a arbitragem na cÂmara de comÉrcio internacional … · câmara de comércio internacional •...
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Câmara de Comércio Internacional
• Papel fundamental na promoção e no aperfeiçoamento das regras
relacionadas ao comércio mundial.
• Fundada em 1919, em Paris.
“Whereas the fundamental objective of the International
Chamber of Commerce, founded in 1919, is to further the
development of an open world economy with the firm conviction
that international commercial exchanges are conducive to both
greater global prosperity and peace among nations.”
“Whereas all the activities of the International Chamber of
Commerce, whether of a policy or
technical nature, aim:
- to promote international trade, services and investment, while
eliminating obstacles and distortions to international commerce;
- to promote a market economy system based on the principle of
free and fair competition among business enterprises;
- to foster the economic growth of developed and developing
countries alike, particularly with a view to better integrate all
countries into the world economy.”
Estrutura da CCI
1. Conselho Mundial: Artigo 5º do Estatuto da CCI.
• Órgão de suprema autoridade na CCI e tem a responsabilidade de assegurar o
cumprimento das determinações do estatuto da CCI, bem como as demais
prerrogativas nela dispostas.
Os membros da CCI, reunidos em assembleia geral, constituem o Conselho
Mundial.
2. ConselhoExecutivo: Artigo 6º do Estatuto da CCI.
• Composição: Não pode ter mais do que 30 membros, sendo que não menos
de 15 mas não mais de 21 pertencem a diferentes Comités Nacionais.
Para além dos membros previstos nos regulamentos e um membro
directo apontado pelo Conselho Mundial.
Os membros são eleitos pelo Conselho Mundial, através de
recomendações do Presidente.
3. Comité da Presidência: art. 8º do Estatuto
Composição: Presidente, Vice-Presidente e Presidente Honorário –
é presidido pelo Presidente.
4. Presidentes Regionais: art. 9º do Estatuto: actua no sentido de
incrementar a presença da CCI em áreas económicas específicas.
Promove a CCI
5. Comité Financeiro: art. 10º do Estatuto
• Assiste e aconselha o Conselho Executivo.
• É composto pelo máximo de 12 membros que são eleitos pelo
Conselho Mundial, por recomendação do Conselho Executivo.
• Presidente e dois Vice-Presidentes, o Presidente do TribunalInternacional de Arbitragem e o Secretário-geral.
6. Secretário-geral: Art. 11º do Estatuto: É eleito pelo ConselhoMundial, com recomendação do Conselho Executivo.
7. Comissões da CCI: Art. 12º
Tribunal Internacional de Arbitragem
• Criado em 1923.
• Desde as suas origens, o objectivo do Tribunal tem sido o de
fornecer um mecanismo imparcial, confiável e funcional para a
solução de conflitos originados no comércio internacional. Na sua
actividade, o comerciante, envolto em transacções internacionais,
vê-se confrontado com costumes e culturas diferentes, outros
idiomas e, naturalmente, sistemas jurídicos e práticas comerciais
diversas – tudo isto sem a segurança que proporciona a aplicação do
seu próprio direito pelos tribunais do seu estado.
COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL
• Art. 2º do estatuto do Tribunal Internacional de Arbitragem da CCI.
O Tribunal é composto pelo seu presidente, vice-presidentes, pelos
seus membros e os suplentes destes, contando, ainda, com a
assistência de uma secretaria.
• Art. 3º: O conselho mundial da CCI elege o presidente do Tribunal
e nomeia os seus vice-presidentes. Cabe também ao conselho
mundial, por proposta dos comités nacionais, a nomeação de
membros, sendo um membro por comité nacional. Quanto à
nomeação dos membros suplentes, admite-se a elaboração de
propostas pelo Presidente.
• Art. 3º, nº5: o mandato de cada membro é de 3 anos. Se um
membro deixar de poder exercer as suas funções, o seu sucessor
será nomeado pelo conselho mundial para cumprir o restante do
mandato.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL
• O Tribunal não é um tribunal arbitral, pois não actua nem pode
ser designado como árbitro. O Tribunal limita-se a administrar
arbitragens intervindo exclusivamente nos casos previstos no
regulamento.
• Cabem apenas e tão somente aos árbitros a análise e o
julgamento das questões submetidas ao Tribunal de arbitragem,
pois este não soluciona litígios, apenas os administra.
