a atividade do ecoturismo como instrumento de preservação e conservação do meio ambiente
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5/20/2018 A Atividade Do Ecoturismo Como Instrumento de Preservao e Conservao Do Meio Ambiente
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WENDELL LIMA LOPES MEDEIROS
A ATIVIDADE DO ECOTURISMO COMO INSTRUMENTO DEPRESERVAO E CONSERVAO DO MEIO AMBIENTE
DIREITOPUC/SP
SO PAULO - SP2006
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WENDELL LIMA LOPES MEDEIROS
A ATIVIDADE DO ECOTURISMO COMO INSTRUMENTO DEPRESERVAO E CONSERVAO DO MEIO AMBIENTE
Dissertao apresentada BancaExaminadora da Pontifcia UniversidadeCatlica de So Paulo, como exignciaparcial para obteno do ttulo deMESTRE em Direitos Sociais, soborientao da Prof Doutora ConsueloYatsuda Moromizato Yoshida.
DIREITOPUC/SPSO PAULO - SP
2006
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A ATIVIDADE DO ECOTURISMO COMO INSTRUMENTO DEPRESERVAO E CONSERVAO DO MEIO AMBIENTE
WENDELL LIMA LOPES MEDEIROS
BANCA EXAMINADORA
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DEDICATRIA
Dedico a oportunidade desta realizao primeiramente a Deus, por ter me
permitido chegar at o presente momento com condies e capacidade para
desenvolver e concluir meus estudos, mesmo ante as dificuldades encontradas nocaminho, e por sempre me iluminar nos momentos difceis.
Dedico ainda, aos meus queridos pais, Neide e Eleonor, os quais, cada um
ao seu modo, foram amigos pacientes e principais incentivadores para que eu
pudesse seguir meu caminho em busca de minhas realizaes, bem como, por todo
o sacrifcio que fizeram em suas vidas para que eu pudesse me tornar uma pessoa
melhor e mais digna.
Tambm dedico este trabalho minha doce Caroline, luz da minha
existncia, companheira de todas as horas e essncia da minha vida, que segue
comigo por todos os meus dias compartilhando os bons e maus momentos que o
caminho nos revela.
Por fim, dedico este trabalho a toda minha famlia e amigos, bem como s
minhas grandes mestras que por extrema sabedoria e pacincia guiaram-me em
meus caminhos acadmicos: Rosana Siqueira Bertucci por ter despertado em mim ointeresse pelos Direitos Difusos e Coletivos, mas principalmente pela paixo pelo
estudo do Direito Ambiental, Regina Vera Vilas Boas cuja singeleza nos seus
ensinamentos nos induz a buscar cada vez mais o conhecimento necessrio, e
Consuelo Yatsuda Moromizato Yoshida cuja simplicidade e simpatia, no
compartilhamento de seus vastos conhecimentos, foram fundamentais para meu
engrandecimento por se tornar exemplo para mim enquanto operadora do direito.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo Prof Dr Consuelo Yatsuda Moromizato Yoshida, por sua
sabedoria e humildade no desempenho de suas funes de mestre, a qual encarna
uma amante das cincias jurdicas, qualidade que a torna mais do que umaprofessora no exato sentido em que visa compartilhar conhecimentos, tendo em
vista que no se limita apenas a ensinar, mas sim, estabelece uma relao de troca
mtua de conhecimento em seus ensinamentos sempre revestidos de entusiasmo e
dedicao, fazendo transparecer a satisfao em partilhar um pouco de sua vasta
sabedoria com aqueles que buscam o engrandecimento intelectual. Tambm, faz-se
necessrio agradecer pelo tempo e pacincia dispensados a este trabalho, tendo a
mesma exercido sua funo com total e indiscutvel competncia cuja caracterstica
ressaltada como uma de suas grandes qualidades.
Por fim, agradeo a todos os professores responsveis por minha formao
intelectual e profissional, que transmitiram os conhecimentos necessrios para
minha qualificao, e ainda, aqueles que mais do que professores foram mestres e
amigos, os quais engrandeceram no apenas meus conhecimentos tcnicos, mas
minhas qualidades humanas na formao de meu carter e na construo de uma
pessoa melhor no contexto social.
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RESUMO
O presente trabalho monogrfico traz um estudo sobre a atividade doEcoturismo, cuja realizao alicerada em critrios de sustentabilidade, resulta emum importante instrumento de desenvolvimento econmico e social, aliado a
manuteno da qualidade ambiental em prol da dignidade da pessoa humana porviabilizar e garantir a todos uma vida mais sadia e com qualidade, premissasfundamentais numa sociedade moderna e no Estado Democrtico de Direito. Assim,sabendo que o mundo despertou para a questo ambiental, toda e qualqueratividade a ser realizada, deve levar em considerao o meio ambiente, buscandoefetivar-se de forma sustentvel. Procuramos evidenciar com esse trabalho, aimportncia do Direito Ambiental numa sociedade moderna, destacando osprincipais pontos referentes ao contexto ambiental, como seu surgimento eevoluo, os aspectos concernentes ao bem ambiental e sua ordem protetiva naseara jurisdicional interna e internacional. A Fauna, a Flora e os Recursos Hdricos,por serem instrumentos de viabilizao da atividade do Ecoturismo e importantes
bens que compe o Meio Ambiente, tambm mereceram abordagem em seusprincipais aspectos, assim como a questo do dano ambiental e de sua conseqenteresponsabilizao na esfera civil, penal e administrativa. Aps estas abordagensiniciais, remetemos nosso trabalho a nuance especfica da Atividade do Ecoturismo,enfocando a viso sobre a atividade e seu desenvolvimento no mundo e no contextonacional, destacando tambm os principais princpios constitucionais que norteiam aatividade, bem como, sobre os aspectos infraconstitucionais que viabilizam suarealizao, principalmente no que diz respeito s Unidades de Conservao, sendoabordado ainda a questo sobre o licenciamento ambiental. Por fim, evidenciamos aAtividade do Ecoturismo como um importante instrumento viabilizador da proteoambiental, por buscar o desenvolvimento econmico de forma harmnica com a
preservao e conservao do meio ambiente, efetivando o desenvolvimentosustentvel, sendo ainda destacado, que alm da questo ambiental, tambm age aatividade como potencializador do desenvolvimento e progresso humano,viabilizando uma vida mais digna, sadia e com qualidade para a populaoenvolvida.
Palavras-chave: ecoturismo, meio ambiente, desenvolvimento sustentvel, direitoambiental, consumidor.
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ABSTRACT
This monograph studies the Ecotourism activity which realization based onsustainability criterion, results in an important instrument of economic and socialdevelopment, joined to the environment quality in benefit of the human dignity as it
works to guarantee to all a healthy life with quality, fundamental premises in amodern society and in the Democratic State of Law. Now that we know, world hasbecome awake to the environment issue, each and all activity carried on should beconcerned about the environment , trying to be developed in a sustainable way.Through this work we intended to arise the Environment law importance in a modernsociety, showing the main points related to the environment context, as itsappearance and evolution, its aspects concerned to the environment wealth and itsprotective order in our own and international jurisdictional field. As fauna, flora andhydric sources are instruments which make the Ecotourism activity possible andimportant goods which compound the Environment , we also talked about its mainaspects as the environment damage and its consequent responsabilization in the
civil, penal and administrative sphere. Besides these initial approaches , we talkedabout the specific area of Ecotourism Activity, focusing the activity and itsdevelopment in the world and in the national context, we show the main constitutionalprinciples that steer the activity, as well as, the infraconstitutional aspects that makeits realization possible mainly in relation to the Units Conservation and theenvironmental license. At the end, we present the Ecotourism Activity, as animportant instrument to make the environment protection possible as it looks foreconomic development in an harmonic way preserving and keeping the environmentconversation, carrying on sustainable development, we also show that besides theenvironment issue, the activity helps human progress development too, turning thepopulation involved life worthy, healthy and with quality.
Keywords: ecotourism, environment, sustainable development, environment law,consumer.
