a cobertura do jn e do jr durante as eleiÇÕes 2002 · 2016-03-10 · o presente trabalho tem o...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
A COBERTURA DO JN E DO JR DURANTE AS ELEIÇÕES 2002
ROMULO QUENEHEN
Curitiba 2003
ROMULO QUENEHEN
A COBERTURA DO JN E DO JR DURANTE AS ELEIÇÕES 2002
Curitiba 2003
Monografia realizada para a conclusão de curso, habilitação em Comunicação Social – Jornalismo, da Universidade Tuiuti do Paraná, sob a orientação do professor Emerson Urizzi Cervi.
Orientador : Emerson Urizzi Cervi......................................................
Agradecimentos: “Obrigado! A todos que tenham de uma forma direta ou indireta contribuído para a realização desse trabalho”.
Epígrafe:
“A televisão tem o poder de uma bomba atômica” (Walter Clark (1936-1996) ex-executivo da Globo).
Sumário: AGRADECIMENTOS.................................................................................................................ii EPÍGRAFE................................................................................................................................iii SUMÁRIO..................................................................................................................................iv ILUSTRAÇÕES..........................................................................................................................v INTRODUÇÃO..........................................................................................................................vi Capítulo 1. A cobertura das eleições e a democracia no Brasil 1.1 Mídia e Democracia...........................................................................................................1 1.2 A hipótese da agenda setting e a cobertura eleitoral .........................................................4 1.3 Objetivo do trabalho..........................................................................................................8 1.4 Sociedade, mídia e eleições...............................................................................................8 1.5 A hegemonia da televisão................................................................................................13 1.5.1 Rede Globo......................................................................................................................15 1.5.2 Rede Record.....................................................................................................................16 Capítulo 2. Análise da cobertura do Jornal Nacional e do Jornal da Record 2.1 Método de Pesquisa.........................................................................................................18 2.2 O cenário editorial do Jornal da Record e do Jornal Nacional.........................................20 2.3 Editorias...........................................................................................................................21 2.4 Análise dos comentários do âncora do JR e dos apresentadores do JN.........................27 2.5 Análise da Editoria de Economia....................................................................................28 2.5.1 Evolução comparada da Editoria de Economia no JN e no JR.......................................30 2.5.2 Evolução semanal dos assuntos da editoria de Economia no JN e no JR.......................31 2.6 Análise da editoria de Política.........................................................................................32 2.6.1 Evolução semanal da editoria de Política no Jornal Nacional e no Jornal da Record.....33 2.7 Análise do 1ºe 2º turno das eleições................................................................................34 2.7.1 Destaques da editoria de política durante o 1ºe 2º turno..................................................35 2.7.2 Divisão da editoria em assuntos.......................................................................................36 2.7.3 Tempo dos candidatos à presidência................................................................................38 2.7.4 Evolução geral dos candidatos no 1º e 2º turno...............................................................39 2.7.5 Matérias neutras - positivas e negativas do JN e do JR no 1º turno.................................44 2.7.6 Matérias neutras - positivas e negativas do JN e do JR no 2º turno.................................48 2.7.7 Vantagem real de cada candidato.....................................................................................51 2.7.8 Evolução das matérias no 1º e no 2º turno.......................................................................53 2.8 Pesquisa Eleitoral.............................................................................................................57 2.9 Propaganda eleitoral gratuita...........................................................................................58 2.10 O discurso da mídia.........................................................................................................59 2.10.1 O discurso de mudança versus discurso neoliberal........................................................61 2.10.2 Enquadramento dos candidatos......................................................................................62 2.11 Notas conclusivas...........................................................................................................63 2.12 Apêndices: Tabelas e Gráficos.......................................................................................66 2.12.1Tabelas............................................................................................................................67 2.12.2 Gráficos..........................................................................................................................72 2.13 Bibliografia....................................................................................................................80 2.14 Anexos
Ilustrações: Tabelas Tabela 1 –EDITORIAS DO JN E JR DIVIDIDAS POR TEMPO........................................................................21 Tabela 2 – EDITORIA INTERNACIONAL..........................................................................................................23 Tabela 3 – EDITORIA SEGURANÇA..................................................................................................................23 Tabela 4 – EDITORIA GERAL.............................................................................................................................24 Tabela 5 – EDITORIA ESPORTE.........................................................................................................................24 Tabela 6 – EDITORIA CULTURA.......................................................................................................................25 Tabela 7 – MANCHETES......................................................................................................................................26 Tabela 8 – COMENTÁRIOS.................................................................................................................................28 Tabela 9 – EDITORIA ECONOMIA.....................................................................................................................29 Tabela 10 - TEMPO DA EDITORIA DE POLÍTICA..........................................................................................35 Tabela 11 - DESTAQUE DO JN E DO JR NO 1º TURNO.................................................................................36 Tabela 12 - DESTAQUE DO JN E DO JR NO 2º TURNO.................................................................................36 Tabela 13 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN E DO JR - 1º TURNO.........................................................37 Tabela 14 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN E DO JR - 2º TURNO...........................................................37 Tabela 15 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 1º TURNO..................................................38 Tabela 16 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 2º TURNO..................................................38 Tabela 17 - PRINCIPAIS MATÉRIAS VEICULADAS NO 1º TURNO E SUA VALÊNCIA...........................48 Tabela 18 - PRINCIPAIS MATÉRIAS VEICULADAS NO 2º TURNO E SUA VALÊNCIA...........................51 Tabela 19 - SALDO POSITIVO DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 1º TURNO......................................52 Tabela 20 - SALDO POSITIVO DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 2º TURNO......................................52 Gráficos GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO SEMANAL DA EDITORIA DE ECONOMIA NO JN E NO JR..........................30 GRÁFICO 2 – ASSUNTOS PRINCIPAIS DA EDITORIA DE ECONOMIA DO JN........................................31 GRÁFICO 3 – ASSUNTOS PRINCIPAIS DA EDITORIA DE ECONOMIA DO JR........................................32 GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO SEMANAL DA EDITORIA DE POLÍTICA NO JN E NO JR.............................34 GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JN – 1º TURNO...........................................................39 GRÁFICO 6 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JR – 1º TURNO...........................................................41 GRÁFICO 7 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JN DURANTE O 2º TURNO......................................42 GRÁFICO 8 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JR DURANTE O 2º TURNO......................................43 GRÁFICO 9 – MATÉRIAS NEUTRAS - POSITIVAS e NEGATIVAS DO JN NO 1º TURNO.......................45 GRÁFICO 10 – MATÉRIAS NEUTRAS - POSITIVAS E NEGATIVAS DO JR NO 1º TURNO.....................46 GRÁFICO 11 – MATÉRIAS NEUTRAS / POSITIVAS / NEGATIVAS DO JN NO 2º TURNO......................49 GRÁFICO 12 – MATÉRIAS NEUTRAS / POSITIVAS / NEGATIVAS DO JR NO 2º TURNO......................50
Introdução
No dia 02 de Janeiro de 2003, um dia após a posse mais concorrida da história da
República, as pessoas se aglomeram em frente ao Palácio do Planalto, ainda eufóricas pela
festa do dia anterior. A posse foi à consagração de Luís Inácio Lula da Silva, retirante
nordestino, que se tornou operário, sindicalista, e enfim, após três tentativas frustradas
presidente da República.
A campanha, a vitória e a posse marcam uma importante fase da democracia brasileira,
pela primeira vez na história do Brasil, um partido de esquerda alcança o poder através dos
votos. Mas não é apenas a ascensão da esquerda que chama a atenção nesse processo eleitoral,
o engajamento da mídia na cobertura também, e como sempre despertando grandes
polêmicas.
A maioria da literatura atual sobre mídia e política mostra que o papel desempenhado
pelos veículos de comunicação durante as últimas três eleições foi parcial e partidária. As
eleições de 2002, estigmatizadas por estes acontecimentos, acabaram suscitando uma grande
perspectiva entre a maioria do público a respeito de como seria a cobertura dos principais
veículos de comunicação do País durante essa eleição.
O presente trabalho tem o objetivo de analisar a cobertura do Jornal Nacional e do
Jornal da Record durante este pleito, com a intenção de investigar o papel exercido pela
mídia. Durante o processo eleitoral surgiram muitas hipóteses e diversas opiniões conflitantes
sobre o desempenho da mídia, principalmente a eletrônica, uns afirmavam sua parcialidade,
outros a imparcialidade, os que afirmavam a parcialidade discordavam dos prováveis
favorecidos, no início era Ciro, depois Serra e no final Lula. Mas, a única evidência
despertada por todos esses questionamentos e afirmações, é que essa eleição - a maior já
realizada no Brasil - ficaria na história e a jovem democracia brasileira, independente do
resultado eleitoral, nunca mais seria a mesma.
O trabalho é embasado na teoria da agenda setting, que confirma o poder da mídia em
impor os temas a serem pensados pelo público. A pesquisa é dividida em dois capítulos, o
primeiro trata a delimitação do tema, a contextualização do assunto, e o objetivo principal. O
segundo é a parte empírica do trabalho, no qual é analisado quantitativamente os tempos dos
candidatos, as valências, a evolução das matérias e o enquadramento do cenário midiático. No
final a conclusão, que como o tema, não poderia deixar de ser “polêmico”.
CAPÍTULO 1. A COBERTURA DA MÍDIA E A DEMOCRACIA NO BRASIL
1.1 MÍDIA E DEMOCRACIA
Ao iniciar a apresentação do trabalho é necessário levar em consideração a seguinte
questão: que importância tem para a democracia um sistema midiático independente?
A resposta para essa questão é simples: uma mídia independente está comprometida
com o discurso público, e permite que os espaços a todos os grupos da arena política,
econômica, e social sejam equilibrados sem incorrer no partidarismo. Em resumo, a
participação e a discussão pública é fundamental para a sustentação da democracia, mas só é
possível que existam a partir de uma mídia imparcial e apartidária.
A formação histórica da imprensa no Brasil mostra que ela sempre esteve vinculada a
grupos empresariais e políticos, e a serviço das elites. Entretanto, após o regime autoritário
(1964-1985) e em função das profundas mudanças ocorridas nas últimas décadas na
tecnologia e no mercado de informação, parte da grande imprensa brasileira ressurgiu
profissionalizada e redefinida em sua relação com a sociedade. Apesar dessa redefinição é
possível afirmar que esta relação não é uma realidade disseminada em todos os veículos do
país. (AZEVEDO, 2002) Segundo Azevedo1 são necessários dois requisitos básicos para que
haja condições de se estabelecer uma mídia independente:
1) Mercado de informação competitiva;
2) Um subsistema partidário do tipo poliárquico2 (poliarquia eleitoral).
Citando Sartori3, Azevedo coloca que o sistema poliarquico é estruturado a partir de
um sistema democrático mínimo (liberdades básicas, rotatividade no poder, respeito à minoria
e à oposição, etc.) e também competitivo (do ponto de vista eleitoral) e participativo (do ponto
de vista da representação), ensejando, desta forma, o controle recíproco dos atores
políticos.(AZEVEDO, 2002.id)
1 AZEVEDO, Fernando Antônio, Imprensa e Política: a cobertura eleitoral dos jornais paulistas no pleito de 2000, Trabalho apresentado no 3O Encontro Nacional da ABCP - Associação Brasileira de Ciência Política UFSCar, 2002. 2 DAHL utiliza a noção de democracia para denotar um “sistema ideal” (conceito normativo) e emprega a noção de poliarquia para caracterizar uma situação real (conceito instrumental), possibilitando, desta forma, a elaboração de modelos comparativos entre sistemas competitivos e não-competitivos e o grau de democracia entre os sistemas competitivos. 3 SARTORI, Giovanni. (1987). A Teoria da Democracia Revisitada. (vol. I). São Paulo. Editora Ática.
Fato importante a ressaltar é que um dos princípios básicos da poliarquia, a
rotatividade de poder ainda não havia acontecido na jovem República brasileira. Com a
ascensão da esquerda ao poder surgem expectativas que colocam em xeque os meios de
comunicação e a democracia no Brasil.
Nunca uma eleição levantou tantas polêmicas em relação à participação da imprensa
como esta - talvez pela iminente e depois consagrada vitória de Lula, - o fato é que durante o
processo eleitoral a imprensa foi constantemente questionada, principalmente, a Rede Globo.
No comentário do jornalista Eugenio Bucci4 na Folha de São Paulo, ele cita as
divergências de opiniões na conduta da Globo nessas eleições, e fala até sobre a possível
parcialidade do Jornal Nacional em favor de Lula,” não há sinais explícitos de governismo ou de apoio
a José Serra no "Jornal Nacional". Ao contrário, as opiniões aí divergem bastante. Há quem veja até um
discreto aroma de lulismo no mais influente telejornal do Brasil. Enfim, não se pode afirmar categoricamente
que o "JN" esteja trabalhando para o governo ou contra o governo.”(BUCCI, 2002)
Pensamento contrário ao de Eugênio Bucci é o da colunista da Folha, Marilene
Felinto5, que faz uma crítica contundente sobre a manipulação da imprensa em favor de José
Serra, “a pior coisa destas eleições não foi o sempre indigesto horário eleitoral na TV, foi o bombardeio
imposto ao eleitor pelo pensamento único da imprensa a campanha ora descarada, ora mal dissimulada a favor
do candidato do governo à Presidência. Fosse quem fosse o candidato da oposição, essa atmosfera de quase
fraude eleitoral instituída nas entrelinhas ou nas linhas mesmas da imprensa seria motivo de condenação e
repulsa em países desenvolvidos, em terras de gente menos avassalada, menos despreparada para ler e pensar.
Mas ler jornal, assistir ao noticiário da TV, ao“Jornal Nacional" e aos demais telejornais da Rede Globo, bem
como ao reacionário "Jornal da Record", para citar alguns, transformou-se em momento de constrangimento e
mal-estar. O "Jornal da Record" perpetrou verdadeiras sessões de "descarrego" toda vez que teceu comentários
sobre a candidatura petista de Lula.” (FELINTO, 2002)
Outra declaração que suscitou enorme polêmica foi a afirmação do empresário Antônio
Ermírio de Moraes6, sobre o desmantelamento do esquema montado para Serra na Globo,
devido a saída de Philippe Reichstul da emissora. O episódio levou o vice-presidente das
Organizações Globo, João Roberto Marinho7 a declarar uma nota na própria Folha de São
Paulo, falando sobre a cobertura dos telejornais da Globo, " ficou desde sempre estabelecido que os
principais candidatos teriam espaços iguais, tratamento equânime e que nenhum estaria imune a críticas
procedentes. Nestas eleições, graças à liberalização da legislação eleitoral no que diz respeito à mídia
eletrônica, a TV Globo pôde fazer uma cobertura mais abrangente do que a realizada em anos anteriores com
4 BUCCI, Eugênio. O teste do segundo turno, Folha de SP.TV Folha ,13/10/02 5 FELINTO, Marilene. O factóide da atriz e o caso Gugu. Folha de SP. Cotidiano p.C2. 22/10/02. 6 MORAES, Antônio Ermírio.Lula está longe de ser estadista. Folha de SP. pág.3, 26/09/02. 7 MARINHO, João Roberto. Folha de SP. Painel p.03, 27/09/02.
entrevistas em seus telejornais e reportagens especiais amplas e esclarecedoras. Todos os setores da sociedade
imprensa, partidos políticos, leitores, ouvintes e telespectadores aplaudiram essa nossa postura. E o
reconhecimento de nossa isenção e imparcialidade é motivo de orgulho para todos nós..”( Marinho, João
Roberto. Folha de SP. Painel p.03.)
Outro fato polêmico que ganhou grande repercussão na mídia após as eleições foram
as entrevistas exclusivas do presidente recém-eleito para a Globo, muito se especulou sobre os
motivos da exclusividade. Laura Mattos8, outra jornalista da Folha, cita em sua matéria -
intitulada “Exclusividade desagrada TVs concorrentes” -, o ponto de vista do jornalista Boris
Casoy sobre essas entrevistas: "Está óbvio que Lula fez uma opção preferencial pela Globo. Desconheço
as razões do privilégio concedido apenas a uma rede, deve ser um reconhecimento ao 'apoio' que a emissora
deu a Lula durante toda a sua carreira política. Gosto não se discute “, ironizou o âncora do "Jornal da
Record" e do "Passando a Limpo". (MATTOS,2002)
Após todas essas polêmicas referentes à última eleição fica em evidência a seguinte
questão, qual teria sido o grau de independência dos principais veículos de comunicação9 do
País, durante as eleições 2002?
A literatura sobre o assunto mostra que a cobertura das eleições no Brasil, com uma ou
outra exceção tem sido parcial. Grande parte dos estudos realizados no País sobre os meios de
comunicação no período eleitoral mostra que há um certo grau de comprometimento e
influência da mídia na ascensão e manutenção de grupos no poder. A visão mais comum é a
de que a mídia eletrônica (rádio e televisão) e a mídia impressa (jornais e revistas),
geralmente são parciais em suas coberturas e quase sempre favorecem candidatos ligados aos
interesses de grupos dominantes. As evidências recentes apontadas por estas literaturas,
mostram que desde as eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982, passando pela
campanha exigindo Diretas em 1984, a eleição de Fernando Collor em 1989, e a de Fernando
Henrique Cardoso em 1994 e 1998, a mídia agiu de má fé com parcialidade e partidarismo.
(LINS DA SILVA, 1985; LIMA, 1990; SQUIRRA, 1993; ALBUQUERQUE, 1994;
FABRÍCIO,1997)10.
8 MATTOS,Laura, Exclusividade desagrada TVs concorrentes, Folha de SP, Ilustrada p.E1 30/10/02. 9 Os principais meios de comunicação são representados neste trabalho pelos dois maiores telejornais do País (Jornal Nacional e o Jornal da Record). 10 LINS DA SILVA, C. E. (1985). Muito Além do Jardim Botânico. São Paulo, Summus. LIMA, V. A. de. (1990). “TV e política: hipótese sobre a eleição presidencial de 1989”. Comunicação&política, Ano 9, n.11, abril-junho; pp. 29-54. SQUIRRA, S. Boris Casoy- O âncora no telejornalismo brasileiro. Petrópolis, Vozes,1993. ALBUQUERQUE, Afonso de. (1999b). “Um outro quarto poder: imprensa e compromisso político no Brasil”, comunicação apresentada no GT Mídia, Eleição e Opinião Pública, XXIII Encontro Anual da ANPOCS.
Por se tratar de um assunto complexo, a cobertura da mídia nas eleições envolve
polêmicas também sobre as metodologias de pesquisa, e principalmente sobre as teorias
aplicadas. Apesar das divergências entre as teorias que tratam a relação entre o meio, a
mensagem e o público, há um consenso razoavelmente estabelecido entre diferentes autores e
tradições teóricas sobre a influência da mídia (positiva/negativa, variando em grau e
intensidade dependendo da perspectiva analítica) no campo político, e na construção da
realidade social. O reconhecimento do poder de agenda da mídia11 certamente autoriza e
legítima a exigência normativa de uma imprensa independente, cujo papel é definido como o
de informar os cidadãos de forma imparcial e objetiva.(AZEVEDO, 2002. id) Ao exercer essa
função, a mídia cumpre seu papel de servir a democracia.
Conforme as afirmações sobre a parcialidade da mídia durante as últimas coberturas
eleitorais - a favor da direita contra a esquerda -, e o resultado da eleição de 2002, que levou o
PT ao poder, torna relevante a verificação empírica do envolvimento dos telejornais na
campanha 2002, pois desperta a seguinte hipótese:
- Os principais telejornais do País teriam favorecido parcialmente algum candidato? No caso
de resposta afirmativa, qual teria sido o privilegiado?
Estes são os pontos centrais que esse trabalho pretende se ocupar, tendo como
referência empírica às eleições de 2002.
1.2 A HIPÓTESE DA AGENDA SETTING E A COBERTURA ELEITORAL
No campo teórico ao se falar em meios de comunicação de massa se tem em mente a
seguinte relação: meio – mensagem – público. A maioria dos estudos acadêmicos sobre o
tema enfoca a relação entre esses agentes. A teoria funcionalista defende que a mídia
transmite a mensagem que o público quer, ou seja, a mensagem seria exclusivamente produto
do público, que por essa definição seria ativo. A teoria crítica afirma que a mensagem é
produto final da mídia e que, portanto, o público é apenas consumidor passivo desta
mensagem. Com o avanço dos meios de informação no final do século 20, e o surgimento de
FABRÍCIO, G. B. (1997). “O Jornal Nacional da Rede Globo e a construção do Cenário de Representação da Política (1/10/93 a 1/10/95)”. Tese de Mestrado em Ciência Política, Universidade de Brasília. 11 Hipótese da agenda setting.
novas pesquisas, há a necessidade dessa relação ser reavaliada. A hipótese da agenda setting12,
a teoria do newsmaking e as metodologias do enquadramento13, e da noticiabilidade aparecem
então como uma nova retórica para a realização de pesquisas envolvendo os meios de
comunicação.
A agenda setting realça que a mídia tem o poder de influenciar o modo como o
destinatário organiza a sua imagem do ambiente (ROBERTS, apud WOLF, 1994, p.126)14. A
teoria do newsmaking diz que a notícia não é produto de manipulação explicita dos meios,
mas que está ligada a conjecturas como o papel do jornalista e sua influência na notícia, o
método de enquadramento discute a forma de abordagem das pesquisas, e a noticiabilidade
discute o valor das notícias veiculadas.
A literatura existente sobre a cobertura da mídia durante períodos eleitorais aponta
quase sempre para a parcialidade e o partidarismo dos veículos. Apesar das evidências
levantadas pelos estudiosos15 é algo temerário fazer generalizações sobre a parcialidade dos
meios de comunicação. Primeiro devido à complexidade metodológica para se encontrar a
influência dos meios de comunicação de massa nas atitudes políticas e no comportamento
eleitoral. Pois, além de difusa é de difícil verificação empírica (HOWLETT, apud
AZEVEDO, 2002 id)16. Em segundo, por causa dos avanços do setor que aumentou a
competitividade entre os veículos, e ressaltou a necessidade de agirem com respeito e
credibilidade – o que é fundamental para a conquista do público consumidor.
