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RENATO DUARTE FRANCO DE MORAES
A CAUSALIDADE ALTERNATIVA E A
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MÚLTIPLOS OFENSORES
MESTRADO EM DIREITO
ORIENTADORA: PROFESSORA TITULAR GISELDA MARIA FERNANDES
NOVAES HIRONAKA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2014
RENATO DUARTE FRANCO DE MORAES
A CAUSALIDADE ALTERNATIVA E A
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MÚLTIPLOS OFENSORES
Dissertação apresentada à Banca Examinadora, no
âmbito do Programa de Pós-Graduação da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo, como
exigência parcial para a obtenção do título de Mestre
em Direito, área de concentração Direito Civil, sob
orientação da Profa. Titular Giselda Maria Fernandes
Novaes Hironaka.
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2014
RESUMO
A presente dissertação trata de situações nas quais o prejuízo decorre de conduta
praticada por parcela de indivíduos integrantes de agrupamento, sem que seja possível
identificá-los. No âmbito do nexo causal, essa hipótese se traduz no conceito de
causalidade alternativa, e a maior controvérsia relacionada ao tema é definir se, e em
quais circunstâncias, há responsabilidade solidária de todos os integrantes do
agrupamento. Para analisar essas questões, o presente trabalho apresenta capítulo
introdutório, cujo foco recai sobre as diversas doutrinas desenvolvidas a respeito da
causalidade. O espoco desse exame é analisar como essas teorias descrevem o
fenômeno entre causa e efeito e, ainda, como os doutrinadores e a jurisprudência lidam
com elas ao se defrontar com situações envolvendo diversas causas potenciais
relacionadas a determinado evento. Tendo a parte introdutória como base, a dissertação
analisa especificamente a causalidade alternativa sob perspectiva histórica, tecendo
considerações sobre o desenvolvimento do conceito ao longo do tempo. A dissertação
ingressa, então, na análise da causalidade alternativa em diversas jurisdições. O
propósito dessa parte do trabalho é examinar as diferentes perspectivas adotadas por
doutrinadores e cortes estrangeiras em relação a cenários envolvendo danos cometidos
por grupos de diversos indivíduos, sem que seja possível identificar o verdadeiro
ofensor. A parte final da dissertação trata especificamente do fenômeno da causalidade
alternativa no direito brasileiro. O trabalho analisa essa matéria examinando algumas
decisões relevantes dos tribunais, juntamente com opiniões de doutrinadores
relacionadas ao tema. Também há o contraste das diversas teorias desenvolvidas para
explicar a solidariedade dos integrantes do grupo com o regime jurídico estabelecido no
Código Civil brasileiro, enfatizando-se as potenciais deficiências de cada doutrina. A
partir dessa análise, e das principais conclusões decorrentes da pesquisa desenvolvida
nos demais capítulos, a parte final da dissertação propõe (i) uma explicação que justifica
a solidariedade dos indivíduos que integram um grupo; e (ii) os critérios para definir as
circunstâncias nas quais essa espécie de responsabilidade se aplica. O trabalho propõe,
ainda, a alteração no Código Civil brasileiro, com a inclusão de normas específicas
acerca da causalidade alternativa.
Palavras Chaves: Direito Civil, Responsabilidade Civil, Nexo de Causalidade,
Causalidade Alternativa, Danos, Solidariedade, Dever de Indenizar.
ABSTRACT
This thesis approaches situations wherein damage arises from conducts incurred
by one or several individuals that compose a group, being altogether impossible to
identify the actual torfeasors. In terms of causation, this situation is usually known as
alternative causation, and the main controversy arising from such scenario is whether
and under which circumstances all members of the group should be held liable for
damages. In order to analyze these issues, the present work brings an introductory
chapter, which focuses on the several theories developed with respect to the concept of
causation. This aims at verifying how such doctrines describe the cause-and-effect
phenomenon, and the way scholar and courts handle with these doctrines whereas
facing situations involving several causes potentially related to a certain outcome.
Having the first part as a conceptual background, the dissertation specifically
approaches the alternative causation under a historical perspective, particularly
concerning the development of such concept throughout relevant moments of history.
