95749798 dialogos sobre direito civil gustavo tepedino e luiz fachin

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Gustavo Tepedino

Luiz Edson Fachin

[organizadores]

DIALOGOS SOBRE DIREIT

Volume II

B

R E N O V A R

Rio de Janeiro • Sao Paulo • Recife

2008

aN

E

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CIP-Brasil. Catalogacdo-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

D217ialogos sobre direito civil -volume II / Gustavo Tepedino e Luiz

Edson Fachin (organizadores). — Rio de Janeiro: Renovar, 2008.

698p. ; 23cm.

Inclui bibliografia.ISBN 978857147-648-6

1. Direito civil — Brasil. I. Titulo.

CDD 346.81015

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Caio Tacito (in memoriam)

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Celso de Albuquerque Mello ( in memoriam)Ricardo Lobo Torres

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Capa: Sheila Neves

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N?613

Obra realizada no ambito de Pcao Interinstitucional do Prog

Cooperacao Academica — P

pela CAPES, desenvolvido nosGraduacao das Faculdades de sidade Federal do Parana (UFP

dade do Estado do Rio de Jane

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Problematizando a eficacia dosfundam entais nas relack5es entre pa

ainda e sempre sobre a constitucio

do Direito Civil

Melina

1. Introducao

A transmutacao do papel da ordem constitutempo deu vazdo ao que se convencionou denomtucionalizaccio do direito privado. De fato, co

Konrad Hesse, em conhecida licao, "a constituapenas a ordem juridico-fundamental do Estadoordem juridico-fundamental da sociedade"'

Corn isso, romperam-se as cercas dicotomijuridicos. Nao se sustenta mais, ao menos de m

1 HESSE , K. Escritos de Derecho Constitucional. Madtudios Politicos y Constitucionales, 1992. p. 16. A Consti

nas palavras de Bilbao Ubillos, "la parte general del ordeIn: BILBAO UBILLOS, J. M.?En que medida vinculan a derechos fundamentales? SARLET, I. W. Constituicao, Dtais e Direito Privado. Porto Alegre: Livraria do Advogad

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distincao 2 entre o jardim e a praca, no dizer de Nelson Salda-nha 3 . Nao ha mais fronteira aguda que aparte os ramos, ate entaotao autonomos e destacados, do direito constitucional e do di-reito privado — este tradicional imperio dos individuos, aq ueledo Estado.

Nesse sentido, adverte Alexandre Pasqualini:

Individuo e sociedade: tais sa o os dois principais angulos da geo-

grafia humana. Esse dois angulos sao, ao mesmo tempo, as suas

duas necessidades (ananke). Um a nao existe sem a outra. Mas haduas guerras nestas duas fronteiras: a guerra da opressao, que e a

preponderancia do Estado sobre o individuo; a guerra do indivi-dualismo, que é a supremacia do individuo sobre o Estado. Dois

excessos de urn imico erro: falta de identidade moral entre am-

bos. 4

E nesse paradoxal terreno que abrolha a problematica daaplicacao dos direitos fundamen tais as relacoes particulares. Avinculacao dos particulares aos direitos fundamentais bem de-monstra a falacia da dicotomia antagonica vez que direito civil edireito constitucional, Estado e sociedade, somam-se em dire-

cao a etica una que é a defesa material da dignidade da pessoahumana.Em outras palavras, "publico e privado sao, na unidade teleo-

logica dos interesses universalizaveis, uma m esma e u nica reali-

2 "Nadie en su sano juicio puede pretender la desaparicion de la frontera

entre las dos esferas, la publica y la privada, porque la invasion de la sociedadpor el Estado, la abolicion de la esfera privada, es justamente el rasgo mas

caracteristico de urn regimen totalitario. Pero no puede negarse que esa

frontera se ha ido difuminando, es cada vez menos nitida." In: BILBAO

UBILLOS, J. M. ZEn que medida vinculan a los particulares los derechos

fundamentales? SARLET, I. W. Constituicao, Direitos Fundamentais e Di-

reito Privado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003, p. 305.

3 SALDANHA, N. 0 Jardim e a Praca. Sao Paulo: Edusp, 2003.4 PASQUALINI, A. 0 Public° e o Privado. In: SARLET, I. W. (org). 0

Direito Publico em Tempos de crise — estudos em homenagem a Ruy

Rubem Ruschel. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999, p. 36.

196

dade, nascida dos mesmos principios e votada aourn é a vida do outro." 5

Na lick) de Bilbao Ubillos, a unidade em tomda dignidade da pessoa humana, materialmentee benefica, pois "tiende a superar el tradicional aConstituicion del resto del ordenamiento, tiene cendencia en la medida en que impide que el Dtucional y el Derecho Privado puedan concebirsetimientos estancos, como mundos separados, qu

paralelo y estan gobernados por logicas radicates" 6 .

Mudou o direito civil, no qual a autonomia damais dogma e condicao de validade. Mudou o dcional e sua otica exclusivamente defensiva em facias estatais. Ganharam, com isso, as d uas searaem problematizacao e complexidade.

Nesse sentido o trabalho singra itinerario qudemarcar a arquitetura do problema aq ui trazidotar-se-a das questoes terminologicas atinentes aoficam relegadas ao academicismo inocuo produdiferencas praticas. Exposto isso, adentrar-se-daos modos de vinculacao dos particulares aos dmentais expostos pela doutrina civislistica-constemporanea.

Fixadas as premissas, demonstrar-se-d a impcoexistencia harmonica dos diversos modos de idireitos fundamentais nas relacoes interprivadadestarte, a pluralidade. Para alem disso, identificada uniao da teoria civilistica corn a teoria constitucipio fundamento da dignidade da pessoa humanescopo dos modos plurais de incidencia dos diretais nas relacoes privadas.

5d.

6 BILBAO UBILLOS, J. M . LEn que medida vinculan a lderechos fundamentales? SARLET, I. W. Constituicao,

mentais e Direito Privado. Porto Alegre: Livraria do Ad304.

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Por fim, buscou-se, de modo prospectivo, problematizar,luz das premissas fixadas e da teoria constitucional, o principioda autonomia privada, inserindo-a como parte integrante — enao elemento alheio — ao projeto constitucional.

0 objetivo deste exame é a problematizar a incidencia dosdireitos fundamentais nas relagoes interprivadas sem minimizersuas questoes que nao se satisfazem em respostas lineares.

2. Arquitetura do Problema

E justamente alp& o segundo pos-guerra, tendo em vista orompimento fatico ocorrido com os direitos humanos, que ainsergao e contextualizagdo dos direitos fundamentais nas cartasconstitucionais ganham destaque.

De acordo com Flavia Piovesan 7 , o period° da segunda gran-de guerra mundial, suas causas e conseqiiencias, representaramo rompimento fatico corn relacao aos direitos humanos. 8 Destar-te, durante o pos-guerra comega a se delinear uma perspectiva(esperanca) de reconstrugdo destes. Nesse sentido expoe FabioKonder Comparato:

Apos tres lustros de massacres e atrocidades de tod a sorte, inicia-dos corn o fortalecimento do totalitarismo estatal nos anos 30, ahumanidade compreendeu, mais do que em qualquer outra epocada historia, o valor supremo da dignidade humana. 0 sofrimentocomo matriz da compreensao do mundo e dos homens, segundo a

7 PIOVESAN, F.; VIEIRA, R. S. A forca normativa dos principios consti-tucionais fundamentais: a dignidade da pessoa humana. In: PIOVESAN,Flavia. Temas de direitos humanos. Sao Paulo: Max Limonad, 2003.8 Hannah Arendt mostra, neste diapasao, que a ideia dos direitos humanos(e, conseqiientemente, da dignidade da pessoa humana) foi tao profunda-mente negada durante o period° da segunda guerra que as proprias vitimasperderam boa parte da compreensao destes. Relata, assim, pratica corriquei-

ra nos guetos judaicos em que haviam trocas de judeus mais destacados ouinfluentes por judeus ordinarios, cria-se, assim, uma hierarquia axiologicaintersubjetiva (ARENDT, H. Eichman n em Jerusalem: um retrato sob abanalidade do mal. Sao Paulo: Cia das Letras, 1999).

