a arrábida

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  • 7/30/2019 A Arrbida

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    A ARRBIDA

    Alexandre Herculano

    I

    Salve, vale do sul, saudoso e belo!Salve, ptria da paz, deserto santo,Onde no ruge a grande voz das turbas!Solo sagrado a Deus, pudesse ao mundoO poeta fugir, cingir-se ao ermo,Qual ao freixo robusto a frgil hera,

    E a romagem do tmulo cumprindo,S conhecer, ao despertar na morte,Essa vida sem mal, sem dor, sem termo,Que ntima voz contnuo nos prometeNo trnsito chamado o viver do homem.

    II

    Suspira o vento no lamo frondoso;As aves soltam matutino canto;Late o lebru na encosta, e o mar sussurraDos alcantis na base carcomida:

    Eis o rudo de ermo! Ao longe o negro,Insondado oceano, e o cu cerleoSe abraam no horizonte. Imensa imagemDa eternidade e do infinito, salve!

    III

    Oh, como surge majestosa e bela,Com vio da criao, a naturezaNo solitrio vale! E o leve insectoE a relva e os matos e a fragrncia puraDas boninas da encosta esto contandoMil saudades de Deus, que os h lanado,

    Com mo profusa, no regao amenoDa solido, onde se esconde o justo.

    E l campeiam no alto das montanhasOs escalvados pncaros, severos,Quais guardadores de um lugar que santo;Atalaias que ao longe o mundo observam,Cerrando at o mar o ltimo abrigoDa crena viva, da orao piedosa,Que se ergue a Deus de lbios inocentes.

    Sobre esta cena o sol verte em torrentes

    Da manh o fulgor; a brisa esvai-sePelos rosmaninhais, e inclina os toposDo zimbro e alecrineiro, ao rs sentadosDesses tronos de fragas sobrepostas,

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    Que alpestres matas de medronhos vestem;O rocio da noite branca rosaNo seio derramou frescor suave,E inda existncia lhe dar um dia.Formoso ermo do sul, outra vez, salve!

    IV

    Negro, estril rochedo, que contrastas,Na mudez tua, o plcido sussurroDas rvores do vale, que vicejamRicas dencantos, coa estao propcia;Suavssimo aroma, que, manandoDas variegadas flores, derramadasNa sinuosa encosta da montanha,Do altar da solido subindo aos ores,s digno incenso ao Criador erguido;Livres aves, filhas da espessura,Que s teceis da natureza as hinos,O que cr, o cantor, que foi lanado,Estranho no mundo, no bulcio dele,Vem saudar-vos, sentir um gozo puro,Dus homens esquecer paixes e oprbio,E ver, sem ver-lhe a luz prestar a crimes,O Sol, e uma s vez puro saudar-lha.

    Convosco eu sou maior; mais longe a mentedos cus se imerge livre,E se desprende de mortais memriasNa solido solene, onde, incessante,Em cada pedra, em cada flor se escutaDo Sempiterno a voz, e v-se impressa

    A dextra sua em multiforme quadro.

    V

    Escalvado penedo, que repousasL no cimo do monte, ameaandoRuna ao roble secular da encosta,Que sonolento move a coma estivaAnte a aragem do mar, foste formoso;J te cobriram cespedes virentes;Mus o tempo voou, e nele envoltaA formosura tua. DespedidosDas negras nuvens o chuveiro espessoE o granizo, que o solo fustigandoTritura a tenra lanceolada relva,Durante largos sculos, no Inverno,Dos vendavais no dorso a ti desceram.Qual amplexo brutal de ardos grosseiro,Que, maculando virginal pureza.Do pudor varre a aurola celeste,E deixa, em vez de um serafim m Terra,Queimada flor que devorou o raio.

    VI

    Caveira da montanha, ossada imensa, tua campa o Cu: sepulcro o valeUm dia te ser. Quando sentiresRugir com som medonho a Terra ao longe,

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    Na expanso dos vulces, e o mar, bramindo,Lanar praia vagalhes cruzados;Tremer-te a larga base, e sacudir-teDe sobre si, o fundo deste valeTe vai servir de tmulo; e os carvalhosDo mundo primognitos, e os sobros,Arrastados por ti l da colina,

    Contigo ho-de jazer. De novo a terraTe cobrir o dorso sinuoso:Outra vez sobre ti nascendo os lrios,Do seu puro candor ho-de adornar-te;E tu, ora medonho e nu e triste,Ainda belo sers, vestido e alegre.

