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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS PROGRAMA ESPECIAL DE INCLUSÃO EM INICIAÇÃO CIENTÍFICA A BIBLIOTECA ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE LEITORES: UMA PESQUISA COLETIVA E PARTICIPANTE Versão Final Área de Concentração: Ciência da Informação – Bacharelado em Biblioteconomia e Documentação Bolsista: Flávio Florêncio de Almeida Matrícula: 11130656 Orientadora: Profa. Dra. Valéria Aparecida Bari Núcleo de Ciência da Informação – NUCI/CCSA Relatório Semestral do PIIC Período: 2011/2012 Este projeto é desenvolvido com bolsa de iniciação científica PIIC/COPES São Cristóvão, 31 de julho de 2012

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Page 1: A BIBLIOTECA ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE LEITORES UMA PESQUISA COLETIVA E PARTICIPANTE.pdf

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS PROGRAMA ESPECIAL DE INCLUSÃO EM INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A BIBLIOTECA ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE LEITORES: UMA PESQUISA COLETIVA E PARTICIPANTE

Versão Final

Área de Concentração: Ciência da Informação – Bacharelado em Biblioteconomia e Documentação

Bolsista: Flávio Florêncio de Almeida

Matrícula: 11130656

Orientadora: Profa. Dra. Valéria Aparecida Bari

Núcleo de Ciência da Informação – NUCI/CCSA

Relatório Semestral do PIIC

Período: 2011/2012

Este projeto é desenvolvido com bolsa de iniciação científica

PIIC/COPES

São Cristóvão, 31 de julho de 2012

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Flávio Florêncio de Almeida

A BIBLIOTECA ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE LEITORES: UMA

PESQUISA COLETIVA E PARTICIPANTE

Relatório final apresentado ao Programa Especial de Inclusão em Iniciação Científica -- PIIC, realizado pela Universidade Federal de Sergipe, sediado pelo Núcleo de Ciência da Informação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – NUCI/CCSA, como requisito parcial para a manutenção da bolsa do projeto de pesquisa.

Orientador (a): Profa. Dra. Valéria Aparecida Bari

São Cristóvão, 31 de julho de 2012

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A BIBLIOTECA ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE LEITORES: UMA PESQUISA COLETIVA E PARTICIPANTE

Flávio Florêncio de Almeida

RESUMO

Esse trabalho trás uma discussão acerca da biblioteca escolar como formadora de leitores embasada na participação coletiva de todos os profissionais da educação envolvidos na busca por objetivos, estabelecendo para esse fim a necessidade de planejamento. Enfatizando a situação problemática da educação pública relacionada a bibliotecas não funcionais e a ausência de leitores e, conjugando em sua generalidade a triste fisionomia da biblioteca escolar como é vista nesse momento. Associando a essa, uma valorização devido a sua real importância no que concerne a compreensão do conhecimento e do pensamento reflexivo. Para esta análise, o objetivo geral desse estudo se fez na importância da biblioteca escolar que intrinsecamente se objetiva a gerar de modo especifico bons leitores. Para isso, foi analisada a Biblioteca da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, caracterizando suas mudanças que se constituem em novas realizações para a transmissão de significados. Assim, analisando a inter-relação dos alunos, os profissionais da educação e a biblioteca escolar para a formação de bons leitores. Os procedimentos metodológicos utilizados nesse trabalho foram baseados na revisão bibliográfica, fundamentando na pesquisa de campo, questionários, entrevistas e, fazendo uso muitas vezes da formalidade e outras da informalidade; o método aplicado nessa pesquisa foi a pesquisa participante, de abordagem antropológica, com intervenções em campo.

Palavras-chave: Biblioteca Escolar, Formação do Leitor, Educação, Pesquisa Participante.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO............................................................................................................................................................ 4

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................................................................... 4

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 6

2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR ................................................................................................................................... 8

3 A IMPORTÂNCIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR ................................................................................................... 10

4 A BIBLIOTECA PROBLEMÁTICA .................................................................................................................... 13

5 FORMAÇÃO DE LEITORES .............................................................................................................................. 17

6 CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR ................................................................................................. 20

7 A RELAÇÃO DOS ALUNOS E A LEITURA .......................................................................................................... 23

7. 1 GOSTAR DE LER ......................................................................................................................................... 23

7. 1 ACESSO AOS LIVROS .................................................................................................................................. 25

7. 2 A LEITURA DENTRO E FORA DA ESCOLA .................................................................................................... 26

7. 3 O QUE A LEITURA SIGNIFICA ...................................................................................................................... 29

7. 4 DIFICULDADES DE LEITURA ........................................................................................................................ 30

7. 5 MELHORES HORÁRIOS PARA ACESSAR A BIBLIOTECA .............................................................................. 31

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................ 32

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................... 33

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fotos 1 e 2 - Biblioteca da Escola Alceu Amoroso Lima, após a intervenção proposta pela pesquisa participativa: adequação da organização e do espaço para acomodar os leitores. Fonte: Arquivo do autor. ..... 14 Figura 2: Foto3, 4 e 5 - Instrumentos e equipamentos mobiliários Fonte: Arquivo do autor........................... 17 Figura 3: Tabela do universo de pesquisa. Fonte: Levantamento feito pelo autor ........................................... 23 Figura 4: Gráfico da questão “Você gosta de ler?” ........................................................................................... 24 Figura 5: Gráfico da questão “Se você lesse mais, o que aconteceria com o seu aproveitamento escolar?” ... 25 Figura 6: Gráfico da questão “Como você tem acesso a livros, jornais e outros materiais de leitura?” ........... 26 Figura 7: Gráfico da questão “Que materiais de leitura gostariam de levar da biblioteca escolar para casa?” 27 Figura 8: Gráfico da questão “Em que lugares você leva livros e revistas para ler?” ....................................... 27 Figura 9: Gráfico da questão “Quem incentiva você a ler?” ............................................................................. 28 Figura 10: Gráfico da questão “O que a leitura significa para você?”............................................................... 30 Figura 11: Gráfico da questão “Você tem dificuldades para ler?” .................................................................... 30

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1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho concretizou a proposta de análise da biblioteca escolar como instrumento essencial

para a formação de leitores dentro de um planejamento coletivo e participativo dos muitos sujeitos de

ligação interna e externa com a escola e a própria educação, quais necessitam de um compromisso

maior. As características informacionais para tal trabalho tem suas bases estabelecida nos métodos

quantitativos, não se esquecendo que esses são realçados pelos métodos qualitativos. A pesquisa teve

como exemplo de foco e exclusividade a biblioteca da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima.

Essa pesquisa pautou-se também na análise empírica, teórica referente a bibliografia estudada e

prática relacionada a vivência de alguns alunos no uso da biblioteca diagnosticado através conversas

informais e pela formalidade de entrevistas e questionários aplicados com a gestão da escola e os

próprios alunos. Dentro das relações da biblioteca e alunos leitores, essa pesquisa trás conhecimentos

fundamentais para uma melhor compreensão e desenvolvimento de todo o processo e o alcance de

um bom desempenho relacionado a biblioteca escolar e a formação de leitores. Alguns parâmetros

sobre a biblioteca são considerados para um melhor desempenho dos profissionais da educação e dos

alunos que se constituirão em leitores dentro do contexto da biblioteca escolar. É claro, que

decorrente de muitos interesses e na busca por objetivos e uma satisfação maior surge a indagação:

Como formar leitores diante de tantas barreiras?

Certamente, dentro do que é correto, a escola deveria proporcionar os meios para um melhor

desenvolvimento, essa é a ideia. Contudo, isso não ocorre devido a muitos fatores de séria

relevância, independente da área que a escola pertença seja federal, estadual, municipal ou particular.

Esses fatores muitas vezes são de ordem social, cultural, econômico, consciência, interesse, político,

familiar e formação profissional. Comentando sobre esse último fator, Kleiman (2008, p. 7), diz que

o ensino da leitura é fundamental para trazer soluções aos problemas relacionados ao baixo

rendimento escolar. Os professores realmente precisam se capacitar com relação a cursos de leitura

para melhor ensinar aos seus alunos a aprendizagem da leitura

Para que isso venha ocorrer de modo eficiente seguirá um processo continuo de etapas de faixa etária

de idade e série, sempre crescente desde o momento infantil da criança até sua fase mais adulta em

idade escolar (KUHLTHAU, 2006). É um processo longo e árduo, mas que trás resultados

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satisfatórios. Esses resultados são normalmente esperados pelo trabalho ser constante.

