a construÇÃo do objeto libidinal fapss 2012.docx
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A construção do objeto libidinal.
Patologia das relações libidinais
Márcia Rosiello Zenker
SPTIZ
Sptiz foi um dos primeiros psicanalistas a utilizar a observação direta das crianças
para determinar e posteriormente descrever as etapas da evolução
psicogenêtica da criança.
S
Baseia-se no conceito freudiano de um organismo no recém-nascido
psicologicamente indiferenciado, tendo apenas um equipamento congênito e
certas tendências.
Spitz
A evolução normal é composta pelo que Spitz nomeia de organizadores de
psiquismo, que demarcariam certos níveis da integração da personalidade.
Então os processos de maturação e desenvolvimento combinariam-se para
formar uma aliança.
Spitz
Spitz cunhou o termo:ORGANIZADORES do psiquismo: aparecimento de comportamentos
específicos na criança. Os processos de MATURAÇÃO e de DESENVOLVIMENTO
encontram-se numa "ALIANÇA" que permitirá progressivamente a evolução no
sentido da INTEGRAÇÃO DA PERSONALIDADE DO BEBÊ.
Spitz
Só para lembrar...a noção de objeto encarada pela psicanálise está necessariamente atrelada ao conceito de
pulsão e libido. “Libido significa, em psicanálise, a força dos instintos sexuais
dirigidos para um objeto “sexual”. Então temos que relações objetais são relações entre um
sujeito e um objeto.
Spitz
Para o universo do recém-nascido ainda não há objetos.
Os objetos relacionais desenvolvem-se progressivamente no decorrer do primeiro
ano de vida, e no seu final, o objeto libidinal será estabelecido.
Spitz
Spitz distingue três estágios no desenvolvimento do objeto:
1) estágio pré-objetal ou sem-objeto,
2) estágio precursor do objeto e
3) estágio do objeto libidinal propriamente dito.
Considera que estes estágios do desenvolvimento se alicerçam na (inter)relação mãe/filho e podem
facilmente ser identificados através da manifestação de comportamentos
específicos na criança, que designou de “indicadores” (por exemplo, “resposta de
sorriso”).
Spitz
Estes indicadores vão revelar a existência de “organizadores do psiquismo”, sob o
primado dos quais os processos de maturação e de desenvolvimento se reúnem numa “teia” facilitadora da
evolução progressiva da criança, que vai constituindo o aparelho psíquico.
Spitz
Spitz
Para Spitz o primeiro estágio corresponderia ao narcisismo primário de Freud, no qual o bebê ignora o mundo ao
seu redor. O bebê teria uma “percepção insuficientemente organizada”.
Spitz
A criança nasce num estado indiferenciado, sem ter consciência de que o seu corpo
se diferencia da mãe. A qualidade da relação entre a mãe e bebê vai refletir-se
na vida futura.
O segundo estágio tem como primeiro organizador o aparecimento do sorriso do
ser humano que ocorre a partir do segundo e terceiro mêses de vida. O
sorriso então aparece como um indicador que instala os primeiros rudimentos do Eu
e o estabelecimento da primeira relação pré-objetal ainda indiferenciada.
Spitz
Assim no segundo mês, o rosto torna-se um percepto privilegiado, a realidade
começa a funcionar mesmo que ainda não ocorra a discriminação.
Spitz
No terceiro estágio surge o segundo organizador, especificado pelo
aparecimento da reação de angústia no rosto de um estranho, em torno do oitavo
mês, chamado de “angústia do oitavo mês”, que é uma angústia da perda do
objeto (a mãe o abandonou).
Spitz
É a partir deste segundo organizador, desta integração progressiva do Eu do bebê , que ele será capaz de distinguir
entre a mãe e a não-mãe.
O que um rosto estranho significa para o bebê é a ausência da mãe o que faz
suscitar a angústia.
Spitz
Deste modo, a criança chega à fase objetal e ao estabelecimento de relações objetais. Neste ponto podemos introduzir o último
organizador, especificado pelo surgimento do “não” tanto na sua forma de gesto e/ou
palavra no decorrer do segundo ano.
Spitz
Neste estágio a criança evolui de um estado passivo para um estado ativo,
adquirindo a capacidade de efetuar ações dirigidas, em que ao ser capaz de utilizar o
“sorriso” como resposta, ele forma o protótipo de base de todas as relações
sociais posteriores.
Spitz
Spitz coloca a ênfase na comunicação que existe na díade mãe/filho: permite o estabelecimento de um tipo de inter-
relação, no qual as ações conscientes e inconscientes da mãe, vão constituir-se
como “reforço primário” sobre a criança. Estes processos de formação, são
designados por Spitz de ”processos de modelagem”.
Spitz
Processo de modelagem
O que é isso:
“uma série de trocas entre dois parceiros, a mãe e o filho, que se influenciam
reciprocamente de forma circular”. A comunicação se faz por intermédio de
sinais cinestésicos num cenário de “clima afetivo”.
Spitz
É precisamente esta repetição de experiências de prazer e desprazer e a
consequente satisfação ou frustração em situações interiores idênticas,
quotidianas, que irá fazer nascer, no bebê, os primeiros afetos de prazer
manifestados através do sorriso ou os afetos de desprazer traduzidos em
episódios de choro.
Spitz
Spitz dedicou a vida ao estudo do desenvolvimento da criança da primeira
infância e propôs o que designou de “psicologia psicanalítica do primeiro ano”, baseada em dados recolhidos na prática
pela observação das relações de objeto da criança com a mãe.
Spitz
Esta observação permitiu-lhe fazer descobertas fundamentais sobre os fenômenos patológicos da infância, ligados às perturbações da relação mãe/filho quando esta é insuficiente (qualitativa ou quantitativamente).
Spitz
Spitz concluiu que, quando há uma perturbação na relação mãe/filho esta vai
influenciar o estabelecimento das relações de objeto, e podem ser observadas as afecções psicotóxicas, termo por ele
utilizado para designar tais perturbações.
Spitz
Coma do recém nascido
Cólica do terceiro mês
Eczema infantil
Manipulação fecal
Hipertimia: exaltação eufórica do humor
Spitz: patologia das relações objetais
Quando, no decurso do primeiro ano o bebê é submetido a uma privação afetiva parcial, surge a depressão
e quando se verifica uma privação completa surge o hospitalismo – estado de letargia e estupor que pode levar à morte.
Spitz: patologia das relações objetais
SPITZ, RA. O primeiro ano de vida: um estudo psicanalítico do desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais. São Paulo: Martins Fontes; 2004.
Bibliografia