de estacionamento exclusivo ou partilhado com outras
famílias numerosas, e a criação dos Dísticos de SNS e IPSS, que permitem o
estacionamento de veículos afectos à prestação de cuidados de saúde e de apoio às
populações em condições mais favoráveis.
II-2 Fundamentação e contributos externos para a Proposta
A CML entendeu que seria oportuno, face à dinâmica na mobilidade de Lisboa, a revisão
do RGEPVP, para que este se ajuste à actual realidade e seja igualmente um contributo
para a melhoria do sistema de mobilidade. Além da promoção dos modos suaves de
mobilidade e o incentivo ao transporte público, também a gestão do estacionamento é um
importante instrumento de gestão da mobilidade da cidade.
Assim, e através da Deliberação nº 543/2019, publicada no Boletim Municipal nº 1328, de
1/8/2019, a CML aprovou submeter a consulta pública um projecto de ‘Alteração ao
Regulamento Geral de Estacionamento e Paragem na Via Pública’, cujo prazo da consulta
pública decorreu entre os dias 8 de Agosto e 30 de Setembro de 2019, e onde foram
recolhidas observações e sugestões dos interessados, com vista à sua ponderação e
elaboração de uma proposta de versão final.
Neste âmbito, foram igualmente realizadas reuniões sectoriais com Juntas de Freguesia e
com associações e empresas com relevo na área logística urbana. Como resultado da
consulta pública foram recepcionadas 78 participações efectivas, contendo um total de 182
contributos.
Findo o período de consulta pública do projecto de alteração do RGEPVP, foi efectuada a
devida ponderação dos contributos recebidos, que se encontra vertida no Relatório de
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Apuramento e Ponderação dos Resultados da Consulta Pública (Anexo IV), apenso à
Proposta e que dela faz parte integrante, e em resultado da mesma foram introduzidas
alterações ao texto inicial do projecto.
Importa referir que o projecto final de alteração ao RGEPVP em análise contém também as
alterações resultantes das recomendações formuladas pela 8ª CPTMS, bem como, os
contributos apresentados pelas forças políticas.
Em termos gerais, o projecto final de alteração ao RGEPVP vem actualizar e uniformizar
as normas vigentes em matéria de estacionamento, revendo o respectivo tarifário,
introduzindo duas novas Áreas Tarifadas (Castanha e Preta), para locais onde a procura de
estacionamento é mais elevada, e um conjunto de disposições referentes às operações de
cargas e descargas na cidade, regulamentando a circulação e estacionamento à actividade
designada por sharing.
Foi introduzida uma nova figura - o Registo de Residente - que visa possibilitar aos
residentes registados o acesso a diversos produtos, a criação do Dístico de Família
Numerosa e dos Dísticos de SNS e IPSS.
Note-se que na mesma reunião de CML, de 23 de Julho de 2020, foi também debatida a
Proposta nº 430/2020, para aprovar a ‘Alteração dos patamares tarifários aplicáveis a
arruamentos específicos da Cidade de Lisboa, no âmbito do Regulamento Geral de
Estacionamento e Paragem na Via Pública’, a qual não se destinava a deliberação desta
AML.
Parte III - Diligências efectuadas no âmbito da 8ª Comissão
Na 110ª reunião da 8ª CPTMS, que decorreu no passado dia 11 de Setembro, por
videoconferência através da aplicação Microsoft Teams, o Presidente da CPTMS referiu
que, em relação à Proposta em análise, a CPTMS já tinha feito uma abordagem ao tema,
ainda antes da sua versão final, numa altura em que decorria ainda a consulta pública, pelo
que parte do trabalho já estaria feito, mas que ainda assim entendia pertinente ouvir o
Vereador do pelouro da mobilidade da CML e a EMEL.
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Neste contexto, a 8ª CPTMS decidiu promover audições ao Vereador Miguel Gaspar e ao
Presidente da EMEL, no âmbito da apreciação da presente Proposta.
III-1 Sessão para audição do Presidente da EMEL, dr. Luís Natal Marques
Na 111ª reunião da 8ª CPTMS, realizada no passado dia 22 de Setembro por
videoconferência através da aplicação Microsoft Teams, decorreu a audição ao Presidente
da EMEL dr. Luís Natal Marques, que através de uma apresentação (Anexo III) começou
por fazer o devido enquadramento do processo e apresentar as principais alterações
relativamente ao anterior Regulamento e aquelas que resultaram da consulta pública.
Começou por referir que a presente Proposta já integrava o resultado da consulta pública.
Destacou a criação de novas tarifas - Castanha e Preta - mantendo-se as já existentes, sendo
que na Proposta é feita uma distinção dos valores a cobrar, que se traduz num desconto no
valor para quem optar pelo pagamento por via electrónica. A EMEL entendeu ser esta a
melhor forma de incentivar o uso desta modalidade, e que cerca de 30% dos utilizadores
opta por este meio de pagamento, o qual constitui ainda uma poupança para a EMEL, quer
ao nível do custo de parquímetros, quer ao nível de logística, onde haveria uma clara
intenção da EMEL no incentivo deste modo de pagamento.
No que respeitava aos resultados da consulta pública, o Presidente da EMEL referiu que
houve 54 participações efectivas, 14 participações de pessoas colectivas, 3 de empresas e 7
de freguesias, explicando a metodologia aplicada na consulta pública. Quanto à definição
dos novos patamares de tarifário a aplicar na cidade, reiterou que esta era uma competência
da CML (conferir Proposta nº 430/2020).
