a companhia de jesus e os Índios na capitania do … · cada levantamento, fichamento, resenha,...
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Departamento de História
A COMPANHIA DE JESUS E OS ÍNDIOS NA CAPITANIA DO RIO DE
JANEIRO – SÉCULOS XVI, XVII E XVIII.
Aluno(a): Heloísa de Souza Vitorino Paúra (PIBIC) e Aline de Souza Araújo
Orientador(a): Eunícia Barros Barcelos Fernandes
Introdução:
O objetivo da pesquisa é investigar a atuação da Companhia de Jesus na Capitania do
Rio de Janeiro (criada em 1565) até a sua expulsão em 1759, principalmente em sua relação
com os índios. Para isso, são levantados e produzidos materiais que versam sobre o assunto,
portanto, temos atividades como levantamentos documentais e bibliográficos, fichamentos,
resenhas, artigos, cronologias, verbetes, além deapresentações orais, leituras e discussões de
textos que sejam relevantes para o coletivo do grupo. Também há a administração do blog de
divulgação (www.acompanhiadejesuseosindios.wordpress.com) e do grupo virtual de pesquisa.
Existente desde 2008, a pesquisa está em fase de encerramento, sendo eu a última pesquisadora
de IC.
Metodologia – a pesquisa como prática
Na perspectiva geral, pretende-se pensar os papéis dos colonizadores jesuítas, dos
colonos moradores e dos colonizados indígenas no processo de ocupação da capitania, o que é
feito, principalmente, através da identificação e sistematização de documentos do período.
Busca-se também demonstrar as relações sociais e culturais entre índios e jesuítas, ondeo
processo colonizador, apesar de se apresentar como uma relação assimétrica, revela o índio
como sujeito histórico.
Como atividade coletiva no período tratado, foi realizada a leitura crítica do texto
“Índios e missionários no Brasil para uma teoria da mediação cultural” de Paula Montero,
constante da obra Deus na aldeia organizada pela autora. Nele, Montero busca pensara
negociação cultural entre religiosos e indígenas, por meio do conceito de mediação, articulando
de modo intenso a construção da alteridade. Esta leitura nos permitiu entender que a mediação
produz conexões de sentido, supõe o outro, traz consigo intenções, e deve ser historicizada,
intensificando a crítica contra um conceito essencializado de cultura.
Como atividade individual, realizei o fichamento do artigo “Duplicados clamores”
Queixas e rebeliões na Amazônia colonial (século XVII)” de Rafael Chambouleyron, ondeo
autor examina duas revoltas ocorridas no antigo Estado do Maranhão, em 1661 (São Luís do
Maranhão) e 1684 (Belém do Pará), levando à expulsão dos jesuítas. Os dois levantes revelam
as contradições do processo colonial e como a população portuguesa percebia as políticas da
Coroa para o desenvolvimento do Estado.
Como atividade individual também realizei resenha da tese de mestrado da UFPB/CE
de 2006: A representação sobre os índios nos livros didáticos de História do Brasil de
Nayana Rodrigues Cordeiro Mariano, que busca analisar a imagem construída sobre os
índios nos livros didáticos, especificamente em História do Brasil. De acordo com a autora,
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apesar de algumas propostas interessantes, os povos indígenas continuam sendo
apresentados de forma etnocêntrica, efêmera, e sempre em função da ação e dos valores do
colonizador. Valorizo a iniciativa da autora, mas os anteriores trabalhos realizados por mim
na pesquisa permitiram o desenvolvimento de crítica quanto aos procedimentos da autora na
dissertação, entendendo que seria um anacronismo, da parte da autora, comparar os manuais
escolares do final do século XIX, com os livros didáticos do final do século XX, sendo os
mesmos, duas categorias literárias diferentes, produzidas em tempos e em contextos
históricos singulares.
Também realizei um verbete sobre João Lúcio Azevedo, historiador português que no
século XIX emigrou para o Brasil, dedicando-se a estudar os jesuítas e sua ação no Pará e, ao
marquês de Pombal. Logo sua produção foi reconhecida, como relevante, pelo Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Observo que a produção de verbete pressupôs
investigação biográfica e acadêmica sobre o historiador.