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SUMRIO
INTRODUO ..................................................................................................... 10
1O DIREITO AMBIENTAL .................................................................................. 13
1.1 O ORDENAMENTO JURDICO BRASILEIRO............................................... 17
1.1.1 Panorama histrico constitucional.......................................................... 18
1.1.2 Aspectos infra-constitucionais ................................................................ 21
2 O BEM AMBIENTAL ......................................................................................... 23
2.1 ASPECTOS DO BEM AMBIENTAL............................................................... 24
2.1.1 Meio ambiente cultural ............................................................................ 24
2.1.2 Meio ambiente artificial............................................................................ 25
2.1.3 Meio ambiente do trabalho...................................................................... 27
2.1.4 Meio ambiente natural ou fsico.............................................................. 28
2.2 NATUREZA JURDICA DO BEM AMBIENTAL.............................................. 29
3 A FAUNA........................................................................................................... 34
3.1 ASPECTOS GERAIS..................................................................................... 35
3.2 FUNO ECOLGICA.................................................................................. 37
3.3 MULTIFINALIDADE DA FAUNA .................................................................... 373.4 TRFICO DE ANIMAIS SILVESTRES........................................................... 39
3.4.1 No Brasil ................................................................................................... 40
3.4.2 No mundo ................................................................................................. 40
4 FLORA .............................................................................................................. 44
4.1 ASPECTOS GERAIS..................................................................................... 44
4.2 AS FLORESTAS EM NOSSO ORDENAMENTO JURDICO......................... 46
4.2.1 Classificaes das florestas ................................................................... 47
5 RECURSOS HDRICOS .................................................................................... 49
5.1 ASPECTOS GERAIS..................................................................................... 49
5.2 CLASSIFICAO .......................................................................................... 50
5.3 OS RECURSOS HDRICOS EM NOSSO ORDENAMENTO JURDICO....... 50
6 DANO AMBIENTAL .......................................................................................... 53
6.1 CONCEITO DE DANO................................................................................... 54
6.2 HISTRICO SOBRE A REPARAO DO DANO......................................... 55
6.3 CARACTERSTICAS DO DANO AMBIENTAL .............................................. 586.4 CONCEITO DE POLUIO........................................................................... 60
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7 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA ATIVIDADE DO ECOTURISMO...... 63
7.1 NOES DE RESPONSABILIDADE ............................................................ 64
7.2 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL.................................................... 65
7.2.1 Responsabilidade civil subjetiva ............................................................ 667.2.2 Responsabilidade civil objetiva .............................................................. 67
7.2.3 Responsabilidade civil na CF.................................................................. 74
7.2.4 Responsabilidade civil no CDC .............................................................. 75
7.2.5 Responsabilidade civil ambiental na atividade do ecoturismo............ 76
7.3 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA.................................................... 84
7.4 RESPONSABILIDADE PENAL...................................................................... 85
7.5 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DO ESTADO ....................................... 88
8 A ATIVIDADE DO ECOTURISMO .................................................................... 918.1 ASPECTOS GERAIS..................................................................................... 92
8.1.1 Fundamentos do ecoturismo .................................................................. 93
8.2 ECOTURISMO NO MUNDO.......................................................................... 95
8.2.1 A avaliao do Setor Turstico pelo Parlamento Europeu.................... 96
8.2.1.1 Questes prioritrias............................................................................... 97
8.2.1.2 Mecanismos gestores ............................................................................. 100
8.3 ECOTURISMO NO BRASIL........................................................................... 101
9 A ATIVIDADE DO ECOTURISMO EM NOSSO ORDENAMENTO JURDICO. 107
9.1 A ATIVIDADE DO ECOTURISMO E OS PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS 109
9.1.1 Princpio da funo scio-ambiental da propriedade ........................ 112
9.1.2 Princpio da educao ambiental ......................................................... 113
9.1.3 Princpio da cooperao entre os povos............................................. 114
9.1.4 Princpio do acesso eqitativo dos recursos naturais....................... 115
9.1.5 Princpio do poluidor pagador.............................................................. 116
9.1.6 Princpio da reparao .......................................................................... 118
9.1.7 Princpio do equilbrio........................................................................... 1199.1.8 Princpio da considerao da varivel ambiental no processo
decisrio de poltica de desenvolvimento .......................................... 119
9.1.9 Princpio da eficincia........................................................................... 120
9.1.10 Princpio da publicidade ....................................................................... 121
9.1.11 Princpio da garantia a honra, imagem e vida privada ....................... 122
9.1.12 Princpio do desenvolvimento sustentvel ......................................... 123
9.1.13 Princpio da dignidade da pessoa humana e do direito humano
126fundamental ..................................................................................... 1279.1.14 Princpio da participao (democrtico) ............................................. 128
9.1.15 Princpio da precauo ......................................................................... 129
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9.1.16 Princpio da preveno ......................................................................... 131
9.1.17 Princpio da informao........................................................................ 132
9.1.18 Princpio da ubiqidade ........................................................................ 133
9.1.19 Princpio da soberania .......................................................................... 1349.1.20 Princpio da isonomia ........................................................................... 135
9.1.21 Princpio da liberdade e justia ............................................................ 136
9.1.22 Princpio da pobreza e solidariedade .................................................. 137
9.1.23 Princpio da harmonizao da atividade econmica.......................... 139
9.1.24 Principio da tolerabilidade ambiental .................................................. 140
9.2 A ATIVIDADE DO ECOTURISMO NA CONSTITUIO FEDERAL
DE 1988 ........................................................................................................ 143
9.3 ASPECTOS INFRACONSTITUCIONAIS APLICADOS DA ATIVIDADE DO
ECOTURISMO............................................................................................... 145
9.4 AS UNIDADES DE CONSERVAO COMO INSTRUMENTOS VIABILIZADORES
DA ATIVIDADE DO ECOTURISMO E DA PROTEO DO MEIO
AMBIENTE..................................................................................................... 153
10 LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA ATIVIDADE DO ECOTURISMO ......... 161
10.1 O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. 164
11 A ATIVIDADE DO ECOTURISMO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAO
E CONSERVAO DO MEIO AMBIENTE ................................................... 168
11.1 A ATIVIDADE DO ECOTURISMO COMO INSTRUMENTO VIABILIZADOR
DO DIREITO AO LAZER.............................................................................. 172
11.2 CARACTERIZAO DO ECOTURISMO COMO ATIVIDADE ECONMICA
DE CONSUMO............................................................................................. 179
CONCLUSO ...................................................................................................... 180
REFERNCIAS.................................................................................................... 184
ANEXO ................................................................................................................ 188
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INTRODUO
Este trabalho tem por finalidade demonstrar a importncia da atividade do
ecoturismo para o desenvolvimento econmico e social de forma sustentvel, que
sendo realizada de forma planejada e corretamente adequada, ainda que no possaimpedir a degradao ambiental e conseqentemente a devastao do meio
ambiente amplamente considerado, possa ao menos somar-se aos instrumentos de
defesa ambiental, atuando em favor da populao no sentido de se fazer necessrio
a preservao do meio ambiente para atingimento do desenvolvimento local, visando
diminuir ao mximo o impacto causado ao meio ambiente atravs de um turismo
ecolgico, alcanando o objetivo do denominado desenvolvimento sustentvel.
Muitos so os fatores que envolvem a questo do ecoturismo em relao preservao do Meio Ambiente, sendo que neste trabalho sero abordados aspectos
da importncia de se desenvolver atividades econmicas voltadas a preocupao
ambiental, visando difundir uma conscientizao ecolgica e atuando como
impulsionador do desenvolvimento local, garantindo e propiciando as populaes
envolvidas, uma sadia e melhor qualidade de vida.
As perdas ambientais que podem ser evitadas com o desenvolvimento da
atividade do ecoturismo, em razo da degradao que comumente se evidencia a
cada dia no globo terrestre, como por exemplo, o trfico de animais silvestres, que
resulta no terceiro maior comrcio ilegal do mundo movimentando bilhes de dlares
todos os anos, e que causa uma enorme perda para o meio ambiente e,
conseqentemente, para toda a humanidade, podendo ser evitado ou ao menos
diminudo, se a atividade em questo que se desenvolve com o despertar de uma
conscientizao ecolgica com base em critrios de sustentabilidade, possa ser
desenvolvida e incentivada.
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Antes de adentrarmos na seara mais especfica do aspecto jurdico que
cerca a atividade do ecoturismo, mencionaremos, ainda que de forma geral, os
aspetos fundamentais da referida atividade, e ainda, sob o enfoque das questes
sociais e estruturais que resultam em vrios aspectos formais cuja complexidade nos
remete a uma discusso de suma importncia para evidenciar que o turismo
ecolgico deve ser realizado, alicerado no desenvolvimento sustentvel e na
adoo de polticas que visem permitir seu desenvolvimento de forma racional e de
forma a preservar o meio ambiente para as presentes e futuras geraes.
Abordando estes aspectos primordiais para os nossos estudos, trataremos
de alguns pontos cruciais e de extrema relevncia consecuo da atividade do
ecoturismo e que merecem destaque para que possamos demonstrar a necessidade
de pensarmos a estruturao desta atividade com a finalidade de obter meios de
atingir sua funo principal: que so a preservao e conservao do meio ambiente
aliada ao desenvolvimento scio-econmico, visando auferir para as comunidades a
garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial sadia
qualidade de vida proporcionando assim, uma vida digna a todos os seres humanos,
em especial a comunidade envolvida e onde se desenvolve a atividade ecoturstica.
Contudo, para demonstrar que a preocupao com a atividade do turismo
sustentvel a qual pertence o ecoturismo ou turismo ecolgico redunda numa
preocupao a nvel global, ser trazido baila a mobilizao gerada pela Unio
Europia, cuja preocupao com o turismo sustentvel resultou numa srie de metas
e estudos com vistas criao de um setor que agrupe estas caractersticas, de
forma a culminar no desenvolvimento de polticas que resultem na sustentabilidade
desta promissora atividade na Europa.
Aps serem feitas estas consideraes, abordaremos os aspectos legais de
nosso ordenamento jurdico, inicialmente trazendo o enfoque dos princpios
norteadores do direito ambiental e do direito do consumidor que incidem com mais
destaque sobre a regulamentao da atividade ecoturstica, bem como os
prembulos constitucionais e infraconstitucionais que envolvem o ecoturismo, de
forma a evidenciar como o aparato legislativo que regula a atividade do chamado
turismo ecolgico.
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Dentre os instrumentos legais para a preservao e conservao do meio
ambiente, destacamos as unidades de conservao regulamentada em nosso
ordenamento jurdico pela Lei n 9.985 de 18 de julho de 2000, em que
demonstraremos sua importncia para o desenvolvimento sustentvel ao ser aliada
atividade do Ecoturismo.
Por fim, evidenciaremos os motivos pelos quais a realizao da atividade do
Ecoturismo de forma racional e planejada, com a adoo de medidas que possam
alicerar seu desenvolvimento, e, somadas a realizao e implementao de
polticas corretas que levem em considerao no apenas os aspectos econmicos,
mas tambm scio-ambientais, resultem no atingimento do denominado
desenvolvimento sustentado.
Deste modo, ser demonstrado que sem sombras de dvidas, a atividade do
Ecoturismo redunda por suas caractersticas em razo primordial do
desenvolvimento sustentvel, num dos instrumentos mais eficazes para a
preservao e conservao do meio ambiente, pautado na utilizao racional dos
recursos ambientais para o turismo, haja vista que provoca, antes de tudo, um
sentimento de que utilizar correto, mas preservar essencial.