De seguida procedeu à explicação das alterações relevantes ao RGEPVP e as que haviam
resultado da consulta pública, e que diziam respeito a:
I. Inovação Tecnológica
II. Registo de Residente
III. Dístico de Residente
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IV. Sharing
V. Sinalização
VI. Dístico de Empresa
VII. Dístico de SNS
VIII. Dístico de Solidariedade Social
IX. Registo de Acesso a Garagem
X. Dístico de Família Numerosa
XI. Ocupação da Via Pública
XII. Cargas e Descargas
XIII. ZACC
XIV. Fiscalização
XV. Outras alterações decorrentes da consulta pública
Finda a apresentação do Presidente da EMEL, a Secretária da 8ª CPTMS cedeu a palavra
aos DM por ordem de inscrição.
A DM Margarida Penedo (CDS) começou por chamar a atenção para a questão da
desmaterialização dos dísticos, aspecto que entendeu já terá sido pressentido pela EMEL e
que a avançar a desmaterialização, esta poderia interferir na transparência dos processos, e
no próprio escrutínio da actuação da EMEL, ficando os cidadãos sem saber como é que a
empresa estava a executar o seu trabalho.
Questionou o facto de ser possível fazer o registo de residente, mesmo para quem não quer
o dístico de residente, não compreendendo para que servia. Assinalou com gosto o facto de
os veículos de substituição temporária poderem estacionar e ter os mesmos benefícios
atribuídos ao veículo normal de um determinado residente.
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Quanto ao cuidador informal considerou que 2 horas eram muito pouco, tendo questionado
se não poderia ser aumentado, pois o cuidador informal é uma pessoa que presta serviço
até 8 ou 12 horas. Questionou se o cidadão teria de escolher uma zona limítrofe à sua
residência ou se automaticamente passava a poder estacionar em qualquer zona limítrofe à
sua residência.
Referiu ter verificado haver uma proliferação dos sinais horizontais, o que gerava uma
confusão visual, pelo que considerou que seria preferível manter os sinais verticais que,
apesar de tudo, se viam melhor. Por fim, questionou o facto de os veículos eléctricos da
Uber terem direito a dístico, mas os veículos eléctricos de animação turística não terem o
mesmo direito a dístico de isenção.
O DM Miguel Santos (PAN) colocou a questão dos deficientes, que tem questionado
repetidamente e que ainda não vira resolvida. Existiam problemas de pessoas que já
haviam tido o seu lugar marcado, mas que, entretanto, esse lugar desaparecera, tendo
surgido novos sinais para deficientes válidos apenas durante a semana, o que origina que
essas pessoas não podiam sair ao fim-de-semana. Questionou o Presidente da EMEL sobre
se esta situação já estava resolvida e de que forma.
O DM Carlos Barbosa (PSD) referiu que concordava com a DM Margarida Penedo
relativamente à questão do cuidador informal, tendo considerado que as 2 horas seriam
extremamente curtas que havia uma excessiva carga de sinais verticais, que passaria a
haver uma excessiva carga de pinturas na cidade em tudo o que fosse local para estacionar,
tendo questionando o Presidente da EMEL sobre quantos lugares de estacionamento havia
a EMEL perdido, devido à construção das ciclovias.
O DM Rodrigo Mello Gonçalves (IND) levantou duas questões: uma tinha que ver com a
questão da desmaterialização dos dísticos, considerando que poderia haver um menor
controlo do estacionamento exclusivo para residentes, porque as pessoas deixariam de
poder reportar à EMEL situações abusivas que não tivesse sido detectadas anteriormente,
enquanto a outra questão dizia respeito às bolsas exclusivas para residentes, se estas
passariam ou não a permitir os veículos de sharing e, se sim, se esta situação não seria um
desvirtuamento do princípio da bolsa para residentes.
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O DM António Prôa (PSD) questionou relativamente ao controlo do tempo dos cuidadores
informais, supondo que ele só seria viável através de meios electrónicos e, por isso, o
mesmo seria dizer que o acesso dos cuidadores informais a este benefício dependeria da
inscrição e da utilização de meios electrónicos, e que, portanto, não seria utilizado qualquer
dístico identificativo. Pediu esclarecimentos acerca do pagamento do primeiro dístico para
quem pede o segundo. Relativamente à sinalização horizontal apontou ser matéria que a
CPTMS já tinha abordado por diversas vezes, tendo reforçado a preocupação no sentido de
melhor serem identificadas as zonas de estacionamento exclusivo para residentes,
questionando se a sinalização horizontal carecia de alguma alteração ao Código da Estrada;
e, por fim, se o estacionamento para empresas estaria condicionado à disponibilidade do
número de lugares.
Dr. Luís Natal Marques (Presidente da EMEL) esclareceu, quanto às questões colocadas
pelos DM, nomeadamente sobre a questão da desmaterialização do dístico, reconhecendo
que, de facto, o dístico físico permitia um maior escrutínio, admitindo que não seria
impeditivo que a desmaterialização avançasse, pois o Regulamento abria a hipótese dessa
desmaterialização. Explicou a questão do registo de residentes que não têm automóveis,
referindo que há pessoas que são proprietárias de automóveis, mas que não conduzem e a
atribuição de um dístico de usufruto visa obstar essa particularidade.