    VII

    Mais que o homem feliz! Quando eu no valeDos tmulos cair; quando uma pedraOs ossos me esconder, se me for dada,No mais reviverei; no mais meus olhosVero, ao pr-se, o Sol em dia estivo,Se em turbilhes de prpura, que ondeiamPelo extremo dos cus sobre o ocidente.Vai provar que um Deus h o estranhos povosE alm das ondas trmulo sumir-se;Nem, quando, l do cimo das montanhas,Com torrentes de luz inunda as veigas:No mais verei o refulgir da LuaNo irrequieto mar, na paz da noite,Por horas em que vela o criminoso,A quem ntima voz rouba o sossego.E em que o justo descansa, ou, solitrio,

    Ergue ao Senhor um hino harmonioso.

    VIII

    Ontem, sentado num penhasco, e pertoDos guas, ento quedas, do oceano,Eu tambm o louvei sem ser um justo:E meditei, e a mente extasiadaDeixei correr pela amplido das ondas.

    Como abrao materno era suaveA aragem fresca do cair das trevas.Enquanto, envolta em glria, a clara LuaSumia em seu fulgor milhes destrelas.

    Tudo calado estava: o mar somenteAs harmonias da criao soltava,Em seu rugido; e o ulmeiro do desertoSe agitava, gemendo e murmurando.Ante o sopro de oeste: ali dos olhosO pranto me correu, sem que o sentisse.E aos ps de Deus se derramou minha alma.

    IX

    Oh, que viesse o que no cr, comigo, vicejante Arrbida de noite,E se assentasse aqui sobre estas fragas,Escutando o sussurro incerto e triste

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    Das movedias ramas, que povoaDe saudade e de amor nocturna brisa;Que visse a lua, o espao opresso de astros,E ouvisse o mar soando: ele chorara,Qual eu chorei, as lgrimas do gozo,E, adorando o Senhor, detestariaDe uma cincia v seu vo orgulho.

    X

    aqui neste vale, ao qual no chegaHumana voz e o tumultuar das turbas,Onde o nada da vida sonda livreO corao, que busca ir abrigar-seNo futuro, e debaixo do amplo mantoDa piedade de Deus: aqui serenaVem a imagem da campa, como a imagemDa ptria ao desterrado; aqui, solene,Brada a montanha, memorando a morte.

    Essas penhas, que, l no alto das serrasNuas, crestadas, solitrias dormem,Parecem imitar da sepulturaO aspecto melanclico e o repousoTo desejado do que em Deus confia.Bem semelhante paz. que se h sentadoPor sculos, ali, nas cordilheiras o silncio do adro, onde renemOs ciprestes e a Cruz, o Cu e a Terra.

    Como tu vens cercado de esperana,Para o inocente, plcido sepulcro!

    Junto das tuas bordas pavorosasO perverso recua horrorizado:Aps si volve os olhos; na existnciaDeserto rido s descobre ao longe.Onde a virtude no deixou um trilho.

    Mas o justo, chegando meta extrema,Que separa de ns a eternidade,Transpe-na sem temor, e em Deus exulta..O infeliz e o feliz l dormem ambos,Tranquilamente: e o trovador mesquinho,Que peregrino vagueou na Terra,Sem encontrar um corao ardenteQue o entendesse, a ptria de seus sonhos,Ignota, por l busca; e quando as erasVierem junto s cinzas colocar-lheTardios louros, que escondera a inveja,Ele no erguer a mo mirrada,Para os cingir na regelada fronte.Justia, glria, amor, saudade, tudo,An p da sepultura, som perdidoDe harpa elia esquecida em brenha ou selva:O despertar um pai, que saboreiaEntre os bruos da morte o extremo sono,J no dado ao filial suspiro;

    Em vo o amante, ali, da amada suaDe rosas sobre a c'roa debruado,Rega de amargo pranto as murchas floresE a fria pedra: a pedra sempre fria.

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    E para sempre as flores se murcharam.

    XI

    Belo ermo!, eu hei-de amar-te enquanto esta alma,Aspirando o futuro alm da vida

    E um hlito dos Cus, gemer atada coluna do exlio, a que se chamaEm lngua vil e mentirosa o mundo.Eu hei-de amar-te, vale, como um filhoDos sonhos meus. A imagem do desertoGuard-la-ei no corao, bem juntoCom minha f, meu nico tesouro.

    Qual pomposo jardim de verme ilustre,Chamado rei ou nobre, h-de contigoComparar-se, deserto? Aqui no cresceEm vaso de alabastro a flor cativa,Ou rvore educada por mo de homem,Que lhe diga: s escrava, e erga um ferroE lhe decepe os troncos. Como livreA vaga do oceano, livre no ermoA bonina rasteira ou freixo altivo!No lhes diz: Nasce aqui, ou l no cresas.Humana voz. Se baqueou o freixo,Deus o mandou: se a flor pendida murcha, que o rocio no desceu de noite,E da vida o Senhor lhe nega a vida.

    Cu livre, Terra livre, e livre a mente,Paz ntima, e saudade, mas saudade

    Que no di, que no mirra, e que consola,So as riquezas do ermo, onde sorriemDas procelas do mundo os que o deixaram.

