a arte de interpretar textos - form completa
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A ARTE DE INTERPRETAR TEXTOS - DAVID XAVIER
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TEXTO 1
(ANALISTA TRE‐CE)
Atenção: As questões de números 01 a 02, referem‐se ao texto abaixo.
O tempo, como o dinheiro, é um recurso escasso. Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
Ocorre que a aplicação do cálculo econômico às decisões sobre o uso do tempo é neutra em relação aos fins, mas exigente no tocante aos meios. Ela cobra uma atenção alerta e um exercício constante de avaliação racional do valor do tempo gasto. O problema é que isso tende a minar uma certa disposição à entrega e ao abandono, os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo.
Valéry investigou a realidade dessa questão nas condições da vida moderna: “O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. O nosso ócio interno, todavia, algo muito diferente do lazer cronometrado, está desaparecendo. Estamos perdendo aquela vacuidade benéfica que traz a mente de volta à sua verdadeira liberdade. As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna perturbam esse precioso repouso.”
O paradoxo é claro. Quanto mais calculamos o benefício de uma hora “gasta” desta ou daquela maneira, mais nos afastamos de tudo aquilo que gostaríamos que ela fosse: um momento de entrega, abandono e plenitude na correnteza da vida. Na amizade e no amor; no trabalho criativo e na busca do saber; no esporte e na fruição do belo − as horas mais felizes de nossas vidas são precisamente aquelas em que perdemos a noção da hora.
(Adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã. São Paulo, Cia. das Letras, 2005, p.206‐209)
01. O posicionamento crítico adotado pelo autor em relação ao emprego do cálculo econômico sobre a utilização do tempo está em:
(A) O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia.
(B) Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
(C) A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo.
(D) Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito.
(E) O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico.
02. O paradoxo a que o autor se refere está corretamente resumido em:
(A) O tempo despendido na busca de conhecimento é recompensado pelo saber.
(B) Os momentos de relaxamento pleno advêm do bom planejamento do uso do tempo.
(C) A criatividade confere maior qualidade ao tempo despendido com o trabalho.
(D) O controle do uso do tempo compromete o seu aproveitamento prazeroso.
(E) As horas de maior prazer são aquelas empregadas em atividades bem planejadas.
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A questão de número 03 refere‐se ao texto abaixo.
Setembro de 2005
Woody Allen acabou de montar Scoop − O grande furo. Agora vai tentar elaborar seu próximo filme, mas não sabe onde ele será feito. Londres foi um prazer inesperado, e ele pretendia fazer o terceiro filme seguido lá, mas o sucesso crítico e financeiro de Match Point deu origem a outras possibilidades.
− Vou esperar até ver Scoop para perguntar mais, mas você gostaria de fazer alguma observação?
− Tenho um papel no filme porque é uma comédia, automaticamente mais leve. Houve um tempo em que eu, mais jovem, estava ligado em comédia e pensava: Ah, isto é engraçado. Mas não sinto mais a mesma coisa. Foi divertido fazer Match Point e fiquei muito envolvido como espectador enquanto fazia o filme.
Adorei o fato de não atuar nele, adorei o fato dele ser sério, e, quando foi lançado, me deu uma sensação boa, fiquei orgulhoso. Já por uma comédia, em especial uma comédia em que atuo, dificilmente eu me interesso.
(Adaptado de Eric Lax. Conversas com Woody Allen. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo, Cosac Naify, 2009, p.69)
03. O livre comentário sobre o filme Match Point que foi redigido com clareza, correção e lógica está em:
(A) Com o grande sucesso de crítica e público alcançados quando foi exibido em Cannes, Match Point, a despeito de outros projetos realizados pelo cineasta, à medida em que obteve considerável retorno financeiro, configura‐se, assim, como um dos filmes mais sombrios feito por Woody Allen.
(B) Match Point, um dos filmes mais sombrios de Woody Allen, cujo grande sucesso de crítica e público foram alcançados quando exibido em Cannes, a despeito de outros projetos realizados pelo cineasta, obteve considerável retorno financeiro.
(C) Um dos filmes mais sombrios de Woody Allen, Match Point, cujo o grande sucesso de crítica e público seriam alcançados em sua exibição em Cannes, difere de outros projetos realizados pelo cineasta, conquanto obteve considerável retorno financeiro.
(D) Match Point, um dos filmes mais sombrios de Woody Allen, alcançou grande sucesso de crítica e público quando foi exibido em Cannes e, ao contrário de outros projetos realizados pelo cineasta, obteve considerável retorno financeiro.
(E) A despeito de ser um dos filmes mais sombrios feitos por Woody Allen, quando foi exibido em Cannes Match Point, diferentemente de outros projetos realizados pelo cineasta, que obteve considerável retorno financeiro, alcança grande sucesso de crítica e público.
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TEXTO 2
(ANALISTA TJ PE)
Atenção: Para responder às questões de números 01 a 03, considere o texto abaixo.
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As sociedades modernas da Europa ocidental, ou dos continentes e espaços colonizados ou profundamente influenciados por ela, que hoje abrangem quase todo o globo terrestre, podem ser descritas sucintamente por alguns traços gerais: o Estado‐nação, o capitalismo, a forma industrial de organização da produção; a convivência e sociabilidade urbanas; e os valores jurídicos constitucionais de liberdade e igualdade. Tais traços, por si sós, entretanto, não eliminaram seus contrários – solidariedades étnicas, formas pré‐capitalistas de produção, a vida rural ou as hierarquias sociais. A novidade moderna consiste, antes, na rearticulação, em todos os planos, das formas e relações sociais antigas sob a égide desses novos traços. Assim, no que diz respeito à organização social, as hierarquias, os privilégios, as deferências e os outros modos de expressão das desigualdades entre os seres humanos passaram, para serem aceitos, a depender de outras lógicas de construção e justificação. Tornaram‐se, do mesmo modo, fontes permanentes de contestação, propiciadoras de lutas libertárias de emancipação e fermento de novas identidades sociais.
(Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. “Desigualdade e diversidade: os sentidos contrários da ação”. In Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 168)
01. É INCORRETO afirmar:
(A) a expressão no que diz respeito à organização social (linha 15) traduz, no contexto, uma circunstância, implicando um traço restritivo.
(B) a ideia de que hierarquias, privilégios e deferências (linha 16) expressam desigualdades entre os seres humanos está presente no texto, mas de modo subentendido.
(C) em sociedades modernas, europeias ou não, houve uma ampla reorganização da ordem social quando formas de ação conservadoras conseguiram se sobrepujar aos modernos modos de articulação social, forma de produção e valores jurídicos.
(D) em aparente contradição, em quase todo o mundo, as desigualdades entre os seres humanos são concomitantemente admitidas e rejeitadas, recusa esta que instiga alterações na organização social.
(E) compreende‐se do texto que grupos humanos buscam legitimar as desigualdades (linha 17) entre os seus componentes encadeando‐as coerentemente nas convenções da sua peculiar organização social.
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Atenção: Para responder às questões de números 02 e 03, considere o texto que segue.
05 10 15
O destino cruzou o caminho de D. Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga. A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida.
Acredita‐ se que tenha sido algum alimento mal conservado ingerido no dia anterior em Santos, no litoral paulista, ou a água contaminada das bicas e chafarizes que abasteciam as tropas de mula na serra do Mar. Testemunha dos acontecimentos, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro barão de Pindamonhangaba, usou em suas memórias um eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para “prover‐se” no denso matagal que cobria as margens da estrada.
(Laurentino Gomes, 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. p. 29)
02. É correto afirmar sobre o excerto:
(A) Formas verbais empregadas, como, por exemplo, cruzou (linha 1) e estava (linha 5), denotam que o autor, nesse trecho, limita‐se a citar fatos passados concebidos por ele como contínuos.
(B) A presença concomitante de certas formas verbais, como, por exemplo, cruzou (linha 1) e é (linha 6), evidencia que o autor, nesse trecho, mescla segmentos narrativos com comentários a respeito dos fatos.
(C) Transformando a oração reduzida Ao se aproximar do riacho do Ipiranga (linhas 2 e 3) em desenvolvida, obtém‐se “Aproximando‐se do riacho do Ipiranga”.
(D) Transpondo a frase Testemunha dos acontecimentos, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo [...] usou em suas memórias um eufemismo (linhas 11 a 14) para a voz passiva, obtém‐se a forma verbal “tinha usado”.
(E) Considerado o contexto, a substituição do modo subjuntivo pelo modo indicativo em tenha sido (linha 7) não interfere no sentido original, pois em nada fica alterada a atitude do falante em relação ao fato citado.