Evidentemente, isso não quer dizer que quem nunca aprendeu essa leitura não possa aprender.

Já se ouviu vez por outra alguém mencionar a necessidade de melhoramento da leitura, ou mesmo,

uma melhor compreensão da mesma. Nesse sentido, também foram citados os “cursos de leitura

avançada e cursos de leitura, a leitura da apreensão”. Esse último, é evidente que não se trata de

aprender a ler no que tange a alfabetização, o caso em questão é de pessoas que sabem ler, que

percebem a necessidade de apreender da leitura, a simples compreensão de todo o seu sentido. Já no

caso da leitura avançada é um curso que a principio trás em sua aparência a ideia básica da

alfabetização; entretanto, vai muito mais além do que se possa imaginar. Tal leitura não se trata da

simples ideia de aprender a ler, mas como ler, ou seja, a leitura precisa ter vida, ter sentido em outras

palavras é preciso sentir as palavras, é preciso dá sentido as palavras e sentir o que se ler. Nesse tipo

de leitura, o seu papel fundamental é dá sentido ou vida a própria leitura que se faz de um texto. Em

outras palavras, dar a entonação correta às frases ou palavras em especial àquelas que existem

acentuação para que estas não percam seu sentido como também o próprio texto em que estas estão

inseridas.

A busca pela vida dentro da leitura se faz pela transmissão de sentimentos, independentemente do

tipo de leitura, especialmente se a leitura for direcionada ao público; a leitura deve passar emoção

fazendo com que os ouvintes e o próprio leitor possa se imaginar, viajar e vivenciar como se fosse

algo real, pertencente a uma determinada realidade, uma realidade contextualizada é claro. Isso é dá

sentido à leitura!

O interessante nesses dois tipos de leitura é como elas podem se relacionar entre si, ocasionando uma

grande vivência de sentidos e significados. A leitura que tem como base dá sentido ao que se ler

torna-se necessário fazer uma pré-leitura ou ter um conhecimento antecipado do texto para melhor

sentir o texto e o que ele quer transmitir, fazendo isso da melhor forma possível. Concernente, ao

outro modelo de leitura, também denominado leitura da apreensão, baseia-se em apreender a

profundidade do que o texto quer transmitir e, em seguida a compreensão de todo o seu sentido para

o desenvolvimento do senso critico, que por sua vez resultará em conhecimento adquirido. Esse

último modelo de leitura é o que terá maior ênfase nesse trabalho.

Na análise dos modelos de leituras é razoável a compreensão dos leitores, na observância individual

desses modelos, porém o ato da leitura realizada de maneira particular ou para o público deve

apreender os diversos modelos e técnicas de leitura de forma conjugada para melhor atingir o

completo sentido e a transmissão dos sentimentos. Ainda seguindo tal ideia, Cuevas Ceveró, citada

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por Côrte e Bandeira (2011, p. 2), menciona a necessidade de dotar o leitor de capacidade para

entender os diferentes tipos de leitura em seus vários suportes, como também capacitá-los para

selecionar, priorizar, avaliar e assimilar as informações absorvidas; reconhecendo ainda que a leitura

tem passado por transformações em sua dimensão discursiva como também na prática. Sintetizando a

ideia de leitura em si, Douglas (1971, p. 21) aborda o momento em que a leitura tem verdadeiro valor

e significado ao dizer:

[...], a leitura só tem valor na medida em que a criança sabe extrair a significação de um texto e assimilar-lhe a substância. A iniciação deverá, pois, levá-la a interpretar o que lê e a reagir. Para isso, será estimulada e ajudada a exprimir aquilo que a leitura lhe suscite, com livre escolha dos meios de expressão.

2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR

A aprendizagem e os diversos modelos de leituras remetem-se ao infinitivo dos verbos educar e

ensinar, evidenciando-se em processos formativos ligados a educação escolar, que conforme a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, MEC, 1996), Art. 1º, menciona que:

[...] a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, MEC, 1996, p. 7).

Em outras palavras, isso esclarece os processos formativos quais são gerados por diversas

instituições e organizações, que inevitavelmente são gerenciadas pelas relações humanas interessadas

em focalizar objetivos. De acordo, com Almeida (2005), o planejamento somente vem a estabelecer

esses objetivos para o esforço do grupo ou do individuo. Seguindo esse pensamento Almeida ainda

comenta que “o planejamento não é um acontecimento, mas um processo contínuo, permanente e

dinâmico, que fixam objetivos, define linhas de ação, detalha as etapas para atingi-los e prevê os

recursos necessários à consecução desses objetivos” (ALMEIDA. 2005, p. 2).

Esse planejamento faz parte de toda boa administração que procura melhorar a sua estrutura

organizacional, independente de qual seja o seu tipo. Aqui, no caso se trata da educação escolar. E,

essa mesma educação é instruída por leis, desenvolvida com predominância para o ensino em

instituições próprias (BRASIL, MEC, 1996). De fato, a legislação é uma forma de planejamento de

uma determinada estrutura organizacional que buscará o controle como normas de previsão, evitando

assim, ações arbitrárias, as incertezas que poderão sobrevir, um melhor aproveitamento da qualidade

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dos serviços informacionais e a garantia dos objetivos visados; que no caso desse trabalho aqui é a

biblioteca escolar o foco maior a ser analisado. Lembrando que o planejamento tem sempre ligação

com o estabelecimento de objetivos, algo essencial para a sobrevivência de qualquer instituição ou

organização, inclusive a educacional, que na teoria se faz presente, mas na prática não existe. E, esta

se torna ausente pela falta de respeito, moralidade, ética e sem nenhuma vontade ou desejo de

realizar sua consecução do trabalho, sintetizado pela corrupção do dinheiro público, que em sua

maior parte deveria ser voltado para a educação, a saúde entre outras.

De acordo, com os países desenvolvidos ou que querem se desenvolver, tem o ideal de aplicar boa

parte dos impostos na educação, acreditando que esse seja o melhor investimento a ser alcançado

para o crescimento de um país. Porém, atrelado a esse desejo e aos empenhos pautados no

planejamento se destaca a corrupção educacional, implicando em vários fatores, sendo que um dos

maiores é a má organização da educação nacional que alheia aos reais problemas, que prejudica as

escolas, sem planejamento físico necessário. Isso acontece tanto em linhas horizontais como em

verticais, haja vista a existência de espaços físicos sem aproveitamento, a não ser pela proliferação

de vegetação, não permitindo as possibilidades de expansão; outro fator ausente de planos e presente

nas escolas é a segurança, as escolas estão sendo arrombadas, estão sendo saqueadas, entre outros

problemas desse nível e as autoridades se omitem com respeito a segurança desse patrimônio

público.

E, para dar complemento ao restante dos fatores escolhidos como de grande importância para esse

pesquisador será preciso analisar a LDB, nesses constarão fatores ou princípios como valorização

dos professores, acesso livre para todos o que inclui especificamente os deficientes e de forma

indireta a Biblioteca Escolar; ou como expressou outrora Ranganathan, a respeito da importância da

biblioteca escolar, denominando-a “o coração da escola” (RANGANATHAN, 2009, p. 30). Os

fatores existentes na teoria do planejamento documental das leis, que na prática não tem nenhuma

conclusão real, estão inseridas no artigo terceiro da LDB e, que somente será mencionado alguns por

pertinência a temática. Tal artigo rege da seguinte forma:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - [...]; IV - [...]; V - [...]; VI - [...]; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - [...]; IX - garantia do padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar;

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XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (BRASIL, MEC, 1996, p. 8, 9).

Desse modo, ainda seguindo a mesma linha de raciocínio dos fatores que se inserem dentro dos

princípios e finalidades da educação, torna-se necessário analisar um dos dez pontos alistados do

artigo 4º como garantias mediadoras para o estabelecimento do dever do Estado e a educação escolar

pública estar aquele que mais se distancia da realidade como o “atendimento educacional

especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular

de ensino” (LDB, 1996, p. 9).