Apesar da dificuldade em se estabelecer uma relação causal entre influência da mídia e
comportamento eleitoral, a literatura teórica relevante sobre o tema não nega o poder da
agenda dos meios de comunicação de massa e seus efeitos a longo prazo no campo político
(HABERMAS, 1984; DAHL, 1971; BOURDIEU,1997; SARTORI 1998. apud
AZEVEDO,2002 id)17, embora haja grande divergência sobre a natureza (positiva ou
12 Estabelecida pioneiramente por Lippmann (1922) e formulada a partir das pesquisas de McCombs e Shaw publicados nos ano 70. (WOLF 1994) 13 “Enquadramentos da mídia são padrões persistentes de cognição, interpretação, de seleção, ênfase, através dos quais os manipuladores de símbolos organizam o discurso, seja verbal ou visual de forma rotineira”.( GITLIN, 1980, apud PORTO,2001 p7.) 14 WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 1994. 15 Cito como exemplo autores destacados como Mário Sérgio Conti, Emiliano José entre outros. 16 HOWLETT, Michael. (2000). “A Dialética da Opinião Pública: Efeitos Recíprocos da Política Pública e da Opinião Pública em Sociedades Democráticas Contemporâneas”, Opinião Pública, vol. VI, n°2, Campinas. 17 HABERMAS,Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
negativa) e o limite e alcance desses efeitos (MIGUEL apud AZEVEDO, 2002.id)18. Azevedo
afirma que “a capacidade da mídia de selecionar e enquadrar os acontecimentos e oferecer uma
interpretação sobre eles expressa um poder de agenda capaz de potencialmente transformar a mídia, em
determinados momentos, num influente e, às vezes, até mesmo no principal ator político como mostra o episódio
que resultou no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello em 1992”.(AZEVEDO,2002.id)
A hipótese da agenda setting defende que a mídia pode não ter muito sucesso em dizer
às pessoas o que pensar, mas seria muito eficiente em determinar sobre os temas que as
pessoas devem pensar (COHEN apud WOLF, 1994 id). A agenda setting parte dos seguintes
pressupostos:
- Os veículos de comunicação não pretendem persuadir;
- Eles indicam ao público sobre o que é necessário ter uma opinião e discutir;
- Fornecem ao público a compreensão de grande parte da realidade social. (WOLF ,1994.id)
Sobre a agenda, a definição de Shaw (1979) é que, “em conseqüência da ação dos jornais, da
televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou
negligência elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendências para incluir ou excluir dos
seus próprios conhecimentos aquilo que os “mass media” incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além
disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase
atribuída pelos “mass media” aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas”. (SHAW 1979, apud
WOLF,1994.id)
Esta formulação clássica segue a mesma linha desenvolvida por Lippmann, pelos
irmãos Lang e por Noelle Neumann sobre a agenda.
A noção de agenda-setting, desenvolvida a partir dos trabalhos publicados nos anos 70
por McCombs e Shaw (1972 e 1993), revigorou com novos argumentos a idéia do efeito de
agendamento da mídia ao mesmo tempo em que procurou estabelecer modelos de pesquisa
capazes de gerar dados e evidências desse efeito pelo confronto entre a agenda da mídia e a
agenda do público.
McCombs e Gilbert (1986) tentaram identificar os elementos de uma retórica científica
de fixação da agenda. Esses elementos incluem:
DAHL, Robert. (1971). Polyarchy: participation and opposition. New Haven: Yale University Press. BOURDIEU, Pierre. (1997). Sobre a Televisão. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores. Ibdim, ver pág 1. 18 MIGUEL, Luiz. Felipe. (2000). “Um ponto cego nas teorias da democracia: os meios de comunicação”. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, Rio de Janeiro, nº 49, pp. 51-78.
- A quantidade de notícias divulgadas (a principal chave para saber qual tema é importante e a
freqüência com que ele é tratado);
- A estruturação editorial (proeminência da disposição da matéria no noticiário);
- O grau de conflito que se apresenta na reportagem (as valências);
- Os efeitos com o passar do tempo, que diferem, por exemplo, entre o jornal e a televisão
(período da pesquisa). (.McCOMBS e GILBERT 1986 apud KUNCZIK, 1988) 19
No campo eleitoral, a pesquisa dos irmãos Lang sobre os paradigmas dos efeitos
limitados, concluiu que durante as campanhas, a agenda também possui capacidade para
fornecer perspectivas, modelar imagens dos candidatos, ajudam a promover os temas
debatidos na campanha e define a atmosfera específica, a área de relevância e de reatividade,
que assinala cada competição eleitoral (LANG-LANG, 1962 apud WOLF, 1994, p.128.id).
Ainda sobre o contexto eleitoral é importante ressaltar as pesquisas de MacLure e
Patterson (1976) em 1972 durante as eleições americanas, e a de Siune – Borre (1975) em
1971 durante as eleições dinamarquesas. A pesquisa de MacLure e Paterson (WOLF, 1994,
135.id) ressaltam que os aspectos privilegiados na campanha televisiva das campanhas
eleitorais é sobre controvérsias e competição – folclore político – aparecem em detrimento da
informação mais significante e importante. As conseqüências segundo Wolf, citando as
conclusões de McLure e Paterson, seriam importantes, já que a capacidade da agenda das
eleições por parte dos veículos de comunicação estabeleceriam o contexto em que os
candidatos seriam avaliados. O cenário da mídia ditaria os discursos da campanha, e seus
efeitos poderiam ser decisivos para o rumo das eleições. O mesmo enfoque é dado no
resultado da pesquisa de Siune – Borre, que afirmam que o papel dos media foram decisivos
para o agendamento dos temas prioritários a serem debatidos durante o pleito eleitoral.
(WOLF. 1994, pág 135-138.id)
O reconhecimento do poder da agenda legitima a necessidade de se ter uma imprensa
livre e ligada aos preceitos democráticos. A agenda setting é o referencial básico em que se
assenta o trabalho, tanto do ponto de vista teórico quanto metodológico - que também incluem
o enquadramento20 e o valor notícia.
19 KUNCZIK, Michael. Conceitos de Jornalismo Norte e Sul – Manual de Comunicação. Edusp 1988. 20 “O enquadramento envolve essencialmente seleção e saliência. Enquadrar significa selecionar alguns aspectos de uma realidade percebida e fazê-los mais salientes em um texto comunicativo, de forma a promover uma definição particular do problema, uma interpretação causal, uma avaliação moral e/ou uma recomendação de tratamento para o item descrito” (Etnman, 1994 apud PORTO, 2001).
1.3 OBJETIVO DO TRABALHO
As questões envolvendo os fundamentos da mídia e da democracia deságuam nessas
eleições, que pode ser considerada a maior e a mais importante realizada no Brasil, até hoje.
A partir da análise quantitativa e qualitativa do Jornal Nacional e do Jornal da Record21
se pretende investigar como foi a cobertura desses veículos durante o período eleitoral.
O estudo envolveu análises e enquadramentos de todas as matérias dos noticiários,
principalmente sobre as que envolviam os candidatos à presidência. O objetivo principal era a
de verificar a divisão dos tempos destinados a cada candidato, as valências e a evolução
dessas matérias – buscando assim verificar a objetividade e a imparcialidade das informações.
O enquadramento das matérias visou também examinar, empiricamente, o papel dos
telejornais na construção da realidade, a partir do discurso22 predominante no cenário
midiático, ressaltando a possível ocorrência de ressonância entre as campanhas dos candidatos
e o cenário construído pelos telejornais.
1.4 SOCIEDADE, MÍDIA E ELEIÇÕES
No Brasil a relação atual entre a mídia, sociedade e política são marcadas pelos
interesses mútuos e pela aliança na sustentação do Estado democrático.
O fim da ditadura serviu como marco renovador desses três agentes - a sociedade
passa a ser mais engajada na luta pelos seus direitos, a mídia se torna independente e a nova
classe política adere à democracia.
21 A escolha de dois programas de televisão se deve a hegemonia desse meio de comunicação no Brasil. A escolha dos telejornais levou em conta suas audiências, o que comprova sua credibilidade e sua importância no cenário midiático do País. Sobre a audiência, informações no site daGlobo, mostram que o JN é visto por mais de 25 milhões de brasileiros. Informações no site do Ibope mostram que durante as eleições o Jornal Nacional manteve a média de audiência de 40% em SP e no RJ. O Jornal da Record teve a média de 5% nos mesmos locais. 22 No âmbito da ciência política o estudo a respeito de definição de agenda é o que conduz a dinâmica do debate público ao centro do campo de investigação. As duas questões básicas no estudo a respeito da definição de assuntos públicos e, mais especificamente da definição de agenda são as seguintes: 1) como surgem novos assuntos públicos e por que alguns (e não outros) ascendem às arenas públicas e ali permanecem (ou não): 2) que atores participam do processo de definição de assuntos públicos. (FUKS, Mário, 2000, Definição de Agenda, Debate Público e Problemas Sociais: Uma perspectiva Argumentativa da Dinâmica do Conflito Social.BIB –Revista brasileira de informação bibliográfica em ciências sociais,no.49:79-94)
A independência da mídia na nova República não afastou sua fama de ser movida por
interesses políticos em detrimento dos da sociedade. A maioria da literatura atual sobre mídia
e política mostra que o papel desempenhado pelos veículos de comunicação durante as
últimas três eleições foi parcial e partidária. Nas eleições de 89/94 e 98 a cobertura realizada
pela imprensa mostrou os novos paradigmas na relação atual entre a mídia, sociedade e
política.
1989
Em 1989 o Brasil realizava a 1ª eleição direta para presidente do Brasil, após a
ditadura militar. A nação brasileira vivia momentos de esperança e tentava romper com o
velho fisiologismo político, herança da ditadura. A eleição foi marcada pela ascensão de
novos líderes na arena política e a derrocada de velhos caciques. Os políticos conhecidos e
atuantes no cenário político nacional tiveram participação apenas de coadjuvantes.
A ascensão de Fernando Collor de Melo (PRN) e a de Luís Inácio Lula da Silva (PT),
além da derrocada das velhas figuras políticas mostrava o descontentamento da população
com o statos quo, e sua perspectiva de mudança. O candidato Collor conseguiu construir uma
imagem combativa de mudança. Na época esta imagem estava ligada ao combate a corrupção.
E foi com o discurso prometendo acabar com os marajás que ele conseguiu encarnar o espírito
da população.
Com uma carreira política consolidada no pequeno Estado de Alagoas, Fernando
Collor era uma figura desconhecida nacionalmente, seu surgimento para o público se deu
pelos braços da mídia. Foi com destaques em noticiários e em programas de televisão, que ele
ficou conhecido pelo público. (JOSÉ, 1996)23. Com toda a exposição midiática que teve
acesso, quando se candidatou já estava em evidência e era popular, tanto, que quando entrou
na disputa já era líder nas pesquisas eleitorais.
No livro Notícias do Planalto, o autor Mário Sérgio Conti24 mostra os meandros e o
envolvimento direto da mídia com a criação e a personificação deste mito. A ascensão
efêmera de Collor e a de Lula se dão no momento em que o Brasil vive um momento de crise,
o povo desacreditado com a classe política e a inflação incontrolável. Este cenário é o ideal
para a construção de mitos, e Collor soube capitalizar este momento, além de ter suas
propostas bem aceitas pelo mercado e pela elite, o que lhe deu respaldo junto à mídia. A
23 JOSÉ, Emiliano. Imprensa e poder ligações perigosas, EDUFBA-Hucitec, 1996. 24 CONTI, Mario Sérgio. Notícias do Planalto. A imprensa e Fernando Collor, Companhia das letras, 2000.
literatura existente aponta que o papel da mídia nesta eleição teria sido parcial e partidária a
Fernando Collor.
No caso Collor a influência da mídia é discutida em dois momentos:
- Na eleição quando foi acusada de ser partidária ao candidato, e servir como instrumento de
apoio à personificação do mito;
- E em sua derrocada, quando apoiou o impeachment;
Durante o impeachment ao mesmo tempo em que a imprensa rompe com o presidente,
consolida junto ao público sua credibilidade. Foi com matérias históricas25 que a imprensa
construiu o cenário para derrubá-lo.
1994
Depois do impeachment de Fernando Collor, assumiu o governo, o vice Itamar Franco
(sem partido). Foi no governo de Itamar que se iniciou o mais bem sucedido plano econômico
de combate à inflação da nova República, o Plano Real.
Aproveitando o sucesso econômico, o então ministro da Fazenda Fernando Henrique
Cardoso (PSDB), se candidatou a Presidência, com apoio de Itamar, e dos partidos - PFL e
PTB. O principal adversário dele era Luís Inácio Lula da Silva (PT).
O PT havia se recusado a entrar no governo de Itamar. A resistência em não participar
do governo era motivada, principalmente, pelas reais possibilidades de vitória de Lula nas
eleições de 1994. Depois de ter sido derrotado por Collor, que acabou afastado por corrupção,
Lula se tornou o principal concorrente a Presidência, sendo considerado até imbatível. Os
números das pesquisas mostravam que até o mês de junho de 1994 (início do Plano Real),
Lula tinha a preferência de 37% dos eleitores e o candidato do governo, o Ministro da
Fazenda Fernando Henrique Cardoso apenas 11%.
O candidato tucano começou a subir na preferência dos eleitores a partir do sucesso
econômico e em pouco tempo ultrapassou Lula nas pesquisas - que atacava o plano,
chamando-o de eleitoreiro26.
25 A reportagem da revista Veja, com o irmão de Collor, detonou a crise, e a matéria da revista Isto é, com o motorista Heriberto, mostrou o envolvimento de Collor com Paulo César Farias (PC). 26 O plano sobre a ótica da esquerda era eleitoreiro, e teria sido implantado com intenção de favorecer o candidato do governo nas eleições de 1994. Seria a repetição do Plano Cruzado, que no governo Sarney deu ao PMDB, partido do Presidente, uma ressonante vitória nas eleições de 1986. Mas logo depois jazia por ineficácia.
Fernando Henrique Cardoso colhendo os frutos do plano econômico e do clima de
otimismo que tomava o País se tornou presidente, ainda no 1º turno.
A mídia teve papel de destaque neste período, contribuiu para a construção do cenário
positivo e para a implantação e consolidação do Plano Real. O fim da inflação e a
estabilização da economia representaram o trampolim para FHC vencer Lula.
(FABRÍCIO,1997, apud PORTO,2002 id)
Com a vitória de FHC, o projeto neoliberal iniciado por Collor continuava na agenda
nacional. As eleições de 1994 marcam o início da gestão de Fernando Henrique Cardoso
(1994-2002), e a continuação deste projeto. A era iniciada foi marcada pelo desmonte do
Estado, pela abertura da economia e pela ortoxia econômica.
1998
Ainda no 1º mandato (1997) FHC conseguiu aprovar no congresso à medida que
permitia a reeleição, para os cargos de executivo. A aprovação da medida pelos congressistas
se deu em um ambiente de denúncias envolvendo a compra de votos. Aos poucos as
denúncias foram sendo esquecidas, e a plataforma que elegeu FHC em 1994, e agora com a
adesão do PMDB, concorria novamente às eleições.
As propostas continuavam sendo as mesmas do primeiro mandato, (enxugamento da
máquina pública e a manutenção da estabilidade econômica). Fernando Henrique Cardoso
conseguiu se eleger novamente no 1º turno, as esquerdas reunidas em torno das candidaturas
de Ciro Gomes (PPS) e de Lula (PT) não conseguiram evitar mais esta vitória.
O papel da mídia durante as eleições de 1998 teria sido na construção de um cenário
pessimista em torno da crise econômica mundial, que ressaltava um clima de cautela. Este
clima favorecia o então candidato FHC, e enfraquecia os discursos de mudança dos
candidatos de esquerda. (MIGUEL,1999 apud PORTO,2001 id) 27
O segundo mandato foi o mais difícil para a gestão tucana. Quatro fatos contribuíram
decisivamente para o desgaste do governo com a opinião pública:
- A desvalorização do Real frente ao Dólar;
- Crise social e econômica;
- O apagão;
- A crise na base aliada.
27 PORTO, Mauro P. Enquadramentos da Mídia e Política.2002. Texto. MIGUEL, Luis Felipe. Mídia e eleições: a campanha de 1998, na Rede Globo. 1999, Dados. Vol.42, n°2.pp.253-276
Estes fatos delinearam o cenário das eleições 2002. O candidato governista a
presidência iniciava a campanha, marcado pela falta de popularidade do governo, e sem o
apoio do PFL. Estes fatos desfavoráveis ao candidato Serra acabou tendo influência em sua
derrota.
2002
A candidatura de Lula foi marcada pela aliança entre o Partido dos Trabalhadores e o
Partido Liberal que deu a chapa cara de centro-esquerda. A grande vantagem de Lula nas
pesquisas facilitou a aproximação e a adesão de grande parte do empresariado à campanha. As
propostas de Lula apontavam o fim da política neoliberal e o início de uma política econômica
voltada para a produção (desenvolvimentista).
Nessa eleição, Lula passou uma imagem positiva ao se mostrar disposto a debater
apenas propostas, evitando polêmicas com outros candidatos. A vantagem nas pesquisas
possibilitou ao petista se manter a margem da disputa, que entre os outros concorrentes
pegava fogo, inclusive nas propagandas eleitorais. O tom “Light” deixou o discurso petista
distante daqueles apresentados em outras eleições, e permitiu ao candidato romper com sua
imagem negativa, e vencer as eleições.
Entre todos, Serra foi o candidato que mais encontrou dificuldades para adequar seu
discurso de governo ao do público. O candidato teve desde o início que lutar para se
desvencilhar da imagem governista. Além de ter que combater as outras candidaturas de
esquerda. Apesar de todas as dificuldades, Serra conseguiu ir para o 2º turno com Lula, mas
com um desafio imensurável - o de alcançar o candidato petista, que já possuía grande
vantagem nas pesquisas de intenção de votos. A campanha do 2º turno teve apenas três
semanas, José Serra não conseguiu emplacar nas pesquisas, e Lula venceu a eleição.
A grande diferença entre todas as candidaturas foi à campanha de marketing realizada
pelo PT. A contratação de Duda Mendonça, ex-marketeiro de Paulo Maluf (principal
adversário do PT em SP) foi o grande divisor de águas dessa eleição. Lula foi transformado
em um candidato perfeito, e conseguiu romper com a imagem negativa que rondava suas
candidaturas, desde 1989. Os adversários sempre usaram a imagem negativa do PT e a
suposta falta de preparo de Lula para despertar no ambiente eleitoral um clima caótico e
sombrio. Utilizando as ferramentas do marketing a campanha petista conseguiu acabar com
esses estigmas. A esperança serviu como contraponto ao medo, rompendo o discurso
terrorista, que até então, havia sido fundamental para a sustentação da direita no poder.
Conforme foi ressaltado, a mídia também teve papel fundamental nas últimas eleições,
seja de forma direta ou indireta, o fato é que contribuiu decisivamente para a construção do
cenário, em que os candidatos foram avaliados pelos eleitores. O papel que a mídia
desempenhou na eleição de 2002 é o interesse deste trabalho.
1.5 A HEGEMONIA DA TELEVISÃO
A presente análise ficou restrita apenas aos dois principais telejornais do País. A
pesquisa realizada a partir da mídia televisiva se deve a sua hegemonia.
Entre as indústrias culturais, a televisão ocupa um lugar de destaque sendo o mais
importante veículo de comunicação. É uma indústria cultural que tem uma participação
decisiva na formação de identidades e no crescimento econômico dos países. Segundo
Marcondes Filho28, o processo de cotidianização da eletrônica via TV mudou radicalmente o
sentido das comunicações e das artes. O cinema desmoronou com a hegemonia da TV. A
edição fragmentada invadiu a literatura, o jornalismo e o rádio. Todos esses meios tornaram-
se apêndices da televisão. (MARCONDES,1993, apud PEREIRA, 2001p.37) 29
A hegemonia da televisão sobre os demais media também traz como conseqüência
que, entre os veículos de comunicação ela é a que se apresenta como a maior fonte de
informação sobre o mundo político e social dos países. Como bem coloca Alfredo Pereira, ao
citar Vilches30 “as generalizações que a audiência faz a partir dos programas televisivos servem como
orientação para construir a sua realidade social”. (VILCHES 1996, apud PEREIRA, 2001, p.131. id)
No Brasil, a televisão ocupa um papel de fundamental importância na formação da
identidade nacional. A TV desempenhou um papel de vanguarda enquanto agente unificador
da sociedade brasileira (MATTELART31, 1989, apud PEREIRA, 2001, p.360.id). Dentro
desse contexto, o jornalismo tem um papel de destaque. Diariamente, durante meia hora do
28 MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. Jornalismo como produção social da segunda natureza. São Paulo:Ática,1986. 29 PEREIRA, Alfredo Eurico Vizeu. Decidindo o que é notícia. Os bastidores do telejornalismo, Porto Alegre, EDIPUCRS, 2001. 30 VILCHES, Lorenzo. La televisón.Los efectos del byen y del mal. Barcelona: Paidós,1996. 31 MATTELART, Armand e Michèle. O carnaval das imagens. A ficção na TV. São Paulo: Brasiliense,1989.
horário nobre da TV, milhões de pessoas sentam em frente ao telejornal para assistir os fatos
mais importantes do dia, de uma forma condensada. (PEREIRA, 2001 pág.50.id)
A história da televisão no Brasil pode ser dividida em três momentos:
- Seu surgimento;
- Sua consolidação nos governos militares;
- Sua independência com o fim do regime militar;
A televisão brasileira nasceu moldada no que era a televisão americana. O sistema de
rede e de afiliados que prevalece hoje no Brasil é inteiramente calcado neste sistema.
Dentre estes três momentos da televisão, o mais significativo é o de sua consolidação.
Mattos32 (1990) recorda que o golpe de 1964 teve um forte impacto sobre os meios de
comunicação de massa, porque o sistema político e a situação socioeconômica do País foram
totalmente modificados pela definição de um modelo econômico para o desenvolvimento
nacional. Segundo Mattos (1990) “o crescimento econômico do país foi centrado na rápida
industrialização, baseada em tecnologia importada e capital externo, enquanto os veículos de comunicação de
massa, principalmente a televisão, passaram a exercer o papel de difusores da produção de bens duráveis e não
duráveis”.
