a complexidade dos ecossistemaslivro1_br
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INTRODUO
A grande riqueza existente no territrio brasileiro por ocasio do seu descobrimento levou os
homens a apoderarem-se de tudo e explorar de forma irracional os recursos naturais, abastecendo
e enriquecendo todos aqueles que administravam o Brasil Colnia e muitos outros pases que por
interesse puramente econmico tambm serviram-se do potencial desta terra.Ignorando as leis da natureza, e envolvidos pela vasta extenso territorial, pela bela e exuberante
paisagem e pela fartura aparente, os exploradores jamais pensaram no ntimo relacionamento que
deve envolver o homem e o meio natural.
O sul do pas tambm apresentava esta formidvel realidade e foi alvo de explorao sem os
cuidados com os benefcios que a terra poderia oferecer.
Ao longo da histria, sem pensar nas conseqncias desta atuao insensata, desgastaram-se os
ecossistemas at quase a exaustocolocando em risco a sobrevivncia da humanidade no terceiro
milnio.
Atualmente as poucas reservas florestais naturais ainda existentes so permanentemente
atacadas e delas retiradas a madeira e outros elementos para abastecer o mercado deficientedestes produtos.
No meio rural, o agricultor encontra todo o tipo de problemas na sua propriedade, principalmente
no que se refere a equilbrio ambiental, assistindo perda paulatina da produtividade de suas
plantaes.
Recentemente, em todo planeta fala-se muito sobre ecologia, meio ambiente e manejo sustentado
dos recursos naturais renovveis, porm somente uma pequena parte da populao possui
conhecimentosuficiente para entender a dinmica e as inter-relaes que ocorrem entre os
diferentes ecossistemas que existem no mundo.
Surge, ento, a necessidade de intensificar estudos, pesquisas e debates sobre esses temas,
procurando uma abrangncia maior, inclusive atingindo a comunidade em geral, atravs do
envolvimento dos professores do ensino fundamental a fim de que todos possam ter acesso a
estes conhecimentos.
Somente atravs do uso de prticas de manejo que no levem degradao do ambiente, pode-se
assegurar a perpetuidade da produtividade dos ecossistemas para as futuras geraes.
CONCEITO DE ECOSSISTEMA
O termo "Ecossistema" foi utilizado pela primeira vez em 1935 pelo eclogo britnico Arthur
Tansley. Em alguns pases na Europa, especialmente na Rssia, utiliza-se a expresso Biocenose
para identificar o Ecossistema. Desde o incio de sua caracterizao o termo ecossistema vem
obtendo diversas conceituaes.De modo geral a expresso ecossistema refere-se a "Toda e qualquer unidade (rea) que
envolva todos os organismos vivos (biticos), que se encontram interagindo com o
ambiente fisico (abiticos) em que estes vivem, de tal forma que um fluxode energia
produza estruturas biticas bem definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas
e as no-vivas".
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Figura 1. A bacia hidrogrfica considerada como um grande ecossistema.
Na Figura 1, observa-se um exemplo de ecossistema formado por uma bacia hidrogrfica, dentro
da qual se encontram inseridos um ecossistema terrestre constitudo por uma mata ciliar e um
ecossistema aqutico constitudo por um riacho de gua doce.
Na Figura 2, observa-se que existe uma grande interao entre o ecossistema formado pela mata
ciliar e aquele formado pelo curso de gua, em que o primeiro supre o segundo pelo fornecimento
de substncias nutritivas.
Figura 2. Perfil de um ecossistema formado pela mata ciliar e um riacho de gua doce. Fonte: Adaptado de DUVIGNEAUD
(1974).
COMPONENTES DE UM ECOSSISTEMA
Na natureza existem inmeras possibilidades de combinaes entre os fatores animados e
inanimados para formarem um ecossistema. Qualquer dessas combinaes que estejam em
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relativo equilbrio, tanto no seu aspecto como na sua funo, chama-se Ecossistema. Cada
ecossistema contm uma biocenose (isto , uma comunidade de plantas e animais) e um bitopo
(isto , o seu ambiente). Este ecossistema possui uma certa extenso territorial e se limita com
ecossistemas vizinhos.
O esquema da Figura 3 contm os principais componentes de um ecossistema.
Figura 3. Componentes de um Ecossistema.
Todo e qualquer ecossistema, constitudo por florestas, rios, oceanos e outros, apresenta
componentes biticos e substncias abiticas que compem o meio.
Os seres vivos (fatores biticos) organizam-se em trs grupos distintos, representados pelos
produtores, consumidores e decompositores.
PRODUTORES
Os produtores caracterizam-se como sendo seres ou organismos vivos denominados autotrficos,
capazes de fixar a energia oriunda da luz do Sol sob a forma de energia qumica, construindo
compostos orgnicos a partir do dixido de carbono (CO2) e gua (H2O), retirando do solo as
substncias nutritivas minerais. Como exemplo de seres autotrficos podemos citar os vegetais e
as bactrias que realizam a fotossntese. Os organismos fotossintetizantes so divididos em duas
classes: os que produzem oxignio, representados pelos vegetais, e os que no produzem
oxignio que so as bactrias, com exceo das cianobactrias.As bactrias que no produzem oxignio atuam em ambientes anaerbios, ou seja, sem a
presena de oxignio, onde por sua vez utilizam o hidrognio para o processo da fotossntese a
partir de compostos orgnicos como o lactato.
Entre as bactrias que realizam a fotossntese podemos citar a Euglena e as Chlamydomonas de
gua doce, e as Diatomceas e Dinoflagelados que vivem nos oceanos.
A fotossntese o processo mais importante da terra, sem o que no existiria vida vegetal sobre
asuperfcie do globo terrestre.
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A Figura 4 representa a interao entre o vegetal e o sol que a fonte de energia.
Figura 4. rvores recebendo a energia solar e realizando a fotossntese.
FOTOSSNTESE
o processo de sntese orgnica a partir do qual os vegetais transformam a energia luminosa em
energia qumica e a armazenam em compostos orgnicos denominados alimentos.
O processo qumico da fotossntese pode ser observado na seguinte expresso:6H2O + 6CO2 + Energia Solar = C6H12O6 + 6
onde: H2O = gua CO2 = dixido de carbono C6H12O6 = glicose O2 = oxignio
Durante o processo da fotossntese, ocorre a formao de glicose e liberao de oxignio.
RESPIRAO
Neste processo fisiolgico ocorre a liberao da energia anteriormente fixada, pela devoluo do
dixido de carbono e gua.