Quanto ao cuidador informal referiu que o período das 2 horas resultara da discussão
pública, tendo sido o tempo que foi considerado suficiente para estas situações, não
sabendo se houve propostas noutro sentido.
No que diz respeito às zonas limítrofes, continuava a regra de que um residente teria um
dístico, podendo escolher uma zona limítrofe, mas deu o exemplo de poder haver ruas que
dividem zonas, e se do outro lado da rua fosse uma zona que não tenha sido opção do
residente, ele poderia estacionar nesse lado da rua.
Sobre os sinais verticais e marcações no solo, demonstrou preocupação com a proliferação
de sinais verticais, como sendo obstáculos às pessoas com mobilidade reduzida.
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Os veículos eléctricos da Uber teriam dístico verde apenas pelo facto de serem eléctricos,
os quais seriam sempre fornecidos, independentemente de pertencerem à Uber ou a
qualquer outra empresa.
Quanto à questão dos deficientes, referiu que a atribuição do dístico de deficiente caberia à
CML, sendo que a EMEL apenas se limitava a fazer as marcações no terreno que fossem
solicitadas pelo Município.
No âmbito da criação das ciclovias, e segundo os cálculos da empresa, seriam cerca de 30 a
40 lugares subtraídos ao estacionamento, de qualquer modo, e pelas contas que faziam, um
lugar de estacionamento serviria em média 3 automobilistas por dia, e quando esse lugar
fosse ocupado por um conjunto de bicicletas serviria mais de 20 cidadãos que as
utilizassem.
Quanto aos veículos de sharing serem usados em zonas de residentes, respondeu
exemplificando com um morador que tivesse o carro na oficina, e que resolvesse recorrer a
um veículo de sharing, pois, sendo residente na zona, faria sentido que pudesse estacionar
nessa zona.
No que dizia respeito ao tempo dos cuidadores informais ser controlado por meios
electrónicos, respondeu que sim, caso contrário e se o cuidador informal entrasse numa
zona de acesso condicionada para prestar apoio, não seria possível controlar o tempo em
que lá permanecera de outra forma que não por meio.
Em relação aos dísticos, uma elevada percentagem de dísticos de residentes eram primeiros
dísticos (acima dos 75%), os segundos veículos seriam menos expressivos, sendo esta uma
forma que o Regulamento encontrara para fazer uma distinção entre quem tinha apenas um
carro e quem tinha dois ou mais carros.
Na sinalização das zonas de residentes admitiu que a empresa normalmente se encontrava
num grande dilema, que poderia vir a ter alguma alteração com a criação do dístico do
cuidador informal, mas insistiu que reservar zonas exclusivas a residentes geraria sempre
muitas queixas. Tendo em conta de que os lugares na cidade são exíguos, considerava um
desperdício, por exemplo, que existisse uma avenida inteira reservada a residentes e que
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durante o dia não se pudessem lá estacionar em regime de rotação. Lembrou que havia
proposto às Juntas de Freguesia que o estacionamento fosse feito por rotação e para
residentes das 9h às 19h, e que durante a noite já estivesse reservado aos residentes.
Em relação às marcas horizontais para substituir os sinais verticais, elas teriam de ser
homologadas e que o Código da Estrada teria que as prever, pelo que se houvesse alguma
marca que fosse idealizada de novo, ela teria que ser homologada.
Por fim e quanto ao estacionamento das empresas, o critério teria de ser analisado caso a
caso, em articulação com as Juntas de Freguesia e com as necessidades que fossem
transmitidas.
O Presidente da EMEL concluiu a sua intervenção, dando os seguintes dados relativamente
ao número de dísticos:
• 1ª viatura - 85.182
• 2ª viatura - 28.000
• 3ª viatura - 3.096
• 4ª viatura - 36
O Presidente da 8ª CPTMS deu por terminada a discussão deste ponto, sendo que após a
audição do Presidente da EMEL, o DM do PAN fez um protesto relativamente à questão
dos lugares para deficientes.
III-2 Sessão para audição do Vereador Miguel Gaspar
Na 113ª reunião da 8ª CPTMS, realizada no passado dia 7 de Outubro através da aplicação
Microsoft Teams, decorreu a audição ao Vereador Miguel Gaspar, tendo o Presidente da 8ª
CPTMS informado que já tinha havido discussão sobre esta matéria na CPTMS antes da
consulta pública, e que a EMEL já tinha sido também ouvida recentemente sobre esta
versão final do Regulamento.
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O Vereador Miguel Gaspar iniciou a sua intervenção apoiada de uma apresentação (Anexo
IV) sobre o Regulamento Geral de Estacionamento e Paragem na Via Pública.
Reiterou o aspecto referido pelo Presidente da 8ª CPTMS de que o Regulamento já havia
sido discutido na CPTMS, antes de ser submetido a Consulta Pública, lembrando algumas
das sugestões feitas, nessa altura, no seio da 8ª CPTMS, as quais haviam sido incorporadas
na actual Proposta.
Elencou os principais objectivos de política do novo RGEPVP, tendo referido que o
período de consulta pública fora alargado para além do que seria obrigatório, precisamente
para não decorrer apenas em período de férias. Indicou os resultados gerais da consulta
pública e agradeceu o trabalho dos serviços da Direcção Municipal de Mobilidade pelo
esforço em sistematizar os contributos e pela elaboração do Relatório da Consulta Pública.