Durante os 21 anos de regime militar, 1964-1985, o financiamento dos mass media
representou um poderoso veículo de controle estatal, em razão da vinculação entre os bancos
e o governo. Os meios de comunicação adotaram uma posição de sustentação das medidas
governamentais. Nesse aspecto o jornalismo apresentou uma importante contribuição. Greves,
agitações, atentados e conflitos não faziam parte da cobertura jornalística. Essa distorção era
viabilizada pelos telejornais das emissoras, já estabelecidas em redes nacionais.
(PEREIRA,2001.id)
Outro momento importante acontece a partir do surgimento da Nova República,
Pereira (2001) cita a pesquisa de Guimarães e Amaral33 (1989), que mostra que os “mass
media” em especial a TV Globo, deram legitimidade a nova era que se abriu no país com a
campanha das diretas e a morte do presidente Tancredo Neves. “A televisão sem ter consciência
transferiu a nova República o afeto do presidente morto”. Os autores comentam que a mesma TV
Globo, que havia servido fielmente os governos militares, se convertia numa rede quase
oficial da Nova República. Para eles, os novos dirigentes do Brasil tinham muito que
agradecer aos meios de comunicação. No entanto, a partir de então, os media deviam ser
32MATTOS, Sérgio. Um perfil da Tv brasileira (40 anos de história: 1950-1990). ABAP/A Tarde, Salvador,1990. 33 GUIMARÃES,César, AMARAL, Roberto, la televisión brasileña: una rapida conversión al nuevo ordem. México: Gustavo Gili,1989.
vistos como uma força política independente, nova e poderosa”. (GUIMARÃES e AMARAL,
1989, apud PEREIRA, 2001 p.171.id).
1.5.1 Rede Globo
A história moderna da televisão no Brasil se confunde com a história da Rede Globo.
Emissora criada em 1965 alcançou grande destaque entre as outras emissoras graças à
implantação do padrão de qualidade - filosofia de gestão, que exigia os melhores programas e
os melhores profissionais.
O padrão globo de qualidade foi o grande divisor de águas, entre a emissora e as
concorrentes. Com a filosofia de elevar a audiência, foi a primeira a adotar sistemas de
estratégia e gestão, inovou com as grades de programação, o uso intensivo das pesquisas de
opinião, a análise cotidiana da concorrência, e uma verdadeira indústria de novelas, onde se
desenvolviam de padrões de cenários a escolas de autores e atores. Com esta filosofia a Globo
se impôs sobre uma TV Tupi bastante poderosa e sobre uma Record, que durante um bom
tempo dominou a lista dos programas mais assistidos, embalada pelos festivais de música.
O modelo em que se basearam os profissionais da Rede Globo para elaborar um
projeto de programação, foi construído a partir de experiências externas. O modelo
internacional, sobretudo o norte-americano, foi o principal eixo de orientação da Globo. Mello
e Souza34(1984, p.22) recordam que a idéia de se fazer um jornal de caráter nacional, à
semelhança do que já existia nos EUA, já vinha sendo debatida na emissora. Dessa forma, o
conceito de rede no País, foi viabilizado num programa jornalístico. Como observa Ortiz35
(1995, p. 118-119), o sistema de redes é uma condição essencial para o funcionamento da
indústria cultural. No desenvolvimento político e econômico brasileiro, a integração nacional
era um ponto fundamental dentro do contexto da ideologia de segurança nacional e
representou para os empresários uma ampliação de mercado. (PEREIRA, 2001, pág. 51. id)
34 MELLO E SOUZA,Cláudio. 15 anos de história. Rio Gráfica,1984. 35 ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira. Cultura brasileira e indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 1995.
Atualmente a Rede Globo é a 4ª maior televisão do mundo, no plano internacional é
uma das maiores exportadoras de novelas, no plano nacional continua tendo a maior
audiência36, deixando as outras redes atrás.
O seu principal telejornal, o Jornal Nacional, transmitido no chamado horário nobre,
tem um público37 diário aproximado em 25 milhões38 de telespectadores.
Uma pesquisa realizada pela revista imprensa na grande SP, em maio de 1999, mostra
que 89,4% dos entrevistados assistem telejornais. Os noticiários da Globo detêm a maioria da
audiência com 84,2%, depois temos o SBT com 50,2% e a Bandeirantes com 16%
(BRESSER39, 1996, apud PEREIRA, 2001 p.25-28.id). Para a maioria das pessoas, os
telejornais são a primeira informação que elas recebem do mundo que as cerca: como está a
política econômica do governo, o desempenho do Congresso Nacional, a vida dos artistas, o
cotidiano do homem comum, entre outras coisas. (PEREIRA, 2001 pág 34.id).
O desempenho e a hegemonia da Globo traz também uma série de polêmicas. A rede
sempre foi acusada de apoiar os militares, de ter omitido os protestos exigindo as Diretas, de
ter tentado fraudar as eleições para governador do RJ em 1982, de ter ajudado Collor a se
eleger em 1989 e de ter apoiado FHC em suas duas candidaturas, por fim, a expectativa
levantada por todo este histórico é evidente, como teria sido a cobertura da Globo nas
eleições de 2002?
1.5.2 Rede Record
O Empresário Paulo Machado de Carvalho, sócio das Rádios Excelsior e Jovem-Pan
(na época "pan americana") conseguiu em 22/11/50 uma concessão para um canal de televisão
que só seria posto no ar no dia 27/9/53.
36 Os números divulgados pelo site da Rede Globo mostram que dentre as redes de televisão no Brasil a Rede Globo é hegemônica, possui as maiores audiências – aproximadamente 80% da audiência nacional - e conseqüentemente é a que possui maior número de anunciantes – o que corresponde a 75% das verbas publicitárias nacionais. Hoje, a Globo cobre praticamente todo o território nacional, sendo vista por 99,84% dos 5.043 municípios brasileiros. São 113 emissoras entre Geradoras e Afiliadas, 74% de share no horário nobre, 56% no matutino, 59% no vespertino e 69% de share de audiência no horário noturno. 37 O perfil do público do JN é a seguinte: 10% do público pertence a faixa etária de 4 a 11 anos – 9% de 12 a 17 anos – 11% de 18 a 24 anos – 41% de 25 a 49 anos (representa o maior público) e 29% estão acima de 50 anos. Entre os sexos as mulheres acima de 18 anos são o maior público com 48% e os homens acima de 18 representam 32%. Ambos os sexos abaixo de 18 anos representam 20% da audiência. Fonte: CGM/DIM IBOPE PNT Jul’02 38 Esse número está divulgado no site da Globo, mas entra em contradição com outros números divulgados no próprio site - 40 milhões.(www.redeglobo.com.br 30/03/03) 39 BRESSER, Deborah. Do tédio ao pânico. Imprensa, São Paulo, n.97, out.1995.
A Rede Record40 e a Tupi eram nos anos 50 e até a metade dos anos 60, os principais
canais de televisão do país. Com a consolidação da hegemonia da Globo a partir dos anos 70,
as outras redes entre elas a Record, nunca conseguiram concorrer no mesmo nível. A Tupi
fechou as portas na década de 70, na década de 80 o Governo Militar abriu novas concessões,
e então surgiram o SBT e a extinta TV Manchete.
A Rede Record só tomou impulso a partir da década de 90, quando o controle
acionário da emissora passa para as mãos da Igreja Universal do Reino de Deus, comandada
pelo Bispo Edir Macedo. A Record entra com uma nova programação, mantendo o jornalismo
como carro-chefe. Séries e filmes foram comprados, resgatando alguns sucessos de sua
história. Nessa nova gestão, a Record passa a ser rede. Antes, contava apenas com São Paulo,
Franca e São José do Rio Preto.
Em 1995, a Record investiu pesado em equipamentos e mudou de sua antiga sede no
bairro do Aeroporto para uma nova instalação, na Barra Funda. A partir daí, a emissora
passou a contar com os equipamentos mais sofisticados da televisão brasileira. No final de
1995, a emissora colocou no ar o programa "Cidade Alerta" que, desde os primeiros meses,
foi sucesso absoluto e emplacou como jornalístico popular. Seu sucesso foi tão grande, que o
programa logo elevou os índices de audiência no horário e ocupou, por várias vezes, a
segunda colocação na grande São Paulo. Nos anos seguintes, a Record investe em artistas
populares como: Eliana, Ratinho, Boris Casoy, Fabio Jr entre outros. A Rede disputa hoje o
segundo lugar de audiência com o SBT.
O Jornal da Record ancorada pelo Jornalista Boris Casoy atualmente é o segundo
maior telejornal do País. Em SP alcança média de 5% de audiência. O telejornal segue o
padrão opinativo, Boris faz comentários sobre os principais assuntos do dia.
40 Informações sobre a Rede Record foram retiradas do site www.rederecord.com.br, 30/03/2003.
CAPÍTULO 2 – ANÁLISE DA COBERTURA DO JN E DO JR
2.1 MÉTODO DE PESQUISA
Durante 10 semanas foram gravadas as edições do Jornal da Record e do Jornal
Nacional. As gravações foram realizadas durante o período eleitoral41, entre os dias 19 de
agosto (início da propaganda eleitoral gratuita) e 26 de outubro (véspera das eleições do 2º
turno). A edição do dia 29 de agosto42 ficou fora da análise. Durante este período foram 59
edições de cada telejornal totalizando 1507:23 minutos (90443 seg) para o Jornal Nacional e
2142:02 minutos (128522 seg) para o Jornal da Record.
As gravações e as análises se restringiram apenas ao material noticioso (inclui
manchetes e chamadas de blocos), ficando fora saudações, publicidade e vinhetas. Após as
gravações os materiais passaram por um minucioso processo de decupagem, onde foram
transcritos os inícios das matérias (cabeças) e seus respectivos tempos. As matérias dos
telejornais foram agrupadas em editorias, e cada editoria dividida em assuntos. A análise das
matérias através da divisão em editorias, e estas em assuntos, permite apresentar com
objetividade e clareza a agenda e os fatos de maior repercussão apresentadas pelos telejornais.
Considerando a complexidade do trabalho, tivemos que adotar alguns conceitos
(teóricos) e padrões (criados durante a elaboração do projeto) para realizar as análises:
1) Quantitativas
Ao analisar a quantidade de tempo destinado aos candidatos e as valências das
matérias, concluímos que não se podem seguir apenas os valores obtidos, pois muitas vezes, o
resultado pode não corresponder com a realidade, é o caso de candidatos que detém um
grande espaço de tempo43, mas também um grande número de matérias negativas. Devido a
essas particularidades se torna necessário confrontar os resultados das quantidades e das
valências, aplicar os conceitos de noticiabilidade, e considerar as seguintes ocorrências:
- A falta de compromissos públicos de alguns candidatos (que em momentos polêmicos da
campanha podem se afastar propositadamente);
41 No início do trabalho as pesquisas de intenção de votos mostravam que ainda havia 12% de indecisos e 6% de votos brancos. (fonte Ibope 20/08/02) 42 Problemas técnicos durante a gravação dos telejornais. 43 A quantidade de tempo apurado para cada candidato pode não significar a vantagem real dele, pode ocorrer o contrário, muito tempo pode acabar significando maior incidência de matérias negativas, o que deixaria o candidato em desvantagem. E o pouco tempo pode significar menor número de matérias negativas, neste caso o presidenciável levaria vantagem.
- A exclusão intencional da candidatura no noticiário (caso de parcialidade do veículo);
- Repercussões sobre fatos positivos ou negativos (neste caso deve-se avaliar o valor notícia44;
se não for encontrada evidência da importância da notícia, e sua procedência fica ressaltada a
parcialidade do veículo).
2) Qualitativas
Na análise qualitativa foi enquadrada a imagem dos candidatos e o cenário midiático45
em que estava inserida a eleição. A construção do cenário46 pela mídia (boa ou ruim) e da
imagem dos candidatos (positivo ou negativa) possibilita afirmar se houve parcialidade ou
não (conforme o valor notícia) em destacar ou omitir determinados temas.
A soma dos resultados quantitativos e qualitativos dos candidatos (vantagem ou
prejuízo) e o cenário da mídia (bom ou ruim) permitiram ressaltar qual foi o discurso
predominante nos meios de comunicação durante o período pesquisado.
Esses aspectos metodológicos foram fundamentais para a realização do projeto. Em
resumo, o método citado inclui:
- A quantidade de notícias divulgadas (a principal chave para saber qual tema é importante e a
freqüência com que ele é tratado);
- A estruturação editorial (proeminência da disposição das informações no noticiário);
- A apuração dos tempos para cada candidato, e a evolução das matérias;
- O grau de conflito que se apresenta nas reportagens (as valências – verificando o valor
notícia e a procedência);
- O enquadramento do cenário midiático;
- O enquadramento dos candidatos.
44 Há um grande número de autores que justificam como complexa a definição do valor notícia. Para a realização do trabalho considerei como valor notícia todas as matérias que possuísse relevância e origem verdadeira. 45 Para descobrir o cenário em que estava inserido o noticiário, é preciso ter os dados referentes a todas as matérias, e enquadrá-las em temas. A partir da divisão em temas é possível construir a imagem veiculada pelos telejornais. 46 É necessário verificar se a construção do cenário corresponde à realidade, ou não. No caso das imagens dos candidatos é preciso verificar se está ligada a suas ações e discursos. Se estas questões forem negativas fica evidente a parcialidade e o partidarismo dos veículos analisados.
2.2 O CENÁRIO EDITORIAL DO JORNAL DA RECORD E DO JORNAL NACIONAL
A apuração e a decupagem das matérias do Jornal da Record e do Jornal Nacional
possibilitou identificar quais os temas e assuntos que se destacaram durante o período
eleitoral.
O assunto de maior destaque nos dois telejornais foi sobre política, no Jornal Nacional
teve 39% de espaço nos noticiários, e no Jornal da Record 30%. Esses valores consideram a
soma do 1º e do 2º turno.
Nos dois telejornais política teve muito mais destaque que os outros assuntos. No
Jornal Nacional teve o triplo de tempo do segundo destaque e no Jornal da Record teve o
dobro. Trata-se de um fato normal, já que a análise foi realizada durante o período eleitoral.
A criação das editorias respeitou o perfil das matérias (ex: assuntos sobre assassinatos e
seqüestros foram agrupados na editoria de segurança, emprego, na editoria de economia,
futebol, na editoria de esporte).
As editorias de economia e a de comentários foram abordadas com maiores detalhes,
devido a sua ligação com a área política – objeto dessa análise.
Devido ao perfil do Jornal da Record, tivemos que adotar um critério para a análise
dos comentários, ou seja, para fins de estudo todos os comentários foram separados das
matérias e transformados em uma editoria a parte. Esta separação foi necessária, devido ao
fato, de que muitos dos comentários veiculados no noticiário não se referiam diretamente, ao
foco principal da matéria apresentado anteriormente, o que impossibilitou considerá-la um
complemento do assunto. A dificuldade em considerar os comentários como complementos
surgiu principalmente, quando eram relacionados às eleições. Neste quesito, os comentários
que sucediam as matérias poderiam não se referir apenas aos personagens, e aos assuntos
tratados anteriormente - poderia envolver todos e enfocar outro tema. Além da situação citada
acima o peso (negativo/positivo) entre a matéria antecedente e o comentário poderia ser
diferente, o que dificultaria a análise das valências. Para facilitar a compreensão e a análise
dos comentários, passei a considerá-los como uma editoria à parte.
Com a divisão das matérias dos telejornais é possível afirmar que ambos ocuparam seu
espaço noticioso com as mesmas editorias. A grande diferença entre eles é em relação à sua
linha informativa e opinativa.
De forma resumida, a estrutura do JN é a seguinte:
- Chamadas de abertura / 1º bloco / chamadas de passagem / anúncios / 2ºbloco / chamadas de
passagem / anúncios / 3º bloco / chamadas de passagem / anúncios / 4º bloco
A estrutura do JR tem o mesmo padrão do JN, a única diferença é referente ao resumo
das notícias mais importantes do dia47 feito no final do telejornal:
- Chamadas de abertura / 1º bloco / chamadas de passagem / anúncios / 2º bloco / chamadas
de passagem / anúncios / 3º bloco / chamadas de passagem / anúncios / 4º bloco / chamadas
de passagem / anúncios 5º bloco / resumo das notícias (chamadas)
Em relação à estrutura dos dois telejornais, é necessário ressaltar que a quantidade de
blocos pode variar de 4 a 5, durante a pesquisa foi constatado que o Jornal Nacional teve seu
tempo diminuído devido ao HGPE.
2.3 EDITORIAS
As matérias abordadas nos dois telejornais foram agrupadas e transformadas nas
seguintes editorias: política, internacional, segurança, geral, economia, esporte, educação,
saúde, chamadas, manchetes, passagens de bloco, cultura, e comentários.
A tabela48 a seguir mostra a divisão percentual do tempo dos telejornais para cada
editoria:
TABELA 1 –EDITORIAS DO JN E JR DIVIDIDAS POR TEMPO
EDITORIAS Jornal Nacional Jornal da Record
POLÍTICA 39% 30% INTERNACIONAL 12% 12% SEGURANÇA 11% 11% GERAL 10% 9% ECONOMIA 7% 6% ESPORTE 5% 5% EDUCAÇÃO 5% 1% SAÚDE 3% 3% CHAMADAS 2% 2% MANCHETES 2% 2% PASSAGEM BLOCO 2% 2% CULTURA 1% 3% COMENTÁRIOS 0% 14%
TOTAL 100% 100%
47 Este resumo realizado por Boris Casoy no final do telejornal é feito esporadicamente. 48 Todas as tabelas citadas no trabalho estão com a forma percentual. A representação em minutos e segundos estão no apêndice.
A tabela mostra que os dois telejornais veicularam nos noticiários os mesmos temas,
pois possuem as mesmas editorias. O fato mais significativo é que os tempos destinados às
editorias e aos assuntos abordados se aproximam muito em cada telejornal
As veiculações dos mesmos temas pelos dois telejornais reforçam a tese do jornalista
Zevi Ghivelder49 que em artigo publicado no livro Jornalismo Eletrônico ao vivo50 cita a
igualdade das pautas entre os telejornais brasileiros, “atualmente a pauta nacional tornou-se o que é
de mais chato e previsível no jornalismo. Se assistirmos aos telejornais apresentados seja pela Manchete,
Globo, SBT, Bandeirantes, Record ou TVE, abstraindo-nos do locutor, não saberemos qual estação que está no
ar, pois a pauta é praticamente idêntica”.
O grande equilíbrio entre o tempo das editorias dos dois telejornais, só não é maior
devido aos desequilíbrios dos comentários, e em menor grau em relação à política e educação.
Já os outros temas são praticamente iguais ficando a divergência apenas para os assuntos e
enfoques.
As matérias envolvendo assuntos internacionais tiveram grande espaço nos dois
telejornais. No JN e no JR a editoria teve 12% do espaço total de cada telejornal.
A cobertura das matérias internacionais aponta vantagem do Jornal Nacional sobre o
Jornal da Record, pois mantém correspondentes internacionais nos principais países. As
matérias internacionais são justamente os atrativos, que trazem ao telejornal uma marca
diferencial para a rede dando-lhe prestígio e seduzindo o espectador.
Mesmo com correspondentes internacionais, a cobertura do Jornal Nacional é muito
parecida com a cobertura do Jornal da Record. A maioria das matérias veiculadas nos dois
telejornais é de agências de notícias internacionais (Reutters, France Press, entre outras).
Portanto os dois telejornais consomem e veiculam as mesmas matérias. A agenda dos dois
telejornais - provenientes das mesmas fontes – destacou nesse período assuntos relacionados
ao Iraque (JN 30% - JR 22%), ao terrorismo (JN 29% - JR 23%), a crise entre Israel e
Palestina (JN 8% - JR 19%) e ao franco atirador de Washington (assassino em série que
despertou o pânico nos EUA) (JN 8% - JR 5%). As outras matérias não tiveram grande
evolução nos dois telejornais. A tabela a seguir mostra os assuntos em destaque na editoria e
seus percentuais.
49 GHIVELDER, ZEVI, 1994, Telejornal em rede. IN: REZENDE,Sidney , KAPLAN Sheila (orgs), Jornalismo eletrônico ao vivo, Petrópolis, Vozes, 1994 50 REZENDE,Sidney , KAPLAN Sheila, Jornalismo eletrônico ao vivo, Petrópolis, Vozes, 1994.
Tabela 2 – EDITORIA INTERNACIONAL
INTERNACIONAL JN JR IRAQUE 30% 22% TERRORISMO 29% 23% ASSUNTOS DIVERSOS 12% 10% FRANCO ATIRADOR 8% 5% ISRAEL x PALESTINA 8% 19% RIO + 10 5% 2% EUROPA 3% 4% NOBEL 2% 0% FENÔMENOS METEOROLÓGICOS 2% 2% ACIDENTE 2% 2% EUA 2% 5% VENEZUELA 1% 3% ARGENTINA 0% 3% 100% 100%
A editoria de segurança teve 11% de espaço em cada telejornal. Os assuntos giraram
na órbita da localização das redes, ou seja, a maioria das matérias do Jornal Nacional sobre
segurança estava ligada a fatos do RJ, enquanto o Jornal da Record, mais abrangente, dava
maior ênfase às matérias de SP.
As principais notícias de segurança no JN são quase sempre sobre tráfico de drogas e
crime organizado. Somente os assuntos ligados ao tráfico de drogas (JN 27%, JR 18%),
Fernandinho Beira-mar (JN 15% - JR 9%) e Tim Lopes (JN 22% - JR 8%) ocuparam neste
período 64% do espaço da editoria, no JR apenas 35%. As matérias do JR que mais tiveram
destaque foram sobre assassinatos (JR 19% - JN 10%), assuntos ligados a rebeliões, a
presídios (JR 18% - JN 9%) e sobre tráfico de drogas (JR 18% - JN 27%) – estes três assuntos
ocuparam 55% da editoria. A tabela a seguir mostra os principais assuntos da editoria.
Tabela 3 – EDITORIA SEGURANÇA
SEGURANÇA JN JR TRÁFICO 27% 18% TIM LOPES 22% 8% BEIRA-MAR 15% 9% ASSASSINATO 10% 19% REBELIÃO/PRESÍDIOS 9% 18% CORRUPÇÃO 7% 4% ASSUNTOS DIVERSOS 7% 19% SEQUESTRO 2% 4% ASSALTO 1% 1% 100% 100%
As matérias da editoria Geral foram agrupadas levando em conta a diversidade de
assuntos, e o fato de não terem se encaixado em nenhum dos outros temas. A editoria ocupou
10% do espaço do JN e 9% do espaço do JR.