Atravs da respirao dos animais e vegetais, que compem os ecossistemas, ocorre um grande
consumo de oxignio.
6O2 + C6H12O6 = 6CO2 + 6H20 + Energia
Os principais fornecedores de oxignio do planeta so as algas azuis que habitam os oceanos.No ecossistema florestal, como o caso da floresta amaznica, a maior parte do oxignio liberado
pela fotossntese consumido no processo de decomposio da matria orgnica.
CONSUMIDORES
Este grupo representado pelos organismos heterotrficos, tambm chamados de
macroconsumidores. Tratam-se de seres incapazes de produzir sua prpria energia, sendo
obrigados, para sua sobrevivncia, a retirar a matria e a energia de outros organismos. Conforme
a posio que ocupam na cadeia alimentar so chamados de consumidores primrios,
secundrios, tercirios ou quaternrios.Os consumidores recebem diferentes denominaes, em funo do alimento consumido.
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(Tabela 1)
HBITO ALIMENTAR TIPO DE ALIMENTO
Herbvoros ou Fitfagos Plantas
Frugvoros Frutas
Onvoro Plantas e AnimaisIctifagos Peixes
Hematfagos Sangue
Coprfagos Fezes
Ornitfagos Aves
Planctfagos Plncton
Detritvoros Detritos Animais e Vegetais
Tabela 1. Denominao dos grupos consumidores de acordo com seu hbito alimentar e o tipo de alimento consumido.
CONSUMIDORES PRIMRIOS
Na cadeia alimentar, os consumidores primrios so os primeiros organismos a se alimentarem
dos produtores (vegetais). Como exemplo de consumidores primrios podemos citar os insetos e
os mamferos em geral. (Figura 5)
Figura 5. Animais alimentando-se de pastagem natural.
Numa rea de campo, verifica-se que os animais domsticos, bovinos, eqinos e ovinos buscam
seu alimento a partir da massa verde produzida pelos vegetais.
CONSUMIDORES SECUNDRIOS
Quando um animal carnvoro alimenta-se de um animal herbvoro, na cadeia alimentar ele passa a
ser denominado consumidor secundrio. (Figura 6)
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Figura 6. Hbito alimentar de um consumidor secundrio.
Na seqencia acima, exemplo de uma cadeia alimentar formada por um consumidor primrio, secundrio e tercirio.
CONSUMIDORES TERCIRIOS / QUATERNRIOS
Quando um animal carnvoro se alimenta de consumidores secundrios, este chamado de
consumidor tercirio. (Figura 7)
Figura 7. Hbito alimentar de um consumidor tercirio.
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Finalmente, o consumidor tercirio se constitui emalimento para os consumidores quaternrios que
se encontram no topo da cadeia alimentar, conforme pode ser observado no seguinte esquema:
Quadro 1: Exemplo de cadeia alimentar.
DECOMPOSITORES OU MICROCONSUMIDORES
Os decompositores que atuam em qualquer nvel da cadeia alimentar tambm so chamados de
saprbios ou saprfitas. Tratam-se de organismos heterotrficos representados principalmente
pelas bactrias e fungos. Tais organismos so de fundamental importncia na reciclagem da
matria que compe os diferentes ecossistemas. Estes microconsumidores para conseguiremenergia degradam a matria orgnica, tranformando-a em compostos simples e inorgnicos que
so novamente utilizveis pelos produtores.
Na Figura 8, observa-se a ao dos fungos na decomposio da matria orgnica.
Figura 8. Fungos realizando a decomposio da matria orgnica.
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CARACTERIZAO DO ECOSSISTEMA
Considerando que o ecossistema o resultado da inter-relao, mais ou menos homognea, entre
os fatores biticos e abiticos de um determinado meio, pode-se caracteriz-lo atravs dos
seguintes aspectos:
- Um ecossistema uma unidade estrutural composta de fatores biticos(seres vivos) e abiticos(seres no vivos) do ambiente, como rvores, arbustos, vegetao rasteira, animais, hmus, solo,
rocha, atmosfera e processos climticos. Os ecossistemas terrestres normalmente so formados
por uma comunidade bitica complexa, em interao com o solo, atmosfera, uma fonte de energia
(o sol) e um suprimento de gua.
- O ecossistema uma unidade funcional com constante fluxo de energia que entra e sai do
sistema, movimentando permanentemente fluxo de substncias. A produo da matria orgnica
pelo ecossistema est intimamente ligada ao fluxo de energia, ao balano hdrico e reciclagem
dos elementos minerais. Na Figura 9, verifica-se o ciclo da gua no ecossistema florestal.
Figura 9. Ciclo da gua na floresta
- Um ecossistema uma unidade complexa com variedades e variaes de formas de vida,populaes e caractersticas.
- O ecossistema sofre mudanas temporais no sendo esttico. Alm da contnua troca de matria
e energia, sua estrutura modifica-se com o passar do tempo.
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Figura 10. Ecossistema Florestal.
DIVISO DOS ECOSSISTEMAS
Para melhor entendimento da funcionalidade dos ecossistemas, costuma-se dividir a superfcie do
globo terrestre em trs grandes tipos principais alm de outro tipo de transio:
ECOSSISTEMAS DE GUA SALGADA
Compreende os grandes reservatrios de gua salgada representados pelos oceanos e mares,
onde o homem desenvolve a atividade pesqueira. A Figura 11, contempla a estrutura de um
ecossistema aqutico com toda a sua complexidade.
Figura 11. Aspectos de um ecossistema martmo. Adaptado de DUVIGNEAUD (1974).
ECOSSISTEMAS DE GUA DOCE
Este tipo de ecossistema constitudo pelos rios, riachos, crregos, lagos e lagoas caracterizando
uma enorme biodiversidade de espcies vegetais e animais. Tais ecossistemas tambm
proporcionam oferta de alimentos atravs da produo de peixes. (Figura 12)
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Figura 12. Aspecto de um ecossistema de gua doce.
ECOSSISTEMAS DO MEIO TERRESTRE
A superfcie da terra o meio mais importante para o homem, pois este ecossistema garante a
manuteno da humanidade, transformando-se no suporte fsico para a construo de suas
necessidades, sendo tambm a maior fonte de oferta de alimentos para a populao. Estes
ecossistemas so formados por florestas, savanas ou cerrado, caatinga, estepe, pantanal, entre
outros. Na Figura 13 observa-se um ecossistema de meio terrestre.
Figura 13. Aspecto de um ecossistema terrestre.