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lick) luminosa da sabedoria grega, veio a apro fuhist6rica dos direitos humanos. 9

E esta conjuntura que fornece o alicerce faticdireito constitucional, para a consolidacao da f

da Constituicao e a conseqiiente forca expansiv

fundamentais.Os direitos fundamentais tendem a expand

impetuosamente todos os rincoes do ordename

rostando os quadrilateros tradicionais de sua comtiva. Nesse sentido, fala-se na eficacia irradia

fundamentais firmada pelo Tribunal Federal Alemao no celebre caso LUth.

A expansao dos direitos fundamentais é, emseqiiencia natural da superagdo do modelo liberDireito no qual os direitos fundamentais eram diem face do inimigo publico", o ente estatal.

Sendo a Carta Constitucional a fonte norm

ordenamento, todo ele e afetado pelas disposignais, e consequentemente, pelos direitos fundamlavras de Ingo Sarlet: "os direitos fundamentais,principios constitucionais e por forga do postu

do ordenamento juridic°, aplicam-se relativamdem juridica"u.

Restou, assim, suplantada a visa.° classica libeque reduzia os direitos fundamentais as relago

9 COMPARATO, F. K. Afirmacao Histerica dos Dir54.10 Expressao utilizada por BILBAO UBILLOS. In: ZEn qa los particulares los derechos fundamentales? SARLE T, IDireitos Fundamentais e Direito Privado. Porto Alegre: Lido, 2003, p. 304.

VIEIRA DE ANDRAD E, J. C. Os Direitos Fundamecdo Portuguesa de 1976, p. 273-274.12 SARLET, I. W. D ireitos Fundamentais e Direito Privaderacaes em tomb da vinculacao dos particulares aos dire. A Constituicao Concretizada. Porto Alegre: Livr

do, 2000, p. 119.

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duos e Estado. Destarte, abre-se o rol dos destinatarios dos

direitos fundamentais haja vista que e "patente que os indivi-duos nao estao isoladamente contrapostos ao Estado como pres-supunham as teorias liberais burguesas"".

Destarte, cabe-nos responder "sob que pressupostos urn

comportamento lesivo da esfera juriclica de uma pessoa pode serapreciado segundo os padr6es negativos dos direitos fundamen-tais constitucionalmente positivados?" 1 4

Ou ainda, nas claras palavras de Robert Alexy, trazidas por

Ingo Sarlet: "sao dois os principais aspectos a serem enfrenta-dos: como e em que medida (isto e, qual o alcance) se da avinculacao, o primeiro sendo um problema de construcao, e osegundo, urn problema de colisao"".

Estas questoes possuem urn relevante destaque na medidaem que a vinculacao das relacoes inter privatos aos direitos fun-damentais envolvem em seus dois polos titulares de direitosfundamentais — o que ja nao ocorria corn o modelo tradicionaldo individuo vs. Estado.

Cumpre advertir que nao estamos a tratar daquelas situacoesque envolvem os ditos poderes privados1 6 . Nesses casos, de dis-paridade substancial entre as partes, nao nos resta duvidas que omodo de incidencia dos direitos fundamentais nessas relacoes

privadas sui generis e analogo aquele quando envolvido o PoderPublic°.

Por nos, Ingo Sarlet: "em se tratando de uma relacao entreurn particular e um detentor de poder social, isto e, uma relacao

13 VIEIRA DE AN DRADE, J. C. Op. cit., p. 240.14 PEREIRA, J. R. G. Apontamentos sobre a Aplicagdo das Normas deDireito Fundamental nas Relacoes entre Particulares. In: BARROSO, L. R.(coord.). A Nova Interpretacao Constitucional. Rio de Janeiro: Renovar,2003, p. 141.15 SARLET, I. W. Direitos Fundamentais e Direito Privado: algumas consi-deracoes em tomb da vinculacao dos particulares aos direitos fundamentais.. A Constituicao Concretizada. Porto Alegre: Livraria do Advoga-

do, 2000, p. 117.16 "El derecho privado conoce tambien el fenomeno de la autoridad, delpoder, como capacidad de determinar o condicionar juridicamente o defacto las decisiones de otros". In: BILBAO UBILLO S, J. M. Op. cit., p. 301.

200

caracterizada pela desigualdade, estar-se-ia em fafiguracao similar que se estabelece entre os paEstado" 1 7 .

Restam claros os salutares efeitos do dialogodireito civil-constitucional haja vista que os dorelacao, em que pese nao podem flechar de mordade que cada campo possui em si mesmo, expandjuridic° de tal modo que o renova substancialmedo fronteiras antes impossiveis para os signos e si

o direito apreende, nao raro, de modo insipid° e

3. Aspectos Terminologicos

A discussao dos aspectos terminologicos que eculacao dos particulares nab e tema relegado ao vez que demonstra, desde ja pela opcao do nomoque ponto, e de que modo, podem os particularecom seus pares, recorrer aos direitos fundamenta

A primeira formula linguistica" pela qual sufoi, na teoria alema, a Drittwirkung, ou ainda, e

terceiros na palavra de Ipsen. Em que pese o piexpressao foi afastada haja vista que induziria a uvocada, pois, em primeiro lugar, trata-se de umeficacial em contraposicao ao primeiro, ve rtical,ente estatal. E, em segundo lugar, a ideia de tercpoe que as pessoas vinculadas nao seriam originanatarios dos direitos" 1 9 .

17 SARLET, I. W. Direitos Fundamentais e Direito Privadderacoes em tomb da vinculacao dos particulares aos direit. A Constituicao Concretizada. Porto Alegre: Livra

do, 2000, p. 114.18 "Corn efeito, embora a construgah norte-americana da

tr ine tome questionavel o pioneirismo invocado pela dog mafato e que esta conferiu ao tema densidade e originalidade PEREIRA, J. R. G. Op. cit., p. 134.19 PEREIRA, J. R. G. Op. cit., p. 135.

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E a partir dal que se convencionou a expressao eficacia hori-

zontal em contraposicao aquela precipua em face do Estado.Todavia esta tambern nao esta imune a criticas vez que partindoda premissa da ho rizontalidade, igualdade entre os sujeitos, ig-nora as relacoes entre particulares nas quais em um dos polos

encontra-e um detentor de poder social.

Emergem, entao, expressoes como eficacia privada e efica-

cia horizontal dos direitos fundamentais no direito privado qu e

sao desde ja muito amplas e englobam nao apenas os particulares

mas tambern o legislador e o aplicador da norma.

Por todo o exposto, a formula eficacia (aqui compreendida

como a capacidade de os direitos fundamentais gerarem os efei-

tos juridicos que the sao inerentes) dos direitos fundamentais

nas relacoes entre particulares,colhidas da doutrina alienfgena 2 °

e patria 2 1 , parece-nos a melhor saida.Expostas essas considernOes ater-nos-emos, a seguir, aos

modos de eficacia dos direitos fundamentais nas relacoes entre

particulares.Em que pese nao ser objeto do presente estudo, haja vista

delimitnao de acordo com a metodologia, cumpre advertir ain-da subsistirem vozes doutrinarias, felizmente cada vez mais iso-ladas, acerca da nao vinculacao dos particulares as normas dedireitos fundamentais com base no fato de que "a atuacao dosparticulares no exercicio da autonomia privada e sempre produ-to de uma autorizacao estatal, sendo que as o fensas aos direitosfundamentais sempre oriundas do Estado, ja que a este incumbe

o dever precipuo de proteger os direitos fundamentais"".

20 BILBAO UBILLOS, J. M.; PEREZ LUNO, A. E.

21 SARLET, I. W.; PEREIRA, J. R. G.

22 SARLET, I. W. Direitos Fundamentais e IJireito Privado: algumas consi-

deragoes em tomb da vinculagdo dos particulares aos direitos fundamentais.