Com base na apresentação elencou as principais alterações após consulta pública, no que
dizia respeito a:
• Dísticos
• Cargas e Descargas
• Veículos partilhados (velocípedes com e sem motor)
Terminou a sua apresentação com a imagem do novo zonamento tarifário, como solicitado
pelas Juntas de Freguesia do eixo central, com o ajuste das cores, e informou que este já
estava feito e publicado.
Seguidamente a Secretária da 8ª CPTMS deu a palavra aos DM por ordem de inscrição.
O DM Miguel Santos (PAN) colocou novamente a questão do estacionamento para
deficientes, referindo que segundo informou a EMEL esta não tinha qualquer
responsabilidade na concessão do estacionamento, estando ausente do Regulamento a
regulação dos pedidos de estacionamento para deficientes, e deu o exemplo de uma
munícipe que deixou de ter lugar para estacionar.
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Solicitou que esta situação fosse corrigida, por considerar ser uma deficiência grave no
Regulamento, para que se permitisse que qualquer cidadão, em circunstâncias semelhantes,
pudesse exercer os seus direitos de cidadania, sem ter aquele tipo de entraves, e pudesse
fazer a sua vida normal, tal como os restantes cidadãos.
A DM Margarida Penedo (CDS) questionou se a EMEL já havia alterado alguma coisa na
sua política de renovação dos dísticos, pois tinha conhecimento de que várias pessoas não
haviam estado a receber atempadamente a renovação do dístico, dando o exemplo da zona
do Areeiro, onde haveria grandes alterações em muitas zonas previstas no Regulamento,
questionando se seria por causa dessas alterações para as quais a EMEL já se estaria a
preparar, e se seria ainda por isso que a renovação tardava em chegar aos munícipes.
O DM Rodrigo Mello Gonçalves (IND) colocou uma primeira questão que tinha que ver
com os veículos de sharing e se estes poderiam ou não estacionar em zonas exclusivas para
residentes.
A segunda questão que colocava referia-se a uma situação que o Regulamento previa e
que, por um lado, dizia respeito à EMEL na bonificação de tarifas e, no caso do sharing,
poder vir a aplicar tarifa, sendo aquelas situações competência da AML, e que seriam
sempre colocadas para deliberação deste órgão, pedindo clarificação da parte do Vereador
sobre aquela situação, pois, da leitura do Regulamento, poder-se-ia ficar com a ideia de
que a EMEL poderia, por si própria, aplicar esses descontos.
O DM António Prôa (PSD) começou por dar nota de que todas as sugestões
consensualizadas pela 8ª CPTMS haviam sido acolhidas na actual versão final do
Regulamento. Lembrou ter sido referido pela EMEL, na audição da CPTMS de Julho de
2019, de que a empresa estaria a levar a cabo um estudo sobre o estacionamento e sobre as
necessidades de estacionamento, relacionando-as com a gestão do estacionamento tarifado,
tendo sido afirmado que estaria concluído em Setembro do mesmo ano.
Neste contexto, questionou se esse estudo havia sido concluído e se, tendo sido concluído,
contribuira para a definição de diversas dimensões da aplicação deste Regulamento, quer
no que dizia respeito ao escalão tarifário a aplicar nas diversas zonas, quer na atribuição
dos dísticos às empresas.
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A segunda questão que colocava dizia respeito à atribuição do segundo dístico, na sua
relação com as famílias numerosas, sugerindo que se mantivesse a lógica da gratuitidade
do 1º dístico, concordando com a cobrança de emolumentos na atribuição do 2º e 3º
dísticos. A este propósito, e relacionando com as famílias numerosas, recordou que em
2016 fora aprovada pela CML uma Proposta para que a atribuição de um 2º dístico de
estacionamento a agregados familiares com três ou mais dependentes, deveria cumprir a
regra da atribuição do primeiro dístico. Ou seja, esta Proposta seguia o raciocínio que
famílias numerosas com bastantes dependentes a cargo tinham necessidade de utilizar uma
segunda viatura para a sua gestão familiar. Acrescentou que esta deliberação da CML fora
esquecida neste Regulamento, apelando ao Vereador para reflectir sobre esta questão e ter
em consideração a deliberação da CML de 2016.
A terceira questão que colocava dizia respeito à sinalização das zonas de estacionamento
exclusivo para residentes, sensibilizando para que a sinalização também horizontal com cor
diferente fosse colocada em prática para sinalizar estas zonas. Ainda no âmbito do
estacionamento exclusivo para residentes, referiu terem sido recorrentes as preocupações
para o facto de essas zonas estarem muitas vezes vazias durante o dia, não podendo ser
utilizadas por outras pessoas, sugerindo se não seria vantajoso que o horário, em vez de ser
contínuo, fosse limitado, ficando a partir do final do dia dedicado para o estacionamento
exclusivo para residentes.
Por fim, e quanto à sinalização horizontal para o estacionamento tarifado. e uma vez que
teriam que haver alterações ao Código da Estrada, questionou se a CML já tomara alguma
iniciativa no sentido da sensibilização para a concretização da necessária alteração ao
Código da Estrada para alcançar aquele desiderato.