    XII

    Ali naquela encosta, ontem de noite,Alvejava por entre os medronheirosDo solitrio a habitao tranquila:E eu vagueei por l. Patente estavaO pobre albergue do eremita humilde,Onde jazia o filho da esperanaSob as asas de Deus, luz dos astros,Em leito, duro sim, no de remorsos.Oh, com quanto sossego o bom do velhoDormia! A leve aragem lhe ondeavaAs raras cs na fronte, onde se liaA bela histria de passados anos.De alto choupo atravs passava um raioDa Lua astro de paz, astro que chamaOs olhos para o cu, e a Deus a mente E em luz plida as faces lhe banhava:E talvez neste raio o Pai celesteDa ptria eterna, lhe enviava a imagem,Que o sorriso dus lbios lhe fugia,

    Como se um sonho de ventura e glriaNa Terra de antemo o consolasse.E eu comparei o solitrio obscuroAo inquieto filho das cidades:

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    Comparei o deserto silenciosoAo perptuo rudo que sussurraPelos palcios do abastado e nobre,Pelos paos dos reis; e condo-meDo corteso soberbo, que s curaDe honras, haveres, glria, que se compramCom maldies e perenal remorso.

    Glria! A sua qual ? Pelas campinas,Cobertas de cadveres, regadasDe negro sangue, ele segou seus louros;Louros que vo cingir-lhe a fronte altivaAo som do choro da viva e do rfo;Ou, dos sustos senhor, em seu delrio,Os homens, seu irmos, flagela e oprime.L o filho do p se julga um nume,Porque a Terra o adorou; o desgraadoPensa, talvez, que o verme dos sepulcrosNunca se h-de chegar para trag-loAo banquete da morte, imaginandoQue uma ljea de mrmore, que escondeO cadver do grande, mais durvelDo que esse cho sem inscrio, sem nome.Por onde o opresso, o msero, procuraO repouso, e se atira aos ps do tronoDo Omnipotente, a demandar justiaContra os fortes do mundo, os seus tiranos.

    XIII

    cidade, cidade, que transbordasDe vcios, de paixes e de amarguras!Tu l ests, na tua pompa envolta,

    Soberba prostituta, alardeandoOs teatros, e os paos, e o rudoDas carroas dos nobres recamadasDe ouro e prata, e os prazeres de uma vidaTempestuosa, e o tropear contnuoDos frvidos ginetes, que alevantamO p e o lodo corteso das praas;E as geraes corruptas de teus filhosL se revolvem, qual monto de vermesSobre um cadver ptrido! Cidade,Branqueado sepulcro, que misturasA opulncia, a misria, a dor e o gozo,Honra e infmia, pudor e impudciaCu e inferno, que s tu? Escrnio ou glriaDa humanidade? O que o souber que o diga!

    Bem negra avulta aqui, na paz do vale,A imagem desse povo, que refluiDas moradas rua, praa, ao templo;Que ri, e chora, folga, e geme, e morre,Que adora Deus, e que o pragueja, e o teme;Absurdo misto de baixeza extremaE de extrema ousadia; vulto enorme,Ora aos ps de um vil dspota estendido,Ora surgindo, e arremessando ao nada

    As memrias dos sculos que foram,E depois sobre o nada adormecendo.

    V-lo, rico de oprbrio, ir assentar-se

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    Em joelhos nos trios dos tiranos.Onde, entre o lampejar de armas de servos,O servo popular adora um tigre ?Esse tigre o dolo do povo!Saudai-o; que ele o manda: abenoai-lheO frreo ceptro: ide folgar em rodaDe cadafalsos, povoados sempre

    De vtimas ilustres, cujo arrancoSeja como harmonia, que adormenteEm seus terrores o senhor das turbas.Passai depois. Se a mo da ProvidnciaEsmigalhou a fronte tirania;Se o dspota caiu, e est deitadoNo lodaal da sua infmia, a turbaL vai buscar o ceptro dos terrores,E diz: meu; e assenta-se na praa,E envolta em roto manto. e julga, e reina.Se um mpio, ento, na afogueada bocaDe vulco popular sacode um facho,Eis o incndio que muge, e a lava sobe,E referve, e trasborda, e se derramaPelas ruas alm: clamor retumbaDe anarquia impudente, e o brilho de armasPelo escuro transluz, como um pressgioDe assolao, e se amontoam vagasDesse mar d'abjeco, chamado o vulgo;Desse vulgo, que ao som de infernais hinosCava fundo da Ptria a sepultura,Onde, abraando a glria do passadoE do futuro a ltima esperana,As esmaga consigo, e ri morrendo.

    Tal s, cidade, licenciosa ou serva!Outros louvem teus paos sumptuosos,Teu ouro, teu poder: sentina impuraDe corrupes, teus no sero meus hinos!