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1 O DIREITO AMBIENTAL
O Direito uma cincia social, e como tal, est intimamente relacionada
mobilidade social, sendo que o direito no existe seno em face da sociedade e por
tal motivo a sua evoluo comanda e estimula a evoluo dessa cincia onde cadapoca guarda seus acontecimentos relevantes, e, Por essa razo o desenvolvimento
do direito ambiental deve necessariamente passar pela Histria, acompanhando as
mudanas sociais e culturais dos povos.
Com o aumento da poluio nos pases industrializados e nos pases de
economia agrria o gravame da devastao ambiental, sem medir fronteiras fsicas,
polticas e econmicas e o esgotamento dos recursos naturais, dentre outros fatores
ocorridos nas ltimas dcadas, principalmente nos anos 70 e 80, desencadeou umprocesso de preocupao com o meio ambiente, cujo resultado ultrapassou as
fronteiras das Cincias Naturais para integrar o dia a dia de polticos, economistas,
socilogos, dentre muitos outros, e, como no poderia deixar de ser, dos
profissionais do Direito.
Embora a maior reflexo dos estudiosos para a questo ambiental, num
primeiro momento ainda no se remetia idia de ecologia, ou mesmo de proteo
ambiental, explica-se tal fato porque a cincia denominada ecologia somente surgiria
em 1895, desenvolvida pelo professor Eugen Warming que ensinava Botnica na
Universidade de Copenhague.
Com o desenvolvimento do Direito, fato que nos levou a uma adaptao da
regra social e a proteo em escala de importncia de cada bem jurdico, tutelou
assim o bem ambiental, resultando na considerao de sua incontestvel
importncia para a qualidade da vida humana.
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O Direito Ambiental foi definido no Brasil, em carter pioneiro no ano de
1975, por Coelho (1975, p. 5 apud Freitas, 2001, p. 19), como sendo:
[...] um sistema de normas jurdicas que, estabelecendo limitaes aodireito de propriedade e ao direito de propriedade e ao direito deexplorao econmica dos recursos da natureza, objetivam apreservao do meio ambiente com vistas melhor qualidade davida humana.
Consagrada, atualmente expresso Direito Ambiental, pode-se afirmar que
ela se caracteriza por ser multidisciplinar e pela complexidade que se reveste, no
podendo ser estudada de maneira solitria, e tendo que orientar suas pesquisas por
este ou aquele ramo do Direito e de outras cincias.
Do ponto de vista jurdico, ser imprescindvel o estudo do Direito
Internacional Pblico, onde Tratados e Convenes Internacionais assumem
especial relevncia face a notria e preocupante realidade mundial diante da
necessidade de inadiveis relaes internacionais, bem como, imprescindvel o
estudo do Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Civil,
Direito Processual Civil, dentre outros ramos do Direito Positivo.
Com a repercusso da questo ambiental, os Estados passaram a aceitar
uma responsabilidade jurdico-ambiental no plano internacional, buscando
estabelecer princpios e regras capazes de prevenir, mitigar ou reverter impactos
causados no meio ambiente, tanto por polticas pblicas quanto por aes privadas.
O avano da matria ambiental apoiou-se em princpios gerais que, a partir
da Conferncia de Estocolmo, realizada em 1972 e em especial durante o processo
preparatrio da Conferncia do Rio, em 1992, serviram para a formulao de regrasobrigatrias e no obrigatrias orientadas promoo do desenvolvimento
sustentvel.
Ademais, a Conferncia de Estocolmo representou um marco para o
tratamento dos temas ambientais e sua regulao jurdica, estabelecendo em seu
princpio 21, que:
[...] os Estados tm, de acordo como a Carta das Naes Unidas eos princpios de direito internacional, o direito soberano de explorarseus prprios recursos de conformidade com suas prprias polticasambientais, e a responsabilidade de assegurar que as atividades
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dentro de sua jurisdio ou controle no causem dano ao meioambiente de outros Estados ou reas alm dos limites de jurisdio.1
Considerando a Conveno sobre Poluio Atmosfrica Transfronteiria longa distncia, o Princpio 21 da Declarao de Estocolmo exprime uma convico
comum conforme a Carta das Naes Unidas e os princpios de direito ambiental,
expressando claramente que os Estados tm uma liberdade relativa ou uma
liberdade controlada para a explorao de seus recursos naturais.
Da mesma forma, a Declarao do Rio/92 teve como objetivo a proclamao
das matrias ambientais, orientando as polticas econmicas e sociais em todo o
mundo, bem como, dez anos depois, na Rio + 10, ocorrida em Joanesburgo em2002, houve a reafirmao com a questo ambiental e desenvolvimento sustentvel.
Assim, a Declarao do Rio/92 teve como meta reafirmar a Declarao de
Estocolmo e, com base nela estabelecer uma nova e justa associao global
mediante a criao de novos nveis de cooperao entre os Estados, os setores
importantes da sociedade e o povo; trabalhando com vistas a acordos internacionais
que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do meio ambiente o
sistema de desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente do
globo terrestre.
Aps as duas primeiras iniciativas, ou seja, Estocolmo/72 e a Rio/92, que
foram muito importantes no sentido da preocupao com meio ambiente no mundo e
alavancou o direito como um todo no globo terrestre para a proteo e conservao
do meio ambiente, a terceira conferncia foi a de Joanesburgo 2002, tambm
denominada Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e DesenvolvimentoSustentvel.
Tal conferncia mundial foi realizada com o intuito de avaliar o progresso
ambiental observado entre uma e outra conferncia realizada na dcada anterior,
visando tambm efetivar mecanismos para implementao da Agenda-21 que havia
sido proposta em 1992, haja vista que, em uma sesso especial da Assemblia Geral
da ONU denominada Rio+5, verificou-se lacunas nos resultados da Agenda 21.
1Revista Cincia & Ambiente. Campo Grande: UFMS, vol. 17, julho/dezembro, 1998, p. 29.
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Temos em destaque ainda, o protocolo de Kioto, proposto em 1997, na
cidade com o mesmo nome, mas que somente no ano de 2005 recebeu as
assinaturas necessrias de no mnimo 55 pases para que fosse efetivada, uma vez
que esbarrou em grandes problemas e impasses entre os pases mais ricos.
O Objetivo do referido instrumento a implementao de uma poltica
mundial sobre mudanas climticas para que seja acordada a reduo das emisses
de gases que provocam o efeito estufa no globo, em aproximadamente 5% abaixo
dos nveis registrados em 1990, amenizando assim suas conseqncias. Porm,
certo que a maior potncia do mundo, os EUA, no assinara o referido protocolo.
Podemos assim considerar que o Direito Ambiental surge como uma novacincia, uma vez que, observamos que esta possui suas prprias fontes formadoras,
e ainda, por tratar o Direito Ambiental de tutelar direito difuso, cabe aqui a assertiva
de que o Direito Ambiental no surge apenas como um ramo do Direito Pblico e,
contudo, no podendo ser englobado como ramo de Direito Privado, vindo a eclodir
como um novo ramo do direito, chancelando direitos que configuram os interesses
difusos e coletivos.
Tratando-se das fontes formais, h as Leis, como as dispostas em nossa
Carta Magna de 1988 (art. 225 da CF/88), bem como as leis esparsas e as normas
administrativas que tratam da matria ambiental, como a Lei 9.605 de 1998, que
dispe sobre os crimes ambientais, a Lei do Sistema Nacional de Unidades de
Conservao (SNUC) n 9.985 de 2000, casos concretos; havendo ainda, o costume
e os princpios do direito, sendo observado que o Brasil recepciona todos os
princpios fundamentais existentes, como o Princpio do Desenvolvimento
Sustentvel, o Princpio do Poluidor-pagador, dentre outros que sero amplamente
comentados adiante.
Como fontes informais, citamos a doutrina que expressa os pensamentos e
entendimentos dos cientistas do direito em relao aos interesses sociais e sobre as
matrias de direito ambiental e, a jurisprudncia que configura os entendimentos de
nossos tribunais superiores em relao aplicao do Direito como fruto do
interesse da coletividade.
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As fontes do Direito Ambiental podem ser consideradas mltiplas, sendo
observadas relaes bastante complexas entre si, haja vista que, materialmente, as
fontes consideradas so bastante variadas, como exemplo, o movimento do cidado
por uma melhor qualidade de vida, contra os riscos quem possam advir da utilizao
de determinados produtos e a realizao de prticas que podem ser consideradas
prejudiciais sade e a qualidade de vida, dentre as infinitas possibilidades
existentes.
1.1 O ORDENAMENTO JURDICO BRASILEIRO
Feita estas explanaes iniciais, podemos afirmar que estes fatores
alavancam o direito num processo inserido no prprio contexto histrico e, por tais
motivos, o estudo da evoluo do Direito Ambiental no Brasil deve necessariamente
passar pela Histria, de forma a acompanhar a evoluo social e cultural de nossa
sociedade, remetendo-nos s diversas fases evolutivas que transcorreram at a
maturao do panorama jurdico atual.
As primeiras leis que encontramos no Brasil no liame de sua histria,
evidentemente so originrias de Portugal, que j vinha protegendo seus recursos
naturais da depredao, e quando descobriu o Brasil j possua uma considervel
legislao de proteo ambiental, podendo ser considerada como bastante evoluda.
Dentre elas, destaca-se algumas disposies relevantes, como por exemplo, a
proibio do corte deliberado de rvores frutferas em 12 de maro de 1393, bem
como, a Ordenao de 09 de novembro de 1326, que visava proteo das aves e
equiparava seu furto a qualquer outra espcie de crime para seus efeitos delituosos.