Durante o segundo semestre, iniciei um levantamento documental na Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro, focando documentos sobre Martim Correa de Sádurante os
séculos XVI e XVII. A escolha derivou da identificação, através da pesquisa, que os
vínculos genéricos da família Sá com a Companhia de Jesus se materializam fortemente
neste personagem através da preação de índios e da aliança com o jesuíta Francisco Carneiro
para o descimento de indígenas em vista da defesa da cidade do Rio de Janeiro, portanto, sua
atividade enquanto bandeirante e governador da capitania do Rio de Janeiro, tem toda
importância em meio ao processo colonial e sobretudo nas relações que mantinha com os
padres da Companhia de Jesus. Observo que Martim Correa de Sá já havia sido pesquisado
por outras pesquisadoras, mas não de forma exaustiva, havendo, portanto, material a ser
consultado, e essa imersão na Biblioteca Nacional tem sido inspiradora.
Também durante o segundo semestre, realizei um levantamento de teses acerca dos
indígenas, realizadas nos Departamentos de Pós-graduações da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Tal atividade me fez perceber o quanto a temática indígena ainda
é pouco pesquisada no mundo acadêmico, ficando assim restrita em sua maioria aos
departamentos de História, Letras, Arte e Design e Educação.
Conclusão:
Em meu tempo dedicado à pesquisa pude aprender mais sobre o ofício do
historiador e sua prática. Pesquisar requer responsabilidade, organização, persistência,
compromisso, coragem e obstinação. Cada levantamento, fichamento, resenha, enfim,
cada atividade vem fazendo toda diferença no processo de aprendizagem acadêmica, e
tem me garantido maior qualificação para a realização de minha pesquisa de monografia
que versará sobre a representação dos indígenas nos livros didáticos.
Bibliografia:
BASTOS, Ana Luiza Marques. ‘O historiador luso-brasileiro João Lúcio de Azevedo
(1855-1933)’. In: De colonos a imigrantes - I(E)migração portuguesa para o Brasil.
Departamento de História
São Paulo: Alameda, pp 271-276, 2013. Disponível em
http://pt.slideshare.net/joaotcarreira/de-colonos-a-imigrantes
CHAMBOULEYRON, Rafael. “Duplicados clamores” Queixas e rebeliões na
Amazônia colonial (século XVII). Projeto História, São Paulo, n.33, p. 19-178, dez.
2006.
FILHO, Virgílio Corrêa. ‘João Lúcio Azevedo - Historiador luso-brasileiro’. Revista de
História, Sistema Integrados de Bibliotecas - Universidade de São Paulo, V. 11, nº 24,
1955. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/36483
MARIANO, Nayana Rodrigues Cordeiro. A representação sobre os índios nos livros
didáticos de História do Brasil. Dissertação (Mestrado) - UFPB/CE - João Pessoa,
2006, 109p.
MONTERO, Paula (Org.). Índios e missionários no Brasil para uma teoria da mediação
cultura. In: Deus na Aldeia: Missionários, índios e mediação cultural. São Paulo:
Editora Globo,
PÉCORA, Alcir. Retórica de uma biografia: Padre Antônio vieira por João Lúcio de
Azevedo. Revista Chilena de Literatura, UNICAMP, nº 85, PP 271-292, 2013.
Disponível em
www.revistaliteratura.uchile.cl/index.php/RCL/article/download/.../31960
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ANEXO 1
Fichamento
(2014.2)
Obra:
CHAMBOULEYRON, Rafael. “Duplicados clamores” Queixas e rebeliões na
Amazônia colonial (século XVII). Projeto História, São Paulo, n.33, p. 19-178, dez.
2006.
Lugar de fala do autor:
Rafael possui Graduação em História pela Universidade Estadual de Campinas
(1991), Mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (1994) e
Doutorado em História pela Universityof Cambridge (2005). Atualmente é Professor
Adjunto da Universidade Federal do Pará, atuando no curso de graduação em História e
no Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia. Tem experiência na
área de História, com ênfase em História Social da Amazônia, atuando principalmente
nos seguintes temas: 1) território, ocupação e povoamento da Amazônia colonial; 2)
natureza, economia e trabalho na Amazônia colonial; 3) século XVII e primeira metade
do século XVIII.
Resumo:
No artigo “Duplicados clamores” Queixas e rebeliões na Amazônia colonial
(século XVII), o autor examina duas revoltas ocorridas no antigo Estado do Maranhão,
região que corresponde, aproximadamente, à atual Amazônia brasileira, em 1661 (São
Luís do Maranhão) e 1684 (Belém do Pará), levando a expulsão dos jesuítas. Os dois
levantes revelam as contradições do processo colonial e como a população portuguesa
percebia as políticas da Coroa para o desenvolvimento do Estado. A partir disso, o autor
busca entender as razões que fundamentaram e legitimaram as revoltas contra os
religiosos da Companhia de Jesus e as autoridades coloniais.