• O Tribunal não possui contacto directo com as partes, apenas
acompanha constantemente os procedimentos por meio de
documentos submetidos pela sua Secretaria.
Secretaria do Tribunal Internacional de Arbitragem
• Responsável por assistir o Tribunal na administração das
arbitragens e na observação do cumprimento do regulamento, a
secretaria acompanha os procedimentos arbitrais junto do tribunal
arbitral. É coordenada pelo secretário-geral assistido por um grupo
de pessoas (7 grupos de 4 pessoas: 2 assistentes e duas secretárias
em cada grupo), todos advogados de várias nacionalidades.
• O secretário-geral é responsável pela condução diária dos
procedimentos da secretaria do Tribunal, contando com um
assistente e com um grupo de conselheiros especializados.
A ARBITRAGEM NA CCI
O seu primeiro regulamento de arbitragem foi estabelecido no
mesmo ano da criação do Tribunal (1923).
Trata-se de um conjunto de regras, regulamentadoras do
procedimento arbitral, com a finalidade de facilitar a utilização da
arbitragem como mecanismo de solução de controvérsias no
âmbito comercial.
O actual regulamento de arbitragem da CCI entrou em vigor no dia
1 de Janeiro de 1998.
• A Arbitragem apresenta inúmeras características que a diferem
da solução judicial, como:
1. Celeridade dos procedimentos e a especialidade dos seus
membros;
2. Sigilo dos seus dados, a naturalidade com que se conduz o seu
processo;
3. Liberdade que confere às partes.
A convenção de Arbitragem
Ponto fundamental de todo o procedimento, a convenção de
arbitragem é o documento através do qual se manifesta a vontade
das partes quanto à opção pela solução arbitral.
Modalidades:
1. Cláusula Compromissória
A cláusula compromissória é a convenção através da qual as
partes, num contrato, se comprometeram a submeter à arbitragem
os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.
• Além da expressa manifestação em submeter o litígio à
arbitragem, cabe às partes a especificação do maior número de
detalhes possíveis, pois quanto mais bem elaborada a cláusula,
mais limitada será a possibilidade de interpretação divergente da
desejada.
• Ou seja, as partes devem inserir na cláusula de uma forma clara as
suas intenções relativamente à resolução do litígio.
• As partes que desejarem ver os seus litígios submetidos à
arbitragem da CCI, devem inserir, nos seus contratos, uma cláusula
específica manifestando o interesse pela instituição e prevendo a
sua submissão.
• Cláusula padrão de Arbitragem da CCI em língua Portuguesa:
“Todos os litígios emergentes do presente contrato ou com ele
relacionados serão definitivamente resolvidos de acordo com o
Regulamento de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, por
um ou mais árbitros nomeados nos termos desse Regulamento”.
• Autonomia da Cláusula
Art. 6º do Regulamento de Arbitragem CCI:
“Salvo estipulação em contrário, a pretensa nulidade ou alegada
inexistência do contrato não implicará a incompetência do árbitro caso
este entenda que a convenção de arbitragem é válida. O Tribunal Arbitral
continuará sendo competente mesmo em caso de inexistência ou
nulidade do contrato para determinar os respectivos direitos das partes e
para julgar as suas reivindicações e alegações”.
2. Compromisso Arbitral
Perante um litígio para o qual não haja qualquer previsão acerca
do modo de solução escolhido, ainda que haja cláusula
compromissória branca, as partes, de comum acordo, devem
elaborar um documento conhecido como compromisso arbitral,
no qual deve constar não apenas o seu interesse pela via arbitral
daquele conflito específico, como também as demais estipulações.
• Cláusula Compromissória Branca é aquela que: “não prevê
qualquer designação dos árbitros ou não faz referência ao
organismo institucional de arbitragem”.