O Vereador Miguel Gaspar começou por responder à questão do estacionamento para
deficientes, referindo que a matéria não se encontrava prevista no Regulamento porque
estava em vigor um Decreto-Lei e a CML teria que aplicar a Lei, e o que ela previa.
Referiu algumas alterações que a autarquia tinha feito, como por exemplo a retirada da
matrícula naqueles casos, sendo utilizado o número do dístico emitido pelo Instituto da
Mobilidade e dos Transportes (IMT). Reconheceu que a CML, muitas vezes, não
conseguia cumprir com as normas regulamentares a que obedecem os lugares de
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deficientes, e que não dispunha de um mecanismo eficiente para identificar situações de
caducidade dos lugares e de os recuperar, mas havia um trabalho que estaria a ser feito em
conjunto com as Juntas de Freguesia nesse sentido.
Quanto à questão sobre a emissão dos dísticos da EMEL reconheceu que houve de facto
um problema na gestão dos dísticos durante o mês de Junho, sendo que quando há
renovação automática o processo fica mais simplificado, mas, ao fim de três anos, a EMEL
solicitava documentação para a renovação dos dísticos, para evitar situações de alguns
abusos, de pessoas que podiam já não estar a residir naquele local e que continuassem a
usufruir do estacionamento exclusivo para residentes. E ainda, por causa da pandemia, os
prazos de renovação haviam sido atrasados, além de que a EMEL, no mês de Julho, não
estava a ter capacidade de resposta na emissão dos dísticos, o que entretanto se alterou
desde essa altura, com a mudança total dos procedimentos, estando de momento a situação
totalmente normalizada. Acrescentou ainda que aquela situação nada tivera que ver com a
alteração das zonas tarifadas.
No que respeitava à questão do DM Rodrigo Mello Gonçalves, explicou que fora criado
para aquelas situações o dístico de residente sem carro, sendo que um veículo partilhado
poderia estacionar numa zona de residentes se fosse levado até lá por um residente, sendo a
operação controlada por um sistema electrónico que já estaria previsto.
Quanto à gratuitidade do dístico referiu que o que foi introduzido foi uma discriminação
positiva e não negativa. Reconheceu que não tinha conhecimento da deliberação de CML
de 2016, mas não estava desconfortável com a Proposta que o Regulamento introduzia para
as famílias numerosas.
A sinalização de zonas para residentes não teria que ver com o Regulamento, nem com o
Código da Estrada, mas sim com o Regulamento de sinalização e trânsito. Fora elaborado
um parecer pela CML e pela EMEL e enviado à Autoridade Nacional de Segurança
Rodoviária (ANSR), em que havia uma insistência da CML na prevalência da sinalização
horizontal face à vertical, para desobstrução dos passeios, haver menos postes e obstáculos,
podendo a sinalização horizontal ser prioritária. Porém, segundo o que previa o Código da
Estrada, não se podia abdicar da sinalização vertical, havendo grande sensibilização da
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ANSR para esta matéria, e cabendo a esta entidade fazer as alterações necessárias quanto a
essa questão. Neste âmbito, referiu ainda que coisa distinta seria a autarquia realizar de
forma complementar uma pintura numa zona exclusiva para residentes, estando a solução
de se pintar apenas uma bordadura azul em fase de estudo e a aguardar proposta concreta
da parte dos serviços.
Quanto às bolsas para residentes, o Regulamento conferia total flexibilidade face a esta
questão, acrescentando que não tinha conhecimento da situação relatada, e afirmado que
podia haver alterações nas zonas e nos próprios horários, face a necessidades identificadas.
O DM Miguel Santos (PAN) insistiu novamente na questão do estacionamento para
deficientes, relatando a resiliência da munícipe que se tem deslocado a várias sessões da
AML para expor a sua situação, sem que até à altura tivesse tido resposta ao seu problema.
Acrescentou que não lhe parecia aceitável que os cidadãos tivessem que provar de cinco
em cinco anos que ainda não haviam morrido, tendo de haver um mecanismo mais efectivo
para aquelas situações, reiterando a necessidade de resolução daquele problema.
No seguimento da intervenção do DM Miguel Santos do PAN, o Vereador Miguel Gaspar
comprometeu-se com o DM a analisarem em conjunto o caso particular da munícipe.
A DM Margarida Penedo (CDS) referiu que já visto na página da EMEL a possibilidade
para a renovação e o pedido do primeiro dístico, esperando que funcionasse, tendo
questionou o Vereador sobre o que acontecia às pessoas que não tivessem conseguido
renovar o dístico, se haveria nesses casos alguma margem de tolerância por parte da
EMEL, ou se, pelo contrário, poderiam estar sujeitas a multas.
O DM Rodrigo Mello Gonçalves (IND) insistiu na segunda questão que colocou na sua
primeira intervenção relativamente ao que poderia eventualmente ser depreendido como
uma competência da EMEL para fixar tarifas e, na sequência da intervenção do Presidente
da 8ª CPTMS, questionou também a existência do estudo elaborado pela EMEL.
O DM António Prôa (PSD) insistiu novamente na questão das famílias numerosas, e na
resolução aprovada na CML em 2016, questionando o Vereador se quer ele, quer a CML,
aceitavam a discriminação positiva de não prejudicar as famílias numerosas como uma
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possibilidade, nas condições que já havia referido, e se, nesse caso, estaria disponível para
acolher um contributo de ajuste à Proposta de Regulamento aquando da sua aprovação na
AML.