SAVANA OU CERRADO
Trata-se de uma vegetao xeromorfa, preferencialmente de clima estacional, semi-rido (mais ou
menos seis meses secos), podendo tambm ser encontrada em clima ombrfilo. (Figura 14)
Figura 14. Aspecto do Cerrado. Figura 15. Aspecto da Caatinga
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CAATINGA
Este tipo de ecossistema formado principalmente por vegetais lenhosos em misturas com cactos
e bromlias. Trata-se de uma vegetao caracterstica de grande parte do nordeste brasileiro
inclusive o nordeste de Minas Gerais. As espcies que ali ocorrem so espinhentas ou aculeadas e
as ervas e capins s vegetam no perodo das chuvas. Apresenta tambm vegetao xerfitadescdua com algumas plantas suculentas que so oferecidas aos animais na poca do auge das
secas, como fonte de gua. (Figura 15)
PANTANAL
No Brasil, o pantanal mato-grossense formado por uma plancie aluvial constituda por uma rea
de 139 milhes de hectares, cuja altitude varia entre 100 e 200 metros. cercado no lado
brasileiro pelo planalto, coberto por cerrado.
Constitui-se de uma grande rea de alagados, alimentada por vrios rios que ali desguam e que
nas pocas das cheias fertilizam o solo pela deposio de sedimentos formados de restos deanimais e vegetais transportados pela gua (Figura 16). A vegetao formada por uma mistura
complexa e exuberante de vegetais, constituindo-se numa grande biodiversidade.
Figura 16. Aspecto do ecossistema do Pantanal.
ESTEPE
Este tipo de vegetao encontra-se tambm na regio subtropical brasileira, onde as plantas so
submetidas a dupla estacionalidade - uma fisiolgica, provocada pelo frio das frentes polares, e
outra seca, mais curta, com dficit hdrico. Um exemplo de estepe degradada pelo mau uso da
terra pode ser observado nas reas de arenizao dos municpios de Alegrete e Itaqui no Rio
Grande do Sul, onde os campos so quase desprovidos de vegetao em poca desfavorvel.
(Figura 17)
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Figura 17. Exemplo de um Estepe caracterstico do Rio Grande do Sul, Municpio de Rio Pardo.
ECOSSISTEMAS DE TRANSIO
Estes so formados pelos mangues, brejos e pntanos que ocupam os espaos existentes entre
os ecossistemas aquticos e os terrestres. No caso especfico do mangue, este um ecossistema
da terra com forte influncia do meio marinho.
Figura 18. Ecossistema de transico formado por Manguesais. Fonte: RIZZINI et al (1988).
O ECOSSISTEMA FLORESTAL
Conhecer as interaes e o funcionamento dos ecossistemas florestais importante porque as
florestas tm participao especial no equilbrio do ambiente, proporcionando condies de
produtividade em todos os aspectos.
A floresta contribui muito para a conservao da produtividade dos stios, na circulao e
purificao do ar, na manuteno da flora e da fauna e especialmente na qualidade da gua doce
que as populaes dos reinos animais e vegetais consomem.
Ainda a floresta e suas comunidades vegetais se transformam na maior fonte de produo primria
que ir fornecer a sustentao para toda a cadeia alimentar. Alm disso fornecem a madeira que
a matria-prima usada para diversas finalidades que atendem s necessidades do homem.
Os ecossistemas florestais, distribudos em grandes reas da biosfera, so constitudos por vastacomplexidade e grande diversidade de espcies, as quais utilizam a energia solar para a produo
de biomassa.
Estas grandes massas de produtores lenhosos e herbceos abastecem com alimentos os
consumidores de primeira ordem, representados pelos animais herbvoros que se alimentam de
folhagem, gramneas, razes e bulbos, frutas, sementes, e pelos insetos que se utilizam de plen e
nctar. Assim, cada espcie florestal abriga um grande nmero de consumidores. Quando a
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comunidade florestal encontra-se em equilbrio com o meio, cada um dos nveis trficos encontra a
sua estabilidade.
Os efeitos que asseguram este equilbrio dinmico correspondem essencialmente s relaes de
alimentao de populaes e aos ritmos dos fatores ecolgicos. Um desequilbrio num nvel de
consumo d lugar a grandes processos que ocasionam o aumento da populao de
exterminadores, principalmente dos insetos que possuem um potencial de multiplicao muitoelevado.
TIPOS DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS
FLORESTA OMBRFILA
A denominao Floresta Ombrfila surgiu em substituio a Floresta Pluvial Tropical. Ambas,
porm, tm o mesmo significado "amigo das chuvas".
O termo Ombrfilo de origem grega, enquanto o termo Pluvial tem origem latina, e caracterizam
as fisionomias ecolgicas tropicais e costeiras. (Figura 19)
Figura 19. Aspecto de um ecossistema florestal Ombrfilo.
Dentro da rea de ocorrncia natural da floresta Ombrfila, encontram-se ecossistemas especficos
de acordo com as caractersticas edafoclimticas de cada regio.
Floresta Ombrfila Densa Aluvial
Trata-se de uma formao ribeirinha ou mata ciliar que ocorre ao longo dos cursos de gua,
ocupando os terraos antigos das plancies quaternrias. Tal formao constituda por espcies
vegetais com alturas variando de 5 a 50 metros, de rpido crescimento, em geral de casca lisa,
tronco cnico e razes tabulares.
Nessa floresta encontram-se muitas palmeiras no estrato dominado e na submata, havendoespcies que no ultrapassam os 5 metros de altura. Observa-se tambm algumas plantas no
lenhosas na superfcie do solo. Em contrapartida, a formao apresenta muitos cips lenhosos e
herbceos, alm de um grande nmero de epfitas e poncas parasitas, conforme mostra a Figura
20.
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Figura 20. Aspecto de uma floresta Ombrfila Densa Aluvial.
Floresta Ombrfila Mista (Floresta de Araucria)
Este tipo de ecossistema florestal, tambm conhecido como"mata-de-araucria", um tipo de
vegetao do planalto meridional, onde ocorria com uma abrangncia de 250.000 km2, distribuda
nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paran, So Paulo e Minas Gerais.
Esta floresta apresenta formaes florsticas em refgios situados nas Serras do Mar e da
Mantiqueira, muito embora no passado tenha se expandido bem mais ao norte, porque a familiaAraucariaceae apresentava disperso paleogeogrfica que sugere ocupao bem diferente da
atual. A composio florstica deste tipo de vegetao dominada por gneros primitivos como
Drymis, Araucria (australsicos) e Podocarpus (afro-asitico), que sugerem, em face da altitude e
da latitude do planalto meridional, uma ocupao recente a partir de refgios alto-montanos.