.Constituicao Concretizada. Porto Alegre: Livraria do Advoga-

do, 2000, p. 133. No sentido de negacdo da propria relevancia da discussio

em tomb da eficacia mediata ou imediata, ver: teoria da convergencia esta-

dista (Alemanha) e teoria da state action (Estados Unidos).

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4. Modos de Vinculacao dos Particulares aos Dmentais

Dentre as diversas doutrinas que advogam a direitos fundamentais, verificamos que, no geralgem para dois m odos de vinculacao dos direitos furelacoes entre particulares: direto/imediato e ind

4.1. Eficacia Mediata ou Indireta: Parte do pvinculacao dos particulares aos direitos fundame

estes nao incidem de m odo direito.A operatividade dos direitos fundamentais d

.dindo do legislador. Vale dizer que "a dimensaodireitos nao acarreta sua incidencia direta nas relamas apenas implica a necessidade de que sejamconta pelo Estado na criacao legislativa ou na indireito privado"".

A necessaria recepcdo das normas jusfundam

incidencia nas relacoes privadas, é feita pelo legjuiz. Esta ultima , pelo orgao julgador, vista aindapor parte da doutrina alema, haja vista que criamecanismo de subsuncao.

0 precursor dessa ordem de ideias foi G unth

quem "o reconhecimento de uma eficacia diretarelacoes entre particulares acabaria por gerar umaDireito Privado e um virtual esvaziamento da autda" 2 4 .

Ainda hodiernamente é a doutrina que congnumero de adeptos tendo prevalecido nos julgadConstitucional Alemao desde o julgamento do cas

4.2. Eficacia Imediata e Direta: a doutrina iHans Carl Nipperdey assevera que os d ireitos funvalores aplicaveis a toda ordem juridica, ingerind

23 PEREIRA, J. R. G. Op. cit., p. 161.

24 Apud: SARLET, I. W. Direitos Fundamentais e Direito

consideracties em tomb da vinculacao dos particulares ao

mentais. .A Constituicao Concretizada. Porto Al

Advogado, 2000, p. 123.

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nas relacoes juridico-privadas posto q ue "nao se poderia aceitarque o Direito Privado venha formar uma especie de guetomargem da Constituicao".

Sobre o tema ensina a doutrina:

"la teoria de la eficacia inmediata implica que, corn norm ativalegal de desarollo o sin ella, es la norma constitucional la que seaplica como razon primaria y justificadora (no necesariamente launica) de uma determinada decision. Es decir, no como 'regla

hermeneutica, sino (como) norma de comportamiento apta paraincidir tambien em el contenido de las relaciones entre particula-

res'(Perlingieri).'

Para esta segunda teoria, "os argumentos esgrimidos pelosadeptos da eficacia indireta dos direitos fundamentais nas rela-coes privadas sao atenuacoes daqueles defendidos pelos quenegam q ualquer tipo de incidencia destes direitos sobre os par-

ticulares"".

Da analise desses modos de eficacia, emerge desde ja posicao

que nao pode ser aceita: a habitual contraposicao entre a vincu-

lacao direta e indireta como se fossem conceitos excludentes".

Nas palavras do p rofessor espanhol Bilbao Ubillos: "admitir

la posibilidad de una vigencia inmediata de los derechos funda-mentales en las relaciones inter privatos en determinados su-puestos, no significa negar o subestimar el efecto de irradiacionde esos derechos a traves de la ley. Ambas modalidades sonperfectamente compatibles"".

A existencia de comando ordinario que reforce o mandatoconstitucional nao nega, ao reves, consolida a principiologia fun-damental e sua eficacia nas relacoes particulares. Contudo, aausencia de lei infraconstitucional na o pode obstar a realizacao

da Constituicao, pois esta, como aduz Bockenforde, "nao pode

25 BILBAO UBILLOS, J. M. Op. cit., p. 316-317.

26 SARMENTO, D. p. 212.

27 BILBAO UB ILLOS, J. M. Op. cit., p . 317.

28 Id.

depender de uma configuracao infraconstitucionordenamento juriclico privado"".

Nessa singra, a aplicabilidade mediata nao

reforca a possibilidade da eficacia d ireta dos pdireitos fundamentais. E na dimensao complemvem ser miradas.

Insuficientes, pois, a pretensao de completinsulares. Um direito que dependa da atuacao ddinario na o pode ser considerado fundamental h

caracteristica destes e justamente a indisponibiliAqueles que defendem, em n ome do princip

jurldica, a necessidade da mediacao — seja pelo pelo juiz — acabam por neg ar a eficacia irradiafundamentais, expressa no art. 5°, paragrafo 1°propria forca normativa do texto constitucional.

"A concepcdo de q ue os direitos fundamentaitamente nas relacoes privadas e uma conseqiielogica da adocao de urn mo delo hermeneutico com o carater normativo da constituicao" 3 0 , alertGonsalves Pereira.

Ver os direitos fundamentais como meros pa

pretativos a serem mediados nas relacoes entreficar aquem do programa constitucional de ema

cretizacao dos direitos fundamentais.Lancamos aqui indagacao deveras pertinente d

los:

" Z . Por que no asumir como inevitable en um o rddido por una Constituicion normativa y marcado siva de los derechos fundamentales esa dosis de imprevisibilidad? La logica de los derechos fundace indefectiblemente a esse escenario". 3 1

29 BOCKENFORDE, E. W. Escritos sobre derechos fuden-Baden, 1993. Apud: BILBAO U BILLOS, J. M. Ibid., 30 PEREIRA, J. R. G. Op. cit., p. 185.

31 Ibid., p. 311.

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Todavia, arremata o autor que isso "no conduce necesaria-mente al caos" 3 2 .

Existem limites, inclusive constitucionalmente reconheci-dos, nessa eficacia frente aos particulares. A existencia de limi-tes quer dizer o reconhecimento de que nenhum direito, sobre-tudo aqueles na forma de principios, se imp& de form a absolutae intransigente — nenhuma novidade mesmo para a dogrnatica

tradicional.Alias, "o carater relativo e limitado dos direitos fundamen-

tais decorre da propria nocao de unidade da Constituicao, e daconseqiiente necessidade de coordenacao e harmonizacao dosvalores constitucionalmente protegidos" 3 3 .

Assim, para encontrar o ponto de eq uillbrio desse limite quese buscam criterios de mediacao, ou melhor, de ponderacao 3 4

que mostrard o alcance da vinculacao dos particulares aos direi-tos fundamentais em cada caso concreto."

A eficacia dos direitos fundamentos nas relacoes entre parti-culares depende, portanto, de um juizo de ponderacao dos valo-res, constitucionalmente garantidos, envolvidos. "0 d esafio quese coloca para a teoria constitucional e estabelecer criterios es-

pecificos para esse tipo de ponderacao" 3 6 ja que o agente viola-dor tambem é titular em si de direitos fundamen tais.

32 Id.33 PEREIRA, J. R. G. Op. cit., p. 186.34 "A ponderacao de valores e a tecnica pela qual o interprete procura lidarcorn valores constitucionais que se encontrem em linha de colisao. Como naoexiste urn criterio abstrato que imponha a supremacia de urn sobre o outro,deve-se, a vista do caso concreto, fazer concessaes reciprocas, de modo aproduzir urn resultado socialmente desejave1(....)". BARROS O, L. R. Temas

de Direito C onstitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 68.

35 Nesse sentido fala Juan Maria Bilbao Ubillos em uma eficacia atenuada.

Ao nosso ver, respeitosamente, a tratativa nao parece correta uma vez que a

incidencia ou do s principios fundamentais nas relacoes entre particulares,independente de seu alcance, ja demonstra a concretizacao do comandoconstitucional. Nao atenua, mas sim, reforca a vinculacao.36 PEREIRA, J. R. G. Id.

