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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários 1

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

Engº Agrº Marçal Zuppi da ConceiçãoConsultor ANDEF

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

Introdução

Engº Agrº Marçal Zuppi da Conceição - Consultor ANDEF

Estamos no limiar do primeiro milênio, encerrando sua primeira década. Hoje, todos nós sabemos quão importante é a Boa Prática Agrícola para a Agricultura Moderna. A Boa Prática Agrícola é o conjunto de medidas adotadas pelo Homem do Campo com o objetivo de produzir economica-mente alimentos saudáveis, com qualidade e de forma a preservar a saúde das pessoas e o meio ambiente. É ela que nos garante uma agricultura sustentável, preservando os recursos naturais para gerações futuras. Te-mos que fomentar programas de Boas Práticas Agrícolas, voltados prin-cipalmente para: Aquisição do Produto Fitossanitário, através da Receita Agronômica; o Manejo Integrado de Pragas e a Produção Integrada; o Uso Correto do Equipamento de Proteção Individual; a Segurança no Manuseio e na Aplicação dos Produtos; o Destino Final de Sobras e Embalagens Va-zias, e Programas de Alimentos Seguros do Campo à Mesa.

O profissional de Assistência Técnica e Extensão Rural, além de orientar o homem do campo na aplicação com qualidade dos defensivos agrícolas, (respeitando princípios de segurança, higiene, saúde e proteção do meio ambiente), soluciona também os problemas fitossanitários de nossas cul-turas. Os procedimentos preceituados pela produção integrada têm como base o rol de exigências dos mercados importadores, principalmente da Comunidade Europeia. A segurança dos alimentos é uma das prioridades máximas na Europa. A regulamentação da União Europeia neste domínio, muito exigente, tem sido reforçada desde o ano 2000, a fim de garantir o máximo grau de segurança possível na alimentação dos europeus.

Ao definir a sua política no domínio da segurança dos alimentos e ao estabelecer os níveis de riscos aceitáveis, a Comunidade Européia baseia-se em pareceres científicos sólidos e nos mais recentes desenvolvimentos tecnológicos. Para esse efeito, consulta o Comitê Permanente da Cadeia Alimentar, no qual estão representados todos os países do grupo. A segu-rança do alimento é também extremamente importante para o nosso mer-cado interno. O Brasil é um dos países mais populosos do mundo, e sua população está a cada dia mais exigente, tendo, de fato, o direito de ter alimentação abundante e saudável.

Hoje, a sustentabilidade da produção agrícola e a adequação ambiental são rotineiras.

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O nosso objetivo neste texto será o de responder, basicamente, três perguntas: De onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos? É impor-tante conhecer o passado. Quem conhece o passado pode perscrutar o futuro.

Ao que tudo indica, por muitos anos haverá demanda por produtos fitos-sanitários. Isto porque, por mais que se procure tratar os sistemas agríco-las como ecológicos, eles são, por natureza, altamente instáveis. O agros-sistema é relativamente frágil, constituído de muitos indivíduos, porém de poucas espécies. Essa característica o faz muito tênue, suscetível ao desequilíbrio. Desde que existem, homem e inseto lutam pelo mesmo ali-mento. Trezentos milhões de anos antes do homem, insetos já habitavam a Terra. São mais antigos e experientes que o homem. Quando deixou de ser nômade e fixou-se em determinados lugares da Terra, o ser humano passou também a interferir nos Ecossistemas, modificando-os, quebrando seus equilíbrios. A busca pelo alimento foi a primeira prioridade do homem. Na verdade, temos comido o alimento que nos sobra do ataque das pragas, das doenças e da competição com plantas daninhas. Desde o momento em que o homem começou a utilizar os produtos fitossanitários como arma para rebater os ataques às suas culturas, seja aplicando os inorgânicos (como cobre e enxofre) ou os produtos de origem vegetal (como a nicotina e piretro), tivemos vários estágios de controle em culturas de importân-cia econômica. Todavia, dois períodos marcaram duramente a história dos produtos: A Fase da Crise e a Fase do Desastre.

O progresso tecnológico nos conduziu à fase que hoje vivemos, a do Controle Integrado, a mais importante de todas, pois configura uma garan-tia de que estamos no caminho certo para evitar que erros cometidos no passado voltem a se repetir.

É importante destacarmos que os produtos fitossanitá-rios modernos têm maior eficiência agronômica, além de aplicados em menores doses de ingrediente ativo por área, com menores toxicidades e impacto ambiental. A rastreabi-lidade dos alimentos é assegurada desde a exploração agrí-cola até a mesa do consumidor.

Com a Lei nº 7.802/89 e seu decreto regulamentador, nº 98.816/90, tornaram-se extremamente rígidos no Brasil os controles dos produtos fitossanitários, desde a sua pesqui-sa, registro e produção até a aplicação no campo. Quere-mos ainda nos referir à Lei nº 9.605/95 que trata de Crimes Ambientais, e à Lei nº 9.974/2000 e ao Decreto nº 3550 de 27/07/2000 que alteraram a Lei nº 7.802/89 e seu decreto re-gulamentador. Em 31 de maio de 2001 foi editado o Decreto nº3.828, passando para até 31 de maio de 2002 o prazo(um ano) para as empresas estruturarem-se adequadamente para as operações de recebimento, recolhimento e destina-ção de embalagens vazias e produtos de que trata o Decreto nº 98.916 de 11/01/90, este último substituído pelo Decreto 4074 de 04/01/02 . Nesta etapa, particularmente, as especifi-cidades técnicas de manuseio e utilização exigem a presen-ça de assistência agronômica tanto mais assídua quanto menor o nível de qualificação da mão de obra rural.

Atenção

Atenção

Várias entidades, entre elas a Associação Nacional de Defesa Vegetal, vêm decididamente trabalhando para que erros da história dos defensivos agrícolas não mais se repitam. No Brasil, o profissional de ciências Agrárias configura o elo entre esse anseio e a realidade do campo. Os nossos obje-tivos têm sido comuns: o uso correto e seguro dos produtos fitossanitários e o aumento da produção brasileira de alimentos.

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2 Contribuição da Defesa Vegetal

O agricultor norte-americano gastava em 1915, em média, 132 horas de trabalho para obter uma produtividade de seis toneladas de alimento por hectare cultivado. Em 1950, o tempo necessário para atingir as mes-mas 6 toneladas caiu para a média de 53 horas e, em 1985, com apenas 3 horas, ele obtinha o mesmo resultado. Esta progressão deveu-se, particu-larmente, à introdução de novas tecnologias agrícolas, utilizadas em forma integrada.

Na história sobre o uso do manejo fitossanitário integrado, o ano de 1950 assumiu uma característica de divisor de águas para a agricultura mundial, pois, a partir daquela época, passou-se a explorar a idéia de in-tegração do controle químico com o biológico, com o objetivo de se re-solver o conflito entre o uso de inseticidas e ação dos inimigos naturais. Estava, portanto, plantada a semente da seleção de métodos de controle e do desenvolvimento de critérios para o emprego do Manejo Integrado de Pragas (MIP), garantindo consequências favoráveis sob os pontos de vista econômico, ecológico e sociológico. Uma conceituação que desabro-chou, definitivamente, em 1961, quando os ecologistas australianos Diana e Clark escreveram um artigo em que defendiam uma tecnologia visando fazer o manejo protetor contra espécies benéficas (predadores, parasitas, polinizadores).

No Brasil, entomologistas pioneiros, como o Prof. Costa Lima (Escola Nacional de Agronomia – Rio de Janeiro), já eram precursores da idéia de controle integrado pois, quando este fez o estudo dos problemas do algo-doeiro no Nordeste do país (1950), propôs uma série de medidas que se enquadram perfeitamente no conceito de integração de hoje.

A classe Agronômica tem apoiado o Método Integrado de Cultivo, no qual se levam em conta todos os fatores que podem proporcionar à planta a capacidade máxima de produção, permitindo que ela aproveite eficaz-mente o seu potencial produtivo. O controle químico é, então, apenas uma das medidas da Agricultura Integrada.

A prática do Manejo Integrado, em defesa fitossanitária, permite que sejam aplicados produtos e métodos de acordo com as necessidades sen-tidas por produtores e consumidores de alimentos.

A ANDEF – Associação Nacional de Defesa Vegetal - tem sido grande propulsora do Manejo Integrado. No passado, isto parecia ser muito mais o papel de órgãos de pesquisa e universidades no nosso país. Hoje estamos de mãos dadas. O dilema da Resistência das Pragas aos inseticidas tem estado presente há anos, e também contribui para o desenvolvimento de programas de MIP.

Os ácaros, que são a ruína dos produtores de maçãs e pêras, têm uma longa história de desenvolvimento de resistência. O curto ciclo de vida e o rápido período entre as gerações aceleram a velocidade na qual a resis-tência se desenvolve. Mais de meia dúzia de acaricidas tornaram-se inefi-cientes devido à resistência de ácaros, e apenas alguns continuam sendo eficazes, por meio da implementação de rigorosas estratégias de manejo de resistência.

Em termos mundiais, mais de 500 espécies de insetos e outros artró-podes já demonstram resistência a uma classe de inseticidas. No Brasil, pode-se citar como exemplo o caso do ácaro da leprose do citros, Bre-vipalpus phoenicis e os sérios prejuízos causados nas principais regiões

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produtoras.O desenvolvimento da resistência é simplesmente uma conseqüência

da seleção natural. O agente de controle (um inseticida ou acaricida) evita a reprodução de determinados insetos e ácaros sensíveis. Um pequeno percentual da população pode portar genes resistentes que permitem que uma determinada praga já existente na população sobreviva, ou possa sur-gir com a mutação. Como os produtos para proteção de culturas continuam a eliminar os indivíduos suscetíveis, o equilíbrio da população se altera. Os resistentes continuam a se multiplicar até que, por fim, se tornem predomi-nantes. É importante registrarmos o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo IRAC-BR (Comitê Brasileiro de Ação a Resistência de Inseticidas), como os outros comitês afins nas áreas de Fungicidas e Herbicidas, isto é, FRAC e HRAC.

A Defesa Fitossanitária é uma prática que objetiva sal-vaguardar a produção agrícola dos danos provocados por pragas, doenças e plantas daninhas. Tradicionalmente, es-tes problemas são enfrentados com o emprego de Produtos Fitossanitários. Esta luta não é fácil, principalmente quan-do se levam em conta os efeitos não desejados que podem advir do uso inadequado dos produtos fitossanitários, em especial, o uso equivocado dos agroquímicos, baseando-se em calendários de aplicações, independentemente de sua necessidade. Como resultado, tem-se a realização de tra-tamentos que resultam levam quantidades desnecessárias desses produtos ao meio ambiente.