(Figura 21)
Figura 21. Aspecto de uma floresta natural de Araucria.
Floresta Ombrfila Mista Aluvial
Este tipo de floresta caracteriza-se por formaes ribeirinhas e ocupa sempre os terrenos aluviais,
situados nos deflvios das serras costeiras voltadas para o interior e nos planaltos dominados pela
Araucaria angustifolia (Pinheiro brasileiro), associada a outros tipos de vegetais.
Alm da Araucria tambm encontra-se o Podocarpus lamberti (Pinheiro bravo) que tpico desta
altitude. No Sul do Brasil, a Floresta Aluvial constituda principalmente pela Araucaria
angustifolia, Luehea divaricata (Aoitacavalo) e Blepharocalyx salicfolius (murta), no estrato
emergente, e pela Sebastiania commersoniana (branquilho), no estrato arbreo contnuo. Na
Figura 22, observa-se um exemplo deste tipo de floresta.
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Figura 23.Ecossistema formado por floresta Estacional Decidual
Floresta Estacional Decidual Aluvial
Este ecossistema florestal, quase que exclusivo das bacias dos rios do Estado do Rio Grande do
Sul, encontra-se intensamente degradado dos seus indivduos principais atravs da explorao
indiscriminada. Este tipo de floresta ocupa principalmente os terraos fluviais dos rios Jacu, Ibicu,
Santa Maria e Uruguai. Tambm ocorre nas vrzeas do rio Paraguai, no Estado de Mato Grosso do
Sul, onde a drenagem dificultada pelo pouco desnvel do rio.A composio florstica desta formao ocupada preferencialmente por espcies deciduais,
adaptadas ao ambiente aluvial, onde dominam espcies como: Luehea divaricata (aoita- cavalo),
Vitex megapotamica (tarum), Inga uruguensis (ing), Ruprechtia laxiflora (farinha seca) e a
Sebastiana commersoniana (branquilho) e outros. (Figura 24)
Figura 24. Aspecto de uma floresta Estacional Decidual Aluvial s margens do rio Jacu-RS.
A RADIAO SOLAR
O sol a principal fonte de vida dos animais e vegetais sobre a superfcie do globo terrestre. No
ecossistema florestal, a vida dos vegetais e animais depende do fluxo de energia irradiada pelo sol.
Da energia recebida na superfcie da terra, aproximadamente 20% refletida pelas nuvens e
partculas atmosfricas, enquanto outra parte absorvida pela superfcie terrestre (solo, vegetao
etc.). Da radiao lquida disponvel, 40% utilizada na evapotranspirao e somente 2% desta
usada no processo da fotossntese que resulta no desenvolvimento e crescimento dos vegetais.
(Figura 25)
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Figura 25. Radiao solar e o desenvolvimento vegetal. Fonte: SCHUMACHER (1996).
A energia oriunda do sol que entra na atmosfera igual quela que novamente sai, ou seja, 100%,
porm o movimento de energia na superfcie da terra 142%. Este valor superior obtido em
funo dos 99% de energia que volta em forma de radiao trmica, 27% da energia que atinge a
superfcie atravs da radiao direta e finalmente os 16% de energia que chegam Terra de forma
indireta. (Figura 26)O transporte de energia atravs da irradiao, devido presena de nuvens, gases e partculas
atmosfricas, de volta para a terra 2,3 vezes maior do que aquela quantidade que atinge a terra
atravs da radiao direta e indireta (radiao difusa do cu).
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Figura 26. Balano de energia no sistema Terra - Atmosfera - Universo. Fonte: ANDRAE (1978).
Do total da radiao que atinge o topo da floresta, uma parte refletida, parte absorvida e outra
parte passa pelas folhas. A transmisso da luz depende da estrutura da folha: pode ser de 40% em
folhas finas ou at 0% em folhas grossas. A intensidade da luz muito importante para a
fotossntese, para o movimento dos estmatos e para o crescimento.
Da radiao solar que chega superfcie da terra, aproximadamente 50% consumida pela
evaporao da gua. Aps a evaporao, quando o vapor da gua atinge a condensao, atravs
da chuva, a mesma quantidade de energia gasta anteriormente retorna ao meio.
EFEITO ESTUFA
O efeito estufa pode ser definido como sendo a irradiao da energia das camadas da atmosfera,
principalmente no mbito da troposfera ( O - 20 km de altura).
Se na Terra no existisse atmosfera, a temperatura mdia da superfcie terrestre seria abaixo de
18C negativos, ou seja, a mesma temperatura da lua, o que dificultaria a vida sobre a Terra.
Grande parte da radiao oriunda do sol absorvida pela atmosfera e re-irradiada para a
superfcie da Terra, possibilitando a sobrevivncia dos seres vivos. Como conseqncia do efeito
estufa, no ano de 1900 a temperatura mdia da superfcie da terra foi de 15C. No caso de no
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ocorrncia da irradiao da atmosfera (Ia) , a temperatura mdia seria de -17C. Logo, a superfcie
terrestre seria em mdia 32C mais fria.
Os gases naturais que mais contribuem com o aumento relativo da temperatura da terra so o
dixido de carbono e o vapor d'gua e outros gases, conforme tabela 2. A cada ano o homem est
contribuindo para o aumento do efeito estufa atravs da devoluo de grandes quantidades de
gases para a atmosfera.
Tabela 2. Principais gases que contribuem para o aumento do efeito estufa.
O aumento da concentrao de gases na atmosfera provm principalmente da queima de
combustveis fsseis e florestais. Isso pode ser verificado especialmente no caso do dixido de
carbono que nas ltimas dcadas teve sua concentrao aumentada na atmosfera. (Figura 27)
Como conseqncias do efeito estufa para o ambiente, esto previstas catstrofes climticas como
o aumento do nvel dos oceanos, mudanas dos ecossistemas da terra e, com isso, nova
distribuio geogrfica das zonas de produo, diminuio no abastecimento de gua,
principalmente uma baixa na produtividade dos vegetais e, provavelmente, danos diretos sade
humana.
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Figura 27. Concentrao de dixido de carbono na atmosfera, ar seco, em partes por milho (ppm) ao longo dos anos
(Observatrio Mauna Loa, Hawaii). Fonte: Adaptado de CHAPMAN & REIS (1995).