Essas medidas foram copiladas nas Ordenaes Afonsinas e introduzidas
no Brasil quando de seu descobrimento, sendo que, desde ento, podemos observar
que a legislao ambiental teve grandes progressos em nossas terras,
desenvolvendo-se de tal forma na fase colonial, que esse perodo pode ser
considerado como a fase embrionria de nosso Direito Ambiental, no parando de
crescer, e chegando a fase atual como um direito especializado, destacando-se na
era contempornea como um dos mais importantes.
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1.1.1 Panorama histrico constitucional
Podemos remeter nossa anlise sobre o aspecto da constitucionalidade do
Direito Ambiental ao contexto evolutivo da histria de nossa sociedade, inicialmente
considerando que a Constituio Federal de 1988 em posio as constituies
anteriores e no que diz respeito matria de meio ambiente e sua tutela jurdica,
trouxe uma imensa novidade em relao s demais, pelo fato de que estas no
trataram a matria referente ao meio ambiente de forma mais ampla e completa,
como observado na CF/88, mas, fizeram referncias de forma no sistemtica,
tendo sido os recursos ambientais considerados, essencialmente, como recursos
econmicos.
Feitas estas consideraes, abordaremos o aspecto constitucional da tutela
ao meio ambiente durante vrias fases de nossa histria, iniciando assim, com o
Perodo Imperial, no qual observamos a Constituio Imperial de 1924, que no
trazia em seu conjunto normativo qualquer referncia matria ambiental, sendo
considerada irrelevante, portanto, para qualquer abordagem, a no ser para
constatar de que era, no mnimo, curiosa tal situao, uma vez que o Brasil era um
pas essencialmente exportador de produtos agrcolas e minerais, porm, onde
predominava a concepo de que o Estado no deveria interferir nas atividades
econmicas, melhor dizendo, fazia-se isto por absteno, e assim no restava
Constituio perfilar uma ordem econmica constitucional.
Observa-se, entretanto, que as regulamentaes referentes ao meio
ambiente, somente foram institudas com as atribuies outorgadas s Cmaras
Municipais com o advento da Lei de 1 de outubro de 1928, conforme exemplodescrito no art. 66, 1, que explcita:
Art. 66. Tero a seu cargo tudo quanto diz respeito polcia, aeconomia das povoaes e seus termos, pelo que tomarodeliberaes e provero por suas posturas sobre os objetosseguintes:
1. Alinhamento, limpeza, iluminao e despachamento das ruas,cais e praas, conservao e reparos das muralhas feitas paraseguranas dos edifcios, prises pblicas, caladas, pontes, fontes,
aquedutos, chafarizes, poos, tanques, e quaisquer outrasconstrues em benefcio comum dos habitantes, ou para decoro eornamento das povoaes (ANTUNES, 2002, p. 40).
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Ressalta-se que havia um conjunto de outras atribuies que poderiam ter
em relao tutela jurisdicional do meio ambiente, tendo em vista a competncia
para argir em relao a feiras, abatedouros de gado, dentre outras.
Em se tratando do Perodo Republicano, explicitamos que nesta poca de
nossa histria surge uma maior preocupao em relao s matrias ambientais,
tendo na Constituio Federal de 1891, constante em seu artigo 34, n 29 a outorga
constitucional que atribua Unio, competncia legislativa para legislar sobre suas
minas e terras, e a Constituio Federal de 1934, atribua competncia legislativa a
Unio para legislar sobre bens de domnio federal, riquezas de subsolo, minerao,
metalurgia, gua, energia hidreltrica, florestas, caa, pesca e sua explorao
(ANTUNES, 2002, p. 41).
Na Constituio Federal de 1937, o inciso XIV do artigo 16, dispunha sobre a
competncia privativa da Unio em legislar sobre os bens de domnio federal,
minas, metalurgia, energia hidrulica, guas, florestas, caa e pesca e sua
explorao (Idem, p. 41).
A Constituio de 1946, em seu artigo 5, inciso XV, alnea l, dispunha sobre
a competncia da Unio para legislar sobre riquezas do subsolo, minerao,
metalurgia, gua, energia eltrica, florestas, caa e pesca (Idem, p. 41).
A Constituio Federal de 1967 estabelece em seu artigo 8, inciso XII,
competncia Unio para organizar a defesa permanente contra calamidades
pblicas, especialmente a seca e as inundaes e, temos ainda a ressaltar em
relao a este conjunto normativo, que outorgava competncia Unio para que
esta explorasse diretamente ou mediante autorizao ou concesso, os servios einstalaes de energia eltrica de qualquer origem ou natureza, tendo ainda, esta
Carta Magna, estipulado competncia legislativa Unio para legislar sobre: direito
agrrio; normas gerais de segurana e proteo da sade; guas e energia eltrica
(Idem p. 41-42).
Por fim, para terminarmos as explanaes acerca das constituies
anteriores a nossa atual Carta Constitucional de 1988, concebemos que a Emenda
Constitucional n 1, de 17 de outubro de 1969, manteve consolidado os termosdescritos na CF/67, ressalvando-se uma pequena mudana no tocante
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competncia legislativa concernente Unio em relao energia, tendo sido esta
subdividida em eltrica, trmica, nuclear ou de qualquer outra natureza.
Enfim remetemos nossa anlise ao contedo da CF/88, que possui umdiferencial em relao s constituies anteriores, pois, alm de possuir um captulo
especfico para as questes do meio ambiente, tambm possui outros dispositivos
que tutelam as obrigaes do Estado e da sociedade em relao ao meio ambiente.
Enquanto consideradas como fontes fundamentais da sociedade, a tutela
jurisdicional dos dispositivos consagrados em nossa Carta Magna, tem por objeto
tutelar valores e funes sociais que por certo, na atual conjuntura global, envolvem
o desenvolvimento econmico com a proteo do meio ambiente, que em seusdiversos aspectos constitui um dos componentes da estrutura basilar de toda a
sociedade, como observa Antunes (2002, p. 41) , ao afirmar que:
A Lei Fundamental reconhece que as questes pertinentes ao meioambiente so de vital importncia para o conjunto de nossasociedade, seja porque so necessrias para a preservao devalores que no podem ser mensurados economicamente, sejaporque a defesa do meio ambiente um princpio constitucional quefundamenta a atividade econmica (Constituio Federal artigo 170,
VI).
Em nossa Constituio Federal encontramos dispositivos que tratam do
meio ambiente, ou, a ele vinculam-se direta ou indiretamente, sendo: artigo 1, artigo
5, incisos XXIII, LXXI, LXXIII; artigo 20, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, IX, X, XI e 1
e 2; artigo 21, incisos XIX, XX, XXIII, alneas a, b e c, XXV; artigo 22, incisos IV, XII,
XVI; artigo 23, incisos I, III, IV, VI, VII, IX, XI; artigo 24, incisos VI, VII, VIII; artigo 43,
2, IV, e 3; artigo 49, incisos XIV, XVI; artigo 91, 1, inciso 3; artigo 129, incisoIII; artigo 170, inciso VI; artigo 174, 3 e 4; artigo 176 e ; artigo 182 e ; artigo
186; artigo 200, incisos VII, VIII; artigo 216, inciso V e 1, 3 e 4; artigo 225;
artigo 231; artigo 232; e, artigos 43, 44 e do Ato das Disposies Constitucionais
Transitrias.
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1.1.2 Aspectos infraconstitucionais
Apresenta-se o Direito Ambiental em relao aos aspectos
infraconstitucionais, dispondo sobre as formas de tutela dos considerados Bens
Ambientais, visando proteo ambiental do meio ambiente, seja ele cultural,
artificial, do trabalho ou natural (fsico).
Podemos considerar que o exerccio da tutela jurisdicional do meio
ambiente, levando-se em conta seus aspectos infraconstitucionais, so realizados de
forma a utilizar-se de uma poltica de proteo ambiental que utiliza-se de critrios
objetivos e subjetivos, visando proteger o meio ambiente da poluio e degradao,e, quando no for possvel tal realizao, incentivar a sua recuperao com o
objetivo de sua reparao.
Para que os objetivos de uma poltica de proteo ambiental sejam
efetivamente alcanados, devemos nos valer dos chamados instrumentos de tutela
ambiental, que constituem:
[...] todo instituto destinado e utilizado tanto pelo Poder Pblico,quanto pela coletividade na preservao ou na proteo dos bensambientais, constituindo-se como instrumento de tutela ambiental.(FIORILLO; RODRIGUES, 1997, p. 162).
Podemos considerar como um marco preponderante para a proteo do
meio ambiente a edio da Lei 6938/81 que dispe sobre a Poltica Nacional do
Meio Ambiente, pois, com esse diploma tornou-se mais efetiva a chancela jurdica
em relao ao meio ambiente.
Existem, porm, vrias outras disposies acerca da matria ambiental, sob
o aspecto infraconstitucional, que visam tutela dos recursos naturais, como a
proteo da qualidade da gua, da qualidade do ar, da fauna e flora, contra a
poluio por resduos slidos, contra a poluio sonora, contra a poluio advinda de
atividades nucleares, e a proteo ao patrimnio gentico, tendo sido tais recursos
chancelados por diversos documentos legais em nosso ordenamento jurdico, os
quais no iremos abordar haja vista sua extenso, porm, podemos destacar como
exemplos o Decreto 26.643/34, que cria o Cdigo de guas; a Lei 4.771/65, que cria
o Cdigo Florestal; o Decreto-Lei 1.473/75, que dispe sobre medidas necessrias
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preveno, adequao e correo das perturbaes e prejuzos causados por
atividades industriais no meio ambiente; a Lei 5.197/67 que a Lei de Proteo
Fauna; a Lei 9.985/2000 que a Lei do Sistema Nacional de Unidades de
Conservao (SNUC), a Lei 10.257/2001 que institui o Estatuto da Cidade, dentre
muitas outras.