03. A análise do texto legitima a seguinte afirmação:
(A) A organização da frase inicial exige que se considere o termo subentendido “sem” (“sem nenhuma elegância”), única possibilidade de torná‐la sintaticamente adequada.
(B) Os segmentos futuro imperador do Brasil e rei de Portugal e o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo exercem a mesma função sintática nas frases em que estão inseridos.
(C) As aspas em “prover‐se” sinalizam o sentido pejorativo que o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo emprestou à expressão.
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(D) Ainda que não tenha impedido a compreensão, a ausência do plural no segundo substantivo da expressão tropa de mula só pode ser entendida como um deslize, pois não há possibilidade de o padrão culto acatar essa formulação.
(E) Considerando que futuro significa “que ainda está por vir”, nota‐se que, nos casos em que a palavra foi usada (linhas 4 e 13), se toma como “presente” do que está por vir o dia do fato a que o autor se refere.
TEXTO 3
(ANALISTA TRT‐11°)
Atenção: As questões de números 01 a 04 referem‐se ao texto seguinte.
Fotografias
Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão: o passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tempo, transformando o que é naquilo que já não é mais, porque o que temos diante dos olhos é transmudado imediatamente em passado no momento do clique. Costumamos dizer que a fotografia congela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a eternidade, e isso não deixa de ser verdade.
Todavia, existe algo que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francês, imagem e magia contêm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda imagem é magia, e nosso olhar é a varinha de condão que descongela o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotográfico.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de papel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências diversas, pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado: cada um só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o significado de uma imagem muda com o passar do tempo, até para o mesmo observador.
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotografia. Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por exemplo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente insuspeitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo profissional lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles que desconhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto.
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. São Paulo: Companhia das Letras, 2010)
01. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da percepção de uma foto é:
(A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tempo.
(B) a fotografia congela o tempo.
(C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o instante aprisionado.
(D) o significado de uma imagem muda com o passar do tempo.
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto.
02. No contexto do último parágrafo, a referência aos vários níveis de percepção de uma fotografia remete
(A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto.
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observadores.
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma foto.
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(D) às relações que a fotografia mantém com as outras artes.
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em si mesma.
03. Atente para as seguintes afirmações:
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia congela o tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa foto já não pertence a tempo algum.
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o albergue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador não interfere no sentido próprio e particular de uma foto.
III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o terceiro parágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma linguagem específica nela fixados.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em
(A) I e II. (B) II e III. (C) I. (D) II. (E) III.
04. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:
(A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásticas, a fotografia nos faz desfrutar viver experiências de natureza igualmente temporal.
(B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se imagine os tempos a que suscitarão essa imagem aparentemente congelada...
(C) Conquanto seja o registro de um determinado espaço, uma foto leva‐nos a viver profundas experiências de caráter temporal.
(D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experiências físicas de uma fotografia podem se inocular em planos temporais.
(E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficientemente para abrir mão de implicâncias semânticas no plano temporal.
Atenção: As questões de números 05 a 08 referem‐se ao texto seguinte.
Discriminar ou discriminar?
Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o sentido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar teses controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionário Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, entre outras, estas duas acepções: a) perceber diferenças; distinguir, discernir; b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, cor da pele, classe social, convicções etc.
Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às diferenças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o sentido positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que é diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo no caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é deixar agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Discriminar alguém: fazê‐lo objeto de nossa intolerância.
Diz‐se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a desigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de discernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido de preconceito).
Estamos vivendo uma época em que a bandeira da discriminação se apresenta em seu sentido mais positivo: trata‐se de aplicar políticas afirmativas para promover aqueles que vêm sofrendo discriminações históricas. Mas há, por outro lado, quem veja nessas propostas afirmativas a forma mais censurável de discriminação...
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É o caso das cotas especiais para vagas numa universidade ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido positivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do dicionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(Aníbal Lucchesi, inédito)
05. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar debates confirma‐se, no texto, pelo fato de que o verbete discriminar
(A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso inúmeras controvérsias entre os usuários.
(B) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido principal, que não é reconhecido por todos.
(C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se costuma atribuir a esse vocábulo.
(D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de determinar a origem de um vocábulo.
(E) desdobra‐se em acepções contraditórias que correspondem a convicções incompatíveis.
06. Diz‐se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a desigualdade.
Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra:
(A) Os homens são desiguais porque foram tratados com o mesmo critério de igualdade.
(B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de um mesmo critério para casos muito diferentes.
(C) Quando todos os desiguais são tratados desigualmente, a desigualdade definitiva torna‐se aceitável.
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sempre tratar os iguais como se fossem desiguais.
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais que os injustiçados são sempre os mesmos.
07. Considerando‐se o contexto, traduz‐se adequadamente o sentido de um segmento em:
(A) iluminar teses controvertidas (1o parágrafo) = amainar posições dubitativas.
(B) um preciso discernimento (2o parágrafo) = uma arraigada dissuasão.
(C) disseminar o juízo preconcebido (2o parágrafo) = dissuadir o julgamento predestinado.
(D) a forma mais censurável (3o parágrafo) = o modo mais repreensível.
(E) As acepções são inconciliáveis (3o parágrafo) = as versões são inatacáveis.
08. Está correto o emprego da expressão sublinhada em:
(A) Os dicionários são muito úteis, sobretudo para bem discriminarmos o sentido das palavras em cujas resida alguma ambiguidade.
(B) O texto faz menção ao famoso caso das cotas, pelas quais muitos se contrapuseram por considerá‐las discriminatórias.
(C) Por ocasião da defesa de políticas afirmativas, com as quais tantos aderiram, instaurou‐se um caloroso debate público.
(D) Um dicionário pode oferecer muitas surpresas, dessas em que não conta quem vê cada palavra como a expressão de um único sentido.
(E) Esclarece‐nos o texto as acepções da palavra discriminação, pela qual se expressam ações inteiramente divergentes.
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TEXTO 4
(TÉCNICO TJ‐PE)
Atenção: Para as questões de números 01 a 03, considere o texto que segue.
05 10 15 20 25 30
A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação a outra se dá de maneira particular; e a parte do “natural” e do “artificial” também varia, assim como mudam as 10 modalidades do seu arranjo.
Podemos admitir que a história do meio geográfico pode ser grosseiramente dividida em três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico‐científico‐informacional.
Alguns autores preferirão falar de meio pré‐técnico em lugar de meio natural. Mas a própria ideia de meio geográfico é inseparável da noção de técnica. Para S. Moscivici (1968), as condições do trabalho estão em relação direta com um modo particular de constituição da natureza, e a inexistência de artefatos mais complexos ou de máquinas não significa que uma dada sociedade não disponha de técnicas. Estamos, porém, reservando a apelação de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas, já que estas, unidas ao solo, dão uma toda nova dimensão à respectiva geografia. Quanto ao meio técnico‐científico‐informacional é o meio geográfico do período atual, onde os objetos mais proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se servem de uma técnica informacional da qual lhes vem o alto coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas modalidades e às diversas etapas da produção.
(Milton Santos. A natureza do espaço: espaço e tempo; razão e emoção. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 1999. p. 186 e 187)
01. No texto, o autor
(A) evidencia seu desacordo com os estudos da história das chamadas relações entre sociedade e natureza, por considerar esses dois polos naturalmente inconciliáveis.
(B) defende que o progresso de uma sociedade se mede pela interferência cada vez mais intensa de instrumentos no meio em que se vive.
(C) adverte para o caráter altamente singular tanto do modo como cada agrupamento humano está numa também singular natureza, como do modo como age sobre ela.
(D) reluta em acatar a clássica divisão da história do meio geográfico em três estágios, porque, sendo essa tripartição pouco refinada, impede teorização aceitável.
(E) aponta as diversas modalidades de agrupamentos sociais como dificuldade relevante para a configuração de um meio menos natural, isto é, tecnicamente mais adequado.
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02. É correto afirmar:
(A) O futuro do presente simples preferirão (linha 15) foi empregado para exprimir, com valor de presente, uma probabilidade sobre o fato mencionado.
(B) Se o autor estivesse tratando de "meios", a forma da expressão teria de ser "meios pré‐técnico".
(C) A conjunção Mas (linha 16), em vez de, como usualmente, introduzir oração que denota restrição ao que foi dito anteriormente, indica apenas que se vai passar para outro assunto diferente, como em “Corrupção é o tema do dia, mas vou falar de amizade”.