The dissertation then moves to the analysis of the concept of alternative causation in
several jurisdictions. The purpose of that part of the work is to verify the different
perspectives adopted by foreign scholars and courts as to the scenarios involving
damages performed by members of a group, wherein it is altogether impossible to
identify the actual tortfeasors. The final part of the dissertation deals particularly with
the phenomenon of alternative causation under Brazilian law. The work approaches this
subject by examining some relevant court decisions and opinion of scholars related to
the issue. It also contrasts the several doctrines developed to explain the joint liability
of the members of the group with the legal regime established by the Brazilian Civil
Code, stressing the flaws applicable to each of them. Relying upon this analysis, and
on main elements arising from the analysis carried out in the previous chapters, the
final part of the dissertation proposes (i) an explanation to justify the joint liability
applicable to individuals that compose a group of potential tortfeasors; and (ii) the
criteria to define the circumstances wherein this sort of liability prevails. It also
proposes the amendment of the Brazilian Civil Code, in order to include specific
regulation regarding alternative causation.
Keywords: Civil Law, Torts, Causation, Alternative Causation, Joint Liability, Injury,
Damages.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E ESCOPO DA
DISSERTAÇÃO ............................................................................................................................... 9
1.1. Justificativa quanto ao título adotado ............................................................................................. 13
2. NEXO DE CAUSALIDADE ........................................................................................................... 16
2.1. Evolução do conceito ..................................................................................................................... 16
2.1.1. Direito romano .................................................................................................................... 18
2.1.2. As concepções modernas da causalidade ............................................................................ 21
(i) A causalidade necessária ............................................................................................... 22
(ii) A causalidade eficiente.................................................................................................. 24
(iii) A equivalência das condições ou ‘conditio sine qua non’ ........................................... 26
(iv) A causalidade adequada ............................................................................................... 32
(v) A teoria do escopo da norma violada ............................................................................ 37
2.2. Insuficiência das teorias na atualidade: necessidade de adoção da teoria mais adequada
para tratar do caso concreto ........................................................................................................ 38
2.3. A inexistência de critério definitivo sobre a causalidade ............................................................... 41
2.4. A causalidade no direito brasileiro: o artigo 403 do Código Civil brasileiro ................................. 46
2.5. Os diferentes regimes da responsabilidade .................................................................................... 55
2.6. Causalidade e risco ......................................................................................................................... 60
3. PRECEDENTES HISTÓRICOS ................................................................................................... 67
3.1. Precedentes romanos: effusum et deiectum e damnum in turba datum .......................................... 67
3.2. Direito intermédio .......................................................................................................................... 71
3.3. A codificação ................................................................................................................................. 72
4. ANÁLISE DO DIREITO ESTRANGEIRO ............................................................................... 76
4.1. Introdução ...................................................................................................................................... 76
4.2. Direito francês ................................................................................................................................ 77
4.2.1. Introdução ............................................................................................................................ 77
4.2.2. Visão restritiva da responsabilidade .................................................................................... 79
4.2.3. Teoria da culpa coletiva....................................................................................................... 81
4.2.3.1. As vertentes da culpa coletiva .......................................................................................... 85
4.2.4. Teoria da guarda coletiva .................................................................................................... 88
4.2.5. Teoria da semipersonificação do grupo ............................................................................... 94
4.2.6. A visão coletivizada da responsabilidade civil .................................................................... 99
4.3. Direito espanhol ........................................................................................................................... 106
4.3.1. Regime geral da responsabilidade pelos danos causados por integrante não
identificado do grupo ........................................................................................................ 106
4.3.2. Os danos causados por produtos defeituosos .................................................................... 114
4.3.3. Os danos causados pela contaminação do amianto ........................................................... 121
4.3.4. Os danos causados em manifestações ............................................................................... 124
4.4. Direito argentino .......................................................................................................................... 127