A prática de intervir com produtos fitossanitários em períodos progra-mados, mesmo quando as populações de pragas não estão provocando “danos econômicos”, é uma das causas que podem fazer parte desses efeitos não desejados e de outros inconvenientes que afetam o agricultor, tais como:

• Desenvolvimento de resistência pelos agentes a serem controla-dos

• Aparecimento de novas Pragas, devido à eliminação maciça dos Inimigos Naturais

O uso dirigido e adequado do Produto Fitossanitário é um método que compreende sua utilização quando os agentes daninhos chegam a uma população que realmente irá provocar prejuízo econômico à cultura esta-belecida. Para isso, deve-se ter como base para sua prescrição e utilização alguns quesitos como:

• Conhecimento da Praga, Doença ou Planta Daninha

• Eficiência dos Produtos Fitossanitários

• Conhecimento dos Inimigos Naturais

• Condições Climatológicas

• Métodos de Amostragens

• Conhecimento dos Níveis de Danos Econômicos

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As exigências da moderna agricultura brasileira crescem à medida que se impõe a necessidade de garantia dos níveis de produção e produtivida-de, adequados ao pleno abastecimento do mercado interno e geração de excedentes exportáveis que possam contribuir, de forma definitiva, para o superávit da balança comercial do País.

Os insumos agrícolas, quando utilizados sob a supervisão de profis-sionais legalmente habilitados, geram resultados positivos para todos os envolvidos no processo. O Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plan-tas Daninhas, que consiste na implementação de métodos de controle que utilizem, harmonicamente, os processos químicos, físicos, biológicos e os métodos culturais, de forma planejada, resulta em benefício da produtivi-dade, proteção ambiental, segurança do consumidor e das pessoas envol-vidas na atividade agrícola.

A produção agrícola é norteada por 3 (três) tipos de fatores de produção (de acordo com Rabbringe e De Wit, 1989):

• fatores determinantes da produtividade

• fatores limitantes da produtividade

• fatores que reduzem a produtividade

Os fatores determinantes da produtividade, tais como a capacidade genética da planta, o solo e a luz solar, estabelecem o nível potencial da produção. Muitas vezes, o potencial não pode ser concretizado, devido a fatores limitantes, como falta de água, nitrogênio ou fósforo, acidez do solo, entre outros. A produtividade efetiva (de acordo com Zadoks e Schein, 1979 ) não pode ser colhida devido aos fatores redutores de rendimento. A Proteção das Plantas trata dos fatores que reduzem a produtividade, com devida consideração dos fatores limitantes.

As pragas, as doenças dos vegetais e as plantas daninhas estão entre os principais fatores que reduzem a produção de alimentos e outros bens indispensáveis à sobrevivência e bem-estar das populações. A tecnologia tem propiciado ao homem, meios cada vez mais eficazes para superar tais problemas. Entre esses meios destaca-se o emprego dos Defensivos Agrí-colas, produtos fitossanitários capazes de eliminar ou reduzir as infesta-ções e os consequentes prejuízos trazidos pelas pragas, doenças e plantas daninhas. Esta é uma luta contínua em que se empenham especialistas de todo o mundo, nas instituições governamentais, nas entidades internacio-nais, nas universidades e nas empresas particulares.

O Manejo Integrado, sem dúvida, é o melhor caminho para o uso correto e seguro dos produtos fitossanitários. Esta prática também oferece a possibilidade de deixar que Predadores / Parasitas / Polinizadores desenvolvam seu pa-pel útil à agricultura. Paralelamente, existe a vantagem de reduzir a dimensão da resistência das pragas aos diferentes produtos.

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O controle das pragas, doenças e plantas daninhas por meio dos pro-dutos fitossanitários, apesar de ser rápido, econômico e eficiente, deve ser utilizado de modo vantajoso associado a outros métodos de controle.

Desde que o homem começou a usufruir dos Produtos Fitossanitários como arma para combater os insetos, aplicando os Inorgânicos (como os Arseniatos) ou os de Origem Vegetal (como Nicotina, Rotenona e Piretro), tivemos várias Fases no controle fitossanitário.

1ª Fase: “Fase da Subsistência”O rendimento de controle era baixo, muito dependente do Controle Na-

tural, da Resistência Natural e de Práticas Culturais. Raros eram os trata-mentos com Produtos Fitossanitários. O homem contava, acima de tudo, com a sorte.

2ª Fase: “Fase da Exploração”Houve expansão do cultivo e da confiança em esquemas de Controle

Químico. Os Produtos Fitossanitários eram aplicados de acordo com um calendário prévio. Os índices de produtividade cresceram e, por conseguin-te, houve o abandono de métodos alternativos.

3ª Fase: “Fase da Crise” A aplicação no esquema de calendário, com épocas preestabelecidas,

levava, muitas vezes, o agricultor a executar os tratamentos fitossanitários desnecessáriamente, quando a incidência das pragas era ainda muito bai-xa ou até mesmo inexistente. Isto contribuía para uma redução drástica dos inimigos naturais, cujas populações não conseguiam mais atingir os níveis adequados para um controle natural das pragas que, por sua vez, ressurgiam em surtos mais severos. O uso intensivo de um mesmo produto contribuía, além disso, para o desenvolvimento de resistência, tornando o problema ainda mais sério.

4ª Fase: “Fase do Desastre”

3Proteção de Plantas

Evitar as perdas na agricultura tem sido o nosso grande objetivo. Nós, os Engenheiros Agrônomos, assim como profissionais de outras áreas afins de ciências agrárias, nos preocupamos muito com as perdas na agri-cultura, incluindo a área fitossanitária. De acordo com a FAO, 35% são as perdas nessa área: 14% pelos insetos, 12% devido às doenças e 9% com as plantas daninhas. A situação é mais preocupante quando se comparam as perdas entre países em desenvolvimento, como o Brasil, com os de-senvolvidos.

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PAÍSES DESENVOLVIDOS

PRAGAS 38% 9%DOENÇAS 27% 14%

Fonte: GIFAP – International Group of National Associations of Agrochemical Manufacturers (atualmente GCPF – Global Crop Protection Association).

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Havia um maior custo do controle fitossanitário, o abandono das cultu-ras por produtores marginais e a impossibilidade do cultivo econômico em certas áreas.

5ª Fase: “Fase do Manejo Integrado”Hoje, temos que conduzir a Agricultura com conhecimento técnico,

criatividade e inteligência, levando em consideração todos os fatores que podem proporcionar à planta a sua capacidade máxima de produção, per-mitindo que ela aproveite eficazmente o seu potencial produtivo. Isso só se consegue através do Sistema Integrado de Manejo na Produção Agrícola. Na área de Proteção de Plantas, o objetivo é atingir os níveis mais eleva-dos possíveis no controle, dentro de uma visão sistemática e integrada da produção agrícola sustentável.

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4Manejo Integrado de Pragas

Quando se fala de Manejo Integrado, pensa-se logo no Manejo Integra-do de Pragas (MIP). Por que o MIP tem conseguido melhores resultados que o Manejo de Plantas Daninhas e o de Fitopatógenos? Primeiramente, sabemos que os insetos são mais afetados por inimigos naturais que pa-tógenos e plantas daninhas. Dependência e densidade populacional são características ecológicas dos insetos. Quanto ao Controle Biológico, ele é relativamente eficiente para insetos. Ele existe, também, para patógenos e para plantas daninhas, porém é pouco eficiente.

Há muitos séculos, homem e insetos lutam pelo mesmo alimento. Das 10 pragas do Egito, segundo a Bíblia, 3 ( três ) eram insetos. Desde que existe, o homem vê nascer do mesmo solo que o alimenta os insetos contra os quais ele luta. Na verdade, comemos os restos que os insetos deixam.

Os insetos também transmitem doenças como a Peste Bubônica, Malá-ria, Encefalite, Peste Negra e Cólera. Atualmente, estamos enfrentando o impacto da ação dos mosquitos “Aedes aegypty” e “Aedes albopictus”, que transmitem uma doença infecciosa: a Dengue. O “Aedes aegypty” pode transmitir ao homem a Febre Amarela e a Dengue Hemorrágica, ambas com alto índice de mortalidade.

É valido lembrar que a descoberta, em 1939, do efeito inseticida do DDT (primeiro inseticida orgânico sintético) deu ao seu descobridor, Paul Müller, o Prêmio Nobel. Mais de 2 milhões de pessoas foram salvas, na época, graças às aplicações do DDT no controle de epidemias transmitidas por insetos. Robert Metcalf, da Universidade de Illinois, em 1980, chamou aquela década de Època do Otimismo, tal era a euforia que reinava pelas aplicações do DDT.

O Prof. Marcos Kogan (brasileiro professor aposentado pela Oregon State Universit/USA) nos relata que, na própria Sociedade de Entomolo-gistas dos Estados Unidos, comentava-se que o DDT iria resolver todos os problemas ocasionados pelas pragas. No entanto, o que aconteceu? Aplicações erradas, exageradas e irracionais, em que verdadeiros territó-rios foram cobertos por inseticidas, vieram trazer Resistência de Insetos a Determinados Produtos Fitossanitários.

A experiência mostrou ao homem que não se deve com-bater os insetos, e sim manejá-los. É necessário preservar Predadores, Parasitas e Polinizadores, deixando que desen-volvam seu papel útil à Agricultura. Em verdade, a ninguém interessa um excessivo consumo de Defensivos Agrícolas, pois tal excesso acaba provocando o aparecimento de Pra-gas Resistentes.

Não interessa ao Agricultor, ao Comerciante ou ao Técnico, que hoje deve prescrever Receituário Agronômico, a indicação de um produto com problemas de resistência, que pode levar à perda da credibilidade junto aos seus consulentes. Para a Indústria de Produtos Fitossanitários que pesqui-sa e lança novos produtos, a Resistência é assustadora, porque impede que o defensivo tenha um consumo adequado e prolongado.

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5 Manejo Integrado de Doenças e de Plantas Daninhas

O Prof. Yvo de Carvalho (ex-professor da Universidade Federal de Goi-ás), durante o primeiro SIMI – Simpósio Internacional sobre Manejo Inte-grado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas (Campinas, 1987), assim se expressou: “Em termos gerais pode-se dizer que o Manejo Integrado em Fitopatologia sempre existiu, porém, de maneira desordenada e indis-ciplinada. Não atingimos o grau de eficiência, tal como o alcançamos pelo manejo integrado de pragas, mesmo porque a atuação de um microorga-nismo sobre o outro, no solo, é um fenômeno que frequentemente passa despercebido”.

Tanto para patógenos quanto para plantas daninhas, a Previsibilidade quanto à ocorrência é grande. Isso facilita o Manejo Integrado nas duas áreas. Se plantarmos uma Espécie Suscetível a uma determinada doen-ça numa certa região, e as Condições Climáticas forem favoráveis, existe grande probabilidade de uma epidemia ocorrer. Quanto às plantas dani-nhas, são absolutamente previsíveis. Se existe uma infestação onde as plantas daninhas estão bem adaptadas, poderemos ter certeza de que vão ocorrer.

Quanto a Controles Naturais, comentamos que os Insetos são bastante afetados por Inimigos Naturais, que podem ser outros insetos, parasitas ou predadores. Quanto aos patógenos, existem alguns inimigos naturais, porém não tão efetivos como dos insetos. Da mesma forma para as plantas daninhas, pois, se escaparam ao controle, significa que, de fato, não têm inimigos naturais.