    XIV

    Cantor da solido, vim assentar-meJunto do verde cspede do vale,E a paz de Deus do mundo me consola.

    Avulta aqui, e alveja entre o arvoredo,Um pobre conventinho. Homem piedosoO alevantou h sculos, passando,Como orvalho do cu, por este stio,De virtudes depois to rico e frtil.

    Como um pai de seus filhos rodeado,Pelos matos do outeiro o vo cercandoOs tugrios de humildes eremitas,Onde o cilcio e a compuno apagamDa lembrana de Deus passados errosDo pecador, que reclinou a frontePenitente no p. O sacerdoteDos remorsos lhe ouviu as amarguras;

    E perdoou-lhe, e consolou-o em nomeDo que expirando perdoava, o Justo,Que entre os humanos no achou piedade.

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    XV

    Religio! do msero conforto,Abrigo extremo de alma, que h mirradoO longo agonizar de uma saudade.Da desonra, do exlio, ou da injustia,Tu consolas aquele, que ouve o Verbo.

    Que renovou o corrompido mundo,E que mil povos pouco a pouco ouviram.Nobre, plebeu, dominador, ou servo,O rico, o pobre, o valoroso, o fraco,Da desgraa no dia ajoelharamNo limiar do solitrio templo.Ao p desse portal, que veste o musgo,Encontrou-os chorando o sacerdote,Que da serra descia meia-noite,Pelo sino das preces convocado:A os viu ao despontar do dia,Sob os raios do Sol, ainda chorando,Passados meses, o burel grosseiro,O leito de cortia, e a fervorosaE contnua orao foram cerrandoNos coraes dos mseros as chagas,Que o mundo sabe abrir, mas que no cura.Aqui, depois, qual hlito suave.Da Primavera, lhes correu a vida,At sumir-se no adro do convento,Debaixo de uma ljea tosca e humilde,Sem nome, nem palavra, que recordeO que a terra abrigou no sono extremo.

    Eremitrio antigo, oh, se pudesses

    Dos anos que l vo contar a histria;Se ora, voz do cantor, possvel fosseTransudar desse cho, gelado e mudo,O mudo pranto, em noites dolorosas,Por nufragos do mundo derramadoSobre ele, e aos ps da Cruz!... Se vs pudsseis,Broncas pedras, falar, o que direis!

    Quantos nomes mimosos da ventura,Convertidos em fbula das gentes.Despertariam o eco das montanhas,Se aos negros troncos do sobreiro antigoMandasse o Eterno sussurrar a histriaDos que vieram desnudar-lhe o cepo,Para um leito formar, onde velassemDa mgoa, ou do remorso, as longas noites!Aqui veio, talvez, buscar asiloUm poderoso, outrora anjo da Terra,Despenhado nas trevas do infortnio;Aqui gemeu, talvez, o amor trado,Ou pela morte convertido em cancroDe infernal desespero; aqui soaramDo arrependido os ltimos gemidos,Depois da vida derramada em gozos,Depois do gozo convertido em tdio.

    Mas quem foram? Nenhum, depondo em terraVestidura mortal, deixou vestgiosDe seu breve passar. E isso que importa,Se Deus o viu; se as lgrimas do triste

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    Ele contou, para as pagar com glria?

    XVI

    Ainda em curvo outeiro, ao fim da sendaQue serpeia do monte ao fundo vale,Sobre o marco de pedra a cruz se eleva,

    Como um farol de vida em mar de escolhos:Ao cristo infeliz acolhe no ermo.E consolando-o, diz-lhe: A ptria tua l no Cu: abraa-te comigo.Junto dela esses homens, que passaramAcurvados na dor, as mos ergueramPara o Deus, que perdoa, e que confortoDos que aos ps deste smbolo da esp'ranaVm derramar seu corao aflito: do deserto a histria, a cruz e a campa;E sobre tudo o mais pousa o silncio.

    XVII

    Feliz da Terra, os monges no maldigas;Do que em Deus confiou no escarneas:Folgando segue a trilha, que h juncado,Para teus ps, de flores a fortuna.E sobre a morta crena em paz descansa.Que mal te faz. Que gozo vai roubar-teO que ensanguenta os ps no tojo agreste,E sobre a fria pedra encosta a fronte?Que mal te faz uma orao erguida,Nas solides, por voz sumida e frouxa,E que, subindo aos Cus, s Deus escuta?

    Oh, no insultes lgrimas alheias,E deixa a f ao que no tem mais nada!...

    E se estes versos te contristam, rasga-os.Teus menestris te vendero seus hinos,Nos banquetes opparos, enquantoO negro po repartir comigo,Seu trovador, o pobre anacoreta,Que no te inveja as ditas, como as c'roasDo prazer ao cantor eu no invejo;Tristes coroas, sob as quais s vezesEst gravada uma inscrio d'infmia.