4.4.1. Regime geral da responsabilidade pelos danos causados por integrante não
identificado do grupo ........................................................................................................ 127
4.4.2. Requisitos para a solidariedade ......................................................................................... 133
4.4.3. O anonimato ...................................................................................................................... 135
4.4.4. Os danos nos eventos esportivos ....................................................................................... 138
4.5. Direito norte-americano ............................................................................................................... 142
4.5.1. A relevância do direito norte-americano ........................................................................... 142
4.5.2. A causalidade alternativa nos Estados Unidos da América ............................................... 143
4.5.3. A teoria do market share liability ...................................................................................... 144
4.5.4. A teoria da proportional share liability ............................................................................. 148
4.5.5. A contaminação por amianto ............................................................................................. 157
5. OS CONTORNOS DA RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS NÃO
IDENTIFICADOS DOS GRUPOS E O DIREITO BRASILEIRO ................................. 161
5.1. A jurisprudência e a doutrina brasileiras ...................................................................................... 161
5.1.1. A jurisprudência ................................................................................................................ 161
(i) O caso dos pinheiros .................................................................................................... 161
(ii) O caso dos caçadores e a teoria da guarda coletiva .................................................. 164
(iii) O caso da briga de torcidas ....................................................................................... 167
5.1.2. A doutrina brasileira .......................................................................................................... 169
5.2. Os fundamentos da solidariedade dos integrantes dos grupos ..................................................... 180
5.2.1. A base principiológica ....................................................................................................... 181
5.2.2. O regime do Código Civil e o fundamento da responsabilidade ....................................... 186
5.2.3. As teorias acerca da matéria .............................................................................................. 189
5.2.4. A conduta coletiva e a criação de risco ............................................................................. 191
5.2.5. Os requisitos da solidariedade ........................................................................................... 197
5.3. A inexistência de caráter subsidiário da responsabilidade dos integrantes dos grupos ................ 201
5.4. A conduta coletiva e a conduta anônima: proposta legislativa .................................................... 203
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................................. 208
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 210
9
1. INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E
DEFINIÇÃO DO ESCOPO DA DISSERTAÇÃO
Na complexa interação existente entre a sociedade e o direito, a responsabilidade
civil sempre teve melhores oportunidades de adaptação. Pela vasta extensão de situações
com as quais lida, bem como pela sintética sistematização legislativa que normalmente
recebe, esse ramo jurídico se revela mais flexível do que outros, adaptando-se com maior
facilidade a contexto no qual “o direito é produzido a partir de múltiplas inter-relações”,
devendo ser estudado “em movimento, em constante modificação, formação e destruição – isto
é como de fato ocorre na realidade concreta”1.
Dentro desse cenário, inovações relevantes – tais como a responsabilidade pelos
danos morais2, pelo abuso de direito
3, ou mesmo pela perda de chance
4 – ocorreram como
consequência da mera interpretação do regime jurídico já existente, com sua natural
adaptação a situações que não haviam sido inicialmente vislumbradas pelo legislador.
1GRAU, Eros Roberto. O direito posto e o direito pressuposto. 4. ed. São Paulo: Malheiros Ed., 2002. p. 44.
2Clóvis do Couto e Silva descreve o desenvolvimento histórico da indenização por dano moral. O autor
distingue duas escolas relacionadas à matéria. De um lado, havia a posição baseada no artigo 1.380 do
Código de Napoleão, que – embora recebido, em alguns lugares, de forma tímida – “contém uma cláusula
geral de reparação de todos os atos culposos”, o que facilitou o acolhimento da indenização por dano
moral. De outro, havia a doutrina sustentada pelo §254 do Código Civil alemão, que “não permite a
indenização por danos morais senão nos casos previstos em lei”, o que foi criticado pelo Tribunal Federal
alemão, que ampliou o âmbito de incidência do dispositivo.
No Brasil, os artigos 1.547 e seguintes do Código Civil de 1916 tratavam da indenização pelas ofensas aos
direitos da personalidade. Funcionando como verdadeira válvula de escape da disciplina então vigente, o
artigo 1.533 afirmava que “nos casos não previstos neste capítulo, se fixará por arbitragem a
indenização”. Esse regime jurídico, juntamente com a cláusula aberta do artigo 159 da legislação revogada,
permite que se conclua que o Código Civil de 1916 “adotou, talvez um pouco timidamente, a solução
francesa (art. 159) – decerto com uma enumeração indicativa das hipóteses (art. 1.553) e limitativa do
direito à reparação (art. 1.547) – ainda que se considere que o dano moral não tenha sido previsto
expressamente pelo Código Civil” (SILVA, Clóvis do Couto e. O conceito de dano no direito brasileiro e
comparado. In: FRADERA, Vera Maria Jacob de (Org.). O direito privado brasileiro na visão de Clóvis do
Couto e Silva. Porto Alegre: Livr. do Advogado, 1997. p. 231-232). 3Segundo Teresa Ancona Lopez, “A temática do abuso do direito já fazia parte de nossa dogmática mesmo
antes de ser consagrado como princípio e cláusula geral no art. 187 do CC/2002. Como sabemos o art.