Em manejo integrado de Doenças, a Resistência é muito importante. Em algumas culturas, patógenos são fatores limitantes e somente atra-vés da resistência às doenças consegue-se estabelecer o seu controle dos mesmos permitindo o desenvolvimento das plantas. O mesmo não aconte-ce para plantas daninhas, cuja Resistência não se aplica, de uma maneira geral.

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6Evolução dos Produtos Fitossanitários

Desde o alvorecer da agricultura a produtividade das plantas cultivadas tem sido reduzida por pragas, doenças e pela competição com as plantas daninhas e, desde então, os agricultores vêm buscando meios de limitar essas perdas e obter culturas mais sadias, ou seja, meios de proteger a produção agrícola.

De modo geral, quanto mais intensivo for o sistema de produção maiores serão os riscos de perdas dessa mesma produção pela ação de diversos organismos.

A intensificação e a otimização dos métodos de cultivo têm resultado em aumentos significativos na produção e na produtividade das lavouras e a defesa vegetal tem se constituído num dos importantes fatores contri-buindo para esses resultados.

O grande esforço feito no sentido da adoção de novas tecnologias no campo foi, sem dúvida, iniciado nos países desenvolvidos onde era vital a racionalização da produção face ao contínuo êxodo rural. Isto explica os grandes avanços alcançados pelos países europeus, Estados Unidos, Canadá e Japão.

Nos países em desenvolvimento – e o Brasil é um exemplo – os avan-ços tecnológicos (máquinas, cultivares com alta produtividade, o uso ade-quado de fertilizantes e o emprego correto de produtos fitossanitários para proteção das lavouras) foram absorvidos mais lentamente, concentrando-se o esforço nas culturas de exportação, face às políticas de financiamento agrícola adotadas pelos diferentes países. Tem-se portanto que reconhecer que, nos países em desenvolvimento, os avanços tecnológicos, visando aumentos de produção e produtividade, sofreram atrasos na sua adoção pelos agricultores.

Implicações de ordem social, além de problemas ecológicos como os desmatamentos, que são particularmente sérios nos países em desenvol-vimento, também devem ser considerados quando o que está em jogo é a produção agrícola.

No que diz respeito à defesa fitossanitária, grandes mudanças ocorre-ram nos últimos 30 anos, com ênfase especial nos países industrializados, pois foi nesses países que surgiram importantes inovações nas técnicas de defesa vegetal.

6.1 – Mudanças nas Técnicas de Produção, Técnicas de Cultivo e Rotação de Culturas

O sucesso de uma lavoura depende em grande parte do bom manejo e preparo do solo, de modo a propiciar as melhores condições para o de-senvolvimento da cultura e garantia de boa produtividade. Um adequado preparo do solo previne a erosão provocada pela água e pelo vento. Atual-mente, também os aspectos ecológicos vêm assumindo papel importante, principalmente nos países industrializados onde os solos agricultáveis vêm

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se tornando cada vez mais escassos. Estes conceitos todavia não vêm me-recendo a mesma atenção nos países em desenvolvimento e, a cada ano, o que se pode notar é a degradação de grandes extensões de solo que são abandonados e que devem ser substituídos às expensas de florestas desmatadas para incorporação de novas áreas para produção.

O cultivo mínimo e o plantio direto cresceram muito em importância por serem eficientes quanto à prevenção de erosão e redução de custos, mas somente são viáveis quando em associação com o emprego de herbici-das.

Semeadeiras de alta precisão permitem hoje ao agricultor saber a quantidade adequada de sementes para uma densidade de cultura pre-viamente estabelecida. Entretanto, para o sucesso da operação, torna-se indispensável o tratamento das sementes com fungicidas/inseticidas ade-quados para prevenir o ataque de doenças e pragas que ocorrem durante a germinação, além do emprego de herbicidas logo no início, de forma que as plantas tenham plena condição de desenvolvimento.

A tendência em racionalizar as atividades agrícolas levou os países de-senvolvidos a concentrar a produção agrícola em cultivos que permitiam menor intervalo de tempo entre as culturas em rotação, além de priorizar culturas de alta rentabilidade. Na Europa, por exemplo, isto resultou na ampliação do cultivo de cereais em rotação, mas a consequência foi o au-mento de incidência de gramíneas invasoras, além de maior ocorrência de doenças de folhagem em trigo e cevada principalmente.

O uso de herbicidas e fungicidas foi e tem sido a alternativa viável para possibilitar a continuidade desse modelo que proporciona altos níveis de produtividade.

Nos últimos 30 anos houve também expressivas alterações na con-dução das técnicas de cultivo em países em desenvolvimento. A política de incentivos a culturas de exportação possibilitou, em muitos casos, o emprego de melhor tecnologia e os lucros obtidos permitiram investir na melhoria da qualidade das sementes e no maior emprego de fertilizantes e de produtos fitossanitários. Necessário se torna, todavia, nesses países que já conseguiram incorporar essas tecnologias às culturas de exporta-ção, passá-las também para as de consumo doméstico, para benefício de toda a sociedade.

Outro fator limitante da produção e da produtividade agrícola é a dispo-nibilidade de água aos cultivos, tornando-se, muitas vezes, fator limitante de produção. A irrigação, nestes casos, é essencial, mas traz consigo o possível agravamento da ocorrência de doenças, ampliando as condições que facilitam a manifestação de infecções por determinados agentes patô-genicos. A irrigação, por manter a folhagem molhada por longos períodos, pode contribuir para o aumento da ocorrência de doenças.

6.2 – O Desenvolvimento da Defesa Fitossanitária

É um fato conhecido que as pragas, doenças e plantas invasoras com-petem com as culturas econômicas, acarretando quedas na produção. A garantia de altas produções e produtividades só é obtida com plantas sa-dias.

Os métodos empregados em defesa fitossanitária vêm apresentando uma evolução apreciável nas últimas décadas:

• o conhecimento e a utilização de métodos de diagnose envolven-do dinâmica populacional e epidemiologia, em várias culturas, possibilitam prever a ocorrência de pragas e doenças e, como resultado, adotar as me-didas de proteção mais adequadas a cada caso, ou seja, o Manejo Integra-do de Pragas – MIP;

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• algumas práticas culturais podem ser empregadas para reduzir a incidência de pragas, doenças e plantas invasoras de importância;

• os produtos fitossanitários químicos de hoje são muito mais espe-cíficos e seletivos do que os seus antepassados e, por isto mesmo, têm menores chances de provocar efeitos secundários indesejáveis;

• por outro lado, os novos produtos, de modo geral, são empregados em doses muito mais reduzidas, além de apresentarem perfil toxicológico e ecotoxicológico mais favoráveis, sob o ponto de vista de segurança para os aplicadores e o ambiente;

• têm havido substanciais avanços na tecnologia de formulação dos produtos, bem como nas técnicas e equipamentos de aplicação;

• nos países de clima temperado houve aumentos significativos no cultivo intensivo de hortaliças e determinadas frutíferas em casas de vege-tação e estufas, tendo sido desenvolvidos métodos específicos de controle fitossanitário, nessas condições, indispensáveis na obtenção de plantas sadias com alta produtividade; e

• métodos biológicos de controle fitossanitário vêm sendo gradativa-mente introduzidos, e a adoção de Manejo Integrado de Pragas é, neste particular, o procedimento que melhor atende os parâmetros de se aplicar quando necessário.

Utilizando o método mais adequado, visando à garantia de produtivida-de, mas sem perder de vista fatores tão importantes quanto a preservação de inimigos naturais e prevenção do possível desenvolvimento de resistên-cia das pragas e doenças.

6.3 – Alterações na Incidência e Importância de Pra-gas e Plantas Invasoras

A ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras, numa determina-da cultura e região, pode apresentar variações e até mesmo aumentar.

A grande maioria desses problemas fitossanitários que afeta uma de-terminada cultura não impacta de modo semelhante em todas as regiões onde essa cultura é cultivada. Algumas dessas pragas/doenças/plantas in-vasoras ocorrem com maior presença numa região do que em outras, ou até mesmo não estão presentes. Em geral, sua disseminação se dá atra-vés do transporte da produção interna dentro dos países e externamente através das exportações.

São bastante conhecidos os casos de introdução de ferrugem do café no Brasil e nos países da América Latina; a Sigatoka negra nos bananais da América Latina, bem como as introduções de Spodoptera exígua, Lirio-mysa trifolii e Bemisia tabaci atacando várias culturas na Europa.

As alterações de técnicas de cultivo, principalmente quando se adotam cultivos intensivos, levam ao aumento da incidência de pragas, doenças e plantas invasoras de importância. São exemplos o aumento da incidência do míldio e pulgões em cereais na Europa, Helminthosporium em milho nos Estados Unidos e América Latina, e cigarrinhas em arroz no sudeste da África.

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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Assim sendo, é previsível que o aumento da incidência de pragas e doenças seja possível em regiões de monocul-turas, como algodão, cereais, arroz, soja, entre outras culti-vadas intensivamente, havendo nestes casos a necessidade de adoção de métodos de controle fitossanitário adequa-dos.

6.4 – O Desenvolvimento do Controle Químico

Produtos inorgânicos como o cobre e o enxofre já estavam em uso há mais de cem anos, principalmente para controlar doenças. A Calda Borda-leza, por exemplo, já era usada desde 1885.

O primeiro produto sintético, o dinitro cresol, foi colocado no mercado em 1892 sob a marca Antinonnin. O primeiro fungicida para tratamento de sementes, à base de mercúrio orgânico, foi descoberto no início do século 20.

Nos anos 30, foram descobertos os fungicidas ditiocarbamatos, e nos anos 40 os inseticidas organoclorados e organofosforados. Desde então, têm havido substanciais alterações na pesquisa desses compostos. Os in-vestimentos em pesquisa aumentaram significativamente e novos ingre-dientes ativos vêm sendo continuamente lançados no mercado mundial para o controle das principais pragas, doenças e plantas invasoras.

Os novos produtos são submetidos a uma metodologia de avaliação muito mais crítica sob o ponto de vista toxicológico e quanto aos possíveis impactos que possam provocar no ambiente. Hoje, cerca de 40% dos in-vestimentos em pesquisa destinam-se às avaliações toxicológicas e eco-toxicológicas.

Na década de 60, era necessário sintetizar cerca de 4.000 compostos e, destes, apenas um conseguia chegar ao mercado, num prazo de avaliação entre 4 e 5 anos. No início da década de 1990, esta proporção passou de 1 produto comercial para 20.000 sintetizados, para um período de avaliação entre 8-10 anos, significando que as chances de sucesso diminuíram e o tempo de pesquisa e desenvolvimento ampliou-se de muito.

Para empresas que fazem pesquisa básica, isto significa que o retorno sobre o capital investido é muito mais demorado do que foi no passado, levando muitas empresas a rever suas estratégias quanto a permanecer neste setor de atividade. Devido aos altos custos, têm havido fusões de empresas.

O mercado mundial de produtos fitossanitários varia de região para re-gião e tem experimentado crescimentos substanciais desde a década de 1960. Não é nosso objetivo, todavia, analisar esse mercado, mas sim a forma como ele se desenvolveu, visando trazer ao conhecimento dos téc-nicos o que vem sendo feito pela pesquisa básica, no sentido de trazer ao mercado produtos que melhor atendam aos anseios da sociedade.