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2 O BEM AMBIENTAL
O Direito Ambiental visa tutelar o bem ambiental, sendo este de carter
fundamental e amplamente tutelado em nosso ordenamento jurdico, cuja tutela se
d, primordialmente, por institutos normativos constantes em nossa CartaConstitucional.
Por bem ambiental podemos considerar todos aqueles bens que compem o
meio ambiente como um todo e que possui natureza difusa e coletiva, ou seja,
aqueles que se encontram inseridos nos aspectos cultural, artificial, laboral (do
trabalho), ou ainda sob o bice do ambiente natural ou fsico.
Essa diviso referente aos bens componentes do meio ambiente ocorre
unicamente para fins metodolgicos, em que so apresentadas as diversas facetas
do bem ambiental para que no fiquemos ligados idia de que o Direito Ambiental
ao tutelar o ambiente, o faz apenas em relao ao bem ambiental natural, pois,
atualmente consideramos como objeto do Direito Ambiental o bem ambiental
amplamente considerado, objetivando uma vida digna, sadia, e ainda, com
qualidade.
O bem ambiental de suma importncia para o tema proposto, tendo emvista que a atividade do Ecoturismo se desenvolve ao utilizar-se de tais recursos
ambientais de forma mais sustentvel possvel, aliando explorao de atividade
econmica e preservao do meio ambiente, dando-se tal atividade em razo
principalmente no meio ambiente natural ou fsico, e, face ao meio ambiente cultural.
Observaremos com maior clareza os aspectos do bem ambiental dado a sua
finalidade fundamental enquanto constituinte do direito a um meio ambiente
saudvel e equilibrado, atendendo os fins sociais, bem como explicitar cada uma das
divises conceituais do meio ambiente, existentes, inclusive, demonstrando sua
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insero em nosso ordenamento jurdico enquanto fundamentado legalmente sob a
rbita constitucional e infraconstitucional.
2.1 ASPECTOS DO BEM AMBIENTAL
Os bens ambientais so os bens que compem o meio ambiente em que
vivemos, sendo os mesmos devidamente tutelados em nosso ordenamento jurdico,
e, para fins metodolgicos, tem se apresentado sob quatro aspectos que a doutrina
achou por bem adotar para efetivar a tutela do objeto do direito ambiental, que so
aqueles que constituem o meio ambiente cultural, o meio ambiente artificial, meio
ambiente do trabalho e meio ambiente natural ou fsico, sendo certo que
discorreremos sobre cada um mais detalhadamente.
Veremos que o fato do bem ambiental apresentar-se sob estes quatros
aspectos, objetiva-se demonstrar que as agresses ao meio ambiente podem
ocorrer de vrias formas, destacando ser o objetivo mais importante, tutelar a vida
saudvel, digna e com qualidade, identificando assim sob o aspecto do meio
ambiente, aqueles valores que restaram aviltados, tanto no aspecto constitucional
quanto no aspecto infraconstitucional.
2.1.1 Meio ambiente cultural
O meio ambiente cultural aquele constitudo pelo patrimnio histrico,
artstico, arqueolgico, paisagstico, turstico, embora que, via de regra seja dotado
de caracterstica artificial por ser originado pela ao do homem, tem sua diferena
pautada na sua valorao, sendo que tido como dotado de especialidade, e
portanto, de suma importncia para o desenvolvimento da atividade do Ecoturismo,
tendo em vista que o mesmo se desenvolve, justamente, em razo dos bens que
compem esta categoria.
Os bens que compem o chamado patrimnio cultural so aqueles que
podemos considerar como constituintes da histria de um povo, sua formao,
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cultura e, portanto, os prprios elementos identificadores de sua cidadania, sendo
este um dos princpios fundamentais da Repblica e do Estado Social de Direito.
O patrimnio cultural no corresponde somente queles em que umprocesso institucional j o tenha reconhecido, mas aos que sejam realmente
significativos, ainda que passveis a controvrsias por sua importncia atribuda pela
coletividade: numa perspectiva em que esta referncia no sendo mais ao,
consiga de certa forma determina-la pelo trao de identidade (ANTUNES, 2002, p.
57).
O patrimnio cultural brasileiro vem regido pelo artigo 216 da CF/88,
podendo-se dizer que h uma delimitao legal do que seja tal patrimnio, referindo-se queles bens materiais e imateriais previstos no preceito legal:
Art. 216: Constituem patrimnio cultural brasileiro os bens denatureza material e imaterial, tomados individualmente ou emconjunto, portadores de referncia identidade, ao, memriados diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos quaisse incluem:I - as formas de expresso;II - os modos de criar, fazer e viver;III - as criaes cientficas, artsticas e tecnolgicas;IV - as obras, objetos, documentos, edificaes e demais espaosdestinados s manifestaes artstico-culturais;V - os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico,artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico. 1. O Poder Pblico, com a colaborao da comunidade,promover e proteger o patrimnio cultural brasileiro, por meio deinventrios, registros, vigilncia, tombamento e desapropriao, e deoutras formas de acautelamento e preservao. 2 Cabem Administrao Pblica, na forma da lei, a gesto dadocumentao governamental e as providncias para franquear suaconsulta a quantos dela necessitem.
3 A lei estabelecer incentivos para a produo e o conhecimentode bens e valores culturais. 4 Os danos e ameaas ao patrimnio cultural sero punidos naforma da lei. 5 Ficam tombados todos os documentos e os stios detentores dereminiscncias histricas dos antigos quilombos.
2.1.2 Meio ambiente artificial
O conceito de meio ambiente artificial definido por Fiorillo e Rodrigues
(1997), como sendo aquele constitudo pelo espao urbano construdo,
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consubstanciado no conjunto de edificaes (espao urbano fechado) e dos
equipamentos pblicos (espao urbano aberto). Salienta-se que o termo urbano
utilizado para a conceituao do meio ambiente artificial no utilizado no sentido
contraposto de rural ou campo, pelo fato de que qualifica algo referente a todos
os espaos habitveis, contendo uma natureza que se remete noo de
territorialidade (ANTUNES, 2002, p. 59).
Em relao proteo do meio ambiente artificial em nosso ordenamento
jurdico, atravs de normas constitucionais, destacamos, no s o artigo 182 e
seguintes da CF/88 sem desvincular sua interpretao do artigo 225 do mesmo
diploma, como tambm, em referncia ao artigo 21, XX e artigo 5, XXIII, dentre
outros, em que se conclui que no podemos desvincular o meio ambiente artificial do
conceito de direito sadia qualidade de vida, bem como aos valores da dignidade
humana e da prpria vida, podendo-se dizer, contudo, que o meio ambiente artificial
est mediato e imediatamente tutelado pela CF/88.
Podemos considerar mediatamente tutelado o meio ambiente artificial, pelo
fato de que, sua tutela expressa-se na proteo geral do meio ambiente quando se
refere ao direito vida no art. 5, caput, bem como explcita no art. 225 que nobasta apenas o direito de viver, mas remete-se ao direito de viver com qualidade,
sendo ainda percebido em razo do artigo 1, quando se refere dignidade humana
como um dos fundamentos da Repblica e no artigo 6, quando alude aos direitos
sociais; e, por fim, no artigo 24, ao estabelecer competncia concorrente para
legislar sobre o meio ambiente, visando proteger mais amplamente estes valores,
dentre outros.
Contudo, a proteo constitucional imediata do meio ambiente artificial pode
ser observada com o disposto nos artigos 182, 21, inciso XX e 5, inciso XXIII da
Carta Constitucional vigente.
A CF/88 ao dar ensejo poltica urbana, impreterivelmente, tutelou o meio
ambiente artificial, realizando-a no apenas voltado para um quadro nacional, mas
de forma ainda mais especifica e abrangente ao destacar sua incidncia na rbita
municipal, partindo do maior para o menor, nos termos do art. 21, inciso XX, seno
vejamos:
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Compete a Unio: [...]XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusivehabitao, saneamento bsico e transportes urbanos.
Utilizando-se da aluso por parte do prprio texto constitucional, podemos
afirmar que o principal objetivo da poltica de desenvolvimento urbano, viabilizado
atravs da existncia de uma lei que tem por escopo fixar diretrizes gerais para sua
viabilizao, conforme explcita o artigo 182 da CF/88, resulta no desenvolvimento
das funes sociais da cidade e o bem estar dos seus habitantes, estabelecido
atravs de uma poltica de desenvolvimento, cujas primcias vo ao encontro dos
mesmos objetivos perseguidos para a realizao da atividade do Ecoturismo, por
apregoarem a necessidade de uma infra-estrutura mnima para que seu objeto seja
atingido e concretizado.
2.1.3 Meio ambiente do trabalho
Podemos afirmar que o meio ambiente do trabalho tutelado pela CF/88 de
forma imediata, sendo inclusive de modo expresso, conforme disposto no artigo 200,VII, que trata da tutela da sade (art. 196 da CF), e ainda em vrios outros
dispositivos, como por exemplo, no artigo 7,XXXIII:
Art. 200: Ao sistema nico de sade compete, alm de outrasatribuies, nos termos da lei [...]VIII - colaborar com a proteo do meio ambiente, nelecompreendido o do trabalho.
Observa-se ainda que o meio ambiente do trabalho tutelado de formamediata, concentrando-se no caput do artigo 225 da CF/88, porm, vale ressaltar
que a proteo do meio ambiente do trabalho coisa diversa da proteo do direito
do trabalho.