(D) Compreende‐se que o autor, em sua abordagem, não estabelece distinção entre “técnicas” e “artefatos”, sejam estes mais complexos ou menos complexos.
(E) O segmento a própria ideia de meio geográfico é inseparável da noção de técnica (linhas 16 e 17) equivale a “o apropriado conceito de meio geográfico prescinde da noção de técnica”.
03. Estamos, porém, reservando a apelação de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas, já que estas, unidas ao solo, dão uma toda nova dimensão à respectiva geografia.
Considerada a frase acima, em seu contexto, afirma‐se com correção:
(A) O emprego de Estamos evidencia inquestionavelmente que o autor fala em nome do grupo de pesquisadores que adota a expressão meio técnico para designar a fase posterior à invenção e ao uso das máquinas.
(B) Substituindo reservando a apelação por “nomeando”, o segmento manteria a correção e o sentido originais com a formulação “nomeando de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas".
(C) O pronome estas retoma a invenção e as máquinas.
(D) A expressão unidas ao solo exprime a circunstância que determina a existência da nova dimensão citada.
(E) O termo respectiva sinaliza que se trata da geografia já citada no texto.
TEXTO 5
(TCE‐AP ANALISTA) Atenção: As questões de números 01 a 04 referem‐se ao texto abaixo.
05 10 15
Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz presente, deparamo‐nos repetidas vezes com a palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna seu significado evidente. Ao contrário, o fato de admitir vários empregos deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem de eventos. Assim, pode‐se dizer que, contemporaneamente, a palavra cidadania atende bastante bem a um dos usos possíveis da linguagem, a comunicação, mas caminha em sentido inverso quando se trata da cognição, do uso cognitivo da linguagem. Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido?
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Uma resposta possível a essa indagação começaria por reconhecer que há considerável avanço da agenda igualitária no mundo e, decorrente disso, a valorização sem precedentes da ideia de direitos. De fato, tornou‐se impossível conceber formas contemporâneas de interação entre indivíduos ou grupos sem que a referência a direitos esteja pressuposta ou mesmo vocalizada. Direitos, por isso, sustentam uma espécie de argumentação pública permanente, a partir da qual os atores sociais agenciam suas identidades e tentam ampliar o escopo da política de modo a abarcar suas questões. Tais atores constroem‐se, portanto, em público, pressionando o sistema político a 30 reconhecer direitos que julgam possuir e a incorporá‐los à agenda governamental.
(Maria Alice Rezende de Carvalho. “Cidadania e direitos”. In: Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 104)
01. No texto, a autora
(A) censura a mídia, os políticos e os publicitários, em geral, por produzirem mensagens redundantes e pouco precisas no que se refere ao emprego da palavra “cidadania”, com o que deturpam o conceito a que ela remete.
(B) comenta o uso pouco criterioso da palavra “cidadania”, fato que, por conta da impropriedade, prejudica a compreensão de mensagens formuladas no padrão culto da linguagem.
(C) aponta a diversidade de atores sociais como responsável pela alteração do sentido original da palavra “cidadania”, fato determinante de que, na contemporaneidade, se lhe atribua sentido oposto ao etimologicamente reconhecido.
(D) expressa opinião sobre o modo de ocorrência da palavra “cidadania”, oportunidade de evidenciar que a alta frequência de uso de uma palavra não implica que esteja assegurada a adequada percepção do fenômeno que ela nomeia.
(E) indaga sobre o que ocorre com a palavra “cidadania”, tomando‐a como exemplo da típica atitude contemporânea no que se refere à linguagem − reprovável descuido quanto aos distintos contextos de uso de vocábulos −, foco este de sua reflexão.
02. No segundo parágrafo do texto,
(A) levanta‐se a hipótese de a agenda igualitária chegar a conquistar avanços expressivos no mundo todo, quando, então, serão devidamente valorizados os direitos da cidadania.
(B) está sugerido que os direitos humanos são concedidos de modo diferenciado na dependência de se fazerem presentes de modo implícito ou explícito.
(C) elege‐se uma proposição que se toma como um princípio a partir do qual se pode deduzir um determinado conjunto de consequências, que explicariam o uso reiterado da palavra “cidadania”.
(D) argumenta‐se a favor de que a luta pelos direitos deve dar‐se tanto no âmbito individual, quanto no coletivo, visto que, de fato, a interação humana se dá tanto entre indivíduos, quanto entre grupos.
(E) detalha‐se, na tentativa de responder de modo consistente à pergunta proposta no parágrafo anterior, o modo equivocado como se dá a interação entre os atores sociais e o sistema político.
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03. Afirma‐se com correção:
(A) (linhas 1 a 5) Os termos que compõem a sequência inicial do texto estão todos citados sob a mesma perspectiva, a da completa determinação.
(B) (linhas 5 e 6) Se a frase Esse largo uso, porém, não torna seu significado evidente fosse organizada de maneira distinta, a formulação “Seu significado não se torna evidente, mas seu uso é amplo” preservaria a correção e o sentido originais, considerado o contexto.
(C) (linha 8) O modo como o segmento que sucede a isto é está redigido comprova que a expressão introduz um típico verbete de dicionário.
(D) (linhas 10 a 11) O segmento a palavra cidadania atende bastante bem a um dos usos possíveis da linguagem teria seu sentido e correção preservados em “Da palavra cidadania pode‐se dizer que não é nada mal o seu atendimento a um dos usos possíveis da linguagem”.
(E) (linhas 13 a 15) Variante da redação da autora, a frase “Então, se o seu significado é tão pouco
esclarecido, a palavra “cidadania” é constantemente evocada por quê?”, está em conformidade com o padrão culto escrito e preserva o sentido do enunciado original
04. Considere as assertivas abaixo.
I. (linhas 10 e 11) O segmento a palavra cidadania atende bastante bem a um dos usos possíveis da linguagem, a comunicação traz não só uma informação explícita sobre a linguagem, mas também uma subentendida.
II. (linhas 14 a 16) Em Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido?, o segmento introduzido pelo se exprime uma condição.
III. (linhas 20 a 24) Em De fato, tornou‐se impossível conceber formas contemporâneas de interação entre indivíduos ou grupos sem que a referência a direitos esteja pressuposta ou mesmo vocalizada, o segmento destacado em negrito exprime uma condicionante do ato indicado no segmento sublinhado.
O texto abona o que consta em
(A) I e II, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
Atenção: As questões de números 05 a 06 referem‐se ao texto que segue.
05
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Convenhamos que não é fácil saber o que fazer com as cinzas de um parente que optou por ser cremado. Apenas quando o defunto já deixa escolhido o local onde gostaria de se evaporar, a dificuldade é pouca e se resume a uma questão de logística. Afinal, nem sempre cenários da natureza espetacular como as Cataratas do Iguaçu, o Pico do Jaraguá, a Chapada Diamantina, o Cristo Redentor ou os braços de Iemanjá em mar aberto são acessíveis aos encarregados do luto.
Chega agora dos Estados Unidos uma solução alternativa, embora essencialmente voltada para o mercado americano: sua exportação mundo afora ainda é duvidosa. Os dois fundadores da empresa responsável pela inovação, com sede em Stockton, no estado do
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Alabama, parecem conhecer o consumidor que procuram. “O mais frequente é uma urna com as cinzas do ente querido ficar zelosamente guardada na casa do pranteado por um bom tempo. Com o passar dos anos, porém, a urna migra da sala para o sótão. E, quando, anos mais tarde, a casa é vendida, não raro alguém lembra, penalizado, que as cinzas foram deixadas para trás”, explica Thad Holmes, que também é agente de proteção ambiental.
(Adaptado de “As almas vão rolar”, chegada. Piauí 62, novembro 11, p. 8)
05. Em seu texto, o autor
(A) busca a adesão do leitor sugerindo estrategicamente que todos podem estar sujeitos à mesma situação familiar aflitiva.
(B) anuncia a novidade e, apoiando‐se nas informações do responsável pela “solução alternativa”, a detalha rigorosamente para o leitor.
(C) trata com absoluta reverência o assunto da matéria, o que motiva o emprego de linguagem formal, vocabulário técnico e comentários sem qualquer marca de subjetividade.
(D) descreve a complexidade que deriva da morte de um parente e, para dar a entender a dimensão dos problemas envolvidos, resume‐os na expressão uma questão de logística.
(E) insinua que a novidade americana não estar acessível à exportação é fato deplorável, dado que ela atende a situação comum a todos, entendimento seu evidenciado pelo uso de Convenhamos.