PRODUTIVIDADE DO ECOSSISTEMA FLORESTAL
A produtividade de um ecossistema florestal est relacionada diretamente com o consumo e com a
disponibilidade de dixido de carbono no meio, pois este o elemento que movimenta o processo
de absoro das plantas.A assimilao do dixido de carbono (CO2) ocorre atravs de uma absoro passiva por meio dos
estmatos das folhas, cuja abertura regulada principalmente pela intensidade de luz e pelo
regime hdrico interno da planta.
Neste aspecto, o ndice de rea foliar passa a ter importncia fundamental, uma vez que atravs
das folhas que as plantas executam a fotossntese e, por conseguinte, a assimilao que vai
resultar na sua produo.
A produtividade primria de um sistema ecolgico pode ser definida como sendo a taxa na qual a
energia radiante convertida pela atividade fotossinttica e quimiossinttica de organismos
produtores (plantas verdes), em substncias orgnicas.
PRODUTIVIDADE PRIMRIA BRUTA (PPB):
Esta produtividade representa a taxa global de fotossntese, incluindo a matria orgnica usada na
respirao durante o perodo de medio, tambm chamada de fotossntese total ou assimilao
total.
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PRODUTIVIDADE PRIMRIA LQUIDA (PPL):
a taxa de armazenamento de matria orgnica nos tecidos vegetais, desconsiderando a
respirao pelas plantas durante o perodo de medio, denominada tambm de fotossntese
aparente ou assimilao lquida.
Durante a respirao, parte da matria orgnica, resultante da produo primria bruta, convertida novamente em dixido de carbono e gua, perdendo parte do peso seco.
A produtividade primria bruta, a produtividade primria lquida e a respirao so relacionadas
atravs da seguinte equao:
Os diferentes tipos de comunidades ou ecossistemas variam grandemente em sua produtividade
primria lquida, conforrne se observa no quadro 1.
Quadro 1. Produtividade primria lquida de diferentes ecossistemas florestais do mundo. Fonte: CHAPMAN&REIS (1992).
Nos diferentes ecossistemas mundiais existem uma srie de fatores que exercem influncias naprodutividade primria, dentre eles destacam-se a disponibilidade de nutrientes no solo, a
disponibilidade de gua, o perodo da estao do crescimento, a temperatura e os nveis de luz
(Figura 28)
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Figura 28. Produo primria lquida anual (tonelada de substncia seca/hectare) no planeta Terra Fonte: SCHULTZ(1995).
Durante a fotossntese, para a produo de uma tonelada de substncia orgnica seca (como
glicose), ocorrem os seguintes processos:
Retirados do ambiente: 600 litros de gua
Removidos do ambiente: 1470 kg de CO2
Devolvidos ao ambiente: 1070 kg de oxignio
Quadro 2. Processos para produo de uma tonelada de substncia orgnica seca na fotossntese. Fonte: BOSSEL (1994).
Num ecossistema florestal, existe uma grande dinmica na produo de biomassa, ou seja,
medida que a floresta vai se desenvolvendo, ocorre uma gradual reduo da biomassa da copa
das rvores e simultaneamente verifica-se um aumento na proporo dos componentes madeira e
casca. Os troncos das rvores representam em mdia mais de 80% da biomassa area em uma
floresta madura.
O CICLO DO CARBONO
A circulao do dixido de carbono no ecossistema florestal ocorre na corrente que existe entre a
planta que vai fixar o carbono, o ar que o reservatrio e o solo que libera o CO2, atravs dadecomposio da matria orgnica existente na serapilheira.
O estoque atual de CO2 na atmosfera estimado em 762 Gt (gigatoneladas) ou seja
762.000.000.000 toneladas.
O total de carbono existente no mundo estimado em 26 x 10e15 toneladas, ou seja, 26
quatrilhes de toneladas, das quais 99,95% esto fixados em compostos inorgnicos do tipo
carbonatos e dissolvidos na gua dos oceanos. Por isso os mares so os maiores fornecedores de
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Fsforo (P) 16 68 35 82
Potssio (K) 44 340 224 1079
Clcio (Ca) 258 480 557 1771
Magnsio (Mg) 26 65 57 290
Serapilheira Conferas Conferas Folhosas Folhosas
Biomassa (kg/ha) 113700 74881 21625 27300
Nutrientes (kg/ha)
Nitrognio (N) 617 681 377 214
Fsforo (P) 115 60 25 9
Potssio (K) 109 70 53 22
Clcio (Ca) 360 206 205 179
Magnsio (Mg) 140 53 28 24
Quadro 3. Estoque de matria orgnica e nutrientes na biomassa area e serapilheira em diferentes ecossistemas
florestais. Fonte: WARING & SCHLESINGER (1985).
Num ecossistema florestal tropical, a quantidade de detritos que caem em 12 meses de 10.500
kg/ha, dos quais 2/3, ou seja, em torno de 7000 kg so folhas e 1/3 constitudo por ramos e
pequenos troncos.
Na mesma floresta tropical, o volume dos grandes troncos atingem 173.600 kg/ha. A biomassa das
razes de 24.750 kg/ha, dos quais 85% esto localizados nos primeiros 30cm da profundidade do
solo. A grande maioria das razes exploram a zona superficial do solo de onde retiram os
elementos nutritivos para o crescimento das plantas, sendo poucas as razes que atingem a rocha
matriz.
Alm de fatores importantes como aerao e economia de gua, so os processos de
reincorporao de nutrientes no ciclo que influem sobre a produo.
Nas florestas naturais, o ciclo dos nutrientes ocorre imperturbado, sendo uma circulao rpida de
substncias nutritivas, com um alargamento do ciclo, que possibilita tambm o crescimento de
espcies com exigncias maiores.
Com a explorao, e a conseqente retirada de nutrientes, logicamente alteram-se as condies
do ecossistema, e a produtividade no futuro, principalmente nas regies tropicais e subtropicais
que dependem exclusivamente do processo de circulao de nutrientes.
A parte que entra na circulao (percentagem do total retirada pela rvore) varia de acordo com o
elemento, a espcie e sua idade. Ento, quanto mais rpida a decomposio, melhor o efeito para
o crescimento.Os estudos sobre ciclagem de nutrientes em florestas mostram que o retorno de nutrientes ao solo
maior em florestas com idades mais avanadas.
Os nutrientes que retornam ao solo so novamente fonte de alimentao, e a sua decomposio
influi muito na continuidade de abastecimento.
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Camadas de serapilheira espessa (por exemplo, Pinus sp. no Brasil) so sinal de interrupo do
ciclo nutritivo, pois causam imobilizao de nutrientes. Conforme o tipo de solo, e a mdio prazo,
resultam em reduo do crescimento.