160, I, do CC/1916 introduziu de forma oblíqua o abuso do direito por sua interpretação a contrario sensu
feita pela doutrina e pela jurisprudência. Assim, era considerado abuso de direito o exercício irregular ou
anormal de um direito”. (LOPEZ, Teresa Ancona. Exercício do direito e suas limitações: abuso do direito.
Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 98, n. 885, p. 49, jul. 2009). 4Em dissertação a respeito da matéria, Sérgio Savi afirma que “a jurisprudência brasileira, ao se deparar
com hipóteses de responsabilidade civil por perda de uma chance, reconhece a existência de um dano a ser
indenizado” (SAVI, Sérgio. Responsabilidade civil por perda de uma chance. São Paulo: Atlas, 2006. p.
43). No mesmo sentido, Rafael Peteffi da Silva afirma que, o momento atual “se caracteriza pela ebulição
da perda de uma chance em tribunais brasileiros (SILVA, Rafael Peteffi da. Responsabilidade civil pela
perda de uma chance. São Paulo: Atlas, 2007. p. 185). Bastou, portanto, a interpretação do conceito de
dano para que a situação fosse resolvida no âmbito da responsabilidade extracontratual.
10
Toda a saudável flexibilidade inerente à responsabilidade civil parte,
normalmente, de um pressuposto essencial: a identificação do causador do dano. Mesmo
nos casos nos quais a indenização surge como resultado da conduta de terceiro (artigo 932
do Código Civil), ou nas hipóteses de dano causado por omissão, identifica-se o sujeito
cujo comportamento levou à ocorrência de prejuízo.
De acordo com William Lucy5, a definição sobre diversos aspectos do regime
jurídico da responsabilidade civil recai primordialmente sobre a pessoa do agente que
causou o dano, seja “em suas capacidades e em alguns aspectos da situação na qual está
envolvido”, seja em relação “aos efeitos que ele trouxe para o mundo”.
A identificação do causador do dano é pressuposto indispensável não apenas para
a existência do dever de indenizar, como também para a definição de diversos contornos
relativos à disciplina da responsabilidade civil, tais como a dispensa da culpa como
requisito para a indenização, ou ainda a imposição da reparação por terceiro. Por conseguinte,
a inexistência desse elemento acaba impedindo a indenização, gerando situação indesejada na
qual o prejuízo acaba sendo suportado exclusivamente pela vítima.
O anonimato do causador do dano causa, há décadas, preocupação aos estudiosos
da responsabilidade civil. Já na década de 1970, Geneviève Viney afirmava que o
anonimato é uma das situações mais características da evolução relativa à coletivização das
atividades6.
Todavia, a controvérsia acerca da identificação do ofensor não se resume à
bipartição entre situações nas quais é possível apontá-lo, e aquelas nas quais isso é
impossível. Por mais surpreendente que possa ser, há verdadeiro meio-termo neste ponto,
que se traduz em hipóteses nas quais se verifica que a conduta que causou o dano foi
praticada no interior de um grupo de pessoas – sejam físicas, sejam jurídicas –, sem que se
consiga apontar qual delas praticou a conduta ilícita.
Nestas hipóteses, surge potencial conflito entre interesses jurídicos que são
relevantes e, ao mesmo tempo, potencialmente conflitantes. De um lado, aqueles da vítima,
cujo direito à reparação têm recebido resguardo cada vez maior do ordenamento7.
5LUCY, William. Philosophy of private law. New York: Oxford, 2007. p. 144.
6VINEY, Geneviève. Le déclin de la responsabilité individuelle. Paris: Librarie de Droit et de Jurisprudence,
1965. p. 368. 7Segundo com Jorge Mosset Iturraspe, “As ações por responsabilidade mostram um aumento considerável;
crescem em número, variedade e valores. Muitas situações de dano que eram suportadas em silêncio,
julgadas como resultado de uma fatalidade ou do destino, originam apelos...; existe como uma
11
Tamanha ênfase do contexto jurídico atual sobre a necessidade de se desenvolver meios
para a reparação dos prejuízos, que há forte tendência em se denominar a responsabilidade
civil como Direito de Danos.