Atenção

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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HERBICIDAS: LANÇAMENTO MUNDIAL / DOSES REGISTRADAS NO BRASIL*

Décadas Produtos Doses no Bra-sil (g / ha)

Média Brasil (g / ha)

1960 ALACHLORBENTAZONEBUTACHLOROXADIAZONPARAQUATPROPANILTRIFLURALIN

2.400 - 3.360720 - 9602.400 - 3.600875 - 1.000300 - 2.2003.600 - 5.280720 – 960

M = 1.573 - 2.480

1970 CYANAZINE DICLOFOP METHYLMETRIBUZINOXYFLUORFEN PENDIMETHALIN

1.250 - 2.500710 - 850350 - 72040 - 1.440750 - 2.000

M = 660 - 1.502

1980 ACIFLUORFEN CHLORIMURON ETHYLFENOXAPROP - PETHYL FLUAZIFOPFLUROXYPIR FOMESAFEN GLUFOSINATE GLYPHOSATE IMAZAQUIMIMAZETHAPYR LACTOFEN METSULF. METHYL NICOSULFURON SETHOXYDIM

170 – 255 15 - 2068 - 110188 - 250200 - 400225 - 250300 - 800360 - 2.160140 - 150100150 - 4802 - 450 - 60230 - 270

M = 157 - 379

1990 DIMETHENAMIDCYCLOSULFAMURONCLORANSULAM METILCHLORIMURON ETHYL SULFENTRAZONEISOXAFLUTOLEFLUMICLORAC – PENTILBISPYRIBAC – SODIUMHALOSULFURONOXASULFURONTHIAZOPYRBUTROXYDIN

1,1258,430 - 4015 - 20600 - 80075 - 26340 - 6040 - 50112,560240 - 36025 - 93,75

M = 103,91 - 155,73

* Ingrediente Ativo Ref.: L.C.S. Ferreira Lima / 1998. M. Matallo / 2000

A situação com os inseticidas e fungicidas não foi diferente e os Qua-dros 6 e 7 demonstram com clareza a tendência de redução das doses da aplicação, resultado de um trabalho consciente e pertinaz das áreas de pesquisa da indústria, buscando produtos mais eficientes e ao mesmo tempo menos tóxicos e agressivos ao ambiente.

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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INSETICIDAS: LANÇAMENTO MUNDIAL /DOSES REGISTRADAS NO BRASIL*

Décadas ProdutosDoses no Brasil

(g / ha)Média Brasil

(g / ha)

1960 ALDICARBCARBOFURANMONOCROTOPHOSPIRIMICARB

450 – 3.900700 - 3.500120 - 240250 – 500

M = 380 – 2.035

1970 AMITRAZDIFLUBENZURONFENVALERATEPERMETHRINTERBUFOS

440 – 7007,5 - 2521 - 120 15 - 125 210 – 2.000

M = 138,7 – 594

1980 CLOFENTEZINCHLORFLUAZURON CYFLUTHRINCYPERMETHRINDELTAMETHRINHEXATHIAZOXTEFLUBENZURON

150 - 30012,5 - 37,5 6,25 - 4012 - 75 2,5 - 10 307,5 - 37,5

M = 31,5 – 75,7

1990 IMIDACLOPRIDSPINOSADACETAMIPRIDTEBUFENOZIDEETOFENPROX

49 - 280 6 - 201,620 - 75 300,3 - 6

M = 21,0 – 118,5

* Ingrediente AtivoRef.: L.C.S. Ferreira Lima / 1998. M. Matallo / 2000

FUNGICIDAS: LANÇAMENTO MUNDIAL /DOSES REGISTRADAS NO BRASIL *

Décadas ProdutosDoses no Brasil

(g / ha)Média Brasil

(g / ha)

1960 EDIFENPHOSHIDRÓXIDO DE COBRE MONCOZEBOXICLORETO DE COBRE THIOPHANATE METHYL-TRIFORINE

500 - 750495 - 2.9701.600 - 4.0001.050 - 2.100210 - 490114 - 356

M = 661 – 1.778

1970 BENOMYLCARBENDAZINFENARIMOLFOSETYL –ALIPRODIONEPROCYMIDONEPROPICONAZOLEPYRAZOPHOSTRIADIMEFONTRICYCLAZOLE

125 – 1.000250 - 50010,8 - 72 1.600 - 4.000 250 - 750 250 - 75062,5 - 187,5180 - 300125 - 250 150 - 225

M = 300 - 803

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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* Ingrediente Ativo** = tratamento de sementes (100 kg de sementes)Ref.: L.C.S. Ferreira Lima / 1998. M. Matallo / 2000

1980 BITERTANOLEFENPROPIMORPHOXADIXYLPROCHLORAZTEBUCONAZOLE

125 - 250560 - 750160 - 240 337,5 - 1.350125 - 250

M = 261 - 568

1990 DIMETHOMORPHPYRIMERHANILFLUDIOXONILBROMUCONAZOLEAZOXYSTROBIN

52,5 - 40060 - 900 2 - 5** 15 - 18080 - 160

M = 41,9 - 329

Quanto aos aspectos toxicológicos, vale salientar que os inseticidas, de modo geral, sempre representam a classe de produtos com a maior toxicidade. Também aqui se verifica o grande avanço que vem sendo obtido, através da pesquisa, na busca de ingredientes ativos com menor toxicidade.

O Quadro 8 mostra isto claramente em relação aos produtos relaciona-dos com reduções expressivas quanto ao grau de toxicidade por eles apre-sentados. A combinação “dose menor e menor toxicidade” tem influência direta no menor impacto ambiental provocado pelos novos produtos.

Atenção

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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6.5 – Fatos a Considerar

Como foi visto até aqui, a introdução, nas últimas décadas, de novos ingredientes ativos no mercado ampliou muito a gama de recursos à dispo-sição da agricultura para solução da quase totalidade dos problemas fitos-sanitários que afetam a produtividade das culturas econômicas. O número de herbicidas disponíveis aumentou significativamente e esta diversidade de produtos oferece solução viável para a maioria das situações nas quais o controle de plantas invasoras é indispensável. No caso dos inseticidas, o fato mais importante a salientar é a substituição dos organoclorados por produtos menos persistentes. Há, todavia, que se considerar também que, neste período, começaram a surgir problemas de resistência das pragas aos produtos e, neste particular, a preocupação torna-se maior quando se verifica haver menor disponibilidade de inseticidas e acaricidas, quando comparados com herbicidas e fungicidas.

As últimas décadas também propiciaram o desenvolvimento de novos grupos de fungicidas que muito contribuem para o melhor manejo do con-trole das doenças. Os fungicidas sistêmicos destacam-se, neste particular, pelo efeito de sua ação curativa, embora os produtos de largo espectro, preventivos, ainda tenham um papel importante nos programas de manejo integrado.

Pode-se considerar que o fator de maior preocupação atualmente seja o da resistência de insetos, ácaros e doenças fitopatogênicas aos insetici-

INSETICIDAS: LANÇAMENTO MUNDIAL /DOSES REGISTRADAS NO BRASIL *

Décadas ProdutosDoses no Brasil

(g / ha)Média Brasil

(g / ha)

1960 ALDICARBCARBOFURANMONOCROTOPHOSPIRIMICARB

0,838 14147

M = 42

1970 AMITRAZDIFLUBENZURONFENVALERATEPERMETHRINTERBUFOS

8004.640450 5004,5

M = 1.279

1980 CLOFENTEZINECHLORFLUAZURON CYFLUTHRIN CYPERMETHRINDELTAMETHRINHEXATHIAZOXTEFLUBENZURON

5.2008.500250250 1355.0005.000

M = 3.476

1990 IMIDACLOPRIDSPINOSADACETAMIPRIDTEBUFENOZIDEETOFENPROX

450> 3.783217 > 5.000 > 42.880

M = 10.466

* Ingrediente AtivoRef.: L.C.S. Ferreira Lima / 1998. M. Matallo / 2000

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das, acaricidas e fungicidas. Normalmente, essas ocorrências se dão em nível regional tornando, algumas vezes, determinados produtos completa-mente ineficazes. É um problema mundial que tem obrigado os governos de diversos países e as indústrias produtoras a se aliarem, criando progra-mas para neutralizar essas ocorrências, através da solução de problemas já existentes e da prevenção, nos casos ainda não estabelecidos. Outra área de preocupação diz respeito aos custos de desenvolvimento de novos produtos e à necessidade de geração de dados adicionais para os produtos antigos, ainda no mercado.

Os padrões de exigências para registro de um novo produto foram mui-to ampliados nas últimas décadas e os custos para atender a todos os estudos requeridos vêm crescendo a taxas bem maiores do que os índices de crescimento do mercado.

Isto faz com que somente tenham condições de ser desenvolvidos, para lançamento no mercado, produtos para utilização em culturas de im-portância mundial, que possam justificar a recuperação dos investimentos feitos. Este fator é, portanto, fundamental na decisão a ser tomada entre desenvolver ou não um novo produto.

6.6 – O Controle Biológico e Integrado

No passado, o termo “controle biológico” era entendido por alguns pes-quisadores como específico ao controle de pragas e, como tal, muito limita-do, se consideradas as necessidades de um controle fitossanitário efetivo a um grande número de culturas econômicas. Atualmente, a definição de controle biológico tem um sentido muito mais abrangente, envolvendo to-dos os métodos que têm como objetivo biológico principal limitar o desen-volvimento de pragas, doenças e plantas invasoras. Além dos benefícios obtidos ao se utilizarem organismos antagônicos, os métodos biológicos incluem também o emprego de plantas resistentes, o uso de mecanismos naturais para prevenção da resistência, feromônios, entre outros. Com esta definição mais ampla, o controle biológico se constitui hoje na base da de-fesa sanitária vegetal.

O controle biológico em casas de vegetação apresentou um crescimen-to apreciável, evoluindo de cerca de 400 ha em 1970 para quase 14.000 ha em 1991. O mercado mundial de produtos biológicos representava, em 1993, cerca de 0,45% do mercado total de agroquímicos e era dominado, basicamente, pelos bioinseticidas e o Bacillus thuringiensis, sendo respon-sável por 90% do total. Além de Bacillus thuringiensis, outros agentes de controle biológico têm sido utilizados, incluindo espécies de Trichoderma, Streptomyces, Pseudomonas, etc. O mesmo ocorrendo com os bio-herbi-cidas utilizando patógenos específicos, como, por exemplo, Colletotrichum gloeosporioides. O sucesso desses agentes biológicos de controle depen-de da disponibilidade de umidade e alguns desses produtos foram descon-tinuados face a resultados inconsistentes.

Os produtos biológicos, de modo geral, apresentam sérias limitações, incluindo sua extrema especificidade, bem como elevada sensibilidade aos fatores ambientais, além de problemas ligados à estabilidade das formula-ções.

Apesar de todas essas dificuldades, a indústria vem investindo seria-mente neste ramo de pesquisa, levando em conta que o custo do desen-volvimento de produtos biológicos é, muitas vezes, menor do que o neces-sário para lançar um novo produto químico.