Sigilo dos Actos processuais
• O princípio da confidencialidade esteve sempre vinculado à
arbitragem comercial internacional. Os litígios internacionais
normalmente versam sobre negociações, valores e condições
especiais conhecidas apenas por aqueles que estão envolvidos no
negócio (situação que requer a manutenção dos segredos e
particularidades existentes em cada relação)
• O Estatuto do Tribunal Internacional de Arbitragem (art. 6º) prevê
expressamente a necessidade de respeito pelos envolvidos nos
trabalhos de arbitragem (carácter de confidencialidade sobre todas
informações e documentos analisados)
DISPOSIÇÕES QUANTO AO DIREITO APLICÁVEL
Artigo 15º - Regras aplicáveis ao procedimento
O procedimento perante o Tribunal Arbitral será regido pelo presente Regulamento, e, no que este silenciar, pelas regras que as partes – ou, na falta
destas, o Tribunal Arbitral – determinarem, referindo-se ou não a uma lei nacional processual aplicável à arbitragem.
O Regulamento estabelece que, uma vez manifestada a intenção das partes
pela opção da solução do conflito por meio das regras arbitrais da CCI, deve-se
proceder em conformidade com os seus termos e, no que couber, serão
observadas as determinações das partes, quando houver. Na sua ausência, as
do Tribunal Arbitral, possibilitando, nestes dois últimos casos, que se escolham
leis procedimentais estatais.
Artigo 17 - Regras de direito aplicáveis ao mérito
1. As partes terão liberdade para escolher as regras jurídicas a
serem aplicadas pelo Tribunal Arbitral ao mérito da causa. Na
ausência de acordo entre as partes, o Tribunal Arbitral aplicará as
regras que julgar apropriadas.
2. Em todos os casos, o Tribunal Arbitral levará em consideração
os termos do contrato e os usos e costumes comerciais
pertinentes.
3. O Tribunal Arbitral procederá à composição amigável ou
decidirá ex aequo et bono somente se as partes tiverem acordado
em conferir-lhe tais poderes.
• Assim, segundo o Regulamento, aplicam-se ao mérito da questão
as regras jurídicas escolhidas pelas partes, da mesma forma como
fora mencionado acerca do procedimento. Está patente, no
Regulamento, a autonomia da vontade das partes em escolherem
as regras de direito que melhor solucionarão o seu litígio.
• No Regulamento da CCI é admitido um acordo entre as partes
sobre as regras jurídicas aplicáveis, que não têm de ser coincidentes
com as leis de um determinado Estado.
Art. 17 (1), faz referência às «regras jurídicas» («règles de droit», na
versão em francês, «rules of law» , escolhidas pelas partes, e não às
leis.
• As «regras jurídicas» não parecem incluir apenas o direito
legislado. Segundo aquele Regulamento, parece possível sustentar
que as partes poderão identificar como regras jurídicas aplicáveis,
por exemplo, as regras do país A ou B, os princípios gerais de direito
ou, em princípio, a lex mercatoria.
• Quando as partes não tenham chegado a acordo, o Tribunal
Arbitral deverá aplicar as «regras» que considerar «apropriadas» e
que não são necessariamente as que resultariam da aplicação das
regras de conflitos do local da arbitragem.
Autonomia das partes
• Trata-se de um princípio que assegura às partes a possibilidade de
escolherem as regras às quais desejam submeter o litígio.
• É um princípio de grande ressonância no juízo arbitral.
• Esta possibilidade de as partes escolherem o direito aplicável aos
seus contratos assume grande relevância nas relações
internacionais uma vez que existe uma maior probabilidade de
suscitar divergências legais decorrentes do facto de envolverem,
em princípio, diferentes legislações.
Procedimento Arbitral
• O processo inicia-se com um Pedido de Arbitragem (request for
arbitration) apresentado pelo requerente (claimant) e dirigido ao
Secretariado do Tribunal Internacional de Arbitragem (o Tribunal).
• O Requerido (Respondent), tal como o Requerente, são
notificados da apresentação do Pedido de Arbitragem e da data
em que ele foi apresentado. Essa é considerada a data, para todos
os efeitos, do início da arbitragem: art. 4º, nº 2.
• O Secretariado solicitará às partes o pagamento do
adiantamento para as custas da arbitragem conforma as tabelas
em vigor.
• Segue-se a apensação de acções se estiverem pendentes outras
entre as mesmas partes no tribunal nos termos do artigo 4º, nº6
das Regras.
• No Pedido da Arbitragem, além de outros dados a que se refere o
art. 4º, nº3 do Regulamento o Requerente deve formular o pedido.