Nas palavras de Giselda Hironaka, “para o jurista contemporâneo, um jurista
para o qual – o mais das vezes, especialmente no caso do jurista do século XIX – a
propriedade é a medida dos bens, é imperativo providenciar a reparação”8. Seguindo-se a
lógica atual da responsabilidade extracontratual, é necessário desenvolver instrumentos
para impedir que o ônus do ilícito recaia justamente em quem sofreu suas consequências.
Como contraponto ao resguardo da vítima, há os interesses dos integrantes do
grupo que não causaram o dano. Se, por um lado, é inequívoco que o ofensor se encontra
dentro daquela coletividade, por outro, é incontroverso que diversos outros componentes
do grupo não possuem relação com o prejuízo. Sob essa perspectiva, até mesmo os
modernos mecanismos de imposição da responsabilidade encontram dificuldade em
caracterizar o dever de indenizar.
A situação se torna ainda mais complexa na medida em que se verifica que
imputar o dever de indenizar a todos os membros do grupo – pouco importando sua relação
com o dano – significa, ainda que indiretamente, presumir responsabilidade. Trata-se, em
suma, de violação direta a regra basilar do direito das obrigações brasileiro, segundo a qual “a
solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes” (artigo 265 do Código
Civil brasileiro), o que será analisado adiante com mais detalhe9.
Essa situação envolve o conceito conhecido como causalidade alternativa. Ao
mesmo tempo em que é tradicional, a noção é atual. A tradição remonta às origens
romanas do instituto, havendo excertos de autoria de Ulpiano a respeito dos danos
revalorização da pessoa humana, de sua integridade física e espiritual unida a um maior zelo no cuidado
das relações jurídicas, dos bens que compõem o patrimônio. É pouco comum que os países em via de
desenvolvimento e mais ainda nos países industrializados, que a vítima do prejuízo se conforme com sua
situação; aceite o menoscabo que outro lhe tenha causado, com resignação e tolerância” (MOSSET
ITURRASPE, Jorge. Responsabilidad por daños: parte general. Buenos Aires: Rubinzal – Culzoni
Editores, 1998. t. 1, p. 35, trad. livre do espanhol). 8HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Responsabilidade pressuposta. Belo Horizonte: Del Rey,
2005. p. 75. 9Caitlin Sampaio Mulholland esclarece que as situações envolvendo múltiplos ofensores em potencial difere
das típicas situações de co-autoria, que leva à solidariedade. Diferentemente do que ocorre na causalidade
múltipla, na qual há diversas condutas contribuindo para o resultado, na causalidade alternativa “a conduta
pode ser única, o que descaracterizaria a causalidade múltipla. E mais: a causalidade múltipla refere-se à
capacidade de contribuição causal de várias condutas e atividades para o evento danoso, o que não ocorre
no caso de causalidade alternativa, na qual se identifica que o dano foi causado por uma única conduta
que, devido à característica de coesão do grupo, resta impossível de atestar” (MULHOLLAND, Caitlin
Sampaio. A responsabilidade civil por presunção de causalidade. Rio de Janeiro: GZ, 2009).
12
provocados por multidões10
, e discussões sobre a responsabilidade pelo lançamento de
objetos a partir de habitações coletivas.
Já o caráter atual do tema decorre dos inúmeros problemas que surgem na
complexa sociedade contemporânea em razão da dificuldade de se identificar o causador
dos danos. Desde os nefastos efeitos da violência de grupos de torcedores em eventos
esportivos, até os danos ambientais ocorridos em situações com diversos poluidores em
potencial, envolvem a noção de causalidade alternativa11
.
De forma semelhante, danos causados em relações massificadas, e certas situações
envolvendo contaminações de indivíduos, envolvem diversos potenciais ofensores, mas
não permitem que se defina – com a precisão exigida pela norma jurídica – qual deles foi o
efetivo causador do dano.