O DM Francisco Domingues (PSD) questionou sobre as isenções de pagamento de tarifas
às entidades religiosas, de estas não estarem incluídas nas isenções, nem estar prevista a
atribuição de lugares de estacionamento privativos a entidades religiosas.
O Vereador Miguel Gaspar começou por responder à questão do DM Rodrigo Mello
Gonçalves, referindo que a tarifa base estava definida no regulamento e o mecanismo de
desconto também, não tendo a aplicação do mesmo que ser deliberada pela AML.
Sobre a questão da DM Margarida Penedo, referiu que, segundo informações da EMEL,
não constatava registo de ter havido falhas no envio das mensagens para renovação dos
dísticos, mas que poderiam ter existido essas falhas, tendo solicitado recentemente à
EMEL o reenvio das mensagens a quem ainda não procedera à renovação do dístico. No
que respeitava à tolerância, ela existira de forma informal, e principalmente durante o mês
de Agosto, quando se estavam a ser recuperados os atrasos de Julho, mas que à data da
audição já não existiria.
Quanto ao estudo da EMEL referiu que este fora particularmente útil para identificar as
zonas mais prioritárias para a construção de novos parques para residentes e, nesse sentido,
influenciar o plano de investimentos da empresa, onde se poderão fazer mais parques nas
zonas de maior défice.
Na questão das famílias numerosas, não tinha uma resposta para dar, nem opinião formada
sobre a matéria, não discordando da necessidade das famílias numerosas de terem uma
segunda viatura para suprir as suas necessidades diárias, comprometendo-se a ver a
questão com o Vice-Presidente no âmbito das restantes taxas municipais, considerando
fazer mais sentido analisar a questão num conjunto das taxas municipais, nas suas
múltiplas vertentes, do que apenas no âmbito do presente Regulamento.
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No que dizia respeita à questão do DM Miguel Santos do PAN, comprometeu-se a revisitar
o caso e a enviar a devida informação ao DM, acrescentando ainda que, por mês, a CML
cedia dezenas de lugares de estacionamento a pessoas com mobilidade reduzida.
Ainda a pedido do DM Francisco Domingues (PSD), o Vereador respondeu à questão
colocada pelo DM, referindo que não tinha havido alteração no Regulamento em relação às
entidades religiosas, mantendo-se as regras anteriores. A novidade introduzida dizia
respeito à atribuição de desconto a conceder às IPSS que iria até 70%, onde muitas das
entidades religiosas acabavam por se enquadrar. Quanto aos pedidos de estacionamento, no
geral, os pedidos eram deferidos nos termos do Regulamento.
O Presidente da 8ª CPTMS agradeceu os esclarecimentos e solicitou que fossem enviados
à 8ª CPTMS tanto a apresentação realizada pelo Vereador, como o estudo elaborado pela
EMEL (Anexo II).
Parte IV - Opinião das várias forças políticas e do relator
Três Grupos Municipais e um Deputado Municipal que exerce o seu mandato como
Independente, representados na 8ª CPTMS, solicitaram que a sua opinião fosse incluída no
presente parecer, pelo que aqui se transcrevem.
IV-1 Opinião do CDS, recebida no dia “quinta 26-11-2020 - 23:21”:
«A proposta em apreço pretende alterar substancialmente a gestão do estacionamento na
cidade de Lisboa o que, directamente, implica mudanças na mobilidade de cidade e por
esse facto reveste-se de uma significativa importância.
Como o CDS-PP tem defendido, o futuro da cidade constrói-se fundado em planeamento
claro, concreto e transparente.
No que respeita ao regulamento de estacionamento e paragem na via pública, a CML
defende a proposta tendo por base os estudos elaborados pela EMEL para o efeito. Nesse
sentido e a pedido da comissão, o vereador Miguel Gaspar comprometeu-se a remeter os
referidos estudos, os quais entendemos serem essenciais para apurar as políticas e medidas
a implementar na presente proposta.
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Reiteradamente e não apenas nesta proposta, a CML compromete-se com o envio de
estudos na área da mobilidade nunca cumprindo, o que revela um enorme desrespeito pelo
trabalho de análise da 8ª Comissão, pelas competências da AML e por uma profunda
avaliação da proposta.
Nesse sentido e apesar de reconhecer o trabalho meritório do deputado relator na
elaboração deste parecer, que felicitamos, os deputados do CDS-PP membros da comissão
votaram contra o mesmo por entenderem que, sem acesso ao estudo, a proposta não se
encontra em condições de ser votada, de forma consciente e criteriosa, em plenário.»
IV-2 Opinião do Deputado Rodrigo Melo Gonçalves, recebida no dia “terça 01-12-2020 -
23:30”:
«O presente parecer transcreve com rigor e isenção as diversas reuniões e diligências
efectuadas pela 8ª Comissão, no âmbito do seu trabalho de análise à proposta 429/2020.
No entanto, e à semelhança do que já aconteceu noutras situações, o executivo da Câmara
Municipal de Lisboa, não remeteu elementos importantes para melhor apreciação da
proposta em apreço. Refiro-me por exemplo a um estudo sobre estacionamento em Lisboa,
anunciado e efectuado pela EMEL ainda em 2019, e que foi por diversas vezes solicitado,
por várias forças políticas e deputados, nomeadamente aquando da audição do Vereador
Miguel Gaspar na 8ª Comissão.