Apesar da diversidade de matérias, é possível verificar que elas estão presentes nos
dois telejornais. As matérias do JN e do JR, que mais se destacaram foram sobre fenômenos
meteorológicos (JN 26% - JR 15%), previsão do tempo (JN 20% - JR 30%) e acidentes (JN
18% - JR 18%). Estes assuntos de destaque no JN ocuparam 64% da editoria e no JR
ocuparam 63%. O assunto que teve maior diferença entre os dois telejornais foi sobre
comportamento (JN 4% - JR 13%).
Tabela 4 – EDITORIA GERAL
GERAL JN JR FENÔMENOS METEOROLÓGICOS 26% 15% PREVISÃO DO TEMPO 20% 30% ACIDENTE 18% 18% ASSUNTOS DIVERSOS 15% 6% EVENTOS 10% 5% TRÂNSITO 4% 6% COMPORTAMENTO 4% 13% PROTESTOS 3% 5% MORTE 1% 2% 100% 100%
A editoria de Esporte ocupou em cada telejornal apenas 5% do espaço das notícias. O
assunto principal nos dois telejornais foi sobre futebol (JN 46% - JR 61%). No JN o vôlei
também teve um grande destaque, ficou com 21% do espaço da editoria, contra 6% do JR.
O tempo dedicado pela Rede Record ao futebol ocorre, principalmente, devido à sua
conquista dos direitos de transmissão dos jogos do campeonato brasileiro de futebol, que por
muito tempo era exclusividade da Rede Globo. Abaixo estão relacionados os principais
assuntos.
Tabela 5 – EDITORIA ESPORTE
ESPORTE JN JR FUTEBOL 46% 61% VOLEI 21% 6% AUTOMOBILISMO 14% 11% OUTROS 9% 6% TÊNIS 7% 12% BASQUETE 3% 4% 100% 100%
No Jornal Nacional os assuntos referentes a educação, saúde e cultura ocuparam
apenas 9% do espaço do telejornal (Educação 5% - Saúde 3% - Cultura 1%). No Jornal da
Record os assuntos ocuparam menos espaço ainda, apenas 7% (Educação 1% - Saúde 3% -
Cultura 3%).
A editoria de Cultura foi dividida em assuntos e o assunto de maior destaque nos dois
telejornais foi sobre exposições (JN 42% - JR 44%). A maior diferença dessa editoria nos dois
telejornais é referente aos assuntos de cinema (JN 0% - JR 15%), arte (JN 0% - JR 9%),
literatura (JN 0% - JR 9%), moda (JN 0% - JR 5%) e novela (JN 6% - JR 0%).
Tabela 6 – EDITORIA CULTURA
CULTURA JN JR EXPOSIÇÃO 42% 44% DANÇA 21% 5% MUSEU 20% 5% MÚSICA 11% 13% NOVELA 6% 0% CINEMA 0% 15% ARTE 0% 9% LITERATURA 0% 9% MODA 0% 5% 100% 100%
As matérias sobre educação e saúde não foram divididos em assuntos específicos. As
abordagens dos três assuntos nos telejornais são esporádicas, e apesar dos temas serem iguais
a maioria dos assuntos enfocados são diferentes.
As Chamadas, Manchetes e Passagens de bloco fazem parte da estrutura dos
telejornais, e visam exclusivamente chamar a atenção do público.
As chamadas (JN 2% - JR 2%) para a programação da emissora ou para matérias do
telejornal, geralmente, são localizadas entre as matérias noticiosas e vinculadas através de
matérias curtas ou através de pequenas notas do apresentador. As manchetes (JN 2% - 2% JR)
são localizadas no início do programa e servem como um standard do que será destaque no
telejornal. As passagens de bloco (JN 2% - JR 2%) se localizam no final de cada bloco, e
anunciam as matérias principais do bloco seguinte.
No Jornal Nacional as manchetes51 com maior destaque se referiam a notícias
internacionais, em segundo política e em seguida economia. Enquanto o JN dedicou maior
51 No Jornal Nacional os dias 29/30 e 31 de agosto e os dias 06/09/14/19/21/23 de setembro, ficaram foram dessa análise. No Jornal da Record ficaram fora os dias 20/21/24 e 29 de
espaço para assuntos internacionais nas manchetes, no contexto geral do telejornal deu maior
destaque para a editoria de política, o que evidencia a utilização das manchetes apenas como
chamativo para o telejornal.
O Jornal da Record respeita o tema de maior destaque do telejornal “política”, que
detém maior espaço entre as outras editorias tanto em relação ao tempo total do telejornal,
quanto à sua exposição nas manchetes. Vale ressaltar, que o grande desequilíbrio que ocorrem
entre as editorias em relação aos maiores e menores tempos, não acontecem entre as
manchetes, que são muito mais equilibradas. Outra questão a ressaltar, é que nos dois
telejornais, a editoria de economia teve um espaço maior nas manchetes, ficando a frente dos
outros assuntos, o que não acontece com a posição da editoria, em relação ao tempo geral.
Tabela 7 – MANCHETES
Manchetes JN JR
INTERNACIONAL 22% 24%
POLÍTICA 18% 26%
ECONOMIA 16% 21%
SEGURANÇA 15% 11%
GERAL 14% 7%
ESPORTE 10% 9%
SAÚDE 3% 2%
EDUCAÇÃO 1% 0%
CULTURA 0% 0%
100% 100%
As análises das editorias de economia, de política e dos comentários aparecem em
seguida. Esses temas foram tratados em separado devido a sua importância para o objetivo da
pesquisa.
agosto de 2002. A exclusão destes períodos na análise das manchetes se deve a problemas técnicos nos equipamentos de gravação.
2.4 ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS DO ÂNCORA DO JR E DOS APRESENTADORES DO JN
Os comentários foram considerados uma editoria a parte devido à dificuldade em
considerá-la complemento das matérias. No Jornal Nacional os comentários não são utilizados
com freqüência, durante todo o período analisado foram menos de 1% de espaço. Já o Jornal
da Record dedica 14% do espaço do telejornal aos comentários. O tema mais comentado pelo
âncora do JR foi sobre política (61%).
Outro fator importante a ser ressaltado é referente a análise da editoria em valências,
devido ao formato dos comentários é impossível analisar as valências (negativas/positivas)
quantitativamente, mas é possível enquadrar qualitativamente, mostrando a imagem salientada
para cada candidato.
O comentário é a maior diferença entre os dois telejornais. O estilo de ancoragem
realizada por Boris Casoy não é comum nos telejornais brasileiros, e diferente da ancoragem
realizada pelos jornalistas americanos. Figura como um estilo próprio. (SQUIRRA, 1990.id)
O âncora do Jornal da Record, Boris Casoy através de seus comentários emite sua
opinião pessoal sobre diversos assuntos, principalmente, política. Vale salientar, que há
separação na produção das matérias e dos comentários. Enquanto as matérias costumam ser
imparciais, os comentários são extremamente parciais. A confluência existente entre notícia e
opinião é referente apenas ao tema enfocado.
No livro Jornalismo eletrônico ao vivo52, Boris Casoy cita o estilo de opiniões e sua
finalidade: “uso dois tipos de opinião. A primeira tem finalidade de incentivar o exercício da cidadania. Tento
mostrar que é bom exigir, é bom a gente querer. A segunda são alguns postulados realmente polêmicos”.
Afirma também que o estilo do telejornal leva as pessoas a refletir, “a opinião num veículo de
comunicação é importante, porque é como uma espécie de megafone para várias pessoas que pensam da mesma
forma, mas não têm voz. Há pessoas que concordam, identificando-se e projetando-se em mim, e outras
naturalmente que discordam. Este é um telejornal, que leva as pessoas a refletir”. (CASOY apud
REZENDE e KAPLAN, 1994, pág. 35.id)
A estrutura dos comentários de Boris sobre política segue o mesmo padrão de
enquadramento utilizado no JR para as notícias, o estilo conhecido como “corrida de
cavalos53”, ressalta as polêmicas, disputas e estratégias dos candidatos. Boris direcionou o
enfoque de seus comentários sobre política para a análise e a crítica.
52 CASOY, Boris, Telejornal em rede, IN: REZENDE,Sidney , KAPLAN Sheila (orgs), Jornalismo eletrônico ao vivo, Petrópolis, Vozes, 1994. 53 Na cobertura eleitoral, jornalistas podem focalizar as propostas e posições dos candidatos, adotando assim um enquadramento temático. Mas podem também optar pelo “enquadramento corrida de cavalos” que apresenta as
As críticas e o tom sarcástico eram usados contra todos os candidatos a presidência,
principalmente, a Lula e o PT54. A crítica mais comum direcionado a ele era sobre seu novo
discurso. Os outros candidatos também foram criticados, o assunto quase sempre era sobre as
propagandas do horário eleitoral - que Boris fazia questão de ressaltar ter o nível de “lata de
lixo e de esgoto”. Em geral as análises do âncora da Record, eram quase sempre a respeito das
estratégias dos candidatos, e sobre o desempenho de cada um, nas pesquisas eleitorais.
O Jornal Nacional não costuma usar comentários em sua programação, tanto que
dedicou menos de 1% de seu tempo a esta editoria. As opiniões no Jornal Nacional durante
este período eram praticamente todos sobre segurança e educação. A maioria desses
comentários surgiram durante a rebelião em Bangu 1 (dia 11 de Setembro), quando Elias
“maluco” (assassino do jornalista Tim Lopes) foi capturado e durante o fechamento do
comércio do RJ pelo tráfico de drogas. Os comentários referentes a educação tinham como
finalidade ressaltar a importância do voto.
Tabela 8 – COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS JN JR POLÍTICA 5% 61% ECONÔMIA 0% 22% INTERNACIONAL 0% 6% SEGURANÇA 62% 6% GERAL 0% 3% SAÚDE 0% 1% DIVERSOS 0% 1% EDUCAÇÃO 33% 0% 100% 100%
2.5 ANÁLISE DA EDITORIA DE ECONOMIA
O Jornal Nacional dedicou 7% do espaço do noticiário a assuntos relacionados à
economia e o Jornal da Record dedicou 6%. O destaque da editoria de economia nos dois
telejornais foi sobre o câmbio. No Jornal Nacional, o assunto ocupou 34% do espaço da
editoria e no Jornal da Record 32%.
eleições em termos de quem está crescendo, ou caindo, focalizando o desempenho dos candidatos nas pesquisas e as estratégias deles para manter a dianteira ou melhorar o desempenho nas intenções de voto dos eleitores. (PORTO,2002.id) 54 Um desses ataques de Boris Casoy ao PT, lhe rendeu um processo na Justiça movido pelo PT de SP – o comentário de Boris era contra a Prefeitura de SP, a respeito do sistema educacional da cidade.
O assunto envolvendo o câmbio destacava a alta e a queda do dólar. Esporadicamente
essas altas ou quedas eram vinculadas ao resultado das pesquisas eleitorais, e tinham a
seguinte relação - se os candidatos de esquerda subissem nas pesquisas eleitorais, o Real
perdia valor e o Dólar subia, se o candidato do governo subisse, o Dólar caia. Estes
movimentos causados por especuladores visavam conturbar o mercado deixando a economia
em crise.
No 2º turno essa relação passou a ser intensa e a ter conotação política. A crise
cambial com essa conotação foi relacionada à editoria de política.
Tabela 9 – EDITORIA ECONOMIA
Editoria de Economia JN JR CÂMBIO 34% 32% ASSUNTOS DIVERSOS 34% 28% EMPREGO 8% 2% FMI 6% 5% GÁS DE COZINHA 6% 1% TAXA DE JUROS 5% 6% INFLAÇÃO 4% 4% MERCADOS INTERNACIONAIS 2% 16% DESEMPREGO 1% 6%
100% 100%
As duas últimas eleições (1994-1998) foram marcadas pelo discurso econômico, o que
demonstra a importância das matérias relacionadas a este assunto. Este tema está tão em voga
que é possível relacionar o fracasso do modelo neoliberal aplicado no Brasil, com a ascensão
à esfera midiática dos grupos oposicionistas a este discurso.
Em 1994 e 1998 o candidato vitorioso Fernando Henrique Cardoso utilizou a
estabilidade da economia como mola mestra de sua campanha. Em 1994 era o Plano Real, e
em 1998 era a manutenção da moeda diante das crises55 econômicas mundiais.
Em 2002 não foi diferente, a crise agora era na Argentina, e a recessão mundial.
Bastassem os candidatos de esquerda subirem nas pesquisas e automaticamente o dólar
disparava, as bolsas brasileiras caiam, e a taxa de risco Brasil ia às alturas. Estes foram os
momentos mais marcantes das eleições. Apesar do discurso terrorista do mercado ter
55 “A crise provocada pela moratória Russa em 1998, atingiu principalmente, os Países emergentes. No Brasil provocou uma acentuada perda de reservas, uma elevação expressiva das taxas de juros e o lançamento de um forte ajuste fiscal”.
alcançado novamente a arena midiática, não conseguiu impor sua vontade, serviu mais para
realçar o discurso de mudança com segurança, do que a manutenção do modelo neoliberal.
O mercado utilizou a mídia para espalhar o pânico entre a população - a estabilidade
de oito anos da moeda brasileira estava novamente ameaçada. Em 1998 o terrorismo
econômico funcionou, mas em 2002 não.
2.5.1 Evolução comparada da Editoria de Economia no JN e no JR
No Jornal Nacional o maior tempo destinado a editoria aconteceu no dia 10 de
Outubro (538 segundos). A matéria principal era sobre a alta do dólar, que atingia o recorde
do Plano Real.
No Jornal da Record o maior tempo da editoria aconteceu no dia 25 de Setembro (527
segundos), a matéria principal era sobre a diminuição da tensão do mercado.
A semana que o Jornal Nacional mais dedicou espaço para a editoria de economia foi a
do dia 07 a 12 de outubro e no Jornal da Record foi a semana do dia 23 a 28 de Setembro.
Não são considerados nessa relação às matérias de conotação política, que estão
relacionadas na editoria de política.
O gráfico a seguir mostra a evolução da editoria de economia nos dois telejornais.
GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO SEMANAL DA EDITORIA DE ECONOMIA NO JN E NO JR
Evolução semanal da editoria de Economia
743
606
841
558
775
1377
820763
734 734
550
810
502
314
464
996
476
1424
626
226
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
segu
ndos
Jornal da Record 743 606 841 558 775 1377 820 763 734 734
Jornal Nacional 550 810 502 314 464 996 476 1424 626 226
19/08 à 24/08
26/08 à 31/08
02/09 à 07/09
09/09 à 14/09
16/09 à 21/09
23/09 à 28/09
30/10 à 05/10
07/10 à 12/10
14/10 à 19/10
21/10 à 26/10
Nos dois telejornais a ascensão do tempo da editoria de economia se repete apenas
durante a quinta semana (23 de setembro a 28 de Setembro) do período analisado, ou seja, foi
o único momento em que a editoria teve o mesmo peso nos dois telejornais.
2.5.2 Evolução semanal dos assuntos da editoria de Economia no Jornal Nacional e no
Jornal da Record
Nos gráficos abaixo estão retratadas apenas as evoluções do assunto principal de cada
telejornal. São consideradas como matérias principais as que tiveram evoluções diárias.
GRÁFICO 2 – ASSUNTOS PRINCIPAIS DA EDITORIA DE ECONOMIA DO JN
Evolução dos assuntos principais da Editoria de Eco nomia
0
100
200
300
400
500
600
700
segu
ndos
CAMBIO 100 172 177 72 100 577 282 383 248 135
19/08 à 24/08
26/08 à 31/08
02/09 à 07/09
09/09 à 14/09
16/09 à 21/09
23/09 à 28/09
30/10 à 05/10
07/10 à 12/10
14/10 à 19/10
21/10 à 26/10
A partir do gráfico é possível notar que a evolução das matérias relacionadas ao
câmbio foi equilibrada durante as cinco primeiras semanas. Na penúltima semana antes do 1º
turno o câmbio ganhou destaque nos noticiários. No âmbito eleitoral Lula estava com grande
vantagem nas pesquisas sobre os outros candidatos e possuía chances reais de vencer as
eleições ainda no 1º turno.
Na primeira semana do 2º turno (07/10 à 12/10), o tempo dedicado à crise cambial
volta a subir. Mas passa a declinar quando se aproxima do final do 2º turno.
GRÁFICO 3 – ASSUNTOS PRINCIPAIS DA EDITORIA DE ECONOMIA DO JR
Evolução dos assuntos principais da Editoria de Eco nomia
0
50
100
150
200
250
300
350
400
segu
ndos
CAMBIO 198 216 133 211 248 370 371 363 168 279
19/08 A 24/08
26/08 A 31/08
02/09 A 07/09
09/09 A 14/09
16/09 A 21/09
23/09 A 28/09
30/10 A 05/10
07/10 A 12/10
14/10 A 19/10
21/10 A 26/10
O assunto principal do Jornal da Record foi o mesmo do Jornal Nacional. A evolução
periódica do Jornal da Record mostra que o assunto cambial teve maiores momentos de
ascensão do que no Jornal Nacional.
O assunto só não teve grande ascensão na terceira semana pesquisada e na penúltima
antes do fim das eleições.
2.6 ANÁLISE DA EDITORIA DE POLÍTICA
Conforme citei no início do trabalho, a escolha do período da pesquisa foi proposital
com a intenção de analisar os telejornais durante o momento eleitoral.
Motivados pelas eleições, os dois telejornais cederam o maior espaço dentre os outros
assuntos a esta editoria. Considerando a soma dos dois turnos, o JN ficou com 39% do espaço
das matérias, e o Jornal da Record com 30%. Os assuntos relacionados às eleições 2002
ocuparam quase todo o espaço de política, no Jornal Nacional o assunto ficou com 93% do
total da editoria e no Jornal da Record ficou com 85%. As análises foram divididas em 1º e 2º
turno.
No 1º turno o Jornal Nacional dedicou 38% do tempo do telejornal à editoria de
política (374:42 minutos - 22482 segundos), no 2º turno foram dedicados 42% do tempo do
telejornal (219:55 minutos - 13195 segundos).
O Jornal da Record dedicou no 1º turno 28% do tempo do telejornal à editoria de
política (423:46 minutos e 25426 segundos) e no 2º turno foram dedicados 34% (225:15
minutos, 13515 segundos).
A análise do 1º turno de cada telejornal se restringe a 41 edições (19 de agosto a 05 de
outubro) e o 2º turno a 18 edições (07 de outubro a 26 de outubro).
Com as análises das matérias e dos tempos destinados a cada candidato é possível
notar que os telejornais se preocuparam em agir com credibilidade e imparcialidade.
O estilo do Jornal da Record com os comentários pessoais do apresentador Boris
Casoy, muitas vezes, mostrou sua parcialidade nas análises e nas criticas. Mas vale salientar
que as matérias do JR foram imparciais e objetivas.
Com a finalidade de analisar as matérias da editoria, o tempo destinado aos candidatos
e sua valência, foi necessário dividir a editoria em dois momentos, 1º turno e 2º turno. Além
disso, a divisão foi necessária porque no 2º turno a relação entre os candidatos mudou, no 1º
turno eram seis concorrentes (apesar de dois não terem tido praticamente nenhum espaço) e
no segundo apenas dois, um representando a esquerda e outro o governo.
A partir da verificação dos tempos cedidos aos presidenciáveis e das valências das
matérias podem-se identificar os candidatos que foram favorecidos ou prejudicados.
A análise demonstra que as matérias vinculadas sobre determinados candidatos podem
causar muitos transtornos. Mas antes de julgar os telejornais advém algumas questões, onde
surgiu a matéria? Suas causas? E qual seu valor notícia?
Outra questão a se levantar antes de julgar se a matéria deveria ou não ter sido
noticiada é em relação à omissão, que é muitas vezes, a pior forma de manipulação.
2.6.1 Evolução semanal da editoria de Política no Jornal Nacional e no Jornal da Record
Antes de iniciar a análise do 1º e 2º turno é interessante verificar a evolução da editoria
de política nos dois telejornais durante todo o período analisado.
O gráfico a seguir mostra a evolução da Editoria no Jornal Nacional e no Jornal da
Record com as escalas de tempo semanais.
GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO SEMANAL DA EDITORIA DE POLÍTICA NO JN E NO JR
Durante as cinco primeiras semanas, o Jornal da Record dedicava mais espaço para a
editoria. Esta relação muda a partir da sexta e sétima semana, quando o Jornal Nacional passa
a dedicar mais espaço a política. Neste período consecutivamente eram veiculadas entrevistas
com os candidatos e as últimas matérias antes do 1º turno. No 2º turno, que agrega as três
últimas semanas os dois telejornais mantiveram muito próximos os tempos destinados à
editoria de política.
Se analisarmos o volume total de tempo diário de cada telejornal, a média do Jornal
Nacional (26 min) é inferior ao do Jornal da Record (36 min). Apesar da média em volume
ser inferior, proporcionalmente, o Jornal Nacional (39%) dedicou mais espaço a editoria, do
que o Jornal da Record (30%).
2.7 ANÁLISE DO 1ºE 2º TURNO DAS ELEIÇÕES.
A análise a seguir mostra os assuntos da editoria que tiveram maior destaque nos dois
telejornais, como foi à divisão dos tempos aos candidatos à presidência e quais suas valências.
Os tempos dedicados à política, considerando a divisão em 1º e 2º turno, foram os
seguintes:
- No 1º turno, o Jornal Nacional dedicou 38% (22482 seg) das matérias do telejornal ao
assunto; e no 2º turno 42% (13195 seg).
Evolução semanal da editoria de Política
3634
3145
3927
29943330
2984
5412
6279
29012833
1862
2990
1758
2559
4233
62476030
4335
2786
4379
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
segu
ndos
Jornal da Record 3634 3145 3927 2994 3330 2984 5412 6279 2901 4335
Jornal Nacional 2833 1862 2990 1758 2559 4233 6247 6030 2786 4379
19/08 à 24/08
26/08 à 31/08
02/09 à 07/09
09/09 à 14/09
16/09 à 21/09
23/09 à 28/09
30/10 à 05/10
07/10 à 12/10
14/10 à 19/10
21/10 à 26/10
- O Jornal da Record dedicou no 1º turno 28% (25426 seg) do espaço do noticiário a editoria e
no 2º turno 34% (13515 seg).