206

E nesse influxo que o principio da dignidamans podera ser tornado como baliza ponderaca o dos particulares aos direitos fundamentais.

5. Urn Novo Rumo para a Controversia: Acei

Plurais de Incidencia dos Direitos Fundament

Interprivadas

Como dito anteriormente, o grande probletradicionais de aplicacao dos direitos fundamenentre particulares diz respeito a sua pretensao

pois todos eles pretendem dar uma resposta cot6ria para urn fenomeno multifacetado. Por isscussao sempre pecou por assumir urn pressupoaquele de que uma das teorias, isoladamente cocapaz de oferecer a resposta corretaao problem

E o proximo passo dado pela do utrina na tepreender melhor a problematica da eficacia dosmentais na ordem juridico-privada esta ligadoque, conforme as circunstancias do caso concredo direito fundamental em questa°, solucoes dderao de ser tomadas.

Nesse sentido, nao seria possivel deixar demetodica proposta por Canotilho que, em face situacOes que podem surgir, bem como da pluc6es exercidas pelos d ireitos fundamentais, aprepos ou constelacoes de configuracoes juridicasmas jusfundamentais fazem-se presentes na esfertuda-se, desse modo, a am plitude e a intensidadinterprivada aos direitos fundamentais em cinco rias, consoante a proposta do referido autor:

5 . 1 . Eficacia consagrada na Constituicao:

tern-se os casos em que as n ormas consagrado

37 CAN OTI L HO, Jose Joaquim Gomes. Direito Constda Constituicfio, 7 a ed. Coimbra: Livraria Almedina, 200

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fundamentais, elas proprias, estabelecem a eficacia desses direi-tos na ordem juridico-privada. Consequentem ente, a eficaciaimediata, podendo os particulares, nas suas relacoes corn outrossujeitos privados, apelar imediatamente para as norma s consti-tucionais que, de forma expressa, vinculam os atos desses en tesaos direitos fundamentais."

Em que pese o jurista lusitano ofereca destaque as normas deexpressa eficacia nas relacoes interprivadas, acredita-se que pos-sa enquadrar-se nessa categoria os direitos fundamentais que,

em principio, nao fariam sentido caso nao fossem oponiveis aosparticulares: assim, o direito a indenizacao por dano moral, aliberdade de expressao e o direito de resposta, o sigilo da corres-pondencia e das comunicacOes, etc." Sem margem para grandesdiscussoes, a eficacia seria direita e imediata em tais situacoes.

5.2. Eficacia atraves da mediacao do legislador: o segundogrupo diz respeito a eficacia horizontal atraves da m ediacao dolegislador no ambito da ordem juridico-privada. Como ensinaClemerson M erlin Cleve, uma das caracteristicas do constitu-cionalismo contemporaneo e a heterovinculaceio: "a Constitui-cao vincula todos os Poderes, inclusive o Legislativo". 4 ° E a dis-

tincao entre Poder Constituinte e Poder Leg islativo imp& reco-nhecer que as norm as constitucionais — e, dentre elas, os direi-

tos fundamentais — nao estao a livre disposicao do legislador.Nessa mod alidade de eficacia, o legislador ordinario, ao re-

gular normas de direito privado, atua de forma vinculada aos

38 CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teo-

ria..., p. 1.290.

39 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Fundamentais e Direito Privado: algu-mas consideracaes em tomb da vinculacao dos particulares aos direitos fun-

damentais. . A Constituicao Concretizada. Porto Alegre: Livraria

do Advogado, 2000, p. 115-116.40 CLEVE, Clemerson M erlin. A fiscalizacao abstrata da constitucionali-

dade. 2' ed. Sao Paulo: Editora Revista dos T ribunais, 2000, p. 319. Valelembrar que o tema da vinculacao do legislador foi objeto da tese de douto-

rado do proprio Canotilho: CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Constitui-cao Dirigente e Vinculacao do Legislador: contributo para a compreensaodas normas constitucionais programaticas. 2a ed. Coimbra: Coimbra Editora,

2001.

208

direitos fundamentais. Diz-se, por essa razdo, qda problematica atinente a vinculacao das entidem especial, do Poder Legislativo, que na ocasnormas que passardo a regular a seara privada disposicoes jusfundamentais. Aqui, o legisladordera violar o principio da igualdade (visto sob adade na lei), exceto quando ho uver fundamenttratamento discriminatorio. 4 '

5.3. Eficacia mediada pelo magistrado: em

mento, tern-se a eficacia horizontal imediata cpoder de mediacao do juiz. Nessas hipoteses,missa de que os Tribunais exercem uma impobusca de uma solucao justa para os casos de conposicoes fundamentais. Como decorrencia dirda supremacia da Constituicao 4 2 , os m agistradpretar as normas de d ireito privado em confodireitos fundamentais, bem como, se for o casconstitucionalidade da lei violadora das dispostais.

Abre-se, igualmente, urn espaco para aplicfundamentais nas relacoes interprivadas atrav

gerais ou, na acepcdo de Karl Larenz, pautas dcarecem de preenchimento valorativo: ordem abuso de direito, funcao social, etc. 4 3 Alias, o2002, em seu artigo 2.035, paragrafo unico , dmente que: "nenhuma convened° prevalecepreceitos de ordem publica, tais como os estab

41 CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Direito Co

ria..., p. 1291.

42 Consoante Joaquim Gomes CANOTILHO e Vital Mmacia ou preeminencia da Constituicao representa "por upode ser subordinada a nenhum outro parametro normaanterior ou superior e, por outro lado, que todas as out

conformar-se corn ela" (CANOTILHO, Jose Joaquim GVital. Fundamentos da Constituicao. Coimbra; Coimbra,43 LARENZ, Karl. Metodologia da Ciencia do Direito

Lamarego. Lisboa: Caloustre Gulbenkian, 2005, p. 311.

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C6digo para assegikar a funcao social da propriedade e dos

contratos".Cumpre ainda ressaltar que o Professor de Coimbra en tende

que se encaixa tam bern nessa configuracao juridica a protecaodos particulares pelo juiz atraves de normas defensoras dos bens

juridicos absolutos, como vida e liberdade. 4 4

5.4. Eficacia perante os "poderes privados": nesse quarto

grupo coloca-se a delicada questa° dos chamados "poderes pri-

vados". Parte-se da premissa — muitas vezes, base da propria

origem da problematica em torno da eficacia interprivada dosdireitos fundamentais—e que new a somente o Estado que pode

ameacar os direitos fundamentais, mas tambern outros particu-lares, nas relacoes privadas travadas entre si. 4 5

No fundo, a discussao envolve o tema geral do dominio decertos "grupos socais" que, em razdo do capital financeiro queostentam, podem alcancar urn tal nivel de poder que lhes permi-te influir diretamente nas de cisoes tomadas pelos individuos. 4 6

nessas hipoteses, atuar em grau maxim°, nao apenas como direi-to subjetivo, mas na sua feicao de protecao objetiva. 4 7 Verificada

44 CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Direi to C onsti tucional e T eo-ria..., p. 1292.45 Seguindo esta linha de raciocfnio, afirma SARLET : "(...) ha muito sepercebeu que o Estado nunca foi (e cada vez meno s o e) o rink° e maiorinimigo das liberdades e dos direitos fundamentais em geral. Que tal dimen-sao assume particular relevancia em tempos de globalizacao economica, pri-vatizacoes, incremento assustador dos nlveis de exclusdo e, alem disso, au-mento do poder exercido pelas grandes corporacoes, internas e transnacio-nais (por vezes, corn faturamento e patrimonio — e, portanto, poder econo-mics, maior que o de muitos Estados), embora nao se constitua em objetodesta investigacao, nao poderia passar desapercebido" (SARLET, Ingo W olf-

gang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais: na Consti-

tuicao Federal de 1988. 3 a ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora,

2004, p. 112).46 SILVA, Virgilio Afonso da. A Co nstitucionalizacao do Direito: os direi-

tos fundamentais nas relagoes entre particulares. Sa o Paulo: Malheiros,2005, p. 52.47 CAN OTI L HO, Jose Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teo-

ria..., p. 1.293.