Explicita Fiorillo e Rodrigues (1997, p. 65), em relao ao nico trabalho que
deve ser valorizado, no caso, o do homem, aduzem que:
Trazendo a questo para o direito constitucional positivado, apenas o
trabalho humano que deve ser valorizado, como direito socialfundamentador da ordem econmica e financeira (base docapitalismo) e fundamento da Repblica Federativa do Brasil,
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conforme consta no art. 1 da CF. Mas o trabalho tutelado na CF,alm de ser o trabalho humano, ter que estar individualmente ligadoa um aspecto econmico, na medida em que ele, trabalho, passvelde valorao social. Poderamos at dizer que, em verdade, no o
trabalho, de per si, que tutelado, mas sim os efeitos jurgenosdecorrentes da situao de se trabalhar, no sentido mpar, de que eleestaria ligado a uma necessidade de valorao social (qual seja,proteo da sade, segurana, lazer, etc.).
Conclui-se que o fato do Texto Constitucional adquirir inmeras variveis,
embora diferentes, esto ligadas entre si e so complementares em relao aos
objetivos e fundamentos da Repblica, em que visam assegurar a todos uma
existncia dentro de um sistema onde possa ser observada a justia social
coexistindo com dignidade.
Finalizamos ao considerar que o direito a uma situao de trabalho (direito
ao trabalho - art. 6 - direito social) possui seu objeto jurdico tutelado de forma
diferente do objeto jurdico tutelado do meio ambiente do trabalho, pois este tem seu
objeto jurdico como sendo a sade e segurana do trabalhador, que, enquanto
integrante da sociedade e titular do direito ao meio ambiente, possui direito sadia
qualidade de vida, e com isso, procura salvaguardar o indivduo enquanto ser vivo
das formas de degradao e poluio do meio ambiente onde labora, o que
representa quesito essencial para sua qualidade de vida.
2.1.4 Meio ambiente natural ou fsico
Constitui o meio ambiente natural ou fsico, o solo, a gua, o ar atmosfrico,
a flora e a fauna, ou ainda, podemos defini-lo pelo fenmeno de homeostase, ou
seja, so todos os elementos responsveis pelo equilbrio dinmico entre os seres
vivos e o meio em vivem, que por esta razo tambm se inserem como fundamental
para o desenvolvimento da atividade do Ecoturismo, tendo em vista que so fortes
atrativos para realizao de tal atividade, motivo pelo qual vo ao encontro da
necessidade de proteo do meio ambiente, coadunado no despertar para uma
conscientizao ecolgica.
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Podemos afirmar que o meio ambiente natural mediatamente tutelado
pelo artigo 225, caput,da CF/88 e imediatamente,v.g. pelo artigo 225, 1, I e VII,
quando diz:
Ar. 225 [...] 1 Para assegurar a efetividade deste direito incumbe ao PoderPblico:I - preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e provero manejo ecolgico das espcies e ecossistemas;VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticasque coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem, a extinode espcies ou submetam animais crueldade.
2.2 NATUREZA JURDICA DO BEM AMBIENTAL
Em relao natureza jurdica do bem ambiental, devemos observar que ao
determinarmos o mesmo como um direito expressamente consagrado em nosso
ordenamento jurdico na CF/88 em seu artigo 225, consideramos o fato de estar o
mesmo enraizado em valores prprios, que, no obstante, encontraremos tais
valores na prpria Constituio Federal e, assim, ao descobrirmos a natureza do
bem ambiental, estaremos descobrindo a prpria amplitude da conceituao de meio
ambiente.
Em nosso artigo 225 da CF/88 temos que o meio ambiente ecologicamente
equilibrado bem de uso comum do povo e essencial qualidade de vida , e por
considerar como essencial qualidade de vida, o referido artigo recepciona o
conceito de meio ambiente devidamente estabelecida na Lei n 6.938/91 quando a
mesma define em seu artigo 3, I, como o conjunto de condies, leis, influncias einteraes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas, estabelecendo assim uma correta ligao entre tutela do
meio ambiente e a defesa da pessoa humana.
Podemos afirmar que a expresso sadia qualidade de vida remete-nos a
idia de direito a vida e vida com sade, sem prejuzo da garantia dos demais
direitos inerentes ao denominado piso vital mnimo que vem insculpido no artigo 6
da CF/88, considerando-se a tutela imediata do meio ambiente em que se buscaalgo mais que apenas um meio ambiente para simples sobrevivncia, tendo em vista
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que estabelecido um parmetro entre o direito a vida e desta com sade e
qualidade.
Conforme descreve Fiorillo e Rodrigues (1997, p. 88):
A diviso do meio ambiente em cultural, artificial, do trabalho enatural, no possui outra funo seno a de delimitar o espectro domeio ambiente a que est se referindo. Todavia, deve ficar claro quetal dissociao meramente expletiva, vez que o conceito de meioambiente, por tudo visto, indissocia-se da inexorvel lio de direito vida.
Dizemos ento que o meio ambiente configura-se pelas relaes e
alteraes observadas entre todos os seres vivos, incluindo-se neste contexto oprprio homem, e destes com o seu meio, motivo pelo qual conclumos que o direito
do ambiente seja deste modo, um direito interativo com tendncia a incidir em todos
os flancos do direito para assim introduzir a idia de ambiente.
Com estas consideraes em relao ao meio ambiente, podemos agora
definir a conceituao sobre a natureza jurdica do meio ambiente, onde
principalmente a partir da segunda metade do sculo XX com o surgimento dos
fenmenos de massa, em razo ao movimento social que d origem a chamada
sociedade de massa, os bens de natureza difusa passam a ser objeto de uma maior
preocupao do cientista, legislador e aplicador do direito, conforme conclui Fiorillo e
Rodrigues (1997, p. 89) ao afirmarem que:
Emergiram os denominados bens de natureza difusa, de modoinversamente proporcional quebra da dicotomia pblico/privado, namedida em que, acentuou Mauro Capelletti, entre o pblico e oprivado criou-se um abismo preenchido pelos direitos metaindividuais.
Ainda podemos afirmar, em concordncia com Capelletti (1977, p.131), que:
[...] as situaes de vida que o Direito deve regular, so tornadassempre mais complexas, enquanto que por sua vez, a tutelajurisdicional - a Justia - ser invocada no mais somente contraviolaes de carter individual, mas sempre mais freqente contraviolaes de carter essencialmente coletivo, enquanto envolvemgrupos, classes e coletividades. Trata-se, em outras palavras, deviolao de massa.
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Vale dizer que a titularidade do bem difuso difere da titularidade do bem
pblico, pois so inconfundveis, uma vez que o bem de natureza difusa pertence a
toda coletividade cuja tutela de responsabilidade tanto do Poder Pblico quanto da
coletividade, e o bem de natureza pblico tem como titular o Estado.
Com relao proteo a estes conjuntos de bens de carter difuso, no
podemos mais valer-nos da tutela simplesmente individualista liberal, tendo vista a
natureza dos bens jurdicos, inerentes coletividade, em que devemos utilizar um
sistema processual coletivo que nos permita tutelar um direito coletivo latu sensu,
conforme observa Fiorillo e Rodrigues quando afirmam que:
[...] face da existncia de trs diferentes categorias de bens no nossoordenamento jurdico: pblico, privado e difuso, j no maispossvel usar do aparato de processo individual-liberal para tutelar osbens difusos, principalmente, pelo fato de que j existe no nossoordenamento processual civil uma regra determinante que obriga autilizao de um sistema processual coletivo, quando se tratar de umdireito coletivo latu sensu.
Com a evoluo industrial e o desenvolvimento econmico em larga escala,
surge na sociedade moderna problemas que acarretaram vrios prejuzos de ordem
coletiva, sendo at ento desconhecidos na sociedade quando analisados sob um
prisma meramente individual, como bem observado por Capelletti, 1977, p. 131) ao
afirmar que:
Na realidade, a complexidade da sociedade moderna, com intrincadodesenvolvimento das relaes econmicas, d lugar a situaes dasquais determinadas atividades podem trazer prejuzos aos interessesde um grande nmero de pessoas, trazendo problemas desconhecidoss lides meramente individuais.
Consideramos assim que o Direito no se apresenta mais com conotao
individual, mas de cunho individual, meta-individual e coletivo, podemos destacar
que:
Os direitos e os deveres no se apresentam mais, como nos Cdigostradicionais, de inspirao individualista liberal, como direitos edeveres essencialmente individuais, mas meta-individuais e coletivos(CAPELLETTI, 1977, p. 131).
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O bem jurdico meio ambiente deve ser considerado como um todo, mesmo
que formado por vrios bens jurdicos. Por esta razo, o bem ambiental encontra
tutela tanto por instrumentos de Direito pblico, quanto por instrumentos de Direito
privado e que, se for encarado de forma a considerar um conglomerado de bens
individualizados entre si, perde sua identidade na ordem jurdica.
Podemos assim considerar o bem ambiental, enquanto analisado sob sua
natureza jurdica, tratar-se de um bem difuso lato sensu, por ser um bem de
interesse transindividual e meta-individual de titularidade de toda a coletividade,
como bem define Piva (2000, p. 114): trata-se de um bem difuso, um bem protegido por
um direito que visa assegurar um interesse transindividual, de natureza indivisvel, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por uma circunstncia de fato.
Assim, em nosso ordenamento jurdico a tutela jurdica do bem ambiental
teve como primeiro instrumento a Lei 4.734/65, que a Lei da Ao Popular, apesar
de que naquele momento evolutivo da chancela jurdica dos bens de natureza
difusa, ainda se dava de forma pouco clara, em razo de que no havia ainda uma
noo clara e definio legal sobre os direitos difusos e coletivos, como tambm,
ainda no se percebia uma aceitao efetiva dos mesmos.