Conteúdo:
O autor inicia seu trabalho dando a quem o lê, um panorama geral da
organização territorial, econômica e política daquela região, que no século XVII se
entendia como Estado do Maranhão, onde de forma singular, era administrado
separadamente e independente do Estado do Brasil.
“(...) Marcado pela importância da mão-de-obra indígena e por uma economia na
qual se interconectavam atividades extrativas (principalmente a coleta das
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chamadas drogas do sertão) e a lavoura (sobretudo de açúcar, tabaco, cacau e
farinha), o Maranhão teve, nos problemas de aquisição e controle dos
trabalhadores indígenas – livres ou escravos –, uma constante fonte de
problemas. (...)” (pp 160)
1661. Violências sacrileges
A partir daí Rafael busca explicar como se deu o levante em São Luís, na
medida do possível em seus por menores. Aquela revolta forjada pelos vereadores da
Câmara, com a participação efetiva do povo enfurecido, tinha como objetivo principal,
levar os jesuítas â assinar um termo abrindo mão de seus poderes temporais sobre as
aldeias dos índios livres. Após dois meses, o levante se espalha chegando às capitanias
do Pará, onde a população seguindo ao colégio de Santo Alexandre, detém o Padre
Antônio Vieira, na época superior das missões, prendendo-o na capela de São João
Batista. Em Belém, outros padres foram presos, apesar de alguns escaparem. Logo em
seguida, Antônio Vieira é enviado à São Luís, e depois embarcado para Lisboa,
proibido de retornar ao Maranhão.
De acordo com o autor, o processo de levante “do povo e Câmara de Belém”, se
deu de forma mais lenta em meio a tensões e negociações, entre os padres da
Companhia e a população local. Apesar da interferência de Vieira, tentando persuadir a
Câmara a não ceder aos alvoroços do povo do Maranhão e, depois de uma representação
escrita onde buscava argumentar acerca dos tumultos, recebendo logo em seguida uma
réplica da Câmara, o governador Rui Vaz de Siqueira, que chegou em março de 1662,
acaba com os conflitos dando perdão aos rebeldes e vetando a partida das embarcações
com os religiosos presos no Pará, afim de restitui-los à sua igreja no Maranhão. Em
1663, aquele perdão é confirmado pelo rei, contudo no mesmo dia o soberano assinaria
uma lei que revoaria o poder temporal dos padres sobre os índios.
1684. O governo do povo
De acordo com o autor, em 1684 o levante que teve como líder o morador
Manuel Beckmam, se mostra um tanto singular, pois tem como alvo não só os jesuítas,
como também o governador Francisco de Sá e Meneses e, o monopólio comercial
conhecido como estanco, além das leis de 1680 que determinavam a liberdade dos
índios do Estado do Maranhão. Insuflados por seu líder, os rebeldes tomam a cidade de
São Luís controlando a casa do estanco e, se organizam em forma de Três Estados
(nobreza, clero e o povo) perante a Câmara, afim de assumir o governo.
Aquele governo decreta a abolição do estanco, nega a obediência ao governador
depondo o capitão-mor do Maranhão e, a expulsão os jesuítas. Sua intenção era
convencer outras capitanias do Estado a se juntarem naquela insurgência.
Argumentavam que toda a miséria do Estado se dava por conta do estanco e dos padres
da Companhia. Contudo, as Câmaras da Tapuitapera e do Pará não aderiram ao levante,
enquanto que Belém via no governo a melhor forma de combater tanto o estanco quanto
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aos jesuítas, além de se mostrar mais cautelosa sobre o ocorrido. De qualquer forma
aquelas queixas se desdobravam por todo o Estado.
“Em janeiro de 1685, por exemplo, quando São Luís ainda estava em poder dos
revoltosos, o capitão-mor do Pará, Marçal Nunes da Costa, escrevia uma carta ao
soberano, queixando-se das “misérias” que o povo do Pará sofria com a
introdução do estanco (pela falta de navios) e pela proibição de escravização dos
índios.” (pp 166)
Aos poucos o levante se esfriou, não havendo resistência a chegada de um novo
governador (Gomes Freire de Andrade) à São Luís, em maio de 1685. Beckman é preso
juntamente a outros líderes da revolta, sendo depois executado. No fim daquele mesmo
ano, o levante terminara.