Tabela 10 - TEMPO DA EDITORIA DE POLÍTICA
1º turno 2º turno Jornal Nacional 38% 42% Jornal da Record 28% 34%
Os assuntos que alcançaram maior destaque na editoria dos dois telejornais foram a
respeito das eleições. A seguir os destaques da editoria.
2.7.1 Destaques da editoria de política durante o 1ºe 2º turno
As eleições de 2002 ficaram marcadas pela grande cobertura realizada pela imprensa
em geral, principalmente, a televisiva. A cobertura das eleições de 2002 foi superior à
cobertura das eleições de 1998. Em 1998 os telejornais deram pouco destaque às eleições.
Com uma cobertura medíocre56 por parte da mídia televisiva o candidato à reeleição Fernando
Henrique Cardoso venceu ainda no primeiro turno.
Os outros candidatos à presidência Luís Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes, chegaram
a divulgar m manifesto reclamando da falta de interesse da mídia pelas eleições e o possível
favorecimento a candidatura de Fernando Henrique.
As eleições de 2002 foram o assunto principal da editoria de política nos dois
telejornais. No 1º turno o Jornal Nacional dedicou 91% (20546 seg) do tempo da editoria a
matérias envolvendo as eleições e no 2º dedicou 95% (12456 seg). O Jornal da Record no 1º
turno dedicou 85% (21733 seg) e no 2º turno 84% (11322 seg). Vale salientar que os valores
proporcionais se referem ao volume total da editoria, o que possibilita afirmar que no Jornal
da Record, apesar de ter um volume maior de tempo, o assunto teve menos espaço
proporcional do que teve no Jornal Nacional.
56 Os candidatos Lula e Ciro Gomes denunciaram através de um manifesto lançado no final da campanha uma suposta parcialidade da mídia (favorável ao presidente) e a falta de debates, dentro ou fora do horário eleitoral. Com efeito, não houve nenhum debate entre os presidenciáveis, seja pela recusa de FHC, seja pela falta de interesse das redes de televisão. Esta situação levou Nelson de Sá, colunista da Folha de SP, a escrever num balanço da campanha eleitoral na TV, que a disputa de 1998 foi “a mais curta e despolitizada campanha presidencial, desde a redemocratização” (AZEVEDO, Fernando Antônio, Imprensa, 1998 Campanha Presidencial e Agenda da Mídia. Pág.41. IN: RUBIM, AntonioAlbino Canelas (org), Mídia e eleições de 1998, UFPB/Editora Universitária, 2000).
Os outros assuntos da editoria foram sobre o então presidente Fernando Henrique
Cardoso e sobre temas diversos. Os assuntos relacionados a ele tiveram no JN, durante o 1º
turno 5% de espaço da editoria e 4% no 2º turno. No Jornal da Record FHC teve no primeiro
turno 4% e no segundo 8%. O tempo do JR mostra que o espaço destinado a FHC no 2º turno
foi bem superior ao tempo do 1º. As matérias sobre o presidente eram quase sempre
declarações suas defendendo seu governo dos ataques dos candidatos de esquerda.
Os assuntos diversos tiveram 8% de espaço no JN durante o 1º turno e no 2º apenas
1%. No JR estes assuntos tiveram 7% durante o 1º turno e 8% durante o segundo.
Tabela 11 - DESTAQUE DO JN E DO JR NO 1º TURNO
ELEIÇÕES 2002 FHC ASSUNTOS DIVERSOS Jornal Nacional 91% 5% 8% Jornal da Record 85% 4% 7%
Tabela 12 - DESTAQUE DO JN E DO JR NO 2º TURNO
ELEIÇÕES 2002 FHC ASSUNTOS DIVERSOS Jornal Nacional 95% 4% 1% Jornal da Record 84% 8% 8%
Os valores apontados mostram que essas eleições foram extremamente noticiadas
pelos telejornais. A cobertura e os espaços cedidos pelas redes de televisão e pelas mídias
impressas aos candidatos durante essas eleições não encontram precedentes durante toda a
história do Brasil.
2.7.2 Divisão da editoria em assuntos
O item anterior mostrava os destaques da editoria de política, mas não os principais
assuntos. Para um enfoque mais claro, foi necessário dividi-lo em temas comuns:
Matérias sobre os candidatos – Indicam todas as matérias envolvendo diretamente ou
indiretamente os candidatos à presidência. As matérias diretas geralmente são fatos sobre a
campanha, agendas e declarações dos candidatos, pesquisas eleitorais, crise cambial e as
decisões do TSE contra programas eleitorais. As matérias indiretas podem ser fatos contra o
vice de um presidenciável ou declarações de terceiros envolvendo-os diretamente. Conforme
a valência essas matérias podem ser classificadas ainda em neutras, negativas ou positivas.
Eleições 2002 – São matérias relacionadas às eleições, em que o foco principal não se refere
aos candidatos, nem as eleições estaduais, mas apenas aos fatos relacionados ao eleitor. Estes
fatos vão desde esclarecimentos sobre as eleições até a importância do voto.
Eleições Estaduais – Envolvem matérias relacionadas às eleições nos Estados.
FHC – Matérias sobre o então presidente FHC.
Assuntos diversos – Assuntos que não se encaixam aos temas acima, ou seja, não dizem
respeito às eleições de 2002.
As matérias sobre os presidenciáveis ocuparam um espaço bem superior aos outros
assuntos. No 1º turno o JN dedicou 67% do espaço da editoria a eles, enquanto o JR 60%. No
2º turno o JN dedicou 53% e o JR 51%. As diferenças dos valores percentuais entre o 1º e 2º
turno, mostram que o percentual destinado aos candidatos cai um pouco, mas sem prejudicar
nenhum deles, pois passaram a ocupar os espaços que antes era dividido entre os outros
concorrentes.
No JN, durante o 1º turno o espaço destinado a matérias relacionadas ao eleitor tem
13% no JN e 9% no JR, no segundo turno essas matérias têm 23% de espaço no JN, e 9% no
JR.
Assuntos envolvendo as eleições estaduais durante o 1º turno têm 11% de espaço no
JN, enquanto no JR tem 16%. No 2º turno 19% no JN e 24% no JR.
Em relação aos assuntos envolvendo os eleitores e a eleição estadual, é possível
concluir que o menor tempo destinado aos candidatos no 2º turno, comparado ao primeiro,
migra para estes assuntos, mas de forma diferenciada para os dois telejornais. Enquanto o
espaço dos candidatos no JN migra para assuntos envolvendo os eleitores, no JR estes espaços
vão para as eleições estaduais. As tabelas57 abaixo mostram os destaques da editoria e seus
tempos.
Tabela 13 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN E DO JR - 1º TURNO
Matérias sobre os candidatos Eleições 2002 Eleições Estaduais FHC Assuntos diversos
Jornal Nacional 67% 13% 11% 5% 4% Jornal da Record 60% 9% 16% 8% 7%
Tabela 14 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN E DO JR - 2º TURNO
Matérias sobre os candidatos Eleições 2002 Eleições Estaduais FHC Assuntos diversos
Jornal Nacional 53% 23% 19% 4% 1% Jornal da Record 51% 9% 24% 8% 8%
57 Representação da tabela em minutos e segundos ver apêndice.
Ao cobrir intensamente as eleições presidenciais o Jornal Nacional e o Jornal da
Record deixaram em último plano a cobertura dos outros cargos58, que tiveram seus espaços
nas coberturas das mídias locais.
2.7.3 Tempo dos candidatos à presidência
A análise anterior tinha o objetivo de mostrar a estrutura da editoria de política, a
análise a seguir pretende mostrar os tempos destinados aos candidatos.
Durante a análise da editoria foi possível verificar três características de matérias,
envolvendo os candidatos, elas poderiam ser sobre as agendas de campanha (inclui carreatas,
comícios, participação em debates, palestras), entrevistas ao vivo e fatos de repercussão
relacionados aos presidenciáveis (podem ser referentes a declarações de terceiros, denúncias
referentes ao partido ou pessoas ligadas à campanha).
O agrupamento das matérias mostra que Ciro Gomes (PPS) foi o que mais obteve
espaço nos dois telejornais durante o 1º turno. No Jornal Nacional Ciro teve 23% em seguida
vem José Serra (PSDB) com 19%, Lula (PT) com 18%, Garotinho (PSB) com 17% e Rui C.
Pimenta (PCO) e José Maria (PSTU) com apenas 1% cada. No Jornal da Record a seqüência é
diferente, Ciro teve 25%, Lula teve 23%, Garotinho e Serra 20% cada um. Os candidatos José
Maria e Rui C. Pimenta, não tiveram espaço no telejornal.
No 2º turno Lula obteve 41% no JN e Serra 37%. No JR Serra teve 49% e Lula 46%.
Tabela 15 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 1º TURNO
Ciro Todos59 Serra Lula Anthony Garotinho Rui C.Pimenta José Maria Jornal Nacional 23% 21% 19% 18% 17% 1% 1% Jornal da Record 25% 12% 20% 23% 20% 0 0
Tabela 16 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 2º TURNO
Lula José Serra Todos Jornal Nacional 41% 37% 22% Jornal da Record 46% 49% 5%
58 As eleições de 2002 foram casadas, ou seja, o eleitor escolhia o Presidente, os Governadores, os Deputados Estaduais e Federais, além dos Senadores. Essa característica eleitoral fez com que os cargos de menor importância ficassem restritos a uma cobertura menor. 59 Durante a análise algumas matérias não puderam ser destinadas a nenhum candidato específico, pois se referiam a todos os concorrentes.
A leitura dos percentuais do 1º e do 2º turno pode passar a idéia de que o candidato
Ciro Gomes obteve maior vantagem no 1º turno. Os percentuais incluem matérias neutras,
positivas e negativas, o que impossibilita a verificação através do tempo total, a real vantagem
de cada presidenciável. Na apuração de tempo destinado aos candidatos não é possível
afirmar que sempre que um deles tiver mais espaço terá maiores vantagens. Para a apuração
real de possíveis vantagens conseguidas por eles é necessário apurar as valências das
matérias.
2.7.4 Evolução geral dos candidatos no 1º e 2º turno
Os gráficos a seguir mostram a evolução geral de cada candidato conforme o período
de exposição.
Os pontos altos representam maior tempo de exposição e os pontos baixos menor
tempo.
GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JN – 1º TURNO
352
1085
294242
473454
172
481
818
578
248
761
405
245
026
0 0 0
96
0 0 0 0
262
945
172 216
501
187
213
246
461
195
248211
833
463
3028
8112
0
200
400
600
800
1000
1200
segu
ndos
CIRO GOMES SERRA GAROTINHO LULA JOSÉ MARIA RUI PIMENTA
CIRO GOMES 352 262 1085 294 242 945 473
SERRA 454 172 172 216 481 818 501
GAROTINHO 578 187 213 248 246 761 461
LULA 405 245 195 248 211 833 463
JOSÉ MARIA 0 30 26 0 0 0 96
RUI PIMENTA 0 28 12 0 0 0 81
19/08 A 24/08 26/08 A 31/08 02/09 A 07/09 09/09 A 14/09 16/09 A 21/09 23/09 A 28/09 30/10 A 05/10
O gráfico referente ao tempo de exposição dos presidenciáveis no Jornal Nacional
mostra que todos eles tiveram números aproximados de tempo. As linhas do gráfico que
representam o tempo de cada candidato, se cruzam durante quase todo o período eleitoral, o
que significa o grande equilíbrio nos tempos destinados a eles, com exceção da terceira
semana, quando Ciro Gomes teve um tempo de exposição no telejornal bem acima dos outros
candidatos. As matérias em destaque levadas ao ar nessa semana eram sobre as denúncias
contra o sindicalista Paulo Pereira da Silva (PTB), vice de Ciro.
A análise semanal mostra que na primeira semana (de análise) Anthony Garotinho
começava com uma breve vantagem de tempo sobre os demais candidatos. O aumento
percentual do tempo dele foi causado pelas declarações da Governadora do RJ Benedita da
Silva (PT). Na segunda e quarta semana o tempo dos candidatos foi bem equilibrado. Na
quinta semana o destaque era para José Serra. Nesta semana era apresentada a denúncia do
Procurador Luís Francisco contra o ex-tesoureiro da campanha de Serra e ex-presidente do
Banco do Brasil, Ricardo Sérgio. Na sexta semana eram veiculadas entrevistas com os
presidenciáveis. Na última semana do 1º turno, o telejornal se preocupou em destinar espaços
aproximados para cada um deles.
Durante o 1º turno Ciro Gomes foi o que teve o maior tempo de matérias apresentadas
pelo Jornal Nacional - 23% (3653 segundos) - isso ocorre devido, principalmente, as matérias
da terceira semana.
Os candidatos José Maria (PSTU) e Rui C. Pimenta (PCO) tiveram evoluções
medíocres comparado aos outros, em torno de 1% para cada, coincidentemente este
percentual corresponde também a intenção de votos conseguidas por eles neste período.
O gráfico a seguir mostra a evolução do tempo de cada candidato no Jornal da Record
durante o 1º turno.
GRÁFICO 6 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JR – 1º TURNO
631
425
1110
467
381432
385
844
431 435 417
616
316
519469
378
446
377
597
315 382394
470
508
380
426
442514
0
200
400
600
800
1000
1200
CIRO GOMES LULA GAROTINHO SERRA
CIRO GOMES 631 425 1110 467 381 432 385
LULA 844 394 431 435 417 616 382
GAROTINHO 508 316 519 470 469 378 446
SERRA 514 442 426 377 597 315 380
19/08 A 24/08 26/08 A 31/08 02/09 A 07/09 09/09 A 14/09 16/09 A 21/09 23/08 A 28/09 30/09 A 05/10
O gráfico do JR mostra que ao contrário do JN, os candidatos não tiveram uma
evolução equilibrada.
As evoluções dos tempos dos presidenciáveis no Jornal da Record repercutiram muito
mais o calor das eleições do que as evoluções do Jornal Nacional.
Durante a primeira semana, é possível verificar que Lula começava com vantagem
sobre os outros adversários. Vale lembrar que Lula sempre esteve em primeiro lugar nas
pesquisas eleitorais.
Na segunda semana José Serra e Ciro Gomes conseguiram obter tempo maior que os
outros candidatos. Este era o momento em que travavam a maior disputa durante a campanha
eleitoral.
Curiosamente na terceira semana, Ciro passa a ter o maior tempo das matérias (o
mesmo ocorreu no JN) e é quando sua candidatura começa a despencar nas pesquisas
eleitorais. A maioria das matérias veiculadas neste período envolvendo ele era negativa, sendo
que, as que ocuparam maior tempo eram referentes às denúncias contra Paulinho.
Na quarta semana, a campanha de Garotinho começa a ganhar destaque. Com a queda
de Ciro os eleitores começaram a migrar para as candidaturas de Lula e para a dele, que em
agosto estava em último lugar nas pesquisas.
A evolução da quinta semana mostra o crescimento do tempo destinado ao candidato
José Serra. Começava a ser veiculada na mídia denúncia contra Ricardo Sérgio (ex-tesoureiro
do tucano).
Na penúltima semana o candidato do PT Luís Inácio Lula da Silva - próximo da
vitória no 1º turno - volta a ter mais tempo no telejornal.
Como ocorre no Jornal Nacional, a última semana é marcada pelo equilíbrio entre
todos os presidenciáveis. Evidenciando a preocupação dos telejornais em não favorecer e nem
prejudicar nenhum dos candidatos.
Ciro Gomes também foi o que teve o maior tempo das matérias apresentadas pelo
Jornal da Record 25% - 3831 segundos. E curiosamente pelo mesmo motivo, as denúncias da
terceira semana.
A análise da evolução dos candidatos nos dois telejornais possibilita afirmar que o
Jornal da Record repercutiu muito mais o calor das eleições que o Jornal Nacional.
As denúncias veiculadas contra Paulinho e contra Ricardo Sérgio foram as
responsáveis pela elevação do tempo dos presidenciáveis Ciro Gomes e José Serra e também
pela diminuição da vantagem real 60de cada um deles.
O Jornal da Record não cedeu nenhum espaço aos candidatos do PSTU e do PCO.
O gráfico a seguir mostra a evolução do tempo dos candidatos no Jornal Nacional
durante o 2º turno.
GRÁFICO 7 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JN DURANTE O 2º TURNO
1186
1090
584
931
1066
569
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
segu
ndos
LULA SERRA
LULA 1186 1090 584
SERRA 931 1066 569
07/10 A 12/10 14/10 A 19/10 21/10 A 26/10
60 Vantagem real é a soma entre o tempo destinado a cada candidato menos as valências negativas.
Nas duas últimas semanas do 2º turno, os candidatos José Serra e Luís Inácio Lula da
Silva tiveram percentual aproximado de tempo. As linhas do gráfico que representam o tempo
de cada um, se cruzam durante a maior parte do período eleitoral.
Durante o 2º turno, Lula teve a média de 159 segundos por dia e José Serra teve a
média de 143 segundos. Praticamente o dobro do tempo destinado a eles no 1º turno. Vale
salientar que no 1º havia seis candidatos – apesar de dois não terem tido praticamente nenhum
espaço.
O espaço cedido ao petista na primeira semana sofre influência da estrondosa vitória
de seu partido nas eleições gerais.
Na última semana há uma queda nos tempos dos dois candidatos isso é devido à
cobertura realizada pelo Jornal Nacional de matérias de cunho esclarecedor (ex. matérias
ensinando a importância do voto).
O gráfico a seguir mostra a evolução do tempo de Lula e Serra no Jornal da Record
durante o 2º turno.
GRÁFICO 8 – EVOLUÇÃO DOS CANDIDATOS NO JR DURANTE O 2º TURNO
1461
898
1054
1804
657717
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
segu
ndos
SERRA LULA
SERRA 1461 898 1054
LULA 1804 657 717
07/10 A 12/10 14/10 A 19/10 21/10 A 26/10
No Jornal da Record a evolução do tempo dos presidenciáveis mostra que o candidato
José Serra teve um percentual de tempo maior que o concorrente do PT. Na soma geral, Lula
teve 45% e Serra 49%.
Na primeira semana aconteceu o mesmo que no Jornal Nacional. O candidato Lula
teve mais tempo devido, principalmente, ao sucesso alcançado pelo PT nas eleições do 1º
turno.
A partir da segunda semana, José Serra passa a ter uma evolução maior do que a de
Lula. Na última semana a vantagem de Serra é decorrente, principalmente, da entrevista
realizada no dia 21/10, em que o candidato participou e o petista não. Conforme noticiou o
âncora Boris Casoy, o convite foi feito aos dois, mas Lula não aceitou alegando
compromissos.
É possível especular61 que Luís Inácio Lula da Silva não aceitou o convite para a
entrevista, devido aos comentários de Boris Casoy veiculadas diariamente no telejornal
críticos ao PT, e também à entrevista realizada no dia 07 de Outubro no Jornal da Record.
Nessa entrevista Boris fez perguntas espinhosas a Lula sobre a possível ligação do PT com a
Asfarc (guerrilha de esquerda da Colômbia), sua ligação com Hugo Chávez (presidente da
Venezuela), e Fidel Castro (ditador cubano). Lula, Fidel e Chávez foram citados na entrevista
como integrantes do eixo do mal, na América Latina. A entrevista causou mal estar entre o
apresentador e o petista, que repudiando a pergunta pediu para Boris, em tom de ameaça não
falar mais sobre isso no telejornal.
As análises mostraram a diferença entre a evolução semanal das matérias dos
presidenciáveis nos dois telejornais. O resultado final mostra que no 1º e 2º turno o JN foi
muito mais equilibrado que o JR.
A próxima análise mostra as valências (negativas, positivas e neutras) para cada
presidenciável.
2.7.5 Matérias neutras - positivas e negativas do JN e do JR no 1º turno
A análise das valências permite verificar quais os presidenciáveis que tiveram mais
matérias positivas, negativas ou neutras, e conseqüentemente quais os que obtiveram mais
vantagens durante a cobertura eleitoral.
Para realizar esta análise foi necessário classificar as matérias utilizando o seguinte
padrão:
61 Fernando Rodrigues em comentário na Folha de SP, fala sobre os motivos que levaram Lula a privilegiar a Globo após as eleições com entrevistas exclusivas. “Para parte da cúpula petista, Lula ‘ficou sem opção’. A TV Record não mereceria atenção especial. O âncora Boris Casoy desagradou ao presidente eleito ao fazer perguntas ácidas nas últimas entrevistas”. (Rodrigues, Fernando.Assunto de Estado. Folha de Sp. Opinião p. A2. 30/10/02.)
Matérias neutras – Se referem basicamente as pesquisas eleitorais, declarações sutis de
terceiros (onde não é possível identificar um único favorecido ou desfavorecido) e trechos de
debates e bastidores, onde o conteúdo da matéria era neutro, e apareciam todos os candidatos.
Matérias positivas – São matérias que enfocam o candidato sem prejuízo de sua candidatura,
é o caso de sua agenda, de declarações favoráveis de terceiros, entrevistas, e a apresentação de
suas propostas.
Matérias negativas – São matérias que contém na sua estrutura elementos que podem trazer
prejuízo a candidatura de algum dos candidatos, é o caso de denúncias, declarações negativas
de terceiros, a crise cambial (quando a crise é relacionada a alguma candidatura) e decisões do
TSE contra propagandas eleitorais. Vale salientar que a matéria é considerada negativa
mesmo que o telejornal siga os preceitos da ética e apresente as duas versões para o caso. O
conceito de negativa pode não significar parcialidade.
O resultado do 1º turno obtido através dos critérios adotados possibilita afirmar que
75% do tempo destinado às matérias do Jornal Nacional, no 1º turno foram positivas, 13%
foram negativas e 12% foram neutras. No Jornal da Record 84% do tempo das matérias
foram positivas, 12% foram neutras e 4% negativas.
O gráfico a seguir mostra o tempo destinado a cada candidato conforme a classificação
das matérias em neutras, positivas e negativas.