Por outro lado, o sucesso para o lançamento de um novo produto quími-co vem se tornando cada vez mais difícil face às exigências da regulamen-tação e aos elevados investimentos, conforme já mencionado.

A participação dos agentes de controle biológico deverá estar restrita a determinados nichos de mercado, bastante específicos.

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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O MIP evoluirá para o Manejo Integrado de Culturas, que pode ser definido como a produção econômica de culturas de alta qualidade, com prioridade para métodos de cultivo ecologicamente seguros, minimizando efeitos secundários indesejáveis e utilizando produtos fitossanitários que ga-rantam a salvaguarda da saúde humana e a preservação do ambiente. O Manejo Integrado de Culturas é a base de uma agricultura sustentável.

Há ainda um longo caminho a percorrer, mas não temos dúvidas de que iniciativas já praticadas e outras que certamente irão acontecer muito con-tribuirão para o correto equacionamento dos programas de defesa sanitária vegetal no Brasil.

A situação muda de figura quando se antevê a perspectiva do uso de plantas resistentes, sendo provavelmente este o exemplo de maior suces-so no controle biológico, a médio e longo prazos.

O emprego de cultivares resistentes, sob o ponto de vista fitossanitário, será provavelmente a chave para o controle de pragas, doenças e plantas invasoras num futuro previsível. O desenvolvimento dessas cultivares será a única forma de produzir resultados imediatos no controle de pragas e do-enças, antes de que se tenha necessidade de utilizar os produtos fitossani-tários químicos. A engenharia genética, neste particular, já está trazendo a sua contribuição e, nos próximos anos, estaremos presenciando enormes avanços em várias culturas econômicas.

Mesmo considerando toda a gama de novas tecnologias disponíveis, dificilmente teremos resolvido os problemas do controle fitossanitário com medidas isoladas ou independentes. A agricultura intensiva, nos dias atuais e no futuro, necessita integrar todos os métodos disponíveis, para a maxi-mização de resultados. E isto é a função primordial do controle integrado de pragas, doenças e plantas invasoras. A Organização Europeia de Defe-sa Vegetal definiu o controle integrado como sendo o emprego de todos os métodos econômicos, ecotoxicológicos e toxicologicamente justificáveis, para manter as pragas abaixo de níveis econômicos de dano, com ênfase no uso deliberado de agentes naturais de controle e de medidas preventi-vas.

O objetivo é utilizar todos os fatores que limitem a ocorrência das pra-gas, a começar por medidas culturais e biológicas, complementando com produtos químicos de modo de ação especifico. Neste caso, os produtos só poderão ser aplicados, se as infestações apresentarem níveis que excedam os limites que possam provocar danos econômicos. Neste particular, não podemos deixar de mencionar o programa desenvolvido pela EMBRAPA e, mais especificamente, pelo Centro Nacional de Pesquisa de Soja, cujo princípio está perfeitamente alinhado com o que vem sendo preconizado nos países de agricultura desenvolvida.

Atenção

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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7Controle Químico

O Controle Químico é, sem dúvida, o mais importante dos métodos de controle. É eficiente contra insetos, patógenos e plantas daninhas.

Há pouco mais de um século, um produto de Proteção de Plantas, qui-micamente sintetizado em laboratório, ajudou a controlar patógenos pela primeira vez. De fato, este é um importante marco para a Proteção de Plan-tas, hoje praticada no mundo inteiro. O produto sob nome comercial de “ANTINONNIN”, lançado em 1892 (conforme já comentado) para combater um patógeno de floresta, é um marco na história da proteção química de plantas.

A população mundial cresceu de aproximadamente 1,7 bilhão de habi-tantes, quando da introdução do primeiro produto agroquímico, para mais de 6 bilhões, hoje. A humanidade que, do início de sua história, gastou 2 a 3 milhões de anos para chegar ao primeiro bilhão de habitantes, atingiu o segundo bilhão no intervalo de 130 anos. O terceiro, o quarto e o quinto bi-lhão foram atingidos com intervalos de 30, 15 e 12 anos, respectivamente. No ano 8.000 A.C. a população da era Terra era de 8 milhões de habitantes, e em 4.000 A.C. a população passara para 30 milhões.

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Taxas de Crescimento da População Mundial

Ano População totalCrescimento

anual (%)Período para duplicação

(anos)

1 milhão A.C. Alguns milhares - -

8000 A.C. 8 milhões 0,0007 100.000

1 300 milhões 0,046 1.500

1750 800 milhões 0,06 1.200

1900 1.650 bilhão 0,48 1501970 3.678 bilhões 1,9 362000 6.199 bilhões 1,7 41

Fonte: UNESCO

Produção Mundial de Grãos: Total e Per Capita

Ano PRODUÇÃO MUNDIALTOTAL (milhões toneladas)

PER CAPITATOTAL (quilos)

1950 631 2461960 847 2781970 1.103 2961980 1.441 3221990 1.684 316

FONTE: Wordwatch Institute

Naquela época, a população demorava 3.000 anos para duplicar. Hoje é como uma explosão: a cada segundo, três pessoas nascem em nos-so planeta. Em outras palavras, uma nova cidade com uma população de 250.000 pessoas é “criada” a cada dia. Hoje, a população da Terra é, então, de mais ou menos 6,1 bilhões (Quadro 12), cada qual tendo suas próprias necessidades e exigências – incluindo a exigência, de fato, um direito, de ter alimento suficiente.

Mas a terra destinada à agricultura não pode mais ser aumentada à vontade. A destruição das florestas tropicais, ainda existentes neste Plane-ta, seria o mesmo que proclamar a sentença de morte de nossa atmosfera. Cada metro quadrado de floresta é uma parte do chamado “pulmão verde” e importante reserva de água. Eliminar as florestas por queimadas também intensifica o efeito estufa, que poderia acabar sendo um desastre para o clima, acrescendo-se que o dióxido de carbono liberado contribui para o aumento da temperatura da atmosfera.

Os historiadores especialistas em Idade Média relatam que no primeiro milênio se atribuía a existência da fome e da miséria à fúria dos céus. Hoje, no terceiro milênio, essas desgraças ainda existem, mas sabemos todos que são de responsabilidade do Homem.

A agricultura de alto rendimento tem elevado as produtividades mun-diais em 2% ao ano, nos últimos 30 anos. A alta produtividade preserva os ambientes naturais.

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8 Descoberta e Desenvolvimento de um Produto Fitossanitário

Naquela época, a população demorava 3.000 anos para duplicar. Hoje é como uma explosão: a cada segundo, três pessoas nascem em nos-so planeta. Em outras palavras, uma nova cidade com uma população de 250.000 pessoas é “criada” a cada dia. Hoje, a população da Terra é, então, de mais ou menos 6,1 bilhões (Quadro 12), cada qual tendo suas próprias necessidades e exigências – incluindo a exigência, de fato, um direito, de ter alimento suficiente.

Mas a terra destinada à agricultura não pode mais ser aumentada à vontade. A destruição das florestas tropicais, ainda existentes neste Plane-ta, seria o mesmo que proclamar a sentença de morte de nossa atmosfera. Cada metro quadrado de floresta é uma parte do chamado “pulmão verde” e importante reserva de água. Eliminar as florestas por queimadas, tam-bém intensifica o efeito estufa, que poderia acabar sendo um desastre para o clima, acrescendo-se que o dióxido de carbono liberado contribui para o aumento da temperatura da atmosfera.

Os historiadores especialistas em Idade Média relatam que no primeiro milênio se atribuía a existência da fome e da miséria à fúria dos céus. Hoje, no terceiro milênio, essas desgraças ainda existem, mas sabemos todos que são de responsabilidade do Homem.

A agricultura de alto rendimento tem elevado as produtividades mun-diais em 2% ao ano, nos últimos 30 anos. A alta produtividade preserva os ambientes naturais.

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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Durante a sequência dos testes de campo, diversos fatores necessitam ser investigados para responder a muitas questões. Eis alguns fatores:

• se nas concentrações efetivas contra os fitoparasitos ou plantas da-ninhas, o composto é ou não fitotóxico às plantas que necessitamos prote-ger;

• quais as doses mais econômicas, modo e épocas de aplicação;

• seletividade a inimigos naturais dos fitoparasitos;

• que tipos de formulações são mais convenientes para seu melhor e seguro manuseio, sem afetar suas qualidades desejáveis;

• quais as influências de temperatura, luminosidade, chuva e outros fatores externos, quanto à sua atividade fitossanitária;

• se e como a atividade do composto é afetada pelos vários tipos de solo;

• qual o grau de compatibilidade com outros produtos, visando a eventual necessidade de seu uso em misturas com eles.

À procura de respostas adequadas, faz-se indispensável que o material seja testado em diferentes culturas, durante vários anos e em vários paí-ses, em comparação com “defensivos padrão”.

São testes que exigem rigoroso planejamento, que permitem sua aná-lise estatística e que são conduzidos sob a supervisão de especialistas. Geralmente, esta etapa é realizada de modo integrado entre a Indústria, as Universidades e o Governo.

É uma fase muito laboriosa, requerendo o preparo de toneladas do ma-terial técnico ou suas formulações, ainda em equipamentos provisórios, e tendo como mão de obra os próprios pesquisadores da indústria descobri-dora.

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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9 Novos Produtos

As principais linhas de pesquisa como fontes para novos produtos são: 1ª) Síntese Clássica (Random Screen); 2ª) Síntese Análoga; 3ª) Produtos Naturais e 4ª) Linha Biorracional (Biorational Design). O importante é ana-lisar o que cada linha de pesquisa tem, como:

• chances de sucesso;

• grau de inovação;

• importância atual e futura.

Síntese Clássica - É a primeira linha de pesquisa. Nada mais é que a síntese massal e aleatória dos compostos químicos, com grande quanti-dade de produtos sintetizados e avaliados. Apesar da grande importância atual, as chances de sucesso são bastante pequenas.

Síntese Análoga – É a síntese feita a partir de um produto comprovada-mente eficiente. Um exemplo típico é o dos fungicidas triazóis. Os primeiros foram obtidos a partir de síntese clássica. A importância atual é grande, pois as chances de sucesso são bastante altas; já que partem de uma mo-lécula de características comprovadas.

Produtos Naturais – Essa linha basicamente procura imitar os proces-sos naturais que venham a produzir um defensivo. Exemplo: um antibiótico produzido por uma bactéria. Procura-se sintetizar produto semelhante. Até o momento essa linha de pesquisa apresenta baixas chances de sucesso.

Biorracional - Muito ligada à Análoga, porém utiliza conhecimentos bio-químicos ou de biologia molecular. Parte-se do processo inverso das de-mais linhas. Primeiro identifica-se quais os processos metabólicos sensí-veis (exemplo = ao fungo). Em seguida, produz-se uma molécula visando atuar nesses processos (ex: triazóis inibidores do ergosterol).

Ainda há muitas oportunidades para novos produtos, apesar de existi-rem poucos problemas de proteção de plantas para os quais não existam medidas práticas de controle baseadas na química. Estas oportunidades aparecem porque há uma contínua necessidade de substituição de ingre-dientes ativos e formulações já existentes, para satisfazer às exigências ambientais, aos usuários e às demandas econômicas. Os novos produtos são:

• seguros para o ambiente, para o usuário e para o consumidor das culturas tratadas;

• altamente ativos e com custos competitivos;

• flexíveis e convenientes no uso;

• compatíveis com outros produtos e apropriados para uso em pro-gramas de manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.