210

a situacao de desigualdade entre as partes, osmentais cumprem uma funcao objetiva de prote

res da ordem juridica como urn todo.5.5. Espaco de liberdade do individuo: por

ma o publicista lusitano urn limite a eficacia horido que ele mesmo denomina de "nficleo irredumiapessoal", esfera na qual pode-se dizer nao imimediata dos direitos fundamentais proibir-se aolo que tambern é vedado ao Estado.

Como exemplos, cita o referido autor o casfavorece urn filho e desfavorece outro por mequota-parte disponivel da sua heranca, ou o locave acao de despejo por falta de pagamento eminquilino, porem simplesmente abdica dense dira outro inquilino, pelo fato de compartilhar spoliticas. 4 8

Nesse ponto, o raciocinio de Canotilho devcorn reservas. E que, como sera analisado maisguardo constitucional a liberdade do individuo natamente que este disponha de um "nude() irredumia pessoal", o que transpassa uma falsa ideia dcentro de liberdade alheio aos demais direitos f

consoante o magisterio de G ustavo Tepedino, "juridica subjetiva que nao esteja comprometida cdo programa constitucional". 4 9

6. Abertura do Sistema Privatistico aos Direit

tais, em Especial por Meio da Clausula Gera

Pessoa Humana

A metodologia plural de vinculacao dos par

48 CANOTILHO, Jose Joaquim Gomes. Direito Con

ria..., p. 1.294.49 TEPEDINO, G ustavo. A incorporagdo dos direitos fordenamento brasileiro: sua eficacia nas relacaes jurldicasJuridica. Ano 54, n° 341, m arco de 2006, p. 16.

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reitos fundamentais por meio de um sistema que visualize carac-teristicas peculiares de determinadas situagoes representa urnavango ern relacao a tradicional discussao da eficacia media-taiirriediata. Caminha-se em diregao ao reconhecimento de queos direitos fundamentais, em certos casos, set" o passiveis de apli-

cavil o direta nas relagoes privadas, o que, de urn modo geral,decorre da aceitagdo de que as normas constitucionais nao sao

apenas programas de agao, corn valor exclusivamente politico ou

moral.

Todavia, nao é possivel estabelecer urn ponto a partir do qualcessa a eficacia da Constituiccio. Como adverte Daniel Sarmen-to, o efeito de irradiagao dos direitos fundamentais torna-os"vetores exegeticos de todas as normas que compoem o ordena-

mento juridico". 5 0 Assim, ao aplicar as normas infraconstitucio-nais nas relagoes entre particulares, o Poder Judiciario deve m i-rar os valores constitucionais, que tern sua viga-mestra nos direi-tos fundamentais. Caso resulte impossivel a compatibilizagdo danormativa ordinaria corn as disposigoes jusfundamentais, o casosera de declaracao de inconstitucionalidade, prevalecendo o es-tabelecido pela Constituigao, norma que representa o centro e oponto mais alto do sistema.

Ate mesmo a discussao das clausulas gerais de direito priva-

do com o "porta de entrada" das disposigoes jusfundamentaisdeve ser redimensionada. E que nem sempre a protegao de urndireito fundamental pode ser realizada a partir de uma clausulageral, revelando-se preferivel a aplicagdo direta da Constitui-gdo. 5 1 Alias, a distorgao das clausulas gerais por meio de uma

50 SARMEN TO, D aniel. A vinculacao dos particulares aos direitos funda-mentais no direito comparado e no B rasil. In.: BARROS O, Luis Roberto(org.). A nova interpretacao constitucional: ponderacao, direitos fundamen-

tais e relaceles privadas. 2 a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 266.

51 Nao é possivel esquecer que a mediacao pelos conceitos privados esta,muitas vezes, associada a urn problema processual, que nao tem qualquer

relevancia para o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro. Eque, "nos paises que adotam sistemas concentrados de controle de constitu-cionalidade, a possibilidade de invocar os direitos fundamentais em litigioscivis acarreta urn desequilibrio na distribuicao de com petencias entre jurisdi-

212

aplicagao descomprometida, sem criterios macorn fungao ad argumentandum, leva ao seu des

Opgao mais consentanea estaria atrelada aodas clausulas gerais corn parametros objetivos,mor, sempre presente para os a ficionados a segda discricionariedade judicial. Contudo, permase Karl Larenz estava certo — e a aplicagao das cnao e uma atividade irracional, mas urn "pensama valores"" —, de onde extrair tais valores e crresposta estd napropria Constituicao. E o Textofirme de aplicagao das clausulas gerais, base nabuscados valores, criterios e parametros. E impopapel da Constituigao na aplicagao das clausulas

Nao ha como aceitar a afirmagao — e Pietdemonstrou isso corn maestria — de que os enutivos ordinarios assumem autonomamente signimento como expressao de urn sistema completfechado. 5 4 A estrutura dogmatica que dominou aficagoes europeias, estabelecendo a summa divisto public° (regulado pela Constituigao) e o d(orientado pelo Codex, a Constituigao dos partivelhos cultores do direito civil) nao mais se suste

Portanto, a relacao direta entre o interprete etitucional tenta evitar o fracionamento do sistemunidade do ordenamento" e na supremacia da C

cao ordinaria e jurisdicao constitucional, na medida emprivada poderia, em tese, dar ensejo a urn incidente de con(PEREIRA, J. R. G. Apontamentos sobre a Aplicacao das Fundamental nas Relacoes entre Particulares. In: BARROSA No va Interpretacfio Constitucional. Rio de Janeiro: R183-184).52 SCHREIBER, Anderson. Funcao Social da Propriedadprudencial Brasileira. Revista Trimestral de D ireito Civil.2001) Rio de Janeiro: Padma, 2000, p. 166.53 LARENZ, Karl. Op. cit., p. 311.

54 PERLINGER I, Pietro. Norme costituzionali e rapporIn.: Scoule, tendenze e metodi: problemi di diritto civi1989, p. 112.55 0 principio da unidade do ordenamento, segundo a p

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que importa nao é tanto estabelecer se a aplicaca o da norma

constitucional aos casos concretos se da por via direta ou in direta

(distincao muitas vezes impossIvel), mas sim, e isso a absoluta-

mente fundamental, confirmar sua fowl e eficcicia. 5 6

E, ao contrario do m ovimento codificador que tinha comovalor necessario a realizacao da pesso a em seus aspectos patri-moniais, o constitucionalismo social, abragado pela ConstituigaoCidada de 1988, acentua a raiz antropocentrica do ordenamentojuridico. 0 patrimonio assume papel de coadjuvante, num fen&

meno que se denominou de repersonalizacao. Com a materiali-zagao dos sujeitos de direito — que nao sao mais apenas ostitulares de bens — a restauragdo da primazia da pessoa humananas relagoes civis passa a ser a condigao primeira de adequagaodo direito privado aos fundam entos constitucionais. 5 7

Esse é urn d os motivos pelos quais deve se ter cuidado aoafirmar urn "nucleo irredutivel de autonomia pessoal". E q ue, aose admitir a restricao dos direitos fundamentais, sob o argumen-to de que, caso contrario, estar-se-ia incorrendo num verdadeiroconfisco do nude() substancial da autonomia privada, corre-se orisco de asseverar, por vias adversas, que a autonomia privada

deve ser garantida as custas do desrespeito aoprincipio da dig-

nidade da pessoa humana.