• No prazo de 30 dias, a contar da notificação do pedido, o
Requerido pode formular Resposta (Answer), em conformidade
com o disposto no art. 5º, podendo igualmente formular
Reconvenção (Counterclaim).
• Os prazos da Reposta e da Réplica podem ser alargados pelo
Secretariado.
No caso de a parte requerida não apresentar Resposta, ou no caso
de qualquer das partes alegar qualquer questão relativa à
existência, à validade ou ao objecto da convenção de arbitragem, o
Tribunal poderá decidir que a arbitragem deverá, ainda assim,
prosseguir mediante o envio do processo para o tribunal arbitral
para resolução dessas questões e do mérito da acção.
• O Tribunal procederá desse modo se estiver liminarmente (prima
facie) convencido de que a convenção de arbitragem existe em
conformidade com as Regras de Arbitragem da CCI.
Se, pelo contrário, o Tribunal não estiver convencido, as partes são
notificadas de que a arbitragem não pode prosseguir. Restará, então,
a qualquer das partes submeter a qualquer tribunal judicial que se
considere competente para o efeito a questão de se saber se existe
ou não uma convenção de arbitragem vinculativa.
• No caso de uma parte se recusar ou se abster de participar na
arbitragem em qualquer momento do processo arbitral, este
prosseguirá os seus termos independentemente da recusa ou da
abstenção.
• O número de árbitros será um único ou três, conforme o que as
partes tiverem acordado, devendo, neste último caso, cada parte
nomear um árbitro e o terceiro nomeado pelo tribunal.
Se não houver acordo, o Tribunal nomeará um único, salvo se entender
que dada a natureza do assunto deverá nomear três.
• Após isso, o Tribunal Arbitral convocará as partes para a elaboração e
assinatura da Acta de Missão (Terms of Reference ou Acte de Mission)
que incluirá, entre outras matérias, a identificação completa das
partes, a fixação do lugar da sede do Tribunal Arbitral, um resumo do
pedido e da defesa, aspectos específicos relativos ao processo arbitral
e outros pontos enumerados no art. 18º ou que o Tribunal Arbitral
entenda dever incluir.
• Após a elaboração e assinatura da Acta de Missão, o processo decorrerá
mediante a apresentação e a produção de provas, discussão da causa e
prolação da sentença final. Estão referidos apenas os aspectos mais
importantes do processo.
O projecto de sentença final deve ser apresentado pelo árbitro ou árbitros ao
Tribunal, que poderá efectuar emendas quanto a questões formais ou a
correcção de cálculos.
• Tribunal Arbitral profere a sentença final (award), que notifica às partes.
Estas podem ainda solicitar ao Tribunal correcções formais (erros de escrita ou
de cálculo) ou a interpretação da sentença final.
Não há recurso da sentença final, mas é admitida acção de anulação nos
termos da lei de arbitragem da sede do Tribunal Arbitral se esta o permitir.
Breve análise de uma sentença de Arbitragem
• Resumo do caso:
• Contrato de compra e venda de carne turca foi celebrado
em França entre uma sociedade vendedora (“A”) e uma
sociedade compradora (“B”).
• As partes optaram pelo Francês como moeda de
pagamento e pela condução do procedimento e análise
das questões por um árbitro domiciliado em França, sem
se manifestarem, contudo, acerca do direito a ser aplicado.
• Perante o não cumprimento de “A” da obrigação
contratual, e perante o estabelecimento de cláusula
contratual que elegia a CCI como foro da discussão de
eventuais litígios, requereu-se o início do procedimento
arbitral.
• Quanto às alegações das partes, sabe-se que:
“A”: afirma ter deixado de entregar a mercadoria porque
se tratava de importação ilícita em França, uma vez que
havia uma lei francesa que não admitia a entrada no país
daquele tipo de produto, acrescentando que não queria
ser cúmplice de fraude à lei.
“B”: Diferentemente do alegado por “A”, diz que as
formalidades eram da competência do comprador e não
isentam o vendedor das suas obrigações.
Toda a documentação foi apresentada e, após
realizadas audiências, o árbitro proferiu a sua decisão.
•Síntese do laudo arbitral
• Lei do domicílio das partes: lei suíça, talvez pudesse ser
considerada como potencialmente aplicável, caso se entenda
que as partes pretendiam executar a obrigação no seu
próprio país;
• Lei do local de onde provém a mercadoria, ou seja, local
onde a mercadoria embarcaria: lei turca;
• Lei francesa: onde ocorreu a assinatura do contrato e onde
seria entregue o produto, portanto a lei que rege todas as
questões referentes à importação do produto adquirido.