06. É legítimo afirmar que, na matéria que noticia a novidade,
(A) (linha 11) a palavra embora estabelece conexão entre duas orações de sentido dessemelhante, determinando que, a verificar‐se um dos fatos mencionados, o outro deixará de se cumprir.
(B) (linha 12) a observação da relação lógica entre os segmentos da frase em que se encontram os dois pontos permite deduzir que esse sinal de pontuação está incorretamente empregado.
(C) (linha 14) o segmento com sede em Stockton equivale a “cuja a sede é em Stockton”.
(D) (linha 15) a expressão o consumidor remete obrigatoriamente ao tipo de cliente desejado pela empresa: aquele que, cauteloso, deixa estabelecido todo o procedimento do seu próprio funeral.
(E) (linhas 12 a 15) o autor revela cautela ao avaliar o conhecimento dos dois fundadores da empresa responsável pela inovação, no que se refere aos consumidores que objetivam conquistar.
Atenção: Para responder às questões de números 07 e 08, considere o texto abaixo.
“O mais frequente é uma urna com as cinzas do ente querido ficar zelosamente guardada na casa do pranteado por um bom tempo. Com o passar dos anos, porém, a urna migra da sala para o sótão. E, quando, anos mais tarde, a casa é vendida, não raro alguém lembra, penalizado, que as cinzas foram deixadas para trás”, explica Thad Holmes, que também é agente de proteção ambiental
07. Sobre o que se tem no excerto acima transcrito, a única afirmação INCORRETA é:
(A) A referida migração da sala para o sótão exprime que o respeito inicial pelas cinzas, com o tempo, sofre um rebaixamento.
(B) O emprego das formas verbais no presente do indicativo confirma que os estados ou ações referidos são considerados constantes, constituindo‐se como espécie de conduta regular.
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(C) O segmento E, quando, anos mais tarde, a casa é vendida sugere que o destino da casa de um morto é bastante previsível.
(D) O emprego de pranteado faz entender que o morto é pessoa de reconhecida ação social, que, por conta disso, recebeu algum título ou outra honraria.
(E) O fato de citar‐se que Thad Holmes também é agente de proteção ambiental possibilita a expectativa de que surja posteriormente algum comentário relacionado ao meio ambiente.
08. Se alguém quisesse relatar, com discurso próprio, algo do que Thad Holmes esclareceu na passagem acima, estaria se expressando corretamente assim:
(A) Thad Holmes explica que, por ocasião de a casa ser vendida, passados anos de a urna ter migrado da sala para o sótão, alguém certamente lembrará, penalizado, que as cinzas foram deixadas para trás.
(B) Thad Holmes explica que: Com o passar dos anos, porém, a urna migra da sala para o sótão, para, anos mais tarde, ser vendida.
(C) Thad Holmes explicou que, quando anos mais tarde, a casa foi vendida, não raro alguém lembrou que as cinzas foram deixadas para trás.
(D) Explica Thad Holmes − “O mais frequente é uma urna com as cinzas do ente querido ficar zelosamente guardada na casa do pranteado por um bom tempo”, e acrescenta que a urna, com o passar do tempo, migrou da sala para o sótão.
(E) Explica Thad Holmes que alguém sempre lembra, penalizado, que as cinzas são deixadas para trás, isso quando a casa é vendida anos mais tarde, passando anos em que a urna migra da sala para o sótão.
TEXTO 6
(TÉCNICO TRE‐CE)
Atenção: As questões de números 01 a 04 baseiam‐se no texto abaixo.
Os jogos preservam o aspecto mais sutil da cultura. Com as artes, técnicas, ciências, religiões, eles indicam o refinamento ou o atraso de uma sociedade, com frutos políticos imediatos. É impensável a democracia ateniense sem as maneiras de exercitar o corpo e a mente praticadas pelos jovens guerreiros, depois cidadãos soberanos. A ética, disciplina hoje confundida com um sistema abstrato de valores, na Grécia começava no aprimoramento corporal. Para enfrentar os inimigos, ou deles fugir com honra, era necessário bem usar o corpo. A postura correta na batalha, que se aprendia na tenra idade, decidia a vitória. Com o tempo, o que era somático foi traduzido (por metáfora) à mente. A pessoa que aprendeu a bem jogar com o corpo e a alma tem condições éticas de exercer a cidadania com maior vigor.
Os jogos servem, desde longa data, para pensar fenômenos complexos como a guerra, a economia, a política. No século XVII, em que a razão de Estado se firmou, Blaise Pascal reconstruiu, a partir do jogo, a moralidade, a política, a teologia. Só Deus joga com absoluta certeza. E ganha sempre. No caso humano, tudo é incerto, sobretudo no campo das leis e da política. Tal antropologia, que hoje volta a ser assunto de interesse filosófico e político, é nuclear na história do pensamento moderno. Nela, importa a ideia do cálculo como elemento básico da política, plataforma da razão de Estado. O governante que sabe calcular as suas oportunidades e as de seus inimigos tem condições de, pelo menos, desrespeitar sem muitos prejuízos as regras normais da diplomacia ou de política interna.
Não por acaso Raymond Aron compara o trato internacional à estrutura do football association. Em primeiro plano, é preciso ver quantos jogadores são necessários, quais meios lícitos são facultados. Depois vem o modo pelo qual eles se distribuem em campo, como unem esforços e desarticulam o adversário. Tais
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pontos são primários. Ademais, temos o virtuosismo técnico e a qualidade moral dos jogadores, que não raro decidem campeonatos. Finalmente, o árbitro interpreta as regras e aplica as penalidades.
À diferença do futebol, diz Aron, as relações internacionais, movidas pelas armas e pela diplomacia, não são determinadas com precisão. Sua complexidade aumenta no acúmulo de interesses e na vontade de predomínio que nenhum estado pode abandonar, pois ali residem a segurança e a sobrevivência para seu povo. É nesse ponto que, julgo, o grande pensador deixa de lado um elemento vital do futebol e do jogo político. Penso na torcida e nos sócios dos clubes. E nos militantes que asseguram a força das agremiações políticas. Sem torcedores não existe futebol. Sem militância, somem os coletivos dedicados à ordem pública.
(Roberto Romano. O Estado de S. Paulo, A2, Espaço Aberto, 5 de março de 2011, com adaptações)
01. É correto afirmar:
(A) Os dois autores citados defendem opiniões divergentes quanto às condições em que se desenvolvem as relações entre governantes na defesa dos interesses de suas nações, concordando apenas em que esses governantes possam apelar tanto para a guerra quanto para a diplomacia.
(B) A preparação, essencial para a disputa esportiva, torna‐se dispensável, por vezes, no jogo diplomático, devido às incertezas que cercam as relações entre os países na tentativa de auferir o maior número possível de vantagens.
(C) A incerteza que caracteriza habitualmente as ações humanas leva a um comprometimento das relações diplomáticas entre autoridades de diferentes nações, pois cada uma delas tem seus próprios interesses, que devem ser defendidos a qualquer preço.
(D) O desenvolvimento do assunto se faz pela associação entre jogos e política, com seus recursos e técnicas, levando‐se ainda em conta o acaso que rege os múltiplos interesses dos envolvidos na situação a ser decidida.
(E) A imprecisão que permeia as tensões existentes nas relações entre países e os interesses imediatos de seus governantes compromete a dinâmica do jogo político que, diferentemente do futebol, não se atém a regras predeterminadas.
02. Fica evidente uma opinião do próprio autor do texto ao
(A) considerar a relatividade das decisões obtidas pela diplomacia nas negociações entre países, devido às incertezas que cercam o comportamento humano.
(B) assinalar a importância do coletivo, representado pelos torcedores, no caso do futebol, e pela militância, no jogo político.
(C) constatar que as regras que norteiam o andamento de um jogo de futebol podem e devem ser aplicadas ao funcionamento do jogo político internacional.
(D) reconhecer os valores da democracia ateniense baseados nos embates esportivos, que exigiam preparo físico e mental dos jovens.
(E) aceitar as razões de alguns autores que veem íntima correlação entre as regras do futebol e as normas que regulam os acordos diplomáticos.
03. As duas últimas afirmativas do texto constituem
(A) síntese conclusiva das ideias expostas no parágrafo.
(B) realce das considerações sobre o valor dos jogos na Grécia antiga.
(C) retomada das ideias do autor citado no parágrafo.
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(D) apresentação de argumentos contrários ao contexto.
(E) constatação de que as regras esportivas se refletem no jogo político.
04. No 2º parágrafo defende‐se a seguinte ideia:
(A) Um governante não só pode, como deve, lançar mão de todos os recursos à sua disposição, mesmo que tragam eventuais prejuízos às relações entre países com interesses mútuos.