De fato, a educação e suas leis precisam ser revistas com maior atenção ou se fazer que se cumpra de

verdade. As escolas e suas bibliotecas esperam por planejamentos que tragam transformações para as

suas estruturas físicas, os seus profissionais necessitam de uma maior capacitação profissional para

melhor atender as necessidades de todos com a real qualidade, visando uma busca pela valorização

do profissional da educação. É evidente que os problemas da educação pública tem refletido na

biblioteca escolar, tornando-a deficiente, sem uso, ou mesmo, inexistente, como atesta Luís Milanesi,

citado por Maroto (2009, p. 57), quando fala que,

[...] o subdesenvolvimento começa nas escolas sem bibliotecas adequadas, um espaço ausente que dá o caráter da vida escolar brasileira, ainda mantida sob a tutela discursiva dos professores, tão impositivos quanto mal remunerados. Enfim, o subdesenvolvimento nacional começa numa escola que, mesmo tendo uma biblioteca, não sabe o que fazer com ela, pois dentro do sistema de ensino que prevalece não há lugar para ela.

3 A IMPORTÂNCIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR

Alguém talvez venha a se perguntar o que é uma biblioteca, ou mesmo, qual sua importância na vida

das pessoas?

Ferreira (2001), trás no dicionário Aurélio a conceituação de biblioteca como “coleção pública ou

privada de livros e documentos congêneres, para estudo, leitura e consulta.” O conceito e a

importância que traz esse dicionário renomado da língua portuguesa, tem a relevância para se definir

a biblioteca numa linguagem mais simples, como coleção de livros e sua importância baseia-se

fundamentalmente no uso e educação (RANGANATHAN, 2009, passim).

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Côrte e Bandeira (2011, p. 8), comentam sobre a importância da biblioteca escolar e suas diversas

relações ao dizer que,

[...] a biblioteca escolar tem sua missão – seu destino – estreitamente ligada à da escola, de cujos objetivos é reflexo e para cuja consecução faz tudo que está ao seu alcance. É ela que fará a ponte entre os conhecimentos gerados no mundo exterior e a comunidade docente e discente. Os professores necessitam atualizar os conhecimentos e aperfeiçoar os métodos de ensino. Os alunos precisam de livros e outros materiais que lhes permitam o reforço, o aprofundamento e a ampliação do que recebem em sala de aula. [...] A biblioteca escolar é um espaço de estudo e construção do conhecimento, coopera com a dinâmica da escola, desperta o interesse intelectual, favorece o enriquecimento cultural e incentiva a formação do hábito de leitura. Jamais será uma instituição independente, porque sua atuação reflete as diretrizes de outra instituição que é a escola. Essa situação de dependência faz com que a biblioteca,, para cumprir seu papel, esteja em estreita sintonia com a concepção educacional e as diretrizes político-pedagógicos da escola à qual se integra. Na biblioteca escolar o bibliotecário é como se fosse o professor e sua disciplina é ensinar a aprender. Essa função nunca deve ser deixada de lado. [...] A biblioteca faz a diferença.

É bem verdade que alguns encaram como apenas um lugar em que se guardam livros, mas a história

revela muito mais a respeito dos livros e bibliotecas. Porém, esse estudo não visa o aprofundamento

de sua história, mas sim, as correlações dos usuários leitores com seus mediadores, profissionais da

Educação e da Informação, na busca pelo pensamento critico. Ora, quando se fala em profissionais

da educação, as referências não são somente aos professores de salas de aula propriamente dita, mas

aos bibliotecários quais também são educadores, que além de serem aqueles que superintendem uma

biblioteca na concernência da organização e administração, também ministram o ensino dentro de

sua área de trabalho aos alunos e professores no uso dos livros.

Certamente que a educação tem uma rentabilidade quando todos participam dentro de uma

coletividade geral do contexto escolar. E, ainda melhor quando agentes externos contribuem com sua

participação no processo de ensino aprendizagem para o andar de uma educação com qualidade,

como por exemplo: a família, a sociedade, os sistemas da educação e os sistemas políticos que regem

a organização da educação nacional. A luta que estar sendo travada somente pelos profissionais da

educação é uma luta desigual no que tange a educação e a generalidade de princípios que embasa

suas leis.

A importância de a biblioteca estar para a educação, assim como a educação estar para a biblioteca.

Juntas formam uma importante parceria, enquanto que uma trabalha como fonte de conhecimento a

outra trabalha esse saber como curiosidade estimulante a se buscar. Diante dessa importância, por

milênios o homem tem se preocupado a principio com a guarda das informações, especificamente

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não com a guarda em si, mas sua preservação ou maneiras de acondicionar o bem informacional para

melhor poder manuseá-lo, ou mesmo recorrer a ele quando houvesse necessidade. Russo (2010, p.

36), fundamenta essas palavras quando diz que o homem desde os tempos mais remotos tem buscado

meios de entender e preservar sua memória como uma forma de comunicação e, para isso usara-se o

elemento da informação.

Dentre as maneiras que acondicionaram as informações ao longo dos séculos até o momento atual

que se tem noticia e, que merece a boa atenção para a compreensão do grande valor do livro e da

biblioteca, destaca-se as pinturas rupestres, as tábuas de pedra, as tábuas cuneiformes, rolos em

papiro, as tábuas de madeira, rolos em couro animal, rolos em papel, as bibliotecas, os livros e os

chamados ambientes digitais. Referente às bibliotecas, objeto desse estudo, tinham outrora o

propósito da preservação das informações para os estudos e pesquisas futuras. Mas, em que momento

a biblioteca vai se destacar, além do fato de preservar a informação para estudos?

No período Renascentista século XV, com a invenção da imprensa de Gutenberg, o livro que ainda

não era livro, entra em uma nova fase assumindo uma face como a que se conhece nos dias atuais. O

livro atrairia assim, o leitor por sua nova aparência e facilidade de manuseio. De acordo, com Ortega

(2006, p. 16, 17, 20-22), a valorização do livro foi se estabelecendo com o passar dos anos como

uma grande necessidade para as sociedades ocidentais, cada momento trazia um novo significado; e

que até o período Renascentista a necessidade do livro não fora tão significativo para a sociedade,

essa questão somente se torna positiva de credibilidade para com o livro, quando esse assume um

aspecto de fé, que num primeiro instante surge na revelação de Deus transmitida ao homem como

um grande fervor para com o que é sagrado e, em seguida uma diminuição do zelo pelas coisas

sagradas e o aumento da valorização pelo pensamento do homem baseado na razão.

A necessidade social do livro nesse período consiste em que haja mais livros por sua baixa

quantidade. E aqui se faz nascer o bibliotecário na procura por livros. Em seguida a isto no século

XIX, o grande destaque para as bibliotecas e os bibliotecários que se multiplicaram com o

surgimento das universidades, a publicação tornara-se vasta e a impressão mais barata não havendo

necessidade de buscar livros e sim, a promoção da leitura e a busca por leitores (ORTEGA, 2006,

p.21, 22). Deveras, isto já evidenciava naquele momento uma relação e uma preocupação para com a

biblioteca e a formação de leitores.

Segundo Jacob e Baratin (2008, p. 9), o poder das bibliotecas está no cruzamento de diferentes

caminhos como os meios intelectuais usados, as técnicas da escrita, ao conjunto de ideias, aos

modelos de trabalho e pesquisas, a tradição e a própria experiência. E conceituando as bibliotecas, os

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autores citados afirmam que é o “[...] lugar da memória nacional, espaço de conservação do

patrimônio intelectual, literário e artístico, [...]” (JACOB; BARATIN, 2008, p. 9).

Ao conceituar a Biblioteca, já se tem ideia de sua importância social, pela relação intrínseca entre sua

função social e a própria sociedade atendida. Dentro de uma determinada compreensão, torna-se

razoável reconhecer que para ser denominado um espaço físico que contenham livros em biblioteca é

preciso haver o profissional de nível superior, o Bibliotecário. De modo similar, Jacob e Baratin

(2008, p. 11), dizem que uma biblioteca só tem sentido quando há leitores. A sala de leitura vista

como uma biblioteca, somente pode ser concebida como tal, quando houver em especial

bibliotecários e, é claro, leitores como usuários dessa. E, de fato, esta relação vem a resumir a

importância de uma biblioteca.