GRÁFICO 9 – MATÉRIAS NEUTRAS - POSITIVAS e NEGATIVAS DO JN NO 1º
TURNO
2624 (17%)
1029 (7%)
1250 (8%)
1860 (12%)
2285 (15%)
529 (3%)
2415 (16%)
279 (2%)
2454 (16%)
146 (1%) 152 (1%) 121 (1%)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
segundos
Matérias Neutras / positivas / negativas
Matéria Positiva Matéria Negativa Neutro
Matéria Positiva 2624 1250 2285 2415 2454 152 121
Matéria Negativa 1029 529 279 146
Neutro 1860
Ciro Gomes Todos Serra Garotinho LulaRui Costa Pimenta
José Maria
Jornal Nacional 1º turno
A análise do gráfico do JN permite afirmar, que o candidato Ciro Gomes (PPS) foi o
que teve mais matérias negativas, causados principalmente, pelas notícias que envolviam o
vice dele em corrupção. Ciro Gomes ficou com 7% (1029 seg) de matérias negativas e 17%
(2624 seg) de matérias positivas.
José Serra (PSDB) ficou com 3% (529 seg) de matérias negativas, e 15% (2285 seg)
de matérias positivas. Anthony Garotinho (PSB) ficou com 2% (279 seg) de matérias
negativas, e 16% (2415 seg) de matérias positivas. Luís Inácio Lula da Silva (PT) ficou com
1% (146 seg) de matérias negativas, e com 16% (2454 seg) de matérias positivas. Rui C.
Pimenta (PCO) ficou com 1% (152 seg) de matérias positivas. José Maria (PSTU) também
ficou com 1% (121 seg) de matérias positivas. As matérias envolvendo todos62 eles tiveram
12% (1860 seg) de neutras e 8% (1250 seg) de positivas.
O gráfico abaixo mostra o tempo destinado a cada presidenciável no Jornal da Record
conforme a classificação das valências. O critério utilizado é o mesmo da análise acima.
GRÁFICO 10 – MATÉRIAS NEUTRAS - POSITIVAS E NEGATIVAS DO JR NO 1º
TURNO
3586 (23%)
245 (2%)
3435 (22%)
84 (1%)
3071 (20%)
35 (0%)
2859 (19%)
192 (1%)
1773 (12%)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
segundos
Matérias Neutras / Positivas / Negativas
Matéria Positiva Matéria Negativa Neutro
Matéria Positiva 3586 3435 3071 2859
Matéria Negativa 245 84 35 192
Neutro 1773
Ciro Gomes Lula Garotinho Serra Todos
62 Durante a análise algumas matérias não puderam ser destinadas a nenhum candidato específico, pois eram referentes a todos os concorrentes.
No Jornal da Record Ciro Gomes (PPS) teve 23% (3586 seg) de matérias positivas e
2% (245 seg) de matérias negativas.
O candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) ficou com 1% (84 seg) de matérias
negativas, e 22% (3435 seg) de matérias positivas. Anthony Garotinho (PSB) ficou com 0%
(35 seg) de matérias negativas, e com 20% (3071 seg) das matérias positivas. José Serra
(PSDB) ficou com 1% (192 seg) de matérias negativas, e com 19% (2859 seg) das matérias
positivas. As matérias que envolviam todos os presidenciáveis foram neutras e tiveram 12%
(1773 seg) de tempo. As valências do 1º turno mostram que Ciro Gomes foi o que mais
obteve matérias negativas nos telejornais.
Acompanhando o resultado obtido através da diminuição da porcentagem de matérias
positivas menos as negativas, citado anteriormente, é possível destacar que no Jornal Nacional
Luís Inácio Lula da Silva foi o candidato que teve o melhor saldo positivo – ficou com 15%,
em seguida vem Garotinho com 14%, Serra com 12% e por último Ciro Gomes com apenas
10%. No Jornal da Record, Ciro Gomes e Luís Inácio Lula da Silva tiveram o mesmo saldo
percentual de 21%, em seguida aparece Anthony Garotinho com 20%, e em último José Serra
com 18%.
É possível notar que a maioria das matérias noticiadas pelos dois telejornais é sobre os
mesmos assuntos. Porém, os tempos, os enfoques e os tratamentos das matérias divergem.
É importante ressaltar que apesar de ocorrerem matérias negativas envolvendo os
candidatos, todas as matérias possuem procedência, o que reforça o conceito de valor notícia.
As principais matérias veiculadas durante o 1º turno nos dois telejornais foram sobre a
agenda diária dos presidenciáveis, denúncias, declarações favoráveis ou contrárias a
determinadas candidaturas, crise cambial, pesquisas eleitorais, entrevistas, declarações do
TSE e a apresentação de propostas.
Com a finalidade de expor claramente os dados do 1º turno, as matérias do dois
telejornais foram lançadas na tabela a seguir conforme o candidato e seu valor positivo,
negativo ou neutro.
Tabela 17- PRINCIPAIS MATÉRIAS VEICULADAS NO 1º TURNO E SUA VALÊNCIA.
Matérias veiculadas no Jornal Nacional durante o 1º turno
Ciro Gomes José Serra Anthony Garotinho Lula Todos Negativas - Acusações contra Paulinho - Declarações do Ibope - TSE. Positivas - Propostas - Agenda - Entrevista
Negativas - Acusações de Luís Francisco - TSE. - Declarações de Tasso Jereissati - Crise cambial Positivas - Agenda - Entrevista
Negativas -Declarações de Benedita da Silva (PT) Positivas - Agenda - Entrevista
Negativas - Corrupção em Santo André (PT) Positivas - Agenda - Entrevista
Neutras - Pesquisa Presidencial - Debate Positivas - Propostas
Matérias veiculadas no Jornal da Record durante o 1º turno
Ciro Gomes José Serra Anthony Garotinho Lula Todos Negativas - Acusações contra Paulinho. - Declarações do Ibope. - TSE. - Nota do Ministério da Saúde. - Declaração dos Presidentes do PMDB e do PSDB. Positivas - Agenda.
Negativas - Acusações de Luís Francisco. - Declarações do PPS e do PTB. Positivas - Agenda.
Negativas - TSE Positivas - Agenda.
Negativas - Corrupção em Santo André (PT). - TSE. Positivas - Agenda.
Neutras -Pesquisa Presidencial. -Declaração da Embaixadora dos EUA. -Declarações de Geraldo Quintão. -Declarações de Nelson Jobim. - Chamadas (cabeça).
2.7.6 Matérias neutras - positivas e negativas do JN e do JR no 2º turno
Seguindo os mesmos critérios utilizados na análise do 1º turno é possível afirmar que
76% do tempo destinado às matérias do Jornal Nacional no 2º turno foram positivas, 7%
foram negativas e 17% foram neutras.
No Jornal da Record foram 94% de matérias positivas, 5% de matérias neutras e 1%
para matérias negativas.
O gráfico a seguir mostra a classificação das matérias do 2º turno em neutras positivas
e negativas.
GRÁFICO 11 – MATÉRIAS NEUTRAS / POSITIVAS / NEGATIVAS DO JN NO 2º
TURNO
2684 (39%)
176 (3%)
2493 (36%)
73 (1%) 61 (1%)
258 (4%)
1198 (17%)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
segundos
Matérias Neutras/Positivas/Negativas - Jornal Nacio nal 2º turno
Matéria Positiva Matéria Negativa Neutro
Matéria Positiva 2684 2493 61
Matéria Negativa 176 73 258
Neutro 1198
Lula Serra Todos
No Jornal Nacional durante o 2º turno, o candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi
o que teve mais matérias negativas indiretas, causadas principalmente, pelas notícias que
envolviam a crise cambial. Foi também, o que teve mais matérias positivas. Lula ficou com
3% (176 seg) de matérias negativas e 39% (2684 seg) de matérias positivas. José Serra
(PSDB) ficou com 1% (73 seg) de matérias negativas e com 36% (2493seg) de matérias
positivas. As matérias envolvendo os dois foram classificadas como:
- Neutras - 17% (1198 seg) do tempo.
- Positiva - 1% (61 seg) do tempo e eram sobre a crise cambial.
- Negativas - 4% (258 seg) do tempo e também eram sobre a crise cambial.
GRÁFICO 12 – MATÉRIAS NEUTRAS / POSITIVAS / NEGATIVAS DO JR NO 2º
TURNO
3395
18
3090
6721
351
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
segundos
Matérias Neutras / Positivas / Negativas
Matéria Positiva Matéria Negativa Neutro
Matéria Positiva 3395 3090
Matéria Negativa 67
Neutro 18 21 351
Serra Lula Todos
Jornal da Record - 2º turno
(49%)
(0%)
(45%)
(5%)
(1%) (0%)
O candidato José Serra (PSDB) ficou com 49% (3395seg) de matérias positivas e
nenhuma matéria negativa. Luís Inácio Lula da Silva (PT) ficou com 1% (67 seg) de matérias
negativas e 45% (3090 seg) de matérias positivas. As matérias neutras que envolviam os dois
concorrentes tiveram 5% (351 seg) do tempo.
Como foi explicitada anteriormente, a entrevista realizada pelo Jornal da Record
apenas com o presidenciável José Serra, foi um dos principais fatores que influenciaram na
vantagem de 6% que ele teve sobre Lula.
A análise dos dois telejornais durante o 2º turno possibilita afirmar, que ambos tiveram
preocupação em não apresentar matérias negativas. As matérias envolvendo a crise cambial
tiveram grande repercussão nos dois telejornais, mas para essa editoria só foram consideradas
as matérias com conotação política. Com a análise das valências é possível afirmar que as
matérias do primeiro turno foram muito mais carregadas de tom negativo do que no 2º turno.
No 2º turno os dois telejornais seguiram o mesmo padrão do 1º turno e apresentaram
matérias sobre a agenda diária dos candidatos, denúncias, declarações favoráveis ou contrárias
a determinadas candidaturas, crise cambial, pesquisas eleitorais, entrevistas, declarações do
TSE e a apresentação de propostas.
Com a finalidade de expor também os dados do 2º turno, as matérias do dois
telejornais foram lançadas na tabela abaixo conforme o candidato e seu valor positivo,
negativo ou neutro.
Tabela 18 - PRINCIPAIS MATÉRIAS VEICULADAS NO 2º TURNO E SUA VALÊNCIA
Matérias veiculadas no Jornal Nacional durante o 2º turno e suas respectivas valências Luís Inácio Lula da Silva José Serra Todos os candidatos Negativas - TSE. - Crise cambial. Positivas - Propostas do PT. - Agenda do candidato. - Entrevista
Negativas - Crise cambial - Declarações da Venezuela. Positivas - Propostas do PSDB. - Agenda do candidato. - Entrevista
Neutras - Pesquisas Presidenciais. - Declarações de Ciro Gomes. - Debate Presidencial. - Declarações de Garotinho. - Transição. - Apuração das Eleições no 1º turno. Positiva/Negativa -Crise Cambial
Matérias veiculadas no Jornal da Record durante o 2º turno e suas respectivas valências Negativas - TSE. - Santo André. Positivas - Declaração de apoio de Brizola. - Declaração de apoio de Ciro Gomes - Declaração de apoio de Garotinho. - Declaração de apoio de Miguel Arraes. - Declaração de apoio do Subsecretário do Tesouro Americano. - Agenda do candidato. - Entrevistas.
Positivas - Declaração de apoio de Tasso Jereissati. - Declaração de apoio do PFL. - Agenda do candidato. - Entrevistas
Neutras - Pesquisas Presidenciais. - Campanha eleitoral.
Os resultados das valências, e dos tempos (citados anteriormente) destinados a cada
presidenciável, possibilitaram a apuração do saldo real (positivo) de cada um deles, assunto
tratado a seguir.
2.7.7 Vantagem real de cada candidato
Para a obtenção da vantagem real de cada presidenciável, foi necessário realizar a
diminuição dos percentuais positivos conforme os negativos, o resultante foi o saldo real
obtida pelos candidatos.
Após encontrar os tempos destinados a cada um, suas valências (descritos
anteriormente), e utilizar a regra citada concluímos que a grande exposição que Ciro Gomes
obteve nos dois telejornais durante o 1º turno, não representa vantagem, ao contrário, no JN
Ciro Gomes foi o candidato que obteve a menor vantagem real (ou saldo positivo), apenas
10% de matérias positivas. No Jornal da Record, onde Ciro também obteve maior exposição
que os outros candidatos, conseguiu 21% de matérias positivas, empatando com Lula.
A classificação geral dos candidatos no Jornal Nacional durante o 1º turno mostra Lula
em primeiro com 15% de saldo positivo, e em seguida, Garotinho com 14%, Serra com 12%,
Ciro Gomes com apenas 10% e os outros candidatos Rui C. Pimenta e José Maria com apenas
1%.
No JR, Lula e Ciro Gomes tiveram 21% cada, Garotinho teve 20% e Serra teve o
menor saldo positivo, apenas 18%. Os valores do JR não diferem muito da exposição bruta,
conseguida pelos candidatos.
Se somarmos o tempo positivo dos candidatos e dividi-los, é possível notar que a
média do JR é de 20% de saldo positivo, enquanto o JN é de apenas 12,5%. A variação entre
os candidatos no Jornal Nacional, chega a 5%, enquanto no Jornal da Record a apenas 3%. A
grande diferença entre os saldos positivos de cada telejornal, advém dos resultados das
valências, que mostram o grande índice de matérias consideradas negativas veiculadas pelo
Jornal Nacional, e o baixo índice no Jornal da Record, no 1º turno.
Ao contrário do que ocorreu no 1º turno, no 2º é possível verificar nos dois telejornais
a existência de conformidade entre as exposições dos candidatos e os saldos positivos. Isso
ocorreu, principalmente, porque o JN teve menor índice de matérias negativas. A variação no
JN ficou em 1%, enquanto o JR em 5%63. No JN durante 2º turno Lula obteve 36% de saldo
positivo e Serra 35%. No JR Serra teve 49% e Lula 44% de vantagem real.
Tabela 19 - SALDO POSITIVO DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 1º TURNO
Lula Anthony Garotinho Serra Ciro Gomes Rui C.Pimenta José Maria Todos Jornal Nacional 15% 14% 12% 10% 1% 1% 21% Jornal da Record 21% 20% 18% 21% 0 0 12%
Tabela 20 - SALDO POSITIVO DOS CANDIDATOS NO JN E NO JR – 2º TURNO
Lula José Serra Todos Jornal Nacional 36% 35% 22% Jornal da Record 44% 49% 5%
63 Conforme já foi citado, essa diferença é devido principalmente, a entrevista em que Serra participou e Lula não.
Ao comparar os resultados do tempo de exposição de cada candidatura e o seu real
valor em relação às matérias é possível afirmar, que no caso específico do Jornal Nacional, no
1º turno os candidatos que mais obtiveram tempo foram os que tiveram menos matérias
positivas. Esta observação se refere aos candidatos Ciro Gomes e José Serra, Lula e
Garotinho, que tiveram exposição menor que os outros dois candidatos acabaram obtendo
mais vantagens.
A afirmação referente ao resultado da análise do Jornal Nacional no 1º turno não se
aplica ao Jornal da Record, que manteve a conformidade nos dois turnos entre espaço e tom.
No 2º turno o Jornal Nacional também seguiu os preceitos do Jornal da Record e manteve esta
conformidade.
A seguir as evoluções das matérias, conforme seu período de veiculação.
2.7.8 Evolução das matérias no 1º e no 2º turno
Todas as matérias envolvendo os candidatos no 1º turno exceto as agendas, entrevistas
e apresentação das propostas de Ciro Gomes, podem ser classificadas como negativas. A
classificação das notícias para cada presidenciável mostra que Ciro Gomes obteve nos dois
telejornais o maior número de matérias negativas 9%. Essas matérias envolviam denúncias,
declarações negativas de terceiros e decisões desfavoráveis do TSE. Pela análise qualitativa
pode-se inclusive afirmar que Ciro Gomes foi o candidato mais prejudicado pela cobertura
dos telejornais. Esta conclusão não afirma nenhum indício de parcialidade dos veículos.
Durante o 1º turno o candidato Ciro Gomes obteve maior espaço nos dois telejornais -
23% no Jornal Nacional e 25% no Jornal da Record. A análise realizada entre a exposição e o
tom das valências destaca que a incidência de maior espaço nos telejornais nem sempre indica
vantagem, é o que demonstra as valências do candidato que obteve além do maior tempo, o
maior número de matérias negativas.
Os gráficos 1 e 2 do apêndice possibilitam identificar quando as matérias positivas e
negativas sobre o candidato apareceram na mídia. Vale ressaltar que as matérias de maior
destaque nas evoluções de todos os candidatos eram sobre as agendas deles.
Além da agenda, Ciro Gomes teve vinculado a sua imagem, notícias envolvendo seu
vice em corrupção, declarações negativas de terceiros e decisões do TSE desfavoráveis a sua
candidatura. As matérias referentes à agenda tiveram evoluções diárias, enquanto as outras
tiveram evoluções esporádicas. Apesar da pouca evolução diária das matérias envolvendo
denúncias contra o vice de Ciro Gomes, elas foram muito importantes no contexto em que
ocorreram. Surgiram no momento em que ele estava caindo nas pesquisas eleitorais.
As denúncias contra o vice-candidato de Ciro Gomes e outras matérias negativas
surgiram na mídia durante a terceira semana (entre os dias 26 e 31 de agosto), apesar de
terem se concentrado foram passageiras, mas surgiram no exato momento em que Ciro
Gomes começava a despencar nas pesquisas. Em 20 de Agosto, Ciro tinha 26% das intenções
de voto, a partir das semanas seguintes os números do Ibope passaram a indicar quedas
sucessivas (21% 27/08 - 17% 03/09 - 15% 09/09 - 13% 17/09 - 12% 24/09 - 11% 01/10). É
importante ressaltar que é a partir do momento em que a candidatura Ciro Gomes já
demonstrava estar acabada, que as matérias envolvendo Paulinho desapareceram dos
telejornais e não apareceram mais.
As notícias envolvendo as denúncias contra Paulinho e as decisões do TSE tiveram
mais destaque no Jornal Nacional do que no Jornal da Record.
Luís Inácio Lula da Silva foi o segundo presidenciável que mais obteve espaço no JR
teve 23% e no Jornal Nacional 18%.
Os gráficos 7 e 8 do apêndice mostram as matérias que envolviam o candidato. Esses
fatos eram sobre a agenda de campanha, denúncias contra a Prefeitura de Santo André,
declarações negativas de terceiros, decisões do TSE desfavoráveis a sua candidatura e a crise
cambial. No Jornal da Record as notícias envolvendo as denúncias contra a Prefeitura de
Santo André (PT) tiveram muito mais destaque no Jornal da Record do que no Jornal
Nacional. As matérias sobre a corrupção na Prefeitura de Santo André foram as que mais
ficaram na agenda da mídia, durante o período da análise do primeiro turno. No Jornal
Nacional essas matérias percorreram as três primeiras semanas do início da propaganda
eleitoral. As pesquisas eleitorais divulgadas pelo Ibope nas três primeiras semanas mostravam
o candidato do PT com 35% de intenções de votos. No Jornal da Record essas matérias
também evoluíram durante as três primeiras semanas e voltaram a aparecer na penúltima
semana do primeiro turno. Neste período, Lula mostrava crescimento nas pesquisas eleitorais
e possuía 41% das intenções de votos, na semana seguinte alcançou 43%.
O presidenciável José Serra foi o segundo que mais obteve espaço no Jornal Nacional,
ficou com 19% e no Jornal da Record teve 20%.
Os gráficos 5 e 6 do apêndice mostram a evolução das matérias dele. Elas envolviam a
agenda de campanha, denúncias contra seu ex-tesoureiro (Ricardo Sérgio), declarações
negativas de terceiros e decisões do TSE desfavoráveis a sua campanha.
A denúncia envolvendo o ex-tesoureiro de José Serra, Ricardo Sérgio, surgiu na
penúltima semana, entre os dias 16 a 21 de Setembro, momento em que a campanha eleitoral
já estava chegando ao fim. Serra disputava a ida ao segundo turno com Garotinho, que subia
nas pesquisas.
No dia 20 de agosto Serra possuía 11% de intenção de votos, empatado tecnicamente
com Anthony Garotinho – 10%. Com a queda de Ciro, o tucano se consolidou em segundo
nas pesquisas, e chegou ao 2º turno com o adversário Luís Inácio Lula da Silva.
No Jornal Nacional as notícias envolvendo as denúncias tiveram mais destaque do que
no Jornal da Record.
O candidato Anthony Garotinho teve matérias negativas apenas na primeira semana do
início da análise, entre os dias 19 e 24 de agosto. O presidenciável do PSB, começou em
último lugar nas pesquisas, e enquanto Ciro despencava ele foi crescendo, e a partir da
penúltima semana já estava em empate técnico com Serra no 2º lugar.
Ele teve no Jornal Nacional 18% de espaço destinado aos candidatos e no Jornal da
Record 20%. Os gráficos 3 e 4 do Apêndice mostram a evolução das matérias dele.
O ex-governador do RJ teve poucas matérias negativas nos dois telejornais, apenas
duas, ainda durante a primeira semana do período analisado. As matérias eram sobre a decisão
do TSE e uma declaração negativa da Governadora do RJ Benedita da Silva (PT). Foi depois
de Serra, o candidato que mais subiu nas pesquisas eleitorais.
O aspecto geral da análise sobre a evolução das matérias dos presidenciáveis no 1º
turno mostra que os dois telejornais ao apresentarem as matérias consideradas negativas,
respeitaram o critério de escutar as duas partes envolvidas. Os candidatos Serra e Ciro se
defenderam das denúncias chamando-nas de eleitoreiras. As denúncias contra Ricardo Sérgio
saíram dos noticiários, quando o Tribunal Superior arquivou o processo, enquanto as matérias
contra Paulinho desapareceram sem explicação. As matérias referentes às decisões do TSE de
perda de tempo do horário eleitoral dos candidatos apareceram mais no Jornal Nacional, nos
tempos destinados aos candidatos José Serra e Ciro Gomes. Isso indica a disputa acirrada
entre os dois candidatos no horário eleitoral gratuito. As agendas dos candidatos apareceram
sempre que eles tinham compromissos públicos. Apenas o Jornal Nacional realizou
entrevistas com os candidatos no 1º turno. A Rede Record também realizou entrevistas com
os candidatos, mas em outro horário. O candidato Luís Inácio Lula da Silva não participou
dessa entrevista.
As análises envolvendo as pesquisas eleitorais ajudam a reforçar a idéia, de que o peso
das matérias negativas é muito maior conforme o momento em que são noticiadas. A partir
disso é possível afirmar que as matérias sobre o Paulinho vice de Ciro surgiram em um
momento crucial da campanha eleitoral, quando o candidato do PPS travava a maior disputa
das eleições com o candidato governista.