Esta tem sido aliás uma atitude recorrente por parte do executivo camarário, que
sucessivamente faz referência a estudos que justificam opções de gestão da Câmara, mas
depois estes são ocultados dos deputados municipais e dos lisboetas.
Não há razão nenhuma para que tal aconteça, e esse comportamento demonstra um total
desrespeito pelas Comissões da AML, pelo seu trabalho e, no limite, pela própria
Assembleia Municipal de Lisboa.
Face ao exposto, e por entender que se impunha uma tomada de posição política por parte
dos próprios deputados municipais da 8ª Comissão, perante um comportamento que se está
a tornar padrão, votei contra o presente parecer. Não se trata assim de um voto contra o
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teor do parecer ou mesmo as suas recomendações, mas sim de um voto político de protesto
pelo desrespeito à Comissão e contra a ausência de informação relevante, entendendo
assim que a Proposta 429/2020 não está em condições de ser apreciada e votada em
Plenário.»
IV-3 Opinião do PCP, recebida no dia “quarta 02-12-2020 - 18:05”:
«A proposta apreciada no âmbito da 8ª Comissão Permanente assume objectivos com os
quais o PCP, reiteradamente, tem manifestado a sua discordância e oposição.
Não enfrenta o problema do estacionamento na Cidade de Lisboa, antes avança com
medidas de mercantilização do espaço público, sem cuidar de alternativas como a efectiva
construção de parques de estacionamento dissuasores a custo zero para detentores de título
de transporte público válido.
Por outro lado, a presente proposta está a ser debatida ao mesmo tempo que se verifica o
aumento do tarifário de estacionamento na cidade, com a alteração da sua qualificação –
alteração da respectiva cor – em plena pandemia quando o que seria de esperar era a
facilitação da mobilidade dos cidadãos, incluindo em viatura própria, de modo a
salvaguardar as condições de saúde pública e segurança dos cidadãos em relação à
preservação da saúde, sua e de terceiros.
A questão do estacionamento da Cidade de Lisboa está a ser encarada como uma fonte de
receita e não como algo que tem que ser resolvido de forma integrada e interdisciplinar.
O presente parecer e todo o debate referente ao Regulamento Geral de Estacionamento e
Paragem na Via Pública, foi elaborado sob condições de sonegação de informação por
parte da Câmara Municipal de Lisboa, concretamente no que respeita à entrega de estudos
cuja entrega à Assembleia Municipal de Lisboa o executivo camarário assumiu depois de
tê-los identificado e anunciado. Tal situação é para o PCP, além de incompreensível,
inaceitável e limita o exercício do direito de oposição.
O PCP assinala e regista ainda que, neste caso, como em outros anteriores, a 8ª Comissão
Permanente – Transportes, Mobilidade e Segurança viu distribuída à sua responsabilidade
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e para sua análise e elaboração de relatório, a Petição n.º 17/2019 – intitulada “Por um
Regulamento de Estacionamento justo na Cidade de Lisboa”, que deu entrada no dia 10 de
Outubro de 2019, sendo dela subscritores 1174 cidadãos que tem como objecto
precisamente um regulamento de estacionamento justo na Cidade de Lisboa, tudo
indicando que não verá resposta desta comissão e por maioria de razão, da Assembleia
Municipal de Lisboa, em tempo útil, isto é, antes da votação da alteração ao Regulamento
Geral de Estacionamento e Paragem na Via Pública.»
IV-4 Opinião do PSD, recebida no dia “quarta 02-12-2020 - 18:33”:
«O Partido Social Democrata tem vincado bem nos últimos anos a sua posição,
relativamente à forma como a Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem ignorado, de forma
reiterada e verdadeiramente incompreensível, diversas solicitações que a Assembleia
Municipal (AML) lhe fez, com vista a que aquele executivo camarário lhe preste
informações ou que lhe apresente documentos, relativamente a distintos assuntos de crucial
importância para a cidade de Lisboa.
Mais uma vez, com vista à apreciação da Proposta n.º 429/2020, a 8.ª Comissão
Permanente da AML (Transportes, Mobilidade e Segurança), solicitou à CML que lhe
fossem remetidos os estudos, que diz existirem, e que fundamentaram a apresentação da
presente Proposta, o que, lamentavelmente, e mais uma vez, não veio a ocorrer.
Estando em causa a aprovação da alteração do “Regulamento Geral de Estacionamento e
Paragem na Via Pública”, e sendo tal normativo um documento de grande relevância para
o nosso concelho, o PSD não poderia votar favoravelmente as Recomendações
apresentadas pela 8.ª Comissão Permanente, insertas no Parecer referente à Proposta n.º
429/2020, por esta Comissão não se encontrar na posse dos estudos que, em tempo, foram
solicitados à CML, e que nunca foram apresentados.
O PSD considera extremamente negativo para a cidade de Lisboa o facto da apreciação da
presente Proposta ocorrer sem que a 8.ª Comissão Permanente aceda à documentação
solicitada à CML, tendo presente que as Conclusões e Recomendações formuladas no
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Parecer supra referido tenderiam a ser diferentes daquelas que foram formuladas, se essa
Comissão detivesse os documentos não apresentados pela CML.