Justas e repetidas queixas
A partir de então, Rafael passa a analisar as diversos registros acerca das queixas
referidas pelo povo maranhense, sobre da dificuldade da manutenção econômica
daquele Estado, sem a ação da mão de obra escrava (enquanto força motriz econômica e
social). Ressalta que aquelas revoltas não poderiam ser classificadas como revoluções,
por não contestarem a ordem estabelecida. Para o autor eram apenas furiosos que, em
nenhum momento desafiaram à Dom Pedro II, mas agiram “contra políticas específicas
da Coroa”: controle dos índios livres pelos padres. (pp 167)
De acordo com o autor, os três principais motivos que explicariam as revoltas
seriam: a miséria por conta da falta de escravos e trabalhadores indígenas que, para os
revoltosos, seria por causa do controle legal dos jesuítas sobre os mesmos, sendo livres
ou escravos de portugueses, e sobretudo a sua ambição; miséria também por conta da
“opressão e tirania do estanco”; e por fim o desleixo dos governos que não levavam as
queixas da comunidade (por meio dos procuradores) à Coroa. (pp169)
Para o autor, a ideologia daqueles protestos estava atrelada a lógica de vida
escravocrata, onde haveria uma dependência dos portugueses em relação aos índios,
tanto nos trabalhos mais importantes (economicamente falando), como nos mais
ordinários. Além disso, aqueles colonos se entendiam no direito “de escravizar os
indígenas e ter acesso à mão-de-obra livre”, pelo fato da sua participação (sua ou de
seus antepassados) no processo de conquista e ocupação do Maranhão, a serviço da
Coroa, enquanto “leais vassalos”. (pp 172)
Para arrematar seu discurso legitimador, faziam uso do termo “povo” que daria a
ideia de maioria ou comunidade. Tal “fonte de força política” ganha apoio das Câmaras
enquanto instrumento de negociação ante as autoridades reais. Rafael lembra-nos da
importância dos poderes municipais frente ao poder centralizado da Coroa e, ressalta
que
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“(...) restauração da monarquia portuguesa, em 1640, após sessenta anos de
sujeição à monarquia espanhola, alterou as bases das relações que estruturavam
o poder real, fazendo com que os moradores se levantassem contra os danos
causados pela excessiva centralização real”. (pp 173)
Conceitos: conselhos, comunidade, estanco, povo.
Principais interlocutores:
AZEVEDO, BERREDO, BETTENDORF, CUNHA, LISBOA, MORAES,
THOMPSON, entre outros.
Fontes:
Cartas régias, cartas em geral, relatos, registros, representação, nomeação, notificação,
propostas, requerimentos, entre outros.
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ANEXO 2
Verbete
(2014.2)
João Lúcio de Azevedo (1855-1933)
João Lúcio Azevedo foi um historiador português, que em 1873 emigrou para o
Brasil, para trabalhar com seu tio que era dono de uma importante empresa de
exploração de borracha e de uma companhia de navegação fluvial. Nesse período
trabalhou na Livraria Tavares Cardoso, em Belém, mais tarde, assumiu a propriedade,
incorporando um outro fazer: a publicação de livros. Sua atenção para a história se
construiu durante os 25 anos de permanência em terras brasileiras. Durante esse tempo,
escreveu um diário de sua vida e transformou parte dele em temas de estudo. Desde
1890 sua atenção voltou-se para a história do Pará. Em seus primeiros estudos dedicou-
se aos jesuítas e em sua ação no Pará e, ao marquês de Pombal.
Já em 1894 sua produção era reconhecida, como relevante, pelo Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), recebendo o título de sócio numa proposta
assinada por dois grandes críticos brasileiros: José Veríssimo e Alencar Araripe.
Ampliou seu olhar sobre a região quando se tornou cronista do jornal A Província do
Pará. Em 1909, depois de uma breve passagem por Paris, e retornando à Portugal,
acumulou o título de sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São
Paulo e, em 1915, iniciou sua correspondência com o Instituto Arqueológico e
Geográfico de Pernambuco, ao mesmo tempo que auxiliou a Academia das Ciências de
Lisboa na organização de eventos ligados ao Brasil e ao Pará.