(B) O pensamento moderno se apoia em uma concepção política de base religiosa, que pressupõe convicção na perfeição divina, e inevitavelmente toma as decisões sempre mais acertadas.
(C) A presença do corpo diplomático, necessário para a construção de um jogo político com resultados satisfatórios para as nações envolvidas, tornou‐se atualmente elemento básico para os governantes.
(D) Torna‐se necessária e aceitável, muitas vezes, a imposição de convicções com uso da força, no caso de não haver possibilidade de consenso entre os governantes envolvidos no jogo diplomático.
(E) O governante, movido por razões de Estado, deve estar preparado para calcular as melhores possibilidades de ganho para seu país ao tomar suas decisões políticas.
Atenção: A questão de número 05 baseia‐se no texto abaixo.
Numa dessas anotações que certamente contribuíram para lhe dar a reputação de grande fotógrafo da existência humana em sua época, Stendhal observou que a Igreja Católica aprendeu bem depressa que o seu pior inimigo eram os livros. Não os reis, as guerras religiosas ou a competição com outras religiões; isso tudo podia atrapalhar, claro, mas o que realmente criava problemas sérios eram os livros. Neles as pessoas ficavam sabendo coisas que não sabiam, porque os padres não lhes contavam, e descobriam que podiam pensar por conta própria, em vez de aceitar que os padres pensassem por elas. Abria‐se para os indivíduos, nesse mesmo movimento, a possibilidade de discordar.
Para quem manda, não pode haver coisa pior − como ficou comprovado no caso da Igreja, que foi perdendo sua força material sobre países e povos, e no caso de todas as ditaduras, de ontem, de hoje e de amanhã. Stendhal estava falando, na sua França de 200 anos atrás, de algo que viria a evoluir, crescer e acabar recebendo o nome de "opinião pública". Os livros ou, mais exatamente, a possibilidade de reproduzir de forma ilimitada palavras e ideias foram a sua pedra fundamental.
(J.R.Guzzo. Veja, 3 de agosto de 2011, p. 142)
05. Segundo o texto,
(A) a livre e ampla divulgação do conhecimento resulta naquilo que se entende por "opinião pública", reflexo do acesso à informação e do desenvolvimento do espírito crítico.
(B) Stendhal foi o criador do termo "opinião pública", para se referir à atuação da Igreja Católica na França quanto ao controle da divulgação do conhecimento, o que em sua época era feito pelos padres.
(C) a grande força da Igreja Católica, em todos os tempos e lugares, se deve à educação esmerada recebida pelos padres, única fonte do conhecimento transmitido aos fiéis.
(D) a competição pelo poder é marcada, há alguns séculos, pela oposição entre valores políticos, relativos aos reis, e religiosos, especialmente quanto à atuação da Igreja Católica em todo o mundo.
(E) escritores de todas as épocas, como Stendhal, aprofundaram‐ se na discussão de problemas da sociedade de seu tempo e, por consequência, voltaramse para a análise do poder que a Igreja sempre manteve sobre os governantes.
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TEXTO 7
(TÉCNICO TRT 11°)
Atenção: As questões de números 01 a 02 referem‐se ao texto seguinte.
A Amazônia, dona de uma bacia hidrográfica com cerca de 60% do potencial hidrelétrico do país, tem a chance de emergir como uma região próspera, capaz de conciliar desenvolvimento, conservação e diversidade sociocultural. O progresso está diretamente ligado ao papel que a região exercerá em duas áreas estratégicas para o planeta: clima e energia. Não se trata de explorar a floresta e deixar para trás terra arrasada, mas de aproveitar o valor de seus ativos sem qualquer agressão ao meio ambiente. Para isso, basta que o Brasil seja capaz de colocar em prática uma ampla e bem‐sucedida política socioambiental, a exemplo do que faz a indústria cosmética nacional, que seduziu o mundo com a biodiversidade brasileira. É marketing e é conservacionismo também.
Segundo o pesquisador Beto Veríssimo, fundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a floresta é fundamental para a redução global das emissões de gases de efeito estufa. "O Brasil depende da região para produzir mais energia e não sou contra a expansão da rede de usinas aqui, mas é preciso cautela, para não repetir erros do passado, quando as hidrelétricas catalisaram ocupação desordenada, conflitos sociais e desmatamentos. Enfrentar o desmatamento da Amazônia é crucial para o Brasil."
(Trecho de Diálogos capitais. CartaCapital, 7 de setembro de 2011, p. 46)
01. No último parágrafo, o pesquisador
(A) lamenta o fato de ser necessário desmatar a floresta para criar condições mais favoráveis para a Amazônia, especialmente quanto ao fornecimento de energia elétrica.
(B) aponta para as dificuldades que surgirão com os novos projetos de construção de usinas hidrelétricas na região amazônica.
(C) defende a construção de novas usinas, por trazerem benefícios para toda a região, ainda que seja necessário desmatar grandes áreas de floresta.
(D) alerta para a necessidade de um planejamento de ações, para evitar, como já têm acontecido, fatos comprometedores do desenvolvimento sustentável da Amazônia.
(E) constata que, apesar da abundância de recursos hídricos na região amazônica, é inaceitável seu aproveitamento com a construção de novas usinas hidrelétricas.
02. É marketing e é conservacionismo também. (final do 1o parágrafo)
O exemplo referente à indústria de cosméticos retoma em linhas gerais a ideia contida em:
(A) O progresso está diretamente ligado ao papel que a região exercerá em duas áreas estratégicas para o planeta: clima e energia.
(B) ... mas de aproveitar o valor de seus ativos sem qualquer agressão ao meio ambiente.
(C) O Brasil depende da região para produzir mais energia ...
(D) ... quando as hidrelétricas catalisaram ocupação desordenada, conflitos sociais e desmatamentos.
(E) Enfrentar o desmatamento da Amazônia é crucial para o Brasil.
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Atenção: As questões de números 03 a 06 referem‐se ao texto seguinte.
Na reunião em que foi eleito diretor‐geral da Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) da ONU, o ex‐ministro brasileiro José Graziano da Silva assegurou − com sua experiência de gestor do programa de combate à fome entre nós − que esta será sua prioridade: enfrentar esse problema no mundo, para que até 2015 o número de carentes de alimentos no planeta, hoje em torno de 1 bilhão, se reduza à metade. "É o desafio do nosso tempo", disse na ocasião o ex‐secretário da ONU, Kofi Anan, lembrando que um dos complicadores dessa questão, "o protecionismo dos ricos" à sua produção de alimentos, só tem aumentado. E isso quando a própria FAO alerta que os preços desses produtos continuarão a subir nos próximos dez anos. E que a produção precisará crescer 70% até 2050, para alimentar os 9,2 bilhões de pessoas que estarão no mundo nessa época. Ele alertou também para os crescentes compra e arrendamento de terras em outros países, por especuladores de fundos de alto risco de países industrializados.
Tudo acontece num cenário paradoxal. Um relatório da própria FAO assegura que um terço dos alimentos produzidos no mundo, cerca de 1,3 bilhão de toneladas anuais, se perde ou é desperdiçado. Os consumidores ricos desperdiçam 222 milhões de toneladas de frutas e hortaliças − tanto quanto a produção de alimentos na África.
E assim vamos no mundo dos paradoxos. A produção de alimentos cresce, sobem os preços, "commodities" transformam‐se em garantia para investimentos, juntamente com a compra de terras em países mais pobres. Mas não se consegue sair de perto do número terrível de 1 bilhão de famintos no planeta, 40% da humanidade, vivendo abaixo da linha de pobreza.
(Trecho com adaptações do artigo de Washington Novaes. O Estado de S. Paulo, A2, Espaço Aberto, 1 de julho de 2011)
03. A ideia central do texto está explicitada em:
(A) O aumento do número de famintos nas regiões pobres do planeta exige atitudes de autoridades em relação ao comércio mundial de alimentos.
(B) A especulação econômica em torno de terras nos países em desenvolvimento põe em risco a produção de alimentos.
(C) A ação prioritária da FAO, órgão da ONU, estará voltada para a redução do número de pessoas que passam fome em todo o mundo.
(D) O aumento dos preços de alimentos decorrente da busca de lucros pelos países mais ricos agrava a fome em todo o planeta.
(E) O desperdício de alimentos, principalmente nos países ricos, é a razão primeira do aumento de preços em países mais pobres.
04. O cenário paradoxal a que o autor alude no 2o parágrafo se estabelece entre
(A) o desperdício de alimentos nos países mais ricos e o incremento do comércio mundial, para atender a toda a população no planeta.