Destarte, é importante que os diversos estudos anunciados pela CML sejam tornados
públicos rapidamente, sendo inconcebível que tal ainda não tenha ocorrido, o que, no
entender do PSD, é uma postura bastante criticável (ainda para mais sendo uma postura
reiterada), por parte da CML.»
Os restantes representantes das forças políticas dos Grupos e Deputadas e Deputados
Municipais que exercem o seu mandato como Independentes, representados na 8ª CPTMS,
bem como o DM Relator, reservam as suas opiniões e a expressão do seu sentido de voto
para a reunião plenária da AML, onde será debatida e votada a Proposta.
O DM relator considerou ainda pertinente anexar ao presente parecer os Anexos da
Proposta, bem como os documentos e extratos referidos nas audições que, até ao momento,
foram remetidos à 8ª CPTMS.
Parte V - Conclusões e Recomendações
Assim, a 8ª CPTMS, reunida no dia 26 de Novembro, pelas 17h00, considerando o
projecto de ‘Alteração do Regulamento Geral de Estacionamento e Paragem na Via
Pública’ apresentado pela CML, como anteriormente exposto, os grupos e deputadas e
deputados Municipais que exercem o seu mandato como Independentes da 8ª CPTMS,
deliberam remeter ao plenário da AML as presentes conclusões e recomendações,
solicitando à AML, perante os argumentos contidos na Proposta nº 429/2020, se
recomende à CML e à EMEL que:
1 - Futuras Zonas de Estacionamento de Duração Limitada (ZEDL), a serem
implementadas, sejam acompanhadas dos devidos estudos prévios, devidamente
fundamentados, referentes às reais necessidades dos munícipes e suas dificuldades de
estacionamento nas freguesias, as quais têm uma realidade e vivências próprias, devendo
ter-se em conta o contexto de cada freguesia no conjunto das freguesias da cidade.
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2 - Promovam audições públicas aos cidadãos que permitam aclarar os critérios da
definição das futuras ZEDL, devendo apresentarem a esta AML um relatório de
ponderação, com base nos contributos recebidos nessas audições.
3 - Estes processos sejam devidamente acompanhados de uma consulta pública
amplamente divulgada, que fomente e permita a auscultação e participação dos cidadãos,
garantindo, ao mesmo tempo, uma efectiva democracia participativa, com o objectivo de
encontrar soluções adaptadas às realidades do estacionamento local e na cidade.
4 - Proceda anualmente à avaliação da implementação das Zonas de Estacionamento de
Duração Limitada (ZEDL) nas várias freguesias e apresente essa avaliação à AML.
5 - A CML e a EMEL apresentem a esta AML, no curto prazo, o levantamento de espaços
disponíveis para a implementação de eventuais novos parques de estacionamento.
6 - Com base no levantamento previsto no ponto anterior, a EMEL proceda à criação de
zonas de estacionamento complementar, sejam elas em silos de edifícios em ruína ou
devolutos, tal como compromisso em sessão da CML de 21/12/2016, em terrenos
expectantes ou garagens subocupadas, de modo a permitir aumentar a oferta de
estacionamento local.
7 - A par da promoção de um efectivo reforço e melhoria dos transportes públicos, nas suas
carreiras e horários, a EMEL proceda à implementação de parques de estacionamento
dissuasores, com possível ligação às interfaces dos transportes públicos, medidas que, em
conjunto, poderão contribuir para mitigar a falta de estacionamento no interior da cidade e
reduzir a entrada pendular de viaturas na capital.
Parte VI - Considerações finais
Apesar de a 8ª CPTMS ter procedido a diligências para obtenção dos anunciados e
prometidos ‘Estudo elaborado pela EMEL em 2019’, bem como os ‘Folhetos preparados
pela EMEL para divulgação local das várias ZEDL’, e de ter oferecido alguma tolerância
temporal para a sua recepção, tal não se veio a verificar, motivo pelo qual se encontram
omissos no presente parecer.
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Pelo exposto, conclui-se que a Proposta nº 429/2020, sobre a qual incidiu este parecer, se
encontra em condições de ser debatida e votada em plenário da AML.
O presente parecer foi aprovado por maioria pelos grupos e deputadas e deputados
municipais que exercem o seu mandato como independentes, remetendo para Plenário a
expressão do seu sentido de voto nas recomendações do parecer sobre a Proposta nº
429/2020, referente ao projecto de ‘Alteração do Regulamento Geral de Estacionamento e
Paragem na Via Pública’.
Parte VII - Anexos ao Parecer
Anexo I: Proposta nº 429/2020 - Aprovar submeter à Assembleia Municipal, para
aprovação, o projecto de ‘Alteração do Regulamento Geral de Estacionamento e Paragem
na Via Pública’, e respectivos anexos.
Conferir https://www.am-lisboa.pt/301000/1/014578,000593/index.htm
Anexo II: Apresentação efectuada pelo Presidente da EMEL no dia 22 de Setembro
Anexo III: Apresentação efectuada pelo Vereador Miguel Gaspar no dia 7 de Outubro
Anexo IV: Recomendação nº 68/07 (PEV) - Período de revisão do Regulamento geral de
estacionamento na via pública, aprovada na AML de 14/5/2019, conferir https://www.am-
lisboa.pt/302000/1/012094,000424/index.htm
Assembleia Municipal de Lisboa, 26 de Novembro de 2020
Presidente da 8ª CPTMS Deputado relator
(António Prôa - PSD) (Sobreda Antunes - PEV)