Em livros e em artigos da sua autoria, debateu (1912-1921) a situação dos novos
cristãos e de algumas altas figuras face à Inquisição. Deixou diversas obras
historiográficas e, é editado regularmente em Portugal até hoje. Escrevia e falava sete
idiomas e organizou uma edição das cartas do padre Antônio Vieira. Foi colaborador
assíduo da Revista de História (1912-1928), fundada também por Fidelino de
Figueiredo, da História de Portugal dirigida por Damião Peres, da História da Literatura
Portuguesa Ilustrada e de revistas portuguesas e brasileiras. O seu trabalho foi
reconhecido pela Real Sociedade de História de Londres e pela Academia das Ciências
de Lisboa, de que foi membro.
São de sua autoria:
Os Jesuítas no Grão-Pará (1901)
O marquês de Pombal e sua época (1909)
A evolução do Sebastianismo (1918)
A História de Antônio Vieira, 2 vols (1918-1921)
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História dos Cristãos-Novos Portugueses (1922)
Épocas de Portugal Econômico (1929)
Historia de lafundacióndelColegio de laCompañía de Pernambuco (1923)
Novas Epanáforas, Estudos de História e Literatura (1932)
Fontes:
BASTOS, Ana Luiza Marques. ‘O historiador luso-brasileiro João Lúcio de Azevedo
(1855-1933)’. In: De colonos a imigrantes - I(E)migração portuguesa para o Brasil.
São Paulo: Alameda, pp 271-276, 2013. Disponível em
http://pt.slideshare.net/joaotcarreira/de-colonos-a-imigrantes
FILHO, Virgílio Corrêa. ‘João Lúcio Azevedo - Historiador luso-brasileiro’. Revista de
História, Sistema Integrados de Bibliotecas - Universidade de São Paulo, V. 11, nº
24, 1955. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/36483
PÉCORA, Alcir. Retórica de uma biografia: Padre Antônio vieira por João lúcio de
Azevedo. Revista Chilena de Literatura, UNICAMP, nº 85, PP 271-292, 2013.
Disponível em
www.revistaliteratura.uchile.cl/index.php/RCL/article/download/.../31960
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ANEXO 3
Resenha
(2015.1)
MARIANO, Nayana Rodrigues Cordeiro. A representação sobre os índios nos livros
didáticos de história do Brasil. Dissertação (Mestrado) - UFPB/CE - João Pessoa, 2006,
109p. Orientação: Antônio Carlos Ferreira Pinheiro
Lugar de fala do autor:
Licenciada em História pela Universidade Federal da Paraíba em 2003, Nayana
concluiu seu mestrado em Educação pela Universidade Federal da Paraíba em 2006, e
seu doutorado em Educação pela mesma instituição. É pesquisadora dos grupos
Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista; História da Educação no Nordeste
Oitocentista; (UFPB/CNPq).
Fonte: Currículo Lattes, disponível em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=k4773530E6
Resumo:
Em A representação sobre os índios nos livros didáticos de história do Brasil, a
autora busca analisar a imagem construída sobre os índios nos livros didáticos,
especificamente em História do Brasil. Para isso ela seleciona obras produzidas entre os
séculos XIX e XX, recorte temporal ao qual aqueles manuais passam a ser discutidos e
concebidos, além dos livros didáticos da atualidade (entre as décadas de 1990 e 2000
especificamente).
Conteúdo:
Em sua obra, Nayana seleciona alguns manuais escolares produzidos na virada
do século XIX para o XX, e também livros didáticos do ensino médio da atualidade
(décadas de 1990 e 2000), no intuito de perceber como era tratada a temática indígena,
avaliando as mudanças e permanências, buscando entender algumas representações
específicas acerca daquela sociedade.A autora busca discutir alguns assuntos caros à
historiografia, que para ela influenciaram na construção daquelas representações acerca
dos nativos tais como: o imaginário produzido pelos cronistas e viajantes a partir do
século XVI, o debate acerca das teorias raciais do XIX, o debate Indianista e Positivista
e as abordagens atuais. Para Nayana, a temática indígena ainda é relegada a um segundo
plano, sendo pouco pesquisadas e trabalhadas na área de Educação.
A obra é dividida em uma Introdução e três capítulos que apresentam sub
tópicos, primeiro capítulo: O Livro Didático e Suas Interfaces; segundo capítulo: O
Encontro Com o Outro: A Imagem dos Índios na Historiografia; terceiro capítulo: A
Representação Sobre os Índios na Historiografia Didática.