Comparando os resultados de uma floresta de Araucaria angustifolia com as quantidades de
nutrientes fixados na sua serapilheira, v-se que o consumo anual inclui boa porcentagem dos
nutrientes contidos na serapilheira.Como regra geral, pode-se afirmar que a rapidez da decomposio da serapilheira
(desconsiderando as influncias do ambiente) maior, quanto maior for o teor de nitrognio,
fsforo, clcio e magnsio. Partes jovens decompem-se mais rapidamente do que partes velhas e
a durao de decomposio de acculas maior do que de folhas. As folhas da mesma espcie,
procedentes de um ambiente com abastecimento bom em gua e nutrientes, decompem-se mais
rapidamente do que as folhas de um ambiente com abastecimento deficiente.
A manuteno do estoque de nutrientes minerais no solo, bem como da produtividade de biomassa
das florestas de rpido crescimento, est intimamente relacionada com o processo da ciclagem de
nutrientes.
O processo de ciclagem de nutrientes nos ecossistemas florestais pode ser caracterizado em trstipos:
Ciclo geoqumico
Este ciclo caracteriza-se pela entrada de elementos minerais oriundos da decomposio da rocha
matriz, pela fixao biolgica de nitrognio, adubaes, pelas deposies de poeiras, gases e
atravsda precipitao pluviomtrica. A sada dos elementos minerais para fora do ecossistema,
ocorre atravs da eroso, l ixiviao, queima (volatilizao) e, principalmente, pela explorao.
Ciclo biogeoqumico
Tal ciclo ocorre mediante o processo em que a planta, pelo seu sistema radicular, retira os
elementos minerais do solo para a produo da biomassa (folhas, ramos, casca, madeira e razes)
e posteriormente devolve parte destes elementos por meio da queda de resduos orgnicos
(serapilheira), os quais, medida que vo sendo mineralizados, novamente so absorvidos pelas
razes.
Ciclo bioqumico
Uma vez absorvidos os nutrientes do solo, alguns destes elementos ficam em constante
mobilizao no interior da planta, como o caso do fsforo. Este ciclo relaciona-se com astranferncias dos elementos minerais dos tecidos mais velhos para os mais jovens.
Na Figura 31, observa-se o processo da dinmica da ciclagem de nutrientes em ecossistemas
florestais.
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Figura 31 Ciclagem dos nutrientes em um ecossistema florestal. Fonte: SCHUMACHER (1995) adaptado de MILLER
(1984).
Nas florestas tropicais e subtropicais com solos velhos, onde a decomposio dos minerais
primrios j mais ou menos completa, a nutrio das florestas depende cada vez mais da
circulao de nutrientes atravs das substncias orgnicas. Logo, quando se realiza um corte raso
ou queima de capoeiras, capoeires e ou florestas em estgio secundrio, destri-se a principal
fonte de nutrientes que assegura a continuidade do desenvolvimento da vegetao. A
mineralizao e a humificao se tornam a base do ciclo nutritivo. Nessas florestas naturais h um
equilbrio entre a decomposio da matria orgnica e a retirada de nutrientes, j que no h
extrao por explorao nem maiores perdas por lixiviao ou eroso.
A morte dos produtores e consumidores proporcionam o retorno ao solo de uma grande massa
orgnica, constituindo a camada de detritos. Essa camada/serapilheira alimenta uma grande
quantidade de animais saprfagos, destacando lumbricides - minhocas, cuja quantidade constitui
a essncia da fauna dos solos florestais.
A fauna do solo decompe a serapilheira, transformando-a em compostos orgnicos complexos,
metabolizados pelos fungos actinomicetos e bactrias que, pela respirao, transformam o dixido
de carbono em alimento para os vegetais clorofilados.
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So vrias as fontes de nutrientes para as plantas, no entanto a rocha matriz a principal
fornecedora dos elementos minerais oriundos da sua decomposio, inclusive os elementos
contidos na matria orgnica acima e abaixo da superfcie do solo. Todos os elementos minerais
esto sujeitos ao da gua, por isso, importante salientar que os elementos disponveis no
habitat so incorporados na vegetao para reduzir as perdas pela lixiviao. Em solos de clima
tropical e subtropical, a lixiviao a grande responsvel pela diminuio do potencial nutritivo dossolos. (Figura 32)
Figura 32. Influncia da gua na formao do relevo
Dentre os principais elementos utilizados para o desenvolvimento das espcies vegetais, pode-se
destacar:
- NITROGNIO
- FSFORO
- ENXOFRE.
NITROGNIO
O nitrognio constitui a maior frao da atmosfera, com cerca de 78% do seu volume, sendo esta afonte e o reservatrio deste elemento vital para qualquer forma de produo orgnica.
Embora seja um dos elementos mais difundidos na natureza, praticamente no existe nas rochas
que do origem aos solos. Assim, pode-se considerar que a fonte primria do elemento, importante
para o crescimento dos vegetais, o ar.
Na atmosfera, o nitrognio encontra-se na forma molecular altamente estvel de N2, no
diretamente aproveitvel pela maioria dos vegetais superiores.
O nitrognio incorporado ao solo atravsde descargas eltricas na atmosfera, tranformando o
nitrognio elementar (N2) em xidos que so convertidos em cido ntrico. Esse acaba no solo com
a gua das chuvas, resultando em nitratos aproveitveis pelas plantas. Outro mtodo de
incorporao a fixao direta de nitrognio do ar pelos microorganismos do solo. (Figura 33)
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Figura 33. Ciclo do nitrognio.Fonte: HEINRICH&HERGT (1990).
O processo de fixaao biolgica de nitrognio ocorre atravs dos microorganismos livres, como
bactrias, fungos e algas. De maior importancia para o sistema agroflorestal a fixao simbitica,
realizada principalmente por bactrias do gnero Rhizobium, que formam ndulos nas raizes de
leguminosas e transferem o nitrognio fixado do ar, transformando em formas assimilveis, para a
planta hospedeira. Todo o nitrognio acumulado na planta somente incorporado ao solo
medida em que os residuos de raizes mortas, folhas, galhos, cascas e troncos forem decompostos.
(Figura 34)
Figura 34. Decomposiao da madeira pela aao dos fungos. No detalhe simbiose entre as bactrias do genero Rhizobinm e
as razes.