Em curso proferido na Universidade de Saint Maur – Paris XII, Clóvis do Couto e
Silva faz referência ao §838, II, do Código Civil alemão, norma que regulamenta a
situação fática ora tratada, imputando responsabilidade solidária a todos os integrantes do
agrupamento12
. Em seguida, o civilista indaga qual a solução a ser aplicada nos sistemas
nos quais não há disposição semelhante.
É justamente esse o principal escopo do presente trabalho. À luz dos interesses
envolvidos nessas situações, é essencial que se busque uma solução que satisfaça os
interesses da vítima, sem abandonar a interpretação ponderada dos institutos jurídicos
envolvidos na controvérsia, e tampouco desconsiderar os interesses dos demais integrantes
do grupo.
Para tanto, a presente dissertação analisará conceitos que integram o arcabouço
teórico no qual a causalidade alternativa se circunscreve, buscando delinear os contornos
desse conceito, bem como seus fundamentos.
Mais especificamente, o estudo ora realizado recairá principalmente sobre (i) o
conceito e as diversas doutrinas acerca do nexo causal; (ii) os entraves para a
10
MANFREDINI, Arrigo D. Responsabilità collettiva e damnum in turba datum. Una prospettiva
comparatistica. Roma e America - Diritto Romano Comune: rivista di diritto dell'integrazione e unificazione
del diritto in Europa e in America Latina. Roma, n. 11, p. 165 e ss., 2001. 11
Ignacio de Cuevillas Matozzi afirma que os novos fenômenos sociais acabam envolvendo grandes
aglomerações, tais como espetáculos públicos desportivos, musicais, e outras manifestações, levando à
dúvida sobre a responsabilidade dos integrantes dos grupos em relação aos danos causados no curso desses
eventos (CUEVILLAS MATOZZI, Ignacio de. La relación de causalidad em la órbita del derecho de
daños. Valencia: Tirant Monografias, 2000. p. 271). 12
SILVA, Clóvis do Couto e. Principes fondamentaux de la responsabilité civile en droit brélisien et
comparé. Curso proferido na Universidade de Saint Maur, Paris XII, p. 72.
13
caracterização do dever de indenizar nas situações envolvendo a responsabilidade dos
potenciais ofensores; (iii) as teorias a respeito da matéria – tanto no Brasil, quanto no
exterior, com enfoque sobre suas virtudes e suas deficiências; (iv) a disciplina da
responsabilidade extracontratual prevista no Código Civil, e decorrentes dos princípios
aplicáveis à matéria.
A partir desses elementos, pretende-se definir (i) se a responsabilidade solidária
dos agentes integrantes dos grupos é compatível com o regime de responsabilidade civil do
Código Civil brasileiro; (ii) quais são os requisitos necessários para a caracterização do
dever de indenizar, caso a solidariedade se aplique; e (iii) se existem eventuais alternativas,
na esfera legislativa, para incrementar o regime aplicável à matéria.
1.1. Justificativa quanto ao título adotado
Em razão de sua complexidade, e por envolver outros elementos relacionados à
responsabilidade civil, a matéria ora tratada possui diversas denominações.
A expressão Responsabilidade Coletiva tende a prevalecer no âmbito da doutrina.
Dentre outros autores que trataram do tema, Ilhan Postacioglu13
, um dos precursores a
examiná-lo, adota para seu artigo o título “Faits Simultanés et le problème de la
responsabilité collective”. De forma semelhante, Arrigo Manfredini14
adota Responsabilità
Collettiva e Julio Alberto Díaz15
denomina sua tese de doutoramento como
Responsabilidade Coletiva.
Seguindo linha diversa, Clóvis do Couto e Silva prefere utilizar, nas duas obras
que escreveu sobre o assunto, as expressões Responsabilidade Alternativa16
. Já o Ministro
e professor gaúcho Vasco Della Giustina prefere utilizar Responsabilidade Civil dos
Grupos, em dissertação de mestrado elaborada a respeito do assunto17
.
13
POSTACIOGLU, Ilhan E. Faits simultanés et le problème de la responsabilité colletive. Revue
Trimestrielle de Droit Civil, Paris, v. 53, n. 3, p. 438 e ss., 1954. 14
MANFREDINI, Arrigo D. op. cit. 15
DÍAZ, Julio Alberto. Responsabilidade coletiva. Belo Horizonte: Del Rey, 1998. 16
SILVA, Clóvis do Couto e. Responsabilidad alternativa y acumulativa. In: FRADERA, Vera Maria Jacob
de (Org.). O direito privado brasileiro na visão de Clóvis do Couto e Silva, cit. 17
DELLA GIUSTINA, Vasco. Responsabilidade civil dos grupos – inclusive no Código do Consumidor. Rio
de Janeiro: Aide, 1997.