No 2º turno, Luís Inácio Lula da Silva teve 41% de espaço no Jornal Nacional e no
Jornal da Record ficou com 46%, atrás de Serra com 49%.
Os gráficos 9 e 10 do Apêndice mostram que ao contrário do 1º turno, quando a
maioria das matérias envolvendo o candidato Lula no Jornal Nacional e no Jornal da Record
eram quase todas sobre os mesmos assuntos. No 2º turno apenas as agendas e as entrevistas
apareceram nos dois telejornais. As outras matérias tratavam de assuntos diferentes. O JN
destacou as propostas do PT, a crise cambial, e as decisões do TSE, enquanto o JR destacou
declarações de apoio, denúncias contra a Prefeitura de Santo André e os gastos de campanha
do candidato petista. Lula participou apenas de uma das duas entrevistas que o Jornal da
Record promoveu. No JN a matéria negativa que mais teve tempo no 2º turno foi sobre a crise
cambial. E no JR foi sobre as denúncias contra a Prefeitura de Santo André.
É possível verificar que o maior número de matérias sobre o petista no Jornal Nacional
ocorre nas duas primeiras semanas do 2º turno. O mesmo ocorre no Jornal da Record.
José Serra teve no 2º turno, 37% de espaço no Jornal Nacional, atrás de Lula, e no
Jornal da Record teve 49%.
No 2º turno aconteceu com José Serra, o mesmo que ocorreu com as matérias
envolvendo o candidato petista. Os gráficos 11 e 12 do apêndice mostram que apenas as
agendas e as entrevistas apareceram nos dois telejornais. As outras matérias tratavam de
assuntos diferentes. O JN destacou as propostas do PSDB, a crise cambial, e as declarações
negativas, enquanto o JR destacou as declarações de apoio, as decisões favoráveis do TSE e
os gastos de campanha do candidato tucano.
As matérias do 2º turno demonstram a preocupação dos telejornais em não suscitar
temas polêmicos contra os candidatos, as valências negativas são baixas comparadas às
valências do 1º turno.
No 1º turno a crise cambial esteve sempre ligada à subida dos candidatos de esquerda
nas pesquisas eleitorais. A partir do 2º turno o governo também passou a ser ligado à crise.
Em resumo pode-se afirmar que todas as matérias veiculadas pelos dois telejornais
possuem procedência e podem ser enquadradas no conceito de noticiabilidade.
Tanto os tempos dedicados aos candidatos, como a evolução comparativa entre eles e
as matérias, não apontam indícios de parcialidade dos telejornais. As evoluções mostram
coincidentemente, que a maioria das matérias foram veiculadas pelos dois telejornais, o que
reafirma o seu valor notícia.
2.8 PESQUISA ELEITORAL.
As pesquisas eleitorais e a propaganda política mantêm confluência com os temas
debatidos nos telejornais, por isso, vale a pena ressaltar a sua importância no contexto
eleitoral64.
Pesquisa divulgada pelo Ibope dia 20 de Agosto mostrava que Ciro Gomes, candidato
do PPS tinha grande vantagem em relação ao candidato governista 15 pontos os separavam, e
estava bem próximo do candidato petista. Analistas afirmavam que Ciro já podia se
considerar no 2º turno com Lula. Neste mesmo período começava o HGPE, e foi utilizando
este espaço, que o candidato José Serra começou a desconstruir a candidatura de Ciro Gomes
– a partir da imagem dele. Os programas de Serra mostravam cenas em que o candidato do
PPS se mostrava destemperado e agressivo.Veicularam na propaganda eleitoral até um caso
em que Ciro chamava um eleitor de burro.
A campanha contra Ciro no horário eleitoral e nas inserções da televisão começou a
surtir efeito a partir da segunda semana. Ciro despencava de 26 pontos para 21 e Serra subia
de 11 para 17 pontos. Garotinho e Lula oscilavam entre 11 e 35 pontos respectivamente.
No dia 03 de setembro, a pesquisa Ibope já mostrava empate técnico entre Ciro e
Serra, os dois estavam com 17 pontos. Os outros dois candidatos continuavam com os
mesmos números da última pesquisa.
A partir da pesquisa eleitoral do dia 09 de setembro, foi possível identificar nas
eleições novas configurações. O candidato Ciro Gomes continuava em queda livre, mas os
votos de Ciro, que no primeiro momento migravam para José Serra, passaram a migrar para
os outros candidatos. Serra subiu para 19 pontos com qual permaneceu até a passagem para o
64 Os gráficos 13 e 14 no apêndice mostram a evolução dos candidatos nas pesquisas eleitorais.
2º turno. Garotinho subiu respectivamente para 12% 13/09, 13% 24/09 e 16% 01/10. Lula
subiu para 39% 17/09, 41% 24/09 e 43% 01/10, quase vencendo a disputa no 1º turno.
As pesquisas eleitorais do 2º turno apontavam vitória fácil do candidato do PT. Na
primeira pesquisa eleitoral do 2º turno, Lula já estava com 66% dos votos.
2.9 PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA
As campanhas no horário eleitoral gratuito demonstraram o grande poder do marketing
político e a influência da mídia no agendamento das propagandas.
A campanha de José Serra se pautou em esmagar as outras candidaturas, começou
focando o destemperamento do candidato Ciro Gomes. Quando o candidato do PPS
despencava nas pesquisas o tucano mirou para a candidatura petista, e é a partir dos ataques
de José Serra a Lula que é possível notar a influência dos noticiários da mídia no programa
eleitoral de Serra.
Serra foi para o 2º turno, mas as pesquisas mostravam que ele estava muito longe do
candidato petista. A partir do crescimento de Lula e sua possível vitória no 2º turno o
marketing da campanha tucana utilizou as crises em evidências nos noticiários para produzir
sua propaganda eleitoral.
Seguindo o tom “Deus nos acuda”, a campanha do PSDB utilizava os fatos
evidenciados pelos noticiários para passar a imagem de que o PT não estava preparado para
enfrentar as crises atuais.
A campanha petista se mostrava à margem das discussões. Lula havia incorporado o
slogan Lulinha “paz e amor”, e apresentava apenas propostas.
A campanha de Ciro Gomes, o candidato mais prejudicado pelo marketing de Serra,
no início do horário eleitoral procurava apresentar suas propostas, mas com os ataques
constantes e as quedas nas pesquisas também começou a atacar.
A campanha eleitoral de Anthony Garotinho se baseou na apresentação de suas
propostas, do seu desempenho no governo do RJ, sempre que encontrava uma brecha atacava
os outros candidatos. Quando Ciro Gomes já não apresentava mais condições de reagir,
Garotinho começou a pedir os votos dele.
Tanto a campanha eleitoral de Ciro como a de Garotinho não possuía recursos
comparáveis às campanhas milionárias do PT e do PSDB.
O programa eleitoral de José Serra, foi o que mais utilizou fatos em evidência na mídia
e os adequou a sua campanha.
2.10 O DISCURSO DA MÍDIA
O enquadramento do Jornal Nacional e do Jornal da Record através das editorias ajuda
a mostrar as situações sociais, econômicas e política em que vivia o país, durante o período
analisado.
Durante as eleições, a mídia em geral, e principalmente a televisiva, ao mostrar
matérias sobre violência, crise social e econômica refletiu as massas seu cotidiano e seus
problemas. Conforme a teoria da agenda setting, a mídia contribui para a construção da
percepção das massas da realidade.(WOLF,1994)
O enquadramento possibilita encontrar no discurso65 utilizado pela mídia, o seu
entendimento dos fatos e a possível ressonância entre seus discursos e a dos candidatos à
presidência. Conforme a literatura sobre o assunto a ressonância entre o discurso da mídia, o
discurso de um grupo buscando ascensão na arena política e a expectativa do público já
aconteceu em 1994 e em 1998. (PORTO. 2001.id)
Em 1994 o povo brasileiro vivia um clima de otimismo. O Plano Real havia dado
estabilidade para a economia e derrubado a inflação. O então candidato Fernando Henrique
Cardoso capitalizou o sucesso do plano e venceu as eleições ainda no 1º turno. As eleições de
1998 foram marcadas pela manutenção da estabilidade diante das crises internacionais, o que
deu a FHC a condição de se reeleger também no 1º turno. O cenário construído pela mídia no
primeiro momento foi de otimismo com o Plano Real e no segundo foi o de cautela.
(FABRÍCIO,1997: MIGUEL,1999 apud PORTO, 2001. id)
As eleições de 2002 seguiram este mesmo percurso e houve ressonância entre a mídia,
o discurso da esquerda e a expectativa do público. A esquerda acabou sagrando-se vitoriosa.
Após analisar o conteúdo da pesquisa, concluímos que a mídia por mais omissa ou
parcial que pretenda ser, conseguiu durante essas eleições ser reflexo da situação do país e da
65 Sobre a importância do discurso da mídia, a pesquisa de Siune – Borre, e a de Maclure e Paterson destacam a grande influência da agenda da mídia durante as eleições, no agendamento dos temas debatidos e no enquadramento dos candidatos dentro do cenário midiático.
sociedade. Durante o período eleitoral quem ligou a TV e assistiu a qualquer um dos
telejornais, pode vislumbrar o caos social em que atravessava o País. Vale ressaltar, que
apesar de refletir a situação atual do País a mídia continua dominando o processo, mostrando
a realidade a partir do seu ponto de vista.
As principais matérias noticiadas pelos telejornais mostravam a violência, o pânico
crescente do sistema financeiro e a crise mundial. Dentro deste clima caótico motivado pela
realidade brasileira, os quatro principais candidatos lutaram pela Presidência da República. A
plataforma principal do discurso deles era a mudança.
Nessa eleição, todos os candidatos usaram o mesmo discurso, mas o maior beneficiado
com o cenário construído pela mídia foi o candidato Luís Inácio Lula da Silva. O candidato
petista com seu discurso de oposição sempre foi referência de mudança desde a implantação
do Real, ao contrário do candidato José Serra, que apesar de tentar se livrar do fardo
governista acabou ficando com todo o ônus do governo. O Partido Trabalhista colheu o que
vinha plantado há muitos anos com seu discurso de oposição.
A partir do enquadramento, da análise quantitativa dos tempos, das valências e da
evolução das matérias é possível concluir, que todos os grupos utilizaram o mesmo discurso e
conseguiram assegurar na mídia o mesmo equilíbrio e isenção nas matérias. Com o
enfraquecimento do governo, os grupos da oposição alcançaram ascensão pública, e
conseguiram trazer para a arena midiática seus discursos, valores, demandas e interesses.
O cenário construído pela mídia de um Brasil socialmente em crise e economicamente
frágil mostrou a ineficácia do último governo, e ainda contribuiu para respaldar a campanha
do PT, que desde eleições passadas vinha defendendo mudanças. O cenário do País acabou
atingindo desfavoravelmente a candidatura tucana e favorecendo a petista. O então presidente
Fernando Henrique Cardoso teve espaço nos telejornais para defender seu governo, mas
comparada ao discurso dos três candidatos de esquerda, sua defesa passou quase
despercebida, passando mais a impressão de que chorava o leite derramado.
A onda vermelha que atingiu o País nas eleições 2002 foi ressonância entre o discurso
petista e o cenário vivido pelo País, que acabou refletido pela mídia.
Além dos telejornais refletirem o cenário nacional, a análise quantitativa mostra que os
telejornais agiram com equilíbrio e imparcialidade.
A ascensão de novos grupos ao poder possibilitou também um redimensionamento de
espaços na esfera midiática, onde todos os grupos participam. O equilíbrio dos discursos na
mídia facilita a ela cumprir seu papel, a de servir a democracia brasileira.
2.10.1 O discurso de mudança versus discurso neoliberal
O discurso neoliberal66 surgido em 1989 com o candidato Fernando Collor de Mello e
consolidado no país pelo presidente Fernando Henrique Cardoso esteve ofuscado durante as
eleições de 2002. A hegemonia do discurso neoliberal acabou a partir da ascensão do discurso
oposicionista de mudança, pregando o fim do modelo neoliberal e o início do modelo
desenvolvimentista. O fim do discurso foi decretado pela própria candidatura governista, que
sem o apoio da população e com a iminente derrota à vista abandonou o pensamento
neoliberal e passou a integrar o coro, pedindo mudanças. O discurso de mudança do governo
não convenceu a população que decretou o fim do governo tucano. Vale salientar, que o então
presidente FHC apareceu muitas vezes, nos telejornais para defender seu governo, mas nunca
a política econômica. Se ele tentou não houve respaldo da mídia.
O fracasso do modelo neoliberal usado no Brasil durante mais de uma década foi o
principal fator causador da ascensão do novo discurso. Todos os candidatos à presidência,
inclusive o governista prometeram mudar o atual modelo.
A condição de governista fez com que o candidato tucano não conseguisse criar uma
identidade com o pensamento de mudança. Mesmo tendo utilizado o discurso não conseguiu
emplacar sua candidatura. Serra acabou criando uma espécie de simbiose entre mudança e
continuísmo.
Já o candidato petista adotou o tom light67 e conseguiu moldar seu discurso ao pregado
pelo mercado e pela mídia, prometendo mudanças com responsabilidade.
No início da campanha os telejornais deram ressonância ao discurso do mercado. No
2º turno foram cautelosos ao tratar deste assunto e passaram a dar as duas versões para o
problema, a do governo e o da esquerda. Essa eleição ficou marcada, principalmente, pelo
fim do discurso neoliberal e pela ascensão do discurso de mudança. Durante a campanha este
pensamento foi único.
66 Sobre o discurso neoliberal Marcelo B. Câmara afirma:"O fenômeno político eleitoral em que se transformou a eleição de Collor à Presidência, seu processo de impeachment, a construção do imaginário popular com os pressupostos ideológicos do neoliberalismo, a implantação do Plano Real, a candidatura de FHC e seu governo, que contou e conta com uma cobertura específica por parte das grandes empresas de jornalismo, são dados que revelam o caráter da relação entre mídia e política e a construção de uma agenda específica advinda desta relação" (CÂMARA, Marcelo Barbosa. 2002. revista Caros Amigos p.16). 67 O discurso petista durante a eleição, cujo tom light amenizou seu radicalismo histórico encontrou grande vazão em sua campanha. A carta ao povo brasileiro elaborado pelo PT para tranqüilizar o mercado firmava compromissos com a manutenção dos contratos, e afastava qualquer hipótese de moratória, essa carta mostra a nova retórica do discurso petista.
2.10.2 Enquadramento dos candidatos
O enquadramento no Jornal Nacional mostra que a maioria das matérias sobre a
agenda dos presidenciáveis seguia o estilo episódico, ou seja, mostravam as propostas e
opiniões dos candidatos sobre diversos temas.
Através deste enquadramento é possível destacar que a imagem dos candidatos é
aquela mesmo mostrada pelas suas declarações. Eles mesmos as constroem. Todas as
declarações dos candidatos foram equilibradas e defendiam sempre mudanças. Os principais
temas foram sobre emprego, agricultura, economia, educação, segurança e sobre resultados
das pesquisas eleitorais. Este último foi o que mais expôs as candidaturas, já que o candidato
que estivesse mal nas pesquisas, ficava na defensiva se justificando. Neste assunto, o
candidato do PT foi o que levou maior vantagem sobre os outros, pois esteve sempre em
primeiro lugar nas pesquisas. As outras matérias envolvendo denúncias, declarações contra o
candidato, crise cambial e resultados do TSE comuns nos dois telejornais deram uma boa
margem de enquadramento, apesar de terem sido esporádicas.
No Jornal da Record, as matérias sobre a agenda seguem o enquadramento “corrida de
cavalos” onde mostra os ataques e as estratégias da campanha, a imagem dos candidatos que é
realçado leva em conta esses preceitos. Este enfoque ligado mais ao calor das eleições permite
realçar ainda mais as características dos candidatos. Os comentários também seguem o
enquadramento acima.
Os candidatos Serra, Ciro e Garotinho foram os que mais polarizaram a disputa do 1º
turno, se atacaram mutuamente. Essa polarização é decorrente de suas posições nas pesquisas
eleitorais. Conforme o estilo das matérias, a visão que se pode ter desses candidatos é o de
conflito, já que eles sempre aparecem em torno de disputas. O candidato Lula, em primeiro
lugar nas pesquisas, ficou longe de polêmicas, o que lhe ajudou a consolidar a imagem “paz e
amor”. No caso de Lula, Boris Casoy fazia questão de ressaltar com seus comentários a
ambigüidade do discurso petista.
A partir do enquadramento dos dois telejornais é possível afirmar que o candidato Luís
Inácio Lula da Silva passou a imagem de consenso (capacidade de unir forças), preparo (só
apresentou propostas) e de amadurecimento ético (não atacou nenhum candidato). O
enquadramento negativo de Lula ficou por conta do Jornal da Record, em relação aos
comentários de Boris sobre a ambigüidade do discurso petista.
Devido à polarização na disputa pelo segundo lugar nas pesquisas Ciro Gomes esteve
quase sempre ligado a situações polêmicas, disputas e ataques. Ele ficou com a imagem de
truculento. Após declarações infelizes como a que fez sobre o papel de sua mulher (de dormir
com ele) e após chamar um eleitor de burro, Ciro Gomes consolidou uma imagem negativa,
ressaltada pelos adversários. Durante o início das inserções gratuitas na televisão, a campanha
do candidato governista criou um slogan para Ciro que dizia, “Mudança ou problema”.
José Serra atacou e também foi atacado pelos outros candidatos, que sempre faziam
questão de ligá-lo ao governo tucano. Por mais que Serra tenha tentado se distanciar do
governo, acabou ficando com a imagem governista. O candidato também teve sua imagem
ligada a conflitos, principalmente, durante o período em que travou disputa com Ciro Gomes.
Garotinho atacou e foi pouco atacado, apesar de ter atirado para todos os lados, soube
usar em seus ataques tiradas bem humoradas, o que lhe garantia destaque. Com declarações
visando despertar polêmicas, o candidato se mostrou oportunista.
A imparcialidade e o equilíbrio adotado pelos dois telejornais permite afirmar que o
resultado do enquadramento é construído pelas ações e discursos dos próprios candidatos.
2.11 NOTAS CONCLUSIVAS
O propósito central desse trabalho foi o de investigar o comportamento da mídia
televisiva durante o processo eleitoral de 2.002 e verificar seu comprometimento com a
democracia.
Os dados coletados foram analisados de forma quantitativa e qualitativa. A análise
permite afirmar que a editoria de política foi a que obteve mais espaço nos telejornais. As
matérias dessa editoria foram quase todas sobre as eleições, que por sua vez, dedicou mais da
metade do tempo aos quatro principais candidatos.
Os presidenciáveis tiveram tempos equilibrados, apesar da análise quantitativa ter
mostrado que a vantagem dos candidatos não pode ser medida apenas pelo desequilíbrio de
tempo entre eles, deve-se levar em conta também à análise das valências, a evolução das
matérias e o período em que ocorrem, além do conceito de valor notícia. O resultado da
pesquisa possibilita afirmar que todos os grupos tiveram acesso à arena midiática.
As valências e a evolução das matérias mostra que Ciro Gomes foi o candidato que
mais teve matérias negativas e que estas matérias surgem para ele no pior momento possível.
Os outros candidatos mantêm um certo equilíbrio em torno das valências negativas e
positivas, sem se sobressair nenhum fato específico. È necessário afirmar que as matérias
negativas de Ciro Gomes possuem procedência. Em relação aos comentários de Boris Casoy
críticas ao discurso petista, é necessário salientar que a opinião respeita o perfil do telejornal e
tratam de um assunto em voga. De fato era uma situação polêmica, um partido conhecido pelo
seu radicalismo - durante as eleições abaixa o tom e muda o discurso. No 2º turno há bem
poucas valências negativas, o que mostra a preocupação dos telejornais em não suscitarem
temas polêmicos na reta final das eleições.
O enquadramento realizado a partir dos dados empíricos permite ressaltar que o
cenário construído pela mídia, por meio dos noticiários, mostrou a realidade do Brasil. O que
reforçou a imagem da ineficiência do governo, prejudicando o candidato governista e
reforçando o discurso de mudança, cuja bandeira sempre foi levantada pelo PT.
A vitória de Lula reforça a tese de que houve ressonância entre o cenário construído
pela mídia, o discurso petista e a perspectiva do público. Vale ressaltar que o trabalho não
levanta nenhum indício contra a cobertura dos telejornais nesta eleição. Esta consonância
discursiva respeita os preceitos da imparcialidade e do apartidarismo.
Com o enquadramento realizado nas matérias sobre os candidatos foi possível
identificar os estilos dos telejornais em tratar a campanha, enquanto no Jornal Nacional as
matérias são episódicas-temáticas, no Jornal da Record são influenciadas pelo calor das
eleições (corrida de cavalos), onde são realçadas as estratégias das campanhas, e as disputas
entre os candidatos. As evoluções das matérias mostram a confluência entre as pesquisas
eleitorais e o tempo dedicado aos candidatos. As propagandas eleitorais gratuitas mostram a
influência dos temas debatidos na mídia nos discursos do marketing político.
A partir da verificação da objetividade e da imparcialidade na condução das matérias,
é possível destacar que a imagem dos candidatos mostrada nos telejornais é construída por
eles mesmos. Neste caso Lula soube se afastar de polêmicas, realçando sua linha “paz e
amor”. Além de ter conseguido impor na mídia uma imagem ética, ao não atacar nenhum
candidato, e de consenso ao conseguir unir forças. Os outros candidatos que polarizaram as
maiores disputas saíram com imagens negativas. Este foi o caso de Ciro Gomes e de José
Serra – Garotinho soube canalizar em seus ataques à linha humorística, o que mostrou
oportunismo.
Após analisar todas as informações coletadas dos telejornais 10 semanas antes do final
das eleições, concluímos que os telejornais cumpriram sua principal função, que é a de servir
a democracia a partir de sua imparcialidade e objetividade. Conforme relatamos acima não foi
encontrado nenhum indício nas matérias que provasse o contrário. E vale ressaltar que
somente a imparcialidade e a objetividade permitem realçar quatro questões:
- A realidade brasileira foi mostrada pela mídia sem incorrer na omissão ou na
deturpação;
- O tempo dos principais candidatos foi distribuído de forma equilibrada, o que
demonstra a participação de todos os grupos nos debates.