(B) a proteção dos países ricos aos seus estoques de alimentos e o aumento da produção em todo o mundo, alavancada por altos investimentos no setor agrícola dos países mais pobres.
(C) a especulação em torno da posse de terras para a agricultura nos países mais pobres e o protecionismo dos ricos à produção de alimentos, para controlar a alta dos preços no mercado internacional.
(D) a produção de alimentos nos países mais ricos que só cresce, em razão dos enormes investimentos no setor, e a luta dos países mais pobres para superar a falta de tecnologia na agricultura.
(E) o crescimento econômico e até mesmo o da produção de alimentos e os efeitos da fome que atinge grande parte da população mundial, que vive em extrema pobreza.
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05. O comentário colocado entre os travessões no 1o parágrafo destaca a
(A) informação que perde validade diante da constatação pela FAO do número de famintos no planeta.
(B) importância das diversas funções dos especialistas ligados às atividades da FAO.
(C) escolha de um novo diretor‐geral para a FAO, em razão da crise de alimentos no mundo.
(D) qualificação de quem traça a meta a ser perseguida pela FAO.
(E) repetição de dados para realçar a amplitude de ações da FAO.
06. E isso quando a própria FAO alerta que os preços desses produtos continuarão a subir nos próximos dez anos. E que a produção precisará crescer 70% até 2050, para alimentar os 9,2 bilhões de pessoas que estarão no mundo nessa época. (1o parágrafo)
Considerando‐se a maneira como o autor inicia o segmento transcrito acima, é correto deduzir que se trata de
(A) crítica ao posicionamento dos países ricos, que vem dificultando tanto a oferta mundial de alimentos quanto sua aquisição por preços mais baixos.
(B) observação que se justifica pela busca de menores preços em um mercado de alimentos sempre sujeito à concorrência entre países produtores e países importadores.
(C) certeza de que a atuação da FAO vem sendo determinante para manter o equilíbrio da oferta no mercado de alimentos, apesar do constante e progressivo aumento de preços.
(D) conclusão de que a procura por terras destinadas à produção de alimentos nos países mais pobres poderá ajudar a reduzir o número de famintos no mundo.
(E) constatação de que o desafio existente em torno do necessário aumento da produtividade agrícola no mundo todo será de difícil resolução para a FAO.
Atenção: As questões de números 07 a 08 referem‐se ao texto seguinte.
Ainda que existam estudos modernos levantando a hipótese de que a tragédia grega teria tido sua origem em rituais fúnebres, danças mímicas de atores mascarados em homenagem a heróis mortos, a tese geralmente aceita é a de que nasceu dos cultos a Dionísios, deus do vinho e da fertilidade, das fontes da vida e do sexo.
Duas figuras merecem atenção na fase primitiva do teatro grego: um tirano, Pisístrato, e um ator, Téspis.
O primeiro oficializou o culto a Dionísios, mandou organizar as festas dionisíacas urbanas e chamou Téspis para promovê‐las anualmente. De forma competitiva, passaram a ser realizadas durante seis dias na primavera. Para muitos, Téspis foi o primeiro ator. E também o responsável por transformações decisivas na libertação da dramaturgia das amarras da poesia.
Aristóteles deixou‐nos o primeiro documento básico de teoria teatral: Poética, dissecando a estrutura da tragédia e da comédia, caracterizando os gêneros e suas diferenças, explicando suas origens e analisando seus elementos. Estudando a poesia dramática em relação à lírica e à épica, acentua seu significado estético, cívico e moral. Para Aristóteles a arte é imitação da natureza; o drama é a imitação de ações, tendo por objetivo provocar compaixão e terror. A identificação do público com os personagens coloca o primeiro em estado de êxtase e assim poderá atingir a purgação dessas emoções.
(Fragmento adaptado de Fernando Peixoto. O que é teatro, 4.ed., S.Paulo: Brasiliense, 1981, p.67 e 68)
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07. Segundo o autor, o surgimento da tragédia grega,
(A) que se pensava estar ligado a Dionísios, passou a ser creditado a Aristóteles, autor da Poética, em que expõe a sua teoria teatral.
(B) não obstante a recuperação de nomes como os de Pisístrato e Téspis, permanece ainda uma verdadeira incógnita.
(C) em consenso finalmente obtido entre os estudiosos, relaciona‐se aos cultos ao deus do vinho e das fontes da vida, Dionísios.
(D) em que pese a importância de Dionísios, tem sido com maior frequência vinculado aos rituais e encenações fúnebres em honra dos heróis.
(E) a despeito de divergência mais ou menos recente, costuma ser associado aos cultos a Dionísios, o deus do vinho e das fontes da vida.
08. O segmento cujo sentido está corretamente expresso em outras palavras é:
(A) dissecando a estrutura = aglutinando os elementos estruturais
(B) libertação da dramaturgia = extroversão dramática
(C) purgação dessas emoções = emancipação desses sentimentos
(D) compaixão e terror = piedade e pavor
(E) levantando a hipótese = auferindo a convicção
Atenção: A questão de número 09 refere‐se ao texto seguinte.
A ideia de uma dimensão humana da arte repousa numa concepção de humanidade que sofreu modificações ao longo do tempo. Não há muito, apenas o heroico, o mítico e o religioso eram admitidos na grande arte. A dignidade de um trabalho se media em parte pela importância de seu tema.
Com o tempo tornou‐se claro que uma cena da vida cotidiana, uma paisagem ou natureza morta poderiam constituir uma grande pintura tanto quanto uma imagem da história ou do mito. Descobriu‐se também que havia alguns valores profundos na representação de um motivo que não enfocasse o ser humano. Não me refiro apenas à beleza criada pelo domínio de forma e cor de que dispunha o pintor. A paisagem e a natureza morta também incorporavam a percepção emotiva do artista para com a natureza e as coisas, ou seja, a sua visão no sentido mais amplo. A dimensão humana da arte não está, portanto, confinada à imagem do ser humano. O homem também se mostra na relação com aquilo que o rodeia, nos seus artefatos e no caráter expressivo de todos os signos e marcas que produz. Esses podem ser nobres ou ignóbeis, alegres ou trágicos, passionais ou serenos. Podem ainda suscitar estados de espírito inomináveis, e mesmo assim, portadores de uma enorme força.
(Fragmento de Meyer Schapiro, A dimensão humana da pintura abstrata. Trad. Betina Bischot, S.Paulo: Cosac & Naify, 2001, p. 7 e 8)
09. Segundo o autor, ao longo do tempo a pintura passou a incorporar temas que
(A) não se relacionam de modo algum com o homem e com a figura humana, como se dá com as naturezas mortas e as paisagens.
(B) envolvem a história, a religião e o mito, mesmo que não estejam diretamente relacionados com o homem e com a figura humana.
(C) não tratam diretamente do homem ou de suas grandes questões, muito embora acabem sempre por revelar algo do que é propriamente humano.
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(D) trazem para o quadro cenas da vida cotidiana e paisagens naturais, a despeito de não propiciarem a realização de grandes obras de arte.
(E) sugerem a presença da figura humana no quadro tão somente pelo domínio que o pintor demonstra ao trabalhar com a forma e com a cor.
TEXTO 8
(INSS‐ TÉCNICO)
Atenção: A questão de número 01 baseia‐se no texto seguinte.
Em vida, Gustav Mahler (1860‐1911), tanto por sua personalidade artística como por sua obra, foi alvo de intensas polêmicas – e de desprezo por boa parte da crítica. A incompreensão estética e o preconceito antissemita também o acompanhariam postumamente e foram raros os maestros que, nas décadas que se seguiram à sua morte, se empenharam na apresentação de suas obras. Durante os anos 60, porém, uma virada totalmente inesperada levou a obra de Mahler ao início de uma era de sucessos sem precedentes, que perdura até hoje. Intérpretes conhecidos e pesquisadores descobriram o compositor, enquanto gravações discográficas divulgavam uma obra até então desconhecida do grande público.
Há uma série de fatores envolvidos na transformação de Mahler em figura central da história da música do século XX. A visão de mundo de uma geração mais jovem certamente teve influência central aqui: o dilaceramento interior de Mahler, seu interesse pelos problemas fundamentais da existência humana, seu pacifismo, seu engajamento contra a opressão social e seu posicionamento em favor do respeito à integridade da natureza – tudo isso se tornou, subitamente, muito atual para a geração que nasceu no pós‐guerra.