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No primeiro capítulo O Livro Didático e Suas Interfaces, a autora discute a
importância do livro didático como fonte de pesquisa para a História da Educação. Para
Nayana o LD carrega consigo uma memória nacional, pois ao acompanhar as fazes de
aprendizagem dos alunos, e por se tornar com o tempo uma mercadoria aos olhos das
editoras, ganharia também um valor cultural. Entretanto, de acordo com a autora, a
dificuldade de se encontrar LD antigos ou até mesmo recentes nas bibliotecas,
revelariam o quanto os mesmos seriam valorizados enquanto memória.
Para a autora, o livro didático se apresenta como objeto cultural, por ser um
instrumento de educação complexo e de difícil definição, pois sofre interferência de
diversos sujeitos (autores, editores, autoridades, alunos e professores) em meio a sua
produção, circulação e consumo. Nayana destaca também as pesquisas desenvolvidas
nos anos 1990 por conta da chamada Nova História perpassada pelo Marxismo que
segundo ela, busca por uma história cotidiana, das mentalidades, uma história cultural,
onde sociedades entendidas como minorias, como a mulher, os índios, os negros, os
trabalhadores entre outros, passam a ser abordados de forma mais incisiva nas pesquisas
acadêmicas.
No segundo capítulo O Encontro Com o Outro: A Imagem dos Índios na
Historiografia, a autora investiga como acredita que se construam determinadas imagens
sobre os indígenas na historiografia. Analisando autores como Padre José de Anchieta,
Padre Manoel da Nóbrega, Hans Staden, Jean de Léry entre outros, Nayana acredita que
no século XVI, os europeus teriam elaborado representações acerca dos
indígenas, a partir dos relatos dos cronistas e viajantes desse período. De acordo com a
pesquisa de Nayana, haveria uma interpretação dualista imagética de bom e mau
selvagem, carregada de elementos que os diferiam dos europeus a partir da ideia do que
faltava no outro.
De acordo com a autora, no século XIX, alguns pensadores acreditavam na
inevitável extinção dos povos indígenas, partindo do pressuposto evolucionista de que
eram primitivos, em contraponto aos europeus civilizados. Os nativos eram descritos a
partir da atuação do europeu, não havendo assim lugar para o que era diferente. Para
Nayana, a influência do Instituto Histórico e Geográfico do Brasileiro (IHGB) enquanto
instituição formadora de opinião e produtora dos primeiros exemplares de livros
didáticos no Brasil, foi de muita importância para a construção e difusão do pensamento
intelectual da época.
De acordo com o argumento de Nayana, uma das correntes de pensamento
intelectual que contribuiu à construção de certas representações acerca dos indígenas,
foi o Indianismo, onde o Romantismo transformou a figura do índio em herói.
Entretanto esta construção imagética trazia consigo atributos, qualidades e valores
europeus. Já na República, como afirma a autora, sob a influência do Positivismo que se
caracterizava pelo pensamento evolucionista e a ideia de progresso, os indígenas eram
percebidos como primitivos, porém com a possibilidade de alcançar o estágio positivo
superior sob a tutela do Estado. Para isso cria-se em 1910 o SPI (Serviço de Proteção
aos Índios), que de acordo com a autora, era anticlerical e cientificista.
A autora argumenta que, durante o Estado Novo (1937-1945), retoma-se a
imagem romanceada dos índios ao evidenciá-los como patriotas, exaltando-os como
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guerreiros e amigos. De acordo com a autora, mesmo na atualidade, a imagem dos
povos indígenas sofre uma forte influência daquelas interpretações etnocêntricas do
passado.
No terceiro capítulo A Representação Sobre os Índios na Historiografia Didática,
a autora busca analisar a representação sobre os indígenas nos manuais e livros
didáticos de História. Nesse momento, ela avalia os manuais escolares da virada do
século XIX para o XX e os livros didáticos entre os anos 1990 e 2000, com o intensão
de perceber as mudanças e as permanências no tocante ao assunto estudado. E, a partir
desta análise Nayana afirma ter conseguido compreender as várias ligações que
perpassam estes dois momentos singulares.
De acordo com Nayana, a criação do IHGB (1838), do Colégio Pedro II (1837) e
da Escola Militar, no Rio de Janeiro seria importante influência na construção do saber
escolar, visto que eram seus intelectuais que construíam o conhecimento difundido
pelos livros didáticos da época. Esses pensadores construíam uma história dos
vencedores, política e factual, onde os atores principais eram a elite administrativa e
militar do país. A intensão dos autores era difundir valores que garantisse a ordem e o
progresso.