Basta modificar ligeiramente os exemplos utilizados por Ca-notilho ao longo de sua exposigao para perceber o que se querinferir. Se, no ultimo exem plo dado pelo constitucionalista lusi-tano (rentincia ao direito de despejo contra apenas um dos loca-

Celina Bodin de MO RAES, "e caracteristica essencial (rectius, logica) da

estrutura e da funcao do sistema juridic°. Ela decorre da existencia (pressu-

posta) da norma fundamental (Grundnorm), fator determinador da validade

de toda a o rdem juridica, e abrange a intolerabilidade de antinomias entre asmultiplas proposicoes normativas (constituindo-se, assim, em urn sistema)"(TEPEDINO, Maria Celina Bodin de Moraes. A caminho de urn direito civilconstitucional. Revista de Direito Civil, Imobiliario, Agrario e Em presarial,

n. 65, jul.-set. 1993, p. 24).56 PERLING ERI, Pietro. Norme costituzionali e rapporti..., p. 134.

57 LOBO, Paulo Luiz Netto. Constitucionalizacao do Direito Civil. Revista

de Informacao L egislativa. Brasilia, n° 141. jan./mar. 1999, p. 103.

tarios), o elemento "justificador" do tratamentomodificado e deslocado para aquele contra o despejo foi proposta, poder-se-ia colocar a segambos os locatarios estao devendo alugueis e o promover a agdo de despejo contra urn deles, poque este locatario e portador do HIV (ou SIDA

Ern urn caso como esse, dificilmente seria pocorregao juridica da discriminagdo corn base no"nude() irredutivel de autonomia pessoal". Isso

sidade da discriminacao representa uma clara vcipio da dignidade da pessoa humana."Em serepersonalizagao do direito privado impOe proteg

soa humana, reconhecendo que nao se trata de utruida pelo ordenamento, mas, ao contrario, quebida. 0 direito, por sua vez, recebe esse dado cvalorativa de que e dotado, na o podendo dimintal valor. 6 °

58 RIBEIRO, Joaquim d e Souza. Constitucionalizacao doBoletim da Faculdade de Direito da Universidade d

LXXIV. Imprensa da Universidade de Coimbra: Coimb

755. Ver tambem: SILVA, V irgilio Afonso da. Op. cit., p.59 Sobre a impossibilidade de q ue o exercicio da autonoorientado a violacao do principio da dignidade da pessoarecorrer as palavras de Paulo M ota Pinto: "0 espago de libemesmo em face do principio da igualdade, pelo princi

privada, tern, porem, os seus limites na exigencia do respe

da pessoa humana (mais do que na circunstancia de se eposicao de 'poder privado', 'poder economico' ou 'poder sim, ilicito o conteudo de urn negOcio ou uma recusa de cver infracao ao principio da negacao de discriminacao,

razao de origem etnica ou da `rata', ou em razdo do sexMota. Autonomia privada e discriminacao: algumas notas. IWo lgang (coord.). A Constituicao Concretizada. 2' ed. Poria do Advogado, 2006, p. 385).60 CORTIANO JUNIOR, Eroulths. Alguns apontamento

dos direitos de personalidade. In.: FACHIN, Luiz Edsonsand° os fundam entos do direito civil contemporfineo. Rinovar, 1998, p. 44. Impossivel, outrossim, deixar de rep

lick dos professores Jose Lamartine Oliveria e Francisco

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Dal falar-se numa clausula geral de tutela da pessoa humana,eis que sua protecao nao pode estar submetida a um a taxonomicprefixada. Segundo o magisterio de Pietro Perlingieri, "e demaxima importancia constatar que a pessoa nao se realiza atra-ves de urn unico esquema de situacao subjetiva, mas corn umacomplexidade de situagoes (...)". 6 1 Tal constatacao permite afir-mar que o principio da dignidade da pessoa humana deve estarpresente em todos os momentos da atividade economica

6 2 , inexis-tindo em nosso sistema constitucional "guetos", submetidos aparametros proprios de validade.

A clausula geral de tutela da pessoa humana, atuando cornfundamento direto e constitucional no principio da dignidade dapessoa humana (artigo 1°, inciso III, da CF), a urn e lementopotencializador da aplicaceio dos direitos fundamentais nas rela-foes entre particulares. Identificado na significativa formula de

visa° positivista, normativista, formalista, da pessoa e da propria ordemjuridica, ao contrario, termina-se por reduzir a nocao de pessoa a urn centrode imputagdo de d ireitos e deveres, e a atribuir-se urn sentido identico asnocoes de pessoa e de sujeito de direitos. Em uma v isa° personalista, oordenamento juridic°, ao construir, dentro do sistema, a nocao de personali-dade, assume uma nocao pre-normativa, a nocao de pessoa humana, faz de

tal nocao uma flock aceita pela ordem aceitacan da realidade externa cornque aceita e assume a q ualidade de objetos, de coisas, que tem uma arvore ouurn animal. E que, no caso do ser humano, o dado preexiste a ordem legisladana o

e urn dado apenas on tologico, que radique no piano do ser; ele é tambemaxiologico. E ser e valor estao intimamente ligados, em sinteseeis que o valor esti, no caso, inserido no ser. 0 homem

vale, tern a exceptio-nal e primacial dignidade de que estamos a falar, porque e . E é inconcebivelque um ser humano seja sem valer" (OLIVEIRA, Jose Lamartine Correa eMuniz, Francisco Jose Ferreira. 0 estado do direito e os direitos de persona-lidade.

Revista da Faculdade de Direito da UFPR, n. 19, 1978-1980, p.231).

61 PERLINGIERI , Pietro. Perfis do Direito Civil: introducao ao direitocivil constitucional. Traducao de Maria Cristina De Cicco. Rio de Janeiro:Renovar, 1999, p. 155.62

Sobre o assunto, conferir: TEPEDINO, Gustavo. Crise de fontes norma-

tivas e tecnica legislativa na parte geral do Codigo Civil de 2002. In.: TEPE-DINO, Gustavo (coord.).A parte geral do novo codigo civil: estudos na

perspectiva civil-constitucional. 2a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

216

Haverkate como "ponto de Arquimedes do E stnal"€ 3 , o principio da dignidade da pessoa humelemento estruturante e informador do sistemgarantias fundamentais. 6 4 E, quando o interessela nitidamente existencial, maior sera o papel dtendo vazdo na esfera privada por meio da ctutela da pessoa humana , com funcao de reprimatividades que desconsideram o valor do individ

7. Por uma Releitura da Autonomia Privada a Lde C onstitucional

Por derradeiro, nao seria possivel encerrar tecer algumas consideracoes sobre a ideia de ada. E que, a despeito da existencia de uma preoque suscitou o debate entre os modos de vinculalares aos direitos fundamentais (eficacia medidiscussao sempre ocultou urn forte vies ideolo

atentar a grande preocupacao dos pensadores emda eficacia interprivada dos direitos fundamen

caminho interessante para responder melhor a qdiscussao.

Assim, nao foram poucos os que advertiram,Konrad Hesse, para o perigo de uma "colonizprivado" , sustentando que a aplicacao irrestrita ddamentais nas relacoes entre particulares pode

63 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa huma64 "Se, por urn lado, consideramos que ha como discutirna nossa ordem constitucional positiva — a afirmagao de tos e garantias fundamentais encontram seu fundamento digual na dignidade da pessoa humana, d a qual seriam concrta-se, de outra parte, que os direitos e garantias fundamen

principio e ainda que de modo e intensidade variaveis de alguma forma a nocao de dignidade da pessoa humremontam a ideia de protecao e desenvolvimento das pepessoas" (SARLET, Dignidade da pessoa humana..., p. 7

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risco urn "nude° irredutivel" da autonomia privada. Em sintese,argumenta-se que o constante recurso aos direitos fundamentaistraria urn "inchaco" indesejavel para esse espaco de auto-regula-

mentaccio dos interesses privados , encerrando por afeta -o ernsua substancia. 6 5

Contudo, fato e que hod iernamente a autonomia privada

nao possui as mesmas feicoes que the eram atribuidas ate o seculoXIX. Tida com o pedra angular do sistema civilistico, a autono-mia privada jamais esteve desligada de um contexto economico-

politico proprio. 6 6 Alias, sua trajetoria historica e cheia de percal-cos e desencontros, desde o feudalismo, passando por uma ulte-rior rend° liberal, ate o momento ern que deixou d e estar tagligada a liberdade individual para se aproximar do postulado deseguranca do comercio juridic° e, por fim, sob a egide do norma-tivismo positivista. 6 7