- A análise das valências e as evoluções mostram, que as matérias negativas envolvendo
os candidatos seguiram os acontecimentos, foram abordados pelos dois telejornais
demonstrando o valor notícia, possuíam procedência, e levaram em conta à defesa de todos os
envolvidos;
- Ao tratar de temas sobre os candidatos de maneira imparcial permitiu a eles
construírem a própria imagem.
O resultado final da pesquisa permite concluir que a mídia brasileira, no que diz
respeito às eleições de 2002, cumpriu sua função principal, respeitando o público e a
democracia. A partir desse resultado é possível ter perspectivas positivas quanto à evolução
de nossa democracia.
2.12 APÊNDICES: TABELAS E GRÁFICOS
Tabelas Tabela 1 – DIVISÃO DO JORNAL NACIONAL POR EDITORIAS.................................................................67 Tabela 2 – DIVISÃO DO JORNAL DA RECORD POR EDITORIAS...............................................................67 Tabela 3 – MANCHETES.....................................................................................................................................68 Tabela 4 - DESTAQUE DO JN NO 1º TURNO..................................................................................................68 Tabela 5 - DESTAQUE DO JR NO 1º TURNO..................................................................................................68 Tabela 6 - DESTAQUE DO JN NO 2º TURNO..................................................................................................68 Tabela 7 - DESTAQUE DO JR NO 2º TURNO..................................................................................................68 Tabela 8 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN NO 1º TURNO......................................................................69 Tabela 9 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JR NO 1º TURNO......................................................................69 Tabela 10 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN NO 2º TURNO....................................................................69 Tabela 11 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JR NO 2º TURNO....................................................................69 Tabela 12 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN......................................................................................69 Tabela 13 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JR......................................................................................70 Tabela 14 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN – 2º TURNO................................................................70 Tabela 15 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JR – 2º TURNO................................................................70 Tabela 16 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS ESTADUAIS – 1º TURNO..................................................70 Tabela 17 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS ESTADUAIS – 1º TURNO..................................................70 Tabela 18 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS ESTADUAIS- 2º TURNO.....................................................71 Tabela 19 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS ESTADUAIS- 2º TURNO.....................................................71 Tabela 20 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS DIVERSOS – 1º TURNO.....................................................71 Tabela 21 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS DIVERSOS - 1º TURNO......................................................71 Tabela 22 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS DIVERSOS – 2º TURNO.....................................................72 Tabela 23 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS DIVERSOS – 2º TURNO.....................................................72 Gráficos GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE CIRO GOMES NO JN 1º TURNO...................................72 GRÁFICO 2 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE CIRO GOMES NO JR 1º TURNO...................................73 GRÁFICO 3 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE ANTHONY GAROTINHO NO JN 1º TURNO...............73 GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE ANTHONY GAROTINHO NO JR 1º TURNO...............74 GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JN 1º TURNO....................................74 GRÁFICO 6 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JR 1º TURNO....................................75 GRÁFICO 7 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JN 1º TURNO................................................75 GRÁFICO 8 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JR 1º TURNO................................................76 GRÁFICO 9 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JN 2º TURNO................................................76 GRÁFICO 10 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JR 2º TURNO..............................................77 GRÁFICO 11 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JN 2º TURNO.................................77 GRÁFICO 12 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JN 2º TURNO.................................78 GRÁFICO 13 – EVOLUÇÃO DA PESQUISA IBOPE NO 1º TURNO............................................................78 GRÁFICO 14 – EVOLUÇÃO DA PESQUISA IBOPE NO 2º TURNO............................................................79
2.12.1 Tabelas
Tabela 1 – DIVISÃO DO JORNAL NACIONAL POR EDITORIAS
EDITORIAS MINUTOS SEGUNDOS % Nº MATÉRIAS
1º POLÍTICA 594:37:00 35677 39% 578
2º INTERNACIONAL 177:54:00 10674 12% 199
3º SEGURANÇA 172:30:00 10350 11% 130
4º GERAL 155:06:00 9306 10% 165
5º ECONOMIA 106:28:00 6388 7% 139
6º ESPORTE 76:17:00 4577 5% 92
7º EDUCAÇÃO 69:49:00 4189 5% 24
8º SAÚDE 43:23:00 2603 3% 23
9º CHAMADAS 34:18:00 2058 2% 68
10º MANCHETES 33:29:00 2009 2% 0
11º PASSAGEM BLOCO 27:18:00 1638 2% 0
12º CULTURA 9:12:00 552 1% 6
13º COMENTÁRIOS 7:02:00 422 0% 9
TOTAL 1507:23:00 90443 100% 1433
Tabela 2 – DIVISÃO DO JORNAL DA RECORD POR EDITORIAS
EDITORIAS MINUTOS SEGUNDOS % Nº MATÉRIAS
1º POLÍTICA 649:01:00 38941 30% 525 2º COMENTÁRIOS 302:20:00 18140 14% 399 3º INTERNACIONAL 251:59:00 15119 12% 293 4º SEGURANÇA 237:48:00 14268 11% 285 5º GERAL 192:31:00 11551 9% 154 6º ECONOMIA 132:31:00 7951 6% 186 7º ESPORTE 111:25:00 6685 5% 140 8º SAÚDE 67:35:00 4055 3% 31 9º CULTURA 54:10:00 3250 3% 22 10º CHAMADAS 49:29:00 2969 2% 54 11º MANCHETES 45:40:00 2740 2% 0 12º PASSAGEM DE BLOCOS 36:36:00 2196 2% 0
13º EDUCAÇÃO 13:11 791 1% 7
TOTAL 2142:02:00 128522 100% 2096
Tabela 3 – MANCHETES
Manchetes Jornal Nacional Jornal da Record
INTERNACIONAL 80 96
POLÍTICA 65 102
ECONOMIA 56 85
SEGURANÇA 55 45
GERAL 49 26
ESPORTE 36 35
SAÚDE 11 8
EDUCAÇÃO 5 0
CULTURA 0 1
Totais inserções: 357 398
Tabela 4 - DESTAQUE DO JN NO 1º TURNO ELEIÇÕES MINUTOS SEGUNDOS % ELEIÇÕES 2002 342:26:00 20546 91% FHC 18:35:00 1115 5%
ASSUNTOS DIVERSOS 13:41:00 821 4%
374:42:00 22482 100% Tabela 5 - DESTAQUE DO JR NO 1º TURNO ELEIÇÕES MINUTOS SEGUNDOS % ELEIÇÕES 2002 362:13:00 21733 85% FHC 32:42:00 1962 8%
ASSUNTOS DIVERSOS 28:51:00 1731 7%
TOTAL 423:46:00 25426 100% Tabela 6 - DESTAQUE DO JN NO 2º TURNO
ELEIÇÕES MINUTOS SEGUNDOS % ELEIÇÕES 2002 207:36:00 12456 95% FHC 9:05:00 545 4%
ASSUNTOS DIVERSOS 3:14:00 194 1%
219:55:00 13195 100% Tabela 7 - DESTAQUE DO JR NO 2º TURNO ELEIÇÕES MINUTOS SEGUNDOS % ELEIÇÕES 2002 188:42:00 11322 84% FHC 19:03:00 1143 8%
ASSUNTOS DIVERSOS 17:30:00 1050 8%
TOTAL 225:15:00 13515 100%
Tabela 8 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN NO 1º TURNO PRINCIPAIS ASSUNTOS DA EDITORIA MINUTOS SEGUNDOS % MATÉRIAS SOBRE OS CANDIDATOS 252:24:00 15144 67% ELEIÇÕES 2002 47:13:00 2833 13% ELEIÇÕES ESTADUAIS 42:49:00 2569 11% FHC 18:35:00 1115 5%
ASSUNTOS DIVERSOS 13:41:00 821 4%
374:42:00 22482 100% Tabela 9 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JR NO 1º TURNO PRINCIPAIS ASSUNTOS DA EDITORIA MINUTOS SEGUNDOS % MATÉRIAS SOBRE OS CANDIDATOS 254:40:00 15280 60% ELEIÇÕES ESTADUAIS 68:32:00 4112 16% ELEIÇÕES 2002 39:01:00 2341 9% FHC 32:42:00 1962 8%
ASSUNTOS DIVERSOS 28:51:00 1731 7%
423:46:00 25426 100%
Tabela 10 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JN NO 2º TURNO
DIVISÃO EM ASSUNTOS MINUTOS SEGUNDOS %
MATÉRIAS SOBRE OS CANDIDATOS 115:43:00 6943 53% ELEIÇÕES 2002 49:48:00 2988 23% ELEIÇÃO ESTADUAL 42:05:00 2525 19% FHC 9:05:00 545 4%
ASSUNTOS DIVERSOS 3:14:00 194 1%
219:55:00 13195 100% Tabela 11 - ASSUNTOS DE DESTAQUE DO JR NO 2º TURNO
DIVISÃO EM ASSUNTOS MINUTOS SEGUNDOS %
MATÉRIAS SOBRE OS CANDIDATOS 115:42:00 6942 51% ELEIÇÃO ESTADUAL 53:20:00 3200 24% ELEIÇÕES 2002 19:40:00 1180 9% FHC 19:03:00 1143 8%
ASSUNTOS DIVERSOS 17:30:00 1050 8%
225:15:00 13515 100% Tabela 12 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN – 1º TURNO PRESIDENCIÁVEIS MINUTOS SEGUNDOS % CIRO GOMES 60:53:00 3653 23% MATÉRIAS QUE CITAM TODOS OS CANDIDATOS 51:50:00 3110 21% JOSÉ SERRA 46:54:00 2814 19% ANTHONY GAROTINHO 44:54:00 2694 18% LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA 43:20:00 2600 17% RUI C. PIMENTA 02:32 152 1% JOSÉ MARIA 02:01 121 1% 252:24:00 15144 100%
Tabela 13 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JR – 1º TURNO
PRESIDENCIÁVEIS MINUTOS SEGUNDOS % CIRO GOMES 63:51:00 3831 25% LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA 58:39:00 3519 23% ANTHONY GAROTINHO 51:46:00 3106 20% JOSÉ SERRA 50:51:00 3051 20%
MATÉRIAS QUE CITAM TODOS OS CANDIDATOS 29:33:00 1773 12%
254:40:00 15280 100%
Tabela 14 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JN – 2º TURNO PRESIDENCIÁVEIS MINUTOS SEGUNDOS % Lula 47:40:00 2860 41% Serra 42:46:00 2566 37% Todos 25:17:00 1517 22%
115:43:00 6943 100% Tabela 15 - DESTAQUE DOS CANDIDATOS NO JR – 2º TURNO
PRESIDENCIÁVEIS MINUTOS SEGUNDOS % Serra 56:53:00 3413 49% Lula 52:58:00 3178 46% Todos 5:51:00 351 5%
115:42:00 6942 100 Tabela 16 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS ESTADUAIS – 1º TURNO ELEIÇÕES ESTADUAIS MINUTOS SEGUNDOS % PESQUISAS ESTADUAIS 29:58:00 1798 71% JADER BARBALHO PMDB 4:46:00 286 11% JORGE VIANA PT 3:38:00 218 8% BENEDITA DA SILVA PT 2:36:00 156 6% SIMÃO JATENE PSDB 0:57:00 57 2% JOAQUIM RORIZ PMDB 0:34:00 34 1% FERNANDO MORAIS PMDB 0:20:00 20 1%
42:49:00 2569 100% Tabela 17 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS ESTADUAIS – 1º TURNO
ELEIÇÕES ESTADUAIS MINUTOS SEGUNDOS % PESQUISAS ESTADUAIS 29:51:00 1791 47% MATÉRIAS DIVERSAS 7:59:00 479 13% JOAQUIM RORIZ (PMDB) 7:52:00 472 12% JADER BARBALHO 6:39:00 399 10% DEBATE ESTADUAL 4:48:00 288 7% MALUF 2:40:00 160 4% SIMÃO JATENE (PSDB) 2:00:00 120 3% PERSONAGENS DIVERSOS 2:17:00 137 4%
6:57:00 3846 100%
Tabela 18 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS ESTADUAIS- 2º TURNO
ELEIÇÃO ESTADUAL MINUTOS SEGUNDOS % DISPUTAS NOS ESTADOS. 19:43:00 1183 47% PESQUISA ESTADUAL 11:29:00 689 27% JOAQUIM RORIZ (PMDB) 5:29:00 329 13% DEBATE ESTADUAL 2:15:00 135 5% RONIVON SANTIAGO 1:32:00 92 4% COMPRA DE VOTOS 1:31:00 91 4% JADER BARBALHO 0:06:00 6 0%
42:05:00 2525 100% Tabela 19 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS ESTADUAIS- 2º TURNO
ELEIÇÃO ESTADUAL MINUTOS SEGUNDOS % DISPUTAS NO ESTADOS 20:54:00 1254 35% PESQUISA ESTADUAL 15:07:00 907 28% DEBATE ESTADUAL 5:45:00 345 11% JOAQUIM RORIZ (PMDB) 3:11:00 191 6% RONIVON SANTIAGO 3:06:00 186 6% PERSONAGENS DIVERSOS 2:45:00 165 5% GERALDO MAGELA 1:21:00 81 3%
AÉCIO 1:11:00 71 2%
53:20:00 3200 100% Tabela 20 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS DIVERSOS – 1º TURNO ASSUNTOS DIVERSOS MINUTOS SEGUNDOS % MST 4:35:00 275 33% DENÚNCIAS 1:46:00 106 13% JK 1:40:00 100 12% CORRUPÇÃO 1:37:00 97 12% FLEURI FILHO 1:05:00 65 8% ARTHUR TOURINHO 0:37:00 37 5% CONGRESSO 0:28:00 28 3% REVERENDO MOON 0:25:00 25 3% RONALDO CUNHA LIMA 0:25:00 25 3% SUPLICY 0:25:00 25 3% JOSÉ INÁCIO 0:23:00 23 3% REGIME MILITAR 0:15:00 15 2%
13:41:00 821 100% Tabela 21 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS DIVERSOS - 1º TURNO ASSUNTOS DIVERSOS MINUTOS SEGUNDOS % PLANO DIRETOR DE SP 10:44:00 644 37% CONGRESSO 8:44:00 524 30% LUÍS ESTEVÃO 4:00:00 240 14%
JK 1:48:00 108 6% MST 1:25:00 85 5% CORRUPÇÃO 1:10:00 70 4%
RONALDO CUNHA LIMA 1:00:00 60 4%
28:51:00 1731 100%
Tabela 22 - DIVISÃO NO JN DOS ASSUNTOS DIVERSOS – 2º TURNO
ASSUNTOS DIVERSOS MINUTOS SEGUNDOS % CONGRESSO 1:59:00 119 61% ROSEANA SARNEY 0:44:00 44 23% MINISTÉRIOS 0:31:00 31 16%
3:14:00 194 100% Tabela 23 - DIVISÃO NO JR DOS ASSUNTOS DIVERSOS – 2º TURNO
ASSUNTOS DIVERSOS MINUTOS SEGUNDOS % CONGRESSO 5:08:00 308 29% CPI COMBUSTIVEIS 5:07:00 307 29% PREFEITURA DE SP. 2:12:00 132 13% ORÇAMENTO 2003 1:42:00 102 10% GORORRAMA 1:06:00 66 6% JOÃO C. B. CAPPITA 0:51:00 51 5% ROSEANA SARNEY 0:42:00 42 4% MEDIDA PROVISÓRIA 0:24:00 24 2%
EDUARDO SUPLICY 0:18:00 18 2%
17:30:00 1050 100%
2.12.2 Gráficos
GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE CIRO GOMES NO JN 1º TURNO
Evolução das matérias do candidato Ciro Gomes no Jo rnal Nacional
0
100
200
300
400
500
600
700
800
AGENDA CIRO 352 157 212 240 209 253 440
DENUNCIA CONTRA PAULINHO 0 0 719 24 0 0 0
ENTREVISTA 0 0 0 0 0 701 0
DECISÕES NEGATIVAS DO TSE 0 63 136 30 0 24 0
PROPOSTAS 0 42 18 0 0 0 0
DECLARAÇÕES NEGATIVAS 0 0 0 0 33 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 2 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE CIRO GOMES NO JR 1º TURNO
Evolução das matérias do candidato Ciro Gomes no Jo rnal da Record
0
100
200
300
400
500
600
AGENDA CIRO 551 425 524 467 368 432 385
DENUNCIA CONTRA PAULINHO 0 0 434 0 0 0 0
DECLARAÇÕES CONTRA CIRO 0 0 132 0 13 0 0
DECISÃO NEGATIVA DO TSE 80 0 20 0 0 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 3 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE ANTHONY GAROTINHO NO JN 1º
TURNO
Evolução das matérias do candidato Anthony Garotinh o no Jornal Nacional
0
100
200
300
400
500
600
700
AGENDA GAROTINHO 299 187 213 248 246 138 461
ENTREVISTA 0 0 0 0 0 623 0
DECLARAÇÕES NEGATIVAS 279 0 0 0 0 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE ANTHONY GAROTINHO NO JR 1º
TURNO
Evolução das matérias do candidato Anthony Garotinh o no Jornal da Record
0
100
200
300
400
500
600
AGENDA GAROTINHO 473 316 519 470 469 378 446
DECISÃO DO TSE CONTRAGAROTINHO
35 0 0 0 0 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JN 1º TURNO
Evolução das matérias do candidato José Serra no Jo rnal Nacional
0
100
200
300
400
500
600
700
AGENDA SERRA 325 172 158 188 214 108 466
ENTREVISTA 0 0 0 0 0 654 0
DENÚNCIAS ENVOLVENDO OCANDIDATO (CASO RICARDO SÉRGIO)
0 0 0 0 220 56 0
DECLARAÇÕES NEGATIVAS 129 0 0 0 0 0 0
DECISÕES NEGATIVAS DO TSE 0 0 14 28 25 0 35
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 6 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JR 1º TURNO
Evolução das matérias do candidato José Serra no Jo rnal da Record
0
100
200
300
400
500
600
AGENDA SERRA 514 442 369 377 462 315 380
DENÚNCIAS ENVOLVENDO OCANDIDATO (CASO RICARDO SÉRGIO)
0 0 0 0 135 0 0
DECLARAÇÕES CONTRA SERRA 0 0 57 0 0 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 7 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JN 1º TURNO
Evolução das matérias do candidato Luís Inácio Lula da Silva no Jornal Nacional
0
100
200
300
400
500
600
700
AGENDA LULA 325 205 169 248 254 129 463
ENTREVISTA 0 0 0 0 0 661 0
DENUNCIA CONTRA O PT (SANTOANDRÉ)
80 40 26 0 0 0 0
CRISE CAMBIAL 0 0 0 0 22 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 8 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JR 1º TURNO
Evolução das matérias do candidato Luís Inácio Lula da Silva no Jornal da Record
0
100
200
300
400
500
600
AGENDA LULA 490 294 346 435 417 386 382
DENÚNCIA CONTRA O PT (SANTOANDRÉ)
270 100 85 0 0 230 0
DECISÃO DO TSE CONTRA LULA 84 0 0 0 0 0 0
19 à 24 de agosto
26 à 31 de agosto
02 à 07 de setembro
09 à 14 de Setembro
16 à 21 de Setembro
23 à 28 de setembro
30 à 05 de outubro
segundos
GRÁFICO 9 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JN 2º TURNO
Evolução das matérias do candidato Luís Inácio Lula da Silva no JN - 2º turno
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
AGENDA LULA 799 457 569
ENTREVISTA LULA 110 498 0
PROPOSTAS DO PT 174 100 0
CRISE CAMBIAL - NEGATIVA 96 60 0
CRISE CAMBIAL - POSITIVA 22 0 0
DECISÃO NEGATIVA DO TSE CONTRALULA
0 20 0
07/10 à 12/10 14/10 à 19/10 21/10 à 26/10
segundos
GRÁFICO 10 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE LULA NO JR 2º TURNO
Evolução das matérias do candidato Luís Inácio Lula da Silva no JR - 2º turno
0
100
200
300
400
500
600
700
800
AGENDA LULA 735 519 717
ENTREVISTA 692 0 0
DENÚNCIA CONTRA O PT (SANTOANDRÉ)
0 67 0
GASTOS DE CAMPANHA LULA 0 21 0
07/10 à 12/10 14/10 à 19/10 21/10 à 26/10
segundos
GRÁFICO 11 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JN 2º TURNO
Evolução das matérias do candidato José Serra no JN - 2º turno
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
AGENDA SERRA 808 450 557
ENTREVISTA SERRA 108 460 27
PROPOSTAS DO PSDB 0 60 0
CRISE CAMBIAL - NEGATIVA 0 43 0
DECLARAÇÕES NEGATIVAS DAVENEZUELA
0 8 0
07/10 à 12/10 14/10 à 19/10 21/10 à 26/10
segundos
GRÁFICO 12 – EVOLUÇÃO DAS MATÉRIAS DE JOSÉ SERRA NO JN 2º TURNO
Evolução das matérias do candidato José Serra no JR - 2º turno
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
AGENDA SERRA 568 809 379
ENTREVISTA 693 0 675
DECLARAÇÕES POSITIVAS 200 0 0
TSE A FAVOR DE SERRA 0 71 0
GASTOS DE CAMPANHA SERRA 0 18 0
07/10 à 12/10 14/10 à 19/10 21/10 à 26/10
segundos
GRÁFICO 13 – EVOLUÇÃO DA PESQUISA IBOPE NO 1º TURNO
Evolução dos candidatos na pesquisa Ibope
35 35 35
3941 41
43
11
17 1719 19
1819
26
21
1715
12 1211
1011 11
1213
1516
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
LULA 35 35 35 39 41 41 43
SERRA 11 17 17 19 19 18 19
CIRO GOMES 26 21 17 15 12 12 11
GAROTINHO 10 11 11 12 13 15 16
20/08/02 27/08/02 03/09/02 09/09/02 17/09/02 24/09/02 01/10/02
GRÁFICO 14 – EVOLUÇÃO DA PESQUISA IBOPE NO 2º TURNO
Evolução dos candidatos na pesquisa Ibope 2º turno
65%66%
35%34%
0
10
20
30
40
50
60
70
LULA 66 65
SERRA 34 35
15/10/02 22/10/02
2.13 BIBLIOGRAFIA
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2.14 ANEXOS