Na atualidade, de acordo com Nayana, tem havido algumas propostas
interessantes, porém os povos indígenas continuam sendo apresentados de forma
etnocêntrica, efêmera, e sempre em função da ação e dos valores do colonizador. Para a
autora a temática indígena ainda carrega consigo muita falta de informação. As
pesquisas acerca do assunto ainda são poucas se comparadas a outros campos de
saberes, apesar de já haver um considerável avanço, por conta da História e
Antropologia.
Considerei interessante a forma como Nayana aborda o assunto e tenta
historicizar as representações acerca dos indígenas. Entretanto, a forma como a autora
organiza a obra, deixa o leitor sem saber ao certo qual seria o seu objeto de pesquisa de
fato. De acordo com o título, os indígenas no LD seriam analisados em suas
representações, porém a mesma se faz apenas no terceiro capítulo. O que em minha
opinião, não foi o suficiente, aponto de ter uma conclusão razoável, de como se tem
trabalhado a temática indígena nos livros didáticos, sobretudo entre os anos 1990 e
2000.
Durante sua análise, se é que posso classifica-la desta forma, Nayana não se
coloca de forma específica, em relação a crítica aos livros didáticos em si, se prendendo
a contar nos dois primeiros capítulos, uma história das representações historiográficas
acerca dos indígenas. Um outro ponto que acredito ser importante, é o fato da autora
não ter incluído em sua pesquisa, como eram representados os indígenas nos manuais
escolares durante a ditadura.
Outro detalhe importante a ser citado, seria um possível anacronismo, cometido
pela autora, ao tentar comparar os manuais escolares do final do século XIX, com os
livros didáticos do final do século XX, já que seriam duas categorias literárias
diferentes, produzidas em tempos e em contextos singulares, e sobretudo em meio a
experiências históricas diferenciadas.
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ANEXO 4
Levantamento de teses acerca dos indígenas realizadas em PUC-Rio:
(2015.1)
1995. FERNANDES, Eunícia Barros Barcellos; MATTOS, Ilmar Rohloff de. Cardim e
a Colonialidade. Tese de Mestrado – Departamento de História - Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
2000. QUINTANA, Ricardo; TELES, Gilberto Mendonça. Índia brasílica: o índio
brasileiro nas cartas jesuíticas. Tese de Mestrado - Departamento de Letras -
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
2003. HONORATO, Walter Falchi; BONAMINO, Alicia Catalano. Fundação Fé e
Alegria: uma experiência no ensino regular público no estado de Tocantins. Tese –
Departamento de Educação - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro.
2003. PAIVA, Márcia de; FALCON, Francisco José Calazans. O Estado de Coisas no
Brasil. Três imagens da desordem nos séculos XVI e XVII. Tese de Doutorado –
Departamento de História - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro.
2003. QUINTANA, Ricardo; TELES, Gilberto Mendonça. O ídolo de pedra. Tese de
Doutorado – Departamento de Letras - Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro.
2005. CARVALHO, Carlos Alberto de; TELES, Gilberto Mendonça. Manuel da
Nobrega: das cartas ao diálogo sobre a conversão do gentio. Tese deDoutorado –
Departamento de Letras - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro.
2005. NOGUEIRA, José Francisco Sarmento; RIPPER, José Luiz Mendes. Etnodesign:
um estudo do grafismo das cestarias dos Mbyá Guarani de Paraty- Mirim (RJ).
Tese de Mestrado – Departamento de artes e Design - Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
2006. RODRIGUES, Taisa Figueira; CIPINIUK, Alberto. Um olhar do design sobre a
iconografia indígena. A ornamentação corporal Kayapó: um estudo de caso. Tese
de mestrado – departamento de Arte e Design - Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro.
2007. CARVALHO, Ricardo Artur pereira de; COELHO, Luiz Antônio Luzio;
FARBIARZ, Jackeline Lima. Livro de Guarani feito por Juruá: reflexões acerca do
design do livro e da leitura a partir da escolarização dos agentes de saúde. Tese de
Mestrado - Departamento de Artes e Design - Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro.
2007. FLORENCIO, Thiago de Abreu e Lima; FERNANDES, Eunicia Barros Barcelos.
A busca da salvação entre a escrita e o corpo - Nóbrega, Léry e os Tupinambá.
Departamento de História
Tese de Mestrado – Departamento de História - Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro.