• Afasta possíveis alegações de incompetência do
Tribunal, afirmando ser válida a cláusula que institui a
arbitragem da CCI e adequado o objecto do litígio.
• Afirma que, quanto ao direito aplicável, se pode traduzir
da análise dos elementos do contrato que, a conclusão de
que as partes possuíam a intenção de submeter o
presente caso à legislação francesa, escolhendo França
como o local de conclusão do contrato, local de entrega
da mercadoria, moeda local de pagamento à época e local
do domicílio do árbitro.
• O árbitro demonstra que as partes recorreram aos
Incoterms CFR para reger o contrato em questão.
“Cost and Freight’ means that the seller delivers when the
goods pass the ship’s rail in the port of shipment. The seller
must pay the costs and freight necessary to bring the goods to
the named port of destination BUT the risk of loss or damage to
the goods, as well as any additional costs due to events
occurring after the time of delivery, are transferred from the
seller to the buyer. The CFR term requires the seller to clear the
goods for export”
• Essa observação caracteriza o conhecimento e aceitação
pelas partes de regras que permitem uma conclusão
sobre a forma escolhida para o cumprimento da
obrigação contratual, qual seja, a de realizar a venda na
origem, ocorrendo a transferência da mercadoria no
momento do seu carregamento para a viagem.
• Na sentença, reitera a responsabilidade do comprador e
do vendedor segundo os Incoterms CFR relacionado ao
caso em apreço.
• Ao vendedor caberia:
1. Resolver sobre licença de exportação e outros
documentos e taxas que a ela se refiram; fornecer, caso o
comprador o requeira e às custas deste, outros
documentos como certificado de origem e factura.
2. Carregar a mercadoria a bordo dentro do prazo
estipulado e responsabilizar-se com os riscos até ao seu
embarque, excepto quando este for prejudicado pelo
comprador.
3. Fornecer a embalagem, a verificação e a documentação
que comprove a conformidade da mercadoria com o
acordado.
4. Fazer o transporte proceder conforme o estipulado no
contrato.
• Ao comprador caberia:
1.Verificar os documentos apresentados pelo vendedor.
2.Suportar despesas e custos para a obtenção de
documentação extra, por ele solicitada.
3. Suportar todos os riscos e despesas decorrentes do
transporte de mercadoria desde o seu embarque, bem como as
despesas posteriores ao prazo acordado caso devidas a falta de
informação a ser fornecida por ele sobre o local ou o prazo do
embarque.
4. E, finalmente, verificar todas as formalidades referentes à
importação, como direitos, taxas e outras formalidades.
Perante tudo isto, o árbitro pôde concluir que o vendedor
conhecia a regulamentação francesa sobre importação de
carnes e deveria saber que estas poderiam ser aceites sem
reservas.
• Demonstra que, ainda que se tratasse de um obstáculo
insuperável, não poderia constituir força maior que permitisse
a dispensa do cumprimento da obrigação do vendedor, pois a
força maior requer imprevisibilidade, o que não foi o caso,
pois as dificuldades eram previsíveis e havia a admissibilidade
de excepções pela lei.
• Observa que a lei francesa também determinava que cabia
ao importador a solicitação de excepções e a resolução de
dificuldades inerentes ao negócio internacional, assim como
as obrigações referentes ao Incoterm CFR aplicado ao negócio.
• Portanto, o árbitro entende que o vendedor não se poderia valer da sua
ignorância sobre normas conhecidas e aceites de direito internacional,
devendo ter considerado que as proibições, as limitações e as excepções
fazem parte do “jogo” das relações internacionais e, evidentemente, não
dizem respeito a preceitos de ordem pública.
• Conclui, dessa forma, que as alegações de “A” não podem ser aceites e são
meramente circunstanciais. Como a própria lei previa expressamente
excepções, a serem solicitadas pelo comprador, que possibilitariam a
importação e a comercialização desse produto em França, não caberia a “A”
a alegação de que a mercadoria estaria definitivamente fora do comércio,
decidindo, portanto, a favor do comprador.