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FSFORO
O fsforo um dos trs principais nutrientes do solo e constitui-se no elemento exigido em menor
quantidade pelas plantas. Porm, no Brasil, trata-se do nutriente mais utilizado na adubao, face
carncia generalizada de fsforo nos solos brasileiros e, tambm, porque grande parte do
elemento fica fortemente fixado ao solo, no estando prontamente disponIvel para as plantas.Assim, importante conhecer as interaes do elemento com o solo e compreender a dinamica
das formas disponiveis para as plantas, para avaliar sua disponibilidade e orientar a prtica da
adubao fosfatada. A sua origem resulta da desintegrao e decomposio da rocha matriz,
embora algumas contenham pouco fsforo na sua constituio. Os mecanismos de devoluo do
fsforo ao ciclo ocorre pela eroso, que libera os fosfatos para o ecossistema. Grande quantidade,
porm, escapa para o mar, onde parte se deposita nos sedimentos rasos e outra parte se perde
nos sedimentos profundos. Neste caso, as aves marinhas desempenham papel importante na
devoluo do fsforo para o ciclo, sendo exemplo os depsitos de guano na costa do Peru. (Figura
35)
Figura 35. Ciclo do Fsforo Fonte: HEINRICH& HERGT(1990).
ENXOFRE
O enxofre existente no solo provm originalmente da rocha matriz e tambm da decomposio de
matria orgnica vegetal, porm nas carcaas de animais existe apenas traos deste elemento. O
ecossistema necessita de menor quantidade de enxofre do que de nitrognio e fsforo. Este
elemento limita com menor freqncia o crescimento das plantas e dos animais. O enxofre do solo
absorvido pelas razes das plantas. Com a morte dos vegetais, imediatamente restitudo
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atravs da ao dos microorganismos. A parte do enxofre de origem orgnica, fornecida pelas
plantas, pode introduzir nos ciclos quantidades importantes deste elemento trazidas pela atmosfera
atravs das chuvas nas regies industriais. O dixido de enxofre que provm da queima de
combustveis fsseis, como o carvo, emitido principalmente pelas indstrias. Os xidos de
nitrognio so liberados pelos veculos automotores. Na atmosfera essas substncias reagem
quimicamente e produzem os cidos sulfricos e ntricos, dando origem chuva cida. Essescidos quando atingem a superfcie terrestre, em forma de chuva ou neblina, alteram a composio
qumica da gua e do solo, interferindo grandemente nas florestas e na vegetao agrcola, bem
como nas edificaes com estruturas metlicas. (Figura 37). No Brasil, a chuva cida mais
comum nos grandes centros industriais, como So Paulo, Rio de Janeiro e Cubato, enquanto na
regio sul surge com maior intensidade na regio de Bag (RS) na Termoeltrica de Candiota,
atravs da combusto do carvo mineral.
Figura 37. Ciclo do Enxofre. Fonte: HEINRICH&HERGT(1990).
CONCLUSO
A realidade nos mostra que os esforos realizados at o momento, por alguns setores da
sociedade para a preservao ambiental, no atingem resultados satisfatrios. Isso pode seratribudo ao complexo mundo dos ecossistemas que, alm de ser o suporte da humanidade, o
grande meio da vida silvestre. O desconhecimento e as prprias dificuldades que se possui de
entender os emaranhados ambientes dos ecossistemas levam o homem ao uso irracional deste
meio ecolgico. Por outro lado, a falta de um gerenciamento racional da natureza no estimula a
autntica conservao do ambiente.
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Desta maneira a paisagem natural passa a ser agredida de modo inconseqente, na busca de
retornos imediatos, sem a preocupao com as conseqncias futuras. Face a grande
desconsiderao com os aspectos ecolgicos, importante uma tomada de conscincia e um
alerta geral no que se refere sobrevivncia da humanidade sobre a terra. A cincia necessita ser
trabalhada para que os pesquisadores envolvam-se com o que se chama de Ecologia Social,
descobrindo e definindo princpios que resultem no equilbrio lgico e que permitam asobrevivncia harmnica dos seres na superfcie terrestre. Assim sendo, tem-se que trabalhar no
sentido de levar informaes sobre o ambiente a todas as camadas sociais, na expectativa de que
cada indivduo seja atingido por uma conscincia ecolgica possvel de reverter o processo de
degradao assustadora que continua nos assolando. Ao cientista cabe a funo de pesquisar,
reunir e integrar informaes pertinentes ao ambiente para que instituies pblicas e privadas
utilizem estes conhecimentos em prol da preservao. necessrio que os pesquisadores gerem e
difundam o conhecimento para que outros possam aprimorar e aplicar em suas tecnologias na
busca de resultados satisfatrios, eficientes e adequados a cada realidade. Isto , para que
possam produzir sem degradar o ambiente, evitando o descompasso entre o progresso cientfico e
tecnolgico de um lado, e o progresso moral e educacional do outro. importante lembrar maisuma vez que da preservao dos ecossistemas depende a vida sobre a terra. Por isso
fundamental que cada cidado assuma o compromisso de cuidar do ambiente que lhe pertence,
pois atravs do somatrio de todos estes cuidados estaremos garantindo a sobrevivncia das
geraes futuras.