Nesse transcurso historic°, a autonomia privada foi alvo de

progressiva objetivacao.6 8 Dal a separacao entre autonomia da

vontade e autonomia privada, bem exposta a partir da diferen-ciacao estabelecida por F rancisco Amaral, que ao se referirprimeira destaca uma conotacao subjetiva e psicologica, ao passo

65 HESSE, Konrad. Apud CANOTILH O, Jose Joaquim Gomes. Civilizacao

do Direito Constitucional ou constitucionalizacao do Direito Civil? a eficaciados direitos fundamentais na ordem jurfclico-civil no contexto do direito

pos-moderno. GRAU, Eros Roberto e GUERRA FILHO, Willis Santiago(org.). Direito Constitucional: estudos em homenagem a Paulo Bonavides.Sao Paulo: M alheiros, 2003, p. 113.66 FACHIN, Luiz Edson. Novo conceito de ato e negOcio juridic°. Curiti-ba: EDUCA, 1988, p. 58.67 Para uma analise historica mais densa, conferir: NALIN, Paulo. A autono-mia privada na legalidade con stitucional. In.: NALIN, Paulo (coord.). Con-

trato & Sociedade, v ol. II, a autonomia privada na legalidade constitucional.Curitiba: Jurua Editora, 2006, p. 23-27.68 Segundo Paulo Nalin: "nota-se a passagem da subjetividade para a objeti-vidade da autonomia privada, verificada em nosso Codigo Civil, alem de

outros dispositivos, por forca dos arts. 112 e 113, em comparacao corn o

revogado art. 85 do Codigo C ivil (1916)" (NALIN, Paulo. Idem, ibidem, p.216). Na otica do professor o novo Codigo Civil conjuga a intencao das

partes na interpretacao das declaracoes de vontade corn a boa-fe e os usos do

lugar de sua celebracao, o que nao ocorria na codificacao anterior.

218

que a segund a e acentuada por urn carater objetr e a 1 . 6 9 Por encontrar-se presente tanto em relacocomo extrapatrimoniais, a autonomia da vontatendida como uma das formas pelas quais se manmia privada, qual seja, a liberdade negocial. 7 °

A autonomia privada, portanto, correspondauto - regulaccio dos interesses particulares que cuc a o de modelacao da vida social!' E o poder juridico-privados tern de exercer posicoes ativa

pela ordem juridica, correspondendo esse concetimologico da expressao (resultante de auto +noder de autodeterminacao e autovinculacao e extma constitucional brasileiro, do direito geral de5°, caput), do principio da legalidade (ninguem fazer ou deixar de fazer alguma coisa sena° em viart. 5°, II), do livre exercicio de qualq uer trabal(art. 5°, inc. XIII), do direito de p ropriedade (aassim por diante. Mas, ao regular suas esferas juros particulares de modo algum criam leis ou noagem, pelo contrario, dentro de uma moldura aempresta validade. 3

Sem embargo, é im perioso ressaltar que na Lede 1988 a tutela constitucional da autonomia prextraida a partir da consagracao do direito ao livmento da personalidade. Trata-se, ao final, de umben' vinculada aos direitos personalissimos, pois

69 AMAR AL, Francisco. Direito Civil: Introducao. 4 a edRenovar, 2002, p. 335-336).70 FACH IN, Luiz Edson. Op. cit., p. 56.71 MO TA PINTO , Carlos Alberto da. Teoria geral do diCoimbra: Coimbra, 1994, p. 90.

72 PINTO , Paulo Mota. Op. cit., p. 378. Para Francisco Am

mia privada e o poder que os particulares tern de regular, sua

propria vontade, as relacoes de que participam, estabcontetido e a respectiva disciplina juridica" (AMAR AL, Frp. 335).73 FACHIN , Luiz Edson. Op. cit., p. 56.

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espaco de liberdade, o ordenamento reconhece que o conviciosocial é o refugio da espontaneidade, das idiossincrasias pes-soais, da liberdade (acima de tudo) emocional. 7 4 Em apenas umafrase, nao epossivel dissociar pessoa e autonomia privada,comobem anota Paulo Nalin:

A pessoa e a autonomia privada sao temas afins, em que pese na omais ser sustentavel uma autonomia privada que se funda no indi-vidualismo. A autonomia privada esti socialmente funcionalizada,e, por consequencia, seus institutor derivados favorecem a pessoa,

numa otica relacional. 7 5

Dessa forma, a ideia de autonomia privada remete a discus-sa o sobre a liberdade positiva entendida, nas palavras do saudo-so professor Orlando de Carvalho, como o "direito de confor-mar o mundo e conformar-se a si proprio". 7 6 Ao lado do conceitode liberdade negativa, concebida como ausencia de obstaculosexternos, foi paulatinamente reconhecida a ideia de liberdadepositiva, que concebe a man ifestagio das pessoas como elementode um projeto coletivo, partindo do pressuposto de que o indivi-duo depende da com unidade, mas a comunidade tambern de-pende do desenvolvimento da personalidade dos individuos (dacriacao de autenticas identidades) para o seu cam inhar. 7 7

Por isso mesmo, ainda que nao se confunda com a "liberdadegeral da pessoa" ou "liberdade geral de acao", a autonomia priva-da e uma dimensao importante destes fenomenos e suscita uma

74 PINTO, Paulo Mota. Op. cit., p. 383.75 NALIN, Paulo. Op. cit., p. 43.76 CARVALHO, Orlando de. Teoria geral do direito civil. Sumarios desen-volvidos para use dos alunos do 2° ano (l a turma) do curso juridic° deCoimbra, ano 1980/81. Apud: PINTO, Paulo Mota. Autonomia privada ediscriminacao: algumas notas. In.: SARLET, Ingo Wolgang (coord.). A Cons-tituicao Concretizada. 2' ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p.385).77 PEREIRA, Jane Reis Gonsalves.

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220

analise conjunta neste campo de e studo. Assim,tar que a "liberdade geral de acao" e o cerne controversia na doutrina alema entre duas teoriasna (ou concepcdo estrita) dos limites dos direitosna qual os contornos do direito de liberdade ja ve

cidos na Co nstituicao, e a teoria externa (ou con

dos limites dos direitos fundamentais, em que a ral ou de fato conta corn urn respaldo juridic° ge

Para a teoria interna dos limites dos direitonao existem colisoes entre direitos ou ponderacque o processo hermene utic°, atraves da analise programa normativos, e capaz de identificar toconstitucional dos direitos fundamentais, restanverificar sua adequacao a questa . ° de fato. Já a teexternos dos direitos fundamentais pressupoe d(i) primeiro, o direito em si, que nao esta rest

segundo, o que sobra quando se colocam as reespecificamente, os limites externos que decorrecao do direito protegido prima facie corn outroscionalmente albergados, momento no qual entrponderacao de bens. 7 9

Todavia, a autonomia privada nao se encaixa

em nenhuma das duas correntes. Nao poderia jamcomo liberdade de fato, pois, como diria Antoniodeiro, compreende "urn espaco de liberdade j

inumeras restricoes internas: em alguns neg6ciose permite a formacao de determinado conteudobriga-se a utilizacao de formas tipicas, e, ern ouge-se uma capacidade ad hoc para os contratan

78 PEREIRA, Jane Reis Gonsalves. Interpretacfio consti1 6 9 .79 PEREIRA, Jane Reis Gonsalves. Interpretacao consti1 5 2 .80

CORDEIRO, Antonio Menezes. Tratado de D ire i to Cite Geral, Tomo I. 2 a ed. Coimbra: Almedina, 2000, p. 21881 FACHIN, L uiz Edson. Op. cit., p. 61. Tambern a estmister tomar como referencia os ensinamentos de Gustavo