De modo geral, pode-se afirmar que a indústria vem correspondendo ao que se busca como objetivos a conseguir quanto às características mais adequadas para um produto fitossanitário. Os produtos mais novos são mais eficazes do ponto de vista de controle às pragas, doenças e plantas daninhas, por empregarem doses menores e, ao mesmo tempo, são me-nos tóxicos que seus antecessores. E por serem empregados em doses menores, pode-se dizer que seu potencial de provocar danos ao ambiente é também menor.

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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10Registro e Comercialização dos Produtos Fitossanitários no Brasil

É de competência privativa do Governo Federal aprovar, restringir ou banir a comercialização e o uso dos defensivos agrícolas no Brasil.

10.1 – Entendimento Histórico

A primeira legislação sobre produtos fitossanitários no Brasil, o Decreto nº 24.114, data de 12 de abril de 1934, quando se instituiu o Regulamento da Defesa Sanitária Vegetal, que praticamente não sofreu alterações nas décadas de 30, 40 e 50.

A partir da década de 60, acompanhando posições assumidas por ou-tros países de legislação mais avançada, além das prescrições de orga-nismos internacionais tipo FAO e OMS, as autoridades brasileiras foram aperfeiçoando as normas contidas no regulamento de 1934, voltando-se basicamente para os aspectos de :

• proteção aos que trabalham na indústria de defensivos;

• proteção ao agricultor, quanto à qualidade dos produtos e ao seu uso;

• proteção ao consumidor quanto à qualidade dos produtos agrope-cuários tratados com produtos fitossanitários;

• proteção ao meio ambiente.

Especificamente, em relação à qualidade dos alimentos, destaca-se o Decreto Nº 55.671 de 26 de março de 1965, esta-belecendo uma legislação para resíduos de defensivos per-mitidos em alimentos. Concomitantemente, a então Comis-são Nacional de Normas e Padrões de Alimentos (CNNPA), do Ministério da Saúde, passou a elaborar, para cada pro-duto, uma monografia com minuciosos estudos constando, entre outras informações relevantes, as culturas em que os defensivos poderiam ser empregados, resíduos máximos permitidos nos alimentos (tolerância) e os períodos de ca-rência (intervalos entre a última aplicação do defensivo e a colheita) para assegurar os resíduos permitidos. Podemos dizer que, naquele momento, caracterizou-se a crescen-te preocupação com o problema dos resíduos, fundamen-tal tanto para o consumo interno de produtos alimentícios, quanto para os produtos de exportação.

Atenção

10.2 – Legislação

Especificamente, em relação à qualidade dos alimentos, destaca-se o Decreto Nº 55.671 de 26 de março de 1965, esta-belecendo uma legislação para resíduos de defensivos per-mitidos em alimentos. Concomitantemente, a então Comis-são Nacional de Normas e Padrões de Alimentos (CNNPA),

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É importante notar que a Lei nº 7.802/89 estabelece, como competên-cia privativa da União, legislar sobre o registro, o comércio interestadual, a exportação, a importação, o transporte, a classificação, o controle tec-nológico e toxicológico, bem como analisar os produtos agrotóxicos, seus componentes e afins, nacionais e importados.

Por outro lado, aos estados compete legislar sobre o uso, sobre a pro-dução, o comércio e o armazenamento, bem como fiscalizar o uso, o con-sumo, o comércio, o armazenamento e o transporte interno. Aos municí-pios, cabe legislar sobre o uso e o armazenamento supletivamente aos estados.

Os produtos fitossanitários e afins passaram a ser comercializados obrigatoriamente mediante a exigência da apresentação, pelo usuário, de receituário agronômico próprio, prescrito por profissional de nível superior legalmente habilitado.

Amparados na nova Legislação, os Ministérios da Agricultura, da Saú-de, e o Ibama, em suas áreas de competência, baixaram normas e aper-feiçoaram os mecanismos específicos destinados a garantir ao consumidor a qualidade dos produtos, seus componentes e afins, tendo em vista a identidade, atividade, pureza e eficácia, além das medidas necessárias à preservação ambiental e saúde da população.

O capítulo das infrações abrigou, em 16 itens, considerações referentes a todos os elementos envolvidos no amplo processo que configura a ativi-dade de defesa fitossanitária, contemplando no seu Capítulo VIII, pratica-mente, desde a pesquisa até a aplicação no campo.

É importante frisarmos que há responsabilidades para todos os envolvidos no Setor, de acordo com o artigo 84 do Dec. Fed. 4074 de 04/01/02:

“Art. 84. As responsabilidades administrativa, civil e pe-nal pelos danos causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente, em função do descumprimento do disposto na legislação pertinente a agrotóxicos, seus componentes e afins, recairão sobre:

I - o registrante que omitir informações ou fornecê-las incorretamente;

II - o produtor, quando produzir agrotóxicos, seus com-ponentes e afins em desacordo com as especificações cons-tantes do registro;

III - o produtor, o comerciante, o usuário, o profissional responsável e o prestador de serviços que opuser embaraço à fiscalização dos órgãos competentes ou que não der desti-nação às embalagens vazias de acordo com a legislação;

IV - o profissional que prescrever a utilização de agrotóxi-

do Ministério da Saúde, passou a elaborar, para cada pro-duto, uma monografia com minuciosos estudos constando, entre outras informações relevantes, as culturas em que os defensivos poderiam ser empregados, resíduos máximos permitidos nos alimentos (tolerância) e os períodos de ca-rência (intervalos entre a última aplicação do defensivo e a colheita) para assegurar os resíduos permitidos. Podemos dizer que, naquele momento, caraterizou-se a crescente pre-ocupação com o problema dos resíduos, fundamental tanto para o consumo interno de produtos alimentícios, quanto para os produtos de exportação.

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cos e afins em desacordo com as especificações técnicas;V - o comerciante, quando efetuar a venda sem o respec-

tivo receituário, em desacordo com sua prescrição ou com as recomendações do fabricante e dos órgãos registrantes e sanitário-ambientais;

VI - o comerciante, o empregador, o profissional respon-sável ou prestador de serviços que deixar de promover as medidas necessárias de proteção à saúde ou ao meio am-biente;

VII - o usuário ou o prestador de serviços, quando proce-der em desacordo com o receituário ou com as recomenda-ções do fabricante ou dos órgãos sanitário-ambientais;

VIII - as entidades públicas ou privadas de ensino, as-sistência técnica e pesquisa, que promoverem atividades de experimentação ou pesquisa de agrotóxicos, seus compo-nentes e afins em desacordo com as normas de proteção da saúde pública e do meio ambiente.”

A lei fixou ainda que: “Quando organizações internacionais responsáveis pela saúde, alimentação ou meio ambiente, das quais o Brasil seja membro integrante ou signatário de acordos e convênios, alertarem para riscos ou desaconselharem o uso de agrotóxicos, seus componentes e afins, caberá ao órgão Federal Registrante avaliar imediatamente os problemas e infor-mações apresentados, consultando o órgão Oficial da Agricultura, Saúde ou Meio Ambiente, conforme o caso”.

10.3. A receita agronômica

As pragas existem porque o homem proporcionou as condições ideais para que se tornassem um problema para ele. Não se deve esperar um ecossistema artificial instável e isento totalmente de pragas. A luta para mantê-lo produtivo não é fácil, principalmente quando se levam em conta os efeitos colaterais advindos do uso inadequado de produtos químicos. Não se deve permitir que se façam aplicações de inseticidas, baseando-se tão somente em um calendário, sem levar em conta se são necessárias ou não. Tais medidas são injustificáveis e resultam em levar ao meio am-biente quantidades desnecessárias de produtos químicos que, certamente, afetarão o seu equilíbrio biológico do mesmo. Somente através de Pro-fissionais sérios e competentes envolvidos em constantes programas de EDUCAÇÃO e TREINAMENTO do HOMEM do CAMPO, é que poderemos chegar a uma realidade onde muitos problemas toxicológicos, ambientais e de resíduos tóxicos nos alimentos serão sanados. O uso correto e seguro dos produtos químicos também leva ao favorecimento do processo de re-construção da resistência biótica. Esta metodologia dá, também, a chance aos predadores e aos parasitóides de desempenharem seus papéis vitais no ecossistema artificial instável instalado pelo homem. Paralelamente, tem-se a vantagem de reduzir a dimensão da resistência de pragas aos diferentes produtos químicos aplicados.

O controle químico será, por algum tempo, uma medida de auxílio que busca viabilizar o aumento de produtividade dos alimentos. A associação de métodos de controle é o ponto fundamental do manejo integrado de pragas, e o controle químico está inserido nesta filosofia.

O uso de pesticidas de forma errada, inadequada e inconsequente, na verdade, não interessa a ninguém. Lamentavelmente, falta orientação técnica, planejamento e conscientização por parte de muitas pessoas en-volvidas no setor.

Atenção

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Os Engenheiros Agrônomos e os Engenheiros Florestais, através da Receita Agronômica correta e consciente, nos demonstrarão as vantagens potenciais do Manejo Integrado e nos conduzirão ao Uso Correto e Seguro dos Produtos Fitossanitários.

Podemos definir Receita Agronômica como o parecer técnico sobre uma situação fitossanitária, tendo como finalidade a utilização dos métodos de controle mais adequados, de maneira a se efetivar o controle das pragas, doenças e plantas daninhas com baixo custo, sem comprometer a saúde do aplicador, do consumidor e o meio ambiente.

A Receita Agronômica busca e estuda a origem de cada problema pro-curando atingi-lo especificamente, proporcionando o máximo de eficiência com o mínimo de insumos, tendo como objetivo principal a manutenção do equilíbrio natural.

O Receituário Agronômico é um instrumento de valorização profissio-nal, que exige conhecimentos técnicos dos mais profundos para a sua ela-boração.

Para que o profissional tenha sucesso no seu trabalho de prescrição, deverá ter conhecimentos básicos de Manejo Integrado de Pragas, Doen-ças e Plantas Daninhas, dar prioridade aos agentes de controle biológico natural, e indicar, sempre que necessário, produtos fitossanitários que se-jam seletivos aos inimigos naturais, de baixa toxicidade, de baixo impacto ambiental, e que tenham registros no Ministério da Agricultura.

Observações:- Só poderão ser prescritos produtos com observância

das recomendações de uso aprovadas no registro, no Órgão competente (Ministério da Agricultura).

- Apenas dos produtos com finalidade fitossanitária é exigido o Receituário Agronômico.