4 A BIBLIOTECA PROBLEMÁTICA

Independente de qual seja o setor de uma determinada organização, instituição ou sistema, os

problemas sempre irão acontecer, porque os homens como peça fundamental são os motores desse

processo social. E tudo o que o homem vive tem a vivência das relações humanas, porque os homens

são seres sociais, humanos, e humanos cometem falhas. Isso acontece devido a imperfeição

evidentemente, e por conta disso fadados a cometerem falhas. Algo aparentemente inevitável!

A imperfeição que é intrínseca ao ser humano jamais deve ser encarada como uma desculpa para os

erros, porém é um sinal que não se deveria passar despercebido na busca do potencial humano e suas

possibilidades dentro dos limites cabíveis de cada homem. Porém, os problemas aqui em questão

são criados pelas as ausências de querer, vontade de fazer e desejo de concluir, estas ausências levam

a ideias contrárias ao que é correto se fazer. Ademais, dentro de um sistema organizacional não

devem prevalecer os sentimentos pessoais, mas princípios, normas pautadas em leis para seguir uma

determinada ordem das coisas, dando uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

As evidências demonstram que para as coisas andarem de forma ordeira é preciso existir

planejamento administrativo, se existe planejamento devem existir metas para se alcançar e a

conclusão dessas se dará com sucesso. Nesse ínterim, Almeida (2005), diz que em muitas bibliotecas

ou serviços de informação não existe planejamento e quando há é inadequado. Em vista dessa

ocorrência, se não há planejamento não existe objetivos não podendo assim, haver uma melhoria da

qualidade dos serviços para os usuários. Torna-se necessário o planejamento para alcançar objetivos.

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Portanto, é exatamente nesse ponto que se instala uma das maiores problemática da biblioteca

escolar!

Concernente, a biblioteca escolar da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, o pesquisado e autor

desse trabalho pôde observar algumas mudanças positivas, algo que não existia antes pois o mesmo,

visto fazer parte da comunidade, fez alguns trabalhos de pesquisas relacionados a esta escola

anteriormente. De acordo com isso, esse autor chegou a observar através de conversas informais,

antes mesmo da transformação atual, que a própria equipe pedagógica e a direção da escola

almejavam o pleno funcionamento da biblioteca com uma melhor qualidade que antes. Agora se

pode adentrar nessa nova biblioteca com um maior espaço e melhor organização dos livros nas

estantes como observado nas fotos abaixo.

Figura 1: Fotos 1 e 2 - Biblioteca da Escola Alceu Amoroso Lima, após a intervenção proposta pela pesquisa participativa: adequação da organização e do espaço para acomodar os leitores. Fonte: Arquivo do autor.

Anteriormente a esta visão, a biblioteca mostrava ser desorganizada para o quadrado pequeno em

que estava localizada, ou seja, as estantes com aparência de velhas, firmadas pela ferrugem e livros

revirados, desorganizados se concentravam em fileiras no centro da sala; não deixando espaço

mostrando-se apertado, o birô e a cadeira se espremiam entre as estantes e a parede, e não sobrava

espaço para se colocar mesas com cadeiras e tapete. E ainda, a biblioteca não abria com constância

dependendo muito da vontade ou do estado de saúde do funcionário sem especialidade na área para

poder vir abri-la.

É sabido que esses problemas são mínimos em comparação com outras bibliotecas que são

verdadeiros depósitos invioláveis, ou mesmo, nem existem de forma alguma. Essa renovação porque

passou a biblioteca da Escola Alceu Amoroso Lima, ainda é muito recente tendo sido reformada há

pouco mais de um ano. Mas, todos aguardam com grandes expectativas algumas maravilhas como

professores orientando alguns de seus alunos a pesquisa, incentivando a leitura e o próprio professor

analisando os livros para um determinado trabalho, ou mesmo, de alunos se achegarem mais a esta

casa do conhecimento com sede de saber como se viessem beber água na fonte. As (Fotos 4 e 5)

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revelam estas expectativas. A respeito das condições encontradas em muitas bibliotecas escolares

Ranganathan (2009, p. 29), se expressa a dizer que,

Estas sequer reconheceram a necessidade de ter um empregado administrativo como bibliotecário. Geralmente solicita-se ao instrutor de educação física ou ao instrutor de desenho que cuide da biblioteca, caso exista.

Então, diante dessa situação que se em quadra a primeira lei, Ranganathan (2009, p. 30) diz, se a

escola realmente acreditasse que os livros são para usar teria confiado esse trabalho a um

profissional simpático especializado de atitude compreensiva que tenha a capacidade de atrair os

alunos para o local que tem o reconhecimento de ser chamado o ‘coração da escola’ a biblioteca.

Afirmando, ainda tal necessidade Silva (1995, p. 13), argumenta que os recursos humanos que

laboram nesse tipo de biblioteca, pouquíssimos, raros têm a disposição, o preparo ou alguma

formação especial que venha a cumprir a tarefa mais importante: a promoção da leitura entre os

alunos e, visto que fora mencionado formação relacionado ao profissional, os únicos profissionais

que adentram para trabalhar nas bibliotecas escolares são os professores com algum problema de

enfermidade, velhice ou ausência de vontade em ensinar, esses são jogados como se a biblioteca

fosse lugar para repousar os problemas. Outro questionamento, segundo Côrte e Bandeira (2011, p.

8), que advertem não haver uma concepção efetiva do processo ensino-aprendizagem no período

escolar sem uma biblioteca que realmente funcione oferecendo aos alunos serviços de informação. A

biblioteca deve ser um organismo vivo, ativo em completo crescimento, onde os pensamentos se

movimentam através das convergências de ideias gerenciadas pela a leitura, o estudo, a pesquisa,

quais se transformam em energias estimulantes para a produção de conhecimento (BARATIN;

JACOB, 2008, p. 10).

Isso está em conformidade com o princípio das Leis da Biblioteconomia de Ranganathan. Em vista

disso, dessa funcionalidade, a biblioteca só funciona ordeiramente quando as leis se relacionam

mutuamente. Para entender esse processo de maneira aprofundada com respeito aos princípios que

rege tais relações, será preciso compreender o significado de uma biblioteca e a que esta se objetiva.

De qualquer maneira será interessante analisar de forma sintetizada as cinco leis, meditando no

estado em que se encontram as bibliotecas escolares.

Segundo a síntese das cinco leis de Ranganathan (2009, passim), o que acomete a situação das

bibliotecas é justamente a ausência dos princípios que deveria presidir a organização dessas com

qualidade. E, desmistificando a problemática atual da biblioteca escolar, de acordo com as relações e

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a essência de cada lei, pode se dizer que havia motivos para não se dá mérito que ‘os livros são para

usar’, sendo que um deles se fixa no entesouramento de livros originado numa época em que esses

eram raros, sua produção difícil e suas copias chegavam a levar anos. Não é de admirar o exagero de

sua preservação fixada na ideia de um tempo em que ‘os livros são para preservar’. Outra finalidade

para esta preservação talvez tenha sido a posteridade. Essa prática embora saudável torna-se

inevitável a geração posterior tomar as mesmas medidas altruístas, fazendo com que as bibliotecas e

os livros permaneçam acorrentados para sempre sem o uso. Os livros são para ser usados, devendo

haver métodos que facilitem o acesso livre das pessoas. É sabido por todos que acima de tudo os

livros são instrumentos de educação, a lei ‘a cada leitor o seu livro’, pressupõe um livro apropriado

para cada pessoa, como também o conceito de livros para todos ou de educação para todos,

revelando assim sua questão fundamental e ao mesmo tempo a desconsideração das autoridades para

com a falta de uso da biblioteca escolar.