14
Tanto a expressão Responsabilidade Coletiva, quanto a denominação
Responsabilidade Civil dos Grupos não expressam, de forma satisfatória, os contornos do
tema ora tratado. Por um lado, a primeira não é suficientemente precisa, pois o termo
coletivo se refere a qualquer conjunto de dois ou mais indivíduos. Logo, toda e qualquer
hipótese de solidariedade é, também, caso de responsabilidade coletiva18
.
Por outro, o recurso à expressão responsabilidade civil dos grupos pode transmitir
ideia equivocada. Sob a perspectiva do direito societário, os grupos são organizações
formadas por sociedades vinculadas por relação de controle, as quais se obrigam a
“combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar
de atividades ou empreendimentos comuns” (artigo 265 da Lei 6.404, de 15 de dezembro
de 1976). Para evitar confusões de ordem conceitual, deve-se evitar o uso dessa expressão
para denominar o fenômeno sob análise.
Nem mesmo a denominação responsabilidade alternativa, adotada por Clóvis do
Couto e Silva, confere noção precisa sobre a questão. Se a responsabilidade é alternativa, é
porque ela deve ser imposta a um ou a outro dos sujeitos envolvidos no agrupamento no qual
ocorreu a conduta que causou o prejuízo. Todavia, é possível que a situação hipotética acima
descrita leve à obrigação solidária de todos os integrantes do grupo, sendo impossível conferir
contornos de alternatividade à situação.
Neste ponto, é importante observar que o conceito de responsabilidade alternativa
difere da noção de causalidade alternativa. Uma coisa é o dever de indenizar os prejuízos
causados. Outra, completamente diversa, é o vínculo entre conduta e dano, que é requisito
para a imposição desse dever. Enquanto, no fenômeno ora tratado, o nexo causal é
alternativo, pois vinculado a uma dentre diversas condutas, a responsabilidade é única,
pouco importando se imposta a um ou a diversos agentes.
Por essa razão, ao invés dos termos acima referidos, buscou-se adotar, para a
presente dissertação, denominação que envolvesse, necessariamente, o conceito de
causalidade alternativa, à luz de sua enorme relevância para a matéria.
18
Caitlin Sampaio Mulholland rejeita a denominação responsabilidade coletiva, classificando-a como
exagerada, pois “nem todos os membros do grupo respondem pelo dano ocasionado. Basta provar a
impossibilidade de sua participação no evento para que se afaste sua responsabilidade. Ainda, a expressão
‘coletiva’ importa em uma ideia de conduta ou atividade conjunta, quando na realidade este fenômeno faz
referência a uma conduta individualizada (ou a algumas condutas individuais) que não é identificada e
não se confunde com o propósito do agrupamento, ainda que resultado deste” (MULHOLLAND, Caitlin
Sampaio. op. cit., p. 217).
15
Também era importante esclarecer que a análise envolve matéria específica dentro
da análise da causalidade alternativa. Há diversas situações envolvendo essa modalidade de
nexo causal, tais quais aquelas nas quais o caso fortuito ou a força maior figuram como
potenciais causas do dano. Na presente dissertação, todavia, o objeto da análise se limita às
hipóteses nas quais os potenciais causadores do dano são integrantes do mesmo
agrupamento.
Por essa razão, adotou-se, como título do presente trabalho, a expressão a
causalidade alternativa e a responsabilidade civil dos múltiplos ofensores. Ao mesmo
tempo em que expressa conceito que se caracteriza como tema central da dissertação, o
título esclarece a situação hipotética cuja análise constitui a essência do trabalho.
208
6. CONCLUSÕES
A partir dos elementos analisados ao longo da presente dissertação, conclui-se que:
1. O conceito de causalidade possui relativa flexibilidade e indefinição, havendo
diversas teorias que justificam e explicam, de maneira adequada, o vínculo entre a conduta
do agente e o dano sofrido pela vítima.