Para saber mais sobre competência e ética porfissional, visão global dos problemas e outros temas relacionados, acesse a Sala de Aula virtual da disciplina no PVANet, o arquivo é o saibamais01.pdf

Saiba

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11Análise do Setor de Produtos Fitossanitários

Para analisar o setor de produtos fitossanitários, é necessário avaliar onde estamos e como chegamos a esse ponto. Temos que admitir que a evolução nos últimos anos foi muito grande, sobretudo após a descoberta dos organo-sintéticos e suas utilizações na agricultura, após a II Guerra Mundial. Naquela época, a pesquisa na área de produtos fitossanitários era voltada para produtos persistentes e de amplo espectro de ação. Outro-ra, a alta eficiência agronômica era fator fundamental no desenvolvimento de produtos fitossanitários. Hoje, estamos todos cientes que as questões ambientais estão levando o mesmo nível de importância que as questões relacionadas à saúde humana, uma vez que são interdependentes. Ainda concordando com esta última observação, e indo mais longe, o Conselho de Assessoria em Ciências da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), recomendou ao seu Administrador que “o valor dos ecos-sistemas naturais não se limita à sua utilidade imediata para o homem. Tem um valor intrínseco, moral, que precisa ser medido em seus próprios termos e protegido por sua própria causa”. Nós, que produzimos e comer-cializamos produtos fitossanitários, não estamos menos interessados ou preocupados com as questões ambientais e, tanto isto é verdade, que na área de desenvolvimento, o maior número de estudos hoje se concentra no meio ambiente. As exigências para segurança de um produto fitossanitário impõem estudos mais frequentes quanto à toxicidade aguda e ao meio ambiente.

A preocupação com a destruição de ecossistemas e do nosso habitat, a contaminação do meio ambiente e os impactos decorrentes na saúde hu-mana, levaram os chefes de estado de mais de 170 países a reunirem-se no Rio de Janeiro, em 1992, para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED “ECO-92”).

Naquela oportunidade, os representantes dos países participantes fir-maram um compromisso político de responsabilidade pela sustentabilida-de do bem-estar do ser humano, traduzido num documento denominado Agenda 21.

A Agenda 21, ao longo de seus 40 capítulos, alerta e apresenta orienta-ções sobre problemas sociais e a dinâmica demográfica, meios e proces-sos de produção, manejo dos recursos naturais, biodiversidade, biotecno-logia, segurança química, etc. Há ainda um capítulo específico destinado à “Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável” e outro re-lacionado ao “Manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas”.

O tratamento dado ao tema dos agrotóxicos na Agenda 21 envolve a questão dos riscos e efeitos colaterais desses produtos nos diversos âmbitos de sua utilização. Assim, são abordados tanto os efeitos em relação à saúde humana, como também os danos ambientais; os custos decorrentes do uso, numa demonstração de que além da esfera tecnoló-gica do uso propriamente dito, somam-se fatores de nature-za econômica e política, contribuindo para a definição dos padrões de uso desses insumos. A sua importância, neste contexto, deve-se às suas características químicas e bioló-

Atenção

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10.1 Formulações de Produtos Fitossanitários

Os ingredientes ativos são substâncias químicas extremamente ativas, capazes de controlar uma determinada praga em concentrações extrema-mente baixas, sendo necessários apenas alguns quilogramas, ou menos, por hectare, para se obter o efeito desejado. Por esse motivo, o ingredien-te ativo deve ser formulado utilizando substâncias biologicamente inertes, mas que tornam possível distribuir uniformemente no campo pequenas quantidades do mesmo.

Podem ser destacados alguns motivos para a formulação de um produ-to fitossanitário:

• Em geral, os ingredientes ativos são insolúveis em água, sendo necessária a adição de substâncias tensoativas, que proporcionem uma mistura uniforme através da emulsificação ou suspensão dos mesmos na calda.

• Proporcionar uma fácil dosagem de defensivo, de forma que se uti-lizem quantidades fixas e de fácil medida, por exemplo: 1 litro, 1 kg por hectare.

• Deixar o produto mais seguro durante o manuseio.(*)

• Tornar a ação do produto mais eficiente, através da adição de subs-tâncias que facilitem o espalhamento da calda durante a aplicação e/ou a absorção do ingrediente ativo pela planta.

• Aumentar a vida útil do ingrediente ativo.

• A mistura de dois ingredientes ativos em um mesmo produto.

(*) A maneira como um produto fitossanitário é formulado pode influen-ciar, inclusive, a sua classificação toxicológica (faixas: vermelha/ amarela/ azul/ verde). Produtos de mesmo ingrediente ativo podem estar em classes toxicológicas diferentes, dependendo da maneira como são formulados.

A concentração de ingrediente ativo dentro de uma formulação de de-fensivo agrícola geralmente se encontra na faixa de 10 a 800 g/kg ou g/l, podendo ocorrer exceções.

A escolha do tipo de uma formulação depende de diversos fatores:

• A solubilidade do ingrediente ativo.

• A concentração de ingrediente ativo.

• Modo de aplicação.

• Região de utilização.

• Facilidade de manuseio.

• Facilidade de dosagem.

• A estabilidade do ingrediente ativo.

• Segurança da formulação durante a manufatura, transporte e uso, como por exemplo:

- Toxicidade.

- Emissão de pó.

- Exposição do aplicador.

gicas e às quantidades aplicadas, que juntas revelam o seu potencial de risco, se não manipulados por profissionais responsáveis, conscientes e bem treinados.Atenção

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- Inflamabilidade.

- Corrosividade.

• Custo da formulação.

• Facilidade e custos de produção do defensivo.

• Modo de ação desejada de um ingrediente ativo.

• A eficiência do produto. Tipos diferentes de formulações de um ingrediente ativo podem ter resultados completamente diferentes.

• Melhorar a eficiência do ingrediente ativo, através da adição de um adjuvante na formulação.

• Homogeneidade na calda.

• Fitotoxicidade.

• Risco ao meio ambiente.

• Estabilidade física durante a estocagem.

• Formulações concorrentes.

Todos estes fatores devem ser levados em conta antes de se escolher o tipo de formulação a ser desenvolvida para um determinado ingrediente ativo.

Muitas vezes, é praticamente impossível obter uma formulação que seja perfeita em todos os aspectos: econômicos, químicos e facilidade no manuseio; devido a esta ter, como limitantes, as características químicas específicas de cada ingrediente ativo como, por exemplo, sua solubilidade e estabilidade.

Às vezes, é necessário optar por uma formulação de maior custo, ou que possua concentração inferior à desejada, ocasionando uma maior quantidade de produto formulado para se atingir a dose necessária, ou mesmo optar por formulações que se apresentem sob a forma de sólidos, o que dificulta o manuseio.

Porém, nunca podemos deixar de zelar pela segurança e eficiência do produto, sendo estes fatores primordiais.

Cada formulação deve ser desenvolvida levando-se em conta caracte-rísticas regionais, como temperaturas máximas e mínimas da região, dure-za da água e costumes regionais, por exemplo:

• Em regiões onde a dureza da água é elevada, como na Europa, a formulação deverá ser mais resistente a este fator; já no Brasil, onde a dureza média é baixa, a formulação poderá ser menos resistente.

• Nos países onde a temperatura pode chegar até 0ºC, é necessário que se adicione um anticongelante para impedir a cristalização do produ-to.

• No Japão, onde os agricultores estão acostumados a fazer aplica-ções por lance, as formulações devem, sempre que possível, se apresentar na forma de granulados, pois este tipo de formulação é mais aceita.

Atualmente, devido ao aumento das exigências sobre os dados toxicoló-gicos de uma formulação e o alto custo que os testes envolvidos possuem, a tendência mundial é de existirem formulações universais, que sejam com-patíveis em qualquer condição e em qualquer lugar do mundo, mesmo que algumas características sejam desnecessárias em determinadas regiões.

Para saber mais sobre tipos de formulações, acesse a Sala de Aula virtual da disciplina no PVANet, o arquivo é o saibamais02.pdf

Saiba

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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Definições Importantes:Dureza da águaA água captada nas zonas rurais quase sempre apresen-

ta uma série de sais dissolvidos. Estes sais podem ser pro-cedentes de constituintes naturais das rochas e do solo ou de outras fontes.

Uma forma de se quantificar estes sais dissolvidos é através da dureza.

A dureza da água é definida como sendo a concentração de cátions alcalinoterrosos (Ca+², Mg+², Sr+² e Ba+²) presen-tes na água, expressa na forma de ppm de CaCO3. Sendo estes cátions normalmente Ca+² e Mg+², originados de car-bonatos, bicarbonatos, cloretos e sulfatos.

A dureza de uma água pode ser classificada utilizando-se a seguinte tabela:

Classe Ppm CaCO3 Graus de Dureza,escala alemã ( ºd )

Água muito branda < 71,2 < 4Água branda 71,2 - 142,4 4 – 8Água semidura 142,4 - 320,4 8 – 18Água dura 320,4 - 534 18 – 30Água muito dura > 534 > 30

A dureza da água é capaz de interferir negativamente na qualidade de calda de um defensivo agrícola.

As formulações de defensivos agrícolas utilizam produtos que são res-ponsáveis pela emulsificação ou dispersão de um defensivo na calda, cha-mados de tensoativos.

Os tensoativos são sensíveis à dureza da água, pois ela interfere no equilíbrio de cargas que envolvem o ingrediente ativo. Um grupo específico de tensoativos, os aniônicos, que são geralmente sais orgânicos de Na+ ou K+, reagem com os cátions Ca+² e Mg+² presentes na água dura, formando compostos insolúveis; diminuindo assim, a quantidade de tensoativos na solução e causando um grande desequilíbrio de cargas, ocasionando a flo-culação ou precipitação dos componentes da formulação, podendo causar uma baixa eficiência e o entupimento de bicos.

As águas brasileiras, salvo algumas exceções, são muito brandas ou brandas, não ocasionando problemas na aplicação de defensivos.

pHÉ definido como sendo o módulo do log de base 10 da concentração

de íons H+.O pH pode variar numa escala de 0 a 14, onde pH maiores que 7,0 são

alcalinos ou básicos, e pH menores que 7,0 são ácidos.O pH de uma água pode interferir na ação de um ingrediente ativo, pois

uma alta concentração de íons H+ ou OH¯ poderá reagir com o ingrediente ativo, diminuindo, assim, a concentração de ativo na calda.

De um modo geral, o pH ideal para a preparação de caldas de defen-sivos agrícolas deve ser levemente ácido, na faixa de 4,5 a 7,0; existindo exceções. Portanto, recomenda-se verificar o pH ideal para aplicação de um determinado defensivo agrícola e o pH da água que se pretende utili-zar. Caso necessário, realizar a correção do pH. Para se abaixar o pH de uma calda, pode-se adicionar pequenas quantidades de ácidos facilmente encontrados, como os ácidos clorídrico, fosfórico ou cítrico.

Atenção

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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11.2. Embalagens de Defensivos Agrícolas

Outro fator importante a ser considerado na velocidade de degradação de um produto é a sua embalagem. Para um defensivo agrícola, ela deve ser desenvolvida para proteger o produto de forma apropriada contra diver-sos fatores externos capazes de comprometer a sua qualidade.

Esta embalagem deverá, também, ser fácil de manusear, pois não adianta o produto estar bem protegido se a embalagem for impossível de abrir.

Algumas embalagens são capazes de proteger melhor o produto que outras, enquanto algumas são atacadas pelo próprio produto. Portanto, al-guns critérios devem ser levados em conta durante o desenvolvimento de uma embalagem:

• O seu material deve ser resistente ao produto.