A terceira lei, ‘a cada livro o seu leitor’, é um complemento inverso da segunda lei. Isto se

faz em encontrar o leitor correto para cada livro, reconhecendo que deve existir uma variedade de

livros e assuntos para que o leitor tenha a oportunidade de examinar e escolher com total liberdade o

livro de sua preferência. Claro que para isso ocorrer de modo eficiente é válido a boa organização

dos livros na estante por assunto e um catálogo vem ajudar muito. Por fim, para que os serviços de

referência sejam de real ajuda para ‘cada livro seu leitor’, faz-se importante o acesso livre, o arranjo

de classificação, a catalogação e o próprio bibliotecário para orientar. A quarta lei, ‘poupe o tempo

do leitor’, tem a preocupação administrativa da biblioteca, abordando o elemento tempo visando a

comodidade do leitor. No entanto, esta também se interessa muito pelo acesso livre, a reforma do

arranjo dos livros na estante, sinalização do recinto das estantes, a catalogação e o papel fundamental

do bibliotecário para não desperdiçar o tempo do leitor. E, finalizando a quinta e última lei, ‘a

biblioteca é um organismo em crescimento’, ou seja, é um organismo vivo e, portanto, sujeito a

crescer, como por exemplo: os livros, os leitores e o pessoal da biblioteca. Para dá atendimento a

demanda é vital reconhecer que somente organismos que se desenvolvem sobreviverão. As quatro

primeiras leis caracterizaram-se pela gerência e administração das bibliotecas e a quinta lei veio

trazer princípios fundamentais para o planejamento e organização dessas. Em suma, a essência das

leis é o bibliotecário responsável e habilitado para cumprir tal papel, visando a promoção da leitura e

a busca por leitores.

Silva (1995, p. 11), comenta sobre o completo silêncio em que se encontram as bibliotecas escolares,

silenciada pelas próprias autoridades que dizem almejar uma educação de qualidade, profissionais

ligados às bibliotecas preferem ficar estagnados no silêncio. De fato, nem se tem noticias de medidas

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práticas governamentais de trabalhos realizados voltados para a melhora do funcionamento das

bibliotecas escolares dentro da educação de relevância nacional, pois estas não têm nenhuma

condição de funcionar dignamente e tão pouco o merecimento de ser chamada de biblioteca. O que

há é a luta de alguns poucos heróis da intelectualidade que persistem em estabelecer a cultura da

leitura nesse país. É digno de nota, novamente mencionar que a Escola Alceu Amoroso Lima e sua

biblioteca, tem procurado sair do silêncio representado por muitas outras escolas e suas bibliotecas

escolares.

Tem feito isso por buscar melhorias na qualidade de ensino e no incentivo a leitura, como também

reformas e aquisição de instrumentos imobiliários, uma melhor arrumação dos livros e um designer

interior novo que permite acondicionar os instrumentos imobiliários e os alunos de maneira

confortável dentro das possibilidades. Esta biblioteca tem provado através de sua equipe pedagógica

e direção que é um organismo vivo, procurando sobreviver dentro das existentes e poucas condições,

conforme as (Fotos 6, 7, 8 e 9) revelam o empenho da escola em estabelecer uma qualidade pautada

na busca por leitores.

Figura 2: Foto3, 4 e 5 - Instrumentos e equipamentos mobiliários Fonte: Arquivo do autor

5 FORMAÇÃO DE LEITORES

A formação de leitores deve começar por esses, os professores. Essa formação relacionada aos

professores tem outro sentido, um sentido de qualificação. Muitos professores seguindo a

normalidade do tempo decorrido em suas carreiras, tempo esse que torna as práticas pedagógicas

cada vez mais variáveis, devendo-se reconhecer em vista disso a necessidade de se qualificar para

atender e promover melhores condições aos problemas que vem a surgir. Com respeito aos

professores e a situação que esses enfrentam em sala de aula Kleiman (2008, p. 7, 15), afirma que

esses estão preocupados com os alunos que não gostam de ler. A autora ainda completa que:

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Alarmam-se os professores de Ciências, História e Geografia pelo fato de seus alunos não lerem, e, no entanto, nada fazem para remediar essa situação. A palavra escrita é patrimônio da cultura letrada, e todo o professor é, em princípio, representante dessa cultura. Dai que permanecer à espera do colega de Português resolver o problema, além agravar a situação, consiste numa declaração de sua incompetência quanto à função de garantir a participação plena de seus alunos na sociedade letrada (KLEIMAN, 2008, p. 7).

Para melhor ensinar os professores precisam antes de tudo serem apaixonados e, se não, devem

cultivar tal paixão. De outra forma, como pretendem cultivar em seus alunos a paixão pela a leitura?

Em seguida, precisarão aprender através das técnicas a ensinar aos alunos a leitura. Como expresso

no inicio desse trabalho, esse modelo de leitura não se trata de uma alfabetização, entendendo assim

que os alunos já saibam ler, ou seja, já alfabetizados. Os professores precisam fazer cursos de leitura

para uma melhor qualificação e valorização do seu trabalho.

O que acontece é que o aluno tem ausente dentro de si o gosto pela leitura, não conseguem

assimilar o que leem, não absorvendo da leitura o seu sentido e consequentemente não conseguindo

expressá-lo. Kleiman (2008, p. 15), explica que isso é evidente, pois envolve a própria cultura que

aluno vive inseridas na família ou fora dela, o funcionamento mecânico de sala de aula, da formação

dos professores, a estrutura das escolas, a estrutura da própria educação brasileira entre outras, tem

contribuído para o desastre na formação dos leitores. E toda essa luta é desigual, pois esta recai

somente nos ombros dos profissionais da educação. Porém, esses são guerreiros por ainda persistir na

luta como também aqueles que por um longo tempo deram sua contribuição e, que desistiram por

falta de motivação em vista das muitas situações adversas que existem dentro da educação. De forma

alguma se pode acusar aqueles que desistiram de profissionais covardes e, sim reconhecer que o

sistema educacional brasileiro é desmotivador.

Os alunos precisam perceber o quanto o professor é apaixonado pelo aquilo que faz. E quando o

professor passa a incentivar e se expressa com entusiasmo com respeito a aquilo que estar fazendo, é

certo que será notado o sentimento com que faz tal coisa. Isso se evidenciará na transmissão do

desejo para o aluno que aos poucos dará lugar ao prazer pela a leitura (KLEIMAN, 2008).

A formação de leitores parte do preceito de que os alunos possam “viver a leitura”, tanto no sentido

de dar vida a leitura quanto compreendê-la com profundidade. Segundo Kuhlthau (2006, p. 32),

“compreender é entender ou encontrar significados no que está sendo lido”. Por meio da leitura,

alguém poderá se identificar, viajando na tríade temporal de um mundo imaginário, sentindo todas as

emoções que emana do mundo real para uma ficção, podendo sentir o cheiro das flores e os muitos

perfumes, deleitando-se na diversidade dos sabores, sentindo o calor dos corpos e beijos,

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19

visualizando imagens propriamente concebidas pelas palavras de um livro. Deveras, a leitura é uma

viajem dos sentidos, é um estado de transe em que se permite fechar-se para o mundo real e, que ao

sair percebe que viveu uma experiência por ter se entregado a viver uma história. A formação de

leitores envolve isso tudo, porém, em síntese poderia se dizer que é fazer o aluno que ler “viver uma

experiência dentro de um livro”.

E razoável reconhecer que essa experiência de leitura não será fácil de alcançar dentro da Escola

Alceu Amoroso Lima e sua biblioteca, isso porque os professores não tem nenhuma qualificação

específica na pratica pedagógica da formação do leitor. Porém, reconhecendo que o desejo é uma

força motriz que move os homens e, que essa é a vontade da direção e equipe pedagógica da escola.

Esta escola é privilegiada pelo fato de que seus profissionais têm o desejo de fazer e o querer fazer

mesmo dentro das limitações impostas. Para isso, se concluir torna-se necessário que os profissionais

da educação venham a buscar uma qualificação nesse sentido, pesquisar mais a respeito, participar de

eventos relacionados a essa prática e refletir na criatividade procurando melhorar. E, é claro sempre

se questionando se há possibilidades de melhorar.

É bem verdade que esse trabalho poderia ser desenvolvido em sala de aula, no entanto, se isso

acontecesse perderia toda a mágica, todo o encanto da voluntariedade dos alunos em encontrar um

livro com o qual pudesse se identificar. Porém, os livros estão no ‘coração da escola’ a biblioteca, e

não em salas de aula, dispersos, sujeitos a desorganização. É na biblioteca que os alunos leitores se

isolarão em trocar ideias consigo mesmos, ou mesmo, trocar ideias com colegas, com o pessoal da

biblioteca, com os professores que se achegam a conhecer o recinto e os livros, pesquisar e orientar

seus alunos. A biblioteca deve ser a mediadora na formação dos leitores. E, esses alunos leitores

deverão ter acesso livre, deverão se sentir em casa, sentir-se a vontade para ler, pesquisar e estudar.