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nao e tudo, nas relacoes de consumo e dificil aceitar que ofornecedor possa ate mesmo recusar-se a contratar, bem como,em varias situacoes, cogita-se de um a obrigacao de contratar porimposicao dos bons costumes: afinal, ate que ponto pode urnmedico, sem motivos fundados, recusar-se a atender urn enfer-mo? 8 2

De outra parte, nao ha como olvidar o fato de que a pradro-nizacao dos contratos leva a mitigacao do peso da liberdadenegocial. E que, muitas vezes, ha urn espaco exiguo — e, emalguns casos, nenhum espaco — para o exercicio da liberdade de

discutir e determinar o conteudo e os efeitos do contrato. Nes-sas hipoteses, a liberdade negocial reduz-se a escolha entre con-tratar e nao contratar, situacao agravada (ainda mais) nos casosde monopolios e oligopolies economicos, em que ate m esmo aliberdade de escolher corn quern contratar resta prejudicada. 8 3

Dai a necessidade de verificar-se, no caso concreto, a exis-tencia de uma manifestacao livre de vontade como reflexo doreconhecimento de urn espaco essencial ao desenvolvimento d apersonalidade humana. Sob esse prisma, Joaquim de Souza Ri-beiro faz mencao a urn julgado do Tribunal Constitucional Ale-mao, no qual estava em questao a validade de fianca prestadapor uma filha de 21 anos como garantia de divida contraida por

sa Helena Barbosa e Maria Celina Bodin de M oraes: "A autonomia privada jafoi concebida como urn verdadeiro espago em branco conferido pela lei paraque os particulares o preencham na medida em que exergam suas atividadesjuridicas. (...) Contudo, o conceito de autonomia privada vem sendo refor-mulado pela doutrina contemporinea. Nao m ais se deve entender que osvalores constitucionais criam limites externos a autonomia privada, mas,antes, informam seu nucleic, funcional. A autonomia privada nao consiste,definitivamente, em urn 'espago em branco' deixado a atuagao da liberdadeindividual, mas, ao contrario, apenas recebe tutela na medida em que seconforme aos valores constitucionais" (Gustavo Tepedino, Heloisa HelenaBarbosa, Maria Celina Bodin de Moraes. Codigo Civil interpretado confor-

me a Constituicao da RepUblica. Rio de Janeiro: Renovar, 2004, p. 211).82 GRAU, Eros Roberto. A ordem economica na constituicao de 1988:

interpretagao e critica. 8' ed. Sao Paulo: Malheiros, 2003, p. 87.83 STEINMETZ, Wilson. A vinculacao dos particulares a direitos funda-

mentais. Sao Paulo: Malheiros, 2004, p. 195.

222

seu pai, num momento de dificuldade financeituicao bancaria. A fiadora sequer possuia formace para saldar o emprestimo contraido teria d

asfixia econornica pelo resto de sua vida. 8 4 A Constitucional Alema obteve sucesso e destacomentacao do acordao a premissa de que o contr

nao em funcao de uma livre manifestacao de vo

rente, mas sim como meio de formalizar a hetero

que estava sujeita. 8 5

Tudo isso evidencia que a autonomia privacomo urn "espaco em branco" deixado a atuac

individual. Esta-se, agora, diante de urn institutlos valores constitucionais, que apenas recebe tern que se conforme a eles. Entretanto, isso naoponderacao, no caso concreto, nao seja possivede sua configuracao constitucional, ja inseridomento complexo e plural, os direitos fundamecolisao. Por certo, nao sao normas absolutas eharmonizacao corn outros valores e bens protegijuridica.

A questa() fundamental, no entanto, consisque ao se co locar o debate entre a consideraccomo urn fenom eno social, recepcionado pelo dexternamente, ou como urn dado estritamentera-se por cair num falso dilema. Nao ha como

84 RIBEIRO, Jo aquim de Souza. Cons titucionalizagao doBoletim da Faculdade de Direito da Universidade d

LXX IV. Imprensa da Universidade de Coimbra: Coim750.85 Comentando a decisao, Joaquim de Souza RIBEIRO ale caso especifico: "(...) a liberdade contratual nao e contoutro especifico direito de liberdade corn ela colidente, mautodeterminagao que a fundamenta. E este principio quequando o conteirdo é normalm ente gravoso para umaresulta de uma decisao verdadeiramente livre. Quando assto é instrumentalizado como meio de heterodeterminagriando o sentido de seu reconhecimento normativo, obvinculativa" (RIBEIRO, Joaquim de Souza. Op. cit., p. 75

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para a resolucao dos casos concretos um a liberdade pre-juridica,

inata, assim como nao e factivel apenas remete-la abstratamentea urn conjunto de leis. A realidade juridica nao a somente a

descricao de atos exteriores, mas a valoracil o a partir de concei-

tos morais, sociais, histOricos que se incorporam ao direito e

integram a qualificacao juridica dos atos corn base num ordena-

mento unitcirio e complexo. 8 6

E a partir desse raciocinio que se chega a conclusao (impor-tantissima) de q ue, ao tocar os velhos institutos do D ireito Civil,a Carta Constitucional (apice desse sistema envolto ern comple-xidade e unidade) nao lhes provoca uma alteracao quantitativa,

sufocando a vida privada e as relacoes civis, mas, ao reves, lhesproporciona uma alteracao qualitativa. Como adverte GustavoTepedino, sem reduzir o espaco da autonomia privada, a Cons-tituicao the atribui novas feicoes, revitalizando-a mediante umanova tabua axiologica comprometida corn a construcao de umasociedade justa e solidaria. 8 7

Nesse contexto, cumpre ao jurista nao m ais defender urnnude° irredutivel da autonomia privada — o que implicaria emafirmar que existem espacos dentro da autonomia privada imu-nes ao projeto constitucional estando ao seu alcance umatarefa mais digna que consiste em redesenhar o proprio conteudo

da autonomia privada a luz da legalidade constitucional,sob a

premissa de que os valores constitucionais nao criam limitesexternos a autonomia privada, mas, antes, informam seu nucleic.funcional. 8

8. Breves Notas Conclusivas

Percorrido o singelo caminho proposto ao presente trabalho

86 NALIN, Paulo. Op. cit., p. 27-28.

87 TEPED INO, Gustavo. Normas constitucionais e relacoes de Direito Ci-

vil na experiencia brasileira. In.: TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito

Civil. Tomo II. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 42.88 TEPEDINO, Gustavo. Premissas Metodologicas para a Constitucionali-

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2 a ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.

224

impende findar. Encontramo-nos em urn paradcluir ganha sabor de comeco.

Eis al a principal conclusao desse parco artimento complexo do direito civil e do direito csempre hora de (re)comecar, assim que nao

finais. 0que subsiste ao lado dos diversos, e salinterrogacao que brotam no caminhar academicreticencias de urn relacionamento q ue se descmente consoante os ventos das relacoes sociais.

Assim que, para prosseguir em frente na didencia dos direitos fundamentais nas relacoes icolhendo os melhores frutos da doutrina, o trabatres indicativos principais que servem de bussovir incerto:

0 primeiro deles é que nao existe caminincidencia dos direitos fundamentais nas relacoeHa uma pluralidade de modos q ue, consoantevicissitudes do caso concreto, sera() conjuntambaila. A contraposicao de maneiras nao antagoncia apenas serve aqueles que nao possuem inteinterpenetracao do direito civil a legalidade con

A segunda premissa guia e o papel central qupessoa humana ocupa nessa constante travessia.

drame da dignidade da pessoa humana, na quainformador do sistema de direitos e garantiasaglutina o direito civil e o direito constitucional,a aplicacao dos direitos fundamentais nas relaco

Por fim, a derradeira reminiscencia toca aotonomia privada. Faz-se mister a releitura do doautonomia a luz da legalidade constitucional.privado a latere do texto constitucional. 0 dorna soberania concreta da dignidade da pessoa huinfluxo que a autonomia privada se faz, forma e constitucional.

9. Rol Bibliografico Fundamental

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