Contudo, o referido instrumento, perfez um importe marco normativo para o
deslinde do entendimento atual sobre os direitos difusos e coletivos e sobre o
surgimento dos denominados bens ambientais.
Nesta linha, mais importante ainda se fez no campo jurdico para
institucionalizar o denominado bem ambiental, cuja natureza jurdica difusa lato
sensu, a edio da Lei 6.938/81, que trata da Poltica Nacional do Meio Ambiente,
instrumento normativo de ordem material, que serviu, como de fato ainda serve, para
evidenciar que o meio ambiente necessita de diretrizes protetivas especficas, tendo
em vista sua esgotabilidade e importncia para todos os seres do globo.
Por fim, destacamos a edio da Lei 7.347/85, que a Lei da Ao Civil
Pblica, que apesar de tambm ser uma legislao procedimental, trouxe, enquanto
projeto de lei, em seu artigo 1, inciso IV, a possibilidade da sua utilizao para
tutelar direitos ou interesses difusos e coletivos, em que, num primeiro plano, ouseja, no momento de sua edio, recebeu o veto presidencial pela justificativa de
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que no existia positivado em nosso ordenamento jurdico a definio daquilo que
caracteriza e define os direitos difusos e coletivos.
Contudo, com a instituio da Constituio Federal de 1988, e, logo aps,com o advento da Lei 8.078/90, a Lei que introduz o Cdigo de Defesa do
Consumidor, trouxe em seu artigo 81, pargrafo nico, incisos I, II e III a definio
dos direitos difusos stricto sensu, coletivosstricto sensue individuais homogneos,
dando assim escopo aos direitos difusos e coletivos, possibilitando com isto a
recepo, por determinao da prpria Lei em comento, do dispositivo outrora
rechaado de nossa ordem legal em razo da Lei da Ao Civil Pblica.
Portanto, podemos concluir que nosso ordenamento jurdico atualmentecomporta trs categorias de bens, sendo o pblico, o privado e o difuso, inserindo-se
o bem ambiental no contexto deste ltimo pelo fato de ser um bem que pertence a
toda a coletividade, considerado bem de uso comum de todos e essencial a sadia
qualidade de vida, e, devido a sua importncia, e por ser fator preponderante para o
desenvolvimento da atividade do Ecoturismo, que percebemos a necessidade de
se preservar os bens ambientais enquanto objeto do direito ambiental, visando
assim, atingir o objetivo proposto de desenvolvimento sustentvel.
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3 FAUNA
Conforme descrito pelos doutrinadores ptrios, o estudo da fauna redunda
um tanto complexo, haja vista que possuem uma atvica concepo privatstica,
influenciada, principalmente, pelo pensamento civilista do comeo do sculo XX, que
por tal prisma, considerava a fauna como objeto que poderia ser passivo de
apropriao, sendo considerada como res nullius ou res derelictae. (FIORILLO,
2005, p. 86).
Entretanto, como a evoluo em nosso ordenamento jurdico, esta
concepo ultrapassada foi revista e modificada, uma vez que inegvel a
importncia da fauna ao equilbrio ecolgico, sendo imprescindvel para a
sobrevivncia de todo o conjunto de espcies, incluindo-se dentre elas o prpriohomem.
Deste modo, decai a concepo de que a fauna seria considerada res nullius
ou res derelictae, passando a integrar o conceito de res communes omnium, haja
vista que a mesma possui natureza difusa por ser um bem ambiental, detendo
atravs de sua funo ecolgica o papel de resguardar as espcies de forma a velar
pelo equilbrio dos ecossistemas, sendo esta funo indispensvel sadia qualidade
de vida.
Neste captulo abordaremos os aspectos gerais sobre a fauna, considerando
sua importncia para o meio ambiente enquanto possuidora de imprescindvel
funo ecolgica, a qual tambm ser abordada. E, como no poderamos deixar de
comentar, remeteremos nosso interesse sobre a fauna para suas finalidades que,
dentre as existentes, destacaremos aquelas que guardam estrita relao com
atividade do Ecoturismo, principalmente porque tal atividade pode coibir uma prtica
das mais perversas e que ser objeto de comento, tratando-se do trfico de animais
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silvestres, ressaltando, porm, que deixaremos de abordar a questo da caa por
considerarmos ser de pouca relevncia ao tema proposto.
3.1 ASPECTOS GERAIS
Inicialmente destacamos que o legislador constitucional ao elencar a
proteo fauna, em seu artigo 225, 1, inciso VII, o fez em sentido lato, no
conceituando o que seria fauna, ficando esta tarefa com o legislador
infraconstitucional, fato que possibilitou a recepo da Lei 5.197/67 que a Lei de
Proteo Fauna.
A referida Lei em seu artigo 1 restringiu o contedo da fauna, reportando-se
apenas fauna silvestre ao dispor que
os animais de quaisquer espcies em qualquer fase de seudesenvolvimento que vivem naturalmente fora do cativeiro,constituindo da fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos ecriadouros naturais so propriedades do Estado, sendo proibida suautilizao, perseguio, destruio, caa ou apanha.
Vale ainda mencionar o disposto no artigo 29, 3 da Lei 9.605/98, que
complementa a idia de fauna silvestre, a qual prescreve que
so espcimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes sespcies nativas, migratrias e quaisquer outras, aquticas outerrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendodentro dos limites do territrio brasileiro, ou em guas jurisdicionaisbrasileiras.
Entretanto, a concepo ideolgica de que se teria repudiado a proteo da
fauna como um todo, merecendo garantia protetiva somente a fauna silvestre, no
deve prosperar, levando-se em conta que tal possibilidade reverteria contra o
preceito constitucional, que determina a proteo fauna sem quaisquer restries,
inserindo-se a, tambm, a fauna domstica.
Ademais, o que se levou em considerao na Lei de Proteo a Fauna, foi o
fato de que a fauna silvestre possui funo ecolgica para o meio ambiente e,
tambm a necessidade de se preservar estes animais do risco de extino em razo
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da ao predatria do ser humano, fato que colocaria em risco o equilbrio ecolgico,
o que no quer dizer que os animais domsticos possam sofrer com a prtica de
crueldade.
Assim, podemos evidenciar o conceito da fauna como sendo o conjunto de
animais pertencentes a uma dada localidade ou regio, sendo definidos como
silvestres os que vivem naturalmente em liberdade ou fora do cativeiro, conforme
preceitua o artigo 1 da lei 5.197/67, e como domstico os animais que no vivem
em liberdade, sofrendo alterao de seu habitat, convivendo, via de regra, em
harmonia com o ser humano e deste depende para sua subsistncia.
Em nossa abordagem diante do tema proposto, vale apenas destacar que considerado como caracterstico dos animais domsticos a ausncia de funo
ecolgica e de risco de extino, trazendo sua existncia em benefcio do homem,
simplesmente uma relao de bem-estar ao mesmo na seara psquica.
Sobretudo, vislumbramos em relao natureza jurdica da fauna, a viso
antropocntrica, em que os animais da fauna no so sujeitos de direitos, o que no
significa que no merea total proteo, tendo em vista que o elemento protetivo do
meio ambiente visa favorecer a humanidade, incidindo assim, por via reflexa, na
proteo das demais espcies pertencentes ao conjunto ambiental.
A fauna como bem ambiental possui caracterstica natureza difusa, o que foi
modificado com a evoluo do direito positivo, principalmente ao observarmos nosso
ordenamento jurdico ptrio, em que, pelos revogados Cdigo de Caa (Decreto-Lei
n 5.894/43) e Cdigo de Pesca (Decreto-Lei n 794/38), as espcies que
compunham a fauna eram tidas como res nullius, e com o advento da Lei n5.197/67, que revogou os diplomas anteriores, a fauna passou a pertencer
categoria de bem pblico, por refletir a preocupao do legislador com a
possibilidade de se esgotar o bem descrito, levando-se em considerao a
importncia no equilbrio ecolgico.
Com o advento da atual Constituio Federal, aliado ao diploma do Cdigo
de Defesa do Consumidor, mudou-se a concepo de que a fauna pertencia
categoria de bens pblicos, sendo assim considerado bens de natureza difusa, porserem bens ambientais e possurem funo ecolgica.
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3.2 FUNO ECOLGICA
A referida funo vem disposta em nossa Carta Magna, necessariamente no
artigo 225, 1, inciso VII, quando veda as atividades contra fauna e flora que
coloquem em risco a sua funo ecolgica e, ao relacionar-se diretamente com a
manuteno do equilbrio ecolgico mencionado no caput do artigo descrito,
importando na garantia da sadia qualidade de vida.
Deste modo, podemos considerar que a funo ecolgica exercida no
momento em que a fauna age na manuteno e equilbrio do ecossistema a que
pertence, tendo como resultado, um ambiente sadio e indispensvel sadia
qualidade de vida, sendo que esta funo fator determinante para que a fauna se
caracterize como bem ambiental de natureza difusa.
Tal assertiva nos leva a considerar que, ao ser observado que a fauna
domstica caracterizada por no possuir funo ecolgica, por certo, tambm no
possuem natureza difusa, e, portanto, ainda que merea ser protegida contra
prticas de crueldade, so passiveis de apropriao, e sendo assim, possuem
natureza privatstica.
3.3 MULTIFINALIDADE DA FAUNA
A fauna possui vrias finalidades voltadas para o ser humano e para o meio
ambiente, sendo determinadas ao considerarmos o benefcio que sua utilizao
reverter em prol do ser humano, tendo como principais finalidades, a cientfica,recreativa, econmica, cultural e ecolgica, sendo que esta ltima j est
evidenciada neste trabalho pelo que j foi abordado, e, dentre todas, as que mais
despertam nosso interesse a recreativa, econmica e cultural.