2009. BOANADA, Vanessa de Castro; SOUZA, André de Mello e. Ironias da pós-
modernidade: ação estratégica dos movimentos indígenas através do litígio
internacional. Tese de Mestrado – Relações Internacionais - Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.
2010. MAGALHÃES, Alessandra Costa; OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de; SILVA, Inês
Machline. Etnobotânica, saberes locais e agricultura no contexto de uma floresta
urbana: Maciço da Pedra Branca, RJ. Tese de Mestrado – Departamento de
Geografia - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
2010. SANTANA, Carolina Ribeiro; ASSY, Bethânia de Albuquerque; VIVEIRO DE
CASTRO, Eduardo Batalha. Pacificando o Direito: desconstrução, perspectivismo e
justiça no direito indígena. Tese de Mestrado – Departamento de Direito – Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
2011. COSTA, Daniele Ferreira da; SINDER, Valter. Quando os índios vêm para a
cidade: magia e narrativa no Instituto Tamoio dos Povos Originários. Dissertação
de Mestrado em Ciências Sociais - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
2011. GUIMARÃES, Heitor Velasco Fernandes; FERNANDES, Eunícia Barros
Barcelos. índios na História do Brasil Republicano: O território étnico-indígena
Paresí e o território estatal-indigenista Utiarity (1907-1934). Tese de Mestrado –
Departamento de História - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
2011. PAIXÃO, Antônio Jorge Paraense da; ARRUTI, José Mauricio Paiva Andion;
OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de. Interculturalidade e política na educação
escolar indígena da aldeia TekoHaw-Pará. Tese de Doutorado em Sociologia e
Política – Departamento de Educação – Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
2013. FIGUEIRO, Fernanda; OLIVEIRA, Rogerio Ribeiro. Uma aldeia indígena
urbana: um movimento de resistência visto sob a ótica de diferentes atores sociais.
Tese de Mestrado – Departamento de Geografia - Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro.
2013. OLIVEIRA, David Mesquiati de; MIRANDA, Mario de França. O agir de Deus
nos Andes: diálogo e missão com os Quechuas. Tese de Doutorado - Departamento de
Teologia - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
2013. SEIXLACK, Alessandra Gonzalez de Carvalho; PAMPLONA, Marco Antônio
Villela. O juízo final dos índios: guerra e política na conquista do deserto austral
argentino (1867-1879). Tese de Mestrado - Departamento de História - Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Departamento de História
ANEXO 5
Levantamento documental acerca de Martim Correia de Sá
(Séculos XVI e XVII) BNRJ
(2015.1)
1608
Attestado (2) dos Governadores
Martim de Sá e Salvador Correa de
Sá, sobre os serviços prestados por
João Gonçalves de Azevedo no
Brasil.
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(16 e 17)
1609
Attestado do Governador Salvador
Correa de Sá, sobre os serviços
prestados por Gaspar Vaz, sogro de
João Gonçalves de Azevedo.
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(19)
1617
Requerimento de Martim de Sá,
filho do Capitão-mor e Governador
da capitania do Rio de Janeiro
Salvador Correa de Sá, no qual
pede providências, em nome de seu
pai, acerca das explorações de que
fora incumbido ara a descoberta das
minas das Capitanias de São
Vicente e do Rio de Janeiro
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(1)
1617
Requerimento de Martim de Sá, em
que insiste pelas providências a que
se refere a sua petição anterior
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(4)
Requerimento de martim de Sá, no
qual pede que, no caso de falecer
seu pae que estava numa avançada
idade, lhe fosse feita a mercê de lhe
suceder no serviço do
Departamento de História
1617
descobrimento e averiguação das
minas das capitanias de São Vicente
e do rio de Janeiro, e na forma das
provisões que lhe tinham sido
passadas.
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(5)
1617
Carta do Capitão-mor Martim de
Sá, dirigida ao Rei Filippe II, na
qual se refere a ordem que recebera
de partir para o Brasil, de fazer
descer o gentio ao litoral do Cabo
Frio, de fundar aldeias e defender a
costa das capitanias do Rio de
Janeiro, Santos e São Paulo dos
navios estrangeiros que ali
tentassem aportar.
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(7)
1624
Consulta do Conselho da Fazenda
sobre um memorial de Salvador
Correa de Sá, em que expõe
diversas pretensões de seu pae
Martim de Sá, relativas a Capitania
do Rio de Janeiro
Anais da BNRJ
1917
Volume 39
(27)