O amor incondicional de Mahler pela natureza sempre esteve presente em sua obra. O compositor dedicava inteiramente à criação musical os meses de verão, recolhendose em pequenas cabanas na paz dos Alpes austríacos. Em Steinbach, Mahler empreendia longas caminhadas que lhe proporcionaram inspiração para sinfonias.
Comparar a simplicidade espartana dessas casinhas com a enorme complexidade das obras ali criadas diz muito sobre a genialidade do compositor – e, sobretudo, sobre a real origem de sua musicalidade.
Totalmente abandonadas e esquecidas na Áustria no pós‐guerra, essas casinhas de Mahler hoje se transformaram em memoriais, graças à ação da Sociedade Internacional Gustav Mahler. O mundo onírico dos Alpes do início do século XX certamente voltará à memória de quem, tendo uma imagem desses despojados retiros musicais de Mahler, voltar a ouvir sua música grandiosa.
(Adaptado: Klaus Billand. Gustav Mahler: a criação de um ícone. Revista 18. Ano IV, n. 15, março/abril/ maio de 2006, p. 52‐53. Disponível em: <http.//www.cebrap.org.br/v1/upload/biblioteca_virtual/GIANNOTTI_Tolerancia%20maxima.pdf> Acesso
em: 22 dez. 2011)
01. Segundo o autor, o reconhecimento da grandeza artística de Mahler ao longo dos anos 60 deve‐se, em larga medida,
(A) à beleza única de suas obras, para a qual contribuíram largamente o amor incondicional do compositor pelos sons e pela musicalidade da natureza.
(B) à harmonia do conjunto de sua obra, que, por sua simplicidade intrínseca, pôde ser amplamente compreendida pelas gerações seguintes.
(C) ao advento de uma geração cujos valores, apesar da distância temporal, correspondiam aos defendidos pelo compositor.
(D) ao reconhecimento, ainda que tardio, de sua originalidade por maestros e grandes intérpretes da música clássica com quem o compositor convivera.
(E) à ação de organizações culturais que se dispuseram a divulgar a obra do compositor, mesmo correndo o risco de sofrer represálias por parte do público.
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TEXTO 9
(TCE‐SP)
Atenção: As questões de números 01 a 03 baseiam‐se no texto seguinte.
Quando se tem em conta que 50% do território nacional é ocupado pelo bioma Amazônia e que 60% do potencial elétrico do país ainda por aproveitar se localiza nessa área, pode‐se intuir as dificuldades que enfrenta a expansão da hidreletricidade no Brasil. De fato, a Amazônia é, de um lado, um bioma reconhecidamente sensível e de elevado interesse ambiental. De outro, constitui a fronteira hidrelétrica, ainda que nem todo o potencial lá existente venha a ser desenvolvido.
As questões que se contrapõem são basicamente duas:
1) Pode o país abrir mão de preservar a Amazônia, de cuidar soberanamente das suas fragilidades e de toda a riqueza de sua biodiversidade, e de deixar um legado de interesse para toda a humanidade?;
2) Pode o país abrir mão de uma vantagem competitiva relevante representada pela hidreletricidade, sendo esta uma opção energética limpa, renovável, barata e de elevado conteúdo nacional, o que significa baixa emissão de carbono, geração de empregos e dinamismo econômico doméstico?
Sem dúvida, não podemos abrir mão de nenhum dos dois objetivos. Análise rasa baseada em uma ótica ultrapassada, na qual projetos hidrelétricos provocam necessariamente impactos ambientais irrecuperáveis e não compensáveis, sugere que esse duplo objetivo é inatingível. Mas isso não tem de ser assim. Projetos hidrelétricos, quando instalados em áreas habitadas, podem constituir‐ se em vetores do desenvolvimento regional. Quando instalados em áreas não habitadas podem constituir‐se em vetores de preservação dos ambientes naturais.
Por óbvio, qualquer projeto hidrelétrico deve cuidar para que os impactos ambientais sejam mitigados e compensados. Conciliar as duas questões básicas é possível. Demanda inovação, novas soluções construtivas, esquemas operativos diferenciados, identificação de áreas a serem preservadas, responsabilização dos atores envolvidos, vontade política e ampla discussão da sociedade ‐ são esforços que podem ser feitos na direção de conciliar os imperativos de se preservar a Amazônia e desenvolver seu potencial elétrico.
Por fim, não é demais lembrar que renunciar a esse potencial significa decidir que a expansão do consumo de energia dos brasileiros será atendida por outras fontes, não necessariamente mais competitivas ou de menor impacto ambiental.
(Maurício Tolmasquim. CartaCapital, 7 de setembro de 2011. p.61, com adaptações)
01. Percebe‐se no texto
(A) concordância com a noção de que é necessário encontrar novas fontes energéticas na Amazônia, além das hidrelétricas, para atender à expansão do consumo.
(B) crítica a uma corrente que desconsidera a preservação do ambiente natural, o que, por sua vez, deveria tornar‐se meta prioritária, apesar da necessária geração de energia elétrica.
(C) defesa da construção de hidrelétricas na região amazônica, desde que sejam feitos estudos e tomadas medidas adequadas de preservação ambiental.
(D) preocupação em torno da eventual instalação de usinas hidrelétricas na região amazônica, que poderão comprometer a riqueza de sua biodiversidade.
(E) proposta de importantes medidas de preservação ambiental na Amazônia, com a substituição das hidrelétricas por outras fontes energéticas.
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02. Mas isso não tem de ser assim. (3° parágrafo) O pronome grifado acima refere‐se, considerado o contexto,
(A) às dificuldades que impedem a expansão da hidreletricidade no Brasil.
(B) aos múltiplos interesses contrários à manutenção da biodiversidade da região amazônica.
(C) aos vetores de desenvolvimento regional, com geração de empregos.
(D) à impossibilidade de aliar construção de hidrelétricas e preservação da Amazônia.
(E) a uma possível preferência por fontes alternativas de geração de eletricidade.
03. O sentido do último parágrafo se contrapõe, em linhas gerais, ao que foi afirmado em:
(A) ...60% do potencial elétrico do país ainda por aproveitar se localiza nessa área ...
(B) ...constitui a fronteira hidrelétrica, ainda que nem todo o potencial lá existente venha a ser desenvolvido.
(C) ...sendo esta uma opção energética limpa, renovável, barata e de elevado conteúdo nacional...
(D) ...projetos hidrelétricos provocam necessariamente impactos ambientais irrecuperáveis e não compensáveis
(E) a uma possível preferência por fontes alternativas de geração de eletricidade.
Atenção: As questões de números 04 e 05 baseiam‐se no texto seguinte.
Tememos o acaso. Ele irrompe de forma inesperada e imprevisível em nossa vida, expondo nossa impotência contra forças desconhecidas que anulam tudo aquilo que trabalhosamente penamos para organizar e construir. Seu caráter aleatório e gratuito rompe com as leis de causa e efeito com as quais procuramos lidar com a realidade, deixando‐nos desarmados e atônitos frente à emergência de algo que está além de nossa compreensão, que evidencia uma desordem contra a qual não temos recursos. O acaso deixa à mostra a assustadora falta de sentido que jaz no fundo das coisas e que tentamos camuflar, revestindo‐a com nossas certezas e objetivos, com nossa apreensão lógica do mundo. Procuramos estratégias para lidar com essa dimensão da realidade que nos inquieta e desestabiliza.
Alguns, sem negar sua existência, planejam suas vidas, torcendo para que ela não interfira de forma excessiva em seus projetos. Outros, mais infantis e supersticiosos, tentam esconjurá‐la, usando fórmulas mágicas. Os mais religiosos simplesmente não acreditam no acaso, pois crêem que tudo o que acontece em suas vidas decorre diretamente da vontade de um deus. Aquilo que alguns considerariam como a manifestação do acaso, para eles são provações que esse deus lhes envia para testar‐lhes sua fé e obediência.
São defesas necessárias para continuarmos a viver. Se a ideia de que estamos à mercê de acontecimentos incontroláveis que podem transformar nossas vidas de modo radical e irreversível estivesse permanentemente presente em nossas mentes, o terror nos paralisaria e nada mais faríamos a não ser pensar na iminência das catástrofes possíveis.
Entretanto, tem um tipo de homem que age de forma diversa. Ao invés de fugir do acaso, ele o convoca constantemente. É o viciado em jogos de azar. O jogador invoca e provoca o acaso, desafiando‐o em suas apostas, numa tentativa de dominá‐lo, de curválo, de vencê‐lo. E também de aprisioná‐lo. É como se, paradoxalmente, o jogador temesse tanto a presença do acaso nos demais recantos da vida, que pretendesse prendê‐lo, restringi‐lo, confiná‐lo à cena do jogo, acreditando que dessa forma o controla e anula seu poder.