Entretanto, e para fins elucidativos, merece ser mencionado o conceito de
finalidade cientfica, em que podemos evidenciar que a fauna pode ser utilizada para
fins de experimentos, testes em laboratrios, dentre outros fins de cunho cientfico,
desde que seja resguardada e preservada a sua destinao cientfica ou tecnolgicade forma bem definida e em benefcio da prpria humanidade.
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Outra finalidade que merece ser destacada refere-se a cultural, que para o
Ecoturismo de suma importncia, pois a fauna deve ser utilizada com vistas
preservao, deve ser observado tambm o exerccio dos prembulos culturais
enraizados nas diversas vertentes da sociedade brasileira, visando, contudo, atingir
a finalidade precpua da proteo ambiental.
A principal polmica sobre a funo cultural est relacionada a prticas
denominadas cruis, como a farra do boi em terras sulistas, onde, sob a viso
antropocntrica, estaria ligada diretamente sade psquica do prprio homem, no
sendo considerado o aspecto do bem-estar do animal, o que reflete assunto muito
polmico, pois que devemos sopesar vrios valores de suma importncia que levam
em considerao muitos aspectos peculiares que possuem variabilidade mltiplas e
que no merecem maior aprofundamento.
Entretanto, para a atividade do Ecoturismo, que alia preservao e
conservao do meio ambiente com explorao de atividade econmica com vistas
ao desenvolvimento econmico como ser abordada mais adiante, a prtica de
atividade que resulte em agresso ao meio ambiente, resulta na fuga de suas
primcias, e, portanto, merecem ser rechaadas.
Por fim, abordaremos a finalidade recreativa que somada a finalidade
ecolgica redunda como a principal finalidade para o desenvolvimento da atividade
do Ecoturismo, sendo definida como o direito ao lazer com o desfrute de uma sadia
qualidade de vida.
O que se assevera que muitas vezes o direito ao lazer poder chocar-se
com o dever de se preservar o meio ambiente, e neste caso em especfico, ao tratar-se da fauna, deve ser levado em considerao manuteno da funo ecolgica.
Frente a esta situao conflitante, em que se pode evidenciar que ambos os
direitos possuem uma mesma origem, ou seja, natureza difusa, ao versar sobre
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e para o alcance de uma sadia
qualidade de vida, devemos analisar a situao com vistas ao princpio do
desenvolvimento sustentvel, de forma que certas atividades de cunho recreativo
possam ser realizadas de forma compatvel conservao do meio ambiente, eneste sentido temos que:
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[...] o que vai determinar a soluo do conflito a casustica, em quedevero ser sopesadas a relao custo-benefcio da agresso fauna (com implicaes na funo ecolgica) e a relao entre anecessidade daquela prtica de lazer e a formao do bem-estar
psquico. Realizada essa operao, ser ento possvel determinarse se trata da prevalncia de um exerccio do direito ambientalvinculado ao laser ou preservao da funo ecolgica da fauna(FIORILLO, 2005, p. 92).
Vale ser ressaltado que a atividade de recreao em que se perceba a
presena da fauna silvestre, imprescinde de prvia autorizao do Poder Pblico e
no de licena ambiental conforme determina a Lei de Proteo Fauna, devendo
ser observado ainda que, mesmo se tratando de propriedade particular o local onde
se desenvolva a atividade dever ser requerido mencionada autorizao, pois a
fauna silvestre possui natureza de bem ambiental e, deste modo, um bem difuso,
no podendo ser utilizado de forma particular e ao livre alvitre pelo proprietrio do
local em que se situe o espao da atividade.
3.4 TRFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL
O Trfico de animais silvestres configura uma das maiores agresses ao
meio ambiente como um todo, ou seja, sob o bice interno e internacional, j que a
prtica de tal ilcito realizada no mundo inteiro, deixando um rastro de morte e
destruio, e ainda, deflagrando a situao vexatria das mazelas sociais onde esta
prtica representativamente maior, como o caso dos pases de terceiro mundo.
A prtica do trfico de animais silvestres reveste-se de grande rentabilidade
em razo da quase certeza de impunidade. Por isso, em um ano torna-se possvel
movimentar bilhes de dlares com o desenvolvimento da atividade ilegal, que
representa uma grande degradao ambiental, responsvel pelo risco de extino
para muitas espcies.
Nos tpicos a seguir sero abordadas questes de suma importncia para
delinear a situao do trfico de animais silvestres no Brasil e no mundo e que
servir para demonstrar que atividades como a realizao do Ecoturismo, que aliaminteresse econmico, desenvolvimento social e preservao do meio ambiente,
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representam instrumentos necessrios e eficazes para se alcanar o
desenvolvimento sustentvel.
3.4.1 No mundo
O trfico de animais silvestres representa o terceiro maior negcio ilcito no
mundo, sendo apenas superado pelo trfico de drogas e de armas, movimentando
com a prtica ilcita, em torno de U$ 15 bilhes de dlares por ano e comercializado
cerca de 120 milhes de animais todos os anos.
Podemos observar o agravamento do caso, pelo fato de que atualmente os
traficantes de drogas descobriram que o comrcio de animais muito mais vivel do
que o comrcio de drogas, cuja razo deve-se a maior rentabilidade com a venda de
animais e a quase impunidade da prtica.
A situao to polmica e sria que a Polcia Federal em conjunto com a
Interpol j se mobilizou no sentido de criar equipes especializadas para o combate
acirrado contra a prtica de tal ilcito, em que, a ttulo de exemplo, uma espcie queest em extino, como a ararinha-azul, no comrcio ilegal equivale a 24 quilos de
cocana.
O fato que a prtica deste comrcio ilcito possui ramificaes em todo o
mundo, e, como ser observado, no Brasil ainda mais preocupante, haja vista que
uma boa fatia do mercado global abastecida por nossos espcimes nativos.
3.4.2 No Brasil
Como j mencionado, o trfico de animais silvestres representa a terceira
maior atividade ilcita do mundo, e, como no poderia deixar de ser, no Brasil tal
atividade configura a mesma proporo, sendo que o Brasil responsvel por 15%
do mercado mundial, movimentando cerca de U$ 1,5 bilho de dlares ao ano em
mdia.
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A necessidade de medidas que possam evitar que tal prtica ocorra sem que
nada seja feito de efetivo, envolve toda a sociedade brasileira num contexto global,
j que os danos fauna brasileira, pertencente a todos os cidados brasileiros,
referem-se a interesses difusos, merece toda a ateno, tanto do Poder Pbico
quanto de toda a coletividade.
A ateno mais efetiva de polticas pblicas se faz necessrio, sendo que
esta mobilizao foi bem observada pela ONG SOS FAUNA dizendo que:
importante que ocorra um processo de integrao, de articulaopoltica, culminando numa ao harmnica entre os rgosgovernamentais (tanto a nvel federal, como estadual e municipal),
ns das Organizaes No Governamentais, operadores do Direito,que fazem valer os instrumentos normativos e, por fim, a sociedade,participando ativamente para reverter este triste quadro que s temcrescido2.
fato que o Brasil possui maior e mais rica biodiversidade do planeta, mas,
ao que tudo indica, no h uma preocupao muito latente com o comrcio ilegal de
animais silvestres, considerando que muitas das crticas feitas ao nosso conjunto
normativo especfico sobre a matria so profundamente consistentes e verdadeiras,
pois, como evidencia matria veiculada pela revista poca de 21 de julho de 2003,
em relao ao Brasil
a pena para o comrcio de substncias ilcitas varia de trs a 15anos de priso. No caso dos animais, a punio mxima de um anode deteno. A maioria das ocorrncias, porm, resolvida commultas que no chegam a R$ 1.000,00 ou a simples prestao deservios comunidade. O Cdigo Penal punitivo. J a legislaosobre os crimes ambientais foi criada para educar3.
Entretanto, merece destaque a estimativa de que apenas 30% dos animais
comercializados deixam o Brasil e os outros 70% so comercializados dentro do
prprio territrio brasileiro, sendo que o principal fluxo concentra-se na regio
Sudeste, principalmente no eixo Rio-So Paulo, advindo principalmente da Regio
Nordeste, seguido do fluxo advindo da regio Centro-Oeste, passando pelo Estado
de Minas Gerais. Em terceiro lugar est o fluxo advindo da regio Norte, sendo que
todos tm como certo o destino da regio Sudeste.
2http://www.sosfauna.org/a_realidade_dolorosa_e_vergonhos.htm, capturado em 15/07/2003 .3Revista poca.A arara e a cacana. So Paulo: Globo, n 270, de 21 de julho de 2003.
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A maior parte do trfico da fauna silvestre brasileira contrabandeada para
pases vizinhos, sendo o transporte realizado atravs dos meios fluviais ou pelas
denominadas fronteiras secas, e, aps, seguem para os pases de primeiro mundo,
onde viram animais de estimao ou cobaias para experimentos em biotecnologia.
O fato mais marcante, alm do expressivo montante de espcimes da fauna
que correm o risco de extino pela atividade ilcita do trfico de animais, redunda
nos meios em que se d a captura e o transporte destes animais, cuja brutalidade e
crueldade a que so submetidos, fazem com que nove entre dez animais
capturados, sejam mortos antes de chegar ao seu destino.
A cadeia estrutural que envolve o trfico de animais complexa e aoanalisarmos suas razes, observaremos que a prtica favorecida, e muito, pela
questo social, onde, as populaes locais, muitas vezes vivendo em situaes de
precariedade, trocam exemplares capturados por produtos bsicos de subsistncia,
surgindo a os primeiros intermedirios do trfico, com pouca expresso comercial,
sendo estes:
[...] os mascates, regates (barqueiros que transitam pelos rios das
regies Norte e Centro-Oeste realizando escambo de produtosbsicos por animais silvestres), d