O trabalho do professor e suas orientações aos alunos devem ser pautados na biblioteca, como

incentivo ao aluno visitá-la e escolher sua leitura espontaneamente.

A respeito do trabalho em uma biblioteca, Baratin e Jacob (2008, p. 10), o define como fazer um

determinado percurso e o mais fascinante é que este percurso é dentro de um livro, uma viajem no

tempo, local onde se cria o próprio espaço de encontros de convergência de ideias e de

transformações inovadoras. Em poucas palavras é um local de renascimento do eterno aprender. Para

uma eficiência na formação desses leitores se requer a participação coletiva de todos os agentes

envolvidos e um bom planejamento, conforme Kuhlthau (2006, p. 19), expressa:

O programa de desenvolvimento de habilidades para usar a biblioteca e a informação deve integrar-se à proposta curricular da escola. A sequencia de

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habilidades deve estar intimamente ligada aos conteúdos programáticos. É importante que as atividades desenvolvidas em sala de aula exijam que os alunos utilizem as habilidades para usar a biblioteca e a informação que estão adquirindo. A integração do programa da biblioteca com as atividades de sala de aula requer um planejamento conjunto, envolvendo o bibliotecário e os professores.

É importante ressaltar que, os alunos que estão sendo modelados nesse tipo de leitura, é viável saber

que a compreensão, não se dá com o ato de ler, mas durante a realização do processo interagindo

com o professor que dará as condições necessária para o leitor em formação retornar ao texto para

sua compreensão (KLEIMAN, 2008, p. 9). E confirmando, Kuhlthau (2006, p. 82), diz que a

formação de um bom leitor baseia-se em sua preparação.

Em suma, a aprendizagem das estratégias de leitura somente será de grande valia através de um

planejamento em conjunto e participativo, propondo constantemente discursões entre professores e

bibliotecários para um melhor entendimento. Professores que precisam conhecer os livros da

biblioteca e bibliotecários que precisam conhecer as habilidades de leitura de cada aluno

(KUHLTHAU, 2006, p. 83). Desses profissionais requerem-se grandes empenhos que por sua vez

transformam alunos em habilidosos leitores independentes através do simples prazer de ler. Sem

dúvida, isso envolverá qualidades como esforço, abnegação e amor ao trabalho.

6 CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR

Se alguém perguntasse que palavra caracterizaria melhor a biblioteca da Escola Alceu Amoroso

Lima, a resposta seria ‘transformação’. Transformação pela força de vontade, vontade de mudar

movida pela a ação. Uma ação que cria e organiza através da criatividade. O mais interessante é que

não precisou de muito para deixá-la atrativa e agradável dentro das condições limitadas da precária

educação pública. O período de avaliação no que diz respeito a coleta dos dados qualitativos e em

especial o quantitativo tomado como a base desse trabalho, partiu de 10 de outubro de 2011 a 05 de

janeiro de 2012. Os dados foram recolhidos através das observações da pesquisa de campo e de um

questionário avaliativo baseado nas respostas afirmativas de inteira responsabilidade da direção e

equipe pedagógica da escola. Como será visto logo em seguida.

A biblioteca tem um funcionamento irregular, ficando aberta apenas nos turnos da manhã e da tarde,

os horários também irregulares se apoiando na disponibilidade do pessoal. Se objetivando como meta

para 2012, abrir todos os horários e turnos. O seu espaço físico dentro do ambiente da escola é

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afirmada que é adequado, localizando-se anexado a sala do comitê pedagógico medindo em seu

tamanho 42 m2, sua iluminação considerada boa, ventilação média, limpeza boa, estética média, a

acessibilidade para todos é considerada boa e a segurança boa. Dentro do espaço existente na

biblioteca para os usuários transitarem estar: espaço para atendimento ao público, espaço para leitura

e pesquisa, espaço para leitura infantil e espaço para atividades audiovisuais, observando que é um

só espaço para todas essas atividades, o mesmo quadrado para todos medindo 35 m2; o espaço para o

acervo é de 7 m2 e o espaço para os funcionários não fora mencionado em números, mas se afirma

que atende razoavelmente as necessidades, apesar de inferior a 4m2. Enquanto que cabines ou salas

individuais para estudo e espaço para computadores não existem pelo fato de não haver espaço.

Em relação aos instrumentos mobiliário e equipamentos, a escola possuem 4 mesas e 16 cadeiras de

plástico brancas, como também um tapete com várias almofadas, ao lado uma cesta com revistas, um

ventilador de pé, possuindo ventilador de teto, armário de aço e uma televisão, ainda tem balcão de

atendimento aos alunos, uma mesa de escritório com cadeira. Referindo-se as estantes, a biblioteca

possuem 11 estantes de aço mais ou menos 9 metros lineares acomodando o acervo medianamente,

constituindo-se também em estantes expositoras e que atualmente adquiriu mais 10 estantes de aço

somando 21 estantes, uma aquisição recebida através de uma doação feita pelo arquivo do DETRAN,

uma transação mediada pela orientadora desse projeto, alunos da Universidade Federal de Sergipe

(UFS) do Núcleo de Ciência da Informação (NUCI) que atuam no DETRAN e o pesquisador do

Programa de Inclusão em Iniciação Científica (PIIC) que elabora este artigo.

É bem verdade que as estantes em sua maioria estão num estado precário, mas nada que uma boa

reforma não resolva, talvez um pouco de solda, umas marteladas, um lixamento e tinta para

transformá-las. Como acontecera com as estantes que estão dentro da biblioteca e a própria

biblioteca passaram por reformas, tendo como grande apoio os pais dos alunos exemplificando uma

boa coletividade. Todo esse empenho para transformar os equipamentos, os mobiliários e a

biblioteca denotaram força de vontade de uma participação coletiva desenvolvida através de atitudes

positivas em relação aos livros e os usuários, deixando o ambiente mais confortável, agradável,

convidativo a leitura (KUHLTHAU, 2006, p. 33). É importante lembrar que os equipamentos e os

mobiliários abordados até aqui são os que se encontram dentro da biblioteca para melhor acomodar

os alunos. Os outros equipamentos que se seguirão na listagem não se encontram por motivos de

planejamento, espaço e segurança, porém fazem parte da biblioteca e da escola conforme admitido

pela direção da escola. Desse modo, a biblioteca tem em seu guarda volume, 2 aparelhos de DVD, 1

aparelho de CD, 2 máquinas fotográficas e um layout que é pouco funcional.

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Concernente ao acervo de livros, segundo a afirmação da direção, registra-se o número total de

títulos no acervo de 757 e um número de itens de 1.680. Com respeito ao número de itens destinado

ao professor se afirma não ter condições de fornecer; com referência ao quantitativo de algumas

revistas informativas, 5 enciclopédias, 8 dicionários, 30 almanaques. E ainda referente a outros

materiais e mídias, como: histórias em quadrinhos, atlas, mapas, DVDs, CDs, fotografias e recursos

pedagógicos para “contar” histórias, se afirmam como insuficientes. As condições gerais do acervo

no que tange a equilíbrio entre assuntos, equilíbrio entre séries ou faixa etária dos alunos não são

claras.

O acervo se encontra em bom e razoável estado de conservação, possuindo pouca frequência na

utilização tanto pelos alunos quanto pelo o professor, entretanto, o número de empréstimo por mês é

de 300 livros. A respeito da relação dos alunos e as condições de uso dos computadores se confirma

em não haver nenhuma condição. O descarte de materiais é realizado de vez em quando. Com

referência aos livros didáticos a escola mantém apenas alguns para consulta, não mantendo os

exemplares que não foram entregues aos alunos. A escola ainda tem a posse de alguns livros

guardados à chave no armário da diretoria por falta de espaço e segurança. É importante frisar que,

esses livros são novos e que alguns ainda estão embalados, guardados dentro de caixas e outros

plastificados. Tudo isso por conta, que alguns livros foram roubados da própria sala da diretoria.

Livros esses da área de História e Geografia do Estado de Sergipe e outros livros são guardados no

almoxarifado como é o caso de alguns didáticos. Estes livros são obtidos ou comprados com o

dinheiro da escola, fornecido pelo o governo através do Fundo Nacional do Desenvolvimento da

Educação -- FNDE.