• A estrutura da embalagem deverá suportar a pressão a que será submetida durante a armazenagem (empilhamento).

• A embalagem deverá manter-se estável a altas temperaturas e a grandes variações de temperatura; suportando a pressão exercida pelos vapores do produto.

• A embalagem deverá isolar o produto de fatores externos que pos-sam comprometer a estabilidade química do ingrediente ativo, como a umi-dade, o ar e a luz.

• O produto não poderá migrar através dos poros do material.

• A embalagem deverá ter um formato que facilite a abertura, manu-seio e dosagem; e nem deverá possuir reentrâncias nas quais o produto poderá ficar retido após o uso, dificultando a lavagem.

• A embalagem deverá possuir características que facilitem o envase e o transporte.

O grande avanço nas embalagens para defensivos agrícolas foi a in-trodução do saco hidrossolúvel, feito de um material chamado PVA (Álcool Poli Vinílico), que apresenta uma grande resistência mecânica, similar ao polietileno; é totalmente solúvel em água.

A grande vantagem deste tipo de embalagem é que diminui a exposi-ção do produto ao aplicador, sendo desnecessário abrir a embalagem para preparar a calda. Outra vantagem é que o saco hidrossolúvel elimina o pro-blema do descarte de embalagens contaminadas. Normalmente, este tipo a dosagem, pois ela já contém a quantidade necessária de produto para se fazer uma aplicação.

Infelizmente, esta embalagem não pode ser utilizado para todos os tipos de produtos. Não se pode também usar o saco solúvel para produtos que possuam água, pois a embalagem seria dissolvida pelo próprio produto.

Esta embalagem também não pode ser utilizada para produtos higros-cópicos, pois o produto retiraria a umidade natural da embalagem, que tornar-se-ia quebradiça, já que o PVA necessita de um pouco de umidade para tornar-se flexível.

Outra limitação para a utilização de embalagens hidrossolúveis é o caso de produtos instáveis na presença de água, pois a própria embalagem pos-sui umidade.

Este tipo certamente será muito utilizado nos casos onde não existam restrições.

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11.3. Avanços Tecnológicos

Estes dados refletem o estágio de desenvolvimento em que se encontra a defesa fitossanitária no Brasil, como instrumento de promoção do au-mento de produtividade em função do melhor aproveitamento do potencial genético das plantas e das demais práticas agrícolas adotadas.

A situação de um produto fitossanitário, agroquímico ou biológico pode ser melhorada, considerando a forma como ele atua melhor. Isto é, em parte, determinado pelas suas propriedades físico-químicas e, em parte, pelo modo como ele age na planta e no organismo alvo. Houve um tempo em que a maioria dos agentes de proteção de plantas era aplicada como sólidos diluídos em água, mas, grandes avanços alcançados nesta área, resultando em novos tipos de formulações, propiciaram reduzir considera-velmente a quantidade de ingrediente ativo que precisa ser aplicada, me-lhorando a segurança e o manuseio do produto.

Em colaboração com órgãos oficiais de pesquisa, a indústria de agro-químicos tem desenvolvido novas técnicas de pulverização para prover as necessidades do pequeno agricultor e do empresário agrícola.

Sistemas de enchimento fechados, nos quais o produto formulado é injetado diretamente no equipamento de pulverização imediatamente antes do uso, eliminam a possibilidade de derrame acidental durante essa opera-ção e evitam erros de concentração, além de não deixar sobras para serem descartadas ao final de cada tratamento.

De modo crescente, a agricultura intensiva estará voltada para aquelas áreas mais apropriadas à agricultura sustentável, liberando áreas margi-nais para conservação, recreação e outros usos. Nas áreas de agricultura intensiva, mais esforços serão utilizados para otimizar o uso de agroquími-cos, com produtos seletivos, que preservem ao máximo os agentes de con-trole biológico natural usando a mínima dose efetiva contra os agentes da-ninhos, através do aperfeiçoamento dos sistemas de monitoramento, das épocas de aplicação, bem como da integração com outras tecnologias.

Até o momento, neste país, a maior parte dos problemas fitossanitários de vital importância para a agricultura encontrou solução pela tecnologia do uso de defensivos agrícolas ou em conjunção com outros métodos de con-trole. Problemas existem e todos nós devemos reconhecê-los, mas tam-bém devemos ter em mente o seguinte: no atual estágio da humanidade, é a tecnologia que gera e apresenta soluções aos problemas que possam advir desta própria tecnologia.

A demanda crescente por recursos e produção de alimentos continua-rá a ser atendida pela crescente utilização de terras cultivadas e por uma maior produção por hectare. Essa tendência para uma maior produção de alimento, já tem sido intensamente explorada pelos países desenvolvidos. O sucesso da aplicação da ciência e da tecnologia para o aumento da pro-dução de alimentos levou à redução da área cultivada na Europa Ocidental e na América do Norte.

Para saber mais sobre embalagens mais utilizadas para defensivos agrícolas, acesse a Sala de Aula virtual da disciplina no PVANet, o arquivo é o saibamais03.pdf

Saiba

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DEFESA VEGETAL: Legislação, Normas e Produtos Fitossanitários

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POPULAÇÃO MUNDIAL E ÁREA CULTIVADA POR HABITANTE

Ano PRODUÇÃO (milhões)

ÁREA CULTIVADA(milhões km²)

Área cult / habi-tante

(ha/habitante)

1970 3.700 13,3 0,361981 4.500 13,6 0,312000 6.500 14,0 0,22

Fonte: FAO

“Se hoje tivéssemos os mesmos níveis de produtividade de 1950, precisaríamos ter 40 milhões de quilômetros qua-drados de áreas cultivadas”.

( Fonte: Crop Production and Crop Protection . Elsevier 1994 )

Nos países em desenvolvimento, que apresentam tanto a necessidade como o potencial para o aumento da produção, a oferta de alimentos tem que ser aumentada.

Uma desigualdade na distribuição de alimentos existe no mundo. É pos-sível até que, se houvesse um melhor equilíbrio na distribuição de renda, a sobra dos ricos mataria a fome dos miseráveis. Um quinto da população mais rica do mundo detém 82,7 % do PIB, enquanto um quinto dos mais pobres alberga apenas 1,4 % do PIB.

Atenção

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Economia Agrícola, do Centro de Tecnologia Federal da Suíça, demonstrou que, em uma previsão sobre a pesquisa e desenvolvimento de produtos químicos e biológicos, a defesa vegetal, nos próximos anos, será direcionada pela forte pressão das:

• opinião pública;

• condições econômicas;

• influências políticas;

• legislação e regulamentação.

De acordo com a FAO, a previsão de aumento de produção dos ali-mentos da próxima década será norteada principalmente pelos fatores de produção. Vide quadro a seguir.

A tendência da Moderna Agricultura é a de substituir os Produtos Fitos-sanitários tradicionais por outros mais seletivos e específicos. Defensivos Agrícolas têm sido o grupo de substâncias químicas mais pesquisado de todo o mercado. Isto não é verdadeiro apenas nos nossos dias; já ocorria na década de 60, embora os dados daquela época sejam bastante escassos aos nossos olhos, quando comparados com os padrões atuais. Hoje, após a fase de “screening”, muitos produtos com excelente perfil agronômico, isto é, seletivos, específicos e eficazes, são descartados em função de sua toxicologia e de sua persistência no meio ambiente. Essa tem sido a tônica da indústria nos seus Programas de Pesquisa. Hoje, os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento de um produto fitossanitário são de tal ordem que o fluxo de caixa acumulado passa a ser positivo somente vinte anos após o descobrimento de uma molécula em laboratório, 6 anos, aproxima-damente, após o lançamento comercial. O custo desse desenvolvimento gira ao redor de US$150 milhões, como já foi comentado, sendo que 40% desses gastos é revertido para estudos sobre toxicologia, metabolismo e meio ambiente. Não existem produtos químicos tão bem estudados, quanto aos seus riscos e efeitos secundários, como os produtos fitossanitários.

O desenvolvimento dos Produtos Fitossanitários tem sido direcionado para que agricultores e consumidores de alimen-tos possam dispor de produtos mais seguros ao homem e ao Meio Ambiente. Inseticidas Biológicos, Inseticidas Fisiológi-cos, Inibidores do Crescimento Juvenil, Toxinas Derivadas de Fungos, Feromônios Sintéticos e Substâncias Naturais têm sido objetivo precípuo na área de desenvolvimento de produtos fitossanitários das empresas.

12 Produtos Fitossanitários Modernos

Atenção

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Finalmente, é necessário mencionar o interesse que a BIOTECNOLO-GIA vem despertando, também na área da Agricultura, e as perspectivas de sua aplicação na defesa fitossanitária.

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O setor Agrícola tem que receber, por parte do governo, especial consi-deração. O Setor Primário deve ser prioritário. A agricultura responde rapi-damente aos incentivos e pode não apenas produzir alimento em abundân-cia para as populações carentes, como também absorver a mão de obra ociosa na periferia das cidades. A urbanização brasileira nos últimos anos tem sido extremamente danosa, com verdadeira corrida em direção às ci-dades. Em 1940, a população brasileira estava 70% no campo. Em 1980, portanto, 40 anos depois, passou a ser 70% urbana. Daqui alguns anos, 90% da população brasileira estará nas cidades. É necessário, mais do que nunca, que a agricultura possa albergar o homem do campo, no campo. Cultivos que possam absorver mão de obra devem ser fomentados. Tudo isso só se resolve com o desenvolvimento do setor.

Ao que tudo indica, por muitos anos, haverá demanda por Produtos Fitossanitários. Isto porque, por mais que se procure tratar os sistemas agrícolas como ecológicos, eles são, por natureza, altamente instáveis.

O Agroecossistema é relativamente frágil, constituído de muitos indi-víduos, porém de poucas espécies. Essa caraterística o faz muito tênue, suscetível ao desequilíbrio. Aqui nos assiste o direito de ressaltar a respon-sabilidade do Engenheiro Agrônomo, a responsabilidade do técnico. En-quanto o Ecologista procura preservar o Ecossistema Natural, o dever do Engenheiro Agrônomo é, no mínimo, duplo:

• Modificar o Ecossistema para transformá-lo num Agroecossistema, em uma unidade produtiva.

• Preservá-lo para continuar trabalhando nos anos futuros.

Segundo o Prof. Marcos Kogan, é preciso ressaltar, mais uma vez, a im-portância de encararmos o Manejo Integrado como um problema de Res-ponsabilidade Coletiva: “Os técnicos, os pesquisadores, os fitossanitaristas precisam trazer à tona a problemática existente, e necessitam encontrar os mecanismos que agem nas diversas fases de aplicação dessas técnicas. Os técnicos de extensão rural devem incorporar nas suas recomendações as técnicas mais avançadas do Manejo Integrado de Pragas. A indústria precisa se conscientizar, como tem feito, da responsabilidade que tem no lançamento de produtos novos e da importância que eles têm em geral. Assim, o Manejo de Pragas é um problema interdisciplinar da sociedade como um todo, e só poderá ser resolvido através da mobilização global das forças e da capacidade criativa da Sociedade”.

13Responsabilidade Coletiva

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14Literatura Consultada

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