(Trecho de artigo de Sérgio Telles. O Estado de S. Paulo, 26 de novembro de 2011, D12, C2+música)
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04. O 1º parágrafo do texto salienta a
(A) importância da racionalidade como diretriz para as ações humanas.
(B) fragilidade do ser humano diante das contingências fortuitas da vida.
(C) irracionalidade com que muitas pessoas procuram viver seu dia a dia.
(D) incompreensão geral em relação aos fatos mais comuns da vida humana.
(E) supremacia de atitudes lógicas diante de certos acontecimentos cotidianos.
05. O comportamento paradoxal do jogador, referido no último parágrafo, está no fato de
(A) ser ele um tipo de pessoa que age de modo inesperado diante do acaso.
(B) conviver com jogos de azar, mas desconsiderar todas as implicações trazidas pelo acaso.
(C) ser dominado pela expectativa de bons resultados advindos dos jogos de azar.
(D) temer excessivamente o acaso, porém buscar continuamente o convívio com sua imprevisibilidade.
(E) desafiar constantemente as surpresas do acaso, sem se dar conta de que se trata de um vício.
Atenção: As questões de números 06 a 08 baseiam‐se no texto seguinte.
A biosfera, o nome que a ciência dá à vida, parece algo enorme, que se espalha por toda parte, que nos cerca por cima, por baixo, pelos lados, andando, voando e nadando. Pois toda essa única maravilha se espreme por sobre uma camada ínfima do planeta. Quão ínfima? Toda a vida da Terra está contida em 0,5% de sua massa superficial. Metade de 1%. O restante é rocha estéril recobrindo o núcleo de ferro incandescente.
Imagine uma metrópole do tamanho de São Paulo ou de Nova York totalmente deserta, quente demais ou fria demais para manter formas de vida, exceto por um único quarteirão.
A vida, ou a biosfera, torna‐se uma reserva ainda mais enclausurada e única, quando se sabe que nenhuma forma de vida, mesmo a mais primitiva, jamais foi detectada fora dos limites da Terra. Se toda a biosfera terrestre se mantém em uma parte ínfima do planeta, este por sua vez é um grão de areia. Sem contar o Sol, a Terra responde por apenas 1/500 da massa total do sistema solar. Essa bolhinha azul e frágil que vaga pelo infinito recebe agora seu habitante número 7 bilhões, reavivando a imorredoura questão sobre até quando a população mundial poderá crescer sem produzir um colapso nos recursos naturais do planeta.
A questão se impõe porque o crescimento no uso desses recursos forma uma curva estatística impressionante. A estimativa é de que, em 2030, será necessário o equivalente a duas Terras para garantir o padrão de vida da humanidade. As perspectivas mais sombrias sobre a sustentabilidade do planeta não levam em conta a extraordinária capacidade de recuperação da natureza − e a do próprio ser humano − para superar as adversidades. A Terra já passou por cinco grandes extinções em massa e a vida sempre voltou ainda com mais força. Enquanto se procuram soluções para o equilíbrio entre crescimento populacional e preservação de recursos, a natureza manda suas mensagens de socorro. A espaçonave Terra é uma generosa Arca de Noé, mas ela tem limites.
(Filipe Vilicic, com reportagem de Alexandre Salvador. Veja, 2 de novembro de 2011. p.130‐132, com adaptações)
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06. A afirmativa que resume corretamente o assunto do texto é:
(A) Apesar do crescimento no consumo dos recursos naturais da Terra, eles garantem a vida de seus 7 bilhões de habitantes, permanecendo a dúvida sobre até que ponto a população do planeta poderá aumentar sem que esses recursos entrem em colapso.
(B) Estudos científicos se voltam para a possível existência de vida fora da Terra, como alternativa para a sobrevivência do homem, em razão do crescimento do número de habitantes e do consequente esgotamento dos recursos naturais do planeta.
(C) O crescimento populacional deverá permitir maior conscientização a respeito da exploração sustentável dos recursos naturais do planeta, ainda que ocorra um inevitável aumento, em nível mundial, do consumo desses recursos.
(D) As grandes extinções por que a Terra já passou levam à conclusão de que, mesmo com os impactos causados pelo crescimento populacional, o planeta ainda se manterá em condições favoráveis à sobrevivência da espécie humana.
(E) A presença de 7 bilhões de habitantes espalhados por todo o globo terrestre mostra a vitalidade de um planeta que oferece recursos inesgotáveis à sua população, mesmo admitindo que eles não sejam explorados de forma consciente.
07. A espaçonave Terra é uma generosa Arca de Noé, mas ela tem limites.
A conclusão do texto permite depreender corretamente que:
(A) a natureza sempre consegue se recuperar do excesso de consumo decorrente da presença humana no planeta.
(B) deve sempre haver a esperança de sobrevivência na Terra, apesar de condições desfavoráveis que possam vir a ocorrer.
(C) estabelecer limites para a exploração dos recursos naturais do planeta pode colocar em perigo a sobrevivência da humanidade.
(D) defender a sustentabilidade do planeta nem sempre leva a soluções viáveis para os problemas relativos à exploração de suas reservas naturais.
(E) há razões para a preocupação com a sustentabilidade do planeta no sentido de evitar o esgotamento de suas reservas naturais.
08. Quão ínfima? (1o parágrafo)
Em relação à questão colocada acima, a afirmativa correta é:
(A) Até mesmo os cientistas são incapazes de respondê‐la, pois não conseguem comprovar as teorias sobre a origem da vida na Terra.
(B) A resposta está contida em alguns dados e na comparação com um único quarteirão das cidades citadas, relativamente à sua extensão.
(C) A referência às grandes cidades contém a explicação mais plausível para a dificuldade em definir cientificamente a extensão da biosfera.
(D) Percebe‐se que somente a massa superficial do planeta pode justificar as teorias sobre o surgimento da vida na Terra.
(E) A falta de dados conclusivos a respeito das condições de vida fora da Terra torna difícil a obtenção de uma resposta definitiva.
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(COMPLEMENTO DE INTERPRETAÇÃO) PALAVRAS DE DIFÍCIL GRAFIA
Espero que ele venha, mas, se não vier, pouco poderei fazer.
Se não gostar, pode devolver o produto.
Alguns são não só cínicos, senão desonestos. Silvinha não é garota de ficar em diversões, senão de levar a sério os estudos.
Em vez de ou ao invés de?
A expressão em vez de significa em lugar de.
A expressão ao invés de significa ao contrário de. Ele havia feito perguntas em sala ontem e, ___________o professor responder, passou para outro assunto. Alguns alunos, ao chegarem ao curso, irão sair de sala ___________ de entrar. A cerca de 100 anos, acentua‐se ainda mais as diferenças sociais em nosso país. Os conceitos de distribuição de renda tem de ser revistos para que se alcance a tão almejada igualdade. Até o momento, no entanto, isto não passa de uma utopia, um sonho distante que poucos acreditam. Infligir a lei em nosso país não implica em punição necessariamente. O conceito de justiça no Brasil torna‐se a cada dia que passa mais relativo enquanto a impunidade, a qual se alia a corrupção, acende vertiginosamente. A anos não se presenciava tantas agressões ao meio ambiente. O governo até o momento não interviu de forma significativa nesse problema. A anos não se presenciava tantas agressões ao meio ambiente. O governo até o momento não interviu de forma significativa nesse problema.
FALTA DE PARALELISMO Alguns alunos assistiram e gostaram da aula. Alguns alunos viram e entenderam a aula. Eles assistiram à aula e gostaram dela.
O aluno é ______ _______o professor. Os alunos são_______ _______o professor. Os alunos são_______ _______os professores. O aluno é_______ ________os professores.
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GABARITO
TEXTO 1
1‐C
2‐D
3‐D
TEXTO 2
1‐C
2‐B
3‐E
TEXTO 3
1‐C
2‐B
3‐E
4‐C
5‐E
6‐B
7‐D
8‐E
TEXTO 4
1‐C
2‐A
3‐D
TEXTO 5
1‐D
2‐C
3‐C
4‐C
5‐A
6‐E
7‐D
8‐A
TEXTO 6
1‐D
2‐B
3‐A
4‐E
5‐A
TEXTO 7
1‐D
2‐B
3‐C
4‐E
5‐D
6‐A
7‐E
8‐D
9‐C
TEXTO 8
1‐C
TEXTO 9
1‐C
2‐D
3‐D
4‐B
5‐D
6‐A
7‐E
8‐D