De acordo, com a direção da escola a organização do seu acervo somente parte é tombado, parte

classificado, parte estão catalogado e parte inserido em catálogos informatizados. Menciona-se ainda

que o catálogo não pode ser acessado remotamente. Dentre as atividades e serviços oferecidos pela

biblioteca estão: consulta local, empréstimo domiciliar normal, orientação individual à pesquisa,

orientação coletiva à pesquisa, orientação à pesquisa na internet, visitas orientadas, apresentações

artísticas e concursos com premiações. Com respeito a esse último, tivera duas premiações

importantes de dois alunos assíduos a biblioteca, vorazes leitores de gibis. Algo que a escola faz

como incentivo a leitura. É bom salientar que as apresentações artísticas e concursos são realizados

no pátio da escola. Agora o pessoal da biblioteca, qual dedica entre cinco e quatro horas de trabalho,

que na visão da direção da escola é inadequado, sendo que há dois funcionários um que atende no

turno da manhã e o outro à tarde, com um nível de formação pouco adequado a área de tamanha

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responsabilidade. Algo bastante comum nas escolas públicas, escolas que se dão ao luxo de ter uma

sala com livros.

E, finalizando sabiamente com as palavras que diz: “A organização de uma biblioteca não deve, de

forma míope, deixar-se influenciar pelo tamanho atual, mas planejar sua configuração de modo a

facilitar a sintonia com o crescimento dela” (RANGANATHAN, 2009, p. 242).

7 A RELAÇÃO DOS ALUNOS E A LEITURA

Para entender esse relacionamento de alunos com a leitura, fez-se necessário na prática da pesquisa

de campo através de questionários de sondagem em que foram abordadas 10 questões objetivas com

alternativas de escolhas que variavam entre 1 a 12 alternativas. Para esta análise foram entrevistadas

12 turmas entre os turnos da manhã, tarde e noite, totalizando 209 alunos entrevistados na Escola

Estadual Alceu Amoroso Lima, qual possui um total de 322 alunos matriculados até o momento da

pesquisa. O objetivo era ir mais além dessas estatísticas, porém não houve possibilidades para isso,

ocasionado por diversos fatores prejudicando o fator maior “o tempo”, como é o caso dos dois

períodos de greves em que passara a educação pública de Sergipe, atingindo a faixa temporal do

período da pesquisa.

Universo de Pesquisa Série/Turma Turno Total de Alunos Matriculados Entrevistados Masculinos Femininos

3 ano A manhã 29 15 8 7 5 ano A manhã 31 16 10 6 6 ano A tarde 35 33 15 18 6 ano B tarde 36 19 13 6 7 ano A tarde 30 25 8 17 7 ano B tarde 29 21 9 12

2º EJAEF noite 15 9 4 5 3º EJAEF noite 22 12 9 3 4º EJAEF noite 21 11 4 7 I EJAEM noite 37 29 14 15 II EJAEM noite 15 10 5 5 III EJAEM noite 22 9 4 5

Total - 322 209 103 106 Figura 3: Tabela do universo de pesquisa. Fonte: Levantamento feito pelo autor

7. 1 GOSTAR DE LER

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Da análise geral foram 178 votos para aqueles que gostam de ler e 28 votos para aqueles que

afirmaram não gostar de ler. O que pode existir em tal opinião negativa com respeito a leitura é que

esses alunos não descobriram o valor e a necessidade de pensar reflexivamente, desconhecem o

significado da leitura, não descobriram o tipo de leitura que lhes agradam e consequentemente mais

ainda desconhecem o prazer da leitura.

Figura 4: Gráfico da questão “Você gosta de ler?”

A esse respeito Yunes, citado por Maroto (2009, p. 43), menciona que:

Ler significa descortinar, mudar de horizontes, interagir com o real, interpretá-lo, compreendê-lo e decidir sobre ele. Desde o inicio a leitura deve contar com o leitor, sua contribuição ao texto, sua observação ao contexto, sua percepção entorno. O prazer de ler é também uma descoberta.

Nesse sentido o significado do livro se estabelece na ideia, ou mesmo, na construção do pensamento

que o leitor faz sobre seus diversos textos. De acordo, com Ranganathan (1892-1972) e a sua obra

“As Cinco Leis da Biblioteconomia”, tanto a biblioteca quanto seus livros não haverá sentido sem o

leitor. É importante fomentar o gosto pela leitura desde cedo. Sem dúvida que o gostar de ler

perpassa pela fundamentação de suas bases. Segundo Douglas (1971, p. 21),

A iniciação à leitura tem por objetivo desenvolver na criança a preocupação e o gosto de ler, ensiná-la a escolher os livros, julgá-los e a tirar proveito deles, inculcando-lhes, enfim, o hábito de ler, para instrução e deleite. [...] A iniciação à leitura exige que se conheça cada criança, seus gostos, suas necessidades e aptidões, assim como os livros. [...] É deixando a criança procurar livremente, examinar, comparar, pegar, rejeitar, que se lhe permitirá alargar o horizonte e aprender a escolher bem as leituras.

Côrte e Bandeira (2011, p. 2), afirmam com razão que a leitura é indiscutivelmente importante na

vida das pessoas e ainda mais importante é desenvolver o hábito de leitura desde a infância.

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Apesar de superar os 20% de alunos a declaração de não gostar de ler, todos reconhecem que o

aumento das leituras repercute em seu aproveitamento escolar, quando questionados. Ou seja, a

leitura é vista por pelo menos metade dos alunos que declararam não gostar de ler como de grande

utilidade para a melhoria de seu aproveitamento escolar.

Figura 5: Gráfico da questão “Se você lesse mais, o que aconteceria com o seu aproveitamento escolar?”

7. 1 ACESSO AOS LIVROS

A acessibilidade na escola aos livros é algo que vem a perpassar inevitavelmente pela biblioteca

escolar ou pelo menos deveria. Maroto (2009, p. 58), salienta que uma escola sem biblioteca é um

instrumento imperfeito. De fato, jamais deveria se excluir ensino e biblioteca, pois se assim o fizer se

tornará um instrumento vazio de incertezas.

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Figura 6: Gráfico da questão “Como você tem acesso a livros, jornais e outros materiais de leitura?”

De acordo, com os dados da análise, se revelara que a biblioteca escolar constitui-se grande

instrumento de busca de informação e conhecimento. E, portanto, para se formar leitores conforme

Santana Filho, citado por Côrte e Bandeira (2011, p. 3), será crucial entender que “o papel da

biblioteca escolar é incentivar a leitura reflexiva, pois através dela o aluno terá outra concepção do

texto, não como algo estático, desprovido de sentido e de valor, mas como algo vivo, repleto de

significados e informações interessantes”.

7. 2 A LEITURA DENTRO E FORA DA ESCOLA

Da análise geral das turmas entrevistadas sobre diversos tipos de materiais de leitura, verificou-se

que os alunos possuem gosto eclético e investem em leitura como alternativa de lazer cultural.

Tantos gostos pela leitura revelaram muitos anseios por novidades na biblioteca, como por exemplo,

jornais semanais e apostilas para concursos entre outros. Está demonstrado que, caso a biblioteca

escolar disponibilize os periódicos e outras leituras interessantes, ainda é possível que os alunos

sigam adquirindo outras fontes de leitura de seu interesse, o que vai enriquecer ainda mais o seu

repertório de leituras.

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Figura 7: Gráfico da questão “Que materiais de leitura gostariam de levar da biblioteca escolar para casa?”

Os locais de leitura são muito variados, sendo que a circulação de livros na biblioteca escolar vai

significar que muitas outras pessoas poderão visualizar esta leitura e, quem sabe, se sentirem

convidadas a ler também.

Figura 8: Gráfico da questão “Em que lugares você leva livros e revistas para ler?”

A difusão da leitura também passa pela formação social da imagem do leitor, não como uma pessoa

obsoleta, mas como uma pessoa atualizada e ativa na sociedade.

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Figura 9: Gráfico da questão “Quem incentiva você a ler?”

Como maiores incentivadores da leitura, ainda estão os pais, seguidos dos professores. Isso significa

que, nos lares onde os pais tem menor possibilidade de diálogo e incentivo, por excesso de trabalho,

os alunos perderão muito de seu incentivo para a leitura. Para o melhor aproveitamento do incentivo

doméstico, torna-se muito importante a circulação de livros no lar.