GLOSSRIO
Abiticos: so todos os componentes ndo-vivos que fazem parte do ecossistema;
Aluvial: material transportado pelaguadas chuvas e depositadojunto s margens de rios e
baixadas;
Amonificao: processo de formao de amnia, que no solo, ocorre a partir da degradao de
aminocidos realizada por bactrias especficas;
Anaerbio: organismo que respira anaerbicamente (ver respirao anaerbica);
Autotrfico: seres vivos capazes de produzir seu prprio alimento. Exemplo: vegetais;
Balano hdrico: relao entre a quantidade de agua que uma planta absorve e a que elimina pela
transpirao;
Biocenose: termo usado tambm para designar ecossistema, comunidade de plantas e animais;
Biodiversidade: diferentes tipos de animais e vegetais que ocorrem num determinado
ecossistema;
Biomassa: quantidade de massa de seres ou de rgos vivos, presentes num determinado
tempo por unidade de rea ou volume de gua, que se encontram sobre o solo e nos oceanos.Biosfera: a camada da atmosfera (0-20 km de altura) onde existem vida animal e vegetal;
Biticos: so todos os seres vivos que compe um ecossistema;
Biota: componentes vivos de um determinado ecossistema;
Bitopo: refere-se a um certo espao ou ambiente onde os fatores fsicos e biolgicos se
interagem, formando condies mnimas para a manuteno de um ou de muitos organismos;
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Cadeia alimentar: srie de organismos de um ecossistema atravs dos quais a energia alimentar
oriunda dos produtores transferida de um organismo para o outro numa seqncia de
organismos que ingerem e so ingeridos;
Caduciflias: plantas que perdem as folhas durante a estao seca ou fria;
Chuva cida: chuva contendo compostos cidos, principalmente xido de enxofre, que se
encontram na atmosfera, como decorrncia de atividades industriais, queima de carvo mineral ede combustiveis fsseis;
Cianobactria: denominao dada, recentemente, antiga "alga verde-azul". Trata-se de um
procariota fixado de N2 atmosfrico;
Clima ombrfilo: ocorre em regies tropicais com chuvas abundantes;
Desciduais: folhas que se desprendem precocemente;
Decomposio: processo de desintegrao da estrutura da matria orgnica em que molculas
orgnicas complexas se transformam em substncias simples (dixido de carbono, gua e
componentes minerais) atingindo, no solo um estado final de hmus;
Deflvio: refere-se ao escoamento dos lquidos;
Desnitrificao: processo de degradao do nitrato que ocorre geralmente em condiesanaerbicas, onde as bactrias desnitrificantes (Pseudomonas desnitrificans) formam
principalmente o xido nitroso N2O) e nitrognio molecular (N);
Edafo-climtico: refere-se s condies de solo e clima de um determinado ecossistema;
Epfitas: vegetais que vivem sobre outros, sem retirar nutrimento, apenas fixando-se neles;
Estacional: indica perodo ou influncia da estao do ano. Exemplo: nordeste brasileiro,
estacional de chuva (inverno), estacional seco (vero);
Estmatos: so pequenas aberturas encontradas nas clulas da epiderme das folhas e que
controlam a entrada e a sada de gases necessrios respirao e fotossntese bem como
regulam a sada de gua no estado de vapor;
Evapotranspirao: processo que sofre a gua, podendo ser dividido em dois componentes
principais: a) gua que evaporada diretamente da superfcie do solo; b) gua que vai para a
atmosfera atravs da planta, principalmente pela transpirao do vegetal e pela evaporao da
gua depositada, por irrigao, chuva ou orvalho, na superfcie das folhas;
Fitoplncton: organismos vegetais produtores primrios do plncton;
Fixao biolgica de Nitrognio: processo biolgico efetuado por bactrias que vivem, na sua
maioria em simbiose com as razes das plantas;
Floresta boreal: floresta com predominncia de conferas que ocorre no hemisfrio norte: Canad,
Escandinvia,Sibria e norte da Rssia;
Floresta temperada: floresta mista, de conferas e rvores de folhas largas distribuda em grande
parte da Amrica do Norte, norte da Europa central, ocorrendo tambm na Flrida, Nova Zelndia
e leste da China;Fossilizao: conjunto de processos naturais que permitem a conservao dos restos ou vestgios
de fsseis;
Guano: depsito de dejetos de aves que vivem na costa do Peru, rico em fsforo muito importante
para a ciclagem deste elemento;
Heterotrficos: seres vivos incapazes de produzir seu prprio alimento, sendo obrigados a retirar
a matria e a energia de outros organismos. Exemplo: cavalo;
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Hmus: mistura de matria orgnica parcialmente decomposta, clulas microbianas e partculas
que se forma nas camadas superiores do solo. um colide orgnico, amorfo, praticamente
insolvel em gua, mas solvel em soluo alcalina diluda (de NaOH ou KOH), de colorao
escura (marrom ou preta), rico em carbono(50%), nitrognio (5%) e menores quantidades de
oxignio, enxofre, fsforo e outros elementos;
on: tomo ou agrupamento de tomos com excesso ou falta de cargas eltricas negativas;Lixiviao: processo de remoo do solo, de sais simples e de outras substncias solveis em
gua, com a conseqente perda desses componentes pela gua de drenagem;
Macroconsumidores: o mesmo que heterotrficos;
Mata ciliar: o mesmo que mata de galeria, mata ripria ou ribeirinha. Esta mata encontra-se na
margem de rios, riachos ou crregos, beneficiando-se da disponibilidade de gua e nutrientes que
se acumulam nas margens. Da mesma forma, a mata ciliar beneficia o curso d'gua que margeia,
protegendo as margens contra eroso, evitando assoreamento;
Nitrificao: processo de formao de nitrato que ocorre em solos arejados e ecossistemas
aquticos, iniciando-se pela oxidao da amnia em nitrito, pelas bactrias do gnero
Nitrosomonas, sendo este oxidado, pelas bactrias do gnero nitrobacter, formando nitratos;Nvel trfico: posio que o indivduo ocupa na cadeia alimentar;
Oxidao: processo de combinao de uma substncia com o oxignio. Exemplo: formao de
ferrugem;
Paleogeogrfica: configurao da superfcie terrestre nas pocas geolgicas passadas;
Plncton: minsculos organismos que vivem como flutuantes em ecossistemas aquticos;
Procarioto: organismo, geralmente unicelular, cuja clula me no possui ncleo individualizado.
Exemplos: bactrias e cianobactrias;
Razes tabulares: razes achatadas que auxiliam na fixao e sustentao da planta e permitem a
respirao radicular;
Reduo: processo em que ocorre a diminuio do nmero de cargas positivas de um on;
Respirao anaerbica: respirao onde o oxignio molecular no participa, sendo um composto
inorgnico o aceptor de eltron (oxidante). Os organismos sobre os quais o 02 age como
substncia txica so denominados de "anaerbicos obrigatrios", como por exemplo as bactrias
que utilizam sulfatos e carbonatos como aceptores de eltrons;
Rhizobium: gnero de bactrias heterotrficas, capazes de formar ndulos simbiticos nas razes
de plantas Ieguminosas, como o caso da soja e do angico. Nesses ndulos, a bactria fixa o
nitrognio atmosfrico que utilizado pela planta. A bactria recebe energia da planta;
Saprfitos: organismos decompositores dentro da cadeia alimentar;
Serapilheira: folhas e outros resduos orgnicos no decompostos ou em via de decomposio
que se encontram sobre o solo;
Simbiose: associao intima entre dois organismos, de forma mutuamente benfica. Exemplo:Rhizobium e leguminosa. Ver Rhizobium;
Simbitica: ver simbiose;
Troposfera: camada da atmosfera que atinge altitude mdia de at 10 km;
Turfa: matria esponjosa, mais ou menos escura, constituda de restos vegetais em variados graus
de decomposio, e que se forma dentro da gua, em lugares pantanosos, onde existe pouco
oxignio;
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Xerfitas: plantas que se desenvolvem em solos ou materiais de solos extremamente secos. So
plantas adaptadas s condies de clima rido;
Xeromorfa: vegetao tipica de cerrado adaptada as condies de cl ima seco.
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