2. A teoria do dano direto e imediato, prevista no artigo 403 do Código Civil,
possui aplicação exclusivamente na esfera contratual, sendo incompatível com as hipóteses
de responsabilidade aquiliana, as quais possuem regime legal próprio (artigo 927 e
seguintes do Código Civil), e são intensamente influenciadas pelo princípio da reparação
integral da vítima (artigo 944, caput, do Código Civil).
3. O primeiro fragmento histórico relativo à responsabilidade dos integrantes dos
grupos é o édito de turba, de autoria de Ulpiano, inserido no D. 47,8 do Corpus Iuri Civilis.
4. Sob perspectiva histórica, a responsabilidade dos integrantes dos grupos não
pode ser confundida com o quase-delito denominado effusis et deiectis, que estabelecia a
responsabilidade pelos objetos e dejetos lançados de habitações coletivas. Essa criação
pretoriana, que passou a possuir tal classificação nas Institutas de Justiniano, se voltava
para hipótese fática bastante específica, não possuindo relação com a responsabilidade dos
grupos, que se volta para situação mais genérica.
5. No âmbito do direito estrangeiro, existem diversas teorias adotadas para justificar
a responsabilidade solidária para os integrantes dos grupos. Essas doutrinas, muitas vezes,
refletem argumentos artificiais, e que não justificam de forma satisfatória a atribuição de
solidariedade a todos esses indivíduos.
6. As doutrinas americanas da market share liability e da proportional share
liability dispensam o vínculo direto entre a conduta do indivíduo e o prejuízo, impondo o
dever de indenizar, em razão da situação de risco criada pelo ofensor, a qual, em momento
posterior, se materializa no prejuízo sofrido pela vítima.
7. A doutrina e a jurisprudência brasileira já examinaram – embora poucas vezes –
a responsabilidade dos integrantes do grupo. Não obstante a nítida tendência em
209
reconhecer a responsabilidade solidária dos integrantes dos grupos, inexiste consenso
acerca do fundamento da solidariedade.
8. Em termos amplos, a necessidade de se impor a solidariedade dos integrantes do
grupo pode ser inferida à luz dos princípios (i) da isonomia; (ii) da reparação integral da
vítima legal (artigo 944 do Código Civil); e (iii) da coletivização da responsabilidade.
9. Em termos mais específicos, a solidariedade dos integrantes do grupo se revela
compatível com o regime do artigo 927 do Código Civil, nas situações nas quais os
integrantes da coletividade praticam ações ou omissões individuais ilícitas, ou atividades
arriscadas, que possuem caráter homogêneo e adquirem forma e identidade próprias,
traduzindo-se na conduta coletiva que causa o dano.
10. Para a responsabilidade solidária dos integrantes dos grupos baseada na conduta
coletiva, é essencial a satisfação dos seguintes requisitos: (i) prática de conduta culposa ou
de atividade arriscada pelos potenciais ofensores; (ii) caráter homogêneo dessas condutas;
(iii) criação de situação de risco comum; e (iv) existência de causalidade entre a conduta
coletiva e o dano.
11. Dentre as condições acima mencionadas, destaca-se o risco comum, que é o
elemento que vincula os diversos comportamentos autônomos, originando a conduta coletiva.
12. A responsabilidade baseada na conduta coletiva não possui caráter subsidiário, ou
seja, a eventual identificação do indivíduo que materializou o dano não afasta a solidariedade.
13. A conduta coletiva se diferencia da conduta anônima. Enquanto, no primeiro
caso, diversos indivíduos realizam condutas homogêneas e de natureza arriscada, que
contribuem para o surgimento do dano, no último, há a prática de conduta ilícita
individualizada por parte dos integrantes de determinada coletividade, sem que seja
possível identificar o causador do dano.
14. Diferentemente do que ocorre nas hipóteses de conduta coletiva, na conduta
anônima é impossível impor solidariedade aos integrantes do grupo, se não houver
previsão legal expressa a esse respeito.
15. Recomenda-se o desenvolvimento de legislação específica acerca da matéria, com
o escopo de (i) esclarecer a existência, e estabelecer os limites da responsabilidade baseada na
conduta coletiva; e (ii) impor a solidariedade nas hipóteses de conduta anônima.
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