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7. 3 O QUE A LEITURA SIGNIFICA

Para o pesquisador deste trabalho, esse questionamento foi o mais interessante, pelo fato da leitura

ser inquestionavelmente necessária a vida das pessoas, algo reconhecido por muitos alunos, que

escolheram por unanimidade a categorização de leitura como fonte de conhecimento. No entanto,

desperceberam a necessidade maior da leitura, e certamente desconhecem o seu verdadeiro sentido e

significado, que em síntese denota prazer. Ainda nesse sentido, os alunos em sua maioria não

tomaram a leitura como prática obrigatória. A leitura como prática obrigatória recebeu 1 voto,

enquanto que a leitura por lazer e prazer obteve 16 votos. Parece algo positivo, mas não é, pois

quando se passa a olhar a leitura por lazer e prazer dentro do quadro geral de votação que estar logo

abaixo e, assim analisando os mais votados, poderá diante dessa análise, uma análise reflexiva, ver

que aqueles que obtiveram maiores votos se enquadram na categoria da leitura obrigatória.

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Figura 10: Gráfico da questão “O que a leitura significa para você?”

Mas tudo isso tem relevância porque muitos alunos tiveram ausente de suas vidas estudantis uma

biblioteca que realmente funcionasse, ou mesmo, não aprenderam sua importância e tão pouco a

verdade sobre a leitura. Nesse respeito Macedo, mencionado por Côrte e Bandeira (2011, p. 8-9),

afirmando que “a função mais difícil da biblioteca escolar seja a de desenvolver e manter nas

crianças, hoje, o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem e o uso dos recursos de informação

ao longo da vida”.

7. 4 DIFICULDADES DE LEITURA

É natural que, mediante a ausência de tempos e ambientes adequados para as condições ideais de

leitura, grande parte dos alunos tivesse queixas a respeito dos aspectos sensoriais da atividade. Mas,

também foi constatado que muitos dos alunos têm dificuldades por problemas de alfabetização.

Neste ponto, é importante que a prática pedagógica se preocupe continuamente em exercitar a leitura

e a escrita em todos os níveis de escolarização, apresentando oportunidades para a redação, leitura

em voz alta, interpretação de texto, etc.

Figura 11: Gráfico da questão “Você tem dificuldades para ler?”

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7. 5 MELHORES HORÁRIOS PARA ACESSAR A BIBLIOTECA

É razoável reconhecer que uma biblioteca escolar deve funcionar durante todo o período letivo da

escola. O questionamento que atende a esse tópico tem referência as preferências dos alunos na

visitação a biblioteca de acordo com o tempo disponível desses.

Uma observação geral se faz necessária com relação ao questionário de sondagem dos alunos,

relacionado ao quantitativo dos votos dos itens questionados. A ideia do questionário era evidenciar

respostas objetivas com uma só escolha diante das muitas alternativas de cada questão abordada. Em

contraste, com tal ideia muitos alunos fizeram questão em mostrar mais de uma opinião referente as

alternativas do questionário.

As suas diversas escolhas ressaltam seus muitos anseios por uma biblioteca atrativa e que venha

atender seus gostos de leitura. Isso é algo realçado nas ideias de Ranganathan (2009, passim). Porém,

ficou evidente que o horário mais estratégico para os serviços bibliotecários é o período entre o final

da tarde e o início da noite, indicadores que juntos superam os 50% das respostas.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desse trabalho, chega-se a percepção prazerosa da dignidade de pessoas decepcionadas

com o caminho que percorre a educação, mas que continuam lutando e acreditando

independentemente da situação educacional do país, confiando na crença que as transformações

acontecem por meio da difusão e mediação do conhecimento. Isso pôde ser visto na biblioteca da

Escola Alceu Amoroso Lima, através da força de vontade de toda a equipe pedagógica, a direção, os

professores e os pais de alguns alunos, que em conjunto participaram da renovação da biblioteca

escolar. É por intermédio da valorização da biblioteca que se estimula o saber, o desejo de aprender e

consequentemente o prazer pela a leitura. Seguindo esse pensamento Maroto (2009, p. 65), diz:

Para que a biblioteca tenha seu lugar de destaque na instituição escolar, faz-se necessário que os responsáveis por sua dinamização (bibliotecários, professores e outros profissionais) desenvolvam estratégias organizacionais, menos rígidas e burocráticas, que possibilitem o exercício de liberdade e autonomia do leitor / pesquisador naquele espaço, e facilitem o seu livre acesso à informação. Esses profissionais não podem esquecer que o seu fazer educativo constitui-se, mais especificamente, no desenvolvimento de ações de mediação e de incentivo à leitura e à pesquisa junto à comunidade escolar.

Por essa razão, a formação de leitores se tornará eficiente a partir do momento em que os

profissionais envolvidos dão real importância. E a valorização desse trabalho precisará vir atrelada

indiscutivelmente de planejamento, entendo que esse não é uma luta isolada, mas de forma coletiva,

entre professores, bibliotecário ou o profissional responsável pela biblioteca escolar e outros,

desenvolvendo eternas discussões saudáveis visionando as melhorias na formação desses leitores.

Dentro da escola precisam-se estabelecer parcerias para alcançar tais.

Mais uma vez é relevante salientar que a biblioteca da Escola Alceu Amoroso Lima, tem uma

revitalização recente e, que já funcionava antes do inicio dessas pesquisas, dentro dos limites das

condições e disponibilidade de algum profissional da escola, observando que seu funcionamento

abrange apenas os períodos da manhã e da tarde. Uma admoestação honesta faz-se necessária em

dizer que alguns dos objetivos almejados nessa pesquisa não foram concluídos devido as greves e a

presença da burocracia que não atendera a solicitação e doação de um computador para a biblioteca,

qual necessita estabelecer um ponto de internet para a criação, a guarda e a movimentação de

informações e registros bibliográfico. Esse então, o principal objetivo que vincularia da melhor

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maneira o desenvolvimento do processo organizacional técnico tanto no sentido físico quanto virtual

para um funcionamento eficiente da biblioteca. Bem, a melhor ação experimental que seria

introduzida no ambiente da biblioteca a adequação técnica ficará para trabalhos a frente.

Como qualquer trabalho sempre haverá longos caminhos para trilhar, especialmente na promoção da

leitura somada a educação. Portanto, se entende a respeito, o papel vital da biblioteca na formação de

leitores como lugar de convergência das ideias para uma mentalidade compreensiva da critica. E,

para o final dessas considerações é digno de importância ressaltar as palavras sábias e motivadoras

de Theodoro da Silva, citado por Maroto (2009, p. 75), que diz:

A biblioteca escolar é um espaço democrático, conquistado e construído através do “fazer” coletivo (alunos, professores e demais grupos sociais) – sua função básica é a transmissão da herança cultural às novas gerações de modo que elas tenham condições de reapropriar-se do passado, enfrentar os desafios do presente e projetar-se no futuro.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. 2. ed. Brasília, DF: Briquet de Lemos / Livros, 2005. 144p.

BARATIN, Marc; JACOB Christian. O poder das bibliotecas: a memória dos livros no Ocidente / Direção Marc Baratin e Christian Jacob; tradução de Marcela Mortara. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes da educação nacional. Brasília: Câmara dos Deputados/ Coordenação Edições Câmara, 2010. 60p.

CÔRTE, Adelaide Ramos e; BANDEIRA, Suelena Pinto. Biblioteca escolar. Adelaide Ramos e Côrte e Suelena Pinto Bandeira; prefácio de Iara Bitencourt Neves. Brasília: Briquet de Lemos , 2011.

DOUGLAS, Mary Peacock. A biblioteca da escola primária e suas funções: Publicação em acordo com a UNESCO. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro /Conselho Federal de Cultura, 1971. 128p.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa: Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas: Pontes, 2008. 102p.

KUHLTHAU, Carol. Como usar a biblioteca na escola: um programa de atividades para o ensino fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 304p.

MAROTO, Lucia Helena. Biblioteca escolar, eis a questão! Do espaço do castigo ao centro do fazer educativo Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

ORTEGA Y GASSET, José. Missão do bibliotecário. Brasília: Briquet de Lemos, 2006. 82p.

RANGANATHAN, Shiyali Ramamrita. As cinco leis da biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009. 336p.

SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. São Paulo: Cortez, 1995. 118p. (Coleção questões da nossa época; v. 45)

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